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Octávio Carmo |
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Aprender a perdoar
Albino Brás | Paulo Rocha | Miguel Oliveira Panão| Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques |
Viver porque sim? |
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Octávio Carmo
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“A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana” (Bento XVI, encíclica ‘Spe Salvi’)
Grande parte do debate em torno da eutanásia rapidamente se encaminhou para o nível da suspeição e para a confusão, evitando desde logo um mais do que necessário esclarecimento de conceitos. Há opiniões pensadas e fundamentadas que precisam de ganhar mais espaço mediático, para lá da preocupação dos likes e soundbites. Em primeiro lugar, porque estamos a falar de temas centrais para a definição do que é a humanidade, como a dor, o sofrimento e a morte. Sabe-se que a dor nem sempre é negativa, pode ser um prelúdio de algo melhor (como tantas vezes aconteceu na arte) ou um alerta, mas também é verdade que às vezes se torna insuportável e pode levar um ponto de desespero que é difícil de superar. O pensamento católico não propõe um sofrimento sem controlo nem o encarniçamento terapêutico. São dois bons conceitos para começar o debate - eu bem sei que para muitos esta não é uma |
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questão religiosa, a não ser que seja para criar cartazes ou campanhas ‘humorísticas’ nas redes sociais. Acompanhar e ajudar são conceitos centrais na nossa tradição religiosa, em relação aos doentes - matéria tão séria que até ficou plasmada numa das obras de misericórdia. Seria um erro reduzir a discussão a questões |
técnicas e jurídicas, apesar da sua notável importância, esquecendo dimensões sociais e espirituais que estão intimamente ligadas à vida e à busca de sentido de cada pessoa. Até porque a tentação de pura e simplesmente eliminar quem sofre, quem está 'a mais', acompanha uma boa parte da história… |
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Última aula de Marcelo Rebelo de Sousa |
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«A Liga puxou o lustro ao campeonato e anunciou no seu site oficial que estamos perante a prova mais competitiva entre os países que integram os dez primeiros do ranking europeu» (António Magalhães; In: Jornal «Record», 02 de março de 2016)
«O Ecumenismo do prof. Marcelo, como católico publicamente assumido, vai buscar as suas raízes ao II Concílio do Vaticano» (Narciso Machado; In: Jornal «Público», 02 de março de 2016)
«Apesar da diplomacia, das promessas do fecho de fronteiras e até mesmo da repressão, o fluxo de refugiados rumo à Europa não abrandou» (Editorial do Jornal «Público», 02 de março de 2016)
«Assistimos, nas negociações do Orçamento, a uma pequena amostra do que é a pressão europeia e aquilo a que assistimos foi feio. Foi a Comissão Europeia a pôr notícias diretamente nos jornais para pressionar o governo português em Portugal» (Mariana Mortágua; In: Jornal «Público», 03 de março de 2016)
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Cáritas alerta para riscos
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A Cáritas Portuguesa apresentou em Lisboa um relatório sobre a situação socioeconómico do país, onde alerta para o aumento da pobreza, mesmo nas pessoas com emprego, e a precariedade que ameaça milhares de crianças. Em declarações aos jornalistas, o presidente do organismo salientou “as gravíssimas situações de pobreza e de exclusão que persistem em Portugal por razões da crise” e das políticas sociais e económicas que se seguiram. Políticas que, segundo Eugénio Fonseca, continuam a “ferir” muitas pessoas, não só as “mais vulneráveis” mas também “camadas da sociedade que não era suposto entrarem em depressão”. “É preciso que se perceba de uma vez por todas que a austeridade, que foi tão gravosa para os portugueses, em qualquer circunstância, não é solução para o crescimento económico porque fragiliza um dos pilares do desenvolvimento que é o pilar social”, frisou aquele responsável. O relatório da Cáritas Portuguesa 2015 segue a tendência do último |
ano, em que Portugal foi apontado como o país da União Europeia onde mais cresceu o risco de pobreza e exclusão social. Entre outros pontos, o documento realça a queda na pobreza de muitas famílias que integravam a chamada “classe média”, devido a realidades como o desemprego, o trabalho temporário, o aumento dos impostos, os cortes nos apoios sociais e as baixas remunerações. A Cáritas destaca ainda as crianças que registaram “o maior aumento de risco de pobreza”, muito devido ao “desemprego de longa duração” e ao “emprego precário” que marca o dia-a-dia das suas famílias. Esse risco cifrava-se nos 25,6 por cento em 2013 e “com o empobrecimento crescente hoje é ainda maior”, assinalou Eugénio Fonseca, alertando para “as repercussões” que esta conjuntura poderá “ter no futuro, se não for prevenida“. “Nós temos de resolver os problemas das famílias e isto não vai lá apenas com os fundos comunitários que |
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estão a aparecer, na chamada Agenda 2020. Eles duram cinco anos”, lembrou o presidente da Cáritas nacional. Eugénio Fonseca defendeu que essas verbas deverão ser aproveitadas para “criar condições estruturantes para o crescimento da economia portuguesa”. Um processo que “tem de passar por uma dimensão mais internacional”, em que Portugal potencie mais os seus produtos e deixe de estar tão dependente “dos bens importados”, complementou.
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A elaboração e apresentação do relatório da Cáritas Portuguesa foram feitas em parceria com a Cáritas Europa, que esteve representada no evento pelo seu secretário-geral, Jorge Nuño Mayer. De acordo com os últimos números da Cáritas Europa, que realizou nos restantes Estados-membros também uma análise detalhada à sua situação, mais de 123 milhões de pessoas vivem hoje em situação de pobreza no Velho Continente, ou seja, quase 1 em cada 4 cidadãos europeus. |
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Santuário de Fátima
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O Santuário de Fátima lançou uma nova página de internet que permite conhecer “melhor” cada espaço, a história das aparições e a vida dos Pastorinhos, para além de informações sobre a atividade pastoral diária, “permanentemente atualizada”. “A novidade é um melhorado ‘layout’, com um espaço multimédia onde é possível ver fotografias, vídeos, e aceder a documentação”, explica um comunicado enviado à Agência ECCLESIA. Segundo o Santuário nacional, no sítio oficial encontram-se informações de “relevo histórico e teológico” para a compreensão da mensagem de Fátima e tem lugar de destaque a vivência do santuário, a agenda |
cultural e a celebração do Centenário das Aparições. “Há um contador do tempo que nos conduzirá até ao dia 13 de maio de 2017”, assinala ainda o comunicado, sobre a informação que se pode encontrar no início da página principal. Para o Santuário de Fátima, a visualização em direto da Capelinha das Aparições “continua a ser um dos pontos mais importantes” desta nova presença na internet. “À semelhança do anterior espera-se que continue a ser visitado por milhares de peregrinos diariamente”, acrescenta. O sítio www.fatima.pt/ está disponível nos sete idiomas oficiais do Santuário de Fátima: português, espanhol, italiano, francês, inglês, alemão e polaco. |
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Médicos Católicos contra cultura de morte |
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A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) diz que aprovar a eutanásia seria introduzir no país uma “cultura de morte”, e considera incompreensível este debate quando há pessoas que ainda nem sequer têm acesso a cuidados de saúde. Para o presidente da AMCP, o que está em causa é um conjunto de pessoas que encontraram “as condições políticas” necessárias para tentar impor “uma nova visão”, assente num “humanismo laico”, e que é “radicalmente diferente daquela que tem sido consensual na sociedade portuguesa”. Isto abre toda uma “caixa de Pandora” que pode ter “consequências cada vez maiores”, ao nível do modo como se olha para o papel do médico, que “seja em que circunstância for, jamais deve dar a morte ao doente”, e também no plano de como se poderá passar a encarar a “vida humana” e “a doença”, frisa Carlos Alberto da Rocha. Um grupo de cidadãos da sociedade portuguesa, congregados num movimento intitulado “Direito a morrer com dignidade”, conseguiu |
reunir as assinaturas necessárias para levar a legalização da eutanásia a debate, no parlamento. O manifesto da iniciativa, que tem como um dos rostos principais João Semedo, antigo coordenador do Bloco de Esquerda, sublinha as más condições em que se morre em Portugal e defende a despenalização da morte assistida. Segundo Sofia Reimão, presidente do núcleo da AMCP de Lisboa, é “muito importante clarificar conceitos” e “não esconder o que é proposto”. “Quando falamos de eutanásia e ouvimos morte assistida, a assistência na morte é exatamente o que nós queremos (…) acompanhar o doente nas suas situações de sofrimento”, salienta. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Coimbra: Bispo presidiu a Missa na reabertura da capela da Universidade Foto @ Correio de Coimbra |
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IV Workshop de Turismo Religioso |
«Click to Pray»: de Portugal para o mundo pela mão do Papa
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O Vaticano recebe esta sexta-feira o lançamento da versão internacional da plataforma portuguesa ‘Click To Pray’, que vai ser apresentada como a ‘App’ oficial da rede mundial de oração do Papa Francisco. “A iniciativa correu muito bem, chegou a muitas pessoas e foi um projeto bem |
conseguido. Chamou a atenção do secretariado do Apostolado da Oração (AO), a nível internacional, que decidiu adotar o ‘Click do Pray’ para ser a plataforma oficial da rede mundial de oração do Papa”, revelou o secretário nacional do AO em Portugal. À Agência ECCLESIA, o padre António |
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Valério destacou a “grande alegria” da equipa portuguesa e recordou que a plataforma multicanal de oração diária foi lançada no âmbito da recriação mundial do AO, obra confiada à Companhia de Jesus (Jesuítas). “Começou com a ideia de ter de haver uma plataforma internacional de oração pelas intenções do Papa e ao verem o caso português disseram que não era preciso estar a procurar e criar uma nova mas fazer uma nova versão internacional do que se faz em Portugal”, desenvolveu. Neste contexto, a plataforma passou a estar disponível em várias línguas – inglês, francês, espanhol. O padre António Valério revela ainda que os conteúdos do ‘Click to Pray’ estão a ser desenvolvidos por várias equipas mas as “orações continuam a ser feitas pela equipa portuguesa”, que já escreveu os conteúdos em 2015. “Depois, a ideia é que as várias línguas se possam organizar e tenham equipas de escritores para os conteúdos”, acrescentou o sacerdote jesuíta. A intenção de internacionalizar o ‘Click To Pray’ já tinha sido apresentada pessoalmente ao Papa Francisco, durante uma audiência ao Movimento Eucarístico Juvenil, a 10 agosto de 2015. “O Papa mostrou-se muito contente com a iniciativa e apoiou desde |
o início”, comentou o padre António Valério, recordando que deu ênfase ao facto de ser uma “ferramenta muito simples” que para além de fornece material para oração, “sintoniza as pessoas com as orações mensais e com o compromisso que estas orações devem levar para a vida”. A versão internacional da plataforma portuguesa vai ser lançada esta sexta, , numa conferência de imprensa, no Vaticano, inserida a iniciativa de oração ’24 horas para o Senhor’, promovida pelo Papa Francisco. No contexto da internacionalização da plataforma multicanal – site, aplicações móveis, redes sociais e emailing – o Apostolado da Oração português vai promover umas Jornadas Práticas sobre Comunicação Digital, a 1 de abril, na Domus Carmeli, em Fátima. O ‘Click to pray’ foi lançado em Fátima a 21 de novembro de 2014, numa parceria com o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e com o apoio da Agência Ecclesia, da Aleteia, e do Grupo Renascença. Para além dos três momentos de oração diária, de manhã, à tarde e à noite permite também que os utilizadores coloquem as suas intenções em comum, já que está acessível através de site, de aplicações para iphone e android, no YouTube e ainda em redes sociais como o Facebook e o Twitter. |
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Igreja não precisa de dinheiro sujo |
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O Papa defendeu no Vaticano que a Igreja Católica deve rejeitar “dinheiro sujo” que vem das mãos de criminosos, durante uma audiência em que Francisco repetiu o gesto de dar boleia a duas crianças. “O povo de Deus, isto é, a Igreja, não precisa de dinheiro sujo, mas de corações abertos à misericórdia de Deus”, declarou, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro. Partindo de uma passagem bíblica do Antigo Testamento, Francisco fez um apelo: “Penso nalguns benfeitores da Igreja, com boas ofertas - ‘Tome, para a Igreja’ -, mas esta oferta é fruto do sangue de tantas pessoas abusadas, maltratadas, escravizadas, com o trabalho mal pago”. “Eu diria a estas pessoas: por favor, leva de volta este cheque, queima-o”, declarou. O Papa convidou os fiéis a evitar o mal e praticar o bem, lembrando a esse respeito os refugiados que “desembarcam na Europa e não sabem para onde ir”. Perante milhares de pessoas reunidas no Vaticano, o pontífice argentino apresentou uma reflexão sobre a misericórdia de Deus. “Deus nunca nos renega. Nós somos o seu povo. O mais malvado dos homens |
e a mais malvada das mulheres, o mais malvado dos povos, são seus filhos. E isso Deus nunca renega”, precisou. Para Francisco, isto dá “esperança” a todos os seres humanos, porque Deus não trata cada um segundo as suas culpas. “A salvação requer a decisão de escutar e de deixar-se converter, mas permanece sempre um dom gratuito”, observou. A este respeito, exemplificou que “quando alguém está doente, vai ao médico; quando alguém se sente pecador, vai ao Senhor”. “Mas, se em vez de ir ao médico, vai ao curandeiro, não se cura. Muitas vezes, preferimos percorrer estradas erradas, procurando uma justificação, uma justiça, uma paz que nos é presenteada como dom do Senhor se formos à sua procura”, acrescentou. |
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Papa alerta para submissão da defesa da vida humana a interesses económicos |
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O Papa alertou para o risco de sobrepor interesses económicos à defesa da vida humana, transformando o “mal em bem”; durante um encontro com os membros da Academia Pontifícia da Vida, da Santa Sé. “A cultura contemporânea conserva as premissas para afirmar que o homem, quaisquer que sejam as suas condições de vida, é um valor a proteger, mas é muitas vezes vítima de incertezas morais, que não permitem a defesa da vida de forma eficaz”, declarou Francisco. Segundo o Papa, há muitas situações em que se “mascaram ‘esplêndidos vícios’ em nome das virtudes”. “Há muitas estruturas mais preocupadas com o interesse económico do que com o bem comum”, lamentou. Nesse sentido, voltou a criticar o que denomina como “colonizações ideológicas”, que surgem aos olhos do pensamento humano e do cristão como “modernidade, atitudes novas” mas acabam por “tirar a liberdade ideológica” por medo da realidade. Esta atitude de “coração endurecido”, acrescentou Francisco, tem “graves consequências” para |
a vida social, levando mesmo a “cometer violências”. “Tal condição não se pode mudar nem por força de teorias nem por efeito de reformas sociais ou políticas, só a obra do Espírito Santo pode reformar o nosso coração, se nós colaborarmos”, observou. O Papa realçou que não faltam “conhecimentos científicos” e “instrumentos técnicos” para apoiar a vida humana nos seus momentos de maior fragilidade, faltando, no entanto, “a humanidade”. Francisco denunciou os riscos do “egoísmo” e da “mentira” para a vida humana, deixando votos de que todos a saibam “acolher e cuidar, segundo a dignidade que lhe é devida, em qualquer circunstância”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Propostas do Papa para dirigentes empresariais
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Ondas |
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Miguel Oliveira Panão Professor Universitário |
Dizem ser a maior descoberta desta década e, possivelmente, do século. Há quem pense na próxima revolução tecnológica e nos segredos do universo ocultos pelo infinitamente pequeno que serão revelados a partir desta descoberta. Falamos de quê? Ondas gravitacionais. Há pouco mais de 100 anos, Einstein previa na sua Teoria da Relatividade Geral que a ação da gravidade nos corpos celestes resulta numa distorção espaço-temporal, ou seja, ondas no tecido do universo. Semelhante a quando uma pessoa salta num trampolim. Mas só agora se provou efetivamente existirem, através do trabalho de décadas coordenado pelo Observatório de Ondas-gravitacionais por Interferometria Laser (LIGO - Laser Interferometer Graviational-wave Observatory). Conheço pessoalmente um dos membros da grande equipa que faz parte desta descoberta, Andrea Conte, que me explicou: “estas ondas não interagem com a matéria presente no universo porque são perturbações da própria estrutura do universo. Podem-nos revelar a natureza daquilo que até então era invisível aos instrumentos convencionais cuja observação se baseia na radiação da matéria. Agora abre-se um novo capítulo da Astrofísica.” Einstein estava certo! Em termos tecnológicos, podemos estar à beira de uma revolução. Um exemplo. Em 1865, James Clerk Maxwell previa que a luz se propaga em ondas, |
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mas só quando Heinrich Hertz inventou o primeiro transmissor de rádio é que se desencadeou a moderna tecnologia e foram revelados novos fenómenos cósmicos. É esta a expectativa para a descoberta das ondas gravitacionais. A partir de agora, esperam-se novos desenvolvimentos na deteção da matéria escura (Dark matter), dos buracos negros que não emitem luz - e, por isso, indetectáveis -, entre muitos outros fenómenos astronómicos conhecidos ou desconhecidos. Contudo, espera-se também uma revolução da nossa visão do mundo. Nas palavras de Andrea Conte, esta descoberta “faz-me pensar que, enquanto a nossa vida sobre a terra continua, num lugar remoto qualquer do nosso universo, a 13 milhões de anos-luz de distância, dois buracos negros orbitam entre torno de si mesmos, como uma dança, acelerando até atingir uma velocidade |
próxima da velocidade da luz. Depois, fundem-se num imenso rugido gravitacional. Tudo isto faz-me pensar numa harmonia perfeita no universo determinada por uma eterna ação criadora, e que nós temos um papel privilegiado.” Se o universo é a linguagem através da qual Deus nos fala. O que quer Ele dizer-nos com aquilo que agora se descobriu? Não sei. Mas pensando nisso observo que nada acontece neste universo que não seja comunicado. O ato de comunicar é expressão do ato de entrar em relação, nem que seja através de ondas gravitacionais que só com imensa sensibilidade se conseguem detetar. Quantos atos de entrar em relação são-nos impercetíveis porque não desenvolvemos suficientemente a nossa sensibilidade humana? E quando esses atos provém de Deus? Afinal, Deus não existe, ou será um problema de sensibilidade humana? Hum … |
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O ponto de partida na comunicação |
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Paulo Rocha |
O dia tinha por objetivo analisar meios necessários a projetos de comunicação, estudar parcerias e debater orçamentos “low cost” para garantir a necessária comunicação na Igreja Católica, nomeadamente nas paróquias. Mas acabou com a afirmação de que o principal não são os meios.
“A comunicação na Igreja, implicando meios e recursos que nos permitem hoje interagir de uma maneira inusitada, não se resolve aí. Resolve-se no ponto de partida”. |
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A afirmação é de D. Manuel Clemente, na conferência de encerramento da primeira Jornada Diocesana de Comunicação, em Lisboa. Como em muitas outras, nacionais ou diocesanas, onde razões diferentes me levam à participação e por vezes à organização, é recorrente centrar atenções no “como”, nas “estratégias” de comunicação, nos orçamentos (ou melhor, na sua ausência). E recorrente é também a afirmação de que se repetem debates, análises, reflexões há décadas com resultados pouco visíveis. A afirmação de D. Manuel Clemente deve levar à interrogação: quantas destas ocasiões, nas jornadas nacionais ou diocesanas, em congressos de instituições ou associações, tiveram por tema “o ponto de partida”? Pois, talvez um erro metodológico esteja a impedir que se resolva um problema que não é só de décadas, começa a ser de gerações. “Se queremos chegar a todos temos de começar pelo Único princípio onde todos se alcançam”, acrescentava o cardeal-patriarca de Lisboa. O quotidiano na comunicação em Igreja dificulta que esqueça o cuidado |
com os meios, as estratégias, as parcerias, o profissionalismo, a atualização de linguagens e de tempos, a mediatização do que acontece. A análise de D. Manuel Clemente comprova que o fundamental em todos os processos de comunicação é a mensagem, que adquire força global quando é relevante, mesmo a nível local. E mostra que a autenticidade e a transparência são valores fundamentais na comunicação da Igreja. Dois acontecimentos, dos últimos dias e de natureza diferente, demonstram-no. O primeiro em torno de um cartaz que instrumentalizava a imagem e a figura de Jesus para propaganda política. A reação que generalizadamente provocou não revela apenas oposição, mas confirma a marca de um povo, que é cristã e só se revê no respeito por essa identidade, em todas as circunstâncias. Outro, emerge de um projeto de comunicação eclesial, a aplicação “Click to pray”, cujo alcance global tem por origem o “ponto de partida”, a autenticidade do que se comunica. Mas temos de admitir, neste como em todos os casos, que os meios e a modernidade de linguagem foram também fundamentais. |
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Uma nota histórica, de enquadramento,
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As ESPERE – Escolas de Perdão e Reconciliação -, nasceram na primeira década deste século, em Bogotá, Colômbia, com o objetivo inicial de colaborar com os esforços de paz naquele país. O Pe Leonel Narvaez Gomez, Missionário da Consolata, filósofo, teólogo e sociólogo com pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra e na Universidade de Harvard, EUA, |
consolidou essa ideia com a ajuda e a assessoria de especialistas interdisciplinares das Universidades americanas de Wisconsin e Harvard. Deste cruzamento de saberes surgiu uma metodologia inovadora, em teoria e método, destinada a apoiar principalmente pessoas vítimas de algum tipo de violência. O projecto começou com os primeiros reintegrados (ex-guerrilheiros da |
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FARC) na sociedade colombiana, que precisavam de pedir perdão às suas vitimas, e também de se perdoarem a si mesmos pelo que tinham feito, mas também muitas vitimas precisavam de oferecer perdão. Hoje são milhares os que através da ação das ESPERE abandonaram aquela guerrilha e se reintegraram na sociedade; e muitos deles são promotores das ESPERE. As ESPERE levam 15 anos especializando-se em técnicas de Perdão e Reconciliação. De como trabalhar a raiva, o rancor, os desejos |
de vingança. Um percurso que ajuda a concluir, por exemplo, que a história de um casal ou de uma família feliz é a historia de muitos perdões. Ainda que tenham a sua origem num contexto civil, as ESPERE foram, pouco a pouco, sendo acolhidas em ambientes religiosos, não só da Igreja Católica, mas de outras Igrejas cristãs e de outras religiões, incluído o islamismo. Mas tem sido em contextos ligados à Igreja Católica onde mais se tem desenvolvido. nos últimos anos. Para tal tem contribuído o grande
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apoio que muitas congregações religiosas têm dado ao projeto, especialmente os Jesuítas, que abraçaram a causa ESPERE, abrindo as suas universidades e os seus centros Loyola de Fé e Cultura, colégios e paróquias em muitos países da América Latina para a reflexão e para os Cursos de Perdão e Reconciliação. Atualmente a Rede ESPERE, sob os auspícios da Fundación para la Reconciliación, com sede em Bogotá, presidida pelo Pe Leonel Narvaez, gere e garante a unidade das suas presenças, com núcleos ativos em 18 países, a maioria da América Latina (Colômbia, Brasil, México, Chile, Argentina, entre outros), mas também na América do Norte (Estados Unidos), na África (Uganda) e na Europa (Portugal). Em Portugal as ESPERE deram os primeiros passos em 2013, por iniciativa do Pe Albino Brás, missionário da Consolata e atualmente coordenador nacional deste projeto. Neste momento existem duas equipas de dinamizadores ESPERE: uma em Lisboa e outra no Porto. Já realizaram três Cursos um a norte e três na capital. Outros se seguirão. Pelo seu contributo para a Paz, |
na defesa dos diretos humanos e na aposta pela pedagogia do cuidado, as ESPERE tem recebido vários prémios. Destaca-se o “Prémio UNESCO Educação para a Paz”, recebido em 2006, em Paris, pelo impacto positivo que as ESPERE estavam a ter na Colômbia, sobretudo em Bogotá, na redução dos índices de violência. Outros reconhecimentos se seguiram, como o prémio “Ordem da Democracia” do Congresso da República da Colômbia, em 2008 e o prémio “Empreender Paz” em 2011. Hoje as ESPERE já se estendem à Síria e ao Iraque onde uma equipa da Fundación para la Reconcliación se deslocará nos primeiros meses deste ano. |
Importância das Escolas de Perdão e Reconciliação para a atualidade (nomeadamente em Portugal) |
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A violência é hoje um dos maiores problemas da humanidade. O mais comum é que se responda a essa violência com o endurecimento das penas e dos castigos, numa quase idolatria da justiça punitiva. As prisões em Portugal, para dar um exemplo, estão cheias e pouco se investe na reinserção dos presos na sociedade. O Papa Francisco diz-nos que o perdão é a expressão mais evidente da misericórdia, é um imperativo do qual não podemos prescindir. Deus consola com o perdão. O perdão e a reconciliação - que mais que um tema religioso, são componentes da espiritualidade humana, são poderosas ferramentas para enfrentar as causas subjetivas da violência. Os que fazem o Curso ESPERE experimentam que o perdão é um exercício auto-reparador, que te regenera como pessoa. Faz de ti uma pessoa nova, descobrindo que o perdão não muda o teu passado, mas muda, e muito, o teu futuro. Porquê as ESPERE em Portugal? Afinal, não temos terrorismo, guerras, |
guerrilhas,… Não, não temos! Mas todos temos um denominador comum: a condição humana, na sua essência. Pessoas diferentes, mas iguais, em qualquer geografia, na capacidade de amar e de odiar; capazes de sentir raivas, rancores, ressentimentos, e que nem sempre sabem lidar com essas emoções básicas do ser humano. Justificam-se as ESPERE em Portugal porque temos, por exemplo, o bullying, em crescendo, nas escolas; temos a violência intra-familiar; a violência no namoro e no casal; bairros socias periféricos onde se acumulam raivas de pobreza e exclusão; temos a indiferença, o racismo e o preconceito, que também matam. De Mandela e Desmond Tutu aprendemos que sem perdão e reconciliação não há futuro. Sentimos a urgência de promover uma cultura do encontro, da convivência. Também em Portugal queremos questionar profundamente uma cultura e uma justiça ainda muito voltada para a punição, para o castigo, para a |
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retaliação e a vingança. As ESPERE promovem a justiça restaurativa que, mais que condenar, procura responsabilizar e recuperar o ofensor, e tentar que a vitima não se transforme também ela num ofensor, caindo assim no ciclo vicioso da violência, do olho por olho, dente por dente. Porque a justiça de Deus é o seu perdão e a misericórdia, as ESPERE estão na linha de uma necessária e desejável teologia da misericórdia, da restauração, da reconstrução, do “levanta-te e anda”. Potenciar a justiça restaurativa, fundada no perdão e na misericórdia, ao invés da justiça punitiva. O perdão busca restaurar a pessoa; a reconciliação busca restaurar as relações. Em Portugal, pretendemos levar a experiência das ESPERE às Escolas, às prisões, às famílias, aos bairros sociais, aos jovens. Um dia, ao terminar o Curso ESPERE, |
um jovem desabafou: “a minha Igreja sempre me disse que devia perdoar, mas nunca me ensinou como devia fazê-lo. E as ESPERE, sim, ajudaram-me a fazê-lo. Obrigado!” Hoje, a Rede Internacional ESPERE é um coletivo de profissionais e líderes sociais voluntários, que procuram promover cultura política de perdão e reconciliação como estratégia efetiva para a construção de cultura de paz, atendendo à urgência das causas subjetivas da violência, como o ódio, a raiva e os desejos de vingança, com o objetivo de desarticular o ciclo vicioso da violência. Neste sentido, procuram-se promover narrativas transformadoras, construtoras de sentido, de relações empáticas, com as quais construir tecido social, valorizando o outro, na construção e promoção de valores sociais que ganham um sentido moral prático e propositivo, a partir da ação. Padre Albino Brás, imc |
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Projeto por uma Cultura da Paz
As ESPERE são um projeto de intervenção social, que procura contribuir para uma cultura da paz sustentável ajudando as pessoas e comunidades a superar os efeitos negativos causados pela violência.
O PROBLEMA
PUBLICO ALVO
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PROPOSTAAs Escolas de Perdão e Reconciliação – ESPERE – são uma proposta de trabalho comunitário, onde os participantes, guiados por um animador, constroem leituras éticas acerca das raivas, dos ódios, dos rancores e dos desejos de vingança, |
provocadas pelas agressões recebidas, facilitando a conversão de aspetos emocionais como traumas e sentimentos de ressentimento. Entre algumas das razões que difundimos acerca da importância do Perdão, estão as do bem estar no desenvolvimento humano, sabendo |
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que, como o expressa Shakespeare, «sentir ódio e desejo de vingança é como tomar veneno e esperar que o outro morra». Esta será uma razão que se estende em benefício da construção de capital social na medida que uma pessoa recupera o equilíbrio emocional, reconstrói a sua identidade em termos de dignidade, renova o seu potencial de intercâmbio e interação social, num mundo onde as relações sociais, a participação social e comunitária são fundamentais para a vida em si. As Escolas de Perdão e Reconciliação funcionam com grupos de 15 a 20 |
pessoas, que guiados por um animador, decidem viver uma forte experiência de cura das suas feridas (raiva, rancor, ódio, dor, vingança, tristeza) causadas pela violência e pelos conflitos diários da vida. São pessoas que desejam abrir-se ao Perdão e à Reconciliação como um passo necessário para a reconstrução dos tecidos individuais, familiares e sociais, para o restabelecimento das condições de paz no bairro, na cidade e no país. Estas pessoas podem-se converter em animadores e multiplicadores da experiência, uma vez que terminem a escola ESPERE |
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e recebam uma capacitação adicional como animadores das mesmas, promovendo-se assim, um impacto de grande significado na comunidade. As ESPERE são um contributo para a riqueza social dos povos, para gerar instancias de mediação que trabalhem como filtros nos processos de violência. São ao mesmo tempo uma contribuição para a prevenção da violência. A estrutura esquemática básica dos |
conteúdos do processo de Perdão e Reconciliação ESPERE é a seguinte, organizada em Módulos e temas:
PERDÃO: - Módulo 1 – Motivação - Módulo 2 – Passo da escuridão para a luz - Módulo 3 – Decido perdoar - Módulo 4 – Olho com olhos novos - Módulo 5 – Compreendo o meu ofensor/Partilho a dor - Módulo 6 – Quebro as correntes e limpo a dor/Aceitação do outro |
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RECONCILIAÇÃO:- Módulo 7 – Promovemos princípios - Módulo 8 – Empreendemos o cuidado - Módulo 9 – Estabelecemos a recuperação - Módulo 10 – Dialogamos e acordamos a reconciliação - Módulo 11 – Fazemos a memória e a celebração
DURAÇÃO:Onda CURTA: Cursos em dois fins de semana, de preferência não consecutivos (cerca de 40 horas); um para os Módulos Perdão e o seguinte para os módulos Reconciliação
Onda Larga: em 11 semanas, com encontros semanais (pode ser p´s laboral) de 3 horas.
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Nota: quando as ES.PE.RE. se realizam numa Instituição /Organização, os horários são definidos de acordo com os mesmos. VALORES E PARCERIAS:Os Cursos ESPERE usam bastantes materiais para as dinâmicas do Curso, por isso a contribuição de cada um depende dos lugares onde se realizam e dos apoios que recebem As ESPERE aposta na possibilidade de parcerias com várias Instituições, dispostas a abraçar e apoiar a causa.
CERTIFICADO:Os participantes das ES.PE.RE. ao concluir os dois cursos recebem um certificado de presença emitido pela Fundación para la Reconciliación.
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Na primeira pessoa |
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Como católica aprendi que devíamos perdoar não 7, mas 70 vezes 7. Há demasiados anos que procuro alguém que me explique como isso é possível, já que é tão pouco natural à natureza humana. Frequentei recentemente um curso teórico-prático, intitulado ES-PE-RE (EScola de PErdão e REconciliação) que me ajudou a reorganizar as minhas ideias, preconceitos e decisões sobre o que é de facto perdoar, reconciliando-me comigo e com os outros. Construindo vida
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e não limitando-a. Ao contrário do que sempre julguei, o perdão de que aqui se trata tem de passar por “dentro” de nós, envolve-nos ativamente como seres humanos, na nossa própria vida, e na vida do outro que me ofendeu, ou a quem ofendi. Muito ou pouco. É uma oficina de trabalho teórico e prático verdadeiramente inclusiva: não temos de ser católicos, ou isto ou aquilo. Basta sermos seres humanos.
Ana, Lisboa |
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O curso de perdão e reconciliação que teve lugar neste mês de fevereiro, mais do que transmitir conceitos ou teorias, foi-nos mostrando caminhos para irmos vivendo estas palavras a partir de dentro das nossas vidas. A matéria-prima com que o curso se foi construindo foi cada um de nós, os participantes, com as nossas histórias pessoais, as nossas relações, onde se geram conflitos tantas vezes subconscientes que nos tiram a paz interior, mas que ao mesmo tempo constituem as verdadeiras ocasiões de construção de laços mais fortes e de futuros mais confiantes e felizes. Obrigada! Marta Rebelo, professora universitária, Lisboa
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ESPERE - Boa ferramenta O curso da ESPERE foi lindíssimo. Estávamos pessoas diferentes, desconhecidas entre si, com vidas e expectativas diferentes. O trabalho feito foi profundo, intenso, não deixando de ser ao mesmo tempo simples, incisivo, com formatos variados e alegre. Conseguiram, em tempo record, que estas mesmas pessoas trouxessem à tona o que de melhor há nelas. Tornaram-nos humanamente cúmplices uns dos outros. É um desafio muito radical começar uma escola para mudar mentalidades. Ultrapassar a cultura do ressentimento e da vingança para o |
treino do perdão e da reconciliação. Romper os círculos de violência. Lavarmo-nos dos preconceitos. Não nos levarmos, a nós próprios, demasiado a sério. Destronarmos o ego. Sentirmo-nos parte da natureza. Aceitarmo-nos e compreendermos as diferenças. É magnífico. É um caminho longo, lento e difícil, mas nós já estamos a andar. É urgente tornar o perdão viral. Perdoar é sentir no coração a imensidão do mar. Os que lá estivemos, já temos a camisola vestida e as mangas arregaçadas, para semear o que a ESPERE nos deu. OBRIGADA
Isabel Pacheco, desempregada, Lisboa |
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As ESPERE ajudaram-me arrumar as ideias que tinha sobre o perdão. A vantagem de arrumar as ideias é que elas também ajudam a arrumar o coração e, de alguma forma, a libertar a dor. É “liberta-dor”. Se aprofundamos o perdão, percebemos que se ele tem potencial pode mudar o mundo, pode também mudar o nosso pequeno mundo, as nossas pequenas guerras e rancores. E ainda
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as grandes coisas que nunca quisemos dizer. Começamos o caminho de reconciliação connosco próprios e começamos a intuir como o podemos fazer com outros. E custa muito, mas ajuda mais do que o que custa. Que o perdão seja a nossa opção de todos os dias!
Andreia Carvalho, Administrativa, São Domingos de Rana |
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A aprendizagem nesta formação ESPERE, Escolas de Perdão e Reconciliação, ajudou-nos, com as lindíssimas dinâmicas de suporte à teoria, a aprender e a vivenciar que existem melhores maneiras de amar e que é prioritário que cada um de nós exercite amar bem o amor, e perceba que a chave está no modo como usamos o ódio e o rancor e nos defendemos desses sentimentos, e como muitas vezes esses sentimentos nos fazem a maior parte das vezes, ser vítimas de nós mesmos. Aprender a reconhecer toda a gama dos nossos sentimentos, das nossas fragilidades, dos nossos sentimentos, os que brilham ao sol, mas também os que se escondem na escuridão de nós mesmos e percebermos no outro, |
não apenas aquele que nos ofende, mas algo que está para além dele próprio, também com fragilidades e muita beleza. Mudar em nós a maneira como olhamos o outro, capacitarmo-nos para perceber quem somos e quem são os outros, numa relação sujeito sujeito, assente numa paz mental, em que o perdão e a reconciliação acontecem no momento próprio, na hora certa, nem antes, nem depois, a fim de chegarmos ao descanso da alma, para vivermos um presente mais livre e inclusivo, o outro em nós e nós no outro, numa doação de amor e misericórdia, de 70 vezes 7, com múltiplos espelhos que refletem uma imagem grata de nós e dos outros. -Elfrida Tavares Reis, bibliotecária, Alfragide |
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Livro ensina a perdoar «em sete etapas»
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“O perdão como uma competência que é possível aprender e treinar”, é a temática central do novo livro do padre Rui Alberto, em parceria com a psicóloga Sofia Fonseca. Com a chancela das “Edições Salesianas”, a |
obra tem precisamente como tema “Aprender a perdoar” e ensina os leitores “num processo que se desenvolve em sete etapas”. Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a editora católica convida |
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as pessoas a conhecerem a publicação, apresentada em duas sessões públicas, uma no Porto e outra em Cascais.
O padre Rui Alberto, sacerdote salesiano, é doutor em Teologia com especialidade em Pastoral Juvenil e Catequética pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma. Além do livro “Aprender a perdoar”, já publicou várias obras na área da catequese, procurando estabelecer pontes entre a evangelização, a educação e a comunicação.
Quanto a Sofia Fonseca, é mestre em
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Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Desenvolve atualmente a sua atividade no campo da consulta psicológica com crianças, adolescentes, adultos e casais.
O seu interesse pelo estudo do perdão, refere a editora “Edições Salesianas”, está relacionado com a importância deste e de outros processos que contribuem para a manutenção do bem-estar físico, emocional e relacional das pessoas. |
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Qual a abordagem que a Igreja faz perante os meios de comunicação social?
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Até à celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano se celebra a 8 de Maio, irei durante os próximos artigos apresentar resumidamente aquilo que o próprio magistério da Igreja tem escrito sobre a sociedade em rede e as novas tecnologias. “O rápido desenvolvimento das tecnologias no campo dos média é certamente um dos sinais do progresso da sociedade de hoje”. Lendo esta frase inicial que o Papa |
João Paulo II escreve em 2005 na sua carta apostólica “O rápido desenvolvimento”, aos responsáveis pelas comunicações sociais, torna-se mais que evidente a necessidade da Igreja em olhar para este campo da sociedade de uma maneira actual e reflectir seriamente sobre os desafios que as comunicações sociais em geral e as novas tecnologias em particular constituem para a Igreja. Permanecem actuais as palavras de Papa Paulo VI, quando afirmou que “se sentiria |
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culpável diante do seu Senhor se não usasse estes poderosos meios” (Exortação Apostólica Evangelli nuntiandi). No entanto, a Igreja não deve usar somente os meios de comunicação para difundir o Evangelho, deverá também usá-los de maneira a conseguir integrar a mensagem salvífica na “nova cultura” criada pelos poderosos e ricos instrumentos de comunicação social. “Ela sente que o uso das técnicas e das tecnologias da comunicação contemporânea é parte integrante da sua missão no terceiro milénio”, afirma João Paulo II. Já imbuída desta consciência, a comunidade cristã deu passos significativos, neste sentido, fez uso dos variadíssimos instrumentos de comunicação nas informações religiosas, na proclamação dos evangelhos, na catequese e na formação dos mais variados sectores da pastoral. No
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entanto, são numerosos os desafios para a Nova Evangelização num mundo repleto de potencialidades comunicativas com as novas tecnologias. “O primeiro areópago do tempo moderno é o mundo da comunicação, capaz de unificar a humanidade tornando-a como se costuma dizer "uma aldeia global". Os meios de comunicação social tornaram-se, portanto, para muitas pessoas, o principal meio de orientação e de inspiração para comportamentos individuais, familiares e sociais. Este é, claramente, um problema complexo, conforme nos diz João Paulo II, “visto que esta cultura nasce, ainda antes do que dos conteúdos, do próprio facto que existem novos modos de comunicar com técnicas e linguagens inéditas”. Fernando Cassola Marques fernandocassola@gmail.com
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A Missão de Francisco
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O Santuário de Fátima acolheu o lançamento do livro ‘A Missão do Francisco’, de Maria Teresa Maia Gonzalez, integrado nas celebrações do dia dos Pastorinhos. Em declarações este sábado à Agência ECCLESIA, a autora destaca o convite à "transformação e à conversão" como "a grande mensagem que Maria deixou em Fátima" e que é também a grande mensagem desta obra, A obra é baseada num personagem, Francisco, que depois de ler a biografia de Francisco Marto, o |
vidente de Fátima, envereda por um caminho diferente, de volta à Igreja. "Ele que tinha deixado de ir à catequese em criança, que tinha deixado as atividades pastorais da juventude, que tinha deixado de ir à Igreja, vem a Fátima com os primos, até contra aquilo que a família pretendia, e começa uma transformação na sua vida", conta Maria Teresa Maia Gonzalez. No prefácio do livro, o bispo de Leiria-Fátima apresenta a obra como "um belo modo de conhecer e transmitir" |
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a mensagem de Fátima, "da repercussão" que ela pode ter, considerando-a uma história "particularmente apta para chegar ao público dos jovens adolescentes”. D. António Marto destaca ainda a importância da nova publicação no contexto da difusão da mensagem de Fátima com novas linguagens, destinadas a um público cada vez mais heterogéneo. “Este conto — como aliás a história dos pastorinhos — é bem diferente do género das histórias de detetives e de Harry Potter que tanto seduzem os adolescentes. A narração é de uma experiência viva e tocante que os mudou por dentro de maneira surpreendente e profunda”, desenvolve. D. António Marto assinala que o resultado do livro ‘A Missão do Francisco “não podia ser mais original” para além de ser “envolvente e comovente”: “Eu mesmo me senti envolvido quando li o livro pela primeira vez, de um fôlego", confidenciou. A nota prévia da autora para explicar que a obra é um conto, narrado por uma adolescente, onde “três jovens do século XXI, atraídos pelo exemplo de Francisco, Jacinta e Lúcia, |
acolhem e procuram pôr em prática a Mensagem transmitida pela Mãe do Céu, na Cova da Iria”. Segundo revela Maria Teresa Maia Gonzalez, no início do livro, as personagens Maria do Rosário, Filipe e Francisco vão ser “transformados, não passam a heróis” mas passam a “sentir, pensar e agir de uma forma nova” que vai fazer deles “verdadeiros combatentes pela oração e lutadores incansáveis pela paz”. Para Maria Teresa Maia Gonzalez, o conto ficcionado ‘A Missão do Francisco’ pode ser um “desafio aos jovens” para conhecerem em profundidade a vida das três crianças-pastores, sobretudo na sua “extraordinária experiência de fé, de coragem e de amor” que “atravessou as fronteiras do país para alcançar o mundo inteiro” e celebra 100 anos em 2017. D. António Marto considera que a autora “ousou, com génio criativo” falar dos pastorinhos e da mensagem da Senhora de um “modo novo e original” através de um conto que se centra na ”síntese” da Mensagem de Fátima: “Oração, Paz e Misericórdia que cura e salva.” O novo livro ‘A Missão do Francisco’ tem 93 páginas e as ilustrações são de Inês do Carmo. |
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II Concílio do Vaticano:
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Durante quatro anos (1962-65), Henri Fesquet foi o enviado especial do jornal francês «Le Monde» para acompanhar o desenrolar do II Concílio do Vaticano. Este jornalista seguiu as complexas e inquietantes assembleias conciliares, durante as quais foram tomadas decisões de capital importância para a Igreja do século XX e XXI. Nas sessões conciliares que decorreram na Basílica de São Pedro foram tomadas posições que ajudaram a sarar feridas com alguns séculos, para solucionar diferendos teológicos que se arrastavam desde a época dos primeiros cismas e para a aferição do espírito da Igreja ao ritmo dos problemas sociais e morais da atualidade. Com a extraordinária documentação obtida, Henri Fesquet compilou um autêntico roteiro do concílio. Da sua pena saíram três volumes «O Diário do Concílio». Uma obra imprescindível para compreender o presente e o futuro dos movimentos da Igreja católica, as suas crises internas e ideológicas e a vasta problemática de aproximação das diversas igrejas do mundo. Escrita no tom que convinha à seriedade do tema, enriquecida por pertinentes e abundantes comentários e notas críticas do jornalista do «Le Monde», não lhe faltam ainda todos os condimentos indispensáveis às obras de profundo interesse humano. Das páginas da obra «O Diário do Concílio», onde a argúcia de argumentação se casa com o brilhantismo do estilo, destaca-se, por intermédio de comunicações que lograram inexcedível retumbância social e teológica, a figura extraordinária do Papa João XXIII, cuja |
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modernidade de pensamento e decisão Henri Fesquet soube captar com uma notória montagem de pormenores e de incidências. Um dos padres conciliares, D. Hélder da Câmara, refere que os escritos de Henri Fesquet sobre o concílio “podem causar, talvez, num primeiro momento, um certo mal-estar. Mas parece-me fácil descobrir, detrás de cada frase, um autêntico interesse pela Igreja, e ouvir pulsar, durante toda a leitura, um coração |
verdadeiramente cristão”. Para o arcebispo de Olinda e Recife, o que tem “o ar de ser sensacional parece-me ser, precisamente, uma linguagem adaptada ao nosso tempo e a escolha de um ângulo capaz de chamar a atenção do povo para assuntos religiosos que são quase sempre julgados pouco interessantes”, sublinha D. Hélder da Câmara no início do I volume da obra «O Diário do Concílio» da autoria de Henri Fesquet. |
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Março 2016 |
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05 de março. Lisboa - Estádio 1º de Maio (Inatel) - Torneio Internacional de Futebol Jovem «Papa Francisco» (até 06 de março)
. Fátima - Encontro/ peregrinação nacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) subordinado ao tema «Matrimónio - Um estilo de vida» (até 06 de março)
. Açores - Ilha de São Miguel - Peregrinação das senhoras da Ilha de São Miguel com o tema «Misericórdia como o Pai»
. Braga - Soutelo (Casa da Torre) - Colóquio sobre «A Bíblia no feminino»
. Évora - Seminário maior - Jornada Diocesana do Apostolado da Oração
. Setúbal – Almada - Jornada Diocesana do Adolescente
. Aveiro - Casa Diocesana de Albergaria - Encontro de formação para responsáveis das Santas Casas da Misericórdias da diocese de Aveiro com a presença de D. António Moiteiro |
. Porto - Casa diocesana de Vilar, 09h30 - Retiro da «Regia Maria Imaculada» orientado pelo padre Emanuel Brandão
. Lisboa - Casa provincial dos padres verbitas, 10h00 - Conferência sobre o tráfico de pessoas pela irmã Gabriela, presidente da Talithakum em Roma - UISG (União das Superioras Maiores)
. Évora - Vila Viçosa, 10h00 - Reflexão quaresmal para casais com o tema «O Pai-Misericórdia» e orientado pelo padre Alberto Brito
. Lisboa – UCP, 13h00 - Encontro dos docentes da Universidade Católica Portuguesa (UCP) com D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa
. Lisboa - Praça de Londres (Igreja de São João de Deus), 14h00 - Iniciativa «Caminho de misericórdia» da Igreja de São João Deus até à Sé de Lisboa
. Lisboa - Convento de São Domingos, 15h30 - Sessão do curso «Da denúncia do pecado ao anúncio da salvação» orientado por frei Francolino Gonçalves
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. Guarda – Fundão, 16h00 - Início das comemorações dos 500 anos da Misericórdia do Fundão com a presença de D. Manuel Felício, bispo da Guarda
. Coimbra - Instalações da Confraria da Rainha Santa Isabel (Mosteiro de Santa Clara-a-Nova), 17h30 - Conferência quaresmal sobre «Enterrar os mortos - Rogar a Deus por vivos e defuntos» por António Rebelo e promovida pela Confraria da Rainha Santa Isabel em colaboração com a Paróquia de Santa Clara
. Braga – Famalicão, 19h30 - Festival de Sopas para ajudar a Igreja matriz de Famalicão
. Aveiro - Auditório do Museu de Aveiro, 21h30 - Encontros de Santa Joana «novos olhares sobre a padroeira» por Saul Gomes
06 de março. Roma – Ariccia - Exercícios espirituais da cúria romana orientados pelo padre Ermes Ronchi, da Ordem dos Servos de Maria (até 12 de março)
. Lisboa - Colégio de Santa Doroteia - Celebração dos 150 anos das Doroteias em Portugal presidida por D. Manuel Clemente
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. Faro - Procissão dos Passos, em Faro, presidida por D. Francisco Senra Coelho, bispo auxiliar de Braga
. Luxemburgo -Centro Ariston, Esch-sur-Alzette, 10h15 - Celebração e conferência «Há 50 anos a acolher migrantes» por Mathias Schiltz e o padre Pedro Cerantola . Setúbal - Almada (Santuário de Cristo Rei), 15h00 - Inauguração do Pavilhão Multiusos do Rosário por D. José Ornelas, bispo de Setúbal
. Braga - Fafe (Igreja de S. José), 15h00 - Conferência quaresmal «O perdão e a misericórdia - as bases de uma comunidade» pelo padre Rui Alberto, SDB
. Setúbal - Almada (Santuário de Cristo Rei), 15h30 - Catequese Quaresmal de D. José Ornelas, bispo de Setúbal
. Lisboa - Igreja de Alfornelos (Amadora), 16h00 - Lançamento da obra «Imagens da fé» da autoria de D. João Marcos com apresentação de D. Nuno Brás e chancela da Paulus Editora»
. Lisboa - Externato de São Vicente de Paulo (Capela da Medalha Milagrosa), 17h00 - Vigília de oração pelos refugiados
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- No dia 5 de março, no âmbito da Quadragésima - Ciclo de Tradições e Semana Santa do Concelho do Fundão e da iniciativa “A Paixão de Cristo no Cinema”, vai ter lugar a exibição do filme “O Evangelho Segundo São Mateus” do realizador Pier Paolo Pasolini, às 21h30 n´A Moagem - Cidade do Engenho e das Artes
- O Museu de Lamas, em Santa Maria da Feira, está a desafiar as pessoas a assinalarem o Dia Internacional da Mulher, a 8 de março, com uma visita às suas instalações e às representações femininas que ali estão em exposição, entre as quais vários trabalhos subordinados ao tema de Nossa Senhora
- A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai acolher dia 9 de março às 18h00 (auditório 3) o debate “Violência religiosa e violência com nome de religião”, com Abel Pego, António Matos Ferreira, Esther Mucznik, Ludwig Krippahl e Sheik Munir.
- A igreja de S. Domingos, em Viana do Castelo, vai ser palco no dia 11 de março de um concerto de arte sinfónica com a orquestra da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, a partir das 21h30 |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
10h30 - Oitavo Dia
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 20h30Domingo, 06 de março - Festival Terras sem sombra
RTP2, 00h30 Segunda-feira, dia 07 - Entrevista ao padre Sezinando Alberto, reitor do Santuário de Cristo Rei.
Terça-feira, dia 08 - Informação e entrevista a Emília Nadal, sobre o Dia Internacional da Mulher.
Quarta-feira, dia 09 - Informação e entrevista ao padre João Lourenço e Juan Ambrosio sobre os projetos da Faculdade de Teologia
Quinta-feira, dia 10 - Informação e entrevista ao padre Rui Alberto e Sofia Fonseca sobre o livro "Aprender a perdoar".
Sexta-feira, dia 11 - Entrevista de análise à liturgia de domingo pelos padres António Rego e Armindo Vaz.
Antena 1 Domingo, dia 06 de março - 06h00 - A Quaresma no Ano da Misericórdia
Segunda a sexta-feira, 07 a 11 março - 22h45 - Quaresma: a misericórdia nas prisões; projeto UQ; iniciativa ESPERE; itinerário da Comissão Nacional Juestiça e Paz; o perdão com o padre João Chaves |
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Ano C – 4.º Domingo da Quaresma |
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Deus abraça-nos num olhar de amor |
A Palavra de Deus deste quarto domingo da Quaresma oferece-nos o episódio do pai e dos dois filhos, chamada parábola do filho pródigo. Lembro-me de meu pai contar esta história repetidas vezes à volta da lareira, quando era miúdo. Só mais tarde descobri que era do Evangelho. Alguém dizia desta parábola: “Quem a ouve pela centésima vez, é como se a ouvisse pela primeira vez”. Conhecemo-la de cor, mas precisamos de parar com tempo, para a saborear agora e sempre. Podemos ficar na seguinte frase: “Bem desejava ele, o filho mais novo, matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava”. Parece que não se diz nada de importante. Mas esta pode ser a frase-chave da parábola. A verdadeira miséria do filho mais novo é não ter ninguém que esteja atento a ele, que o olhe simplesmente. Para os seres humanos, o olhar é vital. Quando este não é transparente, acontecem desvios, recusa de amor, as pessoas tornam-se hostis e inimigas em vez de serem irmãs e irmãos, acontece desconfiança, inveja, indiferença. O filho mais novo tem falta de um olhar de amor, sente fome de amor. Jesus quer mudar esta situação, renovando relações para que o amor possa circular de novo. Jesus lança o seu olhar de amor sobre cada um de nós. Um olhar que é fonte de vida, do qual não podemos fugir! Claro que somos livres de continuar a ser e a fazer como o filho mais velho, imagem dos fariseus e escribas, que se recusa a entrar em casa para a festa, julgando-se puro. Consideramo-nos observantes das normas, fazemos o que deve ser feito, mas depressa podemos mostrar-nos duros: quando fechamos a porta ao filho que navega |
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noutras ondas, quando cortamos as pontes com um familiar por questões de bens, quando olhamos de lado quem anda nas chamadas situações irregulares? Deus, o único juiz, não julga. Ele é paciente e misericordioso, suplica-nos para compreender: ?Tu, meu filho, estás sempre comigo?. Este pai tinha feito a partilha dos seus bens, respeitando a liberdade do filho que decide partir. Este mesmo pai suplica ao filho mais velho para se juntar à festa, respeitando também a sua |
liberdade. Talvez um dia sinta a alegria do seu regresso. A cada um dos filhos, hoje a cada um de nós, o pai continua a dizer ?meu filho?. Dizer-lhe ?meu pai? deve ser a nossa resposta livre e decidida. Procuremos levar no coração a atitude deste pai, fecunda de amor e misericórdia, de perdão e compaixão. Deus abraça-nos num olhar de amor. Deixemo-nos purificar e converter por esse terno e eterno abraço de amor. Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
Nova surpresa do Papa
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O Papa Francisco fez uma visita surpresa aos 55 “hóspedes” que recuperam da dependência das drogas, na Comunidade San Carlo, situada nos arredores de Roma, perto de Castelgandolfo. "Ficamos sem palavras quando vimos o carro com o Papa entrar nas instalações onde |
os nossos rapazes a lutar uma batalha diária para o seu regresso à vida”, disse o presidente do Centro Italiano de Solidariedade. Roberto Mineo, citado pelo jornal ‘Avvenire’, da Conferência Episcopal Italiana, explicou que o Papa se reuniu “longamente” com cada dos |
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hóspedes como “um pai carinhoso” ouvindo as suas histórias e “abraçando-os um por um”. “Alguns adolescentes mostraram fotos das suas famílias, os seus filhos, e o Papa teve para todos uma palavra de esperança e uma bênção”, acrescentou, revelando que tinha escrito uma carta ao Papa a falar sobre o trabalho que desenvolvem mas, também, “com os refugiados e mulheres vítimas de violência”. “Nunca imaginamos que o Papa, depois de ler a nossa carta, nos honraria com a sua presença”, revelou. A Rádio Vaticano divulga que o Papa provocou os residentes da Comunidade San Carlo a não se deixarem “devorar pela metástase” da droga. Francisco abraçou-os e “quis fazê-los compreender” que o caminho iniciado na comunidade é uma “real possibilidade” para recomeçar a manifestar uma vida digna de ser vivida. “O Papa Francisco não deixa de surpreender. A sua viagem ao México foi caracterizada por uma forte e inequívoca denúncia em relação ao narcotráfico. As suas palavras claras permanecem como um eco |
inconfundível”, assinalou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. Neste contexto, o arcebispo Rino Fisichella, que explicou significado desta visita, citou o Papa: “Preocupam-me tantos que, seduzidos pelo poder vazio do mundo, exaltam as quimeras e revestem-se de seus macabros símbolos para comercializar a morte. Peço-vos para não subestimares o desafio ético e anticívico que o narcotráfico representa para a juventude e para toda a sociedade, incluída a Igreja.” A Comunidade San Carlo tem o objetivo de prevenir e enfrentar a exclusão social das pessoas, com particular atenção aos toxicodependentes, pertence ao Centro Italiano de Solidariedade, e foi fundada pelo padre Mario Picchi, em 1979. De recordar, que esta visita de 26 de fevereiro se insere na intenção manifestada do Papa em cumprir um “gesto” simbólico durante cada mês do Ano Santo, até 20 de novembro; em janeiro, Francisco esteve num lar de idosos, em Roma, e, em dezembro de 2015, abriu a ‘Porta Santa’ da Cáritas Diocese de Roma. |
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Confissão: Não é sentar
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No ano da Misericórdia e a viver o tempo de Quaresma a Ecclesia foi ao encontro de sacerdotes que tiram do seu tempo para estar disponíveis para o sacramento da reconciliação. Igor Oliveira, religioso dehoniano, é sacerdote há oito meses e já tem algumas horas de confissão. “Antes de ser ordenado admito que era um dos sacramentos que me provocava um confronto e uma inquietação porque lidamos com pessoas que precisam do nosso conselho mas que confiam na Misericórdia de Deus. O grande desafio é o que diria Jesus nesta ou naquela situação? Tem sido este o meu caminho, as minhas inquietações e tenho procurado dizer que este Deus perdoa o Homem”, explica. O sacramento da reconciliação é ainda hoje temido por muitos, pelo desconforto, inibição ou medos… Na opinião do padre Igor Oliveira o sacerdote deve procurar criar “um ambiente acolhedor” pois o sacerdote “deve ser esse rosto de Misericórdia”, como o Papa Francisco diz tantas vezes e isso é o que o religioso dos |
Sacerdotes do Coração de Jesus procura “fazer a quem foi confiada a missão”. “Eu penso que as pessoas não fogem tanto deste sacramento mas têm dificuldade em confrontar-se com elas mesmas e procurarem justificações para tudo; sinto que é necessário que os padres consigam explicar este sacramento da reconciliação e dizer que não é sentar na cadeira da tortura… Simplesmente é depositar nas mãos de Deus toda a confiança, conscientes, e fazendo propósitos de melhorar; este é o desafio que os padres devem apresentar para o povo de Deus.” Aos 26 anos de idade Igor Oliveira é pároco in solidum em Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria, no Patriarcado de Lisboa. Depois de algumas horas a confessar sente um vazio, que passa por “colocar tudo nas mãos de Deus”. “Eu deposito aquilo que ouvi nas mãos de Deus, às vezes partilho com colegas que este é sacramento do vazio porque, quando saio do confessionário, sinto que tudo o que foi partilhado, tudo desapareceu, não decoro, e assim também se mostra |
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a eficácia do sacramento. Um padre até pode ficar a saber dos pormenores de muitas visas mas atrevo-me a dizer que aquilo que escuta, esquece e coloca em Deus”. De jeito calmo e olhar profundo o padre Igor Oliveira explica ainda que gostava de deixar o convite para a confissão, neste tempo de Quaresma em ano de Misericórdia. “O exame de consciência é a revisão da vida, ganhar a coragem e dizer que aquilo que fez, erros e pecados, |
os vai apresentar e consciente da Misericórdia. É um desafio oportuno a todos aqueles que têm receio deste sacramento, façam um exame de consciência e não tenham medo porque este não é um momento de tortura mas de se aproximarem do coração”. Um convite aqui deixado pelo padre Igor Oliveira que neste ano da Misericórdia pode fazer a diferença na vida e na vivência de cada um. |
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Filhas da Ressurreição: vidas ao serviço dos mais pobresMilagres de amor |
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Durante meio século, em África, as Filhas da Ressurreição testemunharam massacres, violência, ódio em estado puro. Conheceram até o martírio. Nunca, em momento algum, abandonaram a sua missão. Todos os dias, estas mulheres de Deus realizam milagres de amor. Agora, precisam de si. Como negar-lhes ajuda? Ruanda, República Democrática do Congo, Camarões e Brasil. Nestes quatro países é possível seguir o rasto |
do trabalho das Filhas da Ressurreição, uma ordem religiosa iniciada em 1966 pela Madre Hadewych, com a ajuda do padre Werenfried van Straaten, o fundador da AIS. São 50 anos de uma entrega diária aos mais pobres da comunidade. Essa disponibilidade total faz parte do carisma destas mulheres que acompanham e tratam doentes com SIDA, trabalhando em hospitais, tantas vezes substituindo os médicos e as enfermeiras que não existem. São elas que cuidam também de crianças desamparadas, |
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ensinando-as a ler e a escrever, retirando-as das ruas, oferecendo-lhes algum futuro. São elas que cuidam dos idosos e doentes, dão aulas de catequese em locais improvisados, muitas vezes até ao ar livre. São elas que, todos os dias, distribuem alimentos a mais de cinco mil pessoas. São as famosas “sopas dos pobres” das irmãs que salvam milhares de morrerem à fome.
Dia de infâmia A história desta congregação é a história concreta destas irmãs. De todas e de cada uma delas. É, por exemplo, a história de Epiphanie, de Felicitas, de Cesarine, de Xavera, de Berthilde e Devota. Todas elas foram brutalmente assassinadas à catanada em 1998, em Busasamana, junto ao Ruanda. Morreram por serem de Deus. Antevendo o perigo que corriam, pelos violentos conflitos |
que eclodiam no país, o Bispo ordenou que a comunidade abandonasse a região. Elas desobedeceram. Epiphanie, então a Madre Superiora, escreveu uma carta ao Bispo. Foram as suas últimas palavras. “Temos medo… mas não há nenhum padre na paróquia, os cristãos só contam connosco. Não conseguimos deixá-los sem comunhão e fugir. (…) Nós ficamos com o nosso povo. Não fazemos mal a ninguém. Esperemos que nada de grave nos aconteça.” Foram todas assassinadas nessa quarta-feira, 7 de Janeiro. Mas a história desta congregação é também escrita pelas noviças que em breve vão juntar também os seus sorrisos às outras duas centenas de Filhas da Ressurreição… Esta congregação – apoiada pela Fundação AIS – continua a ser, nos dias de hoje, o único sinal visível do amor de Deus em tantas regiões onde a pobreza extrema está de braço dado com a violência, a exploração e a miséria. Sem a presença delas, o mundo seria mais frio, mais triste, mais perigoso. Elas pedem especialmente as nossas orações. As suas orações. Ajudar cada uma destas irmãs é mesmo um assunto muito sério. E um desafio. Seria capaz de adoptar uma destas irmãs das Filhas da Ressurreição com a sua oração?
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Mulheres pela Paz |
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Tony Neves |
Estou em Angola. A aproximação do Dia Mundial da Mulher obriga-me a prestar uma enorme homenagem às senhoras desta terra. Em África, a Mulher joga um papel vital na sociedade, a partir da sua importância no quadro da família. Ela, na cultura tradicional, é a Mãe, a educadora, a grande trabalhadora. Hoje, é muito mais que isso, pois desempenha já um papel relevante na vida social, seja na educação, na saúde, na política e no mundo da administração e dos negócios. Também na Igreja, a mulher é decisiva, seja através da Missão das Irmãs, seja das leigas em geral. Gostaria de evocar uma das páginas mais belas escritas pelas mulheres angolanas durante a guerra civil. Elas criaram o Movimento de Promoção da Mulher Angolana na Igreja Católica, conhecido por PROMAICA. D. Francisco da Mata Mourisca, antigo Bispo do Uíge, numa conferência sobre a Política da Mulher, apresentou-a como ‘monumento’ e ‘rainha do lar’, ‘rainha do campo’ e ‘rainha dos transportes’, salientando as missões que desempenha. Disse: ‘Com frequência, é ela o sustentáculo número um dos filhos, que não só alimenta mas também transporta consigo: primeiro no seio e, depois, às costas, durante anos a fio. Não raro, é a mulher sozinha que assume o encargo da família, mesmo quando tem marido. Por isso, nenhuma guerra deveria ser declarada ou desencadeada sem antes serem consultadas as mães daqueles que as vão fazer’. O Cardeal D. Alexandre do Nascimento sintetizou |
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o papel da mulher em Angola: ‘A minha mãe foi o meu 1º berço; na fome, foi o meu 1º alimento; na doença foi a minha 1ª enfermeira; na aprendizagem foi a minha 1ª professora’. A visita de Bento XVI a Angola proporcionou um encontro especial do Papa com as Mulheres angolanas, iniciativa inédita em viagens pastorais dos Sumos Pontífices. D. José Queirós, nas palavras de saudação ao Papa, lembrou: ‘a mulher de Angola, num passado recente, sofreu, mais do que ninguém, as agruras de uma guerra |
cruel, sendo vítima de inúmeros males(…). Outras sombras desafiam ainda a vida da mulher de Angola: a pobreza, em algumas áreas muito acentuada, o analfabetismo, a desigualdade entre homem e mulher, a violência doméstica, a falta de assistência na sua maternidade e no cuidado dos filhos, as famílias divididas, etc, etc’ . Sim, a Mulher em Angola tem uma palavra muito importante e sábia a dizer sobre o presente e o futuro deste povo. Que os políticos e governantes não se esqueçam dela.
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