04 - Editorial:

Cónego João Aguiar

06 - Foto da semana

07 - Citações

08-11 - Nacional

12- Opinião

       D. Pio Alves

14 - A semana de

       Octávio Carmo

16-31 - Padre António Vieira

Entrevista:

      José Eduardo Franco

32-35 - Internacional

 


 

 

36-39: Páscoa 2013

40: Espaço Ecclesia

42 - Cinema

44 - Multimedia

46 - Estante

47 - Aplicações Pastorais

48 - Vaticano II

50 - Agenda

52 - Programação Religiosa

53 - Por estes dias

54 - Fundação AIS

56- Intenção de oração

       Elias Couto

 

 

 

 

Foto da capa: JEF
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Rui Jorge Martins, Sónia Neves.
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
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Diretor: Cónego João Aguiar Campos
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Padre António Vieira

Obra Completa é publicada após 150 anos de tentativas

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Páscoa 2013

Intervenções dos bispos portugueses

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Papa Francisco

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Simplicidade em playback

João Aguiar Campos
 

Vai por aí, mesmo entre os pouco ou nada atreitos a crenças, um grande entusiasmo em torno do Papa Francisco.

Alegra-me que tal aconteça; e não me apetece mesmo nada deitar água na fervura. Mas não ficaria de bem comigo se não confessasse um receio: que a euforia de muitos venha a transformar-se em frustração, à medida que forem constatando que, afinal, não acontecem todas as mudanças que esperavam. E estou a pensar em questões irrenunciáveis, como o respeito pela vida em qualquer dos seus momentos, ou a defesa intransigente da família, por exemplo... Como estas expectativas são ilegítimas, ilegítima será a desilusão. Mas que vai acontecer e ganhar eco mediático, ai isso vai!

Ao lado destes " desiludidos" há de sentir-se também a surdina dos que convivem mal com a primavera de gestos e palavras; com a decisão confessada de fazer do poder um transparente e generoso serviço; com a proximidade que não teme, antes ama, o cheiro das ovelhas; com o jeito quase paroquial de dizer coisas profundas. E o Santo Padre tem-nas dito com a suavidade de uma brisa que parece soprar-lhe na voz.

Tenho para mim que a capacidade de comunicação com todos é mesmo uma das mais evidentes virtudes do Papa, deste Papa. Parece, aliás, que tudo nele comunica permanentemente alguma coisa, de um modo transparente, global e, já agora, coerente.

 

 

 

 

Sim; tudo o que temos visto no Papa Francisco é o que dele contam quantos o conheciam mais de perto - podendo lembrar-se com total a propósito, nesta edição do Semanário Ecclesia que lhe é dedicada, uma afirmação do Padre António Vieira: "As ações de cada um são a sua essência".

Desejo sinceramente que a sua simplicidade venha a fazer escola e a ela se converta verdadeiramente toda a Igreja.

Repito: "verdadeiramente"; para nos prevenirmos contra a tentação de fazer de conta, de surfar a onda do apreço com atitudes que soarão a falso se não nascerem no coração. É que só mudados por dentro seremos

 

efetivamente simples, pobres e próximos. Sem um arrepio distanciador todas as vezes que os suores do mundo real nos atingem, mesmo que seja na fibra de uma corrente de ar…

Se tal acontecer, quem nos vir vai denunciar-nos e dizer-nos que nos parecemos a cantores sem voz que brilham nalgumas festas da aldeia – mas apenas até ao momento em que o quadro improvisado não aguenta todas as luzes e um fusível estraga o espetáculo; pois então se descobre que o artista vivia do playback, de nada lhe valendo sequer as ginastas (?) que agora é moda evoluírem no palco como fator de distração.

Simplicidade em playback? Vade retro!...
 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Populares observam a inundação da Ribeira de Santarém,
pela água do Rio Tejo, 02.04.3013 © Lusa

 

 

 

 

“Porque é que nós consentimos que tantos seres humanos continuem a ser vítimas da miséria social, da violência doméstica, da escravatura laboral, do abandono familiar, do legalismo da morte, da corrupção judicial, das mortes inocentes na estrada, das mentiras dos astrólogos, do desemprego, de uma classe política incompetente e do monopólio dos bancos?”

D. Jorge Ortiga, homilia de Sexta-feira Santa na Catedral de Braga, 29.03.2013

 

 

“(Francisco) é o Papa dos pobres e do apego à simplicidade, sejam católicos, ateus ou de outras religiões - como disse e repetiu -, todos são irmãos e filhos de Deus”

Mário Soares, artigo de opinião no ‘Diário de Notícias’, 03.04.2013

 

 

 

 

“Amigo, se tu com 20 anos não consegues fazer 100 euros por mês para pagar o que estudas vais ter muitos problemas na vida, muito maiores do que esse”

Miguel Gonçalves, embaixador escolhido pelo Governo para apadrinhar o programa Impulso Jovem, 02.04.2013

 

"Sem esta renegociação (do programa de ajustamento) é irrealista pensarmos em cumprir as metas e os prazos estabelecidos. Para além de razões de natureza ideológica, trata-se de uma questão de óbvio bom senso"

António José Seguro, intervenção de abertura no debate da moção de censura do PS ao Governo, 03.04.2013

 

“Um bom teste sobre a autenticidade desta democratização (Primavera Árabe) é a situação dos cristãos que, até ao momento, tem piorado depois destas transformações”

Pedro Vaz Patto, Rádio Renascença, 03.04.2013

 

Portuguesa a caminho da beatificação

 

O Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ da portuguesa Sílvia Cardoso Ferreira da Silva (1882-1950), que se distinguiu em atividades de caráter social. Esta é uma etapa do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, e permite que, após o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão da leiga católica, tenha lugar a sua beatificação, penúltima etapa para a declaração da santidade.

Sílvia Cardoso, mais conhecida por ‘Dona Sílvia’, nasceu a 26 de julho de 1882, em Paços de Ferreira, Diocese do Porto, e após uma formação católica, dinamizou várias instituições, incluindo a Sopa dos Pobres (Penafiel), com prioridade à educação de crianças pobres e aos doentes, em várias regiões do país.

Amiga de Guerra Junqueiro e Leonardo Coimbra, deixou escritos espirituais e empenhou-se, durante a sua vida, em promover casas de retiros como espaços de formação católica.

Sílvia Cardoso faleceu a 2 de novembro de 1950, em Paços de Ferreira, cidade onde se ergue uma estátua em sua homenagem que foi inaugurada pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Cerejeira. O processo de beatificação e canonização está em curso desde 6 de Junho de 1984, tendo dado entrada na Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé) em 1992.

 

 

 

Sílvia Cardoso

Passa a ser-lhe atribuído o título de “venerável”, porque foi reconhecida pela Autoridade Suprema da Igreja a sua fama de santidade, a veneração de muitos fiéis cristãos que a conheceram ou ouviram falar dela, da ação caritativa, da sua entrega ao serviço dos pobres, dos doentes e das crianças, não apenas em Paços de Ferreira, onde começou a partir de 1918 as suas atividades sociais, mas em muitas terras do país às quais as estendeu, desde Viana até Évora e Elvas, passando pelo Porto, Vila Real, Chaves, Lisboa, Amadora e Espinho.

 

Foram várias as obras sociais e de evangelização que fundou e outras que impulsionou ajudando a fundá-las.

A aprovação deste decreto é o primeiro e indispensável passo para o reconhecimento pleno da santidade da venerável serva de Deus a nível da Igreja local – a beatificação – ou da Igreja universal – a canonização. Para estes dois passos seguintes é necessária a aprovação de dois milagres, também em processo jurídico.

Esperamos em Deus e pedimos que surjam em breve para estímulo e exemplo de todos os cristãos.

O vice-postulador, padre Ângelo Alves

 

Turismo Religioso é produto estratégico

A Igreja Católica está satisfeita com o facto de o Turismo Religioso passar a ser um “produto estratégico” no âmbito do novo Plano Nacional de Turismo, apresentado esta terça-feira, em Lisboa, pelo ministro da Economia e do Emprego. Em nota enviada à Agência ECCLESIA, a Obra Nacional da Pastoral do Turismo, da Igreja Católica, destaca que a prioridade dada ao setor também beneficia outras religiões.

A “diversidade do património cultural religioso, material e imaterial”, traduz a “importância das peregrinações, num país rico de santuários".

 

O texto assinado pelo diretor da Obra Nacional realça que a Igreja deve prosseguir o “trabalho absolutamente necessário de disponibilização qualitativa do seu património” e manifesta a esperança de que as instituições católicas possam “contar com a colaboração do Turismo de Portugal, e respetivas entidades regionais”.

O comunicado expressa a disponibilidade da Igreja “para uma mais estreita colaboração" com todas as entidades envolvidas no setor, “a bem do desenvolvimento do turismo” e da afirmação da “identidade portuguesa".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Igreja Católica congratula-se com a aprovação do primeiro tratado que regula o comércio mundial de armas convencionais, votado esta terça-feira na assembleia geral da ONU realizada em Nova Iorque, mas está insatisfeita com as limitações do acordo. "É um passo em frente em relação à situação atual”, afirmou à Agência ECCLESIA o diretor do Observatório Permanente sobre a Produção, Comércio e Proliferação das Armas Ligeiras, Fernando Roque de Oliveira.

 

A chuva intensa que atingiu Portugal nos últimos dias condicionou a realização de alguns dos cortejos pascais mais emblemáticos do país, como a procissão de Nossa Senhora da Enxara, em Campo Maior, Arquidiocese de Évora. O padre Donaciano Afonso disse à Agência ECCLESIA que “este ano não se pôde fazer nada, porque a água era tanta que as pessoas nem sequer tiveram a possibilidade de pernoitar no Santuário” mariano erguido em honra daquela tradição, junto às margens do rio Xévora.

 

O responsável máximo pela Ordem dos Frades Menores (franciscanos) em Portugal afirmou que a mensagem de São Francisco de Assis (c. 1181-1226) tem uma “enorme atualidade” que os religiosos querem manter, referiu frei Vítor Melícias em entrevista ao programa ECCLESIA (RTP2). Os franciscanos portugueses vivem esta semana o seu capítulo provincial, uma assembleia deliberativa que decorre até sábado no Convento de São Boaventura, em Montariol (Braga), e congrega cerca de 50 participantes.

 

Nascer de novo, nascer do alto

D. Pio Alves

Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

 

Nestes dias, variadas circunstâncias têm-me convidado a revisitar a passagem da Escritura (João, 3, 1ss) que relata um diálogo de Jesus Cristo com Nicodemos.

O nosso homem, “mestre em Israel”, bem intencionado, procurou o Mestre para aprofundar no conhecimento do segredo do Seu êxito. Encontrou-se com uma resposta que não esperava: é preciso “nascer do alto”. Percebeu, com razão, que isso implicava “nascer de novo”. De seguida, por incapacidade ou para prolongar a conversa, fica-se pela pergunta: “Como pode um homem nascer sendo velho? Acaso pode entrar outra vez no seio de sua mãe e nascer?”

É evidente que não. A explicação de Jesus Cristo vai reafirmar a necessidade de um renascimento radicalmente novo e do alto. Tudo leva a crer que Nicodemos entendeu a lição.

Nascer de novo, nascer do alto: esta é a permanente proposta de Jesus Cristo à Igreja e à Sociedade.

 

Igreja:

Fico-me pelo ambiente que precedeu, rodeou e envolve a eleição do Sucessor de Bento XVI. O céu, real e artificialmente carregado de nuvens negras, só parecia pressagiar tormenta; as apostas, as listas, as escolhas inevitáveis, os

 

 

 

 

supostos jogos de poder pareciam conduzir necessariamente a algum dos nomes de um elenco reduzido. Até já havia programas de governo! As perspetivas, a julgar pelo que diziam ser o parecer generalizado, não eram animadoras.

A realidade: o fumo fez-se branco depressa; Bergoglio não estava nas listas; jesuíta também não; Francisco ainda menos. Menos ainda: o modo de assumir e exercer a missão de Sucessor de Pedro, Bispo de Roma. Um estilo que não é ensaiado: brota da abundância do coração.

E assim, inesperadamente, à margem de qualquer prognóstico, depois da conquista da inteligência (Bento XVI), o Papa Francisco, fiel a Deus e a si próprio, ganha os corações.

 

Sociedade:

Quando descobriremos e nos deixaremos convencer – (des)governantes e (des)governados – que é imprescindível juntar as partes

de razão, dispersas por todos, para nos aproximarmos de soluções construtivas? que sobram as palavras vazias, as promessas falsas, as críticas destrutivas? que se pode/deve ser implacável com o erro (real ou suposto) mas respeitar sempre a pessoa que erra? que o insulto conduz à degradação mas não à solução?

Verdadeira novidade e real elevação: dois bens necessários e disponíveis que, como Nicodemos, ainda que seja de noite, importa procurar com persistência. Andará por aí o segredo do êxito!

 

Tempos de esperança

Octávio Carmo

Agência Ecclesia

 

A Páscoa que inaugura um novo tempo na vida da Igreja Católica e acompanha a mudança de estação é o grande momento do ano: Jesus, Deus e homem, ressuscita e abre uma nova dimensão de vida à existência humana, na qual são respondidas as questões fundamentais de cada um. Quase dois mil anos depois deste evento único, persiste a resistência, a dúvida, a negação e, por isso, o Papa Francisco deixou um convite que foi repetido por vários responsáveis católicos: é preciso estar aberto à novidade, à surpresa de vida que se revela em Cristo que se levanta de entre os mortos.

A Páscoa, como tempo de esperança, tem conseguido manter esta dimensão existencial e religiosa, pese a pressão constante para a sua mercantilização, e remete sempre para o essencial: a Vida.

 

A Comunicação Social deu amplo relevo às intervenções do Papa e também às de vários bispos portugueses, sobretudo as que faziam referência à situação de crise económica em que o país se encontra. Após a polémica sobre o “regresso” de José Sócrates, as atenções viraram-se depois para a moção de censura que não fez cair a maioria no Governo, mas ajudou a avivar o debate sobre o futuro imediato, tendo como pano de fundo a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado.

 

 

 

Razões nacionais e internacionais estão a contribuir para uma erosão significativa da confiança no projeto europeu e mesmo na democracia, abrindo caminho a experiências e vivências que se julgavam enterradas definitivamente. Esperemos que todos, sociedade civil e responsáveis políticos, saibam encontrar um caminho conjunto para evitar a loucura a que o desespero de milhões de pessoas pode levar.

 

Cresci na Venezuela e acompanho por isso com particular atenção a realidade do país, que se encontra agora em campanha eleitoral.

 

Acabada a triste novela em que se transformaram os momentos finais de Hugo Chávez, a atenção vai-se centrando nos problemas que afetam a população – com a insegurança à frente de todos – e nas respostas que os dois grandes candidatos à vitória têm para oferecer. A Igreja Católica tem feito os possíveis para evitar a fusão de política e religião promovida pelo ‘marxismo cristão’ que faz parte da herança de Chávez, essa espécie de ‘sebastianismo’ bolivariano que o próprio quis (e conseguiu, nalguns casos) exportar para outras paragens.

Espero que vença a tradição democrática e prevaleça a paz.

 

 

António Vieira, finalmente completo

 

 

 

 

«Vieira global» é o projeto que, depois de 15 tentativas em 150 anos, publica a Obra completa do padre António Vieira (1608-1697). São 30 livros que até 2014 não querem deixar esquecer o jesuíta que no século XVII sonhou Portugal e a sua relação com a Europa e o mundo e não teve medo de enfrentar a sociedade, a realeza e a Igreja.

José Eduardo Franco, historiador e um dos responsáveis por esta edição, aponta a atualidade dos escritos do padre António Vieira que nos dias de hoje não teria medo de ir para a rua cantar a música «Grândola Vila Morena».

 

 

 

 

 

Agência Ecclesia (AE) - A publicação da obra completa do padre António Vieira é apresentada no contexto dos 405 anos de nascimento, mas não podemos passar ao lado da situação que Portugal atravessa. Podemos entender alguns recados de Vieira para a sociedade que vivemos?

 

José Eduardo Franco (JEF) - Sem dúvida. Vieira tem muito a dizer ao nosso Portugal e à sociedade portuguesa. Ele é um autor anticrise, um homem que acreditou e fez acreditar que Portugal é possível, que valia a pena e que o esforço e dedicação dos portugueses e da pátria seria recompensado numa altura também de severa crise, mais até do que a crise que vivemos porque não havia na altura as condições que encontramos hoje.

É um autor que na sua escrita mostrou uma grande preocupação social. Criticou fortemente as estruturas de corrupção, a inércia e a falta de empreendedorismo político e social, a forma como se escolhiam os cargos

 

para o governo. Ele tem uma frase interessantíssima onde dizia que o problema da nossa corte e do nosso rei é que procura homens grandes para o governo em casas grandes e muitas vezes os homens grandes estão em casas pequenas. Outra frase diz que a verdadeira fidalguia está na ação.

Vieira falava em mérito por competência e não por herança para o exercício de cargos políticos, garantindo a qualidade dos dirigentes. Ao mesmo tempo criticou fortemente as desigualdades sociais, as formas de opressão, a escravatura. Chegou inclusivamente a ser ameaçado de morte por ter afrontado os coloniais e criticado a forma pouco cristã e desumana dos que garantiam o sustento de Portugal. Ele chegou a comparar as chagas de Cristo aos maltratos que a massa grande de escravos sofria. É uma forma de dignificação e igualdade entre todos os homens.

 

 

 

AE - O Padre António Vieira cantaria hoje a música «Grândola Vila Morena»?

JEF - Nos tempos complexos em que vivemos de grave crise, de uma desorientação governativa, de incerteza sobre o futuro, o padre António Vieira teria uma forte intervenção e seria um crítico severo de muitas práticas que correm e são inaceitáveis.

 

AE - Não só as críticas ao Estado, mas também à Igreja…

JEF - Os sermões do Vieira não poupavam ninguém. Ele entendia que devia denunciar e criticar o que estava mal. Tanto criticou bispos e Papas, como reis e príncipes e na sua cara,

 

 

sem receio. Os grandes homens e heróis sempre tiveram um estatuto profético de denunciar o que estava mal e apontar caminhos de renovação. Ele fê-lo ao Estado, à Igreja e à sociedade. Por isso a sua voz foi profética no seu tempo e ainda o é. Por estes motivos Vieira é considerado por pessoas de vários quadrantes com uma extraordinária e bombástica atualidade.

 

AE - Olhando para o que fomos, segundo os relatos de Vieira, e para o que somos, a sociedade portuguesa está preparada para a democratização dos seus escritos?

JEF - Com esta publicação pretendemos democratizar Vieira.

 

 

 

 

Defendemos que os bens culturais não devem ser reservados às elites mas devem estar acessíveis para todos. Vieira deve ser lido e saboreado. Por isso estamos a preparar uma obra atualizada, passível de ser lida pelo grande público com notas explicativas para ajudar na sua compreensão.

A fome de cultura é a raiz de todas as fomes e um país menos culto é um país mais frágil e mais manipulável que estará menos preparado espiritualmente e intelectualmente para enfrentar os desafios futuros e projetar a vida. A cultura é um bem essencial apesar de muitos assim não entenderem. Portugal tem um património cultural extraordinário que muitas vezes é ignorado e desconsiderado. As instituições o académicas e culturais em geral têm o dever de oferecer cultura às pessoas e estas devem criar uma consciência
nova e perceber que precisam de aceder aos bens culturais, saboreá-los, conhecê-los e interioriza-los para que se possam

 

 

 

desenvolver. Não se mede desenvolvimento de um povo pelas autoestradas ou telemóveis. Se percorrermos a Europa, nos grandes países as pessoas leem no metro, as bibliotecas estão cheias…

 

 

 

Projeto «Vieira Global»

 

AE - Que plano têm para a edição da Obra Completa?

JEF – A obra completa vai dividir-se em quatro tomos – cada tomo corresponde a um género literário: Epistolografia, Parenética (onde se incluem os Sermões), Profética (os escritos sobre o futuro de Portugal, da Europa e do Mundo), Varia (cartas e pareceres e onde se inclui uma parte menos conhecida de Vieira que é a poesia e o teatro).

A edição vai ser feita em conjuntos de três volumes a cada dois meses. Nos primeiros três quisemos publicar a

 

Clávis que várias vezes teve tentativas de publicação, tanto no Brasil como em Portugal, mas por alguma razão nunca se publicava.

Há partes do Vieira que estavam mesmo embargadas e que agora publicamos na totalidade.

 

AE - Foram mais de meia dúzia de tentativas para publicar a obra de Vieira…

JEF - Desde 1851 registei mais de 15 tentativas. Há vários projetos começados quer por iniciativas de académicos, de editores ou instituições de natureza vária em Portugal, no Brasil, na Alemanha, na Holanda, em Itália, no México e

 

 

 

também nos Estados Unidos da América onde há grupos de estudiosos do padre António Vieira.

Holanda, França e Itália foram países que Vieira visitou diplomaticamente e onde estabeleceu relações. Existem também estudiosos da língua e cultura portuguesa que ao debruçar-se sobre a época moderna encontraram a figura de Vieira e ele é um gigante – quando o encontramos não podemos passar por cima.

 

AE - Porque é que desta vez se vai terminar a publicação da obra?

JEF - A obra do padre António Vieira é colossal. Muitos autores escreveram,

 

mas ele, um autor do século XVII, teve fortuna de a sua obra ter sobrevivido a terramotos, a incêndios ou a naufrágios. Encontrava-se manuscrita em condições difíceis e muito dispersa em bibliotecas e arquivos.

Por isso constituímos uma equipa luso-brasileira com grandes

especialistas formados em ciências literárias, paleografia, latim, história, teologia, filosofia, direito. Para além de uma equipa de especialistas é também preciso uma equipa permanente de investigadores – temos trabalhado com quase 20 investigadores – que sabem latim e paleografia, disciplinas não muito abundantes nas nossas universidades e que estão a trabalhar a tempo inteiro.

 

 

 

AE - Quando é que preveem ter o projeto concluído?

O projeto intitula-se «Vieira global» e tem três fases. O financiamento que está prometido garante a equipa de investigação, não chega para pagar aos especialistas.

Até ao final de 2014 publicaremos os 30 volumes, ou seja, a totalidade da obra o que do ponto de vista da história da edição em Portugal será o maior projeto desta natureza. É colossal fazer isto mas estamos empenhados.

Na segunda fase vamos preparar um dicionário multimédia impresso e online dirigido às escolas e universidades para que o seu pensamento e a sua obra e continuar a formar o escrever e falar bem português.

Na terceira fase pretendemos construir uma seleta, de 300 a 400 páginas, dos melhores textos de Vieira e publicá-los em dez línguas – desde o mandarim ao inglês, italiano, russo, espanhol, alemão. Há tradutores, falta o financiamento.

 

AE - Há leitores no Portugal e no Brasil para a obra do padre António Vieira?

JEF - Sem dúvida. Vai haver uma primeira edição de 10 mil exemplares da coleção dos 30 volumes. Eu estudo o Vieira desde 1994. Publiquei quatro livros e percebi que todas as publicações, sejam livros ou ensaios, suscitam sempre interesse.

Vieira não é um autor fácil mas as pessoas têm ideia de que é um grande autor. O primeiro a reconhecer foi Fernando Pessoa, mas Saramago disse que na sua cabeceira tinha Vieira e que esporadicamente gostava de o ler para se banhar e inspirar na sua escrita.

O que é extraordinário no padre António Vieira, para além de escritor notável, foi o facto de ter elevado a língua portuguesa a uma perfeição nunca antes vista. Muitos escritores lusófonos do século XX afirmam Vieira como uma escola de arte de bem dizer e escrever português. Por isso acredito que não só do ponto de vista da escrita da língua, ele tem um pensamento de grande atualidade.

 

 

 

Vieira é uma figura anticrise e por isso é interessante publicar o padre António Vieira em altura de crise. Ele viveu num tempo e teve uma intervenção poderosa no contexto da restauração portuguesa. Ele é uma figura sedutora e extraordinária daquele tempo.

Não faltavam pregadores naquele tempo povoado de ordens religiosas onde qualquer um queria ter o estatuto mais elevado e ser pregador do rei. Vieira prega e encanta, mas não se fica no seu estatuto. Revela-se empreendedor e apoio o rei e o Estado quando Portugal se debateu com as sucessivas invasões de Espanha e com as tentativas da chamada potências emergentes de ficar com o império ultramarino.

 

Vieira através da sua palavra e dos projetos de reforma económica e social, das suas viagens a França e Holanda tenta estabelecer alianças e fazer vingar o reconhecimento de Portugal, trazendo ideias novas das viagens que faz pela Europa.

É um homem que intervém e propõe reformas importantes e tenta, mesmo através dos seus projetos utópicos para Portugal e para o mundo, reforçar a vontade coletiva acreditando e fazendo acreditar que Portugal era possível.

A entrevista ao historiador José Eduardo Franco foi realizada em parceria com o jornal Diário de Notícias.

Texto na íntegra em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

Padre António Vieira

 

 

Nascido em Lisboa, em 1608, viria a falecer em 1697 na Baía, Brasil, após uma vida repleta de viagens entre um país e o outro, e fortes intervenções nos mais diversos aspetos da sociedade civil, económica, religiosa, política e cultural da época.

António Vieira nasceu em Lisboa junto da Sé. Aos seis anos acompanhou com a família o seu pai que tinha sido destacado para desempenhar funções na Alfândega de Salvador da Baía, então capital daquela colónia portuguesa. Entrou para o colégio da Companhia de Jesus daquela cidade, desejando ser missionário e dedicar a vida à conversão dos ameríndios. Tornou-se jesuíta e evidenciou-se rapidamente como um mestre da palavra: um ardente evangelizador e defensor dos índios, nomeadamente lutando contra a voragem esclavagista que grassava então nas terras de Vera Cruz.

Em 1641, proclamada a Restauração da Independência de Portugal, foi convidado a acompanhar a delegação enviada pelo vice-rei, Marquês de Montalvão, a fim de jurar fidelidade e reconhecimento ao monarca português, D. João IV. Em Lisboa teve a oportunidade de revelar os seus dotes oratórios como pregador e logo conquistou a admiração não só do povo, mas também do rei que o convidou para ser seu pregador pessoal. Foi então nomeado para o importante cargo de Pregador Régio, a fim de pregar regularmente à família real e à corte.

O rei incumbiu-o de missões diplomáticas extraordinárias

 

 

 

nos chamados Países Baixos, na Holanda, para defender os interesses do Portugal restaurado e angariar meios para garantir a proteção dos territórios ultramarinos, com especial atenção para o grande território do Brasil.

Aliando o seu idealismo evangélico ao pragmatismo político, Vieira criticou fortemente o poder e os métodos do Santo Ofício português que tinha excluído os descendentes de judeus e mouros, entretanto convertidos sob a designação de cristãos-novos.

Em favor dos índios brasileiros apresentou propostas de reforma administrativa das aldeias missionárias, mais conhecidas por reduções ou aldeamentos missionários, de modo a conceder aos padres missionários poder não só espiritual mas também temporal sobre os missionandos.

A Inquisição acabou por prendê-lo e condená-lo, depois da morte do seu protetor D. João IV, nos anos 60 do século XVI. As razões alegadas para a sua condenação não só tiveram a ver

 

com a sua defesa dos judeus, mas também com o facto de ter concebido uma utopia universalista que sonhava uma nova era ecuménica de fraternidade e compreensão entre todos os povos, culturas e sensibilidades religiosas. Esta utopia ficou conhecida pelo nome de Quinto Império.

A sua condenação pelo Santo Ofício português acabou por ser anulada pelo Papa, na sequência de uma viagem de peregrinação que Vieira fez a Roma no final da década de 60 e onde permaneceu depois até 1675.

De regresso às terras lusas, Vieira desejava cumprir, nos últimos anos da sua vida, aquele que era o seu ideal de juventude: dedicar-se à evangelização dos índios. Volta então para o Brasil e volta a realizar expedições missionárias na Amazónia e a criar aldeias missionárias nos sertões brasileiros. Por fim será nomeado pelo Superior Geral para exercer as funções de Visitador das Missões do Norte do Brasil.

 

 

 

Os Jesuítas e Portugal

João Caniço 

Sacerdote jesuíta

 

Ainda que o embrião da Companhia de Jesus se possa notar já na celebração de Montmartre, Paris (1543), e ainda que a aprovação oficial das primeiras Regras tenha sido em Roma (1540), os primeiros passos da Companhia foram dados em Portugal, com Simão Rodrigues e Francisco Xavier. O rei D. João III insistira com o fundador, Inácio de Loiola, na vinda do maior número de membros, para evangelizarem as novas descobertas.

Foi Lisboa que a Companhia de Jesus escolheu, ainda em vida do fundador, como ponto de partida para expandir as suas iniciativas de cariz missionário, em direção ao Oriente (Índia, Japão e China), ao Ocidente (Brasil e América Latina) e ao Sul (Congo e Etiópia). Prova disso, para além de ser a primeira Província instituída pelo fundador, é, na Mouraria, a primeira casa que os jesuítas tiveram no mundo (1542), o “Coleginho”, cuja igreja serve ainda hoje de paroquial do Socorro. Desde 1553, os jesuítas deste Colégio assumiram o apoio educativo e a formação cristã do Colégio dos Meninos Órfãos, junto à Capela de Nossa Senhora da Saúde.

E são também desses primeiros anos, na segunda metade do século XVI: a Casa Professa (1553) e a Igreja de São Roque (1565), hoje ocupadas pela Misericórdia de Lisboa; o Recolhimento das Órfãs de Santa Marta (1569); o Colégio de Santo Antão-o-Novo (1579), com a sua tão

 

 

 

 

 

prestigiada “aula da esfera”, hoje Hospital de São José; o Noviciado da Cotovia (1603), no Príncipe Real, hoje Museu Nacional de História Natural e da Ciência, na Rua da Escola Politécnica.

Para se perceber a importância dada a Lisboa pelos jesuítas, tanto no aspeto educativo como social, nos cerca de 220 anos da sua vida em Portugal, até à expulsão pelo Marquês de Pombal (1759), podem citar-se as obras: Seminário de S. Patrício (1611); Noviciado das Missões de S. Francisco Xavier, em Arroios (1697); Colégio do Paraíso ou de S. Francisco Xavier (1679), hoje Hospital da Marinha; Recolhimento de Nossa Senhora da Natividade e Recolhimento de Convertidas (1583 e 1585); Colégio Real dos Catecúmenos (1579), no Bairro Alto. E fora de Lisboa, colégios em: Angra do Heroísmo, Braga, Bragança, Coimbra, Elvas, Évora, Faro, Funchal, Horta, Gouveia, Lamego, Porto, Ponta Delgada, Portimão, Santarém e Viana do Castelo.

 

 

 

 

 

Regressando a Portugal (meados do séc. XIX), até à nova expulsão de 1910, a Companhia de Jesus fundou os Colégios de Campolide (hoje nas Caldinhas) e de São Fiel, na Beira Baixa.

De 1935 até hoje, não deixou a Companhia de se empenhar no nosso País. Falando apenas de instituições de ensino, citaremos os Colégios das Caldinhas, de S. João de Brito e de Cernache (Coimbra), a par da Faculdade de Filosofia de Braga, a primeira Faculdade da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

 

Na sua catividade de pregador, político, diplomata, escritor, Vieira não foi um homem que procurasse a riqueza, o sucesso ou o poder pelo poder: conduzido pelo ideal de serviço a Deus e ao seu país, profundamente fiel à Companhia e à Igreja, apesar de todos os conflitos, o padre António Vieira, aliando a imaginação com a liberdade e a obediência, com os seus noventa anos de vida, é uma figura verdadeiramente incontornável de português, de jesuíta, de filho da Igreja e de seguidor de Jesus Cristo na construção do Seu Reino.

Padre António Vaz Pinto, [ver+]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A retórica utilizada com mestria pelo pregador jesuíta quis servir, acima de tudo, o sentido pleno dos textos e da vida. Soube promovê-lo na dupla aceção que o sentido tem, isto é, como manifestação de inteligibilidade e como fator de orientação e direção. Como manifestação de inteligibilidade, os textos, ao serem lidos e relidos, revelam-se manancial inesgotável de saber e de verdade; como fator de orientação e direção, a história e a existência humana adquirem o rumo que as faz alinhar pela esperança na consumação final do Reino de Cristo. Luís Machado de Abreu [ver +]

 

 
   

 

A todos se dirigiu: aos poderosos, aos mais humildes, repreendendo, ameaçando, satirizando, tanto em Portugal como no Brasil e em diversos países europeus. Com os seus escritos, a língua portuguesa tornou-se mais dúctil e plástica, e a nossa cultura, sobretudo na sua expressão literária, ganhou dimensões de universalidade. E tão cuidadoso foi que, no fim da vida, retocou e aprimorou os seus sermões, consciente também da sua missão de escritor.

Fernando Cristóvão, [ver +]

 

 

 

Vieira foi um missionário, um crítico social, um homem de diálogo enquanto diplomata, um reformista político e um anunciador de uma utopia de um mundo melhor como solução global para os problemas graves do mundo do seu tempo.

José Eduardo Franco, [ver +]

 

 

 

 

 

A primeira Páscoa de Francisco no Vaticano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paz: Esta foi a palavra central da primeira mensagem de Páscoa do Papa Francisco, que passou em revista os vários conflitos que atingem a humanidade e deixou votos de que a fé em Jesus ressuscitado ajude a transformar “a morte em vida”.

“Paz para a Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação”, pediu.

O Papa lamentou que o mundo esteja “dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis” e “ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família”, criticando em particular o tráfico de pessoas, “a escravatura mais extensa neste século XXI”.

“Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais”, desejou.

Francisco dirigiu-se também às populações do Médio Oriente, especialmente a israelitas e palestinos, “que sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura há demasiado tempo”.

A reflexão do Papa passou por África, “ainda cenário de conflitos sangrentos”, como no Mali, para que “reencontre unidade e estabilidade” e na Nigéria, “onde infelizmente não cessam os atentados, que ameaçam gravemente a vida de tantos inocentes, e onde não poucas pessoas, incluindo crianças, são mantidas como reféns por grupos terroristas”.

 

 

Após a missa a que presidiu na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas, o Papa argentino deixou votos de que o anúncio da ressurreição de Jesus chegue “a cada casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos hospitais, às prisões”.

A mensagem papal evocou os “desertos” que o ser humano de atravessar, “sobretudo o deserto que existe dentro dele, quando falta o amor a Deus e ao próximo, quando falta a consciência de ser guardião de

 

tudo o que o Criador nos deu e continua a dar”. Um dia antes, na Vigília Pascal, Francisco quis lembrar as mulheres que foram ao túmulo de Cristo, “cumprindo um gesto de piedade e de afeto”, mas que ao chegar lá encontraram a novidade. "Não se dá

o mesmo também connosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la", disse.

A saudação de Páscoa, no domingo, foi feita em italiano, sem a tradicional intervenção em várias línguas no final da mensagem ‘urbi et orbi’ (à cidade [de Roma] e ao mundo). “O Senhor ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, seja um apoio para todos, em especial os mais fracos e necessitados”, declarou o Papa, na varanda central da Basílica de São Pedro.

“Boa Páscoa! Levai às vossas famílias e aos vossos países a mensagem de alegria, de esperança e de paz que se renova com força todos os anos, neste dia”, disse ainda.

 

 

7 dias em imagens

 

A última semana do pontificado em revista, numa seleção de notícias da Agência ECCLESIA
 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Agentes da Saúde assinalou o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo desafiando a sociedade a romper com os “preconceitos” criados à volta daquela doença. Em Portugal, a associação “Vencer Autismo” uniu esforços com o movimento mundial “Light it up Blue” (Acendam a luz azul), que desde 2007 ilumina simbolicamente monumentos emblemáticos de todo o globo na data dedicada a esta causa: o Santuário de Cristo-Rei, em Almada, e a Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, aderiram à iniciativa.

 

O presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) enviou uma mensagem à população do Chipre para manifestar a solidariedade da Igreja perante a “grave” crise que atinge o país.

 

O Vaticano apresentou o documentário ‘Papa Francisco’, que retrata o período entre a renúncia de Bento XVI e o encontro deste com o seu sucessor, apresentando as primeiras palavras do novo pontífice: "Sou um grande pecador; confiando na misericórdia e na paciência de Deus, em sofrimento, aceito".

 

A conta do Papa na rede social Twitter chegou aos cinco milhões de seguidores, nas nove línguas disponíveis, incluindo mais de 186 mil em português. "Deus ama-nos. Não devemos ter medo de amá-lo”, refere a mais recente mensagem papal, publicada esta manhã.

 


 

Pascoa 2013

Mensagens dos bispos portugueses

O bispo de Angra pediu na sua mensagem de Páscoa que os cristãos sejam “fermento” de mudança no meio de uma sociedade e de uma Igreja necessitadas de “ruturas", algumas das quais “dolorosas”. Segundo D. António Sousa Braga, “podem e devem discutir-se os conteúdos e os métodos das reformas” a adotar, quer no combate à “crise” socioeconómica do mundo quer na “conversão” das estruturas eclesiais.

Em Beja, D. António Vitalino defendeu que é tempo de “começar tudo de novo” perante os sinais de crise que chegam da sociedade. “Ao constatar tantos sinais de morte, de falta de esperança, de crise na política, nas finanças, na economia, na sociedade, nas empresas e na família, interrogo-me e grito: quem nos libertará desta escravidão”, questiona.

O bispo do Funchal apelou por sua vez à superação do “individualismo, materialismo prático e relativismo moral” na sociedade contemporânea. D. António Carrilho dirige-se, em

 

particular, aos “jovens, crianças e idosos, todos os que sofrem e precisam de um novo horizonte da esperança”.

D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, recordou na sua mensagem os que são atingidos pelas consequências de crises “sociais e económicas” e têm o “coração ferido”. “Gostaria de saudar a todos, e de modo especial os doentes, os mais velhos, os que vivem a solidão, os que são vítimas da pobreza, do desânimo, da impaciência e das crises sociais e económicas provocadas”, refere.

O bispo de Vila Real espera que as comunidades católicas encarem o tempo pascal como uma oportunidade para reforçarem a sua fé em Cristo e construírem uma Igreja cada vez mais forte mas humilde. “Quem não vive, nem edifica com Cristo, nem O confessa como Filho de Deus, acaba por adorar amuletos, sucedâneos, falsos ídolos, cisternas rotas, imaginários moinhos de vento, castelos na areia, arruinando a própria vida”, alerta D. Amândio Tomás.

 

 

 

 

 

O bispo de Setúbal desafiou os católicos a uma vivência mais “profunda” da Páscoa, recordando todos aqueles que ao longo dos séculos “não hesitaram em dar a própria vida” para anunciarem Cristo ressuscitado. “Felizes os que, por amor

  a Cristo, aceitam sofrer para ajudar a que outros passem da incredulidade à fé cristã, da injustiça à justiça, da mentira à verdade, da opressão à liberdade, do desespero à esperança, de mau trato a um trato digno, dó ódio ao amor, do egoísmo à solidariedade”, realça D. Gilberto dos Reis.
 

 

Páscoa 2013

Em defesa da vida

O bispo de Aveiro criticou as leis que “aprisionaram o direito a nascer” na sociedade. “Quero saudar nestes tempos difíceis, onde parece que as leis aprisionaram o direito a nascer e que se asfixiou no coração humano a alegria do acolhimento da vida, todas as famílias que acolhem no seu regaço ou aguardam com alegria o nascimento dos seus filhos”, disse D. António Francisco dos Santos, na celebração da Vigília Pascal.

Segundo o prelado, “a Igreja não cessa de nascer e de renascer desta fonte viva que é o acontecimento pascal”: “Aqui se revela que todas as injustiças humanas e violências do mundo não impedem a vida de Deus de se desdobrar em nós e que as maiores feridas humanas e sociais nos abrem também a esta força da ressurreição, que dá alegria, liberdade e paz”.

Também cardeal-patriarca de Lisboa apelou ao “respeito” pela vida e à superação de uma visão exclusivamente materialista da existência humana, falando durante a

 

 

 

 

 

missa do Domingo de Páscoa, na Sé da capital portuguesa.

“O respeito pela vida é o pilar decisivo de toda a civilização”, declarou D. José Policarpo, na homilia da celebração. Segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, vive-se um tempo em que se faz da “qualidade de vida um valor a conseguir”.

“Não haverá qualidade de vida se reduzirmos esta ao bem estar material. Ela só se consegue com um coração aberto à surpresa da ressurreição”, sustentou.

 

 

 

A importância da Ressurreição

O arcebispo de Braga recordou este domingo cinco argumentos que, no seu entender, comprovam a ressurreição de Cristo, depois de na Vigília Pascal ter afirmado que a Igreja deve envolver-se numa nova “reconquista cristã” da Europa. “Será que realmente temos provas de que Jesus ressuscitou? Ou isto tudo é uma invenção da Igreja para enganar e fidelizar os seus fiéis?”, questionou D. Jorge Ortiga na sé bracarense, durante a homilia da missa da manhã de Domingo de Páscoa.

O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, pedia nesse mesmo dia aos católicos para tirarem “toda a consequência prática” da ressurreição de Cristo, presente nas “‘espécies’ eucarísticas”, assim como “nos outros, como tantos o divisaram e ouviram no rosto e no clamor dos pobres, espaços ‘vazios’ que só o amor preencherá – e urgentemente deve preencher”.

O bispo do Algarve celebrou o Domingo de Páscoa convidando os católicos a seguirem o exemplo dos primeiros discípulos de Cristo, que viveram com entusiasmo a sua ressurreição e testemunharam com fé a

 

 

© http://www.cm-sbras.pt

 

 sua mensagem. D. Manuel Quintas pediu aos fiéis que encheram a Sé local que rejeitem uma vivência “superficial” da Páscoa e que encarem este tempo também como uma oportunidade de “renovação” de vida.

A Diocese acolheu no domingo a procissão pascal das Tochas Floridas, realizada em São Brás de Alportel, que reuniu milhares de pessoas com cores e aromas de funcho e rosmaninho que louvaram a ressurreição de Cristo.

 

 

Emaús: Vida nova a pessoas e objetos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desde 1985 que a comunidade dos Companheiros de Emaús instalada em Caneças, próximo de Lisboa, dá vida nova a pessoas marginalizadas e a objetos dados como perdidos. “Enquanto restauramos as peças estamos também a recuperar-nos, e esse é um trabalho muito delicado e cansativo”, afirmou o senhor António ao programa ‘70X7’ emitido na RTP-2 no domingo de Páscoa, dia em que a Igreja assinala a ressurreição de Cristo.

As pessoas que chegam à comunidade “são como lixo chutado pela sociedade porque são alcoólicas, drogadas, portam-se mal ou vivem na rua”, aponta o responsável que, como todos os “companheiros”, só quer ser conhecido pelo nome próprio.

A instituição, que recusa subsídios, foi buscar a inspiração ao Movimento de Emaús, fundado em França no ano de 1949 pelo padre Henri Grouès, mais conhecido por Abbé Pierre (1912-2007). Nem idade nem proveniência: nada é perguntado a quem pela primeira vez entra na quinta à procura de acolhimento e que, em troca, é convidado a colaborar na recolha e restauro de objetos rejeitados, na esperança de se tornar “uma pessoa nova”.

“Emaús não é um movimento confessional. Abbé Pierre disse que era uma escola de consciência e de ação cívica”, recorda António, homem de “várias estradas” que na comunidade experimentou vivências “muito pesadas”, mas também “muito bonitas”.

 

 

 

 

As empresas também recorrem aos serviços da instituição, que fornece sofás, cadeiras, loiças, guarda-vestidos e candeeiros de um hotel rural da região de Mafra. A opção justifica-se pela preocupação com a ecologia, uma das prioridades do diretor da unidade, e também pelo facto de as peças se adequarem “perfeitamente” às necessidades.

Igualmente ligados à comunidade situada no Concelho de Odivelas estão Maria da Fé, “companheira” desde os

 

primeiros anos, e o senhor Pereira,que diz das peças o que poderia dizer das pessoas: “Entram mortas e saem vivas”.

De acordo com o relato bíblico do Evangelho segundo São Lucas, Emaús, de localização atualmente incerta, foi o local onde Jesus se revelou a dois discípulos no dia em que ressuscitou, após ter feito com eles parte do caminho que ligava a povoação a Jerusalém.

 

 

TAXI DRIVER
a tragédia humana e o desejo de redenção

Trinta e seis anos depois da estreia, ‘Taxi Driver’ regressa aos cinemas portugueses em versão (digitalmente) restaurada e naturalmente engrandecida por um reconhecimento cinematográfico de que Martin Scorsese não gozava há décadas atrás. Gozaria sim da expetativa dos cinéfilos mais atentos, a Cannes e aos Oscars para que o filme acabara de ser nomeado mas, sobretudo, a ‘Uma Mulher da Rua’ (Boxcar Bertha) e ‘Alice já não Mora Aqui’ (‘Alice doesn’t live here anymore’) os primeiros filmes do realizador a chegar, tardia e moderadamente, aos nossos ecrãs.

‘Taxi Driver’, primeira Palma de Ouro arrecadada por Scorsese na Riviera Francesa, explora de forma única a inquietude de espírito magnificamente encarnada por Robert De Niro, no papel de Travis Bickle – um motorista de taxi que percorre as noites de Nova Iorque como um fantasma assombrado pela insónia, a solidão e a experiência traumatizante do ódio e desamor na guerra ( Vietname) incapaz de cumprir um profundo

 

desejo de reconciliação com os outros, de redenção de si próprio e de encontrar uma identidade, um sentido de justiça e de vida ajustado à implacável realidade urbana que o envolve.

O isolamento e a desestruturação afetiva e relacional começarão por se revelar na forma desajeitada com que tenta aproximar-se de Betsy (Cibyll Shepherd), atraído pela sensualidade e candura desta dedicada colaboradora de uma campanha presidencial, que em nada se coaduna com os redutos onde Travis procura (falsas) reminiscências ou expetativas de afeto – por exemplo, a pornografia –; e acabarão por atingir um trágico clímax na forma obsessiva como tenta proteger Iris, uma prostituta adolescente com quem se identifica, num derradeiro e desesperado ato de salvação – dela, de si e do degradante mundo em que vive mergulhado.

Numa atmosfera em que realismo e irrealismo jogam um jogo simultaneamente dramático, profundamente triste e fascinante,

 

 

 

 

‘Taxi Driver’ é uma obra imperdível do cinema que, longe de se circunscrever a um retrato psicológico inquietante, ou à mestria de um cineasta ou ator (o argumento de Paul Schrader e a direção fotográfica são alicerces sólidos na construção do filme) regista e


 

reflete um período da história dos Estados Unidos com uma profundidade e originalidade assinaláveis. Do mesmo modo, nos dias de hoje, mais do que um olhar sobre o passado do cinema ou da própria história, ‘Taxi Driver’ é, pelo menos, um convite renovado à reflexão sobre a facilidade com que se vive fantasmagoricamente incógnito entre uma multidão e, no que nos toca particularmente, como é sempre urgente e nunca suficiente olhar o próximo... criar, estreitar e manter laços.

Margarida Ataíde

 

 

Instituto Pe. António Vieira online

 

 

 

 

 

 

www.ipav.pt/

 

Numa altura em que se vão lançar os três primeiros volumes da obra completa do Padre António Vieira (1608-1697), com cartas, sermões, profecias, política, teatro, incluindo textos inéditos, esta semana propomos uma visita ao sítio virtual do Instituto Pe. António Vieira (IPAV).

O IPAV “é uma associação sem fins lucrativos, constituída em 2005 com particular vocação para a reflexão e intervenção nos domínios das migrações e diálogo intercultural, inovação social e prospetiva, na senda da inspiração da vida e obra do Pe. António Vieira”. Tendo como principal missão a intervenção e promoção “da dignidade humana, através da inovação social, do diálogo intercultural e da solidariedade em Portugal e no Mundo.

Ao digitarmos o endereço www.ipav.pt entramos num espaço organizado, devidamente estruturado e com os conteúdos bem distribuídos. Na página inicial encontramos os habituais destaques, uma ligação para o facebook da instituição, bem como para outros projetos também alicerçados nessa rede social.

Na opção “IPAV”, acedemos a informações maioritariamente institucionais, nomeadamente aos relatórios de gestão, aos estatutos, quem são os órgãos sociais e ainda a outros documentos de apresentação.

Em “P. António Vieira” ficamos a conhecer o missionário, o político, o diplomata, o orador e o intelectual, que viveu num século conturbado e inquietante. Aí podemos

 

 

 

aceder à cronologia daquele que esteve na “vanguarda na defesa dos direitos humanos, da interculturalidade e do diálogo inter-religioso”, e ainda a uma lista completa da sua vasta e variada obra (200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos, dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais).

Caso pretenda conhecer quais os projetos que esta associação possui, basta que clique no item “projetos”. Nomeadamente consultar informações sobre a rede grupos de Entreajuda para a Procura de Emprego, a

 

Academia Ubuntu, a incubadora social Ubuntu, o mapa de Inovação e Empreendedorismo Social, a História do Futuro e a Rede internacional de jovens cidadãos (Success).

Por último pode ainda aceder às publicações editadas por este instituto bem como consultar tudo aquilo que vem sendo realizado por esta tão importante organização cujo nome e identidade “é uma herança portuguesa preciosa para o terceiro milénio”.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Conversas com Jorge Bergoglio

A Paulinas Editora vai editar em abril a entrevista exclusiva de Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti ao Cardeal Bergoglio. É o livro do ano. O único testemunho direto, em primeira pessoa, onde o novo Papa dá a conhecer os acontecimentos que marcaram a sua vida, traçando um surpreendente autorretrato.

Não se trata apenas de uma biografia, mas é um testemunho direto, em primeira pessoa, onde o novo Papa dá a conhecer os acontecimentos que marcaram a sua vida, traçando um impressivo autorretrato. Dois jornalistas de exceção fazem, com total liberdade, as perguntas que nós

 

 

 

 

próprios gostaríamos de fazer, sobre os complexos assuntos candentes e as  razões de sempre que nos tocam. O Papa Francisco responde com a surpreendente simplicidade, a lucidez e até o sentido de humor que o caracterizam, levando-nos a viajar pelo seu passado para que percebamos melhor o significado do presente que ele se propõe construir connosco. Este é o único livro-entrevista ao Papa Bergoglio, a fonte indispensável para contactar com a sua história.

Os pedidos através da internet deverão ser feitos diretamente na página da editora (www.paulinas.pt) ou para o

email encomendas@paulinas.pt.

 

 

Aplicações pastorais

FEEDLY: leitor de RSS/FEEDS

Há muitas formas de acompanharmos as informações que surgem na Internet, sendo as redes sociais a mais usada, que nos permite ver os conteúdos publicados e partilhados pela pessoas que seguimos. E todos os outros recursos que são produzidos? Como os seguimos? Perdemos imenso tempo a ver blogue a blogue, site a site.

A melhor forma de obter informação na internet é através do RSS. O RSS permite-nos acompanhar os conteúdos de muitas fontes diferentes (blogues, sites de notícias, fóruns, etc.) num só site (como o Google Reader) ou programa (como o Reeder, para Mac). Toda a nossa leitura num só local, economizando tempo.

 

Qual a utilidade pastoral?

Contrariamente às redes sociais que tudo se altera rapidamente, atendendo à quantidade e velocidade com que é partilhada a informação,

 

com o RSS o utilizador é que marca a velocidade da leitura. Com o RSS ainda que eu acompanhe 100 fontes diferentes de informação, não perderei nenhum artigo publicado. Claro que se seguirmos uma quantidade grande de fontes e não a lermos com frequência o conteúdo começará a ficar acumulado.

 

Pré-requisitos?

Basta ter um smartphone e/ou tablet! Descarregar a aplicação Feedly.

Partilhamos dois vídeos que ajudarão a utilizar esta ferramenta.

Utilização: http://youtu.be/lVUDn-4RBU0

Gestão da informação: http://youtu.be/Zs-JfNu7JHU

 

Links

iPhone | iPad | Androide

 

Bento Oliveira

@iMissio

http://imissio.wordpress.com

 

 

Pacem in Terris:
«O folar da Páscoa» do Papa João XXIII

 

Com a humildade que lhe era peculiar, o Papa João XXIII chamou à encíclica «Pacem in Terris», publicada a 11 de abril de 1963, o “folar da Páscoa” e disse também que, juntamente, com a encíclica «Mater et Magistra», estes documentos estimulariam uma “reflexão séria sobre os problemas económicos, sociais e políticos” (mensagem pascal de 1963).

Esta encíclica do homem que convocou o II Concílio do Vaticano – publicada uns meses antes da sua morte – teve o acolhimento “mais caloroso e universal” que até àquela data “foi dispensado a um documento pontifício”. Nem Pio XII, com o enorme prestígio da “sua invulgar cultura e a fama da sua inegável santidade” verificou tamanho interesse pelas suas encíclicas e mensagens, “apesar da sua inesgotável riqueza do seu conteúdo doutrinário e da candente actualidade das suas profundas observações” (cf. Revista «Lumen», julho-agosto de 1963).

Numa receção aos diretores nacionais e membros dos conselhos superiores das Obras Missionárias, o Papa João XXIII acrescentou: “A encíclica «Pacem in Terris» trouxe ao mundo inteiro o eco das solicitudes maternais da Igreja para a construção dum entendimento duradoiro entre os povos” (Cf. «Novidades» de 18 de maio de 1963).

 

 

 

 

Também o episcopado português sublinhou a importância do documento que classificou de “nova aurora de esperança” e que toca nos “corações dos homens”. Na nota pastoral (In: «Novidades» de 03 de maio de 1963), os bispos portugueses realçam que a humanidade recebeu com exultação “esta presença luminosa da Igreja no mundo” e pedem para que “todos os homens de boa vontade se tornem operários da paz”.

Num artigo, publicado na revista «Lumen» de julho-agosto de 1963, escreveu-se que “é difícil seleccionar os comentários das figuras mais representativas do nosso tempo, não porque se corra o perigo de encontrar alguma censura ou frase desfavorável, mas precisamente pela delicadeza de escolher, com assentimento geral, as figuras mais representativas”.

Apesar das dificuldades na escolha dos comentários encomiásticos, a Agência ECCLESIA optou por duas figuras representativas, os presidentes das duas grandes potências da altura: Estados Unidos da América

 

e a URSS que se pronunciaram sobre a «Pacem in Terris».

Nikita Khrushchev, numa entrevista ao diário italiano de Milão (Itália), «Il Giorno», disse que aplaudia a atitude de João XXIII a favor da paz: “O Papa manifestou o seu apoio ao fim da corrida aos armamentos, à proibição de armas nucleares, ao termo das experiências com tais armas… e à coexistência pacífica dos Estados”. O presidente dos Estados Unidos da América referiu – numa cerimónia comemorativa do centenário da Universidade católica de Boston – que o documento pontifício demonstra “claramente” que é possível, “na base de uma grande religião e das suas tradições, dar sobre os negócios públicos conselhos válidos para todos os homens”. (Cf. «L´Osservatore Romano, 10 de maio de 1963).
O presidente Kennedy conclui que, “como católico”, se sentia “orgulhoso” com o documento de João XXIII e que iria aproveitar “a lição” porque se deve “aprender a falar a linguagem do progresso e da paz por cima das barreiras”.

 

 

abril 2013

Dia 05

* Fátima - Museu de Arte Sacra e Etnologia - Mesa redonda sobre «Carvoeiras - Duas realidades» no âmbito da exposição fotográfica «Damas de Carvão»
* Porto - Casa da Música (sala 2) - Apresentação dos três primeiros volumes da obra do padre António Vieira
* Lisboa - Sé - Concerto para órgão de Poulenc, Sinfonia «Órgão» de Saint-Saëns
* Lisboa - Sintra (Centro Cultural Olga Cadaval) - Concerto de angariação de fundos para a Comunidade dos Apóstolos de Santa Maria por Frei Hermano da Câmara. 
* Leiria - Seminário diocesano - Encontro de apresentação e divulgação do Grupo Missionário Ondjoyetu


 

 


* Açores - Ponta Delgada (Museu Carlos Machado) - Conferência sobre «Adão e Eva na América: o Génesis segundo Mark Twain» por Leonor Sampaio da Silva e integrada no ciclo «A Bíblia na literatura e nas artes».
* Beja - Encontro Nacional de EMRC do ensino secundário sobre «Encontro, muitas razões para conviver». (05 e 06)
* Lisboa - Turcifal - Encontro dos Diáconos Permanentes da diocese de Lisboa. (05 a 07)
* Fátima - Programa «Jovens a Fátima» promovido pelo Grupo de Jovens de Fátima. (05 a 07)
* Porto - Ermesinde - Curso para jovens sobre «Maria: A fé feita serviço - Aprender a dizer Sim» promovido pelo Movimento Oásis.  (05 a 07)
* Leiria - Casa de Retiros de São José - Tempo de oração e silêncio que vai ser orientado pelo padre Jeremias Vechina. (05 a 07)
* Faro - Aljezur - Encontro de jovens e adultos ligados à espiritualidade de Taizé. (05 a 07)

 

 

 

Dia 06

* Lisboa - Paróquia de Santa Maria de Belém (Mosteiro dos Jerónimos) (Salão paroquial) - Início do ciclo de cinema «Até onde a fé pode levar?» com a exibição do filme «Um homem para a eternidade» (“A man for all seasons”).
* Évora - Montemor-o-Novo - Encontro diocesano da juventude
* Évora - Vila Viçosa - Encontro da Pastoral da Saúde.
* Aveiro - Albergaria-a-Velha - Concerto de Páscoa. 
* Braga - Casa dos Crivos - Encerramento (início a 15 de Março) da exposição «Misericórdias vivem a Semana Santa».  
* Fátima - Museu de Arte Sacra e Etnologia (MASE) - Curso livre «O desafio do outro: diálogos pós-coloniais».
* Lisboa - UCP (Sala de Exposições) - Sessão sobre «Organizações juvenis e dinâmicas de sociabilidade: União Cristã da Mocidade e Juventude Universitária Católica» integrado no Seminário de História Religiosa Contemporânea e promovido pelo Centro de Estudos de História Religiosa



 

 
Dia 07

* Roma - O Papa Francisco toma posse da Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão
* Aveiro - Sé - Ordenações diaconais.
* Setúbal - Início da Semana Paroquial da Fé em Alcochete e na Anunciada (Setúbal).
* Portalegre - Arronches (Igreja Matriz) - Concerto de Órgão por António Duarte integrado no 2º festival de Música Sacra de Arronches.
* Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Concerto de Páscoa do Santuário de Fátima com a Orquestra Filarmónica das Beiras e o Coro Amigos da Música de Espinho
* Braga - Galeria São Victor - Encerramento (início a 22 de Março) da exposição de pintura de Margarida Costa sobre «Braga, horizontes e tradições».
* Braga - Tesouro/Museu da Sé de Braga - Encerramento (início a 22 de Março) da exposição «Paixão do barro» - Cerâmica de Barcelos.
* Aveiro - Museu de Aveiro - Encerramento (início a 20 de Janeiro) da exposição de arte sacra «Diocese de Aveiro-Presente e Memória».

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa da igreja de Nossa Senhora-a-Branca, Braga

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 07 - Páscoa por terras raianas: fé e tradições no concelho de Idanha-a-Nova.

 

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 8 - Entrevista a António Bagão Félix.

Terça-feira, dia 9 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II, com Teresa Messias;
Quarta-feira, dia 10 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Manuela Silva;
Quinta-feira, dia 11 - Exposição "S. Julião: memórias da igreja antiga" e rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 12 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio
 

Antena 1

Domingo, dia 7, 06h00 - Atualidade da Obra do Padre António Vieira com o historiador José Eduardo Franco

 

Segunda a sexta-feira, dias 8 a 12 de abril, 22h45 - Primeiros dias de pontificado do Papa Francisco: análise e desejos por Manuel Pinto, Laurinda Alves, padre Alberto Brito, Teresa Toldy e Isabel Galriça Neto 

 

 

 

   

- Este sábado, o Dia Arquidiocesano da Juventude em Évora vai dar oportunidade aos mais novos de viverem o valor da solidariedade, trazendo produtos alimentares que serão distribuídos pelas famílias mais necessitadas. O evento vai decorrer na Paróquia de Montemor-o-Novo, entre as 9h30 e as 16h30, e a organização pede aos participantes que tragam sobretudo bens mais elementares como leite, feijão, arroz, espaguete e salsichas.

 

- A Praça do Martim Moniz, em Lisboa, vai ser palco este domingo do primeiro de cinco encontros semanais dedicados ao anúncio do “Kerigma, a Boa Notícia” do Evangelho e integrados no Ano da Fé que a Igreja Católica está a assinalar até novembro. Esta atividade vai prolongar-se até 5 de maio e conta com a organização do movimento Caminho Neocatecumenal.

 

- O Papa Francisco vai tomar posse este domingo da Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão, às 17h30 (menos uma em Lisboa), através de uma cerimónia chamada “incatedratio” que tem como objetivo sublinhar a ligação do Papa à Diocese de Roma, da qual é bispo. Esta celebração é dedicada ao Espírito Santo para implorar sabedoria.

 

- A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) vai reunir-se em Fátima entre segunda e quinta-feira para debater, entre outros assuntos, a situação das famílias e a ação pastoral da Igreja. Na 181ª assembleia plenária daquele organismo católico, os bispos vão discutir uma carta pastoral intitulada “Dar força à família em tempos de crise” e uma nota sobre o tema “Promover a renovação da Pastoral da Igreja em Portugal”.

 

QUÉNIA: QUANDO UMA RÁDIO É MENSAGEM DE LUZ

“Maata Maria, Ileleba Akuj kon…”

“Avé Maria, cheia de graça…” Na Diocese de Lodwar, no Quénia, desde que a Igreja passou a ter uma rádio para difundir a Palavra de Deus, praticamente todos os dias as aldeias se juntam para a oração do Terço.

O céu escurece em tons que fazem sobressair o azul, que se vai tingindo de farrapos de vermelho, como se o sol, que se esconde ao longe, largasse um manto sobre a terra cobrindo-a de calor mesmo durante a noite. O Padre Avelino Bassols, da comunidade missionária São Paulo Apóstolo, já viu milhares de vezes aquela opulência de cores e cheiros, já sentiu o ar forte, quente, a rara brisa e, mesmo assim, sabe que cada entardecer é como se fosse único.

O Padre Avelino sabe bem o que é a distância dos lugares por ali, em África. Cada aldeia, às vezes apenas três ou quatro palhotas escondidas em zonas onde a vegetação é menos exuberante, pode ficar quase a um dia de viagem. O contacto com as pessoas é difícil e extenuante.

 

 

Apesar de todos verem o mesmo pôr-do-sol e de reconhecerem as mesmas estrelas no céu, dificilmente alguém atravessa a Diocese de Lodwar de uma ponta à outra no mesmo dia. A diocese tem praticamente o tamanho da Irlanda e uma população de quase 900 mil pessoas. Ao todo, há apenas vinte e cinco paróquias. São enormes mas estão apenas salpicadas, aqui e além, de pequenos aglomerados de pessoas. Chegar a todas as aldeias é um drama maior. Para se ultrapassar o problema, a Igreja investiu numa rádio. Ninguém poderia supor o rápido sucesso de tal empreendimento. Mas a verdade é que a Rádio Akicha, que significa Luz, foi adoptada praticamente por todos e hoje ninguém se surpreende se, ao entardecer, numa qualquer pequena aldeia na Diocese de Lodwar, no Quénia, todos estiverem reunidos em redor de um pequeno rádio a rezar o Terço, a implorar a protecção a Nossa Senhora.

 

 

 

 

A rádio Akicha, que a diocese só conseguiu lançar com o apoio da Fundação AIS, tem sido o grande instrumento de evangelização em Lodwar. A maior parte da população é analfabeta, a pobreza é generalizada e a Igreja é, para muitos, o único interlocutor válido. Através da rádio, é possível melhorar o sistema de ensino, colaborar em campanhas de saúde, alertando, por exemplo, para os riscos de epidemias, a disseminação do HIV-SIDA, o perigo do alcoolismo.

Desde 2008 que a Rádio Luz emite

 

diariamente na língua local, o Turkano.

Mas o que continua a comover o Padre Avelino é descobrir todos os dias, quase sempre ao entardecer, como a oração do Terço continua a reunir as aldeias em torno de simples aparelhos de rádio. Normalmente são as mulheres, mas também os mais idosos e as crianças. O céu escurece e as vozes enchem o ar repetindo: “Maata Maria, Ileleba Akuj kon” – Avé Maria, cheia de graça…”

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

 

 

A FÉ NO ESPAÇO PÚBLICO

 

 

 

Para que a celebração pública e orante da fé seja fonte de vida para os crentes. [Intenção do Santo Padre para o mês de abril]
 

1. A cultura ambiente tudo faz para que os sinais da fé cristã apareçam cada vez mais anódinos ou, de preferência, desapareçam do espaço público. E, no entanto, quando a Igreja é notícia, para o mal ou para o bem, os holofotes dos media não a largam. Basta recordar o que foi a atenção mediática à Igreja, desde o anúncio, a 11 de Fevereiro, da renúncia do Papa Bento XVI, até ao dia em que foi eleito o novo papa. Isto significa algo? Significa, pelo menos, que a Igreja é objecto de interesse, caso contrário não teriam acorrido a Roma, nesses dias, mais de cinco mil jornalistas. Pode o interesse estar deslocado, podem muitos jornalistas entender pouco dos temas que são chamados a noticiar, mas não há indiferença: a Igreja é uma instituição mundial, a sua capacidade de congregar pessoas em todas a latitudes é única, o Vaticano continua a ser um lugar “de mistério” para muitos, o papa, amado ou odiado, é incontornável na cena mundial... e isso é notícia.

 

2. À dimensão de cada comunidade, é preciso reproduzir o que foi dito acima. É preciso criar acontecimentos que superem a indiferença – e esses serão, sobretudo, aqueles nos quais a fé aparece publicamente, na sua dimensão celebrativa e transformadora da realidade. Acabámos de celebrar as festas pascais, as festas da nossa redenção e da redenção de toda a humanidade, pela paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Fomos vistos a celebrar a Paixão do Senhor? As procissões que se realizaram em tantas localidades, na Semana Santa ou

 

 

nos dias anteriores, suscitaram interesse e interrogações? Também elas são celebração pública da fé, mesmo não sendo celebração sacramental. Mas foram celebração orante ou arremedos de folclore que alimenta a vaidade e esvazia o coração? E a alegria da ressurreição que nos foi concedida em Cristo ressuscitado? Somos vistos a celebrar o Senhor ressuscitado, ou ninguém se apercebe do tempo diferente que estamos a viver?

 

3. Há um contexto cultural menos favorável à afirmação pública da fé cristã. Mas há, também, com alguma frequência, uma tendência dos cristãos para desertarem do espaço público, enquanto cristãos. É fácil celebrar a fé em igrejas onde vai cada vez menos gente. Já não é tão fácil que essas celebrações sejam verdadeiramente orantes, isto é, tempos de oração em que a comunidade e cada um se encontra pessoalmente com o Senhor em quem diz acreditar. Ainda é mais difícil transformar essa celebração em testemunho público da fé, através de uma vida alimentada pela oração e

 

chamada a dar frutos de boas obras, em todas as circunstâncias. Ora, estas boas obras acabam por ser a mais pública celebração da fé.

 

4. Embora tenhamos, com frequência, a tentação de idealizar o passado, salientando as suas virtudes e ignorando os seus defeitos, não podemos ficar aí. O Papa Bento XVI disse-o claramente: não vale a pena andar preocupado com a manutenção de estruturas, dando a fé por adquirida, quando ela se encontra em risco de desaparecer ou já morta em muitos dos nossos contemporâneos. Urgente mesmo é ser criativo, para que a fé cristã apareça, de novo, aos homens e às mulheres de hoje como uma proposta transformadora da vida, capaz de levar esperança onde ela parece cada vez mais uma miragem. A celebração pública e orante da fé, com a dignidade, a beleza e o sentido do mistério que a mesma exige, será, sem dúvida, uma fonte de vida para os crentes – mas será, também, um excelente modo de provocar nos nossos contemporâneos a interrogação essencial: quem são eles e porque vivem assim?

Elias Couto

 

 


 

   

 

Muito tampo há que a mentira se tem posto em pés de verdade, ficando a verdade sem pés e com dobradas forças a mentira; e é força que, sustentando-se em pés alheios, ande no mundo a mentira muito de cavalo; e se houve filósofo que com uma tocha na mão buscava na luz do meio-dia um sábio, hoje, por mais que se multipliquem luzes às do sol, não se descobrirá um afecto verdadeiro. Buscava-se então a ciência com uma vela, hoje pode buscar-se a verdade com a candeia na mão, que apenas se acha nos últimos paroxismos da vida

 

(Padre António Vieira, “As sete propriedades da alma”)

 

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