PEDIR PERDÃO NÃO BASTA
Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz
Fomos todos confrontados com o tremendo horror de sofrimento das vítimas de abusos sexuais e os inaceitáveis atos sobre elas cometidos, descritos no recente relatório produzido pela Comissão Independente, designada pela Conferência Episcopal Portuguesa, “Dar voz ao silêncio”.
Uma verdade que dói, mas só ela liberta, nas palavras de Pedro Strecht. De facto, só a verdade permite a imperativa ação em nome da justiça e da reparação da paz.
Ação focada sempre, em primeiríssimo lugar, nas vitimas, frágeis e vulneráveis, abandonadas e isoladas, presas nas consequências do ato que sobre elas foi cometido. Ação que procure reparar o que foi perdido, devolver o que foi tirado. Ação que de forma transparente puna os responsáveis pela barbárie que sobre elas se abateu.
O Papa Francisco repetidamente tem dito que pedidos de perdão não são suficientes quando o assunto é abuso sexual e que ações concretas devem ser implementadas para sanar, de alguma forma, os horrores vivenciados pelas vítimas. Na recente edição de março do “Vídeo do Papa” podemos ouvi-lo: “no caso da Igreja, pedir perdão é necessário, mas não é suficiente… a dor das vítimas, os seus danos psicológicos podem começar a cicatrizar se encontrarem respostas, ações concretas para reparar os horrores que sofreram e evitar que se repitam”.
A Comissão Nacional Justiça e Paz Portuguesa quer fazer parte da construção, urgente e clara, das respostas e das ações concretas que o Papa nos propõe. Para tal se disponibiliza. É o respeito pelas vítimas que nos compele. E é o nosso mandato de defesa dos mais frágeis e vulneráveis, em nome da justiça, construindo a paz.
Lisboa, 9 de março de 2023
A Comissão Nacional Justiça e Paz