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Migrações: Obra Católica Portuguesa defende pastoral «cada vez mais missionária e evangelizadora»

Agência Ecclesia
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«Resposta tradicional» é insuficiente para contrariar avanço do secularismo nos principais destinos de emigração lusófona, diz frei Francisco Sales

Lisboa, 05 jul 2012 (Ecclesia) – O diretor da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) defendeu hoje que o avanço do secularismo nos principais destinos de emigração lusófona constitui um desafio à implementação de uma pastoral “cada vez mais missionária e evangelizadora”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o frei Francisco Sales Diniz sublinha que “países como a Alemanha, Suíça, França e Inglaterra estão extremamente secularizados” e que as capelanias portuguesas “têm a responsabilidade acrescida de ajudar os emigrantes portugueses a manterem a sua identidade religiosa”.

 Segundo o responsável da OCPM, aquele objetivo só será atingido se as missões portuguesas espalhadas pela Europa “conseguirem ser verdadeiramente testemunhas de Cristo”, algo que atualmente “não acontece tanto, porque se continua a privilegiar mais a resposta tradicional, de acolhimento e acompanhamento social”.

Com o intuito de celebrar meio século de existência e projetar o futuro, o organismo católico que coordena a pastoral de língua portuguesa em todo o mundo está a promover um Encontro Internacional da Pastoral das Migrações.

A iniciativa, que decorre até sexta-feira em Alfragide, perto de Lisboa, está a dar oportunidade aos responsáveis dos diversos países de exporem as suas principais preocupações e buscarem soluções mas pretende também “sensibilizar a Igreja Católica Portuguesa para a necessidade de acompanhar mais de perto o fenómeno migratório”, salienta o diretor da OCPM.

De acordo com o frei Francisco Sales, “os bispos e sobretudo os sacerdotes portugueses ainda não estão muito sensíveis às problemáticas relacionadas com os fluxos migratórios, tanto para fora como para dentro de Portugal”.

Cuidar do bem-estar espiritual e social de quem parte ou de quem chega, sobretudo numa altura de grande dificuldade económica, deve ser encarado como “uma das prioridades pastorais mais pertinentes deste tempo”, reforça o sacerdote franciscano.

Um dos aspetos mais focados ao longo do encontro internacional organizado pela OCPM, desde que começou na última segunda-feira, tem sido a falta de padres portugueses junto das comunidades lusófonas espalhadas pelos diversos continentes.

O líder da Obra Católica Portuguesa das Migrações reconhece que a “carência de vocações” é um dos principais obstáculos à mudança de paradigma mas apela à “generosidade das dioceses”, no sentido de contribuírem para uma resposta mais eficaz às necessidades das missões.

“Ao nível da OCPM, nós podemos ajudar a encontrar leigos, colaborar na sua formação, mas também queremos servir de ponte entre as comunidades de emigrantes e os sacerdotes que estão cá, sensibilizando-os para uma colaboração mútua”, adianta ainda.

Atender às necessidades da nova vaga de emigrantes portugueses é uma prioridade, mas o organismo católico sublinha que é preciso não esquecer “os milhares de portugueses que, já em idade de reforma, estão a regressar a Portugal e ainda aqueles que visitam o país em altura de férias”.

O Encontro Internacional da Pastoral das Migrações, que reúne responsáveis pastorais vindos de nações como a Alemanha, França, Luxemburgo ou Holanda  e também delegados de diversas dioceses portuguesas, termina sexta-feira com uma eucaristia evocativa dos 50 anos da OCPM, no Santuário de Cristo Rei, em Almada.

JCP



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