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Paulo Rocha |
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Via-sacra hoje
Paulo Rocha | Rita Figueiras Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques |
Marcelo e Francisco |
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Paulo Rocha
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Poucos dias após ter iniciado o mandato como presidente da República, as comparações entre Marcelo Rebelo de Sousa e o Papa Francisco foram imediatas. “Proximidade” e “afetos” são marcas de um pontificado que a atual presidência está determinada em incluir. Quando anunciou a candidatura às eleições presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se à mensagem do Papa Francisco para dizer que "ninguém se salva sozinho" e que é preciso “construir pontes”. Depois, no dia da vitória eleitoral, prometeu particular atenção aos que “vivem nas periferias da sociedade, de que fala o Papa Francisco”.
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Por ocasião do terceiro aniversário da eleição do cardeal Bergoglio, já como presidente da República Portuguesa, enviou felicitações ao Papa pelo seu “luminoso magistério”. Em Roma, antes de se deslocar ao Vaticano, Marcelo Rebelo de Sousa |
contextualizou afinidades que se vão notando, entre o presidente e o Papa. “O Papa Francisco retoma muito da tradição do Concílio Vaticano II, que marcou a minha juventude”. E acrescentou que, “na simplicidade da sua vida, na simplicidade das suas palavras, tem sido uma luz muito importante num tempo de guerra, de injustiça, de confronto”. Mais do que referenciar aspetos comuns, as correspondências entre os líderes decorre sobretudo do “objeto” das suas lideranças: a aposta na relação com o outro, no compromisso em criar proximidade com todos. E o relevante estará certamente aí: no potencial transformador que decorre de um serviço, na Igreja e na sociedade, em proveito de todos e do bem comum. Por isso, facilmente vemos corresponder palavras e gestos de acolhimento de todos com discursos que apelam unidade nacional, propostas de misericórdia com a procura do fim da crispação ou a inclusão de cada diferença numa comunidade global crente com a valorização da identidade pessoal e nacional de um povo. A convergência de todas as diferenças no bem do outro E em causas comuns faz com que todos sejamos cada vez mais parecidos. Por isso este pontificado é luminoso. A presidência começa a ser. |
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Foto de arquivo datada de 20 de abril 2010 do ator português Nicolau Breyner durante o ensaio do espetáculo comemorativo dos 50 anos de carreira, em Lisboa. O ator e realizador Nicolau Breyner, 75 anos, morreu em casa, a 14 de março, em Lisboa . ANDRE KOSTERS/LUSA |
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"À imprudência orçamental de hoje vai corresponder o plano B amanhã. O doutor António Costa faz hoje o que o engenheiro José Sócrates fez em 2009. Dá o que tem e o que não tem para, a seguir, cobrar em dobro o que deu antes" Líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, no encerramento da discussão do Orçamento do Estado para 2016, Assembleia da República, 16.03.2016
"A esperança que eu tenho é que o PSD vença o rancor e o azedume, consiga chegar ao tempo presente, tem muito futuro à sua frente e se liberte desta prisão do passado em que se deixou fechar" (…), "o CDS tem dado um bom exemplo" Primeiro-ministro, António Costa, Assembleia da República, 16.03.2016
“Poucos atores portugueses tiveram uma atividade tão diversa e rica, mas sempre valorizada pela componente autoral de que [Nicolau Breyner] não abdicou e que fez questão de considerar essencial na sua vida” Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), 14.03.2016
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Presidente «muito feliz»
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O presidente da República Portuguesa mostrou-se “muito feliz” após ter convidado o Papa a visitar o país, em 2017, durante uma audiência privada que decorreu no Vaticano esta quinta-feira. “Tive oportunidade de entregar a sua santidade o convite formal do Estado português para a visita em 2017 a Portugal, por ocasião do centenário das aparições de Fátima”, disse aos jornalistas, após o encontro. O chefe de Estado disse “não estar autorizado” para dizer publicamente qual a resposta do Papa, que “recebe muitos convites”. |
“O máximo que posso dizer é que sai muito feliz da audiência. Com isto, penso que respeito exatamente o teor da audiência, nos termos em que ela decorreu”, acrescentou. O Vaticano revelou que o Papa e o presidente da República abordaram o “debate” que está em curso na sociedade portuguesa sobre “a dignidade da vida humana”. O comunicado oficial divulgado após o encontro entre Francisco e Marcelo Rebelo de Sousa sublinha o facto de esta ter sido a primeira viagem ao estrangeiro após a tomada de posse presidencial. |
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“Evidenciou-se o apreço pelas boas relações entre a Santa Sé e Portugal, bem como o contributo que a Igreja dá à vida do país, dedicando uma referência especial ao debate na sociedade sobre a dignidade da vida humana e sobre a família”, pode ler-se.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o Papa manifestou “muito apreço” pelos portugueses, recordando a sua "vocação universal". O presidente da República ofereceu ao Papa Francisco uma coleção de seis casulas desenhadas por Siza Vieira e um Registo de Santo António de uma coleção privada de Marcelo Rebelo de Sousa. Francisco ofereceu a Marcelo Rebelo de Sousa a edição em português da encíclica “A Alegria do Evangelho” e do documento do Papa sobre “o cuidado da casa comum”, um medalhão do seu pontificado com dois ramos de oliveira entrelaçados, símbolo da paz. Marcelo Rebelo de Sousa visitou a Basílica de São Pedro, rezou diante do túmulo de São João Paulo II e admirou as pinturas da capela Sistina.
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Diocese de Angra tem novo bispo |
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D. João Lavrador sucede desde terça-feira a D. António de Sousa Braga como bispo da Diocese de Angra, após o Papa ter aceitado a renúncia deste último, revelou a Nunciatura Apostólica, em nota enviada à Agência ECCLESIA. D. João Lavrador, que a 29 de setembro de 2015 tinha sido nomeado por Francisco como coadjutor da diocese açoriana, com direito à sucessão, torna-se assim o 39º bispo de Angra. O Papa aceitou a renúncia de D. António de Sousa Braga no dia em que este completou 75 anos, em conformidade com o cânone 401 do Código de Direito Canónico, o qual determina o pedido de resignação do bispo diocesano que atinja essa idade. D. João Evangelista Lavrador, de 60 anos é natural de Mira, Distrito de Coimbra e tomou posse como coadjutor da Diocese de Angra no dia 29 de novembro, diante do Colégio de Consultores, numa cerimónia em que participou o Núncio Apostólico da Santa Sé, em Lisboa, D. Rino Passigato. A sua entrada como bispo residencial da diocese açoriana é automática, de acordo com o cânone 409 do Código de Direito Canónico: “Vagando a sé |
episcopal, o bispo coadjutor torna-se imediatamente bispo da diocese para a qual fora constituído, contanto que já tenha tomado posse legitimamente”. Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, D. João Lavrador deixa palavras de apreço e “agradecimento” ao agora bispo emérito de Angra. Durante estes quase vinte anos, refere, “foi marcante a sua ação pastoral junto dos sacerdotes, dos diáconos, dos consagrados e dos leigos”, sublinhando a “manifesta proximidade e sintonia com as pessoas, qualquer que fosse a sua condição, e a sua capacidade de diálogo com as diversas instituições públicas”. A Diocese de Angra vai “oferecer um gesto de reconhecimento e de gratidão” ao agora bispo emérito numa celebração a realizar no próximo dia 30 de junho. |
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Bispos rejeitam legalização da eutanásia |
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A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) divulgou uma nota para contestar uma eventual legalização da eutanásia no país, rejeitando soluções que coloquem em causa a “inviolabilidade” da vida. “Não pode justificar-se a morte de uma pessoa com o consentimento desta. O homicídio não deixa de ser homicídio por ser consentido pela vítima: a inviolabilidade da vida humana não cessa com o consentimento do seu titular”, refere o texto do Conselho Permanente da CEP, enviado à Agência ECCLESIA. A nota pastoral, intitulada ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’, começa por recordar o debate em curso na Assembleia da República e na sociedade sobre estas matérias. Os bispos criticam a “atitude simplista e anti-humana” de quem embarca em soluções tidas como “fáceis”, sublinhando que “não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre”. “Pode afirmar-se que a eutanásia é uma forma fácil e ilusória de encarar o sofrimento, o qual só se enfrenta verdadeiramente através damedicina paliativa e do amor concreto para com quem sofre”, sustentam. Para CEP, a legalização da eutanásia e |
do suicídio assistido seria uma mensagem com “graves implicações sociais” na forma de encarar a doença e o sofrimento. “Há o sério risco de que a morte passe a ser encarada como resposta a estas situações, já que a solução não passaria por um esforço solidário de combate à doença e ao sofrimento, mas pela supressão da vida da pessoa doente e sofredora, pretensamente diminuída na sua dignidade. E é mais fácil e mais barato. Mas não é humano!”, pode ler-se. Os responsáveis católicos assinalam que alguns doentes, de modo particular os mais pobres e débeis, poderiam sentir-se “socialmente pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem ‘a mais’ ou ‘um peso’”. Os bispos católicos equiparam a eutanásia ao suicídio assistido, distinguindo estas práticas da “obstinação terapêutica. Ler também: 26 respostas contra «absurdo» do direito a morrer |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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D. Jorge Ortiga elogia ciclo de conferências «Nova Ágora» |
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Novo bispo auxiliar na Diocese do Porto
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Madre Teresa de Calcutá
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O Papa Francisco anunciou que a canonização de Madre Teresa de Calcutá vai ser celebrada a 4 de setembro. A decisão foi tomada depois de um consistório (reunião de cardeais) ordinário para votar cinco causas de canonização, a 15 de março. Em dezembro de 2015 foi anunciado que o Papa aprovou um milagre |
atribuído à intercessão da Beata Teresa de Calcutá, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1979. A Congregação para a Causa dos Santos (santa Sé) concluiu em julho de 2015 as investigações sobre a cura miraculosa de um homem brasileiro, de 35 anos, afetado por uma grave doença no cérebro, que se curou de |
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uma forma tida como inexplicável. Ganxhe Bojaxhiu, a Madre Teresa, nasceu em Skopje (Macedónia), pequena cidade com cerca de vinte mil habitantes então sob domínio otomano, a 26 de agosto de 1910, no seio de uma família católica que pertencia à minoria albanesa, no sul da antiga Jugoslávia. A 25 de dezembro de 1928 partiu de Skopje rumo a Rathfarnham, na Irlanda, onde se situa a Casa Geral do Instituto da Beata Virgem Maria, para abraçar a Vida Religiosa, com o ideal de ser missionária na Índia. Acabou depois por embarcar rumo a Bengala, passando por Calcutá até Dajeerling, numa casa da Congregação fundada pela missionária Mary Ward, onde escolheu o nome de Teresa. O seu trabalho nas ruas de Calcutá centrou-se nos pobres da cidade que morriam todas as noites, vestida com um sari branco, debruado de azul, a imagem com que o mundo se habituou a vê-la. Quando visitou a Índia, em 1964, Paulo VI recebeu pessoalmente Madre Teresa e 22 anos depois João Paulo II incluiu, no programa da viagem apostólica àquele país, uma visita à «Nirmal Hidray» - a “Casa do Coração Puro” – fundada pela religiosa e |
conhecida, em Calcutá, como a “Casa do Moribundo”. A futura santa esteve três vezes em Portugal, a acompanhar os primeiros passos da Congregação das Missionárias da Caridade. A religiosa faleceu a 5 de setembro de 1997, na casa geral da congregação que fundou, em Calcutá, aos 87 anos de idade. Foi beatificada por João Paulo II a 19 de outubro de 2003, depois de o Papa polaco ter autorizado que o processo decorresse sem esperar pelos cinco anos após a morte exigidos pela lei canónica. Além de Madre Teresa, serão canonizados a 5 de junho de Estanislau de Jesus Maria da Polónia (1631-1701), fundador da Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição da Beatíssima Virgem Maria; ea sueca Maria Elisabeth Hesselblad (1870-1957), fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida. A 16 de outubro, o Papa vai presidir às canonizações de José Sánchez del Río, mexicano (1913-1928), martirizado aos 14 anos durante a perseguição religiosa no México; José Gabriel del Rosario Brochero (1840-1914), conhecido como o ‘Cura Brochero’, que percorreu a Argentina numa mula para levar a mensagem do Evangelho no século XIX. |
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Papa pede portas e corações abertos
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O Papa Francisco apelou ao acolhimento de todos os que são “forçados a deixar a pátria”, exemplo de situações, como “a solidão, o sofrimento e a morte”, que fazem as pessoas sentir-se “abandonadas por Deus”. “Muitos dos nossos irmãos estão a viver neste momento uma situação real e dramática de exílio, longe de sua terra natal, com os olhos ainda nos escombros de suas casas, no coração de medo e, muitas vezes, infelizmente, a dor pela perda de entes queridos”, referiu na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro. Segundo Francisco, nestes casos, podem surgir perguntas, como: “Onde está Deus? Como é que tanto sofrimento cai sobre homens, mulheres e crianças inocentes?” Neste contexto, aos mais de 25 mil fiéis presentes no Vaticano, recordou os migrantes que “sofrem” e quando procuram refúgio noutros países encontram as “portas e os corações fechados, não sentem acolhimento” e ficam na “fronteira”. “Os migrantes de hoje que sofrem, que sofrem a céu aberto, sem alimento, e não |
podem entrar, não sentem acolhimento. Gosto de ver as nações, os governantes que abrem o coração e abrem as portas”, observou. Na audiência intitulada ‘Misericórdia e Consolação’, onde foi lida uma passagem bíblica do Livro de Jeremias, o Papa explica que o profeta dá uma primeira resposta e revela ao povo exilado de Israel que “vai voltar a ver a sua terra e experimentar a misericórdia de Deus”. “É o grande anúncio de consolação: Deus não está ausente, está perto, e faz grandes obras de salvação para aqueles que confiam Nele. Não devemos ceder ao desespero, mas continuar confiantes de que o bem vence o mal e que o Senhor enxugará todas as lágrimas e livra-nos do medo”, desenvolveu. |
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Bento XVI coloca-se ao lado de Francisco
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O Papa emérito Bento XVI elogiou o caminho seguido pelo seu sucessor, Francisco, ao decidir valorizar o tema da “misericórdia”, particularmente importante para a sociedade contemporânea. “Só onde há misericórdia tem fim a crueldade, acabam o mal e a violência. O Papa Francisco está completamente de acordo com esta linha, a sua prática pastoral exprime-se precisamente no facto de falar continuamente da misericórdia de Deus”, disse o Papa emérito, numa rara entrevista divulgada esta quarta-feira pelo jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’. O texto transcreve na íntegra o depoimento de Bento XVI ao jesuíta Jacques Servais, integrado no livro ‘Por meio da Fé. Doutrina da justificação e experiência de Deus na pregação da Igreja e nos exercícios espirituais’ (2016), onde o Papa emérito fala da centralidade da misericórdia na fé cristã. “É a misericórdia que nos move para Deus, enquanto a justiça nos assusta, em relação a Ele. Do meu ponto de vista, isto evidencia que por baixo da camada de autossegurança e da sua própria justiça, o homem de hoje |
esconde um profundo conhecimento das suas feridas e da sua indignidade”, refere. Para Bento XVI, cujo pontificado se concluiu a 28 de fevereiro de 2013, a humanidade atual “está à espera da misericórdia”. O Papa emérito defende que continua a existir uma perceção da “necessidade da graça e do perdão”. “Para mim, é um ‘sinal dos tempos’ o facto de que a ideia da misericórdia de Deus se torne cada vez mais central e dominante”, explicou. Num mundo dominado pela tecnologia, “em que os sentimentos já não contam”, o predecessor do Papa Francisco vê aumentar “a espera de um amor salvífico que seja oferecido de forma gratuita”. “Parece-me que o tema da misericórdia divina exprime de um modo novo aquilo que significa a justificação pela fé”, realça Bento XVI. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Audiência especial no Jubileu da Misericórdia |
O Presidente do Povo |
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Rita Figueiras Portuguesa |
A transferência de competências de poder para instituições supranacionais e a incerteza crescente sobre a melhor forma de resolver os problemas complexos do mundo atual, conduziram os partidos políticos para um terreno comum onde diminuíram as divergências fundamentais sobre questões políticas de princípio. Neste contexto, os partidos começaram a procurar outros meios pelos quais se pudessem diferenciar uns dos outros e o discurso político passou a colocar a ênfase na políticas de confiança, i.e., no carácter e na credibilidade dos políticos. A política de confiança tornou-se, assim, cada vez mais importante e as questões de carácter foram crescentemente politizadas. Os partidos e os seus líderes passaram a retirar dividendos políticos das falhas de carácter (reais ou presumidas) dos seus oponentes e a violação dos códigos de conduta tornou-se uma arma cada vez mais eficaz na luta pela vantagem política. Os cidadãos também ficaram mais atentos ao carácter dos políticos, porque o carácter tornou-se o principal meio de garantir que as promessas seriam mantidas e que as decisões difíceis, em face da complexidade e incerteza da vida contemporânea, seriam tomadas com base num bom julgamento. No nosso país, a política de confiança parece, no entanto, estar a entrar num novo capítulo. Todos nos recordamos das imagens de Marcelo Rebelo de Sousa a pentear a cabeleireira que estava sozinha no seu salão e das mais variadas conversas que teve nas muitas farmácias que visitou durante |
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a campanha eleitoral. Recordamo-nos também do concerto na noite da tomada de posse, onde o Presidente se apresentou de manta no colo e rodeado de crianças aos pulos, e das imagens do PR a receber os portugueses que o quiseram visitar no palácio de Belém no sábado seguinte à tomada de posse. Estas iniciativas, entre muitas outras, demonstram que Marcelo está a introduzir um novo padrão de relação e de comunicação entre a política e os cidadãos – já não basta projetar uma imagem de confiança, é preciso
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também projetar uma imagem de que se gosta dos eleitores e de que se aprecia o convívio com esses mesmos eleitores. O recém-eleito Presidente da República tem, assim, reposicionado a política de confiança, centrando-a na dimensão dos afectos. Esta é uma estratégia do candidato entretanto eleito, mas esta é uma estratégia que não se constrói apenas a partir de Belém. A política dos afectos é uma narrativa escrita a quatro mãos. Sem os media não teríamos um Presidente do Povo. |
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Onde estavas a 12 de março de 2011?!? |
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Carlos Borges
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A pergunta até faz sentido, pelo menos para mim, porque esta semana transportou-me para o Porto. A cidade invicta, afetiva de encantos tamanhos, onde me perco em pensamento, ruas e ruelas. Como uma máquina do tempo viajei até à Via-Sacra da precariedade de 12 de março de 2011, há cinco anos… No Porto, como noutras cidades do país, as ruas foram invadidas pela denominada “geração à rasca” que numa Via-Sacra juntava-se aos magotes não para rezar mas com vozes, cartazes e palavras de ordem, de ânimo, de esperança e desespero, de quem caiu algumas vezes. A “geração à rasca” juntou filhos, pais e avós, famílias inteiras, reformados e pensionistas, desempregados, recibos-verdes e precários. Juntou também a outrora “geração rasca”… Há palavras que parecem querer fazer parte do léxico das palavras “geração” e “rasca”. Nas vozes ouvia-se a música "Parva que sou", dos Deolinda, que se tornou um hino porque os parvos e parvas reconheciam-se. Estavam ali juntos, neste caso, nas ruas do Porto, a protestar contra pelo caminho do Calvário em que se encontravam. Quando os primeiros começaram a chegar à Praça da Liberdade, o que ainda se ouvia na Praça da Batalha não era o eco que subia a Rua 31 de Janeiro, nem o choro de mulheres… Entre outras músicas, ouviam-se também adaptações, como: “O precário no carreiro,/andava desanimado,/ saiu à rua, saiu à rua,/para exigir um contrato.” |
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Sobre as contribuições dos trabalhadores independentes, o Orçamento de Estado 2016, aprovado esta quarta-feira, inclui propostas dos partidos mais à esquerda, do centro do hemiciclo do Parlamento Português, e ainda tiveram o voto favorável do CDS. Segundo o jornal ‘Público’, durante este ano, o objetivo é que os descontos exigidos sejam “calculados com base nos rendimentos efetivamente auferidos pelos contribuintes e não, como acontece, tendo em conta os rendimentos do ano anterior (podendo os trabalhadores pedir para mudar de escalão duas vezes no ano).”
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Em outubro de 2015, o Instituto Nacional de Estatística informava, sobre dados relativos a 2014, que 130 mil trabalhadores portugueses estavam a recibos verdes, mais do dobro (+122%) dos 58,6 mil portugueses que estavam nesse regime em 2000. Recibos verdes de “todo o mundo”, uni-vos!! Ah, e, já agora, sobre o Porto, cito o seu presidente, Rui Moreira: “O Porto é uma cidade que as pessoas precisam de conhecer para compreender. Não se consegue explicar tão facilmente como outras cidades... porque o Porto é uma cidade de recantos.” |
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Dor, sofrimento, morte. Palavras inseparáveis do percurso de Jesus com a cruz às costas para ser crucificado. Dor, sofrimento, morte. Palavras tantas vezes ditas num quotidiano inesperado, na surpresa do que acontece a um familiar, a um amigo. Mas dor, sofrimento, morte não são as palavras últimas. São passagens para a vida e dão-lhe sentido. Assim aconteceu com Cristo, nas 15 estações da via-sacra. Assim acontece com mulheres e homens dos tempos de hoje, nas suas via-sacras. Nas páginas seguintes, contamos 15 estações de hoje, entre muitíssimas outras.
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"Crucifica-o!" dizia a multidão, «Que mal fez Ele?» perguntava Pilatos. Hoje as multidões continuam a condenar inocentes e Que mal fizeram eles?
Milhares de refugiados chegam à Europa e em todas as fronteiras ecoam gritos de ajuda, contudo crescem as vozes que apelam à construção de muros para os impedir de entrar. Vidas destruídas pela guerra, que procuram um abrigo, um futuro mas que são abandonadas às portas da Europa. Uma Europa isolada por muros que crescem também nos nossos corações devido ao medo que nos torna indiferentes ao sofrimento destes irmãos.
E os nossos idosos? Condenados à solidão, esquecidos, considerados um fardo. O modo de tratar os idosos diz muito sobre o humanismo de uma sociedade e quando os descartamos, descartamos a história de um povo, perdemos a nossa capacidade de amar e ficamos mais pobres.
É urgente deixarmos o egocentrismo e medo que nos levam a ignorar quem sofre. É necessário revoltarmo-nos contra estas condenações, e abrirmos o coração à misericórdia.
Comunidade de Sant'Egídio Portugal |
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Foto 1: Amizade com os idosos no serviço de apoio da Comunidade de Sant´ Egídio no lar de Santo António da Maia.
Foto 2: Os corredores humanitários, um acordo alcançado em Dezembro de 2015 entre o governo italiano, a Comunidade de Sant'Egidio, a Federação das Igrejas Evangélicas na Itália (FCEI) e as Igrejas Valdesas e Metodistas, são uma forma concreta de criar caminhos de salvação e acolhimento para os refugiados. |
«Se alguém quiser seguir-Me, tome a sua cruz e siga-Me (Lc 9, 23).
Tu sabes, Senhor, como me foi entregue a mais recente das minhas cruzes: chegou-me num papel que o médico empurrou na minha direção. Com o papel, um comentário: «Temos aqui uma dura surpresa».
Li, ergui os olhos para os seus olhos tristes e sorri-lhe. No sorriso embrulhei a serenidade que me tinhas dado na oração da manhã, quando Te disse as minhas suspeitas perante a chamada urgente ao hospital.
Lembro-me de o ver incrédulo e como ganhou coragem para me falar de um cancro agressivo e já deslocalizado. Mas rimos ambos, quando perguntei: «Vamos à luta, doutor? Porque o jogo ainda nem sequer começou!...»
Tu, Senhor, que sabes de cruzes a sério, sabes quanto elas pesam e magoam; quantas lágrimas se misturam ao medo de contar os dias e quantas vezes temos vontade de julgar que são apenas um sonho mau.
Olho o sangue que tiram e fico a desejar que “desta vez” não me digam que piorei. Entro no túnel dos tacs, pets ou tomografias e fecho os olhos para ver estrelas naquele céu cheio de ruídos.
Depois, abro os olhos para a luz e agradeço cada segundo... Hoje peço-Te humildemente, que aceites a minha dor e me ensines e ajudes a vivê-la contigo.
Cónego João Aguiar Campos
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Jesus cai sob o peso da nossa natureza e pecados. O alcoólico cai e recai por fragilidades, lucros alheios gananciosos, bebida e a negação do seu problema. À fraqueza soma o pecado de não aceitar a verdade, não fazer o que pode e ficar caído. Por orgulho nega ser fraco; por cegueira nega o domínio do álcool.
Jesus caído pelos pecados dos homens é a maior ajuda dos frágeis, orgulhosos e pecadores; o alcoólico precisa de se chegar a Jesus para ser curado e ver os danos a si, à família, aos filhos e companheiros.
Jesus, caído, pede-lhe para ser humilde e verdadeiro; para aceitar as ajudas que lhe oferecem; para fazer o que pode. E convida: vinde a mim, vós os carregados do peso do álcool e eu vos aliviarei; a minha queda sob a cruz dos vossos pecados é perdão, leveza e libertação dos caídos. Segui-me e não sereis arrastados pelo peso da bebida e do pecado.
Eu sou o caminho, a verdade e a vida que precisais. Vinde a mim, pedi ajuda, confiai em mim. Eu caminho convosco.
Aires Gameiro Irmão São João de Deus
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O encontro de Jesus com a Sua Mãe, naquela hora em que o amor infinito era provado no sofrimento, foi certamente consolo inigualável para Ele. E como cada gesto, cada palavra, cada olhar de Jesus, é modelo para nós, também este acontecimento é abertura de um maravilhoso caminho em direcção aos braços de Maria. Por isso, esta é a Estação também dos nossos próprios encontros; dos meus encontros…
Mãe, ajuda-me!
Ajuda-me porque os meus pais estão velhinhos e o seu fim de vida está a ser tão difícil… Ajuda-me porque os meus filhos não encontram trabalho… Ajuda-me porque a loucura acelerada do dia-a-dia não me deixa manter a paz interior… Ajuda-me porque estou doente e não consigo manter o sorriso na dor… Ajuda-me porque sofro com este mundo que sofre e não tenho forças para rezar sozinha: pela Paz; pela conversão dos pecadores, nos quais me incluo; pela defesa da Vida ameaçada; pela Família agredida; pelos doentes; pelos pobres; pelos que já partiram… por… por… por…
Mãe, ofereço-te tudo!
Todas as obras e orações, alegrias e tristezas, esforços e esperanças de cada dia… Que tudo seja feito contigo e seja consolo para o teu coração magoado… Que por tuas mãos a minha vida chegue em holocausto de amor ao Pai e se transforme em graças para os meus irmãos…
Mãe, obrigada!
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Obrigada porque estás sempre aqui. Porque és a Mãe que abraça, que consola, que educa, que partilha a vida, os choros e risos, que incentiva e parte comigo em missão… Porque és a Mãe que no meio de tanta fraqueza e miséria me sorri e diz todos os dias que apesar de tudo posso ser santa… Porque és a Mãe que abençoa, e sob o manto do teu amor maternal guardas o mundo inteiro….
Mãe, eu te amo… Perdoa-me por cada vez que no caminho da vida fugi ao encontro contigo, recusando “a minha IV Estação”!
Thereza Ameal
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É Verónica a mulher que, segundo a tradição, com o seu véu, limpa o rosto maltratado de Jesus. Gesto simples, jamais esquecido na memória dos crentes. Lembrando-o, lembramos todos os gestos sinceros, de todas as pessoas, junto dos sofredores, de todos os tempos. Lembramos, de uma forma especial, todos os gestos simples, mas sempre importantes, que ocorrem junto dos que se aproximam do fim da sua vida, os gestos dos profissionais, dos familiares e outras pessoas próximas, e dos voluntários, no contexto dos cuidados paliativos. Tal como Jesus na proximidade da morte, também nós sofremos. Muito desse sofrimento pode ser diminuído, com recursos farmacológicos e não farmacológicos de que dispomos. Gestos como o da Verónica diminuem o sofrimento e ajudam a viver mais intensamente, até ao fim, continuando embora a sofrer ainda, mas de maneira integradora.
Dar atenção ao sofrimento dos que amamos, interiorizá-lo em nosso coração e manifestar o nosso amor em gestos concretos de ternura, simples como os da Verónica, é sermos compassivos. Quando sofremos sozinhos, a vida torna-se difícil; e, por vezes, até perde o seu sentido. Na companhia de quem nos ama, não deixamos de sofrer, mas sofremos de forma diferente. No grande livro da Sagrada Escritura acerca do sofrimento, Job, o sofredor, afirma: “Para Deus correm as lágrimas dos meus olhos” (Job 16, 20). Sempre que as nossas lágrimas correm para alguém, a nossa vida tem sentido. As lágrimas de Jesus correram para o véu da Verónica, e correram sobretudo para o seu coração. As lágrimas de compaixão dela correram para Jesus que as acolheu no seu coração divino, e as transformou em Amor Infinito. Frei Hermínio Araújo Domus Fraternitas
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Passei dias difíceis e amargos como qualquer adito. Foram anos perdidos no mundo da droga e do álcool que me fizeram um dia destroçar toda a minha vida.
Farto de sofrer e dos desgostos que dei a quem me amava, um dia decidi que queria ser feliz. Foi então, que pedi ajuda à Comunidade Vida e Paz. Encontro-me há 16 meses em tratamento, já numa fase de reinserção. Pessoalmente, estou a deparar-me com uma sociedade muito complicada e difícil de se viver. Olho e escuto conversas que me deixam muito desiludido e receoso com o meu futuro. Passo dias e dias de porta em porta a pedir um emprego e uma oportunidade para ser uma pessoa digna. Há momentos em que só me apetece voltar para dentro da minha conchinha e esquecer tudo e todos, mas é nesses momentos que conto com a ajuda da Comunidade, que por várias vezes me deu a mão para que não recaísse. Não está a ser nada fácil, mas sei também que ganhei muitas ferramentas para não pôr tudo a perder… acreditar nas minhas próprias capacidades e sentir que também sou uma pessoa digna, talentosa e que sabe respeitar o próximo! Todos os dias aprendo coisas novas que me vão fazendo crescer, ter maturidade e criar objetivos diários para ir à procura da minha felicidade. Ainda não tenho emprego, mas tenho a minha família, a Comunidade, a minha auto-estima de volta e uma grande fé que vou conseguir dar a volta por cima. A fé e a esperança têm sido o meu grande apoio durante esta minha dura caminhada, um caminho em que vou chegar ao fim com um sorriso nos lábios. Tudo isto, porque sou a pessoa mais importante e mereço um pouco de felicidade!
AR, Comunidade Vida e Paz
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Uma grande multidão seguia Jesus. Muitas mulheres choravam por Ele; e Jesus disse-lhes: "Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, mas por vós e pelos vossos filhos". Lc 23
As mulheres que se compadecem de Jesus revelam o que há de mais humano quando alguém sofre, sobretudo injustamente. O olhar daquelas mulheres era um olhar magoado por um sentimento natural de compaixão. O olhar de Jesus vai mais longe. Jesus quer lágrimas de arrependimento e de verdadeira misericórdia. Chorar por nós mulheres de hoje, é chorar de verdade o pecado do egoísmo, da indiferença, da auto-suficiência que nos leva a pôr Deus de parte e como consequência o amor fraterno.
Mas Chorar por nós, mulheres de hoje é chorar o realismo de tantas mulheres, maltratadas, vítimas de violência doméstica, que sofrem em silêncio para que não haja retaliação nos filhos, para que não falte o pão em casa e não aconteça uma ação de despejo. Se denunciarem são elas que têm que sair de casa, sem terem uma famílias que as acolha e se vão para um centro de acolhimento este é sempre temporário, os filhos são - lhes retirados, e elas ficam à deriva mais aflitas que antes. Cada dia me encontro com mulheres que choram porque o marido chega a casa alcoolizado ou drogado e o diálogo familiar, ou melhor monólogo, é feito de gritos, de violência psicológica e física. Para muitas mulheres o desemprego é uma realidade, o rendimento social de inserção não chega para pagar as contas, o divórcio foi mal resolvido e o pai não dá a pensão de alimentos, nem contribui com nada. Estas mulheres percorrem as outras vias, não sacras, da prostituição, do pequeno tráfico ou do pequeno furto para conseguirem sobreviver.
Outras mulheres, de todos os estratos sociais, vivem em silêncio o drama da infidelidade matrimonial e, pelos filhos e pelo bom nome da família, amassam com as lágrimas, o adultério e as relações extra-conjugais do marido.
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“Chorai pelos vossos filhos” Jesus diz também às mulheres que chorem pelos filhos. E hoje quantas mães que choram pelas dores e sofrimentos dos seus filhos!
Mães, que recebem a notícia de um filho ou filha mortos num atentado. Mães que, a altas horas da noite, recebem a visita da polícia a dizer que o filho foi apanhado a roubar, que cometeu um crime e foi preso… Mães, a quem os médicos disseram que o filho tem uma doença terminal, que não vai sobreviver. Mães, que educaram os filhos na Fé e que agora se mostram indiferente e agnósticos em relação à prática de vida cristã.
Mães refugiadas, que na fuga viram os seus filhos morrerem ou desaparecerem sem deixar rasto. Estar “junto à cruz” destas mulheres é descalçar as sandálias dos preconceitos e testemunhar junto delas a misericórdia do Pai: aconselhar, consolar, corrigir, alimentar, acolher, visitar e orar por elas. Cada dia, na minha oração, coloco no coração do Pai, a via-sacra e as vias não sacras destas mulheres e dos seus filhos.
Não basta lamentar a vida destas mulheres. Temos que nos aproximar delas para promover a sua dignidade e a libertação de tudo aquilo que as oprime e as torna infelizes.
Maria de Fátima Magalhães stj |
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“Quando crucificaram Jesus, os soldados repartiram as roupas dele em quatro partes. Uma parte para cada soldado. Deixaram de lado a túnica. Era uma túnica sem costura, feita de uma peça única, de cima até em baixo. Então eles combinaram: ‘Não vamos repartir a túnica. Vamos tirar a sorte para ver quem é que fica’. Isso era para se cumprir a Escritura que diz: ‘Repartiram minha roupa e sortearam minha túnica’. E foi assim que os soldados fizeram’” (Jo 19, 23-24) .
Ali, Jesus é despojado de suas vestes. Foi despido. Foi privado de algo que o cobria. Foi arrancada a sua roupa. Foi sorteada uma parte. Foi motivo de violência. Foi motivo de gozo. Foi assim. E ficou nu. Ei-lo sem acessórios, sem acrescentos, sem nada. Ei-lo apenas Ele. Só Ele. Perante o nu, eis-nos perante o nada, o vazio, a solidão, o abandono, o sem sentido. Perante os soldados, eis-nos perante os acessórios roubados, as vestes ornadas, os risos de gozo, o conforto do momento. Neste despojamento, identifica-se quem domina e quem é dominado. Neste despojamento, há vencedores e um vencido. Neste despojamento, há conforto de uns e desconforto de outro. Neste despojamento, há história. A história de tantos de quem se aproveita o exercício de um poder prepotente e tirano de outros e que despe, violenta, destrói, escraviza e desumaniza. A história de tantos que se confrontam com o desconforto de si e o conforto de outros. A história de tantos envolvidos em vazio, solidão, abandono e sem sentido perante outros que lhe são alheios. A história de tantos que acontece em casas, ruas e bairros pouco recomendados, hospitais e prisões perante outros que se refugiam em condomínios fechados e em paraísos turísticos e fiscais. A história de tantos que é votada à ocultação e ao esquecimento perante outros que invadem os areópagos da comunicação e das redes socais. A história de tantos considerados sem história perante outros que teimam em contar uma certa história. Mas a história está prestes a mudar. A história já mudou. Para quem ainda não deu conta, ela começou num certo “despojamento” que, despindo de tantas coisas acessórias, pode encher daquilo que é Essencial. Aqui, Jesus é despojado de suas vestes… Paulo Neves, Visitador prisional |
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É uma barbaridade dar a morte a alguém; é barbaridade maior ainda fazer alguém morrer pregado numa cruz! Fizeram isso a Jesus, o Ungido do Pai. Provocar a morte a um ser humano é algo que não está nos nossos esquemas de pessoas civilizadas: a tua vida não me pertence; a minha vida não te pertence; a minha vida não me pertence, como a tua vida não te pertence… Só o Criador é Senhor da vida.
Todos conhecemos muitas espécies de cruzes, e todos sabemos de pessoas amarradas a cruzes, as mais diversificadas: é a cruz da fome e da falta de água; é a cruz dos sem-tecto e dos sem roupa digna; é a cruz das guerras e dos refugiados; é a cruz dos prisioneiros e das vítimas de violências; é a cruz….é a cruz do sofrimento e da dor; do abandono e da solidão; da dependência e do estigma; do ódio e das vinganças, do julgamento e das condenações… Tanta cruz, Senhor! Tanta dor sem medida e sem retorno de explicações tranquilizadoras! Tanta gente pregada a uma cruz sem sentido nem significado! Tanta cruz e tanta dor, sem um olhar de compaixão, de consolação e de alívio: tanta dor, Senhor! Tanta cruz que não é sinal mais, mas sim sinal menos, sem leitura de crescimento e cultura do alto e da libertação! Tanta cruz e tanta dor sem sentido, sem significado, sem justificação… E Tu, Senhor, ali estás, pregado, bem amarrado a uma cruz que não fabricaste nem mereceste.
E há tanta gente a fabricar cruzes para nelas crucificar inocentes; para nelas pregar pobres, mendigos, sem-abrigo, presos, drogados, famintos, foragidos de guerras e tumultos, de intempéries e desastres. Tantas oficinas de cruzes, e tão poucas oficinas de luzes, de sóis, de liberdades, de alturas… Na minha rua existem muros altos, janelas com grades, homens armados a guardar outros homens, seus irmãos! Como se fossem corpos sem sentimentos, |
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nem família, nem futuro; como se fossem máquinas ferrugentas, sem capacidade de conserto; como se fossem múmias sem esperança de ressurreição e de vida. Senhor! O que aconteceu aos Homens? Produzem doenças e recusam-se a tratar os doentes; produzem lixo e recusam-se a cuidar do ambiente; crucificam irmãos e esquecem a dor da mãe que a ambos gerou… Que humanidade, Senhor? Todos se esqueceram que a violência gera violências; que os ódios geram mais ódios; que a solidão gera mais afastamento, mais dor e mais solidão; esqueceram que a prisão gera prisões, e que as cadeias geram cadeias; que a falta de liberdade gera inconformistas e revoltados, e que só a luz gera vidas e é sinal de ressurreição.
Que leis, Senhor? Que leis fabricaram os homens que não libertam, nem convertem, nem reabilitam? Que leis e que sociedades que não perdoam, que julgam e castigam, que condenam e marcam vidas, com sentido tão negativo, que isola e mata? Perdão, Senhor, para os que ainda hoje Te crucificam nos Teus Irmãos, nos meus Irmãos. Em ti, Senhor, pregado na tua Cruz de Vida, eu peço por todos os crucificados, para que ninguém os proíba de sonhar e de acreditar na Ressurreição e na Vida! Ámen.
Padre João Gonçalves, coordenador nacional da pastoral penitenciária |
Jesus Crucificado coloca-nos diante da questão fundamental: Que ideia tenho de Deus? Qual é o Deus no qual acredito? Acredito num Deus feito à minha medida (cfr. Ex 32, 1), um Deus que posso controlar? Ou sou capaz de deixar-me tocar pelo Deus verdadeiro, o Deus que Jesus nos revela em toda a Sua vida e de forma ainda mais plástica em todo o Mistério Pascal?
Diante de Jesus crucificado cada um de nós mostra o que realmente é, mostramos em que Deus confiamos. Diante de Jesus crucificado a gente comum passa meneando a cabeça e injuriando-o (cfr. Mt 27, 39). Já os «importantes» do tempo zombam d’Ele e colocam à prova, pela última vez, a Sua confiança no Pai (cfr. Mt 27, 41-43). Até os salteadores “que estavam com Ele crucificados, o insultavam“ (Mt 27, 44).
A morte de Jesus é tudo menos gloriosa, extraordinária, ele sofre e grita. Grita por Deus, para que se faça presente: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27, 46).
Há muita confusão e Jesus grita, mais uma vez, a alta voz. É um grito sem palavras, um grito misterioso, um grito de confiança, um grito de fidelidade, um grito de entrega, pois “clamando outra vez com voz forte, expirou” (Mt 27, 50).
frei Johnny Freire Silencioso Operário da Cruz |
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(…) É muito elucidativo o facto de não haver terminologia para uma mãe que perde um filho ou uma filha. Parece que a Natureza não contempla essa perda porque mais parece ser anti-Natureza. Todas as perdas tem um nome. A mãe em luto está num processo individual, que provavelmente, a afetará a sua vida para todo o sempre e não terá a identidade de um estado. É um eu partido ao meio. É um laço desfeito. É um grito calado de tantas palavras sem eco. É uma espécie de desintegração do que parecia ser quase uma perfeição. A mãe trouxe carinhosamente no seu corpo-berço o seu menino ou menina durante nove meses como se fossem apenas um numa unificação muito mais que perfeita: eis o milagre da Vida! Aprendeu a conhecer os primeiros movimentos. Estabeleceu uma relação umbilical tão única que tentar descreve-la é ficar sempre aquém. Juntos percorreram um tempo sem tempo que tem o nome de Amor e toca o Céu. Um dia, onde espaço e tempo, deixaram de existir, aquele ser tão seu e tão parte integrante e integradora do seu corpo e da sua alma, deixou de viver. Do impossível à realidade do possível à certeza, e de uma forma mais que avassaladora, o momento toma a mãe no seu todo num estádio entre a perplexidade e a negação. O mundo onde os dois se conheciam e interagiam não existe mais. Interpelada pela dor sem nome a mãe pergunta o porquê e acredita, que um dia, sem saber quando e como, talvez chegue ao para quê. A lonjura fecha-lhe os olhos e uma espécie de cegueira toma conta dela. Começa por sentir que não pode ser verdade olhar e não ver o seu menino sempre sem idade. O pensamento esfuma-se numa espécie de nuvem, já não ouve a sua voz ou choro e o seu cheiro já não será identificado.
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Há o vazio. Há o nada. Há uma ténue Esperança que o Transcendente acolha o seu sofrimento e lhe dê alento para continuar a olhar o dia nas noites sem fim. Há na ausência profunda uma saudade que o Khronos teima em que seja ambivalente. E o tempo do meu menino? E porque me deixaste? E porquê a mim? E porquê tu que eu continuo a amar sem te sentir fisicamente? E que sentido para este não-sentido? E porque não fui eu chamada em vez de ti? E onde te coloco, a ti revolta, que me dominas sem dó nem piedade? Pietá tende Piedade de mim. Senhor olha-me. Entrego-te a minha dor para que a transformes num saber caminhar amputada mas com norte. Tu que soubeste ter o Teu filho Jesus morto nos teus braços e nos olhas e nos vês e nos chamas para partilharmos juntas esta morte. Morri-me também. E só pelo Espirito e através d´ Ele Te tocarei e serei tocada. (…) O luto de uma mãe está muito mais além de um luto. O luto é um processo. É um tempo de clausura onde se reaprende a vida e as circunstâncias de que a mesma é feita. É uma cor onde impera o escuro e se tenta vislumbrar o verde da Esperança. É tempo feito de uma espécie de flutuações que tentam manter a pessoa à tona num mar revolto de dor. É um mastro que norteia versus quem fez a mesma viagem e a possa sentir como sua. É a procura do abraço. Da palavra que não precisa ser dita e do olhar que cruza os corações. É a procura incessante de uma paz. É o desejo de voltar a ser. (…) Maria José Ferrão |
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«Morte e Luto» Culturalmente, falamos de luto quando nos referimos a uma pessoa que perdeu alguém. Na nossa sociedade, luto é sinónimo de morte. Na APELO-Apoio ao Luto, sabemos que o luto, sendo um processo que decorre no tempo de forma mais ou menos prolongada, após uma perda pessoal profunda, tem a sua origem em cinco causas. Estas podem ter origem no afastamento definitivo ou provisório, anunciado ou súbito, de um ente querido, e aí sim, por morte, mas também separação conjugal, emigração, encarceramento; no dano ao amor-próprio, provocado pela ablação do seio, outras amputações ou alterações patológicas do corpo; na perda de expectativa de afeto, como o aborto e o nascimento de um filho deficiente; e na desvalorização social e/ou económica, nomeadamente resultante do desemprego ou do não reconhecimento de qualificações e competências.
Sendo o luto um tema tabu na nossa sociedade, grandemente silenciado quando se trata da morte, tornou-se a missão da APELO, despertar consciências e aconchegar corações para uma realidade que não é assim tão distante, para uma realidade que ficou demasiado próxima. De facto, todos os dias, centenas de famílias em Portugal, vêm o seu mundo, até então perfeitamente planeado, abalado e destruído, quando lhes é comunicada a morte de um ente querido. A solidão por um lado, e o isolamento, por outro, assumem relevância nos seus lutos e a necessidade de falar sobre o familiar perdido como forma de o manter vivo, como forma de se sentirem normalizados, é amordaçada pela pelo dito tabu enraizado culturalmente na sociedade.
Como se quebram tabus?
Falando sobre os atos ou assuntos polémicos que os envolvem. A morte não é um tema fácil, não é um tema agradável, mas é um tema natural, um tema do quotidiano das comunidades. |
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Na APELO, damos voz a quem não consegue falar, para que se escute o que ninguém quer ouvir.
A APELO intervém junto de pessoas, famílias e comunidades em luto aplicando o modelo vivencial, desenvolvido e aprimorado ao longo dos anos pelo fundador desta instituição, o Prof. Doutor José Eduardo Rebelo. Todo o apoio é prestado por Conselheiros do Luto, profissionais especializados, empáticos e eficazes, que ao aplicarem este modelo em contexto de sessão, acompanham a pessoa no seu luto de modo a que esta reconheça a verdadeira dimensão da sua perda. Ao fazê-lo a pessoa consciencializa a intensidade do seu pesar (a mágoa) e enquadra a pressão social que rodeia essa perda (o nojo). Ambas a consciencialização e enquadramento, decorrem do processo de luto, onde várias vivências são experienciadas, tais como o choque e negação ativa da perda, numa fase inicial; a oscilação entre a descrença da perda (prevalência do passado com o ente querido) e o reconhecimento doloroso da perda (imposição do presente sem o ente querido); que inevitavelmente, com o decorrer do tempo, levam à superação da perda, ou superação do luto.
Este “decorrer no tempo” não tem fórmulas e depende sempre da intensidade do vínculo estabelecido com o ente querido perdido. O resultado esperado é só um: que a pessoa em luto volte a sentir a harmonia interior e reaprenda a bem-viver.
Cristina Felizardo, Conselheira do Luto, Diretora e Vice-Presidente da APELO
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Somos testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo através das nossas atitudes para com ALGUÉM que está vivo. Não há cristianismo sem ressurreição, não há vitória sem batalha e não haverá páscoa se não houver mudança. A morte futura já a vivemos hoje, quando dizemos não a muita coisa, nas renúncias, opções, conversões…. Do mesmo modo a ressurreição futura pode ser antecipada e saboreada aqui e agora. Na esperança já somos ressuscitados. Jesus Cristo, ao ressuscitar, alarga o horizonte do nosso viver. Em tudo o que vivemos e fazemos há um gérmen de ressurreição.
Sempre que eu passo da morte para a vida, da mentira para a verdade, das trevas para a luz, sempre que eu passo do pecado para a graça, da guerra para a paz, da tristeza para a alegria, é Páscoa do Senhor, é Páscoa do amor! Sempre que eu passo do mal para o bem, da preguiça para a ação, do medo para a confiança, sempre que eu passo da opressão para a liberdade, da ofensa para o perdão, da indiferença para a oração ou da condenação para a misericórdia, é Páscoa do Senhor, é Páscoa do amor!
Boas Páscoas ou boas passagens! Passemos todos muito bem!
Padre José David Quintal Vieira, Dehoniano
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Os meios de comunicação social
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Após uma reflexão sobre qual o valor teológico dos meios de comunicação social, esta semana, na continuação dos artigos que reflectem uma análise aos documentos do magistério sobre a Igreja e as novas tecnologias, irei incidir nas mudanças que os meios de comunicação implicam para a Igreja. É evidente que a missão da Igreja não é fácil nesta época de puro relativismo, em que se difunde a convicção de que o tempo das certezas já pertence ao passado: para muitos a pessoa humana deve aprender a viver “perseguindo o que é provisório e passageiro”, afirma João Paulo II na carta apostólica “O rápido desenvolvimento. Neste contexto, os meios de comunicação social poderão ser usados para “proclamar o Evangelho ou para o reduzir ao silêncio nos corações dos homens”, escreve o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais em Fevereiro de 1992, na instrução pastoral “Aetatis novae”. Isto apresenta-se a toda a sociedade em geral, mas mais concretamente aos pais, às famílias e a todos os que têm a seu cargo |
a difícil tarefa de formação das crianças e jovens, um sério e importante desafio. Na carta apostólica de 2005, João Paulo II escreve-nos que, “devem, portanto, todos aqueles que trabalham no mundo da comunicação social ser encorajados com prudência e sabedoria pastorais, para que se tornem arautos em diálogo com o vasto mundo dos média”. Como é natural, não compete somente aos trabalhadores da comunicação social valorizar os média, mas toda a comunidade eclesial é chamada a esse labor, desde a liturgia, que é a expressão máxima da comunicação de Deus com os irmãos, à catequese, que se destina a pessoas que são influenciadas pela linguagem e culturas actuais. É então necessário que a Igreja faça uma espécie de renovação pastoral e cultural perante este fenómeno das novas tecnologias, a fim de ser capaz de enfrentar da maneira mais correta os desafios da época em que vivemos.
Fernando Cassola Marques
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Santo”. A Igreja deve assumir “as oportunidades oferecidas pelos instrumentos da comunicação social dados providencialmente por Deus nos dias de hoje para aumentar a comunicação e tornar o anúncio da Boa Nova da salvação mais claro e incisivo”. Concluindo, se os meios de comunicação social forem usados pelos crentes com a força da fé à luz |
do Espírito Santo, podem contribuir para facilitar a difusão do Evangelho e aumentar os vínculos de comunhão entre as diferentes comunidades, dando assim resposta ao mandamento do Senhor “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15).
Fernando Cassola Marques fernandocassola@gmail.com |
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Agregador de conteúdo na Internet: Feedly
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No passado dia 27 de fevereiro, em Queijas, realizaram?se as primeiras Jornadas Diocesanas da Comunicação de Lisboa. Aos poucos e poucos vamos sentido necessidade de pensar na Pastoral da Comunicação como pensamos nas várias pastorais na Igreja. Fui convidado a apresentar um workshop sobre as Redes Sociais. Comunicar? para chegar a todos? foi o lema das Jornadas e que tem norteado o meu trabalho no iMissio. Ao longo da jornada viu várias vezes abordado e questionado com a |
questão do tempo. Quanto tempo dedicas aos projetos?, como? tens tempo?, como? consegues gerir o teu tempo para conseguires conciliar as coisas?. Também fui abordado com a questão económica e quanto é que ganho com este projeto, mas isso ficará para outra crónica. Tendo presente estas perguntas hoje resolvi partilhar um dos pequenos “truques” que uso na gestão do meu tempo: o agregador de conteúdos Feedly. Agregador de conteúdos é um sítio ou uma aplicação onde os usuários |
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compilam os links de notícias ou outro tipo de conteúdos interessantes de várias fontes. Estes ajudam-nos e possibilitam-nos descobrir coisas novas segundo os nossos interesses, poupando-nos tempo a saltar de sítio em sítio, fonte em fonte.
O Feedly é um leitor de RSS, gratuito, que transforma todo o conteúdo numa revista interativa com um modelo surpreendente e está disponível para Android, iOS, Firefox e Chrome. Com o Feedly é possível adicionar RSS, canais do Youtube, blogs, podcasts, Tumblr e outros, tudo num só lugar.
O interface assemelha-se a uma revista. Permite-nos aceder ao conteúdo a partir das publicações de hoje, os últimos, guardado para leitura posterior, todos os canais ou através dos grupos de canais assinados. O Feedly possui abas separadas em conteúdos de podcasts, Tumblr e canais do Youtube, para mais fácil e rápida localização. É possível partilhar os conteúdos no Twitter, Facebook, Messenger, enviar por e-mail e marcar para ler posteriormente, entre outras possibilidades. |
Acrescentar novos canais é fácil: através do campo de busca, procurar na Internet blogs, sites, canais do Youtube, Tumblr’s, podcast’s, etc. Quando encontrar o que procura, basta clicar no botão adicionar. Outra forma é inserir a URL diretamente e fazer adicionar.
Eu uso a app do Feedly no telemóvel e no tablet. Esta app permite-me uma experiência de leitura diferente, como se estivesse a ler uma revista.
Faça o download e experimente! Poupe tempo.
Bento Oliveira @iMissio
http://www.imissio.net |
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Jornadas Pastoral Social do “+ Próximo”Entre os dias 16 e 18 de março, decorrem nos Açores, no Salão do Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo, as Jornadas Pastoral Social do programa “+ Próximo”. As Jornadas são abertas a toda a comunidade e têm como objectivo reflectir sobre a importância da construção de uma ação social mais próxima, que apele ao envolvimento de todas e de cada uma das comunidades cristãs e ao rejuvenescimento da Pastoral Social, procurando uma maior cooperação e eficácia na acção socio-caritativa da Igreja em Portugal. [Ler mais]
Simpósio - Entre Muros e Miragens: Ser RefugiadoDurante o dia 9 de março, decorreu em Lamego, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL), o simpósio - Entre Muros e Miragens: Ser Refugiado. Esta iniciativa, organizada pela Cáritas Diocesana de Lamego em parceria com a ESTGL, tee como objetivo de criar um espaço de reflexão, debate e esclarecimento sobre uma temática que tem marcado a atualidade mediática e social: a da crise dos refugiados na Europa. [Ler mais]
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Este relatório é a resposta fundamentada da Caritas Europa à tragédia enfrentada por centenas de milhares de mulheres, homens e crianças que procuram refúgio na Europa, na esperança de encontrar um porto de abrigo, mas que em vez disso encontram uma negação de proteção e rejeição de solidariedade. Com este relatório, a Caritas Europa quer contribuir para este debate político e propor soluções para a crise que se vive, baseando-se nas experiências das Cáritas de toda a Europa que trabalham para garantir a proteção e os direitos humanos dos migrantes e refugiados. |
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II Concílio do Vaticano: Faleceu o «pulmão litúrgico» do Patriarcado de Lisboa |
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Com o II Concílio do Vaticano (1962-65), a Igreja ganhou novo fulgor pastoral e a área litúrgica, com a constituição «Sacrosanctum Concilium», deu passos de gigante na forma de viver os mistérios da fé. Com o falecimento do cónego José Ferreira, a 06 deste mês, o Patriarcado de Lisboa perdeu uma memória viva do grande acontecimento eclesial do século XX. O cónego José Ferreira nasceu em 1918 em Paço, Torres Novas, e foi o nome da renovação litúrgica implementada no Patriarcado de Lisboa, após o II Concílio do Vaticano. Ordenado em 1941, em Lisboa, pelo cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, especializou-se em Liturgia, no Institut Catholique de Paris (França), entre 1966 e 1968. Se o cónego José Ferreira foi o grande impulsionador da liturgia conciliar no Patriarcado de Lisboa, monsenhor José Manuel Pereira dos Reis, um ilustre liturgista, foi o seu grande mestre. Apesar de ter falecido (maio de 1960) antes dos trabalhos iniciais na Basílica de São Pedro, este sacerdote foi uma figura marcante do movimento litúrgico português. O cónego José Ferreira contribuiu de forma persistente na renovação litúrgico-musical do Patriarcado de Lisboa. Foi presidente, durante mais de duas décadas, presidente da Comissão Diocesana de Liturgia e professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. Por ocasião do seu falecimento, o Secretariado Nacional de Liturgia disponibilizou, através do seu site, o livro «Os mistérios de Cristo na Liturgia». Nessa obra, o sacerdote realça que «as ações litúrgicas |
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não são ações orientadas para produzir um resultado material, da ordem do utilitário, muito menos da ordem rendível. As ações litúrgicas são celebrações. Elas são a proclamação de um acontecimento salvífico, em ordem a permitir a quem as realiza exprimir a ação de graças por esse acontecimento e assim entrar em comunhão com ele e nele encontrar a salvação». No jornal «Voz da verdade», 13 de março de 2016, D. Nuno Brás, bispo |
auxiliar de Lisboa, escreveu “quando, daqui por uns anos, alguém fizer a história da Reforma Litúrgica, fruto do Concílio Vaticano II, deparar-se-á com um nome incontornável: José da Costa Ferreira. Muitos pensaram e escreveram. Ele ensinou e realizou”. Com o cónego José Ferreira, a liturgia deixou de ser “«teatro religioso» para abraçar a «nobre simplicidade» em que Deus realiza o que diz e nós acolhemos a Sua ação salvadora”, acentua D. Nuno Brás. |
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Padre Abílio Tavares Cardoso, Cónego João A. Sousa e Cónego José Ferreira. |
Março 2016 |
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19 de março. Algarve - Jubileu dos Crismados/Jovens integrado na Jornada Diocesana da Juventude
. Setúbal - Atividade nacional de Pioneiros e Marinheiros do Corpo Nacional de Escutas denominada «Go3» (termina a 23 de março)
. Guarda - Idanha-a-Nova (Fórum Cultural) - Curso livre sobre religiosidade popular integrado nos «Mistérios da Páscoa» na Idanha (termina a 20 de março)
. Lisboa - Alenquer (Abrigada) - Encontro de namorados e noivos em preparação para o casamento promovido pelo Movimento dos Focolares (termina a 20 de março)
. Aveiro – Vagos, 10h00 - Celebração diocesana do Dia Mundial da Juventude com o tema «Rostos ao serviço»
. Coimbra - Santa Clara (Loja FNAC), 15h00 - Conferência «Ser Pai Hoje... Possível ou impossível» promovida pelo Secretariado da Pastoral Familiar da Diocese de Coimbra
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. Porto – Sé, 15h30 - Ordenação episcopal de D. António Augusto Azevedo para bispo auxiliar do Porto
. Lisboa - Convento de São Domingos, 15h30 - Sessão do curso «Da denúncia do pecado ao anúncio da salvação» orientado por frei Francolino Gonçalves
20 de março. Braga - Guimarães (Igreja de São Francisco), 21h30 - Concerto de homenagem a frei Manuel Cardoso pela Capella Musical Cupertino de Miranda e integrado no Festival de Música Religiosa de Guimarães
. Portalegre – Sardoal - Procissão dos Ramos integrada nas celebrações da Semana Santa do Sardoal
. Viana do Castelo – Alvarães - Recriação da «Entrada Triunfal» de Jesus em Jerusalém»
. Setúbal - Santuário do Cabo Espichel, 15h30 - Catequese Quaresmal de D. José Ornelas, bispo de Setúbal
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. Fátima, 15h30 - Inauguração do órgão de tubos da Basílica de Nossa Senhora do Rosário com a estreia mundial da peça «Hû yeshûphekâ rô’sh», da autoria do compositor português João Pedro Oliveira
. Santarém - Ferreira do Zêzere (Dornes), 18h00 - Via-Sacra «Uma vela a Jesus» que este ano tem como novidade a procissão do Senhor dos Passos, ao encontro de Nossa Senhora do Pranto
. Algarve – Pêra, 21h00 - Via-sacra ao vivo «A Paixão de Cristo»
21 de março. Fátima - Museu de Arte Sacra e Etnologia - Iniciativa «férias da Páscoa no Museu» (termina a 23de março)
22 de março. Braga - Guimarães (Sociedade Martins Sarmento.), 18h30 -Conferência sobre a «Evolução iconográfica de Cristo Crucificado» por Fausto Sanches Martins e integrada no Festival de Música Religiosa de Guimarães |
. Braga - Guimarães (Associação Comercial e Industrial de Guimarães) - Curso breve de «Introdução ao Gregoriano» ministrado por João Crisóstomo, maestro do Coro Gregoriano Solemnis (termina a 24 de março)
. Fátima - Encontro da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal
. Porto - Biblioteca do Seminário, 17h00 - Lançamento da obra «Clavis Bibliothecarum» dos investigadores Luana Giurgevich e Henrique Leitão e com coordenação editorial de Sandra Costa Saldanha
. Braga - Guimarães (Sociedade Martins Sarmento), 18h30 - Conferência «Das paixões de Guimarães à Paixão segundo S. João, de J. S. Bach» por José M. Pedrosa Cardoso
23 de março. Beja - Seminário de Beja - Lançamento da obra «Imagens da fé» da autoria de D. João Marcos com apresentação de D. António Vitalino |
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Este sábado, 19 de março e dia do Pai, acontece a Conferência «Ser Pai Hoje... Possível ou impossível» promovida pelo Secretariado da Pastoral Familiar da Diocese de Coimbra. É em Santa Clara, na loja FNAC, pelas 15h30.
Mais a norte a diocese de Aveiro tem a Celebração diocesana do Dia Mundial da Juventude com o tema «Rostos ao serviço»; a partir das 10h00, em Vagos.
Também neste sábado a diocese do Porto passa a ter mais um bispo auxiliar. A ordenação episcopal de D. António Augusto Azevedo acontece na Sé do Porto, pelas 15h30.
E no início da Semana Santa são muitas as celebrações de norte a sul do país. Neste domingo destaque para a Procissão dos Ramos integrada nas celebrações da Semana Santa do Sardoal, na diocese de Portalegre-Castelo Branco, para a Catequese Quaresmal de D. José Ornelas, bispo de Setúbal, no Santuário do Cabo Espichel pelas 15h30; e a Recriação da «Entrada Triunfal» de Jesus em Jerusalém», a partir das 10h00, em Alvarães, Viana do Castelo.
Ainda neste dia 20 de março pelas 18h00, a Via-Sacra «Uma vela a Jesus» que este ano tem como novidade a procissão do Senhor dos Passos, ao encontro de Nossa Senhora do Pranto, em Dornes, Santarém; e pelas 21h00, em Pêra, no Algarve, Via-sacra ao vivo «A Paixão de Cristo».
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
10h30 - Oitavo Dia
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 20h30
RTP2, 15h00 ![]() Segunda-feira Santa, dia 21 - Entrevista ao padre Luís Manuel Pereira da Silva sobre a Semana Santa
Terça-feira Santa, dia 22 - Informação e entrevista a António Fonseca, sobre o III Encontro Naiconal de Leigos
Quarta-feira Santa, dia 23- Informação e entrevista ao padre Basileu Pires, sobre o Congresso da Misericórdia
Quinta-feira Santa, dia 24 - Informação e entrevista ao frei Filipe Rodrigues sobre o Tríduo Pastal
Sexta-feira Santa, dia 25 - Entrevista a D. José Ornelas sobre o simbolismo e o sentido da cruz
Antena 1 Domingo, dia 20 de março - 06h00 - A Semana Santa e vivências de Páscoa
Segunda a sexta-feira, 21 a 25 de março - 22h45 - Quaresma: exposição "Rostos de Misericórdia", no Sardoal; iniciativa "40 vídeos, 40 desafios"; Apresentação do Tríduo Pascal, com Frei Filipe Rodrigues; O rito do lava-pés com a irmã Paula Jordão; o Julgamento de Jesus |
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Ano C – Domingo de Ramos
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Contemplar a cruz com paixão |
O Evangelho do Domingo de Ramos convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus. Na cruz revela-se o amor de Deus, que não guarda nada para si, mas que se faz dom total para nos salvar. O grande poeta Dante definiu o evangelista Lucas como “o escriba da misericórdia de Deus”. No relato da Paixão, sem esquecer os sofrimentos de Jesus e a sua angústia na agonia do monte das Oliveiras, Lucas continua a revelar até ao fim a misericórdia do Pai. Primeira afirmação de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Jesus não se limita a perdoar, vai mais longe. Sabe que a fonte do amor e do perdão está no Pai. Segunda afirmação de Jesus, como resposta ao bom ladrão: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”. O perdão do Pai não suporta qualquer adiamento nem qualquer exclusão. Terceira afirmação de Jesus, que é um grito de infinita confiança no seu Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Jesus acolheu sempre, na liberdade da sua consciência humana, o amor do Pai. No momento supremo da sua vida, manifesta a sua adesão ao amor infinito do seu Pai, à sua vontade de salvação e de misericórdia. Celebrar a paixão e morte de Jesus é abismar-se na contemplação do amor de Deus. Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, |
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incompreendido, continuou a amar. Ele quis repartir connosco esta boa notícia que enche de alegria o nosso coração, a mais espantosa história de amor que é possível contar. Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência e são explorados, excluídos e privados de direitos e de dignidade. Significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias. Significa evitar que |
as pessoas continuem a crucificar outras pessoas. Significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor. O cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de um dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição. Levados pela Palavra, vivamos a Semana Santa na oração e na contemplação, com o olhar fixo em Jesus Cristo, a essência do nosso ser e da comunhão de irmãos em Igreja.
Manuel Barbosa, scj |
Papa desafia todos ao serviço concreto
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O Papa pediu que todos, católicos ou não, sejam capazes de ajudar os mais pobres. “O amor é o serviço concreto que prestamos uns aos outros, o amor não são palavras: são obras e serviço, um serviço humilde, feito no silêncio e no escondimento”, declarou, durante uma audiência pública especial, na Praça de São Pedro, no contexto do |
Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016). Perante cerca de 50 mil fiéis, Francisco apresentou uma reflexão centrada na preparação para a Páscoa, partindo do episódio em que Jesus lava os pés aos seus discípulos, para mostrar que “o serviço é o caminho a percorrer”. Esse serviço, prosseguiu, “exprime-se |
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na partilha dos bens materiais, para que ninguém viva em necessidade”. “A partilha e a dedicação a quem passa por necessidades é um estilo de vida que Deus sugere também a muitos não cristãos, como caminho de verdadeira humanidade”, acrescentou. O Papa falou depois, de improviso, sobre uma carta que recebeu de alguém que se dedicava a cuidar da sua mãe acamada e de um irmão deficiente. “Esta pessoa, a sua vida era servir, ajudar. E isto é amor”, exclamou. Francisco aludiu às “tantas pessoas” que passam a sua vida “ao serviço dos outros”. “Quando te esqueces de ti mesmo e pensas nos outros, isso é amor. Com o lava-pés, o Senhor ensina-nos a ser servos, mais servos,
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como Ele foi servo por nós, por cada um de nós: por isso, caros irmãos e irmãs, ser misericordioso como o Pai significa seguir Jesus na via do serviço”, prosseguiu. Após a catequese, o pontífice argentino deixou uma saudação aos vários peregrinos presentes, incluindo os de língua portuguesa. “Queridos amigos, nessa última etapa da Quaresma, desejo-vos um serviço generoso aos irmãos que ajude a abrir-vos à luz pascal. E vos peço para rezardes a fim que as portas da misericórdia se abram em todos os corações. Abençoo-vos a vós e às vossas comunidades”, disse. O Papa deixou ainda um pedido de oração aos que “ainda hoje sofrem perseguições por causa da fé”. |
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Confissão: “Não é preciso ter medo”
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No ano da Misericórdia, proposto pelo Papa Francisco, o sacramento da reconciliação é tema de conversa com o sacerdote João Chaves. É na igreja do Loreto, bem no coração de Lisboa, que passa muitas horas a confessar, um sacramento de que gosta muito, como explicou em declarações à Agência ECCLESIA. |
“Desde criança que vou ao sacramento da confissão e as experiências nem sempre foram positivas e, então, pensei como propósito de quando fosse padre, ajudar as pessoas a abeirarem-se do sacramento com grande esperança e um grande à vontade e saiam felizes”. “O Papa Francisco tem insistido tanto |
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em que o sacramento seja de alegria e não de tortura, por isso é que gosto tanto de confessar, para ajudar as pessoas, as que pedem uma resposta que as gratifique”, refere. O consagrado do Coração de Jesus sente mesmo que é uma missão de sacerdote “ajudar as pessoas” e neste sacramento sente-se um “instrumento de libertação”. “Gostava que as pessoas viessem à confissão para fazer uma experiência de libertação, vir ao encontro das suas fragilidades e encontrar uma ajuda para a sua vida, para ser mais feliz, não é preciso ter medo do sacramento da confissão!” Apesar dos seus 47 anos de sacerdócio, o padre açoriano que gosta de ajudar as pessoas, conta que também há momentos de maior dificuldade “O mais difícil para mim é quando as pessoas estão muito esquematizadas com escrúpulos; libertá-las é muito difícil, muitas vezes vêm à procura do confessor para que confirme o que pensam e não para que as alivie; procurar persuadi-las ou convencê-las torna-se um bocado difícil. Outras vezes quando vêm com |
desabafos que não têm fim e o confessor é psicólogo e não o é… Ali não é o momento de terapia psicológica e há pessoas que precisavam…” O padre João Chaves expõe mesmo que faz um propósito antes de se sentar para confessar. “João, tens de aceitar as pessoas como elas são. Escutá-las, porque muitas pessoas vão para desabafar e às vezes o confessor não tem aquela disponibilidade de escutar e há a tendência de dar as respostas…” Depois da preparação e arrependimento surge o momento da absolvição e, em muitos casos, um momento de penitência e que o sacerdote dehoniano entende que seja “uma coisa simples”. “Sugiro algo que se realize concretamente, de duração breve, por exemplo uma ação simbólica, uma oração que a pessoa saiba, o pai-nosso ou um pouco de oração diante do Santíssimo, outras penitências têm sabor a tribunal e não é isso que se quer… a penitência é só a sobremesa do sacramento, esta é uma forma de dizer”. |
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Sudão do Sul – Um país que desconhece o que é viver em paz“Não nos abandonem”
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O mais jovem país do mundo ganhou a independência em 2011. Porém, os festejos duraram pouco tempo. Dois anos depois, na véspera do Natal, tudo desabou, com o país a mergulhar num verdadeiro inferno. Do Sudão do Sul chegam-nos gritos de ajuda. Não os podemos ignorar
É um país em guerra, um país em luto. Desde Dezembro de 2013 que aldeias e vilas têm sido palco de confrontos, de uma violência alimentada por um ódio tribal antigo, com confrontos entre membros das etnias Dinka e Nuer. Tudo começou na véspera desse Natal de 2013. Milhares de pessoas perderam a vida. Calcula-se que há mais de dois milhões de refugiados. Para muitas gerações será impossível esquecer estes anos de guerra como |
se um fantasma teimasse em não desaparecer da memória de todos os que presenciaram a violência mais irracional, o ódio mais irracional. Além dos mortos e feridos e dos desalojados, há um número assustador de pessoas que passam por necessidades absolutas. Muitas não têm quase nada para comer. São eles que nos pedem ajuda, são eles que depositam toda a esperança na generosidade dos benfeitores da Fundação AIS. Na verdade, não têm praticamente mais ninguém que os auxilie.
Ninguém está a salvoSegundo as Nações Unidas, se juntarmos a fome às doenças, há, no Sudão do Sul, neste instante, cerca de |
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7 milhões de homens, mulheres e crianças que precisam de ajuda urgente. Muitos podem mesmo não sobreviver nas próximas semanas, nos próximos meses, caso não recebam ajuda urgentemente. Falar da história recente do Sudão do Sul exige contenção de palavras. Não se pode dizer tudo. Não se pode explicar tudo em detalhe. É demasiado violento para se poder escrever. Na verdade, ninguém está a salvo. Nem as igrejas ou mesquitas são locais seguros de abrigo. Há relatos, arrepiantes, de pessoas mortas quando procuravam refugiar-se em igrejas ou capelas. Há aldeias que foram pura e simplesmente dizimadas, com mulheres e raparigas a serem violadas, enquanto os rapazes eram levados, à força, para se converterem em soldados. A Igreja é das poucas instituições que continuam a consolar, da dar alimentos, a curar feridas, a oferecer esperança. A fazer pontes que levem ao perdão. Em Julho de 2014, há apenas ano e meio, num par de dias de horror, as cidades de Bentiu, Malakal e Bor quase que desapareceram do mapa. Cerca de 30 mil casas ficaram em ruínas e mais de 100 mil pessoas foram obrigadas a fugir. Monsenhor Roko Taban lembra-se, como se fosse hoje, dessas horas de |
verdadeira descida aos infernos. “Os ataques foram brutais. Muitas das nossas igrejas e casas foram destruídas e tudo o que tínhamos foi saqueado. Estamos num estado miserável.” Dirigindo-se aos benfeitores da Fundação AIS, dirigindo-se a si, também, o bispo de Malakal deixa um apelo: “Por favor, lembrem-se de nós nas vossas orações. Não nos abandonem!”
Paulo Aido www.fundacao-ais.pt |
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Mais justiça, melhor distribuição |
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Tony Neves |
Continuo com uma pulga atrás da orelha ao recordar-me, muitas vezes, da belíssima parábola que o P. Aristides Neiva, a partir do Alentejo profundo (é pároco em Mértola) reescreveu a partir de fábula grega. Sintetizando: um leão, uma raposa e um burro foram á caça. E caçaram muito. Na hora da distribuição final, com um monte de caça diante dos olhos, o leão (sempre armado em grande chefe) diz ao burro para distribuir. Este fez a divisão segundo os seus sadios critérios de justiça, colocando um monte igual á frente de cada caçador. O leão ficou furioso, atirou-se ao cachaço do burro e matou-o. Sobrando apenas a raposa, o leão convidou-a a distribuir com inteligência. Ela pôs tudo diante do leão, guardando para si apenas um pequeno naco. O leão ficou agradado e perguntou á raposa onde aprendera a dividir tão bem. Ela esclareceu que a lição era recente e tinha aprendido com o que acontecera ao burro! Estas fábulas têm sempre atadas a si uma lição de vida. Neste caso, parece simples e atual. Traduz o estado do mundo onde vivemos: há leões armados em chefes que podem, querem e mandam, matando e esfolando quem se oponha à sua ganância desmedida de ter e de poder. Há raposas matreiras que apenas querem sobreviver, por qualquer preço, deixando facilmente a sua dignidade espezinhada. E há os que ficam com a fama de burros por não saberem medir as consequências das suas palavras a atitudes. Dizem a verdade e praticam a justiça, dando a vida por elas, se preciso for. |
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Isto vem tudo a propósito do tema de hoje. Há uma enorme injustiça na distribuição dos bens deste mundo, a começar pelas terras. Uns têm tudo e parece que se sentem no direito de ter ainda mais. Outros não têm nada e são esmagados pelos que têm quase tudo e querem aumentar a sua fortuna. Leões há muitos nesta selva que é o mundo. A matreirice de certas raposas só ajuda os leões a ter mais e a esmagar os outros. A terra precisa da justiça e da coragem destes que ficam para a história com fama de serem burros. Sim, a doutrina social da Igreja diz que a terra foi criada por Deus para todos. O Papa Francisco não se cansa de proclamar a opção pelos mais pobres, pelos que vivem nas periferias e margens da história, esmagados pelos grande destes
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mundo que há muito parecem ter perdido o coração.
Os governos têm enormes responsabilidades no equilíbrio social da vida das populações. Não podem permitir que uns tenham tudo e outros tenham nada ou, como dizia o Papa Paulo VI, uns vivam no luxo e outros no lixo. A Igreja católica tem dado passos gigantescos na reflexão sobre a justiça e a paz. A reflexão nem sempre chega à vida e este é o degrau que se impõe a seguir. Sem justiça, paz e misericórdia, o mundo fica sem coração e a fraternidade permanece palavra de dicionário. Há que dar tudo por tudo para que o mundo seja melhor. E, para tal, as riquezas devem ser mais distribuídas.
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