
A PAZ COMO CAMINHO DE ESPERANÇA
Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz
sobre a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz
A Comissão Nacional Justiça e Paz quer, através desta nota, chamar a atenção para a oportunidade da mensagem do Papa para o 53º Dia Mundial da Paz (celebrado a 1 de janeiro de 2020), mensagem que tem por título: A Paz como Caminho de Esperança: Diálogo, Reconciliação e Conversão Ecológica.
Assim, queremos destacar, em especial. alguns aspetos dessa mensagem
- A paz autêntica, sólida e duradoura, não é um simples equilíbrio de forças, nem pode assentar na dissuasão, na desconfiança, na ameaça ou no medo de retaliações. A segurança que possa decorrer da dissuasão nuclear, do chamado “equilíbrio do terror” (assente no medo que decorre do perigo e ameaça de uma aniquilação total e recíproca) será sempre ilusória. As expectativas de superação da corrida aos armamentos surgidas com o fim da “guerra fria” não se têm concretizado. Daí que a Santa Sé, tal como as Comissões Justiça e Paz europeias e norte-americana, tenham saudado o Tratado internacional que, sob a égide da O.N.U., visa a abolição total da posse de armas nucleares. Aspirar a essa abolição total, o que supõe um desarmamento multilateral e controlado, não pode ser uma utopia, porque é uma exigência de segurança e de paz autêntica.
Continuar...
DIA INTERNACIONAL CONTRA A CORRUPÇÃO
NOTA DA COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ
O dia 9 de dezembro foi declarado pela O.N.U. Dia Internacional Contra a Corrupção. Com esta efeméride, pretende-se sensibilizar pessoas e governos de todo o mundo para este crime, com as suas implicações e custos.
Estima-se que mais de três triliões de dólares são perdidos anualmente em esquemas de corrupção, como escrevia o ano passado por esta altura o Secretário-Geral António Guterres na sua mensagem para este dia (htps://news.un.org.pt/story/2018/12/1651051).
Para assinalar este dia, este ano, uma iniciativa bem concreta surgiu das próprias Nações Unidas: a campanha anticorrupção (htps://globalcompact.pt/anticorrupção).
Qualquer organização é convidada a associar-se a esta campanha preenchendo e enviando para as Nações Unidas a carta-tipo em que se dirigem cinco pedidos aos Governos. (htps://apee.pt/anticorrupção/call-to-action-texto/cal-to-action-ungc-letter)
Esta campanha foi recentemente apresentada em Lisboa pela Associação Portuguesa de Ética Empresarial. Nesse lançamento, Guilherme d´Oliveira Martins recordava que «todos somos vulneráveis à corrupção e ninguém se pode considerar intocável». Há que estar «atentos, vigilantes, e apostar na transparência e partilha de boas práticas». A corrupção começa normalmente com um «pequeno favor ou um jeitinho» que se alastra como mancha de azeite.
Esta campanha - e a carta-tipo associada - está disponível justamente até ao dia 9 de dezembro. Nesse mesmo dia será iniciada a distribuição do Selo Anticorrupção que apela a “Sociedade Justa, Negócios Éticos”, em linha com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16 da Agenda 2030 das Nações Unidas: a promoção da Paz, da Justiça e de Instituições Eficazes.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas é constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) e foi aprovada em setembro de 2015 por 193 membros. Para a sua concretização, é imperativo que as empresas integrem as suas metas nas tomadas de decisão e que contribuam com o seu poder de inovação para um futuro mais sustentável e inclusivo. Querem-se empresas responsáveis a nível social, ambiental e financeiro. Querem-se empresas com um “propósito”, que não procurem o lucro a todo o custo, que respeitam os direitos dos seus trabalhadores, que cuidem da comunidade envolvente, e que lutem por causas que edifiquem o nosso mundo.
Na sua recente viagem a África, o Papa Francisco apelou aos Governantes para lutarem com determinação contra formas endémicas de corrupção e especulação que aumentam a disparidade social e empobrecem as Nações.
Aos cidadãos em geral cabe um papel de recusa de qualquer colaboração na corrupção, de denúncia do fenómeno e, sobretudo, de difusão de uma cultura de honestidade e de serviço ao Bem Comum.
Novembro 2019
A Comissão Nacional Justiça e Paz
|

UMA VIDA AO SERVIÇO DA JUSTIÇA E DA PAZ
A Comissão Nacional Justiça e Paz recebeu com pesar a notícia do fim da vida terrena de Manuela Silva, que foi sua presidente e que em várias ocasiões dela foi membro e com ela colaborou.
Ficará para sempre em nós marcado o seu testemunho de dedicação constante e incansável às causas da Justiça e da Paz, inspirada no Evangelho e da doutrina social da Igreja. Essa dedicação abarcou os âmbitos académico, social, político e eclesial. Sempre teve uma atenção especial à causa do combate à pobreza como violação dos direitos humanos.
Dotada de uma extraordinária capacidade de iniciativa, dinamismo e organização de trabalho em equipa, Manuela Silva nunca esmoreceu na dedicação a essas causas, nem com o avançar da idade, nem com a doença que a veio a vitimar.
É disso exemplo a criação recente da rede “Cuidar da Casa Comum – a Igreja ao serviço da Ecologia Integral”, rede a que a CNJP também se associou juntamente com muitas outras organizações. Foi ela a sua alma inspiradora, lançando uma semente de uma planta que há de crescer e dar frutos. Fê-lo na última fase da sua vida terrena, como se não quisesse desperdiçar nenhum momento dessa vida, nem mesmo os últimos, para se dedicar à missão a que se sentia chamada.
Por esse e muitos outros motivos, será sempre para todos nós um exemplo luminoso. Rezamos por ela, acreditando que gozará da felicidade plena na comunhão eterna com Deus.
Lisboa, 8 de outubro de 2019 A Comissão Nacional Justiça e Paz

Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz
E Deus viu que tudo era bom[1]
Esquecemo-nos que nós mesmos somos terra
(Gen. 2, 7)
Tudo o que germina na terra bendiga o Senhor;
a Ele, a glória e o louvor eternamente!
(Dn. 3, 76)
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) começa por se congratular que, na semana das Nações Unidas pelo Clima, um vídeo feito por duas biólogas marinhas portuguesas da região de Setúbal tenha recebido o prémio final - entre tantos vídeos concorrentes - ao repto lançado pelas Nações Unidas. Uma semente de vida e esperança no nosso país e para toda a humanidade.
A CNJP quer ainda associar-se às manifestações que, ao longo destes dias, no nosso país e em todo o mundo, são lideradas por jovens (e crianças) que, na sequência da intervenção de Greta Thunberg, têm incentivado os adultos a participar e a responsabilizar-se pelo futuro das novas gerações. Ao jeito da interpelação de Jesus Cristo - “Deixai vir a Mim as crianças” (Mt 19, 14) – eles (crianças e jovens) tomam a palavra, interpelam, arriscam. Vigílias de oração pelo clima têm unido os cristãos e outras denominações religiosas num objetivo comum: salvar a criação.
O papa Francisco exortou-nos: “ainda estamos a tempo”, “não deixemos fechar a janela de oportunidade que se nos oferece”. Apela ao nosso sentido ético e pede-nos “honestidade, responsabilidade, valentia”.
Lembramos o Relatório das Nações Unidas Cuidar o Futuro elaborado há 20 anos e recentemente reeditado[2]. Nele se preveem muitos dos factos experienciados hoje e que poderiam ter já sido evitados. São os pobres e as pessoas vulneráveis, os países do hemisfério sul, que mais estão a sofrer com as alterações climáticas: veja-se Moçambique, o Brasil, o Haiti, as Bermudas, entre outros. Que fazemos, instalados na confortável “fortaleza europeia”?
Na sua exortação para o dia mundial da oração pelo cuidado da criação (1 de Setembro) Francisco fala neste “Tempo da Criação”: “Desgraçadamente, a resposta humana ao dom recebido [a criação] foi marcada pelo pecado, pelo fechamento na própria autonomia, pela avidez de possuir e explorar. Egoísmos e interesses fizeram deste lugar de encontro e partilha, que é a criação, um palco de rivalidades e confrontos.”
Unamo-nos ainda ao Papa no Sínodo para a Amazónia a iniciar-se em breve. Mas unamo-nos também aos jovens: “a criação, rede da vida, lugar de encontro com o Senhor e entre nós, é a rede social de Deus”[3]. Vejamos com esperança este período dedicado ao clima e rezemos em palavras e sobretudo em obras - habituemo-nos a rezar imersos na natureza, afirma o Papa) - para que encontremos formas de salvar agora e todos os dias um planeta doente que espera por nós - cristãos e homens e mulheres de boa vontade, incluindo políticos e governantes, associações ambientalistas e toda a sociedade civil -, numa ética do cuidado, numa economia ao serviço dos mais vulneráveis e numa mudança para estilos de vida “mais simples e respeitadores”, como afirma Francisco.
Lisboa, 27 de Setembro de 2019
[3] Francisco, Discurso às guias e aos escuteiros da Europa, 3 de agosto de 2019
|