04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
   Irmão Alois de Taizé

24 - Opinião:
   LOC/MTC

26 - Semana de..

    Luis Filipe Santos

28 - Dossier

   Visitar os presos
 
 

 
 

30 - Entrevista

   Celso Manata

60 - Multimédia

62 - Estante

64 - Concílio Vaticano II

66 - Agenda

68 - Por estes dias

70 - Programação Religiosa

71 - Minuto Positivo

72 - Liturgia

74 - Jubileu da Misericórdia

78 - Fundação AIS

80 - LusoFonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

 

A presença da Igreja nas prisões


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Ação social em Portalegre e Castelo Branco

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Políticos, corrupção e conversão

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D. Joaquim Mendes | Paulo Rocha Irmão Alois| LOC/MTC | Fátima Magalhães |Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques | Luis Filipe Santos

 

Presos à vida

  Paulo Rocha  
  Agência ECCLESIA  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Num ambiente de tertúlia, aproximaram-se narrativas de percursos de vida que se viram obrigados a reunir todas as forças para continuar “presos à vida”: o diagnóstico inesperado da inevitabilidade de amputação de mãos e pés, a cegueira congénita e a escravidão da droga que levou à prisão quem nunca desistiu de encontrar um “tino” para a vida.

 

 

 

 

 

 

Três histórias de desgraças? Sim, elas existiram! Mas mostram sobretudo a determinação em descobrir o gosto pela vida!

É impensável, na meia-idade, reaprender a andar, a comer, a vestir-se e tudo o mais com próteses no lugar de braços e pernas e ferros no sítio das mãos e dos dedos. Quem ultrapassou essas barreiras diz que “renasce” em cada dia. E acrescenta, com gentileza e após ter aberto o pequeno pacote de açúcar antes de o misturar no café com que termina a refeição, “se eu precisar de ajuda, peço!”.

Outro caso. Infelizmente, há muitas pessoas que não conhecem a luz, vivem permanentemente numa escuridão. Mesmo assim, muitos cegos falam dos tons e das cores que o mundo tem com entusiasmo, com realismo, certos de que “Deus pode não ter dado luz para ver o mundo, mas deu o coração para o descobrir com muito mais sensibilidade”.

A terceira situação. É partilhada por quem deixou casa e família ainda na infância e saiu de um desses lugares “problemáticos” rumo a aventuras, todos os dias. 

 

 

 

 

 

Facilmente se percebe o desfecho de um itinerário de vida que cresceu neste ambiente e com referências completamente frágeis, mesmo na família. Até ao dia em que “cai a máscara”, reaparece o sonho de uma vida com sentido e a decisão de uma mudança radical. Porque esse horizonte é uma marca permanente, mesmo em quem passa anos na vadiagem, na droga, rouba e acaba na prisão. “Nunca me senti preso!”, garantia quem passou muitos anos detido, dias consecutivos na “solitária”. Mas a essa convicção acrescentava: “Não julguem nem gritem, apoiem”, porque “todo o ser humano é sempre mais do que o seu erro”. E, acrescento, mais do que o seu sofrimento, o seu limite, a sua deficiência.

Por momentos, pessoas e grupos parecem deixar-se afetar e entusiasmar por cartazes de mau gosto ou leis que desconhecem o direito e têm por fundamento apenas a ideologia da ocasião. Mas a história confirma que sempre se faz pelos que permanecem presos à vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Orçamento de Estado ?de 2016 aprovado na generalidade pela esquerda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OE2016

“[Aprovação partidos de esquerda] demonstrou a capacidade e vontade do Governo de inverter o rumo e definir um caminho orçamental mais realista do que o que foi apresentado no primeiro esboço no início de Fevereiro”. Agência de notação Moody’s, in Público 25/02/2016

 

"É um mau orçamento porque não está, como deveria, ao serviço de uma estratégia sólida de recuperação da economia e do emprego”, líder do PSD, Pedro Passos Coelho, aos jornalistas, na sede do partido. DN, 22/02/2016

 

Plano de reestruturação do Novo Banco implica saída de mil funcionários já este ano. 500 devem deixar a entidade no âmbito de um despedimento coletivo, informou hoje a comissão de trabalhadores do banco, divulga Agência Lusa.

 

“O filme baseia-se na ideia, talvez ingénua, de que a ação pode levar a uma mudança de atitude”, refere o texto de apresentação do documentário ‘Balada de um Batráquio’, com o qual Leonor Teles, 23 anos, receber um Urso de Ouro, para Melhor Curta Metragem, no 66.º Festival de Berlim.

 

“Quando se perde a dimensão do serviço, o poder transforma-se em arrogância e torna-se domínio e opressão”, Papa Francisco, audiência pública semanal, Praça de São Pedro. AE 24/02/2016

 

 

 

Respostas sociais com marca católica
em Portalegre e Castelo Branco

 

O bispo de Portalegre-Castelo Branco destacou a matriz cristã que deve reger as respostas sociais da Igreja, que “não podem ser lugar de um certo ateísmo prático”. Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, D. Antonino Dias realçou que as 

 
 

instituições não podem ser espaços onde “não se tem nada contra Deus, mas faz-se tudo sem Deus e ele não é chamado a nada”.

E se a maior parte das instituições na diocese “exercem a sua missão, fazem oração com os crentes, têm 

 

 

 

  

 

 

 

orações comunitárias, sabem falar de Deus às pessoas, mesmo individualmente, haverá outras que não farão nada e esse é o desafio, fazer com que façam alguma coisa”, apontou o prelado.

D. Antonino Dias presidiu este sábado à 7.ª assembleia diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana, que levou ao auditório municipal de Vila Real cerca de 240 pessoas, entre sacerdotes, membros das 40 Misericórdias e outras instituições sociais, e representantes dos vários grupos e movimentos pastorais da região.

Uma iniciativa subordinada ao tema “A Misericórdia, Coração da Identidade Cristã”, tendo por base e o Jubileu da Misericórdia que a Igreja Católica está a viver.

O bispo de Portalegre-Castelo Branco destacou à Agência ECCLESIA a importância de “formar” quem participa no trabalho social da Igreja Católica, “para que percebam que estas instituições ligadas à Igreja têm sempre uma identidade muito própria e uma missão que não pode ser esquecida”. “Portanto estas jornadas são sempre uma ocasião para 

 

fortalecer esta capacidade de darmos as mãos e de caminharmos juntos”, completou.

Atualmente, o trabalho social na Diocese de Portalegre-Castelo Branco é assumido quase na totalidade pelas Misericórdias, havendo ainda “alguns centros sociais paroquiais”. “As Misericórdias são a principal resposta social que temos, fazem aquilo que podem e há um esforço para se fazer cada vez mais”, garantiu D. Antonino Dias.

Para o diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Social e Mobilidade Humana, a 7.ª assembleia diocesana do setor permitiu recolher "pistas para que nos diversos serviços, obras e movimentos as coisas não fiquem todas na mesma". Elicidio Bilé destacou a importância de uma maior ligação entre o Secretariado, a Caritas Diocesana e os diversos grupos paroquiais de pastoral social.

Para que assim se possa "tentar que em cada comunidade, ou conjunto de paróquias com um pároco em comum, haja uma Cáritas interparoquial ou um outro grupo organizado que permita dar resposta aos problemas", apontou.

 

 

Eutanásia «fratura» pessoas e sociedades

O cardeal-patriarca de Lisboa que a legislação tem de progredir no apoio à “viabilidade familiar” e que a eutanásia é um sinal de fratura na sociedade. “Estas questões fraturantes fraturam-nos antes de mais a nós próprios, porque nos descartam”, disse D. Manuel Clemente aos jornalistas à margem da do V Encontro de Jurisprudentes de Língua Portuguesa sobre a Família, que decorreu hoje esta segunda-feira, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

“Uma pessoa por circunstâncias da sua vida, de doença, depressão ou isolamento, não tem vontade de viver. Uma maneira de nos fraturarmos dessa pessoa é dizer: ‘se não queres viver, não vives’. Eu vejo essas situações como apelo a mais convivência, a mais presença, mais cuidados”, sublinhou o patriarca de Lisboa.

Para D. Manuel Clemente, o debate em curso sobre a eutanásia e as situações que o otivam devem levar a um compromisso maior “mais uns com os outros no sentido da vida e não no sentido da desistência dela”.

Após ter apresentado na Faculdade de Direito os trabalhos do Sínodo 

 

dos Bispos sobre a Família, que decorreram no Vaticano nos meses de outubro de 2014 e de 2015, o cardeal-patriarca de Lisboa sustentou que o Estado, “tem de progredir no apoio concreto à viabilidade familiar”.

“Se entendemos – e não é preciso ser cristão para o entender – que a base da sociabilidade, a escola onde aprendemos a viver uns com os outros e para os outros é por excelência a família e a casa de cada um, então é bom que o Estado, como primeiro órgão do bem comum, favoreça a estabilidade e a viabilidade dos núcleos familiares”, declarou.

Para D. Manuel Clemente, a “estabilidade e viabilidade dos núcleos familiares”, está relacionado com “a habitação, o trabalho e todos os recursos que são necessários que para que tal sociabilidade aconteça na família e a partir da família”.

 

 


 

Austeridade agravou pobreza e exclusão

A Cáritas revela no seu mais recente relatório sobre Portugal que as medidas de austeridade agravaram a pobreza e a exclusão, propondo medidas para “alcançar a inclusão ativa”. “Este é um documento que deixa algumas recomendações para que os decisores políticos possam ultrapassar estes grandes desafios, provenientes das medidas de austeridade que enfraqueceram os pilares de inclusão ativa agravando a pobreza e a exclusão social em Portugal”, explica a Cáritas Portuguesa, em comunicado.

O secretário-geral da Cáritas Europa vai participar na apresentação do documento sobre os desafios da pobreza e inclusão social, o ‘Caritas Cares Country Report 2015’, a 3 de março, pelas 11h00, no espaço Atmosfera M, em Lisboa.

O documento indica os três “principais desafios” de Portugal relacionadas com a pobreza e a exclusão social: “Menos pessoas têm acesso a apoio adequado ao rendimento; a reforma do mercado de trabalho piorou as condições de trabalho; a disponibilidade e a acessibilidade territorial limitam atualmente o acesso a serviços de qualidade”. 

 

Neste contexto, a Cáritas Portuguesa desenvolve recomendações ao Governo que passam por “apoio adequado ao rendimento”, “mercado de trabalho inclusivo e “acesso a serviços de qualidade”.

A organização católica revela ainda que “atingiu um total de 160 608 beneficiários”, em 2014, e alerta que os problemas que “mais preocupam” são as “novas formas de pobreza, pobreza no trabalho e pobreza rural”.

Neste âmbito, os grupos de risco com “maior necessidade” de uma ação política são as crianças, os desempregados de longa duração, as pessoas com deficiência; pessoas com maior necessidade de cuidados e os jovens.

A Cáritas Portuguesa denúncia também que o acesso aos direitos “é limitado” para as pessoas em risco de pobreza e exclusão social em Portugal.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Peditório nacional da Cáritas

 

 

 

«A Missão de Francisco», Pastorinho de Fátima 

 

 

Que os políticos corruptos se arrependam

 

O Papa apelou à conversão dos políticos corruptos, deixando críticas a quem explora outras pessoas e exerce o poder sem “respeito pela vida” ou “justiça”. Francisco falava durante a audiência pública semanal, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, partindo de um episódio bíblico: o rei Acab manda assassinar Nabot para lhe roubar uma vinha.

“Deus vê este crime e bate à porta do coração de Acab; o rei, confrontado com o seu pecado, entende, humilha-se e pede perdão: que bom seria que

 

 

os poderosos exploradores de hoje fizessem o mesmo”, declarou.

O Papa assinalou que este episódio do Antigo Testamento continua a manter atualidade e deixar lições para os dias de hoje. “Esta não é uma história de outros tempos. É uma história atual, dos poderosos que, para terem mais dinheiro, exploram os pobres, exploram as pessoas. É a história do tráfico de pessoas, do trabalho escravo, das pobres pessoas que trabalham sem direitos e com o mínimo, para enriquecer os poderosos. É a história dos políticos 

 

 

 

corruptos, que querem sempre mais e mais”, denunciou. 

“Eis até onde leva o exercício de uma autoridade sem respeito pela vida, sem justiça e misericórdia. Eis até onde leva a sede de poder: transforma-se numa cobiça que nunca se sacia”, acrescentou.

Francisco começou por dizer que a riqueza e o poder podem ser bons e úteis, quando são colocados ao serviço do “bem comum” e não como “privilégio”. “Quando se perde a dimensão do serviço, o poder transforma-se em arrogância e torna-se domínio e opressão”, alertou.

Continuando o ciclo de catequeses sobre a misericórdia, no Ano Santo extraordinário (dezembro 2015-novembro 2016), o Papa sublinhou que “Deus é maior do que a maldade e os jogos sujos” dos seres humanos.

“Desejo que todos, neste Ano Santo da misericórdia, vivam qualquer forma de poder como serviço a Deus e aos  

 

irmãos, com critérios de amor e de justiça, de serviço ao bem comum”, referiu.

Francisco citou depois uma passagem do livro do profeta Isaías, com um alerta para os latifundiários e os ricos: «Ai de vós, os que juntais casas e mais casas, e que acrescentais campos e mais campos, até que não haja mais terreno, e até que fiqueis os únicos proprietários em todo o país». "E o profeta Isaías não era comunista", acrescentou, de improviso.

No final do encontro, o Papa saudou os peregrinos de várias línguas, incluindo os de língua portuguesa, incluindo fiéis de Leiria-Fátima, Nova Oeiras e Lisboa. “Faço votos de que a vossa peregrinação quaresmal a Roma fortaleça em todos a fé e consolide, no amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, com a comunidade eclesial e com a sociedade. Que Nossa Senhora vos acompanhe e proteja”, desejou.

 
 

 

Francisco responde a cartas de crianças, incluindo uma portuguesa

As respostas do Papa a cartas de crianças de todo o mundo, incluindo o português João, de 10 anos, vão ser lançadas em livro a 1 de março, com o título ‘Querido Papa Francisco’. As cartas apresentadas no livro, remetidas por crianças dos seis aos 13 anos, dos cinco continentes, pedem ajuda ao Papa, conselhos, respostas às suas dúvidas e explicações sobre o sentido da fé e da existência, refere a editora.

“O Papa Francisco responde com palavras simples e extraordinariamente íntimas, como um pai extremoso, acolhendo e confiando aos mais pequenos a sua reflexão sobre a vida e sobre a fé”, adianta o texto de apresentação, citado pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

O título da edição italiana, ‘L’amore prima del mondo’, evoca a pergunta sobre o que fazia Deus antes de criar o mundo.   “Amava”, responde o Papa.

A génese da obra remonta a maio de 2015, quando a Loyola Press, editora dos Jesuítas, propôs a ideia a Francisco, que logo a aceitou, revela a Rádio Vaticano.

 

 
Desde então foram recolhidas 259 cartas de 26 países, incluindo, além de Portugal, Albânia, China, Nigéria, Filipinas e escolas provisórias que acolhem refugiados sírios.

Francisco aborda, entre outro temas, o sofrimento das crianças, em resposta a um rapaz norte-americano de sete anos.

“Ainda não consegui entender porque é que as crianças sofrem. Para mim é um mistério. Não sei dar uma explicação. Interrogo-me sobre isso. Rezo sobre esta pergunta: porque é que as crianças sofrem? É o meu coração que põe a pergunta. Jesus chorou, e chorando compreendeu os nossos dramas. Eu procuro compreender”, escreve.

 

 

 

 

Ano da Misericórdia sem pena de morte

O Papa Francisco apelou este domingo à “abolição” da pena de morte em todo o mundo, enquadrando esta decisão na celebração do ano santo extraordinário, o Jubileu da misericórdia, em defesa de uma cultura de “respeito da vida”. “Apelo à consciência dos governantes, para que se chegue a um consenso internacional pela abolição da pena de morte e proponho aos que entre eles são católicos que cumpram um gesto corajoso e exemplar: que nenhuma condenação seja executada neste Ano Santo da Misericórdia”, declarou, perante milhares de fiéis reunidos no Vaticano para a recitação da oração do ângelus.

O Papa considerou como um “sinal de esperança” que a opinião pública seja cada vez mais “contrária” à pena de morte, mesmo como instrumento de “legítima defesa social”. “Com efeito, as sociedades modernas têm a possibilidade de reprimir eficazmente os crimes sem eliminar definitivamente a quem os que cometeu a hipótese de redimir-se. Que o problema seja enquadrado na ótica de uma justiça penal que seja 

 

cada vez conforme à dignidade do homem e ao projeto de Deus para o homem e a sociedade”, acrescentou.

Segundo o Papa, o mandamento de ‘não matar’ tem um valor “absoluto”, tanto para o inocente como para o culpado. “O Jubileu extraordinário da Misericórdia é uma ocasião propícia para promover no mundo formas cada vez mais maduras de respeito pela vida e pela dignidade de todas as pessoas: também o criminoso mantém o direito inviolável à vida, dom de Deus”, defendeu.

Francisco convidou todos os cristãos e “homens de boa vontade” a trabalhar em conjunto pela abolição da pena de morte e pela melhoria das “condições prisionais, no respeito pela dignidade humana das pessoas privadas da liberdade”.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Procissão para a Porta Santa na Basílica de São Pedro, Jubileu da Cúria Romana

 

 

 

A viagem do Papa ao México

 

 

Perante as migrações,
ultrapassemos o medo!

  Ir.Alois   
  Prior da Comunidade   
  Ecuménica de Taizé
   

 
 

No mundo inteiro, há homens, mulheres e crianças que são obrigados a deixar a sua terra. A angústia que vivem cria neles a motivação de partir. E esta motivação é mais forte que todas as barreiras erguidas para lhes impedir o caminho. Posso dar testemunho disso por ter passado recentemente alguns dias na Síria. Em Homs, a extensão das destruições causadas pelos bombardeamentos é inimaginável. Uma grande parte da cidade está em ruínas. Vi uma cidade fantasma e ressenti o desespero dos habitantes do país.

Hoje são os Sírios que afluem à Europa, amanhã serão outros povos. Os grandes fluxos migratórios a que assistimos são invencíveis. Não nos apercebermos disso seria uma demonstração de miopia. Procurar regular estes fluxos é legítimo e mesmo necessário, mas querer impedi-los construindo muros de arame farpado é absolutamente inútil.

Perante esta situação, o medo é compreensível. Resistir ao medo não significa que este deva desaparecer, mas sim que não devemos deixar que nos paralise. Não permitamos que a rejeição do 

 

 

estrangeiro se introduza nas nossas mentalidades, pois recusar o outro é o germe da barbárie.

Numa primeira etapa, os países ricos deveriam tomar uma consciência mais clara de que têm a sua parte de responsabilidade nas feridas da História que provocaram e continuam a provocar imensas migrações, nomeadamente de África ou do Médio Oriente. E, hoje, algumas escolhas políticas permanecem fonte de instabilidade nestas regiões. Uma segunda etapa deveria levar estes países a ir além do medo do estrangeiro e das diferenças de culturas, colocando-se corajosamente a moldar o novo rosto que as migrações já dão às nossas sociedades ocidentais.

Em vez de ver no estrangeiro uma ameaça para o nosso nível de vida ou a nossa cultura, acolhamo-lo como membro da mesma família humana. E assim compreenderemos que, apesar

 

 de criar certamente dificuldades, o afluxo de refugiados e de migrantes também pode ser uma oportunidade. Estudos recentes mostram o impacto positivo do fenómeno migratório, tanto para a demografia como para a economia. Porque será que tantos discursos salientam as dificuldades sem dar valor ao que há de positivo? Os que batem à porta dos países mais ricos que o seu levam estes países a tornar-se solidários. Será que não os ajudam a tomar um novo impulso?

Gostaria de situar aqui a nossa experiência de Taizé. É humilde e limitada, mas muito concreta. Desde Novembro do ano passado, em colaboração com as autoridades e algumas associações locais, acolhemos em Taizé onze jovens migrantes do Sudão – a maioria deles do Darfur – e do Afeganistão, vindos da «selva»

 

 

 

de Calais. A sua chegada despertou uma impressionante vaga de solidariedade na nossa região: há voluntários que vêm ensinar-lhes francês, médicos que os tratam gratuitamente, vizinhos que os levam a fazer passeios e a dar voltas de bicicleta… Rodeados por tanta amizade, estes jovens, que atravessaram acontecimentos trágicos nas suas vidas, estão aos poucos a reconstruir-se. E este contacto simples com muçulmanos muda o olhar das pessoas que os encontram.

Na nossa aldeia, os jovens também foram acolhidos por famílias de vários países – Vietnam, Laos, Bósnia, Ruanda, Egipto, Iraque – que chegaram a Taizé ao longo de décadas e que fazem hoje parte integrante do nosso ambiente. Todos eles conheceram grandes sofrimentos, mas trazem à nossa aldeia muita vitalidade graças à riqueza e à diversidade das suas culturas.

Se uma experiência destas é possível numa pequena região, porque não haveria de ser numa escala muito mais ampla? É um erro pensar que a xenofobia é o sentimento mais partilhado, muitas vezes o que há é muita ignorância. Assim que os encontros pessoais se tornam 

 

possíveis, os medos dão lugar à fraternidade. Esta fraternidade implica pormo-nos no lugar do outro. A fraternidade é o único caminho de futuro para preparar a paz.

Assumindo juntos as responsabilidades exigidas pela vaga de migrações, em vez de brincarem com os medos, os responsáveis políticos poderiam ajudar a União Europeia a reencontrar uma dinâmica entorpecida.

Há toda uma jovem geração europeia que aspira a esta abertura. Nós, que acolhemos há muitos anos, na nossa colina de Taizé, dezenas de milhares de jovens de todo o continente para encontros internacionais de uma semana, podemos constatar isso mesmo. Aos olhos destes jovens, a construção europeia apenas encontra o seu verdadeiro sentido mostrando-se solidária com os outros continentes e com os povos mais pobres.

Há muitos jovens europeus que não conseguem compreender os seus Governos quando estes manifestam vontade de fechar as fronteiras. Pelo contrário, estes jovens pedem que a uma mundialização da economia seja associada uma mundialização da solidariedade e que esta se expresse em particular através de um 

 

 

 

 

acolhimento digno e responsável

dos migrantes. Muitos destes

jovens estão dispostos a

contribuir para esse

acolhimento. Ousemos

acreditar que a

generosidade

também tem um

papel importante

a desempenhar

na vida urbana.

 

 

 

 

A evangelização do mundo do trabalho

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 
 

A Pastoral Operária em Portugal, reconhecida estatutariamente desde 1997 pela Comissão Episcopal para o Laicado e Família, congrega os movimentos que fazem trabalho de Igreja no mundo operário: JOC - Juventude Operária Católica, LOC/MTC - Liga Operária Católica/ Movimento de trabalhadores Cristãos, MAAC - Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças), o PEMO - Padres em Mundo Operário e o REMO – Religiosas em Mundo Operário. A missão central da Pastoral Operária é a evangelização do mundo do trabalho na Igreja e na sociedade, a partir da Revisão de Vida sobre as implicações do trabalho ou da sua inexistência na vida pessoal, familiar, social e cultural e espiritual de cada pessoa. A Pastoral Operária, através dos seus movimentos especializados e de ações concertadas entre eles, procura dar resposta às inúmeras dificuldades sentidas hoje pelos trabalhadores: a precarização das condições laborais; o desemprego crescente com especial incidência nos jovens; a flexibilização de horários e perda dos tempos para uma vida familiar e social estável; a pobreza aliada ao desemprego ou a baixas remunerações. Deste modo, procura contribuir para a defesa da dignidade de cada pessoa de um modo integral, para o respeito dos direitos (laborais, familiares e sociais) dos trabalhadores, para o direito a um trabalho digno, sustentável e acessível a todos que permita a realização pessoal e o bem comum. Por outro lado, participa na construção de uma 

 

 

 

sociedade fraterna e solidária pelo anúncio explícito de Jesus Cristo. A Pastoral Operária promove a partilha de experiências e ações evangelizadoras no mundo do trabalho e reflexões conjuntas entre os movimentos e as Comissões Diocesanas, e também, estimula a formação humana e cristã de militantes operários e o seu empenhamento pessoal e comunitário em estruturas e atividades de formação e apostolado. Tem colaborado com outras organizações de trabalhadores e de Pastoral operária de outros países, 

 

no âmbito do GEPO - Grupo Europeu da Pastoral Operária, com as quais tem discutido e aprofundado algumas questões marcantes hoje na Europa, como as migrações e a pobreza. Como nos alerta o Papa francisco é necessário continuar a rejeitar a cultura do descarte e do individualismo que desumaniza o trabalho e a vida humana. É pois missão da Pastoral Operária sensibilizar e construir uma Igreja e sociedade onde se testemunham os valores de Jesus Cristo e onde o trabalho gere justiça e projetos de humanização de vida pessoal e coletiva.

 

 

Misericórdia: Bulimia de palavras
e anorexia de gestos

  Luís Filipe Santos  
  Agência ECCLESIA   

 

A forma como a palavra misericórdia tem sido tratada faz parecê-la mais um fóssil do que um ser vivo. Este conceito – que implica ação – serve para todo o tipo de conferências, palestras, cursos, simpósios e colóquios. Ao olhar para a programação pastoral, é notório a abundância de misericórdia na epígrafe.

Com a proclamação deste jubileu, os peritos da palavra foram à estante livresca e começaram a debitar sentenças sobre as 14 obras de misericórdia. Tudo serve para falar sobre esta realidade. Podia citar tantos exemplos e acrescentar mais alguns: «A eutanásia social e a misericórdia»; «Misericórdia: O pilar da Europa»; «Os lesados da banca à luz da misericórdia»; «A misericórdia na obra de Umberto Eco» e «A bola da misericórdia nos relvados portugueses».

Para tratar destes assuntos não faltavam oradores. Todavia, a essência da misericórdia não se conjuga com estaticismo oral. Ela é como um vitral que se solta das amarras cromáticas dos vidros. As palavras voam com o vento, mas as ações ficam tatuadas no corpo.

As obras de misericórdia são remédio que atenuam as cicatrizes e eliminam as doenças da sociedade. Basta estar minimamente atento ao Papa Francisco para nos apercebermos dos gestos de misericórdia que ele cunha nas moedas humanas. A misericórdia não é ar condicionado que coloca

 

 

 

a temperatura amena nas salas. Essa é artificial e desconhecida para os desfavorecidos.

O Papa argentino quando convocou o jubileu da misericórdia não pediu apenas palavras e estudos prévios para se «atacarem» as mazelas contemporâneas. Sem se arregaçar as mangas e retirar a indumentária domingueira, tudo ficará na mesma. A misericórdia implica movimento e pro-atividade, ao bom estilo do oleiro que molda o barro e nasce o tacho que dará de comer a quem tem fome.

A misericórdia é uma escada com 14 degraus e a força motriz do cristianismo. Se ficamos apenas na oratória, corre-se o risco de termos um potente automóvel na garagem e nunca o colocarmos ao serviço da  

 

comunidade. Quando se aproxima o terceiro ano de pontificado do Papa Francisco talvez fosse conveniente deixarmos os estudos e reflexões sobre tudo e mais alguma coisa e subirmos o primeiro degrau da escada.

Olhando para a história da Igreja, recordo dois exemplos: Madre Teresa de Calcutá e o Padre Américo. Não ficaram conhecidos pelas conferências que proferiram, mas pelos gestos que tiveram com os cicatrizados do mundo. Eles foram rostos de misericórdia…

Sei que ainda faltam alguns meses para o encerramento deste jubileu, mas já é tempo de deixar as conferências de lado e dar início à amassadura do pão. Se tal acontecer, no domingo de Cristo-Rei temos pão na mesa… Subimos o primeiro degrau.

 

 

 

A ação da Igreja Católica nas prisões, junto dos presos e dos profissionais dos estabelecimentos, está no centro desta edição do Semanário ECCLESIA. Nas próximas páginas pode encontrar uma entrevista ao novo diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, declarações do coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, testemunho de sacerdotes e voluntários empenhados neste setor e dois projetos, em Elvas e na Diocese de Leiria-Fátima, que procuram acompanhar quem está na cadeia, para que tenha um presente melhor e um futuro diferente.

 

 

 

 

   

“Porque estive na prisão e foste ter comigo…

Senhor, quando Te vimos na prisão e fomos visitar-te?

Sempre que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizeste” Mt 25,36-37

 

 

 

 

 

 

 

 


Em pleno Ano Santo Extraordinária, a Agência ECCLESIA continua a apresentar mensalmente um dossier sobre as Obras de Misericórdia, desta feita a sexta obra corporal: ‘Visitar os presos’.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Católicos são «lufada de ar fresco» na visita às prisões portuguesas

O novo diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais destacou o “importantíssimo apoio” da Igreja Católica e dos seus grupos e instituições cujas “pessoas de bem”, que visitam os reclusos, são uma “lufada de ar fresco” para esses cidadãos que estão privados da liberdade e circunscritos num espaço.

Celso Manata falou à margem do 11.º encontro nacional da Pastoral Penitenciária de Portugal

Entrevista realizada por Inês Leitão para a Agência ECCLESIA

 

Agência ECCLESIA (AE) – Como vê o trabalho realizado pela Igreja Católica nas prisões portuguesas?

Celso Manata (CM) – A Igreja Católica acompanha o mundo das prisões, dos presos, há séculos. Aliás um dos grupos-alvos da Igreja Católica, desde sempre, foi o grupo da população reclusa. E, este apoio tem sido importantíssimo para nós de vários tipos. Desde logo, porque estas pessoas de bem que visitam os nosso reclusos, obviamente, são uma lufada de ar fresco para eles que estão privados da liberdade e estão

       circunscritos num espaço. Vir

          alguém de fora é sempre bom e               ainda melhor quando é

             alguém de bem.

               Depois, porque, sobretudo,

                em determinadas fases as

                    pessoas estão preventivas,

                     por exemplo, estão numa

                      grande ansiedade, numa 

 

 

grande indefinição, numa grande preocupação com o que contínua a acontecer cá, fora com as suas famílias – mulheres, filhos, maridos –, e uma palavra de conforto, palavra humana é tanto ou mais importante que qualquer abordagem técnica que possamos ter.

É algo que qualquer pessoa pode fazer e que estas pessoas de bem, ligadas à Igreja Católica, fazem de uma forma superior, dar-lhes essa palavra de conforto.

Já numa fase diferente, depois de ter vivido uma condenação, é preciso que haja uma interiorização do que aconteceu de menos positivo, as pessoas recolhidas têm de fazer esse percurso para passar para outra etapa. Nesta realidade não é possível queimar etapas. E, mais uma vez aqui, os visitadores, os capelães, as pessoas que nos prestam este apoio podem dar um contributo fundamental.

 

 

 

 

CM - Finalmente, numa fase mais adiantada de reinserção, ou em que apostamos na reinserção em maio livre, porque esta também se faz durante o tempo em que as pessoas estão na cadeia, também estamos gratos pelo apoio que temos recebido, quer da Igreja em si mesma, quer de um conjunto de organizações que lhe estão de alguma forma associadas. As Misericórdias, a 

 

Cáritas, grupos católicos com ação social, que para nós são também importantes nessa outra fase. Agora, essa fase também nos pertence. A Direção de Reinserção e Serviços Prisionais há uns anos alargou o seu âmbito de intervenção à reinserção social e menores e, também ai, quer de forma organizada, através das instituições de inspiração cristã, quer de uma forma não tão organizada,

 

 

 

 

mais espontânea, esse apoio é fundamental.

Não menos importante, diria que a nossa relação com a Igreja, e com estas pessoas, é também importante na medida em que eles são o testemunho vivo do que acontece dentro das cadeias. Um testemunho credível porque não vinculado, em termos contratuais, ao Estado, aos serviços, são pessoas que, normalmente, têm importância na comunidade que não é de desmerecer. Pelo contrário, podem ajudar a contribuir para uma melhor informação das suas comunidades sobre o que é a reclusão.

Por vezes, algum cidadão comum ainda tem o entendimento que as penas são sempre longas para os outros e curtas para nós. O tempo não é sentido da mesma maneira quando se trata de nós em relação aos outros.

Mas, sobre o trabalho que se faz no mundo prisional, esse testemunho pode realmente dar um contributo decisivo, tanto mais, quando o problema em Portugal que é de sobrelotação prisional, não deve ser equacionado dessa forma mas de 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

população prisional. Isso muda tudo e encarando a questão desta maneira esse contributo é essencial. Devíamos ter menos presos mas para isso precisamos de melhor informação. Se a comunidade não aceitar a diminuição da população prisional obviamente que quem tem responsabilidades nesse domínio – magistrados; Assembleia da República – também fica muito condicionada.

 

 

 

 

AE – Com um católico no lugar de direção podemos esperar um futuro de mais esperança e misericórdia?

CM – Não vou dizer que essa qualidade seja decisiva, porque todas as pessoas que passaram pela Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais pugnaram, lutaram, fizeram seguramente o seu melhor para haver essa vontade de reinserir, compreender. Agora, no meu caso as coisas são ainda mais sublinhadas, não apenas por isso, mas porque já cá estive. Sou reincidente.

Já vivi sete anos nesta realidade, com estas pessoas, e tenho particular sensibilidade em função desta minha experiência de vida, não porque tenha particulares qualidades, quer do período que passei como diretor-geral, quer de uma atividade intensa, enriquecedora, que tive enquanto membro do Comité de Estudos do Conselho da Europa. Tive 

 

oportunidade de verificar realidades europeias, neste nível e noutros, mas designadamente neste domínio penitenciário.

 

AE – Existem muitos capelães e assistentes religiosos que se queixam de dificuldades quando querem promover iniciativas, não há espaços para as fazer. Por exemplo, quando querem levar os presos a celebrações não há guardas prisionais para assegurar as deslocações fora das prisões. Estas situações de alguma forma colocam em causa o decreto que regulamenta a assistência espiritual. Que resposta tem, está disponível para facilitar, abrir mais as portas a estes assistentes?

CM – Tenho de dar respostas sobretudo honestas e realistas e têm de ser ouvidas no lado positivo como no negativo. Relativamente a essas matérias não posso esconder, 

 

 

 

 

escamotear, que vivemos numa fase, em Portugal e nas prisões, que é particular, que é marcada por vicissitudes que todos conhecemos e foram marcantes nesta área, como em muitas outras.

Portugal sofreu nestes últimos anos grandes restrições, esteve 

 

 

 

condicionado por circunstâncias que todos conhecemos e isso também acontece nas cadeias. Portanto, a falta de espaço é uma realidade indesmentível, não é possível escamotear, e a falta de pessoal, quer de reeducação, de reinserção, quer pessoal de vigilância, é outra realidade.

 

 

 

 

 

CM - Quando queremos abrir a porta a iniciativas relacionadas com reinserção para mim é uma marca de gestão muito marcante, passo o pleonasmo, mas, obviamente, todos compreenderão que tem de ser feito sem prejuízo da segurança, da ordem que deve existir, sem prejuízo do que a sociedade espera de nós que é ver os seus bens defendidos, os seus interesses protegidos. É preciso estabelecer um equilíbrio entre estas vertentes, que não posso escamotear nenhuma delas, e que eu acho que é possível fazer. Já fizemos noutras vezes, é possível perfeitamente fazer reinserção e atividades desse género sem quebrar essas outras vertentes.

Agora, por ventura, vamos ter de as calendarizar e, daqui a algum tempo, podemos fazer mais do que as que fazemos hoje. Ou, hoje não podemos fazer tudo o que podemos fazer amanhã.

A vida não se regula por decreto, que é um importante, fundamental, mas depois é preciso que existam condições para que se implemente. Muitas vezes, aqui, como noutras latitudes e longitudes, é importante que exista da parte de quem legisla, 

 

da parte dos nossos governantes, uma posição que pode assumir essa veste de decreto mas, obviamente, que eles serão os primeiros a compreender que para ele ser implementado é necessário que existam condições.

E, ele será implementado à medida que existam condições e é o que posso dizer, de forma honesta mas também esperançada porque estou crente, que o pior já passou. Acho que vamos ter a possibilidade de gradualmente irmos avançando em iniciativas de cada vez mais abertura, ressocialização mas tem de ser feito, repito, sem prejuízo de outros valores, de outros princípios que temos que respeitar e faz parte da nossa missão.

 

AE – Que mensagem como diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais quer deixar aos voluntários católicos presentes de norte a sul do país?

CM – Se pudesse dizer uma palavra seria “obrigado”. Podendo dizer duas são “obrigado” e “vou apoiar”.

 

 

Pastoral penitenciária

A Igreja desde os seus inícios teve uma permanente presença nas prisões. A preocupação pelos que sofrem faz parte da identidade cristã desde as origens. Os presos foram objeto de uma especial atenção por parte das comunidades cristãs. Na Carta aos Hebreus há uma referência explícita desta preocupação e desta solicitude. O autor sagrado recomenda aos cristãos: “lembrai-vos dos presos, porque também vós tendes um corpo” (He 13,3).

O fundamento desta preocupação encontra-se em Jesus, na sua identificação com os presos: “Estive preso e fostes ter Comigo” (Mt 25,37).

Desde sempre os cristãos tiveram muito presente que os «benditos do Pai» são aqueles que amaram sofreram e serviram a Cristo nos pobres, nos pequenos, nos perseguidos e nos presos.

Por isso a cadeia não é só um lugar de detenção, mas é, antes de tudo um lugar «teológico» onde encontramos Cristo que aí habita na pessoa de cada recluso.

Para a Igreja, as cadeias são uma condição humana que chama, lugar de anúncio e apelo à conversão do

 

coração, à confiança na misericórdia de Deus e à possibilidade de renascer para uma vida nova, mediante a reconciliação.

A Igreja está nas cadeias porque acredita na conversão dos reclusos, e vê aí um campo prioritário da sua missão, não somente do ponto de vista religioso, mas também do ponto de vista psicológico, de acompanhamento do recluso ao encontro com Jesus Cristo levando-o à reconciliação.

O encontro com Jesus Cristo e a experiência da misericórdia de Deus liberta, cura as feridas do coração, dá a capacidade de se levantar, de mudar, de compreender o significado da pena, e de olhar com confiança o futuro.

O remorso e a culpa pelos próprios erros, se não são superados com o abraço de Deus que perdoa toda a culpa e abre horizontes de esperança, pode desencadear uma espiral de desespero e a conduzir a um fim trágico, como aconteceu com Judas.

A pastoral penitenciária tem a tarefa importante de fazer compreender que a misericórdia de Deus não tem limites, que Deus não deixa de amar,

 

 

 

 

 

apesar dos nossos pecados e dos crimes que porventura tivermos cometido, e que o arrependimento e o perdão destroem o pecado e restituem ao pecador a sua dignidade de filho de Deus.

Na ótica do amor de Deus pelo homem nada está definitivamente perdido durante a nossa vida terrena. A reclusão assim como toda a experiência humana negativa, não 

 
separa, nem exclui do amor de Deus, por isso a Igreja sente o dever e reclama o direito de poder levar aos reclusos a Boa Nova do Evangelho.
A Comissão Internacional da Pastoral Penitenciária Católica reafirmou o direito à assistência religiosa, afirmando que a prevenção da liberdade deve incluir o direito do recluso de receber o Evangelho, de viver a sua fé e de observar as 

 

 

 

 

 

práticas e os ritos da própria religião.

A Direção os Estabelecimentos Prisionais deve garantir as condições para que os presos tenham oportunidade de rezar, ter acesso a textos religiosos e à formação religiosa, e poderem satisfazer os preceitos vinculados à sua própria 

religião. A assistência religiosa deve ser colocada ao mesmo nível de outros tipos de assistência a que os reclusos têm direito, como a assistência social, psicológica, jurídica e de saúde.

A assistência religiosa é um direito dos reclusos e um dever da Igreja. A pastoral penitenciária deve ser considerada como “uma das principais e mais importantes pastorais da Igreja” e, embora tenha um ambiente particular, deve ser sempre uma pastoral de toda a Igreja e deve interpelar todos os cristãos.

A condição dos reclusos nas nossas cadeias deve suscitar o empenho de todos os cristãos e das comunidades cristãs na prevenção, no seu acompanhamento, no respeito pela sua dignidade, na preocupação com sua reabilitação e reintegração social e laboral, e também na proximidade,

 

 

 acompanhamento e apoio às suas famílias.

É importante favorecer a reinserção, dar-lhes acesso ao trabalho, mas também promover uma justiça reconciliadora, capaz de restaurar as relações de convivência harmoniosa rompidas pelo crime cometido.

O Ano jubilar da Misericórdia desafia toda a Igreja a voltar o seu olhar para estas «periferias», e a pastoral penitenciária deve ajudar os reclusos a descobrir a misericórdia de Deus que “perdoa sempre, que não se cansa de perdoar” como repete o Papa Francisco.

 

 

 

Os reclusos necessitam da Misericordia divina e os Capelães, Colaboradores, Voluntários, são os rostos e os canais desta Misericórdia.

O Ano da Misericórdia é uma oportunidade para ajudar os reclusos na reconciliação com Deus, descobrindo o seu amor que perdoa e recebendo o seu abraço; na reconciliação consigo mesmo, assumindo o passado e olhando com confiança o futuro; na reconciliação com a sociedade e com as vítimas do 

 

crime, que não se podem esquecer e com os quais todos também nos devemos sentir solidários.

Como disse há dias o Papa Francisco na prisão de Júarez, no México, procuremos “manter viva a esperança do Evangelho da Misericórdia na prisão”.

 

† Joaquim Mendes Bispo Auxiliar de Lisboa

 e Vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social

 

 

 

 

Grande desafio é uma «sociedade mais acolhedora»

O coordenador Nacional da Pastoral Prisional indica que o grande desafio hoje é em relação aos que “cuidam” dos reclusos, dos voluntários e da própria sociedade tendo esta maior responsabilidade para que “não seja tão vindicativa mas mais acolhedora”.

Neste contexto, o padre João Gonçalves, “visitador” há mais de 40 anos, sublinha que se o recluso fizer “uma boa reinserção social” quando sair da prisão evita-se “a reincidência”.

No 11.º Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária, que teve com o tema ‘O rosto da Misericórdia na pessoa presa’, o responsável deste serviço da Igreja Católica salientou que a articulação com o sistema prisional é “fácil”, sobretudo com as pessoas que “estão mais próximas”, o ministro da Justiça e o diretor geral dos Serviços Prisionais.

“A nossa esperança é ótima, por aquilo que eles dizem, que conhecemos e penso que, este período, pode ser uma boa ocasião não só para esta melhor a colaboração como mesmo em relação ao voluntariado e estas pessoasl igadas aos capelães”, desenvolveu.

O coordenador Nacional da Pastoral  

 

Prisional considera que esta dimensão, esta relação pode “ser reforçada”, bem como a formação comum que vai ser bom para “os reclusos, o sistema e a sociedade”.

“Estamos muito esperançados”, destacou ainda o padre João Gonçalves, à margem do encontro, para o qual revelou ter levado o “sublinhado que é o Ano da Misericórdia”.

“Queremos não só que toda a gente perceba que Deus é misericordioso, que Deus é misericórdia, é perdão, é acolhimento. Que Deus é abraço e queremos também que este abraço e acolhimento se dê uns com os outros”, exemplificou o sacerdote da Diocese de Aveiro.

O desejo do padre João Gonçalves é um a sociedade “mais perdoadora, mais misericordiosa, mais próxima”, para que de facto haja mais paz porque se as pessoas forem “mais misericordiosos as coisas melhorarão”.

“Mesmo de tudo quanto possa passar para o exterior, que a sociedade possa ter um coração mais aberto, mais misericordioso e saiba perdoar mais e melhor”, concluiu o coordenador Nacional da Pastoral Prisional.

 

 


 

 

«Mudar o rosto» da pessoa presa

O diretor do Departamento da Pastoral Penitenciária de Espanha destacou que o Ano Santo extraordinário “é especial” e não pode passar “ao largo”, sendo o “momento” para mudar o rosto do preso. “Mudar de um rosto triste para um rosto de esperança e a Igreja e a pastoral penitenciária têm um trabalho fundamental porque somos os mediadores entre Deus e o recluso para que compreenda que Deus o quer”, desenvolveu o padre Florencio Roselló Avellanas diretor do Departamento da Pastoral Penitenciária de Espanha. 

 

 

 

 

 

 

A «experiência fascinante» do sacerdote visitador que defende os «direitos» da pessoa presa

 

O padre João Torres, do Departamento Diocesano da Pastoral Penitenciária de Braga, destaca que ser visitador é “uma experiência fascinante” mas considera que trabalhar nas prisões portuguesas 

 

 

podia “ser mais fácil” se existisse uma “articulação muito séria” do Decreto de Lei 252/2009 e o Governo “assumisse as suas responsabilidades”.

“Não faz sentido que o 

 

 

 

estabelecimento prisional tenha pessoas detidas porque não cumpriram a lei e aqueles que recebem estes reclusos também não respeitam a lei”, acrescentou o sacerdote, alertando para um “assunto muito sério.

O sacerdote visitador revela que este serviço é “um trabalho aliciante” no qual têm de “ser criativos”, colocarem-se no “papel do outro” e, essencialmente, serem “muito humildes”.

“Estamos com pessoas que têm uma biblioteca dentro delas e demora muito tempo a ler todos os livros”, observa.

O padre João Torres conta que esta “experiência fascinante” faz-se com uma equipa que visita o estabelecimento prisional onde estão com os guardas prisionais, com os técnicos e depois com os reclusos.

“Tentamos fazer um caminho que não leve a que o recluso seja considerado um número. Acho que o sistema prisional português tem de abandonar 

 

 esses processos e ser mais humano ao encontro do recluso, alguém que cometeu um crime mas é uma pessoa que tem direitos”, desenvolveu o sacerdote de Braga.

O entrevistado, que no encontro nacional da pastoral prisional participou na conferência ‘O Rosto da Misericórdia na Pessoa Presa’, sublinha que o recluso ficou privado de liberdade mas “tem direito de pensar, tem direitos humanos”, por isso, considera “importante” que a Igreja Católica possa “lutar com eles por esses direitos”.

“Levamos essencialmente o rosto de Jesus, como estava no meio das pessoas, com ternura, carinho, mas acima de tudo muita misericórdia”, acrescentou.

Segundo o sacerdote, do Departamento Diocesano da Pastoral Penitenciária de Braga, para que este serviço possa ser bem desenvolvido “é necessário” que colaboradores e voluntários também “olhem para as suas misérias”.

 
 

O guarda prisional Hélder Sousa destaca que, enquanto elemento de vigilância, os voluntários têm um “papel importante” nos sistemas prisionais onde “são uma mais-valia”. “Sem a ajuda deles não se consigam fazer alguns projetos e são pessoas externas aos serviços que ganham muito mais facilmente a confiança dos reclusos”, acrescentou à Agência ECCLESIA, observando que conversa “muito mais” e, às vezes, “minimiza alguns problemas”.Para Hélder Sousa os voluntários são uma “lufada de ar fresco”, tanto para os reclusos como para os guardas prisionais e quem lá trabalha. “Nem sempre são reconhecidos pelo seu trabalho mas acho que é mesmo muito importante”, comentou ainda.

 

 

Projeto: Mateus 25
“Estava preso e visitaste-Me”

 

1-Começo este artigo com esta foto de cruzes e a frase de Mt 25, que dá títuto a esta reflexão: ”Estava preso e visitaste-Me” Estas cruzes trouxe-as eu de Jerusalém para oferecer aos reclusos de Elvas, quando fiz uma peregrinação à Terra Santa. Sempre que entro na cadeia e olho para aqueles homens de rosto marcado pela dor e sofrimento, recordo Cristo na Cruz a assumir e a remir a vida daqueles irmãos e a dizer-lhes o que disse ao bom ladrão: “Hoje estarás

 

 comigo no Paraíso”. Sim, porque a redenção de Cristo no Calvário é para todos os homens e a sua misericórdia infinita deve chegar a todos os cantos do mundo onde há homens sedentos de de Deus, insatisfeitos com o seu passado, carregados com o peso dos seus crimes  e desejosos de uma voz amiga que lhes sussure ao ouvido: “Cometeste erros mas não és um erro. Cristo do alto da cruz dá-te uma nova oportunidade. Ele veio para ti. Ama-te assim como tu és e como estás. 

 

 

 

 

Volta-te para Ele com todo o teu coração”

É esta a grande mensagem que o grupo de voluntários cristãos, “Mateus 25”, leva de várias maneiras aos irmãos reclusos do Estabelecimento Prisional de Elvas, procurando ser uma presença da Igreja junto dos reclusos, e a presença de Cristo que disse; “estava preso e visitaste-me”. Isto acontece todos os sábados, sem interrupções, há mais de 20 anos, das 9.30h até às 11.30h mais ou menos. Cada sábado depois de sermos muito bem recebidos pelos guardas prisionais, entramos no pátio de recreio, na sala de convívio e vamos falando com cada um, pessoalmente, procurando criar laços de amizade e confiança de modo que espontãneamente, sem forçar nada, cada um vai-se abrindo e contando,apenas o que quiser da sua história de vida, da pena que está a cumprir, da família, dos amigos que deixou fora e do que está a ser difícil dentro.  Depois deste primeiro contacto, os que querem, e é sempre um grande grupo, passam para a sala de reuniões onde tem lugar a celebração da Palavra com as leituras do domingo, reflexão e oração, tempo de silêncio, partilha do que lhes vai na alma e convite à vivência de uma nova semana com esperança e dignidade.

 

2- É urgente dignificar a pessoa presa

o primeiro capital a preserverar e valorizar é o ser humano, a pessoa, na sua integridade.Tal como qualquer pastoral, a pastoral penitenciária tem que convidar sempre à esperança, à confiança e à convicção que só a verdade liberta e é assumindo os erros com responsabilidade e dignidade que a mudança acontece e que, depois da pena cumprida a vida pode mudar para melhor.

Não vamos à cadeia para recordar aos reclusos os seus delitos, nem desculpar os mesmos. Cometeram crimes, fizeram vítimas e objectivamente devem ser punidos.Vamos porque acreditamos que é possível a sua transformação pessoal Vamos para os ajudar a 

 

 

“Antes de cometer o meu crime pedi ajuda à polícia para me escutar e contar o que se estava a passar entre mim e a minha esposa… No dia em que a matei e telefonei à polícia para me entregar, apareceram 2 ambulâncias e 4 carros da polícia”
Recluso do estabelecimento prisional de Elvas
 

 

 

 

descobrir a misericórdia.o Amor e compaixão de Deus que sempre nos oferece a reconciliação Vamos, para sermos uma presença evangelizadora da Igreja. Vamos, para ajudar no seu processo de liberdade interior. Quando entra numa prisão o recluso/a vem marcado por muitos factores extermos que condicionaram a sua trajetória de vida. Vem "preso" dos seus próprios condicionamentos, das suas más condutas, do seu pecado. O papel da pastoral penitenciária e portanto o nosso, é ajudar estes irmãos, homens e 

 

 

mulheres, a fazer do tempo da prisão um tempo de reflexão interior, de encontro consigo próprios, com profundidade e verdade acreditando que é possível a renovação interior.

 

3-Ações e actividades do projeto Mateus 25

Para além da ação evangelizadora junto dos reclusos, em cada sábado, o projeto Mateus 25, procura estar atento a outras necessidades dos reclusos, como entrega de roupas e calçado, de material de higiene pessoal, de credifones para contactar

 

 

 

 

 as famílias, de material escolar, livros, revistas, jornais, etc. Como muitos são de Elvas conhecemos as famílias e procuramos também estar atentos às suas carências sociais, visitá-las em suas casas e procurando ajudar a solucionar os muitos problemas que têm.

 

Vivências dos tempos litúrgicos:

No Natal, no dia 24 celebra-se a Eucaristia, preparada pelos próprios reclusos que juntamente com os voluntários dão à celebração a dignidade que esta merece. No final entregam-se prendas aos reclusos e também se oferecem prendas para que entreguem aos filhos. Na Sexta feira Santa temos a via-sacra e vários sacerdotes da cidade oferecem a sua disponibilidade para confessar. No final há sempre a entrega das amêndoas e outros símbolos da Pascoa. Entre a Páscoa e o Pentecostes celebra-se sempre a festa da Páscoa com a presença do Bispo da Diocese. No final há sempre um lanche fraterno oferecido pelos voluntários.

Na altura dos santos populares têm lugar a sardinhada, o teatro e as festas convívio. Sempre que há uma celebração importante na cidade procuramos fazer também essa 

 

 

 

“ Aqui na cadeia tenho problemas mas lá fora também tinhas muitos…pedi ajuda e ninguém me deu a mão”
Recluso do ?estabelecimento prisional de Elvas

 

 

 

 

celebração na cadeia como é o caso da festa de S. Mateus com o projeto, “ O S. Mateus na cadeia”

 

O Ano da Misericórdia também vai ser celebrado na cadeia com o chamado Jubileu do Recluso. Será numa data em que o senhor arcebispo, D. José Alves esteja disponível e os sacerdotes estejam livres para a confissão pois como diz o papa Francisco, “O Jubileu constituiu sempre a oportunidade de uma grande amnistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam 

 

 

 

 

sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto”. E diz ainda: “A todos eles chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão”. O Papa destaca ainda que os presos “poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, 
 
dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade”. É este pensamento do papa que queremos concretizar ao realizar o Jubileu dos reclusos no Estabelecimento prisional de Elvas.

 

 

 

4-A Pastoral penitenciária exige o envolvimento de toda a comunidade

O projeto “Mateus 25” de Elvas tem o apoio de toda a comunidade local sobretudo a paróquia. Se já levamos 3 vezes os reclusos a Fátima deve-se à Câmara municipal que nos oferece os transportes, se oferecemos brinquedos aos filhos é devido às crianças da catequese e das escolas 

 

 

 

 

 

que no-los oferecem. Se as festas são animadas é graças ao grupo de jovens que as animam com violas e cantares. Os lanches, as roupas, os credifones, as prendas são oferecidas por vários pessoas voluntárias que se sentem também chamadas a esta pastoral mesmo que não entrem dentro do Estabelecimento.  

 

 
Assim o nosso trabalho não é isolado. A comunidade conhece o projeto “Mateus 25” e colabora connosco. Os reclusos conhecem esta colaboração de toda a comunidade e também eles, com as indicações e regras do estabelecimento, nos ajudam em actividades de transportes, 

 

 

limpezas, pinturas, etc. sempre que lhe pedimos colaboração.

 

5- E depois de cumprida a pena?

O projeto “Mateus 25” procura acompanhar os reclusos na sua reinserção social procurando ajudar na integração familiar, na procura de emprego e na resolução de problemas judiciais ainda em aberto. São muitos os que nos escrevem e de “visitados” passam a ser visitadores noutros estabelecimento.

 
No meu caso pessoal já fui madrinha de crisma e de casamento de pessoas que cumpriram penas em estabelecimento prisionais e tenho na minha lista de amigos muitos pessoas que passaram pela experiência da reclusão. Telefonam, escrevem, visitam-me e a minha alegria é saber que estão bem e integrados na sociedade. E tenho a certeza que um dia ouvirei: “ Vem porque estava preso e visitaste-Me.
 

Maria de Fátima Magalhães stj

insira a foto aqui

 

Voluntariado cristão nas prisões

 

Um dia a Irmã Fátima desafiou-me para ser voluntária na cadeia de Elvas.

Aceitei e já lá vão 13 anos. Tem sido um tempo de enorme aprendizagem humana e espiritual, descobrir que os nossos irmãos reclusos fazem parte daquele grupo dos “mais pequeninos” de que Jesus fala.

Ir ter com os que estão presos, falar com eles, ouvi-los, acolhê-los tem sido uma escola de tolerância, de alargar o espaço do meu coração, de aprender a ouvir e a escutar sem julgar.

Como fazendo parte de um grupo

 

 

“Entramos a saber praticar um crime – Saímos a saber cometer 20 crimes, que nem sabíamos que se podiam fazer”
Recluso do estabelecimento prisional de Elvas

 

de voluntariado católico tenho a preocupação de lhes levarmos Jesus, um Amigo que muitos já esqueceram e outros nunca ouviram falar.

 

 

 

Vamos à Prisão de Elvas todos os sábados. Preparamos uma reflexão sobre o Evangelho de Domingo de maneira a ser fácil para eles entrarem na Palavra. Depois há um tempo de partilha, onde todos os que estão na reunião participam e põem dúvidas, contam experiências de desamores, de sofrimento, de solidão, sempre com uma atitude de total respeito e sinceridade.

O tempo da nossa reunião semanal é um tempo forte de troca de vivências humanas e da certeza que Deus não desiste deles. É um tempo de se confiarem, de falarem porquesabem que os queremos ajudar a viver melhor aquele tempo de reclusão. 

 

 

Acabamos sempre a reunião com uma oração – muitos não sabem as palavras, mas ficam em silêncio, rezam à sua maneira…Deus ama muito estes “seus mais pequeninos”. Olhamos para eles quando saem da sala e é já a hora de almoço…

Nos seus rostos há um pouco mais de paz, de confiança.

Nós, que lá vamos, agradecemos muito ao Senhor que nos chamou e nos ajuda a ser a Sua presença no meio daqueles nossos irmãos reclusos.

 

Joana Teixeira

Voluntária cristã no Estabelecimento Prisional de Elvas

 

 

Um padre cúmplice na prisão…

 

A imagem que mais me aflora à mente quando falo ou me questionam sobre o trabalho pastoral no ambiente prisional é esta “sinto-me a dar de comer a uma criança que está cheia de fome e quer mesmo comer”. De facto, a maioria dos reclusos está afastada da fé e da vida da Igreja há já muitos anos, isto no caso dos que alguma vez tiveram contato com estas realidades. Por isso, toda a forma de estar, falar e celebrar escapa aos formalismos das normas litúrgicas e por vezes até ao regulamentado civismo.

Como padre, chego a sentir-me 

 

 

recluso no meio dos reclusos e busco formas de os fazer sentirem-se verdadeiros cristãos, por vezes até comprometidos e tocados (pelo menos amados) pela Igreja. Sem permitir faltas de respeito ou “avanços “exagerados, procuro estabelecer um contato tanto mais próximo quanto mais amigo e cúmplice. Assim funcionam os grupos que naturalmente se formam naquele mundo que é a prisão. A cumplicidade é a marca de pertença e aceitação.

A presença do padre, assim se espera, é essencialmente sacramental, no sentido de que ali deveria estar para

 

 

 

 

 presidir à celebração da Eucaristia ou outros momentos de oração. Mas quando se atravessam as paredes, sentimos de imediato que a presença passa por outros campos mais vastos e mais abrangentes. Por isso, os formalismos, os ritualismos, e sobretudo os esquemas previamente estudados correm sempre o risco de serem esquecidos e abandonados. O improviso toma conta de nós e sem nos apercebermos estamos noutro mundo, com outras medições de tempo e com outros espaços. Na verdade, um mundo diferente do habitual.

Na passada semana senti isso mesmo de forma física: entrei na prisão fazia sol, e quando saí, sem que me tivesse apercebido, tinha chovido e estava a chover. Foi como sair de uma realidade diferente. Vinha de um outro mundo e voltava ao meu mundo de cada dia. E quase fiquei sem saber onde queria verdadeiramente estar”.

Passar umas horas naquele ambiente com os “irmãos reclusos” transforma a minha forma de estar junto dos “irmãos de cada dia”. Às vezes chego a ter dúvidas onde me sinto melhor, porque venho sempre tocado e transformado. Saber ouvir, saber  

 

 

 

escutar é uma virtude tão necessária nos nossos dias e ali é tão natural e normal. Habituado a ter que falar, aprendo a saber calar-me e ouvir. E ouço lamentos, e interrogações que tocam cá bem no fundo de mim mesmo.

Desde que iniciei este trabalho junto dos reclusos, a minha oração passou a ser diferente. Não sou capaz de rezar sem que à minha mente não surjam rostos de pessoas concretas, situações de vida que me inquietam e transformam por isso a minha oração. Pouco a pouco, sinto que para lá da ajuda que posso levar, sou eu o primeiro a ser ajudado.

 

Padre Rui Acácio Ribeiro,

Capelão dos estabelecimentos prisionais de Leiria

 

in jornal “Presente Leiria-Fátima”

 
 

 

Quem são “os Samaritanos”?

 

Trata-se de uma associação de visitadores dos estabelecimentos prisionais de Leiria, composta por voluntários. O objetivo é “assistir humana e cristãmente a todos quantos se encontram privados de liberdade”. A associação presta apoio aos presos, “assistindo-os moral e materialmente, trabalhando para a sua reintegração na vida social e amparando-os, quando libertados”.

Todas as semanas as portas das prisões abrem-se para este grupo de “amigos” que não apenas são ansiosamente esperados pelos 

 

 

reclusos, como também são já parte da “família” dos que trabalham nas prisões. Os Samaritanos trazem consigo a boa disposição, a amizade e a presença de um afeto e de uma saudação. Quando é permitido, dá- -se também lugar à assistência material e lá vem mais um saco de cal- çado, roupas, pasta de dentes e por vezes um simples “mimo” em forma de chocolate.

Os Samaritanos são, nas palavras de alguns dos reclusos, “a voz que nos faz falar para podermos ser ouvidos, e a mão que nem sempre temos para 

 

 

 

 

 

sentirmos que ainda estamos vivos”. Uma presença amiga que, semana após semana, procura trazer à lembrança aqueles que normalmente são esquecidos e ignorados. Mas no fim quem acaba por se sentir enriquecido na sua vida são os próprios voluntários, que acabam por “aprender autênticas lições de vida” junto daqueles que parecem ter errado na vida.

 

in jornal “Presente Leiria-Fátima”

 

 
Testemunho de um recluso

“A presença amiga de quem me visita e me ouve, ainda que seja por pouco tempo e de forma por vezes ritual é tão importante para mim e desperta em mim um sentimento único: o da unidade. Quando me visitam pessoas que não me conhecem e não têm qualquer ligação comigo, sinto- -me pequeno e pergunto-me que força é essa que torna as pessoas capazes destes gestos?!

Tenho pensado muito nisso e tenho uma resposta que encontrei aqui na minha cela: terá que ser um forte sentimento de unidade aquele que explica esta “teimosia” de quem me visita. Não quero que me visitem por pena, mas é muito bom sentir que somos respeitados na nossa dignidade. E isso só é possível porque nos sentimos unidos na mesma fé e na mesma condição. Obrigado por seres meu visitador.”

Zacarias

 
 

 

Pastorinhos online

http://www.pastorinhos.com/

 

No passado dia 20 de fevereiro celebrou-se mais um Dia dos Pastorinhos que é assinalado por ocasião da data da morte de Jacinta Marto. Assim esta semana proponho uma visita ao sítio criado para a postulação do Francisco e da Jacinta Marto.

Ao digitarmos o endereço www.pastorinhos.com entramos num espaço virtual eminentemente informativo, onde a causa da Postulação está bem presente, como não poderia deixar de ser. Na página inicial temos as últimas notícias relativas aos pastorinhos beatos de Fátima, bem como um conjunto de opções que passamos agora sucintamente a descrever.

Na opção “postulação”, ficamos a conhecer um pouco mais sobre a componente organizativa da postulação do Francisco e Jacinta Marto. Que se divide em duas grandes área de atuação o “dar a conhecer a vida e a santidade dos Pastorinhos, e da difusão do seu culto entre o povo de Deus, estimulando também a que as pessoas peçam graças através

 

da intercessão dos Pastorinhos”. Por outro lado é também possível conhecermos a postuladora e um pouco da história desta causa que já iniciou em 1952.

Em “Francisco” e “Jacinta”, somos convidados a conhecer os principais dados históricos da vida dos beatos de Fátima.

No item “biblioteca”, encontramos um conjunto de registos nos mais variados formatos, nomeadamente, imagens sobre a atualidade e história dos pastorinhos, textos redigidos na altura da beatificação e vídeos promocionais relacionados com a história da Cova de Iria.

Existe também uma área inteiramente dedicada à componente litúrgica que está associada ao processo de beatificação, designadamente, a liturgia das horas, a ladainha aprovada a 20 de fevereiro por D. António Marto e ainda a oração para pedir a canonização.

Caso pretenda saber quais são as publicações do secretariado dos pastorinhos e efetuar alguma encomenda, basta aceder a “edições”. Aí pode ler breves resenhas dos livros editados e ainda descarregar 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

gratuitamente o primeiro volume do livro de memórias da Irmã Lúcia. Neste espaço, pode ainda consultar todos os boletins informativos e descarrega-los para o seu computador.

Mesmo tendo em conta que este sítio não é atualizado com a regularidade necessária, considero que as informações contidas são merecedoras da nossa visita, para que possamos acompanhar de perto todo o processo de postulação.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

 

 

Novas homilias em Santa Marta

 

A Paulinas Editora lançou esta semana o livro "A felicidade treina-se em cada dia", segundo volume das homilias matinais do papa Francisco na Casa de Santa Marta, no Vaticano, onde reside.

As homilias de Santa Marta recolhidas neste volume aprofundam um tema muito caro ao papa Francisco, a misericórdia, ao qual ele dedicou um Ano Santo extraordinário. A misericórdia não é uma coisa, não é um objeto. Não é um ato legal, uma amnistia ou um juízo sobre o 

 

 

comportamento ao qual se segue o perdão dos pecados. A misericórdia é uma relação, um envolvimento. Ao exercitá-la, há que compreender o outro e interceder em seu favor. A misericórdia tem, portanto, uma lógica esmagadora que só se torna clara quando se compreende a miséria humana sem a desprezar. A obra inclui 155 homilias, proferidas entre 21 de março de 2014 e 26 de junho de 2015, que «talvez representem o novo "género de comunicação" mais típico e 

 

 

 

 

consolidado» do pontificado, sublinha o padre italiano Federico Lombardi, antigo diretor-geral da Rádio Vaticano, em cuja página os textos foram originalmente publicados.

«A homilia não é uma emissão de conteúdos religiosos, mas sim a força da Palavra de Deus que se manifesta na presença de um pastor que toma a seu cargo o seu rebanho. A universalidade do destinatário já não é apenas geral, imaginada; tornou-se visível e encarnou numa pequena porção do povo de Deus, que tem à sua frente: cerca de quarenta pessoas. A homilia será menos ainda um tratado de bela ou «elevada» teologia. O Papa não é um emissor de informações religiosas: comunica naturalmente, pela sua simples presença», assinala por seu lado o padre jesuíta Antonio Spadaro, que coordena o livro.

As intervenções de Francisco não são fruto «de uma preparação académica, portanto, nem de uma espontaneidade ingénua, mas de uma preparação que nasce de um profundo discernimento interior, que lhe permite escolher o que há de dizer e encontrar as palavras certas», salienta o religioso.

 

 

 

À semelhança do primeiro volume, «a chave temática não é a melhor» para abordar as homilias, que «devem ser lidas uma após outra por ordem cronológica». O que sobressai das palavras de Francisco é um «acolhimento misericordioso».

 

Paulinas/SNPC

 

 

II Concílio do Vaticano:
A quebra de sigilo durante as sessões

 

 

Durante as IV sessões do II Concílio do Vaticano (1962-65) muitos bispos participantes nesta assembleia magna enviavam para as suas dioceses textos sobre os trabalhos que decorriam na Basílica de São Pedro.

O bispo da Beira (Moçambique), D. Sebastião Soares de Resende, (1906-67), foi um deles. Só o fez nas três primeiras sessões. “Não enviei este ano [1965], ao contrário do que fiz em todos os anos conciliares passados, para o Jornal da Beira cartas semanais sobre matérias debatidas em Concílio, porque o não podia fazer com dignidade devido a uma questão pendente que ficará histórica”, confessou ao Boletim de Informação Pastoral (BIP), nº 44-45, página 10.

Perante a questão se o clero e o laicado mais responsável daquela diocese ultramarina pode acompanhar com suficiente profundidade os trabalhos conciliares e aprender as grandes linhas de força que o II Concílio do Vaticano definiu para a renovação pastoral, D. Sebastião Soares de Resende sublinhou que as diretivas desta assembleia não chegavam aos vários territórios (incluindo os países da Europa) “por falta de uma informação completa, justa e profunda a respeito dos trabalhos conciliares”.

O concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI criou um “novo método de ação”, diferente do de outros concílios, “o qual, vago e indeciso a princípio”, mas depois “concreto e definitivo, concorreu de forma evidente para melhorar sensivelmente a infraestrutura de serviços informativos”.

 

 

 

 

 E continua, o prelado nascido em Milheirós de Poiares (Diocese do Porto): “por um lado reduziu ao mínimo, a partir do meio do primeiro período conciliar, e em seguida anulou quase completamente o dever do sigilo sobre quanto se passava na aula conciliar e nas salas de estudo das comissões”.

A presença ativa de peritos, de auditores leigos de ambos os sexos, de párocos e de observadores de muitas confissões religiosas, em todos os atos oficiais do concílio, “consolidou e alargou imensamente a objetividade dos instrumentos 

 
noticiosos do concílio”, disse ao BIP.
Todavia, não obstante a nova orgânica conciliar, D. Sebastião Soares de Resende lamenta que as “grandes agências internacionais deem a conhecer ao mundo todo comunicados inexatos, incompletos e até insidiosos sobre assuntos tantas vezes de máxima importância, donde não pode resultar a verdade tal qual ela é”. Assim, à diocese da Beira chegaram, durante a última temporada conciliar, apenas as notícias da grande imprensa devido à “questão pendente que ficará histórica”.

 

 

fevereiro 2016 

27 de fevereiro

. Lisboa - Alcobaça (Mosteiro de Alcobaça - Sala do Capítulo) - Conferências sobre «Ciclos de pintura no Mosteiro e Coutos Alcobacenses durante os séculos XVI a XVIII» por Vítor Serrão e «A escultura de barro em Alcobaça e o barroco monástico. Significado estético e programático» por Carlos Moura

 

. Algarve - Jubileu do Corpo Nacional de Escutas no qual será celebrado o Dia de Baden-Powell

 

. Beja - Almodôvar (Igreja Matriz de Santo Ildefonso ) - Sessão do Festival Terras Sem Sombra com o concerto «Como as Árvores na Primavera» e atividade de biodiversidade do Baixo Alentejo (termina a 28 de fevereiro)

 

. Viana do castelo - Ponte de Lima -  Dia diocesano da Cáritas presidida por D. Anacleto Oliveira

 

. Lisboa – Queijas - Lançamento do projeto «MusiCristo» do grupo de jovens da Paróquia de São José de Algueirão

 

 

Lisboa – Queijas - Jornada diocesana de comunicação com o tema «Comunicar para chegar a todos»

 

Porto - Santa Maria da Feira (Seminário dos Passionistas) - Festa da Juventude Passionista com uma reflexão sobre o exorcismo feita pelo padre José Fortea que falará sobre «A luta do bem contra o mal» (termina a 28 de fevereiro)

 

Leiria - Sede da Cáritas - A Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima  promove uma feira solidária integrada na Semana Nacional Cáritas

 

Aveiro – Sé, 09h30 - Encontro Diocesano de Liturgia com o tema «Misericordiosos como o Pai»

 

 

Setúbal - Cúria Diocesana, 10h00 -  Jornadas Diocesanas da Pastoral da Saúde sobre «O cuidar e o cuidador»

 

Porto - Paróquia da Senhora do Porto – 15h30 - Conferência quaresmal sobre «A misericórdia nas estruturas sociais» por Jacinto Jardim promovida pela Paróquia da Senhora do Porto

 

 


 

 

Coimbra - Instalações da Confraria da Rainha Santa Isabel (Mosteiro de Santa Clara-a-Nova), 17h30 - Conferência quaresmal sobre « Consolar os aflitos - Perdoar as injúrias - Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo» por Henrique Vilaça Ramos e promovida pela Confraria da Rainha Santa Isabel em colaboração com a Paróquia de Santa Clara

 

Aveiro – Sé, 21h00 - Concerto «Via Crucis» com a Banda Amizade e o seu Coro de Câmara que apresentam um repertório alusivo à época quaresmal

 

Lisboa - Igreja dos Paulistas, 21h30 - Apresentação da Revista Invenire nº 11 por Anísio Franco, historiador de arte e conservador do Museu Nacional de Arte Antiga, seguido de concerto por Teresa Salgueiro, que interpretará «Cânticos da Tarde e da Manhã»

 

28 de fevereiro

Porto - Igreja da Trindade - Celebração do Dia Nacional Cáritas

 

Setúbal - Centros Paroquiais do Montijo e de Alhos Vedros - Colheita benévola de sangue integrada na Semana Cáritas

 

 

 

Braga - Fafe (Igreja de José), 15h00 -  Conferência quaresmal «Confissão - porquê e para quê?» pelo padre Rui Alberto SDB

 

Setúbal – Sé, 15h30 - Catequese Quaresmal de D. José Ornelas, bispo de Setúbal

 

Porto - Carvalhos (Santuário do Coração de Maria), 17h30 - Conferência quaresmal sobre «Economia - Misericórdia» por António Bagão Félix e organizada pelos Missionários Claretianos

 

Lisboa - Estoril (Auditório da Boa Nova), 18h00 - Concerto solidário para o Centro Comunitário Senhora da Barra

 

29 de fevereiro

. Portalegre - Encontro Diocesano de Pastoral Litúrgica

 

. Roma - Palácio da Chancelaria - Curso sobre «Foro Interno» (diferentes aspetos da celebração do sacramento da reconciliação) promovido pela Penitenciaria Apostólica da Santa Sé (termina a 04 de Março de 2016)

 

. Guarda – Sé - Lançamento do livro «Catedrais de Portugal» da autoria do arquiteto António Saraiva

 

 

 

 

 

 

O comentador Luís Marques Mendes vai moderar esta sexta-feira um debate organizado pela Arquidiocese de Braga que reúne o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o ex-sindicalista Carvalho da Silva. A iniciativa, que decorre no Auditório Vita (Braga), a partir das 21h00, marca o arranque do II Ciclo de Conferências “Olhares Sobre...”.

 

O N.º 11 da ‘Invenire: Revista de Bens Culturais da Igreja’, será apresentado no próximo sábado, pelas 21h30, na Igreja dos Paulistas (Santa Catarina, Lisboa), por Anísio Franco, seguindo-se um concerto por Teresa Salgueiro, que interpretará “Cânticos da Tarde e da Manhã”, oratória que tem por base o registo discográfico de 17 hinos de Vésperas e Laudes, apresentando cânticos intercalados com leituras da Bíblia, a culminar no prólogo do Evangelho segundo S. João.

 

O Departamento da Comunicação, do Patriarcado de Lisboa, desafiou gestores e profissionais a ‘Projetar a comunicação de uma paróquia, com apenas 5 euros’ e a resposta é apresentada na Jornada Diocesana da Comunicação, dia 27 de fevereiro, em Queijas.

 

A Equipa de Jovens de Nossa Senhora (EJNS) vai realizar, de sexta a domingo, um encontro, na cidade do Porto, sobre «Maria Invicta VI – Felizes à moda do Porto». Na iniciativa deste movimento de formação espiritual, o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, vai proferir uma reflexão sobre «Bem-aventurados sois vós» e celebra para os membros do EJNS na Igreja dos clérigos.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

10h30 - Oitavo Dia

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 28 de fevereiro - Entre Deus e os homens. Uma exposição em Viseu.

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 29 - Entrevista a Sofia Reimão e Carlos Alberto da Rocha sobre a eutanásia.

Terça-feira, dia 01 - Informação e entrevista a Pedro Vaz Patto sobre a reflexão da Comissão Nacional Justiça e Paz para a Quaresma.

Quarta-feira, dia 02 - Informação e entrevista à irmã Lúcia Soares sobre os 150 anos das Irmãs Doroteias em Portugal.

Quinta-feira, dia 03 - Informação e entrevista sobre o torneio de futebol "Papa Francisco"

Sexta-feira, dia 04 - Entrevista de análise à liturgia do II domingo da Quaresma pelo frei José Nunes.

 

Antena 1

Domingo, dia 28 de fevereiro - 06h00 - Cáritas: uma história de pessoas e para pessoas

 

Segunda a sexta-feira, 29 de fevereiro a 04 de março - 22h45 - Quaresma; Misericórdia, com D. José Cordeiro; as parábolas com o padre Paulo Coelho; Via Sacra com Maria, com Isabel Figueiredo; campanha da Fundação AIS, com Catarina Martins Bettencourt e o perdão com o padre Igor Oliveira.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 3.º Domingo da Quaresma

 
 
 
 
 
 
 
Se não vos arrependerdes… Convertei-vos!
 

Conversão é o dinamismo que marca a liturgia da Palavra deste terceiro domingo da Quaresma.

No monte Horeb, Deus revela-Se a Moisés, chama-o e envia-o em missão para conduzir o povo à salvação, em permanente peregrinação de conversão. São Paulo, aludindo a esta caminhada, avisa-nos que o mais importante não é o cumprimento de ritos externos e vazios, mas a adesão verdadeira a Deus, a vontade de aceitar a sua proposta de salvação e de viver com Ele numa comunhão íntima.

No Evangelho, Jesus convida-nos a uma transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um recentrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte.

Se não vos arrependerdes… é interpelação insistente e constante que Jesus faz às nossas vidas, desde o início da sua pregação. Ele apela à conversão radical a partir das profundas raízes do nosso ser, onde habita o Coração de Deus. A conversão é fonte de vida, pois faz voltar para Deus.

A pessoa é como a figueira plantada no meio da vinha: pode ser que, durante anos, não dê frutos. Mas Deus, como o vinhateiro, tem paciência e continua a esperar. Deus vai ainda mais longe: dá-nos os meios para a conversão. Jesus não apela somente à conversão, mas propõe-nos o caminho a empreender para amar a Deus e amar os irmãos. A paciência de Deus não é uma atitude passiva, mas uma solicitude para que vivamos. Paciência e confiança estão profundamente interligadas: Deus crê em nós, crê que podemos mudar a nossa conduta

 

 

 

 

 passada, voltando-nos para Aquele de quem por vezes nos afastámos.

Convertei-vos! Um monge do Oriente compara o crente a uma casa. Se sou um batizado, generoso e comprometido, então dou a Cristo a chave da porta de trás para que Ele entre na minha casa como íntimo, como Ele quer. Se O deixar entrar pela porta da frente, quando outros estão na casa, então ficaremos por gestos de delicadeza e conversas de rotina. Nesta imagem, é à porta de trás da nossa casa que Cristo vem bater. Sobretudo durante os quarenta dias da Quaresma e nesta terceira etapa da caminhada para a Páscoa, somos  

 

chamados a continuar a repensar a nossa existência e a acolher o dom da conversão. Deus propõe-nos a libertação da escravidão dos egoísmos e dos pecados, para que em nós se manifeste a vida em plenitude, que só pode ser vida de Deus em nós.

E tudo isto em plena vivência do Ano da Misericórdia, em que de modo mais insistente pomos o nosso coração no Coração de Deus e nos abrimos aos outros, sempre na fecundidade do amor que é misericórdia.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Jubileu da Cúria Romana

 

O Papa presidiu na segunda-feira à Missa pelo Jubileu da Cúria Romana e das Instituições ligadas à Santa Sé, que começou com uma meditação do padre jesuíta Marko Ivan Rupnik.

Francisco desafiou os membros da Cúria Romana a ser "comunidade de serviço" e a rejeitar as "tentações". “Deixemos que o Senhor nos livre de qualquer tentação que nos afaste do essencial da nossa missão e redescubramos a beleza de professar a fé no Senhor Jesus”, disse, na

 

Basílica de São Pedro.

Na homilia, assinalou que estes responsáveis são chamados a ser os “colaboradores de Deus” numa tarefa “tão fundamental e única” como a de testemunhar com a própria existência a “força da graça que transforma e o poder do Espírito que renova”. “A fidelidade ao ministério conjuga-se bem com a misericórdia que queremos experimentar. Na Sagrada 

 

 

 

 

 

 

 

Escritura, fidelidade e misericórdia são um binómio inseparável”, acrescentou.

“Aos pastores, acima de tudo, é pedido que tenham como modelo o próprio Deus, que toma conta do seu rebanho. O profeta Ezequiel descreveu o modo de agir de Deus: Ele vai à procura da ovelha perdida, reconduz ao redil a que se afastou, trata da ferida e cuida da doente”, desenvolveu.

Segundo Francisco, esse 

 

comportamento é sinal do amor que “não conhece limites”, uma “dedicação fiel, constante, incondicional” para que a todos os fracos possam “chegar a Sua misericórdia”.

“Que, também, nos nossos ambientes pastorais possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, sobretudo para com as pessoas que encontramos todos os dias”, incentivou, pedindo que “ninguém” se sinta “descurado ou maltratado”.

 
Misericordina Plus

O Papa surpreendeu este domingo os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro com a oferta de um “remédio espiritual”, a ‘misericordina’, distribuindo simbolicamente pequenas embalagens, como as dos medicamentos. “Já o fizemos uma vez, mas esta é de melhor qualidade, é a Misericordina Plus”, gracejou Francisco, evocando o gesto similar que tinha sido efetuado no mesmo local, em novembro de 2013.

“Recebam este presente como uma ajuda espiritual para difundir, especialmente neste Ano da Misericórdia, o amor, o perdão e a fraternidade”, acrescentou.

A caixa foi distribuída por pobres, refugiados e sem-abrigo, contendo um terço e uma imagem de Jesus Misericordioso. O objetivo é propor aos fiéis católicos a recitação do chamado ‘terço da Divina Misericórdia’, uma devoção católica baseada nas visões de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), canonizada por João Paulo II em 2000.

 
 

 

 

Transformação que gera alegria

 

No ano da Misericórdia a Ecclesia foi ao encontro de sacerdotes que disponibilizam do seu tempo para o sacramento da reconciliação.

O padre Paulo Coelho é sacerdote do Coração de Jesus, há 11 anos, e atualmente é formador na casa da congregação em Alfragide, Lisboa. Nestes anos de sacerdote muitas foram as horas que “se sentou” a confessar.

“O convite é feito a cada um de nós, batizados que somos, é um convite a um exame de consciência que se deixa iluminar pela palavra de Deus e se deixa fazer pela consciência reta”, explica.

“Descobrir que o pecado tem o seu 

 

 

 

peso destrói a relação e perturba a relação de paz com Deus, connosco e com os outros; por isso o perdão e a paz são os frutos deste sacramento, ou seja, o queremos alcançar depois de nos afastarmos pelo pecado”.

O sacerdote entende que seja difícil cada batizado se aproximar deste sacramento e por isso haver cada vez menos pessoas a confessarem-se. “Há uma falta de consciência do pecado e, até de fé, diria; o pecado é uma fé afetada e a confissão dá o convite em profissão de fé, na Misericórdia de Deus.”

O padre Paulo Coelho citou ainda Bula da Misericórdia escrita pelo Papa Francisco e o recado que deixa aos 

 

 

 

sacerdotes, uma forma simples de tornar “leve o sacramento”. “(Francisco) pede aos confessores que não façam questões impertinentes e isso tem um grande valor, tem de existir um diálogo na confissão e, ao mesmo tempo, não podemos cair na tentação de querer averiguar tudo nem correr o risco de fazer juízos”.

Muitas são as horas que este sacerdote dehoniano já passou a confessar e refere que tem de haver uma preparação prévia. “A melhor preparação do sacerdote que se disponibiliza para confessar é, ele próprio, também fazer a experiência de penitente, de se confessar, creio que é a melhor porque ao mesmo tempo há a consciência da sua pequenez…”, diz de olhos arregalados.

O tempo é um fator chave para a confissão e às vezes os minutos 

 

são escassos (para o sacerdote e penitente) para este sacramento. Além do diálogo durante a confissão, passa-se à absolvição e alguma penitência “que não é tarifada”. O padre Paulo Coelho depois sente a alegria, como explica de sorriso aberto. “A maior alegria não são as horas que confesso, mas sobretudo oferecer a graça de Deus a quem chega. Não são horas perdidas mas de graça… julgo e sinto que são graça para o penitente e para o próprio sacerdote”.

Um testemunho do padre dehoniano Paulo Coelho, que já passou muitas horas a ouvir os outros no sacramento da reconciliação, e que revelou que a transformação gera a alegria. Para ouvir hoje, às 22h45, no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública.

 

 

O bispo chinês que já perdeu a conta às vezes em que foi detido…

“Confiamos no Papa”

Aos 81 anos, Julius Jia Zhi Guo, bispo de Zhengding, fiel ao Vaticano e, como muitos na China, não reconhecido pelo governo de Pequim, continua a exercer o seu ministério apesar das ameaças das autoridades, das constantes detenções de que tem sido alvo…

 

Este homem de aspecto frágil já conheceu as tenebrosas prisões do regime comunista da China. No tempo da Revolução Cultural, de Mao tsé-Tung, foi mesmo condenado a trabalhos forçados. “Os problemas começaram quando era seminarista” – recorda. “De 1963 a 1978 fui condenado a trabalhos forçados em lugares perdidos, frios e inóspitos.” Nos últimos anos, a repressão do regime tornou-se mais branda. Mas, apesar disso, Zhi Guo não deixou de ser preso – tantas vezes que já lhes perdeu a conta - sempre com o mesmo argumento: ser um bispo fiel ao Papa.

Desses tempos, Zhi Guo nunca mais esqueceu a fórmula que o manteve vivo sem perder a fé, conquistando

 

a coragem para enfrentar os algozes do regime. “Era suficiente ter Deus no coração. Foi isso que me sustentou e protegeu ao longo de toda a minha vida.”

Quando terminaram os trabalhos forçados, foi ordenado Bispo de Zhengding. Foi uma ordenação clandestina, que o governo de Pequim não reconhecia e considerava uma afronta. Apesar disso, dirigiu-se ao departamento local dos assuntos religiosos e apresentou-se como sendo o novo bispo. “Riram-se na minha cara, dizendo que, na China,

ninguém pode servir como bispo a não ser que seja reconhecido pelo governo.” As gargalhadas dos funcionários não esfriaram a sua vontade e continuou o seu trabalho junto do povo de Deus. Afinal, ele era o verdadeiro bispo, unido ao Papa.

“Estamos tranquilos”

Nos últimos tempos, apesar da aparente maior brandura de métodos, as autoridades continuam vigilantes sobre a chamada “Igreja Clandestina”. Ainda em Maio do ano passado, Zhi Guo foi preso uma vez mais. Culpa?

 

 

 

 

 

A ordenação de alguns sacerdotes para a sua diocese. “Expliquei-lhes que essa era a minha vida, o meu trabalho. Os sacerdotes são ordenados pelo bispo e eu sou o bispo. Não há nada que eu possa fazer acerca disso…” Aos 81 anos, Zhi Guo acompanha com “entusiasmo” o ministério do Papa Francisco e a vontade de se encontrar com o presidente chinês. “Confiamos no Papa porque confiamos no Senhor que sustenta e guia a Sua Igreja e nos encomendamos a Ele. Fala-se, há muitos anos, de como resolver este problema. É uma questão complexa, porém está tudo nas mãos de Deus

           e nós estamos tranquilos.

     Não nos preocupamos.”

O que preocupa mesmo Zhi Guo é o orfanato que dirige na sua diocese há já duas décadas. Por lá vivem cerca de 70 órfãos, num trabalho que mobiliza 26 irmãs. Vivem apenas da caridade. “Assim, todos podem ver o amor gratuito de Jesus por cada um e por todos nós. E podem reconhecer que a Igreja está presente em todo o mundo, até na China, para o bem de todos.”

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt 

 

 

 

Caritas, com coração

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Há imagens de marca que imprimem carácter. A da Caritas é uma delas. Ninguém consegue olhar para a solidariedade da Igreja católica sem o nome desta instituição saltar logo à cabeça e aos olhos.

Nascida como braço solidário da Igreja, a Caritas foi-se espalhando pelo mundo. Hoje está presente em todas as linhas da frente da intervenção católica e é uma instituição respeitada e reclamada.

Quando cheguei a Lisboa nos anos 80 e comecei a fazer trabalho pastoral nas periferias pobres da capital, lá encontrei a Caritas no bairro de lata onde eu passava boa parte das minhas horas dedicadas à pastoral. Uma Assistente Social da Caritas passava no bairro os seus dias, visitando as famílias, dando formação, alertando para perigos, inculcando valores, denunciando situações irregulares, prevenindo crimes, apoiando os mais carenciados. Tudo em nome da Fé e como Missão de opção pelos mais pobres.

Depois, eu parti para Angola. Num contexto de guerra civil, a Caritas era, como escrevi então, o ‘quase tudo dos sem nada’. Ela recebia ajuda humanitária da Europa e dos EUA e distribuía com muita competência e humanidade. Embora fosse uma organização da Igreja católica, nunca fazia acepção de pessoas e distribuía por todos os pobres, sem olhar às convicções religiosas de cada um.

Nos tempos duríssimos dos combates que arrasaram a cidade do Huambo, foram os restos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 de armazém da Caritas quem mais vidas salvou da morte á fome. Quando pararam os combates e o cerco estrangulou os sobreviventes na cidade, só a Caritas teve autorização de voar e, por isso, só ela socorreu as pessoas com comida, roupa e medicamentos. Caritas ali rimou com vida, com sobrevivência, com humanidade.

Aqui em Portugal como noutras paragens, a intervenção da Caritas continua decisiva. Não só para distribuir pão e roupa, mas para criar condições de vida digna às pessoas, preferindo dar cana e anzol do que oferecer sempre e só o peixe preparado para a mesa dos pobres. 

 

 

Há todo um trabalho de sensibilização, formação e intervenção para que as pessoas sejam autónomas e independentes na gestão quotidiana das suas vidas.

Celebrar o Dia da Caritas é uma enorme responsabilidade para a Igreja católica. A Caridade tem de ser uma palavra que traduz vida. A fraternidade tem de corresponder á forma de viver de quem se sente seguidor de Cristo. Se Ele andou pelas periferias e margens da história á procura de gente a fim de a trazer para o centro, essa tem de ser hoje a nossa Missão. Com coração, com entranhas de misericórdia, como pede o Papa Francisco.

 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair