04 - Editorial:

João Aguiar Campos

06 - Foto da semana

07 - Citações

08-11 - Conclave

12-15 - Próximo Pontificado

             Reportagem

16-29 - Os Papas e os pontificados

30 - Opinião

       Raquel Abecassis

       Teresa Messias

       Jorge Wemans

 

VI

 

36 - Os cardeais

48 - Votar

50 - Capela Sistina

52 - Opinião

       D. Pio Alves

54 - A semana de

       Paulo Rocha

56 - Cinema

58 - Multimedia

60 - Agenda

62 - Liturgia

64 - Programação Religiosa

65 - Por estes dias

66 - Foi por amor  

 

Foto da capa: Lusa
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Opinião

 

 

 

 

Os cardeais
eleitores

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O conclave

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Os Papas

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O próximo pontificado

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Isabel Allegro Magalhães, Jorge Wemans, José Manuel Fernandes, Pio Alves, Raquel Abecassis, Teresa Messias
 

 

O Espírito Santo e nós

João Aguiar Campos

 

Disse há dias que posso ter um cardeal preferido para Papa; mas acrescentei que após a declaração de Jean-Louis Tauran, a quem caberá anunciar o nome do novo eleito, conhecerei o meu Papa preferido.

Afirmo-o convictamente, pois inscrevo-me no número dos que acreditam que o Espírito Santo é a alma da Igreja e que Ele inspira os cardeais eleitores na sua reflexão crente.

Envolve-me, por isso e apenas, um mero manto de curiosidade e de expectativa -- sem o mínimo receio de quem virá tomar conta da vinha, como fiel administrador e nunca como dono. Ou, se quisermos utilizar a metáfora da barca, estou seguro de que o escolhido terá a força e a sabedoria de pescador ciente dos hábitos dos cardumes e da força das correntes ou marés.

Dito isto, confesso também que não me escandaliza a azáfama dos meios de comunicação social tentando adivinhar resultados, pois compreendo (e vivo) a necessidade de preparar dossiês que permitam, no minuto seguinte ao fumo branco, dizer quem é quem e algo mais que isso. Simultaneamente, não deixo de registar o cuidado de muitos que, embora absolutamente alheios à Igreja e íntima ou publicamente críticos do seu passado e desinteressados do seu futuro, se esfalfam em debater perfis ou sugerir escolhas. Possivelmente tendo já ensaiado ou escrito o discurso da desilusão…

 

 

 

Uns e outros têm em conta as mais comuns chaves de leitura. Os crentes sabem, contudo, que estas não são de todo aplicáveis no caso em apreço; porque sabem que, independentemente dos homens que servem a Igreja, ela não lhes pertence, definitivamente; nem os seus pecados têm, apesar de escandalosos, suficiente força destrutiva!...

Antes de se recolher ao silêncio em Castel Gandolfo, Bento XVI exortou-nos a viver esta segurança: «a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. (…) Deus guia a sua Igreja, sustenta-a sempre e sobretudo nos momentos difíceis».

 

 

Esperemos, pois, em atitude orante, sabendo que, como diz Paulo (Rom 8,26), «o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza» e «intercede por nós com gemidos inefáveis».

Admitiria, por isso, de bom grado, que o cardeal Tauran introduzisse uma ligeira inovação no anúncio que há-de fazer à Praça de S. Pedro e ao mundo: depois do alegre «Habemus Papam», bem poderia declarar: «o Espírito Santo e nós escolhemos o eminentíssimo e reverendíssimo Senhor, Cardeal da Santa Igreja F…., que se impôs o nome de…»

Não vai ser assim; mas, para mim, é como se fosse!

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Manifestante em Lisboa, 2 de março © Lusa

 

 

 

“Entre os bispos, que são os sucessores dos apóstolos, há sempre um que é o sucessor de Pedro, o bispo de Roma, o Papa. A sua importância não é a do poder humano, à imagem dos poderes deste mundo, mas a do serviço e da obediência”

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, 07.03.2013

 

 

“Uma grande instituição mundial como a Igreja Católica tem de ter no seu centro alguém muito habilitado a essa mundialização”

D. Manuel Clemente, bispo do Porto, em declarações à Rádio Renascença, 04.03.2013

 

 

“Reconhecemos o direito e a legitimidade das pessoas se expressarem e nenhum Governo deve ficar indiferente”

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, no Parlamento, 06.03.2013

 

 

 

 

 

 

 

“Cerca de 923 mil desempregados, sendo 40 por cento deles jovens, são números dramáticos”

Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em declarações aos jornalistas, 06.03.2013

 

 

“É necessário que o Governo
resguarde a ordem pública
e que todos os setores
políticos promovam a calma
e a harmonia da população”

Comunicado da Arquidiocese
de Caracas após a morte do
presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, 05.03.2013

 

Conclave: Legislação e história

No primeiro milénio da Igreja os Papas foram escolhidos de várias maneiras, tendo-se restringindo progressivamente o número daqueles que podiam elegê-lo. Esta eleição está hoje limitada aos cardeais com menos de 80 anos de idade.

Em 1059, o Papa Nicolau II assina o primeiro decreto dedicado à eleição pontifícia, em que é indicado com precisão o corpo eleitoral, limitado apenas aos cardeais, enquanto representantes da Igreja de Roma.

Alexandre III, em 1179, promulga o decreto ‘Licet de evitanda discordia’ - para evitar desavenças ou a escolha de ‘antipapas’ -, no qual é fixada a maioria de dois terços de votos para uma eleição válida, que se mantém até hoje.

Esta regra levou ao prolongamento da Sé vacante, período entre o fim do pontificado e a eleição do Papa, que durou 33 meses (dezembro de 1268-setembro de 1271) por ocasião da reunião eleitoral de Viterbo, Itália.

O Papa escolhido foi o Gregório X, o qual assinou a constituição ‘Ubi

 

periculum’ de 1274, considerada como o documento que institui o Conclave. O documento estipula um tempo de espera de 10 dias após a morte do Papa pelos cardeais que vinham de fora e estabelece que a reunião tem de decorrer num lugar “fechado à chave” (‘cum clavis’).

O primeiro encontro segundo as novas normas decorreu em Arezzo (Itália), com a eleição de Inocêncio V.

Após a renúncia de Celestino V, em dezembro de 1294, foi eleito Bonifácio VIII, que inseriu a constituição ‘Ubi periculum’ no corpo legislativo da Igreja, dando “estabilidade” jurídica ao Conclave.

Clemente VII (1529) decidiu que o Conclave deveria decorrer no Vaticano – os cardeais reuniram-se por diversas vezes na cidade onde o Papa morreu.

Em 1621, Gregório XV, introduziu a obrigação do “voto secreto por escrito”, que é a única forma de eleição admitida atualmente na legislação canónica.

 

 

 

 

 

 

Segundo Ambrogio Piazzoni, vice-prefeito da Biblioteca do¨Vaticano, o próximo será o 75.º Conclave “propriamente dito”, a que se somam as outras eleições papais.
Após as leis especiais da Constituição Apostólica de Paulo VI ‘Romano Pontifici Eligendo’ de 1 de outubro de 1975, a eleição do Papa é hoje regulada pela Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ de João Paulo II (1996), com algumas modificações introduzidas por Bento XVI em 2007 e a 22 de fevereiro deste ano.

 

 

 

O «ius exclusivae», ou veto» relativo à eleição do Pontífice – admitido, mas nunca aceite plenamente pelo direito canónico – permaneceu em vigor e ativo até 1904, quando foi abolido por Pio X com a constituição ‘Commisum nobis’, de 20 de janeiro.

 

 

Os conclaves dos séculos XX-XXI

 

Cronologia

1903

5 dias, 7 votações

62 cardeais reuniram-se entre 31 de julho e 4 de agosto para eleger Giuseppe Sarto, Pio X, de 68 anos. Viria a falecer a 20 de agosto de 1914.

 

1914

4 dias, 10 votações

57 cardeais marcaram presença no Conclave entre 31 de agosto e 3 de setembro, elegendo Bento XV, Giacomo della Chiesa, de 59 anos. O Papa italiano morreu a 22 de janeiro de 1922.

 

1922

4dias, 14 votações

53 cardeais reuniram-se no Vaticano entre 2 e 6 de fevereiro para a eleição de Pio XI, Achille Ratti, com 64 anos de idade, que viria a falecer a 10 de fevereiro de 1939.

 

 

1939

2 dias, 3 votações

O Conclave que decorreu entre 1 e 2 de março, com 62 eleitores, elegeu como Papa o cardeal Eugenio Pacelli, Pio XII, de 63 anos. Após quase duas décadas de pontificado, morreu no dia 9 de outubro de 1958.

 

1958

3 dias, 11 votações

51 cardeais marcaram presença no Conclave que elegeu João XXIII, Angelo Giuseppe Roncalli, entre 25 e 28 de outubro. Eleito aos 76 anos de idade, viria a falecer a 3 de junho de 1963, após ter convocado e iniciado os trabalhos do Concílio Vaticano II.

 

1963

3dias, 6 votações

O cardeal Giovanni Battista Montini, Paulo VI, foi escolhido num Conclave com 80 cardeais, na 7ª vez em que a eleição pontifícia decorreu durante um Concílio, entre 19 e 21 de junho. Papa aos 65 anos, morreria década e meia depois, no dia 6 de agosto de 1978.

 

 

 

 

1978

2dias, 4 votações

101 cardeais escolheram como Papa Albino Luciani, João Paulo I, num Conclave que decorreu entre 25 e 26 de agosto. O último Papa italiano até hoje faleceu 34 dias depois, a 28 de setembro, com 65 anos.

 

1978

3 dias, 8 votações

O segundo Conclave deste ano contou com a presença de 111 eleitores, entre 14 e 16 de outubro, para a eleição do cardeal Karol Wojtyla, João Paulo II, o primeiro não-italiano desde o holandês Adriano VI em 1522. O pontificado concluiu-se a 2 de abril de 2005, com a morte do Papa polaco.

 

2005

2 dias, 4 votações

O Papa emérito Bento XVI, Joseph Ratzinger, foi eleito aos 78 anos num Conclave com a presença de 115 cardeais que decorreu entre os dias 18 e 19 de abril. Renunciou ao pontificado a 11 de fevereiro, decisão com efeitos a partir do último dia 28.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura de continuidade

O jornalista José Manuel Fernandes entende que o novo Papa vai enfrentar dois grandes desafios, a “pressão” social por uma Igreja mais aberta ao “espírito dos tempos” e a redução do número de católicos na Europa.

Para o antigo diretor do jornal “Público”, entrevistado pela Agência ECCLESIA, há hoje “a preocupação, sobretudo fora da Igreja, mas também em alguns setores desta”, de que a hierarquia católica “esteja em sintonia” com as tendências atuais, “com tudo o que tem a ver com a doutrina moral e com os costumes”.

Em causa estão por exemplo situações como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que tem estado a ser debatido em diversos países, em algumas nações já foi inclusivamente aprovado, para efeitos legislativos, e que tem merecido até agora a desaprovação da Santa Sé.

José Manuel Fernandes não espera qualquer tipo de mudança de paradigma, com a eleição do sucessor de Bento XVI, porque no

 

seu entendimento, “uma coisa é a Igreja compreender que a forma como as pessoas se relacionam, as famílias se constituem, evolui, outra coisa é submeter a uma moda a sua doutrina”. “O que está no centro da doutrina da Igreja é a ideia do amor, não é a ideia da felicidade instantânea, e às vezes há confusão entre uma e outra, felicidade não é prazer imediato, isso muitas vezes cria mais desgosto, mais infelicidade, mais desestruturação em nome de valores muito fugazes”, aponta o colunista.

O atual responsável pela revista “XXI, Ter Opinião”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos vai mais longe salientando que o papel da Igreja não passa por ser “uma espécie de média daquilo que é a opinião dominante”.

A “liderança” do Vaticano “não tem a ver com a entrega de bem-estar, como é esperado dos políticos”, mas sim com a busca do conforto “espiritual” das pessoas, “uma lógica completamente diferente, que permitiu que a Igreja fosse importante por dois mil anos e não

 

 

 

será seguramente com o novo Papa que isso se irá alterar”, frisa o jornalista.

Autor de vários livros, entre os quais a obra “Diálogo em tempo de Escombros”, em parceria com o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, José Manuel Fernandes contraria as correntes que defendem a eleição pontifícia de um cardeal da América Latina ou de África, zonas onde a religião católica está mais “em expansão”.

Para o comunicador, o facto daqueles dois territórios terem ganho mais terreno, relativamente a uma Europa onde o catolicismo “perdeu força” e “o número de agnósticos aumentou” não

 

significa que o Velho Continente “não seja mais decisivo” para a evangelização da Igreja, antes pelo contrário.

“A Igreja nunca voltou a cara às situações difíceis, em que era necessário reconquistar as pessoas, as mentes, não só para uma fé plena mas para aquilo que são os valores que a Igreja representa”, recorda.

Por outro lado - acrescenta o jornalista - “aquilo que torna a Igreja importante não é o número de pessoas que representa, é também o facto da cultura de grande parte do mundo ser formada pelos valores do catolicismo e do cristianismo”.

 

 

O desafio da Cúria

A professora Isabel Allegro de Magalhães, autora do livro “Para lá das religiões”, considera que a Igreja Católica precisa de um Papa com “mão” nos problemas da Cúria e que inspire o mundo a um rumo mais fraterno.

Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, a docente catedrática da Universidade Nova de Lisboa realça que o homem atual, assaltado por questões que vão desde “a crise financeira” à falta de um “ideal ético” e à ausência de “valores”, precisa sobretudo de uma voz próxima, que denuncie as injustiças e que o oriente para uma “nova ordem”.

“Vejamos o que se passa em Portugal: pessoas com 200 euros de reforma, quando há gente com trinta e tal mil euros de reforma. Nunca houve tanta desigualdade e a Igreja não pode ficar calada, isto não é cristão”, realça.

Para a escritora, o Papa que irá sair do próximo Conclave tem de ir além da “tendência doutrinária” de Bento XVI que, apesar de ter escrito “coisas

 

extraordinárias” nas suas encíclicas, sobre a justiça social, sobre “questões que deveriam ser denunciadas”, elas “não passaram” para as pessoas.

“As denúncias deveriam ser feitas do púlpito de São Pedro, não só numa

encíclica, coisas que cheguem ao cidadão da rua, aí é que era de gastar o dinheiro do Vaticano, ir e distribuir”, sublinha Isabel Allegro de Magalhães, para quem a Igreja Católica deveria assumir este papel em “convergência” com as outras religiões.

“Se o Islão fosse capaz de fazer isso e o Judaísmo, usando a dimensão profética que existe nestas religiões e noutras, se todas fizessem um apelo claro a uma nova ordem social, seria fundamental”, aponta a professora catedrática.

No que concerne ao tratamento dos problemas internos da Igreja Católica, a docente espera que o sucessor de Bento XVI tenha a “firmeza” suficiente para “reformular a Cúria”

 

 

 

 

e que não se detenha perante a necessidade “de retirar de lugares importantes responsáveis que tenham incorrido em situações de corrupção financeira ou por outro tipo de relações”.

Tornar a Igreja mais próxima e aberta à sociedade é outra das necessidades apontadas por Isabel Allegro de

Magalhães, que saúda a forma como Bento XVI abdicou do seu pontificado, considerando que ela deveria servir de interpelação não só para a hierarquia eclesial mas também para o mundo em geral, sobretudo para os políticos.

 

“Qual seria o político que descia do seu poleiro dizendo ‘eu não consigo ter mão nisto’? Admitir que não se é capaz e que deve ser eleito outro mais competente é um exemplo de grande força”, sustenta.

Os desafios que “acabaram por não ser tratados no Concílio Vaticano II” (1962-1965), como o “acesso” dos divorciados aos sacramentos, o fim do “celibato dos padres” e a “igualdade entre homens e mulheres” no direito ao sacerdócio, são outros aspetos que a escritora espera ver abordados com o novo Papa.

 

 

 

Os nomes dos Papas

 

 

A escolha do nome a usar pelo novo Papa é o último ato formal do Conclave, correspondendo a uma tradição antiga da Igreja Católica.

No início do Cristianismo o eleito usava o seu nome – Lino, Clemente, Eleutério, Aniceto, entre outros -, mas a partir de 532 a tradição de mudar o nome instalou-se: o eleito chamava-se Mercúrio, denominação de uma divindade pagã, e adotou o nome de um dos apóstolos, passando a chamar-se João II.

Este uso consolidou-se e os Papas começaram a escolher nomes de Apóstolos, de mártires ou outros Papas, muitas vezes para invocar algumas das suas características.

Nenhum, contudo, voltou a utilizar o nome de Pedro, escolhido por Jesus para o primeiro Papa, segundo os Evangelhos, – em 983 o romano Pedro, eleito para o pontificado, mudou o nome para João e o mesmo aconteceu com Pedro Julião, o Papa

 

 

português João XXI, falecido em 1277.

O «top 10» dos nomes mais escolhidos pelos Papas é o seguinte:

 

 

1 - João: 23
2 - Bento: 16
3 - Gregório: 16
4 - Clemente: 14
5 - Leão: 13
6 - Inocêncio: 12
7 - Pio: 12
8 - Estêvão: 10
9 - Bonifácio: 9
10 - Urbano: 8

 

 

 

Renúncias e deposições do Papa

 

O próximo Conclave vai ser a décima ocasião na história da Igreja Católica em que os cardeais escolhem um novo Papa com o seu predecessor ainda vivo.

 

Cronologia

235 – Ponciano – Condenado às minas de metal, na Sardenha

 

537 – Silvério – Obrigado por Belisário, general bizantino, e exilado para a Ásia Menor

 

649 - São Martinho I, eleito em 5 de julho, foi exilado após julgamento em Constantinopla, situação que alguns consideram como renúncia, mas que também é situação “forçada”.

 

963 – João XII é deposto

 

964 – Bento V é deposto

 

1009 - João XVIII resigna, mas desconhecem-se os contornos históricos da decisão.

 

1044 - Bento IX renunciou voluntariamente ao pontificado, mas voltou a ser Papa noutras duas ocasiões.

 
 

1294 - Celestino V - levou a cabo uma “investigação jurídica” sobre a possibilidade de renúncia do Papa, antes de apresentar a sua resignação, cinco meses após a sua eleição.

 

1415 - Gregório XII, no Concílio de Constança (Alemanha), apresenta a renúncia e abre caminho à eleição de Martinho V para eliminar divisão entre católicos que obedeciam ao Papa de Roma e ao ‘antipapa’ de Avinhão, fomentada por questões políticas.

 

2013 – Bento XVI renuncia devido à sua idade avançada, pelo “bem da Igreja”. O pontificado concluiu-se a 28 de fevereiro.

 

 

Quem pode ser eleito Papa?

Ainda que, em teoria, qualquer homem batizado, solteiro e em comunhão com a Igreja Católica possa ser eleito Papa, há mais de 600 anos que o escolhido é um cardeal: o último pontífice vindo de fora do Colégio Cardinalício foi Urbano VI, arcebispo de Bari (Itália) em 1378.

O último não cardeal sem qualquer ordem sacra no momento da eleição pontifícia foi Leão VIII, a 4 de dezembro de 963, consagrado bispo

  dois dias depois.
O último não cardeal a ser eleito, como diácono, para o pontificado romano foi Gregório X, a 1 de setembro de 1271, que seria ordenado bispo em março do ano seguinte; o último cardeal a ser eleito Papa, ainda diácono, foi Leão X, em 1513.

A última vez que um cardeal, ainda padre, foi eleito Papa aconteceu a 2 de fevereiro de 1831, com Gregório XVI, ordenado bispo quatro dias depois.

Cardeais eleitores no próximo Conclave

 

Geografia dos Conclaves 1903-2005

 

 

 

 

 

 

Idade dos últimos 12 Papas
aquando da sua eleição

 

1846
Pio IX 
54 anos
1978 (outubro)
João Paulo II
58 anos

1914 Bento XV
59 anos

1939 – Pio XII
63 anos

1922
Pio XI
64 anos
 

 

     

 

       

 

 

 

 

 

 

 

 


 

                     65 anos


1831
Gregório XVI


1963
Paulo VI


1978 (agosto)
João Paulo I

1878 
Leão XIII
67 anos

1903
Pio X
68 anos

1958
João XXIII
76 anos
2005
Bento XVI
78 anos

 

 

 

 

 

 

Os 12 Papas mais idosos

 

 

Clemente XII (Papa entre 1730-1740):

97 anos

Leão XIII (1878-1903):

92 anos

Pio IV (1775-1799):

91 anos

Celestino II (1191-1198):

91 anos

João XXII (1316-1334):

90 anos

Gregório XII (1406-1415):

89 anos

     

 

       

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bento XVI (2005-2013):

85 anos

Gregório IX (1227-1241):

85 anos

Pio IX (1846-1878):

85 anos

Inocêncio XII (1691-1700):

85 anos

Clemente X (1670-1676):

85 anos

João Paulo II (1978-2005):

84 anos

     

 

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Os pontificados mais breves

 

Urbano VII: 15 a 27 de setembro de 1590

13 dias

Bonifácio VI: 10 a 26 de abril de 896

16 dias

Celestino IV: 25 a 10 de novembro de 1241

17 dias

Sisínio: 15 de janeiro a 4 de fevereiro de 708

21 dias

Teodoro II: dezembro de 897

21 dias

Marcelo II: 10 de abril a 1 de maio de 1555

22 dias

     

 

       

 

   

 

 

 

 

Dâmaso II: 17 de julho a 9 de agosto de 1048

24 dias

Pio III: 22 de setembro a 18 de outubro de 1503

27 dias

Leão XI: 1 a 27 de abril de 1605

27 dias

Bento V: 22 de maio a 23 de junho de 964

33 dias

João Paulo I: 26 de agosto a 28 de setembro de 1978

34 dias.
 

 

     

 

       

 

 

 

 

 

 

 

Os pontificados mais longos

 

São Pedro: ao ano 33 a (cerca de) 67

34 anos

Pio IX: junho de 1846 a fevereiro de 1878 –

31 anos e 7 meses

João Paulo II: outubro de 1978 a abril de 2005

26 anos e 5 meses

Leão XIII: fevereiro de 1878 a julho de 1903

25 anos e 4 meses

Pio VI: fevereiro de 1775 a agosto de 1799 –

24 anos e seis meses

Adriano I: de 772 a 795

23 anos e 10 meses

     

 

       

 

 

 

 

 

 

 

Pio VII: de 1800 a 1823

23 anos e 5 meses

Alexandre III: de 1159 a 1181

21 anos e 11 meses

Silvestre I: de 314 a 335

21 anos e 11 meses

Leão I: de 440 a 461

21 anos e 1 mês.

     

 

     

 

       

 

     
 

 

 

265 pontificados desde São Pedro

O elenco dos 265 pontificados desde São Pedro, considerado como o primeiro Papa, é publicado pelo Anuário Pontifício, do Vaticano, e elenca 263 nomes, dado que Bento IX (século XI) desempenhou esta missão em três ocasiões diferentes.

Há situações (sobretudo nos séculos X e XI) em que não é possível decidir, em absoluto, sobre a legitimidade dos Papas, por causa da dificuldade em fazer concordar os critérios históricos com os teológicos-canónicos, explica a publicação do Vaticano.

Entre os bispos de Roma encontra-se o português João XXI, falecido em 1277; algumas fontes identificam o

 

Papa Dâmaso I (século IV) como sendo natural do atual território português.

O sucessor de Bento XVI, que 115 cardeais vão eleger no próximo Conclave, será o 50.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde a eleição de Leão X a 19 de março de 1513.

Antes da eleição do polaco João Paulo II, em 1978, o último não-italiano escolhido tinha sido o holandês Adriano VI, em 1522.

Bento XVI, Papa emérito, nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927 e foi eleito a 19 de abril de 2005, terminando o seu pontificado a 28 de fevereiro deste ano, após 2873 dias à frente da Igreja Católica.

O último caso de renúncia tinha sido o do Papa Gregório XII, em 1415.

[Lista completa]

 

 

 

A origem dos Papas

 
Itália – 210
[Roma – 109]
 
França – 16
Grécia (todos até ao século VIII) – 11
 
Síria (todos até ao século VIII) – 6
Alemanha – 5
 
Norte de África (Império Romano) – 3
Espanha – 2
Dalmácia (Croácia) – 2
Terra Santa – 2
Holanda –  1
Inglaterra 1
Polónia 1
Portugal 1
Origem desconhecida  2
 

João XXI, Papa português

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Total:
Europa – 250
África – 3
Médio Oriente – 8
 

 

Será o Papa que Deus quiser

Maria Raquel Ferreira Abecasis

Jornalista da RR

 

A Igreja vive um momento de perplexidade difícil de descrever pela maioria dos crentes.

Num mundo que parece estar a desabar, com sinais de crise que não é só económica, mas também social, de valores e moral, onde os escândalos recentes ligados à Igreja católica provocaram um abanão na fé dos católicos e na credibilidade externa da Igreja, veio juntar-se o gesto perturbador da resignação de Bento XVI.

Neste momento, todas as redações, especialistas, observadores e organizações internacionais procuram traçar o perfil e programa do futuro Papa de acordo com um olhar sobre o mundo, que inclui a agenda política do mundo atual, porque o Papa é também uma figura política. Acontece que, teimosamente, os cardeais em Roma contrariam a pressa mundana, pedindo tempo para pensar e escolher. É um tempo que contraria o tempo do mundo moderno, mas que a Igreja nos ensina a todos ser necessário para ajuizar e decidir diante de Deus.

Diz o Papa na sua declaração de renúncia: “Depois de examinar repetidamente a minha consciência diante de Deus cheguei à certeza...”. É desta mesma certeza que os Cardeais andam à procura para a escolha do novo Papa, nas suas cabeças estará

 

 

seguramente a crise em que vivemos em todas as suas dimensões, incluindo na dimensão da Igreja católica. As necessidades da Igreja universal e o perfil de cada um dos cardeais são também fatores a ter em conta, mas, independentemente dos seus defeitos ou qualidades, estes homens que têm a missão de escolher o sucessor de Pedro sabem que “o espírito sopra onde quer”. Como o Papa emérito, espera-se que estejam “a examinar repetidamente a sua consciência”, à luz dos candidatos e das suas circunstâncias, para que no Conclave possam chegar à “certeza” sobre o

 

novo Papa que, seguramente, não vai corresponder às expectativas dos analistas, nem vai ter as prioridades e o programa que já lhe traçaram. Basta ler o que se escreveu antes das eleições de João Paulo II e de Bento XVI e depois olhar para a surpresa que foram os seus pontificados.
A Igreja constrói-se a partir das circunstâncias concretas e essas, por mais que nos custe não as definimos nós, por isso, podemos prever que o próximo Papa vai ser quem Deus quiser e não vai cumprir o programa que todos nós com grande afinco lhe estamos já a preparar.

 

 

Pensar o futuro da Igreja
e as suas prioridades

Teresa Messias

Teóloga, UCP

 

Pensar o futuro da Igreja na hora atual é um exercício que tem de ser feito sobre o fundo da recente renúncia papal, do que ela revela e confirma de mal-estar e dificuldades dentro da sua estrutura hierárquica e organizativa (vaticana mas não só) vinda à luz nos últimos anos.

Penso que uma dimensão verdadeiramente prioritária para a Igreja no próximo pontificado é a reforma, refletindo e decidindo, do modo de pensar e praticar o ministério ordenado, sobretudo no seu vínculo com a vivência da sexualidade. Questão paradigmática: modificar o modo como, quando alguém dá sinais abundantes de incapacidade (por qualquer motivo) de viver de modo estável e habitual o celibato ou a castidade consagrada, a hierarquia da Igreja lida e decide nesta situação que diz respeito não só aos ministros ordenados envolvidos. O que poderá ser uma certa cultura de silêncio que apenas esconde o mal feito não pode continuar. A renúncia de Bento XVI mostrou-nos a todos (como se preciso fosse) que não se serve a Igreja nem se faz a vontade de Deus apenas quando aceitamos cargos, ministérios ou missões. Também servimos – e profundamente – Cristo e a Igreja quando, por fidelidade à nossa consciência e para uma mais profunda realização e coerência pessoais, renunciamos a eles ou somos ajudados a

 

 

 

confrontar-nos com a possibilidade de deixando tais cargos exercermos, pura e simplesmente, o maior serviço de amor e verdade.

Na sequência deste aspeto vejo prioritária para o futuro uma nova reflexão sobre as bases antropológica, psicológica e espiritual da integração da afetividade e da sexualidade humanas na experiência cristã em sentido amplo. Este aspeto adquire particular importância  no cuidado pastoral da Igreja para com os recasados e as pessoas de condição homossexual..

Por outro lado, penso também o papel das mulheres na Igreja (nos seus vários níveis) terá de ser igualmente repensado, inclusivamente no que respeita ao exercício de alguns ministérios de forma estruturada e instituída. O desfasamento da importância, da capacidade de decisão e de intervenção estrutural das mulheres em muitas sociedades do mundo quando contrastados com aqueles que têm dentro da estrutura e das decisões da Igreja Católica, nessas mesmas sociedades, surge cada vez mais incompreensível no diálogo com a cultura. Vejo ainda como estratégico para o futuro da Igreja

 

a sua capacidade de desenvolver eaprofundar o diálogo com outras Religiões e Espiritualidades. A intensa mobilidade e migração das populações mundiais traz para primeiro plano a capacidade de se afirmar a identidade cristã sabendo respeitar, valorizar e dialogar com a identidade de outros, crentes ou não.

Há cinquenta anos o Concílio Vaticano II lembrava a todos com solenidade: “Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente numa maior fidelidade à própria vocação.[…] A Igreja peregrina é chamada por Cristo a essa reforma perene. Como instituição humana e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta reforma. Assim, se em vista das circunstâncias das coisas e dos tempos houve deficiências, quer na moral, quer na disciplina eclesiástica, quer também no modo de enunciar a doutrina - modo que deve cuidadosamente distinguir-se do próprio depósito da fé - tudo seja reta e devidamente restaurado no momento oportuno.” (UR 6) Espero do Papa futuro e de todos nós que este texto seja praticado numa dinâmica de conversão que deixe frutos.

 

Um Papa perante a crise

Jorge Wemans

Jornalista

 

O crescimento do poder dos fundos financeiros, a redução das funções do Estado e o aumento da população desempregada ou vivendo com salários cada vez mais baixos, constituem o grande palco em que o novo Papa vai ter de exercer a sua missão pastoral.

Ao contrário da agenda que os media querem impor ao próximo pontificado – a ordenação das mulheres, a aceitação plena dos divorciados recasados e dos homossexuais, ou a reforma da cúria e a alteração da gestão do financiamento do Vaticano – a resposta àquela questão vai ser a marca do pontificado.

O processo que referimos como “a atual crise” – esta brutal (pela sua rapidez e dimensão) transferência de rendimento dos cidadãos, das famílias e dos contribuintes para os ativos financeiros – já alterou a face da Europa, está a dar os primeiros passos nos Estados Unidos e vai em breve derreter a expansão económica que alguns grandes países do hemisfério Sul conhecerem na última década.

Apoiada na ideologia neoliberal que tomou conta da opinião publicada e do ensino universitário (incluindo faculdades de economia de muitas Universidade Católicas, nomeadamente a Portuguesa), esta gananciosa transferência de rendimentos

 

 

pôr em causa a convivência social construída pela lenta evolução daquilo que reconhecemos como a civilização ocidental. Os laços de solidariedade, entreajuda e pertença vão-se esboroando perante a perca de rendimentos, direitos e de perspetiva de futuro.

Diante do próximo Papa não estará apenas o espetáculo da fome e da violência extrema dos países subdesenvolvidos, estará também a rápida implosão das sociedades que até agora eram abastadas, prósperas e de baixa violência. São problemas sociais tão agudos com os que levaram Leão XIII a pronunciar-se sobre a questão social. O grande desafio deste papado será, pois, o de conduzir a Igreja a desempenhar um papel diverso daquele que os poderes deste mundo lhe destinam. Estes

 

bajulam-na, esperando que ela ajude a manter a ordem, promova a aceitação deste processo de espoliação e socorra os cidadãos mais atingidos pela “crise”.

Na procura desse outro papel para a comunidade dos crentes em Cristo, terá o Papa de provocar nos fiéis um “sobressalto de caridade” para assistirem os irmãos em sofrimento, mas também e sobretudo para refundar sociedades orientadas não para o esmagamento do homem, mas sim para a sua plena realização enquanto filho de Deus, conseguir iluminar as consciências dos católicos e todos os homens de boa-vontade para vencer a barbárie financeira que agora se abate sobre o Ocidente e estimulá-los a trabalharem para humanizar a sociedade, é o maior repto deste pontificado.

 

 

A idade dos cardeais

115 cardeais de 45 países, incluindo Portugal, vão votar no próximo Papa: destes, 17 têm menos de 65 anos de idade e 40 têm mais de 75.

Ainda que, em teoria, qualquer homem batizado e em comunhão com a Igreja Católica possa ser eleito Papa, há mais de 600 anos que o escolhido é um cardeal: o último pontífice vindo de fora do Colégio Cardinalício foi Urbano VI em 1378.

Número de cardeais eleitores por ano de nascimento [Elenco completo]

   

 

 

 

 

Cardeais no Twitter

 

Gianfranco Ravasi (@CardRavasi), presidente do Conselho Pontifício da Cultura, Vaticano


Angelo Scola (@angeloscola), arcebispo de Milão, Itália [conta suspensa durante a Sé vacante/Conclave]


Lluís Martínez Sistach (@sistachcardenal), arcebispo de Barcelona, Espanha

 

Timothy Dolan (@CardinalDolan), arcebispo de Nova Iorque, EUA

 

Roger Mahony (@Cardinalmahony), arcebispo emérito de Los Angeles, EUA

 

Séan Patrick O´Malley (@CardinalSean), arcebispo de Boston, EUA

 

Odilo Scherer (@DomOdiloScherer), arcebispo de São Paulo, Brasil

 

Rubén Salazar Gómz, (@cardenalruben), arcebispo de Bogotá, Colômbia

 

Wilfrid Naper (@CardinalNapier), arcebispo de Durban, África do Sul

 

Norberto Rivera (@primadodemexico), arcebispo da Cidade do México.

 

     
 

 

D. Manuel Monteiro de Castro

10.º cardeal português no Conclave desde 1903

D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da santa Sé, será o 10.º cardeal português a marcar presença num Conclave desde 1903, acompanhando D. José Policarpo na eleição do próximo Papa.

O cardeal-patriarca de Lisboa foi um dos 115 eleitores do agora Papa emérito, em abril de 2005, juntamente com D. José Saraiva Martins, na altura prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e hoje com mais de

  80 anos e, por isso, impossibilitado de participar no Conclave.

Antes, tinha sido D. António Ribeiro (1928-1978), patriarca de Lisboa, a participar nos dois conclaves de 1978 (agosto e outubro), para as eleições de João Paulo I e João Paulo II, acompanhado pelo cardeal luso-americano D. Humberto Sousa Medeiros (1915-1983), arcebispo de Boston (EUA).

 

 

 

D. Manuel Gonçalves Cerejeira

D. Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), cardeal-patriarca da capital portuguesa entre 1929 e 1971, participou nas eleições de Pio XII (1939), João XXIII (1958) e Paulo VI (1963).

O Conclave de 1963 contou também com a presença de D. José da Costa Nunes (1880-1976), vice-camerlengo da Santa Sé, antigo arcebispo de Goa e Damão, com o título de Patriarca das Índias Orientais.

Em 1958, o outro cardeal português presente era D. Teodósio Clemente de Gouveia (1889-1962), arcebispo da então Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique.

D. António Mendes Bello (1842-1929), patriarca de Lisboa, foi um

 

dos eleitores de Bento XV (1914) e Pio XI (1922).

O seu antecessor, D. José Sebastião Neto (1841-1920), esteve no primeiro Conclave do século XX, para a eleição de Pio X (1903) e, já após ter resignado, no de 1914.

A última eleição pontifícia sem a presença de um português ocorreu em 1846, dado que D. Guilherme Henriques de Carvalho foi criado cardeal por Gregório XVI, mas a morte do Papa fez com que a distinção apenas fosse formalmente atribuída pelo seu sucessor, Pio IX.

O primeiro cardeal luso a ter marcado presença numa eleição pontifícia foi D. Paio Galvão, natural de Guimarães: em 1216 (Honório III) e 1227 (Gregório IX).
 

 

 

Patriarca de Lisboa será 32.º a votar

O patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, vai ser o 32.º cardeal a votar no Conclave para a escolha do sucessor de Bento XVI, de entre os 115 cardeais eleitores atualmente previstos.

A posição decorre da “ordem de precedência” divulgada pelo Vaticano, uma disposição própria utilizada nas procissões, votação e juramentos relacionados com o período da Sé vacante, o tempo que vai entre a renúncia do Papa emérito e a eleição de um novo pontífice.

A ordem de precedência tem implicações, por exemplo, na organização das procissões ou nos lugares que os cardeais ocupam durante a eleição pontifícia, na Capela Sistina.

D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, ocupa o 104.º lugar nesta lista, definida em função da data de criação cardinalícia e da ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal) em que os cardeais são inscritos, seguindo uma tradição que remonta aos tempos das primeiras

  comunidades cristãs de Roma, quando os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

Por norma, os cardeais que lideram uma diocese, como acontece com D. José Policarpo, pertencem à ordem presbiteral e os que trabalham na Cúria Romana à diaconal.

O outro cardeal português, D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, é um dos seis cardeais-bispos (a que se juntam, num grau hierárquico inferior, os patriarcas das Igrejas católicas de rito oriental) da Igreja, os únicos que elegem e podem ser eleitos para o cargo de decano do Colégio Cardinalício, mas não participará no Conclave por ter mais de 80 anos.

A Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ (1996) de João Paulo II, prevê que antes do início da votação na Capela Sistina, cada um dos cardeais eleitores, “por ordem de

 

 

 

precedência”, preste um juramento através do qual todos se comprometem a “desempenhar fielmente” a missão de Papa se forem eleitos e a guardar segredo sobre os escrutínios.

Também a entrega dos boletins de votos é feita pela ordem de precedência, junto ao altar da Capela Sistina, com novo juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o

 

qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.

Dado que o decano [presidente] do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano, tem mais de 80 anos, a assembleia dos cardeais eleitores vai ser presidida pelo cardeal-bispo eleitor mais antigo, D. Giovanni Battista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos.


 

 

 

Cardeais Eleitores

 

Europa

17 países

Eleitores

Itália

28

Alemanha

6

Espanha

5

Polónia

4

França

4

Portugal

2

Bélgica

1

Suíça

1

Áustria

1

Holanda

1

Irlanda

1

República Checa

1

Bósnia-Herzegóvina

1

Hungria

1

Lituânia

1

Croácia

1

Eslovénia

1

Total

60

 

 
América Latina

12 países

Eleitores

Brasil

5

México

3

Argentina

2

Colômbia

1

Chile

1

Venezuela

1

Rep. Dominicana

1

Cuba

1

Honduras

1

Peru

1

Bolívia

1

Equador

1

Total

19

 

 

 

 

América do Norte

2 países

Eleitores

Estados Unidos da América

11

Canadá

3

Total

14

 

África

10 países

Eleitores

Nigéria

2

Tanzânia

1

África do Sul

1

Gana

1

Sudão

1

Quénia

1

Senegal

1

Egito

1

Guiné-Conacri

1

Rep. Democrática do Congo

1

Total

11

 
Ásia

6 países

Eleitores

Índia

5

Filipinas

1

Vietname

1

Líbano

1

China

1

Sri Lanka

1

Total

10

 

Oceânia

1 país

Eleitor

Austrália

1

Total

1

 

 

 

 

Cardeais eleitores por Continente em 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cardeais eleitores por Continente em 2005

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recolher e queimar os votos

Durante séculos os boletins de voto usados no Conclave, assembleia que elege o Papa, eram recolhidos num cálice e numa píxide, e após a contagem eram depositados numa urna e queimados.

A Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis” (“Todo o Rebanho do Senhor”), com que em 1996 o beato Papa João Paulo II renovou as normas para a eleição do seu sucessor, prevê o voto para os cardeais presentes no Vaticano mas que, por motivo de doença ou outros, não podem sair da Casa de Santa Marta, onde ficam hospedados.

O transporte dos votos entre o alojamento e a Capela Sistina, onde se realizam os escrutínios, impôs a necessidade de criar uma nova urna, ocasião aproveitada pelo Vaticano para conceber um conjunto novo, acompanhado do prato onde os cardeais depositam o seu voto.

A tarefa foi confiada ao escultor italiano Cecco Bonanotte (n. 1942), que também forjou as portas de entrada dos Museus do Vaticano, inauguradas no Jubileu de 2000.

As três novas urnas, concebidas em prata e bronze dourado no ano

 

 

de 2005, são ovais e têm 67, 50 e 40 cm de diâmetro. Uma das urnas, a que serve para transportar os boletins para a salamandra onde vão ser queimados, tem cinco anéis sobrepostos na base e é encimada por uma pequena escultura de Cristo na figura de Bom Pastor.

Pássaros, chaves, emblema da Santa Sé, ovelhas, associadas à imagem do rebanho, símbolo dos fiéis conduzidos por Jesus, bem como uvas e trigo, ligados ao vinho e o pão, essenciais para o sacramento da Eucaristia, são motivos igualmente presentes nas urnas.

Cada peça tem uma finalidade: recolha dos votos dos cardeais presentes na Capela Sistina, guarda dos boletins dos prelados doentes e depósito dos sufrágios após a recontagem, antes de serem queimados.

Cada eleitor, pela ordem de precedência, depois de ter escrito e dobrado o boletim de voto, mantém-no levantado de modo que seja visível, leva-o ao altar, junto do qual estão três cardeais escrutinadores.

Depois do juramento, que só pronuncia uma vez, depõe o boletim

 

 

 

 

de voto no prato e, com este, introdu-lo na urna; depois faz uma inclinação ao altar e regressa ao seu lugar.

Se houver eleitores doentes na Casa de Santa Marta, três cardeais, antecipadamente escolhidos por sorteio, dirigem-se a esses aposentos com uma urna pequena, que na parte superior tem um orifício para a colocação do boletim de voto.

Antes de os cardeais saírem da Capela Sistina a urna para os doentes é aberta à vista de todos para que se verifique está vazia; depois é fechada e a chave fica sobre o altar.

Depois de todos os boletins dos cardeais presentes na Capela Sistina e

 

na Casa de Santa Marta terem sido depositados na urna, o primeiro escrutinador agita-a diversas vezes.
Os escrutinadores procedem à contagem, tirando da urna, de forma visível, um boletim de cada vez.

O último dos escrutinadores, à medida que vai lendo com voz alta as fichas de voto, fura-as com uma agulha e insere-as num fio, a fim de que possam ser seguramente conservadas.

No fim da leitura dos nomes as pontas do fio são atadas com um nó, e os boletins assim unidos são colocadas numa urna, antes de serem levados para a salamandra onde são queimados, explica a “Universi Dominici Gregis”.

 

 

Capela Sistina, coração do Conclave

 

A eleição de um novo Papa, após a renúncia de Bento XVI, vai levar os cardeais de todo o mundo à Capela Sistina, espaço que acolhe regularmente os conclaves desde 1492.

João Paulo II (1920-2005) fez referência particular na constituição ‘Universi Dominici Gregis’ ao ‘Juízo Final’, pintado por Miguel Ângelo na parede do altar da Capela Sistina: “Disponho que a eleição continue a desenrolar-se na Capela Sistina, onde tudo concorre para avivar a

 

consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado”.

O tema está também presente no livro de poesias "Tríptico Romano", de João Paulo II (2003), no qual se evocam os conclaves de 1978, para a eleição de João Paulo I e do próprio Papa polaco.

A obra tem prefácio do então cardeal Joseph Ratzinger, Bento XVI, para quem a passagem relativa ao ‘Juízo Final’, à “visão” de Miguel Ângelo, “talvez seja a parte do Tríptico que

 

 

 

 

 

mais comove o leitor”.

O Papa emérito, que também participou nos conclaves há 25 anos, refere que os cardeais estavam “expostos àquelas imagens nas horas da grande decisão”.

A Capela Sistina deve o seu nome a Sisto IV, Papa entre 1471 e 1484, que promoveu as obras de restauro da antiga Capela Magna a partir de 1477.

A Sistina começou por ter elementos do século XV, como as histórias de Moisés e de Cristo, além dos retratos dos Papas, trabalho que foi executado por uma equipa de pintores originalmente formada por Pietro Perugino, Sandro Botticelli, Domenico 

Ghirlandaio e Cosimo Rosselli.

A decoração do espaço de 1100

metros quadrados foi confiada em

1508 a Miguel Ângelo por Júlio II, Papa entre 1503 e 1513.

Júlio II, sobrinho do Papa Sisto, decidiu modificar parcialmente a
 

 

decoração do espaço, entregando a tarefa a Miguel

Ângelo, que pintou a abóbada e a parte alta das paredes com cerca de 300 figuras: nos nove quadros centrais estão representadas histórias do Génesis, primeiro livro da Bíblia, desde a criação ao dilúvio.

De dimensões iguais ao templo do rei Salomão, em Jerusalém – 40,5 metros de comprimento, 13,2 de largura e 20,7 de altura -, a capela que albergou os conclaves dos últimos séculos ficou assim conhecida pelos seus frescos de temática bíblica.

 

 

Caridade, verdade

 

+Pio Alves

Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

 

A resignação do Santo Padre Bento XVI encheu a comunicação social de comentários e balanços de pontificado. Gastaram-se, felizmente, quase todos os adjetivos elogiosos: assumo-os todos, sem introduzir mais nenhum; os balanços centraram-se nas mais variadas perspetivas: são legítimas, somam-se todas, mas nenhuma é exaustiva.

Com palavras, predominantemente do Santo Padre, da introdução à sua última encíclica (Caritas in veritate: 29 de junho de 2009), sublinho duas notas, que não são adereços, mas pilares do seu pensamento e ação. São elas: caridade e verdade.

Destaca o Santo Padre como caridade e verdade se fortalecem e potenciam: “A verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na ‘economia’ da caridade, mas esta, por sua vez, deve ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade. Deste modo, teremos não apenas prestado um serviço à caridade, iluminada pela verdade, mas também contribuído para tornar credível a verdade, mostrando o seu poder de autenticação e persuasão na vida social concreta” (CV 2).

E, em sentido oposto, explicita, a seguir, como podemos ficar prisioneiros de um mundo oco, onde restam pouco mais que destroços: palavras vazias de conteúdo, que apenas servem para alimentar ilusões. “Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro

 

 

 

 

vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada, chegando a significar o oposto do que é realmente” (CV 3).

A insuperável dimensão da caridade não pode ser usada para esconder obrigações preliminares: “A caridade supera a justiça, porque amar é dar, oferecer ao outro do que é ‘meu’; mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é ‘dele’, o que lhe pertence em razão do seu ser e do seu agir” (CV 6).

Esta encíclica, como é habitual, dirige-se também “a todos os homens

 

de boa vontade”. Mas tem como primeiro destinatário a totalidade da Igreja. Estas considerações, carregadas de racionalidade, não são, prioritariamente, um discurso para o exterior. Bento XVI sempre assumiu que o segredo da evangelização do mundo está na fidelidade de todos e de cada um na Igreja. “Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social mas marginais” (CV4).

Em síntese, temos aqui um legado, um programa que não cairá em desuso: “caminhar pela estrada do desenvolvimento (…) com o ardor da caridade e a sapiência da verdade” (CV 8).

 


 

A voz de todos

Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

 

- Reduzir a números e a estatísticas a voz do povo é retirar a cada cidadão o direito (e dever) de participar na construção social em cada tempo. Mais do comparar preenchimentos de ruas e praças, a contabilidade deve ser feita sobre os direitos humanos que não são salvaguardados. “A paz, o pão, habitação, saúde e educação” é muito mais do que o refrão de uma canção. É um grito de pessoas concretas que se ergue cada vez mais alto porque são mais os que desses bens essenciais têm falta.

 

- Governar a partir da rua ou para a rua não será a melhor estratégia política. Muito pior é a que ignora a rua. Quem se manifesta não pode ser reduzido a qualquer peão do tabuleiro democrático, antes a peça central de qualquer “jogada”. Por outro lado, o dia seguinte a uma manifestação tem de comprometer todos os manifestantes. Não basta dizer que “se lixe!”. Ficar por aí significa afirmar “vou-me lixar!”.

 

- Outro indicador de um dia de manifestações: muitos rostos refletiam desistência e desencanto! Naturalmente, diria… As instituições há muito que revelam essa atitude, deixando para o jogo político e para a tensão entre governo e oposição a denúncia de injustiças e propostas de

 

 

 

alternativas. No interior da sociedade, está tudo calado! Organizações da sociedade civil, estruturas das várias confissões religiosas, pessoas e instituições ligadas à Igreja Católica que se distinguiram, noutras épocas, pela denúncia do que afeta a dignidade das pessoas estão cada vez mais em silêncio! Será isso sinal de indiferença ou de aproximação a modelos empresariais e sociais que estão na origem do crescimento das desigualdades?

 

- A expectativa, consecutivamente adiada, do anúncio do primeiro dia do conclave permitiu que a minha
 

semana se voltasse para outras questões, que não podem ficar esquecidas pelo furor mediático que as reduz a poucos momentos. A espera pelo início da eleição do líder do 266º pontificado da Igreja Católica parece indicar que os cardeais de todo o mundo querem conhecer-se e inteirar-se das questões centrais do governo da Igreja. Se essa atitude é um meio de garantir a crescente representatividade de todas as Igrejas, nomeadamente as que estão mais distanciadas de Roma, sem dúvida que é muito positiva. Porque será nessa efetiva representatividade dos eleitores do sucessor de Pedro que é necessário continuar a investir.

 

 

A Caça

Acabado de passar por um duro processo de divórcio, Lucas tem como principais objetivos recuperar a confiança do filho adolescente e a tranquilidade na sua vida. Na pequena cidade dinamarquesa onde vive, é um educador de infância reconhecido pela natureza reservada, generosidade e franca dedicação às crianças que tem a seu cuidado. O relacionamento com a nova namorada promete finalmente a tão desejada paz de espírito.

No entanto, quando uma das crianças da sua sala, filha do maior amigo de Lucas, manifesta sinais de instabilidade emocional em resultado do clima de turbulência que vive em casa, a atenção e resposta dada pelo educador virá a espoletar suspeitas sobre a sua conduta. Num instante, Lucas vê-se acusado de abuso sexual e condenado pela comunidade que até então o respeitava...

Thomas Vinterberg que, juntamente com Lars Von Trier, criou o manifesto, estilo e movimento cinematográfico

 

DOGMA 95 (conjunto de regras a favor de um cinema mais realista, mais puro e despojado de truques, em que se inclui o uso de camara à mão, luz natural, ausência de cenários, acessórios ou filtros, entre outras), regressa aos cinemas ao fim de dois anos do seu ‘Submarino’ e muito mais próximo do ímpeto de ‘A Festa’ (1998), no estilo provocador e no interesse por temas controversos focados numa rede de intrigas.

Mais que um filme-denúncia, que expõe da forma mais crua o poder da palavra nos tempos atuais e a proporcionalidade entre a sua força e superficialidade da mensagem, ‘A Caça’ explora os efeitos da denúncia em si mesma, colocando questões sobre problemas tanto inerentes ao

 

 

 

 

 

delicadíssimo tema da pedofilia como à hiper-reação social que provoca. Suprimindo tese ou tentação de respostas.

A condenação de um inocente, muito mais sustentada pelos demónios dos condenadores que pela consistência de prova ou indício de culpa do condenado, faz, nesta abordagem

  concreta, de Lucas uma figura crística, sujeita a um decreto - por maioria de voz(es) - de dúvida, medo e desconfiança contra um justo.

Vencedor dos prémios do Júri Ecuménico e de Melhor Actor (Mads Mikkelsen) em Cannes, ‘A Caça’ foi considerado o Melhor Filme pela Academia Euopeia de Cinema, os British Independent Film Awards (na categoria de língua não inglesa) e o Festival de Ghent.

Margarida Ataíde

 

 

Santa Sé online

 
 
 
 
 
 
 
www.vatican.va
 

Por estes dias nos meios de comunicação de âmbito religioso e um pouco pelos restantes de cariz generalista, não se fala de outra coisa que não seja a eleição de um novo Papa para a Igreja Católica, responsável máximo pelo estado do Vaticano. Assim consideramos que faz todo o sentido conhecermos um pouco mais o extraordinário espaço virtual que se encontra disponível em www.vatican.va.

O sítio do Vaticano é um dos maiores, dos mais completos e mais bem concebidos repositórios de conteúdos de uma organização à escala mundial. De facto é riquíssima e vasta a quantidade de informações que aí se encontram alojadas. Portanto, neste espaço só iremos referir alguns apontamentos mais significativos.

Criado pela irmã franciscana Judith Zoebelein e um pequeno grupo de técnicos do Vaticano apoiados pelo Papa João Paulo II, o sítio do Vaticano foi assim lançado para esta grande teia mundial decorria o ano de 1995, tendo como objetivo a divulgação da mensagem de Natal de João Paulo II. Atualmente conta com uma média de dez milhões de visitantes por dia, tendo já sido nomeado no ano de 2002 para os prestigiados óscares da Internet - Webby Awards, na categoria de sítios de espiritualidade.

Ao entrarmos neste portal, depois de escolhido o idioma (cantão, alemão, inglês, espanhol, francês, italiano, latim e português), acedemos a um autêntico manancial de

 

 

 

 

conteúdos. No preciso e particular momento de Sede Vacante, não temos, como é habitual, as informações relativas ao Papa, mas concretamente podemos consultar um extraordinário arquivo com os sessenta momentos mais relevantes do pontificado do Papa emérito Bento XVI. Ainda relacionado com o facto de o “trono estar vazio”, encontramos em destaque as modificações dos ritos para o início do Pontificado, a carta apostólica dada "Motu Proprio" sobre algumas modificações relativas à eleição do Romano Pontífice e ainda a histórica declaração de Bento XVI no  

passado dia 11 de fevereiro. Por último, encontra-se também em evidência o Colégio Cardinalício, onde podemos consultar toda a documentação de âmbito geral, aceder às estatísticas, às diversas notas biográficas e ainda a todos os dados relativos aos consistórios.

Aqui fica a sugestão de visita atenta e cuidada ao sítio do Vaticano que possui, além de informações de cariz mais informativo, um interessante e relevante espólio virtual, desde museus a arquivos secretos. Um espaço a visitar com regularidade.

Fernando Cassola Marques

 

 

 

 

 

março 2013

Dia 09

* Lisboa - III Encontro "Expressões de Fé na pessoa com deficiência".

* Leiria - Cáritas - Feira Solidária promovida pela Cáritas de Leiria.
* Braga - Guimarães (Auditório paroquial de Nossa Senhora da Oliveira) - Grupo de jovens da Oliveira apresenta a história de Job aos olhos de hoje
* Bragança - Conselho Pastoral Diocesano.
* Viseu - Conferência sobre «Professar a fé num mundo secularizado» para os grupos sinodais por D. Manuel Felício.
* Coimbra - Ançã (Centro Paroquial) - Conferência sobre «A Fé Professada» por João Duque.
* Leiria - Seminário - Ação de formação sobre a nova forma de catequese que envolve toda a família no processo.

 


 

 

* Lisboa - UCP - 6º Workshop de arquivística «Arquivos Paroquiais: projetos de organização e difusão» promovido pelo Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa
* Funchal - Paróquia da Nazaré (18h15m) - Conferência Quaresmal sobre «A Fé e a alegria» pelo casal Carina e Alcides Ramos
09 - Braga - Amares (21h00) - Conferência quaresmal por D. António Moiteiro.
* Braga - Vieira do Minho (14h30m) - Conferência quaresmal por D. António Moiteiro.
* Funchal - Reitoria da Universidade da Madeira - Lançamento do livro «Auto de Fé - A Igreja na inquisição da opinião pública» com a presença de D. António Carrilho
* Lisboa - Convento de São Domingos de Lisboa - Conferência sobre «Abordagem bíblica da fé» por frei Francolino Gonçalves e integrada no ciclo «As linguagens da Fé»
* Lisboa - Mosteiro de Santa Maria (Monjas Dominicanas)


 

 

 

 

 

 

Conferência «Errar. Errar mais. Errar melhor: O papel do erro na construção da verdade pessoal» por Emília Leitão. 
* Porto - Santa Maria da Feira - Retiro de Quaresma para jovens dos 15 aos 18 promovido pelos Missionários Passionistas.
* Viana do Castelo - Barroselas - Retiro de Quaresma para jovens dos 19 aos 25 promovido pelos Missionários Passionistas.
* Algarve - Vila do Bispo (Centro Cultural) - Grupo de jovens «Génesis» leva ao palco um teatro musical sobre a paixão de Jesus
09 e 10 - Fátima - Acção de formação sobre «Missão, culturas e religiões» promovida pela Fundação Fé e Cooperação (FEC).
09 e 10 - Fátima - Peregrinação nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) sobre «Concílio Vaticano II - Referências para a família».
09 e 10 - Aveiro - Palhaça (Igreja) - Encenação de «A Paixão de Cristo»
09 e 10 - Porto - Valongo - Procissões dos Santos Passos promovidas pela Confraria do Senhor dos Passos de Valongo. 

 

 
Dia 10

* Coimbra - Casa da Sagrada Família - Encontro interdiocesano da zona centro da LOC/MTC 
* Funchal - Colégio de Santa Teresinha - Encontro sobre o YOUCAT - catecismo para jovens.
* Braga - Esposende - Conferência Quaresmal por D. Jorge Ortiga
10 - Braga - Póvoa de Lanhoso - Conferência Quaresmal por D. Manuel Linda
* Braga - Terras de Bouro (15h00m) - Conferência Quaresmal por D. António Moiteiro
* Braga - Igreja de Santa Cruz (18h00m) - Conferência Quaresmal por D. António Moiteiro
* Fátima - Basílica de Nossa Senhora do Rosário - Conferência sobre «Habitar o mundo na esperança e na bondade» por Henrique Joaquim e integrada no ciclo sobre «Não tenhais medo». 
* Leiria - Encerramento (início a 18 de outubro) da visita pastoral de D. António Marto à vigararia de Leiria.
 

 

Ano C - 4º Domingo da Quaresma

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deus abraça-nos num olhar de amor
 

A Palavra de Deus deste quarto domingo da Quaresma oferece-nos o episódio do pai e dos dois filhos, chamada parábola do filho pródigo. Lembro-me de meu pai contar esta história repetidas vezes à volta da lareira, quando era miúdo. Só mais tarde descobri que era do Evangelho.

Alguém dizia desta parábola: “Quem a ouve pela centésima vez, é como se a ouvisse pela primeira vez”. Conhecemo-la de cor, mas precisamos de parar com tempo, para a saborear agora e sempre.

Podemos ficar na seguinte frase: “Bem desejava ele, o filho mais novo, matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava”. Parece que não se diz nada de importante. Mas esta pode ser a frase-chave da parábola. A verdadeira miséria do filho mais novo é não ter ninguém que esteja atento a ele, que o olhe simplesmente. Para os seres humanos, o olhar é vital. Quando este não é transparente, acontecem desvios, recusa de amor, as pessoas tornam-se hostis e inimigas em vez de serem irmãs e irmãos, acontece desconfiança, inveja, indiferença.

O filho mais novo tem falta de um olhar de amor, sente fome de amor. Jesus quer mudar esta situação, renovando relações para que o amor possa circular de novo. Jesus lança o seu olhar de amor sobre cada um de nós. Um olhar que é fonte de vida, do qual não podemos fugir!

 

 

 

 

Claro que somos livres de continuar a ser e a fazer como o filho mais velho, imagem dos fariseus e escribas, que se recusa a entrar em casa para a festa, julgando-se puro. Consideramo-nos observantes das normas, fazemos o que deve ser feito, mas depressa podemos mostrar-nos duros: quando fechamos a porta ao filho que navega noutras ondas, quando cortamos as pontes com um familiar por questões de bens, quando olhamos de lado quem anda nas chamadas situações irregulares…

Deus, o único juiz, não julga. Ele é paciente, suplica-nos para compreender: “Tu, meu filho, estás sempre comigo”. Este pai tinha feito a partilha dos seus bens, respeitando a liberdade do filho que decide partir. Este mesmo pai suplica ao filho mais velho para se juntar à festa, respeitando também a sua liberdade. Talvez um dia sinta a alegria do seu regresso. A cada um dos filhos, hoje a cada um de nós, o pai continua a dizer “meu filho”. Dizer-lhe “meu pai” deve ser a nossa resposta livre e decidida.

 

Procuremos levar no coração a atitude deste pai, fecunda de amor e misericórdia, de perdão e compaixão. Deus abraça-nos num olhar de amor. Deixemo-nos purificar e converter por esse terno e eterno abraço de amor.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

 RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão da missa da  dominical da igreja paroquial de S. Tiago de Areias (Santo Tirso)

 

12h15 - 8º Dia

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 10 - História, lugares e pessoas do Conclave. Análise ao próximo pontificado.

 

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 11 - Entrevista ao cónego Francisco Senra Coelho sobre o Conclave na História da Igreja;

Terça-feira, dia 12 - Informação e análise ao próximo pontificado, pelo cónego João Aguiar;
Quarta-feira, dia 13 - Informação e análise ao próximo pontificado, por Octávio Carmo;
Quinta-feira, dia 14 - O conclave e rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 15 - Apresentação da liturgia pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes.
 

Antena 1

Domingo, dia 10, 06h00 - Conhecer melhor o Conclave: história e pormenores

 

Segunda a sexta-feira, dia 11 a 15 de março, 22h45 - Expetativas sobre o próximo Pontificado: Eugénio Fonseca, Juan Ambrósio, Borges de Pinho, padre João Lourenço, Isabel Allegro de Magalhães, cónego João Aguiar e José Manuel Fernandes.

 

 

   

O Secretariado de Ação Social e Caritativa da Diocese de Viana do Castelo promove hoje uma jornada sobre «Estado Social e Sociedade Solidária». A iniciativa no Centro Paulo VI – Darque tem como objetivo abordar o tema de diferentes ângulos: “Igreja na Intervenção Social”, “O Evangelho e a Pastoral Social” e “Práticas de Solidariedade - Luta por uma sociedade solidária”.

 

O bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, está a convidar os católicos a aderirem ao ‘Dia do Deserto’, “verdadeiro retiro quaresmal” a decorrer entre sexta-feira e domingo nos arciprestados, principais pontos da diocese.

 

O presidente da direção da “Comunidade Vida e Paz” vai ser o orador de serviço, este domingo, na 5ª conferência do ano integrada na preparação do Centenário das Aparições de Fátima, marcado para 2017. De acordo com informações avançadas pelo centro de comunicação social do Santuário de Fátima, Henrique Joaquim vai abordar o tema “Habitar o mundo na esperança e na bondade”, durante uma sessão na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, a partir das 16h00. 

 

A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) promove este domingo, na casa da Sagrada Família (perto do Penedo da Saudade), em Coimbra, um encontro com as dioceses da região centro do país para debater os “principais problemas” ligados à “desvalorização” do mundo do trabalho.

Foi por amor

Esta Quaresma, ainda mais do que outras que tenho vivido, tornou-se já muito especial para mim. Sendo, desde sempre, tempo de RENOVAÇÃO – sobretudo interior – nesta Quaresma tenho, pela primeira vez, o privilégio de caminhar ao lado do Padre Werenfried, cuja vida e obra só no ano passado tive o prazer de conhecer através da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Digo que é um privilégio, porque o Padre Werenfried, fundador da Obra citada, fez da sua vida uma caminhada junto dos sofredores: perseguidos, maltratados, rejeitados, abandonados, esquecidos… Fê-lo não à distância, mas de mãos dadas com eles, procurando a todo o custo e por todos os meios legítimos levar a cada um o apoio necessário e a certeza de que não estavam sós.

Esta é a caminhada que sinto que Jesus me chama, também, a fazer.

O Padre Werenfried despertou-me, com o seu testemunho de vida cheio de fé, ânimo e energia, para uma

 

 

 

Quaresma diferente. Para uma forma diferente de olhar para a minha vida e para a dos que seguem ao meu lado (com maior ou menor proximidade).

Este ano de 2013, na sequência do anterior, tem sido falado na comunicação social como «ano de crise». Sabemos que assim é, especialmente para os que estão desempregados e para os que vivem de baixíssimas pensões. É fácil acreditar que estão, de facto, a fazer uma caminhada muito dura, cheia de obstáculos. Como cristãos, sabemos que nos é pedido que levemos a esses nossos irmãos o apoio que pudermos dar-lhes: material, sim, mas sem descurarmos o apoio nos planos afetivo e espiritual.

 

 

 

 

Por vezes, tudo o que podemos levar aos que estão em sofrimento é o conforto de uma presença amiga, que lhes permita, aos poucos, recuperar o sentido da Esperança – indispensável a todo o ser humano.

Outra vezes, porém, podemos estender a nossa mão de uma forma não mais importante do que a que acabei de referir, mas que se pode traduzir num benefício imediato, num alívio para a situação aflitiva dos que perderam tudo ou quase tudo.

 

FOI POR AMOR! é a minha forma de dar a mão, nesta Quaresma, a todos os que a Fundação AIS tudo faz para ajudar. Por outro lado, é também um livro que escrevi para que os jovens deem um sentido mais profundo ao seu viver, meditando nessa Caminhada de Misericórdia que é a Via Sacra de Jesus. Nele, poderão encontrar essa prova máxima do Amor de Deus por cada um dos Seus filhos, para, depois, seguirem a sua vida «por outro caminho» - mais iluminado, mais rico, mais solidário, mais… cristão!

 

Votos de Santa Quaresma!

Maria Teresa Maia Gonzalez

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

   
 

 

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