Nacional

Igreja pede maior diálogo ecuménico com imigrantes

Nuno Rosário Fernandes
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Prossegue o Encontro Nacional das Migrações

A necessidade de aprofundamento de um diálogo ecuménico com algumas comunidades imigrantes no nosso país foi assinalada no decorrer dos trabalhos do Encontro Nacional da Pastoral das Migrações, a decorrer em Viana do Castelo, na presença de algumas entidades ecuménicas. “Não basta dar espaços, temos que dar espaço”, sublinhou à Agência ECCLESIA o Pe. Rui Pedro, director da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), exemplificando com situações de dioceses “onde têm sido cedidas igrejas, e não tem acontecido um aprofundamento ecuménico e uma relação de diálogo franco”. No decorrer do segundo dia de trabalhos foram verificadas algumas carências que se manifestam em “algumas tensões, que estão a marcar o trabalho com os imigrantes”, resultante de uma dificuldade de relacionamento entre agentes pastorais “ligados aos ucranianos (ortodoxos e católicos da Igreja greco-católica)”, relevou o director da OCPM, acentuando a necessidade de aprofundamento de um diálogo. Neste encontro, onde a novidade é ecuménica, participam o presidente do Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC), D. Fernando Soares, o bispo ortodoxo do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, D. Hilarion Rudnyk e o coordenador nacional dos ucranianos de rito oriental, presenças que, têm dado “uma dimensão alargada desta nossa visão sobre as migrações”. Para o Pe. Rui Pedro é importante reconhecer, por um lado, que “os imigrantes estão a trazer até nós, as suas tradições religiosas e o seu património cultural”, e isso tem ajudado a abrir a Igreja portuguesa às comunidades cristãs”, verificando-se em algumas dioceses a cedência de espaços para o culto, nomeadamente “facilitando a presença da Igreja Ortodoxa no nosso país”. Apoiar a transmissão da fé A OCPM está, também, preocupada com a transmissão da fé em contexto migratório e por isso defende a necessidade de apoiar a organização de lugares de culto, com a colaboração de leigos imigrantes, dado que o número de sacerdotes é insuficiente em Portugal. Por isso afirma uma “aposta” na formação de leigos para que “sejam apóstolos dos imigrantes”, observou. Segundo o Pe. Rui Pedro a transmissão dos valores religiosos à gerações vindouras é uma prática que já acontece nas comunidades africanas, por isso, a preocupação centra-se nos “brasileiros, ucranianos e europeus de leste”. “Queremos mobilizar as famílias imigrantes para que percebam que, entre os restante património que têm (a língua e cultura) há também uma identidade religiosa a transmitir”. Nos trabalhos desta tarde é abordada a Nova Lei da Imigração e sobre essa questão o responsável da OCPM acentuou a continuação de uma mobilização das dioceses “para quando o governo apresentar o seu Projecto-Lei nós também possamos mobilizar as dioceses e os secretariados e ser interpretes das inquietações e preocupações dos nossos imigrantes em Portugal”.


OCPM