04 - Editorial:

   Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

    José Luís Gonçalves

26 - Semana de..

   Lígia Silveira

28 - Dossier

    A Igreja e os universitários

 

 


 

 

50 - Multimédia

52 - Estante

54 - Vaticano II

56 - Agenda

58 - Por estes dias

60 - Por outras palavras

61 - YouCat

62 - Programação Religiosa

63 - Minuto Positivo

64 - Liturgia

66 - Família

68 - Ano da Vida Consagrada

72 - Fundação AIS

74 - Lusofonias

Foto da capa: Arlindo Homem

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 


AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

 

Perseguições inaceitáveis

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Vida Consagrada sonda os jovens

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A Igreja e os universitários

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D. José Cordeiro | Octávio Carmo

José Luís Gonçalves | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves

 

Não nos empurrem

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A manifestação pública das próprias convicções parece incomodar sempre quem não as partilha. A famosa tolerância das sociedades ocidentais é cada vez mais uma tolerância “canalizada”, por onde só podem passar opiniões iguais às dominantes, que não coloquem em causa o pensamento “homogeneizador”, que procura um mínimo denominador comum e quer remeter para a esfera privada todas as manifestações de fé (e não só).

Foi por isso, sem espanto, que li opiniões que insinuavam (ou, nalguns casos, sugeriam) que o ideal para evitar novos acidentes com peregrinos a caminho de Fátima seria afastá-los. Não só das estradas com mais movimento, entenda-se, mas dessa ideia “ultrapassada” de percorrer, em nome da fé, centenas de quilómetros como sinal de agradecimento, em súplica ou num percurso espiritual de redescoberta e recentramento interior. O Estado, pasme-se, não deveria pactuar com esta alucinação coletiva e pôr cobro, quanto antes, a iniciativas que têm a ver com o mais íntimo de cada pessoa e o sentido da sua existência.

Muitas soluções podem ser estudadas, naturalmente, e não podemos olhar com indiferença para estas tragédias que se sucedem, mas não concebo uma democracia em que os governantes proíbam os cidadãos de peregrinar, de forma ordeira e na maior segurança possível, em nome de ideologias ou desejos de um mundo “uniforme”, sem referência à Transcendência.

Curiosamente, uma solução do mesmo género - 

 

 

 

 

algo como “despareçam daqui” - foi proposto na sequência dos distúrbios do último domingo, aquando das celebrações do título nacional de futebol. Pilatos lavou as mãos e ficou na história, mas nem todos os que seguem o caminho da inércia e da desresponsabilização terão a mesma sorte.

 

 

Só agindo para transformar, em vez de sonhar com mundos em que se podem ‘encurralar’ aqueles de que não gostamos, é que o futuro poderá estar livre de novas violências e tragédias.

Até lá, não nos empurrem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Pensemos hoje nos pobres rohingya de Mianmar: no momento de deixar terra para fugir das perseguições não sabiam o que lhes ia acontecer e estão há meses em barcos, ali. Chegam a uma cidade, onde lhes dão água, comida, e dizem: vão-se embora”

Papa Francisco, homilia da missa em Santa Marta, 19/05/2015

 

O primeiro-ministro da Malásia, Mohd Najid Tun Razak, anunciou ter dado ordens para que se iniciassem ações de busca e salvamento aos refugiados à deriva no mar.

 

“O facto de Mariam e Marie-Alphonsine serem as primeiras santas palestinianas dos tempos modernos, ambas de língua árabe, é um sinal de esperança para a Palestina, para toda a Terra Santa e para o Médio Oriente: a santidade é sempre possível mesmo numa região tão dilacerada.

Mons. Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, sobre a canonização das duas primeiras santas palestinianas.

 
 

São visíveis os efeitos destruidores dos políticos que, em vez de liderarem pela determinação, estão demasiado preocupados com as opiniões e permitem que outras forças mais ameaçadoras definam a ordem dos trabalhos. Não podemos esquecer a abordagem mais intrépida e mais orientada para o longo prazo defendida pelos arquitetos da integração europeia, que trouxe paz, reconciliou os inimigos e levantou a Europa dos escombros.

MARTIN SCHULZ, Presidente do Parlamento Europeu, Prémio Carlos Magno 2015

 
“…eu fiquei sobretudo comovido ao vê-la escrever: “Preferia mil vezes que [o meu filho] estivesse no lugar do Felipe.” Perante uma frase tão forte quanto esta, há quem possa ver nela uma “mãe que arrepia”. Mas eu vejo sobretudo uma mãe que se recusa a colocar o seu coração à frente do sentimento de justiça — e isso, no mundo em que vivemos, é tanto mais raro quanto digno de admiração.

João Miguel Tavares, artigo de opinião “Amor de mãe” Público 21/05/2015

 

 

 

 

Vida Consagrada procura gramática de proximidade

A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) quer dar-se a conhecer aos jovens adultos portugueses e vai usar estudos de opinião para ajudar a construir uma ‘Gramática da Proximidade’. “A Vida Consagrada tem ingredientes para se poder mostrar à opinião pública, tem um léxico favorável, que está em alta, tem pessoas e história que podem transmitir a noção de vida realizada mais do que vida eclesial fechada”, disse hoje à Agência ECCLESIA Carlos Liz, responsável pelo estudo.

O especialista em estudos de mercado e opinião explicou que tem de haver uma “discriminação positiva dos jovens religiosos” e no Ano da Vida Consagrada, convocado pelo Papa Francisco, é preciso mostrar rostos e atitudes das “pessoas novas”, uma das “melhores formas” de revelar vitalidade da vida consagrada.

A expressão institucional Vida Consagrada ainda “é bastante desconhecida” como se verifica no estudo: 31% dos inquiridos, com idades compreendidas entre os 18 e 34 anos, não têm qualquer ideia sobre esta realidade; 29% têm a noção dos

 

 

votos (castidade, pobreza e obediência), “uma palavra mais rica”; 16% relacionam-na a uma “vida realizada, equilíbrio, felicidade que transparece”.

“A ideia de colocar o consagrado como uma das formas de realização que se pode viver na vida contemporânea é uma batalha interessante e é o momento próprio para que os consagrados se assumam e mostrem”, observa. Neste contexto, Carlos Liz recomenda que nas paróquias, durante este Ano da Vida Consagrada, até 2 de fevereiro de 2016, os fiéis nas “múltiplas atividades pastorais” possam conhecer algum religioso ou religiosa.

Para este estudo, a empresa Ipsos APEME realiza mensalmente 150 entrevistas online a jovens adultos portugueses dos 18 aos 34 anos – com diferenças 18-25; 25-34 -, nas regiões de Lisboa, Porto e resto do país.

O estudo também contempla quatro incursões etnográficas trimestrais com consagrados a contextos onde se encontram os jovens para “observarem com tempo” o que carateriza a juventude.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O primeiro foi na noite de Lisboa e está prevista a incursão ao “mundo precário dos call centers”. “Há uma preocupação excessiva de saber como é que nós, como Igreja, fazemos intervenção sobre o mundo-alvo no momento. Essa ansiedade positiva da missão entra em choque com o que é a realidade distraída”, analisa o especialista.

 
 

Por isso, adianta que o tempo mais demorado deste estudo permite “pensar melhor, pôr questões”, permitindo que os consagrados fiquem com um “sentimento direto”  daquela realidade e até  “desdramatizarem algumas ideias feitas”.

 

 

Igreja Católica distingue artista plástica Lourdes Castro

A Igreja Católica distinguiu a artista plástica Lourdes Castro, cujo trabalho é marcado por um certo “elogio do vivo e de louvor do dom da vida”, com o Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes 2015. “A sua obra deu um importante contributo, com valor de experiência, à reformulação de linguagens plásticas que se tinham esgotado ou convencionalizado numa visão redutora de formas previsíveis. Lourdes Castro construiu um percurso coeso e dinâmico, que não se deixa aprisionar em códigos de género”, explica o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC).

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o SNPC revela que os trabalhos da artista natural do Funchal (1930) são marcados por um “certo tipo de elogio do vivo e de louvor do dom da vida”, que propõe comungar numa manifestação “simples e rigorosa” da alegria. “Como evidenciam várias das suas mais significativas criações e imperecíveis experiências de irradiação espiritual na receção da sua obra. O louvor do dom da vida na própria atualização da autonomia dos valores estéticos tem

 

 

 

passado por uma poética da espiritualidade cristã”, destaca o organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.

O Prémio Árvore da Vida, instituído há 11 anos, visa realçar um percurso ou obra que reflite o humanismo e a experiência cristã. Entre os argumentos para a escolha de Lourdes Castro encontra-se a “longa e representativa carreira”.

“Com ancoragem na década de 60, alcança progressiva notoriedade em Portugal e no estrangeiro, sendo reconhecida como figura cimeira pelos seus pares e pelos melhores estudiosos e críticos das artes visuais”, desenvolve o comunicado oficial.

 

 

 

Papel do desporto também é «criar melhores adeptos»

A importância da atividade desportiva enquanto polo de formação para os valores e para a cidadania esteve em destaque na conferência “Desporto, Ética e Transcendência”, acolhida esta quarta-feira pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o treinador de futebol José Couceiro abordou os acontecimentos ocorridos durante os festejos do título nacional do Sport Lisboa e Benfica, considerando que o desporto tem vindo a “descuidar” o seu papel educativo na sociedade.

Para aquele responsável, “o desporto é uma ferramenta fantástica para transmitir valores, para não só fazer desportistas, mas criar melhores 

 

adeptos”. No entanto, é preciso que quem está à frente dos diversos setores, como o futebol de alta competição, tenha isso em conta e consiga passar devidamente a mensagem, a começar pelas “crianças e adolescentes”.

Organizada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), em parceria com o Centro de Estudos de Religiões e Culturas da UCP, e o Instituto Luso-Ilírio para o Desenvolvimento Humano, a conferência juntou responsáveis das mais variadas áreas, desde o dirigismo ao treino, passando pela arbitragem e investigação desportiva.

 

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Perseguições contra cristãos
são crime inaceitável

O Papa condenou no Vaticano o “crime inaceitável” da perseguição religiosa, associando-se a uma iniciativa de oração pelos cristãos “mártires” dos tempos atuais, promovida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), marcada para sábado. “Desejo que este momento de oração faça crescer a consciência de que a liberdade religiosa é um direito humano inalienável, aumente a sensibilização para o drama dos cristãos perseguidos no nosso tempo e se ponha fim a este inaceitável crime”, apelou, no final da audiência pública semanal.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco explicou que a CEI propôs às várias dioceses transalpinas para que, na vigília do Pentecostes, se recordem “os muitos irmãos e irmãs exilados ou mortos pelo simples facto de serem cristãos”. “São mártires”, sublinhou, de improviso, durante o apelo deixado em italiano.

Na sua saudação aos peregrinos de língua árabe, em especial os provenientes do Médio Oriente, o Papa rezou para que as famílias 

 

cristãs tenham “a fé, a liberdade e a coragem necessárias para a sua missão”.

Francisco deixou outro apelo, tendo em mente a celebração da Virgem Maria, ajuda dos cristãos, no dia 24 de maio, pelos católicos chineses, que se reúnem no Santuário de Sheshan, em Xangai. “Também nós vamos pedir a Maria que ajude os católicos na China a ser cada vez mais testemunhas credíveis deste amor misericordioso no meio do seu povo e a viver espiritualmente unidos à rocha de Pedro [o Papa], sobre a qual está construída a Igreja”, declarou.

Já esta segunda-feira, o Papa tinha condenado as perseguições contra cristãos no Médio Oriente. Francisco convidou à oração pela Terra Santa, “para que acabe esta guerra interminável e haja paz entre os povos”.

Também Vaticano mostrou junto da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), na Áustria, a sua preocupação pelos crescentes atentados à liberdade religiosa na região. “Os cristãos são frequentemente recordados no seu 

 

 

 

 

 

 

 

quotidiano ou mesmo nos tribunais que podem acreditar no que quiserem em privado, e praticar a sua religião como quiserem nas suas igrejas, mas não podem atuar de acordo com a sua fé em público”, apontou a Santa Sé junto do organismo, com sede em Viena.

 
Nesse sentido, a delegação do Vaticano na capital austríaca exortou os 56 países que integram a OSCE (que engoba também EUA, Canadá e nações da Ásia Central) para “que atuem contra este género de crimes e protejam as comunidades cristãs presentes nos seus territórios”.

 

Pais presentes na educação dos filhos

O Papa pediu no Vaticano que os pais assumam o seu papel na educação dos filhos, sem “autoexcluir-se” em favor dos “peritos”, sublinhando a importância da “sabedoria” e do “equilíbrio” na vida familiar. “É tempo que os pais e as mães saiam do seu exílio - porque se autoexilaram da educação dos filhos -, que regressem do seu exílio e assumam de novo plenamente o seu papel educativo”, declarou, na audiência pública desta semana. Francisco lamentou que os pais recorram cada vez mais a especialistas para os “aspetos mais delicados e pessoais” da vida, pondo-se de parte. “Assim, os pais correm o risco de autoexcluir-se da vida dos seus filhos e isto é gravíssimo”, alertou.

 
O Papa defendeu a importância da “sabedoria” e “equilíbrio” por parte dos pais, para que saibam acompanhar os filhos passo a passo e não exigir que percorram o caminho do crescimento sozinhos. “Não exasperem as crianças pedindo o que elas não podem dar”, aconselhou.

Francisco dirigiu-se também às famílias com os pais separados, pedindo que os filhos não se tornem “reféns” de uma maledicência recíproca nem carreguem o peso da separação. “Digo-vos a vós, casais separados: nunca, nunca tomeis o filho como refém! Vós estais separados por causa de muitas dificuldades e motivos, a vida deu-vos esta prova, mas que não sejam os filhos aqueles que suportam o peso desta separação”, advertiu.

 

 

 

Francisco recebeu Mahmoud Abbas

O Papa recebeu o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, presente no Vaticano para acompanhar a canonização de Maria de Jesus crucificado e Maria Alfonsina Danil Ghattas. Segundo nota da sala de imprensa da Santa Sé, foi manifestado no encontro “a grande satisfação pelo consenso alcançado sobre o texto do acordo entre Santa Sé e Estado da Palestina sobre aspetos essenciais da vida e da atividade da Igreja católica na Palestina”, texto que será assinado em um “futuro próximo”.

Este documento segue-se ao ‘acordo básico’ assinado entre as duas partes a 15 de fevereiro de 2000.

Francisco e Abbas manifestaram a vontade de que “as negociações" israelo-palestinas possam ser retomadas na procura de uma solução justa e duradoura para o conflito” e 

 

foi afirmado o desejo de que, com a ajuda da comunidade internacional, israelitas e palestinos possam “com corajosa determinação” tomar decisões que promovam a paz.

O Papa e o presidente da Palestina abordaram ainda o conflito no Médio Oriente e reafirmaram a importância do combate ao terrorismo e a necessidade do diálogo inter-religioso.

Já no domingo, Francisco saudou as delegações oficiais da Palestina e Israel que participaram na canonização das religiosas árabes, apelando à “convivência fraterna”. “Inspirando-se no seu exemplo de misericórdia, de caridade e de reconciliação, os cristãos destas terras devem olhar com esperança para o futuro, prosseguindo no caminho da solidariedade e da convivência fraterna”, declarou, no final da Missa na Praça de São Pedro.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Igreja espera mais de 200 mil pessoas na beatificação de D. Oscar Romero

 

 

 

Canonizações no Vaticano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cáritas        Editorial   Catálogo

 

 

 

 

 

 

Família: associação de indivíduos ou comunidade de pessoas?

  José Luís Gonçalves    
  Escola Superior  
  de 
 Educação   
  de Paula Frassinetti
   

 

 

O sociólogo A. Giddens prognosticara em 1991 que, de todas as mudanças que ocorreram no mundo por força da modernidade, nenhuma superaria em importância aquelas que tiveram impacto sobre a vida privada, a sexualidade, o matrimónio e a família. Hoje percebemos bem que nas ditas sociedades pluralistas a chamada ‘família tradicional’ sofreu profundas alterações e adquiriu diversas designações: autorreprodutora, relacional, mediadora, individualizada, desinstitucionalizada, etc. Não obstante, a família permanece como um valor intrínseco das sociedades e constitui, porventura, o único elo social que ao longo dos séculos se fortaleceu. A perda da univocidade original do conceito de família e a ‘formas alternativas’ que entretanto emergiram conduziu à necessidade de se falar cada vez mais no plural – em famílias – uma vez que a atenção já não se centra nas razões das mudanças ocorridas mas nos processos, relações, funções e valores que sustentam essas novas tipologias e modelos.

A existência da família como estrutura social e a descrição da natureza da sua constituição e reconhecimento públicos permanece ainda hoje contaminada por uma dicotomia que ora a afirma como associação de indivíduos, ou, em alternativa, a vê como comunidade de pessoas. Como associação de indivíduos, a família é um agrupamento constituído em função de objetivos e metas voluntariamente pré-estabelecidas entre 

 

 

 

 

 

 

os sujeitos, erigida no seio de um quadro jurídico-legal e desenvolve-se mediante relações intersubjetivas suportadas preferencialmente na esfera íntima e emocional. É sobre esta conceção que repousam muitas das reivindicações de reconhecimento social e jurídico dos modelos 

 

 

alternativos emergentes de família. Como comunidade de pessoas, o fim da família são as próprias pessoas que a integram – a realização pessoal é antropologicamente intrínseca à sua finalidade -, e o contrato legal que a legitima só parcialmente a constitui pois aquela funda-se, antes de mais, 

 

 

 

num compromisso pessoal de carácter ético e o seu desenvolvimento acontece mediante atos livres de acolhimento/doação interpessoais.

O que, a nosso ver, distingue estas duas conceções dominantes de família não é tanto o seu caráter formal ou informal, mas a natureza dos laços interpessoais que as alimentam, isto é, as modalidades e a qualidade das relações que entre si estabelecem e experimentam as pessoas que a constituem. Na lógica de uma 

 

associação de indivíduos, a família tende a desenvolver-se numa relação humana de recorte mais individual(ista), de caráter mais mecânico, construtivista e artificial; na família entendida como comunidade de pessoas, sobressairá uma relação de pendor mais personalista, assente numa ótica mais fluida, genésica e natural.

Mais do que uma experiência de humanização dos sujeitos, a família constitui um encontro de pessoas 

 

 

 

 

que promove a mútua relevância ontológica dos seus membros, afirmando-os simultaneamente na sua singularidade e na sua unicidade, mas partilhando cada uma delas a universalidade da comum humanidade. Origem antropobiológica do ser humano e, como tal, fonte doadora privilegiada da sua identidade pessoal, a família - lugar onde cada um se pode ‘tornar pessoa’ - realça o desafio à comunicação no amor/doação como

 

o referente que dá unidade ao projeto de vida comum face à desintegração e incomunicabilidade do indivíduo, cujo resultado redundará fatalmente na sua despersonalização. Esta perspetiva, a família instaura, simultaneamente, uma responsabilidade ética indeclinável em cada um dos seus membros: cada um(a) está chamado a co-construir a identidade pessoal mútua do ‘ser-família’.

 

 

O que mede a nossa vida?

  Lígia Silveira   
  Agência ECCLESIA   

 

No final, no derradeiro encontro com Deus, o que pesará? A ação a cada dia? A escolha que fizemos perante «duas bandeiras», como propõe Santo Inácio? O discernimento para que nas muitas zonas cinzentas que surgem na vida - em cada uma delas - seja através da inteireza que nos façamos herdeiros e discípulos? Será na medida do amor que demos e com que tratamos o irmão? Será no prolongamento da memória e na capacidade de sermos transmissores do que recebemos?

Tudo isto evoco lembrando o Dia Internacional da Família que a Igreja católica assinalou na semana passada. Não me detenho nos temas que a cada ano são eleitos para fazer vingar na sociedade uma instituição ou uma causa pela qual valha a pena lutar, mas nos laços criados que a todos nos ligam a alguém.

“Grupo de pessoas formado pelos progenitores e seus descendentes; grupo de pessoas unidas pelo vínculo do casamento, afinidade ou adoção; conjunto de pessoas do mesmo sangue ou parentes por aliança”. Gerações e gerações de famílias encaixam nesta comum definição e outras ainda na certeza de que os laços criados perpetuam a presença mesmo na distância.

Neste dia olhei para a minha: a aumentar e a diminuir, no movimento dado pela vida que não agarramos. Evoquei aqueles que me precederam e que me deram nome e auspiciei os que não conhecerei, também os que ainda não conheço.

«Tem sempre presente que a pele vai ficando enrugada, que o cabelo se torna branco, que os

 

 

 

 dias se vão convertendo em anos, mas o mais importante não muda», escreveu Madre Teresa de Calcutá.

Guardo exemplos de generosidade dos cabelos brancos que conheci. Da vontade de receber um sorriso em troca pela surpresa das ofertas. Pelo amor que se constrói porque se encontram sorrisos e acolhimento à chegada. Também pelo cuidado que se coloca em cada palavra ou gesto. Pelo que se calou e do amor com que

 

 se falou. Pelo sonho e pelo cuidado para que ele se tornasse realidade. Pelo deslumbramento da infância que há muito ficou para trás mas nunca se perdeu.

«Não vivas de fotografias amareladas» acrescentou ainda a Missionária da Caridade no texto com que me deparei.

Vive da resposta que encontraste quando te perguntaste não porque partiram mas «o que trouxeram?»

No final? Generosidade e amor.

 

 

 

 

 

 
 
 

 

 

 

 

A Igreja e a Universidade: uma relação histórica nem sempre pacífica que hoje se procura redefinir e construir a partir das preocupações comuns. O Semanário ECCLESIA traz até si uma entrevista ao novo responsável pela pastoral do Ensino Superior, na Igreja Católica, e um conjunto de testemunhos de quem está no terreno, junto dos universitário, para sublinhar a relevância da fé na busca da verdade.

 
 

 

 

 

Universidade, Fé e Cultura

 

A Universidade é o local ideal onde a fé e a cultura devem procurar a Verdade. O serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior quer ajudar a este diálogo, auxiliando as instituições a reposicionaram-se na sua função de levar os alunos a fazerem perguntas. No início das suas funções enquanto assistente nacional deste serviço o padre Eduardo Duque traça à Agência ECCLESIA os principais objetivos que gostaria de desenvolver, independentemente de quem, no futuro governo, venha a assumir a tutela.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira

 

Agência Ecclesia (AE) - Dias após a divulgação da sua nomeação pela Conferência Episcopal Portuguesa, apresentou como objetivo a necessidade de que cada diocese tenha um responsável pela pastoral universitária. Que realidade lê na pastoral do ensino superior para formular essa meta?

Padre Eduardo Duque (ED) - Todas as instituições precisam de um motor: se esse motor andar bem, a instituição anda bem. Se em cada diocese houver alguém que seja o motor, então a pastoral universitária terá expressão, porque neste momento, não tem representatividade suficiente. Algumas dioceses não têm representação na pastoral nacional.

 

AE - Que consequências encontra dessa falta?

ED - O país não está bem 

 

representado: as realidades, as vivências religiosas. Encontramos uma pastoral nacional centrada em Lisboa, Porto, Braga, Coimbra, Aveiro, mas todas as outras zonas possivelmente não estarão tão bem representadas. Uma das minhas preocupações é que em cada diocese haja um motor, alguém que puxe, alguém que convoque e provoque este encontro entre a Universidade e a Igreja. Caso contrário, a nossa missão não faz sentido.

 

AE - Até para ajudar alguns responsáveis a trabalhar com os jovens nesse meio, porque muitos não saberão como…

ED - Um dos desafios que estou a sentir, que tenho vindo a sentir, e agora de uma forma mais explícita, é fazer o que não fizeram comigo. Comecei na pastoral universitária 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(em Braga, ndr) sem formação e a tentar fazer pastoral de forma caseira: tentando aproximar-me das pessoas, sugerindo alguns encontros, ver o que se fazia. Se tivermos uma pastoral universitária mais unificada e simultaneamente, em todas as dioceses, estaríamos a otimizar recursos e estratégias para quem está a começar.

Creio que seria muito importante propor futuramente uma formação para que esse motor, antes de assumir funções, possa preparar-se para o início do ano. No fundo possa fazer a experiencia e aprender o que é a pastoral universitária, que atividades se fazem, qual é a missão da Igreja na Universidade.

Se assim for a pessoa desenvolverá funções com maior segurança, bem alimentado para poder alimentar os estudantes, professores e funcionários.

 

AE - Como é que se deve desenhar a presença da Igreja no meio universitário?

ED - Uma das coisas que me é muito querida é o diálogo entre a fé e a cultura. Creio que existe uma falta

 

de sintonia entre as duas e devemos ajudar a mostrar que não são duas dimensões do ser humano mas que ambas coabitam no mesmo espaço, na nossa vida, na mesma pessoa.

Estas duas dimensões interagem. Do meu ponto de vista, se integradas e, de facto se caminhassem juntas, não saberíamos separá-las: uma fé que caminha passo a passo na Universidade, uma fé que caminha pouco a pouco com a cultura da pessoa e, simultaneamente, a cultura que vai à procura de razões, de verdade.

Quer a fé quer a cultura têm de procurar a verdade e o local ideal é a Universidade, porque a Universidade ensina a fazer perguntas, não dá respostas, ou dá poucas. Deveria levar a pessoa a fazer perguntas.

O estudante vai procurar as respostas nos livros, nos apontamentos, online, etc. Mas acima de tudo o professor devia desafiar o aluno. É a cultura que desafia o individuo que tem fé. A pessoa que tem fé, simultaneamente, está a ser desafiada e está a responder àquele ato. Os tempos que estamos a viver são propícios para esta caminhada.

 
 

 


 

 

Isto leva-nos a pensar que durante muito tempo a Igreja viu a modernidade como um bicho papão e deu-se uma grande separação. Atualmente, está a dar-se uma aproximação, a Igreja caminha e está em todos os meios, caminha com as dificuldades e alegrias das pessoas. Se é esta Igreja que caminha, então é altura para nós potenciarmos e mostrarmos que há um caminho a fazer, que é o caminho da pessoa - mostrar que a pessoa que tem esta dimensão religiosa, uma dimensão da procura, é também 
 
a pessoa que procura a sua realização e, dentro de si, ser melhor pessoa. E isto acontece onde? Na pessoa. Nós somos um só.

Fernando Savater, inspirado numa ideia aristotélica, dizia que existe um problema quando nós pensamos que somos um só. Nós somos um só em várias dimensões, mas a pessoa torna-se mais rica quando ela própria aprende a conviver com as suas várias realidades. Em si faz a própria simbiose. Aquela pessoa que sente este chamamento de Jesus está simultaneamente a cultivar-se.

 

 

 

 

 

 

AE - Nesse encontro, poderíamos colocar a fé e a ciência, tantas vezes vistas como antagonistas?

ED - Eu não assumiria esta missão se pensasse de outra forma. A Universidade é o local ideal para se procurar a verdade. A verdade é o diálogo entre a fé e a ciência.

Na Antiguidade havia uma razão que dava sentido a tudo. Essa razão aproximava-se muito da cosmologia religiosa. A religião explicava tudo. Entretanto, esta razão explicadora foi-se diferenciando em vários saberes, várias ciências e encontramos uma razão diferenciada.

 
Max Webber diz que é desta diferenciação da razão que proliferam várias esferas de sentido, várias esferas de valor. É aqui, nesta razão diferenciada, que acontece um encontro mais verdadeiro. Na expressão de Webber, como existem muitas esferas de sentido, a pessoa tem muitos caminhos para eleger e procurar.

A grande questão é: nesta oferta com tanta diferenciação da razão nós procurarmos o nosso caminho e cada pessoa deve fazer esse caminho, a procura da verdade. Para quem é crente e cristão, a sua verdade 

 

 

 

 

 

 

é o encontro com Cristo. Os tempos que vivemos são brilhantes para que cada ser humano encontre esta verdade.

São João da Cruz tem uma frase interessante, porque diz que perder-se na estrada é encontrar o caminho. A razão diferenciada é a grande estrada e, às vezes, perder-se nesta estrada é encontrar o caminho. No meio destes saberes, da pluralidade de tanta oferta tão típica da pós-modernidade, saber encontrar o seu caminho e a sua verdade é estupendo.

Creio que dá simultaneamente uma frescura à vida, torna-a mais leve. Temos de tornar a nossa vida mais leve, não só para nos sentirmos bem mas também para a transmitir aos outros. Em tempos tão difíceis, é importante saber escolher. Para isso é preciso ter razões para escolher bem.

 

AE - Recentemente o Secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, afirmou a necessidade de, perante os desafios demográficos, a Universidade se reinventar. Que contributo pode a Igreja dar a esta reinvenção do ensino superior?

ED - Creio que Portugal - não só o nosso país mas outros igualmente - vai ter de fazer uma séria reflexão

 

sobre o Ensino Superior, porque pode estar a enveredar por um caminho de racionalização.

Poderemos não vir a ter alunos para todas as Universidades, o que levará a um redimensionamento das instituições que, naturalmente, estão muito preocupadas com números, em cativar os alunos e menos em propor pensamento, em procurar a verdade de que falamos.

Claro que é importante ter alunos, tal como é importante ajustar a oferta às necessidades do mercado. Mas que a Universidade seja o local onde cada aluno possa encontrar a verdade; onde os professores não sejam simples funcionários, mas aqueles que professam a verdade. Então o aluno é tocado por aquele docente perante o que lhe está a ser ensinado.

Creio que vale a pena repensar as Universidades em Portugal e neste sentido, se assim pudermos contribuir, aportando uma ou outra ideia, no sentido de lutarmos contra um pensamento muito neoliberal. Ajudarmos a que a Universidade seja o local da procura da verdade e não tanto a instituição que anda no afã de encontrar alunos para a sua subsistência.

 

 

 

 

AE - A Igreja deseja ser condutora da procura da verdade, do bem e da beleza, também aqui na pastoral do ensino superior, como explicou, mas não podemos esquecer que a presença da Igreja na Universidade é também um ponto de apoio social e económico para muitos alunos…

ED - Nos últimos anos a Pastoral do Ensino Superior fez uma reflexão em torno dessa questão, que se poderá colocar novamente, porque haverá alunos que continuam a não ter as suas necessidades básicas satisfeitas para ingressar no ensino superior.

Em Braga – e falo de Braga porque, neste aspeto, é a realidade que conheço melhor – ajudamos imenso vários alunos, em especial vindos do PALOP. São alunos que chegam a Portugal à procura de um país cor de rosa, onde possam estudar e simultaneamente encontrar trabalho para compensar o pagamento das propinas. Mas este Portugal, hoje, não existe.

É preciso pensar se muitos dos alunos que vêm dos PALOP estão de facto bem conscientes da nossa realidade económica e social para que não venham enganados.

Temos ajudado muitos alunos, é verdade, alguns portugueses também. 

 

Creio que valerá a pena fazer uma reflexão conjunta e, talvez numa das próximas reuniões, pensar sobre a melhor forma e, no fundo, fazer um diagnóstico da procura e apoio por parte dos alunos.

 

AE - Alguns para não desistirem dos seus cursos...

ED - Vamos acompanhando algumas situações, todavia em conjunto, este ano não fizemos uma análise desta questão. Gostaria de a fazer em breve para repensar a nossa forma de ajuda e estar verdadeiramente junto dos estudantes porque é essa a nossa missão.

 

AE - O Ensino Superior sofreu, com o último governo, uma «descategorização», estando sobe a alçada de uma secretaria de Estado. O ministro Nuno Crato está a encerrar funções e o padre Eduardo Duque está a iniciá-las. Como gostaria que fosse a parceria estabelecida com o futuro governo nesta área, independentemente de se manter como secretaria de Estado ou como ministério?

ED – Independentemente de quem vai estar em funções, seja o professor 

 

 

 

 

Nuno Crato ou outro no lugar, o que me preocupa não é a pessoa em si mas o modelo de Universidade porque implica uma pessoa.

O que queremos para a nossa sociedade? Que tipo de pessoa queremos? O nosso contributo pode ser mais nessa reflexão. Não só mandatados pela Doutrina Social da Igreja, ajudando quem precisa, mas também no domínio da reflexão.

O que podemos fazer para contribuir para criar uma Universidade mais autêntica, que ajude a formar melhor

 
 as pessoas, que cada pessoa ganhe autoconsciência?
Creio que a nossa posição deverá ser neste caminho, independentemente de quem venha a ser responsável prelo setor. O mais importante seria resgatar a Universidade de um caminho tão preocupado com números – e a questão demográfica vai colocar-se indubitavelmente – mas retirar a Universidade destas preocupações e levá-la para o seu local certo que, acreditamos, é ajudar a formar homens e mulheres.
 

 

Ir ao encontro dos estudantes universitários nas suas realidades

“Poucos sentem que a pastoral universitária lhes pode dar algo. Creio que cada vez mais temos de sair ao encontro deles”, explica Rita Borges, missionária dos Servidores do Evangelho. Esta comunidade colabora com o Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária (SDPU) de Coimbra e a “grande preocupação” é tentar ensinar os universitários a “orar” e acompanhá-los no seu crescimento, para além de participarem noutras atividades, estão a apoiar o grupo de preparação para o Sacramento da Confirmação (Crisma).

À Agência ECCLESIA, a missionária dos Servidores do Evangelho recordou algumas das iniciativas que promoveram e destacou terem feito da Queima das Fitas de Coimbra um lugar de missão indo ao encontro dos que “estavam caídos, bêbados”.

“Creio que foi experiência muito boa. Não que tenhamos feedback deles em atividades mas começam a compreender a Igreja que se faz próxima em realidades e os acolhe em realidades de fragilidade muito grande”, desenvolveu Rita Borges.

Vestem tshirts verde alface e 

 

facilmente são “identificados com peregrinos de Fátima” mas depois das apresentações sentem que este momento de encontro, “com quem acompanha” os estudantes e com os que procuram os missionários, “torna-se importante”.

“É um momento de encontro, não rejeição e que dizem ‘ainda bem que vocês estão cá’. É uma tentativa de aproximação que é complicada”, frisa a entrevistada.

Esta iniciativa intitulou-se “Missão Possível” e envolveu pessoas de vários movimentos e comunidades da Diocese de Coimbra, entre 07 e 16 de maio.

Rita Borges revelou que o SDPU também esteve presente aquando as inscrições onde deram a conhecer aos estudantes o trabalho que a pastoral de Coimbra desenvolve.

“Recebem mil informações e têm de escolher algumas. Creio que foi bom e ao mesmo tempo sinto que foi pouco”, acrescenta a missionária que considera que os universitários são os “melhores evangelizadores” dos outros universitários.

Rita Monteiro, atualmente no 

 

 

 

 

 

3.º ano de Engenharia Biomédica, é um destes casos. A jovem estudante conheceu o Serviço Pastoral do Ensino Superior (SPES) ainda no 12.º ano e revela que se “identificou” com esta dinâmica.

Pela sua experiência na vida da paroquial percebe a importância da Igreja estar no meio universitário mas revela que na sua área de estudos, a ciência, é difícil os colegas perceberem e acreditarem.

 
“É como se fosse proibido acreditar em algo porque a ciência tem de explicar tudo e é complicado conversar com eles e fazê-los vir às atividades”, explica.

“O mais fácil é ser eu própria”, analisa Rita Monteiro que através dos exemplos, “com pequenos gestos - ajudar o outro; estar disponível”, considera que consegue “mostrar muito mais” a importância da Igreja e aquilo em que acredita.

 

 

 

 

A jovem estudante de Engenharia Biomédica explica que no SPES tentam perceber como podem levar os colegas “sem os assustar com a religião” e frisa que sente “muita dificuldade” principalmente nos alunos de ciências colocarem a “hipótese de acreditar em algo que não é explicado”.

Neste contexto, a entrevistada recorda a iniciativa ‘Conversas sobre Fé e Ciência’ onde convidaram um professor de ciências para falar da sua “experiência de fé, das suas dúvidas, porque é que acreditava e como nesta área se pode “fazer caminho”.

 
O Serviço Pastoral do Ensino Superior promoveu outra atividade que merece destaque da estudante e espelha a opinião da missionária dos Servidores do Evangelho, indo ao encontro dos universitários nos seus espaços.

“Criamos uma sala de estar no meio da universidade e convidávamos pessoas que não se conheciam a sentar e a conversar”, recorda sobre a adaptação de 'Take a Seat & Make a Friend'.

Rita Monteiro revela que às vezes estão cinco anos numa universidade, passam todos os dias pelas mesmas pessoas mas não falam com elas 

 

 

 

 

porque nunca se sentaram a conversar, por isso, preparam um guião com perguntas que estimulou a interação.

“Eu fui capaz de fazer isto porque tenho um exemplo maior atras de mim mas se não tivesse não era capaz”, contou.

A estudante da Paróquia de São Martinho destaca ainda que o facto 

 

de participarem na atividade ajudou a quebrar preconceitos e mostrou que não são “aqueles meninos de Igreja” que as pessoas julgam, do tempo dos seus avós.

“Nós somos aquelas pessoas que estão com vontade mostrar aquilo em que acreditam e são perfeitamente normais e ainda mais felizes que os outros”, afirmou Rita Monteiro. 

 

 

O «desafio» de cativar os estudantes universitários

A Comunidade Católica Shalom está em Braga desde 1998, mas a colaboração com a pastoral universitária da arquidiocesana é mais recente. “Ainda estamos numa dinâmica de atraí-los. Temos vários trabalhos de voluntariado, como o projeto Semente onde estamos a preparar uma equipa para ir para Cabo Verde, durante o mês de agosto. Outros trabalhos também de dimensão humana, o projeto Homem aborda por exemplo toxicodependentes e outras situações”, explicou Edgar Bispo.

“Hoje os jovens estão muito afastados da Igreja, existe uma barreira muito grande em relação à instituição religiosa e acolher uma proposta da Igreja é realmente um desafio muito grande que ainda não é visto com bons olhos”, analisa o missionário consagrado da Comunidade Católica Shalom.

À Agência ECCLESIA, destacou também o trabalho que desenvolve com estudantes dos PALOP, nomeadamente de Cabo Verde com “ajuda não só de assistência material”. Neste momento, a Comunidade tem também

 

 uma casa adaptada para “acolher” estudantes perto da Universidade do Minho mas o missionário brasileiro, a viver em Braga há um ano e nove meses, revela que o “principal desafio” é de facto aproximarem-se dos universitários, o que “exige dinâmica maior”.

A irmã Flávia Lourenço colabora no Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) da Diocese de Aveiro e à margem de um encontro de formação do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior, em Fátima, contou que o que a faz “vibrar mais” é ‘CUFC@Estuda’, o grupo de estudantes com quem trabalha “todas as propostas e atividades” da pastoral universitária.

“Tentamos que seja um grupo que não se conhece, o mais diversificado possível, para chegar às várias escolas e depois tentamos criar uma equipa que acaba por se tornar um grupo de amigos”, explicou a freira Dominicana de Santa Catarina de Sena.

Das várias iniciativas que desenvolvem, como as ‘Terças à noite’, que é um momento de oração, ou a bênção de finalistas, destaca que

 

 


a “mais arrojada” é o ‘Integra-te’, o “acolhimento aos caloiros” no início do ano letivo.

Segundo a irmã Flávia Lourenço, as associações de estudantes têm sido “impecáveis” com a pastoral universitária católica e cedem um espaço - barraquinha ou tenda - para “fazer missão”.

“Não é a gritar Jesus Cristo mas é a ouvi-los e é verdade que o álcool às vezes fá-los dizer muitos disparates, e nos deixa tristes, mas também é verdade que às vezes os desinibe e ajuda a falar”, desenvolve a responsável.

Destas conversas a religiosa recorda por exemplo “traumas da morte da avó”, da situação em que o agora estudante ficou magoado com a Igreja porque a catequista “era muito 

 

rígida” ou o padre que “não celebrou o funeral” porque não tinha agenda e “as pessoas não entendem isso”.

Neste contexto, revela que uma abordagem à qual as pessoas, “às vezes, não estão habituadas” de serem acolhidas e “simplesmente ouvi-las”, bem como “colocar algumas questões”.

“Muitas vezes abre portas e verificamos que nos vão procurando depois destas atividades”, disse a irmã Flávia Lourenço.

O Centro Universitário Fé e Cultura também trabalha noutras “frentes” como o Fundo Solidário, com o objetivo de “ajudar estudantes com dificuldades económicas”; o ‘CUFC Investiga’ com professores e investigadores e o ‘CUFC@Transforma’ com mais de 200 voluntários, desde o ambiente hospitalar, as explicações e o apoio aos idosos.

 
 

 

A Queima das Fitas foi lugar de Missão

De 7 de Maio a 15 de maio realizou-se, em Coimbra a Queima das Fitas e a Missão Possível- Queima das Fitas. Saímos nesta queima um total de 25 missionários, entre eles Missionários Servidores do Evangelho, professores de secundária e da universidade, alguns estudantes de pós grado, seminaristas da diocese de Coimbra, pais, mães, sacerdotes franciscanos e diocesanos.

 

Estivemos presentes em quase todas as noites começávamos cada noite à 01h30 na Igreja de Santiago com um momento de oração, depois de dividir-nos em grupos de 2 ou de 3 começávamos a percorrer o espaço público atentos aqueles que pudessem necessitar. Levámos algum estudante a casa, falávamos com muitos que se aproximava querendo saber quem eramos, mas essencialmente Encontrávamo-nos com eles. De modo geral nos expressavam a sua gratidão e a sua surpresa por este serviço. Alguns alertavam-nos de outros que nos poderiam necessitar… mas o que mais nos marcou foi o poder ver na experiência dos missionários a verdade da exortação apostólica do Papa Francisco:

 
De facto, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais.» Quando a Igreja faz apelo ao compromisso evangelizador, não faz mais do que indicar aos cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal: «Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: “A vida alcança-se e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros.” Isto é, definitivamente, a missão» Evangelii Gaudium 10

 

Assim que recolhemos a experiência de alguns missionários.

Um seminarista escreveu : “Queridos Servidores do Evangelho, Venho agradecer-vos do fundo do coração a experiência que me proporcionaram. Foi magnífico sentir a força de Deus que me ajudou abaixar para estar ao nível do irmão caído, sem um dedo acusador mas com um abraço de ajuda e conforto. Muito Obrigado.”

Uma estudante de doutoramento escreveu: “Obrigada a vocês! Amanheci muito rica! Sabes, afinal ninguém precisou de mim, eu é que precisava de estar com cada uma das pessoas com quem nos cruzamos. Que sorte a minha ter vivido esta noite

 

 

 

 

 de ontem! Obrigada! Obrigada! Grande abraço e um sorriso gigante!”

Uma mãe de família dizia: “... e só consigo escrever MUITO OBRIGADA. Todos nós, fomos tocados... e tocámos o outro... Só a nossa presença era Presença. OBRIGADA  JESUS.

Sinto-me uma peregrina, ou melhor uma mãe peregrina, mas nunca tinha tido esta experiência de ser peregrina da noite... e fui percebendo, ao longo da missão, que ser mãe peregrina da noite não era indiferente aos jovens...

 

 Tenho a todos no meu coração... não se esquece.

Quando cheguei a casa, todos perceberam que estava diferente... o Carlos (marido) de repente disse-me: Inês, vens cheia. Sim, na dor, na fragilidade, cheguei com a alegria de Jesus. A Verdadeira Alegria!”

 

Uma enfermeira partilhava: . “«Um só raio de sol é suficiente para afastar muitas trevas» S. Francisco de Assis  Esta foi a experiência que fui fazendo ao longo desta semana. O "mundo" 

 

 


empurra-nos para o grande, o imenso, o complexo. Jesus ensina-nos, e nesta mesma missão, o poder dos pequenos gestos, da simplicidade.”

 

Sílvia, bióloga, partilhava: Foram 3 noites que correspondem a 3 momentos internos.

Primeiro: confusão! Isto não é MESMO o meu habitat natural! Isto é MESMO uma loucura! Foi a noite da serenata, andámos pelas ruelas à

 

 volta da Sé e para mim não foi fácil este primeiro momento. Também foi a noite em que já ia mais cansada depois de um dia de trabalho, em que encontrámos mais pessoas mal e que percebi um ambiente mais duro.

Segundo: comecei a perceber pouco a pouco o que significava para os outros, aqueles a quem encontrávamos, a nossa simples presença e o que andávamos a fazer. Comecei a perceber o desconcerto positivo que 

 

 


surgia em tantos quando lhes dizíamos o que andávamos a fazer. Inicialmente muitos não acreditavam, depois alguns também queriam vir e expressavam com um brilho nos olhos (que não era só teor acoólico...) que é isso mesmo! É isso que o mundo precisa! Também quero ir com vocês! Também quero fazer o mesmo!

Terceiro: a desconcertada passei a ser eu. Houve alguém, já um bocadinho "tocado", que chegou junto de nós e a primeira coisa que disse foi: voces cheiram Bem! respondi-lhe: não cheiramos a cerveja, não é?

Não me lembro das palavras exactas dele mas foi mais ou menos: Não! vocês são diferentes... vocês estão aqui de maneira diferente...

Depois encontrámos um rapaz a chorar, aproximamo-nos o mais delicadamente que pudemos, 

 

perguntou-nos quem éramos, dissemos-lhe só que andavamos a ajudar. Disse-nos: eu sou animador numa comunidade cristã, não se preocupem! Eu sou da vossa cor!

Acho que a experiência para mim foi: passar do medo do outro, a perceber no outro um irmão onde está MESMO Deus muito sensível ao amor. Perceber como a experiência de Encontro acontecia tão simplesmente, não só porque o outro nos acolhia, mas porque desejava esse encontro e o agradecia.

Ajudou-me ver como ajudávamos o outro a levantar-se. Mas acho que Deus veio ao meu encontro, mais do que eu ao encontro dele!  A mim também Ele veio curar  de tantas coisas através destes irmãos que encontrávamos!

 

 

O país precisa dos finalistas

“O vosso futuro é também o nosso futuro, já que precisamos do vosso saber e do vosso dinamismo jovem para que este nosso país, que todos constituímos, possa progredir também com o vosso contributo”, afirmou o bispo do Algarve no último sábado aos finalistas da Universidade do Algarve (UAlg).

D. Manuel Quintas disse aos estudantes que a sabedoria se situa “muito para além do saber adquirido ao longo dos anos de estudo” porque se refere ao “saber assimilado e assumido na vida como expressão dos valores que definem e qualificam o agir humano em todas as suas dimensões”. “A verdadeira sabedoria exprime-se também nos dons do Espírito [Santo], presentes em cada um, revelando grande riqueza na sua diversidade e pluralidade, todos, porém, convergindo para o mesmo objetivo: o bem comum, ou seja, o bem de todos”, sustentou na celebração da bênção das pastas que este ano teve lugar no parque de estacionamento de São Francisco, em Faro.

“Esta sabedoria está igualmente presente nos talentos, muitos ou

 

 poucos, com que somos dotados. A realização pessoal e a felicidade que eles proporcionam não reside na sua quantidade, mas na capacidade, na criatividade, na ousadia de os desenvolver e colocar ao serviço dos outros e do mundo que nos rodeia”, prosseguiu o prelado.

D. Manuel Quintas advertiu os estudantes para aquela que considerou ser a “regra de ouro” da sua realização humana e profissional. “A vossa vida só adquirirá pleno sentido quando o que construirdes for pautado por valores que vos dignificam a vós próprios, bem como aos outros, contribuindo para o bem comum”, concretizou.

O bispo do Algarve advertiu os universitários que o seu caminho “não será propriamente, uma autoestrada, nem tão pouco uma via rápida”. “Antes, talvez e infelizmente, olhando para a nossa realidade muito concreta, uma vereda íngreme e de difícil acesso que exigirá o melhor de vós mesmos e o que melhor vos define e carateriza: o sonho, a criatividade, a persistência, perseverança, a coragem de partir sempre para um novo recomeço”, acrescentou.

 

 

 

 

 

 

O prelado assegurou-lhes que não estarão sozinhos. “Todos aqueles que vos rodeamos com muito afeto queremos continuar a apoiar-vos e é isso mesmo que queremos exprimir com esta oração de bênção”, complementou, pedindo: “não desanimeis, nem desistais diante das dificuldades que, por ventura, tereis de enfrentar. Acolhei Cristo como companheiro do caminho que vos preparais para percorrer e a sua mensagem como inspiradora das 
 

opções que tereis de fazer ao longo da vossa vida”.

D. Manuel Quintas desafiou ainda os finalistas a ter um “coração sábio capaz de escolher o bem do mal”, a “coragem para escolher e seguir sempre o bem”, uma “inteligência e determinação para praticar o que é justo” e, sobretudo, “humildade para buscar sempre, e em tudo, a verdade e a ousadia de deixar iluminar a vida com a luz que ela irradia”.

Folha do Domingo

 

 

A aldeia: Porque há lugares,
que têm de ser mantidos

http://aaldeia.net/

 

O projecto que esta semana apresento tem como grande objetivo o de partilhar textos com qualidade, dentro dos valores que foram definidos pelos seus criadores. A aldeia não é uma instituição, é apenas um espaço de partilha, nascido em Janeiro de 2001, como iniciativa do professor de português Paulo Geraldo. Posteriormente a equipa foi-se alargando, contando actualmente com cerca de seis colaboradores que são, “algumas pessoas vulgares entusiasmadas com aquilo que é verdadeiro e bom e belo”.

Logo na página inicial, descobrimos facilmente que a sobriedade e a simplicidade são elementos chave em todo este ambiente. Além de uma pintura e de um poema muito bem enquadrados, temos ao nosso dispor as últimas actualizações bem como um conjunto de temas que são as opções que nos ajudam a passear por esta aldeia.

Em “família”, temos ao nosso dispor um conjunto de textos riquíssimos, 

 

que naturalmente se enquadram na temática principal. Vão desde o casamento, o aprender a amar, os filhos, o educar na família, o papel da mãe, do pai, dos avós, o ambiente familiar e um bastante elaborado que é a psicologia das idades. Aí encontramos uma análise das características psicológicas dos jovens em idade escolar com textos alusivos e ainda “uma curta apresentação de algumas dezenas de filmes, contendo os dados principais de cada um deles, um resumo e alguns tópicos de análise”.

Em outro espaço, descobrimos escritos sobre a temática do aborto e eutanásia, onde naturalmente os valores aí defendidos são sempre a favor da vida. Assim, dispomos de uma enorme fonte de documentação e bastante bem fundamentada pró-vida.

Na opção “liderança”, os textos que aí se encontram, estão agrupados por temáticas variadas (firmeza; animar e recompensar; trabalhar em grupo; fazer-se ajudar; competência, decisão e iniciativa).

Por último, dispomos de um conjunto

 

 

 

 

 

 de “belos textos”, onde a prosa e a poesia andam de braço dado, num manancial de palavras que nos deliciam completamente.

Fica aqui esta extraordinária sugestão, adicionem esta ligação aos vossos 

 

favoritos e sempre que possam, passem por este sítio, porque apesar de A Aldeia não estar na moda, ela é "este sossego feito de silêncio".

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Ideias Fundamentais

Movimento de Cursilhos? de Cristandade

O Movimento de Cursilhos de Cristandade teve a sua origem em Maiorca (Espanha), na década de 40 do século passado, onde se foi configurando como um movimento de evangelização que procura levar a Boa Nova do Amor de Deus a cada pessoa, especialmente aos mais afastados. Difundiu-se por diversos países e continentes, organizando-se com a criação de escolas de dirigentes e secretariados diocesanos e nacionais. Atualmente está presente em todo o mundo, atuando como um eficaz instrumento de evangelização em diferentes culturas e realidades sociais, manifestado tanto pelo Pontifício Conselho para os Leigos como pelos Papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.

 

Neste livro, fruto de um exaustivo trabalho de quase sete anos, procura-se as origens do Movimento de Cursilhos de Cristandade, enfrentando novos desafios, sendo vanguarda de novos tempos, mantendo método e carisma e, simultaneamente, dando corpo 

 

 

à mudança, enfim, incentiva cada um a encaixar a «Alegria do Evangelho» na sua vida. Porém, não é uma “bíblia” e deve ser lido tendo em conta os setenta anos de história do Movimento, a História da Igreja e o contexto histórico atual.

 

 

 

 

 

 

 

No prefácio, D. Francisco Senra Coelho, bispo auxiliar de Braga e assistente espiritual do Comité Executivo do OMCC, escreve que «é no contexto da renovação da Igreja, da busca fiel das fontes evangélicas e de fidelidade às exigências da conversão que, na peugada dos santos e mártires, o Espírito Santo suscitou na Igreja contemporânea diversos movimentos eclesiais». Segundo D. Francisco Senra Coelho, esta nova revisão das Ideias Fundamentais do Movimento de Cursilhos de Cristandade pretende ser uma resposta aos desafios lançados pelo Papa Francisco a toda a Igreja e aos movimentos eclesiais em particular. O bispo auxiliar de Braga recorda as palavras do Papa Francisco no III Congresso Mundial de Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades. Nele o Santo Padre definiu um programa de «enorme alcance, se nos atrevermos a realizá-lo». Diz o Papa Francisco: «Para alcançar a maturidade eclesial, mantenham o fervor do carisma, respeitem a liberdade das pessoas e busquem sempre a comunhão.» Para D. Senra Coelho, «só com esta

 

 
 hermenêutica oferecida por Francisco poderemos ler e interpretar este trabalho longo, exaustivo, terminado pela comissão de redação a quem todo o movimento cursilhista agradece».
Um livro para todos os que já passaram por um Cursilho de Cristandade e também para os que querem conhecer mais de perto este importante movimento eclesial.
 

 

Título: Ideias fundamentais

Autor: Movimento de Cursilhos de Cristandade

Coleção: Teológica

Secção: Pastoral

Formato: 14×21 cm

Páginas: 200

Editora: Paulus Editora (http://paulus.pt/ideias-fundamentais)

ISBN: 978-972-30-1861-5

Preço: 7,50 €

 

II Concílio do Vaticano: A oposição dos católicos portugueses aos totalitarismos

 

 

A dinâmica do II Concílio do Vaticano (1962-1965) entrou no ritmo vivencial dos católicos portugueses. Os protestos e exposições contra a política do governo português daquela década e das anteriores são abundantes e apoiam-se nos documentos promulgados pela assembleia magna e transmitidos pela encíclica «Pacem in Terris».

Na obra «Católicos e Política. De Humberto Delgado a Marcelo Caetano» da autoria do padre José Felicidade Alves (Diocese de Lisboa) encontramos várias críticas à atuação do governo e ao silenciamento de “algumas figuras eclesiásticas”.

Em Maio de 1965, o Movimento Cristão de Acção Democrática (sem indicação de quaisquer nomes) publica um manifesto (com cinco pontos) onde começa por dizer que a Igreja em Portugal “não soube acompanhar”, nem na época liberal nem no período republicano, os ideais da revolução (In: Resistência Católica ao Salazarismo-Marcelismo; José Geraldes Freire; Edições Telos).

Neste mesmo documento, os signatários apreciam a “obra civilizadora da Igreja” ao longo dos séculos e detém-se na “oposição cristã a todas as formas de totalitarismo”; desce em seguida a pontos mais concretos dos direitos fundamentais, citando a encíclica «Pacem in Terris» (11 de Abril de 1963 do Papa João XXIII) e “denuncia com veemência a censura prévia e o abuso da força, bem como o perigo que resulta duma aliança entre o poder e uma «hierarquia adormecida ou historicamente adormecida»”, lê-se no manifesto.

 

 

 

 

 

 

O movimento signatário invoca energicamente “a sua qualidade de cristão” para se opor a que “o Estado finja que adota na sua conduta os princípios cristãos, quando ele está baseado na força e na ditadura e defende os «privilégios de classe e oligarquias de interesses»”, escreveram os signatários no manifesto de maio de 1965.

Quase a terminar, o manifesto lamenta: “Cristo jamais poderá estar do lado da polícia de assalto, da sufocação do pensamento, da violação do direito. Cristo está, como sempre do lado dos que sofrem, 

 
 

 

dos que padecem, dos que se revoltam porque têm fome e sede de justiça”.

Dois meses antes, um grupo de 54 estudantes universitários do Porto invocam também a sua qualidade de católicos, para se pronunciarem sobre a necessidade de investigar a verdade do que se passa acerca de estudantes presos. As versões dadas pelo Governo e pelas Associações Académicas são contraditórias. No meio desta perplexa situação, os estudantes do Porto apresentam documentos do Papa para que a verdade seja apresentada. 

 

 

 

 

Maio 2015 

Dia 22 de Maio

* Fátima - Celebração do bicentenário de D. João Bosco com as escolas salesianas


* Fátima - Apresentação do musical «Dom Bosco» apresentado pela Musicentro


* Aveiro – Palhaça - A paróquia de Palhaça, na diocese de Aveiro, organiza uma «Via Lucis», meditação sobre o tempo entre a ressurreição de Cristo e o Pentecostes, com recurso a poemas de autores consagrados.


* Lisboa - Conselho superior da Universidade Católica Portuguesa


* Lisboa - Estoril (Centro de Congressos) - Colóquio sobre «Diálogo global - religião e o diálogo das civilizações» com o Rabi Abraham Skorka e com D. Manuel Clemente e moderado por Henrique Cymerman.


* Porto - Oliveira de Azeméis - Debate sobre «Religião e Poesia» com a participação de João Luis Guimarães e Pedro Mexia.


 

 

 

 

* Braga - Noite UPS 2015 - Uma direta com Deus com o tema «Sabes porque chora?»


* Bragança - Antiga Sé - Encenação «Sermão da Sexagésima ou do Bom Ladrão» da autoria do padre António Vieira

 

Dia 23 de Maio

* Vaticano - Encerramento do «Clericus Cup», campeonato futebol de padres.


* El Salvador - Beatificação de Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, morto a tiro em 1980, às mãos da junta militar que dominava o país.


* Fátima - Encontro nacional dos centros maristas


* Viana do Castelo - Ponte da Barca (Parque do Choupal) - XV «Viana Jovem» promovido pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil.


* Coimbra - Ferreira do Zêzere - Encontro de jovens da região sul da diocese de Coimbra com o tema «Reforça-Te» promovido pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil.

 

 

 

 

 

 

* Lisboa - Igreja de Santa Catarina - Colóquio sobre «A Fé e o Escutismo» promovido pela Junta de Núcleo de Lisboa Ocidental do Corpo Nacional de Escutas (CNE).


* Lisboa - Seminário dos Olivais - Conselho Diocesano do Apostolado dos Leigos


* Leiria - Mosteiro da Batalha - Colóquio sobre «Os vitrais do Mosteiro da Batalha» por Pedro Redol.


* Braga - Cripta da Basílica do Sameiro - Vigília de Pentecostes presidida por D. Jorge Ortiga.


* Braga - Theatro Circo - Encontro de coros das Misericórdias.


* Beja - Castro Verde (Basílica Real) - Concerto do contratenor espanhol Carlos Mena integrado no Festival «Terras Sem Sombras»


* Lisboa – Sé - Vigília de Pentecostes presidida por D. Manuel Clemente

 

 
Dia 24 de Maio


* Porto – Cucujães - Festa Missionária da Sociedade Missionária da Boa Nova


* Évora - Vila Viçosa - Peregrinação dos juristas católicos ao Santuário de Vila Viçosa


* Faro - Dia da Igreja Diocesana


* Beja - Aldeia de Salto (São Marcos da Ataboeira)            - Oficina de «cante alentejano» integrada no «Festival Terra Sem Sombras»


* Lisboa – Outurela - Bênção da nova Igreja da Outurela presidida por D. Manuel Clemente


* Porto – Sé - Encenação «Sermão da Sexagésima ou do Bom Ladrão» da autoria do padre António Vieira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- O Centro de Artes Contemporânea, na cidade da Ribeira Grande (São Miguel) nos Açores, vai inaugurar esta sexta-feira uma exposição dedicada ao “Espirito Santo” enquanto “elemento aglutinador de todo o arquipélago”.

 

 

- A igreja de Santo António dos Capuchos, em Guimarães, vai acolher um ciclo de concertos integrado na sétima edição do Festival Internacional de Órgão Ibérico. O evento, coordenado pela Santa Casa da Misericórdia local, reúne intérpretes de Portugal, Itália, Argentina, Estados Unidos da América, Dinamarca e Polónia. O primeiro espetáculo, com entrada livre, está marcado para as 21h30 deste sábado.

 

 

- A Biblioteca Nacional, no Campo Grande, em Lisboa, está a promover a mostra “Lev Tolstoy: A procura da autenticidade”, sobre o escritor russo do século XIX, autor de obras como “Guerra e Paz” e “Ressurreição” e que ao longo do seu percurso abordou temas como a injustiça social, a fome, as crenças e o sentido da vida.

 

 

- O Museu de Arte Sacra de Macedo de Cavaleiros, na Diocese de Bragança-Miranda, tem patente uma exposição intitulada “Pastores de um povo”, sobre a história dos bispos que, ao longo dos anos, serviram a comunidade católica local. A nota de apresentação do evento destaca a variedade de um espólio episcopal “pela primeira vez apresentado ao público”.  

 

 

 

 

 

 

 

 


POR OUTRAS PALAVRAS
 

Solenidade de Pentecostes

 

 

Não Te peço, Divino Espírito Santo, o dom das línguas. Mas peço-Te que seja sempre, no que faço e digo, fiel e transparente…
Queima, com o Teu fogo, as portas que me fecham nas salas de uma piedade tranquila e consumista.
Ilumina, com a Tua luz, os cruzamentos das minhas escolhas.
Baptiza-me, Divino Espírito, na Sabedoria que Te distingue, no Entendimento que se extasia, no Conselho que aperfeiçoa, na Fortaleza que Te obedece, na Ciência que Te procura, na Piedade que Te ama e no Temor de Te  perder…
 
João Aguiar campos

 

 

 

 

 

 

 

o que faz o Espírito Santo na minha vida?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 24 - Fernando Santos: a pessoa do selecionador nacional

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 25 - Percurso e pensamento de D. Óscar Romero apresentados por frei Rui Grácio 

 

Terça- feira, dia 26 - Informação e entrevista a José Leitão sobre o CRC 

 

Quarta-feira, dia  27 - Informação e entrevista a  Fábio Rebelo sobre os Leigos Boa Nova

 

Quinta-feira, dia 28 - Informação e entrevista ao padre Jerónimo Nunes, no Ano da Vida Consagrada


Sexta-feira, dia  29 - Apresentação das liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio

 

 

Antena 1

Domingo, dia 24 de maio - 06h00 - Pastoral do Ensino Superior: desafios e objetivos com o novo responsável, o padre Eduardo Duque.

 

Segunda a sexta-feira, 25 a 29 de maio - 22h45 - Salesianos de Dom Bosco: Família Salesiana com P. Rocha Moneiro (dia 25); Proposta educativa com Paula Batista (dia 26); Área social com P. Paulo Pinto (dia 27); Filhas de Maria Auxiliadora com Ir. Conceição Santos (dia 28) e Animação Vocacional com P. Juan Freitas (dia 29)

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano B – Solenidade do Pentecostes

 
 
 
 
 
 
 
Reavivar os dons e os frutos do Espírito
 

No centro da Solenidade de Pentecostes que hoje se celebra, está o Espírito Santo, dom de Deus a todos os crentes, o Espírito que dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo. Todas as leituras sintonizam com este dinamismo fundamental.

Na primeira leitura, Lucas sugere que é o Espírito que cria e orienta a nova comunidade do Povo de Deus. Temos aqui os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas, e testemunha na história o projeto libertador de Jesus.

Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade em Cristo no amor de Deus e na liberdade do Espírito.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã e concede-lhe os dons para serem postos ao serviço de todos. Na diversidade de dons espirituais, afirmamos pela fé que Jesus é o único Senhor e nós somos Corpo de Cristo.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado: uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. «A paz esteja convosco, recebei o Espírito Santo», diz-nos Jesus.

As comunidades cristãs só existem de forma consistente se estão centradas em Jesus, se são construídas à volta de Jesus, sempre animadas pelo seu Espírito. Ele é o sopro

 

 

 

 

 

 

 

 de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde. É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o ceticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades, estando atentos aos seus apelos, às suas indicações,

 

aos seus questionamentos.

Em final deste mês de maio, recordemos Maria, que estava no Cenáculo, repleta do Espírito. Ela é certamente preciosa ajuda para todos nós, convidados a sintonizar com o mesmo Espírito que nos gera como cristãos.

Nesta semana que nos liga à Festa da Santíssima Trindade, procuremos meditar e reavivar em nós, à luz do Amor de Deus, os dons e os frutos do Espírito.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.pt

 

Família em festa com olhar para o futuro

As notícias sobre a família também devem divulgar o que estas têm de “bom e de belo”, sabendo que “não há” projetos “perfeitos” e que se trata de uma caminhada a construir “a cada dia”. Um apelo do bispo de Leiria-Fátima, em entrevista à Agência ECCLESIA durante a festa das famílias que decorreu na Marinha Grande.

D. António Marto lamentou o facto de os “meios de comunicação por vezes só darem os aspetos negativos que acontecem” ou mostrarem “a família como um problema, como uma instituição em crise”. Na sua análise, o prelado recordou casos como o do adolescente recentemente agredido numa escola da Figueira da Foz, que apesar de serem graves devem ser vistos como situações “pontuais” e não podem ser extrapolados “quase como se todos os alunos fossem violentos”.

Para o responsável católico, a família é sobretudo “um recurso, um projeto, uma promessa, um programa de vida”.

Já em Braga, o arcebispo primaz desafiou os católicos a um compromisso conjunto para travar o avanço de que propõe “formas alternativas” de família que vão 

 

contra o ensinamento da Igreja. “Sabemos o quanto os grupos promotores de formas alternativas ao modelo cristão de família se empenham e não descuram uma oportunidade para defenderem a sua causa. Uma defesa que, na verdade, mais parece uma imposição”, sublinhou D. Jorge Ortiga, durante o encontro subordinado ao tema ‘Família: um lugar para todos’, promovido no Auditório Vita pela Pastoral Familiar da arquidiocese minhota.

O também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana sustentou que, para lá de quaisquer teorias, “a família é uma realidade estrutural que influencia a qualidade de vida das pessoas”.

Em Lisboa, o cardeal-patriarca de Lisboa destacou o testemunho dos casais que hoje, quando “há quem duvide”, mostram que “o projeto cristão de matrimónio e família é possível”. Em declarações à Agência ECCLESIA, durante a Festa da Família 2015, D. Manuel Clemente frisou que “cada uma das famílias” presentes, nomeadamente as que no dia celebravam 10, 25, 50, 60 ou 

 

 

 

mais anos de matrimónio, são “um grande alento” para a Igreja.

Homens e mulheres que “vivem no mundo de todas as outras”, que convivem “com certeza” com “todos os problemas que a todos atingem”, e no entanto permanecem juntos, salientou.

Na eucaristia do encontro, D. Manuel Clemente sustentou que “a família cristã, a começar pelo casal cristão na entrega mútua, é uma indispensável escola de Deus”.

 “Atração, afeto, amor em Jesus Cristo significa vida dada, partilhada 

 

 

 

inteiramente mesmo quando é difícil sê-lo, porque aí é que nos implica totalmente”, acrescentou o cardeal-patriarca de Lisboa.

 

 

 

 

Quatro novas santas religiosas
no Ano da Vida Consagrada

O Papa presidiu este domingo ao rito de canonização de quatro religiosas, incluindo duas palestinas, durante uma Missa que reuniu dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro.  As novas santas são Maria Baouardy de Jesus crucificado (1846-1878) e Maria Alfonsina Danil Ghattas (1843-1927), ambas árabes, Maria Cristina da Imaculada Conceição (Itália, 1856-1906) e Jeanne Émilie de Villeneuve (França, 1811-1854).

 

Irmã Joana Emília de Villeneuve

A Irmã Joana Emília de Villeneuve consagrou a sua vida a Deus e aos pobres, aos doentes, aos encarcerados, aos explorados, tornando-se para eles e para todos um sinal concreto do amor misericordioso de Deus. A relação com Jesus Ressuscitado é o “ambiente” em que vive o cristão e na qual encontra a força para permanecer fiel ao Evangelho, mesmo no meio de obstáculos e às incompreensões.

 

Irmã Maria Cristina Branco

“Permanecer no amor”: isto fez 

 

também Irmã Maria Cristina Branco. Ela foi completamente conquistada pelo amor ardente pelo Senhor; e pela oração, pelo encontro coração a coração com Jesus ressuscitado, presente na Eucaristia, recebia a força para suportar os sofrimento e doar-se como pão partido a tantas pessoas afastadas de Deus e famintas de um amor autêntico.

 

Espírito Santo

Um aspeto essencial do testemunho a ser dado ao Senhor ressuscitado é a unidade entre vós, seus discípulos, à imagem daquela que subsiste entre Ele e o Pai. Ressoou também hoje no Evangelho a oração de Jesus na vigília da Paixão: “Para que sejam um, assim como nós somos um”. Deste amor eterno entre o Pai e o Filho, que se derrama em nós por meio do Espírito Santo, ganha força a nossa missão e a nossa comunhão fraterna; disto brota sempre novamente a alegria de seguir o Senhor no caminho da sua pobreza, da sua virgindade e da sua obediência; e este mesmo amor chama a cultivar a oração contemplativa.

 

 

 

 

 

Irmã Maria Baouardy

Isso foi experimentado de modo sublime Irmã Maria Baouardy que, humilde e iletrada, soube dar conselhos e explicações teológicas com extrema clareza, fruto do diálogo contínuo com o Espírito Santo. A docilidade ao Espírito tornou-a também instrumento de encontro e de comunhão com o mundo muçulmano.

 

Irmã Maria Alfonsina Danil Ghattas

Da mesma forma, a irmã Maria Alfonsina Danil Ghattas entendeu bem o que significa irradiar o amor de Deus no apostolado, tornando-se testemunha de brandura e de 

 

unidade. Ela oferece-nos um claro  exemplo do quanto seja importante tornarmo-nos uns responsáveis pelos outros, de um viver a serviço do outro.

 

Exemplo luminoso

Permanecer em Deus e no seu amor, para anunciar com a palavra e com a vida a ressurreição de Jesus, testemunhando a unidade entre nós e a caridade para com todos. Foi isto que fizeram as quatro santas hoje proclamadas. O seu exemplo luminoso interpela também a nossa vida cristã: como sou testemunha de Cristo ressuscitado? Como permaneço nele, como vivo no seu amor? 

 

 

Religiosas são rosto da Igreja

O Papa Francisco afirmou que as mulheres consagradas representam o rosto “de Maria e da Igreja”, apontando que “80% da vida consagrada é representada por mulheres”. “A mulher consagrada é o rosto de Maria e da Mãe Igreja. Ela oferece um acompanhamento terno e materno sobretudo aos doentes e aos mais necessitados da nossa sociedade. O papel da mulher na Igreja representa a profunda expressão do génio feminino”, afirmou o Papa numa audiência que concedeu este sábado a religiosos e  

 

 

religiosas da Diocese de Roma, no âmbito do ano dedicado à Vida Consagrada.

O encontro que decorreu na Sala Paulo VI foi vivido entre um ambiente festivo e de diálogo, onde os religiosos puderam partilhar experiências pessoais e colocar questões ao Papa.

Respondendo a um sacerdote capuchinho, Francisco apontou a importância da direção espiritual na formação vocacional. “Todas as pessoas consagradas devem ser acompanhadas na sua formação por um diretor espiritual. Mas a direção  

 

 

 

 

 

 

espiritual não deve ser feita apenas por sacerdotes. Este carisma pode ser exercido também por leigos, naturalmente formados, ponderados, equilibrados”.

Francisco apontou a vida consagrada como “um dom de Deus” que manifesta a “doação pessoal aos irmãos”. “Uma pessoa consagrada deve fazer tudo com o sorriso nos lábios, acolhendo o irmão que bate à porta das nossas comunidades”, afirmou perante os desafios, colocados por uma religiosa de  

 

 

clausura, que deu conta do equilíbrio que hoje os mosteiros atravessam “entre a visibilidade e o afastamento”.

Questionado sobre o “caminhar junto de sacerdotes, religiosos, movimentos eclesiais numa realidade diocesana”, Francisco que a “dimensão alegre e festiva” deve fazer parte da vida consagrada. “Na pastoral não deve haver concorrência entre paróquias e congregações. Na diocese deve reinar a harmonia e o diálogo, que somente o pastor local pode proporcionar”.

 

 

Iraque: O Padre Douglas Bazi precisa da nossa ajuda. Agora.

“Por favor, salvem-nos!”

Esteve em cativeiro durante nove dias. Torturaram-no, queimaram-lhe o corpo com pontas de cigarros. Nem água lhe deram... Desses nove dias de horror, o Padre Douglas gosta de lembrar apenas as dez argolas das algemas que lhe prendiam as mãos: “Foi o mais belo rosário que já rezei em toda a minha vida.”

Tem 47 anos, uma voz tranquila e um olhar meigo. Ninguém imagina assim o sofrimento por que passou. O Padre Douglas não gosta de falar de si próprio. “Não sou nenhum herói”, diz de si, mas, no entanto, já sobreviveu a dois atentados à bomba e esteve até nove dias em cativeiro, em 2006, em Bagdade. Apanharam-no numa das principais avenidas da capital iraquiana. Atiraram-no para dentro de um carro e vendaram-no. Os raptores queriam 1 milhão de dólares. Raptar pessoa, cristãos, é um negócio. Neste caso, não houve dinheiro. O Padre Douglas acabou por ser libertado a troco de nada, mas as marcas desses dias terríveis ficaram para sempre. Até hoje. Foram nove dias sem comer nem beber água. Foram mais de 200

 

 horas de suplício. Queimaram-no com pontas de cigarro, partiram-lhe dentes e o nariz. Algemaram-no. O Padre Douglas Bazi prefere lembrar-se apenas dessas algemas. “Foi o mais belo rosário que já rezei em toda a minha vida.” Essas algemas, que foram colocadas para lhe prender os movimentos, libertaram-lhe o espírito. “Tinham exactamente dez argolas.” Os algozes podiam bater-lhe, queimar-lhe o corpo, privá-lo de comida e de água. Podiam até ameaçar-lhe a vida, encostando – como fizeram tantas vezes – o cano de uma pistola à cabeça, premindo depois o gatilho, como num fuzilamento: “Pac”. Fizeram-lhe isso tudo e nunca repararam, nem podiam reparar, que os dedos do Padre Douglas iam acariciando as argolas das algemas, numa oração ininterrupta de aves-marias. Batiam-lhe no corpo mas não podiam prender-lhe a alma.

 

Igreja de sangue

O Padre Douglas vive hoje em Ankawa. É um refugiado entre refugiados. 

 

 

 

 


 

Apesar de tudo o que já passou, tem apenas uma preocupação: ajudar o povo cristão a sobreviver a estes dias de provação. “Esta é uma igreja de sangue”, diz. “No meu país, se alguém fizer um buraco para procurar petróleo, vai descobrir sangue de cristãos. Porém, o petróleo é mais caro do que o sangue dos mártires.”

O Padre Douglas ajuda mais de uma centena de famílias cristãs. Refazer vidas é uma tarefa muito difícil. A Fundação AIS apoia o seu trabalho

 

 junto dos que estão no campo de refugiados de Mar Elia, em Ankawa. Todos eles perderam tudo. Os cristãos, no Iraque, vivem “permanentemente numa Sexta-feira Santa”, diz ele. “Rezem por nós, salvem-nos!” As suas palavras são um grito de ajuda. “Se têm algum poder e vontade para salvar o meu povo, por favor, façam alguma coisa. Salvem-nos!”

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

África com futuro

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

É o continente da esperança e do futuro, pois tem todas as condições e riquezas para crescer e ser grande. Mas também é o espaço de todas as cobiças e tráficos, precisamente por ser rico e ter horizonte largo.

Há muitas Áfricas em África. Parece terem pouco a ver umas com as outras as realidades que se vivem na Líbia ou no Sudão do Sul, em Moçambique ou no Senegal, na Nigéria ou na Etiópia. A verdade é que há indicadores que apontam problemas sérios que urge enfrentar com coragem e urgência.

Acaba de me chegar às mãos o último número da revista Além-Mar. África ocupa parte significativa das suas páginas, para o melhor e para o pior. José Vieira fala de África como terra de mártires e fala dos cristãos degolados na Líbia e dos mais de quatro mil cristãos assassinados na Nigéria, Líbia, Quénia, Sudão, Níger, Egipto, Somália, República Centro Africana, Uganda, R.D. Congo, Camarões, Tanzânia, Eritreia, Tunísia, Mali e Etiópia. Mais adiante, José Carlos Soto fala dos extremismos na Nigéria, Camarões, Somália, Quénia e R. Centro Africana, salientando o esforço de diversas personalidades em promover a sã convivência entre religiões e etnias. Aqui, D. Dieudonné Nzapalanga, Arcebispo Espiritano de Bangui, é citado como figura de referência. É ainda expresso um pedido de reforço de segurança por parte dos bispos do Quénia, após ataque e massacre na Universidade de Garissa. A Líbia é apresentada por Jorge Heitor como um país á deriva. Mas o texto mais impressionante é o de Chiara Zappa que fala

 

 

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

 do negócio da guerra. O mapa apresentado mostra que o continente africano é o mais afectado por conflitos e destruído por armas. O Papa Francisco diz que o negócio de armas é o motor da ‘Terceira Guerra Mundial’ por etapas… José Rebelo, missionário na África do Sul, fala do exemplo do P.Michael Lapsley que, há 25 anos, perdeu as mãos e um olho num atentado cometido pelo regime do apartheid. Perdoou e hoje acompanha pessoas vítimas 

 

ajudando-as a dar passos em direcção ao perdão e à cura interior.

Celebrar o Dia de África também obriga a olhar para o lado bom deste continente. Sim, o melhor de África são as pessoas e estas são mais vítimas que vitimadoras. Há que criar condições para que a riqueza contribua para a felicidade dos Africanos. E nada melhor que parafrasear Nelson Mandela quando ela apela aos pequenos passos que constroem o longo caminho para a Liberdade.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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