04 - Editorial:

   Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
    José Luis Gonçalves

22 - Semana de..

    Paulo Rocha

24 - Dossier

   Combate ao Desperdicio Alimentar

26 - Entrevista

   Alfredo Teixeira

 
 

54 - Multimédia

56- Estante

58 - Concílio Vaticano II

60- Agenda

62 - Por estes dias

64 - Programação Religiosa

65- Minuto Positivo

66 - Liturgia

68 - Jubileu da Misericórdia

70 - Ano da Vida Consagrada

72 - Fundação AIS

74 - Lusofonias

Foto da capa: Diocese do Porto

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
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Opinião

 

 

 

Acolher os refugiados e migrantes


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Os recados do Papa para Davos

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Em busca da unidade dos cristãos

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José Luis Gonçalves| Paulo Rocha | Octávio Carmo | Margarida Alvim Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Credulidade e mediação

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A conversa surgiu a respeito de um ‘post’ no Facebook e teve confirmação na vida “real” (uma distinção de quem cresceu noutra era, admito): por algum motivo estranho, parece que o nosso cérebro se desliga diante de algumas “notícias” que são partilhadas, sendo levados imediatamente a comentar e a reagir, sem questionarmos nada do que vemos ou sem sequer nos lembramos, às vezes, de que estamos a ver o anúncio da morte de alguém que faleceu há anos, por exemplo.

Partilhei então uma preocupação que me tem acompanhado: perante uma sociedade cada vez mais descrente, cética em relação às formas de mediação tradicionais, às instituições, a credulidade com que as pessoas validam informações de origem (no mínimo) duvidosa deixa-me espantado. É verdade que muitos são naturalmente levados a alinhar com teorias da conspiração que colocam os “media” do lado dos maus e que olham para todas as instituições sociais, políticas, desportivas ou religiosas como espaços em que há “algo a esconder”. Tudo o que sair desta chave de leitura é mentira e não pode ser de outra forma.

Curiosamente, há já quem diga que o homem da era do Facebook é aquele que “acredita em tudo”. Não em profundidade, claro está, mas sem filtro, sem necessidade de mediação e inclusive acolhendo a informação que chega como um ato de insubordinação e libertação do que eram as mediações mais tradicionais na Comunicação Social.

 

 

 

Isto significa que os jornalistas vão deixar de existir? Pelo contrário. Julgo que esta avalanche de dados, sem qualquer tratamento, muitas vezes carecida de qualquer veracidade, vai sublinhar, a médio prazo, a necessidade de um mediador, de alguém que valide e transforme esses dados em verdadeira informação. É preciso, no entanto, que os media façam o seu trabalho e não 
 

abdiquem de ser o que têm de ser.

Na celebração de São Francisco de Sales, nosso padroeiro, é bom recordar o que os últimos Papas têm ensinado: Bento XVI assinalou a importância do silêncio, Francisco sublinhou a necessidade de reflexão e discernimento. Para que o nosso excesso de credulidade não seja um campo aberto à manipulação, de que tantas vezes nos queixamos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fórum Económico Mundial. A elite mundial reúne-se em Davos para discutir o futuro numa altura em que cresce a desigualdade no mundo e se aprofundam as clivagens políticas e sociais @ AFP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os títulos das notícias da semana são apenas uma leitura possível da realidade, oportunamente publicada a dois dias de Davos, que arranca hoje, mas não deixam de ser esclarecedores: "62 pessoas têm um património igual a metade da população mundial" e "a riqueza acumulada por 1%, os mais ricos, superou a dos restantes 99%", já em 2015, um ano mais cedo do que se previa. Sílvia Oliveira - DN - 20/01/2016

 

Mais uma vez, apelo a todos vós: Não esqueçais os pobres! Este é o principal desafio que, como líderes no mundo dos negócios, tendes diante de vós.

Papa Francisco - Mensagem aos participantes no Fórum Económico Mundial - 20/01/2016

 

Eu sou dos que acham que os políticos são muito mal remunerados em Portugal, devido à enorme desproporção entre vencimento, responsabilidade e poder. (...) Parece-me infinitamente preferível um ordenado maior com maior número de incompatibilidades do que um ordenado menor com privilégios e subvenções oferecidos por debaixo da mesa.

João Miguel Tavares - Público - 21/01/2016

 

Com inteligência e permanente atualidade, poder de síntese e de diálogo, Nuno Teotónio Pereira é um exemplo de coerência, rigor e saudável tenacidade. A contemporaneidade da sua obra é a prova da resistência a modas e estilos e por isso surge com a dimensão inusitada de uma Obra Aberta.

Ana Tostões - DN - 21/01/2016

 

 

Animadores Sociopastorais das Migrações apelam ao acolhimento dos refugiados

 

Os Animadores Sociopastorais das Migrações realizaram o XVI encontro anual em Bragança, entre os dias 15 e 17 de janeiro, para analisar a problemática dos refugiados em torno do tema “Misericórdia sem fronteiras”. Para o presidente da Cáritas Portuguesa, que promove este encontro com a Obra Católica Portuguesa de Migrações em parceria com a Agência ECCLESIA e o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, o acolhimento aos refugiados

 

não pode ter como razão primeira a “sobrevivência dos estados”.

“Não nego que possa existir por parte dos políticos um interesse em receber mão-de-obra pela incapacidade de resolver o problema da natalidade, que têm de resolver sob pena de se tornar a sobrevivência dos estados a motivação primeira para acolher refugiados”, referiu Eugénio Fonseca no fim dos trabalhos.

O presidente da Cáritas Portuguesa considera também que a 

 

 

 

necessidade de mão-de-obra na Europa pode fazer com que ganhem “ambas as partes”, tanto o país que recebe como as pessoas que precisam de trabalho, rejeitando que seja “mão-de-obra a qualquer preço”.

Eugénio Fonseca acrescentou que o XVI Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações gerou “confiança” para continuar a desenvolver projetos sociais dirigidos aos refugiados, rejeitando o “receio que muitas vezes se pretende implementar” diante do que “é diferente, o que se desconhece”.

Para Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) “importa ver que o fenómeno migratório é algo estrutural” e é necessário “apostar na interdependência, agir, colaborar, ter uma visão a médio prazo, não só de emergência”. “Temos de planear e contar com o contributo que os 

 

migrantes e refugiados podem dar na construção das sociedades e de redefinir as nossas políticas para que o planeta terra seja a casa comum de todos os povos”, sublinhou.

Os trabalhos do XVI Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações decorreram no Seminário de São José, em Bragança, tendo iniciado com uma conferência de D. António Couto sobre a “Misericórdia na Bíblia”, de entrada livre, e terminado com a partilha do presidente da Cáritas no Líbano, padre Paul Karam.

No Dia Mundial do Migrante e Refugiado, os cerca de 100 agentes sociopastorais das migrações associaram-se às comunidades de Macedo de Cavaleiros que participaram na celebração de abertura da Porta Santa no Convento de Balsamão, dos Padres da Imaculada Conceição, presidida por D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda.

 

 

Diocese de Aveiro propõe guião para vivência da Quaresma e da Páscoa

A Diocese de Aveiro divulgou a sua proposta de caminhada para o tempo da Quaresma e da Páscoa onde convida a viver o tema ‘Ama ao modo de Deus’ consoante a realidade destes dois períodos distintos. “A Quaresma deve ser vivida como o grande retiro dos cristãos, onde não deve faltar a proclamação, meditação e oração da palavra de Deus, onde deve haver espaço para a reconciliação, momentos fortes de adoração ao Senhor, leitura mais atenta da palavra de Deus”, explica a Diocese de Aveiro.

Já no tempo Pascal, “vivido como o tempo da Igreja”, vão dar relevo às 14 obras de misericórdia, sete espirituais e sete corporais.

O guião para esta caminha assenta em dois textos que contêm as “ideias fundamentais que orientaram” a proposta desta Igreja local, um do Papa Francisco, da bula de proclamação do Jubileu da Misericórdia, e outro do bispo diocesano, D. António Moiteiro, o número três da Carta Pastoral do Ano Santo.

A diocese propõe quatro objetivos: “Viver a Quaresma como o grande

 

 retiro da Igreja; perceber o modo de amar de Deus; procurar amar como Deus ama” e “expressar esse amor na vivência das obras de misericórdia”. ‘Ama ao modo de Deus’, é o lema que a diocese vai viver onde o evangelista S. Lucas, ao longo da Quaresma, vai mostrar o “rosto de Deus nas atitudes e palavra amorosas - misericordiosas - de Jesus”.

A Diocese de Aveiro contextualiza que, com este tema, o símbolo comunitário “não poderia ser outro” se não um “coração”. “Durante a caminhada quaresmal, eventualmente, no ‘coração comunitário’ colocar as palavras-chave da semana, um desenho; Após o domingo de Páscoa poderão ‘sair’ do coração as obras de misericórdia e as palavras-chave”, incentiva.

 

 

 

Os desafios que a Imagem Peregrina
de Fátima deixou em Santarém

O bispo de Santarém considera que a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima à diocese foi um acontecimento “vivo, atual” que levou “graças e bênçãos” e mobiliza a outra participação eclesial e social.

“As famílias de hoje precisam urgentemente deste encontro mútuo como de pão para a boca. Precisam de diálogo, de acompanhamento e cuidado mútuo. O individualismo, o fechamento de cada um em si mesmo, ou no seu brinquedo informático, empobrecem e ameaçam a união das famílias”, escreve D. Manuel Pelino, contextualizando que em muitas comunidades foi lida e meditada a passagem do Evangelho que relata a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel.

Num texto enviado à Agência ECCLESIA, o bispo de Santarém explica que a “base sólida” para o encontro e diálogo é a “espiritualidade concretizada na oração em família e na escuta comum da Palavra de Deus”.

Segundo o prelado, a visita de Nossa Senhora a sua prima “é paradigmática” porque mostra os “bens e as graças” que leva sempre: “A alegria, o louvor, a memória das intervenções de Deus, a certeza de 

 

que a Sua misericórdia sempre nos acompanha.”

“A união com Cristo e o acolhimento do Espírito Santo conduz à união fraterna, à atenção aos outros, ao testemunho da boa nova aos pobres e da luz aos que não veem”, sublinhou.

O prelado recorda entre 2 e 17 de janeiro a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi acolhida pelas comunidades com “muito entusiasmo, veneração” e, muitas vezes, visível comoção. “É impressionante a força espiritual que irradia de Nossa Senhora e toca os corações. São assembleias bem mais numerosas que as das eucaristias dominicais, ouvi alguns comentar. Pode ser que Nossa Senhora encaminhe para este encontro festivo onde se realiza o encontro profundo entre Deus e nós”, desenvolve D. Manuel Pelino.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Arquiteto Nuno Teotónio Pereira (1922-2016) 

 

 

 

35 anos da CNIS

 

 

Davos: Papa em defesa dos pobres
e do «trabalho digno»

 

O Papa dirigiu uma mensagem aos participantes no Fórum Económico Mundial de Davos, recordando a necessidade de defender os mais pobres e de promover o “trabalho digno”. Francisco desafia os responsáveis internacionais 

 

 

a “dar vida a novos modelos empresariais que, ao promover o desenvolvimento de tecnologias avançadas, sejam também capazes de as utilizar para criar um trabalho digno para todos, apoiar e consolidar os direitos sociais e proteger 

 

 

 

 

o meio ambiente”.

A mensagem é dirigida aos participantes na 46ª edição do Fórum Económico Mundial, que teve início esta quarta-feira em Davos, na Suíça, sobre o tema ‘Dominar a quarta revolução industrial’. “Mais uma vez, apelo a todos vós: Não esqueçais os pobres! Este é o principal desafio que, como líderes no mundo dos negócios, tendes diante de vós”, escreve.

Francisco sustenta que o ser humano “deve guiar o desenvolvimento tecnológico sem se deixar dominar por ele”, sem esquecer-se dos pobres. O Papa deseja que a “cultura do bem-estar” não “anestesie” os mais favorecidos, recordando a necessidade de “chorar diante do drama dos outros”, sobretudo quando as próprias ações são “causa de injustiça e desigualdade”.

Renovando a mensagem da bula de proclamação do Jubileu da Misericórdia, o texto sublinha a necessidade de “abrir os olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de muitos irmãos e irmãs desprovidas de dignidade”, ouvindo o seu pedido de socorro. “Quando nos apercebemos disto, tornamo-nos 

 

mais plenamente humanos, uma vez que a responsabilidade pelos nossos irmãos e irmãs é uma parte essencial da nossa humanidade comum. Não tenhais medo de abrir a mente e o coração aos pobres”, pede o Papa aos que marcam presença em Davos.

A mensagem alude às “mudanças profundas” que estão a ter lugar, exortando os líderes mundiais a “garantir que a iminente ‘quarta revolução industrial’ e os efeitos da robótica e das inovações científicas e tecnológicas não levem à destruição da pessoa humana – a ser substituída por uma máquina sem alma”.

“O momento presente oferece uma oportunidade preciosa para dirigir e governar os processos em curso e para edificar sociedades inclusivas, baseadas no respeito pela dignidade humana, na tolerância, na compaixão e na misericórdia”, acrescenta Francisco.

A estância de ski de Davos, na Suíça, acolhe até sábado o Fórum Económico Mundial, com mais de 2500 participantes de mais de 100 países, entre empresários, políticos, académicos, membros da sociedade civil e agentes culturais.

 

 

Santuários de acolhimento e misericórdia

O Papa alertou no Vaticano para a desvalorização da espiritualidade “popular” e das peregrinações, convidando todos os responsáveis católicos dos santuários a promover uma cultura de “acolhimento”. “O acolhimento é verdadeiramente determinante para a evangelização. Às vezes basta apenas uma palavra, um sorriso, para que uma pessoa se sinta acolhida e querida”, disse aos reitores e operadores dos santuários católicos que celebraram em Roma o seu jubileu, entre terça e quinta-feira.

No encerramento desta iniciativa do ano santo extraordinário, Francisco apelou a estes responsáveis para que promovam um “acolhimento afetuoso, festivo, cordial e paciente”, em particular com “os doentes, os pecadores, os marginalizados”.

Perante centenas de pessoas de vários países, incluindo o reitor e vice-reitor do Santuário de Fátima, o pontífice argentino sustentou que seria “um erro” julgar que os peregrinos vivem uma espiritualidade de “massa”, ignorando a sua “própria história”, com “luzes e sombras”.

O Papa reforçou a sua defesa da religiosa popular como uma “genuína forma de evangelização” que os 

 

responsáveis católicos devem promover e valorizar, “sem minimizar a sua importância”.

Francisco realçou a necessidade de colher os peregrinos “no plano material e espiritual”, tratando cada pessoa como se fosse “um hóspede, um familiar”. “Façamos com que cada peregrino tenha a felicidade de sentir-se finalmente compreendido e amado”, insistiu.

A intervenção centrou-se depois na importância da Confissão e da misericórdia nos santuários, como espaços onde o peregrino se pode encontrar com a “ternura” de Deus, que não exclui “ninguém”.

No final do discurso, o Papa passou cerca de meia hora a cumprimentar e abençoar os presentes na sala de audiências Paulo VI.

 

 

 

Francisco condena antissemitismo e violência em nome da religião

O Papa visitou este domingo a Sinagoga maior de Roma, repetindo um gesto cumprido por João Paulo II e Bento XVI, onde condenou todas as formas de antissemitismo e afirmou que judeus e cristãos são “irmãos”. “O Concílio, com a Declaração Nostra aetate, indicou o caminho: sim à redescoberta das raízes judaicas do cristianismo; não a qualquer forma de antissemitismo e condenação de qualquer injúria, discriminação e perseguição que daí derivem”, afirmou.

A visita começou simbolicamente junto da lápide que evoca a deportação dos judeus de Roma, em 1943, durante a II Guerra Mundial, local em que Francisco quis depor uma coroa de flores. O Papa repetiria este gesto junto do memorial dedicado a Stefano Gai Taché, criança que foi assassinada num atentado terrorista em 1982.

Depois de ter percorrido a pé o percurso que o levou desde estes locais simbólicos ao templo maior dos judeus na capital italiana, cumprimentando dezenas de pessoas durante largos minutos, Francisco quis lembrar o 50.º aniversário da declaração ‘Nostra aetate’, do Concílio Vaticano II, que promoveu o 

 

“diálogo sistemático” entre a Igreja Católica e o judaísmo.

“A violência do homem sobre o homem está em contradição com qualquer religião digna deste nome, em particular com as três grandes religiões monoteístas”, advertiu.

Francisco sublinhou que o povo judaico sofreu “a violência e a perseguição” ao longo da sua história, com destaque para a Shoah, o Holocausto durante a II Guerra Mundial, a “mais desumana barbárie”, que custou a vida a “seis milhões de pessoas”.

Além dos representantes de Roma e da Itália, na Sinagoga encontravam-se responsáveis de várias comunidades judaicas na Europa. “Desejo que cresçam cada vez mais a proximidade, o conhecimento recíproco e a estima entre as nossas duas comunidades de fé”, disse o Papa, num discurso interrompido em diversas ocasiões pelas palmas dos presentes.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Muçulmanos convidam Papa a visitar Mesquita de Roma

 

 

 

Papa Francisco na Sinagoga de Roma

 

Do individualismo social
à democracia dos mínimos

  José Luís Gonçalves    
  Escola Superior  
  de 
 Educação   
  de Paula Frassinetti
   

 
 

Vivem-se tempos de “anomia” social e política, traduzidos num sentimento generalizado de perda de identidade e de objetivos coletivos, que ganha expressão numa cultura de indiferença que vem minando a coesão e a cooperação social. As razões deste sentimento generalizado podem ser encontradas numa mudança de paradigma sobre a natureza dos vínculos sociais que nos unem. Se nos séculos XVIII e XIX, foi o paradigma político a construir as razões da vida em comum, a revolução industrial posterior impôs o paradigma económico e social. Com o declínio deste, na contemporaneidade o centro de gravidade deslocou-se para o “indivíduo” e para os direitos de grupos específicos. Em torno destes reorganiza-se agora a vida social, económica e política, trazendo para o espaço público novos atores e novos conflitos.

Numa sociedade tornada, assim, “não-social” (A. Touraine), repleta de fenómenos de “dessocialização” e de novas formas de “neotribalismo” (Cf. M. Maffesoli), a ideia de “identidade” (coletiva) é substituída pela de “identificação” (grupal): tendo a heterogeneidade de valores como pressuposta, pessoas e grupos aparecem hoje no espaço público a reivindicar novas exigências de reconhecimento e de equidade. Estamos confrontados com o paradoxo de, sendo ‘espaço público’, este estar construído

 

 

 

 

 

à volta de ‘interesses privados’, dando lugar a processos conflituosos de legitimidade social de identidades particulares que buscam o seu reconhecimento coletivo.

 

Estes fenómenos de progressiva afirmação do individualismo social traduzem-se, na Europa, num lento esvaziamento do poder de governação e na constituição de uma democracia dos mínimos despojada de projeto coletivo. Se não, vejamos: governa quem apresenta um projeto político maioritário ou quem consegue uma soma aritmética dos votos? Perante o drama dos refugiados, defendemos os valores fundadores do Humanismo Europeu ou sucumbimos aos egoísmos nacionais? À crise de um modelo de participação cidadã e de consenso social esgotados segue-se uma crise de representação e de legitimação política.

Estamos, pois, desafiados a deslindar uma tensão política entre dois modelos de vida coletiva não convergentes: por um lado, aquele veiculado pela afirmação dos ideais 

 

cosmopolitas, igualitários e solidários, próprios do universalismo e do paradigma da igualdade; por outro lado, o enfoque reivindicativo da individualidade, da diferença e da heterogeneidade – denominado como paradigma da diversidade – com implicações decisivas na esfera política e no modo de construir vida em comum. Indagamos, com Marcel Gauchet (A Democracia, entre duas crises, 2012, p. 50): “como assegurar a compossibilidade regulamentada das independências privadas, por forma que elas possam pesar igualitariamente no mecanismo de decisão pública? Eis o problema”.

A resposta ao desafio sociopolítico com que estamos confrontados é complexa e multifacetada, mas pode apontar para a necessidade de estabelecermos um novo contrato social assente na reorganização social das responsabilidades coletivas e na governação integrada e colaborativa, erigindo a cidadania ética e participativa como condição e expressão do vínculo social de pertença a uma identidade coletiva.

 

 

 

 

“Entre! quem é?”

  Paulo Rocha  
  Agência ECCLESIA   

 

O debate era em torno dos refugiados, da ajuda que é necessário fazer chegar a quem está nos campos de deslocados, junto aos países em conflitos, e o acolhimento a oferecer a quem colocou a vida em risco para atravessas o Mediterrâneo a caminho da segurança de Europa e das oportunidades de trabalho. Entre considerações teóricas, de quem já passou por campos de refugiados, dos que trabalham todos os dias para lhes fazer chegar recursos que garantam as mínimas condições de vida e da discussãoo acerca da atitude burocrata dos países europeus, que tardam em agilizar o processo de recolocação dos refugiados que chegaram às fronteiras da Europa pela Grécia e pela Itália, surgiu a memória de uma tradição transmontada.

D. José Cordeiro, bispo da Diocese de Bragança-Miranda, natural de Alfândega da Fé, conta que 

 

 

 

entre os transmontanos há a tradição de, quando alguém bate á porta, mandar entrar sem saber 

quem está do lado de fora. “Entre! Quem é?” É a resposta habitual dada a quem chega e encontra, muitas vezes a porta entreaberta. Habitualmente, à pergunta quem é segue-se a confirmação da pessoa que está do lado de fora e só depois se manda entrar

A atitude inspirou a análise ao modo como estão a ser colhidos os refugiados que, vindos da Síria, do Iraque e de outros países em conflito, chegam à Europa e esperam meses e anos até serem recolocados. Sem atender á condição em que vivem em campos improvisados para a ocasião e sem analisar as consequências das 

 

tensões crescentes de quem espera um destino de paz, milhares de 

refugiados desesperam enquanto se descobre quem é a pessoa que o rosto não diz; crianças, mulheres e homens colocam as suas vidas em “pausa” enquanto as burocracias procuram identidades e traçam destinos; fugitivos da guerra, muitas vezes por causa do credo, tardam em descobrir um refugio, a vida com a mínima dignidade. Porque todos somos pessoas.

Na crise dos refugiados, repete-se vezes sem fim a pergunta: “Quem é?” E nunca mais chega o entusiasmo do convite: “Entre!”.

O melhor mesmo seria repetir o comportamento dos transmontanos: “Entre! Quem é?”

 

 

 

 

 

 

 

Cristãos em busca da unidade

O tema central deste Semanário ECCLESIA é a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se prolonga até 25 de janeiro. O assunto é enquadrado por uma entrevista ao teólogo e antropólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa, sobre as dinâmicas da crença e da pertença.

Além da apresentação das reportagens sobre a unidade dos cristãos que o programa ECCLESIA na Antena 1 transmite esta semana, o semanário digital oferece uma síntese sobre algumas das atividades ecuménicas e as mensagens deixadas pelo Papa Francisco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diálogo e pluralismo cristão
numa sociedade em mudança

 

O teólogo e antropólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa, fala à Agência ECCLESIA sobre as dinâmicas da crença e da pertença, do diálogo e do pluralismo cristão numa sociedade em mudança.

Entrevista conduzida por Luis Filipe Santos

 

Agência ECCLESIA (AE) – Em pleno oitavário de oração pela unidade dos cristãos pode dizer-se que o cristianismo é uma realidade una num universo plural?

Alfredo Teixeira (AT) – O cristianismo foi sempre um universo plural. A pluralidade marca a sua emergência e está inscrita no seu código genético. Basta recordar que temos na memória cristã a presença de diversos testemunhos sobre Jesus e do seu movimento. Desde logo, temos quatro evangelhos e não um cânone que reduza a pluralidade da experiência cristã a uma leitura única. Nesse sentido, a pluralidade sempre definiu o cristianismo, mas, por vezes, essa pluralidade tornou-se conflitual. Nesse contexto, ela produziu famílias eclesiais diferentes que, historicamente, em muitos casos, permaneceram de costas voltadas.

 

 

 

AE – Martinho Lutero foi o pai dessa conflitualidade?

AT – Lutero é um dos protagonistas, na Europa Ocidental, da trajetória de pluralização. Mas de facto, esse pluralismo, conflito e tensões já existiam antes dele. Ele é intérprete dessas mesmas tensões. Aliás, de alguma forma, a trajetória de conflito sobrevive a ele próprio e vai ter outros protagonistas depois dele. No entanto, ele é um intérprete importante de uma determinada leitura do cristianismo e daquilo que é essencial da experiência cristã.

 

AE – Leitura essa que se tornou conflitual?

AT – Tornou-se conflitual a uma outra interpretação institucional, latina, que conduziu à divisão que conhecemos.

 

 

 

 

AE – Esse conflito está mais atenuado? Desapareceu? Ou ainda está latente, estilo um vulcão adormecido?

AT – Socialmente, ele está muito atenuado. Está mais atenuado, também, doutrinalmente, mas não tanto como socialmente. Em particular, nos países onde temos um protestantismo histórico na Europa, existe um convívio efetivo entre tradições religiosas diferentes. Entre as igrejas nascidas com a Reforma e aquelas ligadas a Roma. Por vezes, esse convívio parte da dinâmica social. As pessoas vivem em espaços sociais alargados onde têm de conviver umas com as outras.

Aquilo que observamos é que nesses países – tradicionalmente biconfessionais – os católicos e protestantes desenvolvem a sua atividade e inscrevem-se na sociedade sem que essa dimensão confessional seja fraturante na construção da coesão social. É uma aproximação que se atenuou bastante, pelo facto do estilo de vida das pessoas incorporar o pluralismo.

 

AE – Nesse pluralismo religioso do continente europeu há uma faixa nórdica e outra latina. Duas realidades distintas?

AT – Essas fronteiras, mesmo não sendo as únicas, permanecem na Europa. Quando pensamos na Europa, não podemos deixar de pensar numa Europa de matriz católica – onde essa identidade se tornou maioritária e as outras minoritárias – com sociedades onde a experiência do pluralismo religioso tem características diferentes. Temos também uma Europa, que nalguns casos, é biconfessional onde as dimensões ou identidades protestantes e católica repartem, entre si, em termos demográficos perfis de uma certa aproximação. Mais a norte, existem sociedades vincadamente protestantes.

 

AE – Sociedades onde a laicidade e a secularização têm combinações diferentes.

AT – A norte temos nações onde a identidade confessional está, de forma clara, muito vincada na sua identidade nacional e, em alguns casos, até constitucional. Cito o caso da Dinamarca, onde a matriz luterana tem essa característica. Ou então no Reino Unido, a preponderância 

 

 

 

 

clara de uma religião de Estado. Há uma marca de aproximação entre a religião e a política. Isto não quer dizer que nestes países as sociedades sejam pouco secularizadas. São sociedades, onde as habituais medidas de prática dominical são muito baixas. Onde as representações religiosas estão muito pouco presentes no quotidiano das pessoas.

Quando descemos mais para sul, encontramos este fenómeno que pode parecer paradoxal. Sociedades onde se faz uma experiência política, com características diversas, de uma estrita separação entre religião e Estado. Portugal, mesmo sendo uma nação onde a marca católica está bem vincada no ponto de vista cultural, tem um Estado que não é confessional. Tal como as sociedades do sul da Europa, sejam elas com uma laicidade mais estrita, como por exemplo a França, ou sociedades, que de alguma forma cultivam uma relação contratualizada com a Igreja Católica – sociedades concordatárias -, como é o caso de Portugal e Espanha.

 

 

 

AE – Nestas sociedades do sul, o nível de prática cultual é mais elevado.

AT – Sim. A presença no quotidiano das pessoas tem referências mais explícitas. A Europa é um puzzle complexo, mesmo sendo construída com uma matriz cristã. Tem diversidades que a história lhe trouxe.

 

 

 

 

AE – A prática religiosa nestes países do Sul deve-se também à tradição.

AT – A tradição é uma vivência. A experiência religiosa combina diversas dimensões da existência humana. Tanto a dimensão da adesão pessoal, da convicção pessoal, que, hoje, se valoriza muito na experiência religiosa. Mas não deixa de combinar também, uma outra dimensão da nossa experiência, que é: Nós somos precedidos. Vivemos num determinado momento e recebemos coisas dos que nos antecederam. Isso, hoje, é ideologicamente pouco valorizado, mas não deixa de ser essencial na experiência humana.

Sentir-se gerado é algo que faz parte da nossa condição humana. O religioso habita essa dimensão. Essa dimensão de tradição, em alguns casos quase de reprodução de uma identidade, hoje, já não subsiste como tal. Não é suficiente para construir uma identidade  

 

 

religiosa. Em muitos casos, os crentes são chamados a dar um outro passo que é a valorização da adesão pessoal.

 

AE – O cristianismo está no útero da Europa, mas alargou as fronteiras para outros continentes. Olhando para o lado sul da América e em África nasceram novas confissões religiosas.

AT – É um fenómeno global. Há muita coisa que se descentra da Europa. O cristianismo está também a sofrer esse processo. Se o cristianismo é, culturalmente, esta marca da Europa, também é preciso dizer que a marca do nosso tempo é uma deslocação do centro da própria cristandade. A eleição do Papa Francisco é, a meu ver, no campo do catolicismo, um testemunho mais claro disso. A emergência do sul e da voz do sul é um traço fundamental para compreender o mundo em termos geopolíticos, mas também em relação à própria geografia cristã.

O sistema mundo como o conhecemos hoje, complexificou-se muito quanto à geografia do religioso. Antes, a religião tinha fronteiras muito estritas. Quase que podíamos traçar um «mapa mundi» com uma definição muito estrita daquilo que eram os 

 

 

 

campos de influência das religiões. Continuamos a ter preponderâncias, mas de facto aquilo que é a característica principal do tempo em que vivemos é que não há espaço nenhum que não se esteja a tornar plural sob o ponto de vista religioso.

 

AE – Com dinamismos diferentes?

AT – Aquilo que caracteriza o pluralismo religioso não é o mesmo em todas as geografias. Mas é uma característica do nosso tempo. De alguma maneira, as próprias culturas estão a transformar-se neste sentido. Não se sedimentarem a partir de um substrato religioso único, mas a partir de múltiplas influências. Isto exige uma aprendizagem por parte dos crentes porque o outro, do ponto de vista religioso, já não é alguém que está fora da fronteira, mas dentro dessa fronteira.

 

AE – O cristianismo da «polis» alargou-se para as periferias…

AT – Essas duas dimensões – centro e periferia – multiplicam-se e penetram, hoje, em várias dimensões da nossavida (economia, política, etc), mas têm um lugar muito particular no campo religioso. Os dois fenómenos religiosos que mais crescem no

 

 

 mundo, ou cresceram mais nas últimas décadas, foram o islão e o cristianismo de matriz pentecostal. São as duas famílias religiosas que mais cresceram no mundo. 

 

AE – Há razões específicas para esse crescimento?

AT – Isso deve-se às suas dinâmicas próprias de expansão. E deve-se também, ao facto de estarem a responder, em determinados lugares do mundo, áquilo que são, porventura, as necessidades, procuras e demandas próprias dessas populações. Nalguns países de África subsariana, quando perguntamos aos africanos como era a vida deles antes da chegada do islão, numa determinada localidade, e como é a vida agora, eles dizem que antes tinham criminalidade e violência no quotidiano e que o islão lhe trouxe paz e ordem. Em alguns casos, uma religião como o islão que está fortemente ligada a uma ordenação das civilidades, do comportamento das pessoas e das obrigações destas, pode ter um efeito extremamente ordenador de sociedades que viveram um período de forte desestruturação. Sociedades que foram colonizadas e sofreram processos de descolonização que trouxeram uma grande desordem.

 

 

 

 

AT - As estruturas de enquadramento tradicionais, elas próprias também já não conseguiram encontrar novas formas de requalificação. A chegada de uma religião, fortemente estruturada, como é o islão, respondeu às necessidades das pessoas.

 

AE – Estruturada em África, mas desestruturada no Médio Oriente?

AT – Não necessariamente desestruturada. O sucesso de certas correntes islâmicas, advém do facto claro de responder àquilo que são os problemas de populações fragilizadas. Populações que, no seu período de descolonização, – como é o caso do Médio Oriente – conheceram modelos de governo muito ocidentalizado. Modelos que conduziram a situações de pobreza grave. Não devemos esquecer que algumas dessas dinâmicas islâmicas que, hoje, aparecem mais próximas de um islão em conflito com o ocidente, são, em muitos casos, sensibilidades islâmicas muito próximas dessas populações que, de alguma forma, cultivam as redes de solidariedadepróprias do islão.

E que suportam, em muitos casos, a vida dessas populações mais pobres, nesses países. 

 
 
Os indivíduos são mais autónomos nas suas escolhas, em relação às instituições. 

 

 

Não digo que o islão mais conflitual é desestruturante. Ele é, no panorama geopolítico atual, usado por alguns grupos como emblema de conflito em relação ao Ocidente. É, de alguma forma, um lugar de destabilização de uma certa ordem internacional. 

 

AE – Olhando para a sociedade ocidental, reparamos que existe uma vivência de valores cristãos, mas muitas dessas pessoas não professam o cristianismo. Entram nos templos, sem serem cristãos.

AT – Há muitas pessoas que vão aos templos porque se sentem bem e vivem os valores cristãos. Há outras que nem precisam de ir aos templos para, de alguma forma, se reconhecerem numa certa memória cristã. O lugar de mudança mais importante, sob o ponto de vista social, diz respeito à forma como as pessoas se estabelecem ou constroem 

 

 

 

 

 

 

a pertença religiosa. Essa é de facto, a maior dificuldade das igrejas, hoje, na nossa sociedade.

As sociedades que fizeram a experiência histórica da modernidade ou das múltiplas modernidades são caracterizadas por terem dado aos indivíduos uma capacidade de autonomia muito grande. Os indivíduos são mais autónomos nas suas escolhas, em relação às instituições. Eram estas instituições que antes promoviam o vínculo social e que integravam os indivíduos na 

 

 sociedade. Hoje, sabemos que os indivíduos têm mais capacidade de autonomia. De construir, para si próprios, um determinado destino. Isto tem consequências sob o ponto de vista religioso.

A principal consequência é que temos muita gente que não se tornou, necessariamente, não crente. Tornou-se, diria eu, não pertencente. Encontra-se, subjetivamente, disposto para pensar uma determinada dimensão da existência humana que a ultrapassa e está para além da sua vida histórica. 

 

 

 

 

AE – Mas esse horizonte não está vincadamente marcado por uma tradição recebida?

AT – Em muitos casos sim. Esta tradição continua, em muitos casos, a oferecer os significados mais importantes para a construção dos valores que habitam o seu quotidiano. A grande diferença é que eles não precisam de se reconhecer como cristãos ou, pelo menos, pertencentes às igrejas para viverem esses valores. Para construírem esses sentidos. De maneira geral, as igrejas não têm ainda muitos instrumentos, que 

 

chamaria de pedagógicos, para estabelecer a ponte com esta dimensão da contemporaneidade. 

Grande parte dos diálogos ou das metodologias de diálogo que foram construídas são metodologias centradas entre o crente e o não crente. Ou então entre o crente de uma religião e o crente de outra. O diálogo entre um crente que vive a sua fé numa forte experiência de vinculação comunitária e o diálogo com alguém que dispensa essa vinculação ainda não tem muitas pontes.

 

 

 

 

AE – Podemos fazer uma catalogação entre crente individual e crente comunitário?

AT – Temos pessoas que se autorrepresentam como crentes, que estão abertas a essa experiência, mas, o que é característico da sociedade contemporânea, é que essa experiência ou abertura pode subsistir apenas, de facto, como abertura sem ser preenchida por uma objetividade crente. Uma objetividade que se traduz num determinado credo, numa prática e observância ritual. Todas essas dimensões estão, hoje, muito fragilizadas. Todavia, estas dimensões estão também fragilizadas noutras dimensões da experiência humana. Quando falamos na falência das ideologias, estamos a falar de um fenómeno semelhante, mas no campo da política.

Apesar destas falências, o campo religioso ou o campo das igrejas está a adaptar-se melhor e a responder melhor a este novo paradigma cultural do que as instituições do político. Em todos os inquéritos de opinião, de uma forma geral, no ponto mais baixo da tabela da confiança estão as instituições políticas e não as instituições religiosas.

 

Nesta erosão de confiança na instituição e na possibilidade dessas instituições construírem um sentido para a vida das pessoas, as instituições políticas estão muito mais fragilizadas do que as religiosas.

 

AE – No entanto, nota-se que o crente é cada vez menos sacramental

AT – É um facto. Falar da dimensão sacramental implica reconhecer que não é possível aceder aos bens religiosos senão por via de uma mediação. Isso é, de facto, um aspeto da experiência religiosa que convive mal com esta dimensão de apropriação individual. Em todo o caso, seria errado pensar que há uma total dicotomia entre o que é a vida das igrejas e estes itinerários de individualização. Quando entramos numa paróquia ou polo comunitário cristão, encontramos uma multiplicidade de ofertas de grupos, serviços e experiências. Isto só se compreende num quadro de uma certa individualização da experiência, mesmo em contexto comunitário. As pessoas que trabalham numa paróquia percebem que têm de multiplicar os contextos de inscrição das pessoas. A velha paróquia de todos reunidos ao som do campanário, já não existe. 

 

 

 

AE – Sinais da contemporaneidade…

AT – Costumo chamar de comunidades biográficas. Comunidades que não se explicam apenas por essa dimensão da experiência coletiva, mas pelas trajetórias individuais. Conhecer uma comunidade… Verdadeiramente só conhece uma comunidade crente quem está atento às trajetórias das pessoas. As comunidades tornaram-se comunidades biográficas.

 

AE – E não territoriais?

AT – O território é apenas um elemento na constituição destas comunidades e que se define mais pela prática do que pela fronteira. Hoje, o território é apropriado pelo indivíduo. A sua identidade não está limitada a uma fronteira, mas identificada com determinado movimento. 

 

 

 

 

AE – Uma dinâmica plural…

AT – A pluralidade é salutar e está inscrita no código genético do cristianismo. O problema está quando ela, de alguma forma, se constrói contra a comunhão.

 

AE – Nesta época de fragilidades constantes que lugar pode ocupar a dimensão religiosa na construção de uma sociedade mais justa?

AT – As comunidades crentes têm um papel muito interessante porque têm mais condições do que outras instituições para continuar, neste contexto de forte individualização, a garantir a coesão necessária e os espaços de vinculação. Nas últimas décadas, algo mudou substancialmente na sociedade porque tínhamos conceções de laicidade que pensavam a sociedade como neutra do ponto de vista religioso. Atualmente, vivemos numa sociedade com mais espaço para a afirmação do indivíduo e é este mesmo indivíduo que faz chegar ao espaço público a religião. O Estado é obrigado a pensar o seu novo modo de dialogar com o religioso nas sociedades. Temos outros dinamismos sociais onde o religioso se exprime.

Atualmente, temos dois movimentos que são paradoxais na sociedade. 

 

 

 

 

Quando falamos de erosão do religioso ou do regresso do religioso estamos apenas a focar-nos num dos aspetos da realidade. Há dimensões da experiência religiosa nas nossas sociedades que entraram em declínio, que são uma espécie de curva descendente em termos sociais.

Mas importa também ter atenção,

àquilo que são os fenómenos

de revitalização do religioso.

 

 

 

 

Trabalho conjunto
em favor dos mais pobres

O Papa assinalou no Vaticano a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18-25 de janeiro) e apelou a um compromisso conjunto em favor dos mais pobres. “Temos uma missão comum, que é a de transmitir a misericórdia que recebemos aos outros, a começar pelos mais pobres e abandonados”, disse, durante a audiência pública semanal que decorreu na Sala Paulo VI, perante mais de seis mil pessoas.

Numa intervenção dedicada à importância do Batismo comum de católicos, ortodoxos e 

 

protestantes, Francisco sublinhou que “ninguém está excluído da misericórdia de Deus”. “Partir do Batismo significa reencontrar a fonte da misericórdia, fonte de esperança para todos, porque ninguém está excluído da misericórdia de Deus”, insistiu.

O Papa declarou que todos os cristãos têm em comum a experiência de serem chamados ao encontro com Deus, “pleno de misericórdia”. “Todos, de facto, fazemos a experiência do egoísmo, que gera divisão, reclusão, desprezo”, observou. 

 

 

 

 

Francisco sustentou que por causa do Batismo, os cristãos se podem “considerar todos realmente irmãos”. “Somos realmente povo santo de Deus, ainda que, por causa dos nossos pecados, não sejamos ainda um povo plenamente unido”, precisou.

A intervenção realçou a importância de partilhar as “obras de misericórdia, corporais e espirituais” como um “testemunho concreto de unidade”.

Após a catequese, o Papa dirigiu-se aos vários grupos de peregrinos presentes, incluindo os de língua portuguesa. “Nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos,

 

 

imploremos a graça de viver os nossos compromissos batismais, numa adesão mais profunda ao Rosto da Misericórdia divina que é Jesus, nossa esperança e nossa paz. Que Deus vos abençoe”, disse.

 
Apelo do Papa

O Papa marcou o início da semana de oração pela unidade dos cristãos com um apelo à união das Igrejas face ao “secularismo e indiferença” de muitas sociedades. “Num mundo muitas vezes dilacerado por conflitos e marcado pelo secularismo e indiferença, todos juntos somos chamados a empenhar-nos na confissão de Jesus Cristo, tornando-nos cada vez mais testemunhas credíveis de unidade e artífices de paz e de reconciliação”, disse Francisco.

O pontífice argentino recebia em audiência uma delegação ecuménica da Igreja Luterana da Finlândia, por ocasião da visita anual por ocasião da festa de Santo Henrique, padroeiro do país. “Esta peregrinação ecuménica é um sinal eloquente de que como luteranos, ortodoxos e católicos, vocês descobriram aquilo que os une e juntos querem testemunhar Jesus Cristo, que é o fundamento da unidade”, referiu.

 

 

Portugal associa-se a oração mundial
que mobiliza milhões de cristãos

Os cristãos de todo o mundo celebram a partir a semana de oração pela unidade, considerada a maior iniciativa ecuménica anual, que se assinala com várias iniciativas também em Portugal. A celebração ecuménica nacional vai decorrer este ano na igreja Presbiteriana da Figueira da Foz e conta com a participação

 

 dos hierarcas das Igrejas, no sábado, pelas 15h00.

Em Lisboa, vigília ecuménica jovem decorrerá nesse mesmo dia, na Igreja de Santa Joana Princesa, a partir das 21h30. A Comissão Ecuménica Diocesana do Porto lançou o ‘Roteiro Ecuménico de Oração’, com propostas ecuménicas para o ano 2016.

 

 

 

 

No Algarve, será a Sé de Faro a acolher representantes das várias Igrejas cristãs do Algarve num momento de oração marcado para sábado, às 16h00. Em Aveiro, a oração ecuménica realizou-se na igreja da Misericórdia, no centro da cidade, esta terça-feira.

O tema do oitavário, ‘Chamados a proclamar as maravilhas do Senhor’, inspirado na Primeira Carta de São Pedro, é proposto pelo Conselho

Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé) e a Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.

No próximo dia 25, o Papa Francisco vai presidir na Basílica de São Paulo fora de muros, em Roma, a um momento de oração para o qual estão convidados representantes de todas as Igrejas e comunidades cristãs da capital italiana.

 

O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.

O ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por cismas e ruturas.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

 

 

Quem preparou os textos para este Oitavário?

Os textos para este Oitavário, de 18 a 25 de janeiro, foram preparados por um grupo de representantes de diversas regiões da Letônia, por iniciativa do arcebispo católico de Riga, e as palavras e expressões usadas foram retiradas da Tradução Ecuménica da Bíblia.

Como introdução ao tema - Chamados a proclamar os altos feitos do Senhor – é apresentado o “mais antigo batistério” da Letónia com origem em São Meinhard, “o grande evangelizador” deste país, que agora se situa no centro da catedral luterana de Riga, a capital, proveniente da Catedral de Ikskile.

A Letónia apresenta-se como uma “ponte” entre as tradições católicas, protestantes e ortodoxas.

 

 

Partidas e chegadas no Ecumenismo

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que está a decorrer até ao próximo domingo, procura chamar a atenção para o “muito que ainda há a fazer” no campo do ecumenismo. Em entrevista à Agência ECCLESIA, João Luís Fontes, da Equipa Ecuménica Jovem, destaca o simbolismo das propostas deste ano, preparadas pela comunidade cristã da Letónia.

“Em todas as celebrações eles usam uma patena e um cálice vazios, para dizer que apesar do muito que já percorremos em termos ecuménicos, também temos o que ainda não conseguimos fazer, e que tem que ser o nosso ponto de chegada para uma unidade, que é a comunhão eucarística”, explica aquele responsável.

Olhando para a palavra “ecumenismo”, João Luís Fontes realça que a palavra originária do grego surgiu “para dizer que o mundo e a Igreja são a casa de todos” e que, no caso dos cristãos, eles são “uma única família, dos crentes em Jesus”. “Uma realidade que se tornou mais clara” há dois anos, também por ocasião do oitavário de oração pela Unidade dos Cristãos, em que as 

 

várias Igrejas cristãs em Portugal assinaram “o reconhecimento mútuo do batismo”.

João Luís Fontes mostra-se satisfeito por este e outros passos que têm sido dados “nos últimos 20 ou 30 anos”. No caso do reconhecimento mútuo do batismo, ele representa “um assumir claro face ao sacramento através do qual todos entram na Igreja e assumem a sua pertença a Cristo”, a fidelidade a “um único Senhor”, aponta o investigador.

Subordinada ao tema “Chamados a proclamar as maravilhas do Senhor”, a edição deste ano da Semana de 

 

 

 

 

Oração pela Unidade dos Cristãos é um convite à escuta e à partilha da Palavra de Deus mas, também, um desafio aos cristãos para conhecerem outras Igrejas, outros espaços de celebração.

Segundo João Luís Fontes, a temática escolhida, que à partida poderia parecer “pouco desafiante”, é na verdade muito rica pois aponta para a experiência de um povo e de um país (a Letónia) “muito sofrido”, à semelhança da “maior parte dos países de Leste”. Uma nação onde também a comunidade cristã teve de sobreviver a uma “sucessão de

 

 regimes totalitários” e de “ocupações”.

Tudo isto fez com que eles se sentissem “guardados” por Deus, que os ajudou a “construir uma história longa e a preservar a fé”, salienta João Luís Fontes.

O Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos está a ser tema de destaque no Programa ECCLESIA desta semana, a partir das 22h45, na Antena 1.

 

 

 

 

 

O desafio de lidar em televisão com diferentes sensibilidades religiosas

“Lidar com pessoas de diferentes sensibilidades” religiosas é o desafio diário de Diogo Peres, que atualmente faz a produção da gravação dos programas “A Fé dos Homens” na RTP. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o profissional considera o seu trabalho uma “responsabilidade” mas também uma experiência de vida, pela oportunidade de “conhecer as várias formas que existem de abordar a religião”, cristãs e não cristãs.

Sendo “assumidamente católico”, Diogo Peres realça que todas as confissões religiosas têm a sua forma de “ajudar” as pessoas a “levarem a sua vida em frente” e a encontrarem “algum caminho”. E “é bom ver que há um grande respeito da parte de todos pelo tempo de todos”, destaca o mesmo responsável.

O programa “A Fé dos Homens”, em emissão de segunda a sexta-feira, e os programas “70x7” e “Caminhos”, ao domingo, na RTP2 são da responsabilidade das várias confissões religiosas reconhecidas em Portugal e com Igreja própria e incluem tempos de entrevista gravados nos estúdios da RTP.

 
Um dos conteúdos em destaque na programação das confissões religiosas na RTP2 é o Programa ECCLESIA, da Igreja Católica, emitido de segunda a sexta-feira há quase 20 anos, atualmente a partir das 15h00.

“No fim do mês anterior vejo o que é que vamos gravar, porque há uma grelha distribuída pela Comissão das Confissões Religiosas, onde diz a quantidade que cada confissão vai gravar e as datas já certas. Depois vou preparando os dias de gravação”, explica Diogo Peres.

As gravações acontecem “uma vez por semana”, sendo que cada confissão religiosa pode optar pelo “dia que lhes dá mais jeito”. Por exemplo, no caso da comunidade muçulmana, e “no tempo do Ramadão”, a preferência recai sempre pela manhã, “o mais cedo possível”.

“Eles têm a oração da manhã, depois a oração da hora de almoço, e tem que ser entre uma e outra”, salienta Diogo Peres.

Antes de ter assumido a produção do programa “A Fé dos Homens”, em junho de 2015, este profissional já tinha trabalhado com as confissões 

 

 

 

 

 

religiosas enquanto assistente de produção. Se o ambiente entre as diversas religiões “é tranquilíssimo” já as gravações requerem “regras” e muita “atenção”.

“Eu estava à espera que fosse um trabalho paradinho e tudo mais, em que está tudo escolhido. E afinal não é nada assim”, frisa Diogo Peres, que partilha ainda um episódio da sua relação com cada representante das confissões religiosas.

 
“Agora no Natal, queria enviar mensagens de Natal mas não sabia se podia enviar para todos, tive de investigar. É curioso que alguns responderam mesmo eu achando que eles não iam responder”, conta o produtor televisivo.

 

 

 
 

 

Ecumenismo na vida a dois

 

Nesta semana de oração pela unidade dos cristãos a ECCLESIA foi ao encontro de um casal “assumidamente ecuménico”. Foi num fim de tarde chuvoso o encontro com duas pessoas que nada fazia prever que eram de confissões religiosas diferentes, serenos, caminhavam em passos certos e com expressões tímidas.

 
 
Dina Rego é católica, e Alberto Teixeira é ortodoxo. A diferença que poderia ter sido barreira é hoje um testemunho de vida de 21 anos em Amor. As mãos trazem uma fina aliança e o Amor que os une foi partilhado como se de algo precioso se tratasse.

“Eu acho que a liberdade é muito importante. É fundamental da pessoa 

 

 

  

 

humana e cada um tem de escolher o seu caminho, aquilo que faz mais sentido e permite ter uma vida mais verdadeira, de maior honestidade connosco próprios”, revela Dina Rego que professa o credo católico.

Alberto Teixeira quando conheceu a sua futura esposa já tinha deixado a Igreja Católica Romana e um “caminho” de procura interior levou-o “até uma igreja em Benfica, sob o Patriarcado da Polónia” onde ingressou.

A esposa, de olhos claros e brilhantes, revela que nem sempre foi fácil, porque “havia algumas questões que se me colocavam mas depois de tomada a decisão e sentirmos o Amor, um pelo outro, não havia outra forma…”

“Nós ou amamos a pessoa inteira, tal e qual como ela é, ou então não há outra maneira e foi um percurso que acabou por ser normal”, observa a professora de educação especial.

Por seu lado Alberto Teixeira, de forma serena, explicou que a Dina deu um “passo longo” quando, passou das celebrações de 45 minutos, na Igreja Católica Romana, e, esporadicamente o acompanhava às celebrações ortodoxas que duravam cerca de quatro horas”.

 
Em julho de 1994 Dina e Alberto celebraram um casamento ortodoxo reunindo na celebração e na mesma mesa ortodoxos, católicos, evangélicos e presbiterianos o que deu à celebração um “cariz ecuménico”.

“Não era o que estava habituada, o ritual do casamento é muito bonito. O facto de termos uma coroa de flores naturais, fazermos uma pequena procissão como passando a ser príncipes ou reis de uma nova família, príncipes filhos de Deus; ou o próprio ritual do pão e do vinho, como uma refeição normal aproxima-nos ao quotidiano da família e da comunidade”, relembra Dina.

Há 21 anos viviam em Lisboa e Alberto Teixeira conta que celebraram o casamento numa “capelinha perto do Rio Sado”, um ambiente que fez sentido ao casal oriundo de famílias de agricultores.

“O ambiente bucólico, da vinha, dos areais, da horta, com o rio a correr por trás, o presbítero da capelinha era pescador, o padre era amigo nosso, todo o ambiente foi de festa feliz, muito natural”, acrescenta o sociólogo de formação.

Atualmente vivem em Aveiro têm

 

 

 

uma filha de 17 anos, educada na Igreja Católica Romana, e o quotidiano familiar faz-se em ambiente ecuménico.

Alberto Teixeira explica que, apesar de chegarem muito tarde a casa, todos os dias rezam antes da refeição “que consegue conciliar as duas confissões religiosas, os valores são os mesmos e é o que vai acontecendo de bom das nossas vidas”.

 
“Aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos separa e o fundamento é igual para todas as Igrejas Cristãs, é o Amor de Deus. Conseguimos rezar em conjunto por nosso iniciativa ou agora mesmo, até da nossa filha”, acrescenta Dina, em voz embargada.

“O que cada um vai descobrindo, bebendo na sua igreja ou com as pessoas que estão é trazido 

 

 

 

 

depois para a família como forma de partilha”.

A comunidade de Taizé foi o exemplo de visita a um espaço ecuménico que marcou a família que, sempre que pode, participa na oração nesse estilo na diocese de Aveiro, uma vez que faz todo o sentido para pai, mãe e filha.

“É uma oração que serve para todos e onde estamos envolvidos na Palavra, nos cânticos ou na oração 

 

pessoal”, esclarece a mãe sorridente.

Os cúmplices olhares e os sorrisos de compromisso foram constantes neste testemunho de uma família ecuménica onde vence o fundamento do Amor e a partilha se mostra como caminho.

 

 

 

Igrejas cristãs de portas abertas no Porto

Os cristãos no Porto querem ser “Igrejas de portas abertas para receber os irmãos”, os de perto e os de longe, os turistas, os migrantes e os refugiados. “Todos têm direito a encontrar no coração das Igrejas cristãs do Porto abertura e acolhimento, espaço de oração e de silêncio, lugar de contemplação e oportunidade de proximidade com Deus e com os seus irmãos na fé”, 

 

disse D. António Francisco dos Santos, na celebração que marcou o início do Oitavário na Igreja Metodista do Mirante.

O bispo do Porto assinalou que as Igrejas cristãs nesta diocese reafirmam o desejo de união nas celebrações ecuménicas conjuntas, em que também percebem a sua “missão no mundo”. “Acolhemo-nos para rezar, para partilhar a Palavra das Escrituras,

 

 

para agradecer a vida de Deus em nós e para perceber qual a missão das nossas Igrejas cristãs no mundo”, contextualizou.

D. António Francisco dos Santos alertou que a Europa apresenta “situações complexas e de desafios delicados” dos quais os cristãos são testemunhas com respostas. “Somos testemunhas de sofrimentos humanos em que a procura de sentido para a vida pessoal, para o bem das famílias, para o convívio entre os próximos e para a paz entre os povos necessita de fé esclarecida e de oração comum”, explicou esta segunda-feira.

O bispo do Porto sublinhou que através da Comissão Ecuménica têm desenvolvido um “abençoado esforço de iniciativas” e um “consistente conjunto de propostas” que ajudam a rezar em comum e convidam a caminhar de “olhar colocado no horizonte da unidade”.

Na igreja Metodista do Mirante, D. António Francisco dos Santos assinalou que “nem sempre é fácil proclamar bem alto” as maravilhas do Senhor entre “as dificuldades e os problemas”, como pessoas, instituições e povos. “Nem sempre é nossa voz livre e afirmada em uníssono, quando nos situamos frente a conceções diferentes da vida que recebemos de Deus e da missão que Cristo nos confiou”, analisou 

 

o prelado.  O guião para esta semana de oração foi preparado pelos cristãos da Letónia, país do leste da Europa, onde as primeiras referências ao cristianismo remontam ao século XII.

O bispo do Porto assinalou que a história da Letónia “guarda a firmeza da fé”, mesmo nos momentos mais difíceis e nas horas mais controversas, e revela também a “alma crente do povo” que se unia em oração comum, “implorando todos num só hino nacional”: “Que Deus abençoe a Letónia”.

 

 

Comunidade Vida e Paz respeita «identidade religiosa» da pessoa
sem-abrigo

O vice-presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP) destaca que no serviço à pessoa sem-abrigo têm preocupações ecuménicas porque o que “está sempre no centro é o bem da pessoa” que acolhem “respeitando a sua identidade”.

“O serviço de apoio espiritual tem a ver com esta noção de que todos somos seres criados e amados por Deus, podemos dizer que vamos beber a São Justino das sementes do verbo. Temos dentro de nós esta centelha de divino, sagrado, e é a partir daqui que também abordamos as pessoas em situação de sem-abrigo”, começa por explicar o diácono Horácio Felix.

Numa entrevista no contexto da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o vice-presidente da CVP sublinha que na abordagem tentam que se adquira uma “consciência” da sua dimensão sagrada e faça-se uma “regeneração” baseada neste pressuposto.

“As pessoas em situação de sem-abrigo têm uma fome muito grande de Deus, podem não saber como, mas têm essa fome”, destaca.

 
Neste contexto, o diácono Horácio Felix adiante que aderem “facilmente” às iniciativas propostas pela equipa de Formação para a Espiritualidade e Valores para além de que a dimensão espiritual faz parte do processo terapêutico do modelo de 12 passos, o modelo Minnesota.

“Esta descoberta e esta consciencialização do divino que há em nós faz parte da terapia, é uma área em que muitas vezes os próprios técnicos têm dificuldade em trabalhar”, revela o entrevistado.

Com uma “raiz sempre cristã”, a Comunidade Vida e Paz, instituição do Patriarcado de Lisboa, tem propostas de espiritualidade que respeitam todas as confissões, desde Missas a Celebrações da Palavra, Cursos Alfa anuais e catequese.

Segundo o vice-presidente da CVP, o serviço de catequese “mais do que as fundamentações doutrinais do cristianismo” é direcionado para a descoberta do amor de Deus por cada um e para a “dimensão do perdão e do amor”, porque “o resto vem por acréscimo”.

 

 

 

 

 

“Temos pessoas que reconhecidamente não querem fazer este caminho, que nós respeitamos, e temos algumas pessoas de outras confissões: Protestantes, que vieram de outros paíse ou muçulmanos que podem fazer as suas orações no quarto”, desenvolve.

O diácono Horácio Felix destaca ainda que, por exemplo, durante o 

 

Ramadão, ou noutras ocasiões, são feitas visitas à Mesquita mas os muçulmanos também são convidados a participar nas orações católicas e “muitas vezes participam”.

A entrevista ao vice-presidente da Comunidade Vida e Paz é transmitida esta sexta-feira a partir das 22h45, no Programa ECCLESIA, na Antena 1.

 

 

 

 

Basílica de São Paulo
Fora dos Muros Online

http://www.basilicasanpaolo.org/

 

No próximo dia 25 de Janeiro, celebramos a solenidade litúrgica da conversão de São Paulo, data que coincide com o encerramento da semana de oração pela unidade dos cristãos. É também neste dia que tradicionalmente o Santo Padre celebra na basílica de São Paulo Fora dos Muros. Assim, esta semana, sugerimos que efectue uma visita ao sítio virtual desta extraordinária basílica.

Ao entrarmos neste espaço virtual, encontramos as notícias mais recentes e os principais artigos que se encontram em destaque e naturalmente, um conjunto notável

de opções que estão ao nosso dispor.

No item “A Basílica”, podemos

 

 ficar a conhecer um pouco da sua história. Desde o túmulo do Apóstolo Paulo, ao edifício mandado erigir pelo imperador Constantino, bem como qual a era de ouro da Basílica e quais os Jubileus que já ocorreram. Podemos ainda informarmo-nos acerca do incêndio de 1823, do exterior da Basílica, do complexo actual, quem é o Cardeal-Arcipreste, da presença da comunidade monástica beneditina que remonta ao séc. VI. Pode ainda conhecer um pouco mais sobre

 

 

 

 

 

“São Paulo”. Quais as suas viagens missionárias, como aconteceu a sua conversão a Cristo, quando ocorreu o início do seu ministério, o que se passou no Concílio de Jerusalém, qual o seu papel no início da Igreja, e por fim o seu martírio em Roma.

Em “oração”, todos os visitantes virtuais podem enviar as próprias orações por meio de um formulário que posteriormente poderão ser visualizadas neste espaço.

Caso pretenda aceder aos 

 

acontecimentos que ocorrem neste magnífico templo cristão, desde concertos a conferencias, de cerimónias (pontifícias e litúrgicas) a exposições, basta clicar em “eventos”.

Por último, destaco a extraordinária “visita virtual”, o ex-libris deste sítio. Aí temos ao nosso dispor a possibilidade de navegarmos com a ajuda do rato, ao longo de todo este conjunto dedicado a S. Paulo. Ao todo são nove os espaços que se encontram devidamente virtualizados proporcionando uma agradável visita, ficando o utilizador com uma aproximação bastante real de toda a beleza e magnificiência envolvente desse espaço sagrado.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 
Presidente da Cáritas do Líbano visita Portugal

Na passada semana, o Presidente da Cáritas do Líbano, o Padre Paul Karam, esteve em Portugal, numa visita que decorreu na sequência do protocolo estabelecido com a Cáritas Portuguesa no âmbito do programa "PAR Linha da Frente".

Durante esta semana, onde teve a oportunidade de conhecer o trabalho da Cáritas a nível nacional, visitando várias Cáritas Diocesanas (Bragança-Miranda, Coimbra, Lisboa, Setúbal, Vila Real e Viseu.), o Pe. Paul Karam referiu que “há muita afinidade entre o Líbano e Portugal e espero que continue a cooperação entre as Cáritas dos dois países”. [ler mais]

 

 

Programa PAR Linha da Frente prolongado até março

O sucesso da campanha da Plataforma de Apoio aos Refugiados, que pretende recolher em Portugal donativos destinados a apoiar refugiados do Médio Oriente, levou a que a duração do programa PAR Linha da Frente fosse alargada e se prolongue por mais 2 meses.

Ao Líbano, país do mundo com a maior concentração de refugiados per capita, chegam agora mais de 200.000€ angariados desde o lançamento do programa, em setembro. Metade desse valor é destinado à Cáritas do Líbano e vai permitir assegurar alimentação e cuidados de saúde a mais de 900 pessoas.

 

 

 

 

 

 
Editorial Cáritas em Braga

No dia 13 de janeiro, a Cáritas diocesana de Braga, em colaboração com o polo de Braga da Universidade Católica Portuguesa, promoveu uma sessão de lançamento de três obras da Editorial Cáritas.

Neste dia, foi lançada a obra «Cuidar do Outro – Estudos em homenagem a Sergio Bastianel sj», uma festschrift organizada pelos Professores de Teologia Moral Donatella Abignente e José Manuel Pereira de Almeida; «Crimes e Criminosos no Norte de Portugal – O caso do Alto Minho Oitocentista» uma obra de Alexandra Esteves, docente da UCP-Braga; e «A Consciência Social da Igreja Católica – 124 anos de história 1891-2015», do Pe. Domingos Lourenço Vieira.

 

 

II Concílio do Vaticano: Um atelier de arquitetura conhecido por «sacristia»

 

 

Arquiteto diplomado com 18 valores pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 19 de Abril de 1949, Nuno Teotónio Pereira nasceu na capital e o seu “atelier” no meio dos arquitetos era conhecido pela “sacristia” porque ele e Nuno Portas eram “católicos militantes”. Nascido a 30 de janeiro de 1922, Nuno Teotónio Pereira faleceu esta quarta-feira (20 de janeiro).

A luta pela liberdade política e as preocupações sociais foram um dos traços da vida deste arquiteto que abdicou, “aos 18 anos, do «H» de Theotónio”, confessou à revista «Público Magazine» de 31 de Janeiro de 1993.

Com barbas brancas – interrompidas em tempos pela PIDE – o «Patriarca da Arquitetura» fundou, em 1952, juntamente com alguns artistas plásticos e arquitetos o Movimento para a Renovação da Arte Religiosa, cuja ação propunha “uma arte religiosa de cariz pastoral, moderna, em contraponto aos modelos tradicionais então em voga”, lê-se no catálogo da exposição bibliográfica «Nuno Teotónio Pereira».

Ao longo da sua carreira recebeu vários prémios de arquitetura e os prémios Valmor de 1967, 1971, 1975, respetivamente Torre de Habitação nos Olivais Norte, Edifício Franjinhas na Rua Braamcamp e Igreja do Sagrado Coração de Jesus.

Após os 18 anos, Nuno Teotónio Pereira começou a “ver muito a sério os aspetos sociais do catolicismo” e procurou contactos com o padre Abel Varzim, “um homem do Movimento Operário Católico que depois foi desterrado de Lisboa”. Com os contactos, leituras 

 

 


 

e os jornais da “esquerda católica europeia”, o arquiteto foi-se “definindo nessa direção, mas o que me interessava eram os acontecimentos, não era a teoria”, lê-se na entrevista ao referido jornal.

Preso pela PIDE em 1967, 1972 e 1973, tendo sido libertado da prisão de Caxias após o 25 de Abril de 1974, Nuno Teotónio Pereira afirma que a certa altura, após a Revolução dos Cravos, começou a sentir-se “fora da Igreja” e o primeiro elemento que o levou a tomar esta decisão foi sentir-se “incapaz de estar em comunhão, como se diz na Igreja, com os bispos, com os dirigentes” e acrescenta: 

 

“Não podíamos estar no mesmo barco”. (Cf. Jornal citado anteriormente).

Ativista na luta contra a guerra colonial, o arquiteto reconhece que foi alertado para o problema “através das publicações católicas” e recebeu influência “dos padres angolanos que foram desterrados para cá”. Considerou que o tempo da clandestinidade “foi um período apaixonante” visto que pretendia “que a opinião católica tomasse consciência da situação e da contradição entre a guerra colonial e os apelos de paz que o Papa fazia com frequência, sobretudo o João XXIII”. 

 

 

janeiro 2016 

23 de janeiro

. Fátima - Reunião de secretariados diocesanos de EMRC

 

. Braga - UCP (Auditório São Tomás de Aquino) - Jornada sobre «Do clique ao toque: o diálogo entre a vida e a fé nos dispositivos digitais» promovida pela Universidade Católica Portuguesa – Braga

 

. Braga - Barcelos (Auditório São Bento Menni), 09h30 - A Casa de Saúde de S. João de Deus realiza uma conferência intitulada «Estigma: Que Caminhos?» que está integrada no programa de Luta contra o Estigma na Doença Mental

 

. Aveiro – Seminário de Santa Joana Princesa, 10h00 - Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral

. Lamego - Casa de São José, 10h00 - Conselho Diocesano de Pastoral

 

. Aveiro - Adro da Igreja de Santa Joana, 10h00 - Iniciativa «Crianças ajudam Crianças» promovido pelo Serviço de Animação Missionária da Diocese de Aveiro

 

 

 

Lisboa - Alcobaça (Mosteiro de Alcobaça - Sala do Capítulo), 15h00 - Conferência sobre «Espaços rurais do Mosteiro de Alcobaça - antigas granjas - arquitetura e usos atuais» por Maria do Céu Tereno, professora na Universidade de Évora

 

Lisboa - Alcobaça (Mosteiro de Alcobaça - Sala do Capítulo), 15h00 - Conferência sobre «Os vinhos do Mosteiro de Alcobaça» por António Maduro, professor do Instituto Universitário da Maia

 

Coimbra - Figueira da Foz (Igreja Presbiteriana), 15h00 - Celebração nacional da Semana de oração pela unidade dos cristãos

 

Lisboa - Salão Paroquial da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, 15h30 - Lançamento da obra «D. Albino Cleto - memórias de uma vida plena» da autoria de José António Santos e apresentação de D. Manuel Clemente

 

Lisboa - Adro da Igreja de São Domingos, 17h00 - Jornada de oração pela paz promovida pela Fundação AIS, em colaboração direta com diversas organizações da Igreja Católica portuguesa

 

 

 

 

 

Setúbal - Igreja Nova de Almada, 21h00 - Jornada e concerto pela paz promovida pela Fundação AIS, em colaboração direta com diversas organizações da Igreja Católica portuguesa

 

Braga - Amares (Pousada de Santa Maria de Bouro), 21h00 - Lançamento da obra «Senhora do Monte - Viagem às origens da Senhora da Abadia» da autoria de Adelino Domingues

 

Lisboa - Igreja de Santa Joana Princesa, 21h30 - Vigília ecuménica jovem

 

Porto - Capela de Fradelos, 21h30 - Colóquio sobre «Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha do Menino Jesus» que tem como orador o padre Alpoim Portugal e serve para celebrar a memória de São Francisco Sales

 

24 de janeiro

Filipinas – Cebu - Congresso Eucarístico Internacional que tem como tema «Cristo em vós, a esperança da glória» (termina a 31 de janeiro)

 

Algarve - Jubileu dos Diáconos

 

 
 

Setúbal - Centro Paroquial de Nossa Senhora da Anunciada - Celebração do Jubileu dos Catequistas

 

Bragança – Cerejais - Abertura da porta santa do Jubileu da Misericórdia  no Santuário de Cerejais

 

Vaticano - Publicação da mensagem do Dia Mundial das Comunicações Sociais

 

Setúbal - A Pastoral da Juventude da Diocese de Setúbal recebe a Cruz da Evangelização da Europa uma iniciativa que se pretende de “caminho de oração e reflexão” até à Jornada Mundial da Juventude de 2016 (termina a 31 de janeiro)

 

Setúbal - Almada (Alfeite), 10h00 - Abertura da porta santa do Jubileu da Misericórdia na Igreja do Alfeite

 

Algarve - Faro (Sé), 16h00 - Ordenação de dois diáconos

 

25 de janeiro

Portalegre - Mem Soares -  Jornadas do Clero da Diocese de Portalegre - Castelo Branco (até 26 de janeiro)

 

 
 

 

 

 

 

22 de Janeiro - No Vaticano é apresenta hoje a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016, este ano a 8 de maio, com o tema “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”.

 

Bragança - No contexto do dia de São Francisco de Sales (24 jan), patrono dos jornalistas, o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, promove um encontro/pequeno-almoço com estes profissionais que trabalham na região da diocese, Seminário de São José.

 

23 de janeiro - Braga - “Do clique ao toque: o diálogo entre a vida e a fé nos dispositivos digitais”, uma jornada promovida pelo núcleo regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa, a partir das 10h00, no Auditório São Tomás de Aquino.

 

Barcelos - A Casa de Saúde de S. João de Deus de Barcelos realiza a conferência “Estigma: Que Caminhos?”, integrada no programa de Luta contra o Estigma na Doença Mental, às 09h30, no Auditório São Bento Menni.

 

Lisboa e Almada - Jornada de oração pela paz e pelos cristãos perseguidos promovida pela Fundação AIS, em colaboração com diversas organizações da Igreja Católica portuguesa: às 17h00 com a Oração do Terço, na igreja de São Domingos (perto da praça do Rossio); concerto solidário com a irmã Kelly Patrícia (Brasil), às 21h00, na igreja Nova de Almada.

 

26 janeiro - Lisboa - Conferência sobre “Guerra por toda a parte: pacifismo e guerra justa” por Adriano Moreira, presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia de Ciências e antigo líder do CDS, integrada no ciclo «Bem-aventurados os misericordiosos», às 21h30 na igreja de São Tomás de Aquino

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 24 de janeiro - A Uma nova geração ecuménica: Deus e as religiões para adolescentes e jovens

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 25 - Entrevista sobre ao investigador Miguel Panão sobre o diálogo entre a ciência e a fé.

 

Terça-feira, dia 26 - Informação e entrevista sobre o Jubileu da Misericórdia a José Vitor Adragão e Rosário Boavida.

 

Quarta-feira, dia 27 - Informação e entrevista sobre Curso "O Mundo da Bíblia" a Juan Ambrosio

 

Quinta-feira, dia 28 - Informação e entrevista sobre a obra «D. Albino Cleto - memórias de uma vida plena» ao autor, José António Santos

 

Sexta-feira, dia 29 - Entrevista de análise à liturgia de domingo com o padre João Lourenço e Juan Ambrosio

 

Antena 1

Domingo, dia 24 de janeiro - 06h00 - Deus, as religiões e as Igrejas. As novas configurações do crer e do diálogo inter-religioso na perspetiva de Alfredo Teixeira

 

Segunda a sexta-feira, 25 a 29 de janeiro - 22h45 - No fim do Ano da Vida Consagrada olhamos as congregações em festa: Salesianos, Dominicanos, Vitorianas, Caremelitas e Dominicanas.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 3.º Domingo do Tempo Comum

 
 
 
 
 
 
 
A Palavra de Deus alegra o coração
 

A Palavra de Deus, acolhida e celebrada, meditada e vivida, está no centro das leituras bíblicas deste terceiro domingo do tempo comum. Ela é o centro à volta do qual se constrói a experiência cristã, um anúncio libertador que Deus dirige a todos nós e que incarna em Jesus Cristo e em nós, seus seguidores.

O Evangelho apresenta Cristo como a Palavra que se torna Pessoa no meio dos homens, a fim de levar a libertação e a esperança às vítimas da opressão, do sofrimento e da miséria. A comunidade de Jesus só pode ser uma comunidade que anuncia ao mundo essa Palavra libertadora, que é todo o programa de Jesus proclamado na sinagoga de Nazaré.

Na segunda leitura, Paulo fala dos dons, ou carismas, de Deus que são para repartir e pôr ao serviço do bem comum. Os dons indicados em primeiro lugar (apóstolos, profetas, doutores) dizem respeito à Palavra, ao anúncio da Boa Nova. A Igreja, corpo de Cristo, nasce e alimenta-se da Palavra. Diante da Palavra criadora e vivificadora que Deus dirige à comunidade, tudo o resto passa para segundo plano.

A primeira leitura exemplifica como a Palavra deve estar no centro da vida comunitária e como ela, uma vez proclamada, é geradora de alegria e de festa. Vale a pena reler e meditar a descrição desta grande assembleia do Povo de Deus presidida pelo sacerdote Esdras à volta da Palavra.

Todos são convocados, a Palavra de Deus dirige-se a todos sem exceção, a todos interpela e questiona. Os pormenores da cena concorrem para o respeito e a veneração da Palavra, que está no centro e ocupa lugar especial na vida da comunidade. O modo como a 

 

 

 

 

Palavra é proclamada e explicada indica-nos como se deve processar uma verdadeira celebração da Palavra. Diz que «os levitas liam, clara e distintamente, o Livro da Lei de Deus e explicavam o seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura». O Povo deixa-se interpelar, em atitude de conversão e transformação de vida. E tudo termina numa grande festa: o dia consagrado ao Senhor é um dia de alegria e de festa para a comunidade que se alimentou da Palavra.

É isso que acontece nas nossas vidas, famílias e comunidades, ao ler e escutar a Palavra de Deus?

 
Muito caminho de renovação há ainda a percorrer, para que a Palavra do Senhor seja espírito e vida, seja reconforto para a alma e sabedoria para os simples, alegre o coração e ilumine os olhos, permaneça eternamente em nós.

Estas são palavras do Salmo 18 de hoje, que devemos continuar a rezar ao longo da semana, para que a Palavra de Deus nos alegre, nos ilumine e nos transforme; Palavra que é a própria Pessoa de Jesus Cristo, para nós espírito e vida.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Bispo de Bragança-Miranda pede objeção de consciência às «murmurações»

O bispo de Bragança-Miranda disse à Agência ECCLESIA que uma das propostas para viver o Jubileu da Misericórdia na diocese consiste na “objeção de consciência às murmurações”. “Estamos a propor ao presbitério, aos secretariados, aos serviços, aos movimentos e às várias comissões uma objeção de consciência às murmurações, contra o falar mal dos outros”, afirmou D. José Cordeiro.

Para o bispo de Bragança-Miranda, em “todos os setores e ambientes há muito a tentação de dizer mal, de 

 

murmurar, das coscuvilhices, das coisas que não interessam a nada nem a ninguém”. “Que isso não seja apenas um discurso moral, porque lesa as pessoas, os ambientes e as comunidades e não nos torna mais irmãos”, sugeriu D. José Cordeiro, adiantando que “a bênção e a misericórdia” consiste em “cultivar o dizer bem”

A proposta do bispo de Bragança-Miranda para todos os ambientes diocesanos retoma a proposta do Papa Francisco desde o início do seu pontificado e foi lembrada 

 

 

 

 

à Agência ECCLESIA após ter presidido à abertura da Porta Santa no Convento de Balsamão, este domingo. “Assim podemos aproximar o mais possível as portas das pessoas e as pessoas das portas da misericórdia, neste vasto território, e dar esta possibilidade a todos, sobretudo nos locais onde há possibilidade da reconciliação, assistência, eucaristia o acolhimento”, sublinhou D. José Cordeiro.

 

A Diocese de Bragança-Miranda tem portas jubilares na Catedral de Bragança, na Concatedral de Miranda, na Basílica de Santo Cristo do Outeiro e nos Santuários de Nossa Senhora de Balsamão e do Imaculado Coração de Maria de Cerejais, onde o bispo diocesano preside à abertura da Porta Santa no dia 24 de janeiro.

 
Surpresa do Papa
O Papa fez uma visita surpresa a um lar de idosos nos arredores de Roma, onde se encontrou com cerca de 30 pessoas, revelou a página oficial do Jubileu da Misericórdia. A iniciativa vai ao encontro do que o próprio Francisco tinha prometido, antes do início do Ano Santo extraordinário (dezembro 2015-novembro 2016), quando manifestou a intenção de cumprir um “gesto” simbólico durante cada mês do jubileu.

"Esta visita não programada apanhou todos de surpresa e ajuda a compreender como são importantes as palavras do Papa Francisco contra a cultura do descarte e o grande valor que os idosos e os avós têm na Igreja e na sociedade", explica o comunicado do Vaticano.

A nota acrescenta que Francisco visitou depois uma instituição que acolhe sete pessoas em estado vegetativo persistente, acompanhadas pelos seus familiares. "Também este gesto, tão profundamente humano, do Papa Francisco testemunha o grande valor da vida humana e da dignidade com a qual deve ser sempre respeitada", refere o site oficial do Jubileu. 

 

Ano da Vida Consagrada com balanço positivo

O secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica faz um balanço “altamente positivo” do Ano da Vida Consagrada que está a terminar. Em entrevista à edição desta quarta-feira do jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, D. José Rodríguez Carballo diz que para os religiosos o Ano da Vida Consagrada tem sido um tempo “de graça” e uma oportunidade de revitalização, “em fidelidade criativa” para com os princípios “fundadores” de cada congregação.

Graças ao desafio lançado pelo Papa Francisco, os institutos religiosos foram chamados “a sair dos próprios ninhos” para, “com renovado ardor”, caminharem “rumo às periferias existenciais e às vanguardas da missão aos próximos e aos distantes”, sustenta o arcebispo.

O Ano da Vida Consagrada foi anunciado pelo Papa argentino em novembro de 2013, no final de um encontro com 120 superiores gerais dos institutos religiosos masculinos.

Começou depois a 30 de novembro de 2014, desafiando os consagrados, religiosos e leigos consagrados a darem testemunho, a partir de diferentes carismas e espiritualidades, da sua ação em prol de uma sociedade

 

mais justa e fraterna.

Para D. José Rodríguez Carballo, o evento que termina a 2 de fevereiro foi também “uma ocasião para aprofundar o lugar que a vida consagrada ocupa na Igreja Católica”. “Em muitos congressos e publicações foram aprofundados os seus elementos essenciais: consagração, vida fraterna em comunidade e missão”, recorda o prelado.

Além disso, a iniciativa constitui-se como “um momento bonito e importante” para o “conhecimento” e para a “colaboração” entre as várias congregações, “nos diversos campos de missão”.

O representante do Vaticano realça ainda o impacto positivo que o Ano da Vida Consagrada teve no “restante povo de Deus – bispos, sacerdotes e leigos”. “Tornou possível um conhecimento mais profundo, um acolhimento cordial e uma estima maior da consagração”, complementou. 

 

 

 

Pastéis de Belém

 

No início do Século XIX, em Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, laborava uma refinação de cana-de-açúcar associada a um pequeno local de comércio variado. Como consequência da revolução Liberal ocorrida em 1820, são em 1834 encerrados todos os conventos de Portugal, expulsando o clero e os trabalhadores. Numa tentativa de sobrevivência, alguém do Mosteiro põe à venda nessa loja uns doces 

 
pastéis, rapidamente designados por "Pastéis de Belém".
Na época, a zona de Belém era distante da cidade de Lisboa e o percurso era assegurado por barcos de vapor. No entanto, a imponência do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém, atraíam os visitantes que depressa se habituaram a saborear os deliciosos pastéis originários do Mosteiro.
 

 

 

A alegria contagiante da comunidade franciscana nos Camarões

O amor que salva

Presos, leprosos, cegos, pobres. Todos os dias os franciscanos do Emanuel saem para as ruas ao encontro dos mais pobres dos pobres da comunidade. Numa região perturbada já pelos tambores da guerra e do terrorismo, estes homens de Deus são semente de paz

 

Por ali, em Nkongsamba, todos conhecem os franciscanos do Emanuel. Vestem-se com uma túnica comprida, de um azul acinzentado, com capuz e corda à cintura de onde pende um largo terço. Estão q8uase sempre a sorrir. A alegria destes franciscanos é contagiante. O irmão Denis-Antoine é o rosto desta comunidade. Todos os dias, Denis-Antoine, juntamente com os seus irmãos, palmilha as ruas para levar uma palavra de conforto aos leprosos, aos cegos, aos que estão nas cadeias, às famílias em maior necessidade. “Somos filhos de Deus, que poderá acontecer-nos?”, afirma, não dando importância às notícias inquietantes que têm sobressaltado as populações deste país africano. A situação tensa que se vive na fronteira

 

com a Nigéria, com os jihadistas do Boko Haram a fazerem da região como que um santuário para os seus militantes, tem levado à fuga de milhares de pessoas. Calcula-se que, neste momento, mais de 400 mil pessoas vivam refugiadas nos Camarões, em fuga da guerra e dos atentados na Nigéria.

 

Ameaças à paz

Em Setembro do ano passado, um duplo atentado provocou mais de três dezenas de mortos e inúmeros feridos. Por ali, não vale a pena falar em fronteiras. As pessoas atravessam de um lado para o outro entre os Camarões e a Nigéria com a maior das facilidades. Qualquer pessoa pode fazê-lo. Até os bombistas suicidas que querem implantar um estado islâmico à força na região.

São muitos os desafios que se colocam à comunidade franciscana do Emanuel durante os tempos mais próximos. No norte do país, a ameaça vem do islão fanático, enquanto ao sul alastram as seitas evangélicas. O irmão Denis-Antoine não parece preocupado. 

 

 

 

 

Sempre com um sorriso imenso que lhe ilumina o rosto, prefere destacar o trabalho com os mais pobres. É aí que está o centro do Evangelho. É aí que está o sal desta comunidade fraterna. “Os mais pobres, os presos, os doentes, são meus irmãos e irmãs. Nos seus olhos vejo Cristo, vejo a alegria dos redimidos.” Neste Ano da Misericórdia, ali, nos Camarões, apesar da violência ensurdecedora que chega todos os dias pelas rádios e televisões, apesar das ameaças dos islamitas do Boko Haram, é possível construir um oásis de paz. O Centro 

 

que os Franciscanos do Emanuel estão a edificar nos Camarões, com o apoio dos benfeitores e amigos da Fundação AIS, é um sinal de esperança nestes dias de tempestade. Se o ódio alimenta a guerra, o amor é fermento de paz. “É o amor que salva”, explica, em poucas palavras, o irmão Denis-Antoine, como se estivesse a revelar o segredo desta comunidade franciscana. “Esta amizade faz sentir o amor de Deus.”

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

Voluntários, sempre!

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

O Voluntariado virou moda. Hoje fica bem no curriculum escrever que se é voluntário aqui ou ali, a ajudar pessoas, a cuidar de gatos abandonados, a limpar matas e ruas. É é muito bom que assim seja.

Num tempo em que manda o útil e o lucrativo, investir no voluntariado faz todo o sentido. Diria mesmo que é um acto de remar contra a corrente, o que contradiz a ideia comum de que ser voluntário é moda. Nem sempre a coerência é imagem de marca da civilização dos tempos que correm…

Há ainda uma outra dimensão a considerar: o prolongamento da idade da prática do voluntariado. Durante algum tempo, quando se falava em voluntários, saltava logo o filme de jovens a partir para alguma missão longe ou a fazer algo de solidário ao perto. Hoje, porém, uma das grandes bolsas de voluntariado abrange pessoas seniores.

Há dados que têm a ver com a longevidade sempre em aumento na Europa. Nunca se viveu tanto como agora, sendo habitual encontrar pessoas de mais de noventa anos a levar uma vida com perfeita autonomia.

Na Igreja, nas instituições sociais, nas colectividades da sociedade civil, nas universidades seniores…encontramos muitas pessoas dedicadas de alma e coração a projectos de cidadania responsável. Trata-se de um capital de enorme qualidade pela experiência que traz e pelos afectos que transmite.

As pessoas seniores, regra geral, têm a sua reforma e muita disponibilidade. Nem todas, claro. 

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

Não andam atrás de dinheiro, mas buscam formas de ocupação criativa e útil do seu tempo. Buscam ainda uma forma de pôr a render os talentos que ainda têm e querem colocar ao serviço dos outros, sobretudo dos que mais precisam. Bem recorda o Papa Francisco que é urgente partir em direcção ás periferias e margens para trazer para o centro as pessoas que vêem os seus direitos violados e a sua dignidade espezinhada. Há, neste âmbito, um longo caminho a percorrer e os mais vividos podem e devem ter uma importante palavra a dizer.

 
Os centros comerciais, cafés e bancos de jardim ainda estão cheios de gente que enterrou os talentos da sua vida sénior. Tantos anos de experiência merecem mais capitalização. E, segundo se vai percebendo, o voluntariado sénior proporciona um ganho duplo: ficam mais ricos os que beneficiam do trabalho voluntário e também os que o fazem em favor dos outros.

Se todos ganham, porque razão estar á espera para investir mais e melhor no voluntariado sénior?

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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