04 - Editorial:

   Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

24 - Opinião:
    D. José Cordeiro

28 - Opinião:
    LOC/MTC

30 - Semana de..
    Sónia Neves

32 - Dossier

  Luto e Santidade
 
 
 

34 - Entrevista

  D. José  Saraiva Martins

56- Multimédia

58- Estante

60 - Concílio Vaticano II

62- Agenda

64 - Por estes dias

66 - Programação Religiosa

67 - Minuto Positivo

68 - Liturgia

70 - Ano da Vida Consagrada

74 - Fundação AIS

76 - Lusofonias

    Tony Neves

Foto da capa: D. R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 


AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

Sínodo deixa desafios à Igreja

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Novo bispo ordenado em Setúbal

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Luto e santidade

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D. José Cordeiro| Octávio Carmo

 Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves |LOC/MTC | Fernando Cassola Marques| Sónia Neves

 

O Sínodo e o futuro

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Sínodo dos Bispos sobre a família chegou ao fim, após um processo de dois anos que envolveu centenas de milhares de pessoas desde que foram enviados os questionários às comunidades católicas, em 2013. O relatório final foi aprovado, ponto a ponto, depois de três semanas em que muitas vezes houve desinformação e mesmo calúnia no confronto mediático - algo que deixou o Papa visivelmente incomodado, como se viu no seu discurso conclusivo.

A ideia de que um processo tão longo, sobre um tema amplo e delicado, com várias sensibilidades - teológicas e geográficas -, poderia ser conduzido sem sobressaltos é pouco menos do que ingénua. Francisco tem vocação de líder, sem medo da confusão ou do imprevisível, mas nem todos somos capazes do mesmo e foi neste contexto que muitos se viram apanhados em contramão - não só entre os participantes, confesse-se.

Este Sínodo, nos seus novos moldes, teve vários méritos, a começar pelo facto de ter obrigado a Igreja Católica, no seu todo, a discutir a família, a aprender com outros contextos e a reafirmar os seus princípios fundamentais, procurando uma linguagem que os torne compreensíveis nos cinco continentes. A assembleia sinodal será hoje, talvez, uma experiência menos formal, mas a opinião dominante é que se trata de uma vivência mais rica, partilhada e desafiante. O lema ‘falar com coragem e ouvir com humildade’ que o Papa foi repetindo parece ser agora a marca da atividade 

 

 

 

 

desta reunião global de bispos - veremos quais serão as suas etapas seguintes.

É inegável que o debate sobre a família gerou tensões, potencialmente fraturantes, que parecem persistir nalguns temas. Resta saber como se comportarão as comunidades católicas no acolhimento das propostas sinodais e se estas vão mesmo ser analisadas à luz do que está escrito e da reflexão que foi feita - mais do que debatendo o mérito desta ou aquela figura, deste 

 

ou daquele grupo linguístico.

Um sinal particularmente inquietante destes dias foi o regresso do jornalismo ‘vatileaks’, feito na lama e sem preocupações de verdade, ao serviço de interesses particulares e numa subserviência cega às “fontes”. Para já, os mentores da mais recente polémica não me parecem particularmente brilhantes: se a ideia era fragilizar a imagem de Francisco, com a invenção de uma doença grave, estou certo de que só conseguiram tornar o Papa ainda mais forte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Parlamento Europeu atribuiu o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento ao escritor e blogger saudita Raif Badawi condenado a 10 anos de prisão e mil chicotadas – ao ritmo de 50 por semana – na Arábia Saudita, por alegado insulto ao islão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Badawi é um homem muito corajoso, exemplar, a quem foi infligido uma das penas mais brutais." Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, em Público, 29 out 2015

 

“Por causa da violência e do terrorismo, difundiu-se uma atitude de suspeita ou mesmo de condenação das religiões. Ainda que nenhuma religião esteja imune ao risco de derivações fundamentalistas ou extremistas em indivíduos ou grupos, é preciso olhar para os valores positivos que elas vivem e propõem." Papa Francisco numa audiência geral inter-religiosa; em Agência Eccclesia, 28 out 2015

 

“A China vai permitir que todos os casais tenham dois filhos, abandonando a política do filho único”, divulgou a agência oficial noticiosa chinesa Xinhua sobre uma decisão da direção do Partido Comunista Chinês; em Jornal de Negócio, 29 out 2015

 

"Aquilo que havia a dizer sobre esse assunto já disse na intervenção que eu produzi que foi muito clara e não estou arrependido nem de uma única linha de tudo aquilo que eu disse", Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, sobre a indigitação do Primeiro-Ministro recusando a ideia de um discurso de "seita ou partidário" , em RTP, 28 out 2015.

 

 

Novo bispo foi ordenado em Setúbal

D. José Ornelas, novo bispo de Setúbal, afirmou na primeira saudação aos diocesanos que deseja ser acolhido “como irmão e como um dom”, numa nova comunidade que “não é nem quer ser” uma “organização fechada”. “Peço, pois, que me aceiteis como irmão e como um dom. Esses são os sentimentos mais verdadeiros para convosco”, disse este domingo, no fim da celebração de ordenação episcopal.

“A vós, pois, caros irmãos e irmãs desta Igreja de Deus em Setúbal, peço licença! Peço-vos licença para entrar e fazer parte da vossa comunidade. E peço igualmente que me acolhais como irmão”, acrescentou.

Para D. José Ornelas, “Igreja não é nem quer ser uma organização fechada em si mesma”. “Temos o gosto de ser parte da Igreja de Deus que se estende pelo mundo inteiro”, recordou o bispo de Setúbal.

Para o novo bispo da região sadina, a Igreja enfrenta o desafio de não pensar “apenas em si própria”, mas abrir “os olhos e o coração” e sair “ao encontro dos que mais precisam”. D. José Ornelas recordou o encontro com o Papa Francisco em que 

 

lhe pediu para “ser missionário em Setúbal”.

D. José Ornelas foi nomeado pelo Papa Francisco com terceiro bispo da Diocese de Setúbal no dia 24 de agosto de 2015, sucedendo a D. Gilberto Reis, bispo desde 1998, e a D. Manuel Martins, responsável pela diocese deste o ano da criação, 1975, até 1998.

Superior geral dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) entre 2013 e 2015, D. José Ornelas tem 61 anos, é natural da Madeira, foi ordenado sacerdote em 1981 e depois foi professor de Ciências Bíblicas na Universidade Católica Portuguesa, área em que se doutorou em 1997.

O ouro que está no centro do anel episcopal do novo bispo de Setúbal é das alianças do casamento dos pais de D. José Ornelas, revelou o próprio à Agência ECCLESIA.

Na homilia da celebração, o cardeal-patriarca de Lisboa disse que os diocesanos de Setúbal podem contar com os “comprovados talentos” do novo bispo. D. Manuel Clemente, ordenante principal na cerimónia que decorreu na Sé de Setúbal, assinalou os 40 anos deste território eclesial,

 

 

 

afirmando que a Igreja sadina mantém uma “marca grande” que os bispos anteriores deixaram.

Já na segunda-feira, D. Manuel Martins celebrou o 40.º aniversário de ordenação episcopal e afirmou na homilia da Missa que tem “permanentemente” saudade da diocese e que o desafio cristão é 

 

construir fraternidade e cumprir os direitos humanos.

Nesse mesmo dia, centenas de militares da Base Aérea do Montijo, na Diocese de Setúbal, acolheram a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, no âmbito da visita que esta tem vindo a realizar a todas as regiões do país. 

 

 

Patriarca pede que políticos
decidam em consciência

O cardeal-patriarca disse hoje que as decisões sobre o novo Governo foram tomadas “em consciência” pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, esperando que todos os responsáveis político o façam, em favor do “bem comum”. “Ele é um protagonista muito importante da vida política. Há outros protagonistas - a Assembleia da República, os tribunais, as instituições em geral: tomem também as suas decisões em consciência e sempre tendo em vista o bem comum”, apelou, em conferência de imprensa que decorreu no Patriarcado de Lisboa.

O presidente da República recebeu esta terça-feira, em audiência, o primeiro-ministro indigitado, Pedro Passos Coelho, tendo dado o seu acordo à proposta de constituição do XX Governo Constitucional, que não tem maioria absoluta no Parlamento.

Questionado sobre esta decisão, o patriarca de Lisboa sustentou que Aníbal Cavaco Silva fez a “leitura” da atual situação “que em consciência achou que devia fazer”. 

D. Manuel Clemente sustentou que aqueles que se dizem católicos, “em

 

todas as forças políticas”, e os que confessam a sua admiração pelo Papa Francisco devem apresentar propostas inspiradas nestes valores. “Se há, neste momento e na sociedade portuguesa, em todas as forças políticas pessoas que se dizem admiradoras do Papa Francisco e até católicas, levem isso à consequência, na perspetiva partidária de cada um, que é legítima”, sublinhou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

O cardeal-patriarca realçou que em todos os quadrantes tem havido pessoas que “valorizam muito o que o Papa Francisco tem dito, tem feito” “Tomem mesmo em conta, em devida conta e aplicação concreta o que o Papa Francisco tem dito”, pediu.

 

 

 

Vidas à espera do fim da guerra

Numa das zonas onde se encontram mais refugiados, junto à fronteira com a Síria - Vale de Bekka - a Cáritas Portuguesa visitou Zahlé, cidade onde, no próximo ano, vai desenvolver um projeto que resulta do protocolo assinado com a Cáritas Libanesa, integrado no âmbito do Programa “PAR Linha da Frente”. Este projeto tem como objetivo apoiar 930 pessoas, entre refugiados sírios e iraquianos e algumas famílias libanesas, de forma a promover a sua estabilidade e dignidade, através da assistência humanitária.

O presidente da Cáritas Libanesa disse à Agência ECCLESIA que a comunidade internacional deve fazer “pressão” para que a guerra termine, pare o tráfico de armas e iniciem negociações de paz que devolvam

 

o sorriso às pessoas. “É preciso que a Comunidade Internacional tome as suas responsabilidades concretas e faça uma pressão sobre os Estados que geram esta guerra”, afirmou Paul Karam em Beirute, capital do Líbano.

“Antes de tudo é preciso parar a guerra. Depois é preciso parar o tráfico de armas, é preciso encorajar as pessoas a se sentarem à volta de uma mesa e negociarem a paz, a paz que assenta na justiça, que aceita o outro”, insistiu o presidente da Cáritas Libanesa.

Para Paul Karam, a “emigração não resolve o problema”, antes a criação de condições para que as pessoas permaneçam nas suas terras. “O que resolve o problema é parar a guerra onde ela existe e tentar deixar as pessoas onde estão. Isso é mais importante”, sublinhou.

 

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

40.º aniversário de ordenação episcopal de D. Manuel Martins

 

 

 

Diocese de Setúbal, um novo bispo

 

 

 

SINODO 2015

Uma Igreja para as famílias,
ao lado de cada pessoa

O Papa encerrou este sábado os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a família e disse que as últimas três semanas abriram “novos horizontes” na vida da Igreja, que recusam uma linguagem condenatória. “Procuramos abrir os horizontes para superar qualquer hermenêutica conspiratória ou perspetiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível”, declarou Francisco, numa intervenção à porta fechada, posteriormente publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.

Perante 265 participantes com direito a voto, entre eles D. Manuel Clemente e D. Antonino Dias, de Portugal, o Papa declarou que “o primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus”.

“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas

 

 o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão”, precisou.

Francisco apresentou uma reflexão sobre o que deve significar para a Igreja “encerrar este Sínodo dedicado à família”, que desde 2013 incluiu questionários às comunidades católicas, uma reunião extraordinária de bispos (2014) e a 14ª assembleia geral ordinária, que se concluiu oficialmente este domingo, com a Missa na Basílica de São Pedro.

Já nesta celebração, o Papa alertou para a tentação de uma “fé pré-programada” que ignora o sofrimento alheio em função da sua própria agenda. "Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos", disse, na homilia da Missa.

Francisco partiu do relato da cura de um cego, por Jesus, para recordar que perante o sofrimento de Bartimeu “nenhum dos discípulos para”, mas “continuam a caminhar, avançam como se nada fosse”. “Se Bartimeu é cego, eles são surdos: o seu problema não é problema deles. Esse pode ser o nosso risco: face aos problemas 

 

 

 

 

contínuos, o melhor é seguir em frente, sem deixar-se perturbar”, advertiu.

Neste contexto, a homilia falou numa “fé pré-programada”, em que cada um já tem a sua agenda própria, “ onde tudo está previsto”. “Sabemos para onde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente perturba-nos. Corremos o risco de nos tornarmos como «muitos» do Evangelho que perdem a paciência e repreendem Bartimeu”, precisou.

 

Em vez de rejeitar quem incomoda, Jesus quer “incluir, sobretudo quem está relegado para a margem e grita por Ele”.

Perante os “irmãos sinodais”, cardeais, patriarcas, arcebispos, bispos e padres que participaram na 14ª assembleia geral do Sínodo, o Papa elogiou o caminho que todos fizeram “juntos”.

“Sem nos deixarmos jamais ofuscar pelo pessimismo e pelo pecado, procuremos e vejamos a glória de Deus que resplandece no homem vivo”, apelou.


foto: Ricardo Perna

 

SINODO 2015

As propostas do Sínodo ao Papa

Os participantes no Sínodo dos Bispos propuseram um “caminho de discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, no relatório final dos trabalhos. O texto entregue ao Papa refere que é missão dos padres “acompanhar as pessoas no caminho do discernimento segundo o 

 

ensinamento da Igreja e as orientações do bispo”.

Na conclusão de três semanas de trabalho sobre a família, 178 dos 265 participantes que votaram esta tarde (mais um voto do que os necessários para a maioria de dois terços), aprovaram o número 85, em que se apela a um “exame de consciência”

 

 

 

 

 

das pessoas em causa sobre a forma como trataram os seus filhos ou como viveram a “crise conjugal”.
O documento questiona ainda se houve “tentativas de reconciliação”, qual a situação do “cônjuge abandonado” e quais as consequências da nova relação “sobre o resto da família e a comunidade dos fiéis”. “Uma reflexão sincera pode reforçar a misericórdia de Deus, que não é negada a ninguém”.

Este relatório não aborda diretamente a possibilidade de acesso à Comunhão pelos divorciados recasados, que é negada pela Igreja Católica.

O texto apresenta os “grandes valores” do matrimónio e da família cristã como respostas aos anseios da humanidade num tempo de “individualismo” e “hedonismo”. “A família baseada sobre o matrimónio do homem e da mulher é o lugar magnífico e insubstituível do amor pessoal que transmite a vida”, refere o documento conclusivo, com 94 pontos.

Ali se propõe uma aposta mais séria na ação da Igreja Católica a respeito da preparação para o Matrimónio e dos jovens casais. “O Matrimónio cristão não se pode reduzir a uma

 

 tradição cultural ou a uma simples convenção jurídica: é um verdadeiro chamamento de Deus que exige discernimento atento, oração constante e amadurecimento adequado”.

Os participantes na assembleia sinodal propõem a criação de “percursos formativos” que acompanhem os jovens católicos, tanto numa preparação “remota” para o casamento, que começa em cada família, como na catequese “pré-matrimonial” e a preparação “próxima” para a celebração do sacramento.

O relatório final contesta ainda as políticas e os sistemas económicos contrários às famílias, em particular as que vivem em situações de pobreza e exclusão. “A hegemonia crescente da lógica do mercado, que mortifica os espaços e os tempos de uma verdadeira vida familiar, concorre para agravar discriminações, pobrezas, exclusões e violência”, alerta.

O Sínodo dos Bispos sobre a família deixou uma mensagem de solidariedade às vítimas de violência doméstica e de maus-tratos, além de reafirmar “tolerância zero” para casos de abusos sexuais.

 

 

SINODO 2015

Trabalhos valorizaram
acompanhamento das famílias

O cardeal-patriarca de Lisboa mostrou-se “muito satisfeito” com os trabalhos do Sínodo dos Bispos, que chegaram ao fim com a apresentação ao Papa de um relatório que aposta no acompanhamento de cada família. “Temos de dar muito mais importância às famílias, à preparação para o matrimónio, ao acompanhamento das famílias cristãs, mesmo aquelas que vivem em rutura, para vermos o que podemos consertar com a ajuda de todos”, disse no Vaticano, após a votação do relatório final, com 94 pontos aprovados na sua totalidade por maioria de dois terços.

Segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, nas situações em que não seja possível “recuperar” a relação anterior, a Igreja deve continuar a considerar as pessoas envolvidas como “irmãos e irmãs, batizados que têm o seu lugar na comunidade cristã”. 

A respeito do possível acesso à Comunhão dos católicos divorciados 

 

 

 
 
que voltaram a casar civilmente, D. Manuel Clemente observou que o tema não foi tão tratado como na reunião extraordinário do Sínodo, em 2014, porque “a comunhão sacramental tem a ver com a validade do vínculo e a atenção a esse nexo é que fica aqui mais vincada e mais redobrada”.

“Se realmente a família é assim tão importante, vamos dar-lhe a importância que ela tem, quer na preparação, quer no acompanhamento daqueles que já não vivem a família como a começaram dantes, para todos uma atenção redobrada porque o seu papel é indispensável para a Igreja e para a sociedade”, prosseguiu.

 

 

 

 

 

Preparação para o Matrimónio
é prioridade depois do Sínodo

O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), D. Antonino Dias, escolhe a preparação “mais insistente e permanente” para o Matrimónio como uma das prioridades depois do Sínodo dos Bispos que decorreu no Vaticano. “É uma área onde precisamos de investir muito, porque muita gente se aproxima do sacramento sem fazer ideia do que isso é. Não podemos supor, temos de formar”, disse o bispo de Portalegre-Castelo Branco, no Vaticano.

Depois de ter participado nas três semanas de trabalho da assembleia sinodal sobre a vocação e a missão da família, o prelado sustenta que os debates “não foram para ganhar ou perder”, mas para procurar “caminhos de pastoral”. “Não é tanto na doutrina, mas como levar a doutrina à prática”, precisa.

 
A este respeito, o presidente da CELF, organismo do episcopado católico português, sublinha a importância de acompanhar quem faz a opção de casar e “reestruturar a preparação para o Matrimónio. “Esse é o grande desafio. As pessoas não podem aproximar-se para celebrar um sacramento se saberem o que ele implica, sem essa consciência. E não só o sacramento, mas saber que têm de fazer da família uma comunidade de vida e de amor”, assinala.

O bispo de Portalegre-Castelo Branco defende que o mais importante é que “as pessoas sejam felizes” e, assim, entendam que a indissolubilidade matrimonial “não é um jugo, é um dom”.

O responsável admite que nem sempre tem sido possível fazer uma preparação “remota” para o Matrimónio, pelo que muitos noivos chegam à Igreja sem saber o que vão fazer. “Tem de haver aí uma pedagogia muito importante”, reforça.

“É importante que aqueles que se preparam para o matrimónio se insiram nas suas comunidades com alegria, com responsabilidade”, acrescenta o prelado.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 


Papa quer trabalho conjunto das religiões para superar «desconfiança»
provocada pelo terrorismo

 

 

 

Refugiados: Entrevista ao presidente da Cáritas do Líbano

 

 

 

 

 

 

 

 

Cáritas        Editorial   Catálogo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Peregrinos na santidade e na Misericórdia

  D. José Cordeiro    
  Bispo de Bragança  

  Miranda   

 
 

A santidade da Palavra ilumina os passos da Igreja peregrina em Bragança-Miranda e S. Paulo recorda-nos: «Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação» (1Ts 4,3). Então, uma pessoa que faz a vontade de Deus é santa. A admonição de S. Paulo na carta aos Tessalonicenses, o primeiro escrito do Novo Testamento, servirá de mote neste ano dedicado à santidade, para situar a santidade, que se funda na vontade de Deus em Jesus Cristo, na vida de todos os dias na alegria, no trabalho, na oração, na gratidão e na ação de graças (cf. 1 Ts 5, 16-18). Para ser santo não é preciso fazer coisas estranhas. A vontade de Deus é expressa em toda a Bíblia, desde o Génesis ao Apocalipse, bem saliente na afirmação «criou-os à Sua imagem e semelhança» (Gn 1, 26).

 

1. PROGREDIR SEMPRE MAIS

A Igreja é comunhão dos santos, não obstante o nosso egocentrismo, orgulho, individualismo e resistências. «Hoje como nunca, urge que todos os cristãos retomem o caminho da renovação evangélica, acolhendo com generosidade o convite apostólico de “ser santos em todas as ações”» (J. Paulo II).

S. Paulo exorta os fiéis da comunidade grega de Tessalonica a crescer no amor e na santidade, propondo a atitude de «progredir sempre mais, a ter como ponto de honra viver em paz, a ocupar-vos das próprias atividades, a trabalhar com as vossas mãos». Quando Paulo escreveu a primeira

 

 

 

carta aos Tessalonicenses, os evangelhos ainda não tinham sido escritos, sendo uma palavra oral. Por isso, Jesus Cristo é Ele mesmo o Evangelho de Deus.

Em S. Paulo, o Evangelho é sempre entendido como a ação de anunciar no Espírito Santo. «O acolhimento do Evangelho transforma os Tessalonicenses: passam dos deuses ao Deus de Israel, vivem na fé, no amor e na esperança (1Ts 1,3.10; 3,12; 4,9-10; 2Ts 1, 3-4); eles 

 

próprios tornam-se anunciadores do Evangelho (1Ts 1, 7-8). A ação do Espírito manifesta-se na alegria no meio das adversidades (1,6), na santificação (4,3-8), nas profecias (5,19-20)» (F. Manini).

A vocação à santidade é o testemunho maior da dignidade cristã e conduz à perfeição da caridade ou da misericórdia. Igualmente a vocação à santidade anda de mãos dadas com a Palavra de Deus e com a missão.

 


 

 

2. CAMINHAR E AGRADAR A DEUS

A finalidade é a de agradar a Deus, que significa fazer a sua vontade, praticando os ensinamentos de Jesus. Deus tem o seu agrado e a sua alegria na santificação e no amor que lhe dá o homem e que o homem acolhe no seu coração.

Uma nota da Bíblia de Jerusalém diz assim: «a vontade de Deus (cf. Mt 6,10) é realizadora da santidade (vv. 3.7; 2Ts 2,13; Ef 1,4). É Deus que santifica (5,23; 1Cor 6,11; cf. Jo 17,17; At 20,32); Cristo se fez nossa santificação (1Cor 1,30), para a qual também o Espírito colabora (v. 8; 2Ts 2,13; 1 Cor 6,11). Os cristãos devem pô-la em prática (Rm 6,19+). Eles, habitualmente, são chamados “santos” (At 9,13+)».

 

3. SANTIFICAR – CONSAGRADOS A DEUS

A santidade é o máximo desenvolvimento da graça do Batismo. S. João Paulo II, na carta apostólica Novo Millennio Ineunte escreveu: «Em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte 

 

para que deve tender todo o caminho pastoral é a santidade. (…) Assim, é preciso redescobrir, em todo o seu valor programático, o capítulo V da Constituição dogmática Lumen Gentium, intitulado “vocação universal à santidade”. (…) Pode-se porventura “programar” a santidade? Que pode significar esta realidade na lógica dum plano pastoral? Na verdade, colocar a programação pastoral sob o signo da santidade é uma opção carregada de consequências. Significa exprimir a convicção de que, se o Batismo é uma verdadeira entrada na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: “Queres receber o Batismo?” Significa ao mesmo tempo pedir-lhe: “Queres fazer-te santo?” Significa colocar na sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha: “Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste” (Mt 5,48)» (nn. 30-31).

A santidade é um caminho e não um estado. A confiança no caminho nasce da fonte da santidade, isto é, a misericórdia de Deus.

 
 

 

Flexibilidade laboral aumenta as desigualdades

Flexibilidade laboral favorece os ricos

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 

O trabalho deixou de considerar-se como meio que acrescenta valor às coisas e de ser criador de riqueza para passar a ser considerado, como a causa de a produção ser lenta e mais cara. Por isso, o único caminho que se nos apresenta para que o trabalho seja fator de competitividade e benefícios é que seja flexível.

A flexibilidade apresenta-se como modernidade, mas substitui o emprego estável e fixo (que é a garantia da coesão social), pela instabilidade do emprego precário (para incrementar a segurança da economia à custa das pessoas).

O objetivo é dispor de mão-de-obra só quando se necessite e quando resulte mais rentável. E prescindir dela, sem custos, quando seja menos rentável. Descer os custos laborais e submeter muito mais facilmente os trabalhadores.

 

Habitualmente, apresenta-se a flexibilidade laboral como resposta ao desemprego.

Mas destruição do emprego e precarização do mesmo são os dois caminhos complementares de um mesmo objetivo: descer os custos laborais e submeter os trabalhadores a uma maior exploração

O discurso neoliberal sobre a flexibilidade foi assumido pela quase totalidade dos governos e partidos políticos, e também se estabeleceu na sociedade: por um lado generalizou-se o medo ao desemprego que faz com que ponhamos em  

 

 

 

segundo lugar a qualidade e as condições de trabalho, por outro lado as necessidades vitais da nossa sociedade consumista, fazem com que muitas pessoas valorizem positivamente qualquer emprego para poderem viver ou para não perder a roda do consumo.

 

Um estudo publicado em 15.06.2015 pelo Fundo Monetário Internacional - Causes and Consequences of Income Inequality: A Global Perspective afirma que o impacto da flexibilização do mercado de trabalho incide nos níveis de desigualdade. O FMI diz que "a suavização da regulação nos mercados de trabalho está associada a uma desigualdade no mercado e a um peso do rendimento dos 10% mais ricos mais elevada", explicando que "a flexibilidade do mercado de trabalho beneficia os ricos e reduz o preço de negociação dos trabalhadores de mais baixos rendimentos". 

Afirma ainda que a desigualdade está ao "mais alto nível em décadas" e que uma maior desigualdade tem como consequência um abrandamento do crescimento da economia. Como se conclui, algumas das causas para este resultado estão em políticas já aconselhadas pelo próprio FMI em diversos países, como a flexibilização dos mercados de trabalho.  

 

Vivemos num modelo social que se enfrenta com um terrível paradoxo: A vida das pessoas e das famílias depende do emprego (que garante a integração na sociedade e que serve para adquirir um conjunto de direitos sociais como o salário, a segurança social, a aposentação) … mas ao mesmo tempo este modelo social, nega a muitas pessoas o acesso a um emprego ou a um emprego que garanta uma vida digna.

 

A Igreja, e todos os cristãos que a formamos, não podemos ser indiferentes diante desta situação do trabalho e das condições de vida de tantos trabalhadores e trabalhadoras. A nossa preocupação pela vida humana e, especialmente pelos pobres nos quais vemos Jesus Cristo, deve levar-nos a ocupar-nos e preocupar-nos pela realidade do trabalho.

 “Os pobres são em muitos casos o resultado da violação da dignidade do trabalho humano, seja porque se limitam as suas possibilidades (desocupação, subocupação), seja porque se lhes retiram os direitos que fluem do mesmo, especialmente o direito ao justo salário, à segurança da pessoa do trabalhador e da sua família” (Caritas in veritate, 63).

 

 

 

 

 

A última a morrer?

  Sónia Neves  
  Agência ECCLESIA   

 

Há nascer, há crescer e há morrer / E em cada chegada, uma partida.

Mas importa que em cada acontecer/ Haja sempre um caminho para a vida.

 

Inicia assim uma canção bem difundida no meio da juventude e que hoje trago para esta reflexão da semana. Dias que antecipam a santidade e a reflexão/oração sobre os fiéis defuntos.

Há nascer, há crescer e há morrer - também a Biologia aponta o ciclo da vida como Nascer, Crescer, Reproduzir, envelhecer e Morrer.

Outros dizem que a vida é curta, nascemos sem pedir e morremos sem querer, temos de aproveitar o intervalo. Tal como as folhas caem das árvores em todas as estações de Outono também o ser humano sabe que passa por estes estados.

Aproveitar o intervalo? Pode ser uma forma de apelar para dar valor à vida, às pequenas coisas que acontecem, aos episódios e marcas de cada dia, ao afeto de quem se gosta, a um beijo ou um abraço.

E em cada chegada, uma partida. - A chegada é pois uma palavra que não diz muito, mas se for relacionada com hospitalidade pode ser um verdadeiro acolhimento, onde o calor se transmite até num olhar. Em certas fases da vida é necessário chegar bem para se partir em paz. Assim me era dito num serviço de cuidados paliativos, onde a morte acontece quase todos os dias e é necessário preparar a partida.

Para quem parte há sempre últimos pedidos,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

pois “não se sabe o dia nem a hora”. Para quem fica, importa estar preparado e fazer o luto para poder sair restaurado.

Mas importa que em cada acontecer – E tantas coisas que acontecem a cada dia, cada momento que não se espera, cada doença que surge, cada alegria que se espelha no rosto, cada gesto…

A conversa que pareceu não ter importância, a forma como me deram a mão, o olhar profundo com que me focaram, a gargalhada que se soltou, a vida que nasce e a morte que espreita.

Haja sempre um caminho para a vida – Este é o propósito… um caminho para vida.

Mesmo com a morte a ser ainda tabu

 
 na sociedade é necessário falar, tratar e preparar. Depois de uma morte de um ente-querido ninguém fica igual, na mesma… A vida, os dias e as horas ganham outro sentido e valor.

O luto é o tempo que é necessário para nós “arranjarmos” estratégias para encontrar um novo bem-estar, um novo equilíbrio.

Nas vésperas de recordar todos os santos e os fiéis defuntos, de acender velas e visitar cemitérios, a vida parece abrandar.

Para quem crê a palavra Esperança ganha outra dimensão e força, um bálsamo que ajuda a secar as lágrimas e “empurra” para uma nova vida. Afinal a esperança é a ultima a morrer…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Igreja propõe no primeiro dia de Novembro,

a celebração de Todos os Santos. Um convite

à universal vocação à santidade que é explicado

neste semanário pelo cardeal português

D. José Saraiva Martins, antigo responsável

pelos processos de canonização na Santa Sé.

A este tema soma-se outra reflexão,

antecipando a comemoração

dos fiéis defuntos, sobre o luto

e a forma de comunicar a morte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Santidade, a vocação universal
de todos os batizados

 

O cardeal português D. José Saraiva Martins, que presidiu à Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé), tem um conhecimento particular e aprofundado de muitos exemplos de fiéis católicos que viveram o ideal de santidade ao longo da história. Uma experiência e conhecimento partilhados com a Agência ECCLESIA em Roma, onde está há mais de 50 anos, no contexto do próximo domingo, 1 de novembro, quando os católicos celebram o Dia de Todos os Santos, uma data significativa que recorda não apenas as pessoas que foram beatificadas e canonizadas.

 

Agência Ecclesia (AE) – A solenidade do Dia de Todos os Santos, é uma celebração particular e especial para a Igreja Católica, é-se chamado a refletir sobre a santidade e o que significa na vida de cada batizado. Como é que se apresenta esta ideia e objetivo de vida a quem pensa que os santos pensam figuras excecionais e que no quotidiano é quase impossível repetir o seu exemplo?

D. José Saraiva Martins (JSM) – A santidade naturalmente consiste, essencialmente, na imitação de Cristo, que é a santidade de Deus encarnada no tempo e na história, em viver segundo o Evangelho. Em darmos conta e sermos coerentes com a nossa fé, nós somos filhos de Deus e, portanto, devemos imitá-Lo 

 

que é três vezes santo. O filho de Deus encarnado, que é Cristo, que é a santidade do Pai encarnada no tempo e na história, e naturalmente o Espírito Santo que é guia no caminho da santidade.

A santidade não é uma coisa extraordinária, é muito comum, não tem nada de extraordinário, não é o privilégio de alguns é uma vocação universal, o Concílio vaticano II foi muito claro: “Todos estão chamados à santidade.”

Os santos não foram pessoas extraordinárias, eram homens, pessoas como nós mas propuseram-se a viver em profundidade, na sua vida comum, ordinária, no exercício da sua profissão a imitar a Cristo para puderem dizer como São Paulo: 

 

 

 

“Eu vivo mas não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.”

A santidade consiste em viver de tal modo que seja Cristo que vive em mim. Somos irmãos de cristo, Cristo é nosso irmão. Como referi, Cristo é a santidade do Pai encarnada no tempo e na história, portanto é normal, não é extraordinário.

Os santos canonizados ou beatificados não são heróis diferentes de nós mas pessoas comuns. É Deus que quer sejamos santos, que imitemos Jesus Cristo a santidade encarnada. Naturalmente há um processo muito

 

rigoroso para saber se aquela pessoa, candidata aos altares, viveu ou não viveu segundo esses princípios. O processo tem duas fases fundamentais, uma local no âmbito da Igreja local à qual pertence e a segunda fase em Roma.

Na primeira fase, a Igreja local recolhe toda a documentação relativa à vida do candidato aos altares, depois em Roma, na Congregação para as Causas dos Santos, na Curia Romana, estuda-se a documentação que o bispo da Igreja local enviou para que examinássemos, para ver se realmente daquela documentação aparece claro a heroicidade daquela pessoa porque foi considerada santa pelos seus concidadãos.

 

 

 

 

 

AE –A fama de santidade nasce entre as pessoas e o processo reconhece essa santidade, não é inventado. Há quem conhece de perto determinada pessoa, tem essa intuição que houve uma vida exemplar e move-se esse processo?

JSM – É verdade. Todos os processos de beatificação começam na Igreja local e se o candidato aos altares não tiver fama de santidade na sua comunidade, ou seja, se os membros daquela Igreja não o consideravam como santo (05:53) enão o bispo pode começar o processo na Igreja local. Tem de ser aprovada a fama de santidade na sua Igreja local, o bispo tem de formar uma comissão para avaliar se realmente é considerado santo na Igreja local, pelos seus irmãos daquela comunidade.

Nesta fase o papel da comunidade local é fundamental, a convicção dos cristãos da comunidade que aquela pessoa é realmente um santo é uma condição essencial para poder  

 

começar um processo de beatificação.

A Congregação para as Causas dos Santos examina a documentação que o prelado enviou e aqui procede-se de uma forma rigorosíssima do ponto de vista científico e teológico. Há uma comissão para provar as virtudes, para analisar se na documentação é clara a heroicidade daquela pessoa. Depois há uma consulta médica para apurar o milagre necessário para a beatificação e para a canonização. Para estudar esta cura, considerada milagrosa na Igreja local, temos uma comissão de 70 médicos especialistas nos vários setores da medicina atual. Muitas doenças que hoje são curáveis 

 

 

 

 

naturalmente antigamente não eram e os médicos têm de dizer se existe uma explicação científica ou não à luz da ciência médica atual. É fundamental.

Naturalmente, quando chega à congregação a informação de uma cura considerada milagre escolhemos cerca de oito médicos especialistas no campo da cura para verificarem se existe explicação natural ou não, explicação científica ou não. A fé dos médicos não nos interessa e, algumas vezes, convidamos não-cristãos, não crentes, mas profissionais famosíssimos porque o que nos 

 

interessa é saber o que ele pensa como cientista, não como cristão. Eles têm de dar um parecer como especialistas naquela área, se encontram alguma explicação natural ou não. Para ser inexplicável cientificamente é preciso verificar se a cura foi instantânea, completa e duradoura.

É um processo muito rigoroso cientificamente, não é uma invenção. A Igreja procede com seriedade a respeitos dos milagres necessários para a canonização e beatificação.

 

 

 

 

 

 

AE – Nas nossas comunidades desde todos os tempos existem pessoas que ficam na memória dos seus familiares e vizinhos como tendo vivido uma vida de santidade, de quem nunca ninguém iniciou o processo pelos mais diversos motivos. Este dia também serve para lembrar os que viveram uma vida de santidade e são conhecidos por isso?

JSM – Sem dúvida. Nós celebramos a memória dos santos mas não os que foram beatificados ou canonizados mas de todos os santos, também os não beatificados nem canonizados. Sabemos que existem muitíssimas pessoas santas que não passaram esse processo.

A Igreja canoniza e beatifica algumas destas pessoas para propor um modelo de santidade. Modelos que põe no calendário para que os fiéis os conheçam e imitem. Na festa de todos os santos, e sublinho todos, celebramos também todos os que não foram beatificados nem canonizados.

 

AE – Historicamente existem muitos santos que foram membros do clero, de institutos religiosos, muitos mártires, muitos teólogos, mas também existem exemplos propostos do quotidiano das pessoas, leigos comprometidos, casais. É importante que os exemplos e processos que são comprovados sejam próximos do quotidiano da maioria dos católicos, até para reforçar a ideia que a santidade é uma proposta para todos?

JSM – Não há nenhuma dúvida, ainda que não tenham sido beatificados ou canonizados não são menos santos do que os outros. De facto, na minha prefeitura na Congregação para as Causas dos Santos dei relevo à santidade laical dos leigos e beatificamos, entre beatos e santos, 521 pessoas leigos para colocar em relevo que a santidade é universal.

Não só os padres, bispos, freiras mas todos os batizados estão chamados a ser santos. “Sede santos, como eu sou santo”, disse Cristo e eu considerava que tínhamos de oferecer ao povo cristão modelos leigos de santidade. Foram beatificados leigos de todos os quadrantes, por exemplo, um limpa-chaminés, um pele vermelha do 

 

 

 

Canadá, para todos terem um modelo de santidade que possam imitar. É a universalidade da santidade.

Como referi, a vocação à santidade não é um privilégio para alguns, é uma obrigação batismal. Uma obrigação que deriva do batismo quando nos tornamos membros de Cristo que é a santidade do Pai encarnada no tempo. Todos os batizados têm obrigação de tender à santidade, não num convento mas no modo de viver normal, natural, na sua profissão, no lado mais social e humano.

Os que acreditam realmente no Evangelho, em Deus, em Cristo, todos têm obrigação fundamental de tender à santidade, no seu caminho próprio, na sua profissão, no seu modo de agira, somos todos diferentes, casados ou solteiros. Eu fiz questão de propor como modelos dois casais porque o matrimónio não é uma objeção à santidade, não é um impedimento. O Concilio Vaticano II diz que é um modo diferente, e João Paulo II foi muito claro e mais do que uma vez sublinhou a santidade no seio das famílias, a santidade dos pais.

Nós também alargamos a geografia

 

 

da santidade porque, até há pouco tempo, os santos eram todos europeus, dos países mediterrâneos. Alargamos a geografia a todos os continentes e procuramos fazer santos e beatos se realmente o eram, procuramos elevar aos altares cristãos de todos os continentes. Por isso referi o que era limpa-chaminés e índio do Canadá para sublinhar que todos são chamados à santidade.

Naturalmente tem de ser provado historicamente e, por isso, os estudos que fazem os médicos em todos e cada um dos casos em que se fala de milagres. Têm de ser os médicos a confirmar se a cura é ou não inexplicável à luz da ciência médica atual.

 

 

 

AE – Vamos viver o Jubileu da Misericórdia. Que oportunidade é esta para a Igreja e para cada católico em particular?

JSM – O Ano Santo é uma ocasião ótima para refletir sobre a nossa fé, o nosso modo de ser cristãos, de viver o Evangelho na nossa vida quotidiana, na nossa peregrinação terrena. Temos de agradecer ao Papa Francisco por ter proposto este Ano Santo sobre a Divina Misericórdia que é sinónimo de amor. A misericórdia é fruto e encarnação do amor.

A nossa misericórdia para com os fiéis, os pobres, os mais necessitados é fruto do nosso amor que tem duas dimensões. Uma vertical, o amor de Deus, e horizontal, o nosso amor aos nossos irmãos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gerir a esperança

No sexto piso da Clínica São João de Ávila, do Instituto São João de Deus, em Lisboa, funciona uma unidade de cuidados paliativos que presta apoio a utentes e respetivas famílias a lidarem com a realidade da morte e do luto.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Hugo Lucas, que integra a equipa da unidade, destaca a importância de trabalhar com base nas “expetativas” dos utentes “face ao seu processo de doença e ao seu internamento”, o modo como eles encaram a “continuidade ou finitude da sua vida”, quer do ponto de vista “interior” quer “existencial”.

“Há utentes que não estão disponíveis para isso, e expressam-no de uma forma simples que é ‘eu sei que isso vai acontecer mas não quero falar sobre isso, até lá quero viver’. Então o que fazemos é focar neste viver, no controlo sintomático, no bem-estar, no alívio desta ansiedade, desta angústia que se começa a instalar num momento mais próximo do fim da vida e em que temos utentes mais conscientes”, explica o psicólogo clínico.

Movida pelo “espírito de São João de Deus” e da congregação Hospitaleira,

 

 a unidade de cuidados paliativos procura sobretudo ajudar as pessoas que ali chegam a encararem a perspetiva da morte e do luto com um coração reconciliado.    

“Aqui damos abraços, aqui perdoamos, aqui pedimos desculpas e aqui somos família e temos esperança porque não é por estarmos numa unidade de cuidados paliativos que se perde a esperança, as pessoas acabam também por aqui fazerem uma gestão da sua esperança”, aponta Hugo Lucas.

Num espaço que para muitas pessoas funciona como uma última passagem, a luz é uma constante, brotando das janelas viradas para o sol, e o ambiente procura ser o mais descontraído possível, pontuado por uma música suave.

Das janelas dos quartos, os utentes podem ver o claustro do Instituto São João de Deus, mais o seu jardim interno, mas também os aviões que chegam, a azáfama dos carros no Eixo Norte-Sul e mesmo o Jardim Zoológico de Lisboa, com os seus animais a passear.

A ideia, frisa Hugo Lucas, é dar às pessoas o “poder de se aproximar”, 

 

 


 

quer do mundo interior quer do exterior, de permitir “este confronto real quando se passa e se diz adeus”.

“É muito importante porque permitimos que a vida seja continuadamente vivida, e que haja uma adaptação a este momento de vivência de uma fase que se aproxima do fim da vida”, complementa.

Nos quartos destacam-se também as fotos de família, pedaços de vida que os utentes da clínica levam consigo para também os ajudarem na sua viagem.

“Ajudar a adaptar uma família” ao “processo de perda”, antecipar esse “momento”, é também parte integrante da missão da unidade de cuidados paliativos da Clínica São João de Ávila.

Hugo Lucas realça a “dimensão” de ajudar as famílias a “restaurarem” o seu percurso, depois de passarem pela morte de um ente querido.

Isto porque há sempre a dificuldade e o medo de “não se saber como perpetuar a memória do outro,

como atribuir um significado

à sua partida, ao luto que

há-de ser vivido”. 

 

Na clínica há uma sala que as famílias podem utilizar “como espaço de recolhimento e reflexão”.

Uma ala aberta a “qualquer tipo de religião ou credo”, onde quem quer pode rezar, meditar ou simplesmente estar sozinho “num momento de maior introspeção e tranquilidade”.

Uma reportagem que vai ser tema central do programa Ecclesia na Antena 1 da rádio pública no próximo dia 03 de novembro, pelas 22h45.

 

 

A morte ainda é um «tabu»

José Eduardo Rebelo investiga há mais de 20 anos a questão do luto em Portugal, tendo contribuído para trazer o tema para a área social e académica.

À Agência ECCLESIA, aquele responsável frisa que a morte ainda é um tema “tabu” no plano social, o que faz com que muitas pessoas atingidas pela perda de um ente querido vivam esse drama sozinhas, sem apoios.

“Quando somos afetados pela perda de um ente querido, isso significa perdermos segurança, porque aquela pessoa nos dá segurança e bem-estar e entramos num processo de desequilíbrio profundo, porque há o medo do que nos irá acontecer sem aquele alicerce, sem aquelas estacas que nos dão parte do nosso equilíbrio”, refere José Eduardo Rebelo.

“Então o luto é o tempo que é necessário para nós “arranjarmos” estratégias para encontrar um novo bem-estar, uma nova experiência de bem-estar, um novo equilíbrio”, acrescenta ainda.

Foi com o intuito de ajudar as pessoas nessa recuperação que José Eduardo Rebelo se empenhou na promoção

 

 do debate à volta do luto, convidando para isso “colegas de diferentes universidades”.

Na sequência desta aposta, nasceram dois organismos de investigação dedicados ao tema, a Sociedade Portuguesa de Estudo e Intervenção do Luto, bem como o Observatório do Luto em Portugal.

José Eduardo Rebelo está envolvido também na “formação de conselheiros e luto” e empenhou-se também na formação de “terapeutas de luto”, para os casos mais difíceis, do foro “psicopatológico”, trabalho que está a ser assumido pela Faculdade de Medicina de Lisboa.

Com o aprofundamento deste tema surgiu a ideia de lançar um congresso para o debate científico do “luto em Portugal”, iniciativa que no próximo ano vai decorrer em Aveiro, nos dias 20 e 21 de maio.

Biólogo de formação, José Eduardo Rebelo começou a investigar a problemática do luto há mais de 20 anos e na sequência de uma “tragédia” pessoal.

“O luto veio até mim e então em face disso decidi que era importante refletir sobre o meu próprio

 

 

 

processo de luto”, explica aquele responsável.

Foi nesse contexto que o investigador decidiu fazer um mestrado em psicologia, que concluiu com “uma dissertação” sobre o luto, “talvez uma das primeiras no país”.

Mais tarde, criou em Aveiro a associação “Apelo”, de Apoio à Pessoa em Luto, uma instituição que “tinha

 

 e continua a ter como objetivo o apoio a pessoas, famílias e comunidades em luto”, através de “sessões de aconselhamento, de grupos de entreajuda”, entre outros projetos.

A conversa com o fundador da APELO vai ser tema do programa Ecclesia da Antena 1 da rádio pública no próximo dia 6 de novembro, pelas 22h45.

 

 

A morte prepara-se todos os dias

O padre Paulo Malícia abraçou a missão de pároco da comunidade de Santo António do Estoril, do Patriarcado de Lisboa, prosseguindo a caminhada pastoral do seu amigo padre Ricardo Neves, que faleceu há três meses, vítima de doença prolongada.

À Agência ECCLESIA, o sacerdote de 48 anos recordou os momentos mais difíceis dessa jornada, desde o “diagnóstico exato” da doença até à morte, mas também a memória de

 

alguém com quem viveu alguns dos momentos mais importantes da sua vida.

Quase seis anos mais velho do que o padre Ricardo Neves, o atual pároco do Estoril conheceu o amigo ainda no seminário.

Juntos fizeram o seu percurso de formação e foram ordenados também no mesmo dia, 29 de junho de 1997.

“O que mais me custou foi sentir que ia perder alguém de quem eu precisava para dar estabilidade à 

  Padre Paulo Franco, padre Paulo Malícia, padre Ricardo Neves   

 

 

 

minha vida. É um sentimento um bocado egoísta, um sacerdote revolta-se, pergunta porquê, às vezes até vacila e muitas vezes treme na fé. Mas isso não é de estranhar, a fé também passa por esses abanões”, admite o padre Paulo Malícia.

Sobre o processo da doença, o sacerdote guarda na memória a “esperança” que marcou os primeiros tempos, quando a situação ainda não estava definida.

“O padre Ricardo Neves era uma pessoa muito alegre e otimista, não 

 

digo falta de preocupação mas de uma certa ligeireza”, aponta.

Mesmo quando o diagnóstico veio, “ele não deixou a alegria mas passámos a partilhar um bocadinho o mistério da cruz e isso, por estranho que pareça, foi um tempo muito rico para ele e para aqueles que o rodeavam”, refere o padre Paulo Malícia, não deixando no entanto de salientar o desafio que este tempo constituiu, não só em termos humanos mas também espirituais.

“Nós, padres, falamos muito do 

 

 

 

 

mistério da cruz mas depois quando o temos que viver na nossa vida ou partilhá-lo na nossa vida é muito mais difícil”, reconhece.

Para o padre Paulo Malícia, “a morte prepara-se e até se deve preparar todos os dias”.

E no caso do padre Ricardo Neves, “ele preparou-a na forma como viveu antes da doença e na forma como viveu a doença”.

A fase mais complicada foi já no hospital, desde que o amigo foi internado até aos “últimos tempos”, já “inconsciente”.

“O não poder falar, não poder dizer nada, o não se saber o que é que se estava a passar ali, foi uma fase de sofrimento”, lembra.

No seu gabinete, o padre Paulo Malícia guarda uma fotografia do amigo Ricardo Neves e recorda uma das muitas conversas e partilhas 

 

padre Ricardo Neves

 

que foram fazendo, ao longo dos anos.

“Não é politicamente correto dizer isto, mas quando nos juntávamos era mais para falar do que para rezar, e assim 

 

 

 

 

também continuou nesta fase da vida”, complementa.

Nos últimos dias, antes da sua morte, as conversas versavam sobretudo à volta da “Igreja e dos desafios da Igreja”.

“Ele queria também arrumar um ou outro assunto da vida que estava por arrumar e pediu-me para eu o ajudar”, revela o padre Paulo Malícia.

Foi nesse espírito, e também impulsionado pelo cardeal-patriarca de Lisboa, que o sacerdote assumiu a paróquia de Santo António do Estoril, tendo o amigo como referência para o seu trabalho pastoral no futuro.

“Olhar para a frente, é o que esta memória nos pode ajudar, dar passos em frente e é isso que aqui temos tentado fazer, agora não é um caminho fácil”, salienta.

O padre Ricardo Neves estava há cerca de quatro anos à frente da paróquia de Santo António do Estoril, era também vigário de Cascais 

 

e antes  disso tinha assumido, entre outras, a missão de prefeito e vice-reitor do Seminário de S. José de Caparide, sendo responsável pela formação de sacerdotes do Patriarcado de Lisboa.

Numa comunidade ainda a viver o luto, o padre Paulo Malícia procura que o quotidiano das pessoas seja marcado pela esperança e olha para o seu trabalho com uma responsabilidade acrescida.

“Substituir alguém que era muito querido não é fácil, porque o padre Ricardo era uma referência para muita gente”, enfatiza o sacerdote, para quem poder estar agora na mesma paróquia que o amigo é “especial, sem dúvida”.

Um testemunho que pode ser escutado no programa de rádio Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, no próximo dia 02 de novembro, pelas 22h45.

 

 

25 anos a lidar com a morte
no interior algarvio

Albino Martins é diácono na freguesia do Cachopo, em plena Serra do Caldeirão, no interior algarvio.

Uma missão que teve origem há 25 anos, quando a pedido do bispo algarvio, foi com a sua esposa Cláudia em missão para uma terra que já chegou a ter “cerca de 1200 habitantes” mas que hoje é sobretudo habitada por idosos que representam um desafio pastoral acrescido.

“A comunidade paroquial foi confiada a um padre e a um casal, o padre vivia relativamente distante, 16 quilómetros, e portanto logo algum desse trabalho pastoral começou a ser assumido por mim, concretamente as celebrações exequiais”, explica o diácono à Agência ECCLESIA.

Numa terra marcada pela desertificação e pelo envelhecimento populacional, ajudar as pessoas a lidarem com a morte, com a partida dos entes queridos, é fundamental.

“Uma expressão que costumo utilizar nos funerais é que a memória é o perfume da alma”, refere o diácono Albino, destacando a forma “impressionante” como as

 

 pessoas conseguem “guardar” consigo a “memória” daqueles que já partiram.

Depois de já ter “feito funerais de duas ou três gerações de pessoas”, Albino Martins sente que já é visto pela comunidade do Cachopo “como um dos seus”.

“Por isso elas querem que um dos seus esteja presente naquele momento em que se despedem desse ente querido”, realça o diácono.

Grande parte da população da freguesia está espalhada por montes, sendo que muitas das pessoas, devido à idade, estão muito “dependentes” e requerem uma atenção “quase diária”.

Para conseguir responder às necessidades, e uma vez que muitos desses montes estão separados por vários quilómetros, o diácono Albino apostou na criação do complexo social D. Manuel Madureira Dias.

Uma valência que atualmente presta auxílio a cerca de 120 idosos, entre centro do dia, lar e apoio domiciliário.

Não obstante haver pessoas a morarem em montes a “25 quilómetros” de distância, 

 

 

 

no interior da serra, elas são visitadas pelo menos “três vezes” por semana.

“Só o facto de chegar um colaborador da instituição é uma segurança para os utentes e para as suas famílias. Muitos deles é a única visita que têm”, frisa o diácono.

“A população do interior tem muito medo da noite, do que lhes possa acontecer, de não terem alguém que os socorra”, acrescenta ainda.

No meio destes desafios há um aspeto que aquele responsável aponta como fundamental para o sucesso do seu trabalho.

 

 

A “entreajuda” que existe entre toda a população e que faz com que a ajuda chegue de forma mais eficaz a quem precisa.

“Mesmo quando o centro não consegue chegar as vezes que seria necessário, depois da hora de trabalho, há uma relação de boa vizinhança entre a população”, enaltece o diácono.

A temática vai estar em destaque no programa Ecclesia na Antena 1 da rádio pública no próximo dia 5 de novembro, pelas 22h45.

 

 

Viver o Luto

Cristina Felizardo

Conselheira do Luto

Diretora e Vice-Presidente da APELO

 

O luto é definido como um processo de reação a uma perda pessoal profunda, mais ou menos prolongado no tempo.

As causas do luto podem ter origem no afastamento definitivo ou provisório, anunciado ou súbito, de um ente querido, por morte, separação conjugal, emigração, encarceramento; no dano ao amor-próprio, provocado pela ablação do seio, outras amputações ou alterações patológicas do corpo; na perda de expectativa de afeto, como o aborto e o nascimento de um filho deficiente; e na desvalorização social e/ou económica, nomeadamente resultante do desemprego ou do não reconhecimento de qualificações e competências.

Embora o luto seja um fenómeno tão natural e frequente como a própria existência humana, durante o seu decurso, a pessoa que o vivencia, a família que o experiencia ou a comunidade que o sofre veem o seu comportamento afetado de forma intensamente nefasta. As experiências emocionais vividas durante o tempo do luto, decorrem no tempo e manifestam-se através de vivências tais como o choque, a descrença e o reconhecimento, todas estas necessárias para atingir a harmonia interior, a pacificação emocional, ou seja, a superação do processo de luto. No entanto, estas vivências não são inócuas no enlutado, provocando-lhe um sofrimento mental intenso, desorganização emocional, vulnerabilidade física, isolamento social e solidão.

 

 

 


 

Estes efeitos decorrentes do processo tornam penosos e mais demorados os passos a empreender para a superação do processo.

Num primeiro momento, o enlutado procura conforto e segurança junto da família e amigos. Estes são solidários e disponíveis. No entanto, o tempo impõe-se e a vida continua. Família e amigos, sem darem conta, regressam às suas rotinas e o enlutado experiencia a pior sensação: a solidão. Neste momento, surgem as respostas formais e institucionais, disponibilizadas por organizações que, de forma profissional ou voluntária, promovem o apoio ao luto. É o caso da APELO-Apoio ao Luto, associação de âmbito nacional, que dinamiza 

 

 

sessões de apoio ao luto e facilita grupos de entreajuda, para pessoas, famílias e comunidades em luto. Todo o trabalho desenvolvido pela APELO é realizado por Conselheiros do Luto (únicos no país), que são especialistas, eficazes e empáticos, no apoio a enlutados. O Conselheiro do Luto é uma pessoa com formação especializada em aconselhamento no luto, com experiências pessoais de perdas pessoais profundas. Tem vindo a assumir, na última década, um papel fundamental no apoio ao luto, a nível nacional, com delegações em Aveiro e Lisboa.

 

Saiba mais em www.apelo.pt

 

A Igreja e a cremação

A Igreja prefere que se conserve o costume tradicional de sepultar os corpos dos cristãos, porque “com este gesto se imita melhor a sepultura do Senhor”. Os fiéis têm, contudo, a liberdade de preferir a cremação do seu próprio corpo, sem que esta escolha impeça a celebração dos ritos cristãos.

Em 2006 foi publicado em Portugal o novo Ritual das Exéquias, com a principal novidade da presença de um capítulo especialmente orientado para o caso em que se faz a cremação do cadáver. Àqueles que tiverem optado pela cremação do próprio cadáver pode conceder-se a possibilidade de celebrarem as Exéquias cristãs - evitando práticas como as de espalhar as cinzas ou conservá-las fora do cemitério ou de uma igreja.

Os ritos previstos para a capela do cemitério ou junto da sepultura podem realizar-se na própria sala crematória, se não houver outro lugar apto, evitando “com a devida prudência todo o perigo de escândalo e de indiferentismo religioso”.

 
Se as exéquias se celebram depois da cremação do cadáver, perante a urna, esta será levada, no fim da celebração, ao lugar – cemitério ou columbário – destinado para este efeito. “Em caso algum a urna com as cinzas do defunto poderá levar-se de novo à igreja para a comemoração do aniversário ou noutras ocasiões”.

As celebrações exequiais decorrem exclusivamente na igreja, com a “última encomendação e despedida, não existindo acompanhamento religioso para o forno crematório ou para o lugar de deposição das cinzas”.

O Código de Direito Canónico, no seu cânone 1176 (parágrafo 3) refere 

 

 

 

 

 

 

que "a Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos, mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã".

Já o cânone 1184 afirma que “devem

 

 ser privados de exéquias eclesiásticas, a não ser que antes da morte tenham dado algum sinal de arrependimento” os que escolheram a cremação do corpo próprio, “por razões contrárias à fé cristã”.

 

 

Liga Contra o Cancro online

http://www.ligacontracancro.pt/

 

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) é “uma Organização Não Governamental com vários objetivos dirigidos para a problemática oncológica. A efetividade da sua ação advém, por um lado, do papel fundamental do seu voluntariado, que intervém quer na comunidade, quer na humanização da assistência ao doente oncológico e, por outro, das contribuições recebidas da sociedade civil, através dos donativos que permitem custear os aspetos materiais de apoio ao doente e o desenvolvimento das iniciativas de promoção da saúde e de prevenção da doença”. É então dentro deste espírito que decorre entre 30 de outubro e 2 de novembro, um pouco por todo o país, mais um peditório a favor da LPCC. Assim, esta semana, a minha sugestão passa por uma visita ao seu sítio na internet.

Ao digitarmos o endereço www.ligacontracancro.pt encontramos um espaço eminentemente informativo sendo que, na página inicial, estão os 

 

principais destaques, notícias e calendarização dos eventos.

Na opção “sobre o cancro”, podemos saber o que é o cancro, quais os principais fatores de risco e sintomas, que opções alimentares deveremos tomar, como o podemos detetar, que métodos de tratamento existem e ainda como é que se encontra a investigação nesta área.

Se quiser saber que espécies de cancro existem, basta que aceda ao item “tipos de cancro”. Aqui dispõe de informação bastante pormenorizada sobre mais de vinte diferentes tipos. Desde o cancro da mama ao do colo do útero somos presenteados com esclarecimentos detalhados sobre cada tipo.

No item “sobre a liga”, ficamos a saber, entre outras coisas, que “por proposta do Prof. Doutor Francisco Gentil, a 4 de Abril de 1941, é fundada legalmente (portaria n.º 9772) a LPCC, assente em dois princípios fundamentais: a Humanização e a Solidariedade”.

Em “o que fazemos”, somos informados sobre as principais áreas de atuação da LPCC. Desde a 

 

 

 

educação para a saúde, ao rastreio do cancro da mama, do voluntariado em oncologia à linha cancro, não esquecendo também o apoio à investigação e formação.

Caso pretenda cooperar com esta organização, na opção “como colaborar”, fica a conhecer as diversas formas do que poderá fazer. Pode inscrever-se como voluntário para o peditório, como sócio, enviado um donativo, consignado 0,5% do seu IRS, através de parcerias ou ainda ligando 

 

para o número 760 304 304 e assim contribuindo com o valor da chamada de valor acrescentado.

Por último sugiro ainda dê uma vista de olhos nos itens “quero saber mais” e “testemunhos” para aprofundar e conhecer melhor o extraordinário trabalho realizado por esta entidade de referência nacional no apoio ao doente oncológico e família.

Não se esqueça que “contra o cancro todos contam”!

Fernando Cassola Marques

 

 

Livro inédito com homilias
de D. Manuel Martins

O primeiro bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, foi homenageado em Almada pela diocese sadina, por ocasião dos seus 40 anos de ordenação, com o lançamento de um livro inédito com algumas das suas principais homilias.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Marco Luís, coordenador do projeto, destacou uma obra que mais do que “para a diocese, é para todo o país”. “Estamos a falar de um bispo conhecido, interventivo e apreciado no país todo”, que pela “variedade de temáticas” que tem abordado, ao longo da sua vida, sobretudo ao nível social, na defesa dos mais pobres e carenciados, deixará um “legado” essencial para as “novas gerações”, apontou o sacerdote.

Convidado a destacar alguns dos tópicos mais marcantes do discurso de D. Manuel Martins, o padre Marco Luís sublinhou o modo como sempre foi capaz de apontar um caminho de “esperança” às pessoas, e ainda “hoje num mundo com tantas dificuldades”. “Mas ao mesmo tempo é um homem

 

que parte do realismo e isso agrada à vida de cada um de nós porque responde para a vida de cada um de nós. Um homem de atenção aos detalhes, à vida das pessoas”, complementou.

Intitulado “Cantar a Vida”, uma das expressões “mais conhecidas” de D. Manuel Martins, o livro foi compilado durante vários meses, “a pedido de D. Gilberto Canavarro dos Reis”, que sucedeu a D. Manuel Martins à frente da Diocese de Setúbal.

Através da colaboração de várias pessoas, e a partir dos arquivos da Casa Episcopal, foram “selecionadas várias homilias escritas à mão” e posteriormente “transcritas e digitalizadas”. “Eram sobretudo tópicos que D. Manuel Martins desenvolvia”, explicou o padre Marco Luís, consciente do “risco” que foi editar uma obra “sem ser revista pelo autor”.

“Não podíamos deixar de o correr” pois tinha “de ser uma surpresa”, salientou.

 

 

 

 

 

 

 

 

Com a chancela da Paulinas Editora, a publicação reúne intervenções feitas por D. Manuel Martins desde a sua entrada na diocese sadina, em 1975, até à sua resignação em 1998. Na capa, podemos ver a imagem de um encontro entre D. Manuel Martins e o Papa Paulo VI, já beatificado, que foi quem criou a Diocese de Setúbal e quem o nomeou bispo.

Já na contracapa, encontramos uma pequena reflexão de D. Manuel Martins sobre Nossa Senhora e a diocese.

 

 
 

 

II Concílio do Vaticano: Uma basílica transformada em aula magna

 

 

Com o aproximar do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-65) convém recordar a disposição e a forma dada à nave central e aos espaços da Basílica de São Pedro. As arcadas laterais, por cima das tribunas elevadas que nelas ficam encastradas, foram tapadas com grandes panejamentos para delimitarem o espaço da sala.

Ao consultar a planta da sala (Boletim de Informação Pastoral; Julho-Agosto 1962, Nº 18) verifica-se que a estátua de bronze de São Pedro ficou revestida das vestes pontifícias para “simbolizar a presença do príncipe dos apóstolos e a proteção que dispensa à igreja”.

Em frente à estátua de são Pedro estava situado o altar móvel (dito do cardeal Rampola, seu doador) com o livro dos santos evangelhos. Para a celebração da missa, o altar podia ser deslocado até ao centro da passagem central, de forma a ser visto por todos os padres conciliares.

O trono papal estava colocado junto da confissão de São Pedro sobre um estrado elevado de forma a não ser ocultado por quem passar pela sua frente e o acesso ao estrado fazia-se por duas escadas laterais de onze degraus cada. Muito perto do trono papal ficava a mesa para os cardeais que formavam o conselho da presidência e ao lado estavam as mesas para o secretário-geral do concílio e os membros do seu secretariado.

Em frente ao altar móvel e à estátua de São Pedro ficaram os cardeais. Estes tinham uma pequena mesa e genuflexório, dispostos em 8 filas de onze lugares (ao todo eram 88) e estavam separados por duas passagens.

 

 

 

 

Os lugares dos patriarcas situavam-se logo a seguir (no lado esquerdo da nave central) e tinham também uma pequena mesa e genuflexório (6 lugares) semelhantes aos cardeais. Os cadeirais dos patriarcas estavam cobertos de tecido verde enquanto os dos cardeais estavam revestidos de vermelho.

Os lugares dos padres do concílio estavam dispostos em bancadas divididas em sectores separados por escadas de acesso, com seis lugares em cada fila. Havia 16 sectores de cada lado, tendo cada um o mínimo de 60 e o máximo de 84 lugares. O número total de lugares para os  

 

padres do concílio era de 2265 e as duas bancadas laterais estavam separadas por uma faixa central com 5 metros e 30 centímetros.

Junto à estátua de Santo André estava uma tribuna com 120 lugares sentados, para as missões estrangeiras. Junto à estátua de São Louguinhos, com 200 lugares para o corpo diplomático.

Os jornalistas acreditados estavam situados diante da estátua de Santa Helena, com 250 lugares reservados. Os operadores de rádio e de televisão estavam colocados (cerca de 40 lugares) numa tribuna diante da estátua de Santa Verónica. 


 

outubro/novembro 2015 

30 de outubro

- Braga - Colunata de eventos do Santuário do Bom Jesus - Jornadas nacionais da Pastoral do Turismo

 

- Évora - Galeria da Casa de Burgos - Encerramento da exposição de «Antifonários do Mosteiro da Cartuxa de Santa Maria de Scala Coeli»

 

- Lisboa – UCP - Colóquio sobre «A Família: Narrativa Sinodal» promovido pela Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa

 

- Lisboa – Turcifal - Encontro da pastoral sociocaritativa do Patriarcado de Lisboa, no Centro Diocesano de Espiritualidade Imaculado Coração de Maria no Turcifal, com o tema “O Amor agapé como fonte da dádiva”

 

- Lisboa - Póvoa de Santo Adrião (Salão do Centro Paroquial) -Conferência sobre «A família e a nova evangelização à luz do Sínodo dos Bipos» por monsenhor Victor Feytor Pinto

 

 

 

 

 

Vila Real - Auditório do Seminário de Vila Real -Mesa redonda sobre o «Sínodo dos Bispos e os seus desafios à família, à Igreja e à sociedade», moderada por António Francisco Caseiro Marques e com a participação de: Helena Pavão, Emília Sarmento, José Carlos Carvalho, e José Carlos Gomes da Costa.

 

31 de outubro

Lisboa -Jornadas Corais de Música Sacra promovidas pela Escola Diocesana de Música Sacra do Patriarcado de Lisboa

 

Porto- Iniciativa «Holywins» promovida pelo setor da vida consagrada

 

Leiria- Encontro interdiocesano de formação de docentes de EMRC

 

Aveiro- Assembleia Diocesana de Diáconos com a presença de D. António Moiteiro

 

Aveiro - Assembleia de grupos cáritas com a presença de D. António Moiteiro

 

 

 

 

 

 

Lisboa - Colégio São João de Brito -Seminário da Rede de Campos de Férias Católicos

Aveiro - Hotel Moliceiro -Apresentação do livro «São Gonçalo de Aveiro: A ermida, a Igreja paroquial, a capela...» da autoria do historiador Amaro Neves

 

02 de novembro

- Porto - Gondomar (cripta da Igreja) -Semana Bíblica de Gondomar com o tema «Santificados pela Palavra» (a decorrer de 02 a 07 de novembro)

 

03 de novembro

Lançamento do CD multimédia «Pope Francis. Wake up» com trechos dos discursos do Papa Francisco em várias línguas

 

Lisboa - Biblioteca Nacional - Colóquio internacional sobre a «Bíblia Medieval - Do Românico ao Gótico» (dias 03 e 04 de novembro)

 

Açores - Angra do Heroísmo - D. Antonio Sousa Braga condecorado como cidadão honorário de Angra do Heroísmo

 

 

 

 

Lisboa - Torres Vedras (Centro Social Paroquial) - Jornada Sinodal do Clero com intervenção de D. Manuel Clemente sobre os trabalhos do Sínodo dos Bispos.

 

04 de novembro

Fátima-Peregrinação internacional da Ordem do Carmo (04 e 05 de novembro)

 

Lisboa - Biblioteca Nacional de Portugal - Apresentação do catálogo das bíblias portáteis do século XIII  «Sacra Pagina» por José Mattoso

 

Lisboa - Salão Paroquial de Nossa Senhora do Amparo (Benfica) 

 

Conferência sobre «O dom do casal» integrada no ciclo «O amor não cansa nem se cansa» promovida pela Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica

 

Lisboa - Capela do Rato-Conversa de Marcelo Rebelo de Sousa com Maria João Avillez sobre a relação com Deus

 
 

 

 

 

 

A Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT) promove as suas jornadas tendo presente o binómio Igreja-Turismo a 30 e 31 de outubro na Colunata de eventos do Santuário do Bom Jesus, Braga.

Os conteúdos temáticos do encontro são três: “Igreja e Turismo”; “Património Religioso e Turismo” e “Operadores Turísticos e Peregrinações”, divididos em quatro mesas e uma conferência.

 

A Fraternidade dos Capuchinhos organiza, de 02 a 07 de novembro, a XVI Semana Bíblica de Gondomar (Diocese do Porto) com o tema «Santificados pela Palavra». D. Francisco Senra; José Carlos Miranda; frei Bernardo de Almeida; frei Herculano Alves e o padre Rui Santiago são alguns dos conferencistas desta iniciativa que vai ser encerrada por D. João Lavrador, bispo eleito da Diocese de Angra.

 

‘Pope Francis. Wake up” é o CD multimédia com trechos dos discursos do Papa Francisco em várias línguas, cujo lançamento mundial está previsto para 3 de novembro.

O CD, distribuído pela Believe Digital, com autorização da Paulus,  inclui 11 faixas da tradição musical cristã, reelaboradas por compositores contemporâneos que fazem o acompanhamento sonoro da voz do Papa.

 

Os candidatos presidenciais, Maria de Belém e Marcelo Rebelo de Sousa, vão estar, no mês de novembro, na Capela do Rato, em Lisboa, para falarem da sua relação com Deus. Dia 4 de novembro, no ciclo de conversas de Maria João Avillez intitulado «Deus», Marcelo Rebelo de Sousa vai falar da sua relação com Deus. Uma semana depois, a 11 de novembro, Maria de Belém, responde às perguntas da jornalista e o selecionador nacional, Fernando Santos, é o convidado de 18 de novembro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, 01 de novembro - 

Cristãos perseguidos: mártires contemporâneos.

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 02- Viver o luto.  Entrevista ao psicólogo clínico  Hugo Lucas

 

Terça-feira, dia 03 -Informação e entrevista ao padre José Manuel pereira de Almeida sobre as iniciativas do Secretariado Nacional de Pastoral Social

 

Quarta-feira, dia 04- Informação e entrevista  ao Frei José Nunes sobre os 800 anos da Ordem dos Pregadores

 

Quinta-feira, dia 05 - Informação e entrevista  ao padre José Carlos Nunes sobre a Coleção Oficial do Jubileu da Misericórdia

 

Sexta-feira, dia 06 -  Análise às leituras bíblicas das missas de domingo pelos padres Armindo Vaz e Frei José Nunes

 

Antena 1

Domingo, dia 01 de novembro - 06h00 - A solenidade de todos os Santos com o cardeal Saraiva Martins 

 

Segunda a sexta-feira, 02 a 06 de novembro - 22h45 -  A morte e o luto: padre Paulo Malícia (dia 02); Psicólogo Hugo Lucas (dia 03); conselheira do luto Cristina Felizardo (dia 04); diácono Albino Martins (dia 05) e José Eduardo Rebelo (dia 06).

 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano B - Solenidade de todos os Santos

 
 
 
 
 
 
 
Todos chamados a ser santos
 

Todos são chamados a ser filhos de Deus e a viver na santidade de Deus: aí reside a nossa felicidade, no espírito das leituras desta Solenidade de Todos os Santos, particularmente no Evangelho das Bem-aventuranças.

Há cinquenta anos, o Concílio Vaticano II veio repor aquilo que está bem presente na Sagrada Escritura: a santidade é para todos, não apenas para alguns consagrados; todos devem procurar esse essencial caminho de vida eterna já nos andamentos da vida peregrina.

Essa referência tão fundamental está bem presente no magistério de Papas como João Paulo II, Paulo VI, Bento XVI e Francisco. Quero referir nesta meditação apenas algumas passagens da catequese do Papa Francisco na audiência geral de 19 de novembro de 2014.

«Um grande dom do Concílio Vaticano II foi ter recuperado uma visão de Igreja fundada na comunhão e ter voltado a entender também o princípio da autoridade e da hierarquia em tal perspetiva. Isto ajudou-nos a compreender melhor que, enquanto batizados, todos os cristãos têm igual dignidade diante do Senhor e são irmanados pela mesma vocação, que é a santidade. Agora, interroguemo-nos: em que consiste esta vocação universal a sermos santos? E como a podemos realizar?»

«Antes de tudo, devemos ter bem presente que a santidade não é algo que nos propomos sozinhos, que nós obtemos com as nossas qualidades e capacidades. A santidade é um dom, é a dádiva que o Senhor Jesus nos oferece, quando nos toma consigo e nos reveste de Si mesmo, tornando-nos como Ele é. É um dom oferecido a todos, sem excluir ninguém, e por isso constitui 

 

 

 

 

o cunho distintivo de cada cristão. Tudo isto nos leva a compreender que, para ser santo, não é preciso ser bispo, sacerdote ou religioso: não, todos somos chamados a ser santos! Somos chamados a tornar-nos santos precisamente vivendo com amor e oferecendo o testemunho cristão nas ocupações diárias».

Depois de explicar de modo muito concreto como se pode realizar a santidade nos diversos estados de vida, assim termina o Papa Francisco: «Eis o convite à santidade! Aceitemo-lo com alegria e sustentemo-nos uns aos outros porque o caminho para a santidade não o percorremos 

 

sozinhos, cada qual por sua conta, mas juntos, no único corpo que é a Igreja, amada e santificada pelo Senhor Jesus Cristo. Vamos em frente com ânimo, neste caminho da santidade».

Que este breve aceno do Papa Francisco, tão presente na sua exortação apostólica «A Alegria do Evangelho», programática para os próximos anos da vida da Igreja, nos estimule a ir sempre à fonte da montanha das bem-aventuranças, onde Jesus nos enche o coração da autêntica felicidade.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.pt

 

Celebrar e praticar a misericórdia

A Editorial Apostolado de Oração (AO) publicou o livro ‘Celebrar e praticar a misericórdia’ onde o padre Manuel Morujão, da Companhia de Jesus (Jesuítas), oferece subsídios para “viver” o Ano Jubilar da Misericórdia.

“Procurei ser simples, prático e acessível. Trata-se de um livro pastoral, para ajudar as pessoas a 

 

aprofundar o mistério da misericórdia de Deus e para nos dinamizar a sermos sempre mais misericordiosos nas relações com todos”, explica o padre Manuel Morujão, na apresentação da obra.

O sacerdote jesuíta informa que o livro ‘Celebrar e praticar a misericórdia’ pode servir para “leitura espiritual”, 

 

 

 

para apresentação de um tema relacionado com a misericórdia, “num encontro de reflexão ou num retiro espiritual”.
O autor indica ainda que a publicação pode ser usada como “informação” sobre os Anos Santos em geral e sobre o Jubileu da Misericórdia em particular (8 de dezembro - 20 de novembro de 2016) bem como para animar uma celebração penitencial ou uma adoração ao Santíssimo, “centrados no tema inesgotável da misericórdia”.

Desta forma, a publicação, do anterior secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, divide-se em quatro capítulos, onde apresenta: “Textos introdutórios; documentos oficiais do Ano Santo da Misericórdia; Temas relacionados com a Misericórdia Divina e Humana” e “celebrar a misericórdia divina”, com duas propostas de celebração comunitária.

Segundo o padre Manuel Morujão, a Bula “Misericordia vultus” (‘O Rosto da Misericórdia’) do Papa Francisco que convocou o Ano Santo, é o “texto fundamental” do livro ‘Celebrar e praticar a misericórdia’.

O prólogo, do presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, destaca que o padre Manuel Morujão oferece “um contributo precioso” para celebrar 

 

 

e praticar a  Misericórdia no Ano Santo Extraordinário tornando cada uma “peregrinos da santidade”.

“Alegramo-nos com mais este trabalho e felicitamos a tão inestimável ação pastoral e espiritual”, acrescenta D. José Cordeiro, também bispo da Diocese de Bragança-Miranda, sobre o livro “escrito com muita inteligência, devoção, paciência e sensibilidade eclesial”.

 

 

Dar visibilidade à vida consagrada através dos doces conventuais

No contexto das celebrações dos 750 anos da morte de São frei Gil, o Museu Diocesano de Santarém organizou, de sexta a domingo, uma mostra de doces conventuais. Apesar de São frei Gil “não ter doceiro”, a cidade de Santarém tinha “uma grande tradição monástica”, mas que “desapareceu e agora apenas resta

 

 o mosteiro das clarissas”, disse à Agência ECCLESIA o padre Joaquim Ganhão, diretor do museu diocesano.

“Saborear as iguarias conventuais que ainda perduram na cidade” e “visitar o museu diocesano de Santarém” foi um dos objetivos desta iniciativa, que recebeu mais de mil visitantes.

 
 

 

 

 

Por outro lado, esta atividade deu oportunidade às pessoas de estarem em contato com consagrados, de “colocar os mais novos e mais velhos em contacto com a realidade da vida monástica”, referiu o padre Joaquim Ganhão.

Para “muitas crianças, os monges apenas fazem parte do imaginário ou da banda desenhada”, confessou o diretor do Museu Diocesano de Santarém.

Centenas de crianças da Diocese 

 

de Santarém desfilaram com trajes antigos, na sexta-feira, nas ruas da cidade e confecionaram um doce para toda comunidade.

O cortejo histórico «Os religiosos doceiros» contou com a participação de 250 crianças do 1º ciclo, “trajadas de monges e freiras” que percorram algumas artérias do centro histórico da cidade de Santarém, disse à Agência ECCLESIA Alexandra Xisto, coordenadora das atividades da mostra de doces conventuais.

 

 

 

 

Egipto: Impossível esquecer o dia 12 de Fevereiro

As últimas palavras

Estavam todos ajoelhados junto à água, numa praia da Líbia. Foram todos degolados apenas por serem cristãos. O mundo viu, chocado, as imagens deste crime bárbaro. Numa pequena aldeia do Egipto ainda hoje se chora a memória destes filhos da terra, mas é com orgulho que falam deles: São mártires, “agora estão no Céu”.

 

Foi em Fevereiro. Ninguém esquece o dia em que a notícia chegou, como um vendaval. Houve gritos e lágrimas que ainda não secaram. Nesse dia 12, a aldeia ficou enlutada para sempre. Treze dos filhos da terra, da pequena aldeia de El-Aour, foram assassinados numa praia da Líbia. Caminhavam dobrados junto à água até que foram forçados a ajoelhar. Antes de serem degolados, naqueles instantes que sabiam ser os últimos, alguns destes cristãos egípcios estavam a rezar. Há um vídeo que mostra isso. No instante em que a faca começa a deixar uma linha vermelha de sangue, os lábios de Yousef estão a dizer “Jesus”, como quem entrega todo o seu ser, toda a sua vida, nas mãos de Deus.

 

O irmão de Yousef, Malak Shoukry, quando viu o filme pela primeira vez ficou chocado. Aqueles 13 homens tinham sido decapitados apenas por serem cristãos. Depois, apercebeu-se do enorme testemunho de fé que acabara de presenciar. Assassinaram Yousef por ser cristão. Morreu como mártir. “Estou orgulhoso dele”, diz agora. “É um mártir de Cristo.”

Terra de ninguém

A aldeia de El-Aour fica numa região muito pobre. Aqueles 13 homens decapitados estavam na Líbia a trabalhar. Abraham Bashr deveria ter sido o décimo quarto homem da aldeia a ser decapitado. Quando os jihadistas entraram na casa onde todos viviam, conseguiu esconder-se. Está vivo mas a sua vida, de alguma forma também acabou naquele dia. “Ouvi-os a perguntar pelos cristãos. Eles vieram só para raptar os cristãos. Estava cheio de medo.” Há dias, a Fundação AIS esteve na aldeia de El-Aour. Por lá, continua a sombra desse dia 12 de Fevereiro. Não deverá haver dor maior do que uma mãe perder um filho. Uma dessas mães apenas reclama o corpo do seu filho de volta. 

 

 

 

 

Já se resignou com tudo o resto. Só quer o corpo do filho para o enterrar, para lhe fazer o funeral. Para poder chorá-lo. “Se eles o deitaram ao mar, quero-o de volta. Se o queimaram, quero o seu pó.” Maria Lozano, da Fundação AIS, esteve nesta aldeia e encontrou-se com alguns dos filhos destes cristãos decapitados na Líbia. Agora são órfãos, mas dizem-se orgulhosos pelo facto de os seus pais nunca terem renegado a fé em Cristo. “Claro que estou triste, mas estou 

 

também orgulhoso porque o meu pai foi morto por causa da sua fé. Ele foi um exemplo para mim e para toda a Igreja.” Um destes jovens, já adolescente, acrescentou ainda: “Agora, ele está no Céu!” Nesta pobre aldeia, estes cristãos asseguram que não há nada mais valioso do que a fé em Cristo. “Perder a vida, sim, podemos perdê-la: mas perder a fé, nunca!”

 

Paulo Aido

 

 

A Missão da ONU

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

A Organização das Nações Unidas (ONU) nasceu em 1945, no fim da Segunda Grande Guerra Mundial. Os objetivos pareciam claros, após acontecimento catastrófico que gerou milhões de mortos, feridos, deslocados e arrasou cidades, vilas e aldeias.

70 anos depois, as comemorações obrigam a avaliar. Há muito a agradecer à ONU pela sua Missão, mas também não faltam preocupações e urgências de mudança.

O Papa Francisco, na sua visita recente aos Estados Unidos, discursou nas Nações Unidas, sempre a insistir na dignidade da pessoa humana. Saliento algumas das ideias ali proclamadas ao mundo inteiro.

Pediu a re-estruturação do Conselho de Segurança e organismos financeiros internacionais, dizendo: “Há constante necessidade de reforma e adaptação aos tempos, avançando rumo ao objectivo final que é conceder a todos os países, sem excepção, uma participação e uma incidência reais e equitativas nas decisões.” Tudo isto para ajudar a “limitar qualquer espécie de abuso ou usura, especialmente sobre países em vias de desenvolvimento.”

Também abordou a delicada e complexa questão da exclusão social: “O mundo pede vivamente a todos os governantes uma vontade efectiva, prática, constante, feita de passos concretos e medidas imediatas, para preservar e melhorar o ambiente natural e superar o mais rapidamente possível o fenómeno da exclusão social

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 e económica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada.”

Ao falar do Desenvolvimento, o Papa Francisco pediu um combate sem tréguas à pobreza, insistindo em alguns direitos humanos fundamentais.

As questões ecológicas e a mediação de conflitos foram temas também abordados pelo Papa Francisco.

A última palavra foi de denúncia das perseguições religiosas: “não posso deixar de reiterar os meus apelos que venho repetidamente fazendo em 

 

relação à dolorosa situação de todo o Médio Oriente, do Norte de África e de outros países africanos, onde os cristãos, juntamente com outros grupos culturais ou étnicos e também com aquela parte dos membros da religião maioritária que não quer deixar-se envolver pelo ódio e a loucura, foram obrigados a ser testemunhas da destruição dos seus lugares de culto, do seu património cultural e religioso, das suas casas e haveres, e foram postos perante a alternativa de escapar ou pagar a adesão ao bem e à paz com a sua própria vida ou com a escravidão.”

A ONU tem pela frente uma grande Missão, mas precisa de uma enorme reforma. A celebração dos seus 70 anos de vida são um bom pretexto para se repensar.

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair