- A paz supõe a reconciliação, a todos os níveis, o das relações pessoais, como o das relações entre grupos e povos. A reconciliação implica «romper a espiral da vingança e empreender o caminho da esperança». Tal significa que: «O outro nunca há de ser circunscrito ao que possa ter dito ou feito, mas deve ser considerado pela promessa que traz em si mesmo».
- A paz assenta na justiça e «nunca haverá paz verdadeira se não formos capazes de construir um sistema económico mais justo». Relembrando a encíclica Caritas in Veritate, do Papa Bento XVI, a mensagem afirma que a justiça do sistema económico exige «a progressiva abertura, em contexto mundial, a formas de atividade económica caracterizadas por quotas de gratuidade e comunhão».
- Para a construção da paz contribui a conversão ecológica. Os resultados da cimeira de Madrid, sobre o combate às alterações climáticas, a muitos dececionaram, desde o secretário-geral da O.N.U. às organizações da sociedade civil (incluindo as católicas) que se dedicam a essa causa. Tal significa que a necessária mudança de mentalidades que a conversão ecológica supõe ainda não chegou a muitos responsáveis políticos. Essa conversão deve partir da vida quotidiana de cada um de nós. A conversão ecológica de que fala a mensagem decorre, para os crentes, de uma visão alargada do amor a Deus e ao próximo. Um amor que reconhece a bondade dos dons da criação e a solidariedade para com as gerações futuras. Afirma a mensagem, nessa linha: «os recursos naturais, as numerosas formas de vida e a própria Terra foram-nos confiados para serem “cultivados e guardados” (cf. Gn 2, 15) também para as gerações futuras, com a participação responsável e diligente de cada um. Além disso, temos necessidade duma mudança nas convicções e na perspetiva, que nos abra mais ao encontro com o outro e à receção do dom da criação, que reflete a beleza e a sabedoria do seu Artífice». A conversão ecológica «leva-nos a uma nova perspetiva sobre a vida, considerando a generosidade do Criador que nos deu a Terra e nos chama à jubilosa sobriedade da partilha».
A mensagem contém um vibrante apelo à esperança: «Não se obtém a paz se não a esperamos. Trata-se, antes de mais, de acreditar na possibilidade da paz, de crer que o outro tem a mesma necessidade de paz que nós. Nisto, pode inspirar-nos o amor de Deus por cada um de nós, amor libertador, ilimitado, gratuito, incansável.»
É este apelo à esperança que também a CNJP quer dirigir a todos neste início do ano de 2020.
Lisboa, 1 de janeiro de 2020
A Comissão Nacional Justiça e Paz