Paróquia multicultural celebrou S. Catarina de Alexandria
A paróquia multicultural de Outurela, freguesia de Carnaxide (Oeiras), animada pelos padres dehonianos, acolheu no domingo 27 de Novembro, os devotos de S. Catarina de Alexandria, mártir, provenientes de várias paróquias. Um festa religiosa com origens na vulcânica Ilha de Santiago (Cabo Verde) que é inteiramente organizada, todos os anos, por leigos africanos católicos, na sua maioria imigrantes cabo-verdianos.
Presidiu à Eucaristia o Pe. Gaudêncio Sangando, Capelão dos Africanos, acompanhado pelo Coro litúrgico paroquial que animou em língua portuguesa e em crioulo. Além da Obra Católica Portuguesa de Migrações, marcaram ainda presença a Câmara Municipal de Oeiras, a Junta de Freguesia de Carnaxide e a Embaixada de Cabo Verde que reconheceram a importância da presença e acção da comunidade católica africana.
Após a Eucaristia, muito participada por jovens, o andor de S. Catarina percorreu a freguesia semeando espiritualidade pelas ruas do bairro e testemunhando publicamente, pela oração e pelo canto, quanto a fé é importante na integração social e nas dificuldades da imigração. A exemplo de S. Catarina que, apesar das perseguições e martírio, não renunciou à fé cristã, também os imigrantes demonstram com a vivência das suas tradições, uma fidelidade à fé e ao baptismo recebido nas suas igrejas de origem.
A imigração tem trazido a Portugal não só braços de trabalho, mas, sobretudo, pessoas, famílias, tradições religiosas, cânticos, costumes e a experiência de outras igrejas – mais jovens, mais missionárias – que têm muito a dizer, a recordar e a ensinar à presença da Igreja nas periferias precárias e margens anónimas das cidades. Na verdade, são os imigrantes que, em muitas paróquias das duas margens do Tejo, diante da indiferença, apatia, comodismo e laicismo da sociedade, testemunham a vitalidade, a simplicidade e o “ardor” da fé cristã. Porém, e eles dizem-no com as suas festas celebradas na Outurela e noutras paróquias - naquelas que lhes dão o espaço devido e legitimo reconhecimento! - que precisam de maior acolhimento concreto nas paróquias, mais reconhecimento social da sua identidade cultural, outro acompanhamento pastoral específico devido à sua situação vulnerável de vida pessoal e familiar.
A Festa terminou com um almoço popular partilhado entre todos e muita música, não obstante a chuva que ia espreitando e ajudando na aproximação das pessoas que se abrigavam no mesmo espaço.
Manuel da Silva