04 - Editorial:

  Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14- Internacional

    Cuidar em Saúde
     Paulo Macedo

     Padre José Manuel Pereira de    

     Almeira

 

 


 

 

60 - Multimédia

62 - Estante

64 -  Vaticano II

66 -  Agenda

68 - Por estes dias

71 - YouCat

72 - Programação Religiosa

73 - Minuto Positivo

74 - App Pastoral

76 - Liturgia

78 - Família

80 - Ano da Vida Consagrada

84 - Fundação AIS

86 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 


AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Cónego João Aguiar Campos
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE.
Tel.: 218855472; Fax: 218855473.
agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião

 

 

 

Dia da Universidade Católica com olhar no futuro

[ver+]

 

 

 

 

 

 

Combater a «chaga» dos abusos sexuais

[ver+]

 

 

 

 

Cuidar em saúde: Entrevista a Paulo Macedo

[ver+]

 

 

 

Miguel Oliveira Panão | Fernando Sampaio | Fernando d'Oliveira Benita Ferreira | Margarida Gonçalves Neto Fernando Cassola Marques |Bento Oliveira | Manuel Barbosa |Paulo Aido Tony Neves 

 

Jornalinho

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA   

 

 

“Jornalinho” não é um nome de qualquer órgão de comunicação social, que conheça, nem o qualificativo de um projeto editorial da nossa praça. Trata-se de um apelido popularmente atribuído a uma pessoa de uma aldeia que me é muito próxima, em virtude de cumprir como ninguém o “passa a palavra” de qualquer dito ou feito. De facto, quando acontece o inesperado ou chega alguém de fora ou de novo rapidamente a notícia se espalha por toda a região, com mais ou menos rigor, a partir da capacidade de valorizar um ou outro aspeto. Mas a comunicação acontece e normalmente com a verdade que deriva do desconto naturalmente feito por quem escuta, pois conhece bem o meio de divulgação da mensagem.

Qualquer meio de comunicação social atua como este “Jornalinho”: Amplifica o novo, o inesperado ou o aspeto de um acontecimento que possa gerar mais surpresa. Mas com uma diferença: Os recetores absolutizam facilmente o que se lê, vê ou ouve porque é dito – e bem - por um poder, o da comunicação social, sem incluir na valorização da mensagem o modo de funcionamento do meio que a suporta. Em causa não está a afirmação de que pelos media não passam verdades. Por certo que sim, sendo apenas necessário reunir as várias transmissões da verdade para conseguir uma aproximação à verdade de um acontecimento. O que depende do recetor, não de meio de 

 

 

 

comunicação, que se move em ferramentas e gramáticas próprias. Elas comparam-se sempre ao “Jornalinho”, à comunicação interpessoal que naturalmente fixa um aspeto, valoriza outro e pode também esquecer alguns fundamentais.

O ambiente da existência e da sociabilidade acontece atual e espontaneamente com os media – e muito bem -, com incidências permanentes em factos tão distantes como uma epidemia ou uma descoberta científica, o pobre no abrigo de uma porta ou agitação de qualquer bolsa, o infeliz falecimento num serviço de urgência ou o custo de tratamentos que dão vida. Tudo preenche a ágora mediática em que habitamos, emissores e recetores, hoje cada vez mais em alternância constante.

Nestas circunstâncias e numa altura em que Portugal e a Europa redefinem o futuro próximo,  afirme-se o valor imprescindível dos media, nomeadamente quando denunciam (alguns) episódios que afetam a dignidade da pessoa humana.

 

 
 

 

Em democracia, cada “ator” tem um papel específico. Os media também. E não é, por certo, servir de propaganda nem de refúgio a qualquer um dos outros.

 

 

 

Depois, e em prol da mesma dignidade, que não se instrumentalize a comunicação social na procura, analise e definição de programas de atuação nos diferentes setores da sociedade. Porque a lógica mediática não recria o ambiente de “laboratório” necessário para pensar e definir estratégias de vivência em sociedade na saúde, na educação, na economia, na política, na religião… Em todos o setores do conviver entre pessoas.

Em democracia, cada “ator” tem um papel específico. Os media também. E não é, por certo, servir de propaganda nem de refúgio a qualquer um dos outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- «São tantos e tais os problemas acumulados, em todos os sectores da vida da Igreja que, ou muito me engano ou o Papa Francisco anda a preparar, passo a passo, um Concílio Ecuménico, cuidando para que não lhe aconteça o mesmo que ao Vaticano II.» (Frei Bento Domingues, In: Jornal «Público», dia 01 fevereiro 2015)

 

 

 

- «Se temos o melhor jogador do mundo, o melhor treinador, o melhor árbitro – infelizmente, retirado há dias – e o melhor agente do mundo, porque não poderemos ter um português como presidente da FIFA?» (Alexandre Pais, In: Jornal «Record», dia 02 de fevereiro 2015)

 

 

 

 

 

 

- «Enquanto houver democracias nacionais, não sairemos disto. Os eleitores dos países fazem escolhas políticas, a economia tem de se adaptar» (Luciano Amaral, In: Jornal «Correio da Manhã», dia 02 de fevereiro 2015).

 

 

 

- «Sonho muitas vezes com uma escola diferente. Uma escola básica e secundária que contribuísse para a descoberta e desenvolvimento de jovens alegres, amáveis e com interesse no mundo à sua volta» (Daniel Sampaio, In: P2, dia 01 fevereiro 2015)

 
 

 

Católica em festa com olhar no futuro

A Universidade Católica Portuguesa (UCP) assinalou este domingo o seu dia nacional, uma celebração antecedida pela distinção do cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, com o grau de doutor ‘honoris causa’.

O patriarca de Lisboa e magno chanceler da UCP, D. Manuel Clemente, considerou que esta distinção reconhece a “carreira exemplar” do cardeal italiano. A entrega das insígnias decorreu durante uma sessão académica em Lisboa.

O padre Tolentino Mendonça, padrinho do novo doutor, elogiou a “sapiente forma” com que o cardeal italiano procura olhar a Igreja e o mundo, bem como a sua produção literária, em particular o comentário ao livro bíblico dos Salmos. O vice-reitor da UCP recordou que o atual ‘ministro da Cultura’ do Vaticano foi um “interlocutor chave da cultura milanesa”, onde se destacou pelo “magistério da amizade” com crentes e não-crentes e a “paixão pelo diálogo”, antes de ser chamado por Bento XVI para a Cúria Romana.

Nascido em 1942, D. Gianfranco Ravasi foi ordenado padre em 1966

 

 

na Arquidiocese de Milão, tendo sido nomeado nos anos seguintes prefeito da Biblioteca Ambrosiana, professor de exegese bíblica na Faculdade de Teologia da Itália Setentrional e membro da Pontifícia Comissão Bíblica. Recebeu a ordenação episcopal em 2007 e foi criado cardeal por Bento XVI, a 20 de novembro de 2010.

O cardeal Gianfranco Ravasi falou à Agência ECCLESIA e sustentou que a Europa precisa de um Cristianismo forte para travar o avanço do fundamentalismo.

“Temos no ADN do Cristianismo a capacidade de estabelecer pontes, que é o exato oposto do fundamentalismo, que levanta um muro, isola-se. Em substância, há uma forma de medo quando alguém se isola e prefere o confronto”, referiu em Lisboa, 

 

 

 

 

 

 

 

onde foi agraciado com o grau de doutor ‘honoris causa’ pela Universidade Católica Portuguesa. O ‘ministro da Cultura’ do Vaticano diz que este é um desafio particularmente premente num momento em que se debate a relação entre liberdade de expressão e o respeito pelas religiões, após os atentados de Paris.

“Conheço um pouco da língua árabe, da cultura, da literatura de marca muçulmana. O grande risco, a grande dificuldade de um certo Islão de hoje é o confronto da modernidade, o 

 

confronto com o mundo que é diferente, que não está apenas circunscrito ao interior do próprio oásis”, assinalou.

Neste sentido, observou o presidente do CPC, é necessário reafirmar a própria identidade face ao outro. “Nós somos cinzentos. O Cristianismo europeu já não é capaz do diálogo, não só porque tem medo mas também porque não tem os seus próprios valores, não tem confiança em si mesmo, na grandeza da mensagem e da herança cristã”, advertiu.

 

 

 

 

 

 

 

IPSS são fundamentais para Portugal

O primeiro-ministro português esteve em Fátima com os órgãos sociais da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), onde defendeu que foi necessário “muito trabalho” e “muita criatividade” para preservar a “coesão social, durante a crise económica.

Para o padre Lino Maia, que hoje foi eleito para um novo mandato como presidente da CNIS, é necessário fazer da “erradicação da pobreza” um “desígnio nacional”. “Não podemos estar à mercê de voluntarismo e medidas pontuais. Temos de caminhar para uma sociedade com mais igualdade e com oportunidades para todos”, comentou.

Já o ministro da Solidariedade e Segurança Social disse à Agência  Ecclesia que a rede social das IPSS foi “imprescindível” para garantir a 

 

 

 

“coesão social”. “Em Portugal, nos últimos três anos, passamos por momentos muito difíceis e se foi possível manter a coesão social deve-se muito à capacidade das instituições sociais que conseguiram manter o trabalho vivo e efetivo”, destacou Pedro Mota Soares.

A CNIS representa cerca de 2800 IPSS, empregam mais de 200 mil trabalhadores e significam, em conjunto, mais de 70 por cento das respostas sociais em Portugal.

 

 

 

 

 

Alunos de EMRC ajudaram
famílias carenciadas

Um projeto solidário promovido por alunos e professores de Educação Moral e Religiosa Católica em Vila Pouca de Aguiar, em Vila Real, permitiu reunir três toneladas de alimentos para famílias carenciadas da região. Em declarações concedidas à Agência ECCLESIA, o professor João Paulo Lopes, um dos coordenadores desta ação, explica que tudo partiu de uma campanha natalícia intitulada “Ajude-nos a Ajudar”, promovida por estudantes do 10.º ao 12.º do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar.

A ideia foi “sensibilizar os miúdos para o valor da partilha” e para a importância da solidariedade também no espaço escolar, uma vez que os sacos de alimentos foram distribuídos a famílias de alunos mais desfavorecidos.

Um “trabalho em parceria”, que envolveu os diretores de turma, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, o Gabinete de Apoio ao Aluno, o Centro Social de Nossa Senhora do Extremo e as superfícies comerciais locais onde foi feita a recolha dos bens.

 
O professor João Paulo Lopes destaca o espirito fraterno que marcou o projeto, a adesão das pessoas que “enchiam os carros com ofertas” e “o brilho nos olhos” dos mais novos, contentes por poderem ajudar. Realça ainda a oportunidade que esta atividade proporcionou para dar asas, fora da sala de aula, aos valores que são transmitidos na disciplina de EMRC, que tem "bastante adesão na região”.

“Posso dizer que só no que diz respeito ao 12.º ano, no nosso agrupamento, estão inscritos 86 por cento dos alunos existentes”, salienta o docente.

Outra iniciativa recente que permitiu testemunhar o espirito cristão no meio da comunidade foi uma “Ópera solidária” que foi a cena no cineteatro de Vila Pouca de Aguiar e que teve como atores e figurantes “alunos, pais e professores”.

Num espetáculo que abrangeu toda a história da salvação, desde Abraão até Jesus Cristo, “a ideia central foi dizer que Deus tem um projeto de felicidade para todos”.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aveiro: Diocese lança proposta de caminhada para a Quaresma e Páscoa

 

 

 

Atualização do clero das Dioceses do Sul 

 

Papa assume compromisso de combater «chaga» dos abusos sexuais

O Papa Francisco afirmou hoje que a Igreja Católica tem de fazer todos os possíveis para erradicar a “chaga” dos abusos sexuais sobre menores, numa carta enviada às Conferências Episcopais e institutos religiosos de todo o mundo. “É preciso continuar a fazer todos os possíveis para erradicar da Igreja a chaga dos abusos sexuais sobre menores e abrir um caminho de reconciliação e de cura em favor dos que foram abusados”, refere a missiva, divulgada esta manhã pelo Vaticano.

Francisco rejeita que, nestas situações, haja "prioridade" para outro tipo de considerações, como por exemplo "o desejo de evitar o escândalo". "Não há absolutamente nenhum lugar no ministério [sacerdotal] para os que abusam de menores”, defende.

O Papa explica os objetivos da nova Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores, que visa “melhorar as normas e procedimentos” neste setor, com a ajuda de “personalidades altamente qualificadas e conhecidas pelo seu compromisso neste campo”.

Francisco recorda que em julho de 2014 se encontrou com algumas vítimas de abusos por parte de 

 

 

sacerdotes, uma “oportunidade para ser testemunha direta e comovida da intensidade dos seus sofrimentos e da solidez da sua fé”.

Segundo o Papa, esta comissão “pode ser um instrumento novo, válido e 

 

 

 

 

 

 

 

 

eficaz” para promover o compromisso da Igreja Católica, a todos os níveis, na concretização das “ações necessárias para garantir a proteção dos menores e dos adultos vulneráveis, dando respostas de justiça e misericórdia”.

Francisco anuncia que os membros deste organismo, que representam dioceses “de todo o mundo”, se vão reunir em Roma, pela primeira vez, “dentro de poucos dias”. "As famílias têm de saber que a Igreja não poupa qualquer esforço para proteger os seus filhos", assinala.

O Papa pede aos bispos e superiores religiosos uma "colaboração plena e atenta" com a comissão pontifícia, para "reparar as injustiças do passado e ser sempre fiéis à tarefa de proteger os que são os prediletos de Jesus".

A carta sublinha que em dezembro do último ano foram nomeados os  novos membros da Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores, agora com 16 responsáveis, metade dos quais mulheres. O organismo é presidido pelo cardeal Sean Patrick O’Malley, dos Estados Unidos da América, que tem como secretário o também norte-americano monsenhor Robert Oliver.

 

 

D. Oscar Romero, mártir

O postulador da causa de canonização D. Oscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador morto a tiro em 1980, disse no Vaticano que o prelado foi um “mártir” da Igreja, em nome “dos mais pobres”. “Romero é verdadeiramente um mártir da Igreja do Vaticano II, uma Igreja que é mãe de todos, particularmente dos mais pobres”, afirmou D. Vincenzo Paglia, atual presidente do Conselho Pontifício da Família (Santa Sé), em conferência de imprensa.

O Papa Francisco autorizou esta terça-feira a publicação do decreto que reconhece o martírio de D. Oscar Romero, decisão que abre caminho à beatificação do arcebispo, assassinado quando celebrava Missa em São Salvador.

 
O postulador da causa de canonização revelou aos jornalistas que a decisão sobre o martírio mereceu um juízo “unânime” da comissão teológica e da comissão dos cardeais que analisaram o caso. D. Vincenzo Paglia recordou que vários padres tinham sido assassinados durante o conflito em El Salvado e que, em relação ao arcebispo, “havia um clima de perseguição contra um pastor que, seguindo a inspiração evangélica, escolheu viver no meio dos pobres para os defender da opressão”.

“Não havia motivos ideológicos”, assinalou, rejeitando que D. Oscar Romero servisse um pensamento “pseudomarxista”. “Romero foi morto porque escolheu a perspetiva” da Igreja Católica, precisou, “atenta à paz, à justiça e à verdade evangélica”.

 

 

 

Uma luz contra o tráfico de pessoas

O Vaticano vai promover este domingo o primeiro dia internacional de “oração e reflexão” contra o tráfico de pessoas, com o mote ‘Acende uma luz contra o tráfico’. A iniciativa vai celebrar-se no dia da festa litúrgica de Santa Josefina Bakhita, uma antiga escrava sudanesa que abraçou a vida consagrada após ser libertada e que foi canonizada em 2000, pelo Papa João Paulo II.

Esta jornada internacional é promovida é promovida pelas uniões internacionais de superiores gerais dos institutos religiosos masculinos e femininos, com o apoio de vários organismos da Cúria Romana.

O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, cardeal Peter Turkson, disse aos jornalistas que “milhões de pessoas, crianças, mulheres e homens de todas as idades, são privados da liberdade e obrigados a viver em condições semelhantes à escravatura”. “O Papa convida-nos a reconhecer que estamos perante um fenómeno global”, acrescentou.

Este dia internacional contra o

 

 tráfico quer ser uma mobilização  de consciencialização e oração a nível global, com vigílias em vários países que vão culminar com a oração do ângelus na Praça de São Pedro, sob a presidência de Francisco.

A conferência de imprensa contou com o testemunho da irmã Valeria Gandini, para quem é “preciso encontrar-se com as vítimas” para entender “o que significa o tráfico de seres humanos. Também esteve presente a responsável por ‘Talitha Kum’, a Rede Internacional da Vida Consagrada contra o tráfico, irmã Gabriella Bottani, que falou das iniciativas programadas para o próximo domingo, incluindo uma Missa em sufrágio pelas vítimas, presidida pelo cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (Santa Sé).

Simbolicamente, o Vaticano convida a acender uma vela online pelo fim do tráfico, em www.a-light-against-human-trafficking.info..

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Francisco aponta caminho de esperança à Grécia 

 

 

 

Apelo do Papa pela paz na Ucrânia 

 

Uma semana, um ano… uma vida

  Henrique Matos   
  Agência ECCLESIA   

 

Terminou por estes dias a semana da Vida Consagrada. Em causa, o ser e o agir de quantos um dia se sentiram tocados e tiveram a coragem de responder ao apelo com a própria vida. Opção vocacional, impulso que transformou vidas comuns num projeto de entrega ao próximo, à Igreja.

Os consagrados são homens e mulheres de carne e osso, carregados de fragilidades e imperfeições mas que, conscientes da sua condição, quiseram entregar à humanidade de cada tempo, um Evangelho traduzido em situações concretas de vida. Vemo-los no cuidado dos mais pobres, no combate à indignidade, na denúncia de injustiças ou recolhidos no silêncio da vida contemplativa. Chegaram às periferias ainda antes de Francisco nos convidar a partir para elas e assumem atitudes alinhadas com a ousadia e a coragem dos fundadores. Os que um dia tiveram a intuição e começaram o caminho que arrastaria muitos mais.

Hoje, o mundo, desiludido com propostas ocas e vãs, busca sinais, modelos de vida… quer gente autêntica e que acredite profundamente naquilo que faz. Os consagrados, ou seja, freiras e frades, irmãos e irmãs, leigos ou religiosos de Institutos ou Congregações, são gente comum mas com a particularidade da alegria. Riem e alegram-se não pela posse mas pela doação. Homens e mulheres que amam o mundo mas com a esperança em algo que o transcende. O seu desafio é do tamanho do planeta e, tal como nos primeiros tempos da Igreja, protagonizaram os primeiros fenómenos de globalização. Encontramos missionários de 

 

 

 

 

 

Trás-os-Montes na Etiópia, freiras indianas a trabalhar em Setúbal ou padres africanos em paróquias portuguesas. Um Evangelho universal, que transcende fronteiras, culturas ou civilizações. Uma missão que envolve muitas vidas e histórias pessoais com o único propósito de levar essa água verdadeira que Jesus propunha à Samaritana.

Os consagrados sentem que pertencem a alguém e a alguns… são de Deus, na medida em que se entregam ao próximo. Encarnam em si, a condição do outro, a sua circunstância de vida. Isto, confere maturidade espiritual e dá aquele “calo” que não se ensina nos livros de teologia. A vida consagrada não é uma missão humanitária, vai mais fundo, é uma relação de reciprocidade. A pobreza e a fragilidade do outro 

 

reclamam a presença daquele que, por opção vocacional ali se encontra. Mas o que se aproxima do pobre, sabe que só assim se torna mais próximo de Deus. Esta é a questão, uma Igreja que se edifica com gestos e atitudes de entrega e doação, não com belos discursos ou intenções, não pela aparência mas pelo que se é.

“Toma cuidado com a tua vida, pois para alguns poderá ser o único Evangelho que conhecem…” A expressão será de S. Francisco de Assis e adquire um sentido especial nesta ocasião. Homens e mulheres que são, para tantos, o rosto conhecido da Igreja, a imagem viva do Evangelho. Foi para eles a semana que findou, é-lhes dedicado todo este ano por vontade do Papa Francisco, mas  a consagração não cabe numa semana nem num ano, compromete a vida toda.

 

 

Mais do que um problema moral

São cada vez mais os rumores de que o Papa Francisco irá lançar em março, ... junho, ou pelo menos durante 2015, uma encíclica dedicada às questões ambientais. Muitos esperam que esta seja um verdadeiro ponto de viragem no combate às alterações climáticas através de um maior aprofundamento da relação entre ecologia humana e a ambiental.  No twitter da imagem vemos uma chamada de atenção do Papa para a questão ambiental como uma questão moral. Já São João Paulo II na sua mensagem pelo dia mundial da paz a 1 de janeiro de 1990, fazia essa mesma ligação. A questão que coloco é se esta dimensão moral é suficiente para tomarmos maior consciência da questão ecológica. Tenho dúvidas. Explico-me.

O ser humano é natureza, mas transcenda-a. Porquê? Porque é livre, criativo e possui a consciência de, como imagem de Deus, ser chamado à comunhão com Deus; na 

 

reciprocidade homem-mulher, ser chamado à comunhão com os outros seres humanos; e na confiança que Deus se lhe faz da criação, ser chamado à comunhão com o cosmos. A dimensão moral de que fala o Papa está particularmente ligada a este último aspeto da nossa vocação à comunhão com o cosmos.

O modelo de relacionamento entre o ser humano e a natureza mais falado refere-se ao conceito de sermos "administradores" (stewardship) e creio que foi um passo muito importante para sair do conceito de "possuidor", mas sou da opinião que pode ser uma visão ainda limitada deste "confiar a criação" ao ser humano. O modelo de administrador expressa uma relação funcional entre o homem e a natureza, logo, evidencia o problema moral da crise ecológica porque tem a ver com aquilo que o homem faz, e como o faz. Porém, recordo o excelente documento 

 

 

 

da comissão teológica internacional "Comunhão e Serviço", onde aquela palavra "serviço" quer dizer muito (e que estranhamente na tradução inglesa se traduziu por stewardship... go figure).

Estar ao serviço que dizer muito mais do que simplesmente administrar. A ideia de serviço está mais associada a uma dimensão da nossa existência que procura, nas ações mais simples, dar um sentido e significado que as eleve a Deus. Pensemos na Eucaristia onde, de forma simples, mas profundamente misteriosa, o pão 

 

e o vinho se elevam a Deus e se transfiguram no seu corpo, sangue, alma e divindade. Nesta dimensão em que nos reconhecemos como "seres litúrgicos", o problema da crise ecológica é mais do que moral, mas torna-se antes, existencial. Enquanto que destruir a natureza com as nossas ações é imoral e pouco ético, ao nível existencial, ao destruir a natureza deixamos simplesmente de ser ... humanos. Quais as implicações? Bom, isso fica para depois ...

 

Miguel Oliveira Panão

 

 

 

 

 

 

 

A Igreja Católica celebra há 23 anos o Dia Mundial do Doente, no dia 11 de fevereiro, para manifestar a sua proximidade a quem sofre e deixar uma palavra de esperança e sentido, recordando a importância das relações humanas e o valor de cada vida.

O Semanário ECCLESIA apresenta, neste dossier, uma entrevista com o Ministro da Saúde, que fala sobre os temas da atualidade neste setor e sobre a importância da mensagem do Papa, que apela a uma “sabedoria do coração”. Há também espaço para depoimentos e testemunhos de quem, em nome da Igreja, dedica o seu tempo ao cuidado dos doentes, nas mais variadas circunstâncias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O retrato da saúde em Portugal

 

O Papa Francisco afirma que uma sociedade se pode avaliar pela forma como se relaciona com os seus doentes: tempo, carinho, palavras de conforto, mas também recursos humanos e materiais. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o ministro português da Saúde, Paulo Macedo, aborda estes desafios e comenta as recentes polémicas do setor, considerando que o país vai deixar a crise com um Serviço Nacional de Saúde melhor.

 

Entrevista conduzida por Lígia Silveira

 

Agência ECCLESIA (AE) - Na sua mensagem para o Dia Mundial do Doente, o Papa Francisco deixa um desafio em relação ao tempo gasto junto de cada uma destas pessoas. Que importância tem o tempo para os cuidados de saúde?

Paulo Macedo (PM) - A mensagem do Papa Francisco é de facto bastante tocante. A questão que refere é do tempo e a do estar ao serviço. Quem está nos cuidados de saúde está sempre, de uma maneira mais direta e mais clara, ao serviço dos outros.

Nós na sociedade trabalhamos com outros, em equipas, somos interdependentes, trabalhamos em rede, mas na saúde esse facto é muito mais líquido: o tempo que as pessoas têm com as outras tem um valor muito claro e concreto.

 
Desde logo, médicos e enfermeiros que tratam esta adversidade que é a doença, são pessoas que essencialmente gastam o seu tempo a combater a adversidade - é um tempo árduo, todos os dias lidam com essa adversidade, ou pelo menos procuram preveni-la. É um tempo com um benefício mais direto para o doente e para a própria pessoa.

Os profissionais de saúde, através do seu esforço, veem muito rapidamente o impacto direto do tempo que gastaram na formação, na sua aprendizagem, do tempo que dedicam àquele doente. Há aqui esta noção de tempo de muita qualidade, com reflexo muito concreto. Os profissionais de saúde têm um reflexo muito claro do seu trabalho.

 

 

 
 

 

 

AE - A humanização da saúde passa também por aí?

PM - A humanização da saúde deveria ser quase um pleonasmo, porque a saúde é feita por pessoas e para a pessoa. Temos de apostar em concretizar esta humanização de forma mais visível, próxima e intensa.

Aqui, também, entra o tempo de outro tipo de pessoas, que são os cuidadores: temos os profissionais de saúde e o seu papel, que é fundamental e é reconhecido muito justamente pela sociedade portuguesa como um valor acrescentado, designadamente em tempos de crise, mais difíceis, mas também temos outras pessoas que não são tão reconhecidas, os cuidadores informais nas casas, os voluntários, bem como aquilo que é uma verdadeira rede de cuidado aos mais necessitados que existe em muitas comunidades.

Uma das necessidades apontadas pelo estudo da Fundação Calouste Gulbenkian (Um Futuro para a Saúde — todos temos um papel a desempenhar) para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde é precisamente haver um alargamento, um reconhecimento desta rede de cuidadores informais, porque há um  

 

conjunto de problemas que se consegue resolver em termos de proximidade, da comunidade: não só as pessoas ficam mais bem tratadas como também se evitam soluções de hospitais, que a própria pessoa não deseja.

 

 

 

 

AE - Esta proximidade é, de alguma forma, um investimento nos cuidados primários?

PM - O papel do voluntariado tem maior expressão na área dos hospitais, da doença aguda, e nos cuidados informais dentro da própria comunidade. Os cuidados na comunidade têm de ser alargados.

Há também um papel muito importante na área dos cuidados paliativos - estamos por estes dias a duplicar o número de camas na rede de cuidados paliativos, de 150 para 300 camas, onde temos uma necessidade crescente – e este é um dos vértices de três eixos: uma rede de camas, uma rede de cuidados na comunidade e também uma rede de cuidados intra-hospitalares. Esta presença na área dos paliativos é essencial, dá uma atenção e qualidade que não é indiferente às pessoas.

 

AE - Como é que avalia o trabalho que a Igreja Católica desenvolve neste setor?

PM - O trabalho de diversas organizações ligadas à Igreja na parte da saúde mental é fundamental: é fundamental em termos da quantidade de doentes que são

 

 tratados nestas instituições; é fundamental a qualidade e a evolução que estas instituições souberam ter.

Há muitas décadas, as instituições de saúde mental eram verdadeiros asilos, sem visão de abertura, do mínimo de institucionalização possível, de tentativas de inserção na sociedade - tudo isso estava ausente. No setor público este progresso fez-se e felizmente também nas instituições ligadas à Igreja estas mesmas preocupações estão presentes.

Quer em termos de qualidade de infraestruturas, quer em termos de resposta em quantidade - porque é importante ter instituições que possam tratar uma parte significativa das necessidade - e também na adaptação em termos clínicos de todo o conceito novo que há de reinserção destas pessoas, tudo isso nos parece positivo.

Estamos a fazer novos acordos, porque esta é uma área que precisamos de cobrir melhor, mas também temos exemplos muito positivos na área dos cuidados continuados, com diversas instituições ligadas às Misericórdias, com um papel absolutamente fundamental em termos da sua dispersão pelo país, 

 

 

 

 

 

da possibilidade de oferta de apoio de qualidade e com um conjunto de valências que apresentam atividades terapêuticas e ocupacionais que são potenciadas e dão outra dimensão aos cuidados continuados que desejamos.

Nos últimos três anos e meio abrimos mais de 1500 camas de cuidados 

 
 

continuados e as misericórdias sabem gerir este tipo de unidades de forma eficiente, de forma próxima com a comunidade. Neste momento, beneficiamos de uma maior clareza na relação entre Misericórdias e Estado, com acordos transparentes, escritos, através da legislação que produzimos em 2014.

 

 

 

AE - Foram apresentadas várias medidas no contexto dos problemas que surgiram nas urgências e no setor da saúde. Qual é o caminho que gostaria de seguir para serenar os ânimos?

PM - A saúde é, talvez a par do emprego, a maior preocupação das pessoas. Numa situação de crise, em que houve um aumento de desemprego - que felizmente está a diminuir -, em que existiu um decréscimo do rendimento 

 

das pessoas - que felizmente está a aumentar -, todos nós temos muito mais dúvidas, precisamos de mais segurança. A saúde é um fator fundamental para cada um, da mesma maneira que é fator de disputa política, no sentido em que sabemos que atrai as atenções.

Nas medidas que foram anunciadas há uma premissa: temos necessidade de contratar mais médicos de Medicina Geral e Familiar no país. O Serviço Nacional de Saúde precisa destes médicos, porque não temos médicos de família para todas as pessoas.

Não basta dizer o chavão de que os cuidados primários são muito 

 

 

 

 

 

 

importantes, é preciso materializar esta ideia, contratando mais médicos para servir um maior número de pessoas. Recrutamos todos os médicos de Medicina Geral e Familiar que estão disponíveis no mercado, porque temos este desiderato, aqui não há nenhuma restrição financeira, o Estado tem disponibilizado os meios para poder contratar todos os que estão disponíveis.

Até agora, não foi possível ter estes médicos em quantidade suficiente para responder às necessidades. Logo, temos de tomar medidas para, durante um período temporário e extraordinário, conseguir dar às pessoas o acesso ao seu médico de outras formas.

Hoje temos muito mais médicos a acabar a sua especialidade do que há quatro anos e contratamos todos os estudantes de Medicina que acabam o seu curso - é o único caso em que isso acontece, em Portugal, para qualquer profissão. Nós temos vindo a contratar um número crescente de médicos que depois terminarão a sua especialidade.

 
Até lá, temos de contratar outro tipo de médicos, nomeadamente os que se reformaram. Pela primeira vez, também, vamos estabelecer benefícios para médicos de determinadas especialidades, para que se possam estabelecer em regiões carenciadas.

Por último, a possibilidade de aumentar a isenção das taxas moderadoras para todos os jovens dos 12 para os 18 anos inclui-se num conjunto de medidas diretas e indiretas que temos de equacionar, em termos globais, para levar a um aumento da natalidade. Temos claramente um problema, penso que hoje há uma consciencialização da sociedade portuguesa, e é preciso que tipo de medidas tomar para que as pessoas tenham estabilidade, previsibilidade relativamente aos seus encargos, e às possibilidades de acompanhamento dos filhos. Felizmente, em 2014 tivemos um maior número nascimento do que em 2013, mas muito insuficiente para aquilo de que precisamos.

 

 

 

AE - Como equilibrar a atenção aos doentes, em termos de tempo, de acompanhamento, sabendo que os cuidados em saúde são diferentes num centro urbano e numa localidade do interior?

PM - Obviamente que aa pessoas dos centros urbanos têm mais possibilidade de acesso às grandes instituições, a um conjunto maior de médicos, até porque há aí uma concentração maior. Mas eu diria que, nos cuidados primários, designadamente nas unidades de saúde familiar, temos excelentes exemplos no interior, onde a qualidade não fica nada atrás daquilo que se passa nas cidades. Aliás, há até uma maior proximidade e conhecimento real da pessoa e da sua família como um todo. É mais fácil o contacto com uma população mais fixa do que com uma população mais mutável, sujeitas a imigrações e oscilações, como nas grandes cidades.

 

AE - Alguns acusam o Estado de uma gestão demasiado racional, ausente e distante do ser humano que sofre…

PM - Há um esforço no sentido de apetrechar de recursos o Serviço 

 

Nacional de Saúde. Não podemos é perder de vista a sustentabilidade do SNS, porque ele é essencial para as pessoas. É instrumento de coesão, essencial para os mais vulneráveis que durante estes anos de maior crise tiveram um Serviço Nacional de Saúde a responder-lhes. E tiveram os medicamentos mais baratos.

Foi essencial haver um conjunto maior de pessoas que estavam isentas de taxas moderadoras, como também foi essencial as pessoas terem uma baixa muito significativa de medicamentos: se não fosse a baixa de preço dos medicamentos, haveria um maior número de pessoas que durante esta crise não conseguiria ter acesso aos mesmos.

Nós tivemos uma política deliberada para uma melhor sustentabilidade do SNS para os próximos anos, pensamos que está mais sustentável para o futuro, e ao mesmo tempo conseguimos isentar mais pessoas de taxas moderadoras e aumentar o número de medicamentos que as pessoas podem comprar de forma mais acessível.

 

 

 

 

 

AE - Certamente não ficará indiferente às manifestações de protesto…

PM - Há um sentimento em Portugal em que as pessoas não percebem como é que chegamos até aqui. As pessoas tinham o seu trabalho, a sua casa, a sua vida… têm dificuldade em conformar-se quando veem que o rendimento diminuiu, que há mais desempregados.

Eu percebo muito claramente esse descontentamento. A situação que

 

 herdamos para mim não é motivo de qualquer contentamento, a única coisa que nos anima a todos é o andarmos para a frente, ver que há uma evolução num conjunto muito alargado de indicadores como o emprego, a sustentabilidade do SNS, mas que de maneira nenhuma achemos que está tudo bem porque os problemas são reais e afetam negativamente determinantes de saúde que nos preocupam.

 

 

 

AE - A legislatura está a chegar ao fim. Como avalia estes anos à frente do Ministério da Saúde e o trabalho do Governo neste setor?

PM - A minha motivação para estar nestas funções - como toda a gente sabe, não exercia cargos políticos - é poder contribuir para uma missão que é bastante nobre e que tem sido um privilegio: fazer com que o Serviço Nacional de Saúde seja sustentável e fique para daqui a muitos anos e continue, no momento em que teve o maior desafio da sua vida, bem como que o Sistema de Saúde português tenha os maiores progressos possíveis.

Felizmente, todos os principais indicadores de saúde melhoraram - relativos à taxa de mortalidade infantil, às mortalidades prematuras, onde há ganhos sistemáticos. No meio da crise, conseguimos diminuir o número de novos casos de tuberculose, embora a crise indicasse um comportamento precisamente oposto; temos menos casos de Sida, a esperança de vida tem aumentado todos os anos. Este conjunto de indicadores, esta maior sustentabilidade dá-nos um alento pelo trabalho que tem sido feito, 

 

com os responsáveis pela área de saúde, com os profissionais de saúde, que nos levam a ver o que tem de ser feito ainda, conscientes de que há problemas, mas que também há muito que corre bem e que no Serviço Nacional de Saúde atendemos sete milhões de pessoas.

Eu não lido com oscilações de opinião pública. Quem tem esses problemas está em casa ou trabalha para os jornais. A área da saúde é fundamental para as pessoas e, portanto, querem que haja uma melhoria concreta. Penso que o maior elogio que podem fazer ao Governo é avaliá-lo, na política de saúde como noutras, como se a situação fosse normal: a situação é totalmente anormal, de uma crise que herdamos, sem qualquer paralelo com o passado.

Nós temos sempre de ouvir as pessoas e nesta área todos se exprimem: os destinatários, os diferentes interlocutores cujos rendimentos foram afetados. Não estamos arrependidos das opções que fizemos.

Os custos são sempre dos contribuintes, quem paga a saúde toda são os portugueses: não há dinheiro do Governo, mas dos contribuintes.

 

 

 

 

O Serviço Nacional de Saúde vai ficar mais sólido, não há duvida, os hospitais deixaram de estar em falência técnica, temos mais médicos do que em 2010, temos melhores indicadores de saúde, há melhor investigação e maior visibilidade para essa investigação, fruto de um trabalho feito durante muitos anos. Temos um conjunto de maior sofisticação dos nossos profissionais: os enfermeiros são reconhecidos internacionalmente, os médicos 
 

mantém esse reconhecimento. E temos também infraestruturas que não tínhamos: conseguimos completar a rede de centros de reabilitação. Neste período temos unidades que conseguimos fortalecer, abriu-se um grande Hospital de seis em seis meses. É este Governo que vai deixar as bases de uma rede de cuidados paliativos, que fortalece a rede de cuidados continuados. São aspetos essenciais no fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde.

 

 

Em defesa dos direitos dos doentes

O Papa Francisco denuncia na sua mensagem para o Dia Mundial do Doente de 2015 a “grande mentira” que confunde o direito a viver com a chamada ‘qualidade de vida’. “Que grande mentira se esconde por trás de certas expressões que insistem muito sobre a «qualidade da vida» para fazer crer que as vidas gravemente afetadas pela doença não mereceriam ser vividas”, escreve.

O 23.º Dia Mundial do Doente vai celebrar-se a 11 de fevereiro de 2015, com o tema «Sapientia cordis [sabedoria do coração]. “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (Job 29, 15)»

Segundo o Papa, a experiência do sofrimento pode tornar-se “lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a «sapientia cordis»”, mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade “levam a melhor”. “Sabedoria do coração é servir o irmão” e “sair de si ao encontro do irmão”, sublinha Francisco, recordando os cristãos que dão testemunho com “a sua vida radicada numa fé genuína” e as pessoas que “permanecem junto dos

 

 doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar”.

“Sabedoria do coração é estar com o irmão. O tempo gasto junto do doente é um tempo santo”, acrescenta.

A mensagem realça o valor do acompanhamento, “muitas vezes silencioso”, que leva a dedicar tempo aos doentes, os quais se sentem assim “mais amados e confortados”. “Às vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesim do fazer e do produzir, se esquece da dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro”, lamenta o Papa.

O texto reafirma a “absoluta prioridade da ‘saída de si próprio para o irmão’”, como um dos dois mandamentos principais que “fundamentam toda a norma moral”. Na sua reflexão sobre a ‘sabedoria do coração’, Francisco defende a necessidade de “ser solidário com o irmão, sem o julgar” e pede “tempo para cuidar dos doentes e tempo para os visitar”.

 

 

 

 

 

 

“A verdadeira caridade é partilha que não julga, que não tem a pretensão de converter o outro”, prossegue.

O Papa observa que “também as pessoas imersas no mistério do sofrimento e da dor” se podem tornar “testemunhas vivas duma fé que permite abraçar o próprio sofrimento”.

A mensagem para o Dia Mundial do

 
Doente de 2015 conclui-se com uma oração de Francisco à Virgem Maria: “Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento, acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração”.
 

 

Solicitar Assistência Espiritual
nos Hospitais: 
um exercício 
da cidadania crente

As doenças não são castigos de Deus por causa do pecado, nem existem porque Deus as tolera ou permite. Fazem parte da condição humana e revelam que o nosso corpo é frágil e vulnerável, que somos mortais. Dão conta do nosso dever de cuidar do corpo e da saúde, própria e dos outros, de cuidar da natureza.

As doenças e sofrimento severos, porém, não atingem apenas o corpo, mas ferem também a alma e é aí que reside o problema do sofrimento. A pessoa sente-se abalada por fortes vendavais de emoções negativas; sente posto em causa o desejo de vida plena; experimenta a irrupção de fortes sentimentos de culpa até aí ignorados; e vê-se confrontada e magoada com interrogações sobre a vida e o seu sentido, sobre a bondade de Deus e a sua existência, perguntas para as quais não vê resposta. À dor física junta-se a dor psíquica, existencial e espiritual. Para a dor física e psíquica há medicinas ou terapias. E para a dor existencial 

 

e espiritual, a que terapêuticas recorrer?

A assistência espiritual e religiosas nos Hospitais torna-se, portanto, uma emergência para muitos doentes. É vivida como uma particular fonte de conforto, bem-estar, paz, saúde. A tradição da Igreja e a experiência dos profissionais assim o afirmam e a literatura científica recente comprova-o. Na verdade, a vida espiritual fomenta a reconciliação consigo, com os outros e com Deus, abre para o sentido da vida e impulsiona a procura de Deus, respostas que vão de encontro às necessidades do doente, de encontro às suas interrogações. Por isso quem nega ou impede a assistência espiritual e religiosa é insensível, violento, antidemocrático, insensato e desumano. O Decreto-lei 253/2009, que a regula nos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde, reconhece-a não só como «uma necessidade essencial, com efeitos relevantes na relação com o sofrimento e a doença», 

 

 

 

particularmente no sofrimento severo, mas também como um «fator de qualidade» ao nível dos cuidados prestados.

Dizer que a assistência espiritual e religiosa nos hospitais é um bem para o conforto do doente já era um motivo mais que suficiente para a sua existência, mas ela é sobretudo um direito do doente, reconhece o Decreto-lei. Deve, por isso, existir nos Hospitais e funcionar de forma organizada e regular, sem 

 

impedimentos, a fim de satisfazer as necessidades espirituais e religiosas dos utentes que a solicitem de forma adequada e atempada, segundo a sua vontade e de acordo com a liberdade de consciência, religião e culto. Todos os doentes, seja qual for a sua religião, têm direito a cuidados espirituais e religiosos, segundo a sua vontade; a serem assistidos a qualquer hora, sem prejuízo dos cuidados de saúde e do bem-estar dos outros doentes; a verem respeitadas as suas convicções

 

 

 

 e a não serem incomodados ou pressionados por quem quer que seja para assistência que não desejam; a ter literatura e objetos religiosa consigo, e a verem respeitadas as suas convicções; a serem informado sobre a assistência espiritual e religiosa e a participarem em atos de culto.

Em conclusão, a hospitalização não

 

 constitui um impedimento à prática religiosa (nem isso faria sentido), mas o doente crente deve manifestar-se sem medo ou vergonha. Deve pedir a assistência espiritual e religiosa aos enfermeiros ou outros profissionais e se encontrar alguma obstrução indevida deve reclamar. Solicitar a assistência é um bem não apenas 

 

 

 

 

 

para si próprio, mas também a afirmação de um ato consciente e livre na defesa dos seus direitos e na defesa da cidadania crente no presente e no futuro. Solicitar a assistência não é só um direito legal, é também um mandato do Senhor e por isso um dever do cristão doente, diz S. Tiago (cf Tg 5, 14), para que se realiza nele o mistério de comunhão no amor de Deus, fonte de vida e de saúde.  

 

Por último: se a vida espiritual é fonte de bem-estar e conforto e se, como dá conta a literatura, previne a saúdee influencia a recuperação, tornando-a mais rápida, se tem um efeito placebo isso não significará que tem influência positiva nos custos de saúde? Então porquê a má vontade e os obstáculos? Que interesses estão por detrás?

 

Padre Fernando Sampaio

 

 

A Importância do acompanhamento Espiritual e religioso em contexto
de saúde mental

O diálogo entre a espiritualidade e a medicina, entre a fé e a ciência, tem vindo a acentuar-se nas últimas décadas. Por um lado, tal situação deve-se a um crescendo reconhecimento dos direitos dos doentes - defendidos e consagrados na lei -, e, por outro lado, a um novo paradigma na área da Saúde: o do atendimento integral do ser humano, considerando-o também na sua dimensão espiritual, relacional e social.

A assistência espiritual e religiosa em meio hospitalar pretende, precisamente, aportar-se como um apoio na complexidade do percurso da pessoa doente para que esta, mesmo fazendo a experiência sempre delicada de qualquer doença e por mais limitativa que ela seja, possa redescobrir-se como um centro fundamental da existência humana e encontrar aquilo que constitui um verdadeiro sentido para vida, restituindo-a, também, à experiência fundamental da sua integração ou reintegração comunitária – local 

 

próprio e meio natural da pessoa -, em contraponto com a periferia existencial ou com a marginalização social.

Sob o ponto de vista da concepção cristã-católica da pessoa humana, este é também um desafio particularmente importante para o acompanhamento espiritual e religioso em contexto de psiquiatria e saúde mental. Junto daqueles que mais facilmente são deixados na margem e votados ao esquecimento.

Sem desejar nem querer praticar qualquer tipo de proselitismos, este é um desafio de humanização genuina que busca recolocar toda a pessoa no espaço social e de afectos que é o seu espaço próprio por direito incondicional, e torná-la protagonista da sua história.  

"Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância" (Jo 10.10).

Com estas palavras, Jesus fala-nos do seu Plano de Salvação e de Libertação, extensivo a todas as pessoas, desconsiderando mesmo qualquer

 

 

 

tipo de condicionante. A Vida plena é, então, possível em todas as circunstâncias, porquanto não se trata aqui de produção, mas sim, simplesmente de vida e do sentido de viver.

A experiência humana de Deus, feita na pessoa de Jesus, e que deve ser o “leitmotiv” da assistência espiritual e religiosa hospitalar, torna-o mais próximo da experiência das limitações humanas especialmente vividas em situação de doença – de falta de Saúde Mental.

 
Experimentar-se humano é, portanto, a mais profunda experiência compartilhada com um Deus que se fez humano, que é amor e misericórdia.

A imagem de Deus ternura e misericórdia é fundamental para um grande processo de perdoar-se e crescer interiormente de forma a que haja um pressuposto bastante forte para uma verdadeira reintegração social a partir da fé – da fé cristã.

A reintegração social provocada por Cristo é a reintegração plena dos 

 

 

 

 

 

 

 

marginalizados da sociedade: o pobre, o doente, a mulher samaritana, as crianças... O que está à margem deve vir para o meio: “Ele disse ao homem da mão ressequida: Levanta-te e vem para o meio” (Mc 3,3).

Vem para o meio! Estar no meio é estar integrado no grupo social. Jesus é apelativo, não condiciona, simplesmente convida. Vem para o meio! Chama-se para o meio quem é aceite no grupo.

Nisto reside a grandeza e a distinção da reintegração social cristã. Nisto tem de residir também a acção da Assistência Espiritual e Religiosa em contexto de psiquiatria: capacitar a pessoa de uma verdadeira vontade e de um autêntico sentido de vida para que o portador de quaquer doença mental assuma, ele próprio, o seu papel de protagonista da sua vida e da sua história.

Provavelmente, uma das mais graves doenças, no tempo de Jesus, terá sido a apatia perante a vida. O sentido de reintegração social, promovido através do acompanhamento espiritual e religioso, deve orientar-se de modo a buscar que a pessoa 

 

doente experimente autênticamente a relação com um Deus acolhedor e dinâmico, que ama e capacita para o amor.

A imagem de Deus que propicia relações humanas harmoniosas entre as pessoas portadoras de doença mental e as suas redes sociais é, então, aquela que o próprio Cristo nos apresenta. É aquela que a assistência espiritual e religiosa deve promover.

Ele acolhe e salva a todos e não quer outra coisa senão a felicidade de cada ser humano.

Trata-se de um Deus do amor e do perdão capaz de levar doentes e familiares a um longo processo de reconciliação com a história da vida. O perdão liberta e torna capaz para o protagonismo, para a identificação de um sentido pleno de vida não condicionado a qualquer tipo de limitação.

A experiência do amor de Deus é fundamental para a aceitação da própria condição, para o desenvolvimento de habilidades para o protagonismo em relação à vida e à configuração da vida pessoal e social.

A reintegração social, bandeira das 

 

 

 

 

 

 

 

 

novas filosofias e das novas políticas de saúde mental, requer uma nova relação com o Transcendente. A valorização pessoal não pode conflitualizar com a imagem de Deus. A fé em Deus não pode levar à passividade, à conformidade com uma situação que pode e deve ser mudada. 

É preciso reconhecer as habilidades e 

 

possibilidades, à luz da fé, num Deus que acolhe a todos por igual e que quer que todos sejam felizes através da auto-realização no desdobramento de habilidades pessoais.

 

Fernando d’Oliveira

(Assistente Espiritual

da Casa de Saúde do Telhal)

 

 

Presença da Igreja em Ambiente Hospitalar  –  Experiência de Voluntariado Pastoral

Iniciei há alguns anos a minha colaboração como voluntária em Capelania hospitalar, experiência que é difícil de qualificar, mas que resumiria dizendo que é um voluntariado difícil e exigente, necessário e profundamente enriquecedor.

Difícil, desde logo, porque individualmente, e como sociedade, fugimos normalmente de tudo o que envolve doença, crise, debilidade, derrota e, mais ainda, morte. Necessário porque complementa o trabalho dos Assistentes Espirituais permitindo tornar presente a solicitude da Igreja a um maior número de doentes e, profundamente enriquecedor porque, superadas algumas das dificuldades iniciais  conseguem-se encontros em profundidade com os doentes, familiares e profissionais, que nos enriquecem e fazem crescer como pessoas e, principalmente, crescer na fé.

A pessoa na condição de doente necessita de cuidados, não só ao nível físico, mas em todas as suas 

 

dimensões entre as quais a dimensão espiritual. Em contexto de saúde, se esta dimensão não for atendida, a par da dimensão física, psicológica e social, não estará a ser prestado um cuidado integral ao doente. Fruto da minha experiência, ao longo destes anos de voluntariado, posso testemunhar a enorme importância de que se reveste para o doente poder continuar a viver a fé no Hospital: participar na celebração da Eucaristia quando a sua condição o permite, receber a Sagrada Comunhão na enfermaria, fazer um tempo de oração. É frequente viver momentos de grande alegria transmitida pelos doentes que ficam felizes, e extremamente confortados, quando se apercebem que podem ter acesso a assistência espiritual e religiosa, aos sacramentos, nomeadamente a Sagrada Comunhão; ouvem-se expressões como: “Que bom! Jesus veio até mim”; “estava tão triste a pensar que ia ficar sem comunhão, já basta não poder ir à missa, é tão importante receber Jesus, é uma grande força”. De facto, há que 

 

 

 

ter em conta que o doente ao ser hospitalizado  vê-se numa situação em que todas as suas rotinas são alteradas, as suas referências, redes de apoio e grupos de pertença desaparecem - entre elas a sua comunidade paroquial na qual deixam de poder participar -  justamente em momentos de maior vulnerabilidade. Por isso é tão importante que a comunidade e a Igreja se façam presentes junto dos doentes e lhes possibilitem exercer o seu direito a ser atendidos nas suas necessidades espirituais, uma das quais é a de 

 

expressar sentimentos e vivências religiosas. Não poderia deixar de referir que, ao longo destes anos, me têm enriquecido e edificado testemunhos extraordinários de doentes que vivem essa particular condição iluminada pela fé, com aceitação (mas não renúncia ou entrega passiva) dando sentido pleno à sua vida mesmo, e especialmente, quando esta se aproxima do fim.

 

Benita Ferreira,

Voluntária na Capelania
do Hospital de Santa Maria

 
 

 

A assistência espiritual
nos cuidados de saúde

Sou médica Psiquiatra. A maior parte do meu trabalho é com doentes com dependência do Alcool internados numa Unidade de Alcoologia. Não por acaso, a Unidade foi baptizada com um nome cheio de sentido: Novo Rumo. A clínica está integrada no Instituto S. João de Deus, que assume como principal carisma, a Hospitalidade.

Que quer isto dizer? Que acolhemos quem chega. Que olhamos a pessoa, antes e para além da doença. Que a desafiamos a (re)descobrir um sentido para a vida. Que lhe propomos um caminho diferente, mais livre, mais pleno, mais com os outros.

É na busca de um sentido para a vida, que o homem se realiza.

Não é fácil esta procura. Muitos dos doentes que entram em programa, nunca reflectiram estas questões. Com frequência ouvimos a expressão…. “bebo/consumo para encher a cabeça”  “tenho medo do vazio” “sinto angústia”…

Que vazios são estes? Que procuram estes doentes e não encontram?

Todo um caminho a fazer de novo. Sem o amortecedor das substâncias,

 

sem o alcool que anestesia, faz esquecer, mata a cabeça e mata a dor.

Como  aprender a lidar com as adversidades da vida e do quotidiano?

Como aceitar a própria condição humana, feita de capacidades e de fragilidades?

Na Unidade em que trabalho, estamos a aprofundar todas estas questões.

A abstinência de substâncias pressupõe a capacidade e a motivação para mudar. Essa mudança é mais por dentro do que por fora.

E para lá chegar é preciso responder às perguntas essenciais do ser humano.

Quem sou eu? O que é a minha vida? Porque vivo? Que propósitos? Que objectivos?

É em torno da procura destas respostas que se pode desenvolver a dimensão da Espiritualidade. Como Viktor Frankl escrevia, a espiritualidade é a essência da nossa humanidade.

Os cuidados de saúde mais habituais, destinam-se à prevenção e tratamento de doenças.  Temos uma panóplia de tratamentos medicamentosos e cirúrgicos,  de exames 

 

 

complementares de diagnóstico, de cuidados de enfermagem. Uma métrica de avaliações, indicadores e resultados.

De certa maneira, numa primeira fase, esta resposta corresponde à expectativa do doente e da sua família. Mas responde à pessoa toda?

 Os  estudos sobre a Espiritualidade têm tido grande desenvolvimento. Hoje sabemos como é uma dimensão necessária nos cuidados de saúde e no acompanhamento da pessoa doente, trazendo bons resultados para evolução clínica.  A assistência espiritual e os profissionais de saúde devem ter em conta o bem estar mais profundo, mais íntimo e mais 

 
transcendente dos doentes que cuidam. Como acompanhamos verdadeiramente o sofrimento de um doente? Que relação estabelecemos com ele? Como acompanhamos o medo, a culpa, a solidão, a esperança e a desesperança, o silêncio, a felicidade, o final de vida, as perguntas, a questão de Deus ou da eternidade?

Como nos sentimos quando acompanhamos e cuidamos nesta proximidade? A espiritualidade é a dimensão onde se colocam todas estas perguntas. E se procuram as respostas.

Margarida Gonçalves Neto

Psiquiatra, Casa de Saúde do Telhal

 

 

A sabedoria do coração e a gestão na saúde

Pessoas são mais importantes
do que os números

 

O coordenador Nacional da Pastoral da Saúde comentou a mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente que tem como tema ‘Sapientia cordis’ [sabedoria do coração] e assinala-se no próximo dia 11 de fevereiro de 2015. Na mensagem dedicada aos doentes, aos diversos e inúmeros profissionais de saúde e aos cuidadores, Francisco divide esta sabedoria em quatro pontos.

O padre José Manuel Pereira de Almeida explica que este género de sabedoria “não se ensina”, só se tem quando existe proximidade e o outro é “tratado como irmão” e destaca que na tradição bíblica “opõe-se aos saberes abstratos e asséticos”.

Entrevista realizada por Sónia Neves

 

 

Agência Ecclesia (AE) – A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Doente está inserida na temática da “sabedoria do coração” [Sapientia cordis]. Como sacerdote esta é uma expressão bonita para o Dia Mundial do Doente?

Padre José Manuel Pereira de Almeida (JMPA) – Se é. A Sabedoria do coração na tradição bíblica é exatamente aquela que se opõe aos saberes abstratos e asséticos, é uma sabedoria que só se tem quando nos aproximamos do outro e o trata 

 

como irmão. E, por isso, o Papa sublinha tanto o sair ao encontro e a categoria encontro acaba por ser a categoria chave interpretativa de tantos dos seus discursos ou atitudes. Felizmente temos um Papa que através dos meios de comunicação social fala por palavras mas também por gestos e estamos muito sensíveis todos, para lá das fronteiras da Igreja, que este Papa tem esta capacidade. Não é só dele, tantos outros Papas deste século passado o fizeram assim mas ele de uma forma especial.

 

 

 

AE – É uma sabedoria que se aprende?

JMPA – É, seguramente, mas é um tipo de sabedoria que não se ensina. Aprende-se mas não se ensinará no sentido que o saber ensina-se e está nos livros, esta sabedoria aprende-se com os mestres, aprende-se seguindo outros que o fazem, a partir das 

 

experiências de particular significado de encontro interpessoal de cada um. Por isso, se calhar quem mais é quem tem mais experiência, quem vai mais à frente ou quem correu o risco de não calcular a sua segurança e se lançar, sem nenhum tipo de condicionantes, sem garantias, ao serviço dos outros.

 

 

 

AE – Na mensagem para o 23.º Dia Mundial do Doente, o Papa divide a sabedoria do coração em quatro grandes pontos. O primeiro é servir o irmão que está doente, o prestar assistência.

JMPA – O Papa primeiro dirige a sua mensagem aos doentes mas logo a seguir àqueles que acompanham os doentes e esses pontos são fundamentalmente para nós todos que podemos acompanhar de uma forma mais direta ou indireta os doentes, quer os profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais – e também aqueles que cuidam dos doentes porque os apoiam de uma forma mais genérica porque sem eles os doentes não poderiam viver porque estão em situação de dependência.

Servir os doentes passa por todos estes leques, desde as atitudes eminentemente técnicas, àquelas que são fundamentalmente humanas e de proximidade que também têm de ter um saber técnico porque senão magoamos as pessoas, não fazemos bem, não temos força para, portanto também há uma aprendizagem a esse propósito, claro. Servir o outro 

 

requer esta atitude de liberdade interior, de estar para o outro e não porque ganho alguma coisa com isso e, por outro lado, a competência para o servir bem porque servir mal não interessa.

 

AE – Servir é uma palavra que caiu muito em desuso?

JMPA – Sim, na área da saúde nem tanto porque os serviços continuam a chamar-se serviços, mas depois as atitudes que às vezes se têm e vivem nos serviços pode acontecer que em vez de servirmos os outros nos sirvamos da situação ou na pior das hipóteses dos outros. E, entre servir outros ou servir-se dos outros, é a oposição maior.

 

AE – Nesta linha do serviço está o segundo ponto que o Papa refere que é estar com o irmão doente. Este é um tempo gasto ou dispensado ou um tempo ganho?

JMPA – Ou mesmo perdido porque só ficamos com o que damos, o que guardamos para nós, esse é que não se tem. O tempo é fundamental e neste momento a situação do tempo talvez seja o recurso escasso, o recurso mais escasso dos serviços 

 

 

 

de saúde. Os médicos têm as consultas, por exemplo na área de medicina geral e familiar ou das medicinas de especialidade no hospital, determinadas em tempo, os números passaram a ser mais importantes do que as pessoas na área da gestão e isso é dramático.

Não sei nada de gestão e por isso não sei como se pode fazer de outra maneira mas sei que assim é que não se pode fazer. Deixou-se de poder 

 

ver os doentes, observar, dar atenção, dar ouvido, dar escuta porque no meio do relato dos doentes acerca de si próprios, já os médicos têm que fatalmente interromper porque têm que incluir determinados dados no computador, de determinada maneira. Às vezes, nem sequer podem olhar para os doentes porque estão a olhar para um monitor e os doentes sentem isso.

 

 

 

AE – Os doentes muitas vezes ficam com essa impressão quando saem das consultas: “Ele nem olhou para mim, não me fez uma pergunta.” Falta aqui o tempo para estar?

JMPA – Diria que nas nossas condições atuais tem faltado cada vez mais. Eu não sou clínico e nunca fiz 

 

clínica a não ser nos internatos iniciais mas vi fazer muito boa clinica, como agora se continua a fazer, mas de uma forma mais generalizada do que é possível agora, dadas as circunstâncias. E isso acho que tínhamos de arrepiar caminho.

 

 

 

 

 

 
 

AE – Na mensagem existe ainda a vertente dos voluntários. Esses dão o tempo que as pessoas precisam?

JMPA – E, portanto, valorizar muito a presença dos voluntários, dos visitadores, que vão a casa ou estão no hospital a ajudar em tantas coisas. Depois do Hospital de Santa Maria (Lisboa) de uma forma inicial, a minha maior experiência direta foi no Instituto Português de Oncologia (Lisboa) durante décadas e percebi bem qual era o papel da Liga Portuguesa Contra o Cancro na sua escola de voluntariado. Participei recentemente no primeiro encontro nacional de voluntariado da Liga 

 
Portuguesa Contra o Cancro e vê-se, olhos nos olhos, o que é que em termos de experiência, ao longo de anos e anos, essas pessoas através de meios muito simples conseguem dar de si acolhendo, acompanhando e vivendo para os outros.

 

AE – Numa doença em que o tempo tem tanto significado…

JMPA – Claro, o tempo é um segredo que temos. É uma contradição, fazemos coisas muito mais depressa e cada vez temos menos tempo, o que é um contrassenso.

 
 
 

 

 

AE – O Papa fala no terceiro ponto da questão do sair de si, que já referiu. “Sair de si para estar com o doente” e Francisco trilha um caminho que é de santidade?

JPA – Se calhar é mesmo a proposta que Jesus nos apresenta na sua história de vida que é essa ideia que quem vive uma vida fechada para si, julgando que a ganha, perde-a. Só 

 

quem arrisca a sua vida, entregar a vida no fundo, dar um tempo em que o tempo é escasso. Dar atenção, um sorriso, a mão, esperança, ânimo, tudo isto é dar vida ou dar a vida. Só quem arrisca dar a vida é que a ganha no sentido que é viver na perspetiva cristã com Jesus e como Jesus sobre a terra e isto é o caminho da santidade, da vida eterna, aqui e agora.

 

 

 

 

 

 

AE – O Papa neste ponto refere um caso concreto no sentido de uma pessoa que durante algum tempo encarrega-se de um doente…

JMPA – Que habitualmente se chama “cuidador”, que é um termo um bocadinho esquisito como “utente” ou “cliente”. Nós fomos educados na altura em que dos doentes eram chamados doentes e a pessoa do doente é muito importante enquanto tal.

 

 

 

AE – Queria chamar a atenção para a sensibilidade do Papa para esta realidade e de a colocar na mensagem.

JMPA – É muito importante porque o Papa não é alguém que vem de experiência de gabinete, à parte da sua formação tem uma experiência de pastor em concreto numa diocese (Buenos Aires, Argentina) e continua a desenvolver as mesmas linhas que na América Latina eram significativas 

para muitos episcopados no qual ele se incluía.

 

 

 

 

AE – No último ponto desta “sabedoria do coração” Francisco alerta para ser solidário sem julgar. Quando se fala em estar com o doente pode pensar-se numa atitude de evangelização ou proselitismo.

JMPA – Ou categorizar pondo etiquetas - “este tem isto”, o outro “tem aquilo” - e isto pode ajudar ou  desajudar-nos a perceber a pessoa e a acolher sem condições, incondicionalmente.

 

AE – A caridade é precisamente o ponto-chave?

JMPA – Exatamente, e está no centro, no coração da mensagem do Papa e da atitude diante do doente.

 

AE – Nesta realidade, a mensagem para este 23.º Dia Mundial do Doente

encontro interpessoal, pessoa, não digo indivíduo. Uma pessoa é sempre relação, há sempre uma tendencial compreensão social destas questões.

Estas sucessivas mensagens dos Papas são, de facto, oportunidade para todos nós, também para os doentes, compreenderem a situação humana em que nos encontramos porque uma situação de doença continua a ser

 

humana. Uma situação de quem ajuda, de quem acompanha os doentes é também de relação humana.

 

AE – Com o avanço da tecnologia, com as redes sociais, perde-se humanização, existem valores que ficam pelo caminho?

JMPA – Mesmo em termos dos estudos nas universidades, por exemplo, quando fiz o curso de medicina, nos anos 70, estudava-se obviamente a dor mas não houve uma palavra, só sobre o sofrimento por causa da deontologia. Ao contrário, as escolas de enfermagem desenvolveram muito mais esta dimensão e introduziram muito mais cedo toda a reflexão sobre a ética do cuidado que é até feminista, hoje tem a sua especificidade.

Foi a partir da fundação das últimas faculdade de medicina em Portugal que se procurou, à maneira americana e do norte da Europa, introduzir disciplinas de humanidade no curso de medicina e, por exemplo, não deixar para um rudimento as questões de ética-médico ou bioética, de dar espaço às histórias das ideias 

 

 

 

 

 

em medicina e suponho que durante algum tempo isso fez caminho. Agora, não tenho informação precisa mas temo que, em algumas escolas, a prevalência seja dada à gestão que também é muito importante saber quanto custa um medicamente e não receitar medicamentos incomportáveis mesmo para o hospital do Serviço Nacional de 

 
Saúde, não posso dizer quero o melhor para o meu doente e ignorar a situação social do resto das pessoas e do país.

As pessoas são mais importantes que os números e quando se introduz questões de gestão e economia no curso de medicina que não seja à custa da reflexão humanista mais de fundo e mais geral.

 

16 - Pastoral da Saúde: Entrevista ao padre Fernando Sampaio 

 

 

 

 

Dia Mundial das Comunicações Sociais

(2ª parte)

Na continuidade do artigo da passada semana, iremos apresentar os restantes títulos das mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra no domingo que antecede o Pentecostes.

 

21ª - «Comunicações sociais e promoção da justiça e da paz» - 31 de Maio de 1987 - papa João Paulo II

22ª - «Comunicações sociais e promoção da solidariedade e fraternidade entre os homens e os povos» - 15 de Maio de 1988 - papa João Paulo II

23ª - «A religião nos mass media» - 7 de Maio de 1989 - papa João Paulo II

24ª - «A mensagem cristã na cultura informática atual» - 27 de Maio de 1990 - papa João Paulo II

25ª - «Os meios de comunicação para a unidade e o progresso da família humana» - 12 de Maio de 1991 - papa João Paulo II

26ª - «A proclamação da mensagem de Cristo nos meios de comunicação» - 31 de Maio de 1992 - papa João Paulo II

27ª - «Videocassete e audiocassete na formação da cultura e da consciência» - 23 de Maio de 1993 - papa João Paulo II

 

 

 

28ª - «Televisão e família: critérios para saber ver» - 15 de Maio de 1994 - papa João Paulo II

29ª - «Cinema, veículo de cultura e proposta de valores» - 28 de Maio de 1995 - papa João Paulo II

30ª - «Os mass-media: areópago moderno para a promoção da mulher na sociedade» - 19 de Maio de 1996 - papa João Paulo II

31ª - «Comunicar o Evangelho de Cristo: Caminho, Verdade e Vida» - 11 de Maio de 1997 - papa João Paulo II

32ª - «Sustentados pelo Espírito, comunicar a esperança» - 24 de Maio de 1998 - papa João Paulo II

33ª - «Mass media: presença amiga ao lado de quem procura o Pai» - 16 de Maio de 1999 - papa João Paulo II

34ª - «Proclamar Cristo nos meios de comunicação social no alvorecer do Novo Milénio» - 4 de Junho de 2000 - papa João Paulo II

35ª - «Anunciai-o do cimo dos telhados: o Evangelho na era da comunicação global» - 27 de Maio de 2001 - papa João Paulo II

36ª - «Internet: um novo forum para a proclamação do Evangelho» - 12 de Maio de 2002 - papa João Paulo II

 

 

 

 

37ª - «Os meios de comunicação social ao serviço da paz autêntica, à luz da Pacem in terris» - 1 de Junho de 2003 - papa João Paulo II

38ª - «Os mass media na família: um risco e uma riqueza» - 23 de Maio de 2004 - papa João Paulo II

39ª - «Os meios de comunicação: ao serviço da compreensão entre os povos» - 8 de Maio de 2005 - papa João Paulo II

40ª - «A mídia: rede de comunicação, comunhão e cooperação» - 28 de Maio de 2006 - papa Bento XVI

41ª - «As crianças e os meios de comunicação social: um desafio para a educação» - 20 de Maio de 2007 - papa Bento XVI

42ª - «Os meios de comunicação social: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade para partilhá-la» - 4 de Maio de 2008 - papa Bento XVI

43ª - «Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de 

 
 

 

 
respeito, de diálogo, de amizade» - 24 de Maio de 2009 - papa Bento XVI
44ª - «O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra» - 16 de Maio de 2010 - papa Bento XVI

45ª - «Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital» - 5 de Junho de 2011 - papa Bento XVI

46ª - «Silêncio e palavra: caminho de evangelização» - 20 de Maio de 2012 - papa Bento XVI

47ª - «Redes sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização» - 12 de Maio de 2013 - papa Bento XVI

48ª - «Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro» - 1 de Junho de 2014 - papa Francisco

49ª - «Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor” - 17 de Maio de 2015 - papa Francisco

 

Fernando Cassola Marques

 

«Superar o Muro»

O livro ‘Superar o muro’ que recorda o abraço entre o Papa Francisco, o líder islâmico Omar Abboud e o rabino Abraham Skorka no Muro das 

 

 
Lamentações, Jerusalém, vai chegar às livrarias portuguesas a 13 de fevereiro. “O gesto diante do muro é motivo para abordar muitos temas que 

 

 

ligam os três intervenientes. Contudo, há dois que urgem inegavelmente: a paz no Médio Oriente e o diálogo inter-religiosos entre os crentes da grande família abraâmica”, assinala a Paulinas Editora.

Um comunicado enviado à Agência ECCLESIA explica que o livro ‘Superar o muro - Diálogo entre um muçulmano, um rabino e um cristão’ é sobre um “gesto profético, espontâneo e genuíno” que foi motivo para uma conversa com dois dos intervenientes, o líder muçulmano e o rabino.

A Paulinas Editora revela que é o rabino Abraham Skorka que desvenda o sentido do momento público que se passou em Jerusalém: «Eu dizia-lhe [a Bergoglio] que o seu programa

 

 

era o do profeta, não o do político. Ele concordava. Nunca mudou de atitude, nunca abandonou o seu léxico».

A obra do padre António Spadaro, da Companhia de Jesus (Jesuíta), para além da sua introdução, conta com as entrevistas a Omar Abboud e Abraham Skorka, e alguns discursos do Papa Francisco na peregrinação à Terra Santa.

 

O também diretor da revista ‘La Civiltà Cattolica’ no final do livro faz um “breve relato” da visita-peregrinação do Papa Francisco e do posterior encontro de oração pela paz com os presidentes de Israel e da Palestina, no Vaticano.

 

 

 

II Concílio do Vaticano: Os rasgos pastorais de D. Florentino de Andrade e Silva

 

Durante o período conciliar (1962-1965), a diocese do Porto teve como administrador apostólico D. Florentino de Andrade e Silva porque o bispo titular, D. António Ferreira Gomes, estava exilado. Apesar de não se conhecer nenhuma intervenção na aula conciliar, D. Florentino de Andrade viveu profundamente o II Concílio do Vaticano e aplicou-o na diocese duriense. Participou em todas as sessões desta assembleia convocada pelo Papa João XXIII.

Nascido a 09 de abril de 1915, o prelado natural de Santa Maria da Feira foi ordenado padre a 31 de outubro de 1937 e no último dia do ano de 1954 foi nomeado bispo titular de Heliossebaste e auxiliar da diocese do Porto. Recebeu a ordenação episcopal a 27 de março de 1955, na Sé do Porto. Devido ao exílio de D. António Ferreira Gomes foi nomeado, pela Santa Sé, administrador apostólico desta mesma diocese, cargo que desempenhou de 08 de outubro de 1959 a 30 de junho de 1969. Depois do regresso glorioso de D. António F. Gomes, o prelado foi nomeado (01 de julho de 1972) bispo da Diocese do Algarve, cargo que desempenhou até 1977.

Durante o seu múnus na diocese portuense, D. Florentino de Andrade “empenhou-se decididamente na extensão do seu espírito e na aplicação concreta à diocese do Porto” (Cf. António Teixeira Fernandes, In: «Para a História da Diocese do Porto – Dom Florentino de Andrade e Silva – Obras e movimentos, escritos pastorais (1959-1969), pág 109). Para além de publicar uma carta pastoral sobre o concílio, 

 

 

 


 

o administrador apostólico reuniu “toda a documentação que no mesmo concílio foi produzida e distribuída entre os padres conciliares” (Obra citada anteriormente).

Esse entusiasmo teve reflexos na pastoral da diocese e para promover e coordenar a ação litúrgica naquele território eclesial, em obediência ao nº 45 da Constituição Conciliar da Sagrada Liturgia e ao nº 47 da respetiva instrução, D. Florentino de Andrade e Silva confere “existência canónica à Comissão Litúrgica Diocesana”. Depois de criada, essa comissão coloca em prática as  

 

normas emanadas do concílio e coloca em sintonia a celebração do culto de acordo com as determinações conciliares.

No decreto, datado de 09 de março de 1965, D. Florentino de Andrade e Silva coloca como presidente da referida comissão D. Alberto Cosme do Amaral e como vogais o padre Domingos de Pinho Brandão, o padre Américo Francisco Alves, D. Geraldo Coelho Dias, O.S.B. e o padre Gabriel da Costa Maia como secretário. A comissão fica incumbida de “impulsionar e dirigir o necessário movimento de renovação neste campo”.

 

Fevereiro 2015

Dia 06 de fevereiro

* Lisboa - Auditório da Escola Secundária Padre António Vieira - Sessão de apresentação da obra completa do Padre António Vieira

 

 

Dia 07 de fevereiro

* Portalegre - Dia diocesano do consagrado

 

* Aveiro - Centro Paroquial de São Bernardo - O Secretariado da Pastoral Juvenil de Aveiro organiza O «[EM]Forma».

 

* Lisboa - Convento de São Domingos - Conferência «A Luz na espiritualidade cristã: Pessoa e dinamismo» integrada no ciclo «De onde nos vem a luz?» e proferida por Teresa Messias

 

* Porto - Casa Diocesana de Vilar - Jornadas diocesanas de Pastoral Familiar com o tema «A alegria do evangelho é a missão da família».

 

* Bragança - Dia diocesano das Oficinas de Oração e Vida

 

 

 

* Santarém - Centro Diocesano de Pastoral - Encontro de responsáveis dos grupos sociocaritativos paroquiais.

 

* Braga – Famalicão - Jornada da Família com a participação de D. Jorge Ortiga

 

* Lisboa - Auditório do Hospital Pulido Valente - Jornada sobre o apoio espiritual ao doente com conferências de D. Manuel Clemente, monsenhor Vitor Feytor Pinto, cónego Luis Manuel Silva e padre Fernando Sampaio.

 

* Lamego - Casa de São José - Conselho pastoral diocesano

 

* Guarda - Jornada de formação pastoral sobre ministérios

 

* Évora – Bacelo - Festa da «Comunidade Fé e Luz» com o tema «Pode a fragilidade ser a luz do mundo?»

 

* Porto - Pedroso (Seminário Carvalhos) - Iniciativa «Conversas com Vida» dedicado a "Modelos Alternativos" promovida pelas Missões Claretianas.

 

 

 

 

 

 

 

* Porto - Gaia (Auditório Municipal) - Sessão musical no encerramento do ciclo «Conversas amplas» promovido pela Paróquia de Vilar do Paraíso.

 

* Fátima - Casa Carmo (antigo convento dos carmelitas) - Iniciativa «Faith Night III» promovida pelo «Carmo Jovem» (07 e 08)

 

Dia 08 fevereiro

O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), da Santa Sé promove o primeiro Dia Internacional de Oração e Sensibilização contra o Tráfico Humano.

 

* Santarém - Assembleia diocesana da Sociedade de São Vicente de Paulo.

 

* Santarém - Torres Novas - Assembleia diocesana da Ação Católica Rural.

 

* Setúbal – Almada - Sessão de formação de animadores da pastoral juvenil sobre aprofundamento bíblico e animação.

 

* Algarve - Ferreiras - Igreja de São Pedro - II Jornadas Diocesanas da Pastoral da Deficiência com o tema «Senhor, todos te procuram».

 

 

 

* Fátima - Casa de Nossa Senhora das Dores - Conferência sobre "«Vamos para o céu». A santidade e a comunhão dos santos» pelo padre Emanuel Silva, Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

 

* Aveiro – Sé - Ordenação diaconal de João Santos

 

* Évora - Fronteira (Igreja de Nossa Senhora da Atalaia) - Ordenação diaconal de Alberto Martins

 

* Fátima - Hotel Santo Amaro - X encontro nacional da pastoral penitenciária com o tema «Dignificar a pessoa presa: Da afirmação à Ação». (08 e 09)

 

* Viana do Castelo - Barroselas (Seminário dos padres passionistas) - Encontro de jovens e animadores promovido pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (08 e 09)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O V centenário do nascimento de Santa Teresa de Ávila vai ser assinalado pelos jovens ligados às congregações carmelitas, com a realização da «Faith Night III», promovida pelo «Carmo Jovem» no dia 7 de fevereiro, em Fátima, e com um colóquio, a decorrer na Universidade Católica em Lisboa, no dia 10 de fevereiro.

 

O Movimento Fé e Luz realiza um encontro nacional no dia 7 de fevereiro. “Pode a fragilidade ser luz do mundo” é o tema do movimento de pessoas com deficiência e suas famílias, que convida os diferentes núcleos do movimento a apresentarem o trabalho que desenvolvem e quer, com esta iniciativa, divulgar a proposta do “Fé e Luz” a novas famílias.

 

A Diocese do Algarve promove as II Jornadas Diocesanas da Pastoral da Deficiência com o tema «Senhor, todos te procuram». Vão decorrer em Ferreiras, na igreja de São Pedro, no dia 8 de fevereiro.

 

O X Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária vai realizar-se, em Fátima, Hotel Santo Amaro, nos dias 8 e 9 de fevereiro. Tem como tema «Dignificar a pessoa presa: Da afirmação à Ação» e quer dar seguimento ao I Congresso Ibérico da Pastoral Penitenciária, realizado em Portugal, em Maio de 2014, procurando formas de concretizar as conclusões aí afirmadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se temos o Batismo, para que precisamos de um sacramento da reconciliação?

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h18

Domingo, dia 08- O Tempo na Saúde

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 09 - Novos cardeais na reforma da Cúria Romana. Entrevista a Octávio Carmo e Manuel Vilas-Boas.

Terça-feira, dia 10 - Informação e entrevista a Cristina Sá Carvalho catequese;

Quarta-feira, dia  11 - Informação e entrevista ao padre Fernando Sampaio sobre a Pastoral da Saúde;

Quinta-feira, dia 12 - Informação e entrevista à irmã Francisca Dias;

Sexta-feira, dia 12 - Apresentação da liturgia de domingo.

 

Antena 1

Domingo, dia 08 de fevereiro - 06h00 - 10 anos da morte da Irmã Lúcia: entrevista à vice-postuladora da causa de canonização, Irmã Ângela Coelho.
 

Segunda a sexta-feira, 09 a 13 de fevereiro - 22h45 - Sabedoria do coração: padre José Manuel Pereira de Almeida (pastoral da saúde); enfermeira Rita Alves; Carlos Alberto da Rocha (associação médicos católicos); terapeuta Célia Coimbra e João António Pereira (federação do voluntariado em saúde)

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

CLICK TO PRAY, rezar na quaresma,
rezar 3 vezes ao dia

Caminhamos rapidamente para o início da Quaresma. Já conhecemos a mensagem do Santo Padre: “Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8)”. Francisco escreve-nos que a Quaresma é um “tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um «tempo favorável» de graça (cf. 2 Cor 6, 2). […] “Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo”.

A oração tem este poder, esta graça, de renovar, de fazer sentir mais povo de Deus, de nos aproximar dos irmãos.

 

Hoje propomos uma aplicação que pode e deve ser usada três vezes ao dia. CLICK TO PRAY. Esta aplicação foi lançada pelo Apostolado da Oração em novembro de 2014  e conta já com mais de 10.000 downloads.

 

 

 
O QUE É O CLICK TO PRAY?

CLICK TO PRAY é uma aplicação que propõe um ritmo de oração em três momentos ao longo do dia: de manhã, durante o dia e à noite. São três propostas muito simples e breves, que criam uma atitude de disponibilidade para fazer aquilo que Deus te irá pedir nesse dia. E verás que “cada dia é diferente”!

 

COMO FUNCIONA O CLICK TO PRAY?

É muito simples. As propostas diárias estão disponíveis em várias plataformas: no site, aplicações móveis, redes sociais (Facebook e Twitter) e mailing.

Na aplicação móvel podes personalizar a tua oração: definir a hora a que queres receber a oração da manhã; durante o dia, definir uma hora para 

 

 


 

 

receber uma frase inspiradora, ou escolher o modo aleatório, para te deixares surpreender pelo pensamento do dia; à noite podes também definir a hora em que queres fazer uma revisão do dia, agradecendo algo bom que tenha acontecido, pedindo perdão por algo que não correu bem e recebendo um desafio concreto para o dia seguinte.

 

Com um slogan breve e expressivo - cada dia é diferente - esta aplicação pretende ser uma resposta extraordinária para as situações quotidianas, nos mais variados 

 

lugares, para as pessoas atuais e utilizando uma linguagem/código atual.

 

A aplicação CLICK TO PRAY “ajuda-te a viver cada dia de forma diferente, com Jesus e unido ao Santo Padre”.

 

Boa Quaresma.

 

Apple| | Android | Site

 

 

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

Ano B – 5.º Domingo Do Tempo Comum

 
 
 
 
 
 
 
Comprometidos com o Evangelho
 

«Ai de mim se não anunciar o Evangelho! Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta. Tudo faço por causa do Evangelho». São algumas palavras de São Paulo na segunda leitura deste quinto domingo comum, texto que é da Primeira Carta aos Coríntios.

A expressão «ai de mim se não anunciar o Evangelho» traduz a atitude de quem descobriu Jesus Cristo e a sua proposta e sente a responsabilidade por passar essa proposta libertadora às outras pessoas. Implica o dom de si, o esquecimento dos seus interesses e esquemas pessoais, para fazer da sua vida um dom a Cristo, ao Reino e aos outros irmãos. Sentirmo-nos comprometidos com o Evangelho e com o testemunho do Reino? Esta exigência encontra eco no nosso coração?

O serviço do Evangelho e dos irmãos nunca pode ser uma instalação numa vida fácil, descomprometida, cómoda, pouco exigente. Aquele que dedica a sua vida ao serviço do Reino não é um funcionário com um horário pouco exigente e um salário agradável, que cumpre as suas horas de serviço, que resolve os problemas burocráticos que a profissão exige e que se retira comodamente para o seu mundo isolado, em paz com a sua consciência. É alguém que está sempre disponível para servir a comunidade, para acompanhar, escutar e acolher os irmãos. O Evangelho do amor deve estar sempre acima dos próprios interesses e tornar-se dom, serviço, entrega total.

Claro que o Evangelho é a própria pessoa de Jesus Cristo. Ele é o Evangelho vivo. Aí está o evangelista São Marcos a nos dizer que isso se concretiza na sua pregação e ação: palavras e gestos concretos vão a par e passo, sempre

 

 

 

 

 

 

 

 

 a partir do coração acolhedor do Evangelho que nos transforma por dentro. Só assim somos credíveis no nosso testemunho e anúncio. Como os seguidores de então, devemos ser hoje discípulos missionários que têm o Evangelho como alimento essencial.

«Ai de mim se não evangelizar!» Não podemos fazer o impossível, mas devemos testemunhar a nossa fé na Boa Nova: na nossa maneira de reagir face às preocupações da vida, à grave crise económica que estamos a passar, aos problemas de saúde e às incertezas nas nossas relações, na 

 

nossa maneira de misturar ou não Deus nos problemas das pessoas, nas palavras de alívio que podemos dizer a todo aquele que procura, que duvida, que sofre, ou ainda nas palavras de esperança que podemos ousar dizer, com respeito, face a uma situação difícil. Anunciar com entusiasmo o Evangelho é deixar simplesmente transparecer a sua força que nos habita e transforma.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Diocese de Santarém
prepara Sínodo sobre a Família

O bispo de Santarém pretende que a diocese “participe ativamente” na reflexão e estudo do documento preparatório do Sínodo dos Bispos 2015, e atribuiu a cada uma das setes vigararias “um certo número de questões”. “Procure-se o melhor modo de envolver as comunidades 

 

paroquiais, os Conselhos Vicariais, incluindo as comunidades religiosas, equipas dos Cursos de Preparação para o Matrimónio (CPM), Encontros de Preparação para o Matrimónio (EPM), pastoral familiar, movimentos e serviços eclesiais presentes em cada vigararia”, apela a informação 

 

 

 

 

divulgada no sítio na internet.

Todas as vigararias (grupos de paroquias) podem também responder às questões que “entenderem serem mais pertinentes para o grupo”. A 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos vai ser dedicada ao tema ‘A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo’ e neste contexto é pedido “especial empenho” às equipas da pastoral familiar, nomeadamente, às questões 28 a 31.

 
 
A diocese destaca também a “importância” e “pertinência” das perguntas número 38 e 41, respetivamente sobre o acesso dos divorciados recasados à comunhão sacramental e, entre outras coisas, sobre os métodos de controlo da natalidade e da procriação medicamente assistida.

A Diocese de Santarém pede ainda que todas as respostas sejam enviadas para endereço de correio eletrónico diocstr@sapo.pt até 28 de fevereiro.

 
Beja

O bispo de Beja revelou que a diocese está a promover a participação das comunidades no questionário que acompanha o documento preparatório do próximo Sínodo dos Bispo sobre a família, reformulando algumas perguntas e definindo as “mais prioritárias”. “Com o D. João Marcos (bispo coadjutor) estamos a tentar reformular algumas perguntas e ver aquelas que são mais prioritárias, não tendo medo dos problemas difíceis e lançar isso através das paróquias, dos  movimentos”, explicou D. António Vitalino, à Agência ECCLESIA.

O bispo de Beja considera que “nem todas” as 46 perguntas do documento preparatório (lineamenta) para o Sínodo 2015 têm a “mesma aplicação” no Alentejo com um público “muito diferente”.

Nesse sentido, revela que hoje muitas pessoas “não têm uma família regular”, algo que o prelado constata “sobretudo nos sacramentos”, o que motiva a encontrar caminhos “não de nova doutrina” mas procedimentos pastorais para que as “famílias feridas se sintam acolhidas” e que “não estão excluídas” da vida da Igreja.

 

 

Os desafios do Papa aos consagrados

O Papa disse no Vaticano que os membros das instituições de vida consagrada na Igreja Católica têm de se distinguir pela obediência e a alegria, rejeitando uma vivência da fé “light”. “Que estejamos livres de viver a nossa consagração de maneira ‘light’ (sic) e desencarnada, como se fosse uma gnose, que reduziria a vida religiosa a uma caricatura, na qual se faz um seguimento sem renúncia, uma oração sem encontro, uma vida fraterna sem comunhão, uma obediência sem confiança, uma caridade sem transcendência”, referiu, durante a homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro, por ocasião do Dia da Vida Consagrada.

Francisco desafiou cada consagrado seguir o “caminho da obediência” de Jesus e a viver na alegria. “Sim, a alegria do religioso é consequência do caminho de abaixamento com Jesus”, assinalou. Para um religioso, acrescentou o Papa, “avançar é ser mais pequeno, no serviço”.

A Missa teve a participação de centenas de membros de institutos de vida consagrada masculinos e femininos, institutos seculares e 

 

sociedades de vida apostólica, para além de responsáveis dos organismos do Vaticano para este setor.

Francisco recordou que os fundadores das ordens e congregações apresentavam uma “regra”, a partir do Evangelho. “O Espírito Santo, na sua criatividade infinita, exprime-o em várias regras de vida consagrada, mas todas nascem do seguimento de Cristo”, explicou.

O Papa apresentou uma reflexão sobre a sabedoria, que mais do que algo “abstrato”, é fruto de “um longo caminho na via da obediência” à lei de Deus. “Às vezes, Deus pode dar o dom da sabedoria a um jovem, basta que esteja disponível a percorrer o caminho da obediência e da docilidade ao Espírito”, sustentou.

Essa atitude, precisou, não é “teórica”, mas exige “docilidade e obediência” ao fundador, a uma regra concreta, a um superior, à Igreja. “A revigoração e a renovação da vida consagrada acontecem através de um grande amor à regra e também através da capacidade de contemplar e escutar os idosos da congregação”, observou o Papa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A celebração começou com a bênção

das velas, uma tradição anual desta Missa de 2 de fevereiro, festa litúrgica da apresentação de Jesus no Templo, 40 dias depois do Natal. O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades 

 

de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz, dirigiu-se ao Papa Francisco no final da Missa para manifestar a intenção dos presentes de responderem aos seus desafios, como "consagrados e consagradas felizes e alegres”.

 

 

Desafios à Vida Consagrada

(Continuação da edição anterior)

 

Viver um cristianismo
lúcido e crítico

Prestamos um mau serviço à Igreja com a nossa má formação, ignorância e ingenuidade. Os tempos de hoje exigem pessoas esclarecidas, adultas na fé, que saibam conciliar razão e fé. A melhor forma de evitar fundamentalismos é manter uma constante vigilância crítica sobre a própria forma como se está a viver a religião. Se se deseja dialogar e construir pontes com o nosso próximo, sejam eles crentes, agnósticos, ateus ou membros de outras religiões, é preciso que a fé e a razão se apoiem, já que a razão, como nos assegura a tradição cristã, é um ótimo instrumento para depurar a própria fé.

Senhor, tu que és o Bom Jesus deste Monte, não sei falar-Te nesta hora porque ela pertence-Te, é a Tua hora! Mas permite que esteja aqui ao teu lado como ladrão arrependido, que traz na alma o desejo de estar contigo!

 

 
A esperança como horizonte

O crente é testemunha de esperança. Ele deposita a sua confiança no Pai, mesmo na noite mais escura do abandono e do sarcasmo público. E confia porque deu tudo o que tinha e deu-Se totalmente. Quem deu tudo já não pode perder nada! Confia, somente, e entrega-se n’Ele: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito”. De seguida, surge a exclamação de um chefe dos soldados romanos, um centurião, que ao ver como aquele homem afrontou aquela morte disse: “Realmente este homem era Filho de Deus”. Este pagão torna-se discípulo, crente em Jesus ao ver a forma como se entregou! Quem faria uma tal confissão de fé no momento em que tudo parece acabar? Ora, o cristão não tem medo, não cai no desânimo, nem sente a sensação do fracasso, porque ele sabe em quem confiou!

Fica, Senhor, comigo na minha noite e ilumina os meus passos vacilantes com o Sol da Tua Páscoa!

Padre Eduardo Jorge Gomes

da Costa Duque

Diretor da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga

 

 

 

Ser consagrado. Entrevista ao padre António Pedro e irmã Paula Jordão

 

 

 

Lisboa: Dia do Consagrado 

 

 

Nigéria: Os atentados que o mundo finge desconhecer

Insuportável silêncio

Nem todas as mortes nos comovem por igual. O mundo indignou-se com os atentados terroristas em Paris e esqueceu-se dos milhares de mortos na Nigéria, vítimas do mesmo fanatismo religioso, do mesmo terrorismo, da mesma barbárie.

 

Dia 3 de Janeiro. Mohamed Bukar nunca mais vai esquecer este dia. Estava em Maiduguri, uma cidade nigeriana junto da fronteira com os Camarões. Era cedo, o céu estava ainda escurecido quando se começaram a ouvir as primeiras explosões, as rajadas de metralhadoras. Todos compreendessem que a cidade estava a ser atacada pelos islamitas do Boko Haram. Mohamed nem pensou duas vezes. Meteu toda a família no carro e fugiu. O que viu ficou-lhe gravado na memória. “Vi corpos nas ruas. Crianças, mulheres, alguns a gritar por socorro.”

Abubakar Gulama não tinha carro. Fugiu a pé. Correu cerca de 40 quilómetros até Monguno. “Toda a cidade estava em chamas”, explicou dias depois. “Havia corpos no chão, 

 

em todo o lado.” Hoje, o que viu persegue-o. Como conseguir esquecer tamanha tragédia?

 

Situação crítica

O Bispo de Maiduguri, D. Dashe Doeme, é um homem inconformado. Quatro dias depois deste massacre, onde terão morrido mais de duas mil pessoas, o mundo ficou em choque pelo atentado terrorista contra o Charlie Hedbo. O mundo chorou doze pessoas abatidas a sangue-frio por um comando terrorista ligado à Al Qaeda. Porém, o mesmo mundo ficou em silêncio perante mais de 2 mil pessoas assassinadas numa operação terrorista numa cidade nigeriana. Diz o bispo: “metade das pessoas já fugiu de suas casas. A situação é crítica. O mundo ocidental tem de fazer alguma coisa.” O mundo ocidental ficou em silêncio. Só no ano passado terão morrido mais de 10 mil pessoas vítimas do Boko Haram. Na Nigéria, este grupo terrorista tem proclamado a “libertação” das regiões que controla, ameaçando com incursões militares em países da região. 

 

 

 

 

Agora, ninguém se sente seguro.

14 de Abril de 2014. Mais de 200 raparigas são raptadas numa escola em Chibok, no nordeste da Nigéria. Dias depois, o líder do Boko Haram afirma tê-las raptado e que ia “vendê-las no mercado”. O destino destas jovens estava traçado: raptadas, escravizadas, iam ser vendidas como mera mercadoria. O mundo depressa esqueceu os rostos destas raparigas e deixou de se comover com a sua sorte.

Muitos dos que morreram agora, no massacre de Maiduguri, muitos dos que foram forçados a fugir, são 

 

Cristãos. A Nigéria é um país muito longínquo. D. Dashe Doeme, pede-nos as nossas orações e que façamos alguma coisa pelo seu povo, pela sua diocese. “Caramba. Vivemos uma enorme ameaça. O futuro da igreja está em risco. Em certas zonas já não há cristãos.” Será que o mundo não se comove com a tragédia do povo Nigeriano? Até onde iria a indignação do mundo se no ataque contra o jornal Charlie Hedbo tivessem morrido duas mil pessoas?

Paulo Aido
 www.fundacao-ais.pt

 

 

Em família, ao serviço do desenvolvimento

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

‘O Desenvolvimento é o nome novo da Paz’ – proclamou bem alto o Papa Paulo VI na sua grande encíclica sobre o progresso dos povos. A história tem-lhe dado razão e a Doutrina Social da Igreja fez do desenvolvimento um dos seus temas maiores.

O mundo anda a muitas velocidades e, enquanto uns têm tudo e usam tecnologias de ponta, outros não têm nada ou quase. Esta injustiça estrutural é gritante e há que combatê-la por todos os meios. Os missionários, desde há séculos, aliam o anúncio do Evangelho e a animação pastoral das comunidades cristãs aos projetos de desenvolvimento. Assim, ao lado da Igreja, sempre encontramos Escolas, Postos de Saúde, Oficinas de muitas artes e ofícios, desde a mecânica automóvel, a carpintarias, tipografias, serralharias… Também é imagem de marca das Missões antigas a aposta na agricultura e criação de gado. Assim se garantia o sustento da Missão com todas as suas estruturas mas, ao mesmo tempo, se ensinavam as pessoas a cultivar a terra e criar gado, tornando a vida das famílias mais digna e com melhores condições. Não se trata apenas de uma lógica de sobrevivência, mas o rasgar de caminhos de mais progresso.

Nos últimos tempos, com a partida de tantos leigos para as linhas da frente da Missão, assistimos a um fenómeno extraordinário: há família inteiras a partir, ficando um largo tempo numa terra longe da sua, investindo e formando as populações locais em áreas como a construção civil, a informática, 

 

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

a saúde, a educação, os direitos humanos, isto para apenas referir alguns casos que conheço. Podemos assim dizer que não estamos a falar de pessoas individuais que saem da sua terra e vão partilhar o que são e têm com populações mais empobrecidas, mas são famílias inteiras que, como família, se colocam de alma e coração ao serviço do desenvolvimento.

É verdade que hoje os tempos são marcados pela globalização e é mais 

 

fácil viajar, defender-se de doenças e mesmo de comunicar. É uma vantagem em relação aos velhos missionários de há 50 anos atrás. Mas a ousadia de partir em família não está isenta de riscos e, sobretudo, combate uma das maiores doenças dos nossos tempos: o egoísmo que me leva a fechar em mim mesmo e a não pensar mais nos outros que precisam de mim.

Ousar partir em família é dar um contributo precioso para que o mundo fique mais desenvolvido, mais rico.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair