Semanário ECCLESIA

Editorial
4 - João Aguiar Campos
 
Nacional:
8 - Novo ano sob o signo da paz
10 - 2012 em revista
 
Espaço ECCLESIA
14 - O plano anticrise do Papa
16 - A semana de...
 
Opinião
18 - D. Pio Alves
 
Entrevista
20 - D. Jorge Ortiga, 25 anos de bispo
 
Internacional
28 - O Papa e o novo ano
30 - Bento XVI: Balanço de 2012
 
 
 
 

 

 

 

 

 

 


03 de janeiro de 2013

Perspetivas para 2013
34 - Ética e Cidadania
36 - Solidariedade e esperança
38 - O que esperam os jovens?
40 - Lideranças empresariais
 
Cinema 
42 - Os Miseráveis

 

Multimédia 
44 - Taizé online

 

História:
46 - Cinquentenários para 2013
48 - Concílio Vaticano II
 
Opinião
58 - Francisco Sarsfield Cabral
 
Reportagem
60 - Celebrar os Reis entre Portugal e Espanha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

365 oportunidades

João Aguiar Campos

Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

 

1. Foi por acaso, numa partilha de rede social, que cheguei ao desenho da criança, sentada a meia encosta, ao lado do seu fiel cachorrinho.

Num diálogo que só a imaginação pode assegurar, ela pergunta: «Que nos trará o ano que vem?». O cachorrinho, de orelhas arrebitadas e cérebro vivo, responde prontamente: «365 oportunidades».

Confesso não saber se, na surpresa de uma questão igual, eu daria igual resposta. Admito mesmo um discurso redondo, evocando previsões de Agenda, evoluções desenhadas por uma série de indicadores ou prognósticos de consultores reais ou fictícios, etc, etc. Falar de 365 oportunidades porventura não me ocorreria. E constato-o com pena!

Admito, de facto, que tenho deixado alguma humidade escorrer livre pelas paredes do ânimo, refugiando-me no lugar comum do «isto está péssimo» - sem me aperceber que a repetição reforça a convicção e agrava o olhar.

Repito uma vez e outra que «Deus dá o frio consoante a roupa». Mas logo a seguir tirito de pessimismo, desmentindo a esquina soalheira onde poderia ver um céu diferente.

Na passagem de ano, tomei a decisão de mudar. Mas já sei quão difícil é contrariar o que é tido como inevitável, pois isso obriga-me a ser verdadeiramente crente: a acreditar em mim, nos outros e n'Aquele que nunca falta com a Sua graça. Obriga-me a valorizar pessoas e atitudes que tenho desvalorizado,


 


 

subalternizando ao mesmo tempo algumas das prioridades até agora estabelecidas.

Mas vale a pena enfrentar o desafio que, na expressão de Whitney Junior, "existe para tornar as coisas melhores".

 

2. Olhar os dias que temos por diante como oportunidade implica virtude. Realmente, a esperança e a confiança são exigentes e, como diria S. Josémaria Escrivá, muito distintas de uma atitude melosa e quietista, segundo a qual ao fim e ao cabo tudo dará certo... Não.

Os resultados merece-os apenas quem é rigoroso e esforçado. Quem sabe conviver com as lágrimas e não fecha os olhos ao rosto desfigurado do seu tempo.

A passividade nada pode esperar

 

legitimamente e, sobretudo, nada faz acontecer, se excluirmos o desastre... Tudo o mais pressupõe compromisso e trabalho permanente para tornar efetivas as pequenas esperanças e abrir a porta à grande esperança.

Trata-se, citando Bento XVI, de  um modo de ser, que se adquire mediante esforçada e contínua aprendizagem. Sem desistência, ainda que pela vida pessoal ou pelo momento histórico, aparentemente nada mais haja a esperar (Spes salvi, 35).

Penso ser de Gustave Thibon a ideia de que as graças estão presas ao céu por um cabelo. A vontade é a tesoura que, facilmente, o corta. Decisivo é saber quanto queremos o que queremos!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De olhos
postos na luz

antes da incerteza

do novo ano

 

 

 

 

"Isto não se resolve de forma fugaz ou porque alguém promete ou diz que, mas porque nós todos nos envolvemos nisto"
D. Manuel Clemente, bispo do Porto, à RTP

 

 

 

 

"A felicidade compromete-nos, não num esforço perfecionista mas num esforço de santidade"
Padre Vítor Gonçalves, Diocese de Lisboa, Eucaristia da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz

 

 

 

 

"Um novo ano é como uma viagem: com a luz e a graça de Deus, que possa ser um caminho de paz para cada homem e cada família, para cada país e para o mundo inteiro"
Bento XVI,  oração do Angelus, dia 1 de janeiro

 

 

 

 

 

 

"Se nós, cristãos, assumíssemos juntos um compromisso prioritário pela justiça e pela paz, uma nova vitalidade do cristianismo poderia nascer: um cristianismo humilde, que não impõe nada, mas que é sal da terra"
Irmão Alois, prior da Comunidade de Taizé, nas meditações do Encontro Europeu de Jovens, Roma

 

 

 

 

"São muitos, e cada vez mais, os que se interrogam sobre a razão dos sacrifícios que lhes são exigidos e se esses sacrifícios serão realmente necessários e úteis"
Aníbal Cavaco Silva, p
residente da República , na mensagem de Ano Novo aos portugueses

 

2013: Ano começa sob o signo da vida

 

 

 

 

 

 

"É preciso denunciar, com lucidez e coragem, os erros sociais e políticos em sociedades que não dão prioridade ao bem-comum"
D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa
 

O início de 2013 foi a oportunidade escolhida por vários bispos da Igreja Católica para pedir um compromisso efetivo na defesa da vida e das famílias em Portugal. O cardeal-patriarca de Lisboa apelou na missa a que presidiu na Paróquia de Rio de Mouro a uma "autêntica política de proteção à família" para superar a atual situação em que o país se encontra, alertando para uma "crise de civilização" na Europa.

"Somos um país a lutar corajosamente para vencer um período difícil da nossa história. Mas olhemos corajosamente para o que está a acontecer às famílias: leis permissivas que não valorizam o aprofundamento dos seus valores constitutivos; leis fiscais que penalizam a família; a incapacidade de evitar que o drama do desemprego se abata sobre famílias inteira", disse D. José Policarpo.

Também o bispo do Porto deixou votos de que o ano de 2013 seja marcado pela defesa da vida, sem "qualquer hesitação", criticando o "amolecimento cultural ou legal" em relação a esta matéria, que considerou como "um atentado à paz".

"Estando Deus aí mesmo, na vida em gestação, dentro ou já fora do ventre materno, como se torna prioritária a promoção e salvaguarda de cada vida humana, no arco total da sua existência terrena", afirmou D. Manuel Clemente, para quem é "estranho" que se apresentem como "progressos civilizacionais" aquilo que denominou de "autênticas regressões de dois mil anos, desprotegendo a vida em todo seu verdadeiro percurso, pré e pós-natal".

 

 

Já o bispo da Guarda afirmou que a sociedade portuguesa tem de ter a "coragem" para repensar e pôr em causa a lei do aborto. "Se nós portugueses queremos ser, de verdade, cidadãos sérios e responsáveis pela sustentabilidade da sociedade que nos está confiada, temos de assumir a coragem de pôr em causa esta lei e procurar caminhos novos de acolhimento às crianças, que são de facto o nosso futuro", declarou D. Manuel Felício.

D. António Couto, bispo de Lamego, apelou no primeiro dia de 2013 à criação de um clima de maior justiça, criticando a "desumanidade" que ataca o direito à vida e a família. "Tem de ser promovido um verdadeiro clima de justiça social, para que todos os seres humanos se possam sentir irmãos", referiu.

 

O bispo de Santarém deixou votos de que o novo ano encontre, por parte de responsáveis políticos e da população em geral, uma maior preocupação com a justiça e a fraternidade, ultrapassando a fixação no "bem-estar económico". "Preparar um futuro melhor, não é apenas pagar as dívidas", observou D. Manuel Pelino.

Em Viseu, o bispo local disse esperar que o novo ano conte com políticas sociais "mais eficazes", para ajudar quem sofre as consequências da crise, e apelou à "organização justa" das funções do Estado em Portugal. "Não é justo que vivendo uma crise tão grave, tão prolongada e com tantas consequências no desemprego, uns não tenham meios para viver e outros os possam esbanjar", alertou D. Ilídio Leandro.

 

Um ano em 12 notícias

 

A Agência ECCLESIA elaborou um balanço do ano de 2012, na vida da Igreja Católica em Portugal, disponível online em http://www.agencia.ecclesia.pt/2012, dos quais se elencam aqui 12 acontecimentos:

 

 

 

 

 

   

 

 

 

Do «velho» SAI à era digital

 

 

O Semanário Agência ECCLESIA assume hoje um novo formato, exclusivamente digital, para oferecer "conteúdos renovados" e testar "inovadoras formas de chegar a mais leitores", como refere o seu diretor, Paulo Rocha.

O projeto, decidido pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e aprovado pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (onde se integra aquele Secretariado, na Conferência Episcopal Portuguesa), surge como "continuidade de uma aposta na informação que remonta aos inícios dos anos 60, quando nasceu o "boletim" que está na origem deste semanário".

Depois do CCI (Centro Católico de Informação), a 10 de fevereiro de 1983 chegava o número 1 do SAI (Serviço de Apoio à Imprensa), com periodicidade semanal e, normalmente, 8 páginas " o número aumentava se um documento do Papa ou dos bispos portugueses não era resumido.

O SAI que saiu centenas de vezes, com vários diretores, deu lugar à Agência ECCLESIA (AE): a 5 de janeiro de 1994 com o n.º 475, a AE chama para primeira página "Domingo numa sociedade em mudança" e "Grande Exposição Missionária".

O número mil sairia a 22 de março de 2005 e a última edição impressa foi publicada a 18 de dezembro de 2012. Segue-se agora a aventura digital.

A ECCLESIA, marca institucional da presença da Igreja na área dos media, é propriedade do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, e distribui informação em diferentes plataformas.

 



José Amaro Teixeira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lisboa

O cónego José Amaro Teixeira, de 101 anos, morreu esta quarta-feira na Casa Sacerdotal de Lisboa, anunciou o Patriarcado, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA. O padre mais idoso de Portugal nasceu a 19 de agosto de 1911, em Belmonte, na Diocese da Guarda, e tinha sido ordenado a 6 de abril de 1935.

Entre outras funções, foi governador na diocese na ausência do prelado, durante o Concílio Vaticano II (1962); vigário episcopal (1967-1968);  vigário geral-adjunto (1972-1990); foi nomeado pelo Papa capelão da Santa Sé (monsenhor) em 1991.

 

Portalegre-Castelo Branco

O bispo de Portalegre-Castelo Branco qualificou de "sério, bonito e festivo" o trabalho realizado nas sessões inaugurais do sínodo diocesano, que ocorreram a 17 de novembro, 1 e 29 de dezembro de 2012. "Temos contribuído para ver, ler e analisar a realidade que somos, para debater ideias e apresentar as propostas que o Espírito nos vai suscitando", afirmou D. Antonino Dias na Sé de Portalegre.

 

Coimbra

O bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, afirmou haver responsabilidades individuais no entrave à construção da paz, atribuindo esta realidade a pessoas "escravas" do poder, de "máquinas partidárias, dos lóbis, da opinião comum ou das ideologias".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Lamego

O bispo de Lamego, D. António Couto, decidiu reorganizar a divisão territorial da diocese, reduzindo o número de arciprestados (conjuntos de paróquias) para menos de metade, de 14 para seis. Esta reconfiguração ocorre "para permitir que os arciprestados que, até agora, contavam com um número muito reduzido de sacerdotes, possam permitir a sua integração em zonas pastorais mais amplas".

 

Fátima

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima recordou a "situação de emergência" que se vive em Portugal, pedindo para 2013 uma cultura política capaz de "vencer a sede de poder, a ganância do lucro". D. António Marto falava a centenas de pessoas na Basílica da Santíssima Trindade, que receberam o novo ano no Santuário de Fátima.

 

Aveiro

O bispo de Aveiro pediu que o novo ano seja marcado por um "grito pela paz". "A Paz é sonho, ideal, projeto, direito, valor e compromisso de crentes e não crentes", refere D. António Francisco dos Santos.

 

Setúbal

D. Gilberto Reis, bispo de Setúbal, considera que a solidariedade é "um analgésico no sentido positivo", que não adormece, mas que ajuda as pessoas.

 

ECCLESIA

O programa anticrise de Bento XVI

 

 

 

 

"Estamos a falar de uma plataforma social onde a vida está a ser lesada, assassinada: há muita gente que acha que a vida perdeu sentido, sabor"
D. Januário Torgal Ferreira
 

A mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2013, com que se iniciou o novo ano, tem estado em destaque ao longo desta semana no espaço da Igreja Católica na Antena 1 da rádio pública, sempre às 22h45. Um texto no qual se critica a "erosão da função social do Estado" e que, sublinha o bispo das Forças Armadas e de Segurança, o Governo português devia "ler e meditar muito".

D. Januário Torgal Ferreira diz à ECCLESIA que há um "ataque à vida" na sociedade e que entre os "direitos e deveres sociais" mais ameaçados está o "direito ao trabalho". "O justo reconhecimento do estatuto jurídico dos trabalhadores não é devidamente valorizado", indica.

O prelado refere mesmo que, ao ler o documento, ficou com a impressão de que "Bento XVI veio a Portugal nos últimos dias". D. Januário Torgal Ferreira fala num Estado Social "de rastos", convidando à "contemplação dos grandes valores e princípios" defendidos pela Igreja neste campo.

Para Maria do Rosário Carneiro, vice-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, é essencial colocar a pessoa como "centro da construção da comunidade".

"Este é um discurso [de Bento XVI] de desinstalação", observa, frisando que o combate à pobreza e desigualdade exige "uma militância constante". "A pessoa humana é agente e autor da construção da paz", sublinha Maria do Rosário Carneiro.

 

 

Margarida Saco, do movimento "Pax Christi", frisa os exemplos de "gestos de paz" dados pelo Papa que devem ser concretizados nos momentos concretos de cada dia e elogia a alusão ao direito ao trabalho, essencial para respeitar a "integridade" de cada pessoa.

Bento XVI escreve que é necessário encarar como "prioritário o objetivo do acesso ao trabalho para todos", um dos "direitos e deveres sociais atualmente mais ameaçados".

O padre João Lourenço, diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, sublinha que a paz é "uma construção que nasce do coração", exigindo uma "harmonia interior"

 

 

que leve ao encontro com os outros.
"Temos uma desarmonia universal, neste momento, muito grande, muito profunda", lamenta o sacerdote.

Isabel Bento, da comunidade católica de Santo Egídio, destaca por sua vez a transversalidade do texto papal, dirigido a crentes e não crentes, admitindo que é particularmente dirigida à Europa num momento em que os Estados se "têm de questionar".

"O que é que queremos fazer para o futuro, politicamente?", pergunta, pedindo "homens e mulheres de boa vontade e com coragem" para poder "dar a volta" à atual situação.

 

 

A semana de...

Rui Martins
Agência ECCLESIA

 

1. Na mensagem para o Dia Mundial da Paz, que se assinalou a 1 de janeiro, o Papa lembra que "as ideologias do liberalismo radical e da tecnocracia insinuam, numa percentagem cada vez maior da opinião pública, a convicção de que o crescimento económico se deve conseguir mesmo à custa da erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade da sociedade civil". "E, entre os direitos e deveres sociais atualmente mais ameaçados", prossegue, "conta-se o direito ao trabalho". "Para sair da crise financeira e económica atual, que provoca um aumento das desigualdades", continua Bento XVI, é necessário discernir "um novo modelo económico". Poucos dias após a promulgação do Orçamento de Estado para 2013 por parte do presidente da República, encontramos nestas palavras um critério para avaliar o Governo e um incentivo a propor alternativas mais próximas da visão cristã do mundo.

 

2. Os católicos evocaram no domingo a Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Com as dificuldades económicas sobressai a importância da família enquanto lugar de amizade e solidariedade. Mas esta instância essencial à coesão social continua a ser desvalorizada por leis fiscais que a "penalizam", pelo "drama do desemprego" e pela "diminuição da natalidade, que põe em causa o futuro da comunidade humana", como afirmou o cardeal-patriarca na missa do primeiro dia do ano. "Para quando uma política de proteção à família?", questionou.

 

 

3. Os presépios regressaram às igrejas e à praça pública. Superada a polémica da vaca e do burro, são milhares os visitantes que continuam a alimentar uma das tradições cristãs que se mantém em Portugal. Mas será que este esteio cultural é acompanhado pela espiritualidade? Por outras palavras, a visita à natividade de Jesus é hoje um passeio inócuo ou desperta os mesmos sentimentos de adoração e alegria patentes nas figuras representadas no presépio?

 

4. Mais de 40 mil jovens, incluindo centenas de portugueses, entraram no novo ano a rezar durante o encontro promovido em Roma pelos monges da comunidade ecuménica de Taizé. É uma afirmação, como outras, de que o cristianismo e a procura de Deus atravessam todas as gerações.

 

5. Os funcionários da Logomedia, que asseguraram até agora parte da produção da “Fé dos Homens – Ecclesia” e a totalidade do “70X7”, programas transmitidos na RTP-2, estão apreensivos quanto ao futuro da cooperativa fundada em 1986 por várias instituições católicas. Um

 

 

 

trabalho feito de dedicação dos profissionais que têm dado o melhor de si para servir a Igreja.

 

6. Nesta semana redescobri os ‘Ditos e Feitos dos Padres do Deserto’ (ed. Assírio & Alvim), “quase sempre nozes duríssimas, impossíveis de rachar, para se trazer consigo toda a vida”, formuladas por “homens inamovíveis como que de fogo, de modo que os seus dedos erguidos soltavam chamas”, como escreve Cristina Campo na introdução.

 

 

Ano Novo

 

D. Pio Alves

Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

 

 

Por estes dias, esta expressão andou e anda ainda na boca de muita gente: ora como mera verificação de alteração de calendário; ora para cumprir apenas um rito social; ora para desejar que os doze meses que aí vêm sejam realmente novos.
Consciente dos palpites cinzentos ou negros que andam no ar, confesso a minha resistência a juntar à expressão qualquer outro adjetivo, tal como próspero ou feliz. Fiquei-me pelo bom e, nalguns casos, fecundo. Temi agredir alguém com demasiado otimismo!
Mas, na realidade, bastaria ter ficado pelo desejo de um ano verdadeiramente novo: ancorado num sereno realismo e, por isso, aberto à esperança.
Existe esse caminho? Estou convencido de que existe: importa assumi-lo e, com todo o respeito possível, ajudar os mais vulneráveis a descobri-lo e a caminhar por ele.
Viver na novidade dessa Sociedade tem, contudo, condições. Há, certamente, funções diferenciadas, mas todos têm a mesma radical dignidade, que nunca pode ser ofendida. Não há, por isso, lugar para castas, seja de que tipo for.

Todos são, simultaneamente, sujeitos de direitos e deveres: direitos para serem reclamados; deveres para serem cumpridos.

 


"Quanto maiores
são as dificuldades, mais se torna necessário
juntar esforços"

 

O livre exercício dos direitos e deveres responsabiliza, por igual, todos e cada um na construção e/ou reconstrução da Sociedade. Este exercício, porque vivido na legítima pluralidade de opções, estará tão longe de um concordismo massificador como de uma inútil e desgastante maledicência sistemática.

Sempre me impressionou, na leitura do texto do Livro do Génesis que relata a queda original (Génesis, capítulo 3), o protagonismo do dedo acusador.

Ali (aqui!) parece que ninguém tem culpa: nem Adão, nem Eva. A pobre da serpente não teve voz para se defender! Só faltou acusar Deus e o dom da liberdade!

Triste teatro quando as legítimas opções dos outros são lidas sempre como disparate! Pobre Sociedade quando tudo serve de pretexto para a maledicência, para a gritaria!

É imprescindível aprender com os erros cometidos. É dos livros que não tem mais razão,

 

 

 

 

 

necessariamente, quem tem mais poder ou quem fala mais alto. Manda o bom senso que, quanto maiores são as dificuldades, mais se torna necessário juntar esforços e consensualizar legítimas opções. Caso contrário, por mais metas financeiras e económicas que possam ser alcançadas, não vamos lá!

Iremos lá se todos, também os cristãos, quisermos e soubermos cultivar a verdadeira novidade de um ano que começa.

 


D. Jorge Ortiga,

25 anos

de bispo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nas bodas de prata
de ordenação episcopal,
o arcebispo de Braga

passa em revista este
quarto de século ao serviço da Igreja e da sociedade em Portugal em entrevista ao Semanário ECCLESIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O arcebispo de Braga, que hoje celebra 25 anos de ordenação episcopal, considera que o atual momento do país implica a colaboração de todos para promover maior igualdade e justiça. D. Jorge diz gostar mais do "contacto diário" com a população e de "participar nos problemas reais das pessoas, sejam sacerdotes ou leigos".

Filho de agricultores, evoca uma infância em que se ocupava também com a ajuda à família, no campo: "Sei o que custa a vida e sei fazer as coisas".

D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga nasceu a 5 de março de 1944, na freguesia de Brufe, Concelho de Vila Nova de Famalicão (Diocese de Braga) e uma vez terminados os estudos, foi ordenado padre no dia 9 de julho de 1967, juntamente com 24 colegas, na igreja de Lousado (Famalicão).

Com 43 anos, o Papa João Paulo II nomeou-o bispo titular de Nova Bárbara e auxiliar de Braga, a 9 de novembro de 1987. A 3 de janeiro de 1988, foi ordenado bispo pelo então arcebispo primaz de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, na cripta do Sameiro, escolhendo como lema episcopal a passagem do capítulo 17 do Evangelho segundo São João: "Ut unum sint" (que sejam um).

 

 

 

 

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - Ainda se recorda do dia em que foi nomeado bispo auxiliar de Braga e titular de Nova Bárbara?

D. Jorge Ortiga (JO) - Recordo plenamente. Aqueles acontecimentos marcados pela surpresa são inesquecíveis, de perplexidade e de uma certa inquietação interior. Estes acontecimentos marcam de maneira definitiva a vida.

 

AE - Onde estava quando recebeu a notícia?

JO - Estava nos Congregados (Basílica que fica no centro da cidade de Braga). Fui convidado para ir à Nunciatura (em Lisboa), mas naquela ocasião já se ouvia falar e dizer qualquer coisa. Não contei a ninguém, mesmo aos amigos mais íntimos com quem vivia (com uma equipa sacerdotal) e fiz a viagem até Lisboa. A viagem foi uma luta interior, prevendo o que poderia acontecer e, efetivamente, aconteceu.

 

 

AE - A nomeação deveu-se, essencialmente, ao seu trabalho pastoral ou à sua dissertação em Roma?

JO - Por aquilo que sei hoje e por aquilo que conheço, acho que não foi tanto pela tese de Roma e o trabalho académico. Inicialmente, pensava dedicar-me ao ensino (primeiro era o seminário, depois passou a instituto e agora é a faculdade de teologia), mas terei de reconhecer que se deve mais ao meu trabalho pastoral e entrega aos sacerdotes. Como estudei história da Igreja (época antiga) até pensei alargar os meus conhecimentos. Não fiz a tese de doutoramento, apesar de ter preparado todos os cursos para o doutoramento. Mas durante o meu tempo de estudo fui-me apaixonando pelo trabalho com os sacerdotes. Quando vinha a Braga e quando regressei, os meus tempos livres eram «gastos» em contactos e diálogos com os sacerdotes, num momento um bocado complicado para a arquidiocese de Braga.

 

AE - Adaptou-se facilmente ao II Concílio do Vaticano, visto que a sua formação presbiteral foi tridentina (Concílio de Trento)?

JO - Posso dizer que suspirava pelo concílio, 

 

 

Conhecer a caracterização própria deste povo foi uma vantagem porque temos uma maneira muito original de encarar a vida - alicerçada muito na família , na alegria, festa e na tradição.

 

todas as sensibilidades e correntes. Acompanhei-o através de livros que saiam, mas, particularmente, através de alguns jornais que nos descreviam o que estava a acontecer. Exultava com o «aggiornamento» e com a renovação da Igreja. Segui todos os passos do documento «Gaudium et Spes». Recordo a experiência, nos primeiros anos de sacerdócio, na Basílica dos Congregados, a oportunidade de dialogar com pessoas de todas as correntes, com as inquietações e irreverências da juventude. Dialogar com os movimentos que surgiram naquela altura, mesmo alguns de esquerda.

 

AE - Não teve receio de ser convertido para a ideologia de esquerda?

JO - Não. Já tinha encontrado um suporte ou alicerce que é, essencialmente, uma vida de espiritualidade. 

 

 

AE - É natural do Minho, de Brufe (Famalicão), foi presbítero na Arquidiocese de Braga e, atualmente, arcebispo neste território eclesial. Existe um adágio popular que afirma: "Santos da casa não fazem milagres", mas D. Jorge Ortiga tem feito milagres?

JO - Não fiz milagres, nem pretendo. Se alguma coisa acontece, não sou eu que faço. É, apenas, deixar-me disponível para que Deus realize alguma coisa através de mim. No entanto, posso dizer que me meteu um pouco mais de medo, primeiro quando fui bispo auxiliar e depois, também, arcebispo de Braga. Reconheço também que tive alguma vantagem em ser natural de Braga porque conheci e conheço a diocese toda. Conheço não apenas pelo nome, mas a grande maioria delas pela sua localização e os seus sacerdotes.

 

AE - Ao longo dos dez anos em que foi bispo auxiliar de Braga, que tarefas lhe incumbiram?

JO - Continuei com o mesmo trabalho que tinha porque, antes de 1981 (ainda era presbítero novo), fui nomeado vigário episcopal para o clero. Continuei com essa responsabilidade e essa alegria de

 

poder servir os padres. A maior parte do meu tempo era para visitar os sacerdotes e ir ao encontro deles. Esse mesmo amor aos sacerdotes procurava fazê-lo naquele trabalho que me foi confiado, através das visitas pastorais. Passava alguns dias nas comunidades onde ia fazer a visita pastoral. Entrava nas realidades da comunidade, tanto eclesiais como sociais. As visitas a fábricas foram de uma riqueza muito grande porque tive oportunidade de entrar no realismo de um trabalhador.

 

AE - Não conhecia essa realidade dos seus tempos juvenis?

JO - Conhecia alguma coisa até porque o meu pai também era operário. No entanto, confesso que algumas delas não conhecia.

 

AE - Teve uma infância privilegiada?

JO - Trabalhei sempre. Desde que nasci... (risos). Os meus pais eram agricultores e recordo quando os meus colegas no final da escola iam brincar, eu ia para o campo fazer aquilo que podia conforme a idade de que tinha. Coisas simples, mas a maior parte do tempo ocupado com essa ajuda à família. Sei o que custa a vida e sei fazer as coisas.

 

 


AE – Teve alguns dissabores enquanto bispo auxiliar de Braga?

JO – A vida é feita de tudo, mas confesso que não recordo nenhum. Tenho um princípio que orienta a minha vida: procurar viver o momento presente e o que está para trás entregá-lo à benignidade de Deus. Mas se notava alguma divisão entre o clero, ficava preocupado. O mesmo acontecia com a situação social das pessoas.

 

AE – O seu trabalho tem sido reconhecido na região minhota, a tal forma que aparece na toponímia de Famalicão.

JO – Atos contra o meu gosto, mas é sinal de simpatia e de amizade. Gosto de trabalhar – de dia e de noite -, mas no silêncio e não estar à espera de qualquer tipo de recompensa. Gosto do cristianismo como festa, mas não gosto de ser objeto da festa.

 

AE – Trabalha de dia e de noite? Levanta-se muito cedo?
JO – Gosto de uma vida metódica e organizada com os horários definidos. No entanto procuro reservar sete horas para descansar porque nem

 

 

 


todas as noites dão para dormir. Tenho um ritmo de trabalho - procuro não ser agitado – mas com uma agenda preenchida e que produz sempre muitas coisas. Alguém diz que sou como um vulcão…

 

AE – Considera-se mesmo um vulcão?

JO – Não, mas reconheço que as ideias surgem com relativa facilidade. Sou capaz de ver os acontecimentos, mas não os ver passivamente. Os acontecimentos provocam, imediatamente, uma resposta ou reação.
 

 

 


AE – Em 1999, João Paulo II nomeou-o arcebispo titular de Braga. Recorda este momento?

JO – Perfeitamente. Tive conhecimento alguns dias antes, mas a notícia tornou-se pública no dia 05 de junho. Eu queria – em termos de gosto - que fosse no dia 06 desse mês, porque era o dia de aniversário do meu pai. A notícia foi divulgada quando estávamos para proceder ao encerramento do congresso eucarístico, realizado em Braga.

 

AE – Desde que é titular de Braga, o seu múnus episcopal tem-se pautado por que áreas específicas?

JO – Continuei com a preocupação pelos sacerdotes e também pelo laicado. Uma das alegrias maiores que tive como bispo auxiliar foi o ter sido secretário-geral do sínodo diocesano bracarense que decorreu de 1994 a 1997. Juntamente com uma equipa, procurei ser o dinamizador, tanto que D. Eurico Dias Nogueira (arcebispo emérito de Braga) me chamou o cabouqueiro do sínodo. Tudo se

 


orientava para uma pastoral voltada para o futuro onde se colocava a evangelização em primeiro lugar. É fundamental trabalhar sempre em ambiente de unidade, diálogo e comunhão.

 

AE – É mais um bispo de gabinete ou do contacto diário com as pessoas?

JO – Gosto mais de ser bispo de contacto diário. De ir ao encontro para participar nos problemas reais das pessoas, sejam sacerdotes ou leigos. A atenção aos mais carenciados é um aspeto que não posso, de maneira nenhuma, esquecer. Mas também tenho o meu trabalho de gabinete porque é fundamental refletir, estudar e pensar nas realidades concretas.

 

AE – É um peregrino na cidade?

JO – Gosto imenso de andar pelas ruas da cidade. Habitualmente, sou eu que conduzo o carro e, desta forma, posso contactar com as pessoas. Nos trabalhos oficiais, procuro dialogar com tudo e com todos. Sinto-me mergulhado no meio das pessoas.

 

 

AE – Com D. Jorge Ortiga ao leme da arquidiocese, Braga recebeu dois novos beatos: Frei Bartolomeu dos Mártires e Alexandrina de Balasar.

JO – Dois acontecimentos que me deixaram uma grande consolação interior. Efetivamente, Deus concedeu-me essa graça de poder ter tido duas beatificações que, por acaso, naquela altura, ainda aconteceram em Roma. Foram momentos importantes e estimulantes.

 

AE – As celebrações da Semana Santa e também as da época natalícia têm um grande impacto na diocese. Deixam sementes para o resto do ano ou resumem-se ao lado folclórico?

JO – O povo minhoto está muito marcado pela dimensão da festa. Esta tem sempre a dimensão mais profana e também a dimensão religiosa. No verão, estamos sempre em festa. São sinais exteriores que significam muito ao povo, mas manifestam também uma fé interior. É uma semente que se lança à terra…

 

AE – Para quando uma melhor divulgação do rito bracarense?

JO – O rito bracarense é ainda permitido, não foi extinto. Não direi que esteja esquecido porque temos

 
Há muitas pessoas que vivem com intensidade as procissões e aquilo que elas representam

 

algumas cerimónias – particularmente na Semana Santa – em rito bracarense, mas a riqueza deste rito está em determinadas orações e algumas fórmulas que exigiriam uma tradução e uma adaptação. Isto não é fácil. Pessoalmente, gostaria que, de longe a longe, houvesse uma eucaristia em rito bracarense, na Sé.

 

AE – Com uma vida tão ocupada, ainda tem tempo para ver jogos de futebol?

JO – Já gostei mais de futebol. Vejo-o mergulhado em determinados meandros que não são muito do meu agrado. Gosto do desporto em geral porque este é constitutivo da pessoa humana. Quando posso – são poucas as vezes – vejo um desafio de futebol.

 

AE – Quando o Futebol Clube do Porto defronta o Sporting Clube de Braga torce por quem?

JO – Depende das ocasiões. Nasci em Famalicão – situado entre o Porto e Braga – a minha cor é mais azul e branca. Se ao Porto não fizer falta, que ganhe o Braga.

 

 

 

 

 

AE - Foi presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) durante dois mandatos (2005-2011). Como encarou o desafio de liderar este organismo?

JO - Com naturalidade, mas com alguma preocupação pela responsabilidade que me foi confiada. A CEP é apenas um órgão de comunhão entre os bispos. Onde existem diálogos francos e abertos.

 

AE - Durante os mandato, os bispos portugueses realizaram a visita «Ad limina» a Roma (2007) e, três anos depois, Bento XVI visitou Portugal.

JO - Foram momentos importantes para a Igreja portuguesa. Se relermos os discursos de Bento XVI (tanto em Roma como em Portugal) verificamos

 

 

que eles são programáticos. A Igreja portuguesa tem de entrar mais nas realidades humanas e terrestres. Os cristãos devem estar mais na economia, política?

 

AE - Atualmente, é presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana. Neste momento crítico da sociedade portuguesa como tem sido a sua relação com os políticos e sindicalistas?

JO - Temos dialogado com base na verdade. Como a situação social é muito grave, tenho defendido, constantemente, uma maior igualdade entre as pessoas. Ninguém pode desistir de construir uma sociedade mais justa.

 

A mensagem do Papa para 2013

 

 

 

 

 

 

Votos de feliz ano novo em português:
http://youtu.be/ANrstZTr5lk
 

Bento XVI iniciou 2013 com votos de um "bom ano" para todas as pessoas, apelando à construção de um mundo mais "justo e fraterno", no qual se eliminem guerras e inimizades. "Dirijo a todos o voto mais cordial para o novo ano: que possa ser verdadeiramente um bom ano e assim será se acolhermos em nós e entre nós o amor que Cristo nos deu", disse o Papa, desde a janela do seu apartamento pessoal, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação da oração do Angelus.

O primeiro dia de 2013 foi também o momento escolhido por Bento XVI para regressar à rede social Twitter, com nova mensagem em oito línguas, incluindo o português, para mais de 2 milhões de seguidores: "Que o Senhor vos abençoe e proteja no novo ano".

Na oração do Angelus, o Papa dirigiu-se a "todos os povos e nações de língua portuguesa, aos seus lares e comunidades, aos seus governantes e instituições": "Desejo a paz do Céu que hoje vemos reclinada nos braços da Virgem Mãe. Feliz ano novo".

Bento XVI pediu "gestos concretos" que promovam "diálogo, compreensão e reconciliação", evocando a celebração do Dia Mundial da Paz.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Taizé

Mais de 40 mil participantes, incluindo centenas de portugueses, reuniram-se em Roma para o 35.º Encontro Europeu da Comunidade de Taizé, no final de 2012 e início do novo ano. Bento XVI recebeu estes jovens, no Vaticano, e chamou-lhes "pequenas luzes" para a sociedade que merece "uma distribuição mais equitativa dos bens da terra" e "uma nova solidariedade humana".

 

Família

Bento XVI defendeu no Vaticano a importância de preservar as famílias como "berço natural" das crianças, sublinhando o seu significado e a sua "missão insubstituível" para o crescimento pessoal e da sociedade. "Rezemos para que cada criança seja acolhida como dom de Deus e seja apoiada pelo amor do pai e da mãe", disse, na festa litúrgica da Sagrada Família,

 

Gaza

O patriarca latino de Jerusalém apelou no primeiro dia de 2013 à paz na Síria e ao fim "do bloqueio de Gaza", nos territórios palestinos, pedindo que se promova o diálogo na região.

 

Vaticano

O Papa pediu aos católicos para confiarem em Deus nos momentos mais difíceis da vida, naquela que foi a sua primeira audiência geral de 2013. 

http://www.youtube.com/watch"v=VTo2zz-D4Sg


 

Bento XVI: 2012 em revista

 
 

 

 

 

 

 

 
Ao longo do último ano, o Papa empreendeu duas viagens internacionais: ao México e Cuba (23-29 de março) e ao Líbano (14-16 de setembro)
 

O ano de 2012 vai ficar na história do Vaticano, entre outros motivos, pelo inédito julgamento do caso de fuga de documentos confidenciais de Bento XVI, o "vatileaks", bem como pela chegada do Papa à rede social Twitter.

Paolo Gabriele, ex-mordomo de Bento XVI, foi detido em maio e condenado a 18 meses de prisão efetiva por "furto agravado", pena que viria a ser interrompida a 22 de dezembro, após um indulto do próprio Papa. "Os acontecimentos verificados por estes dias, a respeito da Cúria e dos meus colaboradores, causaram tristeza no meu coração", disse Bento XVI, na audiência geral de 30 de maio.

A 12 de dezembro, o Papa chegava ao Twitter, onde conta já com mais de 2,3 milhões de seguidores em oito línguas, incluindo o português. "Queridos amigos, é com alegria que entro em contacto convosco via twitter. Obrigado pela resposta generosa. De coração vos abençoo a todos", escreveu Bento XVI, no texto publicado em @pontifex, a partir do Vaticano.

A segunda visita papal na história de Cuba contou com apelos à mudança e ao respeito pela dignidade humana, após celebrações com centenas de milhares de católicos e encontros com Raúl e Fidel Castro. No Líbano, o Papa assinou e entregou a exortação apostólica "Ecclesia in Medio Oriente" (Igreja no Médio Oriente), na qual exige a plena "cidadania" para os cristãos na região e defende a necessidade de "libertar" a religião do "peso da política".

 

 

O calendário incluiu a participação no Encontro Mundial das Famílias, realizado em Milão (1-3 de junho), a abertura do Ano da Fé (11 de outubro), nos 50 anos do Concílio Vaticano II, e a realização do Sínodo dos Bispos dedicado à nova evangelização (7-28 de outubro).

Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre 'Jesus de Nazaré' com um livro sobre a infância de Cristo e assinou um artigo sobre o Natal no jornal económico 'Financial Times'.

Os discursos e intervenções públicas do Papa lembraram as vítimas de catástrofes naturais e conflitos armados que atingiram diversas partes do mundo, com relevo para os apelos à paz na Síria e em todo o Médio Oriente.

 

Este foi também o ano em que Bento XVI criou um novo cardeal português, D. Manuel Monteiro de Castro - penitenciário-mor da Santa Sé -, para além de outros 27, em dois consistórios (18 de fevereiro e 24 de novembro), tendo canonizado sete santos e proclamado como doutores da Igreja São João d'Ávila e Santa Hildegarda de Bingen.

Além da referida passagem por Milão, Bento XVI fez três viagens na Itália, incluindo uma visita às vítimas do terramoto da região da Emília Romanha (26 de junho); Loreto (4 de outubro) e Arezzo, La Verna e Sansepolcro (13 de maio) foram os outros destinos.

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Rumo ao Rio 2013

 

 

A JMJ (www.rio2013.com) vai decorrer entre os dias 23 a 28 de julho deste ano, com a presença prevista de Bento XVI no encerramento da iniciativa
 

O Departamento Nacional de Pastoral Juvenil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude 2013, no Rio de Janeiro, apresenta um itinerário de reflexão e caminhada para grupos de jovens que participam direta ou indiretamente neste acontecimento eclesial que reúne milhares de jovens aos pés da Cruz de Jesus.

O lema da JMJ 2013 é 'Ide e fazei discípulos de todos os povos', expressão baseada no evangelho segundo São Mateus.

O itinerário é uma proposta simples e aberta à partilha e ao contributo de todos, por isso a principal plataforma de acesso à partilha será a web (www.ecclesia.pt/pjuvenil) e as redes sociais.

Ou seja, mensalmente será publicado o conteúdo de uma destas catequeses a que todos poderão ter acesso, com hipótese de contribuir com propostas de realização.

 

 

Por estes dias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A próxima semana fica marcada pela celebração do Dia de Reis, que este ano coincide com um domingo, perspetivando-se mais tempo para o canto das janeiras, tradição que faz parte de um conjunto de manifestações públicas que reforçam a identidade cristã no meio da sociedade.

 

No dia 7, é Natal, de novo: milhares de cristãos católicos e ortodoxos do rito bizantino celebram na segunda-feira o nascimento de Jesus, em diversas regiões do país, seguindo o calendário introduzido no ano 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César - que difere do calendário gregoriano seguido na maior parte do mundo.

 

Na terça-feira, reúne-se pela primeira vez em 2013 o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em Fátima. Este é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos em Portugal, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo ordinariamente todos os meses.
 

 

2013

Ética e Cidadania

 

Daniel Serrão

Professor catedrático jubilado de Anatomia Patológica e de Bioética e Ética

 

1. Depois de o ano de 2012 ter sido dedicado pela Comissão Europeia ao Envelhecimento ativo e à Solidariedade entre as Gerações, eis que 2013 é o Ano da Cidadania.

A palavra Cidadania é polissémica e, por isso, abriga muitos sentidos. Escolho um que não me parece polémico.

A Cidadania é a possibilidade dada à pessoa, em Sociedade, de exercer os seus direitos e cumprir os seus deveres, na perspetiva social.

Então para que um indivíduo se possa tornar um cidadão, vai-lhe ser preciso aprender, e aprender bem, quais são esses direitos e deveres. Pelo que me parece evidente que os dois grandes pilares que sustentam o conceito de cidadania são a Família e a Escola. Pelo menos nas sociedades modernas, evoluídas e democráticas.

O lugar da Família e da Escola na preparação dos jovens para o exercício da Cidadania é uma responsabilidade à qual não podem fugir. A Família não pode transferir essa responsabilidade inteiramente para a Escola e a Escola não pode esperar que a Família a cumpra em plenitude.

 

 

2. No meu ponto de vista a educação para a Cidadania deve começar pela explanação compreensiva dos deveres do futuro cidadão, o que suscita um problema ético que é o da distinção entre o que é o bem e o que é o mal.

 

 

A neurobiologia mais avançada situa esta capacidade de distinguir o que é o bem e o que é o mal, para o próprio, muito cedo; mas refere-se apenas ao bem e ao mal corporais, físicos, que são já avaliados pela criança, desde os primeiros meses de vida.

A aprendizagem da capacidade de avaliação ética das perceções faz-se na Família primeiro e completa-se depois na Escola. Deste juízo individual o jovem vai passar, pela educação, para um juízo social das suas decisões, perguntando-se: será que o que vou decidir e fazer é o melhor para o bem dos outros e da sociedade?

3. As religiões têm, neste plano, um importante papel a 

 

desempenhar na educação para a cidadania, que é o de promover a interiorização das virtudes humanas, como suporte da vivência da cidadania pelas pessoas concretas. O cidadão virtuoso tem, seguramente, direitos: o primeiro é o de poder exercer, com liberdade, a sua autonomia decisória, respeitando a lei mas colocando à frente da lei os ditames da sua consciência e da sua virtude pessoal. O segundo é o direito à indignação ética e à objeção de consciência, que são marcas indeléveis da cidadania plena.

 

Texto na íntegra em www.agencia.ecclesia.pt

 

2013

Solidariedade, união e esperança

 

 

 

 

 

A esperança traduz-se, portanto, em prever, programar e pôr em prática, com coragem e esforço, um caminho progressivo para um futuro melhor.
D. Manuel Pelino, bispo de Santarém
 

 O presidente da Cáritas considera que o combate ao défice orçamental de Portugal está a deixar "destroços que serão irreparáveis" no tecido social. "Desejo muito que 2013 não seja aquilo que está anunciado", afirmou Eugénio Fonseca no programa 70X7 (RTP-2), depois de chamar a atenção para o "sofrimento" infligido em 2012 a pessoas que estão a ficar "totalmente desalentadas".

Para o economista João César das Neves o ano passado foi "o mais difícil" do "processo de ajustamento" da economia e 2013 vai ser marcado pela "continuação" desse esforço, embora "talvez" seja possível "algum crescimento".

Se as projeções mais otimistas se concretizarem, Portugal enfrentará "três anos de dificuldades" [2011 a 2013], seguidos de "um certo alívio", o que é "barato" tendo em conta os "disparates" cometidos no país, referiu o docente universitário.

"Depois dos enormes erros cometidos ao longo dos últimos 15 anos, ninguém podia dizer que poderia ser mais barato e mais fácil do que está a ser", apontou, antes de vaticinar "mudanças a sério no Estado" em 2013, "ano que, começando negro, talvez acabe mais benéfico".

A presidente da Fundação Pro Dignitate, Maria Barroso, realçou a urgência de juntar forças e deixar de colocar as finanças no topo das prioridades: "Se fizermos um esforço grande no sentido de nos unirmos todos e não estivermos só apegados aos números, ao dinheiro e aos mercados, então poderemos vencer as dificuldades".

 

 

Paulo Rangel, deputado do Parlamento Europeu, chama a atenção para a necessidade de "diálogo" e "solidariedade" entre os países do Velho Continente, não omitindo a "responsabilidade" que cabe aos Estados que "nem sempre administraram bem o seu património".

O anterior reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, pensa que em 2013 é "muito importante" que os portugueses retomem a

"confiança" na sua "capacidade de vencer desafios e obstáculos".

A par do reforço da "capacidade inventiva" e "empreendedora" é necessário dar precedência a "uma atitude de grande solidariedade com aqueles que estão em

 

dificuldade", sem esquecer a "contenção e parcimónia" nos gastos, dado que o país "viveu acima dos seus recursos nos últimos anos", frisou.
 O responsável pelo Instituto Padre António Vieira, Rui Marques, destacou a necessidade de envolver Portugal num "espírito positivo", enquanto que Guilherme d"Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, ressaltou a importância da esperança.
"No meio da dificuldade, da exiguidade e da dor", 2013 "tem de ser um ano para redescobrir o valor da esperança", sublinhou também o padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

 

2013

Perspetivas dos jovens

 

 

Num momento em que cerca de 300 mil desempregados (46%), inscritos nos centros de emprego, não têm direito a qualquer tipo de subsídio, o que podemos esperar para 2013?

"Dizem que nós, jovens, temos a vida facilitada. Dizem que não temos opinião nem ação. Num encontro de reflexão sobre a Família, em 2012, na minha paróquia, uma jovem disse ter descoberto que existem manuscritos já datados da Grécia Antiga que relatavam a falta de perspetivas dos jovens e capacidade em construir o futuro. A verdade é que mais de 2000 anos passaram entretanto.

Serão os jovens de 2012 capazes de perspetivar 2013? Sim, certamente! O ano 2012 marcou-me particularmente, pelo aumento das condições precárias de trabalho e da emigração forçada. Assisti ao abandono de amigos (e amigos de amigos!) de Portugal, mesmo não o desejando. Neste ano de 2012, conclui a minha licenciatura. Ainda não encontrei trabalho na área, e mesmo fora dela também é muito difícil. Tem sido um saltitar de trabalho em trabalho, ou melhor, de em "à experiência" para em "à experiência". Toda esta incerteza dificultar-me-ia o vislumbrar de um 2013 com mais dignidade. Contudo, eu só consigo acreditar num futuro promissor para mim e para os que me rodeiam, pois apesar de todas as adversidades económicas e familiares,

 

 

sempre consegui até hoje levar a cabo todos os projetos aos quais me entreguei. Por isso, acredito que em 2013 vou conseguir criar ou encontrar o meu lugar no mundo de trabalho! Pelo que vejo, Portugal está sedento de mentes positivas, dinâmicas e cheias de esperança. Pessoas que finalmente compreendem que a felicidade não é a meta, mas sim o caminho! Em 2013, muito possivelmente, o país não irá melhorar economicamente e, infelizmente, mais amigos terão de o abandonar. Mas apesar disto, para 2013, eu já tenho um plano para alterar a minha situação laboral e perspetivo a sociedade civil portuguesa mais consciente e solidária. Como já é tradição, ando com o meu grupo de JOC a cantar as janeiras e noto que o acolhimento das pessoas, porta a porta, está mais caloroso este ano. Assim, para 2013, perspetivo, ou pelo menos desejo muito, famílias mais comunicativas, mais atentas ao seu vizinho e que caminhem lado a lado! Acredito que é assim que os portugueses vão ter a felicidade como um caminho e perceber que assim mudarão o astral da conjuntura económica do país. 

 

E tu, no teu trabalho ou situação de desemprego, o que vais fazer?"

(Ângela Ferreira, JOC de Aveiro, 23 anos, desempregada.)

 

Como jovens cristãos, sentimos que por mais difíceis que sejam os problemas, não podemos baixar os braços e encontramos esperança em cada cristão, em cada pessoa de bem que está atenta à realidade, que percebe a importância do seu papel e da sua ação e que intervém positivamente, procurando a transformação do seu meio, através da partilha, da amizade, da solidariedade... Podemos não ter a capacidade de mudar o país, mas somos, certamente, capazes de ajudar a melhorar a vida de um vizinho, de um amigo ou até mesmo de um desconhecido que nos bate à porta! Como ouvíamos durante a preparação do Natal, "velai, pois, orando continuamente, a fim de terdes força para escapar a tudo o que vai acontecer" (Lc 21, 36) e "quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo" (Lc 3, 11).

Juventude Operária Católica

(Texto na íntegra em www.agencia.ecclesia.pt)

 

2013

O ano das lideranças empresariais!

Jorge Líbano Monteiro

Secretário-geral da Associação Cristã de Empresários e Gestores

 

O ano de 2013 será, tal como todos os outros anos, um tempo novo que Deus oferece a cada um de nós para viver com verdade, colocando todas as suas capacidades e a sua realidade, na procura de cumprir a sua missão no mundo.
Um tempo, necessariamente novo no qual sabemos que, pese embora tudo o que possa acontecer fruto das dificuldades e incertezas em que vivemos, Deus nos acompanhará nas decisões que tomarmos, nos trabalhos que iremos realizar.
Deus quer precisar de cada um de nós e do nosso trabalho para continuar a construção de um mundo mais justo, para promover a felicidade daqueles que nos são próximos. Por isso o ano de 2013 será um momento de enorme responsabilidade pessoal e um desafio para todos aqueles que acreditam que as dificuldades são parte integrante de um caminho que temos de percorrer para alcançar o fim último das nossas vidas.
É essa mesma responsabilidade que é pedida aos líderes empresariais católicos em 2013, que deem um testemunho de vida, que inspirem a confiança e o respeito, dentro e fora da empresa, na defesa dos seus trabalhadores e de todos aqueles que são influenciados pela vida das suas empresas.
Perante o momento em que vivemos, com graus de incerteza muito acentuados, os líderes empresariais, cristãos ou não, têm de ter a coragem íntima e a disponibilidade para um sacrifício acima do normal, num enorme exercício de sentido social.
 

 


É nos tempos de crise e nas dificuldades que se conhecem os verdadeiros líderes, que são capazes de fazer opções de fundo, confrontando o medo humano com a força interior para assumir o risco de identificar um caminho, transmitir a segurança aos que o seguem e promover sempre o sentido de justiça e de equidade.
No entanto, mesmo num ambiente de recessão, existirá espaço e lugar para o sucesso de muitas empresas que vão estar bem em 2013, e essas têm a obrigação de não se esconderem na crise mas procurarem, na medida da sua capacidade e da sua generosidade:
- Pagar a horas aos seus fornecedores, injetando dinheiro na economia;
- Melhorar os salários pagando remunerações mais próximas daquilo que é justo no plano da dignidade humana;

- Inovar nos produtos e serviços que oferecem mantendo a sua

 

 

 

 competitividade.

- Reservar algum prémio social para os seus colaboradores, sobretudo para aqueles que vão lidar com mais dificuldades.

Aquelas que puderem devem mesmo acudir discretamente a situações sociais e familiares difíceis dentro da sua empresa.
Esta crise, e este ano, é assim uma janela de oportunidade para a afirmação dos líderes empresariais junto do mundo do trabalho. E é uma janela de oportunidade para a afirmação dos líderes cristãos perante Deus e os homens.
Acreditamos na ACEGE que, com a graça de Deus, 2013 será um ano difícil mas que será parte integrante do caminho de cada um de nós e do nosso caminho coletivo de recuperação económica e dos valores do desenvolvimento de cada um e de todos.

 

 

OS MISERÁVEIS

Numa França em transição entre a Primeira e a Segunda República, Jean Valjean termina a sentença cumprida em 20 penosos anos. Ao libertá-lo, Javert, o cioso defensor da lei que garantiu o cumprimento da pena de Valjean por roubar um pão para uma criança faminta, promete vigiá-lo para sempre.

Recusado para trabalho, Valjean encontra finalmente num mosteiro e na caridade de um bispo, que o acolhe com incondicional misericórdia, a possibilidade de redenção.

Oito anos mais tarde, Valjean é um homem novo: abastado proprietário de uma fábrica de têxteis e presidente da câmara local, procura replicar a graça que lhe foi concedida a todos os que o rodeiam. Porém a inesperada visita de Javert, agora um prestável inspetor da polícia que não reconhece imediatamente o ex-prisioneiro, não lhe permite acudir à injustiça cometida a uma sua empregada: Fantine, mãe solteira de uma menina que entregou ao cuidado de terceiros, é despedida em resultado da inveja e da intriga de colegas.

 

Reencontrando-a mais tarde, doente e moribunda, Valjean resgata-a da miséria da prostituição, já não a tempo de salvar a sua vida mas de prometer salvar a da filha, Cosette.

Os anos passam, Valjean cumpriu o prometido, mas enquanto o povo de França luta incessantemente pelos valores da liberdade, igualdade e fraternidade, também este ex-condenado procura iludir a obsessão persecutória de Javert, por amor a Cosette e pela misericórdia para com o seu "inimigo".

"Os Miseráveis", obra do romancista, poeta e dramaturgo francês Vítor Hugo, notável fresco sobre a sociedade francesa da primeira metade do séc. XIX que reflete sobre a condição humana, conheceu inúmeras adaptações a música, teatro e cinema. De todas, as mais notáveis foram, no primeiro caso, a produção musical de Alain e Claude-Michel Schönberg (1980) que se converteria primeiro num espetáculo estreado em Paris e, posteriormente, adaptada a versão inglesa pela equipa de Cameron

 

 

MacKintosh sendo até hoje um dos musicais "obrigatórios" do West End londrino.

No cinema, destaca-se a adaptação de Richard Boleslawski (1935), sucedendo-se agora a dirigida por Tom Hooper ("O Discurso do Rei"), num musical de envergadura que conta com grandes meios de produção. Nomeado para os Golden Globes na categoria de melhor musical/comédia,

 

entre outras, e provavelmente um dos mais fortes candidatos aos Oscars, é particularmente reconhecida a qualidade das interpretações de Hugh Jackman (ator principal) e Anne Hathaway (atriz secundária), além das composições musicais originais de Alain Boublil, Herbert Kretzmer e Claude-Michel Schönberg.

 

Margarida Ataíde

 

Comunidade ecuménica de Taizé online

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

www.taize.fr/pt
 

O sítio que esta semana sugerimos vem ao encontro da data que acabamos de passar, precisamente o final de ano. Como é sabido, há alguns anos que a comunidade ecuménica de Taizé (França) no final de cada ano organiza um encontro europeu de jovens nas mais variadas cidades. Desta feita, para o trigésimo quinto encontro os jovens foram convidados a se deslocarem à cidade eterna onde foram acolhidos por famílias e comunidades religiosas da região, católicas e das diferentes Igrejas presentes em Roma.
Assim, propomos uma visita ao sítio da comunidade onde iremos encontrar um sem-número de conteúdos disponíveis em várias línguas, entre as quais o português.
Permitam então esta sugestão de navegação neste fabuloso sítio: primeiro podemos parar nos conteúdos sobre o encontro de Roma, onde por exemplo podemos ler as mensagens que algumas personalidades mundiais endereçaram aos jovens lá reunidos (desde o papa Bento XVI, ao secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-Moon, ao patriarca ortodoxo Bartolomeu de Constantinopla, ao arcebispo de Cantuária, Rowan Williams e ao presidente da conselho europeu, Herman van Rompuy).

 

 

Ainda dentro do mesmo item podemos vislumbrar as fotografias do encontro e claro está a mensagem do irmão Alois, com uma forte componente meditativa indo de encontro ao Filho de Deus que se fez homem.

 Passando depois aos conteúdos usuais do sítio, encontramos um enorme manancial de informação, sendo necessárias várias horas para os conhecermos minimamente.

Desde os escritos do irmão Roger, passando por guias de orientação para se fazer a oração comunitária com textos e músicas interessantíssimos. Podemos ainda aceder a um dos mais agradáveis tópicos, intitulado "as fontes da fé", onde são colocados artigos sobre os pontos e razões

 

 

fundamentais da fé, bem como as reflexões bíblicas que diariamente são proferidas a meio do dia em Taizé, também em formato podcast. Por último além da possibilidade de adquirirmos online material relacionado com a comunidade (livros, CD, DVD) temos ainda informações de como podemos chegar a esse bonito e paradisíaco local de França.
Aqui fica a sugestão de um sítio diferente, agradável e com um elevado sentido de Deus. Quem sabe, pode muito bem ser o mote para seguirmos regularmente este espaço virtual neste novo ano que agora inicia.


Fernando Cassola Marques

 

Identidades Religiosas em Portugal

A obra "Identidades religiosas em Portugal", editada pelas Paulinas, chegou ao mercado com o objetivo de ajudar a "cultivar, no espaço público, uma racionalidade aberta à crítica das práticas sociais com origem nas tradições e comunidades religiosas".

O sociólogo e professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) Alfredo Teixeira, que coordenou o livro, afirmou no lançamento do volume que hoje se vive no país um "silêncio gravoso" sobre o que denominou como "criatividade social" do campo religioso.

Inserido num projeto mais vasto sobre a "morfologia do campo religioso em Portugal", patrocinado pela Comissão da Liberdade Religiosa, o ensaio interdisciplinar destaca a "diversificação" neste mundo. O livro conta também com contributos de Luís Aguiar Santos, Rita Mendonça Leite, historiadoras, e Teresa Líbano Monteiro, socióloga.

 



 

 

Na apresentação da obra, o diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da UCP, António Matos Ferreira, falou numa reflexão que visa "conduzir" a uma compreensão da realidade em "mudança". Segundo o historiador, é necessário "compreender a complexidade interna dos universos religiosos", com diversas "vivências e legitimações".

O catolicismo é abordado neste estudo a partir das "amplas remodelações quanto à sociabilidade crente".

 

Livro de meditações sobre Fátima

Com a chancela editorial do «Apostolado de Oração», o sacerdote jesuíta Dário Pedroso acaba de lançar o título "Não tenhais medo. Fátima: mensagem de confiança".

Nas palavras do reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, nas primeiras páginas da publicação, o livro apresenta "doze razões para acolher esta

 

 

 

exortação de Nossa Senhora e convida a meditar e rezar cada uma delas", realça um comunicado de imprensa enviado à Agência ECCLESIA.

Dividida em doze capítulos, a obra, da coleção «Pastoral», explica, em 134 páginas, importantes dimensões da fé cristã, procurando ajudar o leitor a torná-las mais presentes e a testemunhá-las na sua vida.

O esquema deste livro ajuda o leitor a viver ao longo do ano, mês a mês, dia a dia, "a graça de orar, de rezar mais e melhor, assimilando os temas e os textos, para que a graça nos ajude a «não ter medo»", explica o padre Dário Pedroso.

A obra, que integra também um texto do sacerdote jesuíta Fernando Leite alusivo à aparição de maio de 1917, apresenta-se, sublinha o autor, como mais um meio de ajuda a viver com "mais audácia, para nada temer".

"Não tenhais medo. Fátima: mensagem de confiança", em português, encontra-se à venda na Livraria do Santuário de Fátima (livraria@fatima.pt).

 

 

História

Três cinquentenários para 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste ano, que agora começa, a Igreja vai celebrar três datas que marcaram a década de 60 no século passado: a publicação da encíclica «Pacem in Terris»; a morte de João XXIII (1881-1963) e consequente eleição de Paulo VI (1897-1978); e a promulgação da constituição conciliar «Sacrosanctum Concilium».

Os três cinquentenários estão, umbilicalmente, relacionados com Angelo Giuseppe Roncalli, o beato João XXIII (natural de Bérgamo, Itália). A encíclica «Pacem in Terris» (paz na terra), consagrada aos problemas da paz no mundo, constituiu um importante documento cheio de atualidade e de indiscutível interesse.

Na hora conturbada que o mundo vivia, o Papa italiano dirigiu uma mensagem não apenas ao mundo católico mas também aos homens de boa vontade. O motivo fundamental de toda a encíclica está contido no período inicial desta: "A paz na terra, anelo profundo dos homens de todos os tempos, só pode ser instaurada e consolidada no pleno respeito da ordem estabelecida por Deus".

Partindo da verificação da "ordem admirável do universo", o Papa João XXIII punha em relevo o desvio de se "julgar que as relações de convivência entre os seres humanos e as suas respetivas comunidades políticas podem ser reguladas pelas mesmas leis com que se regem as energias e os elementos irracionais".

 

 

 

A sua morte, ocorrida a 3 de junho de 1963, causou uma profunda tristeza - não apenas no mundo católico - porque, apesar da sua idade, João XXIII mostrou, num curto pontificado, uma profunda bondade (a ponto de ser apelidado de «Papa Bondoso») e, sobretudo, perceber que o mundo moderno necessitava de uma Igreja renovada, atenta aos problemas e aos desafios de uma sociedade em acelerado processo de transformação, e, particularmente, a necessitar de um mais forte e amplo empenhamento de todos os cristãos na vivência da fé.

O homem que convocou o II Concílio do Vaticano tinha 76 anos quando, a 28 de outubro de 1958, foi eleito Papa, desde logo manifestando vontade de assumir o nome do apóstolo São João, o «discípulo amado» de Jesus.

 

 

O seu sucessor, Giovanni Battista Montini, nasceu na cidade italiana de Brescia (26 de setembro de 1897) e foi eleito Papa com o nome de Paulo VI aos 66 anos de idade (21 de junho de 1963), sendo entronizado no dia 30 do mesmo mês depois de ter anunciado à Igreja e ao mundo o principal objetivo do seu programa pontifício: terminar o II Concílio do Vaticano e pôr em marcha as orientações que dele emanassem.

 

A promulgação da «Sacrosanctum Concilium» (O sagrado Concílio), aconteceu a 4 de dezembro de 1963 e destaca-se, entre outros motivos, porque pela primeira vez na história da Igreja Católica um Concílio Ecuménico tratou colegialmente o tema litúrgico em geral.

 

II Concílio do Vaticano abriu uma «nova era»

 

O II Concilio do Vaticano abriu uma "nova era" e "pôs fim a uma época tridentina, se não mesmo constantiniana, apesar da atribulada receção", disse à Agência ECCLESIA o bispo português, D. Carlos Azevedo, ao comentar a reunião magna convocada pelo Papa João XXIII. Para o prelado, a exercer funções no Conselho Pontifício da Cultura (organismo do Vaticano), o "estilo discursivo" do II Concílio do Vaticano de apresentação da fé é "inovador" porque se "procurou uma exposição afirmativa", mas "não anatemática".

Os concílios anteriores "condenaram" algumas afirmações, ao contrário do atual que apresenta uma "proposta cristã" sem condenar ideias diferentes, sublinhou. Com uma "linguagem clara", o II Concílio do Vaticano apresenta "um estilo novo" para textos conciliares.

No seu todo, a Igreja "não tinha maturidade teológica" para fazer uma adaptação à cultura do tempo e, por isso, foi necessário que "uma minoria preparada" orientasse e, "o sensus fidei dos bispos" fossem capazes de aderir a essa proposta feita, revelou o atual coordenador do setor do património no Vaticano. E acentua: "Essa minoria foi capaz de ter o senso do futuro, perceber os sinais dos tempos e encontrar a linguagem mais correta e eficaz".

Alguns documentos conciliares foram aprovados com votos contra porque, segundo D. Carlos Azevedo, havia "também uma minoria que puxava para trás e queria

 

 

um estilo e linguagem neoescolástica". Essa minoria mais conservadora queria uma "teologia imobilista e com uma fixidez de palavras e formulações que o mundo já não captava".

A preocupação pelo destinatário da mensagem para que esta possa ser captada foi uma "grande intuição de João XXIII". A mensagem "não pode ser um ouriço fechado" e incapaz de ser entendida, afirmou o bispo português.

O pensamento tomista tem sido sujeito a releituras ao longo dos tempos até porque é "mais aberto do que aquilo que se pensa", adiantou. Quando se

 



A fé é a pri­meira das vir­tudes teologais e o fundamento de todo o edifício espiritual do cristão. Define-a a Teologia como a adesão firme do entendimento às verdades divinamente reveladas, por força do testemunho do próprio Deus, que nos chega pela mediação da Igreja.

Cf. Enciclopédia Católica Popular (www.ecclesia.pt/catolicopedia/)

 

 

lê a Summa Theologica (obra de São Tomás de Aquino), as posições defendidas " com uma linguagem aristotélica " tinham como destinatários a base da cultura do seu tempo.

As culturas emergentes "precisam de ser aproximadas da mensagem" e esse trabalho é a pastoral e a teologia, realçou. Os pastores são chamados a "correr o risco de encontrar palavras" que as pessoas são capazes de acolher.

O termo pastoral "não se opõe" a doutrinal. "Pastoral não se opõe a dogmático", salientou o atual coordenador do setor do património no Vaticano.

Ao autodefinir-se eminentemente pastoral, o II Concílio do Vaticano quer sublinhar uma finalidade "sui generis". Aqui está o "espírito particular deste concílio", encontrar a "pastoralidade da doutrina" (Discurso de abertura de João XXIII).

"Pela primeira vez é convocado um concílio para falar ao mundo e dizer de um modo atual a fé de sempre. Mas fez-se para compreender melhor a fé e procurar uma inteligência coerente da fé, pela conversão, e a manifestar às pessoas do nosso tempo", concluiu.

 

janeiro 2013

 

 

 

 

 

 

 

 
Dia 05 - Sábado

 

* Braga - Igreja de São Victor - Cappella Musical Cupertino de Miranda.

* Coimbra - Cantanhede (centro paroquial) - Conferência de formação do Curso Alpha para jovens.

* Lisboa - Sé - Encerramento da exposição «Natividade» com peças do acervo da Sé de Lisboa.

* Braga - Sameiro - Dia arquidiocesano do coordenador promovido pela Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã.

* Aveiro - Praia da Barra (Igreja da Sagrada Família) - Primeira de uma série de ações de formação dirigidas aos organistas das paróquias da Diocese de Aveiro e a alunos de órgão das escolas de música.

* Porto - Ermesinde - Encontro de animadores do Movimento Oásis. 

* Algarve - Loulé (Convento de Santo António) - Encerramento da Exposição de presépios de Maria Cavaco Silva.  

* Porto - Vale Cambra (Santuário de Santo António) - Jornadas da Fé da vigararia de Arouca/Vale de Cambra. (05 e 06)

* Israel - Jerusalém - Visita do grupo de coordenação das conferências episcopais de apoio à Igreja Católica e aos cristãos na Terra Santa. (05 a 10)

 

 

 

 

Dia 06 - Domingo

 

* Dia da Infância Missionária.

* Santarém - Igreja de Santa Clara - Ordenações.

* Porto - Monte Pedral - Encerramento do cantar das janeiras solidário da comunidade Monte Pedral. 

* Setúbal - Quinta do Conde - Encerramento do III concurso de presépios.

* Leiria - Marinha Grande (Museu Joaquim Correia) - Encerramento da exposição «Presépios de Portugal». 

* Leiria - Batalha (Mosteiro) - Encerramento da 5ª edição da exposição «Presépios no Mosteiro da Batalha».

* Braga - Priscos - Encerramento do Presépio vivo de Priscos.

* Braga - Barcelos (Sala gótica dos paços do concelho) - Encerramento da exposição «O presépio, uma tradição, várias interpretações».

* Évora - Átrio dos Paços do Concelho - Encerramento da exposição «Estamos Juntos» para celebrar os 25 anos dos «Leigos para o Desenvolvimento»

 



* Lisboa - Gaeiras (Armazéns de Vinhos) - Encerramento da exposição com mais de 1000 presépios expostos da autoria de 62 artistas. 

* Lisboa - Palácio da Cidadela de Cascais - Encerramento  da exposição «A Natividade na Arte Popular Africana» promovida pelo Museu da Presidência da República. 

* Algarve - Vila Real de Santo António (Centro Cultural António Aleixo) - Encerramento (início a 06 de dezembro) da exposição de presépio gigante.

* Braga - Póvoa de Lanhoso (Garfe) - Encerramento da mostra de 15 presépios ao ar livre «Aldeia dos Presépios» distribuídos por diferentes lugares da freguesia.

* Lisboa - Bombarral (Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal) - Assembleia aniversária do Renovamento Carismático do Patriarcado de Lisboa com pregação do padre Dário Pedroso.

 

Intenção de Oração

Conhecer Cristo, testemunhar a Fé

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«Para que, neste Ano da Fé, os cristãos aprofundem o conhecimento do mistério de Cristo e testemunhem a própria fé com alegria»
Intenção de Bento XVI para o mês de janeiro
 

 

 

 

O Cristianismo não renuncia a pensar. Desde muito cedo, há a consciência da necessidade de saber apresentar Aquele em quem se acredita e as razões para acreditar. É justamente famosa a expressão da Primeira Carta de Pedro sobre a disponibilidade dos cristãos para darem, a quem lhas pedir, «as razões» da sua esperança (3, 15).

Ao longo dos séculos, esta exigência da fé gerou no seio da Igreja uma incansável atividade intelectual, testemunhada nas obras dos Padres da Igreja, em bibliotecas, nas universidades e em escolas de todo o género.

Hoje este compromisso com a cultura não pode esmorecer, mas, tal como no passado, deve sempre partir do desejo de aprofundar o conhecimento de Cristo, para poder falar d'Ele a quem, porventura, deseje escutar.

 

 

Verdadeiramente, ninguém nasce cristão – cada um faz-se cristão, ou melhor, é feito cristão através do batismo. E se hoje é comum as famílias cristãs pedirem o batismo para os seus filhos na mais tenra idade, isso significa que o ser feito cristão acaba por se dilatar no tempo após o batismo, implicando um processo longo de aprendizagem, não apenas de conceitos mas sobretudo de um modo de vida. Este processo tem nas famílias e nas comunidades cristãs os seus agentes mais diretos e, hoje, praticamente únicos – pois, como

 

referi no início desta reflexão, citando Bento XVI, o contexto social no qual a fé era um dado adquirido deixou de existir; não raro, tornou-se mesmo adverso à transmissão da fé. Testemunhar a fé com alegria, na família e na comunidade cristã, é, por isso, essencial se pretendemos que o Ano da Fé dê frutos, renovando a vida dos crentes e despertando em quem não acredita o desejo de conhecer o mistério de Cristo para O acolher e fazer d’Ele o centro da sua vida.

 

Elias Couto

 

Liturgia

Ano C - Solenidade da Epifania do Senhor

A liturgia da Palavra deste domingo da Epifania leva-nos à manifestação de Jesus como "a luz" que encarnou na nossa história e que atrai a Si todos os povos da terra. A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Deus, que alegrará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.

 

 

A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos, a comunidade de Jesus.

No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os Magos, atentos aos sinais da chegada do

 

 

 

 

Messias, que O aceitam como salvação de Deus e O adoram. «Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra», assim reza o Salmo.

A Epifania é feita de trevas e de luz. Herodes, e toda a Jerusalém, está nas trevas, inquieto. Convoca os Magos "em segredo", fecha-se na mentira, fazendo crer que quer adorar o Messias enquanto procura a sua morte. Os Magos estão na luz, vêm do

país onde se levanta o sol. Uma estrela ilumina a sua noite. Põem-se a caminho, procuram, questionam. Esta luz para a qual eles tendem alegra-os. Então, prostram-se diante d'Aquele que é "a Luz do mundo".Os Magos abrem os seus cofres e oferecem-nos Àquele que consideram como Rei (ouro), como Deus (incenso) e como humano (mirra).

Deus faz-Se reconhecer por aqueles que O procuram, enquanto os chefes dos sacerdotes e os escribas que pensavam tê-lo encontrado ficam em Jerusalém, recusando reconhecê-lo.

 

 

 

A mensagem da Epifania é clara. Deus oferece o seu Filho ao mundo, não limita o seu amor apenas aos crentes do povo judaico, mas ilumina todos os povos da terra. Eis um convite a abrir a nossa inteligência e o nosso coração a todas as pessoas que se julgam longe de Deus: a nossa fé diz-nos que Deus está próximo delas, por vezes muito próximo; a nossa fé diz-nos que é preciso respeitar todas as religiões que não são cristãs. Na nossa vida quotidiana, não cessemos de dar graças: pelo seu Espírito, Deus fala a todas as pessoas, sem exclusão de ninguém.

Pessoalmente, em família ou em comunidade, não nos contentemos com um simples festejo exterior da Epifania à volta do bolo-rei ou rainha, ou de outros sinais?

Procuremos rezar e abrir o nosso coração ao sentido universal do amor de Deus, da sua salvação, que se manifesta e encarna em todos. Nunca deveríamos ser nós, em nome de Deus, a excluir e a fazer aceção de pessoas.

Manuel Barbosa

www.dehonianos.org

 

O optimismo cristão

 

Francisco Sarsfield Cabral

Jornalista

 

"Cada ano novo traz consigo a expectativa de um mundo melhor". Com esta frase começa a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro. Mas a expectativa de um mundo melhor é algo que parece desvanecer-se em várias partes do globo. Sobretudo a Ocidente, vivemos um tempo de pessimismo.

A descrença num mundo melhor tem a ver com vários factores. A crise financeira global, iniciada em 2007 nos Estados Unidos, e a crise da zona euro contribuem para o pessimismo. Por outro lado, muitos ocidentais vêem com tristeza transferir-se para a Ásia o centro dinâmico da economia mundial.

Mais importante, o colapso do comunismo legou uma herança de cinismo quanto à ideia de mudar o mundo. Pois se um projecto de acabar com a exploração dos pobres se revelou tão negativo, não será preferível deixarmo-nos de fantasias adolescentes e cada um ir tratar da sua vida, sem se preocupar com os males da sociedade nem com o sofrimento dos outros?

A esta atitude contrapõe-se frontalmente o optimismo cristão. Na sua Mensagem, o Papa apela a "uma evolução espiritual, uma educação para os valores mais altos, uma visão nova da história humana". E denuncia "os ídolos deste mundo", que conduzem a "consciências cada vez mais insensíveis, (...) a fechar-se em si mesmo, a uma existência

 

 

 

atrofiada vivida na indiferença. Ao contrário, a pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança."

Ora isto é o oposto de uma fuga ao mundo. "Cada homem é criado à imagem de Deus e chamado a crescer contribuindo para a edificação de um mundo novo". Num artigo assinado por Bento XVI e publicado dias antes do Natal no jornal britânico de negócios Financial Times (facto inédito!), o Papa diz que "nos Evangelhos os cristãos encontram inspiração para as suas vidas diárias e para o seu envolvimento nos assuntos do mundo. Seja no Parlamento ou na Bolsa, os cristãos não devem fugir do mundo".

O que implica tentar modificar muita coisa. Por exemplo, "o desmantelamento da ditadura do relativismo", que leva a uma concepção débil da pessoa, incapaz de fundamentar direitos humanos. Ou procurar "um novo modelo de desenvolvimento e também uma nova visão da economia" - apelo que já se encontrava na encíclica Caritas in Veritate e que, na minha opinião, ainda não encontrou resposta

 

 

 

adequada por parte dos intelectuais católicos.

É que, sublinha Bento XVI, "o modelo que prevaleceu nas últimas décadas apostava na busca da maximização do lucro e do consumo, numa óptica individualista e egoísta que pretendia avaliar as pessoas apenas pela sua capacidade de dar resposta às exigências da competitividade".

O que chamo "optimismo cristão" não é, pois, um sentimento desligado da realidade e muito menos uma atitude passiva. "Bem-aventurados os obreiros da paz", é o título da Mensagem do Papa. Os cristãos devem "meter a mão na massa", juntamente com todos os homens de boa vontade.

 

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico.

 

Celebrar os Reis entre Espanha e Portugal


O dia 6 de janeiro, festa dos Reis, é celebrado em Espanha como em poucos lugares no mundo: os presentes são trocados nesta data, à semelhança do que aconteceu há 2000 anos no presépio de Belém.

O dia de Natal é vivido em família, celebrando o nascimento de Jesus. É ao fim da tarde de 5 de janeiro que, um pouco por toda Espanha, sai à rua o cortejo dos Reis, a "Cabalgata de los Reyes".

A irmã Nuria Frau, da comunidade Verbum Dei, é natural de Palma de Maiorca, e vive há 24 anos em Portugal.  "Para mim era um encanto ir à "cabalgata", com toda a família, e ver de perto os reis", diz, em entrevista ao programa

 

 

Ecclesia de domingo (Antena 1, 06h00). A consagrada recorda um cortejo dos reis em que, embora ainda pequena, esteve ao colo da mãe para ver os Reis. "Não sei que cara eu fiz mas um deles tocou-me na cara e, naquela hora com a emoção, fiz xixi para cima da minha mãe", conta, rindo.

É essa a noite em que cada casa, segundo a tradição, é visitada pelos Reis Magos com as suas prendas.

"Deixávamos na varanda um recipiente com água para os camelos beberem e outro com favas para se alimentarem e, na manhã seguinte, por magia, os recipientes estavam vazios ao lado das prendas", recorda a irmã Nuria.

 

 

 

A frustração foi grande quando os irmãos mais velhos a levaram ao lugar onde as prendas estavam escondidas pelos pais mas, mesmo assim, a consagrada não deixa de reviver e vibrar com a festa que diz "ser de magia e pedidos aos Reis".

Josefina Alonso e Pepe Barber são casados há 28 anos e têm 3 filhas. Josefina é de nacionalidade espanhola, nasceu nas Canárias, e Pepe, apesar de ter crescido em Portugal, é filho de pais espanhóis.

Também eles em família criam e recriam a tradição dos Reis em cada Natal.

Como vivem em Portugal, há já uma pequena partilha de prendas no Natal, mas os Reis ganham no valor e na magia.

"Em nossa casa sempre se viveu esta magia e acreditamos nela, por isso tentamos transmitir também às nossas filhas", afirma Pepe.

"O cortejo de Reis é uma grande festa que não perdemos em família, todos os cânticos, alegria, cores e os doces que os reis atiram, torna-se um ambiente único!", acrescenta.

 

 


Josefina, sendo natural das Canárias, traz como tradição que cada pessoa da família fica com um Rei, escolhido pela faixa etária, para o qual escrevem a carta dos pedidos e que, segundo acreditam, trará as suas prendas a cada dia 6 de janeiro.

"Nesse dia em Espanha, é feriado e dia de missa, mas em Portugal não. Tentamos fazer na nossa família em 1 hora e meia aquilo que lá fazem num dia", conta Josefina.

A magia dos Reis não se perde e a família levanta-se cedo para ver as prendas. Este ano a família volta a Badajoz para celebrar a festa e reviver a tradição que não querem deixar morrer.

"Pedimos todos os anos aos Reis que nos visitem em Portugal e eles não falham!", brinca Josefina.

 

 

 

 

 

 

 

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