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João Aguiar Campos |
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Dia Mundial da Paz
João Aguiar Campos | José Luis Gonçalves | Octávio Carmo | Rui Osório | Catarina Bettencourt Martins | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques |
Religar o olhar |
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João Aguiar Campos Comunicações Sociais
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O serão estava animado, no grupo de amigos. A televisão ligada, mas a falar sozinha. Algo, porém, atraiu a atenção de um dos presentes, que de imediato alertou os demais. Dois minutos de silêncio bastaram, contudo, para que outro sentenciasse: «Apaga lá isso. Estou-me nas tintas!» O telecomando resolveu a questão e as conversas voltaram a acender-se. Manda, porém, a verdade que se diga que não era de somenos o problema que a TV evidenciava. Só que não havia, naquela sala, quórum suficiente para a manter ligada… No dia seguinte, vi como os passantes se desviavam de pernas estendidas no passeio, com pequenos cartazes de papelão ao lado, falando de dramas e necessidades. Desviavam-se, descendo à rua ou levantando o olhar, de modo a evitar uma proximidade evidente; desencontrando-se propositadamente. Nesse mesmo dia, ao fim da tarde, no autocarro de regresso a casa ouvi, sem querer, a conversa de dois adolescentes. Falavam de relações familiares tensas e da evolução registada no modo de lidar com o problema: «A princípio ainda estressei com a cena; mas agora entrei numa boa e isto é bué de fixe: tanto se me dá como se me deu!». Nos três casos vejo refletido o mesmo propósito: a vontade de desligar o olhar, apagar o incómodo, fazer da indolência um estado de alma, adotar a insensibilidade como veste impermeável, renunciar a toda e qualquer causa e fugir do envolvimento. Sem causas, não fazemos caso. Mais: escolhemos o ocaso onde a luz se dilui e, progressivamente, nem sequer há vultos. |
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Sem incómodos, não queremos saber a não ser de nós, com a desculpa sonora de não nos metermos na vida dos outros. Sim; não há amor que nos desconcentre, realidade que nos apaixone ou revolte: nem a favor, nem contra, nem em branco… Simplesmente não vamos a jogo, bronzeando-nos num solário egoísta onde não entra qualquer tentação de responsabilidade.
Compreendo, por isso, muito bem o grito do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz/2016: contra a indiferença importa cultivar o interesse permanente, a consciência da nossa responsabilidade pelo
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bem comum, a exigente conversão do coração. Temos de nos importar, desafiados por um Deus Pai a quem importa a humanidade. E que conta connosco e a nossa amorosa militância em todos os ambientes e circunstâncias. Sem resignação e sadiamente impertinentes. Na mencionada mensagem do papa Francisco, estão apontados caminhos que podemos escolher – e que muitas pessoas e instituições, felizmente, já trilham na família, na cultura, na comunicação social ou na política. Sem compromissos pessoais e concretos não deixaremos marca.
É urgente religar o olhar. |
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Juntos pela Paz, uma delegação do Movimento dos Focolares com membros de comunidades muçulmanas, na recitação do ângelus, na Praça de São Pedro. Domingo, 13 de dezembro 2015 |
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“Conforme há um ordenado mínimo, também deveria existir um ordenado máximo, e as pessoas distribuíam-se por aqui, não há a cultura de fazer contenção onde se deve fazer contenção”, bispo da Guarda, D. Manuel Felício, à Rádio Renascença, 16 dez 2015
“Já tinha saudades de falar de política”, José Sócrates, na entrevista na TVI, 15 dez 2015
“Esta questão dos refugiados está a revelar qual o grau de humanidade que temos e diria que é um grau bastante baixinho”, irmã Irene Guia, integra comissão executiva da Plataforma de Apoio aos Refugiados, à Agência ECCLESIA.
"Estamos num país civilizado e não andamos às bofetadas”, primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, depois da agressão. Entrevista na Telecinco, citado pelo El País, 17 dez 2015
“Os agentes culturais e dos meios de comunicação social deveriam também vigiar para que seja sempre lícito, jurídica e moralmente, o modo como se obtêm e divulgam as informações”, Papa Francisco na mensagem ‘Vence a indiferença e conquista a paz’, para o Dia Mundial da Paz
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Portas abertas para a Misericórdia
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As Portas Santas das dioceses portuguesas para o Jubileu da Misericórdia foram abertas um pouco por todo o país este domingo, em resposta à proposta do Papa Francisco. Um momento simbólico acompanhado pela reflexão dos respetivos bispos. O bispo do Algarve disse na catedral diocesana que é Cristo, “verdadeiramente, a «Porta Santa». “É por Cristo que nós temos de passar. A Porta Santa deve recordar-nos a pessoa de Cristo. Passarmos por essa porta significa, antes de mais, que |
queremos passar por Cristo porque Ele é verdadeiramente o nosso jubileu, a fonte de misericórdia, o rosto visível da misericórdia do Pai”, referiu D. Manuel Quintas. Já o bispo de Aveiro alertou que a palavra misericórdia “parece não ter lugar no vocabulário” da cultura e mentalidade contemporâneas, numa Carta Pastoral, no contexto do Jubileu dedicado a este tema. “Fruto da cultura e mentalidade contemporâneas, que tendem a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da |
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misericórdia, é imprescindível torná-la conhecida, trazê-la à existência com o significado e atributos que ela merece”, escreveu D. António Moiteiro, em Carta Pastoral enviada à Agência ECCLESIA. O arcebispo de Braga afirmou que só um “humanismo integral” pode “salvar” o país, durante a abertura da Porta Santa do Jubileu da Misericórdia, na catedral minhota. “O mundo moderno, reconhecendo na Igreja a Luz de Cristo, colherá testemunhos verdadeiros e abandonará tensões, conflitos, crispações, trabalhando pelo bem de um humanismo integral que salvará o país”, disse D. Jorge Ortiga. O bispo de Bragança-Miranda abriu a primeira Porta Santa do Jubileu na diocese e pediu aos fiéis que tenham a “coragem e a confiança de ser santos na Misericórdia”, para transformar a sociedade. “Conhecer e praticar as 14 obras de Misericórdia corporais e espirituais – eis uma desafiante resposta humana da caridade cristã às muitas pobrezas e crises do nosso tempo: antropológica, económica, cultural, social, moral e espiritual”, referiu D. José Cordeiro. O arcebispo de Évora presidiu à |
abertura da Porta Santa do Jubileu da Misericórdia no Santuário de Vila Viçosa e apelou à construção da “comunhão” neste ano santo extraordinário. “Tal como a Porta da Misericórdia dá acesso ao templo sagrado, assim o encontro com Cristo, verdadeira porta de salvação, nos introduz na comunhão trinitária e nos torna capazes de construir comunhão com os outros seres humanos, nossos irmãos”, declarou D. José Alves. O bispo do Funchal, por sua vez, explicou que abrir as portas é deixar “Deus entrar e iluminar a mente”. Todo o Jubileu aponta para um maior compromisso da Igreja em viver num dinamismo de saída, em constante missão, empenhando-se na importante e necessária tarefa de ir ao encontro de todos, levando-lhes a bondade e a ternura de Deus”, explicou D. António Carrilho. Em Lamego, D. António Couto sublinhou o simbolismo de atravessar esta porta, comparando-o ao gesto de voltar a casa. “É com certeza porque uma grande emoção se apodera de nós e nos aperta ou alarga o coração, quando, vindos de longe e de há muito tempo, transpomos o umbral sagrado da casa paterna e materna”.
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Na abertura da ‘Porta Santa’ na Sé de Leiria, D. António Marto explicou que a proclamação do Ano Santo da Misericórdia foi um “ato profético” que corresponde às necessidades do tempo, “da Igreja e do mundo”. “Nós vivemos num mundo ferido, cheio de feridas na vida pessoal, familiar e social, e, ao mesmo tempo, cínico em virtude da globalização da indiferença, do individualismo mais radical”. O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que “a Porta é Alguém” e, em Ano Jubilar, constitui uma oportunidade para entrar nos “sentimentos de Deus”, que são de misericórdia. “Temos de entrar pela porta e como sabemos, quer em termos religiosos e sobretudo bíblicos a porta é algo carregado de significado e é ‘Alguém’, porque Jesus diz ‘Eu sou a porta, quem entrar por mim ficará saciado’”, referiu D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA. O bispo do Porto mobilizou os diocesanos a se “mensageiros da misericórdia”, numa Igreja portuense – “Pátria da Misericórdia” pedindo que hospitais, prisões, escadas e alpendres sejam “portas da atenção social e lugares da justiça humana”. “Penso em particular nos doentes, |
nos reclusos, nos que não têm porta para entrar nem esperança e ânimo para viver”, revelou D. António Francisco dos Santos. Na celebração que assinalou a abertura da Porta Santa na Catedral de Viana do Castelo, a única na Diocese, D. Anacleto Oliveira sublinhou que uma conversão apenas no plano da teoria não chega porque têm de "existir obras", "simples e concretas" que manifestem mudanças no "pensar e no agir" indo ao encontro de tantos que "precisam de nós" e como nós "desejam ser felizes". O bispo de Vila Real desafiou as comunidades católicas da diocese a viver o Jubileu da Misericórdia, convocado pelo Papa, com desejo o “défice de acolhimento” nas famílias e na sociedade. “É a hora de purificar e expulsar vendilhões, de acabar com a ditadura do dinheiro sobre as pessoas, de construir a casa humilde, aberta e solidária, que seja a casa de Deus”, escreve D. Amândio Tomás. D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e de Segurança, sustentou que a abertura da ‘Porta Santa’, na igreja da Memória, em Lisboa, “ajuda a solidificar a ideia de verdadeira diocese” no Ordinariato Castrense.
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A Abertura das Portas Santas em Portugal
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Primeiro grupo de refugiados no âmbito do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia à chegada ao Aeroporto de Lisboa, 17 de dezembro de 2015. |
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ACEGE - “O Valor da Conciliação: os Humanos não são Recursos mas sim Pessoas”
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Papa festejou aniversário com crianças envolvidas em projeto de ajuda a migrantes
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O Papa celebrou hoje o seu aniversário na companhia de cerca de 60 crianças e jovens da Ação Católica Italiana, envolvidas num projeto de ajuda a migrantes na Diocese de Agrigento, que inclui o território de Lampedusa. O tradicional encontro para as felicitações de Natal aconteceu este ano no dia em que |
Francisco completava 79 anos de vida, pelo que começou ao som dos ‘parabéns’, em italiano e espanhol, com um bolo de aniversário. No seu discurso, o Papa convidou os mais novos a “partilhar o necessário” como todos os meninos e meninas da sua idade que passam por privações. A este propósito, o pontífice argentino |
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elogiou a “muito boa iniciativa de caridade” que as crianças e jovens da Ação Católica Italiana vão desenvolver em favor da diocese italiana de Agrigento. “Que o Senhor abençoe este projeto, o qual vai dar uma mão àquela comunidade, comprometida de modo exemplar no acolhimento de tantos irmãos e irmãs que chegam cheios de esperança, mas também de tantas feridas e necessidades, em busca de pão e paz”, observou. Francisco revelou que na audiência pública semanal, esta quarta-feira, lhe foi apresentada uma criança, pelos seus pais, que nasceu num barco, ao largo da Sicília, há cinco meses. “Muitas crianças conseguem chegar, outras não. E tudo aquilo que fizerem por estas pessoas é bom, obrigado por isso. Podem dar um contributo especial a esta iniciativa com o vosso entusiasmo e oração, acompanhando-as com alguma renúncia”, apelou. Ainda hoje foram divulgada as ‘cartinhas ao Papa Francisco’ que chegaram aos correios do Vaticano, com textos e desenhos de crianças. Francisco deu pessoalmente o consentimento para a realização desse livro, cujas receitas vão apoiar |
500 crianças assistidas no Estado da Cidade do Vaticano, os pequenos pacientes do Dispensário pediátrico de Santa Marta, que oferece cuidados médicos, alimentos e roupas às famílias necessitadas. “Querido Papa Francisco desejamos-te muitas felicidades pelo teu aniversário. Esperamos que gostes do nosso presente e que a tua missão sacerdotal continue magnificamente. Por isso, os melhores votos: muitos parabéns”, refere uma das mensagens agora recolhidas. A celebração tinha começado já esta quarta-feira, no final da audiência pública semanal, com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro a cantar os "parabéns"; Francisco recebeu ainda um bolo especial, em forma de "sombrero", oferecida por uma jornalista em nome do povo mexicano, que o aguarda na visita marcada para fevereiro de 2016. Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes italianos, e trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus, licenciando-se em filosofia antes do curso teológico. |
As receitas do Papa para o Jubileu da Misericórdia |
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O Papa Francisco afirmou no Vaticano que o Jubileu da Misericórdia (dezembro2015-novembro2016) exige que cada católico procure uma vida de abertura ao outro, de amor e de perdão, recorrendo mais ao sacramento da Confissão. “A misericórdia e o perdão não podem ser meras palavras, mas têm de realizar-se na vida diária: amar e perdoar são o sinal concreto e visível de que a fé transformou os nossos corações e nos permite exprimir em nós a própria vida de Deus”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal. Francisco apresentou como “programa de vida” para todos os fiéis, sem “interrupções ou exceções”, o objetivo de “amar e perdoar como Deus ama e perdoa”. A intervenção recordou alguns dos “sinais” mais importantes do terceiro ano santo extraordinário na história da Igreja Católica, como as Portas Santas, “que neste ano são verdadeiras portas da misericórdia” e indicam “o próprio Jesus”, que “não veio para julgar, mas para salvar”. |
A catequese semanal explicou porque é a Porta Santa foi aberta nas catedrais, santuários e igrejas jubilares de todas as dioceses, para que “o Jubileu da Misericórdia possa ser uma experiência partilhada por cada pessoa”. “O Jubileu é em todo o mundo, não apenas em Roma”, disse Francisco. O Papa alertou os peregrinos para eventuais fraudes, dias depois de as autoridades italianas terem confiscado 3500 falsos pergaminhos, num valor aproximado de 70 mil euros, que iam ser vendidos por ocasião do Jubileu da Misericórdia. “A Salvação não se paga, não se compra, a porta é Jesus e Jesus é grátis”, observou. |
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Jubileu, tempo do grande perdão |
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O Papa abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia na Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão, num dia em que convidou à “alegria” do Natal para combater a tristeza e a solidão. “Abrimos a Porta Santa, aqui e em todas as catedrais do mundo. Também este simples sinal é um convite à alegria: começa o tempo do grande perdão, é o Jubileu da Misericórdia, é o momento para redescobrir a presença de Deus e a sua ternura de Pai. Deus não ama a rigidez. Ele é Pai, é terno. Faz tudo com a ternura de Pai”, declarou, na homilia da Eucaristia a que presidiu na basílica papal. Esta oi a terceira Porta Santa aberta por Francisco, depois de Bangui, capital da República Centro Africana, a 29 de novembro, e da Basílica de São Pedro, no Vaticano, a 8 de dezembro, abrindo oficialmente o Ano Santo extraordinário da Misericórdia. A Missa teve início diante da Porta Santa, no adro da Basílica, que o Papa atravessou em primeiro lugar, sendo seguido pelos concelebrantes, uma delegação de seis sacerdotes da Diocese de Roma, um diácono e quinze leigos. Na homilia da celebração, Francisco |
sublinhou que a alegria, que marca a celebração do III Domingo de Advento – tempo de preparação para o Natal no calendário litúrgico da Igreja Católica – permite ao ser humano “olhar para o futuro com serenidade” e não ficar tomado “pelo cansaço”. "Não nos é permitida nenhuma forma de tristeza, embora tenhamos motivos para isso devido a muitas preocupações e por causa das múltiplas formas de violência que ferem esta nossa humanidade”, precisou. A intervenção recordou o ensinamento de João Batista às multidões, no tempo de Jesus, que convidada a “agir com justiça e a olhar para as necessidades daqueles que se encontram necessitados”. “Quem foi batizado sabe ter uma obrigação maior”, prosseguiu. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Abertura da Porta Santa na Catedral de Roma |
Rankings das Escolas |
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José Luís Gonçalves |
Foram divulgados por estes dias os resultados dos exames nacionais realizados pelos alunos das escolas do país que concluíram o 4.º, o 6.º e o 9.º anos e o secundário, no ano letivo 2014/2015. Em função da média obtida pelos alunos nesses exames, a escolas são ordenadas em rankings. As virtualidades desta avaliação são ainda discutidas, mas a iniciativa tem a sua pertinência para a melhoria das escolas; inferir, porém, a partir destes resultados, a real valia de uma escola, hierarquizando-a em rankings, é de todo exagerado. Senão, vejamos: O que estes resultados medem são as aprendizagens dos alunos às disciplinas de Português e de Matemática. Se tivermos uma conceção redutora do papel da escola em que esta se limita à “ensinagem”, então ficaremos satisfeitos com os rankings; se, todavia, pensarmos no desenvolvimento harmonioso e integral do aluno, os elementos constitutivos deste paradigma não são levados em conta para a elaboração destes rankings. Se queremos assegurar oportunidades de acesso a uma educação inclusiva e equitativa para todos, então constata-se que estes rankings revelam um país cada vez mais desigual: salvo raras exceções, acentua-se uma crescente dicotomia entre privado e público, entre litoral e interior, sempre a favor dos primeiros. Veja-se que é no interior Norte e Centro e no Alentejo litoral que se concentra o maior número de municípios cujos alunos tiveram nota negativa nos exames do secundário. As |
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análises da tutela confirmam que os fatores do contexto socioeconómico de uma escola interferem decisivamente na sua classificação… Será preciso ainda levar em consideração o nível académico dos alunos que uma escola recebe, o qual não é tido em conta quando apenas se olha para os resultados absolutos das notas dos exames que contam para os rankings. Por essa razão, a tutela criou um “indicador da progressão dos resultados dos alunos” durante um determinado período/ciclo. A partir deste indicador, constata-se que há escolas que recebem alunos com médias já razoáveis e pouco valor lhes acrescentam até ao fim do ciclo, progredindo os alunos muito pouco. Outras escolas há que, partindo os seus alunos de um nível muito baixo, ajudam estes a alcançarem resultados assinaláveis durante o período/ciclo considerado. Os estudos internacionais que enumeram os principais fatores que contribuem para o (in)sucesso académico dos alunos são conhecidos. E como as análises aos resultados destes rankings evidenciam à saciedade, não é com retenções que os alunos aprendem. Se desejarmos |
promover as aprendizagens dos alunos, convém centrarmo-nos num conjunto articulado de boas práticas em sala de aula e de gestão escolar que já têm provas dadas. Da nossa parte, atrevemo-nos a destacar oito (8) marcadores de sucesso já estudados: i) O ethos da escola; (ii) a cooperação e a valorização dos bens relacionais da escola; (iii) uma outra gestão do tempo escolar; (iv) a implicação dos alunos; (v) a implicação dos professores; (vi) a implicação das famílias; (vii) a ação pedagógica e o foco na sala de aula; (viii) o ensino explícito e sistemático (Cf. “O que desencadeia o sucesso em alunos com baixo rendimento escolar, no Projeto Fénix”, realizado, em 2014, pela Escola Superior de Educação Paula Frassinetti e a Universidade Católica Portuguesa). |
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It's beginning to look a lot like Christmas… |
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Octávio Carmo |
Esta semana começou cedo. Muito cedo. Ainda não eram seis da manhã de segunda-feira e já estava a caminho de Lisboa, para acompanhar na Capela do Hospital de Santa Maria a celebração de uma das mais belas tradições religiosas da Madeira, a ‘Missa do Parto’, novena de preparação para o Natal que decorre habitualmente ao fim da madrugada. Qualquer pessoa que ande por estes dias na ilha da Madeira há de ouvir falar constantemente na “Festa”, que é como os madeirenses falam do Natal. Estas celebrações marcam profundamente a preparação para o Natal. É uma tradição que vem de longe, e nem o frio nem a chuva das manhãs de Inverno demovem os fiéis das novenas. Nas tradições mais antigas, era o búzio a chamar as pessoas, dando início à caminhada dos sítios mais altos até à Igreja, por caminhos inclinados e estreitos. Este ano, a Missa do Parto chegou à Capela do Hospital de Santa Maria, animada e participada por alunos de Medicina, madeirenses ou com ligação à Madeira. O percurso foi muito diferente, entre |
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transportes públicos e os sons de uma cidade que acorda, mas a celebração era movida pelo mesmo espírito. Deixo um pequeno excerto dos cânticos, antecipando a emissão do Programa ECCLESIA na Antena 1, prevista para o dia 23.
Hoje também foi dia de festa, mas na escola das minhas filhas, celebrando o Natal nas suas mais diversas vertentes… menos a religiosa. O uso do inglês no início deste pequeno apontamento acaba por ser uma forma de chamar a atenção para a progressiva “homogeneização” das culturas, em que cada vez mais as tradições de um local acabam por ser engolidas pela voragem consumista/globalizadora. O Natal |
português tem uma marca cultural muito vincada, de raiz cristã, e ignorar essa dimensão é esvaziar um pouco de nós, em cada ano que passa. De tal forma que aqueles que chegarem ao país, daqui a uns anos, talvez encontrem apenas uma folha em branco, pronta para ser preenchida por quaisquer outras culturas e convicções…
Um pouco por todo o mundo, começaram a abrir-se as Portas Santas da Misericórdia. É um conceito teológico que está em causa, central no Cristianismo, e o que posso dizer é que tenho aprendido muito com tudo o que se vem a escrever e a dizer sobre este ano santo extraordinário. Fica o convite a estarmos atentos. |
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Paz na terra aos homens A Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2016, com o título ‘Vence a indiferença e conquista a paz’, está no centro desta edição do Semanário ECCLESIA. O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, Pedro Vaz Patto, é o nosso entrevistado, seguindo-se textos de reflexão nas áreas dos Media, Liberdade Religiosa e Refugiados. A mensagem é apresentada em quatro pontos, numa análise jornalística dos seus principais conteúdos. O 49.º Dia Mundial da Paz, comemorado no dia 1 de janeiro de 2016, pretende ser um ponto de partida para todas as pessoas de boa vontade, em particular as que trabalham na educação, cultura e nos meios de comunicação, para construirmos juntos um mundo mais consciente e misericordioso, e, portanto, mais livre e mais justo. A mensagem do Papa para o dia 1 de janeiro é enviada para os Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo e também designa a linha diplomática da Santa Sé para o novo ano. |
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Indiferença impede a paz
Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, aborda em entrevista à Agência ECCLESIA, os desafios lançados pelo Papa Francisco para a celebração do Dia Mundial da Paz, uma reflexão que os católicos são convidados a fazer nos últimos momentos deste ano para iniciar 2016 com um renovado compromisso neste campo. Entrevista conduzida por Paulo Rocha
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Agência ECCLESIA (AE) - Vencer a Indiferença, Conquistar a Paz. A mensagem do Papa fala na aparente contradição entre esta paz que todos desejamos e a aparente indiferença perante tudo o que está a acontecer… Pedro Vaz Patto (PVP) - O Papa fala, como já tinha feito noutras ocasiões, de uma globalização da indiferença. A indiferença sempre se verificou, ao longo da história, mas nesta época da globalização, há uma globalização da informação, mas também da indiferença. Nem sempre o facto de termos conhecimento daquilo que se passa no mundo nos leva a estar mais próximos espiritualmente das pessoas. O Papa emérito Bento XVI tinha uma frase, que é citada por Francisco: A globalização faz-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. A mensagem carateriza as várias formas de indiferença que às vezes se verificam mesmo quando as pessoas |
estão informadas, mas não são sensíveis.
AE - O Papa diz que é saturação que anestesia… PVP - Quer dizer que há uma certa banalização, as desgraças sucedem-se umas às outras e depois já não reagimos perante elas como se se verificassem connosco. Por outro lado, há uma indiferença que consiste em querer ignorar as coisas, sobretudo aquilo que se passa longe de nós. Quando estamos tranquilos, experimentamos o bem-estar, temos mais dificuldade em sentirmos como nossos os problemas de outros que não estão tranquilos, que não vivem o bem-estar. Estes fenómenos de globalização da indiferença é que levam o Papa a escrever sobre este tema. No início da mensagem, o Papa distingue a indiferença perante Deus, |
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o próximo e a criação, destacando a indiferença perante Deus como a primeira, aquela de que derivam as outras, porque nesta indiferença o homem considera-se como autor de si próprio, autossuficiente, reconhece apenas direitos, não se reconhece devedor perante
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outras pessoas. Esta indiferença perante é a raiz da indiferença perante o próximo e perante a criação. É um aspeto importante que nem sempre se põe em relevo.
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AE - Que mais-valia oferece para este tema da conquista da paz o acreditar em Deus? PVP - O facto de haver pessoas solidárias que não acreditam em Deus… provavelmente estas pessoas não são tão indiferentes perante Deus como nós achamos ou elas próprias acham. A mais-valia tem a ver com isso e também em relação ao cuidado com a criação: reconhecer que não depende de nós aquilo que é bem |
e aquilo que é mal, temos alguém que nos é superior, temos um Pai comum, é esta a mais-valia. Já na encíclica ‘Laudato si’, o Papa fala na consciência de que há um Pai criador, o que leva a ter um respeito diferente pela criação, que é um dom de Deus, e temos de respeitá-la nessa medida. Não limitar à arbitrariedade do ser humano a relação com a natureza tem outro sentido quando o respeito é não pela natureza - que não é Deus -, mas é o |
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Criador que está por detrás dela e que nos faz este dom. Não podemos destruir o dom que recebemos.
AE - Em relação à caraterização da indiferença, será descabido fala, por exemplo, em guerra fria quando somos indiferentes em relação à paz? PVP - Podemos efetivamente falar em guerra fria, enfim, o Papa fala na terceira guerra mundial aos pedaços e aí não é tanto uma guerra fria. Tudo parte dessa indiferença, que leva a não reagir ou a reagir de uma forma insensível perante estas situações. Para além do diagnóstico da indiferença, a mensagem vale sobretudo pelo apelo que faz à conversão do coração. Aí é que se vence a guerra fria. É este calor - o Papa usa muito esta expressão do sentir forte o bater do coração quando está em jogo a dignidade humana, porque essa dignidade humana é um reflexo da imagem de Deus nas suas criaturas. Essa expressão diz bem daquilo que é o apelo do Papa à conversão: passar
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da indiferença à misericórdia. É este o apelo, também na linha do ano jubilar da misericórdia.
AE - O Papa faz esse apelo depois de referir que o ano de 2015 foi de guerra e dizer que com isso não devemos perder a esperança. PVP - No início da mensagem é muito significativo o facto de o Papa não ignorar o que representou este ano, com as guerras, atentados terroristas. Também vê o positivo da questão, faz referência aos acordos de Paris em relação às alterações climáticas, o que isso representa de sensibilização em relação ao futuro da humanidade, bem como ao facto de as nações terem acordado uma agenda na ONU de metas definidas para o desenvolvimento sustentável. São motivos para ter esperança e são reveladores de que o homem, com a graça de Deus, tem a capacidade para melhorar o mundo à sua volta. É também neste clima de esperança que o Papa faz este apelo à conversão. |
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AE – O ponto de partida é a conversão de coração. A misericórdia é a outra face da indiferença? PVP – É o contrário da indiferença, diz o Papa evocando a parábola do Bom Samaritano, dizendo que também nós arranjamos muitas vezes desculpas para não nos comprometermos, como ter muito que fazer, ter outras coisas em que passar e até o cumprimento de rituais. O Bom Samaritano debruça-se sobre o outro, faz seus os sofrimentos do outro… AE – Os exemplos que o Papa referiu, e que lembrou, como o acordo na Conferência de Paris, estão em sintonia com a personagem que ajuda na parábola do Bom Samaritano? PVP – Sim… São passos importantes que interessa por em relevo. Agora temos de esperar para que se concretizem…
AE – Isto para tentarmos perceber até que ponto hoje se concretiza a parábola do Bom Samaritano na causa da paz, onde a comunidade internacional tem um papel determinante… PVP – O Papa faz um tríplice apelo, no final da mensagem, às nações mais poderosas. Primeiro não arrastarem outros países para guerras ou |
conflitos que põem em causa as suas riquezas materiais e espirituais e também a sua integridade; depois a questão do cancelamento da dívida dos países mais pobres ou gestão sustentável dessa dívida; e um terceiro aspeto que tem a ver com políticas de cooperação, retomando uma crítica que tem sido feita por bispos africanos quando são condicionados à adoção de uma agenda ideológica. Fala-se mesmo numa colonização ideológica, que condiciona as ajudas à adoção de políticas orientadas pela ideologia do género ou condicionadas pela adoção de políticas favoráveis ao aborto. O Papa diz que isso não é de modo algum admissível.
AE – O Jubilei da Misericórdia é um convite a cada cristão ser compassivo, seja capaz de perdoar, de ajudar. Tudo atitudes que concretizam a atitude do Bom Samaritano. Mas que atitudes podem levar à construção da paz que sejam concretizações daquela parábola? PVP – O Papa fala da família das nações e da fraternidade. Trata-se de alargar o amor evangélico, que estamos habituados a ver numa perspetiva de reações pessoais, às relações internacionais: amar a |
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nação do outro como a nossa. O amor preferencial pelos pobres é um amor preferencial pelas nações mais pobres. O Papa deu esse exemplo ao abrir a Porta Santa na República Centro Africana, tornando-a a capital espiritual do mundo.
AE – O papa desafia também os legisladores de cada país, por exemplo em relação à abolição da pena de morte. Que sinal é este no século XXI? PVP – É um tema que nos pode passar um pouco à margem por Portugal ter sido um dos primeiros países a abolir a pena de morte. Mas temos de pensar na dignidade da pessoa, que não se perde mesmo quando comete crimes. O crime em si é indigno, mas a pessoa não perde a sua dignidade. Pedir a abolição da pena de morte refere-se também ao que o Papa fala sobre a finalidade reabilitativa da pena, que se refere também a outras penas alternativas à pena de prisão, que são mais eficazes na finalidade reabilitativa da pena. Ou seja a capacidade da pessoa se regenerar e se reinserir socialmente. Essas penas estão previstas no nosso código de Processo Penal, mas há uma certa resistência á sua aplicação e nem sempre são bem compreendidas pela opinião pública, sendo entendidas como verdadeiras penas
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O amor preferencial pelos pobres é um amor preferencial pelas nações mais pobres. O Papa deu esse exemplo ao abrir a Porta Santa na República Centro Africana, tornando-a a capital espiritual do mundo.
AE – Bem mais grave é a continuação da existência da pena de morte… PVP – Nos EUA ou na China, onde é aplicada com uma frequência muito grande. Para além da pena perder a função reabilitativa, há também uma contradição: se por um lado quer afirmar o valor que foi atingido pela prática de um crime, como de homicídio, afirma-se o valor da vida pondo em causa a vida do criminoso. Há uma certa contradição ao vencer o mal com outro mal e não com o bem, que consiste na função reabilitativa da pena. |
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AE – O Papa refere-se também à necessidade de colocar a pessoa humana no centro da definição de políticas sobre o acolhimento dos migrantes e dos refugiados ou da garantia de trabalho para todos… PVP – O Papa pede que a legislação dos Estados seja inspirada no valor da hospitalidade, do acolhimento, sem deixar de considerar direitos e deveres recíprocos, o que em Portugal tem uma atualidade particular uma vez que estamos a colher refugiados, que não são migrantes económicos… Sobre o desemprego, há um aspeto que o Papa põe em relevo e que nem sempre é considerado: o desemprego não tem a ver só com a privação de rendimentos, que pode ser suprida até certo ponto com um subsídio, mas tem a ver com a perda do sentido da dignidade e da esperança.
AE – Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa introduz o tema da comunicação social com alguma profundidade. Uma novidade? PVP – É provável que já noutras mensagens se tenham feitas referências. O tema vem a propósito de fomentar, promover uma cultura de solidariedade e de misericórdia |
para vencer a indiferença, onde a família tem um papel muito importante, a escola e os agentes culturais e de comunicação.
AE – O Papa faz uma referência à imagem…. PVP – O Papa refere jornalistas e fotógrafos, faz referência á imagem, porque através da imagem se põe em relevo acontecimentos que interpelam as consciências. E, ao mesmo tempo, o Papa também diz que “não vale tudo” para prosseguir o direito á informação. Os fins não justificam os meios.
AE – O Papa deixa dá conselhos deontológicos aos jornalistas? PVP – Os jornalistas já o deveriam saber, mas sim! O direito à informação não passa por cima de todos os outros direitos. É importante, como o Papa já tem dito várias vezes, e não se pode, com o objetivo de prosseguir esse direito e esse dever, sacrificar outros, como por exemplo a privacidade das pessoas, o respeito pela verdade, pela presunção da inocência…
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AE – A paz e a guerra “joga-se”, hoje no mundo dos média? PVP – O genocídio que ocorreu no Ruanda é um exemplo extremo: diz-se que foi motivado que uma determinada rádio fez. Por vezes, não se pensam nas consequências de uma simples palavra, que pode ser tão ou mais grave do que atingir uma pessoa com um aofensa corporal ou com um tiro de pistola. Pode-se ferir uma pessoa ou matá-la com palavras incitamento ao ódio e à violência. Isto, no entanto, não significa por em causa a liberdade de expressão e trata-se de um aspeto negativo do uso da comunicação social. Há um positivo, que leva a vencer a indiferença. É através da comunicação social que sabemos o que se passa com os refugiados, no mediterrâneo. A comunicação social é o primeiro passo para vencer a indiferença.
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AE – O Papa fala também no envolvimento de cada um do que está ao seu alcance fazer. Que indicações deixa Francisco para o compromisso de cada pessoa na causa da paz? PVP – Na parte final da Mensagem, o Papa apela a compromissos concretos, antes de se referir aos dos Estados e da comunidade internacional, pedindo para mudar realidades na família, na vizinhança, no trabalho. E refere-se também às comunidades cristãs, pedindo-lhes que sejam oásis de misericórdia, para que a sociedade veja nos cristãos o que é a misericórdia de Deus.
AE – De que forma, por exemplo? PVP – Há um aspeto que me preocupa muito: a perseguição e o Êxodo dos cristãos do Médio Oriente. Nós podemos em primeiro lugar rezar e também sensibilizar os responsáveis para a gravidade desta situação.
AE – Não será demasiado tarde nós acordarmos quando os conflitos estão à nossa porta, como foi o caso dos atentados de Paris? PVP – O que aconteceu em Paris já tinha acontecido no Iraque, há alguns
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Tem de haver coerência entre aquilo que fazemos no nosso dia-a-dia e o que esperamos dos outros e dos responsáveis políticos.
meses, a uma escala maior, e a reação que houve na altura não foi semelhante à dos atentados de Paris. Não digo que foi de total indiferença. Mas…
AE – Que desafios para o quotidiano de cada pessoa? PVP – Nós podemos ler estas mensagens do Dia Mundial da Paz como dirigidas às pessoas que mais diretamente são responsáveis pela paz. Mas há sempre um aspeto que passa por cada um de nós, pelo quotidiano. Uma coisa não exclui a outra. Tem de haver coerência entre aquilo que fazemos no nosso dia-a-dia e o que esperamos dos outros e dos responsáveis políticos. |
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A paz em caixa alta e em horário nobre |
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Se é mais notícia o homem que morde o cão do que o cão que morde o homem, também, infelizmente, não admira que, nos média, a guerra mereça mais títulos de caixa alta do que a paz. Remando contra a “globalização da indiferença”, o Papa Francisco, no presente Jubileu da Misericórdia (8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016) e na perspetiva do próximo Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2016), defende que “os agentes culturais e dos meios de comunicação social têm responsabilidades no campo da educação e da formação”. O tema daquele Dia Mundial, “Vence a indiferença e conquista a paz”, é sugestivo e dirige-se em especial aos profissionais dos média, convidando-os a “colocar-se ao serviço da verdade e não de interesses particulares”. O Papa elogia-os quando informam a opinião pública sobre “as situações difíceis que interpelam as consciências”. Louva, também, sacerdotes e missionários, “bons pastores”, que “se comprometem na defesa dos direitos humanos, em particular os direitos das minorias étnicas e religiosas, dos povos indígenas, das mulheres e das crianças, e de quantos vivem em |
condições de maior vulnerabilidade”. Enaltece, ainda, as famílias que, no meio de “inúmeras dificuldades laborais e sociais”, se esforçam concretamente por educar os seus filhos “nos valores da solidariedade, da compaixão e da fraternidade”. Agradece a todas as pessoas, famílias, paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários que “responderam prontamente” ao seu apelo de acolher uma família de refugiados. Na sequência da sua encíclica, “Laudato si”, sobre a ecologia, o Papa Francisco lamenta que “a primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença para com Deus, da qual deriva também a indiferença para com o próximo e a criação”. Em pleno Jubileu da Misericórdia, sustenta que os católicos são “chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida”. O Papa Francisco, como diz o cardeal alemão Wlater Kasper, tem marcado o seu pontificado pela “revolução do amor e da misericórdia”. Consciente de que 2015 foi marcado por “trágicas consequências de |
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sequestros de pessoas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos”, o Papa retoma a ideia de uma ‘terceira guerra mundial aos pedaços’. Mas nem por isso perde a esperança, convidando-nos à esperança de vencermos o mal e a indiferença. Como bom otimista, o Papa sublinha que 2015 teve aspetos positivos: Cimeira do Clima de Paris (COP21), que procurou “novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra”; e Cimeira de Adis-Abeba, para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo, e à adoção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Também foi um “ano especial para a Igreja”, nomeadamente por causa do cinquentenário do encerramento do Concílio Vaticano II e o início do Jubileu da Misericórdia que convida
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a Igreja “a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de perdoar e dar, de abrir-se àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais”. “Não perdemos a esperança – sublinha - de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz” . Uma esperança assim pode ser notícia de primeira página e abrir os horários nobres da Rádio e da Televisão, enriquecendo também as redes sociais. Só é preciso que a galáxia de Gutenberg e galáxia digital tenham maneiras e privilegiem mais a paz do que a guerra. Rui Osório Jornalista e pároco da Foz do Douro |
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A religião e a paz |
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Hoje vivemos tempos conturbados. Como nos tem dito frequentemente o Papa Francisco vivemos “uma terceira guerra mundial por pedaços”. Hoje há tantos conflitos espalhados por todo o mundo. Os números falam por |
si, mais de 60 milhões de refugiados em todo o mundo devido a conflitos, perseguições religiosas e motivos económicos. Hoje assistimos à utilização indevida da religião como um factor para fomentar a guerra. Muitos dos grupos radicais activos em países como a Síria, Iraque, Paquistão, Afeganistão, Nigéria, Sudão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Mali, etc, utilizam a religião para incitar ódios, vinganças, perseguições, torturas e até mortes. Mas estes grupos apenas |
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usam a religião para suster os seus próprios fins, meramente por razões de poder e riqueza próprias. Hoje mais do que nunca precisamos e procuramos a paz. Hoje, mais do que nunca, procuramos a esperança num mundo melhor, mais justo e mais seguro. Por isso, é tão significativo este Ano do Jubileu da Misericórdia. Este Jubileu é também um jubileu da esperança colocada no centro da nossa vida. A abertura desta Porta Santa é também a abertura da Porta da Esperança, da Porta da Confiança na Divina Misericórdia. E nós, Cristãos, temos este dever de levar esperança, de levar paz e perdão onde há necessidade. Nós, Cristãos temos o dever de levar aos outros, através do nosso exemplo, esta mensagem de paz, amor, perdão e esperança a todos, a começar na nossa família, nos nossos vizinhos, amigos, local de trabalho e a toda a sociedade. Na mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco apela a que cada um de nós vença a indiferença e conquiste a paz. O Papa Francisco mais uma vez apela ao melhor de cada ser humano e incita-nos a sermos cada vez melhores, incita-nos a ir para asperiferias, acolher os nossos irmãos, sermos solidários. Incita-nos a não sermos indiferentes.
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Num testemunho dado à Fundação AIS pelo Padre Douglas Bazi, padre iraquiano que foi perseguido, sequestrado e torturado, este padre lança-nos um desafio: “Acordem! Se ficarem calados é como se concordassem com os que nos perseguem! Por favor, não se calem. Não sejam meros espectadores, ajam e acordem.” Esta é também a missão da Fundação AIS, dar voz aos que não a têm, dar a conhecer a situação que tantos nossos irmãos vivem hoje e apoiá-los através da nossa oração e solidariedade. Este desafio é para mim, é para si, é para cada um de nós que quer ser e ter um papel activo no combate à indiferença e à construção da paz no mundo. Não podemos continuar a assistir do nosso “sofá” ao que se está a passar no mundo. Temos de ser activos. Temos de ACORDAR! Catarina Martins de Bettencourt Directora Nacional da Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre) |
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O Natal ou a história de Deus
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São muitas as histórias e as cenas bíblicas que nos falam do drama dos estrangeiros e dos refugiados em particular. Em muitas delas podemos encontrar acontecimentos de uma dimensão tão atual que poderíamos dizer que as coisas não mudaram muito desde os primórdios da humanidade. Reconhecemos por exemplo, o estrangeiro (Abraão) que sai da sua terra e deixa a sua família para ir para uma outra terra (a prometida) ou os imigrantes económicos (os filhos de Jacob) que têm que ir para o Egipto em busca de alimento para as suas famílias e rebanhos por causa da seca que os atingia, e podemos até ver um povo em fuga e refugiado no deserto (o Êxodo). Hoje, milhões de seres humanos em todo o mundo continuam a ser obrigados a deixar as suas famílias e países de origem para procurar noutros lugares melhores condições de vida. Na maioria dos casos, fogem para salvar a vida e garantir a proteção e a dignidade fundamentais a qualquer ser humano. Atravessamos hoje uma crise humanitária sem precedentes e todos os dias vemos imagens das vítimas das guerras e conflitos armados que trazem
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consigo um longo lastro de refugiados – sobretudo mulheres e crianças –, e dos campos onde o alimento principal é a esperança de chegar a um lugar seguro. É essencial que estas imagens, estas histórias que se repetem todos os dias, não nos deixem indiferentes. Tal como pede o Papa Francisco na sua Mensagem para a Celebração do Dia Mundial da Paz “a indiferença constitui uma ameaça para a família humana”. É preciso que continuemos a trabalhar juntos para que a Paz e a Justiça tenham lugar no mundo. Há na Bíblia uma história, por sinal uma das mais importantes e decisivas de todas. A história de como o próprio Deus se fez Homem e entrou no mundo como um pobre e não com a pompa e poder que imaginámos. E porque se fez pobre (e estrangeiro) não lhe demos abrigo entre os habitantes da cidade. Porque era humilde, apenas os estrangeiros (os magos) e os simples (os pastores) o visitaram. E porque se tornou uma ameaça aos poderosos, teve que fugir para outro país e aí viveu como refugiado até poder regressar.
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Estrela, gruta, manjedoura, boi, burro, ovelha, pastor, anjo, José, Maria… quem somos hoje no presépio do mundo? Era bom que não fossemos Herodes. Talvez valha a pena neste Natal ir ao encontro do Deus que se |
tornou migrante, sem abrigo e refugiado, tal como os que podemos encontrar hoje nas nossas cidades.
André Costa Jorge |
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Esquecimento de Deus leva a indiferença para com o próximo e a criação |
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O Papa denuncia na sua mensagem para o 49.º Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2016) as consequências do esquecimento de Deus nas relações entre os seres humanos e na natureza. “A primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença para com Deus, da qual deriva também a indiferença para com o próximo e a criação”, escreve, no documento, intitulado ‘Vence a indiferença e conquista a paz’. Retomando as reflexões da encíclica ‘Laudato si’, Francisco sustenta que “a poluição das águas e do ar, a exploração indiscriminada das florestas, a destruição do meio ambiente são, muitas vezes, resultado da indiferença do homem pelos outros, porque tudo está relacionado”. “De igual modo, o comportamento do homem com os animais influi sobre as suas relações com os outros, para não falar de quem se permite fazer noutros lugares aquilo que não ousa fazer em sua casa”, acrescenta. Numa mensagem em que reforça alertas contra o fenómeno da “globalização da indiferença”, |
o Papa admite que há quem esteja bem informado, mas ainda assim viva “quase numa condição de rendição”, somando-se às pessoas “surdas ao grito de angústia da humanidade sofredora”. “A nível individual e comunitário, a indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e da apatia, que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social”, precisa. Francisco fala ainda de consequências ao nível institucional da indiferença pelo outro, “de braço dado com uma cultura orientada para o lucro e o hedonismo”, que “favorece e às vezes justifica ações e políticas que acabam por constituir ameaças à paz”. |
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“Este comportamento de indiferença pode chegar inclusivamente a justificar algumas políticas económicas deploráveis, precursoras de injustiças, divisões e violências, que visam a consecução do bem-estar próprio ou o da nação”, adverte. O Papa observa que a indiferença pelo ambiente cria “novas pobrezas, novas situações de injustiça”, com consequências “muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social”.
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Em pleno Jubileu da Misericórdia, o Papa sustenta que os católicos são “chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida”. “A solidariedade constitui a atitude moral e social que melhor dá resposta à tomada de consciência das chagas do nosso tempo e da inegável interdependência que se verifica cada vez mais, especialmente num mundo globalizado, entre a vida do indivíduo e da sua comunidade”, refere. |
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Manter esperança após ano marcado por guerras e atos terroristas |
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O Papa convida a humanidade a manter a esperança depois de um ano marcado, “do princípio ao fim, por guerras e atos terroristas”. Francisco alude às “trágicas consequências de |
sequestros de pessoas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos”, retomando a ideia de uma ‘terceira guerra mundial aos pedaços’. “Alguns acontecimentos dos últimos anos e também do ano de 2015, no entanto, incitam-me, com o novo ano em vista, a renovar a exortação a não perder a esperança na capacidade que o homem tem, com a graça de Deus, de superar o mal, não se rendendo à resignação nem à indiferença”, defende. Segundo o Papa, estes acontecimentos representam a capacidade de a humanidade “agir solidariamente, perante as situações críticas, superando os interesses individualistas, a apatia e a indiferença”. Entre os aspetos positivos do ano que passou, Francisco destaca a Cimeira do Clima de Paris (COP21), que procurou “novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra”. O Papa fala ainda da Cimeira de Adis-Abeba, para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo, e à adoção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. |
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Francisco observa depois que 2015 foi um “ano especial para a Igreja”, nomeadamente por causa do cinquentenário do Concílio Vaticano II. A este respeito, a mensagem fala em particular de dois documentos – ‘Nostra aetate’ e ‘Gaudium et spes’ – como “expressões emblemáticas da nova relação de diálogo, solidariedade e convivência que a Igreja pretendia introduzir no interior da humanidade”. “Nesta mesma perspetiva, com o Jubileu da Misericórdia, quero convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de perdoar e dar, de abrir-se àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais”, |
acrescenta o Papa. Francisco apela a uma “atitude de corresponsabilidade solidária” para a construção de uma verdadeira fraternidade. “Fora desta relação, passaríamos a ser menos humanos. É por isso mesmo que a indiferença constitui uma ameaça para a família humana. No limiar dum novo ano, quero convidar todos para que reconheçam este facto, a fim de se vencer a indiferença e conquistar a paz”, apela. O Papa manifesta a “convicção” de que Deus “não abandona a humanidade”. “Com efeito, não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz”, sublinha. |
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Perdão da dívida para países mais pobres
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O Papa apela a uma “eliminação ou gestão sustentável” da dívida internacional dos Estados mais pobres, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2016. “Os líderes dos Estados são chamados também a renovar as suas relações com os outros povos, permitindo a todos uma efetiva participação e inclusão
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na vida da comunidade internacional, para que se realize a fraternidade também dentro da família das nações”, defende Francisco.
O Papa deixou um “triplo apelo” aos responsáveis políticos, para que não procurem “arrastar os outros povos para conflitos ou guerras que destroem não só as suas riquezas
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materiais, culturais e sociais, mas também – e por longo tempo – a sua integridade moral e espiritual”. Além do “apelo à eliminação ou gestão sustentável da dívida”, Francisco pede também a “adoção de políticas de cooperação que, em vez de submeter à ditadura dalgumas ideologias, sejam respeitadoras dos valores das populações locais e, de maneira nenhuma, lesem o direito fundamental e inalienável dos nascituros à vida”. A mensagem defende depois a necessidade de “repensar as legislações” sobre os migrantes, lembrando que a clandestinidade “traz consigo o risco de os arrastar para a criminalidade”. Francisco espera que os Estados cumpram “gestos concretos, atos corajosos a bem das pessoas mais frágeis da sociedade, como os reclusos, os migrantes, os desempregados e os doentes”. Relativamente aos reclusos, o texto propõe “medidas concretas” para melhorar as suas condições de vida |
nos estabelecimentos prisionais, prestando especial atenção àqueles que estão privados da liberdade à espera de julgamento.
“Neste contexto, desejo renovar às autoridades estatais o apelo a abolir a pena de morte, onde ainda estiver em vigor, e a considerar a possibilidade duma amnistia”, acrescenta.
Poucos dias depois do início do Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016), o Papa pede “gestos concretos” em favor dos que sofrem pela “falta de trabalho, terra e teto”. “Penso na criação de empregos dignos para combater a chaga social do desemprego, que lesa um grande número de famílias e de jovens”, explica.
A mensagem deixa votos em favor de um “compromisso diário por um mundo fraterno e solidário”. “No espírito do Jubileu da Misericórdia, cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive”, conclui.
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Jornalistas e agentes culturais na construção da Paz |
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O Papa defende na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz que os media e o mundo da cultura têm responsabilidade na educação das novas gerações e na formação da opinião pública. “Também os agentes culturais e dos meios de comunicação social têm responsabilidades no campo da educação e da formação, especialmente na sociedade atual onde se vai difundindo cada vez mais o acesso a instrumentos de informação e comunicação”, escreve Francisco. A mensagem dirige-se em particular aos profissionais dos media, convidando-os a “colocar-se ao serviço da verdade e não de interesses particulares”. “Os agentes culturais e dos meios de comunicação social deveriam também vigiar para que seja sempre lícito, jurídica e moralmente, o modo como se obtêm e divulgam as informações”, acrescenta. Esta passagem do texto pode ser vista como uma indireta alusão ao caso de furto e divulgação de documentos confidenciais da Santa Sé,
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atualmente a ser julgado no Vaticano. O Papa elogia, depois, os jornalistas e fotógrafos, que informam a opinião pública sobre “as situações difíceis que interpelam as consciências” e naqueles que “se comprometem na defesa dos direitos humanos, em particular os direitos das minorias étnicas e religiosas, dos povos indígenas, das mulheres e das crianças, e de quantos vivem em condições de maior vulnerabilidade”. “Entre eles, contam-se também muitos sacerdotes e missionários que, como bons pastores, permanecem junto dos seus fiéis e apoiam-nos sem olhar a perigos e adversidades, em particular durante os conflitos armados”, acrescenta. Francisco saúda também as famílias que, no meio de “inúmeras dificuldades laborais e sociais”, se esforçam concretamente por educar os seus filhos “nos valores da solidariedade, da compaixão e da fraternidade”. “Quantas famílias abrem os seus corações e as suas casas a quem está necessitado, |
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como os refugiados e os emigrantes”, prossegue. Neste contexto, o Papa agradece a todas as pessoas, famílias, paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários que “responderam prontamente” ao seu apelo de acolher uma família de refugiados. “A solidariedade como virtude moral e comportamento social, fruto da |
conversão pessoal, requer empenho por parte duma multiplicidade de sujeitos que detêm responsabilidades de carácter educativo e formativo”, observa ainda.
A mensagem do Papa para o 49.º Dia Mundial da Paz pode ser lida aqui na íntegra |
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Jubileu da Misericórdia online |
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www.iubilaeummisericordiae.va/
Quase todos nós vimos no passado dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco a abrir a Porta Santa da Basílica de São Pedro, dando início assim ao vigésimo nono Jubileu da Igreja Católica. "Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia", pediu o Papa Francisco, na homilia. Também no passado domingo, na maioria das catedrais das dioceses de Portugal, se deu início ao Jubileu da Misericórdia com a abertura da Porta Santa. Sendo que no território nacional existem cento e cinquenta e uma igrejas jubilares com a “porta da Misericórdia”. Todos estes factos são razões mais do que suficientes para esta semana propor uma visita ao sítio, criado pelo Vaticano, inteiramente dedicado a este enorme acontecimento da Igreja Católica. |
No endereço www.iubilaeummisericordiae.va, encontramos um espaço virtual disponível em português, espanhol, italiano, polaco, alemão, francês e inglês. |
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Na página inicial além dos habituais destaques, temos ligações para as principais redes sociais (twitter, facebook, instagram, youtube, google plus, flickr) e ainda alguns vídeos que mostram o início deste jubileu que tem como lema “Misericordiosos como o Pai”. Em “jubileu” encontramos todos os conteúdos que nos ajudam a perceber as razões da existência deste Ano Santo Extraordinário. Desde a carta que o Sumo Pontífice escreveu, no dia 1 de setembro, ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, passando pelo próprio texto e vídeo onde o Papa Francisco anunciou este Ano Santo. Podemos ainda consultar a Misericordiae Vultus, bula de convocação do Jubileu da Misericórdia, rezar a oração própria e perceber um pouco melhor o logotipo escolhido para melhor representar este ano onde "deveremos crescer |
na convicção da misericórdia".
Na opção “jubileu no mundo”, facilmente descobrimos quais as Portas da Misericórdia nas Dioceses de todo o mundo, quais as iniciativas relacionadas com o Jubileu organizadas globalmente e ainda aceder a alguns documentos produzidos pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização com informações úteis sobre a realização do Jubileu da Misericórdia no Mundo.
Por último em “jubileu em Roma”, acedemos ao calendário e a outras informações adicionais de todos os grandes eventos que irão decorrer ao longo deste ano na cidade eterna. Penso que facilmente se percebe o relevo que este espaço virtual irá possuir ao longo deste ano, sugiro portanto que o adicionem ao vossos favoritos e o consultem com a devida regularidade. Fernando Cassola Marques |
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Encerramento da Campanha
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“Um Sorriso para o Natal” na Cáritas Diocesana de Viana do CasteloA Cáritas Diocesana de Viana do Castelo, continuando a prestar o apoio aos que mais precisam e promovendo a solidariedade, a justiça e a paz no caminho de um mundo melhor, vai desenvolver, nos próximos dias 16, 17 e 18 de dezembro, a iniciativa “Um Sorriso para o Natal”. Esta iniciativa pretende contribuir com um total de 203 cabazes de Natal, que vão ser distribuídos por várias famílias da diocese, apoiando um total de 430 pessoas. No dia 18, no âmbito da ação “Um Brinquedo por Um Sorriso”, serão também entregues, no Convento de S. Domingos, 82 brinquedos a crianças. |
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II Concílio do Vaticano- 50 anos depois apareceu Francisco |
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Quando se comemora o cinquentenário do encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-1965), a Igreja vive uma nova primavera com o Papa argentino que escolheu o nome de Francisco. Foi esta escolha, um fruto do concílio convocado por João XXIII? Numa entrevista concedida à Revista «América» (30 de março de 1963) o cardeal Giuseppe Siri, arcebispo de Génova e presidente da Conferência Episcopal Italiana, dizia: “serão precisos cinquenta anos para que se vejam bem os resultados do concílio”. Ao fazer um balanço da primeira sessão do II Concílio do Vaticano (outubro a dezembro de 1962), o cardeal Siri realça também que certos “frutos importantes” apareceram logo na altura. “Primeiro que tudo, a Igreja vê já mais claramente o trabalho que se lhe apresenta para os próximos cem anos”. Segundo o presidente da Conferência Episcopal Italiana da altura, “foi uma decisão sábia e providencial” começar o trabalho do concílio pelo estudo do esquema sobre a liturgia. As suas palavras são elucidativas: “o culto de Deus é a nossa função primeira e fundamental, enquanto verdadeiros membros da Igreja”. Na entrevista traduzida para português (in: Lumen, dezembro de 1963, Fasc XII), o cardeal italiano e padre conciliar sublinha que foi igualmente “providencial” ter estudado a questão “da unidade de todos os cristãos e de todos os homens”. Ao fazer a antevisão da segunda sessão do concílio, o cardeal Giuseppe Siri salienta que era fundamental “reduzir o número dos esquemas” e apela também |
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aos que escrevem sobre esta assembleia magna para “não se lançarem em conjecturas quanto aos seus resultados”. Em relação aos artigos, publicados em abundância na altura da realização do concílio, o arcebispo de Génova realça que existiam “muitos livros” que apresentavam as questões religiosas “completamente alheios aos sãos princípios da erudição”. Em relação à doutrina social da Igreja e aos problemas sociais que o mundo de então vivia, o padre conciliar declarou que o II Concílio do Vaticano |
“não tem decretos ou leis a dar sobre este assunto”, visto que ele já foi “profundamente tratado” nas encíclicas dos papas, desde a Rerum Novarum, de Leão XIII, à Mater et Magistra, de João XXIII. Como bispo, o entrevistado realça: “devemos insistir no estudo das encíclicas em vez de fazer uma apresentação em conjunto, deste assunto, no concílio”. No entanto – adianta o cardeal Siri – “seria muito útil que o concílio apresentasse mensagens ou declarações sobre certos problemas sociais”. |
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dezembro 2015 |
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18 de dezembro. Itália – Roma - O Papa Francisco abre a Porta Santa da Caridade, no contexto do Ano Jubilar da Misericórdia, no albergue da Cáritas Diocesana de Roma
. Lisboa - Cidade Universitária (Cantina 1) -Festa de Natal com as pessoas sem-abrigo promovida pela Comunidade Vida e Paz (até 20 de dezembro)
. Lisboa - Basílica dos Mártires -Missa de Natal da GNR presidida por D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e de Segurança
. Açores - Ponta Delgada (Igreja do Colégio dos Jesuítas), 20h30 -Apresentação do livro «A Igreja em Diálogo com o Mundo» de D. João Lavrador por Carmo Rodeia
. Setúbal - Azeitão (Capela da Aldeia da Piedade), 21h - Concerto singelo de Natal pelo Coro Gospel de Azeitão
. Porto - Teatro Rivoli, 21h15 - Debate sobre «Religião e Portugal» com a participação de D. Manuel Clemente e António Barreto
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. Lisboa - Igreja de São Roque, 21h30 - Concerto de Natal dos «Figo Maduro»
19 de dezembro. Lisboa - Mosteiro das Monjas Dominicanas - Encontro de Advento sobre «O anúncio dos anjos: "Paz na terra aos homens que ele tanto ama"» orientado por Luisa Almendra e promovido pela Fundação Betânia
. Lisboa - Do Arco da Praça do Comércio até à Basílica dos Mártires, 16h -Via da Alegria integrada no «Presépio da Cidade»
. Lisboa - Praça do Comércio, 17h30 - A Cáritas de Lisboa promove uma vigília pela paz, pelos migrantes e todos os refugiados, com os líderes das igrejas cristãs e de outras confissões religiosas presentes na diocese
. Lisboa - Basílica dos Mártires, 18h30 - Bênção das grávidas integrada na iniciativa «Presépio da Cidade»
. Algarve - Silves (Sé), 19h - Abertura da porta jubilar na Sé de Silves
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. Setúbal - Azeitão (Igreja de Vila Nogueira de Azeitão), 19h30 - Concerto de Natal pelo Coral da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense
.Aveiro - Gafanha da Encarnação (Igreja Matriz), 21h - Concerto de Natal encenado «Venite Adoremus» promovido por «Pedras Vivas»
. Lisboa - Igreja de Linda-a-Velha, 21h - Apresentação da cantata do Sínodo Diocesano de Lisboa
20 de dezembro. Algarve - Tavira e Portimão -Abertura das portas jubilares em Portimão e Tavira
. Fátima - Centro Pastoral Paulo VI, 15h - Concerto de Natal pela orquestra «Os violinhos»
. Coimbra - Taveiro (Igreja matriz), 16h30 -Concerto de Natal promovido pela FAIS
. Setúbal - Azeitão (Igreja de Vila Fresca de Azeitão), 17h - Músicas de Natal pelo pianista Nuno Lopes e o tenor Marcos Santos
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. Lisboa - Largo do Rato (Igreja de Nossa Senhora da Conceição), 17h45 - Passeio solidário de Natal em BTT promovido pelo núcleo de BTT e Desportos na Natureza da Universidade Lusíada
. Lisboa - Alfragide (Igreja da Divina Misericórdia), 21h30 - Concerto de Natal na Igreja da Divina Misericórdia (Alfragide) pela «Educação pela Música»
21 de dezembro. Évora - Estabelecimento prisional -O Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel Linda, visita o estabelecimento prisional de Évora
24 de dezembro. Porto: «Natal dos Sós» em Campanhã - Iniciativa «Natal dos Sós» da Paróquia da Campanhã
26 de dezembro. Lisboa - Igreja Matriz de Algés, 17h - Oração pelos refugiados na Igreja de Algés
28 de Dezembro de 2015 a 01 de Janeiro de 2016.Espanha - Encontro europeu de jovens de Taizé em Valência
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Esta sexta-feira Lisboa recebe mais uma festa de Natal com as pessoas sem-abrigo promovida pela Comunidade Vida e Paz e que se prolonga até dia 20 de dezembro.
E pela capital o sábado é recheado de iniciativas, pelas 16h, Do Arco da Praça do Comércio até à Basílica dos Mártires, vai acontecer a Via da Alegria integrada no «Presépio da Cidade» e pelas 18h30, na Basílica dos Mártires, a bênção das grávidas integrada na iniciativa «Presépio da Cidade». Já pela Praça do Comércio, às 17h30, a Cáritas de Lisboa promove uma vigília pela paz, pelos migrantes e todos os refugiados, com os líderes das igrejas cristãs e de outras confissões religiosas presentes na diocese
E porque os dias que se avizinham são de espírito natalício a música ganha um papel central… O Concerto de Natal dos Movimentos de Jovens Católicos (EJNS, CL, CUPAV e Schoenstatt) acontece este sábado, pelas 21h, e este domingo, pelas 15h, na Igreja da Encarnação, em Lisboa, e reverte a favor do “Apoio à Vida”.
No dia 20, domingo, em Fátima - Centro Pastoral Paulo VI, pelas 15h acontece o Concerto de Natal pela orquestra «Os violinhos» e em Coimbra, Taveiro (Igreja matriz), às 16h30 o Concerto de Natal promovido pela FAIS.
Em Setúbal, na Igreja de Vila Fresca de Azeitão, às 17h ouvem-se músicas de Natal pelo pianista Nuno Lopes e o tenor Marcos Santos e às 21h30 acontece na Igreja da Divina Misericórdia de Alfragide o Concerto de Natal pela «Educação pela Música». |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h30Domingo, 20 de dezembro - Presépio no Bairro
RTP2, 15h30 Segunda-feira, dia 21 - Entrevista ao padre Manuel Augusto e a José Eduardo Franco sobre o Natal no mundo.
Terça-feira, dia 22 - Informação e entrevista a Eugénio Fonseca sobre a campanha "Dez Milhões de Estrelas - Um gesto pela Paz"
Quarta-feira, dia 23 - Informação e entrevista a Henrique Joaquim sobre o Natal da Comunidade Vida e Paz
Quinta-feira, dia 24 - Ceia de Natal: a proposta do chefe Lavrador numa mesa multicultural da Universidade de Coimbra
Sexta-feira, dia 25 - "O Natal" pelo padre José Tolentino Mendonça
Antena 1 Domingo, dia 20 de dezembro - 06h00 - O Natal: vivências diferentes e música
Segunda a sexta-feira, 21 a 25 de dezembro - 22h45 - Presépio passo a passo: Camelos, Panos, Anjos, Galo e Menino Jesus - memórias de Natal em Taiwan e Brasil; Missa do Parto no Hospital Sta. Maria; a celebração do Natal e o livro "Natal Intemporal". |
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Ano C – 4.º Domingo do tempo do Advento |
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Contemplar e espalhar o amor misericordioso de Deus |
Estamos em quarto domingo do Advento, na véspera do Natal. Os vários textos da liturgia da Palavra centram-nos na missão de Jesus: propor um projeto de salvação e de libertação que leve os homens a descobrir a verdadeira felicidade. A primeira leitura sugere que o mundo novo que Jesus nos traz, com o nome de Paz, é um dom do amor de Deus. A segunda leitura indica que a missão libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de proximidade entre Deus e os homens. «Eis-me aqui para fazer a vossa vontade». Nestes últimos dias em que preparamos o Natal, somos convidados a contemplar a ação de um Deus que ama de tal forma os homens que envia ao nosso encontro o seu Filho, a fim de nos conduzir à comunhão com Ele. O nosso sim só pode ser de obediência e disponibilidade. O Evangelho sugere que esse projeto de Deus tem um rosto: Jesus de Nazaré que encarna na nossa humanidade. E Maria, sua e nossa mãe, aparece como modelo de fé. «Feliz aquela que acreditou». Aí está Maria, mulher de fé e de misericórdia, para nos indicar o caminho neste Ano da Misericórdia. No fecundo encontro com a sua prima Isabel, aponta-nos o caminho da verdadeira peregrinação: ir ao encontro do outro, permanecer nele, junto dele, em plena atitude gratuita. É o mistério profético da visitação do próximo. Sejamos cristãos, levados pelo exemplo de Maria. Em vésperas de Natal, sejamos apressados, como Maria: ponhamo-nos a caminho rapidamente! E que algo faça mexer e estremecer em nós: as palavras que nos foram |
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ditas da parte do Senhor, procuremos levá-las aos irmãos que vivem sem esperança. É quase Natal, o de ontem, de hoje e de sempre, permanente convite a contemplar o mistério que acontece perante o nascer da vida. Contemplação também do rosto do pobre em Jesus encarnado e em tantos seres humanos desencarnados. Estes olhares contemplativos em concreta ação nunca são facultativos. São sempre de obrigação, a tal que nos vem da fé e do acolhimento da Boa Nova, que envolve atenções, visitações e permanências junto do pobre, seja qual for, porque sempre rosto de Cristo. |
Ai de nós se não contemplarmos. Que a contemplação do Amor de Deus em tempo de Natal nos faça contemplar os próximos com todo o nosso ser e agir.
À semelhança de Maria, procuremos ser sempre anunciadores de boas novas, sempre denunciadores de situações de bradar aos céus e gritar nas terras, sempre visitadores de pessoas que exigem o nosso estar e permanecer, como Maria. Votos de um Santo Natal, fecundado pela misericórdia de Deus encarnada no seu Filho Jesus Cristo!
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.pt |
Papa abre caminho a beatificação
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O Papa aprovou a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ da irmã Teresa de Saldanha (1837-1916), que recebe assim o título de ‘venerável’. Esta é uma fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade, após o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão. A fundadora da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena criou ainda a Associação Protetora de Meninas Pobres (1859), hoje Associação Promotora da Criança, tendo-se destacado no panorama nacional como educadora, através de uma pedagogia personalista. Proveniente de uma família nobre, envolveu-se na educação de crianças pobres e na alfabetização e promoção de raparigas operárias, através de aulas externas. A primeira mulher a fundar uma congregação em Portugal, após a extinção das ordens religiosas no século XIX, ficou também conhecida como pintora e pelos seus escritos. |
À data da sua morte tinha fundado 27 casas: 17 em Portugal; seis no Brasil; uma na Bélgica; duas nos EUA; e uma em Espanha. O processo de canonização foi aberto em Portugal a 6 de novembro de 1999 e entregue em Roma a 14 de fevereiro de 2002. |
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A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público
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universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade |
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Conclusão do Ano da Vida Consagrada
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A Semana conclusiva do Ano da Vida Consagrada será realizada de 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2016. Promovido pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, o encontro internacional vai reunir sob o lema “Vida consagrada em comunhão” as novas formas de vida consagrada, ordo virginum, institutos seculares, contemplativas, religiosos/as, de vida apostólica. O encontro terá lugar em Roma e será realizado em cinco línguas: italiano, espanhol, inglês, francês e português. São esperados cerca de seis mil consagrados provenientes de todo o mundo. A Semana terá início no dia 28 de janeiro, às 18h00, com uma Vigília de oração na Basílica de São Pedro. No dia 29, será realizado um encontro na Sala Paulo VI, reunindo todas as formas de vida consagrada, para refletir sobre os elementos essenciais da vida consagrada. |
Nos dias 30 e 31 de janeiro, cada forma de vida consagrada participará num programa próprio. As contemplativas encontrar-se-ão na Universidade Urbaniana, a Ordem das Virgens vai encontrar-se na Universidade Antonianum, os Institutos Seculares no Augustinianum e os religiosos e religiosas de vida apostólica na Universidade Lateranense. No dia 1 de fevereiro tem lugar o encontro com o Papa na Sala Paulo VI, para uma reflexão conjunta sobre o tema “Consagrados hoje na Igreja e no mundo, provocados pelo Evangelho”. Na manhã do dia 2 de fevereiro está prevista uma peregrinação, no âmbito do Ano da Misericórdia, às Basílicas de São Paulo fora de muros e de Santa Maria Maior. Na parte da tarde, o Papa Francisco presidirá à Missa na Basílica de São Pedro. As inscrições e mais informações podem ser encontradas no site da Congregação para a Vida Consagrada (www.congregazionevitaconsacrata.va).
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Fundação AIS lança campanha “online”
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É um pequeno filme que incomoda. Em pouco mais de cinco minutos passam, diante dos nossos olhos, imagens das atrocidades cometidas contra os Cristãos no Médio Oriente nos últimos anos. É impossível ficar indiferente. Este filme provoca as nossas consciências. O que temos feito, de facto, pelos Cristãos que nos pedem ajuda?
A Fundação AIS lançou uma campanha que está a passar nas redes sociais e que tem como objectivo denunciar os crimes cometidos contra os Cristãos no Médio Oriente, em especial no Iraque e na Síria. Mais do que denunciar esses crimes, este pequeno filme, lança-nos uma inquietante questão: temos feito o suficiente para denunciar ao mundo a tragédia que se abateu sobre as comunidades cristãs às mãos dos extremistas muçulmanos? O filme intitula-se “Wake Up! Acordem!”. O nome diz tudo. Produzido em parceria com a HM television, este filme dá voz a algumas pessoas que sentiram na pele a violência descontrolada que se abateu contra os cristãos apenas |
por causa da fé que professam. Apenas por isso. Uma dessas pessoas é o padre Douglas. Este sacerdote iraquiano foi sequestrado e torturado por extremistas muçulmanos em 2006. Esteve quase entre a vida e a morte, foi obrigado a fugir e hoje é apenas mais um refugiado entre refugiados. No entanto, o padre Douglas já perdoou aos seus algozes a violência extrema de que foi vítima. É a nós, cristãos do Ocidente, que lança o desafio mais inquietante: “Peço-vos que acordem. Se ficarem calados é como se concordassem com aqueles que nos perseguem. Por isso, não se calem. Se possível, não sejam meros espectadores, ajam e… acordem!”. |
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Pedidos de ajudaO filme dirige-se a cada um de nós, como se estivéssemos todos sentados no banco dos réus. E, de certa forma, estamos. Além do Padre Douglas, é possível escutar outros depoimentos. Todos falam da violência cega que os jihadistas despejaram nas suas terras, como se fossem donos de tudo, até da vida das pessoas. Uma violência bárbara que está a conduzir ao desaparecimento de inúmeras comunidades cristãs de terras bíblicas. Faltam poucos dias para o Natal. |
Tal como a Sagrada Família não teve lugar na estalagem, hoje há milhares de famílias cristãs que foram expulsas de suas casas, das suas terras, que foram obrigadas a fugir para salvarem as próprias vidas. Dois mil anos depois, há milhares de marias e josés que precisam de ajuda. Da nossa ajuda e da certeza da nossa fé. Não fazer nada por eles é incompreensível. É mesmo pecado de omissão.
Paulo Aido www.fundacao-ais.pt |
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Francisco, o Africano |
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Tony Neves |
É histórico e mostra uma fé à prova de todas as balas. O Papa Francisco, contrariando as mais elementares regras de segurança, visitou África. Escolheu três países onde o terrorismo e/ou a guerra estão a dar sinais de força: o Quénia, o Uganda e a República Centro Africana. O objetivo da viagem foi claro: apoiar todos os caminhos de reconciliação, diálogo, justiça e paz que contrariam a pobreza, a exclusão, a guerra e o terrorismo. À chegada ao Quénia, país que tem sido vítima de ataques do grupo terrorista ‘Al Shabaad’, o Papa Francisco pediu coragem no combate sem tréguas à violência, aos conflitos e ao terrorismo, investindo numa cultura de reconciliação, paz, perdão e cura de corações. No que diz respeito à governação, insistiu na integridade e transparência como meios de combate à corrupção. A justiça social também precisa de ser tomada mais a sério. A ecologia tem de ser defendida de alma e coração, como exigência de sobrevivência para a humanidade. Num raciocínio simples, o Papa explica a situação: há pobreza e frustração; gera-se, por isso, medo, desconfiança e desespero; os frutos óbvios já estão presentes - a violência, os conflitos e o terrorismo. Para os jovens, Francisco pediu melhor educação e mais emprego, meios de combate aos fundamentalismos. No Uganda, o Papa elogiou a capacidade do país em acolher refugiados: cerca de 600 mil, idos dos países vizinhos em conflito. Foi um recado á Europa. Ponto alto da visita foi a homenagem aos Mártires do Uganda, mortos em 1885 em |
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defesa da Fé cristã. Tratou-se de um momento ecuménico de grande alcance, pois 22 eram católicos e 23 anglicanos (‘ecumenismo de sangue’). Marcante foi ainda o encontro com professores e catequistas. O Papa não poupou elogios: ‘o vosso trabalho é santo!’. Voltou a criticar as violações dos direitos humanos, o tráfico humano e a pobreza (gritou: ‘Não esqueçam os pobres!’). Ali abençoou uma ex-criança soldado e uma jovem seropositiva. A República Centro Africana foi a última e mais arriscada etapa deste périplo, dado ser o país mais afectado pela guerra no coração de África. Em Bangui, capital destruída e à mercê de toda a espécie de salteadores, o Papa foi abraçar este povo mártir e pedir o fim da violência e da barbárie. Abriu a ‘Porta santa’ do jubileu da Misericórdia, na catedral de Bangui. Visitou um campo de refugiados onde |
disse emocionado: ‘Que possais viver em paz, qualquer que seja a vossa etnia, cultura, religião, o estatuto social, em paz, porque todos somos irmãos’. Sem tolerância e paz, não há futuro. Depois de ter pedido a todos para poisar as armas, o Papa concluiu esta visita a África com a corajosa ida à mesquita de Bangui, num momento simbólico de apelo ao diálogo inter religioso como caminho de reconciliação e paz. Ali condenou toda a violência feita em nome de Deus. Francisco tinha todas as razões para cancelar esta sua primeira viagem a África, mas mostrou que tinha razão em querer arriscar. Para a história fica a explicação que deu logo no avião, aos jornalistas. Disse que tinha mais medo dos mosquitos do que de um atentado! E a verdade é que a malária (paludismo) mata mais que todas as guerras juntas. |
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