Comissão Nacional Justiça e Paz

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Partiu um amigo para o Pai

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Ao participar na cerimónia das exéquias do D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, na passada terça-feira, dia 26 de Setembro, com o coração consternado, não pude deixar de me sentir um privilegiado pelo facto de me poder contar entre os seus amigos.

Alguns meses após a entrada do D. Manuel em Setúbal, primeiro por causa da elaboração dos Estatuto da Assembleia Diocesana e depois pelo facto de ser sido nomeado por ele para a Comissão Diocesana Justiça e Paz, tive a oportunidade de conhecer uma «figura» que contribuiu para consolidar traços importantes da minha postura como Cristão e como Homem.

D. Manuel Martins, com a sua palavra sensata, o seu exemplo coerente, a sua atitude dedicada (particularmente aos mais desprotegidos) ensinou-me que ser Cristão não é pertencer a um «clube». Ser Cristão é uma «forma» de estar na vida. Recordo as suas palavras: «Cristo não veio ao mundo para fundar mais uma religião. Mesmo no seu tempo já havia muitas. Cristo veio trazer, isso sim, a vida em abundância, a liberdade aos cativos, a esperança aos desesperados, a solidariedade com os pobres».

A Comissão Diocesana Justiça e Paz, nas horas difíceis, que se viveram em Setúbal, encontrou sempre no D. Manuel Martins, apoio e força para a sua acção. «Avancem, não se inibam, defendam os direitos dos fragilizados». Acompanhei também a acção de D. Manuel quando foi criada a Comissão Nacional Justiça e Paz. Ele teve um papel decisivo no arranque da Comissão e da sua posterior consolidação. Sempre presente, com uma palavra clara e pensamento coerente, mas sem qualquer tentativa de interferência nas decisões seus Membros.

Após a saída da Diocese do D. Manuel fui mantendo o relacionamento e o aprofundamento da amizade. Estive com ele em variados momentos, quer encontros particulares ou em eventos públicos. A sua presença, a sua palavra a sua amizade sempre me deixaram mais rico. Eu ( como muitos outros) ficarei mais pobre com a sua ausência terrena.

Ficará sempre marcada na minha memória, o encontro que eu e minha mulher, tivemos com D. Manuel, algumas semanas antes do seu falecimento. Conversamos bastante e almoçamos juntos. Ofereceu-nos um livro: «Um Hino à Alegria». Encontramos um homem feliz, sereno e alegre mas com ar cansado e com a consciência plena que estava na «carruagem» (expressão sua) que o havia de transportar para o Pai.

Que D. Manuel Martins descanse em Paz e que o Senhor o receba na Sua Glória. E nós os que ainda aqui permanecemos, e que partilhamos com ele muitos momentos, saibamos reproduzir o seu exemplo.

António Manuel da Silva Soares, CNJP