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Sandra Costa Saldanha 12-19 - 13 surpresas do pontificado Eugénio Fonseca Henrique Pinto Miguel Oliveira Panão Franciscanas Hospitaleiras Isabel Varanda Os primeiros dias |
D. António Marcelino José Carlos Patrício
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Foto da capa: Vaticano
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Opinião |
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Papa convidado a visitar Portugal
do Papa Francisco
O novo Pontificado Entrevista a Isabel Varanda
D. António Marcelino, Eugénio Fonseca, Henrique Pinto, Irmãs Franciscanas, Miguel Panão |
Acolhidos e desejados |
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Sandra Costa Saldanha |
Com alguma ansiedade e expectativa, a opinião pública tem concedido especial atenção aos movimentos do novo Papa. E tem gostado, manifestando-se em atitudes de louvor que há muito não se viam. A serenidade do Santo Padre é de facto muito reconfortante. Com palavras de improviso, fala ao coração de todos. Num registo informal, mas inteligível, comunica muito, mas sobretudo fala como muitos queriam ouvir o seu pastor. Francisco tem um discurso inclusivo, alheio ao alvoroço periférico dos media, que obriga a refletir sobre a simplicidade das coisas. Em gestos simples, como são os que nos pede, incita ao afastamento daquele ruído efémero, que nos concentremos no essencial. Homem emergente, numa estrutura de hierarquias tantas vezes alheias e distantes, impõe deste modo a sua soberania, num registo de proximidade, imensa responsabilidade e sentido de missão. Uma cúpula congregadora, como se deseja, segura e sólida. E aqui abre-nos caminho a um outro plano, maravilhoso, de afetos e esperança. Faz um apelo à Ternura e ao Bem, desafiando a que se assumam como pilares inquestionáveis na vida da Igreja. Pontos, aliás, particularmente cobrados pela sociedade, a bondade e a caridade são constantes no seu discurso, aspetos inabaláveis e referenciais da ação da Igreja no mundo, verdadeiros baluartes |
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destes tempos intrincados. |
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Entrega do anel do pescador «O verdadeiro poder é o serviço», Papa Francisco 19.03.2013 |
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“Ah, como desejo uma Igreja pobre e para os pobres”, Papa Francisco em audiência aos jornalistas, 16.03.2013
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“Disse ao Santo Padre que seria uma grande alegria para os portugueses que ele pudesse visitar Portugal”, Cavaco Silva aos jornalistas, na embaixada portuguesa junto da Santa Sé, em Roma, 19.03.2013
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Cavaco Silva convidou
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O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, convidou esta terça-feira o Papa Francisco a visitar Portugal, tendo como pano de fundo o “centenário das aparições de Fátima”, em 2017. “Como tinha pensado, disse ao Santo Padre que seria uma grande alegria para os portugueses que ele pudesse visitar Portugal”, disse aos jornalistas, na embaixada portuguesa junto da Santa Sé, em Roma. O presidente e Maria Cavaco Silva foram apresentados ao Papa pelo chefe do protocolo da Secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor José Bettencourt, luso-canadiano, durante a sessão de cumprimentos na Basílica de São Pedro às mais de 130 delegações oficiais presentes na cerimónia de inauguração do pontificado. Cavaco Silva disse ainda ter recordado a “ligação estreita” de João Paulo II (1920-2005) ao santuário da Cova da Iria. A referência a Fátima foi, segundo o presidente português, “corroborada” pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, um dos responsáveis da Igreja Católica que estudou mais de perto o chamado ‘terceiro segredo’, relativo ao teor das aparições relatadas pela irmã Lúcia (1907-2005). “É óbvio que ele [Papa Francisco] não respondeu imediatamente que ia lá, mas eu insisti que com certeza numa data tão importante para a Igreja portuguesa e para o mundo, dada a importância do Santuário de Fátima, todos esperaríamos que o Santo Padre estivesse presente”, adiantou Aníbal Cavaco Silva. |
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O presidente revelou também que o Papa Francisco deu os parabéns à primeira-dama pelo seu aniversário natalício, que celebrava naquele dia. “O Papa começa por dirigir-se à minha mulher, felicitando-a calorosamente pelo seu aniversário”, declarou. “Encontrei de facto um Papa muito afetuoso, com um permanente sorriso nos lábios, muito próximo das pessoas, com um ar muito simples”, acrescentou. O presidente da República aludiu, por outro lado, às “relações |
multiseculares, de amizade e sempre muito leais”, existentes entre Portugal e a Santa Sé e também com a figura do Papa, contactos que começaram a partir da fundação do país, em 1143, "quando um Papa reconheceu o primeiro rei português", D. Afonso Henriques. “Foi um encontro rápido, como não podia deixar de ser, mas pareceu-me encontrar um homem capaz de cativar, com gestos e com poucas palavras, até este momento, e que de alguma forma ganhou a simpatia do mundo”, observou. |
Paulo Portas emocionado
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O ministro português dos Negócios Estrangeiros confessou-se “emocionado” com a eleição do Papa Francisco e elogiou a opção do líder da Igreja Católica pelos mais pobres. “Eu senti uma grande emoção quando o novo Papa foi eleito: um Papa que decide chamar-se Francisco é todo um programa; um Papa que vem do hemisfério sul é todo um desafio; um Papa que é
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jesuíta é toda uma referência”, disse Paulo Portas, em declarações aos jornalistas portugueses em Roma. O membro do Governo disse que o “sorriso” de Francisco é “inspirador de uma enorme bondade”, algo de que “o mundo precisa”. “A simplicidade deste Papa é algo que vai marcar profundamente, de modo que fiquei e estou muito emocionado”, acrescentou. |
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“Bispo e peregrinos da Diocese de Leiria-Fátima queremos exprimir-lhe a nossa profunda comunhão eclesial e o nosso caloroso afeto, dizer-lhe que, em Fátima, confiamos a sua Pessoa e o seu Ministério à proteção da Senhora de Fátima e, ainda, que o Santuário espera com emoção poder recebê-lo um dia como peregrino. Desde já lhe damos as boas vindas: Bem-vindo Santo Padre Francisco!” (Mensagem de D. António Marto, 20.03.2013) |
Semana Santa
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Os cantores Teresa Salgueiro e Luís Represas vão dar voz às locuções das meditações e textos bíblicos propostos pelo site passo-a-rezar.net para a Semana Santa deste ano, que começa no próximo domingo. Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Apostolado de Oração, obra da Companhia de Jesus e promotora deste projeto, adianta que as meditações foram escritas pelo professor José Mattoso, “reconhecido historiador medievalista, de grande sensibilidade aos temas do cristianismo”. A iniciativa tem como objetivo “ajudar os portugueses a preparar e viver a Páscoa, na semana mais importante do ano, fazendo uso das novas tecnologias e levando a oração aos ritmos e lugares do dia-a-dia”. “Para além das meditações propostas pelo professor José Mattoso, as vozes e as músicas, algumas delas tiradas dos últimos trabalhos de Teresa Salgueiro (O Mistério) e de João Gil (Missa Brevis), |
ajudarão a criar o ambiente para viver a Páscoa de um modo especial”, salienta o texto. O site passo-a-rezar.net, criado em 2010 com o apoio da ECCLESIA, é um projeto que se dedica à promoção da oração pessoal, oferecendo diariamente orações de 10 a 12 minutos em formato digital. Atualmente, conta também com o apoio do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e do grupo R/com, para a gravação e edição dos conteúdos. |
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Papa Francisco
13 momentos
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“O Papa da simplicidade e dos simples” |
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Eugénio Fonseca Presidente da Cáritas Portuguesa |
Francisco, reafirma na homilia da missa inaugural do seu Ministério Petrino uma ideia central que, na minha opinião, servirá de guia para o seu pontificado, a ideia de “cuidar”. Potenciar a Igreja para uma dimensão que é verdadeiramente humana e de serviço. “Guardar a criação inteira”, afirma Francisco lembrando “que tudo está confiado à guarda do homem”. Cuidar do mundo inteiro e dos bens confiados por Deus. O apelo que o Papa Francisco faz a todos os cristãos, mas não apenas a estes, mais uma vez vem reforçar que a sua mensagem é para “todos os homens e mulheres de boa vontade” e, desta vez, dirigindo-se particularmente aos que ocupam cargos de responsabilidade. Impressiona-me a linguagem simples mas que é também, a meu ver, de uma frontalidade acutilante com que pede este “favor” de sermos todos “guardiães da criação”. Francisco traz de novo para a ribalta os princípios exigentes da Doutrina Social da Igreja. Encontrar o equilíbrio entre o cuidar dos “que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração” é encontrar a justa partilha dos bens da terra. Cuidar para que chegue a todos o que a todos pertence. É um principio universal que não pode ser nunca esquecido e que ele assumiu no momento em que escolheu para si o nome de Francisco e, particularmente, depois de todos termos a certeza de que se tratava de uma referência ao de Assis. |
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O Santo Padre traz uma mensagem de serviço e de humildade que, na sua homilia é fundamentada pelo convite de Jesus: ”apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas”. É aqui que situa o seu “poder”, no “serviço” à humanidade. Isto só nos pode dar conforto ao coração e incentivo à ação da Igreja no mundo. Aliás, a forma como saudou os milhares que a ele se juntaram na eucaristia inaugural é revelador disto mesmo. Um homem que vem dizer-nos “está tudo bem”. Como o pai que acalma o filho depois da queda! “Está tudo bem”, diz-nos Francisco, num sinal claro de proximidade, de alento e de esperança. O que dizer deste homem que sai do carro e se inclina para beijar uma pessoa doente? Um homem que pede para si a oração de todos e se curva perante os que rezam por ele? A forma como os gestos complementam as palavras é, a |
meu ver, uma forma de predispor as pessoas e de as trazer até si com o coração livre para ouvir: “não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.” Francisco convoca a Igreja para que vivam em coerência e testemunhem aquilo que professam. |
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Se de uma revolução se tratao Papa Francisco não vai poder desiludir a humanidade e a natureza, para lá da Igreja… |
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Henrique Pinto Teólogo |
Um Papa que se dá por nome Francisco, que sonha com uma fraternidade global, que deseja uma Igreja pobre e para os pobres, que coloca um forte acento na infinita e não-desistente misericórdia de Deus, e que se vai despindo do que, no exterior, não lhe é essencial, só podia tornar enorme a expectativa em torno da homilia da eucaristia que marcou o início oficial do seu pontificado. E o Papa de facto surpreendeu. Não porque tenha trazido para o seu texto algo que a Igreja, em mais de 2000 anos de história, nunca tivesse dito à luz da sua revelação, mas porque, ouvido o clamor do povo destes últimos tempos, teve a coragem de invocar o que, como “vocação”, nas suas palavras, “não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: a de guardar a criação inteira”. Diante de um generalizado empobrecimento global, do galopante desemprego de milhares e milhares de pessoas, da abissal e escandalosa desigualdade entre uns e outros e do desrespeito pela natureza, falar do dever de nos guardarmos ou cuidarmos uns aos outros, |
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não podia ser mais oportuno ou fazer mais sentido - precisamente porque vocação genética - e desta feita, extremamente urgente e necessário. O Papa não se perdeu numa teologia frequentemente portadora e promotora de dualismos, e que ainda hoje coloca uns debaixo do sagrado, da sua graça, e outros debaixo no profano, da sua desgraça, mas fez apelo a uma experiência que é certamente anterior a qualquer revelação escrita, dita sagrada, numa tentativa de levar as suas palavras para lá dos confins da Igreja e convocar todos, sem exceção, a serem guardiões da humanidade, da natureza, do universo. |
O filósofo alemão Jürgen Habermas insiste que para que possa fazer sentido, e integrar o debate de ideias, que se acontece na esfera pública, toda a tradição religiosa tem que saber traduzir-se para que outros, que lhes sejam estranhos, possam compreender. Confrontada com a modernidade, a abertura ao mundo, que no meu entender, como desejo, foi o grande propósito do Concílio Vaticano II, tem continuado refém de uma teologia que ainda que se tenha desembaraçado de um posicionamento fundado na Extra Ecclesiam nulla Salus, continua, no entanto, refém de um outro pensamento dogmático que defende, |
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a titulo de exemplo, que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica - num tempo em que o Evento de Deus, de Jesus de Nazaré, e se quiserem, de outras figuras centrais a outras tradições, como Maomé, Buda…, deixaram de caber nos livros e nos egos oficiais que deles falam, tendo-se tornado realidades sobre as quais ninguém, em tempo algum, tem poder ou exclusiva jurisdição. Por isso, qualquer jogo de exegese ou de hermenêutica sobre palavras ou textos considerados sagrados, que não tenham uma ligação à história que os precedem, a uma história presente e futura, onde as palavras mais do depósito ou essência de alguma coisa, são promessas de um agir humano por cumprir, não servem a uma |
mobilização global que entenda alicerçar a sustentabilidade humana e ambiental no cuidar de si, enquanto ética, e no cuidar dos outros, enquanto moral.
Para ser coerente, despojada do que de facto não interessa, e no fundo credível aos olhos do mundo, a teologia moral do Papa Francisco vai ter de mexer com a sua teologia dogmática. Cuidar, ser bondoso, terno, perdoar e ser perdoado, ser pobre e estar ao lado dos mais pobres, das crianças dos idosos, vai exigir da Igreja |
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muito mais que um simples afetuoso e reconfortante abraço, ou que um mero respeito pela diferença dos outros. A exigência do exercício do poder da Igreja, enquanto serviço, de que falava já na década de 90 o silenciado australiano missionário do Sagrado Coração de Jesus, Paul Collins (em oposição ao poder glorioso, pomposo, espetacular e triunfalista dos últimos mil anos), vai exigir a sua morte, e só através dela, a ressurreição e vida serão genuinamente possíveis e credíveis. E é precisamente esta dimensão da realidade de Jesus de Nazaré que vamos ver se o pontificado do atual Papa Francisco vai ser capaz de trazer para dentro do seu pensar e agir - também eles desafiados pela |
exigência de uma maior colegialidade com os seus bispos, e destes com o resto da hierarquia e do povo crente. As surpresas deste primeiros dias de pontificado tornaram os dias tremendamente expectantes em relação ao governo da Igreja de Roma, ao exercício da sua dimensão política, social, económica e cultural. Com elas, o Papa deixou de poder desiludir o povo que ele mesmo quis ouvir, o povo que desencadeou e lhe colocou nas mãos esta revolução, e que, quem sabe, talvez tenha mesmo que passar por um novo concílio, como o defendia também Paul Collins, mas que desta vez, tornando-se fundamental para a vida da Igreja, se erguesse não em Roma, mas na sua periferia. |
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O ambiente num Pontificado surpreendente |
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Miguel Rosa Oliveira Panão Instituto Superior Técnico |
O mundo surpreendeu-se com Francisco, o nosso Papa e bispo de Roma. Talvez nem todos se lembrem que escolher um nome na tradição Cristã é o mesmo que escolher dizer sim à Vontade de Deus que esse representa. O nome exprime a missão. No que diz respeito ao nosso Papa, segundo a suas palavras, esse discernimento começou quando o Cardeal brasileiro Cláudio Hummes lhe disse: «Não te esqueças dos pobres!» Segundo Francisco: "aquela palavra gravou-se-me na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis. (...) Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação; neste tempo, também a nossa relação com a criação não é muito boa, pois não?".
Desde cedo que este pontificado se revela próximo das pessoas e do ambiente. Não é só o ser humano que experimenta a pobreza, atualmente, também o ambiente é vítima desse flagelo que assinala a necessidade de uma maior consciência daquilo que une ambos. Francisco evidencia que o ser humano é chamado a ser guardião do ambiente. Nesse sentido, "a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos". |
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Em Francisco de Assis, com o seu Cântico das Criaturas, este respeito é elevado de uma forma particular que encontra eco em diversos movimentos em torno da defesa do meio ambiente. Assim como somos todos parte da família humana, quando ampliamos essa família incluindo o ambiente, descobrimo-nos como parte da família da Criação. Numa família, somos responsáveis uns pelos outros e quando falha essa responsabilidade, a família é afetada e, por conseguinte, o tecido social. Da mesma forma, afirma o Papa Francisco, "quando o homem falha nesta responsabilidade, quandonão cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. |
Infelizmente, em cada época da história, existem «Herodes» que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher". A evocação sistemática ao ambiente, ao lado do ser humano e da Criação, aponta para uma sensibilidade particular deste pontificado no que diz respeito à tríplice vocação humana ao sacerdócio da Criação centrado na comunhão. Comunhão com a Criação, comunhão entre homem e mulher, e comunhão com Deus. Embora seja uma postura em continuidade com os pontificados anteriores, é-lhe conferida uma prioridade à qual não podemos ser indiferentes. |
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Um caminho de novas pontes! |
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E agora, iniciamos este caminho! Foi este o primeiro convite do Papa Francisco, da janela que prendia o coração e o olhar do mundo inteiro, antes de dar a bênção Urbi et Orbi, na sua primeira aparição em público. Como que a dizer: há apenas um momento sagrado em que Deus intervém na história do seu povo: agora! Este pontificado surge, com naturalidade sequencial, e como resposta ao momento histórico que, mundialmente, estamos a viver. Aparece como suave e forte terramoto de Pentecostes que a Igreja precisa. São assim as coisas de Deus. O Seu Espírito irrompe, em cada tempo e lugar, e suscita discípulos atentos aos sinais de Deus e do mundo que, na escuta obediente do Evangelho, na humildade e na simplicidade dos gestos respondem: Eis-me aqui! É esta a imagem que deixa este Papa surpreendente, imagem de pastor e servo que se inclina diante do povo, a pedir a bênção de Deus sobre os seus frágeis ombros. Este caminho iniciado assim tem marcos claros de assombro e risco.
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Poderíamos chamar o caminho das relações novas, do cuidado recíproco, do guardar e proteger o essencial da pessoa e da vida humana, da defesa da terra e de toda a criatura. Francisco (de Assis)! Apenas o nome? O porquê desta escolha? Como o Poverello que se assume parte integrante da Igreja, pecadora e santa, o Papa quer ressuscitar este gigante da fé, e assumir o estilo de vida do santo da fraternidade universal, do pobre que se fez pobre por causa do Filho da Senhora Pobrezinha, como referem os historiadores da época. Em tão pouco tempo, o Papa Francisco provocou e remexeu consciências, com a sua postura simples e natural, com as suas palavras profundas, concisas, pastoralmente claras, muito práticas e de uma grande aproximação aos nossos quotidianos. Pede, por favor, que rezem por ele. Pede, por favor, que não se esqueçam de Deus que tudo providencia. Pede, por favor, que caminhemos juntos.
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É o servo e pobre que sabe da pedagogia do estender a mão a todos, corresponsabilizando todos no seu ministério de guardião da fé e defensor dos mais pobres. Avizinham-se tempos de graça não fáceis. Tempos que pedem que nos centremos no essencial e retomemos rumos mais altos. São tempos de penumbra, tempos de novas pontes entre crentes e não crentes, pontes que sabem entrelaçar harmoniosamente homens e mulheres de diálogo e de boa vontade. Pelo que já disse, por palavras e gestos, adivinha-se um Pontificadoque vai pôr-nos todos em movimento, que vai convocar-nos para um dinamismo de retorno às origens. Na Eucaristia de Encerramento do Conclave, o Papa, fiel aos imperativos da Palavra, afirmou: Vejo que as três leituras têm algo em comum: é o movimento. Caminhar, edificar e confessar Cristo Crucificado |
… a nossa vida é um caminho e quando nos detemos, algo está errado. Agora, iniciamos este caminho. Juntos! Um caminho luminoso e forte de Paz e de Fraternidade Universal. Um caminho que prossegue o apelo feito por Bento XVI, na Homilia do início do seu Pontificado: Hoje, pede-se à Igreja e aos sucessores dos apóstolos que adentrem o mar da história e lancem as redes para conquistar os homens para o Evangelho! A referência constante e os gestos que tem tido para com o seu antecessor dizem-nos da sua profunda humildade e afetuosa gratidão. Bento XVI acendeu nos nossos corações uma chama que vai continuar a arder, porque alimentada pela sua oração que orientará a Igreja no seu caminho espiritual e missionário. (Eucaristia de Encerramento do Conclave -14 de março 2013). |
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Um grupo de jovens Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, de vários países, em Ano de Formação Intensiva, que se preparam para o sim definitivo a Deus, nas pegadas de Francisco de Assis e da Beata Maria Clara do Menino Jesus. |
Novo Papa já definiu
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Isabel Varanda, docente de teologia da Universidade Católica Portuguesa, comenta as mensagens iniciais do pontificado de Francisco.
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Agência Ecclesia (AE) – Que leitura retira da mensagem inaugural do pontificado do Papa Francisco, concretamente na necessidade que ele apontou para que todo o poder exercido seja encarado como um serviço aos outros? Isabel Varanda (IV) - O posicionamento do Papa Francisco não é inédito, a Igreja de Jesus Cristo sempre anunciou o seu poder como um ministério que, de certo modo, significa na sua raiz estar ao serviço, exercer um serviço fundamental e total. O que é original é o facto de o Papa frisar bem este aspeto através das suas palavras, das poucas palavras que até agora dirigiu ao mundo e à Igreja, à Igreja de Roma em particular, e também através da sua postura física, do seu comportamento como pessoa junto dos outros. Sendo um Papa da América Latina e tendo crescido num contexto em que se desenvolveram teologias da libertação, a partir de facto das |
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situações deploráveis em que milhões de seres humanos viveram ao longo do século XX e continuam a viver, ele poderá representar aqui uma reviravolta bastante significativa. Pode haver outras leituras, quase políticas, mas eu ousaria situar-me mais no contexto do reconhecimento de que a Igreja de Jesus Cristo e o Evangelho têm um poder de universalização espantoso, e é isso que faz também com que me reconheça cristã. Será também certamente um enriquecimento profundo partirmos à escuta das mensagens positivas e menos positivas que nos chegam de outros quadrantes do mundo. Tenho a sensação, e não faltariam exemplos para o ilustrar, que muitas vezes os católicos são testemunhas de uma Igreja irreconhecível, que dificilmente identificam com o Evangelho, em muitos contextos. Nesse sentido, supostamente em consenso com o que tem sido a sua vida pastoral, enquanto cardeal e arcebispo de Buenos Aires, o Papa Francisco tem tido uma postura incarnada na realidade, assumindo, |
vivendo, partilhando, verbos muito importantes que já transmitiu explicitamente aos católicos e que fazem parte da sua essência como Pastor e como homem, uma presença fraterna, solidária, responsável, cuidadosa. O discurso do Papa procura recentrar-nos num órgão vital que está ligado à dignidade de todas as criaturas de Deus e ao direito a uma vida boa, que não é necessariamente uma boa vida, e neste aspeto o Papa incarna na sua própria pessoa a preocupação com os vulneráveis, com os mais frágeis, diante dos quais Marguerite Yourcenar dizia que devíamos ajoelhar como diante de um altar. (…) João Paulo II começou o seu pontificado e as suas primeiras palavras oficiais foram no sentido das pessoas não terem medo de Jesus Cristo, Bento XVI, de algum modo, em outros contextos, passou a mesma mensagem, para que as pessoas não tivessem medo de ser cristãs, não tivessem medo do Evangelho. Na sua homilia de terça-feira, o Papa Francisco disse o mesmo, não de forma tão exortativa, |
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mas quase como um conforto, que as pessoas não devem ter medo da bondade ou mesmo da ternura. Isto é espantoso, porque marca aqui um tom de afabilidade, de emoção, convida a libertarmo-nos da aridez e de uma legislação fria e dura, mostra a intenção de evangelizar o poder no sentido não de um poder frio, caustico, insensível, mas de um poder caloroso, afável, humano. (…)
AE – De que forma é que esse discurso pode ter eco no meio de uma sociedade onde as lideranças políticas e económicas são muitas vezes acusadas de serem desumanas, e de uma Igreja Católica que vive tempos conturbados? IV - Nós precisamos de ter confiança nos poderes que governam o mundo. É certo que em muitos contextos, e concretamente na situação que a Europa atravessa, com a crise e os problemas gravíssimos da sociedade portuguesa, nós colocamos em causa todas as estruturas que nos governam, a credibilidade de todo esse sistema. Mas eu ainda queria acreditar na boa-fé daqueles que nos governam, não partir do pressuposto de que os |
governos não têm em vista o bem comum e que são perversos por essência e natureza. Acredito que em muitos contextos, os órgãos de poder fazem o melhor que sabem, simplesmente aquilo que sabem é tão pouco, é tão redutor, que fica muito aquém da satisfação do que é essencial para reencontrar o equilíbrio de uma sociedade saudável, pacífica, onde há desenvolvimento sustentável e onde as pessoas, nas suas diversas concretizações, se vejam reconhecidas na sua dignidade e no seu direito a uma vida boa. Há uma carência, um défice muito grande na educação integral das nossas elites culturais, políticas, governantes, que se reflete depois nas suas prestações ao serviço das pessoas. Nesse sentido, ousaria dizer que a Igreja tem um papel decisivo, fundamental, na evangelização dos poderes civis, políticos, em geral, mas também dos poderes da Igreja. Creio que é por isso que o Papa insiste no facto do poder ser missão, ser serviço, e um serviço que vai até à Cruz. (…)
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AE – O Papa Francisco recebeu uma Igreja envolta em diversos problemas, como os casos de pedofilia por membros do clero ou as alegadas lutas de poder dentro da Cúria Romana? IV - O Papa está também a falar para dentro da Igreja, naquilo em que ela, na sua visibilidade institucional tem de poder, porque o tem, nas suas estruturas visíveis, no sentido de uma purificação progressiva, de um recentramento naquilo que é essencial, que é o Evangelho de Jesus Cristo. Encontramos aqui outro fio condutor interessante, porque o Papa Bento XVI, num texto que escreveu em 1970 ainda como cardeal Joseph Ratzinger, falava da Igreja do futuro e dizia que ela deveria ser mais interiorizada. Na obra intitulada “Fé e futuro”, ele dizia também que era preciso
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uma Igreja que não suspirasse por um mandato político, e o Papa Francisco referiu claramente nas suas últimas intervenções que a Igreja de Jesus Cristo não é uma organização não-governamental, é uma Igreja de sedução, não de proselitismo, e vai chamando a atenção para aspetos essenciais. Ratzinger defendia que a Igreja deveria tornar-se numa Igreja dos pobres, dos pequenos, pois só assim é que ela poderia aparecer ao mundo como portadora de esperança. Dizia ainda que era necessário que a Igreja se limpasse, se purificasse, cortasse aquilo que ao longo dos séculos se foi associando à Igreja mas que não lhe pertence.
(entrevista na íntegra em www.agencia.ecclesia.pt) |
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INÍCIO DO PONTIFICADOPapa recusa pessimismo na Igreja |
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O Papa Francisco deixou um apelo contra o "pessimismo" na Igreja, num encontro com os cardeais que se encontravam no Vaticano, e elogiou a atualidade da mensagem cristã, bem como a "velhice". "Não cedamos nunca ao pessimismo, à amargura que o diabo nos oferece todos os dias: não cedamos ao pessimismo e ao desencorajamento", disse, apesar de ter um texto preparado. Segundo o Papa, a Igreja deve ter "a coragem de perseverar e também de procurar novos métodos de evangelização" para levar a sua mensagem a "todos os confins da terra". "A verdade cristã é atraente e persuasiva porque responde à
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necessidade profunda da existência humana, anunciando de maneira convincente que Cristo é o único salvador do homem todo e de todos os homens", acrescentou. Francisco sublinhou que este anúncio "continua válido hoje como foi no início do Cristianismo, quando se operou a primeira grande expansão missionária do Evangelho". O Papa, de 76 anos, destacou por outro lado o facto de uma parte dos membros do Colégio Cardinalício se encontrar já na "velhice". "A velhice, gosto de o dizer assim, é a sede da sabedoria da vida. Os velhos têm a sabedoria de ter caminhado na vida", observou. |
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Igreja pobre e para os pobres |
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O Papa disse este sábado em Roma, durante uma audiência a jornalistas, que deseja uma “Igreja pobre e para os pobres”, inspirada em S. Francisco de Assis. Francisco recebeu mais de 6000 profissionais da comunicação social no primeiro ato público após ter sido eleito Papa e revelou em que circunstâncias se inspirou no santo de Assis para a escolha de um nome e de um programa para o pontificado. Para o Papa, Francisco de Assis é “o homem da pobreza, da paz, o homem que ama e cuida o criado” numa ocasião em que “nem sempre” se promove uma boa relação a natureza. O Papa esclareceu que foram essas atitudes que o inspiraram e que confirmaram a escolha do nome no seu “coração”, quando terminou a contagem dos votos no Conclave. “Ah, como desejo uma Igreja pobre e para os pobres”, disse o Papa Francisco na audiência aos profissionais da comunicação social que acompanharam, durante as últimas semanas, os acontecimentos relacionados com a resignação |
de Bento XVI e a realização do Conclave. O Papa quis esclarecer os jornalistas contanto “a história” da escolha do nome Francisco: “Na eleição, eu tinha junto a mim o arcebispo emérito de S. Paulo e também prefeito emérito da Congregação para o Clero, cardeal Cláudio Hummes. Um grande amigo, um grande amigo! Quando aquilo se tornava um pouco perigoso, confortava-me. E quando os votos atingiram os dois terços, ouviu-se um aplauso porque estava eleito o Papa. Ele abraçou-me e beijou-me e disse-me: não te esqueças dos pobres”. |
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Misericórdia e Virgem de Fátima
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O Papa Francisco presidiu no domingo pela primeira vez à recitação do Angelus, perante dezenas de milhares de pessoas, e sublinhou a “misericórdia” de Deus evocando uma passagem da imagem da Senhora de Fátima por Buenos Aires. “Deus nunca se cansa de nos perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”, disse, na sua catequese, desde a janela do apartamento pontifício sobre a Praça de São Pedro. O Papa argentino recordou a este respeito passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima por Buenos Aires, em 1992,e a conversa que teve com uma ‘avó’, uma idosa com mais de 80 anos, a respeito dos pecados. “O Senhor perdoa tudo. Se o Senhor não perdoasse tudo, o |
mundo não existiria”, referiu. Francisco retomou assim a ideia central da homilia que tinha apresentado horas antes na missa dominical a que presidiu na paróquia de Santa Ana, no Vaticano, sobre a misericórdia de Deus. O Papa argentino deixou críticas à hipocrisia dos que se julgam acima de qualquer falha e disse que a misericórdia de Deus é “um abismo incompreensível”, porque não condena ninguém. Após a eucaristia, o Papa passou vários minutos a cumprimentar os participantes na celebração, à porta da Igreja, aos gritos de ‘Francisco’ e ‘Viva o Papa’. Momentos mais tarde, já sem as vestes litúrgicas, voltou à rua para saudar as pessoas que se reuniram para o ver. |
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Um pontificado para cuidar do mundo |
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O Papa Francisco defendeu no Vaticano que o “verdadeiro poder” deve ser “serviço”, com especial atenção aos pobres e fracos, apelando ao compromisso neste sentido de quem tem cargos políticos ou económicos. “Não esqueçamos nunca que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar cada vez mais naquele serviço que tem o seu cume luminoso na Cruz”, afirmou, na homilia da missa que marcou o início solene do seu pontificado, na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas. A intervenção papal deixou um apelo direto aos que “ocupam cargos de responsabilidade” no campo económico, político ou social, e a todos “os homens e mulheres de boa vontade”. “Queria pedir, por favor (...): sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”, referiu Francisco, que falou de pé. O Papa convidou os católicos a |
“cuidar carinhosamente” de todas as pessoas, “especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia”. Ele próprio, precisou, deve "abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos". Francisco chegou ao local por volta das 08h50 (menos uma em Lisboa), a bordo de um automóvel descoberto, para cumprimentar os fiéis que o esperavam desde as primeiras horas da manhã. O Papa acenou à multidão, sorridente, beijou algumas das crianças e, ao sair do papamóvel, cumprimentou um doente paralítico, sob os aplausos dos presentes. |
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Um Papa ecuménico
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O Papa afirmou esta quarta-feira no Vaticano que está determinado em continuar a “causa nobilíssima” do estreitamento de relações entre o catolicismo e as outras Igrejas e comunidades cristãs. Na audiência a representantes de Igrejas, comunidades eclesiais e religiões não cristãs, Francisco manifestou “a vontade firme de prosseguir no caminho do diálogo ecuménico”.
“Viver em plenitude” a fé, afirmando-a de maneira “livre, alegre e corajosa”, constitui o “melhor serviço à causa da unidade dos cristãos”, sublinhou, acrescentando que o testemunho das convicções religiosas deve ser pautado pela “esperança”. |
“que adoram o Deus único, vivente e misericordioso”, é um sinal “da vontade de crescer na estima recíproca e na cooperação para o bem comum da humanidade”. “Sobretudo devemos ter em conta a sede de absoluto, não permitindo que prevaleça uma visão da pessoa humana segundo a qual o Homem se reduz ao que produz e consome”, naquela que é “uma das insídias mais perigosas” de hoje, vincou. A alocução realçou a “proximidade” com as pessoas que não se reconhecem pertencentes a qualquer tradição religiosa mas que, ao estarem “à procura da verdade, da bondade e da beleza” provenientes de Deus, são “aliados precisos” na defesa da dignidade humana e da paz. |
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Última ceia na prisão
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O Papa Francisco vai celebrar a missa da tarde de Quinta-feira Santa, que evoca a última ceia de Jesus, numa prisão para menores em Roma, anunciou hoje o Vaticano. “No seu ministério como arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Bergoglio costumava celebrar numa prisão ou num hospital ou em casas para pobres ou pessoas marginalizadas”, refere o comunicado da sala de imprensa da Santa Sé. A celebração tem início marcado para as 17h30 locais (menos uma em Lisboa) e representa uma mudança relativamente ao programa habitual da Semana Santa, dado que o Papa |
preside habitualmente a esta cerimónia na Basílica de São João de Latrão. A missa no Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo, que Bento XVI visitou em 2007, é apresentada pela Santa Sé como uma continuação do que o novo Papa costumava fazer na Argentina, num “contexto de grande simplicidade”. “Como é sabido, a missa da Ceia do Senhor é caraterizada pelo anúncio do mandamento do amor e pelo gesto do lava-pés”, acrescenta o texto oficial. O resto das celebrações da Semana Santa vai decorrer “segundo o costume habitual”, refere o Vaticano. |
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Eliminar os privilégios
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D. António Marcelino Bispo emérito de Aveiro |
Nada de novo. Uma pessoa sensata sabe que é o caminho. Porém, é precisa uma pedrada no charco meio apodrecido da nossa sociedade, estimular quem trabalha e merece, e denunciar as muitas estátuas com pés de barro que enxameiam lugares e serviços públicos. E privados. É difícil eliminar os privilégios porque, muitas vezes, quem os denuncia só aguarda a sua vez para deles poder usufruir. Se estivermos atentos, vemos que muitos gritos de revolta não são a favor de todos, mas apenas de poucos, bem conhecidos e especificados. A eliminação dos privilégios numa sociedade de cidadãos com iguais direitos, torna-se uma urgência. O corporativismo que por aí reina, uma herança salazarista, que se traduz em defesa e promoção de grupos profissionais não é senão uma luta pelos direitos e bem estar apenas de alguns. Uma forma para fazer valer o detestável individualismo de pessoas e de grupos, como se os direitos dependessem dos gritos, manifestações e expressões enraivecidas de gente que pensa mais em si e nos seus, que na comunidade. Não quer dizer que não haja, por vezes, razões para se manifestar a indignação perante atropelos ou menor atenção à verdade e à justiça. Mas, o modo com esta indignação se traduz diz bem do espírito que a anima e da leitura unilateral e do claro |
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escuro tanto dos manifestantes, como de quem empunha a batuta. Não se podem eliminar privilégios para gerar novos privilegiados. Nem sempre na sociedade se promove e se premeia o mérito. Há gente válida e com capacidades naturais à qual não se dá a mão, a ser ultrapassada por muitos menos qualificados, mas protegidos por mecenas do poder.. Este modo de agir não favorece a renovação da sociedade, nem a sua progressiva melhoria. Tanto a procura de privilégios não merecidos, como a desatenção aos méritos de quem os tem, são caminho de empobrecimento social e falsificação do espirito crítico e democrático, mesmo que venham de proclamados democratas. |
Os cristãos, como toda a gente honesta e de boa vontade devem testemunhar o seu empenhamento nesta causa: não procurar privilégios para si e para os seus e abrir-se claramente a meritocracia. Não é fácil ver esta seriedade ser classificada de estupidez, como não é fácil viver num ambiente poluído de interesses pessoais, onde vale tudo, por caminhos de imerecida proteção e vergonhosa corrução. Vêm caindo ídolos, sem que muitas pessoas acordem para o compromisso pessoal de limpeza da sociedade em que vive. A crise é de valores materiais, mas, também, de valores morais. |
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Os primeiros passos do Papa Francisco |
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José Carlos Patrício Agência Ecclesia |
Os últimos sete dias, aos quais dedico este texto, foram também os primeiros sete dias do pontificado de D. Jorge Mario Bergoglio, agora simplesmente Papa Francisco. Depois do Conclave eleitoral no Vaticano ter revelado aos fiéis da Praça de São Pedro e ao mundo um Papa simples, fraterno, próximo das pessoas, à imagem de São Francisco de Assis, esta semana evidenciou o seu empenho de passar das palavras aos atos, a sua vontade em marcar um novo ritmo, dentro da Igreja e no meio do mundo. Ao pagar a conta do hotel onde tinha ficado hospedado antes do início do processo de escolha do sucessor de Bento XVI, o Papa argentino mostrou que quanto maior é a responsabilidade, mais importante é dar o exemplo, que a subida ao poder ou a conquista de determinado estatuto não retiram ao homem o dever de cumprir com as suas obrigações. E no dia em que assumiu oficialmente a sua nova posição da Igreja, na terça-feira, já com o anel do pescador e o pálio petrino, símbolos do poder do Papa, Francisco disse simplesmente que o verdadeiro poder é o serviço, sobretudo aos mais desfavorecidos. Uma mensagem dirigida não só às inúmeras delegações oficiais que se deslocaram ao Vaticano para saudar o novo Papa, incluindo o presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, mas também à Igreja e a toda a sociedade. |
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Um repto que surge numa altura em que cada vez mais os governos, no meio da crise que tomou conta de tantas nações do mundo, são acusados de implementarem políticas sem olharem ao bem-comum. O último exemplo veio do Chipre, onde para evitar a bancarrota, o governo estava preparado para acatar uma medida do Eurogrupo e do Fundo Monetário Internacional que previa a implementação de um imposto excecional sobre depósitos bancários, em troca de um empréstimo de 10 mil milhões de euros. Também na Igreja, ao longo dos séculos, encontramos exemplos da utilização do poder não como forma de serviço, não em defesa da verdade, dos mais fracos e desprotegidos, mas para alimentar necessidades ou ambições que não se coadunam com a missão de proclamar o Evangelho de Cristo.
Tal como Francisco de Assis (1181-1226) procurou afirmar a bondade e a beleza da Criação numa época difícil e austera como foi a Idade Média, o Papa Francisco depara-se |
sejam “guardiões” da natureza. Que civilização é a nossa, quando alguém se vê obrigado a defender princípios que deveriam fazer parte do código mais comum de cada ser humano? Resta agora saber se os governantes deste tempo vão fazer como o sultão egípcio Al-kamil, que se disponibilizou a escutar o que São Francisco teve para lhe dizer, apesar de ser muçulmano e ele cristão. A jornalista argentina Alicia Barrios, que começou a acompanhar o Papa Francisco há 15 anos, quando ainda era arcebispo de Buenos Aires, diz que o mundo ganhou “um grande pároco”. E de facto, se há coisa que a sociedade atual, os poderes políticos, sociais, culturais e religiosos parecem precisar é mesmo de quem consiga ser um bom diretor espiritual e um bom administrador de pessoas, de corações. Se o novo Papa conseguirá cumprir esta missão, só o tempo o dirá, mas como sublinha a teóloga portuguesa Isabel Varanda, em entrevista a esta edição do Semanário ECCLESIA, o “tom” do pontificado está dado e deixa antever uma sinfonia de esperança. |
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Os Croods |
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Na pré-história, os Croods são uma família de seis que vive ao abrigo do sentido de proteção do patriarca. Confinando-os à caverna onde habitam e a uma escassa área em seu redor, Grug, o pai, crê ser esta a melhor forma de cuidar dos seus, não os expondo a nenhum tipo de ameaça... desnecessária. Porém, quando um fenómeno incontrolável destrói a caverna e o idílio em que Grug imaginava poder viver para sempre, não resta aos Croods senão partirem em busca de um novo lugar para viver. Assim começa uma grande aventura, que sem evitar perigos lhes proporcionará, igualmente, inúmeras descobertas e
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ótimas surpresas. Desde 1998 que a casa Dreamworks Animation mantém em pleno o seu ritmo de produção cinematográfica pensado para o público mais novo, destacando-se filmes como o primogénito ‘Ant Z- Formiga Z’, ‘O Principe do Egito’, ‘Shrek’, ‘Pular a Cerca’, ‘Madagascar’, ‘O Panda do Kung Fu’ e, mais recentemente, ‘O Gato das Botas’ Na sua linha, variando embora os estilos, temas abordados e as equipas encarregues da concretização de cada projeto, permanecem o espírito de aventura e a preocupação de uma mensagem pedagogicamente válida: no desenvolvimento de cada uma, realçando valores universais como o |
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espírito de entreajuda, a amizade, a abertura ao outro, sobretudo o desconhecido ou diferente, o respeito pela natureza, além da importância do sentido para a vida – o que normalmente move as personagens a ultrapassar o que creem ser os seus próprios limites – e das virtudes da esperança ou da caridade. ‘O Princípe do Egito’ um caso, de certa forma, à parte, evidentemente não pela ausência de valores, mas por provir de fonte própria – o Livro do Êxodo. Sem se desviar dessa linha a que a produtora nos habituou, ‘Os Croods’ transformam-se na proposta da Páscoa para o público português mais novo. Com pouco mais de hora e meia de animada aventura, esta história de |
risco em que os ganhos resultam sempre superiores às perdas se, por um lado, não evita o facilitismo de estereótipos que pouco contribuem para diferenciar o cinema como proposta de genuína interpelação humana, por outro cumpre uma fórmula certeira com passagem de uma mensagem positiva relativamente à disponibilidade para o desconhecido e à importância de se sair da zona de conforto para se poder ir mais longe – como pessoa e como família. Rejeitando o heroísmo individualista e transformando o que parece ser ‘o fim’ num surpreendente ‘reínicio’. O que nos tempos que correm faz bom sentido. Margarida Ataíde |
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Apostolado da oração online |
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A proposta que fazemos esta semana é uma visita ao sítio do Apostolado da Oração (AO). Da responsabilidade da companhia de Jesus, esta obra “tem como missão principal a formação de cristãos atentos e comprometidos com as necessidades da Igreja e do Mundo”. Como “rede mundial de oração e ação para responder aos desafios da humanidade dentro da missão da Igreja” naturalmente que a presença na internet não poderia ser descurada. A renovação que recentemente sofreu, merece assim a nossa atenção e olhar atento para percebermos as potencialidades que este espaço virtual comporta. Ao digitarmos o endereço www.apostoladodaoracao.pt entramos num sítio simples, organizado e graficamente bem enquadrado, onde os conteúdos informativos estão claramente em destaque. Na opção “quem somos”, ficamos a conhecer um pouco mais sobre esta rede mundial de oração, que em Portugal “está presente em quase todas as paróquias do nosso país, em grupos que promovem a oração, a animação das liturgias, a visita a doentes, catequese, etc.”. É ainda possível saber um pouco mais sobre a sua história, nomeadamente que o AO teve a sua “origem numa casa de estudo da Companhia de Jesus, em França, na festa de S. Francisco Xavier do ano de 1844”.
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Em notícias como o próprio nome o refere, podemos consultar todas as novidades que vão estando relacionadas com os objetivos presentes nesta obra. Caso pretenda aceder às publicações editadas pelo AO, basta que clicar em “editorial”. Aí pode facilmente consultar todos os títulos nos mais diversos temas, ler uma resenha de cada livro e posteriormente, caso interesse, adquirir online de uma forma fácil e segura. Em “revistas” podemos obter mais informações acerca das publicações periódicas editadas com a chancela AO. Mais concretamente as revistas: Mensageiro do Coração de Jesus (órgão oficial do AO em Portugal), |
Cruzada Eucarística (tem como finalidade principal a difusão da doutrina da Igreja Católica) e Magnificat (dedicada a instruir sem aborrecer, elevar sem violentar, distrair sem condescender). Por último em “oração”, entramos possivelmente no principal ambiente deste sítio. Além da meditação diária, onde de uma forma muito direta somos convidados a rezar e a meditar a Palavra de Deus, dispomos ainda de uma maneira de iniciarmos a nossa jornada diária e de acompanharmos as intenções mensais do Santo Padre. Fica lançado o repto para acederemos e beberemos do muito e bom do que aqui se publica. Fernando Cassola Marques |
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A negra realidade da fome,
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Numa alocução à assembleia especial da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (F.A.O.), João XXIII corroborou os objetivos da campanha contra a fome, promovida por este organismo, que se pode resumir na mobilização em larga escala das energias e recursos de todo o mundo para ir ao encontro das carências e necessidades dos povos a braços com a miséria e a fome. Na mensagem aos «30 sábios», realizada a 14 de março de 1963, o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano disse ainda que “na preocupação” de se manterem “fiéis à doutrina de Cristo e de acordo com a mais pura tradição da Igreja”, tiveram “todo o gosto em encorajar, logo desde o início, em 1960, a campanha contra a fome”. (Boletim de Informação Pastoral; Abril-Maio 1963; número 23) Os esforços a empreender orientam-se no duplo sentido de promover uma melhor repartição dos recursos e de proporcionar aos povos subdesenvolvidos os meios de tirarem pleno rendimento dos recursos com que a natureza dotou os países que habitam. O problema da fome, e mais genericamente o problema do desenvolvimento económico e social dos povos, constitui, aliás, um dos pontos refletidos na encíclica «Mater et Magistra». Neste documento de 15 de maio de 1961, no terceiro
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ano de pontificado de João XXIII, denuncia-se que “há países em que se produzem bens de consumo e sobretudo produtos agrícolas em excesso, enquanto que noutros grandes camadas da população lutam contra a miséria e a fome”. O Papa João XXIII é perentório e enfrenta corajosamente o motivo clássico aduzido por países que preferem destruir os bens agrícolas a vendê-los a um preço mais reduzido: “Sabemos que produzir bens especialmente agrícolas, que excedem as necessidades duma comunidade política, pode ter repercussões economicamente negativas relativamente a algumas categorias de cidadãos. Porém, não é esta razão suficiente para eximir do dever de prestar auxílio de emergência aos indigentes e aos esfomeados”. Segundo os dados da F.A.O de 1962, quase 75% da humanidade passava fome ou estava subalimentada. Seria duvidar da providência divina pensar que, pela natureza das coisas, o |
homem é um condenado à morte pela fome. Portanto, qualquer que seja o progresso técnico e económico, “não haverá no mundo justiça nem paz, enquanto os homens não tornarem a sentir a dignidade de criaturas e de filhos de Deus, primeira e última razão de ser de toda a criação” (Mater et Magistra, nº 214). Passados 50 anos, o Papa Francisco que iniciou o seu pontificado a 19 deste mês disse na homilia: “Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo!” O que mudou na negra realidade da fome desde o II Concílio do Vaticano aos dias de hoje? Os alertas de João XXIII e do Papa Francisco afinam pelo mesmo diapasão. |
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Ignacio LarrañagaO Irmão de Assis |
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O que é necessário e correto é ver Francisco «por dentro», incluído no seu ambiente, e assim descobrir-lhe o mistério. Porque, sem dúvida, esse mistério será resposta para hoje e para o futuro. |
Francisco de Assis é um dos santos mais amados da tradição católica, e a sua popularidade contagia crentes de outros credos e muitos não crentes. Dizer que São Francisco foi um herói romântico, um profeta social, um precursor dos ideais humanistas, um protagonista do seu tempo é certamente pouco. Qual é então o seu segredo? Ignacio Larrañaga, um dos grandes autores contemporâneos do campo da literatura espiritual, não podia deixar-nos com uma resposta imprecisa: ele convoca-nos nesta obra para o interior de uma apaixonante viagem.
Título: Irmão de Assis Subtítulo: O segredo de uma vida que permanece Autor: Ignacio Larrañaga Editora: Paulinas Editora Coleção: Os grandes da história |
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Jorge M. BergoglioO verdadeiro poder é o serviço |
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“O verdadeiro poder é o serviço” é título de um livro do Papa Francisco, publicado pela primeira vez em 2007 (Argentina, Publicaciones Claretianas). Um tema pensado pelo cardeal Bergoglio que resultou nesta obra escrita enquanto era cardeal em Buenos Aires, onde o atual Papa revela a sua forma de entender a presença da Igreja Católica, das suas estruturas e pessoas, determinadas a criar uma cultura de proximidade e de encontro.
Um livro para conhecer a pessoa do Papa, que iniciou o pontificado com a mesma determinação. Na missa de início de pontificado afirmou uma certeza pensada, talvez, nesta obra:
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“Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz”.
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março 2013 |
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Dia 22
* Vaticano - O Papa Francisco encontra-se com o corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé.
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* Évora - Via Sacra da Igreja do Calvário à Igreja de São Francisco.
Dia 23
* Vaticano - Castel Gandolfo - Visita do Papa Francisco a Bento XVI. |
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* Évora - Vila Viçosa (Panteão dos Duques de Bragança) - Apresentação da Cantata a Nossa Senhora da Conceição cuja direcção está a cargo do padre António Cartageno. * Porto - Casa diocesana de Vilar - Encontro «Espaços “NaFÉ” – O Nosso Aprofundamento na Fé» sobre «Conhecer Deus» promovido pela JOC.
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* Lisboa - Parede (Paróquia) - Encerramento do ciclo de conferências sobre «Introdução Teológica a uma fé libertadora. É possível uma Teologia da Libertação hoje, em Portugal?» pelo dominicano Rui Grácio das Neves.
Dia 24
* Fátima - «Via Sacra ao vivo» com a participação de todos os grupos e movimentos católicos que integram a comunidade. |
Ano C - Domingo de Ramos
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Contemplar a cruz com paixão, entregar a vida por amor
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O Evangelho do Domingo de Ramos convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus. Na cruz revela-se o amor de Deus, que não guarda nada para si, mas que se faz dom total para nos salvar. O grande poeta Dante definiu o evangelista Lucas como “o escriba da misericórdia de Deus”. No relato da Paixão, sem esquecer os sofrimentos de Jesus, a sua angústia na agonia do monte das Oliveiras, Lucas continua a revelar até ao fim a misericórdia do Pai. Primeira afirmação de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Jesus não se limita a perdoar, vai mais longe. Sabe que a fonte do amor e do perdão está no Pai. Segunda afirmação de Jesus, como resposta ao bom ladrão: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”. O perdão do Pai não suporta qualquer adiamento nem qualquer exclusão. Terceira afirmação de Jesus, que é um grito de infinita confiança no seu Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Jesus acolheu sempre, na liberdade da sua consciência humana, o amor do Pai. No momento supremo da sua vida, manifesta a sua adesão ao amor infinito do seu Pai, à sua vontade de salvação e de misericórdia. Celebrar a paixão e morte de Jesus é abismar-se na contemplação do amor de Deus. Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites, |
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experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Ele quis repartir connosco esta boa notícia que enche de alegria o nosso coração, a mais espantosa história de amor que é possível contar. Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência e são explorados, excluídos e privados de direitos e de dignidade. Significa denunciar tudo o |
que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias. Significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens. Significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor. O cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de um dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição. Levados pela Palavra, vivamos a Semana Santa na oração e na contemplação, com o olhar fixo em Jesus Cristo, a essência do nosso ser e da comunhão de irmãos em Igreja.
Manuel Barbosa, scj |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão da missa da dominical da igreja paroquial de S. Francisco Xavier (Restelo, Lisboa)
12h15 - 8º Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h30Domingo, dia 24 - O Papa Francisco: mensagens que marcam o pontificado.
RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 25 - Entrevista: Dia Mundial da Juventude.
Terça-feira, dia 26 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II, com padre António Martins;
Quarta-feira, dia 27 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Manuela Silva;
Quinta-feira, dia 28 - Ritos e símbolos da Semana Santa e "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 29 - Apresentação da liturgia por D. António Couto
Antena 1 Domingo, dia 24, 06h00 - Dia Mundial da Juventude e Casa de Espiritualidade de Vale de Lobos - Fraternidade Verbum Dei
Segunda a sexta-feira, dia 25 a 29 de março, 22h45m - Reflexão sobre os dias da Semana Santa com o frade dominicano Filipe Rodrigues |
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♦ Na sexta-feira passam 15 anos sobre a tomada de posse de D. Manuel Pelino como bispo de Santarém.
♦ Francisco e Bento XVI almoçam este sábado em Castel Gandolfo, próximo do Vaticano, num encontro singular que junta o Papa e o seu antecessor.
♦ O padre Tolentino Mendonça apresenta no domingo o livro “O tempo pede uma Nova Evangelização”, de D. Manuel Clemente. A sessão na Torre dos Clérigos, monumento nacional que em 2013 completa 250 anos, assinala o sexto aniversário da tomada de posse do bispo do Porto.
♦ Também no domingo começa a Semana Santa, que vai marcar o ritmo espiritual e pastoral da Igreja. Este ano com a curiosidade de ver e ouvir a primeira Quaresma e a primeira Páscoa do novo Papa.
♦ Alice Vieira, Carminho, Leonor Xavier, Maria Barroso, Maria do Rosário Pedreira e Teolinda Gersão são algumas das escritoras que na segunda-feira, dia da Anunciação de Nossa Senhora, participam numa sessão de poesia na Capela do Rato, em Lisboa, que evoca “as Mulheres como Povo de Deus”.
♦ Terça-feira é Dia do Livro Português e na quarta-feira, 27 de março, assinala-se o Dia Mundial do Teatro. |
Refugiados sírios no Líbano são acolhidos
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…perante o horror. A cada dia que passa é mais grave a situação na Síria. As histórias que nos chegam deste país dilacerado pela guerra civil são arrepiantes. As Irmãs do Bom Pastor, no Líbano, não têm mãos a medir no auxílio que prestam aos refugiados. E pedem-nos ajuda.
Na guerra civil que está a deixar a Síria num monte de escombros, a barbaridade atingiu um ponto de total loucura e o país é hoje como que um corpo dilacerado, como uma ferida enorme, aberta, que sangra e gangrena. Lá dentro estão pessoas que gritam, reclamam, pedem ajuda e morrem. |
toldados de horror, sangrando por dentro. São os refugiados. Muitos deles são já gente sem papéis, em fuga, sem pátria. Gente que é acolhida pela boa-vontade de uns tantos, de organizações humanitárias, da Igreja. Ainda há algum tempo o mundo encolheu-se de horror perante a notícia do bombardeamento a uma fila de pessoas, cerca de mil, na cidade de Halfaya.
O bombardeamento Nas ruínas da velha padaria, algumas pessoas afadigavam-se a dar corpo à farinha que restava em sacos que sobreviveram aos combates. Lá fora, as pessoas pacientemente aguardavam a vez. Os aviões, Migs russos, chegaram num instante e num berro despejaram as bombas e a metralha. As fotografias mostraram os corpos despedaçados. Num instante, morreram mais de 300 pessoas. A guerra civil é a mais desumana de |
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todas as guerras. A Fundação AIS apoia as Irmãs do Bom Pastor, no Líbano, junto à fronteira, que se afadigam numa luta contra o relógio nesta guerra insana que está a destruir a Síria. As Irmãs não têm mãos a medir. cadáveres. Eram tantos que teve se
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saltar por cima deles, já a correr, apavorado. Como se explica a uma criança de oito anos tanto horror? Para muitos meninos, como Fedi, já não há mais lágrimas. Secaram. A violência, o sangue, a morte, como que se banalizaram. As Irmãs pedem-nos ajuda. O tempo corre contra elas. É à nossa porta que estão a bater. Será possível sequer dizer-lhes que não as vamos ajudar?
Saiba mais em www.fundacao-ais.pt |
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(Papa Francisco, na homilia da Solene inauguração do pontificado) |