04 - Editorial:

   Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
     D. Manuel Linda

22 - Opinião:
    José Luis Gonçalves

24 - Opinião:
    António Rebelo

26 - Semana de..

     Sónia Neves

28 - A alegria do Amor

    Reações à exortação pós-sinodal
 

36 - Dossier

      Eutanásia em debate

38 - Entrevista

      Monsenhor Feytor Pinto

60 - Multimédia

62 - Estante

64 - Concílio Vaticano II

66 - Agenda

68 - Por estes dias

70 - Programação Religiosa

71 - Minuto Positivo

72 - Liturgia

76 - Jubileu da Misericórdia

78 - Fundação AIS

80 - LusoFonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

 

Reações à exortação «A Alegria do Amor»

 

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Francisco ao encontro dos refugiados

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Eutanásia, um debate necessário

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D. Manuel Linda | José Luis Gonçalves | António Rebelo | Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

O Papa salva-vidas

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA  

 

 

 

O Papa Francisco recentrou o discurso da Igreja Católica (e não só), por força das suas intervenções e gestos com repercussão global, na defesa dos mais excluídos, dos descartados da sociedade, dos refugiados, dos “últimos”.

Não surpreende por isso que, depois de ter começado as suas viagens pela ilha italiana de Lampedusa, Francisco tenha decidido acorrer a Lesbos, uma espécie de Lampedusa do Egeu, como foi definida pelo Vaticano, para ali chamar a atenção do mundo para dois factos fundamentais, coadjuvado pelo patriarca ecuménico de Constantinopla: a tragédia humana que se esconde por trás de cada “número”, quando se fala em refugiados; e a perseguição contra as minorias religiosas, particularmente os cristãos, que as está a empurrar para fora dos seus lares.

Uma das frases mais marcantes do pontificado foi proferida durante a visita do Papa a um cemitério militar na Itália: ‘A mim, que me importa?’. Uma questão para toda a humanidade, uma espécie de teste ao coração de cada um. No fundo, dela depende o crescimento ou não da globalização da indiferença.

 

P.S. O debate que se seguiu à publicação da exortação apostólica pós-sinodal ‘A Alegria do Amor’ foi exatamente o que se esperava. Mais, exatamente o que o Papa esperava, como se pode ler: “Compreendo aqueles que preferem uma pastoral mais rígida, que não dê lugar a confusão alguma; mas creio sinceramente que Jesus Cristo quer uma Igreja atenta ao bem que o Espírito 

 

 

 

derrama no meio da fragilidade: uma Mãe que, ao mesmo tempo que expressa claramente a sua doutrina objetiva, ‘não renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da estrada’” (n.º 308).

Lembro-me que passei no exame de condução depois de ultrapassar um traço contínuo. O Código de Estrada 

 

é claro, só que não era possível fazer de outra maneira. Espero que a leitura de um texto tão rico como o do Papa Francisco não se limite a uma discussão sobre “traços contínuos” e se é possível ou não pisá-los ou ultrapassá-los. Seria uma pena.

 

Foto: Vinheta de Mauro Biani para ‘Il Manifesto’

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Refugiados: Uma preocupação contínua do Papa Francisco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Em Portugal já muitos trabalhadores haviam sido avisados dos perigos dos seus posts de facebook. Em alguns casos, os posts foram mesmo usados em processos de despedimentos. Mas nunca tal havia acontecido a um ministro” (Manuel Halpern; In: Jornal de Letras; 13 a 26 de abril de 2016).

 

“Os relatos de voluntários que estão a tentar ajudar nas zonas de afluência e retenção de refugiados, neste sentido, são terrivelmente esclarecedores do abismo que existe entre os dois lados dos campos e da imaginação: o lado de quem fornece e o de quem necessita de apoio” (Elsa Lechner; In: Jornal «Público», 14 de abril de 2016)

 

“A Casa do Gaiato de Lisboa não pertence à Obra da Rua/Casa do Gaiato, fundada pelo Santo Padre Américo em 1940. Pertence ao Patriarcado que já há muito devia ter tido o cuidado de lhe mudar o nome pelo menos em respeito pela verdadeira Casa do Gaiato e pela memória do seu fundador” (José da Cruz Santos; In: Jornal «Voz Portucalense», 13 de abril de 2016).

 

“Não adianta nada escorraçar ou excomungar. A Igreja deve ser como um hospital de campanha que cura os feridos nas agruras da vida. Toda a gente é pessoa – os solteiros, casados, divorciados ou recasados” (Rui Osório; In: Jornal «Voz Portucalense», 13 de abril de 2016).

 

 

 

Leigos para o Desenvolvimento celebram
30 anos de atividade

 

Os Leigos para o Desenvolvimento (LD), organização não-governamental para o desenvolvimento, comemoram este mês o seu 30.º aniversário de atividade. Em entrevista à Agência ECCLESIA, a diretora executiva desta ONGD realça uma organização orientada sobretudo para a capacitação e apoio a países e comunidades mais carenciadas, a partir dos “recursos locais”, de modo a que sejam as próprias pessoas desses territórios “a assumir o protagonismo” 

 

 

na melhoria das suas condições.

“Acreditamos muito no potencial humano, as pessoas têm muita vontade e capacidade em assumir o controlo das suas vidas”, salienta Carmo Fernandes.

Fundados a 11 de abril de 1986, os LD foram “pioneiros” na implementação do voluntariado de leigos em Portugal, contando atualmente com cerca de 400 voluntários com idades entre os 20 e os 40 anos. No início, tiveram a colaboração de vários jovens ligados 

 

 

 

 

 

 

ao Centro Universitário Manuel da Nóbrega e ao Centro Universitário Padre António Vieira, instituições dirigidas pela Companhia de Jesus (jesuítas).

Depois de começarem em Portugal, lançaram-se em missões em São Tomé e Príncipe (1988), e no Malawi (entre 1991 e 1994) ajudando nos campos de refugiados moçambicanos, deslocados pela guerra. Passaram também por Timor-Leste durante o período mais conturbado daquela nação lusófona.

Hoje têm projetos em Portugal, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique, em áreas como a “educação, formação, emprego, empreendedorismo e voluntariado local” e também na vertente “pastoral”.

A formação dos voluntários tem sido um processo fundamental no percurso dos Leigos para o Desenvolvimento, que contam com “recursos humanos qualificados”, muitos deles já com “percurso académico concluído” e experiência “profissional”. Uma vez

 
 

 no terreno, é feito o “diagnóstico da realidade” para a partir daí “perceber problemas e oportunidades” e “colocar em prática” as respostas que sejam mais adequadas às necessidades das populações apoiadas.

Independente da duração das missões, um, dois ou mais anos, a tónica é sempre na preparação das pessoas locais para que elas possam ser agentes de mudança e “assumam soluções que os Estados locais deixam muitas vezes de assumir”.

“Sabemos que somos externos, a nossa passagem ainda que longa, tem o objetivo de ser transitória”, aponta Carmo Fernandes, que foi também voluntária durante três anos em São Tomé e Príncipe.

“Ser voluntário”, segundo a diretora executiva dos LD, “abre horizontes”, alarga o sentido e a “dimensão da missão” das pessoas na sociedade e, no caso do voluntariado católico, dá também maior consciência de “pertença ao corpo da Igreja”.

 

 

 

Claretianos com novo provincial

O novo superior da Província Portuguesa dos Missionários Claretianos explica os desafios concretos de uma “missão que abarca imensos campos” em território nacional e internacional, num período de reconfiguração. “Queremos olhar para a sociedade com olhar positivo, que reconhece imensos valores apesar de, às vezes, estarmos tentados a ver os aspetos negativos da realidade”, disse o padre Carlos Nascimento à Agência ECCLESIA, em Fátima.

Na Casa de Acolhimento e Espiritualidade, onde se realizou o capítulo provincial, o sacerdote assinala que querem ser “capazes de estar próximos e ser significativos” na vida dos jovens, com capacidade de questionamento e de “os levar a pensar”. “De que forma o nosso modo de estar em Igreja, na missão, como Cristo, os desafiam”, acrescentou, destacando obras sociais “importantes” da congregação como o Lar dos Carvalhos, “que trabalha com jovens e crianças desfavorecidas”, e outras em paróquias.

O padre Carlos Nascimento sublinha ainda que o concreto dos Missionários Claretianos acontece de “diferentes maneiras”, onde a  

 

educação também se realiza nos colégios, “a nível do básico e secundário”, nas residências universitárias, têm publicações e, por exemplo, a Casa de Acolhimento e Espiritualidade.

Devido à diminuição das vocações e envelhecimento dos religiosos, a reflexão passa também pela pastoral juvenil vocacional. “Como podemos gerir melhor os nossos recursos e como podemos sobretudo ser de facto missionários, viver isso a partir de dentro”, acrescenta.

Segundo o responsável da Província portuguesa dos Missionários Claretianos a congregação está a entrar num período de reconfiguração “pela diminuição dos recursos humanos e pela necessidade de serem significativos” hoje na cultura europeia.

 

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa preside à abertura do «Meeting Lisboa»

O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, vai presidir à sessão de abertura do ‘Meeting Lisboa’, às 19h00 de sexta-feira, no Centro Cultural de Belém. Subordinado ao tema “E tu, que novidade trazes?”, a IV edição do Meeting Lisboa pretende "aprofundar as mais diversas vertentes da vida real" através de expressões culturais que "promovem o diálogo", como exposições, concertos, conferências e encontros, refere um comunicado da ACML - Associação Cultural Meeting Lisboa, promotora do evento, enviado à Agência ECCLESIA.

Após a sessão de abertura, os trabalhos prosseguem  com um debate dedicado ao tema “A misericórdia que muda”, com Nicola Boscoletto (Coperativa Giotto) e Catarina Martins Bettencourt (Ajuda à Igreja que Sofre) e apresentado por Aura Miguel, jornalista e presidente da ACML.

A iniciativa parte de pessoas ligadas ao movimento católico ‘Comunhão e Libertação’. O tema do Meeting Lisboa 2016 pretende ser um "desafio" num momento histórico em que, segundo a ACML, "é fácil afastar a importância dos outros".

 

"Os outros que batem às portas da Europa como refugiados ou os que são vítimas do terrorismo, da crise económica, do pessimismo instalado; mas também os outros que são nossos vizinhos", precisa a nota de imprensa.

O Meeting Lisboa assume como objetivo "criar espaços de diálogo e reflexão" entre pessoas de culturas, tradições e credos diferentes. O programa da quarta edição do encontro inclui exposições dedicadas à violência no mundo e à "aventura do trabalho". Entre os oradores estão Joana Carneiro, Henrique Leitão e João Só.

O encerramento deste encontro, no domingo, conta com a presença do historiador Rui Ramos e presidente da Fraternidade 'Comunhão e Libertação', Julian Carrón.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco com os refugiados de Lesbos

 

O Vaticano apresentou o programa da visita “humanitária” que o Papa vai fazer este sábado à ilha grega de Lesbos, que inclui um encontro com crianças, num campo de refugiados, e uma evocação das “vítimas” das migrações. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse aos jornalistas que a passagem de cinco horas pela ilha do Mar Egeu tem uma natureza “estritamente humanitária”  

 

 

e ecuménica, sem qualquer intenção de tomar “posições políticas”.

Francisco vai visitar Lesbos na companhia do patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, e do arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II. O líder do executivo grego, Alexis Tspiras, vai receber e acompanhar o Papa em Mitilene, capital de Lesbos, às 10h20 (08h20 em Lisboa).

 

 

 

 

 

A comitiva segue depois para o campo de refugiados de Mória, num percurso de 16 quilómetros, ao encontro das 2500 pessoas ali hospedadas.

O encontro, com início marcado para as 11h15, prevê que os líderes religiosos cumprimentem numa grande tenda cerca de 150 menores e 250 requerentes de asilo, depois de passarem pelo pátio dedicado ao registo dos refugiados.

“Esta visita nasce da preocupação do Papa com os migrantes e refugiados”, sublinhou o porta-voz do Vaticano.

Lesbos, ilha com 90 mil habitantes, próxima da costa turca, tem sido um ponto de passagem para milhares de pessoas que procuram chegar à Europa vindas de África e do Médio Oriente.

Francisco, Bartolomeu e Jerónimo II vão discursar, pelas 12h25, antes de assinar uma declaração conjunta e de almoçar com alguns refugiados, ainda em Mória.

Os três líderes religiosos deslocam-se em seguida para o porto, onde se vão encontrar com representantes 

 

da sociedade civil e da comunidade católica, para uma sessão de homenagem às “vítimas das migrações”.

Francisco vai proferir aqui o seu segundo discurso, antes de um momento de oração com o patriarca de Constantinopla e o arcebispo ortodoxo de Atenas.

O programa prevê um “minuto de silêncio” e o lançamento de três coroas de flores ao mar, que vão ser entregues aos líderes cristãos por três crianças.

A visita do Papa conclui-se com encontros privados, no aeroporto, com Jerónimo II, Bartolomeu e o primeiro-ministro Alexis Tspiras.

Francisco deixa Lesbos às 15h15 locais e o regresso a Roma está prevista para as 16h30 italianas (15h30 de Lisboa).

O Papa afirmou esta quarta-feira no Vaticano que vai visitar a ilha grega de Lesbos para manifestar “proximidade e solidariedade” aos refugiados e à população local, pedindo a oração dos fiéis por esta viagem.

 

 

Papa apela à libertação de sacerdote sequestrado no Iémen

 

O Papa apelou no Vaticano à libertação do padre Tom Uzhunnali, sequestrado durante um assalto à residência das Missionárias da Caridade em Áden, no Iémen. O religioso salesiano encontra-se desaparecido desde 4 de março e tem havido notícias contraditórias sobre o seu paradeiro.

“Na esperança que nos é dada por Cristo ressuscitado, renovo o meu apelo pela libertação de todas as pessoas sequestradas em zonas de conflito armado. Em particular, desejo lembrar o sacerdote Tom Uzhunnali”, disse Francisco, após a recitação 

 

 

da oração do ‘Regina Caeli’.

O assalto de um comando jihadista à residência e asilo geridos pelas Missionárias da Caridade, congregação fundada pela Beata Teresa de Calcutá, provocou a morte de 16 pessoas e o sequestro do sacerdote salesiano, de 56 anos, cujo paradeiro é desconhecido.

Logo após o ataque terrorista, o Papa Francisco enviou uma mensagem de condolências e condenou este “ato de violência sem sentido e diabólica”. As quatro religiosas mortas eram naturais da Índia, Quénia e Ruanda.

 

 

 

 

Papa vai visitar Arménia, Geórgia
e Azerbaijão

A sala de Imprensa da Santa Sé anunciou que o Papa Francisco vai realizar uma viagem apostólica à Arménia, em junho, e à Geórgia e Azerbaijão, no fim de setembro. A visita do Papa au Cáucaso, nas periferias da Europa e em regiões onde o cristianismo é minoritário, acontece no seguimento dos convites das autoridades religiosas e civis dos respetivos países.

Francisco visita a Arménia nos dias 24 a 26 de junho de 2016 “acolhendo o convite de Sua Santidade Karekin II, Supremo Patriarca e Catholicos de todos os Arménios, das autoridades civis e da Igreja Católica”, refere o comunicado da Sala de Imprensa

A visita do Papa à Geórgia e ao Azerbaijão vai decorrer entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro deste ano, após convite de “Sua Santidade e Beatitude Elias II, Catholicos Patriarca de toda a Geórgia e das Autoridades civis e religiosas da Geórgia e do Azerbaijão”, acrescenta a Sala de Imprensa.

Karekin II é 132.º patriarca dos arménios, foi eleito em 1999 e é líder espiritual de seis milhões de cristãos;

 

 

visitou oficialmente o Vaticano em duas ocasiões, em 2008 quando foi recebido por Bento XVI, e a 8 de maio de 2014, sendo recebido por Francisco; em 2001, João Paulo II realizou uma viagem à Arménia.

Em novembro de 1999 o Papa João Paulo II visitou a Geórgia, em retribuição de uma visita do presidente georgiano Shevardnadze e de Elias II ao Vaticano, tendo assinado com o catholicos patriarca de toda a Geórgia uma declaração conjunta com um “apelo em favor da paz”.

No ano 2016, o Papa Francisco tem previstas viagens à ilha grega de Lesbos, no dia 16 de abril, e à Polónia, entre os dias 27 e 31 de julho, para participar na Jornada Mundial da Juventude.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Refugiados: Francisco em Lesbos para manifestar «proximidade e solidariedade»

 

 

 

Vaticano: «Que nenhum pecador seja excluído», pede o Papa

 

 

Família, acreditas verdadeiramente
no amor?

  D. Manuel Linda    
  Bispos das Forças   

  Armadas e Forças de  

  Segurança  

 

Sempre achei curioso o facto de S. João terminar o seu Evangelho com o relato da tríplice confissão de Pedro: “Pedro, tu amas-me?”, pergunta-lhe o Ressuscitado. No tempo pós-pascal, quando o Senhor já espaçava muito as aparições, prelúdio do afastamento visual definitivo, justificava-se tal «bagatela»? Jesus não conhecia Pedro sobejamente? Não seria mais eficiente aproveitar o pouco tempo disponível para dar os últimos conselhos, elaborar os planos definitivos e afinar as estratégias e táticas operacionais para a edificação da Igreja?

Na nossa mentalidade humana, certamente seria isso o que importava fazer. Não assim na mente de Cristo nem da do «discípulo amado». Para estes, a Igreja não é o produto da reflexão de organismos de consultadoria, nem surgiu num «ninho incubador de empresas»: a Igreja é simplesmente a comunidade dos que captaram a onda do amor misericordioso e “louco” do Redentor e intentam a resposta com um amor tão forte quanto possível.

Veio-me isto à memória no primeiro contacto –ainda que mínimo e «em diagonal»- com a tão desejada exortação pós-sinodal do Papa Francisco sobre o matrimónio e a família. Uma certa mentalidade de automatismos, esperava que o Papa resolvesse por decreto as enormes e profundas contradições com as quais se confronta a família contemporânea: bastaria dizer que tudo é «igual ao litro» para que as problemáticas desaparecessem.

 

 

Mas não. Francisco nem escolheu nem podia escolher esta via. Depois de dois Sínodos, lançando mão de uma enorme reflexão livremente operada no seio da Igreja, situando-se no melhor da antropologia e da tradição eclesial, o Papa reconduz ao amor puro e vero, como única terapia apta a minimizar a doença e recuperar a saúde de uma sociedade que se deixou contagiar pelo vírus da pretensa autonomia solipsista: cada um a pensar em si; o outro, só se lhe for útil para seu gozo e conforto. Sem se esquecer de que este amor também se traduz em misericórdia, acolhimento e perdão, de que a Igreja, aliás, deve começar por dar o exemplo.

 

 

 

O Papa sabe bem que “nenhuma família é uma realidade perfeita e acabada de uma vez para sempre, mas que reclama um desenvolvimento gradual da própria capacidade de amar” (nº 325). Por isso, toda a Exortação é sobre o amor e não sobre a «doutrina» do matrimónio. Como indica claramente o subtítulo: “Sobre o amor na família”. Deste modo, a família é uma perene construção a realizar.

Será que as nossas famílias o vão ouvir com o mesmo entusiasmo de há cerca de dois anos? Uma coisa é certa: nada está «parado». A Exortação conclui-se com uma oração final, precedida de um apelo que é toda uma palavra de ordem: “Caminhemos, famílias. Continuemos a caminhar!”.

 

A transparência mediática
que reifica a pessoa

  José Luís Gonçalves    
  Escola Superior  
  de 
 Educação   
  de Paula Frassinetti
   

 

Em nenhuma outra época o espaço público foi tão dominado pela exigência de transparência da informação como este em que vivemos. Desde a esfera política e social à económica e financeira, passando pela esfera privada e até íntima das pessoas, esta Sociedade da Transparência (Byung-Chul Han) escrutina e avalia tudo e, de preferência, em tempo real. Acontece que este fenómeno ocorre num momento em que vivemos uma crise do modelo de vida em comum que deixou de se centrar na sociedade e nas suas funções de integração de cada um para passar a valorizar cada indivíduo per si. O novo leitmotiv da vida social consiste, então, em cada um “marcar a diferença”. Imersos, pois, nesta passagem de uma sociedade fundada sobre ela mesma para a “produção de si” dos indivíduos, fomos erigindo uma Civilização da Imagem em que o sujeito que “se” comunica constitui, afinal, o objeto da notícia!

Na ânsia de protagonismo mediático, as marcas da singularidade da pessoa vão-se, todavia, apagando, na medida em que a velocidade da informação provoca uma reação em cadeia e vai tecendo um inferno onde todos são iguais. Muitos descobrem, tardiamente que o espaço mediático, afinal, não tolera a diferença: “a negatividade do outro e do estranho, ou a resistência do outro, perturba e atrasa a comunicação lisa do igual. A transparência estabiliza e acelera o sistema através da eliminação do outro e do estranho” (Byung-Chul Han).

 

 

 

 

Constituindo a vulnerabilidade uma marca da condição humana, o excesso de exposição do ser humano no espaço mediático – muitas vezes voluntariamente procurada nos reality shows ou nas redes sociais -, cria as condições da sua precarização existencial e da sua fragilização social. A plena visibilidade, sem sombras, máscaras ou disfarces, enfim, a experiência de ser visto e saber-se visto, sem ver, instaura uma lógica próxima do terror: como vítima, é vista, mas não vê; inteiramente exposta e desnudada sente-se desprotegida; permanecendo cega para a origem da sua exposição, é incapaz de a identificar ou nomear, ainda que sinta a sua presença ameaçadora. Neste olhar coisificante, a vítima reduz-se a um mero objeto 
 
disponível para efeitos de manipulação e é nesta condição que a sua visibilidade é focalizada e enaltecida na Sociedade da Transparência. O que se vê não é a pessoa nos seus traços de singularidade e de mistério; pelo contrário, a sua sobre-exposição tem por finalidade alimentar o voyeurismo mediático da Civilização da Imagem.

Neste sentido, a Sociedade da Transparência, coisificando a pessoa no espaço mediático, ao mesmo tempo que esvazia o seu presente - destituindo-o de valor -, aprisiona o seu futuro, retirando-lhe margem de liberdade, de projeto e de sentido. Eis, pois, um desafio para uma vida digna em comum: educar para uma renovada razão comunicativa e relacional entre todos no espaço mediático!

 

 

Beatificação de D. Isabel de Aragão, Rainha de Portugal (15-4-1516)

António Manuel Ribeiro Rebelo

 

 

 

 

 

 

 

 
 

Faz hoje precisamente 500 anos que o Papa Leão X elevou aos altares D. Isabel de Aragão, Rainha de Portugal. O povo considerou-a santa logo após a sua morte, tal era a fama das virtudes que a acompanhava, Os primeiros milagres manifestaram-se ainda o seu féretro não tinha sido colocado no belo túmulo de pedra que ela mandara fazer. Desde então foram muitas as gerações que lhe devotaram extremosa veneração, não só em Coimbra, mas em muitas terras bem mais longínquas, aonde chegava a fama da santidade e dos milagres de D. Isabel. Também o Rei D. Manuel I tinha por ela grande devoção. Foi ele que iniciou junto do Pontífice Romano o processo do reconhecimento das virtudes heróicas de sua santa avó. Muitos haviam sido os milagres registados ao longo dos anos por notários, com as devidas testemunhas. O processo estava adiantado. Era apenas necessário dar o primeiro passo. D. Manuel assim fez e o Papa anuiu, reconhecendo D. Isabel como digna de veneração, 180 anos depois da sua entrada na glória celeste.

Nesse breve, assinado a 15 de Abril de 1516, o Sumo Pontífice determina que “nas igrejas, mosteiros e lugares da cidade e da diocese de Coimbra, os respectivos fiéis possam, uma vez por ano, celebrar e mandar celebrar a comemoração ou o ofício litúrgico” em honra daquela que “já agora, naquelas paragens, é comummente chamada Rainha Santa”. Logo a seguir, especifica ainda que autoriza que, na cidade e diocese de Coimbra, mandem pintar a sua imagem e a 

 

 

 

 

coloquem entre as dos outros santos venerados, nas igrejas e nas casas particulares.

A partir de 15 de Abril de 1516, o povo da diocese de Coimbra passou a poder tributar culto público à bem-aventurada Rainha. Por esse motivo, neste ano, em que celebramos o quinto centenário desta data, a Confraria da Rainha Santa Isabel decidiu que a veneranda imagem da sua padroeira seria transportada até à Sé Nova, para aí ser celebrada 

 

festivamente por toda a diocese.

Por outro lado, como Santa Isabel se notabilizou pela prática do amor ao próximo nas mais variadas formas que identificamos em cada uma das obras de misericórdia, a sua imagem será transportada da igreja de Santa Cruz para a Sé Nova numa procissão jubilar da misericórdia, que acolherá todas as instituições de apoio social da diocese que nela queiram participar ou fazer-se representar.

 

 

 

Haverá melhor título?

  Sónia Neves  
  Agência ECCLESIA   

 




 

 

Com a ‘Alegria do Amor’ ainda a palpitar em mim e a corroer-me de curiosidade de ainda não ter lido todas as páginas recordo um episódio por mim presenciado.

18h50, uma tarde outonal. Junto a uma estação de Metro um jovem parou o carro dirige-se ao parquímetro, apercebe-se que não tem as moedas certas. De t-shirt branca com umas letras grandes a preto: CALOIRO, podia ler-se.

Chegou junto a um carro e disse: “- Desculpe incomodá-la, precisava que me trocasse umas moedas”… E ali foi uma conversa de segundos, onde as moedas apareceram e os rostos sorriram. O caloiro, de olhos azuis profundos e barba aparada, soltou depois uma frase entusiasta, a justificar: “Não posso chegar tarde para me encontrar com a minha namorada… afinal, não se pode deixar o Amor à espera, não acha?”

Quantas vezes deixamos o Amor à espera? Uma reflexão para cada dia, a cada segundo. Hoje serve de mote para olhar a exortação do Papa que traz à tona o sabor do Amor, os desafios do matrimónio, o valor da família, a educação das novas gerações… Há quem fuja do Amor, há quem nem queira ouvir falar, há quem o veja de diversas formas, há quem o olhe nos olhos; há tantas maneiras de ver, entender e sentir o Amor. O Papa Francisco vem dar dicas aos mais distraídos do significado do verdadeiro Amor, aquele que muitas vezes é deixado à espera, ou simplesmente esquecido, mas que ‘é feliz ao nascer’.

 

 

 

‘As pessoas creem que o Amor, como acontece nas redes sociais, se possa conectar e desconectar ao gosto do consumidor e inclusive bloquear rapidamente’ (Cap. II, nº39). E lá é citado o descartável e a fuga ao compromisso. A propósito até surgem questões que se devem fazer antes de casar… O New York Times lançou esta semana, 13 questões a fazer, uma espécie de fórmula mágica para a decisão.    

‘A força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar’ (Cap. II, nº53). Amar, este verbo que por si só contém toda a universalidade que lhe foi dada. O Papa vai mais longe e aponta a atitude de 'amar e ensinar a amar', 

 

que advém dessa grandiosidade, que quem experimenta não esquece: dar vida; já pressupõe ensinar a amar, pois esse é o primeiro testemunho que os pais dão aos filhos, amarem-se.

‘A comunhão familiar exige, de facto, de todos e de cada um, pronta e generosa disponibilidade à compreensão, à tolerância, ao perdão, à reconciliação’ (Cap. IV, nº106). O segredo de cada família feliz, a chave de todos os enigmas da vida em família, o xeque mate da felicidade.

Nesta semana uma reflexão sobre a ‘Alegria do Amor’, um convite para uma montanha russa de dicas, citações e conselhos… para chegar à verdadeira alegria do Amor. Eu acredito que a alegria só pode vir do Amor, haverá assim melhor título? 

 

 

AMORIS LAETITIA

 

Acesso dos divorciados à Comunhão sem uma nova "normativa geral" do Papa

 

O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que a nova exortação apostólica do Papa sobre a família evitou “novidades” em relação ao acesso à Comunhão dos divorciados católicos em segunda união. “O Papa, em termos de decisão, não quer expressamente adiantar novidades”, declarou D. Manuel Clemente, em conferência de imprensa no Patriarcado de Lisboa.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que participou nas duas assembleias do Sínodo dos 

 

Bispos sobre a família (2014 e 2015), no Vaticano, citou a exortação ‘A Alegria do Amor’, nos seus números 299 e 300, para sublinhar que “dentro do catálogo de assuntos a resolver” não está o “sacramental”, mas práticas do âmbito “litúrgico, pastoral, educativo e institucional”. “Não está previsto, falta o adjetivo eucarístico, sacramental”, assinalou.

Após observar que durante os trabalhos do Sínodo foi visível a falta de “unanimidade" em relação a esta matéria, D. Manuel Clemente 

 

 

 

considerou que o Papa “não podia ser” mais específico. “A ausência da palavra sacramental é muito reveladora”, insistiu.

No capítulo oitavo da nova exortação, o Papa propõe um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, sublinhando que não existe uma solução única para estas situações. “É compreensível que não se devia esperar do Sínodo ou desta exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos”, sublinha Francisco.

Para D. Manuel Clemente, este olhar de “discernimento, de perceber que as situações não são iguais” não implica novidades “no que diz respeito à doutrina propriamente”. “Tão importante é o que se diz como o que não se diz”, assinalou.

Os católicos divorciados, prosseguiu, devem estar “mais integrados nas comunidades cristãs”, com participação em “diferentes serviços eclesiais”. “São pessoas que têm na Igreja uma cidadania plena”, defendeu o presidente da CEP.

‘A Alegria do Amor’ está centrada na “temática familiar”, com insistência na família alargada como “escola de sociedade em geral”.

 

D. Manuel Clemente recordou as “milhares de famílias que têm de sair das suas terras” e defendeu que a Igreja tem de “corresponder” à importância da família, na preparação do matrimónio e no acompanhamento dos casais.

“O ideal do casamento cristão é belo, é cativante como projeto de vida, desde que seja apresentado”, a partir da infância, como uma “vocação”, precisou.

A exortação apostólica será objeto de “muita reflexão” por parte do episcopado católico, a partir da “atitude básica de misericórdia” proposta por Francisco.

“Todas as pessoas merecem-nos respeito”, asseverou o cardeal-patriarca, antes de reforçar a rejeição de qualquer “discriminação” em relação aos homossexuais.

 

 

AMORIS LAETITIA

 

Papa inaugura uma nova relação da Igreja com as famílias, diz bispo de Leiria-Fátima 

 

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima mostrou-se “agradavelmente surpreendido” com as mudanças que o Papa promove na relação da Igreja com as famílias, na sua nova exortação ‘A Alegria do Amor’. “O Papa Francisco, de modo genial, introduziu uma mudança da disciplina sem pôr em causa a doutrina sobre o matrimónio e a família”, 

 

 

disse D. António Marto, em declarações ao jornal ‘Presente Leiria-Fátima’, enviadas à Agência ECCLESIA.

D. António Marto, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considera que Francisco “inova desde logo no estilo, na abordagem e na linguagem, que vão mais longe do que uma abordagem meramente abstrata e moralista”. “Isso 

 

 

 

percebe-se logo no título: trata-se de dar testemunho da beleza e da alegria do amor em família”, precisa.

O prelado aborda a situação dos divorciados civilmente recasados, para quem não foi possível a declaração de nulidade por parte da Igreja Católica. O Papa não estabelece uma “regra geral”, mas “propõe percursos (itinerários) personalizados de discernimento pessoal (caso a caso) e pastoral, com vários momentos, para a melhor integração na vida da comunidade com a ajuda da Igreja”.

“Aqui o Papa abre mesmo uma janela para a possibilidade da ‘ajuda dos sacramentos’ da Reconciliação e da Eucaristia em certos casos”, realça D. António Marto.

O responsável elogia a “linguagem direta, simples e envolvente” da exortação pós-sinodal, que se dirige às “famílias concretas, imperfeitas, frágeis, mas extraordinárias”. 

 

Em particular, o bispo de Leiria-Fátima alude a uma “mudança do olhar e da atitude pastoral da Igreja relativamente às situações familiares complexas”, que devem ser tratadas com “a lógica da misericórdia pastoral”.

“Trata-se do acompanhamento pastoral próximo, compreensivo, realista, encarnado, em ordem a uma maior integração na comunidade cristã, de modo que ninguém se sinta excomungado ou excluído. As palavras-chave são: acompanhar, discernir, integrar a fragilidade”, elenca.

O bispo fala da ‘Alegria do Amor’ como uma “Magna Carta da pastoral familiar para o futuro”. O Papa, acrescenta, deixa o desafio de uma “conversão pastoral” que se traduza numa “maneira nova de ser pastores por parte de padres e bispos”.

 

O presidente da Federação Europeia de Famílias Católicas a última exortação apostólica do Papa Francisco como uma contribuição “fantástica” para a defesa da Família. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Antoine Renard frisou que o documento “A Alegria do Amor” surge num tempo em que “alastra uma cultura contrária à família”, tendo por base dois vértices. Em primeiro lugar “a crise económica, em que o sofrimento das famílias não está a ser tido em conta” e onde elas são frequentemente consideradas um problema, quando deveriam ser vistas como parte da solução”.

 

 

AMORIS LAETITIA

 

Acompanhar, discernir e integrar

O bispo de Portalegre-Castelo Branco considera que a exortação pós-sinodal sobre a família do Papa acentua a “doutrina da Igreja” e destacou três verbos “muito importantes” – “acompanhar, discernir e integrar” -, nas Jornadas Arciprestais da Família em Proença-a-Nova.

“Este acompanhar, integrar e inserir penso que são três verbos de facto importantes e que hão de marcar a pastoral familiar nestes próximos tempos ou sempre”, observou D. Antonino Dias à Agência ECCLESIA.

O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família considera que uma pastoral de qualidade, “que é precisa neste momento”, tem de passar necessariamente por esses verbos. “Como diz o Santo Padre, importa mais olhar para a realidade das própria famílias e a partir dai realizar a pastoral do que estar com discursos muito bem formalizados e não resultarem”, acrescentou.

No Centro Paroquial de Proença-a-Nova, D. Antonino Dias explicou que a família “não é só destinatária” da evangelização como tem de ser protagonista e “as famílias serem Igreja em saída”. “Primeiro 

 

 

evangelizarem-se uns aos outros dentro de casa, o que é próprio de uma pequena igreja doméstica. Depois uma família em saída, uma igreja em saída, porque se as famílias não assumem a sua parte na evangelização dificilmente ela se fará”, alertou o prelado, que em 2015 participou na assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a família.

Na exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor), o Papa Francisco reforça a rejeição da Igreja em relação à eutanásia e ao aborto. “Não posso olhar para isso de outra forma”, comenta o bispo de Portalegre-Castelo Branco, sublinhando que a “vida é dom de Deus e é um valor inestimável, inegociável” que é 

 

 

 

 

 

 

 

preciso “promover e não destruir”.

“Não adianta muito lutar por outros direitos se não existir o direito à vida que é a base essencial”, frisou.

Já sobre os casais separados e recasados, o prelado reforça as respostas de “inserção, acompanhar e integrar”. “Fazer com que eles 

 

 

também, se têm possibilidade de sair da situação em que se encontram, de chegar à declaração de nulidade, se há razões para isso, que de facto aconteça e as pessoas aproximem-se dos tribunais eclesiásticos para que isso se resolva”, destacou.

 

 

O vice-presidente da Federação Europeia das Famílias Católicas considera que a exortação “A Alegria do Amor” sumariza o empenho do Papa Francisco em “associar a misericórdia à doutrina” na resposta aos desafios das famílias. Algirdas Petronis veio esta segunda-feira a Portugal e a Fátima, por ocasião de um encontro da FEFC, e abordou para a Agência ECCLESIA o novo documento do Papa argentino, bem como a sua ligação ao último Sínodo sobre a Família.

 

 

 

 

AMORIS LAETITIA

 

Um hino à família e ao matrimónio

 

O bispo de Angra afirmou que a exortação pós-sinodal “A Alegria do Amor” é um hino ao matrimónio” e “deve ser bem difundida e aprofundada por cada família para recuperar o mistério deste sacramento”. Em declarações ao portal ‘Igreja Açores’, D. João Lavrador referiu que se trata de um texto “muito pastoral e prático que abre caminho para o que é a preparação, a vivência, o acompanhamento e o reconhecimento verdadeiro do matrimónio”.

 
O bispo de Angra, Açores, referiu que valorizou a preocupação do Papa em “reconhecer a dinâmica própria da vida de um casal que é composto por duas pessoas que vão mudando e com elas as circunstâncias da vida conjugal”. “O ser humano é um ser complexo que está sempre a mudar e fazer esse acompanhamento não deixando morrer o amor é algo que me sensibiliza muito e por isso considero que a exortação é um hino ao matrimónio”, precisa.

“O Papa tem um sentido pastoral muito forte e pede aos pastores que acolham e se insiram na realidade que os rodeia procurando ver sempre a realidade concreta das pessoas e, neste caso particular, das famílias e isso é muito importante”, acrescentou.

D. João Lavrador indicou ainda que, nas questões relacionadas com o acesso dos divorciados recasados aos sacramentos da reconciliação e comunhão, o Papa substitui por vezes a palavra “irregular por imperfeição”, colocando “a questão da gradualidade, no acompanhamento, discernimento e exigência do matrimónio”.

 

 

“O Papa coloca todas essas questões a partir do contexto da misericórdia e centra a exortação em Jesus Cristo”, afirma o bispo de Angra, acrescentando que o documento 
 
não fala nas questões sacramentais.

“Trata-se, portanto, de um documento que vai exigir muita aplicação pastoral”, concluiu D. João Lavrador.

 

O cardeal Christoph Schoenborn, arcebispo de Viena, apresentou no Vaticano, a exortação apostólica pós-sinodal ‘A Alegria do Amor’, considerando que o caminho de “discernimento” proposto aos católicos divorciados é “delicado, mas necessário”. A este respeito, recordou que a admissão de alguns católicos em segunda união à Comunhão é uma “prática antiga” que nem São João Paulo II ou Bento XVI “colocaram em dúvida”. “O Papa Francisco disse claramente que esta não é uma nova disposição canónica”, precisou.

Para o arcebispo de Viena (Áustria), “há muitas questões para continuar a discutir”, incluindo a “renovação da práxis sacramental”, no seu conjunto. “Não se pode brincar com os sacramentos, não se pode brincar com a consciência”, advertiu.

 

 

 

 

 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) divulgou uma nota para

contestar uma eventual legalização da eutanásia no país, rejeitando

soluções que coloquem em causa a “inviolabilidade” da vida. O tema

está no centro desta edição do Semanário ECCLESIA, com declarações

de vários responsáveis e especialistas: monsenhor Feytor Pinto,

Isabel Galriça Neto, Isilda Pegado, José Ramos Ascensão, Laurinda Alves,

Pedro Vaz Patto e Sofia Raimão.

A nota pastoral, intitulada ‘Eutanásia: o que está em causa?

Contributos para um diálogo sereno e humanizador’ começa por

recordar o debate em curso na Assembleia da República e na

sociedade sobre estas matérias. Os bispos criticam

a “atitude simplista e anti-humana” de quem embarca

em soluções tidas como “fáceis”, sublinhando que “não se elimina

o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se

a vida da pessoa que sofre”.

 

 

Os responsáveis católicos assinalam que alguns doentes, de modo

particular os mais pobres e débeis, poderiam sentir-se “socialmente 

pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem

‘a mais’ ou ‘um peso’”.

Segundo a CEP, subjacente à legalização da eutanásia e do suicídio assistido

está “a pretensão de redefinir tomadas de consciência éticas e jurídicas ancestrais” relativas ao respeito e à sacralidade da vida humana.

Os bispos recordam ainda que a própria Constituição Portuguesa

o reconhece, ao “afirmar categoricamente que

‘a vida humana é inviolável’” (artigo 24.º, nº 1).

Ao longo deste dossier encontra também citações do documento

com 26 questões sobre temas ligados à eutanásia e ao fim da vida,

que acompanhou a nota pastoral da CEP.

 

Ler Mais: Nota Pastoral da CEP 

 

 

 

 

 

 

Com o debate sobre a legalização da eutanásia como tema da ordem do dia a Ecclesia foi ao encontro do Monsenhor Vítor Feytor Pinto, mestre em Bioética e antigo Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde. O sacerdote de 84 anos, muitos deles ligados à área da Saúde, ouviu muitas vezes o pedido de eutanásia, que entende ser uma fuga ao sofrimento ou à solidão, e onde a assistência e acompanhamento ganham sentido redobrado.

Entrevista conduzida pelo jornalista Paulo Rocha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) – Como recebeu este debate sobre a eutanásia e que pertinência tem neste momento na sociedade portuguesa?

Vítor Feytor Pinto (VFP) - Há cerca de 2 anos e meio comecei a alertar nos espaços onde trabalhava espaços sociais, de medicina, enfermagem ou de Igreja e até numo encontro que tive com o cardeal patriarca, levantei o problema que, muito em breve, iriamos ter o problema da eutanásia. Quais eram os sinais disso? A discussão acesa sobre o testamento vital era apenas uma porta que permitiria rapidamente debater isso, depois o problema dos cuidados paliativos, a insuficiência no país estava em debate e previa-se que, dentro de pouco tempo, o problema viria à estacada no debate na sociedade portuguesa. E é muito bem que se faça esse debate porque nos não podemos ficar com conceitos errados, temos de ter conceitos claros para tomar decisões elas próprias claras. Para mim, eu gostaria de dizer em primeiro lugar, que o grande erro do manifesto para a morte assistida, como é chamado, é o conceito porque, na minha perspetiva, desde há dezenas de anos, com grandes 

 
 

professores catedráticos de toda a Europa defendemos a morte assistida, indiscutivelmente. Agora o manifesto o que refere é definido como eutanásia, aqui está uma grande confusão. Eutanásia é a precipitação da morte com condições determinadas, pacíficas e definidas. Outra coisa é a morte assistida. Eu aqui lembro-me de um grande professor que dizia de maneira interessante: “para eu saber como deve ser a morte devo saber que tem dignidade, quando tem todo o apoio e assistência que o doente tem direito”. Assistência medica, terapêutica, de apoios continuados, assistência de natureza de compaixão (elemento muito importante, acompanhar o doente em todas as situações da sua vida), assistência da paliação, necessária para que não tenha dor, embora possa ter sofrimento, assistência espiritual e religiosa, indiscutivelmente necessária, facto para quem tem fé e toda a gente tem uma relação com o Deus em que acredita e segundo a sua religião ou mentalidade pode ter uma assistência especial nesta linha e depois a assistência da família. 

 

 

 

VFP - Há muitas famílias que nesta altura desaparecem, evaporam. Isto é a morte assistida, acompanhada, apoiada até ao último momento da vida, isto não é eutanásia. Chamar ao manifesto “apoio para a morte assistida” é uma contradição porque todo o contexto do manifesto é a precipitação da morte por causa do sofrimento, uma enorme contradição.

O ponto de partida tem de ser clarificar conceitos, e dois conceitos fundamentais, a eutanásia e a distanásia. Muitas vezes considera-se que se devem multiplicar tratamentos, inúteis, fúteis desproporcionados, extraordinários, elevadíssimos que não têm sentido, mas esta decisão não é da família… Suspender estes tratamentos é um ato médico. A equipa médica tem o dever de fazer essa suspensão, todo um trabalho interessante diante de nós. Não podemos querer a eutanásia, nem querer obstinação terapêutica, ou distanásia, um prolongamento inútil da vida apenas com sofrimento sem sentido. Sendo assim resta-nos a orto tanásia, quer dizer a pessoa tem direito a morrer com dignidade, serenidade, acompanhada, assistida até ao último momento da vida, 

 

 é o que chamamos em termos médicos a medicina de compaixão, o acompanhamento profundo em que levamos o peso do doente para que ele possa sentir até ao fim que não está só. O drama da solidão num doente terminal é a fonte do maior sofrimento e esse, podemos evitá-lo.

 

AE – Como incluir aqui o conceito de liberdade e da pessoa diante de uma situação limite de sofrimento? Há aqui um direito a decidir?

VFP – Está também em questão outra coisa, o conceito de liberdade. Quanto a isso tenho de ter atenção a três coisas. Primeiro eu sou livre quando posso escolher entre uma coisa e outra mas esta liberdade é muito redutora, pobrezinha, a liberdade tem de ser maior. Deve ser a escolha entre duas coisas boas, eu escolher a que é melhor. Depois eu escolher uma coisa má não é bom para ninguém, nem para o próprio. Portanto eu quando uso a liberdade é capacidade de escolha entre duas coisas boas e eu escolho a melhor. Escolher coisas más é contra a natureza. Mas terceira coisa, quando escolho tenho de escolher entre as coisas boas, aquele que melhor serve o bem comum, 

 

 

 

 

 

 

porque sou um ser social, quando faço a escolha, escolho o que não vai incomodar, destruir, magoar, ou ferir outros. Ora eu tenho a minha vida e esta relacionada com muita gente, muitos dependem de mim. ‘Eu agora decido, não estou para vos aturar, mato-me’, isto não tem sentido nenhum... Por causa da dimensão social que temos.

Há uns tempos na televisão falou-se de um caso de um livro que foi publicado e diz-se que uma pessoa tinha pedido para morrer na Suíça e não tinha ninguém. Mas a autora do livro afirmou que tinha, mas que a senhora não quis dizer nada aos filhos… Eu pergunto o que os filhos terão sofrido com a partida desta senhora que não pensou neles, quando a sua vida também era social…

Dentro desta perspetiva, o Concílio Vaticano II, que eu cito tantas vezes, diz a certa altura que a ‘liberdade é o sinal privilegiado da imagem de Deus no coração do Homem’, isto é teologia. Isto quer dizer que quando sou livre eu sigo tudo o que Deus me pede que eu celebre e o primeiro dom é a vida e tenho de o respeitar sempre.

 

 

 

A distanásia consiste em utilizar todos os meios possíveis — sem que exista uma esperança de cura — para prolongar de forma artificial a vida de um doente moribundo

Perguntas e respostas

sobre a eutanásia

 

 

 

 

 

 

 

AE – A autonomia da pessoa pode chegar a esse ponto de poder decidir o seu final de vida?

VFP – Aí coloca-se o problema da liberdade, eu tenho autonomia mas também tenho de ter autonomia social. Eu realmente posso considerar um bem o homem que mete uma cinta de bombas e se faz explodir no aeroporto de Bruxelas, ele é autónomo e não pensa em ninguém? Tem os seus objetivos, explode-se, concordam com isto? Claro que não! A autonomia é relativa por isso é que 

 

 

 

nós, em comissão de Ética, que faço parte de duas delas, consideramos muito importante a autonomia mas, avaliada clinicamente, em cada momento, porque tantas vezes o doente não tem capacidade de definir, em autonomia plena, o que é melhor para ele.

 

A eutanásia e o suicídio não representam um exercício de liberdade, mas a supressão da própria raiz da liberdade

Perguntas e respostas

sobre a eutanásia

 

 

 

 

 

 

AE – Como decidir perante a situação limite, quando aparentemente a vida não tem mais sentido, porque não há respostas médicas, sociais ou familiares, o que fazer?

VFP – Atenção: vamos ver objetivamente, sem recursos aos problemas espirituais e religiosos. Temos de distinguir entre dor e sofrimento, isto é um elemento fundamental embora tenhamos hoje a dor ou sofrimento global. A dor que foi tão profunda que se tornou um sofrimento latente a atingir a vida toda. A dor e sofrimento confundem-se. Mas temos de fazer a distinção porque a dor posso sempre neutralizar. Hoje há condições para fazer a neutralidade do sofrimento e não são só os cuidados paliativos gerais. Em todas as unidades de cuidados intensivos, intermédios, em todos os hospitais públicos ou privados, se tem a sedação. A sedação é o alívio do sofrimento físico, não é tanto a paliação, porque isso é um trabalho em que eu acompanho a pessoa e faço tudo através da medicina que lhe dou para ela manter sempre a sua consciência, sua capacidade de decisão. Na sedação a pessoa perde a possibilidade de se afirmar mas é um estatuto transitório. 

 

Portanto para a dor física temos soluções, não temos soluções completas para a dor diferente, para o sofrimento, esse que muitas vezes é anímico, de natureza espiritual de densidade relacional, de impacto social pelos problemas que se acarretam sobre si e então perante este sofrimento tenho de encontrar soluções. Senão vou admitir que quando o sofrimento é muito denso eu posso sempre acabar com a vida, é o problema dramático de um suicida. Ora se o sofrimento é de outra natureza eu tenho de encontrar a solução para esse problema e a fonte mais importante de um doente terminal é a solidão, e essa merece acompanhamento, não só de voluntários ou familiares e amigos, mas acompanhamento da equipa técnica, que tem o dever de terapia de compaixão. Não é ter pena do doente, isso é compaixão à portuguesa! Mas a compaixão quer dizer acompanhamento, sofrer com, o sofrimento que tenho é levado por outros, isto rompe a solidão, e alivia o sofrimento. É frequente que, quando uma pessoa está só e foi visitada por alguém muito amigo, quando o amigo se vai embora diz, já me sinto melhor.

 

 

 

AE – Este debate está relacionado com opções religiosas?

VFP – Eu coloco o problema ao contrário, sou um eticista, não é por causa da minha religião que eu defendo a vida. É porque, psicologicamente, em termos éticos, a vida é primeiro valor, o primeiro direito do Homem e a cada direito Humano corresponde um dever Humano. O artigo 3º da declaração dos direitos humanos diz que todo o Ser humano ter direito à vida, à liberdade e à segurança da sua pessoa. Não é a liberdade para contrariar a vida, a vida é o fundamento da liberdade e a segurança também. Não pode ser a equipa clínica que retire segurança àquele que tem o direito à vida. Por isso a vida torna-se inalienável, inviolável e indisponível. Estra três palavras são chave, a partir da ética, nem é a partir da religião… Agora, de facto, se sou religioso, aí encontro direito à vida com dimensão espiritual e religiosa. Para aqueles que são crentes o direito à vida e o dever da vida são, indiscutivelmente, a resposta grata ao dom de Deus, Deus deu me a vida e eu tenho o dever de a  

 

desenvolver, dar-lhe continuidade e de a tornar útil para os outros. Não tenho o direito de a destruir.

 

AE – Imaginemos uma legalização da eutanásia. Que consequências teria, por exemplo, para os mais frágeis e até, para a relação médico-doente?

VFP – Primeiro ponto consequência sociais, seria uma permanente tentação da destruição das vidas, e ia avançar se a ser o pp estado a proteger a destruição das vidas. A pouco e pouco íamos ter o ‘mundo selvagem’, como dizia Papa Pio XII. Eu tenho de defender a vida como valor máximo do ser humano e daí não tenho direito de a manipular. Pode ser manipulada pelo meu capricho, por aqueles que me assistem e a provocam. Há cerca de um século a eutanásia praticava-se em Portugal, na montanha. Há um autor, Miguel Torga, diz a certa altura a história do abafador. Quando, na família, um idoso ou doente estava a ser um grande peso chamava-se o abafador. Vinha o abafador, com uma almofada, abafava a respiração do doente e ele morria. Isto é descrito pelo Miguel Torga. A eutanásia apareceria sempre 

 

 

 

 

como uma solução de comodidade de quem tem o dever de assistir o doente, quer o clínico, quer o familiar, quer o Estado. O Estado aliviaria muito os seus orçamentos sem ter a preocupação de garantir a todos os doentes a capacidade de ultrapassar os seus próprios limites. Como é seu dever. O estado defende a vida dos cidadãos, não provoca a morte dos cidadãos. Isto é inadmissível, nem 

 

na guerra, eu sou contra a pena de morte. Portanto assim sendo também não posso considerar que através da eutanásia alguém tem direito a decidir para si próprio a pena de morte. A legalização da eutanásia viria a afetar gravemente a relação médico-doente. Ela assenta num ponto-chave, a confiança e num objetivo, o serviço à vida. A medicina é para servir a vida, não é para precipitar a morte. Nunca!

 

 

 

VFP - Desde o código de 2500 A.C. até ao juramento de Hipócrates, até aos Direitos Humanos, ate à Constituição da República Portuguesa… Os códigos de ética, todos os códigos de ética, de enfermagem, de medicina, consagram o dever de cuidar da vida. É o objetivo da medicina, é o objetivo dos profissionais de saúde é o objetivo da enfermagem. Ninguém pode fazer isso, ninguém! Legalizar a eutanásia vai afetar gravemente as relações entre o médico e o doente. O médico deixa de ter a função sagrada de ser apenas, só e sempre um defensor da vida. Por outro lado afeta gravemente doente porque perde a confiança e quando entra num hospital diz: o que é que me irão fazer? Eu entro para ser curado, não entro para ser condenado, para ser cuidado.

AE – Nos muitos ambientes onde já andou, nos trabalhos que desempenhou, este problema já se lhe colocou? Já alguém lhe disse que queria morrer?

VFP – Já, muitas vezes. As pessoas na sua solidão brutal dizem que já podia morrer, Deus já me pode vir buscar e não é propriamente querer 

 

 

O direito à vida é indisponível. Não pode justificar-se a morte de uma pessoa com o consentimento desta.

Perguntas e respostas

sobre a eutanásia

 

a eutanásia. Mas já me aconteceu, uma ou duas vezes, pessoas que expressam que gostariam de, num momento mais grave da vida, lhe ser precipitada a morte. É curioso que, depois de uma conversa longa, de assistência continuada, de uma ternura e carinho que o doente sente gosto em receber, a pessoa desiste. Em casos vários a pessoa voltou a recuperar a saúde e fala comigo e diz-me que não queria morrer mas estava numa situação de vida que queria que fosse alterada. A legalização da eutanásia entre nós, embora haja nalguns países, seria em termos de civilização um risco muito grande para o respeito profundo pela dignidade da pessoa humana. 

 

 

 

 

 
 
 

 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reforçou em Fátima a sua posição de “total rejeição” de uma eventual legalização da eutanásia no país. “A Assembleia reafirmou a total rejeição da eutanásia, que elimina a vida de uma pessoa, matando-a. A Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte”, refere o comunicado final da reunião da última semana.

 

 

 

 

 

 

 

Europa sem agenda para a eutanásia

Discute-se em Portugal a despenalização da eutanásia como mais um “avanço civilizacional”,  daqueles que, normalmente promovidos pela esquerda, são posteriormente mantidos pela direita, ao retomar o poder,  acabando assim por se consolidarem na nossa ordem jurídica.

No caso vertente é singularmente espantoso verificar que este nosso “atraso” é virtualmente universal: há muito reiterada e firmemente rejeitada pela Associação Médica Mundial, a euthanasia, na realidade, encontra-se legalizada num punhado reduzidissimo de países, incluindo somente, entre os 28 Estados membros da União Europeia, a Holanda, a Bélgica e o Luxemburgo. Os resultados têm sido extremamente preocupantes, com denúncias de reiterados abusos na sua prática, a tendência consistente de aumento do número de casos reportados (sem contar os não reportados) ou ainda com o seu  alargamento, na Bélgica, às crianças. Também por isso não surpreende que a “morte assistida” venha sofrendo em todo o mundo importantes reveses, como, por

 

exemplo, recentemente, no Parlamento escocês.   

No âmbito da jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem o reconhecimento de um alegado “direito a uma morte digna” – incluindo nos casos de “auxílio ao suicídio” – não logrou acolhimento.  

Finalmente, é ainda notável a ausência de apoio a esta agenda política no seio do Parlamento Europeu. Recentemente, uma declaração escrita sobre a “dignidade no fim da vida”, sustentando designadamente que “todos os cidadãos (…) que se encontrem numa fase avançada ou terminal de uma doença incurável que causa um sofrimento físico ou mental insuportável e que não pode ser atenuado devem poder beneficiar de assistência médica para acabarem a vida com dignidade”, não recolheu, entre os 751 deputados, o número mínimo de assinaturas, 95, necessário para a sua aprovação.

Um relatório do Parlamento Europeu de 2008, não obstante, prevê a possibilidade de uma intervenção legislativa no campo dos cuidados paliativos que, segundo alguns postulam, devem incluir 

 

 

 

 

os “serviços de “morte assistida”, num entendimento indevidamente abrangente dos chamados “cuidados paliativos integrados”. Por outro lado, na sequência da reunião informal do Conselho dedicada à terapia da dor e aos cuidados paliativos realizada durante a presidência italiana em 2014, foi cometida à Comissão Europeia a preparação de um Quadro Europeu de cuidados paliativos, em que se definirá justamente, e desde logo, o âmbito destes referidos cuidados de saúde. Com este desiderato, a Comissão deverá lançar

 

 brevemente uma consulta pública a fim de recolher contributos dos mais diversos“stakeholders”. Não deixa de ser preocupante, porém, que o Conselho tenha utilizado  expressões tais como “cuidados terminais” e “direito do paciente a evitar sofrimento e dor desnecessários”, que, sem mais, podem se prestar a perigosas interpretações, o que reforça a necessidade de que,  também a nível europeu, esta matéria seja objeto de uma vigilância rigorosa e continuada.

José Ramos Ascensão 

Conselheiro jurídico na COMECE

 

A morte não pode ser a resposta
para o sofrimento

 

O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) assinala que recusar a eutanásia é também recusar a ideia que a “vida pode perder dignidade”, quando deve “ser acompanhada e protegida até ao fim”, e indica os cuidados paliativos como uma das respostas ao sofrimento.

“A morte não pode ser a resposta 

 

 

para o sofrimento. Há outro tipo de resposta e essas passam pelos cuidados paliativos que, dizem os especialistas, permitem eliminar o sofrimento intolerável. Não eliminam completamente mas isso nunca é possível, não é só na fase terminal da vida que as pessoas passam pelo sofrimento”, explica Pedro Vaz Patto.

 

 

 

 

À Agência ECCLESIA, o juiz do Tribunal Eclesiástico da Diocese de Lisboa sublinha que ao sofrimento intolerável a morte não é a resposta porque é “fácil, ilusória”, não exige um “compromisso sólido e forte” da sociedade.

“Que mensagem estamos a transmitir em relação às pessoas que vivem essas situações de sofrimento quando admitimos que a resposta para o sofrimento é a morte”, questiona.

A eutanásia, sublinha o presidente da CNJP, não é uma forma de combater o sofrimento mas uma maneira de “eliminar a pessoa que sofre”, por isso, é necessário “dar uma resposta” a argumentos com a autonomia que “também pressupõe a vida”.

Outro argumento subjacente à legalização eutanásia é a dignidade da vida humana e para Pedro Vaz Patto a vida deve ser “acompanhada e protegida” até ao fim.

Ao fundamento que essa opção é uma questão de liberdade, o entrevistado vê contradições porque a vida “é o pressuposto de todos os bens”, onde se inclui a liberdade e a dignidade.

“Só é livre a pessoa que está viva. A ideia de que há um direito à morte é em si contraditória porque o direito supõe sempre um bem. Falar de 

 

 

 

Por eutanásia, deve entender-se uma ação ou omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento.

Perguntas e respostas

sobre a eutanásia

 

 

direito à morte é tão absurdo como falar do direito à doença”, desenvolveu.

Para o entrevistado existe o direito à saúde mas “não há direito à doença”, como “há direito à vida não há direito à morte”, uma contradição que “importa denunciar”.

O manifesto assinado por várias personalidades que pede a legalização da eutanásia dá visibilidade a este tema que para o presidente da CNJP é o momento “oportuno para esclarecer as pessoas”, algo que considera ser o objetivo da Conferência Episcopal Portuguesa com a nota pastoral ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’.

 

 

Eutanásia: Se legitimar o «negócio da morte» a humanidade «bate no fundo» 

Laurinda Alves sublinha que a eutanásia exige “um debate sério” na sociedade portuguesa, pois considera que o tema está a ser conduzido com base em “pressupostos pouco claros”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a jornalista salienta que em causa não está apenas “uma questão de compaixão, de quem está mais pelo lado da dignidade”, ou de “quem é mais humano e humanitário”.

Segundo a profissional de comunicação, a legalização ou não legalização desta prática vai também além da discussão do “valor da vida” que “é um valor sem valor” pelo qual é preciso lutar “coletivamente”.

“Não pode haver relativismo quando falamos de vida, a vida ao nascer e ao morrer. Dar como única resposta a eutanásia é dar muito pouco”, sustenta Laurinda Alves.

Para a comunicadora, é essencial “pôr todas as cartas na mesa” e perceber que do resultado desta reflexão à volta da eutanásia depende também determinar a quem pertence “a decisão última de terminar uma vida”.

“Quem não pode pagar, ir à clinica, quem não pode sequer decidir, ou 

 

 

É absurdo falar em “direito à morte”, como seria absurdo falar em “direito à doença”, porque o direito tem sempre por objeto um bem.

Perguntas e respostas

sobre a eutanásia

 

seja, um doente do foro psiquiátrico, um doente mental, vai decidir sobre a sua própria vida e morte?”, questiona a jornalista.

Legitimar a eutanásia, prossegue Laurinda Alves, seria abrir as portas a “um negócio, o negócio da morte” que traz consigo toda “uma lógica comercial que tem de estar dentro da discussão”.

 “Como é que se gera lucro, como é que se fidelizam clientes, se levam pessoas a uma clínica destas. Quem seriam estes profissionais que, sob a aparência de médicos e a capa da medicina”, seriam “os profissionais da morte?”, aponta Laurinda Alves, convicta de que quando forem iluminadas estas “zonas de sombra”, talvez “mais pessoas não queiram a eutanásia”.

 

 

 

 

Sobre o argumento de que a eutanásia será uma forma de acabar com o sofrimento das pessoas mais doentes e debilitadas, a jornalista salienta que “não existem vidas indignas de serem vividas” e que a humanidade, ao considerar isto, “bate no fundo”.

“Conheço pessoas que atravessaram não um, nem dois mas três cancros. Pessoas que são pais e mães de filhos, que vivem felizes, que atravessaram esse massacre e porque o atravessaram se fortaleceram, apesar da fragilidade toda. Imagine que ao primeiro cancro só eram confrontadas com a possibilidade de acabar com a vida”, complementa.

Para Laurinda Alves, exemplos como estes mostram que é possível querer mais do que a eutanásia, que é possível “abrir para outras perspetivas para além de uma morte imediata ou de uma morte a pedido”.

Porque “existem outras maneiras de minimizar, às vezes até eliminar o sofrimento físico”, lembra a também tradutora, apontando para os cuidados paliativos que existem apenas para possibilitar a “estas pessoas viverem com dignidade até à hora da morte”.

“Não há vida sem sofrimento, e não é por masoquismo, é porque ele existe. 

 

E no dia em que acharmos que descartando o sofrimento, descartando os velhos, os feios, os gordos, os magros, os que têm qualquer coisa fora do padrão, acho isto muito perigoso”, conclui.

 

 

Há o sério risco de que a morte passe a ser encarada como resposta à doença e o sofrimento, já que a solução não passaria por um esforço solidário de combate a essas situações, mas pela supressão da vida da pessoa doente e sofredora, pretensamente diminuída na sua dignidade

Perguntas e respostas

sobre a eutanásia

 
 

 

Oferecer a morte ao sofrimento é redutor, retrogrado e ultrapassado

 

A diretora da Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa, considera ser urgente um debate “amplo, sereno, esclarecedor” sobre a eutanásia e alerta que falar de morte assistida “induz a equívocos” e é pouco esclarecedor.

“Morte assistida é um equívoco, é um branqueamento do termo eutanásia porque, no limite, morte assistida por cuidados médicos 

 

devidos é o que todos queremos ainda que não queiramos que a morte nos seja precipitada e provocada”, disse Isabel Galriça Neto.

À Agência ECCLESIA, observa que os termos têm de ser usados de forma clara para “não dar origem a equívocos”, uma vez que o que todos querem “é vida assistida”.

“Queremos ter direito a bons cuidados de saúde que proporcionem um fim de vida digno, não é igual a dizer que 

 

 

 

 

Em vez de “morte assistida”, faria mais sentido falarmos em “vida assistida até ao seu termo natural.

Perguntas e respostas 

sobre a eutanásia

 

a morte nos seja provocada”, assinala. 

Segundo a médica especialista os Cuidados Paliativos têm de ser “um direito de todas as pessoas” quando estão em situações de doença grave e de sofrimento porque a eutanásia não é a resposta para o sofrimento e a medicina tem respostas.

Isabel Galriça Neto explica que os cuidados paliativos não fazem com que as pessoas morram como vegetais, nem intoxicadas em morfina, “que é um fármaco excelente” e do qual se precisa, “mas não é essa a realidade”.

Às pessoas que estão em sofrimento e em fim de vida é preciso ter-se “muito mais” para oferecer “do que a morte” que é “profundamente redutor, retrogrado e ultrapassado”.

“Não é nem inovador, nem moderno. Uma sociedade moderna mede-se pela forma como trata os mais vulneráveis, aqui é simplesmente tratá-los como lixo”, alerta.

Para a entrevistada quando se invoca o sofrimento como justificação para 

 

legalizar a eutanásia essa justificação “vai-se alargando, alargando” e passa a ser usada também em caso como “doença psiquiátrica, deficiência, situações de estar cansado de viver”.

“A sociedade se tem que interrogar se efetivamente quer esta resposta”, alerta a diretora da Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz sobre a eutanásia.

Para a também deputada do partido com assento parlamentar CDS-PP, o debate sobre a eutanásia não é uma “prioridade” porque nenhum partido político apresentou esta iniciativa no seu programa eleitoral, com exceção para o PAN (Pessoas, Animais, Natureza).

“Que se faça debate sobre a forma como se morre, como se vive o fim de vida e como é que os cuidados de saúde são prestados a estas pessoas”, é o mais urgente para a especialista.

A médica e política comenta ainda que o “pretenso direito a ser morto” tem implicações na sociedade e no bem comum.

“A minha liberdade começa onde acaba a liberdade do outro e é esta harmonização dos direitos que tem que ser feita e uma legislação sobre a eutanásia prejudicaria”, refere Isabel Galriça Neto.

 

 

Legalização da eutanásia seria enorme retrocesso civilizacional

A presidente da Federação Portuguesa pela Vida diz que a discussão sobre a legalização da eutanásia “é uma maldade que está a ser feita aos portugueses” e questiona o caminho que se quer tomar com a aprovação desta prática.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Isilda Pegado realça que quem faz a apologia da eutanásia assenta em pressupostos como “a vida é um bem disponível”, que a eutanásia “acaba com o sofrimento” e que quem recorre a esta prática o faz de forma “livre e esclarecida”.

“Uma falsidade”, frisa a advogada, sublinhando que “a eutanásia não acaba com o sofrimento, mas com a pessoa”, quando existem na sociedade e na legislação “dezenas, centenas de exemplos” que consagram a vida humana como algo inalienável e a ser “preservado” em qualquer circunstância.

Para aquela responsável, “a questão da eutanásia e da morte assistida” introduz “um novo elemento, o homicídio praticado com a chancela do Estado”, ao mesmo tempo que 

 

ameaça “o conceito da dignidade da vida humana” que tem sido consolidado “nos últimos anos”.

Com base nestes argumentos, a presidente da Federação Portuguesa pela Vida defende que a eventual legalização da eutanásia representará “um enorme retrocesso”, em termos civilizacionais.

Isilda Pegado aponta depois à realidade dos “países onde a eutanásia já está legalizada”, e onde esta prática, de forma “recorrente”, tem deixado de ser “um direito” para “passar a ser um dever”.

Nações em que pessoas, num “determinado estado da sua vida”, mais “dependentes da família, da sociedade”, são levadas a entrar num “espírito de que já não estão aqui a fazer nada”.

Num contexto destes, quem “não pedir a tal morte assistida ou eutanásia, então é egoísta porque está a ser um peso para a sociedade, para os seus. E nós queremos que no futuro, isto seja uma realidade?”, pergunta a presidente da Federação Portuguesa pela Vida.

 

 

 

 

 
Para a antiga deputada da Assembleia da República, a orientação do debate político e social deveria ser outra.

Mais no sentido da construção de “uma sociedade do amor, do carinho, do encontro de gerações”, mesmo perante o sofrimento dos mais idosos e doentes, pois a vida é feita de “circunstâncias difíceis que ninguém nega e têm de ser apoiadas”.

“É evidente que há todo o respeito pelo sofrimento, todos temos consciência que ele é uma realidade objetiva e que merece daqueles que estão à nossa volta todo o respeito, carinho e apoio”, realça Isilda Pegado.

O que está aqui em causa é a preservação de uma “civilização onde todos tenham lugar, onde todos 

 

 

É bem diferente matar e aceitar a morte. Quer a eutanásia, quer a obstinação terapêutica, desrespeitam o mo

mento natural da morte

Perguntas e respostas 

sobre a eutanásia

 

 

 

sejamos iguais, com mais ou menos capacidades” e não apenas os “mais fortes”, complementa.

A proposta de despenalização e regulamentação da eutanásia vai ser entregue no Parlamento português no dia 26 de abril, na sequência de uma petição lançada pelo movimento “Direito a morrer com dignidade”. 

 

 

Aproveitamento político é contrário ao esclarecimento de conceitos

 

A presidente do Núcleo de Lisboa da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) considera que existe um “aproveitamento político” para o tema da eutanásia estar em discussão na sociedade e destaca que os médicos têm um “papel importante” na clarificação de conceitos.

“Este esclarecimento é fundamental quando estamos a falar em morte 

 

 

provocada, em provocar a morte de alguém com essa intenção, seja a pedido do próprio ou mesmo da família. Coisas a que temos assistido na Europa”, assinala Sofia Reimão.

À Agência ECCLESIA, a especialista em Neurorradiologia observa que morte assistida é o que querem que sejam todas as mortes, que as pessoas “não morram sozinhas e tenham cuidado, afeto” e o que hoje a medicina 

 

 

 

 

 

consegue dar de apoio nessas alturas tão difíceis.

A presidente do Núcleo de Lisboa da AMCP afirma que o debate na sociedade portuguesa sobre a eutanásia “é provocar deliberadamente a morte a uma pessoa”, por isso, sublinha que há a “necessidade de clarificar conceitos”.

“Acima de tudo não passarmos para a opinião pública ideias erradas e um bocadinho manipulação dos conceitos e dos termos”, acrescenta.

Para Sofia Reimão “é estranho” e há, “claramente, motivos políticos”, “aproveitamento do momento”, para o tema aparecer porque para quem “lida” com doentes nos cuidados de saúde é “confrontado no dia-a-dia com carências”.

“Gostávamos de ver a sociedade e os políticos a investirem de facto em soluções para melhorar nomeadamente o Sistema Nacional de Saúde”, revela a entrevistada que numa altura de crise económica quer que sejam proporcionados melhores meios.

Segundo a mestre em Filosofia - especialização em Filosofia e Medicina - existem aqui também um debate filosófico interessante e afirma que a vida “é o direito primordial” sem o qual “não há sequer liberdade”.

 
“Quando estamos a negar a uma pessoa o direito à vida estamos a negar a liberdade. Não há liberdade sem vida, isso parece-me essencial”, sublinha, interrogando-se sobre quantas dessas pessoas “não estão coagidas”, com “decisões pouco livres”, por causa do seu sofrimento, da sua dor.

Sofia Reimão acentua que há um “trabalho grande” de acompanhamento desses doentes, e das pessoas em geral, na compreensão que sem um direito à vida não pode-se “sequer falar de liberdade”.

A presidente do Núcleo de Lisboa da Associação dos Médicos Católicos Portugueses na discussão sobre a eutanásia destaca ainda a “noção clara” da dignidade e do respeito pela vida que para si “é transversal a qualquer religião”.

“Precisamos de redescobrir essa dimensão na nossa vida e acho que a sociedade ocidental perdeu um bocadinho essa noção ao afastar a morte até da própria sociedade. Nós não somos confrontados com a questão do sentir”, declara a mestre com especialização em Filosofia e Medicina.

 

 

O que é que a Igreja tem dito sobre a sociedade em rede? (2ª parte)

 

Na continuação do artigo da semana passada, vamos concluir sobre o que é que o magistério da Igreja tem escrito sobre a sociedade em rede. A própria Igreja é uma communio, uma comunhão de pessoas que se congregam em comunidades eucarísticas.

Podemos destacar três grandes ideias que os sucessores de Pedro refletiram acerca dos modernos meios de comunicação. Há mais de quarenta anos a instrução pastoral Communio et progressio, no número 128, dizia que “os modernos meios de comunicação social dão ao homem

 

 

de hoje novas possibilidades de confronto com a mensagem evangélica”. Por outro lado, o Papa Paulo VI escreveu na exortação apostólica Evangelii nuntiandi, no número 45, que a Igreja “viria a sentir-se culpada diante do seu Senhor, se não lançasse mão destes instrumentos de evangelização”. Por último, João Paulo II na carta encíclica Redemptoris missio, no número 37, definiu os mass média como “o primeiro areópago dos tempos modernos”, declarando que “não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é 

 

 


 

 

 

necessário integrar a mensagem nesta “nova cultura”, criada pelas modernas comunicações”.

Sintetizando, os meios de comunicação social têm influência sobre aquilo que as pessoas pensam acerca da vida, mas também porque, para as gerações mais novas “a experiência humana como tal tornou-se uma experiência vivida através dos mass média”, está escrito na instrução pastoral Aetatis novae, documento sobre as comunicações sociais que celebra o vigésimo aniversário da Communio et progressio. Olhemos então para as capacidades positivas e benéficas da Internet, que possibilitam, entre outras coisas, 

 

a transmissão de informações e ensinamentos que ultrapassam as barreiras físicas e as fronteiras. “Um auditório tão vasto estaria além das imaginações mais ousadas daqueles que anunciaram o Evangelho antes de nós... Os católicos não deveriam ter medo de abrir as portas da comunicação social a Cristo, de tal forma que a sua Boa Nova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo!”, escreveu João Paulo II, na sua mensagem para o XXXV dia Mundial das Comunicações Sociais.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

O regresso de Tomáš Halík

 

‘Quero que tu sejas! Podemos acreditar no Deus do amor?’ é a nova obra do teólogo checo Tomáš Halík. Distinguido com o «Prémio Templeton 2014», ensina Sociologia e Filosofia da Religião na Universidade Charles, em Praga.

 

Sinopse

A expressão ‘Amo-te, quero que tu sejas’ é atribuída a Santo Agostinho. Tomáš Halík retoma-a para, depois de vários livros acerca da fé e da esperança, se centrar, aqui, na relação entre fé e amor. “Deus talvez não 

 

 

esteja interessado naquilo que nós pensamos acerca da sua existência, mas em se nós o amamos. Contudo, o que significa ‘amor a Deus’? Deus não é um ‘objeto’, por isso também não pode ser ‘objeto de amor’. Portanto, o Cristianismo relaciona, de forma irrevogável, o amor a Deus ao amor às pessoas. Aquele que afirma amar a Deus, que não pode ver, e não ama o seu irmão, a quem vê, é mentiroso, diz a Escritura. Eu conheço pessoas que não se atrevem a acreditar que Deus existe; apesar disso, desejariam sinceramente que Ele existisse. 

 

 

 

 

Conheço outras pessoas que estão firmemente convencidas da existência de Deus; contudo, têm uma tal ideia dele que, na verdade, prefeririam que Ele não existisse. Quais destes dois tipos de pessoas estão mais próximos de Deus? Todas as reflexões contidas neste livro giram, de facto, à volta desta frase”.

 

O público-alvo

“Os meus livros não são destinados àqueles que têm a certeza absoluta de que compreendem perfeitamente o que significa o mandamento do amor a Deus. Eu dirijo-me àqueles que procuram o significado dessas palavras, quer se considerem crentes, quase-crentes ou “antigos crentes”, incrédulos e agnósticos, ou não-crentes. Dirijo-me às pessoas com quem me encontro todos os dias e que são, simultaneamente, crentes e não-crentes. Por outras palavras, não são de modo algum ‘religiosamente surdos’, mas, no seu caminho de fé, conhecem momentos de silêncio da parte de Deus, e a sua própria aridez 

 

 

interior; às vezes extraviam-se do caminho e depois voltam a encontrá-lo; têm interrogações por responder e também passam por momentos de revolta”

 

Paulinas Editora

 

 

II Concílio do Vaticano: A Igreja não pode ficar fechada na sacristia

 

 

Quando se realizou o II Concílio do Vaticano (1962-65), o padre Ramón Cazallas Serrano estudava em Roma e teve a oportunidade de ver e sentir o pulsar deste acontecimento do século XX. “A igreja passou a ter uma Teologia e Eclesiologia, um tipo de conduta e de vida religiosa diferentes”, sublinhou este missionário da Consolata.

Na obra «Quando a Igreja desceu à Terra – Testemunhos de memória e futuro nos 50 anos do Concílio Vaticano II», o sacerdote espanhol revelou ao jornalista António Marujo que ainda estava “impresso” na sua cabeça, o momento em que foi aprovada a constituição sobre a Igreja «Lumen Gentium».

No dia seguinte à promulgação, o professor de eclesiologia chegou à aula e disse: «Podem fechar o livro porque a eclesiologia era particamente uma apologética. Agora vamos estudar isto»; e “mostrou as folhas com o documento aprovado no dia anterior, que trazia consigo”, disse na entrevista concedida a António Marujo.

Com o II Concílio do Vaticano surgiu um conceito de Igreja bem diferente daquela que era vivida. Gestos novos nasceram com o decorrer desta assembleia convocada pelo Papa João XXIII e continuada pelo seu sucessor. O missionário espanhol – nascido em 1942 em Castela, La Mancha – recorda o encontro com os bispos conciliares nas paragens de autocarro, na cidade romana. E lembra-se que, um dia, participou com alguns colegas num debate de teólogos com Henry de Lubac como conferencista. Essa iniciativa contava também com

 

 

 

 

 

 a presença de muitos bispos. “Apareceu D. Hélder da Câmara, que se sentou nas escadas, porque o anfiteatro estava cheio. Levantámo-nos para ceder o lugar, porque ele era arcebispo e ele disse. «Não, não. Eu sou uma pessoa como vocês, fiquem nos vossos lugares»” (In: «Quando a Igreja desceu à Terra – Testemunhos de memória e futuro nos 50 anos do Concílio Vaticano II»; página 17).

O missionário da Consolata revela também que a constituição «Gaudium et Spes» é o “olhar amoroso da Igreja sobre o mundo, a cara carinhosa da

 

Igreja sobre as realidades terrenas. 

Toca os temas candentes da Igreja de há 50 anos mas, em embrião, estão lá todas as situações que hoje afligem a humanidade: a fome, a guerra e a paz, a dignidade e os direitos humanos”. Baseada no Evangelho, ela ilumina a pessoa humana e a sua problemática existencial. “A Igreja não pode ficar fechada na sacristia, mas deve sair ao encontro do homem na sua realidade existencial”.

O sonho e a ousadia de João XXIII lançaram a Igreja num diálogo aberto com a modernidade.    

 

 

 

 

Abril 2016 

16 de abril

. Portalegre – Seminário - Assembleia sinodal conclusiva da Diocese de Portalegre-Castelo Branco

 

. Porto - Casa diocesana de Vilar - «A linguagem» é o tema da formação para docentes de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). A iniciativa organizada conjuntamente pelos secretariados diocesanos da EMRC de Viana do Castelo, Porto, Braga, Lamego e Bragança-Miranda

 

. Grécia - O Papa Francisco visita a Ilha de Lesbos (Grécia) na companhia do patriarca de Constantinopla

 

. Beja - Ferreira do Alentejo - Sessão do «Festival Terras Sem Sombra» com concerto na Igreja matriz de Ferreira do Alentejo com o tema  «Pelo Mar, pelo Sertão: Música do Brasil nas Épocas do Reino Unido e do Império» e sessão da biodiversidade «Hospedaria de Peregrinos: A Lagoa dos Patos, Ilha de Biodiversidade no Oceano Olivícola» (termina a 17 de abril)

 

 

 

Algarve – Tavira - Passeio com história sobre a Igreja Matriz de Santiago com orientação do historiador de arte, Daniel Santana

 

Bragança - Torre de Moncorvo, 09h30 - Dia diocesano da juventude com a presença de D. José Cordeiro

 

Açores - Ilha do Faial (Biblioteca e Arquivo Regional João José da Graça), 14h00 - Colóquio sobre «Desafios e oportunidades na recuperação de um problema de saúde mental», promovido pelo Serviço Diocesano da Pastoral Social dos Açores, em parceria com a Ouvidoria do Faial

 

Aveiro - Auditório das Florinhas do Vouga, 14h30 - Colóquio sobre «A Missão na Prisão»

 

Lisboa - Igreja de São Maximiliano Kolbe, 15h30 - Sessão de apresentação pública e de reflexão sobre o documento «Contributos para o Sínodo da Diocese» elaborado pelos movimentos, comunidades e grupos promotores do «Escutar a Cidade»

 

 

 

 

 

Beja - Seminário de Beja, 16h00 - Lançamento da obra «D. José do Patrocínio Dias - O homem, o militar e o bispo restaurador da Diocese de Beja» da autoria de Luis Miguel Fernandes com apresentação de David Sampaio

 

Funchal - Igreja de Santa Cecília, 19h00 - Conferência sobre  «Misericórdia, um caminho para a paz» pela irmã Arantza Uriaste (Missionária Verbum Dei) e  promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar

 

Funchal - Paróquia do Coração de Jesus, 20h30 - Vigília de oração pelas Vocações

 

Porto – Sé, 21h30 -  Concerto de Páscoa com a organista Liudmila Matsyura

 

Coimbra - Sé Velha, 21h30 - Concerto vocacional integrado na Semana de Oração pelas Vocações

 

Beja - Ferreira do Alentejo (Igreja de Nossa Senhora da Assunção), 21h30 - Festival Terras Sem Sombra apresenta sonoridades do Brasil

 

17 de abril

Dia Mundial de Oração pelas Vocações

 
Lisboa - Torres Vedras (Pavilhão Multiusos) - Assembleia Diocesana de Catequistas com o tema «Catequistas com Espírito: Acolher o olhar de Jesus, ser dom para todos, educar para a misericórdia»

 

Fátima - A Família Franciscana Hospitaleira vai realizar a sua peregrinação nacional ao Santuário de Fátima centrada no «Abrir caminhos de misericórdia»

 

Braga – Famalicão - Dia arciprestal dos movimentos juvenis, centrado no Jubileu Juvenil da Misericórdia com a presença de D. Nuno de Almeida

 

Vaticano - Basílica de São Pedro, 09h15 - Papa Francisco preside a ordenações sacerdotais

 

Leiria – Sé, 16h00 - Os diáconos Tiago Silva e Armindo Rodrigues vão ser ordenados, na Sé de Leiria, numa celebração presidida por D. António Marto

 

Braga - Famalicão (Matriz Nova), 17h30 - Conferência pascal sobre «Anunciadores da Misericórdia» por D. Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga

 

18 de abril

Fátima - Assembleia geral da CIRP (até 19 de abril)

 

 

 

 

 

 

A Diocese de Portalegre-Castelo Branco vai realizar uma Assembleia conclusiva do Sínodo Diocesano para apresentação do documento final a 16 de abril, no Seminário de Portalegre, e a celebração de uma Eucarística de ação de graças, às 18h00, na Sé.

 

A Igreja Católica em Portugal celebra este domingo o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. O Papa Francisco convida “todos” os católicos a "responsabilizar-se" por uma área essencial da Igreja.

 

A Família Franciscana Hospitaleira vai realizar a sua peregrinação nacional ao Santuário de Fátima, dia 17 de abril, centrada no «Abrir caminhos de misericórdia».

 

Vai decorrer em Fátima, nos dias 18 e 19 de abril, a Assembleia Geral da CIRP, a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal.

 

O cardeal D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação da Causa dos Santos, profere conferência sobre «Os cristãos na vida da cidade», no dia 19 de abril, uma iniciativa promovida pela Vigararia Episcopal da Cultura da Diocese de Vila Real.

 

Os católicos das Filipinas vão receber as relíquias de Santo António de Lisboa a partir de 20 de abril, num périplo por  igrejas de todo o arquipélago que se realiza duas décadas depois da última iniciativa do género.

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

10h30 - Oitavo Dia

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 17 de abril - Eutanásia: questões em debate

 

RTP2, 15h00

Segunda-feira, dia 18 - Entrevista a a Juan Ambrosio sobre o documento "A Alegria do Amor"

 

Terça-feira, dia 19 - Informação e entrevista a Miguel Panão sobre o III Encontro Nacional de Leigos.

 

Quarta-feira, dia 20 - Informação e entrevista A Maria João Pinto e Raquel Rocha sobre os "Jovens por um MUndo Unido"

 

Quinta-feira, dia 21 - Informação e entrevista a Pedro Aguiar Pinto sobre o Dia da Terra

 

Sexta-feira, dia 22 -  Análise à liturgia de domingo pelos padres António Rego e Armindo Vaz.

 

Antena 1

Domingo, dia 17 de abril - 06h00 - "A Alegria do Amor": novas pistas para as relações entre Igreja e  as famílias.

 

Segunda a sexta-feira, 18 a 22 de abril - 22h45 -  Eutanásia: questões em debate. 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 4.º Domingo do Tempo Pascal

 
 
 
 
 
 
 
Escutar a voz do Pastor é seguir Cristo
 

No Evangelho deste quarto domingo do tempo pascal, Jesus é apresentado como Bom Pastor. Por isso se chama o Domingo do Bom Pastor, que coincide com o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. A missão de Cristo é trazer a vida plena às ovelhas do seu rebanho, convidadas a escutar, acolher e seguir o Pastor.

A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos propõe duas atitudes diferentes diante da proposta que Cristo Pastor nos apresenta: ou somos ovelhas cheias de autossuficiência, satisfeitas e comodamente instaladas nas nossas certezas; ou somos ovelhas sempre atentas à voz do Pastor, dispostas a arriscar tudo para O seguir até às pastagens de vida abundante, de vida total, de felicidade sem fim. A leitura do Apocalipse insiste também nesta meta final para todo aquele que segue Cristo.

«Sou eu». Quem de nós não exclamou tantas vezes esta expressão? Nem se torna necessário dizer o nome. «Sou eu» não se diz a um desconhecido. Para entrar na intimidade de alguém, é preciso uma relação longa, um viver-com, uma familiaridade, no sentido pleno da palavra. Isso só se pode viver na duração, na fidelidade, na paciência.

«Eu sou o Bom Pastor». Jesus coloca-Se num registo de intimidade para falar da sua ligação com os discípulos, vivida durante três anos. Tornaram-se seus amigos. Várias vezes, Jesus só precisou deste grito para Se fazer reconhecer: “Sou Eu!” Os discípulos não podiam enganar-se: esta voz era a do Mestre, única no mundo.

Com Jesus, não é o meu nervo auditivo que vibra à sua voz, mas a audição do coração que me torna atento quando a sua Palavra é proclamada em Igreja, quando

 

 

 

 

 

 a leio e medito. É ela que vem fazer vibrar o meu ser profundo, que me toca o coração.

Torno-me então capaz de integrar, na minha vida e na minha maneira de pensar e de agir, a maneira própria de ser, falar e agir de Jesus. A minha vida vai ganhando cor evangélica e a minha consciência vai-se afinando à vontade do Pastor, torno-me discípulo de Jesus e reconheço a sua presença na minha vida.

Aí está um trabalho de longo alcance, para toda a vida. Escutar a voz do Pastor é seguir Cristo. Não é essa a vocação própria de todo o batizado: fazer-se eco da voz do Bom Pastor no coração do mundo? Segundo 

 

a mensagem do Papa Francisco para este dia, somos convidados a «redescobrir que a vocação cristã, bem como as vocações particulares, nascem no meio do povo de Deus e são dons da misericórdia divina! A Igreja é a casa da misericórdia e também a terra onde a vocação germina, cresce e dá fruto».

Que este Dia Mundial de Oração pelas Vocações nos leve a uma renovada atitude de oração e de empenho pelas vocações na Igreja, sinal de esperança fundada na fé, sempre no seguimento de Cristo.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EVANGELHO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO JOÃO

Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».

Palavra da Salvação.

(Jo 10, 27-30)

 

 

 

 

 

Concurso de fotografia dedicado ao Jubileu

 

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) lançou o concurso de fotografia ‘Olhares de Misericórdia na Cidade’, dedicado ao Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que decorre até ao dia 9 de maio. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a SCML informa que o concurso se destina a fotógrafos profissionais e amadores, com mais de 18 anos.

 

 

“O objetivo é demonstrar, através da fotografia, como o conceito de ‘Misericórdia’ é um valor universal presente no dia-a-dia das pessoas, assinalando assim as comemorações deste ano Jubilar”, explica a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Neste contexto, a organização pretende que as fotografias ilustrem “gestos, momentos ou situações” do quotidiano onde esteja presente 

 

 

 

 

 

 

a Misericórdia na sua “dimensão espiritual e/ou humana”.

Os três melhores trabalhos vão receber, respetivamente, um prémio no valor de 3000, 2000 e 1000 euros, em material fotográfico e a oportunidade de verem “o seu trabalho exposto num edifício de Lisboa”.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa convidou os fotojornalistas portugueses António Pedro Ferreira e Mário Cruz a integrar o júri do concurso pela “elevada reputação e provas na área da fotografia, não só a nível nacional como internacionalmente”.

 

 
Os vencedores vão ser conhecidos “até ao final de junho” e a SCML vai fazer a divulgação no seu sítio na internet - www.scml.pt - onde está disponível o regulamento do concurso de fotografia.

A instituição contextualiza ainda que ‘Olhares de Misericórdia na Cidade’ se insere no seu programa de atividades para assinalar o Jubileu da Misericórdia, que a Igreja Católica vive até 20 de novembro: “Promovendo assim um dos valores fundadores da SCML refletido na sua missão de acolher, cuidar e apoiar os que mais necessitam”.

 
Esmola

O Papa Francisco defendeu no Vaticano que dar esmola é um aspeto “essencial da misericórdia” e não se cumpre apenas com a oferta “à pressa” de uma moeda, mas implica falar com quem pede ajuda.

“Não devemos identificar a esmola com a oferta duma moedinha, dada à pressa, sem olhar a pessoa e deter-se a falar com ela, para se entender verdadeiramente o que ela necessita”, afirmou o Papa na audiência pública especial de sábado, realizada no Vaticano no âmbito do Jubileu da Misericórdia.

A esmola é um “gesto de amor”, de “atenção sincera de quantos se aproximam de nós para nos pedir ajuda”, adiantou Francisco. “Oferecer esmolas não pode ser um fardo ou um incómodo de que nos livramos rapidamente”, sustentou

 

 

 

Uma Páscoa sangrenta, do Paquistão até à Escócia…

Lahore aqui tão perto

 

No domingo de Páscoa, em Lahore, centenas de cristãos morreram ou ficaram feridos em consequência de um atentado suicida. Três dias antes, na Escócia, um muçulmano foi assassinado por ter desejado uma Páscoa feliz aos seus clientes e amigos.

 

Faltavam apenas três dias para a Páscoa. Já era de noite quando 

 

alguém reparou no corpo de um homem deitado no chão na rua Minard, em Shawlands, na Escócia. Ao lado do corpo daquele homem alastrava uma poça de sangue. Depressa a notícia alastrou pelo bairro. “Aquele homem” era o senhor Shah, do quiosque dos jornais. Todos o estimavam. O crime deixou a comunidade local perplexa. Shah, de 40 anos, paquistanês, casado, 

 

 

 

 

era muçulmano mas, acima de tudo, era um bom homem, tolerante, simpático, afectuoso. Tão afectuoso que, na sua página no “facebook”, decidiu publicar uma mensagem dirigida a toda a comunidade local, aos clientes e amigos, aos seus vizinhos desejando-lhes uma Páscoa feliz. A polícia depressa descobriu o autor deste crime e prendeu um homem, de 32 anos, também muçulmano, que terá viajado desde Bradford apenas com o objectivo de pôr fim à vida de Shah. Para as autoridades, o assassino fez a viagem, de cerca de 300 quilómetros, apenas para calar aquele homem de voz livre que abraçava todas as religiões e que se preocupava genuinamente com os outros. No relatório da polícia, o crime foi descrito como tendo origem em “preconceitos religiosos”. Asah Sarah foi assassinado apenas 4 horas depois de ter colocado aquele “post”, aquela mensagem de Boas Festas de Páscoa no seu “facebook”. Faltavam três dias para a Páscoa.

 

É difícil compreender

Lá longe, no Paquistão, provavelmente ninguém terá sabido deste crime. Três dias depois, no domingo de Páscoa, 

 

em Lahore, uma cidade com uma razoável população cristã, depois das cerimónias religiosas centenas de pessoas decidiram reunir-se num parque público. Já era o fim da tarde quando um bombista suicida fez-se explodir e, na sua loucura, arrastou para a morte mais de setenta pessoas, na sua maioria homens e crianças, e provocou ainda três centenas de feridos, alguns ainda em estado grave. Poucas horas depois, o atentado foi reivindicado pelo grupo taliban Jamaat-ul-Ahrar: “O alvo eram os cristãos”, disse um porta-voz deste grupo terrorista à agência Reuters.
É difícil imaginar o que pode motivar alguém a cometer um crime por “preconceito religioso”. É difícil imaginar alguém percorrer cerca de 300 quilómetros para esfaquear até à morte um conterrâneo apenas porque ele desejou uma “Páscoa feliz” aos seus vizinhos cristãos. É difícil imaginar alguém fazer-se explodir, no meio de um parque público, cheio de centenas de pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, que estavam a brincar, apenas para castigar uma comunidade religiosa. É difícil imaginar tanto ódio por causa da religião. Afinal, Lahore está aqui tão perto…

 

Paulo Aido| www.fundacao-ais.pt

 

Amor gera Alegria

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

O Papa Francisco publicou a ‘Alegria do Amor’, a 19 de Março, depois de ter dado á estampa a ‘Alegria do Evangelho’. Sim, nunca falta a este Papa o espírito das Bem-Aventuranças que começam todas por ‘Felizes…’!

São poucas as boas razões para perder parte de uma noite. A leitura desta Exortação é uma delas. Li em dois dias, voltei a ler, sublinhei e fiquei feliz. É um texto aberto, ousado, cheio de ternura e misericórdia. Escolhi alguns recortes:

‘O bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja’ (nº31).

‘A força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar’ (nº53).

‘O que nos faz grandes é o amor que compreende, cuida, integra, está atento aos fracos’ (nº97).

‘Jesus dizia ás pessoas: ‘Filho, tem confiança!’ (Mt 9,2). ‘Grande é a tua fé!’ (Mt 15,28). ‘Levanta-te!’ (Mc 5,41). ‘Vai em paz!’ (Lc 7,50). ‘Não temais!’ (Mt 14,27). Não são palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam. Na família, é preciso aprender esta linguagem amável de Jesus’ (nº100).

 ‘Na família, é necessário usar três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave’ (nº133).

 ‘O sentimento de ser órfãos, que hoje experimentam muitas crianças e jovens, é mais profundo do que pensamos’ (nº173).

‘O amadurecimento do amor implica também aprender a ‘negociar’ (…)’fazer o exercício do amor recíproco’(…), ‘negociar novamente os acordos, de modo que não haja vencedores nem vencidos, mas ganhem ambos’ (nº220).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

‘O amor precisa de tempo disponível e gratuito, colocando outras coisas em segundo lugar. Faz falta tempo para dialogar, abraçar-se sem pressa, partilhar projectos, escutar-se, olhar-se nos olhos, apreciar-se, fortalecer a relação’ (nº224).

 ‘é bom dar-se sempre um beijo pela manhã, benzer-se todas as noites, esperar pelo outro e recebê-lo á chegada, ter alguma saída juntos, compartilhar as tarefas domésticas’ (nº226).

 ‘Quanto às pessoas divorciadas que vivem numa nova união, é importante fazer-lhes sentir que fazem parte da Igreja, que não estão excomungadas nem são tratadas como tais, porque sempre integram a comunhão eclesial’ (nº243).

 ‘A experiência espiritual não se

 

 impõe, mas propõe-se à sua liberdade’ (nº288).

 ‘Duas lógicas percorrem toda a história da Igreja: marginalizar e reintegrar. O caminho da Igreja, desde o Concílio de Jerusalém em diante, é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da reintegração(….).Por isso, temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição’ (nº296).

‘Ninguém pode ser condenado para sempre, porque esta não é a lógica do Evangelho!’ (nº297).

‘A família vive a sua espiritualidade própria, sendo ao mesmo tempo uma igreja doméstica e uma célula viva para transformar o mundo’ (nº324).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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