04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

    Miguel Oliveira Panão

    Elias Couto

24 - Semana de..

   Octávio Carmo

26 - Dossier

    Ressurreição
     Padre Nuno Santos

 

 


 

 

62 - Ano da Vida Consagrada

66 - Multimédia

68 - Estante

70 -  Vaticano II

72 -  Agenda

74 - Por estes dias

76 - Por outras palavras

77 - YouCat

78 - Programação Religiosa

79 - Minuto Positivo

80 - Liturgia

82 - Fundação AIS

84 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 


AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

 

Semana Santa em Braga

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Papa lembra mártires de hoje

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Histórias de ressurreição

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Paulo Rocha | Elias Couto | Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | Octávio Carmo | Miguel Oliveira Panão | Adelino Ascenso

 

Não está aqui

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As referências à paixão e morte de Cristo, nos Evangelhos, são mais extensas, muito mais, do que as notas, breves, sobre a ressurreição. D. António Couto, no livro “A Nossa Páscoa”, afirma que, para os quatro evangelistas, a paixão é “um relato” e a ressurreição “uma notícia”. E ao contrário de outros acontecimentos onde o resultado final é o que basta para memória futura, no caso do itinerário de Jesus as maiores atenções fixam-se nas descrições do processo que leva à notícia, não na notícia. No Jesus da História, o drama da morte de Deus encerra com frequência crónicas e opiniões sobre dor, sofrimento, solidão, não atingindo a notícia essencial de todo o processo, a passagem, a nova vida, a Páscoa.

A notícia completamente nova, há dois mil anos como hoje, está no facto de Jesus aparecer diante daqueles que com Ele viveram e, não sendo reconhecido, ter de se anunciar. Porque de facto era uma novidade o que estava a acontecer. A reação imediata, nomeadamente de quem O procurou no túmulo e recebeu a novidade “ressuscitou, não está aqui”, corresponde a um recomeço, a algo novo a acontecer na pessoa a quem o ressuscitado se anunciou. Ouvir “não está aqui” não significou fim da história, mas a passagem para uma nova história, sem fim, com nova vida. E aí está a força de uma notícia, da notícia!

As considerações teológicas ao que aconteceu a partir de quem as investiga são o recurso para fixar o valor da notícia da ressurreição. Como todas 

 

 

 

as notícias, a brevidade com que é transmitida dá-lhes maior impacto, a novidade grande alcance e o realismo rapidamente se converte em poder transformador. Tudo assim aconteceu em torno desta notícia: “ressuscitou, não está aqui!”.

Hoje, o desafio é repetir esta “manchete”. Mais do que acentuar o relato dos acontecimentos anteriores à Páscoa, é urgente dar relevo à notícia principal. E o perigo é mesmo esse: após a Páscoa, tudo parece ter acabado!

A ressurreição exige prolongar o soar das campainhas pascais não só pelo dia, a oitava ou o Tempo Pascal, 

mas em todos os dias; e as festas ao Espírito Santo, tradições que decorrem da alegria e solidariedade pascais, podem alcançar o relevo de outros tempos e contagiar um número crescente de recetores da notícia pascal. Caso contrário, quando qualquer cidadão procure referências ao realismo da ressurreição nos ambientes onde foi comunicado ao longo das gerações pode encontrar apenas portas fechadas, nos templos ou nos corações. Nessas situações não possível testemunhar que “ressuscitou”. Apenas se consegue dizer “não está aqui”.
 

 

 

 

 

 

“Temos uma grande ambição: Portugal, para além de ter um dos melhores serviços nacionais de saúde do mundo e de ter um nível de Estado social que nos coloca seguramente entre as nações mais desenvolvidas, possa também ser uma das economias mais competitivas, quer na Europa, quer no mundo” Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sobre os fundos comunitários Portugal 2020, Rádio TSF, 31 março 2015

 

“Muitas pessoas aqui pegam em crianças, fazem-lhes uma autêntica lavagem cerebral e impõem-lhes a suas filosofias radicais. Depois elas crescem com o ódio e a divisão na mente e estão mesmo prontas a matar ou a morrer em nome da religião, este é o grande problema.” Paul Bhatti, antigo ministro paquistanês para as minorias, Agência Ecclesia, 28 Março 2015

 

 

 

 

“A chamada Primavera árabe teve efeito negativo para nós. Se tivéssemos tido a possibilidade de trabalhar em harmonia com o mosaico de religiões e grupos étnicos que compõem a nossa região, teríamos visto o desenvolvimento de uma força capaz de conduzir a região rumo à paz, a estabilidade e o progresso.” Patriarca da Igreja Caldeia no Iraque, D. Louis Sako, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em  Nova Iorque, 27 março 2015

 

“Se a cruz inaugura a teologia, a Pietà funda a humanologia. Em Jesus morto, jacente nos braços da mãe, há sentido. No Jesus morto, habita o sentido”. Paulo Rangel, Eurodeputado português; jornal Público, 31 março 2015

 

“Os resultados apurados, em termos de votos, estão certos, o programa devia ter operado sobre esse total e, em vez disso, operou sobre o total da ilha da Madeira ignorando a ilha do Porto Santo” João Almeida, delegado da Comissão Nacional de Eleições, sobre as eleições na Região Autónoma da Madeira; jornal Diário de Notícias, 31 março 2015

 

 

FOTO DA SEMANA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Segundo a BBC, que

conversou com o autor

- Osman Sagirli, a  

fotografia agora viral

foi tirada em dezembro

de 2014. Hudea, de

4 anos, vivia com a mãe

e dois irmãos, num campo

de refugiados a 150 km

da sua cidade Hama.

 

 

 

 

 

 

Semana Santa em Braga,
mais do que turismo

O arcebispo de Braga disse à Agência ECCLESIA que as celebrações da Semana Santa na cidade devem ser mais do que um “acontecimento do turismo”, ajudando a motivar para a “construção de um mundo novo”. D. Jorge Ortiga referiu que o que acontece em Braga no interior dos templos e sobretudo as manifestações de rua fazem da Semana Santa na cidade um “grande acontecimento turístico”, que atrai milhares de visitantes, não só de Portugal.

“Teremos de privilegiar um pouco mais a qualidade das celebrações litúrgicas, estando nelas o centro, e fazer com que as manifestações de rua, nomeadamente as procissões, tenham um sentido e sirvam de evangelização a partir da celebração da paixão e da morte do Senhor”, afirmou D. Jorge Ortiga, em declarações que são hoje transmitidas no Programa ECCLESIA (RTP2).

As Semana Santa em Braga é vivida não só nas celebrações de Domingo de Ramos, do Tríduo Pascal e Domingo de Páscoa, comuns a toda a liturgia católica, mas também pela participação de milhares de pessoas

 

 

nas procissões de rua e com várias exposições e concertos.

No Domingo de Ramos realiza-se a “Procissão dos Passos”; na quarta-feira da Semana Santa a Procissão de Nossa Senhora da “Burrinha”, um cortejo bíblico sobre o tema “Vós sereis o meu povo”, organizado desde 1998, pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S. Victor.

Na Quinta-feira Santa percorre a cidade de Braga a Procissão do Senhor “Ecce Homo”, ou “Senhor da Cana Verde”, que recorda o julgamento de Jesus num cortejo que abre com o exótico grupo dos farricocos, recordando antigos penitentes.

O dia da morte de Jesus, Sexta-feira Santa, é recordado pela adoração da cruz e pela Procissão Teofórica 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 do Enterro, na Sé de Braga.

O Domingo de Páscoa, depois da celebração da ressurreição na Vigília Pascal, é assinalado com o “Compasso” ou “Visita Pascal” que consiste no anúncio da ressurreição e bênção das casas, realizada também nos Paços do Conselho, em Braga.

Para o arcebispo de Braga, é necessário que todos os acontecimentos da Semana Santa 

 

“centralizem” as pessoas no que se celebra, “a paixão e morte do senhor”, e possibilitem chegar à “realidade da ressurreição”, que passa também pela “obrigação de construir um mundo novo nos tempos que correm”.

As informações sobre celebrações litúrgicas e as manifestações de rua durante a Semana Santa em Braga estão na página da internet

 www.semanasantabraga.com

 

 

 

Viver a Páscoa na promoção da justiça

A Cáritas Portuguesa divulgou uma mensagem para a Páscoa na qual alerta que ainda são “muitos” os que esperam a “madrugada de uma vida nova”, porque se encontram na cruz, e apela a “lutar” por mais justiça e amor.

“O desemprego e o medo de não voltar a encontrar trabalho ou de nem tão cedo iniciar uma atividade laboral; de perder a casa que habitam ou viver nela às escuras ou sem água ou possibilidades de cozinhar; de adiar a toma de medicamentos ou realizar tratamentos por não ter forma de os pagar”, são alguns casos enumerados pela organização.

O documento, enviado à Agência ECCLESIA, a instituição católica de caridade refere que atualmente as “injúrias” a quem está pregado na cruz são diferentes das usadas contra Jesus, e exemplifica: “Só estão crucificados porque viveram acima das suas possibilidades”, entre outras justificações.

A Cáritas Portuguesa recorda as “crianças que dependem da escola para tomar uma refeição adequada” e as vítimas de “de depressões psíquicas que levam, algumas 

 

 

 

 

 

 

vezes, a atitudes violentas contra si próprios ou contra outros”.

A instituição explica que os cristãos são chamados “a viver como ressuscitados” hoje, porque é algo que pode fazer-se “acontecer na vida diária”.

Nesse sentido, destaca que na Páscoa se celebra como comunidade, na “alegria da Ressurreição”.

Na mensagem de Páscoa, a Cáritas Portuguesa destaca que ressurreição de Jesus é um acontecimento “claro e concreto” a que os cristãos são chamados a fazer acontecer todos os dias, através da “luta por mais justiça e pela vivência do amor”.

 

 

 

 

Museu Diocesano de Santarém
recebe prémio

 

O projeto do Museu Diocesano de Santarém venceu a oitava edição do Prémio Vasco Vilalva, atribuído anualmente pela Fundação Gulbenkian, que reconhece o papel da nova instituição para “a dinamização cultural da região”. Em comunicado, a Gulbenkian acrescenta que a distinção, no valor de 50 mil euros, este prémio, distingue ainda as obras de recuperação e conservação da catedral realizadas no âmbito deste projeto.

O júri foi unânime na decisão sublinhando a "importância e abrangência do património recuperado", bem como o "resgate da perda iminente de um conjunto de peças de arte sacra" que incorpora

 

 agora o acervo do museu.

O diretor do Museu Diocesano, padre Joaquim Ganhão, manifestou a sua alegria pela distinção, assumida com “profundo sentido de responsabilidade”, exprimindo o desejo de que as “portas abertas” desta museu possam constituir “um veículo de inspiração e fonte de esperança para a valorização do património cultural português”.

O responsável realçou ainda “o mérito profissional das empresas envolvidas e dos seus técnicos, cuja qualidade e experiência ditaram o sucesso de todas as intervenções”. O novo museu dispõe de três salas para exposições permanentes e temporárias e ainda uma sala de reservas.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa lembra «mártires»
contemporâneos que imitam Jesus

O Papa recordou no Vaticano os cristãos perseguidos em vários países, numa catequese dedicada às celebrações do Tríduo Pascal, que se iniciam esta quinta-feira. “Ainda hoje há tantos homens e mulheres, verdadeiros mártires, que oferecem a sua vida com Jesus para confessar a fé, apenas por este motivo. É um serviço, o serviço do testemunho cristão até ao derramamento de sangue”, disse, durante a audiência pública semanal que reuniu milhares de pessoas na Praça de São Pedro.

O Tríduo Pascal “da paixão, morte e ressurreição de Cristo” foi apresentado por Francisco como o momento culminante de “todo o ano litúrgico” e da “vida cristã”.

As celebrações começam na tarde de quinta-feira, com a Missa da Ceia do Senhor, na qual se comemora a instituição da Eucaristia e o lava-pés, um “gesto profético” de Jesus que, segundo o Papa, “manifesta o sentido da sua vida e da sua paixão, como serviço a Deus e aos irmãos”. “Se vamos receber a santa Comunhão sem

 

estar sinceramente dispostos a lavar os pés uns aos outros, não reconhecemos o Corpo do Senhor”, precisou.

Francisco afirmou depois que a liturgia de Sexta-feira Santa recorda o “mistério da morte de Cristo”, com a adoração da cruz. “Ao longo dos séculos, houve homens e mulheres que com o testemunho da sua existência refletiram um raio deste amor perfeito, pleno, incontaminado”, acrescentou.

Nesse sentido, evocou o martírio do padre italiano Andrea Santoro, missionário na Turquia que foi assassinado em Trebisonda, no dia 5 de fevereiro de 2006. “Este exemplo e tantos outros nos apoiem ao oferecer a nossa vida como dom de amor aos irmãos, imitando Jesus”, apelou.

O Papa falou depois do Sábado Santo como o dia em que a Igreja “contempla o descanso de Jesus no túmulo, após o vitorioso combate da cruz”, convidando os cristãos a manter viva a fé, como Maria, mesmo perante a “escuridão”.

“Sabemos que a noite é mais noite e é mais escura pouco antes de começar

 

 

 

 

 o dia. Mas precisamente nessa escuridão está Cristo, que vence”, referiu.

Francisco apresentou, por isso, a Vigília Pascal como a celebração da ressurreição de Jesus, “centro e fim do cosmos e da história”, uma festa de esperança “de quem se abre a um presente cheio de futuro”. “A nossa vida não acaba diante da pedra de um sepulcro, vai mais além, com a esperança”, observou.

 
Os cristãos, prosseguiu, são “chamados a ser sentinelas da manhãs, que saibam discernir os sinais do ressuscitado”.

Aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa desejou “um Tríduo Pascal verdadeiramente santo” que os ajude “a viver a Páscoa, cheios de alegria, consolação e esperança, como convém a quantos ressuscitaram com Cristo”.

“Boa Páscoa”, concluiu.

 

 

São João Paulo II morreu há 10 anos

A Igreja Católica recorda hoje o décimo aniversário de morte de São João Paulo II (1920-2005), que o Papa Francisco apresentou aos peregrinos reunidos esta quarta-feira na Praça de São Pedro como “grande testemunha de Cristo”.

“Amanhã [2 de abril] ocorre o décimo aniversário da morte de São João Paulo II. Recordamo-lo como grande testemunha de Cristo sofredor, morto e ressuscitado, e pedimos-lhe que interceda por nós, pelas famílias, pela Igreja, para que a luz da ressurreição resplandeça sobre todas as sombras da nossa vida e nos encha de alegria e de paz”, declarou, durante a audiência pública semanal desta semana, que reuniu milhares de pessoas.

Na tradicional saudação final aos jovens, doentes e recém-casados presentes no Vaticano, Francisco afirmou que o “exemplo e o testemunho” do Papa João Paulo II estão “sempre vivos”, lembrando o seu “ardor e entusiasmo”.

Karol Jozef Wojtyla, eleito Papa a 16 de outubro de 1978, assumindo o nome de João Paulo II, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 2 de abril de 2005. Entre os seus 

 

principais documentos, contam-se 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas; realizou 104 viagens internacionais, incluindo três visitas a Portugal, em 1982, 1991 e 2000.

O Papa polaco foi beatificado por Bento XVI, seu sucessor, a 1 de maio de 2011 e foi canonizado a 27 de abril de 2014, por Francisco.

A Igreja Católica celebra a memória litúrgica de João Paulo II a 22 de outubro, data que assinala o dia de início de pontificado de Karol Wojtyla, em 1978, pouco depois de ter sido eleito Papa. Na habitual resenha biográfica que é apresentada no calendário dos santos e beatos, João Paulo II é lembrado pela “extraordinária solicitude apostólica, em particular para com as famílias, os jovens e os doentes”.

 

 

 

Via-Sacra no Coliseu vai lembrar cristãos perseguidos

A Via-Sacra desta Sexta-feira Santa, no Coliseu de Roma, vai lembrar os cristãos perseguidos e a escravatura moderna, em reflexões escritas, a pedido do Papa, por D. Renato Corti, bispo emérito de Novara, Itália.

“Há homens e mulheres que são presos, condenados ou até mesmo trucidados, só porque são crentes ou comprometidos em prol da justiça e da paz. Não se envergonham da vossa cruz. São, para nós, admiráveis exemplos a imitar”, pode ler-se no texto, divulgado pelo Vaticano.

Os participantes na tradicional celebração, com início marcado para as 21h15 (menos uma em Lisboa), vão rezar pelo “direito fundamental à liberdade religiosa”.

A evocação da prisão, julgamento e condenação à morte de Jesus vai seguir o esquema clássico das 14 ‘estações’, lembrando “situações terríveis” da humanidade de hoje, como “o tráfico de seres humanos, a condição das crianças-soldado, o trabalho que se torna escravidão, as crianças e os adolescentes despojados de si mesmos, feridos na sua intimidade, barbaramente profanados”.

“Quando será abolida a pena de morte, praticada ainda hoje em numerosos Estados? Quando será

 

eliminada toda a forma de tortura e a supressão violenta de pessoas inocentes? O vosso Evangelho é a mais firme defesa do homem, de cada homem”, escreve D. Renato Corti.

O bispo italiano convida os fiéis a ser “guardiões de toda a criação, de todas as pessoas, especialmente das mais pobres”. “Julgar é fácil; mais importante, porém, é pormo-nos no lugar dos outros e ajudá-los até onde nos for possível”, pode ler-se.

A reflexão tem como título ‘A cruz, ápice luminoso do amor de Deus que nos guarda. Chamados, também nós, a sermos guardiões por amor’.

Entre os temas escolhidos estão também a família, o sofrimento e as mulheres, com textos do Papa Paulo VI, do cardeal Carlo Maria Martini ou de Shahbaz Bhatti, ministro paquistanês assassinado em 2011.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

60+

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

 

No passado dia 28 de março, uma grande parte da população humana se une para dar uma mensagem ao mundo: se não fizermos alguma coisa pelas alterações climáticas, perdemos a oportunidade de o fazer - dizia Mark Ruffalo (ator que faz de Hulk no filme Avengers da Marvel).

A ideia: desligar as luzes. É esse o sinal que veicula a mensagem.

A grande motivação? Pelas palavras de Obama (presidente dos EUA) no filme promocional: "somos a primeira geração que tem de lidar com as alterações climáticas e a última que pode fazer alguma coisa por isso".

Penso que este tipo de iniciativas tem a sua importância, de modo a tomarmos cada vez mais consciência dos desafios ecológicos que enfrentamos e que a pessoa comum pode ficar alheia. Não sei se desligar as luzes é o melhor sinal, sobretudo pelo desperdício de energia que isso acarreta, pois, podemos todos desligar a luz, mas isso não significa que essa não continue a ser produzida. E, não sendo consumida, terá de ser desperdiçada ... Por outro lado, muitos irão acender velas que são constituídas por parafina, um combustível fóssil dos mais poluentes. Eu compreendo que a mensagem seja no sentido de reduzir o consumo de energia, mas segundo alguns críticos, não deixa de ser curioso que a divulgação desta iniciativa tenha dependido da electricidade que, com a mesma iniciativa, se pretende "demonizar". Depois, ao desligar da tecnologia, há quem observe que esta pode passar por ser 

 

 

 

 

uma iniciativa anti-tecnológica, quando serão, precisamente, as novas tecnologias que mais irão contribuir para a redução do consumo de energia. Por último, é uma mensagem que pretende iluminar as mentes, mergulhando-as na escuridão...

Ao longo dos anos, os organizadores do evento foram melhorando a forma de transmitir esta mensagem, pois, após a escuridão, cada pessoa pode acender uma luz e, hoje, existem alternativas às velas, como os LEDs, onde a energia vem de nós mesmos, podendo simbolizar que a mudança depende de cada um de nós. A minha dúvida é se os estilos de vida mudam alguma coisa após a iniciativa, e se esta não corre o risco de banalizar a mensagem com a inculturação de uma Happy Hour de boa disposição digna de fotos para colocar nas redes sociais, mas ficando por aí.

Talvez se o mesmo número de 

 

 

 

  pessoas experimentasse um dia inteiro, ou mais dias, sem qualquer fonte de energia elétrica, se entendesse melhor o drama vivido por uma parte significativa da humanidade que faz essa experiência ano após ano. Talvez se o mesmo número de pessoas investisse em tecnologia que permitisse reduzir substancialmente o consumo de energia no seu quotidiano, o impacte fosse mais significativo. Lembro-me do título do livro de E. F. Schumacher "Small is beautiful" quando penso que um pequeno ato de amor ecológico multiplicado por milhões de pessoas pode, efetivamente, mudar o mundo e produzir a maior alteração climática de sempre: uma relação mais profunda entre nós e o ambiente. Mas, para isso, é preciso um tsunami cultural. Porém, isso é um assunto que fica para uma próxima oportunidade.

 

 

 

 

Cuidar da Criação

 

 
 
 
Para que as pessoas aprendam a respeitar a criação e a cuidá-la como dom de Deus. 
[Intenção universal
do Papa para o mês
de Abril]
 
 

1. A discussão sobre a existência ou não de alterações climáticas planetárias provocadas pela actividade humana está mais viva do que nunca. Para a maioria, trata-se de um facto cientificamente estabelecido; mas um grupo não desprezível de cientistas defende tratar-se de uma teoria por demonstrar, tendo em conta a complexidade do clima terrestre e a variedade de factores que o influenciam. Em alguns casos, a origem humana das mudanças climáticas tornou-se uma espécie de religião, sendo publicamente pedidas sanções para os hereges que a põem em causa. Noutros, a recusa desta origem leva a desvalorizar de modo acrítico a acção humana e as suas consequências na natureza.

 

2. Nenhuma destas posições extremistas é sensata – mas compreendem-se numa cultura em que a ideia de “criação” deixou de ter lugar, e a Terra passou a ser olhada ou como uma espécie de “deusa mãe” agredida pelos humanos, ou como um enorme pedaço de matéria cujo fim é ser explorado até à exaustão pelos seus habitantes. Face a estes dois extremos, importa recuperar a sensatez de uma relação com o planeta como casa de todos os humanos, para ser cuidada e protegida, de modo a continuar habitável.

 

3. O conceito de “criação”, próprio da tradição judaico-cristã, é o mais capaz de proporcionar 

 

 

 


 

um equilíbrio na relação dos humanos com a Terra, pois implica reconhecer a natureza como dom criado por Deus e confiado aos humanos. Esta transcendência – não da criação, mas do Criador – torna o respeito e o cuidado pela natureza uma obrigação de todos, haja ou não alterações climáticas, porque a criação tem uma dignidade própria, fruto da sua origem exterior aos humanos – os quais estão chamados a torná-la sempre mais habitável, não 

 

a deixá-la intocada nem a explorá-la de forma  insensata.

 

4. A Intenção do Santo Padre para este mês coloca a questão precisamente aqui: aprender a respeitar a criação, cuidando-a como dom de Deus. Fora desta perspectiva, é tudo uma questão de interesses ou de ideologias mais ou menos anti-humanas, mesmo quando se reivindicam profundamente ecológicas.

Elias Couto

 

 

Tempo de esperança

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA   

 

Como madeirense, estes têm sido dias muito especiais, no acompanhamento à distância das transformações políticas ligadas à eleição do terceiro presidente da Região Autónoma. Deseja-se que o vencedor inaugure de facto uma nova forma de fazer política, como tem vindo a prometer, e sobretudo que o novo Governo entenda que o setor público está ao serviço da população e que Estado não significa 'do partido'.

O arquipélago tem muitas especificidades que ajudam a explicar fenómenos como o resultado do movimento ‘Juntos Pelo Povo’, com tantos deputados como o Partido Socialista, e também o criticado falhanço das sondagens, eventualmente mal ‘calibradas’ face ao que é a realidade regional. Certo é que o debate político se centrou, desde logo, nos vencedores e vencidos da noite eleitoral, esquecendo muitas vezes os problemas e desafios que se colocam à nova Assembleia Regional, face às duras consequências da crise que, como em todo o país, se fazem sentir na Madeira e Porto Santo.

O tempo de passar das promessas à ação é aquele que define a nobreza dos atores políticos e o único, em última instância, que lhes poderá devolver o respeito e a estima que a população foi perdendo, desesperançada por tantos escândalos e discursos incoerentes, que hoje asseguravam uma coisa para amanhã fazer o seu contrário. Esta determinação de cumprir e promover o bem comum é que tem de ser, ela sim, absoluta.

 

 

 


 

 

O mundo continua a ser sacudido pelo desastre aéreo que provocou 150 vítimas nos alpes franceses. Questiono até que ponto não será contraproducente cumprir o desejo de notoriedade de quem terá arrastado para a morte seres humanos inocentes. Há outras histórias a contar, embora situações como estas sejam noticiáveis apenas até certo ponto: o drama individual, a perda de um filho, não se quantificam, mesmo que queiramos, não se explicam. De certa forma, perante toda a informação que nos chega, só a noção de que estamos unidos nesta busca de respostas, na fragilidade do 

 

quotidiano, permite estar efetivamente junto destas pessoas. E assim respeitar, contra ventos e marés mediáticas, a sua dignidade.

 

Uma nota final menos ‘séria’, para saudar o ambiente que se vive à volta da seleção nacional de futebol. Foi possível ver na reportagem televisiva antes do jogo de domingo, contra a Sérvia, que muitos dos que se deslocaram ao estádio não eram sequer adeptos “fanáticos”, querendo apenas viver a festa do desporto junto da equipa mais popular, neste momento, em Portugal. Que sirva de inspiração para todos.

 

 

 


 

 

Ressuscitar

 

A celebração da Páscoa é o pano de fundo

desta edição do Semanário ECCLESIA,

que apresenta uma grande entrevista

ao padre Nuno Santos, a estudar em Roma,

sobre o significado da ressurreição no quotidiano.

Esse mesmo ressuscitar que está por trás

de várias histórias aqui contadas, desde

a portuguesa que vai ser batizada pelo Papa

a quem visita doentes, partilhando

os seus sofrimentos. Do Japão

chega ainda um testemunho

de um missionário português

sobre o que significa falar

da nova vida em Jesus

numa cultura diferente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa Francisco «trouxe uma esperança» que já é «sinal de ressurreição»

 

O Padre Nuno Santos, a completar um doutoramento na Universidade

Pontifícia Gregoriana de Roma, falou com a Agência ECCLESIA

sobre a Páscoa, uma experiência de todos os dias.

 

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício

 

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) – A temática da ressurreição é o grande dogma da Igreja Católica?

 

Padre Nuno Santos (NS) – Eu diria que é um dos principais se não mesmo ‘o dogma da Igreja’, se bem que temos de dizer sempre que entre ressurreição e encarnação há de facto uma dialética, uma relação permanente entre um Deus que se faz carne e um Deus que depois ressuscita, numa expressão que temos que precisa de ser explicada,

  ressuscita na carne. Essa relação

         faz o essencial do dogma cristão,                          associado depois ao da

                              Santíssima Trindade.

                                    Ou seja, está tudo

                                       relacionado,

                                           Deus sendo

                                               Trindade

                                                   faz-se

 

 

 

 

 

 

carne no meio dos homens, habita a nossa terra, acampa - como a expressão grega insiste - no meio dos homens e este encarnar na história é um encarnar que depois nos eleva na ressurreição.

 

AE – O que é que significa ressurreição? Estamos a falar de uma dimensão física ou espiritual?

NS – Penso que entramos no tema mais delicado e principalmente na linguagem, a questão da linguagem é claramente uma questão difícil. Gostaria de começar por dizer o que não é. Pensar uma ressurreição como a ressurreição de um cadáver penso que é muito pobre e claramente percebemos que não é possível. Um cadáver é uma matéria composta, se quisermos, um corpo neste sentido biológico, e chegada a hora da morte a experiência que todos nós fazemos é de facto a da decomposição.

Portanto, a ressurreição não é claramente a ressurreição de um cadáver. Só que depois temos muitas dificuldades com a linguagem, porque a gramática, em parte é imperfeita.

Temos primeiro uma herança própria bíblica e cristã que junta duas tradições, uma tradição da 

 

 

imortalidade da alma, grega e muito na base do dualismo platónico, corpo e alma; e num quase discurso duplo, temos também a ressurreição do corpo. E isso dificulta a nossa perceção hoje.

É interessante que nós possamos dizer de forma mais simplificada que o que ressuscita é a pessoa, na sua totalidade, não o cadáver, não esta dimensão biológica, os ossos, a carne que reveste os ossos, os tendões, tudo isso, não nesse sentido mas no da totalidade da pessoa, ressuscita uma pessoa.

É interessante também distinguir a ressurreição da reanimação. Muitas vezes dizemos que Lázaro ressuscitou, mas Lázaro não ressuscitou, Jesus reanimou Lázaro, isto é, deu-lhe vida, ele retomou a vida e depois mais tarde acabou por morrer como qualquer outra pessoa.

Jesus que morreu, não foi simplesmente reanimado, Jesus ressuscitou isto é, ganhou vida nova na comunhão da Trindade, ganhou vida nova e uma vida que depois se manifesta aos discípulos.

 

 

 

AE – A questão do batismo como vida nova, também está ligada a essa ressurreição para uma vida em plenitude?

NS – Diria que o batismo é o início dessa ressurreição. Quando começa a ressurreição seria uma pergunta difícil de responder, mas talvez a nossa ressurreição comece no batismo em Cristo, porque aí celebramos a morte para o pecado e isso significa desde logo que o pecado é a negação da vida, portanto nós no batismo celebramos o início dessa comunhão de vida. É o início da ressurreição que depois a plenitude atingimos com a nossa própria morte biológica, e nesse momento diríamos que é a plenitude do encontro, desse encontro que nos ressuscita inteiramente.

 

AE – Na Bíblia há uma passagem que associa a questão da ressurreição ao acordar de um sono. O que é que significa esta simbologia?

NS – No Novo Testamento temos três momentos em que Jesus enfrenta a morte humana. Um é na morte de Lázaro, o seu amigo e por quem ele chora, relatada numa passagem muito bonita do evangelho de São João, capítulo 11. Estamos a falar de um momento muito intenso, em que 

 

Jesus vê o seu amigo morrer. Depois, restabelece essa relação, há uma reanimação.

Esse mesmo facto acontece com o filho da viúva de Naim, aí Jesus toma a iniciativa. É muito bonito porque Jesus vai ao encontro daquela mãe que sofre, sem ela lhe pedir nada, ao contrário de qualquer outra circunstância, e oferece-lhe a vida. Diz ‘o teu filho está vivo’.

O terceiro caso de reanimação é muito forte, simbólica e existencialmente, em termos de conceito metafórico, que é a capacidade de Jesus dar vida à filha de um chefe hebreu, Jairo. É muito interessante porque todos à volta já estão com sinais de cortejo fúnebre, as flautas que tocam em sinal de morte, e quando Jesus diz que ‘ela não está morta, está a dormir’, todos gozam com ele e não percebem que a relação com Deus é mais forte do que a morte.

Em todo o caso estamos aqui a falar não de ressurreição, nestes relatos, mas sempre de reanimação, estas pessoas foram reanimadas.

Eu sei que é difícil explicar isso, mas nós temos hoje, até na Saúde, pequenos elementos que nos falam de como o toque, a relação, o diálogo, 

 

 

 

 

podem dar vida àquele que está na hora da morte.

Quem cuida do doente, daquele que está na hora da morte, muitas vezes sabe da importância relevante em termos de vida, de poder estar ao lado. Porque as pessoas morrem fundamentalmente também de solidão, de desespero, de desilusão, de não terem futuro, de estarem sós. E Jesus o que nos deixa é uma porta de ressurreição, um sinal de ressurreição.

É que não deixemos ninguém adormecer sozinho, ninguém 

 

 

sozinho numa cama de um hospital a morrer, que não sejamos indiferentes se quisermos usar esta linguagem muito própria, insistente do Papa Francisco, porque a indiferença é que mata, ou mata mais do que muitas doenças.

E portanto Jesus deixa-nos claramente um sinal de vida, o estar ao lado. Ele toca na mão da filha de Jairo e diz ‘Talita kum’, ou seja ‘levanta-te e anda’, e este tocar, esta palavra é muito forte. Um Deus que nos toca é um Deus que nos dá a vida.

 

 

 

 

AE – Estes episódios são sinais hoje de que as pessoas nunca estão demasiado afastadas da salvação de Deus, da sua esperança e misericórdia?

NS – Esse sinal de esperança que a ressurreição é para nós, cristãos, é claramente a afirmação de um Deus que não desiste de nós, que cuida de nós a todas as horas e de um modo muito especial na hora das nossas ‘mortes’ e depois na hora da nossa morte definitiva.

 
Muitas vezes dizemos que o contrário da morte é a vida, uma expressão comum entre nós. Mas se formos rigorosos, o contrário da morte não é a vida, é o nascimento, antes de nascermos já começámos uma vida, ainda que intrauterina.

Portanto o primeiro sinal de esperança é esta vida que começa, a confirmação de que depois do nascimento há vida. Desde que nascemos estamos a morrer mas também estamos a ressuscitar, se quisermos.

 

 

 

 

 

 

E esta presença de Deus é uma presença sempre de esperança, não de uma esperança distante, que um dia quando morrermos se confirma, é verdade, mas uma esperança que se vive hoje no dia-a-dia, uma ressurreição que se começa a viver hoje.

Dando um exemplo muito concreto: os sacramentos ou a eucaristia de um modo tão especial, o que são senão um momento de ressurreição e vida, de comunhão plena?

É muito bonito todos os domingos, de um modo tão especial, nós celebrarmos a ressurreição. Celebramo-la sempre que estamos na eucaristia, mas o domingo é o primeiro dia da semana, o dia em que a comunidade se reúne para festejar essa ressurreição.

 

AE – O conceito da ressurreição continua a ser muito difícil de compreender por parte das pessoas. No Evangelho este ceticismo está representado pelas dúvidas de São Tomé. Como é que a Igreja pode esclarecer estas dúvidas?

NS - Eu diria que a primeira coisa é que as dúvidas fazem parte da fé, quem não tem dúvidas não se 

 

questionou. Quando nós começamos a pensar profundamente a fé que nos habita e a que celebramos, temos dúvidas, levantamos questões.

Afinal o que é isso da ressurreição, o que é que ressuscita quando ressuscitamos, que parte de mim, é a alma, é o corpo… essas perguntas habitam-nos.

Sobre o episódio de Tomé, ele é conhecido na Bíblia como o Dídimo, que quer dizer ‘gémeo’, e eu gosto muito dessa imagem porque todos somos um bocadinho gémeos de Tomé, aliás no Evangelho não sabemos quem era o seu gémeo.

Portanto não sabendo dá espaço para, numa abordagem muito alargada, que se calhar cada um de nós que aqui está hoje sejamos um bocadinho dessa dúvida.

 

 


 

NS - Não é pecado ter dúvidas, não é mau ter dúvidas, elas fazem-nos pensar mais profundamente. A questão depois é se não refletimos mais profundamente sobre as coisas, isto é, se ficamos na dúvida, na ausência da comunidade, como Tomé nos primeiros oito dias, quando a comunidade se reúne a primeira vez ele não estava.

Não estar na comunidade significa ter a dúvida mas não a procurar, estar significa ‘tenho dúvidas mas procuro uma resposta’, não só por mim nem pela minha capacidade intelectual, mas através da relação com os outros.

Porque a ressurreição é claramente antes de mais uma experiência de comunhão, não a fazendo ficamos muito mais fragilizados para depois percebermos o que é a ressurreição.

Porque não é um conceito absolutamente abstrato ou teórico, a ressurreição é essa plenitude de comunhão e de vida com Deus e com os irmãos, e nunca podemos esquecer isso, com Deus e com os irmãos.

A experiência de Deus é uma experiência profunda, uma experiência muito interior e muito comunitária, e essa experiência não se explica, isto é, também não posso 

 

demonstrar a ninguém o que é a ressurreição. Isso a Igreja já tentou várias vezes e penso que erradamente, demonstrar que Jesus ressuscitou.

Mas posso mostrar, posso mostrar com a minha vida. Foi assim que começou o cristianismo, com 12 vidas e mais, com todos os outros discípulos que foram para o concreto das suas vidas manifestar, mostrar o que é uma experiência profunda da relação com Deus e com os irmãos.

E é isso que pode convocar alguém para a experiência de Deus, e não apenas um silogismo qualquer mental, racional, porque a ressurreição e Deus não se compadecem apenas com uma absolutização da razão.

 

AE – É nessa experiência comunitária que a Igreja Católica tem que apostar hoje, no contexto de um cristianismo mais enfraquecido, sobretudo na Europa?

NS – A Europa como contexto social tem experiências muito fortes mas está muito instalada, e muito envelhecida. Por exemplo o contexto português é muito envelhecido, nas nossas comunidades  

 

 

 

 

 

demograficamente continuamos infelizmente a bater recordes de não nascimento de crianças, com pequenas oscilações é óbvio, com muita gente a emigrar e a sair do nosso país.

Todos estes contextos têm influência na comunidade, porque comunidade é comunidade humana. Uma comunidade humana que não tem emprego, que se sente defraudada nas expetativas, que se sente obrigada a sair do seu país não por opção mas porque tem que ir à procura de trabalho, que não encontra acolhimento na comunidade cristã, na sua indiferença e no estarmos instalados, também não se sente tocada.

 

 

 

 

 

NS - Para mim como cristão e como padre, e reconheço que outros terão uma opinião muito mais fundamentada, a evangelização é uma comunidade que celebra bem, que é acolhedora e que tem no seu pároco um homem presente na vida das pessoas.

É uma comunidade que só por si evangeliza, mais do que cursos, preparações teóricas sobre conceitos abstratos da ressurreição ou explicações teóricas sobre o credo.

Uma comunidade que não é sensível à realidade do outro não é sinal de ressurreição nem de esperança. E não o sendo, claramente não haverá mais nada que assim possa resolver.

Eu conheço muitas pessoas que falam dessa experiência, que é quando percorrem outros países e são acolhidas, o pároco acolhe à entrada, despede à saída, está um cristão e diz ‘não o conheço, está cá, precisa de ajuda?’. 

Quando nós viajamos, essa ajuda é já um milagre, quando chegamos a uma comunidade e alguém nos pergunta o nome, para nós a ressurreição é aquele encontro, é um pedaço de ressurreição, bem entendido. E esse 

 

para mim é um ponto que nós temos que refletir profundamente na Igreja.

As pessoas querem Deus, disso eu não tenho dúvidas, as pessoas que pensam um bocadinho sobre a vida querem Deus, não sabem é como, têm medo, têm percursos que para nós não são o esperado, queríamos um percurso muito ortodoxo, muito certinho, não.

Esses caminhos já não existem, em abstrato, em totalidade. Mas Deus também nunca quis isso, Jesus no meio da Terra o que encontrou foi as situações mais complexas, mais diferentes e ele acolheu-as sempre com o mesmo coração.

Eu gosto muito dos sacramentos, dos batismos, casamentos, dos funerais, é estranho dizê-lo, mas são para mim sempre momentos em que a comunidade é ou não é sinal de esperança.

É ali que, na minha opinião e não descurando outras realidades, se joga uma marca fortíssima da nossa identidade cristã.

 

 

 

 

 

 

 

 

AE – Acompanhando de perto em Roma o pontificado do Papa Francisco, qual tem sido o seu papel nesta reanimação comunitária da Igreja?     

NS – Tenho oportunidade de, estando em Roma, de contactar mais proximamente  com a sua experiência. É óbvio que ele, pela mediatização, acaba por ser muito sentido em todo o mundo, é verdade. Diria que um pormenor que muitas vezes não é reconhecido, é que o Papa fala muito bem, tem uma proximidade muito grande, mas o maior dom dele não é tanto a palavra, é mais o gesto, é a marca do gesto.

 

 

 

É ele saber que um gesto vale muitas palavras.

O Papa trouxe uma esperança e não sei se nós, europeus, estamos a acompanhar essa esperança, se estamos preparados para o desafio em si, decorrente de muitas outras circunstâncias, da nossa história, da nossa identidade, do que somos.

Também não temos que imitar ninguém, temos que olhar para nós e permanentemente pedir a graça da conversão, mas é um homem da América Latina, um jesuíta, um homem que tem uma experiência comunitária muito forte, mas sobretudo um homem de sinais.

 

 

 

NS - Antes tivemos uma experiência mais da palavra, com Bento XVI, com muita profundidade e graça, mas que depois não nos galvanizava como comunidade em geral, porque pelo menos hoje podemos dizer que faltaram alguns gestos concretos.

Agora com o Papa Francisco, é o gesto, a marca do gesto, de fazer aquilo que nós hoje muitas vezes temos dificuldade em fazer, ajoelharmos, beijarmos o pé daquele a quem lavamos os pés, visitarmos quem está numa favela ou bairro de lata.

Ir, como agora em Nápoles e tive oportunidade também de estar aí, almoçar com os presos, o modo como o Papa começa o diálogo ali ‘chegámos atrasados, estamos para começar’, já não me recordo das palavras precisas, mas ‘vamos começar e depois conversamos’.

Não há formalismos, e não se pede isso a um Papa, a um Papa esperava-se um formalismo, o sair no seu carro diplomático, ele como sabem tem o carro mais simples do Vaticano, muito mais modesto do que todos os outros, tem uma postura permanentemente

 

 simples, e isso marca as pessoas.

As pessoas estão cansadas do formalismo e do discurso sem prática concreta, sem gestos concretos, acho que isso é que nos toca, pessoalmente isso marca-me bastante, como cristão em primeiro lugar, e como padre.

 

AE – Será muito ousado dizer que o Papa Francisco está a mostrar o significado da ressurreição hoje?

NS – Penso que o Papa Francisco está a aproximar o cristianismo da vida concreta das pessoas. A certa altura, na Europa em particular que é a realidade que conheço melhor, o cristianismo passou a parecer quase uma elite existencial, não apenas de pessoas mas de acontecimentos.

Eu ao domingo vou à missa, na Semana Santa participo em algumas celebrações, ou assisto numa perspetiva mais errada. O Papa Francisco penso que tem tido a capacidade de agarrar no cristianismo e torná-lo quotidiano, de uma forma ainda mais visível.

Aliás, segue aqueles que têm sido os passos de Jesus e de tantos apóstolos ao longo da história. O que ele faz é 

 

 

 

 

 

 

simplesmente dizer que a eucaristia diária, a relação com o outro, tudo isto é sacramental, pode ser sinal de Deus. E nesse sentido sim, diria, tudo isto é sinal de ressurreição.

Só quem vive profundamente a ressurreição e se deixa tocar por ela pode ter uma vida assim tão plena. Isto é próprio dos santos, a Igreja está felizmente cheia de histórias de santos.

Mas há testemunhos hoje de gente na Síria, no Afeganistão, na Nigéria, de cristãos em tantas partes do mundo que são perseguidos, no Iraque, na República Centro Africana, em tantos lugares.

Gente que está a ser permanentemente perseguida, que veem os seus familiares a serem mortos, e continuam com uma esperança cristã.

Que resposta é que podemos dar a esta gente, que não no mínimo vivermos no quotidiano agradecendo a Deus o tanto que nos é dado e principalmente podendo rezar com eles e por eles, pedir a graça de que esse testemunho tão grande possa tocar a nossa vida, para nos 

 
 
 
Só quem vive profundamente a ressurreição e se deixa tocar por ela pode ter uma vida assim tão plena. Isto é próprio dos santos, a Igreja está felizmente cheia de histórias de santos.

 

 

 

 

 

desacomodar e darmos um bocadinho de nós. E o Papa nisso diria que é muito lúcido.

Os seus gestos, penso que é claro para ele, são muito anunciar essa esperança, esse entusiasmo.

E eu sinceramente gostava que a ressurreição representasse esse entusiasmo, essa vida que traz uma vida dentro que dá sentido, que é o próprio Cristo ressuscitado, e é esse o contexto que eu vejo no Papa Francisco.

 

 

 

 

AE – Que experiências de ressurreição é que já teve na sua vida?

NS – Pessoalmente tenho a experiência do contacto com a morte, que me marcou sempre bastante, não só de familiares, de alguns amigos. Tive oportunidade de estar durante oito dias, ainda no final do meu percurso de seminário, numa unidade de cuidados paliativos a fazer um trabalho sobre o luto e a acompanhar aqueles que morriam, e isso marcou-me sempre muito.

E nessa hora os sinais da ressurreição são muito mais visíveis. Para mim ela tem a ver com essa vida que se sente e se ganha na hora da morte, quando o cenário é apenas a desilusão ou a morte.

Tenho a experiência de muitos doentes que visitei e acompanhei, que me contaram vidas, muitas pessoas que em horas de desespero, desanimadas, em depressão ou angustiadas, em que depois do diálogo houve uma esperança diferente.

E depois já um ou outro caso muito tocante, um exemplo muito simples que há tempos me contaram, que eu já não me recordava, um familiar.

Alguém que estava há alguns anos sem falar, e que depois da visita 

 

do padre, do diálogo com ele, de lhe levar a esperança, essa pessoa voltou a falar.

Este é um pequeno milagre que não é nosso, que é de Deus, um Deus que se serve da comunidade, de cada um de nós, para levar um bocadinho mais de vida a cada um dos outros.

 

AE – O padre Nuno Santos tem um blogue onde vai apresentando as suas reflexões. Que papel é que as novas tecnologias podem ter na apresentação da ressurreição e da mensagem cristã?

NS - Para já escolheria um primeiro aspeto que é a questão da linguagem. A linguagem que usamos em Igreja, de um modo geral e em contextos muito formais, é uma linguagem que já não comunica ou tem um poder de comunicação muito reduzido.

Hoje precisamos de novas metáforas, de aprofundar muito bem os conceitos, até no sentido mais profundo e teológico, e o Papa nisso acaba por dar uma ajuda, com algumas comparações que faz.

Eu estudo Dogmática, é uma área que gosto e é uma oportunidade que a Igreja me permite de aprofundar conceitos mais difíceis, o que depois 

 

 

  

 

permite-me usar metáforas mais ajustadas.

Isto não é de hoje, o São Paulo quando teve de falar de ressurreição na comunidade dos coríntios, e encontramos isso no capítulo 15, o que ele diz é ‘o que é um corpo?’.

Por exemplo a palavra corpo é uma imensidão, às vezes não pensamos, há o corpo docente, que é uma entidade, há o corpo de bombeiros, há um 

 

corpo de polícias, há uma identidade.

E São Paulo vai desconstruindo as imagens para depois as construir com um exemplo muito bonito, que é aquele da natureza: ‘lançar a semente à terra e se ela não morre não nasce vida’. Isto é uma experiência do dia-a-dia para aquela gente, todos quantos estão a ouvir sabem o que é lançar a semente à terra e ela renascer.

 

 

 

NS - Hoje faz algum sentido eu chegar a uma cidade e dizer ‘lançar a semente à terra e que ela renasça’? Se estiverem lá pessoas de 80 anos, que eram das aldeias, talvez a ideia passe. Mas se estiverem jovens da minha idade ou mais jovens do que eu, se calhar não passa. Eu ainda sei porque nasci numa aldeia, mas quantos destes, os meus sobrinhos ou outros, sabem efetivamente o que é lançar um grão à terra que depois renasce?

Temos de encontrar novas metáforas, este é um primeiro aspeto muito importante.

Depois elas têm também de atingir novos contextos. Eu uso as tecnologias, haverão outros que têm outra perspetiva, há muita ciberteologia, muita reflexão nesse sentido.

Mas considero-as para já, se calhar pobremente, apenas como um instrumento, sou mais do concreto, do real, e o virtual é apenas um instrumento para chegar a isso, mas essas metáforas têm que ocupar novos contextos, novos espaços.

 
Os blogues, os twitters, o facebook, tudo isto tem que estar lá, com a linguagem de lá. E aqui começa o problema, porque muitas vezes pomos os conceitos lá com a linguagem de outro tempo.

E é como andar com uma roupa do século XVIII, é bonita mas não é de hoje, e então parece um museu. E a Igreja tem esta dificuldade permanente das novas metáforas.

O segundo ponto, para mim mais importante do que este, é o gesto concreto, é uma Igreja que faz um gesto antes de dizer a palavra, que antes de anunciar o que se deve fazer já o fez.

Devemos ser misericordiosos, e essa Igreja que o diz já o é. Devemos ser alegres, e essa comunidade já o é.

 

 

O convite do Papa para uma vida nova

A portuguesa Helena Lobato, da Diocese de Setúbal, parte hoje para o Vaticano, onde no sábado vai ser batizada durante a vigília pascal pelo Papa Francisco.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a pintora de 44 anos confessa-se com “nervoso miudinho” pela “cerimónia pública” mas calma e entusiasmada em relação ao encontro com o Papa e à receção do sacramento, um “momento particular, seu”.

“Acho que vai ser um dia muito feliz, uma reorientação, um ponto de viragem na vida, com uma nova maneira de estar, mais acompanhada e com mais ferramentas para seguir caminho”, confidencia a artista.

Tudo começou há mais de um ano, quando Helena Lobato decidiu escrever uma carta a Francisco, numa altura em que atravessava um período mais difícil. Apesar de não estar ligada à Igreja, a maneira de ser do Papa argentino, simples e próxima dos problemas das pessoas, encorajou-a àquele gesto, quase de forma “inconsciente”, na emoção do momento.

Para a pintora radicada em Setúbal, Francisco era “sinal de uma Igreja 

 

 

diferente”, capaz de ir ao encontro do “sofrimento” das pessoas, no quotidiano.

Um sentimento que confirmou com a resposta do Papa argentino, que a convidou a acolher uma nova “luz”, sendo batizada por ele em Roma.

“É essa a esperança que o Papa nos passa, por vezes na Igreja havia um distanciamento que levava as pessoas a esmorecer. Aquilo que aconteceu comigo acho que seria impensável em outra fase da Igreja, esta abertura, a receção que o Papa faz a muitas pessoas, a sua postura toca almas e corações e puxa, tem um magnetismo muito grande”, realça a catecúmena.

Uma vez no Vaticano, Helena Lobato

 

 

 

 

 

 

 


 

 vai sábado de manhã à Basílica de São Pedro para conhecer e familiarizar-se com os procedimentos da cerimónia de batismo.

A acompanhá-la vai estar o padre José Gil Pinheiro, pároco da Cova da Piedade, onde Helena se preparou para receber o sacramento da iniciação cristã, e que vai ser também padrinho da artista.

O sacerdote destaca uma “história de conversão, de alguém que foi tocado por Deus e que se aproximou da Igreja”.

“Graças a Deus a Igreja tem tido várias experiências destas. O que faz a história da Helena ser diferente é ela 

 

ter escrito ao Papa e ele responder com um convite. É um sinal de uma Igreja que está aberta e que convida a descobrir Jesus”, apontou.

Já José Peneda, um dos coordenadores do grupo de preparação para o batismo de adultos que acolheu Helena Lobato, destaca o facto de “cada vez mais pessoas procurarem a Igreja na idade adulta”.

“Há uma semente, um sentimento dentro delas, e nós alimentamos esta semente”, frisa aquele responsável.

Já sobre o gesto do Papa, acredita que ele contém “muitos ensinamentos”, assim saiba a Igreja Católica “descodifica-la e pensá-la”.

 

 

O renascimento fundado
em amizades verdadeiras

José Dias, funcionário da Comunidade Vida e Paz há três meses, recorda um processo de renascimento depois de viver emoções fortes pela perda do emprego, dos pais, e a passagem curta mas “difícil” pela condição de sem-abrigo.

“Depois de estar aqui quase três anos foi-me dada a oportunidade de passar a funcionário, isso é um renascer e o mais importante”, explicou José Dias.

À Agência ECCLESIA, revela que não está “diferente” mas “mais preparado, consciente para a vida” porque passou por situações que apenas conhecia de ouvir falar mas não as tinha vivido.

“O tempo de rua e aqui acrescentei à minha vida experiências que a enriquecem, não sei se fazem de mim melhor pessoa mas pelo menos mais rica”, acrescenta o entrevistado que depois de seis meses na Comunidade Vida e Paz (CVP) “estava mais restabelecido” do seu estado emocional e encontrou “paz”.

Neste contexto, José Dias considera que “cresceu” com as dificuldades e descobriu o verdadeiro significado da palavra amigo porque estes 

 

encontram-se quando a pessoa “está mal”.

“Aqui encontrei pessoas que não me conhecia de lado nenhum e ao fim de pouco tempo, sabendo as minhas dificuldades e necessidades, ajudaram-me sem eu pedir”, desenvolve quem agora “preza muito mais” o significado desta palavra.

Outro fator que ajudou no processo de reaprendizagem e renascimento do entrevistado foi participar na oficina de olaria, uma área “que já gostava” e frequentemente ia a exposições.

O agora funcionário da Comunidade Vida e Paz, na Quinta do Espirito Santo, em Sobral de Monte Agraço, recordou um percurso de vida estável, fundada em alicerces familiares fortes, que começou a desmoronar quando ficou desempregado e passado pouco tempo o pai faleceu.

As duas situações, por volta dos 41 anos, destabilizaram a vida de quem profissionalmente fazia medições e orçamentos de obras 

de construção civil.

José Dias conta que foi viver com a mãe, que era o seu “suporte de vida sobretudo emocional”, que ao ver o 

 

 

 

 

filho desempregado perguntava-lhe: “O que será de ti meu filho quando eu falecer?”

Foi este acontecimento, há três anos, e o facto de estar “desiludido com a vida” porque não encontrava trabalho que resultou na “pior fase” da sua vida onde passou, durante 12 dias, pela situação de pessoa sem-abrigo até encontrar ajuda na CVP.

“Pedir ajuda não custa, tem que se ter coragem, temos de assumir que precisamos. Difícil era o que mexia interiormente, a autoestima a 

 

destruir. Sempre ouvi falar disso mas agora era eu”, explica.

Para o interlocutor “complicado” não foi viver na rua mas gerir as emoções, “o que se vê, as conversas que se ouvem, saber como lidar com as pessoas”.

José Dias disse ainda que quando assinou contrato com a CVP, escreveu na rede social Facebook à sua mãe, para dizer que “com a ajuda de alguém ia recomeçar a vida”.

“Agora acredito que já está a descansar em paz”, concluiu.

 

 

A escrita para a ressurreição

A escritora Maria Teresa Maia Gonzalez percebeu “aos poucos” que Deus lhe dava a conhecer a “missão” de escrever através de um processo de construção e intervenção em áreas como a “espiritualidade”, que ajuda a superar as dificuldades.

“Todos somos templos em construção e é para mim um privilégio poder ajudar a construir esses templos maravilhosos que são os seres humanos. A espiritualidade é o grande tema que mais me interessa desenvolver na criança e no jovem”, explica à Agência ECCLESIA.

Para a autora de livros para crianças e adolescentes o “campo dos afetos” e os “combates do dia-a-dia” são áreas que fazem parte dos assuntos que aborda nos seus livros onde percebe-se que a situação de dor - doença, divórcios, abandono, medos – está associada a um processo de ressurreição, de ultrapassar as dificuldades.

“Não é possível fazer isso sem falar das perdas. Elas podem causar grande sofrimento, e causam, mas são elementos indispensáveis na construção do templo que todos estamos destinados a ser”, considera Maria Teresa Maia Gonzalez, para 

 

quem Deus “não espera menos” que todos sejam menos do que “templos grandes, catedrais”.

Neste processo, a escritora comenta que antes existem “muitos combates a travar” onde é preciso “aprender” a lidar com as perdas e a perceber que mesmo no “falhanço” se pode aprender, por isso, a situação de morte, integral ou não, prevê a “ressurreição, o ressurgir mais forte”.

“Sou cristã, católica, tenho esperança e o fundamento é Cristo que ressuscitou e me prometeu a ressurreição”, acrescenta.

Como escreve nas histórias dos seus livros, Maria Teresa Maia Gonzalez acredita que um “desaire” pode contribuir para que a pessoa saía “mais forte, mais capaz, mais resiliente” e é isso que tenta transmitir, a “esperança” e a ideia de aprendizagem a partir das perdas.

 

 

 


 

Para a entrevistada esta missão de ajudar através da escrita é “fundamental”, uma vez que considera “errada” a ideia de sucesso transmitida pelos meios de comunicação social e mesmo nas escolas.

“Para alguns jovens ter sucesso é nunca perder, é ganhar muito dinheiro, ter roupas na moda, ser muito bonito e quando perdem alguma destas coisas transforma-se numa fatalidade sem solução”, exemplifica.

Segundo a autora “é preciso ajudar”

 

a construir seres humanos transmitindo a ideia de que o sucesso “é uma conquista permanente” e ser feliz “não tem a ver com o não sofrer”.

Neste contexto, os livros de Maria Teresa Maia Gonzalez veiculam valores, e valores cristãos, “às vezes” sem que os leitores “percebam” porque estes podem “nunca ter ouvido” falar neles.

“Em certas escolas, bibliotecas, dá-me a sensação que os pais nunca falaram de certos valores e os professores agradecem porque eles precisavam”, disse ainda.

 

 

 

De uma vida desregrada
à ressurreição do encontro

Joaquim Mexia Alves foi-se afastando da Igreja Católica, da educação dos pais, no início de vida adulta, tendo vivido “sem sentido”, mas antes do “abismo” sentiu que devia mudar e tornou-se apóstolo dos outros.

“Houve alguma coisa que me fez sentir que deveria mudar. Foi relativamente simples porque lembrei-me da maneira como tinha sido educado e na hora do almoço, sem ninguém, ia sentar-me e conversava com o sacrário, ou com Deus, na Igreja Matriz de Monte Real”, começa por recordar à Agência ECCLESIA.

O entrevistado revela que foi percebendo que havia uma presença que lhe “dava forças para conseguir mudar” porque viu-se a cair “num abismo” do qual “não conseguiria sair” e começou a resistir a algumas situações.

Neste percurso conheceu o padre Lapa, do Movimento Carismático Católico, a quem escreveu a pedir ajuda e foi convidado para assistir a uma assembleia do Renovamento 

 

Carismático da Pneuma Vita, em Fátima.

“Fui desconfiado mas espantou-me. A certa altura pensei que estava no meio de gente meia louca, a maneira como o movimento reza mas fui-me sentido bem, que devia ficar ali”, disse José Mexia Alves, atualmente coordenador da equipa diocesana do Renovamento Carismático de Leiria.

“A espiritualidade muito aberta e livre mas muito preenchida e cheia do movimento ajudou-me a percorrer um caminho”, acrescenta quem sentiu Deus e Jesus Cristo “muito próximo”.

“Estava ali para me abraçar, acompanhar, não queria que eu deixasse de ser o Joaquim que era mas que algumas prioridades mudassem para ser mais feliz”, observa o também coordenador do curso Alpha na Vigararia da Marinha Grande.

Neste contexto, fala “quase” de uma “ressurreição” porque teve uma vida nova a partir do momento que deixou-se “encontrar por Deus” e “O encontrou”.

“Uma vida nova, com sentido, 

 

 

 

 

 

direção, sobretudo não só para Deus mas em Deus para os outros. Para pensar nos outros e em tudo aquilo que no reúne”, acrescenta.

Segundo Joaquim Mexia Alves um das partes “importantes” deste caminho foi o “entendimento do que é a Igreja verdadeiramente” e considera que se tornou uma pessoa “bem mais bem-disposta e mais alegre”.

“A alegria não da gargalhada ruidosa mas de Deus, serena e tranquila. A 

 

Igreja dá-nos a dimensão de vivermos em comum, perseguirmos os mesmos valores, vivermos juntos para o mesmo Deus e com Ele presente em nós”, desenvolveu.

O interlocutor, que desde há um ano ajudou a criar um grupo de reflexão para divorciados ou recasados, comenta ainda que esta mudança tornou-o apóstolo para os outros a quem “tenta dar” o que recebeu de Deus, a “ressurreição neste mundo”.

 

 

A obra de misericórdia de ser palavra, companhia e sentido de pertença

A Paróquia do Campo Grande, no Patriarcado de Lisboa, procura que os seus voluntários em saúde sejam rosto e palavra da comunidade na visita às pessoas doentes rompendo o silêncio, solidão e sofrimento com o “remédio” de Cristo.

“Alegram-me sempre. Penso que me mudam um bocado aos domingos. Há sempre qualquer coisa de bom que vem depois daquele momento”, explica Cristina Allen Revês, sobre a visita semanal.

A paroquiana do Campo Grande 

 

sofre com uma doença que a impossibilita de sair de casa durante longos meses, mas revela que mesmo estando “muito longe dos restantes fiéis”, no momento da visita “não” e “não é só a Manuela (visitadora) que vem”.

À Agência ECCLESIA, a professora reformada, que também foi psicóloga na luta contra a droga, assinala que aos 72 anos continua com “força de viver” e preocupa-se com o mundo à sua volta.

Por isso, as conversas com a 

 

 

 

 

 

 


 

 

visitadora são também sobre a atualidade, de “tudo”, passando por “receitas de culinária”, sobre “os amigos e das missas”.

Manuela Leitão comenta a responsabilidade do seu serviço e revela que quando a outra pessoa está triste tem de ser alegria, dá a comunhão mais cedo e depois “conversa muito mais à vontade”.

“A Comunhão muda muito e penso que depois de sair da igreja, da paróquia, tendo recebido a Comunhão do prior sinto-me uma partícula de Missa que vem a casa da doente”, assinala a visitadora, que faz 

 

voluntariado em saúde há cerca de 15 anos.

Já a coordenadora do voluntariado em saúde, da paróquia lisboeta, explica este serviço tem duas componentes, uma “muito humana” de dar à pessoa a possibilidade de conversar e a outra de ajudar essa mesma pessoa a ter uma “noção de pertença a um grupo, de sentido de vida”.

“Visitar doentes é a maneira que temos de fazer com que as pessoas que não podem sair de casa e estão no fundo afastadas sintam-se dentro deste corpo que é a Igreja e possam ter algum nível de sociabilização”, frisa Helena Presas.

 

 

Ressurreição em japonês

Como apresentar o tema da ressurreição na complexidade do contexto cultural japonês? É possível dialogar com a (mais ou menos) indiferente sociedade japonesa no que diz respeito à questão religiosa e – concretamente – à ressurreição? Eu diria que será necessário rever a metodologia. O «rever a metodologia» implica o procurar meios que nos ajudem a permitir que novas ideias desafiem as nossas convicções, para que possamos descobrir Deus em caminhos nunca antes imaginados, como diria o 

 
teólogo norte-americano Stanley Hauerwas.
A ressurreição está intimamente associada a elementos históricos, mas transcende tempo e espaço. Não se trata de um mero evento do passado ou que acontecerá no futuro, depois de terminarmos o nosso tempo neste mundo; a ressurreição terá de ser experimentada no nosso quotidiano. A solidariedade no sofrimento – o sofrimento voluntário pelos outros – é o testemunho mais poderoso da compaixão de Deus através da morte e ressurreição de Jesus, evento que 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

acontece totalmente na cruz. Viveremos momentos de ressurreição se entendermos o símbolo da cruz como assunção de todo este mistério e se fizermos memorial de Cristo na nossa vida, porque, no dizer da teóloga alemã Dorothee Sölle, enquanto Cristo viver e for recordado, os seus amigos estarão ao lado da pessoa que sofre.

Este impacto prático da ressurreição na nossa vida quotidiana como testemunho da compaixão divina está nitidamente patente na ficção do escritor católico japonês Sh?saku End? (1923-1996), principalmente na solidariedade com o fraco e no perdão do traidor. Acredito que este tipo de ressurreição deverá ser realçado no contexto de reinterpretação e 

 

inculturação, para um diálogo intercultural e inter-religioso eficaz, principalmente no contexto cultural nipónico. Penso que um dos pontos de partida para o aprofundamento deste tipo de ressurreição com impacto prático na nossa vida diária será a ficção, pois esta ocupa-se de dramas próprios do campo pré-religioso do ser humano. Aí estão as bases antropológicas e, provavelmente, será aí – no campo pré-religioso – que 

chegamos à soleira do nosso encontro com o diferente no solo cultural e religioso japonês e – quem sabe – o elo de ligação entre a ressurreição de Cristo e a nossa própria ressurreição diária.

Adelino Ascenso

Sociedade Missionária da Boa Nova

 

 

 

Ressurreição e fé cristã segundo Bento XVI

O Papa emérito Bento XVI afirmava na sua obra «Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição» que “a fé cristã fica de pé ou cai” por causa da verdade da sua doutrina sobre a ressurreição de Cristo.

“Se se suprimir isto, certamente que ainda se poderá recolher da tradição cristã uma série de ideias dignas de nota sobre Deus e o homem, sobre o ser do homem e o seu dever-ser (uma espécie de conceção religiosa do mundo), mas a fé cristã estará morta”, assinala, no livro publicado em 2011.

“Nesse caso, Jesus será uma personalidade religiosa falhada”, acrescenta.

Joseph Ratzinger considera que a fé na ressurreição “não contesta a realidade existente”, mas afirma “uma dimensão ulterior”, sem que isso esteja “em contraste com a ciência”.

“Só poderá verdadeiramente existir aquilo que desde sempre existiu?”, questiona, antes de declarar que “na ressurreição de Jesus, foi alcançada uma nova possibilidade de ser homem, uma possibilidade que interessa a todos”.

A obra refere que a ressurreição de Jesus foi “a evasão para um género de vida totalmente novo, para uma vida já não sujeita à lei do morrer 

 

e do transformar-se, mas situada para além disso – uma vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem”.

Para Joseph Ratzinger, “se na ressurreição de Jesus se tratasse apenas do milagre de um cadáver reanimado”, em última análise isso não interessaria “de forma alguma”.

“Para as poucas testemunhas – precisamente porque elas próprias não conseguiam capacitar-se disso –, foi um acontecimento tão revolucionário e real, tão poderoso ao manifestar-se-lhes que toda a dúvida se desvaneceu, e elas, com uma coragem absolutamente nova, apresentaram-se diante do mundo para testemunhar que Cristo verdadeiramente ressuscitou”, prossegue.

Bento XVI afirma que o sepulcro onde Jesus foi colocado após a crucifixão tem de estar vazio, até hoje, vendo nisso “um pressuposto necessário para a fé na ressurreição”.

O segundo volume da trilogia de Joseph Ratzinger sobre «Jesus de Nazaré» assinala que “se o sepulcro vazio, como tal, não pode certamente provar a ressurreição, permanece porém um pressuposto necessário para a fé na ressurreição, uma vez que esta se refere precisamente ao corpo".

 

 

 

Detalhe de painel central do «Tríptico da Ressurreição» de Hans Memling (c.1485)

 

“Essencial é o dado de que, com a ressurreição de Jesus, não foi revitalizado um indivíduo qualquer morto num determinado momento, mas se verificou um salto ontológico que toca o ser enquanto tal”, aponta ainda. Esta questão, sublinha, é "o ponto decisivo" da sua pesquisa sobre a figura de Jesus.

O Papa emérito lembra que “era fundamental para a Igreja antiga que o corpo de Jesus não tivesse sofrido a decomposição” e destaca a própria deposição no sepulcro, a respeito 

 

 

da qual aborda, brevemente, o tema do Santo Sudário.

Três Evangelhos (os chamados sinópticos, dada a sua semelhança) falam num lençol com o qual se envolveu Jesus, mas o texto de São João usa o plural – “«panos» de linho” - segundo o uso judaico.

No capítulo da obra dedicado à «ressurreição de Jesus da morte», Bento XVI refere que a mesma “ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história”.

 

 

Procissões com flores e crianças assinalam a Ressureição de Jesus no Algarve

No Algarve, as celebrações do Domingo de Páscoa assumem particular relevância, já que nesta região tem lugar uma procissão única no país: a Procissão das Tochas Floridas (S. Brás de Alportel), ou Procissão Real (Monchique e Silves), ou Procissão das Flores (Silves), ou Procissão das Campainhas (S. Clemente, Loulé), ou Procissão do Triunfo, ou Procissão da Ressurreição de Cristo, ou, ainda, Procissão do Santíssimo Sacramento (Lagoa). Esta procissão assinala, seja qual for a sua designação, a vitória de Cristo sobre a morte e a Sua realeza.

Os dados relativos às celebrações da Páscoa existentes no Algarve estão disponíveis no site da Diocese do Algarve (www.diocese-algarve.pt/) ou o site da Pastoral Diocesana do Turismo (www.turismo.diocese-algarve.pt/).

Particular destaque tem a Procissão das Tochas Floridas que se realiza em S. Brás de Alportel.

Para além do seu sentido religioso, ela comemora um dos mais heroicos acontecimentos históricos do Algarve: a expulsão, pela confraria dos 

 

moços solteiros, das tropas inglesas comandadas pelo duque de Essex, que em Julho de 1596 saquearam a cidade de Faro e o seu termo.

Outrora, as confrarias eram obrigadas a levar uma tocha acesa ou luminária e opas vestidas. Posteriormente, a falta de cera levou ao aparecimento de paus pintados e ornamentados com flores, no cimo do qual se colocava uma pequena vela. Mais tarde, com o desaparecimento das confrarias, permanecem na procissão os paus enfeitados, as lanternas e as velas acesas ao lado do pálio e as opas, que ainda hoje são trajadas pelos homens que transportam o pálio.

No final, as “tochas”, simples hastes coloridamente decoradas com flores (ramos de alfazema, rosmaninho e flores campestres) e transportadas exclusivamente por homens que e formam as alas da procissão, são prostradas na calçada juntando-se ao vasto tapete florido, magnífico trabalho de mãos voluntariosas, sobre o qual o sacerdote caminha durante mais de 1 km, ao mesmo tempo que carrega o Santíssimo, numa Custódia. Para construir esta verdadeira 

 

 

 

obra de arte, são precisas três toneladas de flores, num trabalho que resulta do esforço de uma centena de voluntários.

As colchas nas janelas, as varandas engalanadas e o tapete florido, completam o cenário de uma das mais belas e genuínas procissões do país. 

 

 

Em seguida, o prior celebra uma missa campal à qual assistem milhares de fiéis, na mais completa devoção.

Também se realiza um concurso escolher as mais belas tochas e varandas da procissão, estratégia definida para melhor preservar este património etnográfico de S. Brás.

 

 

 

 

Páscoa é o teu nome

 

Se percorres o deserto da noite só procurando a Luz,

O Amor te dirá

Que ela está acesa já, na vontade do Pai; Ela virá.

 

Se te diriges ao túmulo vazio perguntando pelo Teu Senhor,

O Amor dirá

O teu nome

E tu o d’Ele.

 

Se perguntas ao dia terceiro por que se calam as humanas vozes, os olhos não veem e o coração não acredita,

O Amor te contará uma história de amor

E sentirás arder o teu coração.

 

Se perguntas ao Forasteiro, que contigo caminha, para onde vai

e se não quer pernoitar contigo

Ele em tua morada entrará

Partirá o pão, o abençoará e to entregará.

Os teus olhos se abrirão e reconhecerás o Teu Senhor.

 

E, se Lhe perguntas qual é o Seu nome,

O Amor te dirá:

Eu e tu, sempre.

 

Eugénia Magalhães

25|03|2015

 

 

 

 

 

 

Olhar a Quinta-feira Santa

A Quinta-feira Santa é um dia especial em que os sacerdotes se reúnem, de manhã, à volta do seu bispo na missa crismal e, ao fim do dia, recordam a instituição da Eucaristia, onde é integrada a cerimónia sugestiva e humilde do lava-pés. A Ecclesia procurou juntos de consagrados o significado deste dia.

A irmã Victória Monteiro é Escrava da Santíssima Eucaristia e Mãe de Deus, consagrada há 23 anos, olha para este dia em que valoriza o gesto de lava-pés.

“Desde criança que este dia me marcou ainda nem eu sabia que ia ser consagrada”, afirmou a irmã entre risos.

O gesto de lava-pés é o que mais a chama a atenção porque sintetiza toda a vida, toda a entrega de Jesus, a humildade de servo” e depois as palavras Amai-vos uns aos outros como eu vos amei e o peso que vão ganhando na minha vida.

É um dia que “preenche” esta consagrada por também ser o dia da Eucaristia, o “centro do mistério”, como diz.

Já o consagrado marista, Irmão 

 

António Leal, destaca o serviço e a fraternidade presente neste dia e na sua vocação de irmãos.

“Este é o dia do Mandamento novo: Jesus está com os seus, com a sua comunidade e dá-se todo a eles”, afirmou à Ecclesia.

Através do olhar de 50 anos de consagrada a irmã Julieta Dias, do Sagrado Coração de Maria, intitula este dia como a Páscoa antecipada, o dia de entrega da vida.

“A Quinta-feira Santa é para mim a Páscoa antes da Páscoa porque é o dia em que Jesus se dá em alimento: dai-vos em alimento e dai-vos em serviço”, recorda a consagrada.

A morte de Jesus foi porque ele fez isso, era junto dos doentes, pecadores, cegos, coxos e marginalizados e dava-lhes vida, “alimentava-os, fazendo que a vida fosse mais vida”.

Mas este dia recorda aquele momento em que ele, juntos dos amigos próximos, ele se despediu e disse “como eu fiz, fazei vós também”, frase que a irmã Julieta recorda através do serviço.

“É no alimento que eu tento ser 

 

 

 

 

para os outros, no serviço que eu faço em favor dos outros, é aí que encontro a vida, a vida verdadeira, que é a Ressurreição”, conta.

É também a Quinta-feira Santa que mais entusiasma o sacerdote carmelita Jeremias Vechina, o dia da Eucaristia.

“É o dia da Eucaristia, o maior dom que Deus deu à sua Igreja, o 

 

seu filho, e o dia do sacerdócio, pois não há Eucaristia sem sacerdote”.

Mas o consagrado de 74 anos recorda que tudo isto tem de ser vivido em função da Ressurreição, “senão não faz sentido”.

Perspetivas diferentes de consagrados sobre este dia que inaugura o Tríduo Pascal deste ano da vida consagrada.

 
 
 

 

 

ABC da Vida Consagrada (8ª parte)

Vocação

A Vocação Batismal vive-se de muitas maneiras e por muitos Caminhos, são muitos os dons e serviços, (ministérios) com que o Espírito enriquece a Igreja. Procurar descobrir a vontade de Deus para a vida é a missão de cada cristão, mas neste mundo nem sempre se percebe a vontade de Deus como critério de felicidade. Viver a vida em chave vocacional é: assumir a santidade como projeto de vida; confiar no amor do Pai, seguir o exemplo de Jesus, deixar-se guiar pelo Espírito Santo; aceitar as mediações, aferir a vida com alguém que me possa dar uma orientação espiritual; ser assíduo aos sacramentos; estar atento às moções interiores, aos apelos do Espírito. E entender que nas diversas vocações: no matrimónio, como leigo, missionário, sacerdote, ou como consagrado/a, cada um tem um caminho único para viver a vontade de Deus.

 

 

 
Xadrez, o mesmo que calabouço, grades, clausura

A clausura papal faz parte da vida das Monjas, ou monges, o que denominamos de Vida contemplativa, é um espaço reservado à comunidade, onde vivem os seus votos, durante a sua vida, exceto alguma saída por motivos extraordinários, segundo o parecer do superior e o direito próprio. As grades físicas, existentes nalguns conventos são apenas símbolo disso, nalgumas construções mais moderna podem nem existir. Mas os Institutos de Vida Apostólica estão dispensados dessa clausura, devendo “conservar clausura, segundo as suas constituições” e o carisma, há um espaço reservado à comunidade, devendo os/as religiosos/as permanecer na casa onde a obediência os coloca, mas há liberdade de movimentação e de receber pessoas, mediante as necessidades do apostolado e o aferido pela comunidade e pelos superiores .[1]


 

[1] VFC nº 10 e cf. DC 674   [1] Cf. Perfectae Caritatis, Vaticano II; Nº 9 e 16

 

 

 

 

 

 

Num mundo materialista é difícil entender a vida contemplativa. Os contemplativos têm a sua vida organizada para a oração, mesmo quando trabalham, desempenham o seu papel missionário e de evangelização ao colocarem o mundo na presença de Deus. Imitam o Cristo que procura o deserto, ao ofertarem toda a sua vida são testemunho da primazia de Deus e do amor da Igreja pelo seu Senhor, contribuem com uma misteriosa fecundidade apostólica para o crescimento do povo de Deus.

 

 

Zelo apostólico, Missão Pastoral

O zelo apostólico é comum a toda a vida consagrada, já que a missão da Igreja é o anúncio, a evangelização. As implicações práticas variam do Instituto de clausura para o Instituto apostólico, no primeiro é realizado pela oração, pelo sacrifício, no segundo implica um discernimento comunitário “praticado com fé 

 

 

 

e seriedade” como facilitador das decisões necessárias para o bem da vida fraterna e da missão. A comunidade apostólica é chamada a saber inculturar-se, mas também a ser contracorrente, e este aspeto, é um sinal visível da procura da vontade de Deus, trata-se “não só da evangelização da cultura, mas também a inculturação evangelizadora e a evangelização inculturada. Implica anunciar Cristo, mas sobretudo testemunha-Lo, no cuidado aos mais fracos, sendo voz dos sem voz segundo o carisma próprio de cada um.

 

Irmã Flávia Dores

Comunidade das Dominicanas de Santa Catarina de Sena - Aveiro

Para o Correio do Vouga

e a Agência Ecclesia

 

 

 

 

Semana Santa online

Em plena Semana Maior para os cristãos, fiz uma pesquisa na internet com as palavras “semana santa”. Nessa busca encontrei dois sítios que possuem estes termos nos seus endereços. No entanto é interessante perceber que ambos tentam, acima de tudo, mostrar como são as vivências locais e quais as atividades que serão dinamizadas com a paixão, morte e Ressurreição de Cristo.

O sítio inteiramente renovado da Semana Santa da cidade dos arcebispos assume-se como “uma plataforma digital de qualidade, próxima dos visitantes e turistas, onde estes podem encontrar informação sobre toda a realidade do mais significativo e imponente evento internacional da cidade de Braga”, assinala o presidente da Comissão da Semana Santa de Braga, o cónego Jorge Coutinho.

Ao digitarmos o endereço www.semanasantabraga.com encontramos um espaço muito bem concebido, com uma imagem gráfica e conceção perfeitamente adequados aos parâmetros atuais da produção de sítios para a internet, mas ao mesmo tempo solene e perfeitamente 

 

enquadrado com o tempo litúrgico em que vivemos. Na página inicial temos ao dispor um conjunto enorme de recursos, que transformam esta área como o palco que nos transporta para as diferentes propostas.

Descendo agora uns bons quilómetros chegamos a terras de Santa Maria da Feira onde também aí encontramos um sítio inteiramente dedicado a informar os utilizadores de como se viverá a semana central do ano litúrgico cristão. Que “conta com as recriações da Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém, a Última Ceia e a Via Sacra. Este ano, o destaque vai para a recriação do Ofício das Trevas e ainda as visitas ao património religioso da cidade”.

Na página inicial do endereço 

www.semanasanta.pt dispomos dos principais destaques que nos indicam os eventos desta semana. Ao clicarmos em programa, é apresentada a riqueza da “18ª edição da Semana Santa em Santa Maria da Feira, que decorre de 28 de Março a 6 de Abril”. Em destaques podemos descobrir que o grande relevo deste ano passa pela “valorização do Património religioso da cidade, 

 

 

 

 

que inclui, visitas pedonais que dão a conhecer a Igreja Matriz, um fabuloso templo datado do século XVI, do estilo maneirista, e a Igreja da Misericórdia, que data do século XVIII, e que tem como principais enfoques arquitetónicos o fontanário e a escadaria”.

 
Aqui ficam dois sítios que mostram um pouco do que são as vivências Pascais de duas cidades portuguesas que nos ajudam a contemplar o mistério de Jesus Cristo.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

Diretório Homilético

A Paulus Editora lançou em Portugal o «Diretório Homilético» com que a Santa Sé quer oferecer a todos os sacerdotes orientações “comuns e precisas” para a preparação das suas homilias. “Trata-se de um texto bem elaborado e de um útil e precioso subsídio para a formação inicial e permanente dos pregadores bispos, presbíteros e diáconos”, assinala na apresentação da obra o presidente da Comissão Episcopal Liturgia e Espiritualidade, D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a Paulus Editora destaca que a homilia deve ser “como que o anúncio das maravilhas de Deus na história da salvação ou do mistério de Cristo”.

O Diretório homilético é um documento da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e está dividido em duas partes: na primeira – A Homilia e o âmbito litúrgico - descreve-se a natureza, a função e o contexto peculiar da homilia; depois, surge a ‘Arte da pregação’, dividida em seis capítulos onde se exemplificam as coordenadas metodológicas que o 

 

homileta deve conhecer nos diversos tempos litúrgicos ao longo do ano.

Nos apêndices tem-se acesso à “homilia e o Catecismo da Igreja Católica” e a fontes pós-conciliar “relevantes” sobre a pregação. A obra foi apresentada a 10 de fevereiro, no Vaticano, com o objetivo de ajudar sacerdotes e seminaristas.

O diretório vai ao encontro da preocupação manifestada pelo Papa Francisco acerca desta matéria, na sua exortação apostólica ‘A alegria do Evangelho’, onde refere que “a pregação dentro da liturgia requer uma séria avaliação por parte dos pastores”.

A homilia, que acontece durante a Missa, após a proclamação do Evangelho, está reservada aos “ministros ordenados” (bispos, sacerdotes e diáconos), como um “serviço litúrgico”, segundo “a fé da Igreja e não de forma pessoal”.

Após o Sínodo dos Bispos de 2008, dedicado à Palavra de Deus, o Papa Bento XVI sublinhou a necessidade de melhorar a qualidade das homilias, uma preocupação retomada por Francisco, seu sucessor.

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

II Concílio do Vaticano: Os amigos portugueses da «Concilium»

 

Em janeiro de 1965 teve início a publicação, em Portugal, da revista «Concilium». Um marco importante na história da Editora Moraes e na evolução dos católicos que depositavam entusiasmos e esperanças nas movimentações conciliares (1962-1965). A assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII e continuada pelo seu sucessor foi uma autêntica primavera no seio da Igreja.

Correspondendo a um desejo expressamente manifestado pelos teólogos diretores e redatores foi criado, em Portugal, um grupo com a missão de assegurar a ligação com a direção central e com os assinantes da edição portuguesa. Nasceram assim os «amigos da Concilium», um grupo de pessoas convidadas individualmente pelos editores – onze padres ou religiosos e oito leigos – que se reuniram pela primeira vez a 31 de março de 1965.

O grupo dos «amigos» era composto pelo padre José Felicidade Alves, Manuel bagulho, padre Fernando Belo, frei Bento Domingues, padre Armindo Duarte, cónego Manuel Falcão, Castro Fernandes, Joana Lopes, padre Madureira, José Domingos Morais, Margarida Morais, frei Raimundo de Oliveira, padre Pedro Pelletier, frei Mateus Cardoso Peres, padre Honorato Rosa, padre António Serrão, Alberto Vaz da Silva, Helena Vaz da Silva e Joana Veloso (In: Joana Lopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; Centro Nacional de Cultura; página 83).

Nessa reunião teceram-se muitas críticas aos primeiros três números da revista «Concilium». Os participantes 

 

 

 

insistiram, principalmente, na “complexidade revelada no tratamento dos problemas”, a qual, alegadamente, os tornaria “inacessíveis e estranhos para a maioria dos leitores”. Declarou-se ser desejável que os artigos se apresentassem “não só com o mínimo possível de terminologia técnica e de citações em latim, como com uma forma menos estática, menos essencialista” (In: Joana Lopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; Centro Nacional de Cultura; página 83).

No encontro, os «amigos» dialogaram também sobre as várias formas possíveis de ligação com os assinantes em Portugal - colóquios, grupos de 

 

estudo, inquéritos -, tendo-se decidido dar prioridade à primeira modalidade. O primeiro colóquio realizou-se no mês de maio seguinte e teve como tema «A constituição dogmática da Igreja».

Existem “muitos documentos” relacionados com a preparação dos colóquios. Uma das intervenientes dessas reuniões, Joana Lopes, realça que se fizeram “longuíssimos serões de discussão”, na sede da Moraes Editora, “muitas vezes acompanhados pelo barulho dos carrosséis e pelo cheiro a sardinha assada da vizinha Feira Popular”. (Obra citada na pág. 85)

 

 

Abril 2015

Dia 03 abril 2015

* Itália – Roma - Via Sacra no Coliseu de Roma com meditações redigidas pelo bispo italiano D. Renato Corti, antigo responsável pela diocese de Novara.


* Aveiro - Paróquia de São Pedro da Palhaça (Praça de São Pedro) - Via-Sacra com Maria na paróquia de São Pedro da Palhaça.


* Braga – Barcelos - Procissão das Endoenças organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Barcelos


*Porto - A Pastoral Universitária do Porto promove uma «Páscoa andante» (02 a 05)

 

Dia 04 de abril 2015

* Vaticano - Basílica São Pedro - Vigília Pascal presidida pelo Papa Francisco com Batismo de uma portuguesa


Dia 05 de abril 2015

* Lisboa - Sintra (Pêro Pinheiro) - Compasso pascal de mota

 
* Algarve – Loulé - Festa Pequena em honra de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, e que constitui o ponto de partida daquela que é considerada a maior manifestação religiosa a sul do Tejo.

 

Dia 07 de abril 2015

* Braga – Fafe - Iniciativa «Terra Justa - encontro internacional de causas e valores da humanidade» onde o cardeal Óscar Maradiaga, Presidente da Cáritas Internacional e líder do “G8” do Papa, vai ser homenageado. (07 a 11)


Dia 08 de abril 2015

* Vaticano - Congresso de formadores da vida consagrada (08 a 11)


* Bragança - Macedo de Cavaleiros - Semana da espiritualidade sobre «Misericórdia e Alegria» promovida pelos Missionários Marianos (08 a 12)


* Israel - Peregrinação «Nos Passos de Jesus» organizada pela Faculdade de Teologia da UCP e pela Agência ECCLESIA. (08 a 16)

 

 

 

 

 

 

 

Dia 09 de abril 2015

* Lisboa - Convento dos Padres Dominicanos - Encerramento do curso «Conhecer e viver o holismo» orientado pelo frei Rui Manuel Grácio


* Vaticano - Conferência de imprensa para apresentar o Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte de Veneza com a presença de Gianfranco Ravasi, da responsável da coleção de arte contemporânea dos Museus do Vaticano e curadora da exposição de Veneza, Micol Forti, bem como do presidente da Bienal, Paolo Baratta.


* Porto - Auditório do Centro de Investigação Médica da FMUP - Jornadas de humanização sobre «Cuidar a Intimidade» promovidas pelo Serviço de Humanização do Centro Hospitalar de São João.


* Porto - Edifício da Reitoria da Universidade do Porto (Sala do Fundo Antigo) - Conferência sobre «Espiritualidade e organização clerical no Porto de setecentos» por Helena Osswald e integrada nas celebrações da recuperação da Torre dos Clérigos.

 

 

* Lisboa - Livraria Ferin - Lançamento do livro «Santo Ivo - sacerdote amigo dos pobres e padroeiro dos juristas» da autoria do padre Philippe Roche e com prefácio de D. Sean O´Malley.


* Lisboa - Colégio São Tomás de Aquino - Lançamento do livro «Só o amor gera vida - Pessoa, Família e Sociedade» da autoria do padre Duarte da Cunha e apresentação de D. Nuno Brás, Maria João e Henrique Leitão.

 

 

 

 

 

 

 

 

- O Papa Francisco vai presidir à celebração da tarde de Quinta-feira Santa no complexo da prisão romana de Rebibbia, um estabelecimento prisional em Roma com cerca de 2500 presos, 2100 homens e 350 mulheres, acompanhados de 20 filhos menores de 3 anos. A cerimónia religiosa inclui o rito do lava-pés que será concretizado a alguns detidos e a detidas de uma prisão feminina vizinha. A celebração insere-se nas celebrações do Tríduo pascal.

 

- As margens dos rios Tâmega e Douro vão esta quinta-feira ser iluminadas por 50 mil tigelinhas com velas. Trata-se da celebração das Endoenças, uma tradição secular na freguesia de Eja, no concelho de Penafiel, e constituem um evento ímpar de turismo religioso. Esta procissão é acompanhada por «Barcos de Fogo» junto ao rio.

 

- A Exposição «Paixão de sempre, Dores de hoje» está disponível para visita até Domingo de Páscoa, no Museu Pio XII. A escultura e pintura de Ricardo Campos e Bruno Marques integram um vasto programa organizado pela Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa em Braga.

 

- O Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima inaugurou a exposição de “Arte Religiosa Contemporânea” criada por um grupo de artistas da Arquidiocese de Viena, na Áustria. Inserida na Peregrinação dos Artistas a Fátima, esta mostra vai aberta ao público das 10h00 às 19h00 até ao dia 12 de abril.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


SEMANA SANTA
 

Tríduo Pascal

 

 

 

 

 

 

 

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Podemos forçar alguém a crer em Deus?

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h18

Domingo, dia 05 - Histórias de ressurreição.

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 06-Entrevista a D. António Couto sobre a ressurreição ;

Terça- feira, dia 07 - Informação e entrevista a frei Fernando Ventura sobre a Páscoa;
Quarta-feira, dia  08 - Informação e entrevista a Gisela Loureano sobre a comunicação do tema Páscoa na disciplina de EMRC;
Quinta-feira, dia 09 - Informação e entrevista ao padre Joaquim Teixeira sobre o Ano da Vida Consagrada; 
Sexta-feira, dia 10 - Entrevista de apresentação da liturgia dominical  com o padre Armindo Vaz e frei José Nunes.

 

Antena 1

Domingo, dia 05 abril - 06h00 - A Ressurreição, a esperança e misericórdia nas comunidades com o padre Nuno Santos. Comentário à atualidade com José Miguel Sardica.

 

Segunda a sexta-feira, 06 a 10 de abril - 22h45 - Alegria pascal: dia 06 - Helena Lobato, dia 07 - Joaquim Mexia Alves, dia 08 - Teresa Maia Gonzalez, dia 09 - Sérgio Canas, dia 10 - José Dias

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano B - Domingo de Páscoa

 
 
 
 
 
 
 
Ver e acreditar que Cristo ressuscitou
 

Cristo ressuscitou, aleluia! É o grito da liturgia deste domingo de Páscoa.

O Evangelho da missa do dia coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta. A este discípulo não escandaliza nem espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira; «viu e acreditou».

A ressurreição de Jesus prova, precisamente, que a vida plena, a vida total, a transfiguração total da nossa realidade finita e das nossas capacidades limitadas passa pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências. Garante-nos que a vida gasta a amar não é perdida nem fracassada, mas é o caminho para a vida plena e verdadeira, para a felicidade sem fim. É nessa direção que deveria ser conduzida a caminhada da nossa vida.

Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da ressurreição (o próprio Jesus) é depositada em nós. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total, quando ultrapassarmos a barreira da morte física. Aqui começa a nova humanidade.

Os outros textos da liturgia dão-nos indicações precisas quanto a esta centralidade da nossa vida em Cristo.

A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os 

 

 

 

 

 

discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este caminho a todas as pessoas. Aí está um desafio para todos nós, hoje, tantas vezes mergulhados num ambiente que não sintoniza com este novo dinamismo de ressurreição.

A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena.

O Evangelho da missa da tarde deste dia de Páscoa, com o episódio dos discípulos de Emaús, convida-nos igualmente a este reconhecer a presença do Ressuscitado em todas 

 

as situações da vida, mas sempre a partir da sua presença sacramental como Palavra e como Pão eucarístico.

Já agora, lembremo-nos que uma maneira simples de testemunhar a nossa fé na ressurreição de Cristo no “primeiro dia da semana” é, para nós cristãos, não falar do domingo com fazendo parte do fim de semana! Para nós, o domingo não é o fim da semana, mas o seu começo, o primeiro dia, o dia do Senhor. Que assim seja, nesta Páscoa e sempre!

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.pt

 

Índia: dias de ultraje e medo para a comunidade cristã

Esquecer é impossível

Na memória de todos está ainda a violência de 2007 e 2008, em Orissa. O massacre de dezenas de cristãos, a destruição de centenas de igrejas e casas, a fuga de mais de 50 mil pessoas. Muitos terão já perdoado, sim. Mas esquecer é quase impossível, principalmente agora, quando a violência parece ter regressado em força.

Praful Digal foi um dos que fugiu. Ele e a sua família, quando uma multidão enfurecida tomou conta das ruas da sua aldeia, Budruka, agredindo pessoas, queimando casas. Matando. Praful não teve alternativa. Fugir era a única solução. Quando regressou à aldeia, ficou sem palavras. Só as lágrimas falaram por ele. Estava tudo destruído. Mas Praful arregaçou as mangas e fez-se pedreiro. A casa voltou a ter paredes, telhado, janelas e porta. Até Agosto do ano seguinte. A aldeia voltou a ser atacada. De novo o cheiro a queimado, o fumo negro a confundir-se com as nuvens do céu. Uma vez mais, Praful Digal foi forçado a fugir. Uma vez mais, não teve alternativa. Pela segunda vez, reergueu paredes, telhado… 

 

Até Maio do ano passado. Novamente as ruas encheram-se de gritos, de punhos no ar. De destruição. Como se a casa dos Praful tivesse de ser uma ruína permanente. Na verdade, não é nada contra eles, os Praful. É contra todos eles, os Cristãos.

 

Violência sem fim

2015. Dia 13 de Março. Uma religiosa, já septuagenária, foi vítima de violação colectiva no Convento de Jesus e Maria, em Ranaghat, a poucos quilómetros de Calcutá, quando tentava impedir um assalto. Dia 2 de Março. A estátua de Nossa Senhora de Lourdes em Goa aparece destruída. Fevereiro. Um cemitério cristão, no sul da Índia, foi objecto de vandalismo. Em Mangalore, uma sala de oração, nos subúrbios da cidade, foi apedrejada e as janelas destruídas. Muita da violência contra os cristãos tem de ser entendida através do complexo sistema de castas da Índia. Isso faz-se sentir junto dos mais desfavorecidos, ou “intocáveis”: os “dalits”. São considerados seres inferiores, sem direitos. Serão 

 

 

 

 

mais de 300 milhões. São, no entanto, como fantasmas. São discriminados desde que nascem. São oprimidos até morrer. Não têm direitos. Nos últimos anos, porém, são cada vez mais os “intocáveis” que se aproximam do cristianismo. Num país habituado a segregar, há uma religião que se empenha em devolver a dignidade humana àqueles que a sociedade exclui. Talvez isso explique esta onda de violência. Aos que atacam os cristãos, D. Henry D'Souza, Arcebispo emérito de Calcutá, respondeu: 

 

“vou rezar por eles. A melhor maneira de ajudar estas pessoas é amá-las e ser misericordioso”.

Praful terá já perdoado àqueles que lhe destruíram a casa, mas não consegue esquecer. Basta o grito de alguém, basta o barulho de uma pequena multidão para regressar aos dias de medo quando foi atacado apenas por ser cristão. Praful terá já perdoado, mas esquecer é impossível.

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

Páscoa… contra a indiferença

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Vem aí a Páscoa, a maior festa dos cristãos. A palavra ‘Páscoa’ quer dizer ‘passagem’… primeiro, do Mar Vermelho para a terra de Israel, ou seja, da terra da escravatura para a terra da liberdade, da terra estrangeira para a nossa terra; depois, Páscoa significa, com Cristo, passagem da morte à vida, vitória sobre todas as formas de destruição que vitimam as pessoas por esse mundo além.

Já que a primeira Páscoa tem ligação com o Egipto, gostaria de partilhar uma pequena história que recebi há algum tempo pela internet: ‘Conta-se que, no século passado, um americano foi à cidade do Cairo no Egipto, como turista. Surgiu-lhe a oportunidade de aí visitar um famoso sábio e não a quis perder. Ficou, no entanto, muito surpreendido ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.

- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.

E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:

- E onde estão os seus...?

- Os meus?! Surpreendeu-se o turista - Mas estou aqui só de passagem!

- Eu também... - concluiu o sábio... A vida na Terra é somente uma passagem... Apesar disso, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de ser felizes’.

O Papa Francisco pediu a todos que a nossa Quaresma combatesse a globalização da indiferença. Precisamos de nos comprometer mais, ir até ao deserto, converter a vida e praticar a

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 caridade. Sim, a Quaresma tem de ser sempre um tempo forte de conversão aos valores do Evangelho, de uma oração mais intensa que ponha o nosso coração a bater ao ritmo do coração de Deus, de uma solidariedade mais eficiente que traga os pobres das periferias e das margens até ao centro onde tudo existe ao alcance das mãos.

Lá no fim da linha está a globalização da solidariedade. Resulta de uma Missão bem sucedida e o Papa Francisco definiu-a bem: é aquilo que o amor não pode calar.

A Páscoa convida-nos à Festa, à Alegria, à Missão. Faço meus os gritos do Papa Francisco: ‘Não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário!(EG, nº80). Não deixemos que nos 

 

roubem a alegria da evangelização! (nº83). Não deixemos que nos roubem a esperança! (nº86); Não deixemos que nos roubem a comunidade! (nº92); Não deixemos que nos roubem o Evangelho! (nº97); Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno! (nº101); Não deixemos que nos roubem a força missionária! (nº109).

 

Desejo que a Vigília Pascal seja a grande noite e que a vida de Cristo Ressuscitado encha o coração de todos. Haja mais Vida, mais Luz, mais Fé, mais Fraternidade, mais Compromisso, mais Família, mais Missão.

Uma Santa e Feliz Páscoa.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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