Comissão Nacional Justiça e Paz

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Manifesto sobre a Jornada Mundial pelo Trabalho Digno - 7 de Outubro

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Nesta Jornada Mundial pelo Trabalho Digno, os Movimentos da Pastoral Operária (MAAC – Movimento Apostolado Adolescentes e Crianças, JOC – Juventude Operária Católica, LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos) e a Comissão Nacional Justiça e Paz renovam o compromisso de continuar a lutar pelo trabalho digno e exigem da sociedade que o defenda e promova também, porque o Trabalho deve estar para o Homem e não o Homem para o Trabalho.

O que é para nós o trabalho digno?

-“Um trabalho escolhido livremente, que associe eficazmente os trabalhadores, homens e mulheres, ao desenvolvimento da sua comunidade;

-um trabalho que, deste modo, permita aos trabalhadores serem respeitados sem qualquer discriminação;

-um trabalho que consinta satisfazer as necessidades das famílias e dar a escolaridade aos filhos, sem que estes sejam constrangidos ao trabalhar;

-um trabalho que permita aos trabalhadores organizarem-se livremente e fazer ouvir a sua voz; um trabalho que deixe espaço suficiente para reencontrar as próprias raízes a nível pessoal familiar e espiritual;

-um trabalho que assegure aos trabalhadores aposentados uma condição digna; (...).

-um trabalho que, em qualquer sociedade, seja expressão da dignidade essencial de todo o homem e mulher.” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 63)

O Trabalho digno deve estar na agenda política, nas agendas sociais e empresariais, nas agendas dos movimentos de trabalhadores, na agenda da Igreja. Celebramos esta jornada em Vigília de oração e em ações de rua em diversos locais do país, incentivando e consciencializando as comunidades cristãs, autarquias, governo, sindicatos, comissões de trabalhadores e organizações empresariais a colaborar para colocar no centro a pessoa e a sua humanização:

-rompendo com a lógica do capitalismo que reduz o trabalho a um emprego e o trabalhador a um “recurso”;

-rompendo com a lógica da precariedade e da flexibilidade, que faz do trabalhador um ser sem estabilidade, obrigando-o a alternar períodos de emprego com períodos de desemprego, marcados pela incerteza permanente e que reduz os trabalhadores a meros prestadores de serviços;

-rompendo com a lógica que faz recair apenas sobre os trabalhadores a responsabilidade da sua empregabilidade;

-rompendo com modelos de chefias que exercem ou permitem o assédio moral e pressão abusiva entre trabalhadores;

-rompendo com a lógica do individualismo cujo maior risco é a perda da relação colectiva: contratação colectiva, regulamentação salarial por setores, o associativismo dos trabalhadores e o sindicalismo.

-rompendo com a polarização do trabalho em que alguns, poucos, são altamente qualificados e remunerados e a grande maioria fica por salários baixos e facilmente substituíveis.

O trabalho é um dom e um projeto de humanização imprescindível para a construção da sociedade e para a realização humana e não apenas uma fonte de remuneração. Entre o trabalho e o poder de compra há muitos aspetos, a ter em conta: dignidade, respeito, honra, liberdade, direitos de todos e para todos. Toda a sociedade está chamada a dar visibilidade e denunciar, através de todos os meios ao seu alcance, as situações de trabalho indigno existentes e todos podemos fazer algo a partir das nossas organizações, movimentos e lugares de compromisso.