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Octávio Carmo
Paternidade
João Miguel Tavares
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Foto da capa: Sónia Neves Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Jubileu da Misericórdia
Nova Basílica em Portugal
Celebrar a paternidade[ver+]
Octávio Carmo | José Luís Gonçalves | Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | Luis Filipe Santos | Alexandra Viana Lopes |
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Assumir a paternidade |
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As sociedades ocidentais vivem num paradoxo existencial: ao longo dos últimos séculos têm visto crescer as reivindicações de fraternidade, mas foram perdendo o sentido de paternidade. Ao pai correspondeu, durante demasiado tempo (infelizmente), a ideia de uma figura autoritária, que impede a afirmação do indivíduo em liberdade dos seus filhos. Vale a pena assumir o discurso da ternura e da proximidade - tão presente no atual pontificado - e, mais |
do que isso, assumir a paternidade. O momento em que o homem vê a sua vida transformar-se em algo maior do que si próprio implica mudanças, sacrifícios, abnegação e traz consigo recompensas inesperadas, de realização interior e de sentido. Assumir a paternidade na sociedade atual, entenda-se, é mais do que ter filhos. Não é um mero ato mecânico. É entrar na maturidade humana, espiritual, intelectual, abandonar a centralidade egoística e entender o outro como uma responsabilidade pessoal e coletiva. Do ponto de vista católico, implica também, necessariamente, reaprender a sentir-se filho de Deus, redescobrindo a sua identidade como Amor e não desfigurando o seu rosto, com as reduções injustas a um elenco de regras e proibições. O avanço dos tempos tem mostrado, de forma indiscutível, que não é possível construir uma sociedade verdadeira fraterna sem este sentido genuíno e profundo da paternidade.
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A experiência de vida de um bispo ilhéu (D. António de Sousa Braga) numa homilia aos «colaboradores» da Conferência Episcopal Portuguesa. |
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- «Mais de uma década a levar às igrejas do Baixo Alentejo uma seleção de música de excelente qualidade, pensada numa articulação com o património arquitetónico e natural» (Manuela Paraíso, Jornal de Letras – 18 a 25 de março de 2015)
«Em pouco tempo, Bergoglio tornou-se o pragmático da reforma da Igreja Católica. Não se ficou pelo Banco do Vaticano e pela Cúria Romana, apesar de todas as resistências aí instaladas» (Frei Bento Domingues, Jornal «Público» - 15 de março de 2015).
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«O que nós percebemos é que a sensibilidade do Santo Padre lhe aflora aos olhos. Às vezes também com as lágrimas. Que não são de sermão, mas da dura realidade do sofrimento de Jesus Cristo, que ele sente e acolhe, vivo, nos pobres, nos marginalizados, nos sós, nas vítimas de toda a espécie de violência» (Querubim Silva, Jornal «Correio do Vouga» - 18 de março de 2015)
«Para já, o primeiro-ministro afastou a turbulência acumulada à sua volta com explicações embrulhadas que foi dando sobre as suas dívidas à Segurança Social» (Público 15 de março de 2015) |
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Santuário de São Bento da Porta Aberta,
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O Santuário de São Bento da Porta Aberta vai receber este sábado o título de ‘basílica menor’, numa cerimónia presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, a partir das 11h00. A decisão tinha sido anunciada a 11 de fevereiro, pelo arcebispo primaz, durante uma Missa a que presidiu no local de culto situado em Rio Caldo, Terras de Bouro. “O facto de assinalarmos os 400 anos com esta solenidade, a Igreja confirma que este não é um santuário qualquer mas honra-o com a dignidade de uma basílica. Foi o povo que impôs esta |
devoção sobretudo pela afluência de fiéis”, explica o presidente da mesa administrativa da Irmandade de São Bento da Porta Aberta. O título de basílica é concedido pela Santa Sé a certas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações.
Peregrinos que, segundo o padre Fernando Monteiro, para além da devoção ao patrono da Europa, também peregrinaram com sol, chuva e vento “desejosos” do que São bento “deu ao longo da história à Igreja e ao próprio mundo”.
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À Agência ECCLESIA, o sacerdote contabiliza “milhões de peregrinos” que ao longo do ano deslocam-se ao santuário a pé, de bicicleta, de autocarro “não” só nas grandes festividades, com “motivações estreitamente religioso”, mas também atraídos pela “beleza” do Parque Natural Peneda-Gerês.
“É precisamente a fraternidade que queremos construir. Ao longo destes anos, muitas pessoas não crentes, atraídas pela beleza do Gerês, um lugar paradisíaco, não ficaram indiferentes e através da natureza chegaram ao criador”, observou o sacerdote. Neste contexto, o presidente da mesa administrativa da Irmandade de São Bento da Porta Aberta assinala que em Rio Caldo, Terras de Bouro, estãosituados dois santuários, o |
edificado e religioso onde “se venera São Bento, pai da Europa”, e o santuário natural. Segundo a página oficial do Santuário, o culto a São Bento, em Rio Caldo, deve a sua origem à influência dos monges de Santa Maria de Bouro, remontando ao século XVII: O atual Santuário foi reconstruído no século XIX, tendo sido inaugurado um novo espaço de culto, junto ao templo primitivo, em 2002. O responsável revela que a Irmandade de São Bento da Porta Aberta sente-se “muito honrada” e “comprometida” pela celebração deste acontecimento. “Hoje somos apenas uns meros
instrumentos de que Deus se serve para fazer esta transmissão da devoção a São Bento. Que seja o corolário de um novo empenhamento de evangelização na diocese e em Portugal”, observou.
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Emigração exige mudanças de fundo
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A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) afirmou que o novo plano estratégico do Governo para o setor, que passa por incentivar os regressos ao país, tem de ser acompanhando por “mudanças estruturais de fundo”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Eugénia Quaresma saúda o esforço que está a ser feito, mas alerta que, para os emigrantes portugueses acreditarem que vale a pena voltar, não basta acenar com apoios financeiros. “Estas medidas, para vingarem, vão ter de mexer também com as estruturas do país, com os seus serviços, com a capacidade de acolher e integrar o valor que estas pessoas têm”, salienta aquela responsável. Para a diretora da OCPM, os maiores obstáculos ao projeto do Governo serão a excessiva “burocracia” e o modo como muitas vezes os aspetos funcionais ou processuais “não permitem às pessoas voarem mais alto, mostrarem o seu potencial”. Eugénia Quaresma recorda que “a intenção do Governo não é nova”, pois começou a ser manifestada “há dois ou três anos”. |
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Apesar disso, nesse período muito portugueses, cerca de 300 mil, continuaram a sair do país em busca de um futuro melhor, algo que na opinião da responsável católica mostra que é preciso consolidar melhor os passos que estão a ser dados. “Nós sabemos que houve pessoas que emigraram justamente porque o empreendedorismo falhou aqui em Portugal”, recorda.
O Plano Estratégico para as Migrações 2015-2020 prevê apoios financeiros à contratação de emigrantes desempregados ou à criação de emprego próprio. No que respeita ao autoemprego, estão previstos incentivos na ordem dos 10 a 20 mil euros por projeto, comparticipados pela União Europeia. “No início, o discurso estava muito baseado nos talentos, nas pessoas qualificadas que iam para fora. A grande novidade agora é que se quer também trazer as pessoas que estão lá fora e que estão desempregadas. Vamos ver como é que isto se concretiza na prática”, refere Eugénia Quaresma. |
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25 anos ao serviço do desenvolvimento e capacitação em países lusófonos |
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A Fundação Fé e Cooperação (FEC) comemora, ao longo de 2015, 25 anos de atividades marcadas pela promoção humana e pelo desenvolvimento solidário das populações mais carenciadas, nomeadamente nos países lusófonos. “É um ano que nos faz pensar no futuro e preparar os próximos 25 anos. Estamos a celebrar a Quaresma com as dioceses portuguesas mas ao longo do ano vamos ter oportunidade de celebrar com quem está mais próximo da FEC”, explica a diretora executiva da fundação católica. À Agência ECCLESIA, Susana Réfega revela este aniversário é um momento de “reflexão e avaliação” das questões da cooperação para o desenvolvimento, do trabalho nos outros países e do “papel da Igreja nesta área”.
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Com ação por exemplo na Guiné-Bissau, em Angola e Moçambique, a FEC trabalha pela capacitação das populações em áreas como a educação, saúde, alimentação.
Segundo Ana Patrícia Fonseca, a fundação procura ter um trabalho de “influência politica” e de advocacia social” para promover “alterações estruturais” e influenciar a opinião pública, a fim de que esta conheça “questões de justiça social, de desenvolvimento global”. A responsável destaca ainda o trabalho de coordenação com uma rede de organizações de voluntariado missionário, desde o final dos anos 90, e o programa específico ‘Move-te pela mudança’, com professores de Educação Moral e Religiosa Católica.
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Fundação Ajuda à Igreja que Sofre visita cristãos no Líbano e Iraque |
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EMRC: Semana Nacional assinala importância da «mensagem cristã»
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Papa convoca Jubileu da Misericórdia |
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“Pensei muitas vezes no modo como a Igreja pode tornar mais evidente a sua missão de ser testemunha da misericórdia. É um caminho que começa com uma conversão espiritual; e devemos fazer este caminho. Por isso decidi proclamar um jubileu extraordinário que tenha no seu centro a misericórdia de Deus. Será um Ano santo da misericórdia” Foi desta maneira que o Papa Francisco anunciou, durante uma celebração penitencial na Basílica de São Pedro, o Jubileu da Misericórdia que a Igreja Católica vai celebrar entre 8 de dezembro deste ano e 20 de novembro de 2016, dia da solenidade de Cristo-Rei. O Papa defendeu que “ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus” e que a Igreja “é a casa que acolhe todos e não recusa ninguém”. “As suas portas estão escancaradas para que todos os que são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior é o pecado, maior deve ser o amor que a Igreja manifesta aos que se convertem”, realçou. |
À imagem do que fez em 2014, durante o ‘rito pela reconciliação dos mais penitentes’, com absolvição individual, o Papa começou por se confessar, antes de dirigir-se a outro confessionário para ouvir algumas pessoas.
A abertura do próximo jubileu, o primeiro desde 2000, vai decorrer no 50.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II e, segundo explica a Santa Sé, em comunicado de imprensa, “adquire um significado particular, impelindo a Igreja a continuar a obra começada com o Vaticano II”. O Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, responsável pela organização das celebrações deste jubileu, recorda em nota oficial que o Papa tinha afirmado no início de 2015 que se vivia “o tempo da misericórdia”. Este é um tema muito presente no atual pontificado e já como bispo Jorge Mario Bergolgio tinha escolhido como lema ‘miserando atque eligendo’, que evoca uma passagem do Evangelho segundo São Mateus: “olhou-o com |
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misericórdia e escolheu-o”. O diretor do Apostolado da Misericórdia de Deus em Portugal acredita que o ano jubilar convocado pelo Papa dará “novo alento” à divulgação de uma mensagem essencial, muitas vezes encarada como “apenas mais uma devoção”. Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o padre Basileu Pires realça que “a misericórdia, mais do que |
uma devoção”, é “um bálsamo, uma cura para uma sociedade cheia de angústias”. É também expressão “do amor absolutamente gratuito de Deus por todos os homens”, que são “chamados a viver” essa dimensão, “na mesma medida”, nas suas comunidades.
LER MAIS: Elenco dos Jubileus |
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Francisco condena atentado na Tunísia |
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O Papa Francisco afirmou a sua “firme condenação do atentado terrorista desta quarta-feira na Tunísia, que provocou 24 mortos e mais de 50 feridos, que considera um ato “contra a paz e a sacralidade da vida humana”. Em telegrama enviado hoje ao arcebispo de Tunes, D. Ilario Antoniazzi, o Papa manifesta a sua tristeza pelo “grave atentado”, associando-se à dor das famílias enlutadas e do povo tunisino. Também o secretário de Estado do Vaticano condenou o atentado terrorista, que classificou o ataque como “uma coisa muito cruel e desumana, verdadeiramente inconcebível”. O atentado aconteceu em Tunes, |
capital daquele país da África do Norte, quando “um grupo de homens armados com metralhadoras” começou a disparar contra turistas no Museu Bardo, próximo do parlamento tunisino. As vítimas do ataque têm “nacionalidade espanhola, italiana, polaca, sul-africana, colombiana e brasileira”. Segundo o serviço de informação da Santa Sé, “algumas fontes indicam que o alvo inicial do grupo seria o parlamento, onde os dois homens armados teriam sido bloqueados na entrada pela segurança do edifício”. “No interior do parlamento decorria o debate sobre a nova lei antiterrorista proposta pelo governo da Tunísia”, refere a mesma nota. |
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Sociedade impede crianças de nascer
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O Papa Francisco afirmou que a Igreja e a humanidade têm de valorizar sempre o “dom” que as crianças representam, lamentando que a sociedade esteja a ficar “cinzenta” porque as exclui. “Hoje vou centrar-me no grande dom que as crianças são para a humanidade. É verdade e obrigado por aplaudirem, são o grande dom para a humanidade, mas são também as grandes excluídas, porque nem sequer as deixam nascer”, afirmou, perante milhares de pessoas na Praça de São Pedro, que aplaudiram a intervenção. Francisco sustentou que é possível “julgar a sociedade pela forma como as crianças são tratadas”, afirmando que estas trazem “vida, alegria e |
esperança”. “Trazem também, certamente, preocupações e às vezes problemas, mas é melhor uma sociedade com estas preocupações e estes problemas do que uma sociedade triste e cinzenta porque ficou sem crianças”, assinalou. As crianças, precisou o Papa, ajudam a compreender melhor que o ser humano não pode ser autossuficente. “Todos precisamos de ajuda, de amor e de perdão”, referiu. Francisco observou, por outro lado, que os mais pequenos ajudam todos a ter a consciência de que são sempre “filhos”. “Isto significa que a vida não tem origem em nós mesmos, mas recebemo-la; o grande dom é o primeiro presente que recebemos, a vida”, precisou. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Três tradições culturais que ajudam a compreender a sede pelo espiritual |
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José Luís Gonçalves |
Em Inteligencia Espiritual de Francesc Torralba (2010, Plataforma Editorial), o autor desenvolve a ideia segundo a qual todo o ser humano, independentemente das suas opções religiosas ou laicas, dispõe de uma inteligência espiritual que deve ser cultivada, em associação com outras formas de inteligência, como condição de desenvolvimento integral da pessoa e até das culturas e dos povos. Ora, se existe hoje relativo consenso a respeito desta tese, não é menos verdade que o Ocidente nasce culturalmente de diferentes tradições/conceções de ser humano e daquilo a que se designa por espiritual. A nossa civilização ocidental/mediterrânica resulta de três cidades-símbolo responsáveis por influências culturais distintas: Jerusalém, Atenas e Roma. Nestas, nasceram três ideias-guia clássicas a respeito do significado de espiritual que ainda hoje influenciam as nossas visões de ser humano e de mundo: Em Atenas, com Platão nasce a ideia do ‘homem racional’. Este ‘homem racional’ é quase equivalente a ‘homem espiritual’ na medida em que a alma, sendo imaterial e imortal, é a parte nobre e mais importante do ser humano em comparação com o corpo material. Neste sentido, racionalidade é quase sinónima de espiritualidade, pois a atividade superior do homem consiste na vida contemplativa, na exigência de uma vida moral superior a favor da vida do ‘espírito’, |
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como Platão explicita na imagem do cabelo em Fedro. A vida moral tem como meio instrumental a virtude e a necessidade da sua prática mediante a ascese. Em Roma, Séneca propõe a ideia do ‘homem virtuoso’. Nascido do estoicismo como filosofia de vida grega, o homem virtuoso romano prima pela austeridade, piedade e abnegação e, como modelo educativo, imprimem-se-lhe as características da firmeza de carácter, do espírito de sacrifício, do autodomínio e da superação das paixões. O ideal de homem sábio é a virtude – que é de caráter intelectual – e a indiferença perante os bens materiais, princípio da liberdade interior unificada do sábio. Em Jerusalém, e com Bíblia, nasce a ideia de ‘homem espiritual’. Para esta, o ideal de homem não é o conhecimento racional, como em Platão, nem a virtude pela virtude, |
como em Séneca, mas a relação ‘salvífica’ e dialógica que um Deus vivo (um Outro não disponível), único (anti idolatria) e transcendente (contra os antropomorfismos) propõe ao homem, mediante uma vida espiritual. Esta revolução cultural confere ao homem uma dimensão ‘transcendental’, pela qual aceita Deus como sua origem, meio e fim. Nesta conceção, o centro antropológico desloca-se da cabeça para o coração, definindo-se o homem como um intrincado de bondade e maldade, de indigência e de esperança, à espera de resgate – salvação – dessa sua condição contraditória da existência. Deus é o seu para onde … Não obstante esta diversidade cultural ocidental, constata-se que todas são portadoras de um iniludível desejo de transcendência inscrito nas profundezas do coração humano, uma aspiração à felicidade incondicionada que deve ser cultivada e educada. |
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Pensar na juventude
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Novas perspetivas surgem e, sem dar conta, vemos o futuro com um olhar diferente. Desde o momento em que se vive a experiência da paternidade, pela primeira, segunda ou terceira vez (não importa), deixamos que pensar no futuro a partir de nós mesmos e da nossa condição pessoal e passamos a pensar muito mais no futuro dos nossos filhos. Que desafios irão encontrar quando forem jovens? Na Pastoral de Jovens também é nossa preocupação preparar o futuro dos jovens. Essa preparação passa por conhecer as expectativas que os jovens de hoje criam em relação ao futuro, ouvindo o que eles têm para dizer. Para além de ouvir é importante criar oportunidades dos mesmos jovens participarem na comunidade e de se assumirem em diferentes áreas. E, por fim, cabe a todos nós, família, igreja e sociedade educar, formar, apoiar e deixar que cada um descubra a sua vocação e construa o seu |
caminho dentro da liberdade que é dada para a opção pessoal. Como pai é também isso que desejo: um futuro capaz de acolher e apoiar cada um na fluidez da vida, independentemente das expectativas, dos receios ou das decisões que tomarem. Que a felicidade esteja sempre no horizonte do meu filho, que possa fazer a descoberta pessoal de ter Deus sempre consigo e de poder anunciá-lo aos outros. Sabendo que, o futuro começa a ser construído no presente eu procuro cuidar da Pastoral de jovens, embora com perspetivas diferentes, como cuido do meu filho: com muito cuidado, carinho e muito Amor.
Alberto Gonçalves, coordenador do Departamento Arquidiocesano da Pastoral de Jovens de Braga, para o DNPJ |
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Fátima Jovem 2015
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Ser pai |
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Lígia Silveira |
Um dia uma mãe teve duas filhas gémeas que nasceram prematuras. Durante algum tempo, as crianças viveram numa incubadora. Um dia, a mãe aproximando-se dos ventres artificiais, percebeu que o ritmo cardíaco de uma das suas filhas estava acelerado. O ambiente externo não seria tão confortável como o ventre materno, quente e protetor, onde o ritmo do coração da mãe é audível e conforta. Olhando para as enfermeiras, ficou evidente a incapacidade de compreender o que se estava a passar. Num instinto, a mãe aproximou-se da incubadora e colocou a mão por cima da cabeça da sua filha, afagando-a e o ritmo começou a baixar até voltar ao normal. A história das gémeas é verdadeira, mas poderia ser uma metáfora para qualquer pessoa. Evoco esta história no dia em que a tradição católica assinala a paternidade de São José e a história portuguesa celebra o Dia do Pai porque acredito que todos somos convidados a baixar o ritmo cardíaco de quem conhecemos em diferentes expressões e situações que atravessamos. Neste episódio a figura da mãe poderia ser substituída por um cidadão que se dispõe à escuta, podíamos encontrar uma instituição que auxilia na fragilidade, um médico ou um sacerdote que cura, qualquer uma pessoa que cria e ajuda a cuidar. Todos somos filhos; nem todos serão progenitores. Contudo, todos podemos ser pais enquanto protetores e benfeitores da causa comum – e que razão haverá maior do que cuidar de um ser humano? |
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Recorda o dicionário que «pai» é aquele que foi progenitor, que exerceu funções paternas, que é “criador e fundador”. São ações que tantas vezes se atribuem a pessoas concretas mas que dificilmente reconhecemos em instituições. Assimilamos gestos, até carismas, ações solidárias mas dificilmente identificamos funções de paternidade num Estado que se deseja social. Como é que hoje nos sentimos filhos e pais uns dos outros, com olhar atento, capaz de cuidar, dando liberdade?
Neste dia do Pai, que provoca alegrias e sorrisos em muitas pessoas, |
memórias felizes em tantas outras ou saudades de um tempo vivido, queria evocar em especial aqueles que cresceram e se constituíram longe da figura efetiva de um pai. O afago e a normalização do ritmo cardíaco teve outra proveniência, mas por certo aconteceram. E vão acontecendo, haja disponibilidade, capacidade de escuta e amor. É esta dimensão de proximidade e contacto que nos torna humanos e seres em relação. Só desta forma se conhecem dificuldades, fragilidades e necessidades e só através desta ligação é que podemos ser medidores das tensões uns dos outros. |
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A solenidade de São José é a data escolhida para a celebração do Dia do Pai, uma festa que evoca uma figura tão fundamental para a vida humana e para a fé cristã. O dossier apresentado pela Agência ECCLESIA passa em revista questões teológicas, sociais e jurídicas ligadas à paternidade, a que se soma uma entrevista ao jornalista e cronista João Miguel Tavares, numa reflexão sobre o que significa ser pai hoje e como se fala publicamente disso. |
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Ser pai no século XXIA Agência ECCLESIA sentou-se para uma conversa com o jornalista e cronista João Miguel Tavares sobre a sua experiência de paternidade, que durante muitos anos deram origem a reflexões, recheadas de bom humor, publicadas num jornal nacional. Neste Dia do Pai, fomos saber como tenta compatibilizar o ser marido, pai e ter uma profissão muito exigente.
Entrevista de Luís Filipe Santos
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Agência ECCLESIA (AE) –Como é ser pai de quatro filhos em pleno século XXI? João Miguel Tavares (JMT) – É, certamente, muito diferente do que ser pai nos séculos anteriores. Mesmo muito diferente. Acho que houve uma verdadeira rutura neste século. Ser pai no século XII, XIII ou XIV podia ser muito parecido, mas, hoje, é radicalmente diferente. Acho que, às vezes, as pessoas não têm consciência disso. Existe uma larga tradição do movimento feminista na luta pelos direitos das mulheres, mas existe uma falta de reflexão sobre o que é ser pai nos tempos atuais.
AE – Esse papel mudou de forma radical. JMT – A nossa presença dentro de casa é muitíssimo maior do que a dos nossos pais. E as nossas exigências, enquanto pai, são muitíssimo superiores. Com a graça ou o azar, para nós pais, se estamos bem
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preparados para enfrentar esse papel. Tenho a teoria de que o papel do pai, hoje em dia, é um bocadinho angustiado. E isso não é devidamente valorizado, inclusive pelas próprias esposas. Da mesma maneira que houve o movimento da mulher para fora de casa, houve o mesmo movimento inverso do homem para dentro de casa. O homem, tal como a mulher, tem de trabalhar, mas também tem de cuidar dos filhos. Atualmente, não existe um pai que possa dizer – a não ser com grande dose de vergonha – que não sabe mudar uma fralda. Recordo-me que o meu pai já ajudava nas lides domésticas e já lavava a loiça. Estás em casa, és um igual, ainda que as mulheres se queixem, e com razão, que o papel do homem e da mulher continua a não ser igualitário dentro de casa. Tenho perfeita consciência que a minha mulher, Teresa, trabalha muito mais do que eu dentro de casa. |
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AE – Trabalha mais, mas é ela que «manda» em casa? JMT – O papel da mulher a mandar em casa é algo que ela não abdica, em 99% dos casos que conheço. É a mãe que desempenha um papel de liderança dentro de casa. Isso faz com que ela trabalhe mais.
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AE – O pai passou do «Eu» para um «Nós»? JMT – Hoje em dia o pai sente essas obrigações familiares e sente que tem de estar próximo dos seus filhos. Aquela ideia do pai trabalhador que a única obrigação era colocar a comida |
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na mesa já desapareceu. O pai tem de dar mimos aos filhos e às mulheres. Há uma série de tarefas que recaem sobre ele e que tornam o seu papel social muito exigente. No entanto, o homem ainda vive um bocadinho naquela mitologia de não se queixar. Tem dificuldade em falar dessas coisas.
AE – Acompanhar e ver os filhos crescerem torna-se um fascínio? JMT – É muito fascinante, mas no início da paternidade existe muita angústia da parte do homem. E isso não é devidamente valorizado. Os homens não têm aquela cultura - que as mulheres têm - de estarem a falar uma hora com a amiga. O homem quando se junta é para falar de miúdas ou de futebol. Este tipo de cultura ainda existe muito. Falta-lhe desabafar mais.
AE – O homem ainda não está preparado para lidar com esse papel. JMT – Verdade. Não está preparado e para as exigências que isso lhe traz.
AE – Sem esquecer que existe o pai da cidade e o pai da aldeia. JMT – Sim. Quando escrevo sobre essas coisas há muita gente que me
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critica. Dizem ‘na minha terrinha não é nada assim’. No entanto, considero que existe uma grande diferença entre ser pai em Lisboa, com o que isso representa, e o ser pai numa pequena terra do interior. Conheço os dois mundos porque sou de Portalegre, mas já vivo em Lisboa há muitos anos. É evidente que a exigência da vida citadina é maior do que em terras mais pequenas, onde existe uma postura mais tradicional.
AE – O ser filho de um casal de Portalegre tem reflexos na sua paternidade? JMT – Tem imensos reflexos. Tanto na nossa vida como naquilo que somos e no que passamos aos filhos. Depois passa-se aquela coisa clássica: «As coisas que dissemos quando éramos filhos que nunca iríamos fazer isso quando fossemos pais». E isso muitas vezes acontece, tal como a falta de paciência. Quando somos pais compreendemos melhor os nossos pais e aquilo que eles desempenharam. Mas também tentamos, em parte, sermos pais contra os nossos pais, no sentido de tentar corrigir aquilo que achámos que eles estiveram menos bem. Nem sempre conseguimos. |
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AE – Com quatro filhos, como consegue conciliar ou articular o lado profissional com o lado paternal? JMT – A articulação do lado profissional com o lado paternal é sempre uma fonte de angústia moderna da parte de um pai. Porque as exigências do lado paternal aumentaram exponencialmente. O pai tem de estar presente nas festas e reuniões dos filhos. Quando se aproxima o Natal e as festinhas relacionadas com esta data, já deitamos festas pelos olhos. É de uma exigência tal que quase tenho de deixar de trabalhar nessas épocas. No meu caso, o lado profissional é, absolutamente, essencial para manter o equilíbrio mental. Costumo dizer que sou pai de quatro filhos, mas a culpa é da minha mulher (risos…). Costumo dizer que era perfeitamente feliz numa biblioteca com internet de banda larga (risos…). Nasce muito do amor que tenho pela minha esposa… É sobre ele que se constrói, realmente, uma família. É este amor que está na base de tudo. Há uma frase do filme «Lost in Translation» de que gosto imenso. Ele diz: “a primeira vez que nasce um filho, a tua vida como a conheceste acaba”. Isto é verdade. A vida como nós a conhecemos até aí, acaba de vez. |
AE – Mas depois eles começam a crescer e a vida torna-se maravilhosa… JMT – Isso é absolutamente verdade, mas há sempre um primeiro click de loucura quando se tem o primeiro filho. Como venho de uma família pequenina é sempre com espanto quando olho e vejo à minha volta 4 miúdos. Foi uma coisa que nunca imaginei para a minha vida.
AE – Mesmo quando namorava nunca pensou ter muitos filhos? JMT – Começamos a namorar em março de 1992 e falávamos em ter três filhos. Na verdade imaginava este cenário apenas teoricamente. Não é fácil compatibilizar isto com a vida profissional. |
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AE – E cada filho é um ser único. JMT – Cada filho é único e diferente. Isso é muito fascinante. Ficamos pais mais experientes e já não nos preocupamos tanto quando ele chora. Não existem regras fixas porque aquilo que se aplica a um pode não funcionar com outro filho. Com uns é melhor gritar e dar uma palmada no rabo e a outros não vale a pena fazer isso. Por exemplo, ao Tomás basta dizer-lhe que estou desiludido com ele. Para ele é uma coisa mais agressiva do que dar uma palmada no rabo. Os miúdos são, de facto, muito diferentes. Algumas pessoas pensam que têm uma fórmula muito fabulosa para criar os filhos. Não concordo com isso. A única fórmula é estar atento a cada um deles e respeitar a sua individualidade. |
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AE – No entanto, escreveu um livro onde dá «dicas» para a educação dos filhos. JMT – Nesse livro, «Manual de Sobrevivência para pais e maridos», acrescento que as dicas são uma aldrabice. Aquilo não é um manual de instruções. No fundo são 112 partilhas. São coisas que eu vivi e poderei partilhar com outras pessoas. Não me apanham – tirando duas ou três regras de ouro – a dizer: faz assim… é assim que se tem de fazer…
AE – Como se educa um filho numa sociedade consumista onde o verbo «ter» pesa mais do que o verbo «ser»? JMT – Não tenho um discurso contra a questão do consumismo. No entanto, acho que é preciso ter cuidado com ele. O consumo excessivo não é bom para ninguém. Parece bizarro e estúpido as pessoas passarem um fim-de-semana num centro comercial. Todavia, o consumismo tem uma vantagem. Os meus filhos têm os quartos cheios de brinquedos e, assim, é mais fácil dar e oferecer. Os miúdos têm de ser sensibilizados que existem outras coisas mais |
importantes. O facto de eles terem mais coisas, torna-os desapegados a cada uma delas. Isso é positivo. Eu era muito mais agarrado às minhas coisas. Eles são mais livres de dar as coisas. Por terem mais, estão menos presos a cada uma delas. É uma face positiva de terem mais coisas.
AE – A chamada educação para os valores… JMT – A educação para os valores é essencial. Muitas vezes, até por aquilo que se chama a secularização do mundo, perdeu-se uma sensibilidade para valores que sempre foram parte da humanidade. Quando falamos de religiões e de um livro como a Bíblia, aquilo é uma sapiência acumulada ao longo de milénios. Aquilo que ali está foi depurado e representa um pensamento profundo sobre as verdadeiras questões da existência. |
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A educação para os valores é essencial. Muitas vezes, até por aquilo que se chama a secularização do mundo, perdeu-se uma sensibilidade para valores que sempre foram parte da humanidade. |
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AE – A secularização conseguiu diluir esse lado profundo? JMT – É um dos grandes problemas da secularização do mundo, independentemente ou não da existência de Deus. Quando se fala da secularização coloca-se muito a questão se Deus existe ou não existe. |
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AE – Para si, existe ou não existe? Já disse que era um católico ateu… JMT – É verdade que disse. Sempre achei isso muito bizarro, até que um dia, Graham Greene disse a mesma coisa. Olha que bela companhia que tenho (risos…). O católico ateu está relacionado com tudo aquilo que estou a dizer agora: tenho imensas dúvidas se Deus existe ou não… Mas tudo o que existe no catolicismo me interessa. Sou uma pessoa permanentemente fascinada com os evangelhos. É algo que é fundamental na minha vida. Ali há uma sapiência de vida em que acho que ela é a maneira certa de agir. Para mim e para a Teresa – ela é uma mulher de muito mais fé do que eu – nós educamos os nossos filhos na religião cristã. Eles vão à catequese.
AE – Um pai cheio de dúvidas que leva os filhos à catequese? JMT – Sim e rezamos de noite. É um momento de olhar interior. Há uma sensação de aproximação a algo… Para um algo mais profundo. Existe uma dimensão de profundidade na nossa vida que está muito além da superfície do dia-a-dia.
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AE – Um momento de partilha… JMT – Se há coisa em que acredito é na família. Acho que esta é a bolha (não no sentido de estar fechado aos outros) e o nosso refúgio. Isso para mim é, absolutamente, indiscutível. Neste aspeto não sou nada relativista, costumo dizer que sou liberal em relação aos outros, mas conservador em relação a mim.
AE – É um «pai galinha»? JMT – Não, nem quero ser. Acredito imenso em dar liberdade aos nossos filhos. Recentemente insisti imenso para que a Carolina (filha que tem 11 anos) começasse a ir sozinha para a escola. Dou-lhe imensa liberdade para ela fazer o que quiser. Ela sabe que existe uma coisa que é proibida em casa: mentir. Desde de que não me minta tem a minha confiança. Estou a criar miúdos responsáveis…
AE – Os seus olhos indicam que é um pai feliz e um profissional realizado. JMT – Sou uma pessoa feliz. Tive imensa sorte com a pessoa com quem casei. Sou um privilegiado. Mesmo no meio da gritaria em casa, somos uns privilegiados e tentamos dar graças a Deus por isso, mesmo que tenha dúvidas que ele exista… (risos) |
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São José |
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A Igreja Católica assinala hoje a solenidade litúrgica de São José, desde cedo apresentado símbolo e exemplo de pai e de trabalhador, estando por isso associado à celebração do ‘Dia do Pai’. Os factos relativos à vida de São José são contados nos Evangelhos, sobretudo nos textos de Mateus e Lucas, que o citam pela última vez no episódio da perda e encontro de Jesus no Templo. A morte de São José não é relatada, embora se conclua, pelos Evangelhos, que ocorreu antes do início da vida pública de Jesus Acredita-se que o culto a São José teve início entre as comunidades cristãs do Egito; no Ocidente, os servitas, membros de uma ordem mendicante do século XIV, |
começaram a festejar o dia 19 de março como data da morte do santo. Essa devoção logo teve defensores, entre os quais o Papa Sisto IV e a mística espanhola Santa Teresa de Jesus.
Declarado patrono da Igreja universal em 1870, por Pio IX, teve instituída em 1955, por Pio XII, a festa em que é homenageado como São José Operário, a 1 de maio. João Paulo II dedicou à figura de São José uma exortação apostólica, a “Redemptoris Custos” (O protetor do redentor), onde escreve que o santo “é um exemplo de laboriosidade e honestidade no trabalho quotidiano”.
Bento XVI abordou esta figura por diversas vezes, com destaque para o dia 19 de março de 2006, numa |
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catequese dominical, em que sublinhou a fé de São José “no Deus que guia os acontecimentos da história segundo o seu misterioso desígnio salvífico”. “O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou. Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam |
sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa”, disse. João XIII colocou o Concílio Vaticano II (1962-1965) sob a proteção de São José, como padroeiro do encontro eclesial, e escreveu a carta apostólica ‘Le Voci’, na qual passa em revista as intervenções de vários Papas dos séculos XIX e XX sobre este santo, “augusto chefe da família de Nazaré e protetor da santa Igreja”. |
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São José, o «conselheiro» do Papa |
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A Igreja Católica celebra esta quinta-feira a solenidade de São José, patrono da Igreja universal, que o Papa evocou na audiência pública semanal como “exemplo de vida humilde e discreta”. Francisco apresentou ainda como uma inspiração para os católicos, em particular os doentes, a “atitude de silêncio e de oração do pai adotivo de Jesus”, bem como, no caso dos casais, “o amor que ligou José à Virgem Maria”. O pontificado do Papa argentino iniciou-se precisamente no dia 19 de março, em 2013, e o sucessor de Bento XVI apresentou então São José como “«guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos”. Em 2014, no mesmo dia, Francisco disse que São José é o modelo de “educador” e de “papá” para todos os pais do mundo. “A missão de São José é, certamente, única e irrepetível, porque Jesus é absolutamente único, mas na sua custódia de Jesus, educando-o para |
crescer em idade, em sabedoria e em graça, ele é modelo para cada educador, em particular para todos os pais”, referiu. Em janeiro deste ano, no encontro com as famílias filipinas, em Manila, o Papa confessou a sua devoção particular por São José. “Eu gosto muito de São José porque é um homem forte e de silêncio. No meu escritório, eu tenho uma imagem de São José a dormir e, dormindo, ele cuida da Igreja. Quando tenho um problema ou uma dificuldade, escrevo-o num papelinho e coloco-o debaixo de São José, para que ele sonhe sobre isso, ou seja, para que ele reze por este problema”, afirmou. A 19 junho de 2013, o nome de São José foi inserido nas Orações Eucarísticas II, III e IV do Missal Romano através de um decreto emitido pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. A decisão de acrescentar esta referência na principal oração da celebração da missa justifica-se, de acordo com a Santa Sé, “pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus”. “São José de Nazaré, |
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colocado à frente da Família do Senhor, contribuiu generosamente na missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar de generosa humildade, |
que os cristãos têm em grande estima, testemunhando aquela virtude comum, humana e simples, sempre necessária para que os homens sejam bons e fiéis seguidores de Cristo”, assinala o documento. |
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José acrescenta humanidade
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S. José tem um papel de relevo nos evangelhos da infância de Jesus. Os evangelistas não escondem esta figura da vida de Jesus, mesmo sendo Jesus o Filho de Deus. Precisamente por isso não o escondem. Mas José fica com um papel mais escondido. A atenção nem sequer recai sobre a mãe (Maria), mas sobre Jesus. Maria dá a Deus a encarnação, José dá a Jesus também espaço para essa encarnação, mas agora na história de Israel e no tempo da descendência davídica. Esta figura discreta, muito discreta, cumpre o seu papel na infância de Jesus, e depois desaparece. É, no fundo, um outro precursor como foi João Baptista. E tal como ele faz a ligação ao Antigo Testamento. Por isso, sai de cena quando chega o Novo. Protege o Menino Deus, educa-O, alimenta-O. Neste sentido, dá espaço e tempo à encarnação do Verbo para lá do seio de Maria. Para que a encarnação seja completa é necessário uma família. José compõe essa família, e dá familiaridade a Jesus. O próprio Jesus, na sua |
humanidade, não deixa de começar a nomear o Pai embalado pela oração que José vai ensinando e dirigindo a Deus. Tal como nós nomeamos Deus marcados pela experiência que recebemos da nossa paternidade biológica, Jesus também bebeu da fé do pai adotivo. Esta é a absoluta humanidade da família de Nazaré e da fé do próprio Jesus, mesmo sendo adotado. Ora, Jesus sendo adotado por José, não foi menos amado. S. José é apresentado como filho de David em Mt 1,20, é dito em Lc 1,27 da “casa de David”. Mais à frente Lc 3,23 informa-nos que José, por sua vez, era filho de Eli. Por José Jesus encarna em Israel, nasce e cresce em Israel. É José, como é costume um pai fazer no judaísmo, a dar o nome ao filho para que este receba a sua identidade por uma designação patronímica. Jesus é conhecido como Jesus (filho) de José. Para o judaísmo é só isto. José torna Jesus conhecido para a sociedade judaica e para o mundo, pois Jesus, à maneira judaica, é conhecido como Jesus (filho) de José (Lc 3,23) de Nazaré.
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Em S. João, José só é referido duas vezes para dar a conhecer Jesus (cf. Jo 1,45; 6,42). Segundo Mt 1,18-19 José soube que Maria estava grávida e resolveu repudiá-la em segredo. Por isso, também ele precisou de ser objeto de uma anunciação (Lc 1,21-24), como Maria tinha sido. Por esta anunciação sabe o nome a dar a Jesus, como é normal que o pai o faça na tradição judaica. Para que a história continuasse depois da anunciação a Maria, foi necessária também uma anunciação a José. O que aconteceu era demais para José. A sua reação era normal, a própria lei o pedia. Só uma anunciação vinda do céu poderia contornar a dificuldade. Isto alterou o olhar de José. Também ele percebeu que recebeu uma grande prenda do céu.
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Segundo Mt 13,55 José tinha a profissão de “teknôn”, conceito bastante genérico e que poderá indicar alguém que trabalhava quer na construção quer no mundo agrícola ou do artesanato. A associação à profissão de carpinteiro resulta de Mc 6,3 onde Jesus é conhecido assim, como o “filho do carpinteiro”. Esta referência transformou S. José no respetivo patrono. Mas a “técnica” de José é de outro calibre. O próprio significado da raiz do seu nome em hebraico (yoseph) significa “acrescentar” / “continuar” / “repetir”. Ora, José acrescenta humanidade à encarnação do Verbo, e uma humanidade familiar. Deus Pai, pela humanidade de José, quis Ele mesmo proporcionar isto ao Seu Filho.
José Carlos Carvalho
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Pai |
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Hoje, apetecia-me falar sobre a figura do pai, porque é o Dia do Pai. E dizer que urge valorizar o insubstituível papel do pai na educação dos filhos e no equilíbrio afetivo e emocional dos membros da família. E dizer que o pai é muitíssimo diferente da mãe, não só em termos biológicos, mas também a outros níveis (por isso, não concordo que o pai possa ser substituído por uma qualquer mulher, porque “casada” com outra mulher, ou possa ser identificado como um mero progenitor, como pretende a teoria do género). E dizer a tantos homens casados que não tenham medo de ser pais, não porque nos faltam crianças, mas porque ser pai é uma honra, é um dom, é um gosto. Por isso, como pai, considero sublime o meu papel de educador, completando o papel – igualmente extraordinário - da mãe. |
Hoje, Dia do Pai, apetecia-me “adorar” S. José, porque terá sido um pai fantástico, pelo pouco que sabemos das Escrituras, e pelo muito que paira na nossa imaginação: discreto mas atuante e forte nos momentos bem difíceis da vida; obediente a Deus; paciente; trabalhador.
Hoje, apetece-me dar os parabéns a todos os pais que sabem amar os seus filhos quando brincam com eles, quando à noite lhes dão um beijo depois de rezarem em conjunto, quando sabem dizer sim e sabem dizer não, quando promovem a autonomia e recusam o protecionismo.
Hoje, sinto ainda mais orgulho de ser pai, apesar de já ter idade para ser avô… Jorge Cotovio, Diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar de Coimbra
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Pai ausente, pai presente |
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Tantas e tantas formas de se ser pai! Mais presente, mais ausente, mais rigoroso, mais descontraído, mais novo, mais experiente… e assim continuaria, numa diversidade que só a sua descrição levaria todo o dia do Pai! Do pai José, velho carpinteiro de profissão e marido sempre atento, ao pai João, astronauta de outros mundos e marido de sua mulher. E eu, que tipo de pai sou? De filho passei a pai… que pai consigo ser? Como quero ser pai? Muito cedo perdi o meu. Tornou-se ausente? Nem por isso! Tantas e tantas vezes lhe pergunto o que acha do que faço, o que faria ele no meu lugar… Penso nisso a propósito de, há uns anos para cá, passar muito tempo fora de Portugal, tal como então acontecia com o meu pai! Na verdade, por esta altura passo mais tempo fora do que em Portugal: mais ou menos um mês e meio por cá e outro tanto por lá, por terras de África que, coincidência ou talvez não, eram aquelas que tanto gostava. Passo mais tempo fora do meu país e da minha família do que junto deles. Sofrimento? …algum…mas os tempos não estão para lamúrias! Dou-me |
conta que assim criei o meu emprego e tenho muito trabalho, que posso dividir esse trabalho com outros e assim criar mais emprego; dou-me conta de que com esse sacrifício consigo participar no bem-estar da minha família e que, com alguns ajustes ao longo do tempo, temos conseguido preservar o equilíbrio familiar e encontrar novas formas de encontro, de presença e de afecto. Dou graças a Deus por viver numa altura em que o saber dos Homens desenvolveu tecnologias tais que nos permitem estar cá estando lá, que nos permitem ver, falar e ouvir como se estivéssemos cá e afinal estarmos do lado de lá… e isso, podem crer, faz toda a diferença! É verdade que fruto desse calendário acabo por faltar a momentos importantes; que mesmo com muita ginástica na marcação das viagens não consigo evitar estar do lado de lá quando os aniversariantes estão do lado de cá; sucedem-se as minhas faltas aos dias da Mãe, ao dia do Pai, aos aniversários dos mais próximos, aos dias em que um qualquer sucesso de um dos filhos daria lugar a um enorme abraço ou a uma |
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comemoração especial. Não nego, é a parte dura desta forma de ser pai! Porém, algo em mim não deixa olhar para este período como triste. Difícil sim, mas triste não! São momentos intensos, cheios também de alegrias, que sendo diferentes não deixam de ser fortes! Não me sinto um pai ausente nem sinto a minha família distante. Basta lembrar-me dos ansiados reencontros no aeroporto de Lisboa, nos sorrisos, nos abraços e até nos cartazes com que a minha mulher e os meus filhos se divertem a receber-me; nas longas conversas por Skype com a minha mulher e que, quase sempre sem imagem, nos lembram os tempos das cartas físicas, que no início da nossa vida em comum lá iam afastando as saudades. Também das sessões de Skype (desta vez com imagem onde cabem a mulher e os 3 filhos) onde pomos as notícias em dia, em que celebramos e brincamos como se estivéssemos à mesa, todos do lado de lá… ou de cá, tanto faz. Relembro-me especialmente de um aniversário de casamento em que tivemos a celebração mais original de todas, preparada de surpresa pelos filhos: Do lado de lá um ambiente à luz das velas, com uma mesa posta a rigor e cheia de requinte, onde um manjar delicioso |
(imagino!) foi preparado e servido com esmero pelos 3 filhos, que de seguida se retiraram para dar privacidade ao casal! Do lado de cá, um manhoso arroz de atum, evidenciava os meus poucos dotes culinários, mas tornou-se numa das mais maravilhosas refeições que partilhei com a minha mulher! Obrigado filhos! Nestes novos caminhos de comunicação acompanho as notas dos filhos, as preocupações que por vezes trazem, vibro com a alegria que emanam quando são portadores de notícias felizes…Não, não é tão bom como estar ali ao lado, é verdade, mas é uma nova forma de ser feliz e claro, uma nova maneira de ser pai, um pai presente! Ricardo Maia e Moura Dia do Pai e dia de aniversário do meu Sogro (desta vez estou do lado de cá) |
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Paternidade de filhos-Direitos fundamentais, harmonias e desarmonias-
“A paternidade não é uma antecipação. É a presença do filho que vo-la dá, esta paternidade; é ele que dela vos investe subitamente, como se fosse um facto demasiado grande.” Fabrice Hadjajd, in “O que é uma família”, no Grennelle de la Famille, em 8 de março de 2014, em Paris
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1. A paternidade, tal como a maternidade, constitui um valor social eminente, tendo o pai e a mãe direito à proteção da sociedade e do Estado na realização da sua ação insubstituível em relação aos filhos (art.68º/2 e 1 da Constituição da República Portuguesa)
2. No ordenamento jurídico em matéria de direito da família são os filhos que iluminam a paternidade e a maternidade (vide, v.g., arts. 64º/2, 67º, 68º e 69º da Constituição da República Portuguesa). É aos direitos dos filhos e aos seus interesses, enquanto crianças e jovens, que o Direito concede primazia e superioridade em relação aos direitos dos seus pais ou terceiros e à atuação dos poderes legislativo, executivo e judicial e de todas as instituições públicas e privadas (art.3º/1 da Convenção dos Direitos |
das Crianças, assinada em Nova Iorque a 26 de janeiro de 1990).
3. No contexto da filiação, no entanto, registam-se quatro núcleos de direitos fundamentais dos filhos e dos pais cuja tutela integral está lesada por contradições e inoperâncias que reclamam melhor Direito e Justiça.
3.1. Os filhos têm direito à vida (art.6º/1 da Convenção sobre os Direitos da Criança; art.24º/1 da Constituição da República Portuguesa). Este direito do filho à vida e o direito do pai em exercer a sua paternidade encontram-se, todavia, absolutamente lesados pela admissão legal da interrupção voluntária da gravidez e pelo regime que não atende à vontade do pai do nascimento do seu filho (art.142º do Código Penal; Lei nº16/2007, de 17 de abril) |
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3.2. Os filhos têm direito à identidade paterna e materna, concretizada nos direitos a conhecer os pais, a preservar as suas relações familiares, a historicidade do seu património familiar, social e cultural (arts.7º/1 e 8º da Convenção sobre os Direitos da Criança; art.26º da Constituição da República Portuguesa).
Neste âmbito, apesar de se encontrarem previstos meios com vista a tutelar esse direito (pela obrigatoriedade da averiguação |
oficiosa obrigatória da paternidade e da maternidade quando estas estiverem em falta- arts.1803º ss e 1808º ss do Código Civil; arts.1826º ss do Código Civil), o direito dos filhos à sua identidade já se encontra limitado em matéria de adoção plena de crianças e de sigilo da identidade dos pais (art.1875º do Código Civil) e encontra-se arredado no regime que admite a procriação medicamente assistida por inseminação artificial com doador externo ao casal e anónimo (arts. 15º e 19º a 22º da Lei nº32/2006, de 26 de julho). |
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3.3. Os filhos têm direito a não ser afastados do seu pai e da sua mãe, contra a vontade destes, salvo por decisão judicial fundamentada e em caso de incumprimento dos deveres para com os filhos (art.9º/1 da Convenção sobre os Direitos da Criança; art.36º/1 da Constituição da República Portuguesa).
Apesar da prevalência dada na legislação civil ordinária à preservação da família biológica e, na sua falta, à promoção da adoção como figura que restitui essa realidade (art.4º/f) d), g) da LPCJP, por si e ex vi do art.147º-A do DL nº314/78, de 27.10.), continuam a afastar filhos de pais as limitações de desenvolvimento e cuidado de crianças nascidas em famílias em contextos de pobreza material e educacional e as falências do trabalho público e privado no apoio ao seu desenvolvimento integral, afastamento que carece de uma intervenção prioritária do Estado e da sociedade na sua minimização, em favor dos direitos pessoais de cada pessoa e da coesão social.
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3.4. Os filhos têm direito a ser cuidados e educados pelo pai e pela mãe, com responsabilidade comum na sua educação e desenvolvimento (arts.7º/1 e 18º/1 da Convenção sobre os Direitos da Criança). A legislação ordinária define a responsabilização de ambos os pais sobre os filhos em todo o conteúdo das responsabilidades parentais, de forma irrenunciável (arts.1874º ss e 1882º do Código Civil, art.4º/f) da LPCJP), expressa: quer nas regras específicas do casamento ou da coabitação dos pais não casados, em que lhes é reconhecido o dever de exercício conjunto das suas responsabilidades; quer após o divórcio ou a cessação da coabitação de pais não casados, em que lhes é reconhecido o dever de exercício conjunto das responsabilidades dos atos de particular importância; quer nas situações em que os filhos são confiados a terceiras pessoas, em que é reconhecida aos pais a possibilidade de exercício das responsabilidades em favor dos filhos, que não sejam |
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afastadas por decisão judicial (arts.1901º a 1912º do Código Civil). Apesar deste quadro de princípio de responsabilização de pai e mãe pelo filho, o crescente aumento da dissociação familiar e a limitação de meios públicos e privados que apoiem a estabilidade familiar e a conciliação e mediação nos conflitos, continuam a lesar os filhos, os seus pais e as suas mães.
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4. As harmonias e desarmonias das sociedades contemporâneas, expressas no seu Direito, continuam a reclamar, no processo histórico de adaptação do homem ao mundo, melhor humanidade. Humanidade que começa para todos ao serem filhos dos seus pais e que continua para a maioria ao serem pais de filhos.
Alexandra Lopes. Juiz. |
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Em louvor de São José |
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"A nascente - Em louvor de São José" é um livro-infantil baseado numa das “várias peças teatrais” escritas pelo cardeal-patriarca de Lisboa, explica a Paulinas Editora. O texto do novo livro de D. Manuel Clemente é baseado numa das “várias peças teatrais” que escreveu para serem interpretadas por seminaristas, “especialmente em momentos significativos da vida comunitária dos seminários”, informa a editora. “José: Estive quase, João, estive quase... Estava há pouco desposado com Maria - com Maria, a mais virginal das mulheres, a mais branca das flores -, há pouco nos desposáramos, quando percebi que ela esperava um filho... um filho que não era meu! Oh como eu quis desistir então, fugir, fugir, desaparecer, esconder a tristeza e a confusão! Joaquim: Fugiste? José: Não. Chorei tanto que caí de cansaço e sono. Dormi, sonhei e compreendi. Joaquim: Compreendeste o quê? José: Que não somos donos de nada,
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nem de ninguém. Apenas guardamos mistérios.»” A obra publicada pela Paulinas Editora conta com ilustrações de Abigail Ascenso para quem ilustrar livros para um público infantil é como “dar cor a histórias da própria família” com implicações “emocionais e afetivas que estão implícitas”. “O que me agrada na ilustração infantil é que se destina aos leitores mais criativos, àqueles que se ligam às ilustrações da forma mais livre e imprevista: as crianças”, destacou numa entrevista ao suplemento Igreja Viva, do jornal Diário do Minho. Para a ilustradora não é preciso ter fé para fazer trabalhos de âmbito religioso: “Há mesmo quem diga que a fé é um ‘mau princípio estilístico’, porque limita a criatividade e a liberdade.” São José, é patrono da Igreja universal, do Dia do Pai, esta quinta-feira quando a Igreja Católica celebra a sua solenidade, dos carpinteiros, em referência à profissão o pai adotivo de Jesus. |
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O livro infantil "A nascente - Em louvor de São José" foi apresentado no Vaticano por ocasião da criação
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do patriarca de Lisboa como cardeal pelo Papa Francisco, em fevereiro. |
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Aristides de Sousa Mendes online |
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Esta semana a proposta de navegação passa por um sítio bastante interessante, original e singular. Estamos a falar de um museu virtual de homenagem ao antigo cônsul de Portugal em Bordéus, que contribuiu para salvar muitas vidas durante a perseguição dos nazis aos judeus. Certamente já perceberam que falo de Aristides Sousa Mendes, esse extraordinário homem que com um espírito altruísta e certo das suas convicções e valores morais não hesitou em enfrentar os poderosos daquela época. Conhecendo bem ou mal a sua história, vale a pena visitar este museu virtual que é o “resultado de uma parceria entre uma equipa pluridisciplinar coordenada por Luísa Pacheco Marques Arquiteta e a Direção Geral das Artes (anterior Instituto das Artes) do Ministério da Cultura”. O sítio está concebido para oferecer ao visitante uma viagem pela vida e obra deste homem, através de dois caminhos bastante distintos. Um |
primeiro caminho é a exposição virtual onde é disponibilizada uma experiência audiovisual e interativa bastante interessante. O outro é uma base de conhecimento que foi criada com o objetivo de oferecer ao utilizador a possibilidade de aprofundar os temas tratados na exposição virtual, através de uma pesquisa rápida e fácil. Na componente da exposição virtual, é narrada de uma forma contextualizada, com uma qualidade gráfica fabulosa e uma excelência de conteúdos impar para a realidade nacional, o ato de desobediência consciente que o cônsul de Portugal em Bordéus possibilitou, através dos vistos concedidos, salvar um número de pessoas que se estima de 30 000. Esta mostra virtual está organizada em três corredores; o da Guerra, o da Fuga e o da Liberdade, proporcionando aos visitantes uma experiência audiovisual profunda, com base em filmes da época (dobrados ou legendados), com mapas e testemunhos reais. Por outro lado, quem procura informação específica e não pretende efetuar a visita pelos vários corredores da exposição, tem como opção a |
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consulta da base de conhecimento, onde toda a informação se encontra catalogada por áreas e disponível para todos. Sempre muito bem estruturada e de fácil acesso. Pois bem, claramente este é mais um sítio que pode muito bem ser |
adicionado aos favoritos, com a certeza que nos irá possibilitar uma viagem única ficando a conhecer um pouco mais a vida e obra deste Homem de Deus.
Fernando Cassola Marques |
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II Concílio do Vaticano: Os protagonistas
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O II Concílio do Vaticano (1962-1965) teve quatro sessões no anfiteatro da Basílica de São Pedro. Esta assembleia magna, convocada pelo Papa João XXIII e continuada pelo Papa Paulo VI, teve também outros protagonistas chamados padres conciliares. Quando se aproxima o Dia Mundial do Teatro (27 de março), convém recordar através de fotos os principais atores (padres conciliares) deste grande e mediático acontecimento da Igreja no século XX.
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A palavra teatro deriva do grego «théatron» (lugar onde se vê). Há os que veem e os que são vistos. Há os que ouvem e os que são ouvidos. Como escreveu o encenador Rui Mendes (Público, 28 de março de 2014) “há muitas formas de iniciar um espetáculo de teatro, mas só há uma de o terminar: é com a imperecível recordação do que, afinal, não é tão efémero como parece”. Passados 50 anos, o II Concílio do Vaticano ainda está bem vivo e presente na memória e ação dos cristãos. |
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Março 2015 |
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Dia 20 de março
* Fátima - Apresentação do projeto para a construção do novo presbitério do recinto de oração
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* Porto - Espinho (Multimeios) - Conferência quaresmal sobre «As feridas da comunidade» pelo padre de Espinho, padre José Pedro Azevedo
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* Porto - Casa Diocesana do Vilar - Conselho geral da Cáritas Portuguesa (20 a 22)
Dia 21 março
* Itália – Nápoles - O Papa Francisco visita a cidade italiana de Nápoles.
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* Braga - Santuário de São Bento da Porta Aberta - Eucaristia presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, em rito bracarense, nas comemorações jubilares do Santuário de São Bento da Porta Aberta.
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Esta sexta e sábado reúne-se o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil com o tema «Felizes os puros..."Campus Misericordiae" rumo a Cracóvia 2016», em Fátima, com a conferência do padre João Rodrigues da Comunidade dos Marianos da Imaculada Conceição (MIC). Este segundo encontro do ano, que envolve os secretariados diocesanos e movimentos juvenis, centra-se nas atividades mais próximas como o Fátima Jovem'15 a realizar-se nos dias 2 e 3 de maio.
Neste sábado, dia 21 de março, o Santuário de São Bento da Porta Aberta vai receber o título de ‘basílica menor’, numa cerimónia presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, a partir das 11h00.
No domingo no Fórum Coimbra (loja FNAC) é assinalado o dia do Pai com a organização do Secretariado da Pastoral Familiar da Diocese de Coimbra e o Centro de Aconselhamento Familiar, com a colaboração dos Casais de Santa Maria, num encontro/ debate subordinado ao tema «Ser pai… que grande aventura!» tendo como orador principal o pai Carlos Alcobia, professor do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
O Papa Francisco vai visitar a penitenciária de Nápoles este sábado e a visita à cidade italiana inclui encontros com autoridades civis e trabalhadores, para além de um almoço com os presos. De tarde está previsto um encontro no centro da cidade, na Praça do Plebiscito, com os jovens, uma passagem pela Catedral para um discurso aos sacerdotes e bispos da diocese, e a Missa. |
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Podemos forçar alguém a crer em Deus?
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h18
RTP2, 15h30 ![]() Segunda-feira, dia 23 -Entrevista a Eugénia Magalhaes sobre Santa Teresa de Ávila e a experiência mística no quotidiano;
Terça- feira, dia 24 - Informação e entrevista ao padre Eduardo Novo sobre o Dia Mundial da Juventude;
Antena 1 Domingo, dia 22 de março - 06h00 - Dia internacional da Água
Segunda a sexta-feira, 23 a 27 de março - 22h45 - Quaresma: vivências do irmão marista António Leal |
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Ano B - 5.º Domingo da Quaresma |
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Ver, servir e seguir Jesus |
Queremos ver Jesus! Assim pedem os gregos no Evangelho deste 5.º Domingo da Quaresma. Na resposta, Jesus anuncia a sua próxima glorificação, isto é, a sua morte. Estranha associação esta, da morte com a glória! Mas Jesus explica: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Sabemos que, na realidade, o grão enterrado na terra sofre uma profunda transformação. O seu invólucro exterior deve rebentar e acabar por desaparecer para que o germe, até então escondido, possa crescer e produzir novos grãos. Na morte de Jesus acontece a explosão da Ressurreição. Os discípulos reconhecem em Jesus glorificado a presença imediata de Deus. A verdadeira glória, a verdadeira densidade do ser de Jesus está na sua humanidade como o lugar da incarnação do Filho eterno do Pai. Porque estamos ainda no tempo da germinação secreta, não vemos ainda esta glória do Senhor. Mas acolhendo o testemunho dos apóstolos que “comeram e beberam com Ele depois da sua ressurreição de entre os mortos”, podemos deixar-nos atrair por Jesus, acolher e ver já pela fé o seu mistério de glória, e testemunhar assim, no coração do mundo, que Ele, o Filho do homem, é verdadeiramente o Filho de Deus, vencedor da morte. Ver Jesus e o seu projecto de salvação acontece através da comunidade dos discípulos. Aí se encontra o caminho de amor e de doação que conduz à vida nova do Homem Novo, à salvação. Isto recorda-nos a nossa responsabilidade de testemunhas de Jesus e da sua salvação no meio das situações do nosso tempo. Será que aqueles irmãos que se cruzam connosco nos caminhos |
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da vida descobrem no nosso testemunho o rosto de Jesus? Será que todos aqueles que vêm ao encontro de Jesus à procura da vida plena encontram na forma como nos doamos, como servimos e como amamos a proposta libertadora que, através de nós, Jesus quer passar a todos as pessoas? Quem quiser servir Jesus tem que o seguir, para assim poder estar atento e empenhado no serviço ao próximo. Ver Jesus é perceber que ele é a máxima realização da Nova Aliança de que fala Jeremias na primeira leitura. Uma aliança gravada no íntimo da alma e do coração. Uma Aliança |
que implica que Deus mude o coração do Povo, pois só com um coração transformado o homem será capaz de pensar, de decidir e de agir de acordo com as propostas de Deus. Que assim seja nesta quinta semana da Quaresma, que nos aproxima do mistério da Páscoa, da celebração festiva e quotidiana do Amor de Deus derramado em nossos corações e anunciado com uma constante atitude de fraternidade. Levados pela Palavra, intensifiquemos as atitudes de ver, servir e seguir Jesus.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.pt |
Afirmar a beleza do Matrimónio |
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O juiz Pedro Vaz Patto, do Tribunal Eclesiástico de Lisboa, defende a necessidade da Igreja Católica “investir mais na promoção da beleza do matrimónio, de forma positiva”, sobretudo junto dos jovens. Em entrevista à Agência ECCLESIA, aquele responsável destacou a importância de reforçar a “preparação para o casamento”, não só “imediata” mas ao longo do tempo. Desta forma a Igreja Católica estará a “prevenir situações” que fazem com que hoje existam muitas “famílias feridas, por questões de divórcio e outras”, sustentou. Para Pedro Vaz Patto, é fundamental que as estruturas católicas estejam atentas a um “fenómeno cada vez mais generalizado, em muitos países: o da recusa do próprio matrimónio”. “Em causa“, na opinião daquele responsável, está “a incompreensão do que é verdadeiramente o matrimónio, às vezes reduzido a um processo burocrático, ao ter papel passado, como se diz”. “Não é assim, no fundo o casamento é a expressão pública de uma doação para toda a vida, de uma doação incondicional, e é isso que a Igreja, |
que os cristãos, devem pôr em relevo”, salientou. A participação dos casais cristãos no processo de formação dos candidatos ao matrimónio, através “do seu testemunho”, é essencial, pois transportam consigo a experiência de uma vida “que não é só um mar de rosas, é feita de muitas dificuldades”. O atual presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica, abordou a questão esta terça-feira no âmbito de uma conferência no Seminário de Alfragide para os serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, intitulada “A família no contexto do Sínodo dos Bispos”. Frisando que a preparação dos casais para o matrimónio “deverá vir mais em relevo” na próxima assembleia extraordinária do Sínodo, em outubro, o juiz ressalvou que esta maior exigência “não significa fechar as portas às pessoas que se dirigem à Igreja e que habitualmente não a frequentam”. Até porque “a vocação para o matrimónio não é reservada a uma elite, de pessoas perfeitas”, complementou. Ao longo da conferência, Pedro Vaz |
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Patto abordou a sua experiência no Tribunal Eclesiástico de Lisboa, onde lida com processos de declaração de nulidade do matrimónio. Sem prejuízo da noção de “indissolubilidade do casamento”, pois o que está em causa é “saber se o sacramento é ou não válido”, o juiz encara este procedimento como uma solução viável para “regularizar a situação” de muitas pessoas hoje em “sofrimento”. |
“E tornar este processo mais acessível é algo em que a Igreja está atualmente empenhada”, assegurou.
A reunião dos serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, no Seminário de Alfragide, contou com a participação do bispo de Angra, D. António Sousa Braga. Recentemente recuperado de uma intervenção cirúrgica, o prelado presidiu à Eucaristia do encontro. |
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Religiosa libanesa lutapela dignificação das mulheres |
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A irmã Hanan Youssef é uma religiosa libanesa, das irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, uma congregação internacional, espalhada por 70 países, incluindo Portugal. Vive no Líbano uma missão delicada, face ao atual cenário internacional, centrando-se na dignificação dos refugiados e das mulheres. “Estamos no Líbano há cerca de cinco, dez anos, e a nossa missão é verdadeiramente ser a compaixão de Jesus, Bom Pastor, ao lado da pessoa que sofre, marginalizada, especialmente das mulheres vítimas do tráfico, da violência, e das jovens em dificuldade”, explica à Agência ECCLESIA. “Em relação ao nosso trabalho no Líbano, decidimos, há uma década, estar presentes junto de todos os refugiados que ali chegam do Médio Oriente. Eles estão algo desorientados, não há muitas organizações que tenham tempo de os escutar, de os orientar, de prestar um serviço válido. No Líbano, sou responsável por um dispensário, dedicado a Santo António, que |
desde a sua criação tem a vocação de acolher todos os refugiados, sem olhar nem para a sua religião nem para a sua pertença cultural, étnica ou qualquer outra”, acrescenta. A religiosa libanesa sustenta que o “silêncio” do Ocidente está a ajudar os extremistas do Médio Oriente que perseguem as populações, em particular as minorias cristãs, falando num cenário de “barbárie”. “Milhares de vidas acabam todos os dias, milhares de mulheres são vendidas nos mercados e temos este silêncio, esmagador”, referiu, durante uma passagem por Portugal, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Hanan Youssef confessa que não consegue “suportar”, como irmã |
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do Bom Pastor, “a venda pública de mulheres, nos mercados, como se a vida humana já não tivesse valor”. “Vendem-nas como se vende uma cadeira, uma mesa ou, desculpem a expressão, como se vende um animal. Como é que estas atrocidades podem acontecer e ninguém diz nada?”, alerta. A religiosa mostra-se impressionada com todos os que partem “sem esperança, sem vontade de regressar” ao seu país, por causa de tudo o que sofreram.
A chegada de refugiados provocou uma “crise social”, esgotando a |
capacidade de resposta dos hospitais e escolas. “É uma situação catastrófica”, sustenta. Em Beirute, a sua comunidade promove um “serviço de caridade”: duas mil pessoas por mês são atendidas em “contentores”, à beira da estrada, utilizados como dispensário. As religiosas apostam no apoio psicológico, porque “milhares de mulheres, de meninas foram violadas” e “milhares de pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas, de noite, sem levar nada”. |
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ABC da Vida Consagrada (7ª parte) |
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Superior/a (o mesmo que prior ou priora)Há a necessidade do superior religioso, por duas razões: trata-se de um grupo humano submetido a regras psicossociológicas e é o garante da unidade carismática da comunidade; que coordena todos os sectores, estimula a participação e responsabilidade dos irmãos. A nível eclesial e religioso, não é um grupo meramente humano, mas convocado por Deus para uma missão. Cristo é a verdadeira cabeça da Igreja e de cada grupo, e o Pai, o único Senhor, mas esta estrutura ontológica concretiza-se de maneira visível na hierarquia, nos padres, mediante o sacramento da ordem, e na comunidade religiosa pelo superior/a que desempenha este trabalho com humildade e com a consciência de que é apenas um serviço que o Senhor lhe pediu e lhe confiou, quando o termina volta a ser um irmão exatamente igual aos outros. O superior pode ser eleito pelos seus irmãos ou nomeado pela autoridade competente, mas “a autoridade dos superiores procede do Espírito do Senhor em conexão |
com a sagrada hierarquia, é uma autoridade eclesial, mas com uma justa autonomia de governo, com um carater público”. É uma autoridade pessoal, não é propriedade do superior, carismática, por isso aqui “pode recebê-la tanto um homem como uma mulher”, diferente da autoridade hierárquica, Ao contrário do que se passa com os padres ou com os Bispos o superior não necessita da confirmação sacramental.
TrindadeA vida consagrada vive e reflete o amor da Trindade no dom dos conselhos evangélicos, pois reflete o amor de Cristo que nos amou, se doou por nós, o Espírito Santo concede-nos o dom dos votos, predispõe-nos a acolher e a viver a vontade, o projeto do Pai, que é o fim último da vida consagrada. Porque a vida comunitária é o exemplo perfeito da vida eclesial. A vida consagrada nasce na Igreja e é para a Igreja. Deve transparecer a imagem da Comunidade Apostólica, isto é, deve ser paradigma da igreja |
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na sua dimensão mistérica, mas também Trinitária. A consagração religiosa de cada pessoa redunda em favor da Igreja inteira, é nela e por ela que nos consagramos, é ícone da Santíssima Trindade.
União (Vida fraterna, Comunhão, Fraternidade)A vida fraterna em comunidade pode ser o sinal de união credível que interpela o mundo, é testemunho de comunhão eclesial, sinal de união com o Bispo e com toda a Igreja. Se é dom de Deus o objetivo final, está para além do recetor imediato, a vida fraterna supera um projeto humano, provém da relação existente entre as pessoas da Santíssima Trindade e destina-se à Igreja e ao mundo, o que acarreta uma responsabilidade para o religioso. “O sentimento de fraternidade universal é uma inovação cristã.” A vida fraterna é a forma que Jesus encontrou para o cumprimento da missão no mundo, é o seu projeto para a humanidade. No entanto, “a
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vida fraterna em comum apareceu sempre como radicalização do comum espírito fraterno que une todos os cristãos”, a vida fraterna, implica tempos de convívio, e partilha da vida, é mais do que viver juntos e comer juntos, é aceitar o irmão, que não escolhi para amar, isso faz parte da missão do religioso, não é um passatempo, mas[1] num mundo dividido a comunidade é sinal profético da íntima união com Deus e essencial para qualquer missão apostólica.
Irmã Flávia Dores Comunidade das Dominicanas de Santa Catarina de Sena - Aveiro Para o Correio do Vouga e a Agência Ecclesia |
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[1] Vida Fraterna em Comunidade ; Congregação para os Institutos de Vida consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, nº 10
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Serra Leoa: o combate ao Ébola ainda não terminouOs fantasmas do Padre Konteh |
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Como uma sombra, é raro o dia em que o Padre Peter Konteh não se recorda do menino que encontrou sozinho em casa, rodeado dos cadáveres dos pais, ou do frenesim dos enterros, no quintal nas traseiras do seu escritório. O Padre Konteh não é um herói. É apenas uma pessoa vulgar que não desertou das suas responsabilidades. Tudo começou em Maio de 2014. Depois da Guiné, o surto da epidemia de ébola rebentou na Serra Leoa. O país ficou à beira do desastre. A ajuda internacional foi essencial. A Fundação AIS declarou como prioritária esta batalha. Não havia tempo a perder. Ergueram-se centros improvisados para a triagem dos doentes, para os internamentos. Comprou-se equipamento. O Padre Peter Konteh tem o sorriso enorme de um bom gigante. No entanto, por trás desse ar simpático esconde-se a memória trágica de quem viveu de perto uma epidemia que dizimou milhares de pessoas. “Ninguém estava preparado para aquilo.” A tarefa foi ciclópica. Era quase missão impossível mudar |
hábitos de higiene e de comportamento. Mas era necessário fazê-lo. “Às vezes, íamos até aos mercado, com megafones, para alertar as populações.” Hoje, um ano depois, a vida começa a regressar a uma certa normalidade. Mas há ainda um longo caminho a percorrer.
Feridas abertasPara o Padre Peter Konteh, porém, por muitos anos que ainda tenha de vida, não se esquecerá dos dias de emergência, quando tudo parecia perdido. “Via os recém-falecidos a serem trazidos para o enterro, ao ritmo de cerca de cinquenta por dia. Conheci pessoas famintas, pessoas que procuravam conforto. Era sempre assim, dia após dia. Não foi fácil.” Há memórias que são como feridas abertas. O Padre Konteh, um dia, foi a uma casa levar comida a uma família que estava de quarentena. “Encontrei lá uma criança, aí com uns dois anos. Estava sozinha. Os adultos tinham morrido. Fomos logo avisar os médicos para cuidarem do bebé. |
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Soube, mais tarde, que também não resistiu. Isso assombra-me ainda hoje. Sinto que devia ter agido mais cedo…” Todos os que têm estado envolvidos neste combate ao Ébola ficaram marcados. Profundamente marcados. Uma colega do Padre Konteh perdeu toda a família. Toda. Pais, irmãos, tios, sobrinhos. Ela foi vinte e sete vezes ao cemitério enterrar os seus entes queridos. “Como podia consolá-la? Agora, somos a sua família…” A Fundação AIS continua empenhada no apoio à Igreja na Serra Leoa. Há ainda uma tarefa enorme pela frente. |
Só na diocese de Freetown cerca de 800 crianças estão órfãs. No país, serão mais de 8 mil. É preciso dar-lhes uma família. O Padre Konteh não se considera um herói. Apenas não desertou da sua responsabilidade. Nos momentos de maior desalento, confiava-se à oração e pedia as nossas orações. É por isso que todos nós podemos estar também em qualquer parte do mundo, na linha da frente, a fazer o bem. Basta querermos. Depende das nossas orações. Apenas.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Dia Mundial do Síndrome de Down |
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Tony Neves |
Somos pessoas e isto é o mais importante. Os adjetivos vêm depois, caracterizando grandezas e limites, forças e fraquezas. Esta reflexão permite enquadrar o 21 de Março, Dia Mundial do Síndrome de Down, também conhecido por Trissomia 21. Trata-se de uma doença e não mais que isso. Como tal, há tratamentos a fazer e um acompanhamento personalizado a quem nasceu com este Síndrome. Não há duas pessoas iguais e, por isso, temos que nos habituar a olhar para cada uma delas como única e irrepetível. Sentimos de forma diferente, raciocinamos, estudamos, trabalhamos, amamos, reagimos também de maneira única. Quando alguma doença gera incapacidades diversas, há que saber viver com elas, |
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contraria-las na medida do possível, potenciar o muito de qualidade que se possui. É essa a focagem que se pretende lançar sobre as pessoas que vivem com Trissomia 21. Há limites, sim, e é preciso aprender a viver com eles. Há grandezas, sim, e é preciso reconhece-las e potencia-las ao máximo. Celebrar o Dia Mundial do Síndrome de Down é um apelo para que todos |
trabalhemos por mais inclusão social e mais respeito pela diferença de ser e agir. Não há qualquer razão para marginalizar, há todas as boas razões do mundo para investir na formação destas pessoas que, apesar de alguns limites, têm muito a dar á sociedade se esta tiver capacidade de capitalizar todos os talentos.
A quantos convivem diariamente com a Trissomia 21, o meu abraço e votos de que sejam todos muito felizes.
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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