04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
     D. Pio Alves

22 - Opinião:
    Cónego António Rego

24 - Apostolado de Oração:
    O video do Papa

26 - Semana de..

     Octávio Carmo

28 - A alegria do Amor

     Síntese da exortação pós-sinodal
 

40 - Dossier

      Assembleia Plenária da CEP

54 - Estante

56 - Estante

58 - Concílio Vaticano II

60 - Agenda

62 - Por estes dias

64 - Programação Religiosa

65 - Minuto Positivo

66 - Liturgia

68 - Jubileu da Misericórdia

70 - Fundação AIS

72 - LusoFonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

 

Sílvia Cardoso com os descartados do seu tempo

 

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Amoris Laetitia: Orientações para a Pastoral Familiar

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Bispos reforçam total rejeição da eutanásia

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Paulo Rocha | D. Pio Alves | António Rego | Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves 

 

A alegria do amor pela família

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA  

 

 

 

O Papa Francisco revela na exortação apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia” uma declarada alegria do seu amor pela família e a determinação em fazer da Igreja, com as suas normas, sacramentos, comunidades, grupos, líderes e instâncias de diálogo ou de decisão o ambiente propício para a experiência familiar, configurada num ideal afirmado neste documento em termos semelhantes aos dos últimos 50 anos, sem dar como adquirido, no entanto, o percurso que é necessário fazer para o atingir.

Feita esta consideração, tudo o mais deve seguir uma das primeiras indicações do Papa Francisco, logo no início do documento, que não aconselha

 

 

 

uma “leitura geral apressada” do longo texto, porque considera “ser de maior proveito, tanto para as famílias como para os agentes de pastoral familiar, aprofundar pacientemente uma parte de cada vez ou procurar nela aquilo de que precisam em cada circunstância concreta”. Seguindo de perto as várias sugestões que resultaram de duas assembleias sinodais, assim como indicações de várias conferências episcopais, o Papa Francisco não se fixa na norma geral e na sua aplicação indiferenciada nem muda tudo a partir de um novo corpo normativo, ditado como todos a partir de um centro, sem atender a todas as periferias. Neste caso, a pastoral 

 

familiar na Igreja Católica tem no documento “A Alegria do Amor” uma referência que, por um lado, foge ao “desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação” e, por outro, “não pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas”.

Particularmente significativa é esta atitude a respeito de designadas “situações irregulares”. O Papa não equipara uniões de facto ou entre pessoas do mesmo sexo ao matrimónio; nem diz que o primeiro é igual ao segundo casamento e afirma o ideal da “união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade”.

Assim, o Papa propõe três ações - acompanhar, discernir e integrar a fragilidade - admitindo que a História da Igreja foi-se construindo umas vezes a partir da lógica da marginalização e outras da integração, optando claramente pela segunda, mesmo que seja um grande desafio e com contornos pouco definidos.

A Alegria do Amor do Papa Francisco pela família não se alarga a um relativismo generalizado nem esquece o realismo familiar da atualidade. É, aliás, a partir de famílias reais que o Papa sugere o amor como caminho de alegria para famílias reais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“E se fosse eu? Fazer a mochila e partir”, foi a iniciativa que marcou esta quarta-feira. Alunos de todo o país colocaram-se na pele dos refugiados. Uma estratégia nacional tendo em vista a sensibilização para o acolhimento de refugiados, da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). http://www.esefosseeu.pt/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Não há lugar para “cavaleiros andantes” que, por demagogia ou retórica, achem que podem, sozinhos, combater o flagelo da fuga fiscal e da lavandaria financeira. A única resposta tem de ser global”. Opinião de António Bagão Félix, referindo-se ao caso Panamá Papers, no Público, 06 de abril

 

 

“Temos hoje um nível de ameaça terrorista, o que quer dizer que não ignoramos que o risco existe, mas não consideramos que se viva uma situação de ataque iminente ou outra que nos levasse a aumentar o nível de ameaça. Aumentámos o nível de vigilância das nossas forças de segurança sobre locais especialmente percorridos pelas pessoas ou especialmente críticos”. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, em entrevista à Renascença, 06 abril.

 

 

"Pertencemos a uma comunidade que não é só de língua, é de solidariedade social, económica, financeira e portanto tudo o que possa correr bem, a Angola como a qualquer outro Estado membro da CPLP, é importante para Portugal", Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à TSF, a propósito do pedido de ajuda feito por Angola ao FMI.

 

 

 

Sílvia Cardoso, uma mulher ao encontro dos descartados do seu tempo

 

O bispo do Porto presidiu este domingo à Eucaristia em homenagem a Sílvia Cardoso, no dia da trasladação dos seus restos mortais para uma capela tumular na Igreja paroquial de Paços de Ferreira. D. António Francisco dos Santos sublinhou na homilia da Missa que a venerável percorreu os “caminhos desconhecidos” de norte a sul de Portugal à procura dos “descartados do seu tempo” para lhes proporcionar “o pão do alimento” e o “pão da Palavra”

 

 

“Dona Sílvia sai, pelas aldeias e arredores, vai pelas ruas conhecidas da Diocese do Porto e pelos caminhos desconhecidos de outras cidades e dioceses de norte a sul de Portugal, à procura dos seus tesouros no “caixote do lixo”, onde são lançados os descartados do seu tempo”, recordou. “E para estes pobres, ela procura uma resposta integral: o pão do alimento e da saúde de cada dia, o pão da Palavra, o pão da Eucaristia, o pão

 

 

 

 

 

da Cultura”, sublinhou ainda o bispo do Porto.

D. António Francisco referiu que Sílvia Cardoso viveu a “atitude constante de ‘saída’, como propõe o Papa Francisco: “Em saída de si mesmo, da sua comodidade, em saída da sua casa, da sua família, em saída da sua terra, sem se poupar, para ir ao encontro dos outros, de norte a sul do país, para os acudir, na sua pobreza económica, relacional, social e cultural, ou na sua indigência anímica, espiritual e doutrinal”.

O bispo do Porto sublinhou que a vida da venerável Sílvia Cardoso se distinguiu pela “notável pobreza”, “evangélica pressa”, “criativa prontidão” e “profética liberdade interior”, tanto nos projetos sociais como na “promoção pioneira da formação dos leigos” em Portugal. “A promoção pioneira da formação dos leigos, com novas linguagens e métodos inovadores, o contacto pessoal e o aconselhamento lúcido evidenciam quanto ela assume o anúncio do Evangelho, como primeira 

 

expressão da caridade, consciente de que ‘a maior pobreza dos povos é desconhecer Cristo’”, lembrou D. António Francisco citando a Beata Madre Teresa de Calcutá.

“Sílvia Cardoso vivia em desassossego constante, como andarilha de Deus que sai constantemente de casa, perdida de amor, pelos perdidos do seu tempo, procurando respostas integradas e integrais às necessidades materiais e espirituais do seu tempo”, acrescentou.

A cerimónia de trasladação dos restos mortais de Sílvia Cardoso do jazigo da família no Cemitério Municipal de Paços de Ferreira para uma capela tumular na Igreja Matriz da cidade, onde “Dona Sílvia” foi batizada em 1882, aconteceu no Domingo da Misericórdia. A Eucaristia presidida por D. António Francisco no Pavilhão Municipal de Paços de Ferreira foi concelebrada pelos bispos auxiliares do Porto D. António Bessa Taipa e D. Pio Alves, e pelos bispos eméritos de Setúbal D. Manuel Martins e D. Gilberto Reis.

 

 

Rede Europeia Anti-Pobreza lança campanha sobre Comunidades Ciganas

A Rede Anti Pobreza (EAPN) em Portugal acaba de lançar uma campanha nacional de sensibilização sobre as Comunidades Ciganas, contra a “discriminação”. “Preconceitos e estereótipos dominam pensamentos e atitudes e, por isso, a evidência de que há ainda muito por fazer relativamente aos ciganos, esse povo cujo Dia Mundial se celebra a 8 de abril”, refere uma nota da organização, enviada à Agência ECCLESIA.

A campanha ‘A Discriminação é Falta de Educação’, lançada esta terça-feira no Porto, visa chamar a atenção para as “iniquidades” de que as comunidades ciganas são alvo.

“Estamos conscientes de que as atitudes, os comportamentos e as próprias representações sociais resultam de um conjunto de mensagens e informações, geralmente distorcidas da realidade, fundadas em experiências de situações negativas vividas por alguns cidadãos e que se converteram em generalizações”, explica Maria José Vicente, socióloga da EAPN 

 

 

Portugal e coautora, com Sérgio Aires, sociólogo e fotógrafo, do livro ‘O Singular do Plural’ que será apresentado no âmbito desta iniciativa.

A campanha assenta em sete mensagens emitidas por sete cidadãos de etnia cigana que trabalham ou estudam, com o intuito de “quebrar mitos e representações negativas”.

A segunda fase da campanha vai ser apresentada entre 16 e 20 de maio, no Porto, e contempla o lançamento do livro e da respetiva exposição fotográfica ‘O Singular do Plural’.

 

 

 

Psicólogos Católicos rejeitam morte

como solução para o sofrimento

A Associação dos Psicólogos Católicos (APSIC), sediada no Patriarcado de Lisboa, apelou ao debate aprofundado sobre a eutanásia e rejeitou que a morte seja “solução para o sofrimento”. “Muitas vezes a morte é encarada como a única solução para o fim do sofrimento e é isso que leva as pessoas ao suicídio. Mas sabemos que o suicídio é o ato extremo de uma pessoa deprimida, um ato extremo de uma pessoa que procura acima de tudo ser amada”, refere a direção da APSIC, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A associação privada de fiéis considera que optar pela eutanásia “é sempre” optar por uma resposta que “iliba do confronto” com a própria vulnerabilidade e fragilidade, incerteza e insegurança. Por isso, destaca que “ninguém gosta de sofrer” é um dado que apenas revela que “a pessoa humana é feita para  

 

grandes coisas, para a felicidade e para a realização plena de si”.

“Ninguém deseja realmente morrer. O que todos desejamos é viver, ser felizes e amados”, desenvolvem os psicólogos católicos.

Aos obstáculos que incluem doenças ou circunstâncias complicadas de várias naturezas e “abalam o ideal de viver feliz e ser”, levando as pessoas a pensar que a vida “deixou de ter valor e dignidade”, a APSIC contrapõe que a vida humana “tem um valor absoluto em si”: “Não depende da sua funcionalidade ou utilidade”.

“A morte, aliás, é o fim da possibilidade de encontrar respostas. É o fim da possibilidade de cada um de nós se questionar também sobre o seu papel na vida dos outros”, observa o comunicado, acrescentando que escolher a morte é dizer ao outro que não se está “disponível para acolher a sua dor e sofrimento”.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pronunciamentos da Igreja devem defender primeiro a pessoa e depois a doutrina

 

 

 

Laurinda Alves antecipa III Encontro nacional de Leigos 

 

 

 

Papa lança campanha em favor
da população ucraniana

 

O Papa Francisco anunciou no Vaticano que vai promover uma “coleta especial” em favor da população da Ucrânia, a 24 de abril, em todas as igrejas católicas da Europa. “Desejo vivamente que este gesto possa ajudar a promover sem mais demoras a paz e o respeito pelo Direito nesta terra tão provada”, disse, no final da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, por ocasião do domingo da Divina Misericórdia.

Francisco evocou “todas as 

 

 

populações que têm maior sede de reconciliação e de paz”. “Penso, em particular, aqui na Europa, no drama de quem sofre as consequências da violência na Ucrânia, dos que ficaram nas terras devastadas pelas hostilidades que já causaram vários milhares de mortos”, referiu.

O Papa disse que o conflito atinge sobretudo “idosos e crianças”, falando em mais de um milhão de pessoas que foram obrigadas a deixar a sua terra, “por causa da grave situação que perdura”.

 

 

 

 

O conflito na Ucrânia arrasta-se desde novembro de 2014, em particular no leste do país, colocando em confronto grupos separatistas pró-russos e as forças de Kiev pelo controlo de território.

Desde a queda de Viktor Ianukovitch, que tinha decidido renunciar a um acordo comercial com a União Europeia, a população da península da Crimeia optou pela secessão com a Ucrânia e outras regiões têm manifestado a mesma pretensão.

O Papa afirmou que acompanha “constantemente” em pensamento e na oração a situação do povo ucraniano, tendo por isso decidido promover um gesto de “ajuda humanitária” em seu favor. “Este 

 

gesto de caridade, para além de aliviar os sofrimentos materiais, quer exprimir a minha proximidade e solidariedade pessoal e a de toda a Igreja em relação à Ucrânia”, explicou.

“Convido os fiéis a unir-se a esta iniciativa do Papa com um contributo generoso”, acrescentou.

A oração pela paz estendeu-se depois à jornada internacional contra as minas antipessoais, que se assinalou esta segunda-feira. “Demasiadas pessoas continuam a ser mortas ou mutiladas por estas armas terríveis e homens e mulheres corajosas arriscam a vida para recuperar os terrenos minados: renovemos, por favor, o compromisso por um mundo sem minas”, concluiu o Papa.

 

 

 

Aproximação entre católicos e metodistas

O Papa Francisco recebeu desta quinta-feira uma delegação de representantes do Conselho Metodista Mundial, que acaba de abrir em Roma um departamento ecuménico. A Comissão teológica conjunta de católicos e metodistas está a preparar um documento, “O chamamento à santidade”, que deverá estar pronto até o final deste ano.

“Uns têm muito a aprender com os outros sobre como compreender e viver a santidade; a Declaração Comum encorajará a ajuda mútua na vida de oração e na devoção”, disse o Papa, no seu discurso.

Francisco mencionou John Wesley, um clérigo anglicano e teólogo britânico, precursor do movimento metodista, e sua ‘Carta a um católico romano’: Católicos e metodistas são chamados a ajudar-se reciprocamente em qualquer coisa... que conduza ao Reino.

“É verdade que não pensamos da mesma maneira a respeito de muitas questões relativas aos ministérios ordenados e à ética; ainda há muito a fazer, mas nenhuma destas 

 

 

diferenças é obstáculo para amarmos e darmos um testemunho comum diante do mundo. A nossa vida na santidade deve sempre incluir o serviço de amor ao mundo. Quando servimos juntos quem precisa, a nossa comunhão aumenta”, completou o Papa.

O Presidente do Conselho Metodista Mundial é o bispo brasileiro Paulo Tarso de Oliveira Lockmann, que estava na audiência.

 

 

 

Papa e patriarca Bartolomeu 

vão visitar ilha de Lesbos

O Vaticano confirmou que o Papa vai visitar os refugiados da ilha grega de Lesbos na companhia do patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, a 16 de abril. Os dois líderes cristãos e o arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II, "vão encontrar-se com os refugiados ali hospedados", refere a nota oficial da sala de imprensa da Santa Sé.

Francisco regressa assim a uma ilha-símbolo da crise dos refugiados e migrantes que procuram chegar à Europa, depois de ter estado em Lampedusa (Itália), em 2013.

"Acolhendo os convites de sua santidade Bartolomeu, patriarca ecuménico de Constantinopla, e do presidente da República da Grécia, sua santidade Francisco vai deslocar-se a Lesbos no sábado, 16 de abril de 2016", anuncia o Vaticano.

O Patriarcado de Constantinopla já tinha adiantado a realização da viagem, uma iniciativa que visa “inspirar a implementação de ações apropriadas para a proteção das comunidades cristãs em sofrimento” e uma “resposta adequada à situação crítica dos refugiados”.

O jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore  

 

 

Romano’, fala da ilha de Lesbos como a “Lampedusa do Egeu” e assinala que a visita do Papa e de Bartolomeu quer ser “uma resposta cristã à tragédia que está a acontecer”. O anúncio da visita, acrescenta o jornal, “rasgou o véu da indiferença que caiu nas últimas semanas” sobre estas populações.

O presidente grego Prokópis Paulópoulos escreveu uma mensagem ao Papa, publicada no site ‘Dogma.gr’, considerando que a visita vai “melhorar consideravelmente o esforço para compreender o drama dos refugiados”. “O drama dos refugiados que buscam a humanidade e a solidariedade de todos aqueles que assumem os valores morais da nossa cultura, coloca cada ser humano diante de suas responsabilidades”, escreve.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Papa abençoou menina que vai ficar cega

 

 

 

Vaticano: Papa alerta para tentação de julgar os outros 

 

 

Vestir os nus

  D. Pio Alves   

  Presidente da Comissão  

  Episcopal da Cultura,   

   Bens Culturais e  

   Comunicações  Sociais    

 

O Ano Santo da Misericórdia, que o Papa Francisco abriu à nossa frente, vai fazendo o seu caminho. Felizmente.

Noutras ocasiões, estas iniciativas, estas propostas, são assumidas apenas por obrigação e … vão-se fazendo umas coisas, para cumprir. No fim, respira-se com algum alívio e acrescenta-se um desabafo, misto de indiferença e de um certo temor: que virá a seguir?

Felizmente, não é o caso. A surpresa da proposta pôs a descoberto a misericórdia como verdadeira necessidade da humanidade. Certamente, por isso, as reflexões, as concretizações centradas na misericórdia vão conseguindo despertar e entrar em públicos bem mais amplos que os habituais.

Todos os conteúdos e propostas têm vindo a recuperar uma particular atualidade e aprofundamento das chamadas obras de misericórdia. Para muitos dos que passaram pelos bancos da catequese esse elenco, esquecido, já não seria muito mais que uma lengalenga de miúdos.

Graças ao Ano da Misericórdia, multiplicam-se as conferências, os debates, as publicações centradas nas obras de misericórdia. Refrescam-se as análises, amplia-se a sua compreensão e redescobre-se que, afinal, esta lista é um sábio resumo de relações humanas, de vida cristã. Redescobre-se que, se o amor ao próximo passar por aí, deixa de ser apenas uma bonita teoria e abre, de facto, as portas de um mundo novo.

Todas elas têm o seu encanto e atualidade. Permito-me, contudo, fixar a atenção numa: 

 

 

 

vestir os nus. Confesso que, à primeira vista, não me pareceria particularmente relevante. Até que me encontrei, por mãos amigas, com duas obras editadas pela Santa Casa da Misericórdia do Porto e Alêtheia Editores, em 2009 e 2016. As duas com o mesmo título (só muda a grafia do número): As 14 (catorze) obras de misericórdia.

Comoveu-me o gesto da Teresa Olazabal (2009) que ajoelhou diante da velhinha Isaurinha – “amiga da rua” – para a vestir um pouco mais. E a ternura do texto de Inês Teotónio Pereira! Fala um coração de mãe com larga experiência de vestir bebés. “Vestir os nus (…) é o mesmo que vestir um bebé. (…) Demora tempo vestir um bebé. É preciso fazê-lo com respeito” (2016).

Nada disto tem que ver com atirar roupa para cima da pobreza, sem

olhar nos olhos a quem a recebe;

ou com dar roupa para libertar

o armário.

Por falar de roupa, aqui haveria muito pano para mangas. Por  

 
exemplo: vestir quem deliberadamente se despe; ou ajudar a desmascarar os muitos reis que vão nus; ou a moda das calças rotas / rasgadas (pode ser embirração minha, mas, sem discutir a estética, parece-me uma espécie de insulto aos pobres).

Fiquemos, contudo, com o mais importante: a misericórdia, as obras de misericórdia, vestir os nus.

 

 

Quando a terra treme

 

  Cónego António Rego   

 

Quem já teve, ao longo da vida, oportunidade de testemunhar um sismo forte com a sensação de faltar o chão, de ver tudo em volta girar sem nexo, fazendo em poucos minutos de uma cidade ou aldeia um arrazoado de escombros entre colunas espessas de pó e terra, gente perdida, gemidos, nomes gritados que não respondem, cadáveres abandonados, escuridão em pleno dia, rochas a rolarem como calhaus, estradas a devorar quem as percorre convertidas numa grande fenda, e mais gritos de socorro e o socorro sem chegar. Tudo em poucos minutos ou até segundos que mais parecem eternidade, fendas enormes onde antes era chão, pavor vivo em terra enlouquecida, com incerteza, sinais de apocalipse, xeol, vidas reduzidas a nada, comunicações cortadas sem rasto de família, sensação de solidão entre uma multidão de vencidos. E o ruído cavo e aterrador surgido das profundezas como trombeta enrouquecida de apocalipse que convoca para nada.

E a nossa pequenez em progressão geométrica recordando aos poucos a vida que ainda existe e tirando das cinzas do desespero uma irracional esperança, ou resiliência, fruto da aprendizagem da vida que se habituou a lembrar Deus como o único que não treme nem foge dos sobressaltos da terra.

Em 1755 surgiram muitas crónicas semelhantes a esta. Dela não escapou Voltaire. E com insistência se diz que esse acontecimento revolveu a Europa e a própria história.

Tudo isto parece simplesmente fatal, acontecimento cíclico, acerto de placas tectónicas com milhões de anos, que se foram 

 

 

 

 

desengonçando e em cumplicidade com ventos e águas as águas foi reconfigurando rios e mares. O homem, na sua pequenez, parece nada ter a ver com isto. Mas os tempos foram revelando que os seus plásticos, os tubos de escape dos pequenos e grandes carros, as grandes centrais poluentes os vícios de uso quotidiano que secam as terras e descontrolam as águas, são autores de toda esta tragédia. Somos coautores, construtores de catástrofes porque, se Deus sempre perdoa, o homem às vezes, a natureza – disco rígido de todos estes dados – nunca perdoa.

Muitos cientistas têm reafirmado nestes últimos tempos que Lisboa enfrenta um enorme risco de sofrer um sismo semelhante ao de 1755. E por isso se desenvolvem à pressa planos de preparação de crianças, jovens, adultos e idosos para o dia 

 

e para a hora que se desconhece, que a casa venha a baixo. Isso implica todos: Indivíduos, associações, Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, bairros históricos, zonas degradadas. Prevenir para o que possa surgir de irremediável. Países há qua já se habituaram a viver com essa espada suspensa. Não somos convidado a viver em estado de terror – mais este – mas precisamos munir-nos de instrumentos próximos e distantes deste curso da história.

E a Igreja, que tem preparado para uma eventualidade dessa ordem, ela que desempenhou um papel fundamental em 1755? E tem muitos movimentos – instrumentos mobilizados para intervir humanitariamente. Não se sabe o dia nem a hora. Nem somos convidados a viver em pânico. Mas estar distraído tem consequências graves. Já o Evangelho o dizia.

 

 

 

 

Alimentar a humanidade dá muito trabalho

 

 

 

 

 

 

 

Para que os pequenos agricultores recebam a justa compensação pelo seu precioso trabalho.
[Intenção
Universal do Papa – abril]
 

1. Por tradição milenar, as gentes que trabalham a terra e produzem os alimentos para todos os outros aparecem sempre nos últimos degraus da escala social. Talvez porque na antiguidade esse era um trabalho feito por escravos, enquanto os grandes proprietários da terra gozavam de estatuto privilegiado, não pelo trabalho que (não) faziam, mas pela riqueza que acumulavam.

 

2. Atualmente, embora muitas coisas tenham mudado, os pequenos agricultores ou os trabalhadores assalariados nas grandes empresas agrícolas continuam, em geral, entre os que auferem piores remunerações pelo seu trabalho – além de serem, com frequência, discriminados como gente pouco letrada, ignorante e rude.

 

3. Entretanto, a preocupação de algumas elites em conseguir alimentos menos “industrializados” tem permitido que a sociedade comece a olhar de modo mais respeitoso para os pequenos agricultores, com produções mais adaptadas aos ritmos da natureza – a tal ponto que a “agricultura biológica” é vista como um modo de produção de alimentos altamente recomendável. Apesar disso, há ainda um longo caminho a percorrer para que os agricultores, em geral, vejam reconhecido e realmente valorizado o seu contributo, inestimável, para o bem estar de toda a sociedade.

 

 

 

 

4. A Intenção Universal do Papa Francisco para este mês de abril é, por isso, um alerta: reconhecer, valorizar e compensar adequadamente o trabalho dos pequenos agricultores. Estes não constituem o “refugo” da sociedade, antes devem ser olhados como os seus primeiros construtores. Podem não ter frequentado universidades, mas têm a escola da terra, a única que ensina verdadeiramente a cuidar da nossa casa comum. Quanto aos sábios das 

 

universidades, com os seus conhecimentos científicos, devem sentir-se honrados por poderem ajudar os agricultores a produzir mais e melhores alimentos, para bem de todos e para que ninguém morra à fome devido ao egoísmo de quem apenas percebe de margens de lucro, estatísticas de produção e mecanismos de distribuição. 

Elias Couto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Preservar a Memória, construir memórias

  Octávio Carmo  
  Agência ECCLESIA   

 




 

 

De que terra somos? Que memórias persistem? Como se relacionam os que partiram, os que voltaram, os que ficaram e os que chegaram, com várias referências de origem, identitárias? A atual crise dos refugiados tem tornado todas estas questões cada vez mais pertinentes, com a consciência de que nada do que somos ou fomos enquanto povo - navegador e migrante - se pode esquecer nesta altura em que tantos batem à nossa porta.

A identidade portuguesa, de partidas e chegadas, encontros e desencontros, é uma mais-valia fundamental para uma resposta europeia que se quer concertada, humana e feita com base em valores.

 

 

 

 

Cresci na Venezuela e convivi com cristãos sírios e libaneses ali emigrados - para nós eram os ‘árabes’ e confesso que das primeiras vezes me surpreendeu vê-los nas igrejas. Aprendi a respeitar estas pessoas, a olhar para elas como alguém igual a mim, e tenho a certeza de que toda a sociedade portuguesa é capaz de valorizar e apreciar quem chega.

Quando comecei a acompanhar mais de perto o projeto que dois irmãos fizeram nascer, “Memórias de S. Roque do Faial- As vozes dos emigrantes”, intensificou-se esta 

 

paixão por partilhar vivências, tradições e valores.

Nem sempre é fácil explicar a alguém que uma pessoa pode ser da sua terra sem nunca lá ter vivido. Que uma freguesia a milhares de quilómetros de distância pode ser a referência do coração, do pensamento, da cultura, da culinária, da religião. Hoje, com a chegada de tantos refugiados, talvez seja mais fácil entender como é que crianças que vão crescer em Portugal nunca deixarão de ser sírias, por exemplo. Com as riquezas e desafios que todas estas situações trazem.

 

 

AMORIS LAETITIA

 

Amoris laetitia, sobre o amor na família

"Amoris laetitia" (AL - "A alegria do amor"), a Exortação apostólica pós-sinodal "sobre o amor na família", com data de 19 de março, solenidade de São José, recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, cujos relatórios conclusivos são abundantemente citados, juntamente com documentos e ensinamentos dos seus predecessores e as numerosas catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco. Contudo, como já sucedeu noutros documentos magisteriais, o Papa recorre também a contributos de diversas Conferências episcopais de todo o mundo (Quénia, Austrália, Argentina...) e a citações de personalidades de relevo, como Martin Luther King ou Erich Fromm.

A Exortação apostólica está dividida em nove capítulos e mais de 300 parágrafos. Tem início com sete parágrafos introdutórios que evidenciam a complexidade do tema, que requer ser aprofundado. Afirma-se que as intervenções dos padres no Sínodo constituíram um «precioso poliedro» (AL 4) que deve ser preservado. Neste sentido, o Papa escreve que «nem todas as 

 

discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais». Por conseguinte, para algumas questões «em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. De facto, "as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado"» (AL 3). Este princípio de inculturação revela-se como muito importante até no modo de articular e compreender os problemas, modo esse que, sem entrar nas questões dogmáticas bem definidas pelo Magistério da Igreja, não pode ser «globalizado».

O Papa afirma que é necessário sair da estéril contraposição entre a ânsia de mudança e a aplicação pura e simples de normas abstratas. «Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas» (AL 2).

 

 

 

1. À luz da Palavra

O Papa articula a sua reflexão a partir das Sagradas Escrituras no primeiro capítuloque se desenvolve como uma meditação acerca do Salmo 128, característico da liturgia nupcial. A Bíblia «aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares» (AL 8) e a partir deste dado pode meditar-se como a família não é um ideal abstrato, mas uma «tarefa "artesanal"» (AL 16) que 

 

se exprime com ternura (AL 28), mas que se viu confrontada desde o início também pelo pecado, quando a relação de amor se transformou em domínio (cf. AL 19). A Palavra de Deus «não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho» (AL 22).

 

 

AMORIS LAETITIA

 

 

2.  A realidade e os desafios das famílias

Partindo do terreno bíblico, o Papa considera no segundo capítulo a situação atual das famílias, mantendo «os pés assentes na terra» (AL 6) e enfrentando numerosos desafios, desde o fenómeno migratório à negação ideológica da diferença de sexo («ideologia de género»); da cultura do provisório à mentalidade antinatalidade e ao impacto das biotecnologias no campo da procriação; da falta de habitação e de trabalho à pornografia e ao abuso de menores; da atenção às pessoas com deficiência ao respeito pelos idosos; da desconstrução jurídica da família à violência para com as mulheres. O Papa insiste no carácter concreto, que é um elemento fundamental da Exortação. E é este carácter concreto e realista que estabelece uma diferença substancial entre «teorias» de interpretação da realidade e «ideologias».

Francisco nota que o individualismo exacerbado torna hoje difícil a doação a uma outra pessoa de uma maneira generosa (cf. AL 33). «Teme-se a solidão, deseja-se um espaço de proteção e fidelidade mas, ao mesmo tempo, cresce o medo de ficar encurralado numa relação que

 

 

possa adiar a satisfação das aspirações pessoais» (AL 34).

A humildade do realismo ajuda a não apresentar «um ideal teológico do matrimónio demasiado abstrato, construído quase artificialmente, distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são» (AL 36). O idealismo não permite considerar o matrimónio assim como é, ou seja, «um caminho dinâmico de crescimento e realização». Por isso, também não se pode julgar que se possa apoiar as famílias «com a simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais, sem motivar a abertura à graça» (AL 37). Convidando a uma certa "autocrítica" de uma apresentação não adequada da realidade matrimonial e familiar, o Papa insiste na necessidade de dar espaço à formação da consciência dos fiéis: «Somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las» (AL37). Jesus propunha um ideal exigente, mas «não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis como a samaritana ou a mulher adúltera» (AL 38).

 

 

 

3. O olhar fixo em Jesus: a vocação da família

O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimónio e da família. Ilustra de uma maneira sintética, em 30 parágrafos, a vocação à família de acordo com o Evangelho, assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimónio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. Fazem-se inúmeras citações da Gaudium et spes do Vaticano II, da Humanae vitae de Paulo VI, da Familiaris consortio de João Paulo II.

O documento inclui também as «situações imperfeitas». «"O discernimento da presença das semina Verbi nas outras culturas (cf. Ad gentes, 11) pode aplicar-se também à realidade matrimonial 

 

e familiar. Para além do verdadeiro matrimónio natural, há elementos positivos também nas formas matrimoniais doutras tradições religiosas", embora não faltem também as sombras» (AL 77). A reflexão inclui ainda as «famílias feridas», a propósito das quais o Papa afirma que «é preciso lembrar sempre um princípio geral: "Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações" (Familiaris consortio, 84).

O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, e podem existir fatores que limitem a capacidade de decisão. Por isso, ao mesmo tempo que se exprime com clareza a doutrina, há que evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diferentes situações, e é preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 79).

 

 

AMORIS LAETITIA

 

 

4. O amor no matrimónio

O quarto capítulo trata do amor no matrimónio e ilustra-o a partir do "hino ao amor" de São Paulo de 1 Cor 13, 4-7. O aprofundamento psicológico chega ao mundo das emoções dos cônjuges - positivas e negativas - e à dimensão erótica do amor. «Não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimónio como sinal implica "um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus"» (AL 122). Mas, por outro lado, o Papa insiste de modo enérgico e firme no facto de que «na própria natureza do amor conjugal, existe a abertura ao definitivo» (AL 123) precisamente no íntimo daquela «combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres» (Al 126) que é de facto o matrimónio.

O capítulo conclui-se com uma reflexão acerca da «transformação do amor» uma vez que «o alongamento da vida provocou algo que não era 

 

 

comum noutros tempos: a relação íntima e a mútua pertença devem ser mantidas durante quatro, cinco ou seis décadas, e isto gera a necessidade de renovar repetidas vezes a recíproca escolha» (AL 163). A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda: com o tempo, o desejo sexual pode transformar-se em desejo de intimidade e «cumplicidade». «Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável, comprometer-nos a amar-nos e a viver unidos até que a morte nos separe, e viver sempre uma rica intimidade» (AL 163).

 

 

 

 

 

 


 

5. O amor que se torna fecundo

O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no carácter gerador do amor. Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria 

 

da gravidez, do amor de mãe e de pai. 

Mas também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento do contributo das famílias para a promoção de uma "cultura do encontro", da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios, primos, parentes dos parentes, amigos. A Amoris laetitia não toma

 

 

 

AMORIS LAETITIA

 

em consideração a família «mononuclear», mas está bem consciente da família como rede de relações alargadas. A própria mística do sacramento do matrimónio tem um profundo carácter social (cf. AL 186). E no âmbito desta dimensão social, o Papa sublinha em particular tanto o papel específico da relação entre jovens e idosos, como a relação entre irmãos como aprendizagem de crescimento na relação com os outros.

 

6. Algumas perspetivas pastorais

No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Volta-se a sublinhar que as famílias são sujeito e não apenas objeto de evangelização. O Papa observa que «os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias» (AL 202). Se, por um lado, é necessário melhorar a formação psicoafetiva dos seminaristas e envolver mais a família na formação para o ministério (cf. AL 203), por outro «pode ser útil 

 

 

também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados» (AL 202).

Em seguida, o Papa desenvolve o tema da orientação dos noivos no caminho de preparação para o matrimónio, do acompanhamento dos esposos nos primeiros anos da vida matrimonial (incluindo o tema da paternidade responsável), mas também em algumas situações complexas e, em particular, nas crises, sabendo que «cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração» (AL 232). São analisadas algumas causas de crise, entre elas uma maturação afetiva retardada (cf. AL 239).

Além disso, fala-se também do acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: «O divórcio é um mal, e é muito preocupante o aumento do número de divórcios. Por isso, sem dúvida, a nossa tarefa pastoral mais importante relativamente às famílias

 

 

 

 

 

é reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para podermos impedir o avanço deste drama do nosso tempo» (AL 246).

Referem-se de seguida as situações dos matrimónios mistos e daqueles com disparidade de culto, e a situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas das formas de agressão e violência.

 

7. Reforçar a educação dos filhos

O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé 

 

 

e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. É interessante a sabedoria prática que transparece em cada parágrafo e sobretudo a atenção à gradualidade e aos pequenos passos que «possam ser compreendidos, aceites e apreciados» (AL 271).

Francisco afirma que «a obsessão (...) não é educativa; e também não é possível ter o controlo de todas as situações onde um filho poderá encontrar-se» (AL 261).

A secção dedicada à educação sexual intitula-se «Sim à educação sexual». Sustenta-se a sua necessidade e formula-se a interrogação de saber «se as instituições educativas assumiram este desafio (...) num tempo em que se tende a banalizar e empobrecer a sexualidade».

A educação sexual deve ser realizada «no contexto duma educação para o amor, para a doação mútua» (AL 280). É feita uma advertência em relação à expressão «sexo seguro», pois transmite «uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento» (AL 283).

 

 

AMORIS LAETITIA

 

 

8.  Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade - Temáticas controversas

O capítulo oitavo representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar», os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares. Em seguida, apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral e, por fim, aquela que é por ele definida como a «lógica da misericórdia pastoral».

O Papa aqui aquilo que foi fruto da reflexão do Sínodo acerca de temáticas controversas. Reforça-se o que é o matrimónio cristão e acrescenta-se que «algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal, enquanto outras o realizam pelo menos de forma parcial e analógica». Por conseguinte, «a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o matrimónio» (AL 292). 

No que respeita ao «discernimento»

 

acerca das situações «irregulares», o Papa observa: «temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 296). E continua: «Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia "imerecida, incondicional e gratuita"»(AL 297). E ainda: «Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral» (AL 298).

Nesta linha, o Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais (...). Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja (...). Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus filhos» (AL 299).

 

 

 

 

 

«Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (...) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer: uma vez que "o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos", as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos» (AL 300).

 

 

O Papa desenvolve exigências e características do caminho de acompanhamento e discernimento em diálogo profundo entre fiéis e pastores. A este propósito, faz apelo à reflexão da Igreja «sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes» no que respeita à imputabilidade das ações e, apoiando-se em São Tomás de Aquino, detém-se na relação entre «as normas e o discernimento», afirmando: «É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem transcurar, mas, na sua formulação, não podem abarcar absolutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento 

 

 

prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma» (AL 304).

 

 

AMORIS LAETITIA

 

Na última secção do capítulo, «A lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco realça que «a compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano. Hoje, mais importante do que uma pastoral dos falhanços é o esforço pastoral para consolidar os matrimónios e assim evitar as ruturas» (AL 307).

«Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. E convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja» (AL 312).

Acerca da «lógica da misericórdia pastoral», o Papa afirma: «Às vezes 

 

custa-nos muito dar lugar, na pastoral, ao amor incondicional de Deus. Pomos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de aguar o Evangelho» (AL 311).

 

9. Espiritualidade conjugal e familiar

O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar, «feita de milhares de gestos reais e concretos» (AL 315). Diz-se a que «aqueles que têm desejos espirituais profundos não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor Se serve para os levar às alturas da união mística» (AL 316). Tudo, «os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição» (AL 317). Fala-se de seguida da oração à luz da Páscoa, da espiritualidade do amor exclusivo e livre diante do desafio e do desejo de envelhecer e gastar-se juntos, refletindo a fidelidade de Deus (cf. AL 319). E, por fim, a espiritualidade «da solicitude, da consolação e do estímulo». «Toda a vida da família 

 

 

 

 

é um "pastoreio" misericordioso. Cada um, cuidadosamente, desenha eescreve na vida do outro» (AL 322), escreve o Papa. «É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele» (AL 323).

No parágrafo conclusivo, o Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (...). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve 

 

viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (...). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida» (AL 325).

A Exortação apostólica conclui-se com uma Oração à Sagrada Família (AL 325).

 

A Agência ECCLESIA apresenta toda a informação sobre este novo documento numa página específica do seu portal, em 

www.ecclesia.pt/familia

 

 

Bispos reforçam «total rejeição» de legalização da eutanásia

 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reforçou hoje em Fátima a sua posição de “total rejeição” de uma eventual legalização da eutanásia no país.

“A Assembleia reafirmou a total rejeição da eutanásia, que elimina a vida de uma pessoa, matando-a. A Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte”, refere o 

 

 

comunicado final da reunião, que decorreu desde segunda-feira.

O organismo máximo do episcopado católico em Portugal debateu o tema “a partir da recente nota pastoral do Conselho Permanente” da CEP, com o contributo de “alguns peritos na área do direito e da medicina”.

Para o episcopado português, é necessário promover uma “cada vez mais uma efetiva proximidade junto dos que mais sofrem” e intensificar 

 

 

 

“a rede de cuidados paliativos como direito para todos, os quais servem para ajudar a viver e fomentar a esperança”.

D. Manuel Clemente, presidente da CEP, lamentou a resposta "muito minoritária" em termos de cuidados paliativos, face às necessidades do país, sublinhando aos jornalistas que esta deve ser a "verdadeira frente de combate".

"Isso implica investimento de recursos e de pessoas, mas há muita gente disponível para ir neste sentido", observou.

Para o cardeal-patriarca, importa recordar que o direito à vida é "inviolável", também do ponto de vista constitucional, lamentando que se elimine do "horizonte" a dimensão de sofrimento.

"Nós podemos usar muitos eufemismos, mas [a eutanásia] trata-se sempre de matar, de eliminar uma vida, mesmo que seja a pedido", referiu.

"Cuidar, não descartar, cuidar", acrescentou.

D. Manuel Clemente recusou que, em matéria de vida e morte, existam 

 

"zonas de sombra" ou de esquecimento, que possam levar à "eliminação" e a situações "muito complexas".

"A vida é um bloco: ou se leva todo ou não se leva", assinalou.

O presidente da CEP assumiu que, mesmo face a uma eventual legalização, a Igreja e a sociedade devem "retomar a questão e resolvê-la melhor, a seguir".

Nenhuma decisão, por via parlamentar ou referendo, poderia "fechar a questão", prosseguiu.

Neste contexto, o cardeal sustentou que o Estado Português deve canalizar recursos "no sentido mais alargado e capaz possível" para as áreas dos cuidados paliativos.

A 14 de março, o Conselho Permanente da CEP publicou a nota pastoral intitulada ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’.

Na mesma altura, divulgou também um conjunto de 26 questões sobre temas ligados à eutanásia e ao fim da vida, acompanhando a Nota Pastoral, em que se questiona o “absurdo” de um “direito” a morrer.

 

Assembleia Plenária da CEP

Decorreu em Fátima, de 4 a 7 de abril de 2016, a 189.ª Assembleia Plenária dos Bispos portugueses,  cujas principais conclusões são apresentadas nesta edição do Semanário ECCLESIA

 

 

Fátima: Consagração das Dioceses de Portugal vai assinalar fim da visita da Imagem Peregrina

 

O encerramento da visita das Imagem Peregrina de Nossa Senhora vai ser assinalado na peregrinação do dia 13 de maio, presidida pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, com a consagração das Dioceses de Portugal a Nossa Senhora de Fátima.

A proposta de “consagração das Dioceses de Portugal a Nossa Senhora de Fátima” foi feita pelo reitor do Santuário ao episcopado português na Assembleia Plenária que hoje terminou, onde o padre Carlos Cabecinhas salientou também a grande participação de todas as dioceses na visita da Imagem Peregrina”, ainda a decorrer.

De acordo com o Comunicado Final da Assembleia Plenária, a consagração das Dioceses de Portugal a Nossa Senhora de Fátima é o “modo de envolver todas as Dioceses no acolhimento da Imagem Peregrina na celebração do próximo dia 13 de maio”.

Em conferência de imprensa, D. Manuel Clemente considerou que esta visita foi um “enorme fator

 

 de esperança” e promoveu a “revitalização da fé” para muitas pessoas.

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima iniciou a visita às dioceses de Portugal no dia 13 de maio de 2015, num percurso que começou em Viseu, seguindo depois por Braga, Viana do Castelo, Vila Real, Bragança-Miranda, Lamego, Coimbra, Guarda, Portalegre-Castelo Branco, Setúbal, Évora, Beja, Algarve, Santarém, Lisboa, Madeira, Aveiro e Açores.

Entre os dias 10 de abril e 1 de maio, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima visita a Diocese do Porto e depois, até ao dia 13 de maio, a Diocese de Leiria-Fátima, num itinerário de preparação para o Centenário das Aparições.

Na abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária da CEP, D. Manuel Clemente afirmou que as aparições de Fátima foram um “facto central e quase estruturante do catolicismo” contemporâneo no país” e que “o Papa Francisco certamente corroborará” a importâncias 

 

 

 

 

 

 

 

do santuário nacional “com a sua presença no próximo ano”.

“O Centenário das Aparições de Fátima já é e ainda mais será um importante fator de reencontro e expansão do que o sentimento ‘católico’ de grande parte do nosso povo pode oferecer à sociedade em geral”, assinalou o presidente da CEP.

A primeira Peregrinação Internacional Aniversária ao Santuário de Fátima, no último ano de preparação para o centenário, nos dias 12 e 13 de maio de 2016, vai ser presidida por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, disse o bispo de Leiria-Fátima à Agência ECCLESIA no fim  

 
da visita “ad Limina” do episcopado português, em setembro de 2015.
D. António Marto anunciou também nessa ocasião que a última Peregrinação Internacional Aniversária de 2016, nos dias 12 e 13 de outubro, vai ser presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, o cardeal D. Pietro Parolin.

“Tínhamos feito o convite e ele ter-se-á aconselhado com o Papa, que lhe terá dito: ‘vais abrir o caminho, vai como precursor’”, disse em Roma D. António Marto, acrescentando que Francisco “tem mesmo um desejo profundo, interior, de ir a Fátima, em maio de 2017”.

 

 

 

Bartolomeu dos Mártires

A Assembleia aprovou um texto que, tendo em conta a fama de santidade e o culto do Beato Bartolomeu dos Mártires, atesta a sua relevância eclesial em vista do processo de canonização com dispensa de milagre. O testemunho da sua vida e a transparência dos seus escritos mostram como o reconhecimento da sua santidade poderá ser marcante para o hoje da história da Igreja, em Portugal e no mundo.

Comunicado Final CEP

 

 

Refugiados: Cardeal-patriarca elogia viagem do Papa à ilha de Lesbos

 

O cardeal-patriarca de Lisboa elogiou hoje a viagem do Papa á ilha de Lesbos e disse que é necessário “não deixar fugir da agenda” a questão dos refugiados, para não esquecer “o que está por resolver”.

“Tudo o que seja pôr esta questão na agenda e não a deixar fugir da 

 

 

agenda é fundamental”, afirmou D. Manuel Clemente aos jornalistas no fim da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal (CEP), que hoje terminou em Fátima.

O presidente da CEP recordou o impacto da viagem do Papa à ilha italiana de Lampedusa, em julho 

 

 


 

de 2013, referindo que “agitou a opinião pública mundial”.

“São tantos os problemas de ordem mundial, é tal a catadupa de factos e às vezes de ‘fait-divers’ que nós corremos o risco de esquecer aquilo que está por resolver”, recordou.

Para o patriarca de Lisboa, “não basta lembrar uma vez”, antes é necessário “manter isto constantemente em agenda, agora até com o envolvimento do patriarca de Constantinopla [atual Istambul, Turquia], que está mais perto”.

“Tudo o que se faça nesse sentido é bom”, sublinhou.

Na Assembleia Plenária da CEP, os bispos de Portugal solidarizaram-se com “todos os refugiados”, lamentando a “que a morte continue a acontecer em vários lugares” e “a ineficácia da comunidade europeia perante o drama dos refugiados”.

O episcopado espera que “se 

 

 

encontrem rapidamente soluções que restituam um estatuto de dignidade a quem sofre em condições indignas”.

“A Igreja continuará a apoiar de um modo muito especial, através das suas instituições, aqueles que permanecem nos países atingidos por conflitos. Espera-se que as pessoas e instituições se mantenham disponíveis para acolher os refugiados, para que tenham qualidade de vida e se integrem na sociedade”, refere o Comunicado Final.

O Vaticano informou hoje que o Papa vai visitar os refugiados da ilha grega de Lesbos na companhia do patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, a 16 de abril, e, juntamente com o arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II, "vão encontrar-se com os refugiados ali hospedados", refere a nota oficial da sala de imprensa da Santa Sé.

 

 

Matrimónio: Cardeal-patriarca admite «maior afluência de pedidos» de nulidade

O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje que há “uma maior afluência de pedidos” relativos à eventual nulidade dos matrimónios celebrados na Igreja Católica, após as mudanças promovidas pelo Papa neste campo.

“As pessoas não tinham tanta consciência de que este é um caminho aberto”, referiu D. Manuel Clemente, em conferência de imprensa, no final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que decorreu desde segunda-feira, em Fátima.

Desde 8 de dezembro de 2015 estão em vigor as alterações que o Papa Francisco implementou nas causas de declaração de nulidade de matrimónios celebrados na Igreja Católica, tornando-se mais simples e breves, com maior poder de decisão para os bispos diocesanos.

O tema esteve em debate no encontro do organismo máximo do episcopado católico português, com o contributo de monsenhor Carlos Morán Bustos, ddecano do Tribunal da Rota da Nunciatura de Madrid.

D. Manuel Clemente assinalou que os Tribunais Eclesiásticos estão

 

 a “preparar-se” para as mudanças e realçou que “não era por dificuldades de dinheiro que os processos não avançavam”.

O Papa Francisco acolheu algumas propostas que estiveram em debate na assembleia extraordinária do Sínodo de 2014, como o reforço do papel dos bispos ou a criação de tribunais diocesanos e, sobretudo, o fim da chamada ‘dupla sentença conforme’.

Até agora, após a primeira decisão do tribunal havia um apelo feito ‘ex officio’ (sem a necessidade de iniciativa ou participação de terceiros).

Segundo D. Manuel Clemente, os casos que se enquadram neste processo breve “não são muitos, são quase excecionais”, por se exigir uma coincidência “nos motivos e nas razões” das duas partes.

“A grande via será a do processo normal”, que segundo o cardeal-patriarca poderá demorar “de um ano e meio a dois anos”.

As dioceses portuguesas começam a ter mais pessoas preparadas para acompanhar estes casos, do ponto de vista canónico, médico e psicológico, e dar resposta a “uma realidade que

 

 

 

 

não era tão procurada”, realçou D. Manuel Clemente.

O cardeal-patriarca apontou, por outro lado, a “necessidade de preparação para o matrimónio cristão”.

“Temos de trabalhar muito neste campo”, confessou.

O presidente da CEP distinguiu as questões ligadas ao processo de 

 

 

declaração de nulidade da situação dos católicos divorciados que voltaram a casar e do acesso destes à Comunhão.

Para este responsável, a “vida sacramental é um todo”, não podendo existir “discrepância entre o compromisso matrimonial e o compromisso eucarístico”. 

 

 

Terrorismo e crise financeira

 

 

Na abertura da Assembleia Plenária, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, alertou hoje para as consequências do terrorismo e a persistência da crise financeira. “Não está superada a ‘crise’ financeira do final da década anterior, com as respetivas consequências no setor do trabalho e da subsistência de quem não o tem”, alertou o presidente da CEP.

D. Manuel Clemente aludiu depois a “gravíssimos problemas” como “os fundamentalismos, o terrorismo ou

 

 

 

 a insegurança”. Segundo o cardeal-patriarca, estas questões “interligam-se num fundo comum de desconhecimento e até rejeição dos outros”.

Numa alusão à atua crise migratória, o responsável lamentou que não tenha havido capacidade de integrar na sociedade e nos “valores civilizacionais básicos” da Europa muitas pessoas provenientes de outras partes do mundo, criticando “um duvidoso ‘multiculturalismo’ autênticas bolsas de mútua exclusão, propícias 

 

 

 

 

 

a atitudes de grande violência”. “Não se encontrou ainda uma solução capaz para o surto incomum de migrantes e refugiados que procuram no nosso Continente as condições básicas de vida que a guerra e outras causas negativas destruíram nas suas terras de origem”, advertiu.

O presidente da CEP cita o Papa Francisco como exemplo de atenção às “periferias” e de promoção de uma “solidariedade efetiva com quem 

 

 

 

sofre”. D. Manuel Clemente recorda, a este respeito, a encíclica ‘Laudato si’, pedindo uma receção “persistente e profunda” deste texto, que “propõe uma resposta integrada e harmónica” para as problemáticas que afetam a humanidade.

O cardeal-patriarca sublinha que a proposta do Papa evita que o mundo sociopolítico fique nas mãos de um “jogo dos interesses mais ou menos confessados de grupos e países”.

 

 
1917-2017

O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou ainda que as aparições de Fátima foram um “facto central e quase estruturante do catolicismo” contemporâneo no país. Falando na Casa de Nossa Senhora das Dores, D. Manuel Clemente observou que “o Papa Francisco certamente corroborará” a importâncias do santuário nacional “com a sua presença no próximo ano”.

“O Centenário das Aparições de Fátima já é e ainda mais será um importante fator de reencontro e expansão do que o sentimento ‘católico’ de grande parte do nosso povo pode oferecer à sociedade em geral”, assinalou.

 

 

 

 

 

Media: Padre Américo Aguiar nomeado diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

O padre Américo Aguiar, da Diocese do Porto, foi hoje nomeado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais para “o próximo triénio”, refere o Comunicado Final da Assembleia Plenária.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o novo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais disse que vai “colaborar”, na concretização dos diferentes projetos em curso, com “todos aqueles que já têm as mãos no arado”.

“Vamos continuar o trabalho tendo em conta os desafios da atualidade e o que o Papa Francisco nos apresenta, nomeadamente na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais desde ano”, afirmou o padre Américo Aguiar.

Para o também vice-presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença, a comunicação deve “criar pontes, proporcionar encontros e significar a inclusão e a partilha”, tendo por preocupação no “centro

 

de tudo” a possibilidade de “proporcionar às pessoas o encontro com Cristo”.

“Queremos que a comunicação da Igreja, mais do que todas as outras, proporcione aos cibernautas, aos ouvintes, aos telespectadores e aos leitores uma experiência de encontro com Jesus Cristo”, sublinhou.

Ao tomar conhecimento da nomeação da CEP como diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, o padre Américo Aguiar saudou dois antecessores na mesma “missão da Igreja”, o cónego João Aguiar e o cónego António Rego.

“Ao cónego João Aguiar, que agora cessa funções, queremos reconhecer o serviço, a entrega e o empenho nesta atividade, em conjugação como trabalho na Rádio Renascença, e sublinhar a aprovação de um louvor em relação ao seu trabalho feito pelos senhores bispos”, referiu o padre Américo.

“O mesmo em relação ao cónego Rego, que é muito nosso ‘pai na fé’ 

 

 

 

nestas questões da comunicação social e gostava de sublinhar o seu nome neste momento”, disse o padre Américo Aguiar.

Natural da Diocese do Porto, o padre Américo Aguiar nasceu em 1973 e foi ordenado sacerdote em 2001.

Em 2014 publicou o livro “Um padre

na aldeia global - Evangelização e o Desafio das Novas Tecnologias”, resultado de uma investigação

para o curso de Mestrado

em Ciências da Comunicação.

A obra reforça a necessidade

do clero ter “em cada tempo”

a capacidade “de ir ao

encontro das pessoas

 

 

que lhes são destinadas para acompanhamento”, referiu na altura em declarações à Agência ECCLESIA. 

 

 

Honrado e agradecido

Foi hoje confirmada a minha dispensa das funções de Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.

Impunha-se esta decisão de aliviar tarefas, uma vez que a minha saúde não é a melhor e não quero que tal se repercuta na disponibilidade/capacidade que gosto de pôr em tudo o que faço. Não quero, de facto, que qualquer serviço me sirva, quando devo ser eu a fazê-lo.

Durantes estes anos cruzei-me com muitas pessoas e decisões, nem sempre fáceis. Mas todos os interlocutores merecem um abraço agradecido, que quero também fazer chegar aos secretariados diocesanos da comunicação social.

É, no entanto, da mais elementar justiça que publicamente confesse especial  afeto e gratidão a colaboradores próximos, que me habituei a estimar, pela sua qualidade humana e profissional: penso em quantos trabalham no Secretariado nacional e nas diferentes plataformas e compromissos da Agência Ecclesia.

Esta hora é, para todos, um tempo

 

 de otimismo – pois que o novo Diretor, Padre Américo Aguiar, oferece indiscutível incremento de competência e dinamismo.

Aos elementos da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, em que o Secretariado se insere, agradeço a sua paciência e apoio. Ninguém estranhe, porém, que mencione particular gratidão ao Presidente e amigo, Dom Pio Gonçalo Alves de Sousa.

Por causa de todos vós, sinto-me honrado e agradecido.

 

Lisboa, 7 de Abril de 2016

 

P. João Aguiar Campos

 

 

 

O que é que a Igreja tem dito sobre a sociedade em rede?

Já em pleno tempo Pascal, rumo ao Pentecostes, continuamos a nossa reflexão. A Igreja sempre esteve atenta ao sector das comunicações sociais, conforme podemos constatar pelos variadíssimos documentos do Magistério da Igreja. Exemplo disso é o facto de que a única celebração mundial estabelecida pelo Concílio Vaticano II, é o dia mundial das 

 

comunicações sociais, marcada na maioria dos países, por indicação do episcopado local, para o domingo precedente ao Pentecostes.

De igual modo, o interesse pelas novas tecnologias, nomeadamente pela Internet, não podia ser deixado para segundo plano, podemos constatar que a Igreja tem declarado com frequência a sua convicção de que eles são, em conformidade com as palavras do Concílio Vaticano II, «maravilhosas

    invenções técnicas», conforme

           nos diz o Decreto Conciliar Inter

                   mirifica. Referiu ainda

                          na Communio et 

 

 
 

 


 

progressio, que “a Igreja encara estes meios de comunicação social como “dons de Deus” na medida em que, segundo a intenção providencial, criam laços de solidariedade entre os homens, pondo-se assim ao serviço da Sua vontade salvífica”. Se olharmos para a história da comunicação do ponto de vista eclesial, ela parece-se com uma longa peregrinação que encaminha a humanidade “desde o projecto de Babel, baseado no orgulho, que acabou na confusão e incompreensão recíproca a que deu origem (cf. Gn 11,1-9), até ao Pentecostes e ao dom de falar diversas línguas, quando se dá a restauração da comunicação, baseada em Jesus, através da ação do Espírito Santo”, escreve João Paulo II na mensagem para o XXXIV Dia Mundial  
 

 das Comunicações. É no Verbo feito carne que “se encontra o fundamento e o protótipo da comunicação entre os homens”, está escrito na instrução pastoral sobre os meios de comunicação social Communio et progressio. Na sociedade atual, tudo isto que foi referido é válido de uma forma especial no que diz respeito à Internet, dado que ela está a contribuir para uma mudança enorme tanto ao nível da educação, da política, da economia, ou seja, da sociedade em geral, mudanças estas que se manifestam não somente ao nível da comunicação individual, mas mesmo na forma como as pessoas vêm a sua própria vida.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

As crianças perguntam, o Papa responde

 

A obra “Querido Papa Francisco”, que retrata as trocas de correspondência entre o Papa e crianças de todo o mundo, incluindo de Portugal, vai chegar às livrarias nacionais no dia 11 de abril. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a Paulinas Editora, responsável pela difusão da obra em Portugal, realça “um verdadeiro projeto de amor” que envolveu 

 

 

“todos os que nele participaram, incluindo Francisco, a quem havia sido solicitado um livro para crianças, ideia a que ele anuiu prontamente”.

“É maravilhoso responder às perguntas destas crianças, mas devia tê-las aqui todas comigo! Eu sei que isso seria maravilhoso, mas também sei que este livro de respostas chegará às mãos de muitas crianças de todo o

 

 

 

 

mundo que falam línguas diferentes. Por isso, sinto-me feliz”, escreve o Papa argentino.

Tudo nasceu por iniciativa de “uma extensa rede coordenada por padres jesuítas”, que “tratou de indagar do interesse das crianças em contactarem por escrito Sua Santidade” e de lhe colocarem perguntas. “O resultado foi surpreendente”, aponta a editora católica, adiantando ainda que “devido à enorme quantidade de cartas recebidas”, cerca de 260, “tornou-se impossível publicá-las todas, assim como as respetivas respostas”.

Assim, a obra “Querido Papa Francisco” contém 30 cartas, numa escolha que teve como “único critério a sua diversidade”. “Foram contempladas missivas de crianças de 26 países” e de todos os continentes, “escritas em 14 línguas”, incluindo o português, pela mão do pequeno João, de 10 anos.

A iniciativa tem como coordenador o padre António Spadaro, diretor da revista jesuíta ‘La Civiltà Cattolica’, que leu cada uma das cartas ao Papa e mostrou-lhe também os desenhos que as acompanhavam.

As missivas, remetidas por crianças com idades entre os seis e os 13 anos, pedem ajuda ao Papa, conselhos,

 

respostas às suas dúvidas e explicações sobre o sentido da fé e da existência. “Cada criança deveria ler este livro, sozinha ou com os pais, avós, irmãos mais velhos, professores ou outra pessoa amiga, tomando consciência de que todas estas questões, que poderão também ser as suas perguntas, são importantes e podem conduzir-nos a Deus”, salienta a Paulinas Editora.

Além de Portugal, registe-se ainda a participação de crianças provenientes de Albânia, China, Nigéria, Filipinas e também de escolas provisórias que acolhem refugiados sírios.

Sobre o sofrimento das crianças, e em resposta a um rapaz norte-americano de sete anos, Francisco escreve: “Ainda não consegui entender porque é que as crianças sofrem. Para mim é um mistério. Não sei dar uma explicação. Interrogo-me sobre isso. Rezo sobre esta pergunta: porque é que as crianças sofrem? É o meu coração que põe a pergunta. Jesus chorou, e chorando compreendeu os nossos dramas. Eu procuro compreender”.

 

Depois de numa primeira fase, ter sido lançado em Itália, Espanha, México, Polónia, Indonésia, Filipinas e Índia; o livro “Querido Papa Francisco” chega agora às bancas em Portugal, a 11 de abril.

 

 

II Concílio do Vaticano: Clericalismo e anticlericalismo foram sepultados?

 

 

Quando se iniciou o II Concílio do Vaticano (1962-65), muitos pensaram que a assembleia magna era uma simples continuação do concílio anterior. Apesar de ter dedicado algum tempo e espaço ao episcopado e ao colégio episcopal, o encontro convocado pelo Papa João XXIII restituiu aos leigos o lugar que lhes pertence na Igreja.

Basta dar uma vista de olhos à frequência com que nos vários documentos conciliares se trata do papel e da tarefa dos leigos, para compreender que a sua posição e a sua missão devem ter sido uma das exigências mais sentidas no seio do II Concílio do Vaticano.

Mesmo se não tivesse sido elaborado um decreto específico sobre o apostolado dos leigos, promulgado a 18 de novembro de 1965, seria suficiente voltar a ler os outros documentos para conhecer a ideia essencial e orgânica sobre este tema. A terminologia habitual dos últimos decénios, antes da realização do II Concílio do Vaticano, identificava em larga escala a hierarquia com a Igreja. “Isto dava pelo menos a impressão de que os leigos se encontravam perante a Igreja, e não dentro dela, com uma dignidade específica e com determinados vínculos e determinadas relações com os titulares dos ministérios e dos ofícios hierárquicos” (Haring, Bernard; «O Concílio começa agora», Lisboa, Edições Paulista). No plano divino, os leigos são membros ativos do Povo de Deus, “não menos do que os bispos e o Papa”, realça a obra deste teólogo redentorista.

Para Bernard Haring, “o clericalismo e 

 

 

 

o anticlericalismo foram verdadeiro espinho para a Igreja nos últimos séculos”. Do complexo problema do clericalismo faz parte também a tentativa dos Papas, dos bispos e dos teólogos da Idade Média para atribuir à Igreja “um poder direto sobre as coisas temporais e governá-las por meios coercitivos espirituais e civis”. A violenta reação anticlerical que esta tentativa suscitou é “simbolizada pela bofetada dada a Bonifácio VIII”.

O clericalismo foi também uma tentativa para impedir a pesquisa científica usando passos da Bíblia 

 

mas interpretados ou fórmulas teológicas. O caso de Galileu teve uma repercussão enorme nesse campo. “Também aquela fórmula teológica que fala do «poder indireto nas coisas temporais» não satisfaz o homem moderno, até porque na prática, os representantes do clero continuam a ocupar muitas posições chaves no campo profano e se imiscuem de muitos modos na vida política, social e cultural, sem que seja possível ver em tudo isto uma exclusiva preocupação pelo bem espiritual”, escreveu Bernard Haring.

 

 

 

 

Abril 2016 

09 de abril

. Coimbra – Arganil - Assembleia diocesana do Ano da Misericórdia sobre «Catequese e prática da misericórdia» pelo padre Luís Miguel Costa, da diocese de Coimbra

 

. Fátima - Peregrinação nacional dos amigos do Verbo Divino com o lema «Misericórdia no coração, mãos em missão» (até 10 de abril)

 

. Fátima - Centro João Paulo II - Assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas

 

. Fátima - Centro Paulo VI - Celebração dos 150 anos das Doroteias em Portugal presidida por D. António Francisco dos Santos

 

. Santarém - Jornada diocesana dos bens culturais da Igreja

 

. Fátima - Jardim Infantil Jacinta Marto - Jornada de Espiritualidade Reparadora coordenada pelo padre Saturino Gomes e promovida Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima 

 

Itália - Roma (ateneu pontifício Regina Apostolorum) - Encerramento do curso «Exorcismo e oração de libertação» organizado pelo Instituto «Sacerdos»

 

Lisboa - Auditório da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, 09h30 - Etapa do Sínodo Diocesano de Lisboa sobre «Evangelizadores com Espírito» com conferências de Juan Ambrósio e Armando Toscano Rico

 

Lisboa - Seminário da Luz, 10h00 - Dia de oração e reflexão para casais à espera de filhos promovido pelo Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa

 

Portalegre - Proença-a-Nova, 14h00 - III Encontro Arciprestal da Família com o tema «A Família - Fonte de Misericórdia» e presidido pelo bispo da diocese, D. Antonino Dias

 

Guarda - Centro Paroquial do Bairro dos Penedos Altos, 15h00 - Conferência sobre a encíclica «Laudato Si» e o que representa para a Igreja e a Humanidade por Francisco Ferreira, ex-presidente da Quercus

 

 

 

Guarda - Biblioteca Eduardo Lourenço, 15h00 - Colóquio sobre misericórdia e saúde com a presença de D. Manuel Felício, bispo da Guarda, e promovido pela Fundação São João de Deus

 

Lisboa - Mosteiro de Santa Maria (Lumiar), 15h30 - Conferência sobre «A Igreja é credível quando (não) prega a misericórdia?» por José Frazão e integrada no ciclo «A Misericórdia: um evangelho por habitar»

 

Lisboa - Igreja de São Luís dos Franceses, 17h00 - Celebração dos 30 anos dos «Leigos para o Desenvolvimento»

 

Porto - Santa Maria de Lamas, 21h00 - Encontro sobre a obra de misericórdia «Visitar os presos» com o padre Davide Matamá, Capelão dos Estabelecimentos Prisionais do Porto, promovido pelo Grupo Jovens Guê-Jota e a Pastoral Juvenil Santa Maria de Lamas

 

Porto - Vila Nova de Gaia (Seminário Coração de Maria), 21h30 - Sessão do «Conversas com Vida» sobre «Alimente esta ideia» com António Cândido Silva, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome – Porto

 
10 de abril

Algarve – Loulé - Celebração da Mãe da Misericórdia integrada na festa grande da Mãe Soberana

 

Aveiro – Torreira - Dia da Igreja Diocesana de Aveiro com entrega da Imagem Peregrina de Fátima à Diocese do Porto

 

. Início da Semana de Oração pelas Vocações com o tema «A Igreja, mãe de vocações» - termina a 17 de abril

 

Santarém - Assembleia diocesana da ACR (Ação Católica Rural)

 

Setúbal - Almada (Seminário) - Jubileu das Famílias

 

Setúbal – Sé - Ordenação presbiteral

 

Lisboa – Cascais, 14h00 - Jornada diocesana da juventude com o tema «Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia»

 

Fátima - Steyler Fátima Hotel, 16h00 - Lançamento da obra «Retalhos de uma vida sacerdotal - In Manibus Tuis Sortes Meae» do padre Joaquim Rodrigues Ventura com apresentação de monsenhor Luciano Guerra

 

 

 

 

 

08 de abril, Setúbal - A Pastoral Juvenil de Setúbal e a Comissão Diocesana de Arte Sacra dedicam a sessão «Rezar com Arte» desta noite à escultura, a partir das 21h30, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Seixal. Uma atividade inserida no itinerário de preparação para a Jornada Mundial da Juventude 2016.

 

8 a 10 de abril, Esztergom, Hungria - Hoje, Dia Internacional dos Ciganos. A CCIT - Comissão Católica Internacional para os Ciganos – promove um encontro intitulado “Na Encruzilhada: a Europa, as Igrejas e as Culturas perante a Misericórdia”. A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, da Igreja Católica em Portugal, também vai estar presente.

 

10 a 17 de abril, Igreja - Semana de Oração pelas Vocações com o tema «A Igreja, mãe de vocações»

“O candidato contempla, agradecido, esta mediação comunitária como elemento imprescindível para o seu futuro. Aprende a conhecer e a amar os irmãos e irmãs que percorrem caminhos diferentes do seu; e estes vínculos reforçam a comunhão em todos”, escreveu Papa Francisco.

 

11, 12 e13 de abril, Vaticano - Reunião do Conselho Consultivo de Cardeais (C9) com o Papa. Francisco criou este grupo a 28 de setembro de 2013 para o aconselharem na reforma da Cúria Romana.

 

13 abril, Lisboa - O Centro de Reflexão Cristã promove um colóquio sobre «O nome de Deus é Misericórdia» que conta com as reflexões de Luís Miguel Cintra, Leonor Xavier e do padre José Manuel Pereira de Almeida, a partir das 18h30, na sua sede.

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

10h30 - Oitavo Dia

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 20h30

Domingo, 10 de abril - Angra: Uma diocese Atlântica

 

 

RTP2, 15h00

Segunda-feira, dia 11 - Entrevista ao novo provincial dos franciscanos, frei Armindo Carvalho

 

Terça-feira, dia 12 - Informação e entrevista a Alice Cabral e Isabel Vale sobre a peregrinação a Fátimna nos 40 anos do Movimento Fé e Luz.

 

Quarta-feira, dia 13- Informação e entrevista a  Jorge Wemans sobre as conclusões da dinãmica "Escutar a Cidade"

 

Quinta-feira, dia 14 - Informação e entrevista sobre o 3º Encontro Nacional de Leigos

 

Sexta-feira, dia 15 -  Análise à liturgia de domingo pelos padres Nélio Pita e Robson Cruz

 

Antena 1

Domingo, dia 10 de abril - 06h00 - A vida e obra de Sílvia Cardoso

 

Segunda a sexta-feira, 11 a 15de abril - 22h45 - Comunicar através das novas tecnologias, partilhas e opiniões. 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 3.º Domingo do Tempo Pascal

 
 
 
 
 
 
 
Confissão de fé, vida de amor no quotidiano!
 

A comunidade cristã, vivificada e orientada por Jesus ressuscitado, tem por missão crer, testemunhar e concretizar o seu projeto libertador. Aí está a mensagem principal do Evangelho deste terceiro domingo do tempo pascal.

Em linguagem simbólica, o evangelista João apresenta uma parábola sobre a missão da comunidade. Os discípulos são sete, representando a totalidade da Igreja, empenhada na missão e aberta a todas as nações e a todos os povos.

A comunidade é apresentada a pescar, sinal de que procura libertar todas as pessoas que vivem mergulhadas no mar do sofrimento e da escravidão, sob a iniciativa de Pedro que preside à missão e à animação da Igreja primitiva.

A pesca é feita durante a noite, tempo das trevas e da escuridão, na ausência de Jesus, o que leva a ação dos discípulos ao fracasso. A chegada da manhã, plena de luz, coincide com a presença de Jesus, luz do mundo.

Jesus não está no barco, mas sim em terra. Significa que não acompanha os discípulos na pesca, mas exerce a sua ação no mundo por meio dos discípulos. A presença viva do Senhor ressuscitado é a razão de ser do êxito da pesca abundante, da missão da comunidade.

João, o discípulo amado sempre próximo e em sintonia com Jesus, experimenta de forma intensa o amor de Jesus. Só quem faz essa experiência é capaz de ler os sinais que identificam Jesus e perceber a sua fecunda presença de amor.

Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são sinal do amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela sua comunidade: uma alusão à Eucaristia, ao pão que

 

 

 

 

 

Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão.

Depois, contrariando as negações anteriores e manifestando a sua adesão de vida, Pedro confessa por três vezes o seu amor a Jesus. É convidado a perceber que, na comunidade de Jesus, o valor fundamental é o amor e a entrega de vida. Não existe verdadeira adesão a Jesus, se não se estiver disposto a seguir esse caminho.

Ao mesmo tempo, Jesus confia a Pedro a missão de presidir à comunidade e de a animar. Mas convida-o também a perceber onde

 

é que reside, na comunidade cristã, a verdadeira fonte da autoridade: só quem ama muito e aceita a lógica do serviço e da doação da vida poderá presidir à comunidade de Jesus.

À maneira de Pedro, a nossa fé só pode ser uma confissão de amor a Jesus vivo e ressuscitado em nós. Que o andamento deste Ano Santo da Misericórdia intensifique em nós e nas nossas comunidades a vivência renovada desta confissão de fé, que só pode ser verdadeiramente uma história de amor e misericórdia, celebrada e vivida no quotidiano das nossas existências.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Divina Misericórdia, o «coração» do jubileu

 

O Papa presidiu na Praça de São Pedro às celebrações do domingo da Divina Misericórdia, celebração instituída por São João Paulo II, que considerou o “coração” deste ano jubilar.

Francisco rejeitou a ideia de uma Igreja de “portas fechadas” e convidou os católicos a ter um “estilo de vida” 

 

 

marcado pela misericórdia, com atenção a quem sofre. “Muitas vezes vemos, diante de nós, uma humanidade ferida e assustada, que tem as cicatrizes do sofrimento e da incerteza”, alertou, na homilia da Missa dominical.

Perante milhares de pessoas, 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco aludiu ao “clamor de misericórdia e paz” da humanidade, que exige uma resposta da Igreja. “A estrada que o Mestre ressuscitado nos aponta é estrada de sentido único, segue-se apenas numa direção: sair de nós mesmos, sair, para testemunhar a força reparadora do amor que nos conquistou”, afirmou.

Neste sentido, o Papa sublinhou que as obras corporais e espirituais de misericórdia são “o estilo de vida do cristão”. “Através destes gestos simples e vigorosos, por vezes invisíveis, podemos visitar aqueles que passam necessidade, levando a ternura e a consolação de Deus”, precisou.

Francisco sublinhou que os católicos não podem fechar o coração ou ficar “à distância” perante quem vive situações de sofrimento, porque Deus “quer vir ao encontro de todas as pobrezas e libertar de tantas formas de escravidão que afligem” o mundo.

Após recordar que “muitas pessoas pedem para ser escutadas e compreendidas”, o Papa pediu aos fiéis que sejam “instrumentos de reconciliação” e “sinais da misericórdia”.

 

 

 

O Papa apresentou o Evangelho como “o livro da misericórdia de Deus” e realçou que o mesmo “permanece um livro aberto, onde se hão de continuar a escrever os sinais dos discípulos de Cristo, gestos concretos de amor, que são o melhor testemunho da misericórdia”.

“O Evangelho da misericórdia, que se deve anunciar e escrever na vida, procura pessoas com o coração paciente e aberto, ‘bons samaritanos’ que conhecem a compaixão e o silêncio perante o mistério do irmão e da irmã”, prosseguiu.

Em conclusão, Francisco convidou à oração para pedir a capacidade de ser “misericordiosos”, a fim de testemunhar “a força do Evangelho, para escrever as páginas do Evangelho que o apóstolo João não escreveu”.

A celebração, que contou com uma oração em português, assinalou o jubileu das pessoas que “aderem à espiritualidade da Divina Misericórdia” e foi precedida este sábado por uma vigília de oração, também com a presença do Papa.

 

 

Francisco envia donativo através da Fundação AIS
para os Cristãos de Erbil

Um gesto do Papa

O Bispo de Carpi integrou uma delegação da Fundação AIS que esteve esta semana em Erbil, no Iraque, junto das comunidades cristãs que vivem em campos de refugiados. Na bagagem levou um donativo pessoal do Santo Padre que se afirmou “encantado” com esta iniciativa da Ajuda à Igreja que Sofre.

 

 

 

“Estou verdadeiramente encantado com esta iniciativa”, escreveu o Papa a D. Francesco Cavina, Bispo de Carpi e um dos elementos da comitiva da Fundação AIS italiana que esteve em Erbil, norte do Iraque, nos primeiros quatro dias deste mês. Mal soube que este prelado iria integrar a comitiva da AIS, o Papa fez questão de lhe entregar um donativo pessoal para os Cristãos iraquianos. Um gesto que, como Francisco escreveu a esse prelado, procura exprimir “amizade, comunhão eclesial e proximidade com tantos irmãos e irmãs”, que viram as suas vidas completamente arruinadas com a ocupação do país pelos jihadistas. O Papa, que nunca esqueceu nas suas orações a “situação de aflição e tribulação” em que se encontram estes cristãos – situação que o “entristece profundamente” – convida-nos “a defender o direito inalienável de cada pessoa a professar a sua fé

    em liberdade.”

 

          É preciso não esquecer

        Nessa breve mensagem, o Papa

        fez questão de sublinhar o drama

           de todos os que, em tantas

 

 

 

 

partes do mundo, são vítimas de intolerância e perseguidos por causa da fé, situação “que afecta cristãos e outras minorias étnicas em todo o mundo”. Além do donativo pessoal, o Papa Francisco fez também questão de enviar, através da Fundação AIS, alguns paramentos sagrados para os membros do clero de Erbil. A carta termina com uma saudação a Francesco Cavina escrita pelo próprio punho do Santo Padre: “E, por favor, reze por mim. Francisco.”

 

Aldeia Padre Werenfried

A delegação da Fundação AIS foi chefiada por Alessandro Monteduro, director da AIS Itália, e contou, entre outros, com o Bispo Antonio Suettade Ventimiglia, São Remo, e D. Massimo Fabbri, representante da Arquidiocese de Bolonha, além do Bispo de Carpi, Monsenhor Francesco Cavina. A visita a Erbil, capital do Curdistão Iraquiano, incluiu uma passagem por alguns 

 

centros de refugiados, especialmente em Ankawa, onde se encontra a Aldeia Padre Werenfried, que recebeu o nome do fundador da AIS e que é composta por 150 casas pré-fabricadas que albergam 175 famílias.

 

Uma fé inabalável

Desde Junho de 2014 até hoje, recorde-se, a AIS já doou cerca de 15 milhões de euros aos Cristãos do Iraque. A delegação da AIS teve ainda oportunidade de visitar as escolas frequentadas actualmente por cerca de 7 mil crianças iraquianas, que funcionam também em edifícios pré-fabricados doados pela AIS. Marta Petrosilio, da delegação italiana da AIS, testemunhou o entusiasmo com que as populações locais receberam esta visita que foi, acima de tudo, “uma viagem de proximidade, mas também de alegria”. Uma viagem que permitiu “constatar que, apesar de tudo”, estes cristãos “conservam uma fé forte”, que não foi abalada pelos dias de terror que viveram com a invasão das suas terras, das suas casas, pelos jihadistas do auto-proclamado “Estado Islâmico”. Afinal, estes cristãos perderam tudo o que tinham menos a fé.

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

Vidas com Saúde

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

A celebração do Dia Mundial da Saúde, a 7 de Abril, fez-me regressar a Angola. Da visita a muitas terras e das conversas com muitas pessoas, ficou-me a convicção de que a saúde anda mal tratada em muitas paragens do planeta terra. Os Bispos de Angola, em nota pastoral de enorme coragem, denunciam: ‘Nos últimos tempos, e de forma dramática, aumentou o índice de mortalidade de crianças e adultos, vítimas de doenças como o paludismo, diarreia e febre amarela. Isto deve-se, principalmente, ao descuido da Saúde Pública e preventiva, falta de saneamento básico, falta de higiene pública e privada, falta de água, acumulação de lixo…Assistimos a uma insensibilidade quase crónica perante o mal, a doença e a morte do próximo. Em muitos hospitais, isto traduz-se no desvio de medicamentos para farmácias ou unidades de saúde privadas e mercado paralelo, onde são vendidos a preços insuportáveis para a maioria da população. Em muitos hospitais, além da falta de medicamentos indispensáveis, os doentes não recebem alimentação. Muitas das nossas estradas tornaram-se intransitáveis, isolando populações e criando condições para o aumento de acidentes’.

Parecem muito duras estas palavras, mas contam com realismo o drama que muitos angolanos vivem, sobretudo nas periferias pobres das grandes cidades.

Escrevi, após visita a Angola: ‘As grandes cidades não conseguem recolher o lixo que produzem. Luanda está um caos a este nível: montes de lixo 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

por todo o lado. As consequências são imediatas: um surto enorme de febre amarela e malária está a vitimar muitos angolanos. Os musseques de Luanda têm mortes diárias. Nos últimos dias de Março, foram centenas as vítimas mortais e já se falava em estado de calamidade! Também a febre tifóide aparece em quase todas as análises clínicas. Os hospitais e centros de saúde não têm espaço, técnicos, meios e medicamentos para garantir a vitória neste combate. O ministério da Saúde e os gestores hospitalares reconhecem que estão numa luta desigual contra doenças que se tornaram epidemias. Os meios 

 

de comunicação lançam alertas frequentes para cuidados para controlar o surto de febre amarela e malária. Há que combater lixos, charcos, fossas a céu aberto. O novo Governador de Luanda pôs o combate ao lixo como prioridade. Já se começam a sentir os efeitos’.

Mais e melhor saúde tem de ser objectivo maior de todos os governos do mundo. Sem saúde, tudo o resto fica á deriva. Desejo que neste Dia Mundial da Saúde, os líderes mundiais decidam tomar a mais a sério esta questão. Até porque estão em causa o presente e o futuro da humanidade.

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair