04 - Editorial

    Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião:
     Miguel Oliveira Panão

22 - Semana de..

     Henrique Matos

24 - Dossier

     Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016

   

 

38 - 80 anos de Renascença

      João Aguiar Campos

54 - Multimédia

56 - Concílio Vaticano II

58 - Agenda

60 - Por estes dias

61 - Programação Religiosa

62 - Minuto Positivo

64 - Liturgia

68 - Jubileu da Misericórdia

70 - Fundação AIS

72 - LusoFonias

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

 

Dia Mundial das Comunicações Sociais

 

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As novas fronteiras do crer

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80 anos de Renascença

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Miguel Oliveira Panão | Henrique Matos | Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Dividir para reinar

  Octávio Carmo  
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Os media têm de deixar definitivamente de lado a ilusão ou pretensão de apresentar “a” realidade, numa relação unidirecional com o seu público. A ideia de que seria possível, quando não mesmo desejável, uma uniformização da visão global sobre o mundo e a humanidade encontrou no desenvolvimento dos vários meios de comunicação social um aliado, em determinadas alturas, mas também um forte opositor e, neste momento, provavelmente o seu maior obstáculo. O que não é mau, necessariamente. A diferença é um valor fundamental da humanidade, mas o seu endeusamento, esquecendo a dimensão relacional - e o respeito pelo outro, que é o diferente -, é um perigo muito significativo.

O problema está, muitas vezes, no discurso de “ódio”, para o qual alerta o Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016. Muitos têm a experiência do que significa, por exemplo, participar regularmente num fórum ou num grupo do Facebook em temas que lhes são particularmente caros. Ali só existe um caminho, a defesa daquela “verdade”, muitas vezes em confronto com outros grupos, o “inimigo”.

Essa pretensão de ter “a” verdade sobre os factos tem-se generalizado e agravado pela desconfiança face às mediações tradicionais - a Comunicação Social transmite “uma” realidade e opta por fazê-lo como resposta a condicionantes e interesses das mais variadas origens.

Obviamente, não existe no jornalismo uma comunicação assética, completamente 

 

 

 

equidistante de todas as visões. A questão, no entanto, é a tentação de se prescindir desta mediação para nos fecharmos em grupos ideológicos, sem ouvir os outros, convencidos de que encontramos a verdade e de que tudo o resto é uma fabricação. Em vez de nos realizarmos mais como seres humanos, em relação, acabamos por definhar, surdos e cegos ao que acontece para lá da “cerca digital” que levantamos à nossa volta.

Não surpreende, por isso, que tantos se preocupem com a solidão ou o isolamento num mundo que as tecnologias permitem ligar como nunca antes. Porque a tecnologia, por si só, não traz mais conhecimento 

 

nem capacidade de interpretação, não aumenta a qualidade dos relacionamentos nem define o que é bom e verdadeiro.

O apelo do Papa Francisco para que se abandone o discurso do ódio na comunicação, para que as pessoas saiam das suas trincheiras, num dia que passa cada vez mais pelas redes sociais e o mundo digital, ganha por isso um relevo particular: “Num mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade”. Porque o segredo do mal sempre foi dividir para reinar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O sorriso de D. António Francisco Santos aos finalistas universitários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- «O turismo é hoje o motor da economia nacional. A crise económica global e europeia, em vez de o ameaçar e enfraquecer, robusteceu-o a uma escala sem paralelo» (Viriato Soromenho Marques; In: Jornal de Letras – 27 de abril a 10 de maio de 2016)

 

- «Num país como Portugal, cabe à Igreja Católica, à família e à escola um dever indeclinável de promover e enraizar uma educação ética» (Vítor Aguiar e Silva; In: Jornal Diário do Minho – 01 de maio de 2016)

 

- «As offshores são ou não ilegais? Se não, qual o papel da Europa para controlar este sistema capitalista que em nada serve os povos e os Estados, mas tão somente aqueles que vivem de esquemas. Falsos esquemas?» (Salvador Santos; In: Jornal A Defesa – 27 de abril de 2016)

 

- «Eu acho que há várias escolas de futuro, há vários cenários possíveis, aquilo que eu mais gostaria era de ter uma escola onde os professores gostassem de ensinar e os alunos gostassem de aprender» (Eduardo Marçal Grilo; In: Jornal de Letras – 27 de abril a 10 de maio de 2016)

 

 

 

Igreja atenta a mudanças nos contratos
de associação no ensino

 

O clero da Arquidiocese de Braga manifestou a sua oposição a eventuais alterações aos contratos que o Estado celebra com escolas privadas, saindo em defesa do “princípio da liberdade de educação”. Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Conselho Presbiteral de Braga reage 

 

 

ao despacho normativo 1H/2016 de 14 de abril, do Ministério da Educação, sobre matrículas e frequência das escolas.

Os padres de Braga consideraram fundamental que o Estado respeite o "direito humano e constitucional" de os pais poderem escolher a educação  

 

 

 

 

 que desejam dar aos seus filhos.

Em causa estão os contratos que o Estado celebra com escolas privadas para apoiar a frequência destas escolas por alunos oriundos de famílias carenciadas (contrato simples) ou para permitir a frequência dos colégios em condições de gratuitidade, como oferta educativa pública equiparada à das escolas estatais (contrato de associação), onde a rede pública é insuficiente.

"A educação dos filhos pertence primariamente aos pais e não ao Estado. A este compete cooperar com os pais no direito e dever que têm de educar os filhos”, observa o Conselho Presbiteral de Braga, organismo representativo do clero.

Os sacerdotes católicos advertem para a possibilidade de um “monopólio totalitário” do Estado no campo do ensino”.

A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, disse à Rádio Renascença que, do ponto de vista do Governo, “a manutenção de turmas em contrato de associação é  

  

 

uma irracionalidade financeira”. “Isto não é um problema ideológico, é um problema de rigor no uso do dinheiro de todos os contribuintes”, afirmou.

Alexandra Leitão sublinhou que o assunto não está fechado e que as conclusões sobre o número de turmas que serão financiadas no ensino privado serão divulgadas no final do mês de maio.

A partir do próximo ano letivo, o Ministério da Educação vai deixar de financiar novas turmas do ensino privado em zonas onde exista escola pública, uma medida que se aplica aos alunos em início de ciclo - 5.º, 7.º e 10.º anos escolares.

A situação gerou reação oficial dos responsáveis dos Jesuítas em Portugal, os quais afirmaram em comunicado que os colégios da ordem religiosa que têm contrato de associação com o Estado estão em “risco”.

“O Ministério da Educação está a por em causa o serviço universal, gratuito e de qualidade prestado por estas duas escolas ao longo dos anos”, lamenta a Província Portuguesa da Companhia de Jesus.

 

O Despacho Normativo 1H/2016, de 14 de abril, referente ao processo de matrícula e renovação de matrícula de alunos entre os 6 e 18 anos, refere no n.º 9 do seu artigo 3.º que “a frequência de estabelecimentos de ensino particular e cooperativo com contrato de associação, na parte do apoio financeiro outorgado pelo Estado, é a correspondente à área geográfica de implantação da oferta abrangida pelo respetivo contrato”.

 

 

Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres

O bispo de Angra presidiu este domingo à Missa solene das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que decorreram em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, e pediu que os católicos manifestem a sua fé na vida pública.

“Jesus Cristo convida-nos à ousadia de construir uma sociedade e uma cultura que para ser digna do ser humano exige a presença de Deus na vida pública”, disse D. João Lavrador, na homilia da Missa que foi celebrada no Campo de São Francisco.

Perante milhares de pessoas reunidas à volta da imagem do Senhor Santo Cristo, o prelado evocou as “perplexidades” do mundo atual, os “seus erros e desumanidades”.

O bispo da diocese açoriana lamentou que o pensamento contemporâneo esteja “manipulado por interesses pessoais ou de grupo”, que produz “graves atropelos à dignidade humana”. D. João Lavrador desafiou depois os católicos a promover uma “cultura da vida” e a edificar uma sociedade “assente na verdade, na justiça e no bem”.

“Só em Deus se constrói uma sociedade livre, fraterna e em que a igualdade se transforma em realidade efetiva”, acrescentou, numa 

 

intervenção divulgada pelo portal diocesano ‘Igreja Açores’.

No final da homilia, o bispo rezou pelos governantes e autoridades públicas, crianças, jovens, famílias, adultos, idosos e doentes, bem como “todos os que vivem na diáspora”.

Já na tarde de domingo, teve lugar a procissão pelas principais artérias de Ponta Delgada, num percurso que passa em todas as igrejas e conventos da cidade. As ruas da cidade são revestidas de tapetes de flores naturais e as varandas cobertas com colchas.

A imagem do Senhor Santo Cristo venerada no Arquipélago dos Açores, do século XVI, é uma representação em madeira da Paixão de Cristo e está aberta ao culto no Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada.

 

 

 

 

D. José Alves apresentou renúncia ao Papa

O arcebispo de Évora, D. José Alves, revelou esta quarta-feira que apresentou ao Papa Francisco a sua renúncia ao cargo, após ter completado 75 anos de idade (20 de abril), de acordo com o Direito Canónico.

"O que está previsto é que, chegando àquela idade, o bispo recorda ao Papa (…). Cumpri a idade e estou à sua disposição", afirmou aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa que serviu para apresentar a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016 (8 de maio).

O número 1 do cânone 401 do Código de Direito Canónico determina que qualquer bispo diocesano que tenha completado 75 anos de idade deve apresentar a renúncia do ofício ao Papa, o qual toma uma decisão sobre o caso.

O arcebispo de Évora disse estar “sereníssimo” em relação à sua sucessão, recordando depois que a nomeação de qualquer bispo passa por um “processo prévio” em que são consultadas “muitas pessoas”. Para este responsável, o território desta arquidiocese alentejana sofre as consequências do "deserto social" que atinge o interior do país, cada vez mais envelhecido. 

 

 

D. José Alves foi nomeado arcebispo de Évora a 8 de janeiro de 2008 e tomou posse da Arquidiocese no dia 17 de fevereiro desse mesmo ano.

Natural da Diocese de Guarda, D. José Francisco Sanches Alves nasceu a 20 de abril de 1941, na freguesia de Lageosa (Sabugal); estudou Filosofia e Teologia nos seminários da Diocese da Guarda. Em 1966, a 3 de julho, foi ordenado presbítero na Catedral de Évora.

Na Arquidiocese de Évora foi vigário-geral, coordenador diocesano da Pastoral e presidente do Cabido da Catedral.

A 7 de março de 1998 foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa e a sua ordenação episcopal celebrou-se em Évora, a 31 de maio de 1998. A 22 de abril de 2004 foi nomeado por João Paulo II como Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Adeus à Imagem Peregrina de Fátima no Rio Douro

 

 

 

3.º Encontro Nacional de Leigos 

 

As novas fronteiras do Crer

 

O teólogo e escritor checo Tomás Halík defendeu hoje a necessidade de superar a tradicional distinção entre crentes e não-crentes para que a Igreja Católica possa alargar às suas fronteiras no mundo contemporâneo. “Penso que a principal diferença entre as pessoas hoje não é entre crentes e os que se dizem não-crentes. Julgo 

 

que a principal distinção é entre os que ‘habitam’ e os que ‘procuram’”, disse o sacerdote católico, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O padre Halík esteve em Portugal para um conjunto de conferências e celebrações, ligados principalmente à apresentação da sua nova obra, ‘Quero que tu sejas - Podemos 

 

 

 

acreditar no Deus do amor?’.

“É uma aventura, esta fé como caminho, como busca de Deus, é uma grande aventura”, assinala.

Segundo o autor, é necessário ultrapassar uma visão da fé católica como “herança” para falar da “busca de Deus”, promovendo o “diálogo” com quem se questiona a respeito da sua existência, do sentido da vida e do universo. “Para o futuro da Igreja é muito importante que se encontrem caminhos para comunicar com estas pessoas. A minha Teologia é, por isso, a tentativa de comunicar com as pessoas que não estão completamente identificadas com o ensinamento da Igreja, com a instituição Igreja”, realça o teólogo checo.

O vencedor do ‘Prémio Templeton’ 2014, atribuído pela Fundação John Templeton (EUA), mostra-se particularmente atento às que “estão à procura”, que se colocam “questões espirituais”, que a Igreja também deve “provocar”. “Muitas pessoas intitulam-se não-crentes, mas não são espiritualmente cegas”, observa.

Tomás Halík entende que uma das “provocações” necessárias é dizer às pessoas que Deus “não está interessado” em que as pessoas acreditem nele”, mas em que

 

 “o amem”. “Alguém pode dizer: tens primeiro de acreditar em Deus e depois amá-lo. Não, na experiência do amor podemos entender a palavra Deus”, precisa.

Nascido numa “família secular”, Tomás Halík converteu-se ao catolicismo e viveu numa Igreja perseguida, considerando hoje que o século XX foi um “inferno”, uma “noite escura coletiva” para a fé, mas que o futuro apresenta agora novas perspetivas de “ressurreição” para a Igreja Católica. Teologicamente, centra-se no tratamento de temas como o “paradoxo”, o “mistério”, o “silêncio” ou o “escondimento” de Deus e considera que há perguntas demasiado importantes para serem “estragadas” por respostas.

“Eu penso que é muito importante ouvir e procurar as verdadeiras questões das pessoas”, realça.

O autor defende, por outro lado, que o pontificado de Francisco deu um “novo estilo” à Igreja Católica. “É um novo capítulo na história do Cristianismo”.

Para Halík, Francisco apresenta-se como “uma grande personalidade espiritual” e é admirado por muitas pessoas “pela sua coragem de abordar questões polémicas do nosso tempo e de falar delas muito abertamente”.

 

 

Terror em Alepo

O Papa lamentou no Vaticano as “notícias dramáticas” que nos últimos dias têm chegado da Síria, com referência específica à cidade de Alepo, onde um bombardeamento atingiu o hospital Al Quds.

“Recebo com profunda dor as dramáticas notícias provenientes da Síria, que dizem respeito à espiral de violência que continua a agravar a já desesperada situação humanitária do país, em particular na cidade de Alepo”, referiu, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a recitação da oração do ‘Regina Coeli’.

Francisco recordou as “vítimas inocentes” do conflito, que atinge “crianças, doentes e os que com grande sacrifício se comprometem a prestar ajuda ao próximo”.

O Papa pediu que as partes em conflito respeitem o cessar-fogo e reforcem “as conversações em curso, único caminho que conduz à paz”.

Os atos de violência acontecem apesar do cessar-fogo entre o governo de Damasco e a Comissão Suprema para as Negociações, principal aliança dos grupos da oposição.

 

 

 

A comunidade salesiana em Alepo revelou que a última semana na Síria “foi das piores” desde o início da guerra civil no país e lamenta a falta de atenção internacional para o contexto na região. Em declarações enviadas à Agência ECCLESIA, o padre Alejandro León frisa que há em todo o Médio Oriente muitas situações difíceis, mas a situação é ainda mais preocupante na Síria”, onde “há muitas fações em luta, numa guerra de todos contra todos, em que os civis, infelizmente estão no meio”. “Sofremos sobretudo pela perda de crianças e jovens do nosso oratório... Hoje, todos os cristãos que morrem são pessoas que conhecemos... e, para nós, é muito difícil acompanhar essas situações extremas”, realça o sacerdote.

 

 

 

Papa denuncia discriminação das mulheres

O Papa denunciou no seu quinto vídeo com intenções de oração a discriminação das mulheres em todo o mundo, evocando em particular as vítimas de violência sexual e escravidão.

“Devemos condenar a violência sexual que as mulheres sofrem e eliminar os obstáculos que impedem a sua inserção plena na vida social, política e económica”, refere Francisco, numa intervenção divulgada através do YouTube pelo Apostolado da Oração, a rede mundial que divulga as intenções propostas pelo pontífice.

O Papa sustenta que não é “suficiente” reconhecer o contributo das mulheres “em todas as áreas do agir humano, a começar pela família. “Temos feito muito pouco pelas mulheres que se encontram em situações muito duras, desprezadas, marginalizadas e até reduzidas à escravidão”, lamenta.

‘O Vídeo do Papa’ é uma plataforma lançada pela Rede Mundial de Oração do Papa - Apostolado da Oração (AO), da Companhia de Jesus, através da qual Francisco convida homens e mulheres do mundo inteiro a unir-se às suas intenções.

O vídeo é também disponibilizado na rede social facebook, em www.facebook.com/ovideodopapa.

 

 

De acordo com o AO, estima-se que façam parte da Rede Mundial de Oração do Papa mais de 30 milhões de pessoas, em dez idiomas.

‘O Vídeo do Papa’ foi idealizado e realizado pela agência La Machi, Consultora de Comunicação para Boas Causas, e conta com o apoio do AO-Portugal.

Todos os meses, o Papa confia duas intenções de oração: uma universal, com temáticas que apelam a todos os homens e mulheres de boa vontade; e outra pela evangelização, mais centrada na vida da Igreja e na sua missão. “Se consideras que isto é justo, faz este pedido comigo: para que, em todos os países do mundo, as mulheres sejam honradas e respeitadas, e seja valorizada a sua imprescindível contribuição social”, pede Francisco, neste mês de maio.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Doenças Raras: Paradigma do lucro semeia vítimas

 

 

 

 Apelos do Papa no Vaticano

 

Maria e a Cidade

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

Talvez não soubessem, mas pouco mais de metade da população mundial vive em áreas urbanas e prevê-se que esse número aumente para dois terços em 2050. Isso significa que o ambiente onde o ser humano se insere é cada vez mais urbano. Mas ... isso acontece porque vivendo em cidades as pessoas são mais felizes?

Ouvi uma vez o filósofo Jonathan Maskit falar sobre a diferença entre uma cidade americana e uma europeia. O crescimento de uma cidade americana reflete tipicamente o espaço necessário para ter estacionamento suficiente para os carros, enquanto que uma cidade europeia se desenvolve em torno da comunidade de pessoas que lá vivem. Outro aspeto é o "Coffee-to-Go". O conhecido café americano que aparece frequentemente nos filmes. A diferença para com os europeus é a de que estes tomam "Coffee-to-Stay", ou seja, tomam café para conviver, estar uns com os outros e cultivar os relacionamentos que nos estruturam como pessoas. É claro que deve haver um equilíbrio entre o tempo de confraternização e o trabalho, mas na intervenção de Maskit percebi como os estilos de vida podem influenciar a estética de uma cidade. Se as áreas urbanas estão a aumentar, o meio ambiente social é cada vez mais importante. Logo, será possível poluir o ambiente social? Se sim, que tipo de poluição é essa? E como solucioná-la?

 

 

 

Em 8 de dezembro de 2009, o Papa Bento XVI afirma algo que esclarece.

 Queixamo-nos muitas vezes da poluição do ar, que em certos lugares da cidade é irrespirável. É verdade: é necessário o compromisso de todos para tornar mais limpa a cidade. E todavia, há outra poluição, menos perceptível aos sentidos, mas igualmente perigosa. Trata-se da poluição do espírito; ela torna os nossos rostos menos risonhos, mais obscuros, que nos leva a não nos cumprimentarmos, a não olharmos uns nos rostos dos outros... A cidade é feita de rostos, mas infelizmente as dinâmicas colectivas podem fazer-nos perder a percepção da sua profundidade. Vemos tudo superficialmente. As pessoas tornam-se corpos, e estes corpos perdem a alma, tornam-se coisas, objectos sem rosto, que se podem trocar e consumir.

Quanta poluição do espírito não vemos nas nossas cidades... Basta uma viagem de Metro em Lisboa. Qual a solução? Entrando no mês de maio, não posso deixar de pensar em Maria.

Diz Bento XVI que "Maria Imaculada ajuda-nos a redescobrir e defender a profundidade das pessoas, porque 

 

nela existe a transparência perfeita da alma no corpo. É a pureza em pessoa, no sentido que nela espírito, alma e corpo são plenamente coerentes entre si e com a vontade de Deus. Nossa Senhora ensina-nos a abrir-nos à acção de Deus, a fim de olharmos para os outros como Ele o faz: a partir do coração. E a olharmos para eles com misericórdia, com amor, com ternura infinita, especialmente para aqueles mais sozinhos, desprezados, explorados. 'Onde abundou o pecado, superabundou a graça'."

O convite é simples: ser uma outra Maria. O resultado é evidente. Baseando-me no que disse o Papa Francisco no passado dia 25 abril ao visitar - curioso - uma Mariápolis dos Focolares em Roma, ou seja a "Cidade de Maria", se procurarmos ser como Maria iremos "transformar os desertos em florestas".

 

 

Diálogo... uma obra em construção

  Henrique Matos   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

No Vaticano, esta semana, um encontro entre membros do Real Instituto para Estudos Inter-religiosos da Jordânia e do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso. A iniciativa teve por tema: “Valores partilhados na vida social e política: cidadãos e crentes”.

Não é uma daquelas cimeiras que concentram os holofotes mediáticos, mas também, não é nos palcos fugazes do mediatismo que as mudanças acontecem. Elas operam-se na confiança e no conhecimento recíproco. Na paciência de um diálogo que se aprofunda com passos sólidos que não renegam identidades mas que avançam na direção do superior interesse do bem comum.

É algo semelhante que acontece neste contacto entre o cristianismo e o islão. Religiões que os extremistas e os alinhamentos informativos querem arrumar em trincheiras contrárias. Porém, no caso, as trincheiras não existem, antes a mesa do encontro... e para que ele aconteça são necessárias as palavras, e assim reunimos os ingredientes do diálogo.

Esta “é ainda uma obra em construção” mas ainda assim faz a diferença num mundo marcado “pela destruição das guerras” diz Francisco na saudação enviada aos participantes nesta iniciativa.

Perante a fragilidade, ou melhor, a hipocrisia das soluções políticas que as nações cozinham, tentando gerir conflitos de forma a colher dividendos da desgraça alheia, apresenta-se o diálogo como a via possível. A única, pois só ela conjuga a sinceridade e a capacidade de gerir a diferença.

 

 

Continua Francisco na sua mensagem: "o diálogo é sair de si mesmo, com a palavra, e escutar a palavra do outro. As duas palavras se encontram, encontram-se os dois pensamentos. É a primeira etapa do caminho."

Vivemos assustados com os ataques terroristas que, a qualquer momento, podem escolher o nosso transporte ou a praça que atravessamos... o medo é o mesmo que sentem os milhares de  muçulmanos que apenas querem continuar a ganhar a sua vida em países culturalmente diferentes. O medo não é bom conselheiro e a segurança não se faz com tijolos ou armas, a única paz sólida é feita de acolhimento e colaboração.

Há comunidades que se têm de libertar de imposições irracionais, 

 

quebrar o medo e estimular a crítica. Outros deverão aprender a olhar para um mundo a várias cores, onde as oportunidades são universais. É disto que Francisco fala, é nesta linha que entidades como o Real Instituto para os Estudos Inter-religiosos da Jordânia e o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, são sinais luminosos que não podemos perder neste horizonte ainda escuro pela tormenta.

Terminava assim, a mensagem de Francisco: "Depois deste encontro da palavra, os corações encontram-se e começa o diálogo da amizade, que termina com o aperto das mãos. Palavra, coração, mãos. É simples, até uma criança o sabe. Porque não o fazemos nós?"

 

 

A Igreja na Praça digital
com o Papa Francisco

 

A Igreja Católica celebra este domingo o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016, iniciativa que chega à sua 50.ª edição e que tem este ano como tema ‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’.

O Papa Francisco defende na sua mensagem para esta jornada que  

 

 

a comunicação nas redes sociais e no mundo digital pode ser “autêntica” e “humana”. “Emails, SMS, redes sociais, chats podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua 

 

 

 

 

capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor”, escreve.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é celebrado desde 1966 no domingo anterior à festa do Pentecostes.

Depois de assinalar que as redes sociais são capazes de “favorecer as relações e promover o bem da sociedade” e de ajudar na construção de “uma verdadeira cidadania”, o Papa deixa alertas em relação a uma possível “maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos”.

“O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral”, precisa.

A celebração de 2016 é colocada no contexto do ano santo extraordinário (dezembro de 2015-novembro de 2016), o Jubileu da Misericórdia convocado pelo Papa, deixando votos de que todos consigam ser “mais abertos ao diálogo”.

Francisco convida a Igreja a rejeitar 

 

palavras e gestos “duros ou moralistas”, que correm o risco de afastar ainda mais as pessoas. “Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu”, explica.

“Alguns pensam que uma visão da sociedade enraizada na misericórdia é injustificadamente idealista ou excessivamente indulgente”, admite o Papa, que responde a estas críticas com a vida familiar e a atitude dos pais para com os filhos.

Francisco refere que é “fundamental escutar” para fazer da comunicação uma verdadeira partilha, distinguindo esta atitude do simples “ouvir”, porque ultrapassa o âmbito da informação e “requer a proximidade”, admitindo que “escutar nunca é fácil”.

 

 

 

O amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus

 

 

 

50 anos de mensagens pontifícias

 

O arcebispo italiano D. Claudio Celli, antigo responsável do Vaticano pelo setor das Comunicações Sociais, defende que a Igreja Católica tem vindo a concentrar o seu discurso nas “notas positivas” do mundo dos media, com a orientação dos últimos Papas.

“Percebe-se facilmente um movimento através das mensagens do Papa que se sucederam: de uma visão instrumentalista, a perspetiva

 

 

foi-se progressivamente deslocando para o desafio antropológico e teológico propriamente dito”, escreve, na introdução do livro ‘Dia Mundial das Comunicações Sociais. 50 mensagens, de Paulo VI a Francisco’.

A publicação do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), com a chancela da Paulus Editora, foi apresentada esta quinta-feira, em Lisboa, no contexto da celebração 

 

 

 

 

do 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais (8 de maio).

Além do um livro que reúne todas as mensagens dos Papas para esta jornada, o SNCS assinala a data com o lançamento do 'Prémio de Jornalismo D. Manuel Falcão’.

D. Claudio Celli, prefeito emérito do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais (Santa Sé), recorda que esta jornada anual foi instituída pelo Concílio Vaticano II (decreto conciliar Inter Mirifica), em 1963.

Celebrado pela primeira vez em 1967, no pontificado de Paulo VI, o Dia Mundial das Comunicações Sociais tem como pano de fundo a respetiva mensagem do Papa, 50 até hoje.

 

 

Para D. Claudio Celli, este meio século mostrou um processo de “assimilação progressiva da cultura da comunicação na vida e na missão da Igreja”.

Num contexto de transformação cultural e tecnológica, os Papas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco ajudaram a promover uma “mudança de paradigma” que passa por “maior proximidade” entre a Igreja e os media.

D. Claudio Celli comenta ainda a última mensagem, com o tema ‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’, que coloca “em sintonia com o ano jubilar da misericórdia”.

“O Papa Francisco convida-nos a fazer da nossa comunicação uma expressão da compaixão, da ternura e do perdão de Deus para todos”, precisa.

 

 

Ao apresentar esta recolha de mensagens, é-me grato também recordar uma outra tradição que é audiência agora concedida aos media pelo novo Papa, logo após a sua eleição. Foi assim que a 16 de março de 2013, o Papa Francisco se lhes dirigiu: “Vós tendes a capacidade de identificar e exprimir as expectativas e as exigências do nosso tempo, de oferecer os elementos necessários para uma leitura da realidade. O vosso trabalho requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas outras profissões, mas implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza; e isto torna-nos particularmente vizinhos, já que a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza «em pessoa». Deveria resultar claramente que todos somos chamados, não a comunicar-nos a nós mesmos, mas esta tríade existencial formada pela verdade, a bondade e a beleza”

 

 

Igreja tem dedicado atenção permanente ao setor dos media

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais afirmou que há uma atenção “permanente” da Igreja Católica à “evolução” dos media e ao “contributo dos valores humanos e cristãos” para a comunicação.

“As mensagens mostram a permanente atenção da Igreja às implicações sociais e de evangelização conexas com o progressivo enriquecimento dos recursos comunicacionais”, escreve D. Pio Alves, no prefácio do livro ‘Dia Mundial das Comunicações Sociais. 50 mensagens, de Paulo VI a Francisco’.

Segundo o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, as mensagens dos sucessivos Papas

 

“testemunham a impressionante evolução tecnológica no âmbito global da comunicação”.

“Globalmente, a atenção pende muito mais para um diálogo com as populações em geral e os produtores e utilizadores da comunicação, nos seus diferentes suportes, que para abordagens mais intraeclesiais”, observa D. Pio Alves.

Este responsável fala numa “extensa” lista de “sublinhados de valores fundamentais” e de “valores cristãos” - a unidade dos homens (1971), serviço da vida (1972), direitos e deveres (1976), liberdade responsável (1981), justiça e paz (1983, 1987, 2003), solidariedade e fraternidade (1988), esperança (1998), presença amiga (1999), compreensão entre os povos (2005), respeito, diálogo e amizade 

 

O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja teve a feliz iniciativa de juntar numa única obra as Mensagens destas cinco décadas. Contou, para isso, com a valiosa colaboração da Paulus Editora. Foi assim possível pôr à disposição de um público alargado o itinerário de cinquenta anos de documentos da Igreja sobre o importante mundo da comunicação.

D. Pio Alves

 

 

 

 

(2009), verdade, anúncio e autenticidade (2008, 2011), silêncio e palavra (2012), cultura do encontro (2014).

São abordados temas como: valores espirituais (1973), evangelização (1974, 2001), reconciliação (1975), fé e cultura (1984), formação cristã da opinião pública (1986), religião (1989), mensagem de Cristo (1992, 1997, 2000), sacerdote (2010).

Ocupa um lugar destacado a família (1969, 1980, 1991, 1994, 2004, 2015), complementado com abordagens centradas em segmentos concretos da população: juventude (1970, 1985), crianças (1979, 2007), idosos (1982), a mulher (1996).

 

 

As Mensagens não passam ao lado de questões tão concretas como a publicidade (1977) e direitos e deveres do recetor (1978).

 

 

 

Construir pontes
e criar sinergias na Comunicação

 

O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), padre Américo Aguiar, afirmou que a Igreja Católica deve promover “pontes” no mundo da comunicação e criar “sinergias” entre as suas várias plataformas, diocesanas e nacionais.

Numa entrevista dedicada ao 50.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se vai celebrar no domingo, o responsável recordou as orientações deixadas por Francisco para esta data, numa mensagem intitulada 

 

‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’, que com “o rosto do Papa”

“A maneira como dizemos as coisas pode salvar ou condenar uma relação”, observou.

Para o diretor do SNCS, a comunicação da Igreja é chamada a promover “encontros”, com  “testemunho, sentimento, autenticidade”, à imagem do que tem acontecido com o pontífice argentino.

O padre Américo Aguiar foi 

 

 

 

nomeado para o cargo a 7 de abril, pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e tem promovido desde então uma “auscultação” aos vários responsáveis diocesanos, que deve estar concluída até à próxima assembleia plenária dos bispos católicos, em novembro.

Reconhecendo dificuldades em passar “do nível diocesano para o nível nacional” na atividade eclesial, o diretor do SNCS sustenta que, num “respeito total e profundo” pela autonomia de cada diocese, é possível promover a partilha dos “bons exemplos”.

O objetivo é recolher as expectativas das várias dioceses em relação ao secretariado ligado à CEP, para “criar sinergias” entre as “várias geografias” 

 

da Igreja Católica em Portugal e promover a “proximidade”.

A Igreja, acrescenta, deve ser “exemplar” na gestão dos seus recursos e encontrar respostas “sustentáveis”.

Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II (decreto ‘Inter Mirifica’, 1963).

O padre Américo Aguiar defende que a data serve para recordar uma “realidade tão urgente e tão necessária” para o dia a dia das comunidades católicas.

O ofertório das celebrações dominicais reverte a favor do trabalho da Igreja nas Comunicações Sociais, em cada dioceses e nas atividades de âmbito nacional.

 

 

 

 

Media estão a ocupar espaços tradicionalmente reservados às religiões

 

O teólogo e escritor checo Tomás Halík disse à Agência ECCLESIA que os media estão a ocupar espaços tradicionalmente reservados às religiões como referências de “verdade” e de pensamento.

“Os media têm um papel que 

 

 

tradicionalmente era das religiões: os media interpretam o mundo, dão os grandes símbolos, as grandes narrativas, as grandes histórias, são árbitros da verdade e da importância”, referiu o autor, em entrevista, ao abordar a celebração do Dia Mundial 

 

 

 

 

das Comunicações Sociais 2016 (8 de maio).

A Igreja Católica celebra no domingo uma iniciativa que chega à sua 50.ª edição, este ano como tema ‘Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo’.

Para o padre Tomás Halík, a evolução dos meios de comunicação social levou as pessoas a querer ver com os seus próprios olhos para determinar o que é “verdade”, seguindo os alinhamentos dos noticiários como critério na análise à realidade.

“Os media influenciam a forma de pensar e de viver de muitas pessoas, o que era o papel tradicional das religiões. De certa forma, os media são a religião do mundo contemporâneo”, analisa o autor, conhecido pela reflexão sobre o diálogo entre crentes e não crentes.

O teólogo checo fala numa realidade que também está em transformação, com a perda de influência da TV e o surgimento das redes sociais, onde muitas pessoas estão em grupos, “seitas”, fechadas nas suas “ideologias”.

 

 

“Os media agora já não criam apenas uma sociedade comum, também estão a dividir, são expressão de divisão na sociedade”, adverte.

O vencedor do ‘Prémio Templeton’ 2014, atribuído pela Fundação John Templeton (EUA), considera que há “muitos problemas” com a influência das redes sociais nas pessoas, desde o racismo aos preconceitos culturais e religiosos.

“O autoproclamado Estado Islâmico tem uma propaganda muito profissional nas redes sociais”, exemplifica.

Tomás Halík propõe a criação de uma profissão “muito promissora” para o futuro: “dietista do uso dos media”.

“É preciso ensinar as pessoas a distinguir quais são os media realmente sérios e quais são perigosos para a nossa forma de pensar e a nossa cultura”, conclui.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais, instituído pelo Concílio Vaticano II, é celebrado pela Igreja Católica desde 1967 no domingo anterior à festa do Pentecostes.

 

 

Cónegos António Rego e João Aguiar recebem Prémio D. Manuel Falcão

 

O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), da Igreja Católica, entregou de forma honorífica o prémio de jornalismo ‘D. Manuel Falcão’ a dois antigos responsáveis deste organismo, os cónegos António Rego e João Aguiar. A cerimónia decorreu esta quinta-feira, durante a sessão de apresentação do 50º Dia Mundial das Comunicações 

 

 

Sociais (8 de maio), que decorreu no Museu de São Roque, em Lisboa.

O diretor do SNCS, padre Américo Aguiar, falou numa “edição prévia” que visou distinguir duas personalidades a quem a Igreja Católica “deve muito”.

O padre António Rego nasceu na Vila de Capelas, São Miguel (Açores), em 1941; como estudante e jovem sacerdote começou a trabalhar 

 

 

 

 

em projetos jornalísticos, na imprensa, na rádio e na televisão, primeiro em território açoriano e depois em órgãos de comunicação nacionais. O sacerdote estudou Comunicação Social em França e realizou centenas de programas na Rádio Renascença e na Radiodifusão Portuguesa; criou o programa de rádio ‘Hoje é Domingo’, tendo ainda assinado textos de opinião no ‘Diário de Notícias’.

António Rego realizou mais de 1500 programas de televisão na RTP e na TVI, com reportagens de temática religiosa nos cinco continentes. O antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais foi nomeado pelo agora Papa emérito Bento XVI como consultor do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Santa Sé).

O cónego João Aguiar, por sua vez, é o atual presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença, integrando há décadas os quadros da emissora católica portuguesa, onde desempenhou, entre outras, as funções de diretor do Centro de Produção do Porto e de diretor de Informação; foi ainda diretor do ‘Diário do Minho’, da Arquidiocese de Braga.

 

 

 

 

 

João Aguiar Campos nasceu no ano 1949 em S. João do Campo, Terras de Bouro (Braga); entre 1974 e 1976 frequentou Ciências da Informação na Universidade de Navarra, em Espanha. Em 2011 foi nomeado diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, cargo que ocupou até ao início do último mês de abril.

O prémio de jornalismo ‘D. Manuel Falcão’, de caráter anual, vai ser aberto à comunicação social em geral. O padre Américo Aguiar explicou que a iniciativa quer chamar a atenção para os desafios do “exercício da missão do jornalista”, na busca da “verdade”.

O diretor do SNCS realçou que D. Manuel Falcão é um “nome que gera muito consenso” e foi um “exemplo” para quem se dedica ao jornalismo.

Na cerimónia marcaram presença familiares do falecido bispo de Beja e o seu sucessor no cargo, D. António Vitalino.

 

Comunicação peca por ausência
de misericórdia

 

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, da Igreja Católica, lamentou a “ausência de misericórdia” que marca os media e alimenta a cultura de exclusão na sociedade. Durante a apresentação do 50.º Dia Mundial das Comunicações 

 

 

Sociais, que decorreu esta quinta-feira em Lisboa, D. Pio Alves considerou fundamental que os órgãos de comunicação social saibam “de que lado querem estar”.

Do lado “da inútil sobrevivência a prazo, a qualquer preço, ou da construção de pontes que possibilitem

 

 

 

 

 

a união da humanidade na sua rica diversidade?”, questiona o bispo auxiliar do Porto.

Debruçando-se sobre a mensagem do Papa Francisco, intitulada ‘Comunicação e Misericórdia, um encontro fecundo’, D. Pio Alves admitiu que a junção destas duas palavras, comunicação e misericórdia, poderá causar estranheza, sobretudo “nestes tempos tão complicados”, em que várias redações se debatem pela sua subsistência e num meio tão marcado pela concorrência.

O Papa argentino antecipou esta reação, ao escrever que “uma visão da sociedade enraizada na misericórdia” poderá ser vista como “injustificadamente idealista ou excessivamente indulgente”, lembra o bispo auxiliar do Porto.

No entanto, prosseguiu D. Pio Alves, a mensagem de Francisco também frisa que “num mundo dividido, fragmentado, polarizado”, só uma comunicação orientada pela misericórdia conseguirá trazer a necessária “proximidade” entre as pessoas.

Para o prelado, comunicar com misericórdia significa passar da “imposição de um pensamento 

 

tendencialmente único, sempre empobrecedor”, para um tipo de comunicação regida pela “apresentação dos factos, tão objetiva quanto possível, e assumidamente distinta da sua leitura”.

Implica também que estes princípios estejam incluídos “com clareza” nos “respetivos estatutos editoriais” e sejam cumpridos “com fidelidade”.

Aqui entra também outra variável, que é contrariar a tendência de uma comunicação que não é independente mas regida “normativamente por uma qualquer entidade exterior, por mais estatal que seja”, apontou o responsável católico.

A apresentação do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016 contou com a participação de várias dezenas de participantes, entre bispos, jornalistas e colaboradores da Igreja Católica, para além do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes.

Para este responsável, a mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais oferece um "bom manual de conduta" para as pessoas e instituições.

"É bom que reflitamos na força intrínseca das boas notícias", sustentou Santana Lopes.

 

 

 

Um sítio para a rádio do futuro

 

A partir do dia 13 de maio de 2016 as rádios do Grupo Renascença têm novas instalações, na Quinta do Bom Pastor (Buraca), em Lisboa. O presidente do Conselho de Gerência da Renascença, o cónego João Aguiar Campos, abriu as portas da nova sede à Agência ECCLESIA numa “oportunidade de apresentar a casa a todos quantos amam o grupo nas suas diversas rádios”.

Da baixa de Lisboa para a Buraca o objetivo é cuidar o futuro! Produtores, animadores e jornalistas têm pela frente o desafio de fazer diferentes canais de rádio, que sabem “comunicar para diferentes públicos, diferentes idades, diferentes interesses”.

“Uma rádio sem afetos não pode ser uma rádio com futuro”, destaca o cónego João Aguiar Campos, sobre a emissora que está na história da comunicação social e da Igreja Católica em Portugal.

O presidente do Conselho de Gerência do grupo desde 2005 assinala que a rádio da Igreja Católica em Portugal não é piedosa mas faz uma “leitura crente, corajosa dentro das perspetivas de um humanismo cristão”. E agora ainda melhor preparada em infraestruturas e tecnologia.

 

 

Entrevista realizada por Paulo Rocha e Carlos Borges

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agência Ecclesia (AE) – Uma nova casa para uma nova rádio? Como vai ser essa nova rádio?

Cónego João Aguiar Campos (JAC) – Vai ser uma rádio profundamente adaptada aos tempos de hoje e a olhar para depois de amanhã e ao mesmo tempo uma rádio, como se pressupõe, fiel às suas raízes, fiel ao seu povo, à sua gente, à Igreja que pertence.

Uma rádio como a sonhou o nosso fundador: igual a todas as outras rádios exceto em qualquer conteúdo “avariado”. Uma rádio com olhar positivo, profissional, otimista. Mas profissional, sublinharia…

AE – Essa é a garantia que pode ser dada aos ouvintes? Eles podem esperar novidades em antena a partir do novo espaço?

JAC – Podem esperar tudo isso até porque, além dos novos espaços, temos uma história e uma qualidade das nossas pessoas, dos nossos profissionais, sempre com grande capacidade de adaptação às novas tecnologias, com grande capacidade de leitura das circunstâncias de responder às perguntas que hoje a sociedade e a Igreja nos vão colocando.

É confiando nas pessoas, que são a grande riqueza de cada empresa, é 

 

confiada na capacidade profissional e humana e ética das pessoas que posso, em nome de todos, dizer que sim, que vamos corresponder.

 

Quatro rádios num cubo tecnológico

AE – Um conjunto de estúdios completamente novos, também em tecnologia, vão permitir gerar novos conteúdos?

JAC – Com certeza, teremos no futuro também novidades de conteúdo. Estamos numa rádio nova na perspetiva do digital. Pretendemos que seja uma rádio com capacidade de convergir e estar presente nas diversas plataformas, onde hoje já estamos, mas com maior desenvolvimento e profundidade.

Uma rádio que permita também maior interatividade. Os estúdios vão permiti-lo porque não olhamos para os nossos ouvintes como consumidores passivos mas olhamos para eles como produtores que fazem connosco a rádio que queremos. Por isso, com a imagem e o som profundamente cuidado, uma presença viva, ativa e atualizada nas redes sociais, e com os nossos sites, penso que damos um passo grande num sítio que pretendemos habitar e que se chama o futuro.

 

 

 

 

AE – Os vários canais do Grupo – Renascença, RFM, Mega Hits e Rádio Sim – têm estúdios próprios de onde parte a emissão de cada um?

JAC – Sim. E estão dispostos como se fossem uma ilha. Depois, nas laterais, temos cabines de apoio, cabines de gravação. Mas no núcleo central estão as nossas rádios, uma espécie de cubo central com grande luminosidade para o exterior, que pode ser percorrido em toda a volta e as próprias emissões podem ser vistas do corredor.

 

AE – Todos os dias vão colocar no ar muitas notícias, muitos debates, muito entretenimento e muita música.

JAC – Nos estúdios vão estar simultaneamente os tripés todos da rádio. Não estará o jornalista numa esquina e o animador noutra, mas estarão juntos e pensar, conjuntamente, o que importa

servir a quem está no outro lado

e que acaba por estar também

neste lado numa atitude de

conhecimento mútuo e

profundo respeito pelos

gostos, pelas sensibilidades.

Além do profundo e

indesmentível respeito por

aquilo que é a identidade

do nosso grupo e o que é a

identidade da Renascença

 

 

 

 

 

 

 
 
Uma redação para quatro rádios

AE – Como vai ser a nova redação da Renascença?

JAC – Sublinharia que não é apenas a sala da redação, mas a sala do canal! Aqui vão estar todas as pessoas que fazem os conteúdos do canal Renascença, da Rádio Renascença, sejam os jornalistas, sejam animadores, os próprios assistentes que trabalham na redação. É preciso 

preparar um produto que “case” bem um com o outro, de uma sonoridade e de uma intensão global que percorra a antena 24 horas por dia. Na redação vão estar também as pessoas que trabalham a web tv como as que trabalham nos sites.

As diversas plataformas reunidas numa sala podem, com as diferentes linguagens que cada uma delas adota, conversar ao mesmo tempo entre si e ver o que é proposto como mensagem do canal.

 

 

 

 

 

 

 

AE – A unidade que aqui se cria, no ambiente, no contexto de trabalho, vai corresponder também a uma unidade na própria linha da estação?

JAC – Essa é efetivamente a intenção. Nós temos estado numa casa onde a informação tinha o seu núcleo, o seu próprio espaço e a animação, que tradicionalmente se chamava de programação, tinha o seu espaço fisicamente distante. Isso cria sempre alguns problemas, não apenas da interação imediata mas até, às vezes, da construção, da “confeção” do próprio conteúdo.

Agora, estando numa sala animadores, produtores, direção, jornalistas, todos juntos, vai ser possível um diálogo constante e um acerto permanente das diversas linguagens. Na sala trabalharão os animadores, os jornalistas, estarão também os animadores e jornalistas da webtv, como os responsáveis das redes sociais e pelo site do Canal Renascença, o que necessariamente vai enriquecer perspetivas, enriquecer e complementar pontos de vista, de modo que cada um com as suas diferentes linguagens, mas uma grande unidade de mensagem, cada um possa servir este desígnio de estar em cada momento e cada vez mais próximo de toda a gente.

 

 AE – Na estratégia editorial da rádio qual é o papel da informação?

JAC  – Toda a informação é feita pela nossa direção de informação com ritmo, linguagem e, às vezes, com extensão diferentes na Mega, na RFM, na Sim e no canal Renascença. Porque cada um tem o seu público próprio com os seus interesses específicos.

Felizmente, temos grupos de jornalistas imputados, chamemos assim, a cada uma destas rádios o que lhes permite adequar-se melhor ao tempo, aos ritmos e à linguagem daqueles a quem se destina.

Permitam-me um louvor a esta versatilidade de uma redação que sabe comunicar para diferentes públicos, diferentes idades, diferentes interesses.

 

AE – O canal Renascença é de informação?

JAC – Já neste momento é uma marca informativa, felizmente de prestígio, com grande impacto que se pode e deve aprofundar no futuro, fazendo do canal uma rádio profundamente comunicativa. Ou seja, sempre 

 

 

 

 

interativa, sempre dialogante, sempre atenta, não fazendo com que a informação se esgote nos tempos dos noticiários, mas sempre que haja algo de importante a dizer, importante a conversar, importante a transmitir. Sem esquecer a música como um dos pilares fundamentais do conteúdo.

 

AE – A edição dos conteúdos vai acontecer com novos meios tecnológicos?

JAC – Sim, adotamos agora modos novos, tecnologicamente falando, de fazer as coisas. Por isso, nos primeiros tempos, as pessoas estão a aprender a tirar toda a capacidade dos novos 

 

 

 

programas para trabalhar.

Não é que o segredo seja a alma do negócio, mas gostaria muito que esses pormenores fossem sentidos em antena e vividos com entusiasmo por cada um dos nossos jornalistas, por cada um dos nossos produtores de conteúdos.

 

Rádio próxima e ao vivo

AE – As novas instalações do Grupo Renascença, como as antigas, também têm um auditório. Que novas possibilidades oferece agora este espaço às rádios do grupo?

JAC – Posso dizer que é um dos espaços que mais me agrada, para

 

 

 

 

 

além dos estúdios, precisamente pelas janelas que nos abre. Permite-nos ter uma rádio viva, uma rádio com público, para podermos ter os artistas ao vivo e connosco, também numa homenagem constante aos criadores musicais e de entretenimento.

Ao ter pessoas connosco neste espaço, que é muito simpático e muito digno, também iremos fomentando, sublinhando os afetos, a relação com as pessoas.

Um auditório destes também pode servir para a informação, para conferências, para debates. E ainda 

 

 

para incrementarmos ações de formação com as nossas pessoas.

Penso alicerces muito seguros para o futuro deste grupo vão ser a conetividade, a interatividade e o aprofundamento do que são as nossas missões e os nossos valores.

 

AE – Aqui, através deste espaço, do que ele vai oferecer, os vários canais da Renascença tornar-se-ão mais próximos de todos os ouvintes?

JAC – É esse o desafio. Diria: mais do que desafio é essa a obrigação.

Coloca o grande desafio para os  

 

 

 

 

 

 

 

nossos profissionais de fazer rádio de outra maneira. Não que não o tenhamos já feito. Mas este auditório não pode ser comparado com o que tínhamos na sede anterior, mais pequeno na sua dimensão e menos apetrechado tecnicamente.

É um desafio e acrescento que é uma obrigação porque não podemos ser tontos de fazer investimentos sem olhar para o futuro e para o seu uso imediato.

 

Capela São Francisco de Sales

AE – A Renascença é a emissora católica portuguesa e as novas instalações, como as antigas na Baixa Lisboeta, também têm uma capela sempre aberta para acolher quem quiser entrar?

JAC – A capela, que neste momento está numa fase de acabamentos, chamar-se-á Capela São Francisco de Sales, o padroeiro dos comunicadores católicos, e queremos que numa das paredes laterais esteja a imagem do padroeiro. Vai estar também a imagem da Nossa Senhora de Fátima.

A Rádio Renascença, no seu grupo, está consagrada à Senhora de Fátima. Renovamos essa consagração quando celebramos os 75 anos e, agora, que  

 

 

  

estamos a abrir o ano inaugural da comemoração dos nossos 80 anos, também queremos que nesta capela esteja a imagem de Nossa Senhora, que aliás estava também em lugar de destaque na capela da antiga sede da Rua Capelo.

Teremos Missas às segundas e quartas-feiras, celebradas respetivamente pelo assistente religioso de Lisboa, o padre Vítor Gonçalves, e pelo padre Dâmaso Lambers, que é uma das figuras e vozes históricas da Renascença. Será naturalmente um espaço de oração e de meditação individual, dependendo da “fome interior” de cada um.

 

A necessidade aguça o engenho

AE – Cónego João Aguiar, como é que foi possível criar uma rádio com esta nova estrutura, com estas potencialidades?

JAC – A necessidade aguça o engenho e tínhamos realmente a necessidade de um novo espaço porque a nossa sede começava a ser pequena e a criar limitações ao que pensamos ser obrigatório para o desenvolvimento da rádio. 

Juntou-se a nossa necessidade à compreensão e à ajuda não apenas de entusiasmo, mas ajuda concreta, do próprio Patriarcado de Lisboa e da Conferência Episcopal Portuguesa, os 

 

sócios. Como sabemos a Renascença pertence 60% ao Patriarcado de Lisboa, 40% à Conferência Episcopal Portuguesa e isto por vontade do fundador.

Foi possível chegar a esta circunstância feliz juntando a necessidade, a nossa vontade de responder melhor ao serviço que nos está atribuído, a disponibilidade dos sócios e ao apoio permanente que têm manifestado à sua empresa.

 

AE – É uma rádio que se identifica totalmente com o catolicismo em Portugal, com a Igreja Católica, pela sua identidade, pela sua pertença. É uma rádio que os católicos de hoje se podem identificar e ter orgulho da sua estação?

JAC – Eu penso que sim e espero que sim. Evidentemente, que não é uma rádio piedosa, não é uma rádio de catequese, não foi assim pensada, não foi assim querida, desenhada e não é essa a sua finalidade. Está numa fronteira!

Costumo dizer que é uma rádio que tem de ter um olhar crente sobre a realidade. Não pinta piedosamente muros que estejam a cair, não faz denúncias gratuitas e não faz anúncios beatos. Faz uma leitura crente, corajosa dentro das perspetivas de um humanismo cristão e de uma fidelidade naturalmente à Igreja, à sua Doutrina Social e ao Evangelho.

 

 

Cronologia RR

 

 

1 de Fevereiro de 1933 - Lançamento da ideia de uma emissora católica, em artigo publicado no nº 45 da Revista “RENASCENÇA”. É seu autor o jornalista Zuzarte de Mendonça.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Pe. Manuel Lopes da Cruz foi ordenado em Braga a 27 de Abril de 1924; em Janeiro de 1928 passou a chefiar, em Lisboa, a redacção do diário “Novidades” e tornou-se um jornalista empenhado, acima de tudo, em evangelizar, através das mais modernas técnicas de comunicação social. Lançou o “Anuário Católico de Portugal”, a revista “Renascença” e a Rádio Renascença; foi director do Secretariado do Cinema e da Rádio e participou na fundação da RTP. Nomeado Prior da Basílica dos Mártires, Monsenhor Lopes da Cruz foi escolhido como consultor da Comissão Pontifícia dos Meios de Comunicação Social. Faleceu a 9 de Junho de 1969.

 

 

 

 

 

 

 

24 de Maio de 1962 - João XXIII felicitou a Rádio Renascença pelo seu 25 º aniversário

 

 

 

 

 

 

 

 

Verão de 1975 – Ocupação das instalações da Rua Capelo, em Lisboa

 

 

 

 

 

 

 

 

1978 – Campanha para a aquisição dos novos emissores. Publicado o boletim mensal dos “Amigos da Rádio Renascença” e foram lançados os “Títulos de Solidariedade”. 

 

 

 

 

 

 

 

Os cinco Magníficos: Olga Cardoso, Luisa Espírito Santo, Armando Rodrigues, Carneiro Gomes e António Sala formaram, no Despertar, uma equipa inesquecível no panorama radiofónico português.

 

 

 

 

Avenida dos Aliados no Porto, 1983. As emissões do “Despertar ao Vivo” mobilizavam milhares de pessoas por todo o país. 

 

 

 

 

 

 

 

2004 – O Grupo r/com é Parceiro Oficial do maior festival de música do mundo, o Rock in Rio

 

 

 

 

 

 

 

1987 – Lançamento da RFM, direcionada aos adultos dos 25 aos 40 anos. 

 

 

 

 

 

 

 

1998 – Lançamento da Mega Hits para um público jovem dos 15 aos 24 anos.

 

 

 

 

 

 

 

2008 – Início da Rádio Sim, uma rádio para os seniores, apostada numa comunicação otimista e de proximidade.

 

 

 

 

 

28 de Outubro de 2008 - Inauguração das novas instalações do Grupo Renascença em Gaia (Porto)

 

 

 

 

13 de maio de 2016

Inauguração da nossa sede,
na Quinta do Bom Pastor, em Lisboa 

 

 

 

 

 

É possível evangelizar através da internet?

 

O fenómeno religioso na Internet possui características muito próprias e específicas. Podemos facilmente constatar através de uma pesquisa simples num motor de busca que as páginas religiosas na Internet são numerosas, porém, por vezes, encontramo-nos perante presenças online verdadeiramente consumistas e feitas à medida do homem de hoje, sem terem em atenção a mensagem. O fenómeno religioso na Internet possui três grandes características, 

 

 

às quais deveremos ter em atenção:

- Antes do mais, existe um “secularismo virtual”. O secularismo já não se apresenta como ausência de elementos sagrados, mas sim como oferta quase comercial de religiões, sem referência ao sagrado ou com um conceito menos correto do que pertence ao sagrado, feito, isso sim, à medida do ser humano.

- Por outro lado, observamos o que podemos designar de “relativismo online”. Na Internet nada é absoluto,

 

 

 

 

 

 nem sequer é verdade. Ao entrar na rede, o utilizador encontra várias propostas de felicidade que se lhe oferecem, com argumentos muito atrativos, com múltiplas promessas de uma vida melhor, de superação pessoal, porém sem referência a uma verdade absoluta nos seus conteúdos.

- Por último, a “liberdade e a Internet”, que é um aspeto particular do fenómeno religioso na Internet. A Internet é como o altar no qual se presta culto ao conceito de liberdade surgido na época da modernidade, onde esta palavra assume características muito diferentes.

A necessidade de evangelizar na Internet é mais do que uma opção, é um dever próprio de todo o cristão. Neste sentido, recordamos que o encontro pessoal com Cristo 

 

é a chave  para uma autêntica evangelização. Por outro lado, a vida da Igreja online deverá ser um espelho daquilo que leve as pessoas a um encontro com o Ressuscitado e as encaminhe para uma liberdade que deve ser guiada pelo amor. A Igreja deverá ainda abrir as suas portas e mostrar o amor do Pai. Para isso, pode e deve fazê-lo também através da Internet, adaptando-se sempre aos novos meios tecnológicos e às novas linguagens, para que assim possa continuar o seu diálogo com a humanidade. Somente assim poderá estabelecer um verdadeiro diálogo com o homem de hoje num meio como é a Internet, essencialmente interativo.

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

II Concílio do Vaticano: A língua de Camões ouviu-se na Basílica de São Pedro

 

O arcebispo de Lourenço Marques (Moçambique), D. Custódio Alvim, e o arcebispo de Évora, D. Manuel Trindade Salgueiro, foram os primeiros padres conciliares portugueses a discursar na I sessão do II Concílio do Vaticano que decorreu de 11 de Outubro a 08 de Dezembro de 1962.

Na 10ª Congregação Geral (discussão do capítulo sobre o mistério da Eucaristia), os prelados portugueses fizeram reflexões sobre este sacramento onde se debateu a introdução “do vernáculo na parte didática da missa” e “acentuou-se a vantagem de uma rica seleção” de textos das escrituras. Nesse mesmo dia, a Comissão Pontifícia do Estado do Vaticano ofereceu aos padres conciliares duas séries de selos postais.

D. Agostinho de Moura, bispo de Portalegre-Castelo Branco, na 12ª Congregação Geral (também sobre a missa) foi o terceiro padre conciliar português que discursou na aula magna da Basílica de São Pedro.

Na 13ª congregação (sobre sacramentos e sacramentais), o prelado de Angra (Açores), D. Manuel Afonso de Carvalho também ajudou na reflexão e na 15ª congregação foi a vez de D. Manuel Gonçalves Cerejeira, cardeal-patriarca de Lisboa, falar sobre o ofício divino.

D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira (Moçambique), fez duas intervenções na I sessão do concílio convocado pelo Papa João XXIII: O calendário litúrgico e artes sacras (17ª congregação) e sobre os meios de comunicação social (27ª congregação). A 30ª congregação (sobre a unidade da Igreja) teve a 

 

 

 

participação de dois bispos portugueses: D. Manuel Trindade Salgueiro e D. Abílio Augusto Vaz das Neves, bispo de Bragança-Miranda.

O debate sobre as fontes da revelação também recebeu o contributo dos padres conciliares portugueses: D. Manuel Gonçalves Cerejeira e D. David de Sousa, bispo do Funchal.

Nos primeiros três meses do II Concílio do Vaticano, o maior acontecimento da Igreja católica, recebeu o contributo reflexivo de nove bispos portugueses. Três deles (D. Manuel Gonçalves Cerejeira, D. Sebastião Soares de Resende 

 
 

e D. Manuel Trindade Salgueiro) fizeram duas intervenções cada.

Durante o longo intervalo que separa o fim da primeira sessão do concílio e o início do segundo, a 08 de Setembro de 1963, é “necessário proceder a novo exame e aperfeiçoamento dos projetos tendo em conta o trabalho já realizado”, referem as normas para os trabalhos durante o intervalo entre a primeira e a segunda sessão do concílio. Nas normas pede-se também para que se trate, especialmente, dos problemas gerais, “deixando de lado os problemas particulares”. 

 

 

 

Maio 2016 

07 de maio

. Fátima - Fátima Jovem com o tema «Maria, Mãe de Misericórdia» (termina a 08 de maio)

 

. Itália – Milão - Papa Francisco visita a Diocese de Milão

 

. Porto - Dia diocesano do professor com visita a Oliveira do Hospital e promovido pelo Movimento de Educadores Católicos

 

. Setúbal - IV Itinerário de visitas a igrejas modernas, este ano na Diocese de Setúbal

 

. Aveiro – Seminário -  Assembleia geral dos antigos alunos do Seminário de Aveiro

 

. Setúbal – Arrábida - Peregrinação das famílias na Serra da Arrábida 

 

. Odemira - Igreja matriz - Sessão do festival «Terras Sem Sombra» com «Quaternaglia Guitar Concert»

 

. Évora, 09h00 - A Conferência Nacional do Apostolado dos Leigos (CNAL) promove o III Encontro 

 

Nacional para um conjunto de atividades em torno do tema “Nada nos é indiferente - Entre a Terra e o Céu" 

 

Portalegre - Nisa (Cine Teatro), 09h30 - Encontro diocesano do Apostolado da Oração (AO) com a presença do padre António Valério, SJ, secretário nacional do AO

 

Lisboa - Paróquia do Parque das Nações, 09h30 -  Encontro para pessoas separadas/divorciadas com o tema «O rosto da misericórdia»

 

Lisboa - Turcifal (Centro de Espiritualidade), 10h00 - Acção de formação sobre Património Artístico da Igreja - Critérios e Práticas de Conservação Preventiva»

 

Leiria - Sede da Cáritas, 14h30 -  Feira solidária promovida pela Cáritas Diocesana de Leiria

 

Leiria - Batalha (Mosteiro), 15h00  - Conferência sobre os vitrais do Mosteiro da Batalha por Pedro Redol

 

Faro, 17h00 - Celebração da bênção das Pastas dos alunos da Universidade do Algarve por D. Manuel Quintas

 

 

 

08 de maio

. Dia Mundial das Comunicações Sociais subordinado ao tema «Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo»

 

Fátima -Peregrinação a pé da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã com início em Lisboa e meta no Santuário de Fátima (até 12 de maio)

 

Lisboa - Casa do Gaiato, 09h30 - Festa da Vida sobre «Missão do Bom Samaritano» promovida pelo Setor da Catequese do Patriarcado de Lisboa

 

Guarda - Instituto Politécnico da Guarda, 11h00 - Bênção dos Finalistas presidida por D. Manuel Felício, bispo da Guarda

 

Lisboa - Capela do Rato, 15h00 - Debate sobre «Indiferença e a falta de participação nas decisões comuns» promovido pela LOC-MTC da Diocese de Lisboa e com conferência do deputado José Manuel Pureza

 

Lisboa - Santo Antão do Tojal (Casa do Gaiato), 15h30 - D. Manuel Clemente apresenta dois livros do Papa Francisco: «A Família gera o mundo» e a exortação apostólica «A alegria do amor»

 

Lisboa - Igreja de Linda-a-Velha, 16h30 - Concerto de órgão e coro em Linda-a-Velha pelo organista André Ferreira e integrado no ciclo de órgão Nossa Senhora do Cabo

 

09 de maio

Itália – Roma - Assembleia plenária da união internacional das superioras gerais para debater o tema «Tecendo a Solidariedade Global para a Vida» (até 13 de maio)

 

Lisboa - Encerramento do concurso fotográfico sobre «Olhares de Misericórdia na Cidade» promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

 

Viseu - Casa Episcopal, 18h00 - O bispo de Viseu encontra-se com os jornalistas para falar da mensagem do Papa para o Dia das Comunicações Sociais e sobre questões da atualidade da diocese.

 

10 de maio

Fátima -  Reunião da Comissão Episcopal da Educação Cristã e da Doutrina da Fé

 

Fátima, 10h30 - Conselho permanente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa)

 

 

 

 

O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil vai promover nos dias 7 e 8 de maio do Fátima Jovem. Um encontro da juventude de Portugal no santuário mariano da Cova da Iria que este ano tem por tema “Maria Mãe da Misericórdia

 

O Patriarcado de Lisboa promove no dia 8 de maio Festa da Vida e da Família que este ano conta com os adolescentes do 8.º volume da catequese. O lema ‘Viu-o e encheu-se de compaixão’ (Lc 10,33), é o tema para a Jornada que decorre na Casa do Gaiato de Santo Antão do Tojal.

 

O bispo de Viseu encontra-se com os jornalistas, dia 09 deste mês, para falar da mensagem do Papa para o Dia das Comunicações Sociais e sobre questões da atualidade da diocese.

 

O Santuário de Fátima vai apresentar nos dias 11, 13 e 15 de maio no grande auditório do Centro Pastoral de Paulo VI, em Fátima, o espetáculo multidisciplinar ‘“Fátima – O dia em que o Sol bailou’, desenvolvido pela Vortice Dance Company no âmbito da programação do Centenário das Aparições (1917-2017).

 

A primeira Peregrinação Internacional Aniversária ao Santuário de Fátima, no último ano de preparação para o centenário, em maio de 2016, vai ser presidida por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

10h30 - Oitavo Dia

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 08 de maio - Marca Ecclesia: Presenças da Igreja Católica em Portugal nos media.

 

Segunda-feira, dia 09 - 

Entrevista a Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP.

 

Terça-feira, dia10 - Informação e entrevista a Sónia Seixas sobre o livro "Cyberbullying: um guia para pais e educadores"

 

Quarta-feira, dia 11 - Apresentação das novas instalações do Grupo Renascença e do espetáculo "O Dia em que o Sol Bailou"

 

Quinta-feira, dia 12 - Informação e entrevista aà irmã Ângela Coelho.

 

Sexta-feira, dia 13 -  Análise à liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, dia 08 de maio - 06h00 - Dia Mundial das Comunicações Sociais e apresentação da mensagem do Papa Francisco para este dia

 

Segunda a sexta-feira, 09 a 13 de maio - 22h45 - A Imagem Peregrina visitou as dioceses: Santarem; Portalegre-Castelo Branco; Vila Real; Bragança e Porto

 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – Solenidade da Ascensão do Senhor

 
 
 
 
 
 
 
Testemunhar Cristo com alegria
 

A Solenidade da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que a vida definitiva, em comunhão com Deus, se encontra no final de um caminho percorrido no amor e na doação. Seguidores de Jesus, a quem aderimos com todo o nosso ser, somos chamados a ser testemunhas do seu projeto libertador.

Nas palavras de despedida de Jesus no Evangelho de hoje, está bem definida esta missão dos discípulos no mundo, a ser assumida com alegria. A alegria é marca de identidade cristã, como dizia Bento XVI. No mesmo sentido vai o Papa Francisco, ao apontar a alegria do Evangelho como essência das nossas vidas.

A tristeza torna o rosto sombrio e as lágrimas estorvam a vista. Os discípulos conheceram a tristeza e a deceção, não conseguindo reconhecer o Ressuscitado que caminhava ao seu lado. São necessários os olhos da fé para perceber que Cristo está vivo, para nos alegrarmos n’Ele, para O anunciarmos. Uma fé assim vivida não nos mergulha no passado saudosista, antes nos orienta para um futuro que já não será mais como antes.

Qual é o segredo dos discípulos para estarem alegres depois da partida do Mestre? A presença do Ressuscitado, muito simplesmente, mas presença “de outro modo”. Doravante, Ele está sempre com eles na força do Espírito Santo. Eles vivem na alegria porque sabem que Ele está com eles até ao fim dos tempos e que sem Ele nada podem fazer. Ele prometeu e manteve as suas promessas!

“Enquanto Jesus os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu”.

Este céu só pode ser percebido com o olhar da fé, com a confiança que podemos ter em Cristo e nas testemunhas que O viram separar-Se deles. Não há qualquer prova

 

 

 

 

 

 nem demonstração científica para esta subida de Jesus ao céu.

Somos convidados a situar-nos noutro registo, o registo do amor. Aliás, essa é a nossa experiência: quando amamos, quando conhecemos momentos de intensa felicidade, gostaríamos que o tempo parasse, não para que tudo acabe mas para que esta felicidade que atinge todo o nosso ser seja eternizada.

Jesus veio habitar este desejo de eternidade em nós, para o elevar à sua plena realização. Ressuscitando, fez entrar todos os nossos desejos no mundo do amor infinito, no seu  

 

coração pleno de misericórdia. E é em cada Eucaristia que acolhemos em nós a presença de Jesus ressuscitado que vem alimentar e fazer crescer o germe da vida eterna.

A alegria do Ressuscitado deve brilhar nos olhos e transformar os corações dos discípulos que testemunham a entrada definitiva de Jesus na vida de Deus.

Que a nossa vida quotidiana tenha sempre esse sabor eucarístico de Cristo ressuscitado e seja um pedaço de céu pleno de felicidade e de alegria.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Jubileu dos militares e polícias

 

O Papa celebrou no último sábado o jubileu dos militares e polícias, no Vaticano, aos quais pediu que “sejam instrumentos de reconciliação” e “semeadores da paz”. Durante a celebração do jubileu das forças armadas e de segurança de todo o mundo, Francisco salientou que as forças militares e policiais têm não só por missão “prevenir, mediar ou pôr fim aos conflitos", mas também "contribuir para a construção de uma ordem baseada na verdade e na 

 

 

justiça, no amor e na liberdade”.

“Nas vossas famílias, nos vários âmbitos do vosso trabalho, sejam instrumentos de reconciliação, construtores de pontes e semeadores de paz”, desafiou o Papa argentino.

A audiência na Praça de São Pedro levou a Roma peregrinos das mais variadas partes do mundo, incluindo de Portugal. O Papa dedicou especial atenção ao conceito de reconciliação, considerando-o como chave para entender o Jubileu da Misericórdia 

 

 

 

 

que a Igreja Católica está a celebrar.

?A reconciliação é também um serviço pela paz, pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das pessoas, da solidariedade e do acolhimento a todos?, apontou Francisco, desafiando os membros das forças da ordem a ?não perderem o ânimo?, apesar dos desafios atuais. "Construir a paz não é uma tarefa fácil, sobretudo pela guerra que endurece o coração e 

 

 

dissemina a violência e o ódio. Mas continuem o vosso caminho, façam ressoar no mundo a esperança cristã da vitória do amor sobre o ódio, da paz sobre a guerra?, exortou.

O evento insere-se no Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, que a Igreja Católica vive até 20 de novembro, e no trigésimo aniversário da promulgação da Constituição Apostólica ?Spirituali Militum Curae?.

 

 

O Papa presidiu esta quinta-feira a uma vigília de oração no Vaticano, integrada no calendário das celebrações Jubileu da Misericórdia, na qual foi exposto o relicário de Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa. A vigília para ?enxugar as lágrimas? contou com uma evocação de um fenómeno ocorrido na Itália, em 1953, quando uma obra em gesso, representando o Coração Imaculado de Maria, derramou lágrimas.

Durante a celebração, o Papa Francisco quis distribuir aos participantes um 'Agnus Dei' (Cordeiro de Deus), objeto de devoção usado particularmente no Ano Jubilar, que remonta ao século IV; realizado com cera branca em forma oval, o presente do Papa tem numa das faces o Cordeiro Pascal e na outra o logótipo do Jubileu da Misericórdia.

 

 

 

 

Saber perdoar mesmo após 27 anos de prisão

O segredo do padre Ernest

Esteve preso 11 mil dias. Foi um tempo terrível em que sofreu torturas e trabalhos forçados. Contra todas as expectativas, sobreviveu. Hoje, o Padre Ernest Simoni, um dos símbolos da perseguição aos cristãos durante a ditadura comunista na Albânia, recorda esse tempo como quem revela um segredo.

Foram 27 anos de prisão. A sua história, que já emocionou até às lágrimas o Papa Francisco, é um exemplo extraordinário de perseverança na fé. É impossível ficar-se indiferente à história do padre Ernest, de 85 anos, cabelos brancos e sorriso doce. Preso na noite de Natal de 1963, em plena ditadura comunista de Enver Hoxha, dificilmente conseguiria imaginar todo o tormento por que iria passar nos 27 anos seguintes. Um tormento a que foi condenado apenas pelo facto de ser sacerdote. Hoje, ao lembrar as horas intermináveis na minúscula e escura cela, o Padre Simoni é capaz de reduzir tudo a uma simples frase: “Fui preso e colocado numa cela de isolamento, torturado e condenado à morte”. Acabou por não ser fuzilado 

 

mas enviado para as minas. Seria aí que cumpriria a sentença de “trabalhos forçados”.
O regime pendeu-o, torturou-o mas nunca o privou da sua verdadeira liberdade. A história deste sacerdote é um símbolo da resistência dos cristãos na Albânia durante os anos terríveis em que o regime comunista procurou eliminar Deus da sociedade. Apesar disso, nunca se deixou de rezar o Pai-Nosso na Albânia, nem que fosse às escondidas, nem que fosse em murmúrios.

 

Palavras de perdão

Há datas que nunca se esquecem. O Padre Ernest Simoni sabe que foi preso no Natal de 1963 e nunca mais irá esquecer o dia em que foi libertado: 5 de Setembro de 1990. O seu primeiro gesto, as suas primeiras palavras, foram para os algozes, os que o mantiveram detido, os que o obrigaram a trabalhar nas minas e nos esgotos. Os que o torturaram. “Para eles invoco constantemente a misericórdia de Deus.” Ernest era, 

 

 

 

de facto, um preso especial. Sorria em vez de protestar. Muitas vezes estaria a falar sozinho. Rezava, claro. Deverão tê-lo julgado a enlouquecer, desconhecendo os carcereiros que a sua loucura era outra, vinha de Deus. “Na prisão celebrei de cor a missa em latim e também distribuí a comunhão. Não fiz nada de extraordinário. Sempre rezei a Jesus, sempre falei a Jesus.”

Hoje, a Albânia precisa da nossa ajuda para recuperar todo o tempo perdido. A Fundação AIS procura apoiar os católicos que vivem neste país 

 

através da ajuda concreta em projectos  relacionados com a edificação de igrejas, centros paroquiais e – o que é essencial – a revitalização da comunidade eclesial. Num país muçulmano, a Igreja Católica desempenha hoje um papel essencial. O exemplo de santidade de Madre Teresa de Calcutá, ou o heroísmo discreto do Padre Ernest são, seguramente, sementes de um tempo novo que só o perdão pode construir.

 

Paulo Aido

www.fundacao-ais.pt

 

 

 

A arte de dizer (o) bem

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

O Papa Francisco é um portento de comunicação. Nele e por ele, tudo fala: as palavras, os gestos, as escolhas de visitas, os escritos, os twits, os sorrisos, os abraços. Nada nos deveria espantar porque o Evangelho é uma boa notícia e as boas notícias dão-se com alegria.

Tudo isto a propósito do dia mundial das comunicações sociais, sempre celebrado na solenidade da Ascensão (8 de Maio). Este ano é especial, pois a Igreja celebra os 50 anos da instituição deste dia, pelo Papa Paulo VI. E, em Portugal, será distribuído um livro que junta as 50 mensagens, documento de grande valor histórico e simbólico.

Vivemos na era da informação. As tecnologias da comunicação permitem que se espalhem ideias, ideais, notícias, propostas…aos quatro ventos. São tantas as informações que ninguém as consegue processar! E este é talvez o maior drama dos tempos que correm: falta-nos cultura, ou seja, informação processada, assimilada, compreendida, vivida, partilhada.

A internet veio abrir auto-estradas á comunicação, trazendo o melhor e o pior, exigindo formação, ética e vigilância. É um meio poderoso, cheio de potencialidades, que é urgente utilizar para bem de todos, sobretudo dos mais excluídos das nossas sociedades. Sim, a info-exclusão é um drama porque um dos sinais mais distintivos entre ricos e pobres hoje.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Igreja tem produzido excelentes documentos para ajudar a compreender a comunicação hoje e a utilizar para bem os media, sempre em novas versões tecnológicas. Do documento ‘Inter Mirifica’ do Concílio Vaticano II até à Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2016 já foi percorrido um longo caminho. Do ‘Osservatore Romano’ e da ‘Rádio Vaticano’ até ao ‘www.vatican.va’ e ao ‘twitter’ do Papa Francisco sente-se uma evolução que mostra a importância que a Igreja dá a este mundo das comunicações.

Na ‘Ciberteologia’, António Spadaro, editor oficial do Papa Francisco, lembra que já não estamos nem na era da bússola nem na do radar. Estamos na era da rede, onde a informação circula em todas as direcções, de forma imbricada, 

 

a exigir cabeças e corações que a processem com inteligência e alma. Estes são os nossos tempos, cheios de futuro e risco, de desafio e perigo. Tempos belos em que o Espírito continua a soprar e a ajudar o mundo a ser um melhor espaço de fraternidade e justiça.

Há ‘boas notícias’ que é urgente dar. Temos de abrir portas e corações aos pequeninos e pobres que vivem nas periferias e margens da nossa história. Temos que gritar ao mundo que o nosso Deus é amor e misericórdia. Há que viver a ‘alegria do Evangelho’ e a ‘alegria do amor’. E, em caso de dúvidas, mandar uma mensagem ao Papa Francisco que ele, a sorrir, explica como é que o nosso mundo pode e deve ser um espaço de justiça, paz, amor e alegria…os valores do Reino de Deus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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