04 - Editorial:

   João Aguiar Campos

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
   D. Manuel Linda

22 - Semana de..

    Henrique Matos

24 - Dossier

   3 anos com Francisco

26 - Entrevista

   Adriano Moreira
 
 

 
 

64 - Multimédia

66 - Estante

68 - Concílio Vaticano II

70 - Agenda

72 - Por estes dias

74 - Programação Religiosa

75 - Minuto Positivo

76 - Liturgia

78 - Jubileu da Misericórdia

82 - Fundação AIS

84 - LusoFonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

 

Presidência com atenção às religiões


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Horror no Iémen

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3 anos de pontificado

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D. Manuel Linda | João Aguiar Campos Andrea Tornielli |Austen Ivereigh Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Encanta-me

  João Aguiar Campos  
  Secretariado nacional das  

  Comunicações Sociais   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cumpre-se, dentro de dias (no próximo domingo, 13 de Março), o terceiro aniversário da eleição do papa Francisco. Não vou fazer um balanço deste tempo de pontificado – mas não me furto a confessar quanto me encanta este dom do Espírito Santo à Igreja.

Encanta-me a simplicidade dos seus gestos e palavras, assim como a insistência, agora e logo, na afirmação do amor de Deus por cada um de nós, pois nos tem tatuados na palma da Sua mão. A muitos, pode parecer repetitivo. A mim parece-me fundamental o frequente retorno a algumas ideias-chave; ideias de sempre, tantas vezes esquecidas ou desvalorizadas – mas que o Santo Padre começou a afirmar logo na Missa inaugural do seu ministério petrino: a ideia de cuidar com ternura, por exemplo.

Encanta-me a serenidade fiel com que põe o dedo em feridas bem feias, longo tempo cobertas por pensos que impediram a respiração e a cura atempada; ou abre inesperadas portas de reflexão -- assustando, por vezes, o comodismo a que alguns chamam segurança; ou remexendo nos sótãos onde aguardamos tralha como se protegêssemos antiguidades.

Encanta-me a coragem física da proximidade descontraída, quase indefesa nos seus movimentos ou paragens imprevistas, qual pomba que chega aos nossos pés num banco de jardim.

Encanta-me que os pobres e marginalizados sejam, evangelicamente, o alvo especial da sua atenção e não tema nenhum dos poderes que tem de 

 

 

 

 

confrontar – dentro ou fora da Igreja. Porque o profeta não se cala nem se deixa calar: sabe que lhe pediram o empréstimo da voz, quando o retiraram do campo do seu pastoreio!...

Não; não é um encantamento sentimental. É algo que gera o grito de uma necessidade de mudança por dentro e por fora – porque um aplauso que não envolva o coração não passa de ruído de mãos. Confesso, pois: não temo dizer que Francisco me tornou melhor!...

Encanta-me, por isso, que possa continuar a desassossegar-nos; e que nos desconcentre, nos tire do espelho ou da proteção das janelas com seus vidros duplos, nos dispa de penduricalhos e nos desafie à harmonia da fé vivida na caridade. Entusiasmada e entusiasmante.

Não partilho a visão de quem simplesmente lhe acha “piada”, como se nele fosse possível ver um avozinho simpático e brincalhão, sempre capaz de uma graça ou de um mimo. Também não partilho o medo dos que preferiam vê-lo preso a um texto 

 

de Faculdade, sem metáforas e sem vida; sem experiência de pastor ou espanto contemplativo. Vejo como reza e nos exorta. Vejo como testemunha e como ama.

Deus o proteja!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa assiste ao espetáculo musical comemorativo que encerra, na praça do Município, a sua tomada de posse como XX Presidente de Portugal. Junto ao Presidente da República dezenas de crianças dançaram, pediram autógrafos e tiraram fotografias.
Lisboa, 09 de março de 2016. @ Expresso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Não discuto a seriedade de Maria Luís, pois nada me leva a duvidar da sua rectidão ou que de algum modo tenha beneficiado os seus novos patrões – o que condeno é não ter percebido o peso que hoje cai sobre os ombros dos políticos”, José Manuel Fernandes in Observador, 06.03.2016.

 

“Significa que essas medidas terão de ser implementadas”, Pierre Moscovici, comissário europeu dos assuntos económicos comentando que as medidas adicionais (plano B) para cumprir os objetivos orçamentais, ao contrário do que afirma António Costa, terão de ser aplicadas, in Público, 07.03.2016

 

"Eu cometi um erro grande e dececionei os meus fãs e o ténis. Não quero terminar a carreira assim e espero ter outra oportunidade de jogar. Se eu fosse anunciar a reforma não seria num hotel de Los Angeles e com esta carpete feia", tenista Maria Sharapova assumindo que durante 10 anos tomou uma substância, proibida desde janeiro de 2016, e que acusou positivo no teste antidoping, 07.03.2016

 

 

 

 

Nova presidência começa
com atenção às religiões

 

O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, incluiu uma atenção particular às religiões no programa de cerimónias da tomada de posse, iniciadas esta quarta-feira. Um gesto saudado por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

“As religiões, como todas elas se referem direta ou indiretamente a um criador comum, são e devem ser um fator de entendimento e de paz, dentro desta que é a base da nossa 

 

humanidade”, declarou D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA.

O presidente da CEP acolheu o presidente na mesquita central de Lisboa, juntamente com o imã desta instituição muçulmana, para uma cerimónia que reuniu representantes de várias religiões e associações cívicas.

Segundo D. Manuel Clemente, no momento atual, em que é preciso encontrar “todos os caminhos de paz”, a iniciativa da Comunidade Islâmica e do presidente da República “é muito bem-vinda”.

 

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa discursou durante o encontro inter-religioso e afirmou que pretende ser um “garante” da liberdade religiosa e elogiou o “espírito ecuménico” do país. “Este encontro quer significar que o presidente da República de Portugal, como garante da Constituição que jurou defender, cumprir e fazer cumprir, será sempre garante da liberdade religiosa, em todas as suas virtualidades”, declarou.

O presidente assumiu o “apoio e o empenho” pessoal que colocou nesta iniciativa, antes de afirmar que “Portugal deve muita da sua grandeza secular ao seu espírito ecuménico”. Nesse sentido, sustentou que o país “foi grande sempre que soube cultivar esse espírito, dentro e fora das suas fronteiras físicas” e “ficou aquém do seu desígnio sempre que sacrificou a riqueza da convergência de culturas, civilizações e, naturalmente, de religiões”. 

 
Rebelo de Sousa recordou que a Constituição Portuguesa consagra a liberdade religiosa, “que supõe a liberdade de não crer, mas que para os crentes vai além da mera liberdade de culto”. Essa mesma liberdade implica o respeito de cada confissão, “na sua visão do mundo e da vida, expressa no espaço privado como no espaço público”.

No interior da mesquita estavam 17 representantes das confissões religiosas, que procederam a uma oração pela paz; na plateia, entre os convidados, marcou presença o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé), D. Rino Passigato.

A primeira viagem oficial do presidente português Marcelo Rebelo de Sousa vai ser ao Vaticano, anunciou a Renascença, que refere fontes da Santa Sé. A visita ao Papa Francisco acontece a 17 de março, de manhã, seguindo-se um encontro com secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.

 

 

Sem bloqueios para os refugiados

A Igreja Católica em Portugal reforçou a necessidade de uma “aceleração” no processo de acolhimento aos refugiados na Europa.“É impensável continuar a ver e a sentir toda esta gente que passa mal, morre, passa fome e tudo aquilo que é condenável para a dignidade da pessoa humana”, frisou esta terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

A posição dos bispos católicos surge numa semana em que o país recebe cerca de uma centena de refugiados, na sua maioria da Síria e do Iraque, homens, mulheres e duas dezenas de crianças que vão ser acolhidas em várias cidades portuguesas.

O padre Manuel Barbosa destaca o “esforço” que está a ser feito a nível nacional e internacional. Mas alerta para a necessidade de uma maior “prontidão” no acolhimento e de todos os países da Europa trabalharem em conjunto por uma solução, em vez de fecharem as suas fronteiras ou confinarem os refugiados a campos improvisados na periferia do território.

“Diante de uma vida humana, não 

 

 

pode haver bloqueios, a humanidade, a dignidade da pessoa não admite qualquer bloqueio nem qualquer muro, seja farpado, seja de cimento, seja o que for”, apontou.

Durante a reunião do Conselho Permanente da CEP, os bispos analisaram também o último relatório da Cáritas Portuguesa que alertou para o agravamento da pobreza e da exclusão social em Portugal, mesmo em pessoas com emprego. “Todas as políticas governativas deveriam ser para que não acontecessem essas situações”, referiu o padre Manuel Barbosa, recordando as “pessoas e famílias que passam mal” e que merecem todo “o esforço da sociedade civil, também política e da Igreja para que as coisas mudem”.

 

 

 

 

Bispos mobilizam católicos
contra eutanásia

Os bispos portugueses vão lançar uma nota pastoral sobre a eutanásia, onde vão sublinhar a posição da Igreja Católica contra a legalização desta prática. A revelação foi feita em Fátima pelo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, no final da reunião mensal do Conselho Permanente do organismo.

O padre Manuel Barbosa destacou o empenho da Igreja em “defender a vida no seu todo, naturalmente não aceitando a legalização da eutanásia”, e realçando “como única alternativa o amor, a proximidade e o cuidado a ter” com quem sofre, nomeadamente com o reforço dos “cuidados paliativos”.

O documento, que vai ser acompanhado por um texto pedagógico para ajudar as pessoas a consolidarem a sua opinião acerca deste debate, pretende apontar que “não há outras alternativas” à preservação da vida.

 

 

 

Para o padre Manuel Barbosa, seria muito negativo que a aprovação da despenalização da eutanásia

seguisse em frente, apenas por uma questão de “conjuntura política”. O sacerdote recorda que estão em causa “valores essenciais de vida” que “não podem estar sujeitos a aproveitamento político”.

“Se o houver, devemos condenar. São assuntos tão importantes que não devem ser utilizados por questões pontuais ou de estratégia política”, concluiu. 

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Inauguração do Pavilhão do Rosário no Santuário do Cristo-Rei 

 

 

 

3.º Encontro Nacional de Leigos

 

 

Terror no Iémen mata quatro
religiosas e choca o Papa

 

O Papa recordou no Vaticano as quatro religiosas das Missionárias da Caridade, congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá, que foram assassinadas no Iémen, lamentando a “indiferença” perante estes casos. “Elas são vítimas do ataque dos que

 

 

 as mataram e também da indiferença, desta globalização da indiferença, do ‘não importa’”, declarou, após a recitação da oração do ângelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.

Francisco manifestou a sua 

 

 

 

 

 

 

“proximidade” às Missionárias da Caridade e associou-se ao seu luto por causa do assassinato de quatro religiosas em Aden, no Iémen, “onde prestavam assistência os idosos”. “Rezo por elas, pelas outras pessoas mortas no ataque e pelos familiares”, acrescentou.

O Papa sustentou que estes são “os mártires de hoje”, os que “dão o seu sangue pela Igreja”, e isto não faz as capas dos jornais, não é notícia”. “Que a Madre Teresa acompanhe no paraíso estas suas filhas, mártires da caridade, e interceda pela paz e pelo sagrado respeito pela vida humana”, prosseguiu.

No dia anterior, Francisco enviou uma mensagem de condolências pelas vítimas do atentado terrorista no Iémen, 4 religiosas Missionárias da Caritade e 12 colaboradores da comunidade, um “ato de violência sem sentido e diabólica”.

“O Papa Francisco ficou chocado e profundamente triste ao saber da morte de quatro Missionárias da Caridade e outras 12 pessoas num lar de idosos em Aden. Ele assegura as suas orações pelas vítimas e a sua proximidade espiritual para com as 

 
suas famílias e todos os que sofreram com este ato de violência sem sentido e diabólica”, refere a mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado do Vaticano.
O padre Francesco Cereda, vigário do reitor-mor dos Salesianos, revelou que o instituto religioso vê “muitas possibilidades” para a libertação do padre Tom Uzhunnalil, sequestrado a 4 de março, no Iémen.

O religioso foi capturado na cidade de Aden durante o atentado que provocou a morte de quatro irmãs da congregação das Missionárias da Caridade, fundada pela Madre Teresa de Calcutá. Para o padre Cereda, citado pela Rádio Vaticano, “é difícil compreender por quê levaram o padre Tom como prisioneiro”.

“Isto pode ser considerado como um resquício de esperança no meio de uma situação particularmente sombria, pois, se quisessem matá-lo, poderiam tê-lo feito juntamente com as outras 16 vítimas”, acrescenta.

Segundo os Salesianos, o governo da Índia, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, está a acompanhar o caso.

 

 

Papa Francisco regressou ao confessionário

O Papa deu início no Vaticano à iniciativa ‘24 horas para o Senhor’, confessando-se antes de confessar ele próprio alguns fiéis na Basílica de São Pedro, durante o ‘rito para a reconciliação dos mais penitentes’. Na homilia da celebração, o Papa disse que é “errado” pensar que “a vida depende do que se possui, do sucesso ou do aplauso que se recebe” ou que “a economia é feita apenas de lucro e consumo”.

“Olhando apenas para o nosso eu, tornamo-nos cegos, amortecidos e fechados em nós mesmos, sem alegria nem verdadeira liberdade”, alertou.

Os fiéis presentes na Basílica de São Pedro foram convidados a um momento de exame de consciência, para o qual contavam com a ajuda de questões disponíveis no livro oficial da cerimónia - abordando temas como o pagamento de impostos, aborto, contraceção, vida de oração, compromisso na Igreja ou vivência familiar.

O Papa deixou votos de que cada pessoa encontre no confessionário “um pai, encontre um pai que o espera, que encontre o Pai que perdoa”. Francisco alertou para 

 

 

as consequências do pecado, que fazem “perder de vista o bem” e levam à pobreza e isolamento.

“É uma cegueira do espírito que nos impede de ver o essencial, de fixar o olhar no amor que dá a vida; e, aos poucos, leva-nos a parar no que é superficial, até deixar-nos insensíveis aos outros e ao bem”, acrescentou. Nesse sentido, o Papa convidou todos a sentir-se como “mendigos do amor de Deus”, com espírito aberto à “salvação”.

“Este Jubileu da Misericórdia é tempo favorável para acolher a presença de Deus, experimentar o seu amor e voltar a Ele de todo o coração”, precisou.

A celebração penitencial inaugurou as ‘24 horas para o Senhor’, que uniu a Igreja Católica em todo o mundo a 4 e 5 de março, como preparação para a Páscoa deste ano santo extraordinário da Misericórdia.

 

 

 

 

Consistório conclui processo para canonização de Madre Teresa

O Papa Francisco vai presidir a 15 de março ao consistório (reunião de cardeais) ordinário para votar cinco causas de canonização, incluindo a de Madre Teresa de Calcutá, anunciou o Vaticano. Após o encontro, será divulgada a data da cerimónia em que a religiosa vai ser proclamada como santa.

Além de Madre Teresa, serão assinados os decretos para a canonização de Estanislau de Jesus Maria da Polónia (1631-1701), fundador da Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição da Beatíssima Virgem Maria; José Sánchez del Río, mexicano (1913-1928), martirizado aos 14 anos durante a perseguição religiosa no México; José Gabriel del Rosario Brochero (1840-1914), conhecido como o ‘Cura Brochero’, que percorreu a Argentina numa mula para levar a mensagem do Evangelho no século XIX; a sueca Maria Elisabeth Hesselblad (1870-1957), fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida,

Em dezembro de 2015 foi anunciado que o Papa aprovou um milagre 

 

atribuído à intercessão da Beata Teresa de Calcutá, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1979.

A Congregação para a Causa dos Santos (santa Sé) concluiu em julho de 2015 as investigações sobre a cura miraculosa de um homem brasileiro, de 35 anos, afetado por uma grave doença no cérebro, que se curou de uma forma tida como inexplicável.

Ganxhe Bojaxhiu, a Madre Teresa, nasceu em Skopje (Macedónia), pequena cidade com cerca de vinte mil habitantes então sob domínio otomano, a 26 de agosto de 1910, no seio de uma família católica que pertencia à minoria albanesa, no sul da antiga Jugoslávia.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Papa Francisco recebeu primeiro-ministro timorense

 

 

 

Propostas do Papa para dirigentes empresariais

 

 

A verdadeira crise: a incapacidade
de uma grande ousadia

  D. Manuel Linda    
  Bispos das Forças   

  Armadas e Forças de  

  Segurança  

 

A história das nações faz-se, quase sempre, por um apogeu seguido de longa letargia. Ou de declínio absoluto. A arte, que capta e exprime o esplendor, testemunha-o. Daí que, se formos ao Egipto dos faraós, ao Peru dos Incas e até à Grécia dos sábios, como é chocante o fosso que separa um passado brilhante de um presente acabrunhado!

As causas podem ser várias. Mas creio que vão sempre desaguar a duas, incontornáveis: carência de um grande alento utópico e falta de verdadeiros líderes motivadores.

Sem pessimismos doentios, julgo que é isso que se verifica na nossa Europa e até no Ocidente, em irrefreável declínio. Sem excluir Portugal, evidentemente.

Nos séculos recentes, retirando a efémera quimera do «libertarismo» da revolução francesa, prontamente terminada com “la Terreur”, excluindo o sonho do «progresso redentor», hoje visto como “jaula de ferro”, e exceptuando a fantasmagoria dos “amanhãs que cantam” do comunismo soviético, imposto à lei da bala por férrea ditadura, que nos ficou de verdadeiramente empolgante, mobilizador e capaz de arrebatar as sociedades em direcção a um ideal nobre e entusiasmante? Não me digam que é o Big Brother da guerra das audiências, a música brejeira das queimas das fitas ou o futebol, produto consumível «sorvido» no sofá para favorecer a obesidade…

 

 

 

 

Mas o pior é que, quando não existem razões entusiasmantes, recorre-se ao subproduto das causas fracturantes. Quando não existem razões e não existem líderes… Daí a desconfiança da política. O debate sobre a eutanásia exprime isso mesmo. Com a agravante da pura contradição: invoca-se o exercício da liberdade pessoal e nega-se a efectiva possibilidade de escolha no ensino, na assistência social, na saúde, etc., em nome dos endeusados chavões da “escola pública”, “função social do Estado”, “serviço nacional de saúde”… É o «descontrutivismo» feito política. E imposto à força!

Corremos sérios riscos de mediocridade. E de «fim de linha»! 

 

Mas o nosso mundo possui uma espécie de «sexto sentido» que o pressente. Por isso, quando surge um líder da categoria do Papa Francisco, as resistências abatem-se. Pena que quase esteja só…

A ele, que agora cumpre três anos de sumo pontificado, o meu «muito obrigado» por nos conduzir às «grandes causas»: a de Deus e a do homem. Não é seguido multitudinariamente naquilo que prega? Não me admiro: não é com um simples toque de dedos que se acorda de uma abulia de séculos. Ou da inconsciência que uma certa intelectualidade conseguiu transformar em «cultura de massas».

 

 

Francisco, o Papa que todos entendem…

  Henrique Matos  
  Agência ECCLESIA   

 

“Quando o Papa aparecia na televisão os meus amigos mudavam de canal… agora sobem o som.” Foi Pedro Mexia quem o confessou há algum tempo, a expressão demonstra com clareza a carga afetiva que Francisco consegue transmitir. O Papa, de repente, deixou de ser o líder espiritual dos católicos para se tornar no amigo de todos, mesmo daqueles que não se movem no ambiente cristão.

No domingo, completam-se três anos de Papa Francisco. Foi no dia 13 de março de 2013 que, já noite na Praça de S. Pedro, o Cardeal Tauran proferia a famosa expressão latina Annuntio Vobis Gaudium Magnum, Habemus Papam… Anuncio-vos uma grande alegria, temos um Papa.

Desta vez era Francisco e era diferente… revelou-se um Papa muito humano. Se o sucessor de Pedro aponta para o alto, Francisco, sem deixar de o fazer, tem os pés bem assentes na terra. Mais, quer uma Igreja unida à circunstância de vida de cada homem e mulher. Não é um consolador dos que sofrem, quer é resgatar os sofredores da sua condição.  Quando fala traduz a teologia na mais simples das linguagens, descomplica Deus e apresenta-O à humanidade como um caminho a considerar para quem está interessado em ser feliz.. Um caminho que o Papa apresenta possível, acessível… um desafio que, segundo ele, não vive de pré condições ou requisitos mas unicamente da adesão interior de cada um.

Francisco levou a Igreja ao mundo ou trouxe o mundo para dentro da Igreja, é uma perspetiva 

 

 

 

de análise que não se me apresenta clara, mas o que todos percebem é que este homem que é Papa, está muito perto dessa imagem do pastor. E hoje, sabemos que o pastor já não deixa as 99 ovelhas para ir em busca da que se perdeu, mais correto será dizer que deixa uma ou duas ovelhas para ir ao encontro das 99 que andam dispersas… Esta é a imagem fiel destes três anos de pontificado de Francisco. Este pastor foi a Lampedusa onde muitos se perderam no mar, voou para Cuba e ajudou a reatar relações quebradas há décadas com os Estados Unidos. Entrou nas 

 

cadeias para propor uma liberdade interior impossível de aprisionar. Inaugurou o Ano Santo da Misericórdia longe da solenidade de Roma, no coração da República Centro Africana onde uma guerra sangrenta tem devastado o país. Foi aí que escancarou de par em par a primeira porta do Jubileu. Uma imagem forte, mas não tanto como a mensagem que transmite ao mundo. Francisco diz que a misericórdia são os braços abertos de Deus, e ele, como seu representante no meio deste mundo não se cansa de os manter abertos num gesto de acolhimento.

 

São três anos de um Papa deslumbrante mas, a onda de popularidade pode levar a que alguns se fiquem por Francisco e queiram uma Igreja de Francisco. Não é essa a intenção do Papa argentino. 

 

 

Três anos com Francisco

Celebra-se no próximo domingo, 13 de março, o terceiro aniversário da eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa. Um percurso que nos últimos meses conheceu vários momentos altamente significativos, do Sínodo sobre a Família à encíclica ‘Laudato si’, das viagens ao Jubileu extraordinário da Misericórdia, passando pelo encontro histórico com o patriarca ortodoxo de Moscovo e a visita à sede da ONU.

Francisco mantém a sua atenção centrada na necessidade de uma mudança do paradigma económico e financeiro, como tinha deixado bem vincado na exortação ‘Evangelii Gaudium’ ou no seu discurso em Estrasburgo, perante o Parlamento Europeu, em defesa da democracia face ao poder dos mercados.

Com a encíclica 'Laudato si', Francisco abriu as fronteiras do seu discurso e colocou a Igreja Católica na liderança do movimento mundial para a defesa do ambiente, congregando à sua volta apoios das mais diversas proveniências.

O Papa tem estado próximo dos mais pobres e excluídos, na defesa de uma globalização mais plural, que 

 

respeite a identidade de todos e os excluídos, um discurso marcado pela vivência no Sul do mundo.

O primeiro pontífice da América Latina tem mostrado preocupação com a situação do Velho Continente, desejando uma ‘refundação da Europa', particularmente necessária perante as crises de refugiados e do terrorismo internacional.

O Papa tem repetido mensagens em favor da paz nas várias regiões do mundo afetadas por conflitos, assumindo a defesa dos cristãos no Médio Oriente, perseguidos pelo autoproclamado ‘Estado Islâmico’, e criticando quem justifica ataques terroristas com as suas convicções religiosas.

Do ponto de vista global, ganharam destaque as afirmações sobre

a reforma da ONU, o

desarmamento nuclear

e o combate à pobreza.

O cardeal Jorge Mario

Bergoglio foi eleito como

sucessor de Bento XVI a 13

de março de 2013, após a

renúncia do agora Papa emérito;

assumiu o inédito nome de

Francisco e é o primeiro pontífice jesuíta na história da Igreja.

 

 

 

 

Em 36 meses, o Papa argentino visitou o Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba e Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, e o México, bem como as cidades de Estrasburgo (França), onde passou pelo Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia)
 
e Sarajevo (Bósnia-Herzegovina).

Realizou também dez viagens em Itália, incluindo passagens por Assis e pela ilha de Lampedusa, bem como uma homenagem no centenário no início da I Guerra Mundial, para além de outras visitas a paróquias na Diocese de Roma.

 

 

 

 

   

 

 

 

 

Entre os principais documentos do atual pontificado estão as encíclicas 'Laudato si', dedicada a questões ecológicas, a 'Lumen Fidei' (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI, e a exortação apostólica 'Evangelii Gaudium' (A alegria do Evangelho).

O Papa promoveu um Sínodo sobre a Família, em duas sessões, com consultas alargadas às comunidades católicas, e deu início ao Jubileu da Misericórdia, terceiro ano santo extraordinário na história da Igreja Católica, 50 anos depois do encerramento do Concílio Vaticano II.

Francisco tem sublinhado a sua preocupação com as “periferias” geográficas e existenciais da humanidade, que exigem respostas da Igreja e da sociedade. Nesse sentido, apela a uma Igreja “em saída” e atenta aos mais frágeis, centrando o seu discurso, teologicamente, na “misericórdia” que renova as atitudes dos católicos.

Internamente, tem promovido uma reforma dos organismos centrais da Igreja Católica, em particular a 

 

estrutura de coordenação para as atividades económicas e administrativas. Várias comissões de inquéritos e empresas internacionais de auditoria estão a analisar a atividade financeira da Santa Sé e o Instituto para as Obras de Religião (o chamado ‘Banco do Vaticano), tendo decidido criar uma nova Secretaria para a Economia, liderada pelo cardeal australiano D. Georg Pell.

O Papa criou um Conselho de Cardeais, para o aconselhar no governo da Igreja e na revisão da Constituição Apostólica ‘Pastor Bonus’, sobre a Cúria Romana; o grupo com cardeais dos cinco continentes propôs a criação de uma comissão específica para os casos de abusos sexuais, à qual Francisco deu luz verde.

A legislação sobre prevenção e combate à lavagem de dinheiro e sobre a jurisdição dos órgãos judiciários do Estado da Cidade do Vaticano em matéria penal foi atualizada, tomando em consideração o que é definido na Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU (1989).

 

Os primeiros anos de pontificado são analisados em entrevista por Adriano Moreira, num dossier que inclui ainda textos de vaticanistas internacionais e testemunhos de vários bispos e outros portugueses que tiveram oportunidade de contactar com Francisco.

 

 

 

Eu acho que o Papa leu o discurso de Lutero

Adriano Moreira diz que Francisco assume “sem silêncio” os erros, propõe emendas com “clareza” e valoriza a “força da palavra” numa “época de incertezas” e de “desordem mundial”. Nesta entrevista, que vai ser emitida no programa 70x7 do próximo domingo, o professor universitário faz uma análise do pontificado que iniciou há 3 anos, precisamente nesse dia 13, de 2013.

 

Agência Ecclesia (AE) – Nos pronunciamentos do Papa, vemos mais palavras relacionadas com política, economia, refugiados… Que indicadores são esses?

Adriano Moreira (AM) –Eu acho que ninguém – nem um Papa! – é independente da sua circunstância. Se repararmos o que foi a circunstância do Papa João Paulo II, verificamos que as diferenças são fundamentais que não podem deixar de condicionar as suas intervenções.

O que marca o combate espiritual do Papa João Paulo II é o muro. O que este está a enfrentar é a desordem mundial.

O discurso nas Nações Unidas é fundamental. Sem o enunciar, andou à volta de dois paradigmas que são fundamentais no pensamento que orientou a formação das Nações Unidas, em relação aos quais tomou atitude e pregou.

O primeiro, que diz respeito à 

 

 

organização prevista na carta: o mundo único. E o mundo não está único, mas dividido, cheio de conflitos que até os estrategas têm dificuldade em diferenciar por categorias.

O segundo é “terra, casa comum de todos os homens”. O que não está a acontecer…

Por outro lado, Francisco tem uma experiência que nenhum dos papas que visitou as Nações Unidas tem, por ter vivido em regimes onde o respeito pelos Direitos Humanos era bastante limitado, ter enfrentado a Teologia da Libertação efetivamente em exercício e homens como Che Guevara… Isso deu-lhe uma atitude de interesse pelo próximo de identificação com essas exigências, da desordem mundial que ele enfrenta não apenas com grande firmeza, do ponto de vista da doutrina, mas com uma humildade extraordinária de quem sabe que só pode fazer aquilo que Deus consentir.

 

 

 

 

A Força da Palavra contra a desordem mundial

AE – Nas Nações Unidas, o Papa Francisco denunciou a sujeição sufocante de muitos países a sistemas de crédito que impedem o desenvolvimento e progresso desses países. A acentuação da dimensão económica como fator decisivo do entendimento entre os povos tem sido permanente e tem tido repercussão positiva, tanto nos países que decidem como os que são vítimas?

AM – A palavra já está implantada. A passagem à ação, jungo que vai 

 

demorar. Começando pela Europa. A Europa está dividida em pobre e rica, pela linha do Império Romano: Chipre, Grácia, Itália, Portugal, e vai começar a ser França… Na própria Europa, uns têm troika outros não, uns têm ministros a discutir com ministros outros com empregados. Esta situação é inquietante!

 

AE – Nesse jogo de poderes, como se enquadra a Igreja Católica?

AM – A Norte do Mediterrâneo está enfraquecida. E acho que um dos grandes atos deste Papa é a modéstia, sentindo que não há carisma de 

 

 

 

 

“Papa”, e por isso ele é “padre”, que pede que “rezem por ele”. Esta intervenção que Francisco tem é capaz de ter mais influência imediata no que muitos analistas chamam os desamparados do mundo, mas vai ter de enfrentar o progresso do credo do mercado desregulado com o credo dos valores.

 

AE – E aí estará a principal força da palavra do Papa Francisco?

AM – É a principal palavra que ele traz, com um grande desafio! Por isso ele faz um serviço quando sublinha os traços mais evidentes da desordem mundial, porque ela põe em causa a igual dignidade dos desamparados do mundo, que ele vem sublinhar.

 

AE – Em que horizonte do tempo devemos colocar as consequências das palavras do Papa?

AM – Isso não sei! E creio que ele também não sabe!

Diante da renúncia a todas as medidas de segurança e a perguntas sobre o perigo de atentado, ele, responde: “com a minha idade, o que é que eu perco”?

 

 

 

AE – Que sinal é esse?

AM – Primeiro um sinal de fé! Em segundo lugar, do ponto de vista da situação do mundo, é uma adesão àquilo que eu penso e que corresponde à conclusão dos académicos quando procuram caraterizar a situação em que vivemos: entramos na época da incerteza! É assim que estamos a viver, a época da incerteza.

 

 

 

 

 

 

 

Na própria Europa, uns têm troika outros não, uns têm ministros a discutir com ministros outros com empregados. Esta situação é inquietante!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da tolerância ao respeito entre as religiões

AE – Qual o papel das religiões?

AM - Eu sempre defendi que é necessário substituir a tolerância pelo respeito, o que aprendi nas Nações Unidas. E que é necessário substituir o exercício da força pelo diálogo, obedecendo a um princípio: que cada um seja o necessário para que possa subsistir o principal, o que é comum.

Recordo que o primeiro secretário das Nações Unidas tinha organizado uma sala de meditação para todas as religiões. Creio que as reuniões informais que se estão a manifestar, por iniciativas de vários pontífices, devem levar à constituição não apenas a uma sala de meditação, mas ao Conselho das Igrejas das Nações Unidas. Acho que era um instrumento de entendimento entre as diferenças religiosas, étnicas, culturais e talvez as circunstâncias pudessem melhorar.

 

 

 

AE – O Papa Francisco encontrou-se com o patriarca ortodoxo de Moscovo Cirilo. Que repercussão pode ter este gesto?

AM – Eu acho que atender ao essencial facilita muito o ser respeitoso para com as diferenças. O que não é tolerar. E é isso que o Papa está a praticar: substituir completamente a tolerância pelo respeito, pela diferença.

 

AE – Foi um gesto que pôs fim a séculos de afastamento…

AM – É preciso aperfeiçoar isso… E depois, todos juntos, devem substituir a tolerância pelo respeito. O mundo é multicultural, é uma soma de diferenças. Mas é só um. A unidade do mundo exige que a tolerância seja substituída pelo respeito.

 

 

 

 

Economia que mata

AE – O Papa Francisco repete com frequência a expressão “esta economia mata”? Quando a ouviu a primeira vez, o que pensou?

AM – Passei a citá-la, constantemente…

Nós estamos a esquecer que a Europa foi chamada a “luz do mundo”, mas as velas foram-se apagando. E uma das coisas que se apagou foi o estado social, que é uma convergência da Doutrina Social da Igreja com o socialismo democrático. O Estado social vem tornar efetiva a tal igualdade, que tem diferentes pontos de partida de acordo com cada pessoa.

 

AE – O Papa equipara esta economia que mata ao mandamento “não matar”…

AM – Sim… No sentido formal, como imagem.

Uma das questões que os analistas hoje colocam em evidência é que o programa das Nações Unidas, que acabou em 2005, não impede que milhares de pessoas morram de fome, que os pobres morram mais cedo, que mais de metade dos países inscritos 

 

 

 

Nós estamos a esquecer que a Europa foi chamada a “luz do mundo”, mas as velas foram-se apagando. E uma das coisas que se apagou foi o estado social

 

na ONU não sejam capazes de se defender sequer dos ataques da natureza.

O problema da igualdade exige que o Estado Social seja tratado com mais respeito.

 

AE – No Parlamento Europeu, o Papa falou de igualdade, de economia e disse: “manter viva a realidade das democracias é um desafio deste momento histórico”.

AM – E é! Tomemos por exemplo as migrações. As migrações neste momento desafiam a capacidade de receção. E por isso vamos ter em conflito a segurança com os deveres humanitários. E quando isto acontece, o ponto de explosão não está longe. E creio que é isso que o Papa quer explicar.

 

 

 

 

AE – Apelou também à inclusão, à coesão, ao combate às desigualdades. O Continente Europeu está a ser minado por essas ameaças?

AM – Sim… Na Europa são evidentes sinais que ameaçam a unidade: a dimensão das abstenções, os partidos separatistas contra a unidade do Estado como por exemplo a Espanha que, se for por diante, é extremamente prejudicial para Portugal que isso aconteça. A França tem problemas desses também; a 

 

Inglaterra, que motiva a negociação com a União Europeia e lhe dá um estatuto especializado…

A unidade precisa de maior atenção porque os movimentos cívicos vivem e crescem à parte dos partidos organizados e os mais reacionários começam a encontrar adesões… Sinais não faltam!

 

AE – O Papa vai reagindo a muitos sinais de desordem…

AM – Reage a todos!

 

 

 

 

Papa que cuida da casa comum

AE – Reage também aos desequilíbrios da natureza, à necessária proteção do ambiente…

AM – É o problema da casa comum dos homens!

O ambiente é sobretudo ferido pelos países mais adiantados na ciência e na técnica. É em relação a eles que o Papa exige que prestem atenção à palavra! É a exploração excessiva dos recursos da ordem da natureza que fere o princípio da casa comum dos homens.

 

AE – Em todo o caso, quando surgiu a encíclica “Laudato sí” ouviram-se vozes a questionar, mesmo no interior da Igreja Católica, a pertinência de ser o Papa a pronunciar-se sobre estes temas. Eles devem preocupar a Igreja Católica?

AM – Absolutamente! Porque todo o ser humano, todo o agrupamento humano, todo o país, todo o globo tem uma circunstância. (A Europa, por vezes, dá a impressão de viver sem circunstância, porque tem umas questões internas e faz uns decretos que limitam os princípios do tratado de Lisboa etc… )

Não há nenhuma ação que não tenha de ver com valores. E é isso que está na base das intervenções do Papa.

 

Relevo da Ásia

AE – Neste pontificado do Papa Francisco que relevo está a ser dado ao continente asiático?

AM – O Papa enfrenta na Ásia civilizações antiquíssimas! Não pode ignorar a antiguidade e força da civilização chinesa. O que é mais uma razão para que o respeito substitua a tolerância.

Como pessoa, tem as qualidades necessárias para transmitir autenticidade no que está a dizer. Ele tem esse condão, o tal de São Paulo: “Quem tiver o carisma de ensinar que ensine”.

 

AE – Percebendo também que o futuro da Igreja Católica está a Oriente?

AM – Não podemos dizer, não adivinhar…

 

AE – Populacionalmente pelo menos…

AM – Populacionamente, sim! Mas temos de recordar que São Francisco Xavier morreu noa Ilha de Sanchoão sem ter entrado na China e as últimas palavras que dizia era “Ai Jesus, ai Jesus!”. O que é uma advertência para o esforço que é preciso desenvolver!

 

 

 

Reformas na Igreja “às claras”

AE – O Papa está a proceder a reformas na estrutura da Igreja Católica, como por exemplo constituindo secretarias para assuntos económicos ou dos media, agilizando procedimentos na declaração de nulidade do matrimónio, nos casos de abusos sexuais por parte dos membros do clero. Que reforma está em curso?

AM – É a coragem de assumir os erros. Respondendo a um convite para fazer uns comentários sobre o Papa, há dias, senti necessidade de começar por ler o discurso de Lutero. E acho que o Papa Francisco o leu. Se isto for verdade, aí está uma explicação para uma intervenção imediata dele, neste momento. É o mais claro que lhe posso dizer…

 

AE – Dando prioridade à experiência de fé da pessoa e rejeitando o ambiente, a estrutura?

AM – Com certeza. Mas assumindo e corrigindo os erros de funcionamento. Porque uma coisa é intervir em silêncio, que leva a uma espécie de 

 

 

cumplicidade de quem governa; outra é assumir, sem silêncio, fracamente. Dizer: “erraram, erramos, vamos emendar”! É o que o Papa está a fazer. Com clareza!

 

AE – E aí está a diferença deste pontificado?

AM – Eu acho que sim. Por isso, nessa intervenção, que me honrou muito que me tivessem convidado, eu antes de ir para lá fui ler o discurso de Lutero… É uma boa advertência…

 

 

 

 

 

Uuma coisa é intervir em silêncio, que leva a uma espécie de cumplicidade de quem governa; outra é assumir, sem silêncio, fracamente. Dizer: “erraram, erramos, vamos emendar”! É o que o Papa está a fazer. Com clareza!

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
PAPA EM PORTUGAL

AE – Em 2017, o Papa deverá estar em Portugal. Que repercussão poderá ter a presença de Francisco em Fátima, no centenário das Aparições?

AM – Faz parte de uma intervenção global dele. Vai encontrar um país que tradicionalmente era católico, onde a crise também o atravessa. As dificuldades são as mesmas da Europa e é isso que ele vai encontrar, como é missão dele.

Vir a Fátima, dá uma grande importância ao sinal que Fátima representa, o que não é sem importância para o combate geral que ele está a enfrentar. Por isso, acho muito importante que ele venha a Fátima. 

 
 

 

 

Três anos, uma era

 

Passaram-se apenas três anos, mas parece que toda uma era se passou desde a eleição do Papa Francisco, em março de 2013. E passou: a Igreja Católica sob o pontificado de Francisco entrou numa nova fase histórica - não uma rutura com o passado, mas uma nova direção, em definitivo.

Na minha biografia do Papa 

 

 

Francisco, ‘O Grande Reformador’, contei como Jorge Mario Bergoglio e outros da sua geração tinham consciência de que a América Latina se estava a tornar a “fonte” da Igreja universal, de que o dinamismo e a visão desse continente estavam destinados a evangelizar a Igreja do Velho Mundo.

 

 

 

 

Foi isso que aconteceu nos últimos três anos.

Francisco abriu essa porta para uma nova era e não esta não pode ser facilmente fechada. A Igreja do Sul tomou conta dos reinos de Roma. Isso é visível de modos incontáveis e em muitos outros menos visíveis.

Aqui deixo três exemplos:

 - Para usar uma frase de que Francisco gosta muito, o centro abriu-se à periferia. Roma recebeu a energia de novos canais entre a Igreja local e universal - no Sínodo reformado, na reestruturação da Cúria com a designação do ‘Conselho dos 9’, com cardeais de vários pontos do mundo, e a escolha deliberada por parte de Francisco de novos cardeais de áreas pobres e remotas. No caso do Sínodo, a doutrina foi colocada em tensão com as realidades pastorais e Francisco convidou a Igreja a viver nessa tensão e incerteza, enquanto novos caminhos são discernidos. Este novo dinamismo, profundamente desconfortável para alguns, revigorou a Igreja.

 - Em segundo lugar, a Igreja do Papa Francisco está menos preocupada em preservar a comunidade dos fiéis das “ameaças” do relativismo e da modernidade do que com uma transformação interna, uma reforma

 

 que é fruto dos que os bispos latino-americanos chamam conversão pastoral. Isso significa focar-se na vida das pessoas, os seus sofrimentos, as suas realidades, mais do que refugiar-se em abstrações ou esquemas idealizados. Implica uma nova ênfase na misericórdia - a resposta de amor de Deus ao sofrimento humano - que significa que a misericórdia e a evangelização são essencialmente o mesmo. E significa purificar a Igreja do seu apego à riqueza, estatuto e poder.

O que mais impressiona no papado de Francisco é a sua proximidade, a sua vizinhança. O Papa é acessível, direto, humano. As suas preocupações são as preocupações das pessoas comuns e mais do que tratar o mundo fora da Igreja como alguém que precisa de ser ensinado sobre as verdades que a Igreja possui, Francisco procura descobrir o que Deus fez e está a fazer na vida das pessoas e das suas sociedades, entrando em diálogo com o mundo contemporâneo.

 - Em terceiro lugar, o Papa introduziu o discernimento espiritual como um meio de governo e reforma. Embora algumas estruturas tenham sido reformadas - em especial, as finanças e as comunicações no Vaticano - a reforma mais profunda, de cultura 

 

 

 

 

e atitudes, está a demorar muito tempo. Isso porque Francisco não tem qualquer desejo de forçar a mudança, criando conflitos que desperdiçam energia e tempo; pelo contrário, está a abrir um processo que permita uma renovação gradual, mas permanente.

Isto implica viver com contradições e tensões, mais do que arrancar o trigo com o joio, numa abertura radical à orientação do Espírito através da consulta, diálogo e oração. A sua tarefa, como reformador, é abrir e guiar os processos, removendo obstáculos à ação livre do Espírito Santo e delicadamente - ou às vezes não tão delicadamente - empurrar a Igreja numa direção específica.

Tem sido fascinante acompanhar este turbilhão, com todas as tensões que por vezes provoca. Por vezes, parece que Francisco é mais popular e melhor compreendido fora da Igreja do que dentro dela - o que é muito cristológico e, claro, é explicado pela parábola do Filho Pródigo.

 

Austen Ivereigh, jornalista

 

 

 

Um pontificado ao encontro das pessoas

Um ano antes de tornar-se Papa, numa entrevista, o então cardeal Bergoglio recordava, citando a quinta conferência dos bispos da América Latina que decorreu em Aparecida, no ano de 2007, recordava que “toda a atividade ordinária da Igreja foi estabelecida tendo em vista a missão”. “Isso implica - acrescentava - uma tensão muito forte entre o centro e a periferia, entre a paróquia e o bairro. É preciso sair de nós mesmos, ir para a periferia. É preciso evitar a doença espiritual da Igreja 

 

autorreferencial: quando ela se torna autorreferencial, a Igreja adoece. É verdade que saindo pelas ruas, como acontece com todo homem e toda mulher, podem acontecer acidentes. Mas se a Igreja permanece fechada em si mesma, autorreferencial, ela envelhece. E, entre uma Igreja acidentada que sai pelas ruas e uma Igreja doente de autorreferencialidade, eu não tenho dúvidas de preferir a primeira”.

Procuremos - explicava ainda Bergoglio - o “contacto com as

 

 

 

 

famílias que não frequentam a paróquia. Em vez de ser apenas uma Igreja que acolhe e que recebe, procuremos ser uma Igreja que sai de si mesma e vai ao encontro dos homens e das mulheres que não a frequentam, que não a conhecem, que foram embora, que são indiferentes. Organizemos missões nas praças, aquelas em que se reúnem muitas pessoas: rezemos, celebremos a Missa, proponhamos o Batismo, que administramos depois de uma breve preparação. É o estilo das paróquias e da própria diocese”.

São palavras que o cardeal teria repetido aos irmãos purpurados antes do conclave e que fizeram depois parte da exortação ‘Evangelii gaudium’, o «road map» do pontificado. A “conversão pastoral”, o testemunho de uma Igreja que tendo a peito a «salus animarum» mostra o rosto misericordioso de Deus e acolhedor, são o coração do magistério de Francisco.

“Pastoral - explicava o Papa aos bispos do Brasil em julho de 2013 - nada mais é que o exercício da maternidade da Igreja. Ela gera, amamenta, faz crescer, corrige, alimenta, conduz pela mão... Por isso, faz falta uma Igreja capaz de redescobrir as entranhas maternas

 

 da misericórdia. Sem a misericórdia, poucas possibilidades temos hoje de inserir-nos em um mundo de «feridos», que têm necessidade de compreensão, de perdão, de amor”.

Um magistério que se encontram bem sintetizado nesta passagem do mais significativo dos discursos pronunciados pelo Papa durante a sua viagem ao México, no último mês de fevereiro, o que dirigiu aos bispos reunidos na catedral da capital federal: “Antes de mais nada, a «Virgem Morenita» [Nossa Senhora de Guadalupe, ndr] ensina-nos que a única força capaz de conquistar o coração dos homens é a ternura de Deus. Aquilo que encanta e atrai, aquilo que abranda e vence, aquilo que abre e liberta das cadeias não é a força dos meios nem a dureza da lei, mas a fragilidade omnipotente do amor divino, que é a força irresistível da sua doçura e a promessa irreversível da sua misericórdia”.

Quem faz informação sobre este pontificado dá de caras, continuamente, com pessoas e histórias que documentam esta realidade.

 

Andrea Tornielli

Coordenador do Vatican Insider, 

http://vaticaninsider.lastampa.it/

 

 

Liderança moral cada vez mais global

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que o Papa Francisco se tem afirmado como um líder “moral” de dimensão global, nos seus quase três anos de pontificado. “Tenho a impressão de que tem crescido a autoridade do Papa como mestre de humanidade, da Igreja e da humanidade, numa perspetiva global, porque no último ano, o Papa chegou a praticamente todos os continentes”, declarou o responsável pela sala de imprensa da Santa Sé, em entrevista à Rádio Vaticano.

O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito; assumiu o inédito nome de Francisco, tornando-se o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e também o primeiro pontífice sul-americano.

Para o porta-voz do Vaticano, em 36 meses, Francisco tem tratado com “autoridade” os problemas da humanidade e da Igreja. “Fala dos temas da paz e da guerra, que dizem respeito a todos, fala dos grandes temas da sociedade atual no contexto da globalização, da ‘cultura do descarte’, da justiça e da participação”, enunciou o padre Lombardi. 

 

O sacerdote jesuíta sublinha o impacto da encíclica ‘Laudato si’, que “conseguiu dar uma visão global das perguntas urgentes e cruciais da humanidade de hoje e da humanidade de amanhã”. “A humanidade olha para o Papa Francisco como uma pessoa que ajuda a encontrar a orientação, a encontrar mensagens de referência numa situação de grande incerteza. Um líder e mestre credível”, acrescentou.

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé elogiou depois a forma “nova e original” de apresentar a mensagem da Misericórdia com a convocação de um Jubileu que se espalha por todo o mundo.

A entrevista aborda depois a polémica da fuga e publicação de documentos reservados da Santa Sé, o ‘Vatileaks 2’, de que Francisco falou publicamente a 8 de novembro de 2015, para assegurar que a “reforma” em curso iria continuar.

Segundo o padre Lombardi, “o Papa, vindo de longe, dá uma perspetiva nova e tem uma grande capacidade de ver todas as expectativas de renovação da Igreja e suas estruturas de governo”.

“Os Sínodos são caraterísticos deste comportamento: ter enfrentado um tema central como o da família mostra

 

 

 

 

o desejo de ir com confiança e coragem ao coração das grandes questões pastorais da vida cristã”, acrescentou.

Em relação às críticas que têm sido feitas ao atual pontificado, inclusive por partes de católicos, o porta-voz do Vaticano entende que se devem ao facto de se “caminhar em terrenos novos, procurando responder a questões que são colocadas com urgência por um mundo que está a mudar. “É algo que naturalmente provoca preocupação, temor, incerteza”, precisou.

Falando de um pontificado “rico de gestos concretos” e de imagens, 

 

o padre Lombardi escolhe como símbolo particular os momentos de “atenção aos doentes, abraçar quem sofre”. “São gestos que falam realmente a toda a humanidade e que nos tocam profundamente”, conclui.

 

 

A Economia de Francisco

O economista português João César das Neves acaba de lançar uma obra dedicada à “Economia de Francisco” na qual apresenta as posições do Papa neste campo e questiona o “equívoco” de várias interpretações sobre o atual pontificado.

“O Papa Francisco não é economista. Ele não tem uma visão económica das coisas, nem costuma considerar os problemas dessa forma”, escreve o professor da Universidade Católica Portuguesa. “Interpretar economicamente as suas palavras é mesmo o equívoco central que este livro pretende desfazer”, acrescenta.

O livro ‘A Economia de Francisco - diagnóstico de um equívoco’ é publicado pela Principia Editora por ocasião do terceiro aniversário da eleição do Papa Francisco, que se celebra este domingo. Segundo o autor, a análise económica do Papa “nunca é estritamente económica, mas sempre “teológica”, o que inclui “aspetos religioso, antropológico e ético, entre outros”.

“As questões dos pobres, dos excluídos e do ambiente gozam de uma preferência aberta e declarada, 

 

 

quase exclusiva, enquanto os tópicos financeiros, das trocas comerciais, da ética do consumo, entre muitas outras, ficam na sombra”, precisa.

Nesse sentido, João César das Neves entende ser um “erro grave” considerar as intervenções papais como “tomadas de posição entre 

 

 

  

 

escolas de política e sistemas sociais ou mesmo críticas gerais à vida económica”. “Não é legítimo considerar as declarações de Francisco como se fossem relatórios especializados, pronunciamentos científico-técnicos ou discursos eleitorais”, insiste.

A obra apresenta “dois conceitos essenciais” à doutrina económica católica como fontes inspiradoras das sentenças do Papa Francisco: o princípio do “destino universal do bens” e “opção preferencial pelos pobres”. “Quase nunca se ouve Francisco falar de temas importantes da doutrina como preços, juro, lucro, investimento ou balança de pagamentos, e quando o faz é quase sempre para tratar dos impactos sobre os pobres, os excluídos ou o ambiente. Isto não é uma crítica, mas uma constatação.

 

Francisco não gosta de pormenores e complicações, dirigindo sempre a sua atenção ao essencial”, analisa o professor da UCP. No livro são passadas em revista várias intervenções do início do pontificado sobre temas como a relação entre trabalho e capital, propriedade privada, salários, modelos de desenvolvimento, cooperativismo, pobreza, fome ou ecologia.

Para João César das Neves, o Papa não é contra a “globalização”, mas “é contra a fome, a miséria, o desemprego, o desespero desta época de intensa mudança a que o mundo assiste”. “O que o incomoda sumamente é ver o rolo compressor da economia a espremer e a esmagar as várias culturas locais. E, por arrastamento, a economia de mercado aparece condenada, sobretudo como instrumento cego desse imperialismo”, explica.

 

 

A «transparência» do pastor

O bispo coadjutor de Beja recorda que teve a “felicidade” de participar na visita ad Limina, em setembro de 2015, onde para além de “estar” com o Papa e ouvi-lo também falou com o Francisco.

“Sentia-me muito bem ao pé dele, não me sentia esmagado. Não pensava, espere, estou a falar com o Papa”, D. João Marcos.

O prelado destacou ainda as duas coisas que “mais” lhe impressionou deste contacto com o pontífice argentino.

“Uma primeira é a transparência deste homem, nada ali é postiço, artificial, aquilo que ele faz, que ele diz brota da verdade que vive, do que ele é e isso a 

 

 

 

mim impressiona-me muito”, explicou o bispo coadjutor de Beja.

A segunda, acrescenta, decorre da primeira e é o ser “pastor” do Papa com os pastores, que ajudou D. João Marcos na missão assumida a 01 de dezembro, depois da nomeação a 10 de outubro para Beja.

“Isso fez-me sentir muito bem, deu-me muita coragem para o ministério que o Senhor me pede que exerça nesta diocese”, concluiu.

 

 

 

 

 

A humanização do serviço

O bispo do Algarve recorda à Agência ECCLESIA que pouco tempo depois da eleição do cardeal Jorge Mario Bergoglio como Papa, observando os seus “gestos e a sua mensagem” saiu-lhe, “espontaneamente”, que “era verdadeiramente um dom de Deus”.

A “lufada e esperança”, que veio da América do Sul, era um dom “não apenas” para a Igreja Católica mas para o mundo, pelo seu “estilo próprio”.

“Cada um de nós tem um estilo de viver também a dimensão da fé e de a exprimir. O do Papa era profundamente enriquecedor e correspondia até às necessidades, anseios, que muitos de nós sentimos no que diz respeito à vivência, ao testemunho e celebração também da fé”, explicou D. Manuel Quintas.

Segundo o prelado, por tudo o que Francisco refere a cada um, “pela palavra e sobretudo pelos gestos e sinais que apresenta”, continua a “ser um dom para todos” e não foi apenas na eleição.

“Penso que ele está a humanizar o serviço, o seu ministério petrino.

 
 

 

Ou seja, o modo como se relaciona com as pessoas, simples, afetuoso, a dimensão que acentua, desde o primeiro dia, da misericórdia, do perdão”, exemplifica.

Neste contexto, D. Manuel Quintas destaca que “tudo” em Francisco tem constituído uma “lufada de ar fresco, de esperança”, que é a ação do espírito que “através dele está a arejar e a rejuvenescer a todos”.

“Sobretudo, a que procuremos o que é verdadeiramente essencial na nossa vida cristã, na nossa vida de discípulos de Cristo, na nossa vida de membros da Igreja e também de anunciadores e testemunhas de Cristo e do Evangelho”, conclui o bispo do Algarve.

 

 

Uma nova maneira de estar

D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, mostra-se “muito feliz” com o rumo tomado pelo pontificado do Papa Francisco. “Parece-me que introduziu um novo estilo, uma nova maneira de ser e uma nova maneira de estar, não só enquanto Papa mas na Igreja e como Igreja, que tem conseguido despertar em todos nós o desejo de ensaiarmos novos modos de ser e de estar em Igreja”, refere à Agência ECCLESIA.

“Tanto os acontecimentos, como as palavras, as viagens, estão ao serviço desta dinâmica, deste novo modo de ser e de estar, que acaba por ter um efeito muito positivo, estimulante, na vida da Igreja Católica”, acrescenta.

A titulo pessoal, o bispo de Coimbra diz que o momento mais marcante dos últimos meses foi o encontro na visita ad Limina, em setembro de 2015, concretamente no “grupo de diálogo” com o Papa. “Sentamo-nos todos num círculo junto do Papa, como irmãos, e pudemos falar à vontade, dialogar. Sentiu-se que era um homem que queria ouvir, disponível para escutar e que 

 

também tinha a sua palavra a dizer, naturalmente, numa atitude de diálogo”

“Foi um momento absolutamente único, que eu não esperaria poder ter na relação com o Papa da Igreja Católica”, confessa D. Virgílio Antunes.

Para o responsável, o futuro imediato traz vários desafios para a Igreja Católica, no mundo e em Portugal, como a “questão do ser comunidade cristã, que ainda é uma coisa muito vaga, o sentido de pertença à Igreja”.

“Há caminhos que é preciso percorrer e há muitos temas de grande importância para os quais o Papa nos vai dando algumas aberturas, exigindo inclusivamente a nossa reflexão”, conclui.

 

 

 

 

 

 

 

Papa Francisco centralizou as periferias

O cardeal-patriarca de Lisboa considera que a atitude do Papa Francisco “em centralizar as periferias” é uma das marcas dos três anos de pontificado.

Os gestos e presenças do Papa argentino verificam-se, sobretudo, nas periferias, mas mesmo nas audiências de quarta-feira, na Praça de São Pedro (Vaticano), o Papa Francisco tem “um centro físico, o estrado onde preside, no entanto passa a maior parte delas andando de carro nas periferias”, disse D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA.

Com “um carisma tão próprio”, o Papa argentino tem desempenhado “aquilo que todos esperam que a Igreja seja: uma atenção a Deus e uma atenção ao mundo”, frisou.

Na proximidade com todas as fronteiras, Francisco tem “efectivado” os valores através “do reencontro, 

 

da solidariedade e da justiça como contribuições indispensáveis para a paz”, referiu D. Manuel Clemente.

Os gestos concretos “dele e dos colaboradores da Santa Sé” têm permitido “ultrapassar alguns impasses”, basta ver o que aconteceu “em relação a Cuba” e também ao “mundo ortodoxo russo”, sublinhou o patriarca de Lisboa.

Quando se apresentou à Igreja e ao mundo depois da eleição, o Papa Francisco disse que “vinha do fim do mundo” e “não do centro habitual, das atividades da Igreja que é a Europa”.

O facto de ter vindo da Argentina, que é “antes de mais uma geografia”, para a sua maneira de, no dia-a-dia, “estar atento à realidade da Igreja e da sociedade”.

Olhar a realidade a partir da periferia dá “outra pertinência” ao discurso do Papa Francisco.

 

 

Francisco, o Papa da «linguagem concreta» e dos gestos «simbólicos e interpelativos»

 

O arcebispo de Braga, que gosta de ver o “papel dos Papa à luz da história”, destaca a interpelação de Francisco para a Igreja “ir além das suas fronteiras, a sair do seu âmbito para contactar com a realidade humana”, com uma linguagem “concreta”.

“Penso que a grande novidade

 

 

 deste Papa está aqui, numa atitude de falar com uma linguagem inteligível, uma linguagem feita de palavra, uma linguagem feita também de vida nos seus gestos e nas suas atitudes”, assinala D. Jorge Ortiga.

À Agência ECCLESIA, o prelado comenta que os gestos de Francisco são “ainda mais simbólicos e 

 

 

 

 

interpelativos” e ninguém fica “indiferente às coisas pequeninas da sua vida diária” que mostram como a vida de cada um também “pode e deve ser”.

“Não viver distraídos, não viver concentrados nas nossas coisas mas estar sempre fora, particularmente nos mais carenciados, debilitados, naqueles que a sociedade não preta atenção”, exemplifica o também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

Ainda sobre a linguagem, o arcebispo de Braga considera ainda que é “extremamente concreta” e distingue a de Francisco doutros Papas porque todos a “entendem” uma vez que usa, “normalmente”, comparações do dia-a-dia.

D. Jorge Ortiga revela também que gosta de ver o papel dos Papa à “luz da história” e, neste contexto, verifica que a Igreja tem tido os Papas para os “momentos concretos” com as “exigências de cada hora e cada situação”.

“Depois daqueles grandes que tivemos, o Papa Francisco é para este momento e para esta hora da Igreja e também do mundo”, observou.

 
“Se os outros insistiram numa renovação interna da Igreja, num espírito de grande abertura, como o Papa São João Paulo II, este sem dúvida nenhuma tem interpelado a Igreja a ir para além das suas próprias fronteiras, a sair do seu âmbito para contactar com a realidade humana”, analisa o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

Neste contexto, o prelado recorda que o Papa argentino insiste que a vida cristã “não seja anestesia espiritual, um analgésico, refúgio”, mas torne-se compromisso numa “atenção permanente” às realidades terrestres “discernindo as respostas mais adequadas e oportunas”.

D. Jorge Ortiga, que destaca ainda a “preocupação” do Papa com a família e a juventude, revela que espera com expectativa a exortação pós-sinodal de Francisco.

“É de esperar que uma maneira nova na fidelidade à doutrina tradicional mas de fazer pastoral e consequentemente da Igreja estar com uma sensibilidade muito maior perante os grandes desafios da vida familiar e da juventude”, concluiu o arcebispo de Braga.

 

 

O Papa renovador da «metodologia» atenta às realidades do mundo

O bispo do Porto considera que nos três primeiros anos do pontificado do Papa existiram momentos que foram “proféticos, sinais do caminho renovado e renovador da Igreja”, de evangelização que propõe ao mundo através da exortação apostólica, das encíclicas, das mensagens e audiências.

“O Papa Francisco surpreende-nos 

 

sempre neste caminho da renovação da Igreja, como nova linguagem, uma metodologia muito atenta às realidades presentes do mundo”, explica D. António Francisco dos Santos.

À Agência ECCLESIA, o prelado destaca a capacidade do Papa em estar “próximo da realidade” que se constrói no dia-a-dia, que se 

 

 

 

 

manifesta “nos momentos mais felizes da humanidade”, nos lugares onde a mensagem da Igreja “nem sempre é ouvida” e na “proximidade com as pessoas concretas”.

Neste contexto, o bispo do Porto sublinha que Francisco ensina a ser “pastor ao jeito de Cristo, o bom pastor”, a estar próximo das pessoas e a “ter tempo para todos e cada um”, algo que é “muito importante que a Igreja tem de fazer” no encontro com quem está perto e longe.

“A ter capacidade de profecia e sonho, compreender o sonho de Deus para a humanidade e abrir caminhos novos, quer na reconciliação, quer na misericórdia”, acrescentou.

Por isso, frisa que o Jubileu não é apenas “uma aposta belíssima e encantadora” mas a capacidade de “renovar a Igreja e transformar o mundo”.

D. António Francisco dos Santos, que já esteve com o Papa duas vezes, revela também que quem se aproxima de Francisco sente que “está junto do bispo de Roma, do sucessor de Pedro e do grande profeta dos tempos novos”.

O bispo diocesano recordou que o último ano ficou marcado pela visita Ad Limina, do episcopado português  

 

ao Vaticano, onde encontraram o Papa como “um pai” ou um irmão mais velho que reúne os irmãos, “no mesmo espaço da família”, e partilha “as alegrias da vida e da missão da igreja” mas também “sonhos e projetos de futuro”.

“Estes momentos próximos do Papa dizem-nos e revelam-nos a verdade e encanto da sua missão no dia-a-dia, no contacto com o mundo, no seu ensinamento, magistério, proximidade, gestos proféticos e na sua capacidade de novos desafios”, desenvolveu D. António Francisco dos Santos.

Segundo o bispo do Porto, o Papa, apesar dos seus 79 anos, “nunca se cansa” com o trabalho, nem se deixa “vencer” pelas preocupações nem pelo sofrimento e “diz que a Igreja tem de ser assim”: “Uma proposta de bem-aventurança na simplicidade, proximidade e capacidade de revelar a alegria de Jesus Cristo e a alegria do Evangelho.”

“Vencendo as fronteiras, dificuldades e as barreiras naquilo que a sociedade tem de mais difícil a transformar, a mudar, quer no campo da verdade, da justiça, da relação com os outros, da fraternidade, penso que é por ai que a Igreja continua a caminhar”, comentou D. António Francisco dos Santos.

 

 

Três anos, três acontecimentos e um jubileu que aponta «as prioridades»

 

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima distingue dos três anos do pontificado do Papa Francisco três acontecimentos e destaca também o atual Ano Santo da Misericórdia “aberto no coração de África” para mostrar onde estão “as prioridades”.

“O Ano da Misericórdia [até 20 de novembro] corresponde a uma necessidade muito profunda do mundo de hoje cheio de feridas, 

 

 

dividido, lacerado, que precisa de quem cuide dele e quem ajude a cuidar das suas feridas”, disse D. António Marto.

À Agência ECCLESIA, o prelado observou que o Jubileu “não foi aberto em Roma” mas na África pobre, marginalizada, sendo um sinal para “a Europa que não está no centro do mundo e que a Igreja não é a Europa” mas “é universal e multipolar”, 

 

 

 

 

comentou sobre o início simbólico do Jubileu em Bangui, a capital da República Centro-Africana.

O bispo de Leiria-Fátima, pelo terceiro ano do pontificado de Francisco, destaca três acontecimentos e começa por recordar a forma de Francisco apresentar-se ao povo de “maneira muito simples, muito sóbria, despojado de tudo” o que eram “sinais de pompo ou poder”.

“Pedindo a oração e a bênção do povo, um Papa que dentro do seu povo disse mesmo vamos caminhar juntos. Imprime logo à partida ritmo e sinal evangélico”, exemplificou.

Depois, para D. António Marto a primeira exortação apostólica, ‘A Alegria do Evangelho’, trouxe “frescura, alegria, entusiasmo”, sobretudo, à Igreja no Ocidente que estava com “ar de cansada, desanimada, desencanto” que transformou-se em “encanto, alegria, frescura” e entusiasmo para viver a fé.

Em terceiro, o bispo da Diocese de Leiria-Fátima, assinala a descentralização da Igreja que coloca no “centro Cristo e sente-se enviada ao mundo, às periferias, não só 

 

geográficas mas sobretudo humanas”.

Para o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, uma Igreja que “não vive” voltada para si mesma, “na contemplação do seu umbigo” mas que vai ao encontro de Cristo “presente nos pobres e nos sofredores”.

Segundo D. António Marto a sinodalidade também é um aspeto deste pontificado, com o Sínodo dos Bispo sobre a Família – “como uma prioridade fundamental para curar o mundo de hoje, célula base de tudo” – e como caminho para a Igreja e para o diálogo ecuménico com a “inauguração de uma nova etapa” no encontro com o patriarca ortodoxo russo.

O bispo de Leiria-Fátima que já esteve duas vezes com o Papa Francisco recorda a sua “devoção mariana” e a “graça de ouvir o seu sim, a dizer que tem vontade enorme de vir a Fátima”.

“Espero que ele traga esta alegria, encanto que fala e que é a imagem por excelência Nossa Senhora. Imagem de ternura de Deus e da misericórdia, uma graça não só para Fátima, para os peregrinos, mas Portugal”, sublinhou D. António Marto.

 
 

 

Um Papa que diz o que lhe vai no coração

O pontificado do Papa Francisco tem sido “uma lufada de ar fresco” na Igreja, considera D. José Ornelas, bispo de Setúbal. Quando se celebra os três anos do pontificado do Papa Francisco, o bispo de Setúbal realça que “o Espírito de Deus não está morto, mas está vivo” e aquilo que se lê de outros tempos e de outras eras “passa-se hoje”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. José Ornelas que recebeu a ordenação episcopal em 2015 disse que o Papa Francisco, através dos gestos, “recorda com clareza e limpidez, os compromissos 

 

fundamentais da Igreja”.

O Papa argentino coloca em ação “a vocação primordial da Igreja, o estar próximo daqueles que sofrem”, afirmou o bispo sadino. D. José Ornelas já esteve a falar com o Papa Francisco e realça que ele “quando fala, espontaneamente, diz o que lhe vai no coração”.

Ao recordar o momento, o bispo de Setúbal sublinha que aquele tempo lhe marcou a vida: “Eu não te mando, mas peço-te”. Esta é “forma delicada como Deus trata os homens”, concluiu D. José Ornelas.

 

 

 

Uma carta do Papa

O pequeno Salvador, de sete anos, tem o sonho de encontrar-se com o Papa. De Francisco chegou já uma carta a Arraiolos, onde vive, para lhe agradecer por um desenho em que o pequeno pintou o cálice, a hóstia, o pão e as uvas e escreveu mensagens de amizade para o Papa. “A minha tia levou para lá e depois, numa segunda-feira, recebi-a”, recorda, falando à ECCLESIA.

A criança fala do Papa como alguém “meigo, simpático, dócil” e confessa que gostava “muito” de se encontrar pessoalmente com ele.

 

 

Um entusiasmo partilhado pelos pais, Carlos e Cláudia Pimpão, e pela irmã Madalena.

“Foi inesperado, nós nunca pensamos que o Salvador alguma vez teria uma resposta do Santo Padre”, refere Cláudia.

Carlos, o pai, refere que muitas pessoas “gostam do discurso” e dão atenção ao Papa, independentemente de serem ou não católicas.

A família prepara-se para, a 20 abril, ir a Roma, com o sonho de ver Francisco. Um dia de audiência pública, para o qual Salvador leva um sonho: “Sentar ao colo do Papa”.

 

 

Um amor sem fronteiras

A vaticanista portuguesa Aura Miguel tem acompanhado o Papa em várias viagens e já teve a oportunidade de o entrevistar, destacando a “riqueza interior” de Francisco, que “não faz cerimónia” em mostrar o seu amor, ao mesmo tempo que procura ser criativo para o expressar.

“Ele está mesmo a absorver das pessoas o mistério do amor. Tem uma espécie de preferência pelos que sofrem”, relata.

Para a jornalista da Renascença, a ação do Papa é “melhor do que qualquer encíclica”. “Francisco passou para o terreno e desarma quaisquer testes, teorias, desinstala muita gente. É um exemplo para muitos

 

 

cristãos, é uma grande provocação”.

Aura Miguel entende que o pontificado “está a apontar muito mais para fora do que para a Cúria Romana”. As periferias são um conceito “muito amplo” e aplica-se a todos os locais “onde não é suposto ver um Papa”.

A jornalista realça a forma como se vivem as viagens pontifícias: conversas, fotos e troca de presentes com um Francisco “à solta no avião”. “Nunca passa apressado”, com uma “proximidade pessoa a pessoa”.

Para a especialista da Renascença, a mais do que previsível visita do Papa a Fátima, em 2017, vai deixá-lo “surpreendido”.

 

 

Qual o valor teológico dos meios 
de comunicação social?

Na continuação do artigo da passada semana, iremos observar um pouco mais aquilo que o magistério da Igreja tem escrito sobre as novas tecnologias.

“A comunicação entre Deus e a humanidade alcançou a sua perfeição no Deus que se fez homem”. Esse acto de amor da revelação de Deus, juntamente com a adesão e resposta de fé da humanidade gerou um diálogo profundo. Conforme os discípulos pediram “ensina-nos a rezar” (Lc 11, 1), podemos hoje “pedir ao Senhor ensina-nos a comunicar com Deus e com os homens através dos maravilhosos meios de comunicação social”. Os meios de comunicação são uma das melhores maneiras de “alcançar os homens em todas as suas latitudes, superando as barreiras do tempo, do espaço e da língua, possibilitando a formulação nas diversas modalidades existentes na actualidade os conteúdos da fé e os mistérios de Deus revelados plenamente por Jesus Cristo”. Se olharmos para o exemplo de Jesus, verificamos que o legado por Ele 

 

deixado é riquíssimo do ponto de vista da comunicação, dado que “Ele explica as Escrituras, exprime-se em parábolas, dialoga na intimidade das casas, fala nas praças, ao longo dos caminhos, nas margens do lago, nos cimos dos montes” e estimula-nos a imitá-lo: “O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido, proclamai-o sobre os telhados" (Mt 10, 27). Existe, por fim, um momento em que a comunicação se faz comunhão plena: é o encontro eucarístico. Reconhecendo Jesus Cristo ao “partir do pão” os discípulos sentem-se interpelados e estimulados a anunciar a Sua Páscoa e a tornarem-se testemunhas corajosas e alegres do seu Reino (cf. Lc 24, 30-35). Podemos afirmar que “graças à redenção, a capacidade comunicativa é revitalizada e é-lhes dado um novo alento, porque o encontro com o Ressuscitado constitui-os novas criaturas, introduzindo-os agora na nova vida íntima da Trindade Santa, que é um ato de comunicação contínua e constante do amor perfeito e infinito entre Pai, Filho e Espírito 

 

 

 

 

Santo”. A Igreja deve assumir “as oportunidades oferecidas pelos instrumentos da comunicação social dados providencialmente por Deus nos dias de hoje para aumentar a comunicação e tornar o anúncio da Boa Nova da salvação mais claro e incisivo”.

Concluindo, se os meios de comunicação social forem usados pelos crentes com a força da fé à luz 

 

do Espírito Santo, podem contribuir para facilitar a difusão do Evangelho e aumentar os vínculos de comunhão entre as diferentes comunidades, dando assim resposta ao mandamento do Senhor “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15).

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

Livro de bispo pintor convida «a entrar no mistério de Deus»

 

A Paulus Editora lançou este domingo o livro “Imagens de Fé”, preenchido com pinturas de D. João Marcos, bispo coadjutor de Beja, e que se encontram presentes em espaços de culto das Dioceses de Lisboa e de Setúbal. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o prelado salientou que a

 

 

obra e as pinturas “são um convite a entrar no mistério de Deus” através de uma forma de exprimir a fé que está hoje cada vez mais esquecida.

“O percurso que o Ocidente fez levou-nos tão longe da verdadeira iconografia cristã que penso que neste momento é útil um livro como este, 

 

 

 

 

 

ou seja, é um livro que pode ajudar as pessoas a aprofundarem aquilo que veem” referiu.

D. João Marcos assume-se como  “mediador” desta “revelação de Deus aos outros”, mas um mediador “à imagem de São João Batista” que, acerca de Cristo, dizia “é preciso que ele cresça e que eu diminua”. “Um dos problemas sérios que a nossa Arte Sacra tem no Ocidente é exatamente que o mediador cresceu demasiado e tornou opacas as imagens”, complementou.

Ao abrirem este livro, as pessoas encontram quadros como “A Páscoa do Senhor”, uma obra que vai ao encontro do tempo que a Igreja Católica se prepara para viver. “Há um primeiro olhar, gosto, não gosto, e depois começam a surgir interrogações (…) e portanto isto vai educando as pessoas para compreenderem que há um discurso catequético e teológico em cada uma destas imagens”, aponta D. João Marcos.

O bispo pintor reconhece que os seus quadros encerram apenas “uma abordagem entre muitas outras que se podem fazer”, no entanto destaca a importância da arte enquanto 

 

 

forma de “evangelização”.

“Aquilo que evangeliza verdadeiramente, antes de mais nada, ao nível de uma pré-evangelização, é o testemunho. Estas imagens evangelizam porque são testemunho, de uma vivência, testemunho da fé da comunidade cristã”, apontou. Ao mesmo tempo, “podem predispor as pessoas para escutar o anúncio, porque a fé vem de escutar”, frisa D. João Marcos.

O responsável católico enumera também “um outro nível, o da imagem como mediação para a oração”. “Nós precisamos muitas vezes de uma imagem para nos ajudar a entrar no mistério de Deus”, conclui o bispo coadjutor de Beja.

 

 

II Concílio do Vaticano: A obra do padre Américo vista pelo presidente da República

 

 

O maior acontecimento eclesial do século XX, o II Concílio do Vaticano deixou marcas indeléveis na sociedade contemporânea. Nas quatro sessões (1962-1965) desta assembleia magna foram discutidos assuntos essenciais para as relações internas da Igreja e para o diálogo com o mundo.

Apesar do concílio se ter realizado na segunda metade do século anterior, a assembleia magna teve precursores e um deles foi o padre Américo Aguiar, nascido em Galegos, concelho de Penafiel, a 23 de Outubro de 1887, e falecido a 16 de julho de 1956. O novo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu um testemunho emblemático sobre o fundador das casas do gaiato.

“Como cidadão atento aos dramas da infância excluída ou em exclusão num Portugal a converter-se de rural em urbano e metropolitano. Como educador empenhado na primazia da afirmação da criança. Como cristão e sacerdote devotado na concretização das bem-aventuranças, na vivência de uma igreja serva e pobre, na antecipação do que viria a ser o espírito do Concílio Vaticano II”. (Sousa, Marcelo Rebelo de; IN: «O Padre Américo e a Obra da Rua»; coordenação de José da Cruz Santos; Aletheia Editores).

Quando estamos a celebrar os 30 anos (22 março de 1986) da abertura do processo canonização do padre Américo, convém ler os sinais dos tempos deste “homem bom, visceralmente bom”, como o definiu Marcelo Rebelo de Sousa. Para o novo presidente da República

 

 

 Portuguesa, o padre Américo foi um servidor dos outros e um “sacerdote cumpridor das exigências de pobreza, desprendimento, dedicação aos mais sofredores e indefesos, e, dentro deles, às crianças de rua”.

Depois de Miranda do Corvo (1940) e Paço de Sousa (1943) fundará ainda a Casa do Gaiato do Tojal (1948) e a 1 de Julho de 1955 a Casa do Gaiato de Setúbal (um ano antes da sua morte). Mas o «edifício» ainda não estava completo: faltavam os Lares e o Calvário. O primeiro destina-se a uma melhor acomodação dos rapazes que trabalham ou estudam e o segundo 

 

servirá para abrigar doentes incuráveis. O Calvário foi a derradeira Obra. “O canto do cisne. Dizem que o cisne, ao adivinhar a morte, entoa as mais belas melodias da sua vida. Não é, pois de admirar que o Calvário seja a mais bela melodia do Pe. Américo” (In: Ramos, José da Rocha).

Marcelo Rebelo de Sousa conheceu este apóstolo social quando tinha sete anos. Passados 50 do II Concílio do Vaticano, talvez seja a hora de ver, com outros olhos, o papel que este homem desempenhou e que já foi canonizado no coração do povo e no coração do novo presidente da República Portuguesa.

 

 

 

 

Março 2016 

12 de março

. Fátima - Encontro de pais e familiares dos missionários do Verbo Divino (termina a 13 de março)

 

. Porto - Conselho diocesano da Pastoral Juvenil

 

. Coimbra -Encontro dos amigos do Instituto das Servas do Apostolado

 

. Setúbal – Barreiro - Troço do Caminho de Santiago entre Covas de Coina e Barreiro integrado na Semana da Juventude

 

. Évora - Sardoal (Espaço Cá da Terra) -Exposição «Projeto Capela 2016» com os trabalhos realizados pelos alunos do Agrupamento de Escolas do concelho do Sardoal alusivos aos tapetes de flores da Semana Santa e integrada na programação da Semana Santa do Sardoal (até 10 de abril)

 

. Fátima - Reunião da Faculdade de Teologia da UCP

 

. Fátima - Hotel Cinquentenário, 09h45 - Assembleia geral da CNIS

 

 

 

Lisboa - UCP - Sala de Exposições (Piso 2 do edifício da Biblioteca), 10h00 - Colóquio sobre «A História Religiosa no Século XXI. À conversa com André Vauchez» promovido Centro de Estudos de História Religiosa (UCP) e Instituto de Estudos Medievais (FCSH/NOVA)

 

Porto - Centro de Congressos da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos, 10h00 - Reunião nacional da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) com o tema «O Erro Médico»

 

Coimbra - Casa de Formação Cristã, 14h30 - Encontro sobre «Amor e Verdade» promovido pela Comunidade Emanuel

 

Lisboa - Bombarral (Teatro Eduardo Brazão), 15h00 - Encontro de agricultores do Oeste convocado pela Ação Católica Rural (ACR) com a presença de D. Manuel Clemente.

 

Lisboa - Mosteiro de Santa Maria (Lumiar), 15h30 - Conferência sobre «Misericórdia e homoafectividade na Igreja» por José António Almeida e Sofia Madureira e integrada no ciclo «A Misericórdia: um evangelho por habitar»

 

 

 


 

 

Lisboa - Convento de São Domingos, 15h30 - Sessão do curso «Da denúncia do pecado ao anúncio da salvação» orientado por frei Francolino Gonçalves

 

Porto - Paróquia da Senhora do Porto, 15h30 - Conferência quaresmal sobre «A misericórdia na vida familiar» por Jacinto Jardim e promovida pela Paróquia da Senhora do Porto

 

Bragança, 21h00 - Encenação da «Paixão de Cristo» pela Paróquia de São Bartolomeu de Tadim (Braga)

 

Beja - Sines (Centro das Artes de Sines), 21h30 - Concerto «Sempre/Ainda: Ópera sem vozes» integrado no Festival Terras Sem Sombra

 

13 de março

Fátima - Peregrinação da Diocese de Leiria-Fátima ao Santuário mariano

 

Braga – Guimarães - Festival de Música Religiosa integrada nas celebrações da Quaresma (termina a 26 de março)

 

Porto - Casa diocesana de Vilar - Encontro nacional de catequese com o tema «Rico em Misericórdia» (termina a 16 de março)

 

Faro – Sé - Homenagem a monsenhor Joaquim Alves Brás nos 50 anos da sua morte com celebração na Sé de Faro e seguido de colóquio

 

Celebrações dos 50 anos da morte de monsenhor Alves Brás

 

Évora - Coruche (Pavilhão multiusos) - O grupo Pastorinhos de Fátima da Capelania da Santa Casa da Misericórdia de Coruche organiza um concurso gastronómico para todo o concelho intitulado «Uma compota para o Papa Francisco»

 

Bragança - Igreja de Santo Condestável, 10h30 - Celebração dos 150 anos das Irmãs Doroteias em Portugal presidida por D. José Cordeiro

 

Lisboa - Paróquia de Arroios, 14h30 - Encontro sobre «Amor e Verdade» promovido pela Comunidade Emanuel

 

Portalegre – Sardoal, 15h00 -  Procissão dos Passos do Senhor

 

Lisboa - Igreja de Nossa Senhora do Amparo, 15h00 - Apresentação da revista «Semana Missionária» e conversa com o jornalista Joaquim Franco

 

 

 

 

 

 

 

 

Associação dos Médicos Católicos Portugueses vai realizar a reunião nacional no dia 12 de março para analisar o tema ‘O Erro Médico’. Os trabalhos decorrem no Centro de Congressos da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos.

 

Agricultores do Oeste encontram-se com o patriarca de Lisboa no dia 12 de março, no teatro Eduardo Brazão, do Bombarral. A iniciativa é da Ação Católica Rural e da Fundação João XXIII-Casa do Oeste.

 

«Rico em Misericórdia» é o tema do Encontro Nacional de Catequese, que vai decorrer no Porto, entre os dias 13 a 16 de março, promovido pelo Departamento da catequese do Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC)

 

O Instituto Secular das Cooperadoras da Família vai assinalar no dia 13 de março os 50 anos da morte de monsenhor Alves Brás, fundador de um projeto de “promoção e dignificação da mulher e da família”, que nasceu em Casegas, Diocese de Guarda, em 1899.

 

Joseph Weiler, judeu praticante e um dos académicos de direito mais prestigiados do mundo, vai realizar uma conferência a convite da Universidade Católica Portuguesa sobre “O Julgamento de Jesus”. A “grande conferência” vai decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, dia 14 de março, às 18h00.

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

10h30 - Oitavo Dia

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 20h30

Domingo, 13 de março - Terceiro aniversário do Pontificado de Francisco. Análise de Adriano Moreira

 

RTP2, 15h00

Segunda-feira, dia 14 - Entrevista de apresentação da recriações da Semana Santa pelo Grupo Gólgota

 

Terça-feira, dia 15 - Informação e entrevista a Pedro Duarte Silva sobre o III Encontro Nacional de Leigos

 

Quarta-feira, dia 16- Informação e entrevista Conceição Vieira sobre monsenhor Alves Brás.

 

Quinta-feira, dia 17 - Informação e entrevista ao padre Eduardo Novo sobre a Pastoral Juvenil

 

Sexta-feira, dia 18 - Entrevista de análise à liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, dia 13 de março - 06h00 - Três anos de Pontificado do Papa Francisco

 

Segunda a sexta-feira, 14 a 18 março - 22h45 - Quaresma: o puzzle da Misericórdia; acampanha ZAP; livro "Aprender a Perdoar"; Conferência o "perdão e o pecado"; Perdão com o padre Francisco Pereira

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 5.º Domingo da Quaresma

 
 
 
 
 
 
 
Convertidos ao amor de Deus no acolhimento do próximo
 

Estamos no quinto domingo da Quaresma, quase a terminar este precioso tempo de intensa renovação das nossas vidas em Cristo. No seguimento do apelo à misericórdia, no domingo passado, somos hoje convidados a pormo-nos de pé e a viver de maneira diferente: “vai e não tornes a pecar”. Convite permanente à conversão!

No Evangelho, Jesus é posto face à Lei e diante de uma mulher a qual, segundo a Lei, deveria ser delapidada por ter sido apanhada em flagrante delito de adultério. Jesus não rejeita a Lei, pede apenas aos escribas e fariseus para a colocar em prática, com a condição de começarem a ter um olhar sobre a própria vida antes de olhar a mulher e de a condenar. Acabam por se retirar, reconhecendo-se pecadores, a começar pelos mais velhos.

Jesus, que não tem pecado, até podia lançar a pedra, mas não o faz. Ele veio para salvar, não para condenar. Pedindo à mulher para não voltar a pecar, dá-lhe nova oportunidade. Para Jesus, ela não é apenas uma mulher adúltera, é alguém capaz de outro sentido na vida. Oferecendo-lhe a sua graça, agraciou também os escribas e os fariseus, colocando-os no caminho da conversão, eles que tinham aberto os olhos não somente sobre a mulher, mas sobre si próprios.

Este episódio do Evangelho sinaliza toda a liturgia da Palavra de hoje que nos fala, de modo sempre novo, de um Deus que ama e cujo amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para chegar à vida nova, à ressurreição.

A primeira leitura de Isaías diz-nos que Ele acompanha com solicitude e amor a caminhada do seu Povo para a liberdade, o mesmo caminho que somos chamados a percorrer hoje.

 

 

 

 

 

 

Na segunda leitura, Paulo desafia-nos a libertarmo-nos do lixo que impede a descoberta do fundamental: a comunhão e a identificação com Cristo, princípio da nossa ressurreição.

Mais uns dias em Quaresma, até ao próximo domingo de Ramos. Ao longo desta semana, a convite de Jesus, olhemos a nossa situação de pecado e abramos o coração ao amor de Deus e ao acolhimento do próximo.

Como Igreja que somos, procuremos fazer das nossas comunidades cristãs espaços abertos e acolhedores 

 

daqueles que habitualmente são excluídos e considerados lixo. Aos olhos de Deus, todos valem, ninguém fica de fora. Como nos pede o Papa Francisco, de quem celebramos três fecundos anos de ministério apostólico, procuremos ser, como pessoas e comunidades cristãs, autênticos oásis de misericórdia, procuremos ser Igreja cada vez mais unida no amor e na misericórdia, no diálogo e na reconciliação.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Dar bom conselho, ensinar os ignorantes
e corrigir os que erram

 

O cardeal-patriarca de Lisboa apresentou uma reflexão sobre as três primeiras Obras de Misericórdia Espirituais e pediu que se “ofereçam aos irmãos, aos outros” para que não fique tudo “muito informe e desconforme” na sociedade e comunidades cristãs. “Nós estamos todos num caminho comum como sociedade, como Igreja para os que somos cristãos, por isso, devemos este aconselhamento uns aos outros”, 

 

assinalou D. Manuel Clemente, num vídeo partilhado pelo Patriarcado de Lisboa.

O prelado, sobre a primeira Obra de Misericórdia Espiritual, frisa que não se desista de “partilhar com os outros” o que cada um sabe que “é bom e, certamente fará bem a todos”, para que as pessoas, “devidamente, aconselhadas não corram demasiados riscos e acertem no caminho da sua vida”. “O que é que seria de nós se 

 

 

 

 

 

 

não tivesse havido na nossa vida tanta gente a dar-nos conselhos que são bons, que são comprovadamente bons, porque foram para essas pessoas e nós também verificamos que são bons para a nossa vida”, sublinhou.

“Muitas pessoas não fazem melhor porque ninguém lhes ensinou”, comentou o cardeal-patriarca sobre ‘ensinar os ignorantes’.

“Às vezes, temos na nossa sociedade e na nossa cultura um descaso muito grande em relação a estes pontos, isto é, cada um aprenda por si, cada um faça como entender, cada um siga, ou não, a sua vida conforme calhar”, alertou o prelado, apelando a que casa um seja para os outros “uma pedagogia completa”.

Segundo D. Manuel Clemente, a sociedade, a começar pelas comunidades cristãs, deve ser vista como “ocasião de crescer em 

 

 

conjunto”, com o melhor que a humanidade conseguiu para si”. “Para nós cristãos com o melhor que a revelação divina não deixa de oferecer na vida e nos ensinamentos de Jesus, corrigindo, apoiando, estimulando, só assim iremos em frente numa sociedade e cultura realmente solidárias”, referiu no apontamento catequético quaresmal.

O cardeal-patriarca de Lisboa, sobre ‘corrigir os que erram’ revelou que, com a primeira obra de misericórdia espiritual, é a “aplicação concreta da caridade cristã”, tendo usado como exemplo o Evangelho. “Quando Jesus fala na correção fraterna: Se o teu irmão estiver mal, proceder mal, vai ter com ele a sós, não murmures, não fales com terceiros, vai ter com ele a sós a chama a atenção para que ultrapasse o que fez mal, esse passo que fez mal”, desenvolveu no quarto vídeo sobre as Obras de Misericórdia.

 

A 15.ª Romaria Feminina de Santa Clara sai este sábado na Ilha de São Miguel, iniciando com a celebração de uma eucaristia na igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Lajedo, com a passagem pela "Porta Santa". “É intenção desta Romaria, levar estas mulheres a redescobrirem como Deus é rico de misericórdia para connosco mas, sobretudo, fazer-se sentir que a misericórdia de Deus leva-nos à prática da misericórdia com os outros”, explica numa nota a organização, que tem como assistente espiritual o padre Norberto Brum.

 

 

 

Confissão: Um momento para dois amigos fazerem as pazes

 

Fátima, o designado altar do Mundo, é lugar de eleição para muitos crentes se confessarem. É lá que se encontram com disposição, com tempo, com ambiente ou simplesmente têm o serviço de sacerdotes disponíveis para confessar. Um deles é o capelão do santuário, o padre Francisco Pereira, com quem a ECCLESIA falou a propósito do sacramento da reconciliação.

“De há uns seculos para cá criou-se uma imagem de um tribunal, dizia-se

 

 

que era o tribunal da consciência, insistiu-se muito no carácter jurídico da reconciliação.

E quando hoje abordamos o sacramento da reconciliação como um encontro entre dois amigos que querem fazer as pazes, as pessoas transformam-se,” explica ao microfone da ECCLESIA.

Já antes da ordenação sacerdotal Francisco Pereira pensava que as pessoas precisam de ter alguém em quem confiam. Em conversa cita 

 

 

o exemplo do “barman, que serve de confidente e quase confessor às pessoas que, com a libertação da bebida, contam as suas desgraças e tristezas” ou o “papel dos psicólogos que vai crescendo cada vê mais nesta sociedade”.

Na sua opinião “a confissão é este acolher o outro, não castigar ou ser um tribunal mas ser sinal de Misericórdia, de carinho com que Deus nos acolhe”.

No santuário de Fátima esta é a principal preocupação, ser lugar de acolhimento, “ser rosto do Amor e da Misericórdia de Deus”. O padre Francisco Pereira entende que depois de uma confissão, a experiência “passa de pessoa para pessoa, dão testemunho de como encontram Deus aqui em Fátima, de como se reconciliam”.

O sacerdote capelão do Santuário de Fátima entende que é na família que se deve começar a praticar o perdão.

“Eu penso que, em primeiro lugar, é na Família que tem de acontecer a própria reconciliação, compreendermo-nos como falíveis, mas que queremos crescer em conjunto e que somos capazes de perdoar. 

Pedir desculpa ou perdão a alguém é muito difícil, mas ainda é mais difícil com quem conhecemos bem, como com o marido, a esposa, os filhos ou os pais. É aqui que temos de aprender 

 

a cuidar uns dos outros, a perdoar para crescer como pessoas”, refere.

O padre Francisco Pereira passa muitas horas do seu dia no serviço de confissões existente no santuário, antes de começar existe uma preparação.

“Quando chego ao confessionário a primeira coisa que faço é rezar a Deus para conseguir acolher aquelas pessoas, para que me ajude a dar lhes a força necessária para que possam renovar a sua vida.

Esta experiência de vida ajuda-me a ser um verdadeiro ministro da Misericórdia, porque as pessoas vêm com o peso dos seus pecados, muitas vezes afastadas de Deus vários anos e nem sempre conseguem explicar porque estão ali.

O sacerdote confessor explica que a “única resposta que tem é a Misericórdia de Deus, dizer que Deus ama, seja em que situação a pessoa esteja” e que o mais importante é que as “pessoas percam o medo de se reconciliar com Deus, da fé e de arriscar tudo por Deus”.

Consciente de que as pessoas que se confessam no Santuário não têm muitas das vezes um acompanhamento posterior, o padre Francisco Pereira entende que aquele momento de reconciliação seja um “tempo forte” e um encontro sem medos, um bom convite para este Ano da Misericórdia. 

 

 

Histórias de sobreviventes de um bairro cristão em Alepo

As lágrimas de Rose

Uma chuva de morteiros iluminou o céu e fez estremecer o chão. As casas – o que resta delas – desfizeram-se em pó. O estrondo dos rebentamentos sufocou gritos de dor, de desespero. De morte. O ataque, na quarta-feira, dia 17 de Fevereiro, ao cair da tarde, apanhou quase toda a gente de surpresa pela violência com que o bairro foi atingido.

A casa de Faoud Banna colapsou esmagando este jovem de apenas 13 anos e deixando os seus pais gravemente feridos. Na sexta-feira seguinte, numa pequena cerimónia, o bairro despediu-se de Faoud. O Arcebispo Jean-Clément Jeanbart fez questão de participar no funeral. Da família mais chegada, apenas a irmã de Faoud esteve presente. Todos os outros já morreram ou abandonaram a cidade. Rose, de 17 anos, chorava a morte de Faoud Banna e só pedia ao Arcebispo que não deixasse morrer os seus pais. Eles são tudo o que lhe resta. “Padre, por favor, peça a Deus que salve, que cure, os meus pais!”

Este ataque contra o bairro cristão de Alepo foi apenas a mais recente tragédia que se abateu sobre a 

 

cidade. Por ali, todos estão de luto, todos têm, como Rose, os olhos marejados de lágrimas. Há mais de quatro anos que é assim todos os dias. As bombas rompem os céus num silvo que anuncia a morte e estatelam-se em sangue no chão em ruínas. Os bairros cristãos têm sido particularmente visados. A cidade desapareceu. Estatelou-se no chão, em camadas de destroços que não permitem imaginar a urbe de outrora, cheia de sons, de gente, de cores, de alegria. Cheia de vida. Hoje, cheira a morte. Noutra ponta da cidade, o Bispo Abou Khazen, vigário apostólico de Alepo, dá-nos conta de como a tragédia já faz parte do quotidiano. “Um destes dias – conta o prelado à Fundação AIS – um rapaz perguntou-me porque tinha de estudar.” Abou Khazen estranhou a pergunta mas o rapaz, também de 13 anos como Faoud Banna, atalhou a conversa com uma observação seca que calou logo ali os argumentos do Bispo: “eu vou morrer”.

 

 

 

Devastação total

Maria Guadalupe tem 41 anos, é argentina e pertence ao Instituto do Verbo Encarnado. Foi para Alepo quando tudo começou. Nunca tinha escutado o som de um tiro e foi logo parar no meio de uma guerra. Desde então, já viu a morte muito perto, mas insiste em ficar. Não é uma questão de coragem, mas sim de dever, de estar onde mais precisam da sua ajuda. Alepo está desfigurada. As lâmpadas estão apagadas, as torneiras não têm água, 

 

as populações têm fome e precisam de ajuda, de cuidados médicos imediatos. Rose, a irmã de Faoud Banna, parece que carrega já todo o sofrimento do mundo nos seus ombros. Neste momento, para ela, só uma coisa conta: que Deus possa salvar os seus pais. As suas lágrimas são também sinal de desespero. Como pode uma rapariga de apenas 17 anos sobreviver sozinha numa cidade destruída como Alepo?

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

Angola, Espiritanos há 150 anos

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Os Espiritanos chegaram a Angola há 150 anos. A história da Missão deste país lusófono escreve-se muito com os pés, as mãos, a boca e coração destes Missionários que foram anunciando o Evangelho nestas paragens da África austral.

A história não engana e as estatísticas o comprovam: largas centenas de Espiritanos foram dando à costa angolana, chegando de barco, após longos dias de luta contra marés e ventos no Atlântico. Nos últimos tempos, pararam os barcos paquetes de passageiros e os Missionários aterraram em Luanda, idos de muitos aeroportos.

Os Espiritanos portugueses escreveram páginas significativas na história da Igreja em Angola. Muitos lançaram as bases de comunidades cristãs vivas. Construíram Missões, Hospitais, Escolas, Oficinas. Lavraram, cultivaram e ensinaram a trabalhar campos e florestas. Dedicaram-se de alma e coração á formação de Padres para que as Dioceses nascessem e tivessem o seu Clero local. Trabalharam lado a lado com Espiritanos idos de outras paragens do mundo, bem como membros de outras Congregações, masculinas e femininas.

Leigos competentes são decisivos para o presente e futuro de qualquer nação. Também em Angola, os Espiritanos investiram muito na formação de quadros locais que podem assegurar o presente e o futuro deste novo país africano.

O desenvolvimento é sempre vital. Apostar na educação, na saúde, nas artes e ofícios, na agricultura… é garantir a sustentabilidade de

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 uma terra e de um povo. Nestas dimensões são visíveis as preocupações dos Espiritanos ao longo de uma presença efectiva e interveniente de 150 anos.

São novos os tempos que a Congregação do Espírito Santo vive em Angola. Foi conquistando o coração do povo e fazendo surgir vocações locais. Tem hoje um grupo muito significativo de membros, bem

 

 

 

como de candidatos a fazer caminho nesta família missionária.

13 de Março é dia grande em Angola. Aqui em Luanda encerra-se o Jubileu destes 150 anos de presença de Missionários do Espírito Santo por terras angolanas.

Dou graças a Deus por tantas vidas dedicadas à Missão.

 

 

 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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