04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

     Educar par apreparar o futuro,

     D. António Moiteiro

24 - Opinião

     Ética como tecnologia,

      Miguel Panão

26 - Opinião

     Economia on delmand, LOC/MTC

28 - Video do Papa

30 - Semana de..

     Sónia Neves

      Um ano depois da Laudato Sí

34 - Entrevista

      Filipe Duarte Santos


   

 

64 - Multimédia

66 - Estante

68 - Concílio Vaticano II

70 - Agenda

72 - Por estes dias

74 - Programação Religiosa

75 - Minuto Positivo

76 - Liturgia

78 - Jubileu da Misericórdia

80 - Fundação AIS

82 - LusoFonias

Foto da capa: Agência ECCLESIA

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Opinião

 

 

 

 

1º ciclo de EMRC no Interescolas

2016

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Jubileu dos sacerdotes em Roma com o Papa

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Um ano após a encíclica "Laudato Sí"

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Paulo Rocha| D. António Moiteiro Sónia Neves | Margarida Alvim José António Falcão | Manuel Barbosa Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Cuidar uma ca(u)sa comum

  Paulo Rocha  
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

No dia 5 de junho de 1972 iniciava em Estocolmo Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente. Decorreu até ao dia 16 e legou à história o dever de assinalar o Dia Mundial do Ambiente nesse dia inaugural de um encontro mundial de representantes dos países de todo com um ponto principal na agenda dos trabalhos: o ambiente.

Do encontro das Nações Unidas saiu uma declaração, um “manifesto ambiental”, onde se proclamam 26 princípios essenciais à proteção dos recursos naturais, à adoção de modelos de

desenvolvimento que tenham em conta

as disponibilidades do planeta, à

cooperação entre todos os países

em questões ambientais e ao

desenvolvimento de uma

educação para a ecologia.

Temas abrangentes para

uma questão grave relativa

ao futuro da humanidade

que tarda em ser assumida

como tal e usufrui, com

frequência, de tradições

vividas em torno de um

“carpe diem” alimentou cor-

rentes filosóficas da antiguidade

ou comodismo da modernidade.

O poeta latino Horário (65 a.C.-8 a.C.)

mal imaginaria que essa expressão do

Livro I de “Odes” determinaria opções

de muitos humanos na atualidade, decisões 

 

 

 

 

políticas, estratégias económicas e mesmo a exploração de recursos naturais. Neste caso a partir de um pressuposto fácil de enunciar, mas 

 

 

com consequências inimagináveis: se tenho o que preciso para hoje, porque me preocupo com o amanhã?

A ecologia, a proteção ambiental, o respeito pela natureza, a reutilização dos recursos naturais e a consciência de que o que a Terra dá tem um fim sugere que se abandone o facilitismo de todo o “carpe diem” para pensar no amanhã, o meu amanhã, dos que amo, dos que desconheço, dos que estão para chegar. É esta a causa em que todos estamos comprometidos. É esta a casa que todos temos de cuidar.

Há um ano, o Papa Francisco referiu-se, de forma surpreendente, ao “desafio urgente de proteger a nossa casa comum” quando escreveu a encíclica “Laudato sí”. Um documento que vai muito além de apelos inconsequentes. O Papa liga ecologia com política, faz depender a proteção do ambiente do combate à pobreza, do reconhecimento dos limites, da partilha dos recursos naturais existentes e da concretização do que chamou de “ecologia humana”.

Desafios que são uma causa comum porque o único meio de cuidar da casa comum.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ser ministro da educação em Portugal é difícil?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- «As obras do Padre Américo, notáveis para uma época de tantas carências de ciências humanas e sociais aplicadas, têm um singular carisma» (Rui Osório; In: Jornal «Voz Portucalense de 01 de junho de 2016)

 

- «Porque será que os líderes dos países ricos da Europa têm medo de acolher os refugiados? Por razões económicas, políticas, sociais ou culturais? Penso que é sobretudo porque não têm um coração católico» (D. João Marcos; In: Jornal «Notícias de Beja» de 02 de junho de 2016)

 

- «Penso que um dos piores males que aflige certas famílias ou lares de hoje é, sem dúvida, a falta de diálogo e de presença entre os seus membros» (Dinis Salgado; In: Jornal «Diário do Minho» de 01 de junho de 2016)

 

- «Os cristãos são chamados a levar uma vida reta, honesta, solidária, justa e santa, contribuindo para uma transformação da sociedade humana em comunidades fraternas, onde todos têm voz e vez» (Padre Jorge Guarda; In: Jornal «Presente» de 02 de junho de 2016)

 

 

Quatro mil alunos de EMRC
no Interescolas do 1.º ciclo

 

O Interescolas do 1.º Ciclo, no âmbito da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), reuniu hoje cerca de 4 mil crianças no Santuário de Fátima com o lema ‘Contigo sou + Feliz’ em festa e celebração.

“Fátima é sempre central na vida cristã sobretudo de Portugal e, 

 

 

portanto, ajudar a perceber que Fátima não é assim uma ideia bonita simplesmente mas que é um lugar concreto, que é uma mensagem concreta é sempre muito importante”, disse D. Nuno Brás, no final da Celebração da Palavra que decorreu na Basílica da Santíssima Trindade.

 

 

 

 

 

 

À Agência ECCLESIA, o bispo auxiliar de Lisboa e membro da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé observou que o encontro nacional para alunos de EMRC do 1º ciclo ajuda-os a perceber que “não são apenas” os da sua escola, mas “estão por todo o país”.

O professor Fernando Moita, coordenador do Departamento de EMRC, no Secretariado Nacional de Educação Cristã, explica que o “grande objetivo” é levar as crianças a “descobrirem-se um bocadinho melhor” e a projetar a sua vida para a “dimensão do outro e da transcendência”.

“Dizer-lhes que a festa, a vida, é possível e com esta dimensão do transcendente, do divino que a disciplina transporta consigo”, acrescentou, sobre o encontro que realçou a figura do anjo e dos pastorinhos.

A XVI Edição do Interescolas Nacional do 1º Ciclo reuniu cerca de 4 mil alunos, de 67 agrupamentos de escolas de norte a sul e estiveram presentes 16 dioceses do continente.

O encontro teve como tema ‘ConTigo sou + Feliz’ e para D. Nuno Brás quis dizer aos alunos que “a felicidade não é apenas uma realidade da terra” 

 

e que não se constrói apenas com “coisas materiais”, mas constrói-se “também com Deus, sobretudo com Deus”.

A professora Lígia Pereira, que integra a equipa nacional de EMRC, acrescentou que o tema incentivou também as crianças a “pensar que são felizes com os outros” e com Maria para chegar a Deus: “’Contigo’, com todos, o grande grupo e a grande comunidade.”

Os alunos foram divididos em dois grupos, um da parte da manhã e outro de tarde, para ver um musical com personagens e músicas da Disney – como ‘Gru Maldisposto’; ‘Rei Leão’, ‘Shrek’ - no Centro Paulo VI.

“É possível também através da arte, através da canção, do riso passar esta mensagem que é importante: A vida é para ser agarrada, é para ser vivida, nomeadamente vivida em função do outro e com o outro”, explicou o professor Fernando Moita.

O coordenador do Departamento da EMRC comentou ainda que a disciplina está na escola através de “um olhar para a realidade”, para a pessoa a partir da e com a “mensagem cristã” que é o seu “especifico, e caracteriza”.

 

 

 

CEP manifesta-se a favor da liberdade de escolha de projetos educativos

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) associou-se em comunicado à manifestação que as escolas não-estatais com contrato de associação vão promover este domingo, em Lisboa.

“Queremos manifestar o nosso apoio a esta e a outras iniciativas que, com ordem e civismo, defendam a liberdade dos pais escolherem a escola e projetos educativos que desejam oferecer aos seus filhos”, refere a nota enviada este sábado à Agência ECCLESIA.

Os bispos católicos saúdam as “famílias e comunidades educativas” que vão realizar, “ uma grande manifestação diante da Assembleia da República, na defesa do direito constitucional da liberdade de ensino”.

A CEP sustenta que estão em causa “pais que pagam os seus impostos, mesmo quando optam pelo ensino público em escolas geridas por entidades particulares”.

O Ministério da Educação pretende 

 

reduzir a partir do próximo ano letivo o número de turmas financiadas através dos contratos de associação.

O debate começou após a publicação do Despacho Normativo 1H/2016, de 14 de abril, referente ao processo de matrícula e renovação de matrícula de alunos entre os 6 e 18 anos, refere que “a frequência de estabelecimentos de ensino particular e cooperativo com contrato de associação, na parte do apoio financeiro outorgado pelo Estado, é a correspondente à área geográfica de implantação da oferta abrangida pelo respetivo contrato”.

 

 

 

 

«O sacerdócio feminino não há de ser uma cópia do sacerdócio masculino»

O livro do padre Vasco Pinto de Magalhães ‘Olhar para Maria e ver a Igreja’ não aprofunda o tema do sacerdócio feminino, mas aponta um “caminho” para uma “questão de sempre que nem sempre foi abordada de maneira justa”.

“Estamos sempre à procura do lugar da mulher por comparação com o lugar do homem e acho que é um erro fundamental porque é o feminismo errado. O problema não é o que é que a mulher pode fazer que o homem faça, é o que é que a mulher pode fazer que ainda não faz”, disse o sacerdote da Companhia de Jesus (Jesuíta) à Agência ECCLESIA.

Sobre esta “questão de sempre mas que nem sempre foi abordada de maneira justa”, o autor considera que “está por explorar teológica e biblicamente” o lugar da mulher e a seu missão sacerdotal.

“Há sempre um erro que é pôr a mulher a fazer aquilo que o homem faz, em vez de a pôr a fazer aquilo que ela pode fazer mais, segundo a dimensão feminina de Deus. 

 

 

Porque Deus é pai e é mãe”, desenvolveu.

‘Olhar para Maria e ver a Igreja’, com a chancela Edições Tenacitas, apresenta 31 reflexões, uma para cada dia do Mês de Maio, escritas em dois meses, acompanhando desenhos feitos pelo autor há 50 anos quando estava no noviciado da Companhia de Jesus.

O padre Vasco Pinto Magalhães destaca que o título central de Maria é “ser paradigma” daquilo que a Igreja deve ser e está-se “sempre à volta” com as questões do que é a Igreja, para onde a Igreja caminha quando, às vezes, falta um paradigma e procura-se “outro mais social”. 

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Crianças peregrinam a Fátima no dia 10 de junho

 

 

 

Escolas não-estatais na rede publica de educação

 

 

Só uma Igreja que é mãe
pode falar de Deus à humanidade

 

O Papa destacou hoje, no primeiro dia do Jubileu dos Sacerdotes, a necessidade de uma Igreja Católica capaz de olhar para a humanidade na “totalidade” e de “intuir” o que ela mais precisa.

“Só uma Igreja que é mãe para os homens e mulheres que vão bater 

 

à sua porta é que será capaz de lhes falar de Deus”, disse Francisco aos sacerdotes e seminaristas, numa das sessões de exercícios espirituais que marcaram esta quinta-feira, na Basílica de Santa Maria Maior.

O Jubileu dos Sacerdotes, que decorre até esta sexta-feira no Vaticano, 

 

 

 

 

 

 

 está inserido no Ano da Misericórdia que decorre até novembro deste ano

Na reflexão proposta aos sacerdotes, Francisco recorreu ao exemplo de Maria, cujos “olhos são o melhor recipiente da misericórdia”.

“No sentido em que é possível beber neles aquele olhar indulgente e bom de que todos temos sede”, explicitou.

O Papa lembrou aos padres a necessidade de estarem sempre disponíveis para as pessoas, com a consciência de que “há algo que irrepetível em todos quantos olham para a Igreja à procura de Deus”.

“Compete aos sacerdotes deixarem entrar esses olhares. Um sacerdote que se torna impenetrável ao olhar dos outros está fechado em si mesmo”, apontou Francisco.

Os exercícios espirituais desta quinta-feira, inseridos no Jubileu dos Sacerdotes, começaram de manhã, na Basílica Papal de São João de Latrão.

Na sua reflexão, Francisco incentivou os participantes a “uma misericórdia dinâmica que impele a agir no mundo”.

“Sem a misericórdia ou nos cremos justos como os fariseus ou nos 

 

afastamos como aqueles que não se sentem dignos. Nos dois casos, o nosso coração endurece”, alertou.

Os trabalhos estenderam-se também à Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde Francisco destacou a especial predileção que os padres devem ter pelos mais carenciados.

“O cuidado pelos pobres é uma caraterística distintiva da Igreja Católica, sempre o foi”, apontou o Papa, avisando ainda que este cuidado pelos pobres pressupõe uma mente esclarecida quanto ao uso e propósito dos bens materiais, do dinheiro.

 “O nosso povo perdoa muitos defeitos nos padres, exceto o de serem apegados ao dinheiro, isso não perdoa. Não tanto pela riqueza em si, mas porque o dinheiro faz perder a riqueza da misericórdia”, afirmou.

Para o Papa, o apego ao dinheiro “mata o ministério” sacerdotal e transforma o padre num “mercenário”.

Esta sexta-feira, Francisco preside à Eucaristia de encerramento do Jubileu dos Sacerdotes, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a partir das 09h30 (menos uma hora em Lisboa), na Praça de São Pedro. 

 

 

Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima recebida no Senado brasileiro

A imagem peregrina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima foi recebida pelo Senado do Brasil, acompanhada das relíquias de São João Paulo II.

Segundo um comunicado publicado na página online do Senado brasileiro, esta visita inseriu-se numa “sessão especial do Plenário para celebrar os missionários da imagem peregrina”.

Na sessão de abertura da solenidade, a conselheira da embaixada da República Portuguesa em Brasília, Florbela Alhinho Paraíba, destacou a importância da passagem da imagem pelo Senado.

“Numa casa como essa em que se legisla, o que se retira do exemplo de Maria é o exemplo do serviço abnegado e humilde. Sempre que pensamos nela, há uma relação com o serviço e a intercessão junto de Deus”, sustentou.

Florbela Paraíba realçou depois os “muitos brasileiros que visitam Portugal” e que “aproveitam para ir ao Santuário de Fátima”.

A mesma responsável apontou “o catolicismo” como “uma referência na história lusitana” e como uma religião “marcante na vida do país”.

 

O senador Hélio José, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, descreveu Maria como “elo de ligação da humanidade com Deus” e “símbolo do amor e da família”.

O político assinalou ainda “a importância de Nossa Senhora na vida, na fé e na cultura do povo brasileiro”.

Ainda este ano, no Santuário do Menino Jesus de Praga em Brazlândia, no Distrito Federal, a festa do Encontro da Mãe com o Filho, contou com cerca de 80 mil pessoas.

Uma prova da “devoção do povo a Nossa Senhora”, assinalou Hélio José.

Em 2017, Portugal e Brasil vão viver dois momentos especiais, com a celebração do centenário das aparições em Fátima, e dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo.

 

 

 

 

Cáritas Europa: Austeridade cortou serviços sociais vitais para os mais pobres

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, esteve na localidade francesa de Lourdes numa conferência regional da Cáritas Europa, que recordou as dificuldades económicas e sociais que ainda subsistem no Velho Continente.

Nesse evento, o responsável pela Cáritas Europa, D. Luc Van Looy, realçou que “as pessoas na Europa continuam a sofrer os efeitos da crise financeira de 2008”.

“As medidas de austeridade levaram a uma diminuição do financiamento para os serviços sociais que são vitais para os mais vulneráveis entre nós”, apontou o bispo de Gent, na Bélgica.

Durante a conferência, a Cáritas Europa sublinhou o seu “compromisso” para “com a promoção da autonomia dos mais pobres e vulneráveis”.

O organismo apontou para a necessidade da comunidade internacional se empenhar mais na defesa da dignidade humana e na criação de “espaços” onde os mais desfavorecidos “possam participar ativamente na conceção de atividades que os afetam diretamente”.

que nesta altura vivem situações difíceis”, sendo “os mais atingidos

 

pela pobreza na Europa”.

Subordinada ao tema “Unidos em comunhão para uma maior solidariedade na Europa”, a conferência realizou-se em Lourdes no contexto dos 70 anos da Cáritas de França.

Na iniciativa estiveram mais de 300 delegados das 48 organizações que integram a Caritas Europa.

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, participou no evento acompanhado pelo secretário-geral do organismo, por uma delegação da Cáritas de Beja e dois utentes da organização católica.

Eugénio Fonseca deu os parabéns à Cáritas de França e enalteceu o esforço que todas as organizações católicas têm feito, no Velho Continente, no sentido de “levar a cabo medidas mais éticas que, no futuro, beneficiem os mais vulneráveis e contribuam de forma efetiva para o bem" de todas as pessoas.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Legenda: Papa recebeu filhos de imigrantes e recordou quem morreu no mar

 

 

 

Papa e grande imã de al-Azhar unidos na recusa do terrorismo

 

 

Educar para preparar o futuro

Nota Pastoral
1. O direito dos pais na escolha da escola para os seus filhos

Educar, que significa despertar potencialidades e ensinar a ser, implica eleger como meta principal a construção de uma pessoa autêntica e íntegra. Neste sentido, os pais têm, entre outros, o direito/dever de educar e escolher a escola que melhor corresponda aos valores e exigências dos seus filhos, competindo-lhes a orientação da sua educação. Para

 

isso, cada estabelecimento de ensino, público ou privado, deve caracterizar o seu modelo educativo, para que estes, em liberdade, possam escolher aquele que mais se coaduna com a educação que julgam mais adequada para os seus filhos.

Declaração Universal dos Direitos do Homem (art.º 26), bem como a Lei de Bases do Sistema Educativo, reconhecem a importância da educação e enunciam princípios onde é possível enquadrar a sua inserção nos sistemas educativos, nomeadamente a liberdade de os pais escolherem o género de educação a dar aos filhos. Também a Lei da Liberdade Religiosa (art.º 11) confere 

 

 


 

aos pais o direito à educação dos filhos em coerência com as próprias convicções religiosas. Mas o que deveria ser um direito é, por vezes, um obstáculo!

Esta situação não pode ser um jogo político. Ao Estado não cabe impor uma visão do mundo. “Ao Estado cabe a obrigação de cooperar com os pais na educação dos filhos” (Constituição da República Portuguesa, art.º 67, c). O Estado, que se quer democrático, pode ter ideais, mas são os cidadãos que os tornam eficazes. Se a lei estabelece as condições para uma ampla e frutuosa colaboração e são estes que pagam os seus impostos, também são estes que têm direito a ditar como querem a sua escola. Ao Estado compete, pois, por equidade e exigência do bem comum, harmonizar os interesses dos cidadãos, garantindo os direitos das instituições educativas; tem o dever de colaborar com os pais na educação dos filhos, criando condições necessárias para que estes possam optar livremente pelo modelo educativo que lhes convém. Apoiar economicamente as escolas, sejam elas de iniciativa estatal ou particular, é colaborar com os pais na educação

 

 dos filhos. O Papa Francisco, na recente Exortação sobre a Alegria do Amor, lembra que «o Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária, acompanhando a função não delegável dos pais, que têm o direito de poder escolher livremente o tipo de educação – acessível e de qualidade – que querem dar aos seus filhos de acordo com as suas convicções» (AL 84).

Não há educação integral sem a consideração da dimensão religiosa, uma vez que ela é constitutiva da pessoa humana. Mais ainda, no mundo globalizado e plural em que nos movemos, não é possível compreender certos eventos nacionais e internacionais sem referência ao religioso e às suas manifestações. Por sua vez, o Evangelho inspira valores de fé e de humanidade que edificam a história e a cultura.

 

2. A disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica confere unidade ao projeto educativo

A lecionação da EMRC, disciplina com uma dimensão religiosa e cívica, depende da vontade expressa dos pais ou dos candidatos, quando maiores de dezasseis anos. É uma área curricular

 

 

 

 

 

com um alcance cultural e um significativo valor educativo, que confere unidade ao projeto educativo. Proporciona recursos e perspetiva caminhos de desenvolvimento harmonioso do aluno, na integridade das dimensões corporal, intelectual e da abertura à transcendência, aos outros e ao mundo em que vive e que, por sua vez, é chamado a construir com os outros.

A família, comunidade educativa por excelência, assume um papel central na educação dos filhos. Assim,    

 

os pais devem consciencializar-se da importância da dimensão religiosa para a educação dos filhos, responsabilizar-se pela sua inscrição em EMRC ou sensibilizar os filhos para o fazerem, tomando uma posição ativa e fazendo valer a legislação em vigor. Os alunos são fruto da sociedade e das suas incoerências e contradições, por isso não abdiquem os pais das suas responsabilidades educativas, fruindo do que a escola lhes oferece.

O professor, que por si só não pode suprir as funções de toda a sociedade, 

 

 

 

 

deve promover o diálogo e a colaboração com os pais e a escola, tendo em vista a responsabilização e colaboração recíprocas. Deve manter-se atualizado pessoal e profissionalmente, transmitir com seriedade e profundidade o itinerário planeado, sem esquecer que o diálogo entre a cultura e a fé deve fazer-se em ordem à maturidade pessoal e social.

Aos alunos, proponho um desafio: convido-os a ir contra a corrente, a ser determinados e a arriscarem pela frequência da EMRC como caminho onde os valores são identificados, promovidos e divulgados – onde brota uma vida com sentido e projeto.

 

O sucesso dependerá do interesse e envolvimento que todos demonstrarem. Atentos às inquietações e preocupações, tendo bem presentes os valores que nos norteiam, com ânimo e confiança, temos todos de assumir posições concretas; admitir o indiferentismo, a irresponsabilidade pode comprometer toda a educação e a cultura emergente. Temos todos de ajudar a crescer nos valores que dignifiquem a pessoa humana.

 

 

Aveiro, 9 de maio de 2016

 António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro

 

 

Ética Como Tecnologia

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

Uma tecnologia é fruto da criatividade e engenho humanos para ampliar as nossas capacidades de fazer algo. Por exemplo, não somos tão rápidos como um cavalo, mas construindo um automóvel conseguimos atingir velocidades ainda maiores. Não somos capazes de voar, ou planar, mas construímos um fato que nos permite planar por distâncias imensas e voamos.

A questão mais profunda em relação à tecnologia não é tanto "o que fazemos com a tecnologia que desenvolvemos", mas antes "o que nos tornamos com a tecnologia que desenvolvemos". Considerando isto, a tecnologia pode ser considerada uma forma de nos mostrar o que somos e no que nos tornamos. Por exemplo, uma vez num livro de texto de referência em Biologia li que "o mundo tende para a unidade". Ou seja, a unidade faz parte da forma como o mundo evolui. Logo, não é de admirar o sucesso que têm atualmente as redes sociais possibilitadas pelo desenvolvimento tecnológico informático. Porém, há pessoas que fazem bom uso dessa tecnologia e outras nem por isso. Pensemos nos casos de ciber-bullying entre os mais jovens.

A tecnologia do ponto de vista do "tornar-se" influi profundamente sobre a nossa forma de agir para o bem, ou para o mal, e isso afeta inevitavelmente o nosso desenvolvimento cultural. Agir bem ou mal depende da ética e essa está intrinsecamente associada ao que somos. É aqui que está o desafio. Quem somos?

 

 

 

O pensamento cristão sugere que somos criados à imagem e semelhança de Deus. Logo, se Deus é Trindade, pessoas-em-comunhão, isso significa que Deus é relação ao nível mais profundo possível da unidade na diversidade. Então, também nos podemos reconhecer "como-comunhão", seres-em-relação. Se pensarmos bem, a relacionalidade está para a nossa existência como a racionalidade para a inteligência. Sem a primeira, a segunda não tem sentido.

Se o nosso agir depende daquilo que somos, sugiro que ampliar aquilo que somos, como imagem e semelhança de Deus, implica considerar a ética cristã como "tecnologia". E qual o ponto chave de uma ética como esta? A comunhão.

Comunhão autêntica implica, como na Trindade, a experiência de um paradoxo: somos, não sendo. Hum!? Bom. Se amamos, somos. Pois, se  

 

Deus é amor e somos imagem d'Ele, então, somos também amor. Por isso, amar é existir. Mas quantas vezes para amar temos de abdicar dos nossos pensamentos, desejos, ambições, sonhos, anseios, podendo ir até ao ponto de deixarmos de ser quem somos por amor? Não foi isso que fez Deus ao encarnar em Jesus? Fazendo-se humano? E porquê? Por amor. Ou seja, quando não somos por amor, então, aí é que somos verdadeiramente.

A ética cristã, através dos relacionamentos, é a “tecnologia” que permite ampliar o que somos (imagem de Deus), bem como a capacidade intrínseca que temos para amar. Alguém poderá retorquir "Mas isso é uma ética fechada, pois quem não é Cristão não pode viver segundo uma Ética Cristã." É porque não? Será obrigatório sermos cristãos para vivermos segundo uma ética cristã? Fica o desafio ...

 

 

Economia on demand

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 

A chamada economia on demand, em que os serviços estão à distância de uma aplicação de telemóvel, está a dar os primeiros passos, mas a revolucionar as relações laborais.

No início, éramos todos artesãos. O sapateiro confecionava sapatos, a costureira criava roupas, o marceneiro fazia móveis. Depois, eles vendiam os seus produtos para a comunidade. Já na era industrial, o mundo organizou-se em escala. Surgiram as fábricas que empregavam pessoas e produziam os mesmos produtos, mas mais rapidamente. Esse processo, por ser mais barato, foi “matando” o trabalho artesanal que não conseguia concorrer com a eficiência e os custos da linha de produção.

Mais recentemente, a tecnologia auxiliou a automação dos processos fabris e as máquinas.  Essa revolução, que ainda está em curso, traz novidades a cada minuto e, ao contrário do que aconteceu na era industrial, vem tirando o trabalho das pessoas nas linhas de produção. Por consequência, esse excedente de profissionais vê-se obrigado a ganhar dinheiro de outra forma: personalizando produtos e serviços e compartilhando bens e espaços.

Tomemos o exemplo da Uber, aplicação móvel que liga motoristas privados a clientes. Através de um smartphone, o cliente pede um carro e o motorista mais próximo vai ao seu encontro. Os motoristas não são empregados da Uber; são “parceiros”. Quer isto dizer que não têm um vínculo laboral. Usam a sua própria viatura, pagam do seu bolso 

 

 

 

o combustível, a manutenção do carro, os seguros, e recebem 80% do valor de uma viagem; os restantes 20% são a comissão da Uber.

Noutras áreas, como aluguer de quartos, serviços de jardinagem, serviços domésticos, videoconsultas, tarefeiros de trabalho online,… se estão a desenvolver empresas a prestar serviços segundo este modelo.

Há quem veja aqui uma excelente oportunidade para desempregados ou para quem precise de uma segunda fonte de rendimento, além do emprego habitual. Mas há também quem considere que estamos perante o início de uma perigosa alteração das relações laborais. Esqueçam-se as 40 horas semanais! Aqui, quanto mais horas se trabalha, mais se ganham; esqueça-se o pagamento de horas extraordinárias, trabalho aos fins-de-semana e feriados ou por turnos; esqueça-se o ordenado certo ao fim do mês e os descontos do patrão para a Segurança Social...

Como serão as Empresas, as Relações Laborais e a Segurança Social de um futuro que já começou? Os grandes hotéis deixarão de existir em função das novas formas de hospedagem? E as agências de turismo, farão o quê num futuro próximo? E as empresas de táxi?  E as consultorias de advogados ou de economistas ainda  

 

 

terão espaço no mercado? E como será que o governo vai cobrar impostos desses serviços? Com os smarthphones assumindo importância cada vez maior no mundo hiperconectado, até onde irão essas novas formas de organização?

A realização dos direitos do homem do trabalho não pode estar condenada a constituir somente um derivado dos sistemas económicos (…) Ao contrário, é precisamente a consideração dos direitos objetivos do trabalhador (…) o que deve constituir o critério adequado e fundamental para a formação de toda a economia” (LE 17).

 “Os progressos científicos e tecnológicos e a mundialização dos mercados, em si mesmos fonte de desenvolvimento e de progresso, expõem os trabalhadores ao risco de serem explorados pelas engrenagens da economia e pela busca desenfreada da produtividade” (CDSI 279).

 

 

Sozinho na cidade

 

 

 

 

Para que os idosos, os marginalizados e as pessoas sós encontrem, mesmo nas grandes cidades, espaços de convívio e solidariedade.
[Intenção Universal do Santo Padre para junho]
 

1. As grandes cidades são, por excelência, o lugar do anonimato. As famílias vivem anónimas, na multidão que se agita frenética. É difícil conhecer verdadeiramente alguém e o isolamento não é estranho a ninguém, mesmo àqueles que vivem no mesmo prédio. Sendo lugares de criatividade sem fim, com ofertas para todos os gostos e públicos para todos os consumos, são também lugares da solidão mais desencantada, daquela que se cola à pele e come lentamente a carne e o espírito.

 

2. Marginalização é outra doença das grandes cidades. É raro não encontrar pessoas que vivem totalmente à margem, habitantes invisíveis das metrópoles, apenas notados quando incomodam o automobilista apressado a estacionar o carro ou vistos de fugida dormindo numa qualquer esquina, de dia ou de noite, pois fazem da rua a sua morada.

 

3. A cidade, sobretudo a grande cidade, acolhe a diversidade, mas rejeita facilmente quem não se conforma aos modelos vigentes. Os idosos, sobretudo aqueles que não contam com o apoio da família e não dispõem de bens materiais avultados, são facilmente vítimas da marginalização e do isolamento. A cidade não está  

 

 

 

 

pensada para eles, antes para quem anda depressa e adota estilos de vida espiritualmente nómadas, sem raízes e sempre em busca de algo diferente. Os idosos não respondem a este perfil, precisam do tempo vagaroso, físico e mental, das coisas no lugar e da vida como ela era.

 

4. Seria bom que as cidades não fossem inimigas dos idosos ou das 

 

pessoas sós. Como diz o Papa Francisco, mesmo nas grandes cidades, estas pessoas devem poder encontrar espaços de convívio, onde a vida corra ao seu ritmo, onde se sinta pulsar o coração de uma cidade acolhedora para todos, também para aqueles que já não acompanham o ritmo frenético do quotidiano. 

 

Elias Couto

 

 

 

Os 3 R’s

  Sónia Neves   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

Olhando para o calor que começa a apertar Portugal é um destino distinto para muitos pela qualidade das areias, pelo clima, pelas pessoas e acolhimento mas também pela gastronomia ímpar que oferece. E pelo mérito a distinguir celebrou-se pela primeira vez, no último domingo, em Aveiro, o Dia Nacional da Gastronomia. Um dia que serviu para enaltecer, dar a conhecer ou simplesmente valorizar e degustar o melhor… Do norte ao sul do país, e saltando às ilhas, foram muitas as iguarias, salgadas ou doces, populares ou conventuais, receitas secretas, cheiros singulares, sabores inigualáveis que se apresentaram à disposição dos visitantes, curiosos exigentes que querem saber mais, conhecer e apreciar.

Há que destacar todo o papel de promoção, defesa e divulgação dos produtos portugueses por parte das Confrarias Gastronómicas que, através da bela arte da confraternização, elevam a mesa como a verdadeira rede social.

A mesa é por excelência um dos lugares centrais na vida de qualquer pessoa, mesmo em crianças. Foi na passada quarta-feira que se assinalou o Dia Mundial da Criança, efeméride que traz à memória as nossas traquinices, o tempo livre para brincar e/ou simplesmente os meses de férias de verão. Este dia também trouxe um jantar diferente, uma sobremesa ou guloseima que adoça a vida dos mais pequenos (abrindo aquele sorriso gigante) e os faz perdoar a falta de tempo dos pais. Um dia de alegria e brincadeira para muitos por esse país fora mas, igualmente de sofrimento para as crianças

 

 

da Síria que a campanha da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre nos recordou e pediu orações…

São dias como este que assinalam e recordam pessoas, momentos, circunstâncias, profissões, há dias para tudo, como atiram os menos felizes… E é já no próximo domingo que o Meio Ambiente é rei das 24 horas. Ecopontos brilhantes, jogos de cidade em produtos reciclados, artesanato com tampinhas de garrafa, exemplos de sensibilização para todos e que ganham destaque neste dia… As cores amarelo, azul e verde são associadas à reciclagem facilmente mas difícil é ainda aplicar a cada dia. Para esta consciencialização o Papa Francisco escreveu há cerca de um ano a encíclica “Laudato Si”, um apelo 

 

à “responsabilidade” ambiental e em favor dos mais pobres. A expressão 'Laudato Si' (louvado seja) remete para o 'Cântico das Criaturas' (1225), de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o Papa argentino na escolha do seu nome, após a eleição pontifícia.

“Cuidar da causa comum” é o subtítulo desta encíclica que aponta para as atitudes de cuidar das pessoas e guardar a criação inteira, o Planeta. Fechar a água enquanto se lava os dentes, apagar as luzes, reutilizar, reciclar, consumir menos … atitudes que preservam o meio ambiente. Que cada um saiba também reduzir a maledicência, reutilizar os bons exemplos e reciclar cada ferida do coração para que o bom ambiente possa melhorar à nossa volta. 

 

 

 

 

Dia Mundial do Ambiente

5 de junho de 1972. Estocolmo. Início da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

18 de junho de 2005. Vaticano. Um Papa publica uma encíclica sobre o Meio Ambiente.

Um ano depois, o processo de receção da "Laudato si" é um dossier em aberto, tanto quanto a problemática ambiental. Um tema a que é necessário voltar com um único objetivo: mudar comportamentos.

 

 

 

 

 

 

Laudato Sí
Uma encíclica para todo o século

Filipe Duarte Santos, professor Catedrático do Departamento de Física da Faculdade de Ciência, da Universidade de Lisboa, recebeu a Agência ECCLESIA para comentar a receção da Encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Sí’ que, passado um ano, “está viva”.

Um documento “extremamente interessante”, “importante” e para ler pessoal e repetidamente, analisando como cada um está a “progredir no seu comportamento”.

Filipe Duarte Santos, doutorado em Física Nuclear e licenciado em Geofísica, coordenou os primeiros estudos multidisciplinares sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal.

Entrevista realizada por Carlos Borges
Fotografias Manuel Costa

 

Agência Ecclesia (AE) – No dia 18 de junho assinala-se um ano da apresentação da Encíclica ‘Laudato Sí’ do Papa Francisco. Que análise faz à receção do documento na sociedade?

Filipe Duarte Santos (FDS) – O documento quando saiu penso um grande impacto. É um documento importante sobretudo porque significa que houve da parte do Papa Francisco uma preocupação de se rodear de cientistas para o aconselharem na elaboração desta encíclica e isso é uma coisa que é muito interessante na nossa época. Muito daquilo que se 

 

 está a passar, mas sobretudo aquilo que se irá passar com o ambiente, depende de projeções que

nós fazemos para o futuro,

a médio e longo prazo, e,

de facto, a ciência é que

nos pode dar uma ideia

sobre o que se vai passar

daqui a 20, 30, 40, 50 anos. Pode fazer um pouco confusão pensar que se pode dizer alguma coisa para intervalo de tempos assim longos mas é possível.

 

 

O sistema terra que inclui a atmosfera, os oceanos, a biosfera, a criosfera, ou seja, as regiões geladas dos polos, tudo tem um tempo de resposta que é lento e é possível dizer alguma coisa sobre isso. O facto do Papa Francisco ter-se aconselhado com cientistas muito conhecidos deu uma validade ao documento que é muito importante.

A resposta teve impacto, evidentemente, no que respeita a certos assuntos. No que diz respeito às alterações climáticas há uma grande resistência por parte de certo setores, nomeadamente relacionados com a indústria dos combustíveis fósseis – carvão, petróleo, gás natural – mas teve um impacto muito grande.

 

É curioso que, por vezes, encontro pessoas preocupadas com as questões ambientais e estão a par dos riscos que existem em relação ao ambiente que vamos deixar às gerações futuras;   não são praticantes, não são católicas e dizem-se um pouco surpreendidas porque leram a encíclica e apreciaram muito e não pensaram que fosse ler uma encíclica papal com esse interesse e atenção.

Passado um ano a encíclica está viva, continua a ser um documento de referência mas temo que não se tenha avançado muito exceto no que respeita especificamente às alterações climáticas, à Cimeira de Paris e ao acordo que foi obtido.

 

 

 

 

 

AE – Participou na Cimeira de Paris na delegação portuguesa como representante do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável. Considera que a encíclica e o Papa Francisco marcaram a COP21, de alguma forma houve pressão para se atingirem acordos?

FDS – Sim, penso que sim, houve uma conjugação de várias ações para que a Cimeira tivesse sucesso e realmente uma dessas ações muito importante foi a Encíclica ‘Laudato Sì’.

A cimeira foi felizmente muito bem preparada. Estive noutras, como a De Copenhaga, em 2009, mas que não foi tão bem preparada e, de certo modo, não permitiu avançar muito. Mas 

 

nesta, já havia consenso em muitos aspetos e, durante aqueles 15 dias, conseguiu-se progredir. Houve momentos de certo desânimo, mas foi possível levar o barco a bom porto e foi um momento muito emocionante quando o acordo foi aprovado por unanimidade. Todos os países que são membros da convenção-quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, praticamente todos os países do mundo, estiveram de acordo.

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desigualdades geográfica e o mesmo ambiente

AE – Nesse contexto de unanimidade existe outra preocupação, uma maior consciência com o ambiente, com a terra?

FDS – Estamos numa época em que se fazem estatísticas das mais variadas. Através de questionários sabemos qual é a opinião das pessoas. Há agências, entidades, organizações que estão permanentemente a auscultar a opinião pública, em vários países do mundo, e o número de pessoas que está convencida de que estamos com uma mudança climática em curso é crescente. A causa dessa mudança climática é humana, antropogénica, tem a ver com atividades humanas.

É importante salientar que continuam a existir resistências, que se preocupam muito mais com o curto prazo do que com o médio e longo prazo e continuam a apostar de maneira forte nos combustíveis fósseis. Outro aspeto é a desflorestação que é muito significativa em algumas partes do mundo, sobretudo nas regiões tropicais. A floresta tropical 

 

continua a ser agredida de uma forma muito violenta sobretudo para plantações de soja, para a pecuária e tem a ver com o crescimento da população mundial.

Os hábitos alimentares estão a mudar, o consumo de carne à escala global está a aumentar sobretudo naqueles países em que isso não fazia muito parte da dieta.

O aspeto dos combustíveis fósseis e o aspeto da desflorestação que são dois dos principais vetores que contribuem para que as alterações climáticas continuem a ser um problema e está ainda longe de ser resolvido.

 

AE - Entre o hemisfério norte e o sul pode-se falar em opções e preocupações climáticas menos agressivas, mais eficazes. Há muitas diferenças entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento?

FDS – Na minha visão atual, tenho refletido sobre isso e também em algumas publicações e livros, é que estamos num mundo profundamente desigual e isso é a raiz de muito problemas que são sentidos não só nos países menos industrializados, 

 

 

 

digamos mais pobres, como nos países mais industrializados de que fazemos parte.

O que acontece hoje em dia diferente em relação ao passado, porque essas desigualdades também existiam mas hoje são crescentes, é que estamos num mundo em que a comunicação é muito fácil. Praticamente metade da população mundial tem um telemóvel ou smartphone e tem acesso à internet e, portanto, tem acesso a toda a informação que existe na Europa ou nos Estados Unidos (América). Em África as pessoas têm acesso ao modo de vida das pessoas dos países mais desenvolvidos. Estamos num mundo que em há globalização comercial, económica, mas também do ponto de vista cultural, do ponto de vista da informação, da disseminação do conhecimento.

Portanto, estamos num mundo que tem padrões de expetativas em relação ao futuro que são mais semelhantes, convergentes. Mas o facto é que relativamente a esses padrões as distâncias nos países menos desenvolvidos são enormes, são gigantescas, comparadas com os países desenvolvidos. As pessoas vivem muito melhor, a qualidade de vida, a segurança social, o bem-estar é em média é muito maior que nesses

 

países menos desenvolvidos. Isto cria tensões muito fortes, há situações dramáticas neste mundo e essa é uma das causas das migrações que a Europa está a sentir de uma forma muito aguda. Migrações que existem noutras regiões do mundo.

Estas diferenças agora têm outra expressão, têm outro valor que não tinham no passado e no que respeita ao ambiente também têm uma importância muito grande porque em muitos países a grande preocupação é assegurar a sobrevivência de muitas pessoas, a alimentação diária. Esse não é o caso nos países desenvolvidos e os problemas ambientais não têm a mesma importância, a mesma prioridade dos países desenvolvidos. Mas o ambiente é um só.

A terra é um sistema por si próprio, não está dividida em compartimentos. Enquanto nos países mais industrializados há preocupações ambientais e tem-se progredido bastante no sentido de ter maior respeito pelo ambiente e haver esforços de conservação da natureza, da biodiversidade, das florestas, etc. Nos países menos desenvolvidos essas não são as principais prioridades, estas diferenças, estas desigualdades, estas iniquidades são para mim o problema maior que temos no mundo atual.

 

 

 

 

Eco-Teologia

AE – No contexto da encíclica escreveu: “Na vertente religiosa, o aspeto notável do cristianismo é ter sido o palco do surgimento da ciência moderna em meados do século XVI”. A encíclica revela que a Igreja está mais envolvida no debate sobre desenvolvimento e ambiente?

FDS – O percurso da religião católica neste aspeto da Eco-Teologia foi interessante e diria mesmo paradigmático em relação a outras religiões.

Na religião católica, no seio da qual se desenvolveu a ciência moderna, houve alguns episódios menos felizes, como é o caso do Giordano Bruno e Galileu, mas o facto é que a ciência moderna se desenvolveu no ambiente do catolicismo e isso é por si muito significativo. Foi permitido que a renascença, nesse aspeto de formação, de origem da ciência, se desenvolvesse no contexto religioso. Depois com a contribuição notabilíssima de São Francisco de Assis que foi extremamente sensível à natureza e deu um grande valor à natureza, às plantas e aos animais, que aliás é uma pessoa inspiradora do Papa Francisco, houve uma evolução

 

que realmente é muito importante e interessante.

Esta evolução da preocupação da religião católica com as questões da ecologia é muito bem-vinda para toda a humanidade e em particular para aqueles que são crentes e é uma contribuição muito interessante.

 

 

 

AE – O Papa defende que os direitos e necessidades das populações estão acima dos interesses financeiros e do mercado, critica o “paradigma tecnocrático” das sociedades atuais. O que é preciso mudar no sistema económico e financeiro para não exista este “vale tudo” em relação às pessoas?

FDS – Acho extremamente corajoso da parte do Papa ter feito essas afirmações, estar escrito na encíclica. É um problema central na atual civilização que dá também sinais de uma certa necessidade de transformação, sobretudo em relação ao paradigma económico. É um facto que os países mais industrializados, mais desenvolvidos, têm um crescimento económico, medido através do PIB – Produto Interno Bruto, fraco. A Europa tem um crescimento económico fraco, o Japão tem um crescimento económico muito fraco, cresce a uma média de 1% ao ano com valores negativos, por vezes, nos últimos 20 anos. Os Estados Unidos (EUA) também estão a crescer embora mais do que a Europa e o Japão mas um valor mais fraco.

Há uma grande preocupação sobre o porque é que isto acontece. O que se tem feito é através de estímulos 

 

monetários (os EUA fizeram isso, o Banco Central Europeu está a fazê-lo) mas os resultados são muito fracos. Portugal é o exemplo de um país que na prática está em crise económica há bastante tempo, mas é por toda a Europa. Há um sentimento de que as coisas podiam estar melhores.

Este paradigma que nós temos está relacionada mais uma vez com as questões das profundas desigualdades porque há um esforço de convergência entre os países menos desenvolvidos com os mais desenvolvidos, isso é um facto. Por exemplo, a China, a India são gigantes do ponto de vista de população. Há países a crescer, mesmo que menos agora… Há uma tendência de convergência e começamos a sentir o que provavelmente serão os limites da capacidade de explorar os recursos naturais e com essa exploração a degradação do ambiente.

O Papa quando se refere ao sistema tecnocrático, económico, está a dar sinais que é necessário uma transformação. As coisas não têm uma vigência indefinida, tudo se transforma, os paradigmas, os sistemas económicos, sociais, políticos, há sempre uma transformação, uma evolução, esperemos que haja uma evolução.

 

 

 

Estou de acordo com o que o Papa Francisco afirma na encíclica e, sobretudo, nas consequências que este paradigma atual económico implica em termos de exploração humana em muitas regiões do mundo em que as pessoas trabalham em condições que não têm de modo nenhum a dignidade que seria de esperar: em ambientes profundamente degradados, em condições de habitação que nós consideramos, nestes nossos países, miseráveis. Mas nós compramos as coisas que são produzidas nesses sítios. Temos de ter em atenção que cada vez mais o mundo está integrado, globalizado.

 

As advertências que são feitas na encíclica são muito importantes para nos fazer refletir e aquilo que penso que seja uma das mensagens é procurarmos viver de uma maneira mais simples, usando menos energia, menos água e procurando usufruir da vida naquilo que ela tem de maravilhoso mas não exige consumismo que, por vezes, é muito forte. As pessoas muitas vezes quando estão menos alegres, menos satisfeitas vão para o supermercado comprar coisas e essa é capaz de não ser a melhor reação num mundo que é finito, que tem recursos finitos e tem uma população ainda crescente.

 

 

 

A física não conhece fórmulas mágicas de gerar energia

AE –O que se pode alterar para termos uma vida mais simples?

FDS – O comportamento das pessoas depende do conhecimento das pessoas, da informação que têm. É necessário disseminar o conhecimento científico, informar as pessoas de uma realidade que é óbvia, mas convém mencionar que temos um planeta finito, que tem recursos finitos, que a tecnologia não é capaz de resolver tudo.

Às vezes temos a ideia que a tecnologia consegue resolver todos os problemas, o facto de termos estes telemóveis que funcionam em qualquer parte do mundo… Podemos estar a falar com uma pessoa que está na Nova Zelândia ou na Austrália, e outras coisas que se passam, a extraordinária mobilidade que nós temos, dá-nos impressão que a tecnologia acaba sempre por resolver as coisas, mas não é assim.

Em relação à energia, a física não conhece fórmulas mágicas de gerar energia. Nós não produzimos energia, 

 

nós convertemos uma forma de energia noutra. Convertemos, por exemplo, a energia solar em energia eólica ou energia solar em energia hídrica porque é a anergia solar que move o ciclo da água e faz com que haja evaporação e precipitação e depois se formem barragens. Ou a fotossíntese das plantas que é transformar a energia solar em energia química. A energia que utilizamos nos combustíveis fósseis é a energia que está armazenada e que, originalmente, proveio do sol, que foi convertida através de plantas que viveram há milhões de anos e os restos dessas plantas passaram para o interior da terra e através de pressões muito elevadas transformaram-se em carvão, em petróleo ou em gás natural.

A energia é um bom exemplo porque tudo depende da energia na nossa vida diária e temos que ter a noção que os recursos são finitos. Isto passa pela informação científica, pelo conhecimento científico, pela divulgação de que os nossos recursos são limitados e que no nosso países vive-se muito bem comparado com certos países de África, da Ásia ou das 

 

 

 

 

Américas. Claro, que nesses países também há pessoas muito ricas e, por vezes, muito corruptas, mas estou a falar em médias.

Nós devemos usufruir daquilo que temos e de facto não exigir coisas em relação ao ambiente que temos, ao planeta e ao número de pessoas que somos que são impossíveis de atingir, sermos comedidos nesse consumo. Evitarmos o consumismo e consumirmos o que é realmente necessário e termos uma relação mais próxima com a natureza.

Em Portugal temos uma grande diversidade climáticas, biológica, temos uma grande biodiversidade, temos um património histórico notável, comparado com muitos outros países do mundo. Temos uma costa longuíssima com 900 quilómetros.

Vamos usufruir, vamos respeitar o ambiente e vivermos sem a preocupação de possuirmos mais objetos.

No Japão, penso que é um país interessante para termos como referência. Tem uma dívida maior 

 

do que a nossa e não cresce há cerca  de 20 anos, o PIB. Os governos têm-se sucedido e fazem tudo o que é possível para que cresça a economia, porque há este mito do crescimento da economia. Há uma estagnação. Também não há inflação, a chamada stagflation. E, as pessoas começam a dizer “vamos ter que viver assim, vamos aproveitar”.

Há uma escritora que tem um sucesso enorme e que advoga a simplicidade na vida das pessoas, nos objetos que têm em casa, convida a pensar quais são os objetos que são utilizados e quais não são utilizados numa casa, se é necessário comprar mais coisas, como usufruir daquilo que já se tem. É aquilo que algumas pessoas chamam “a prosperidade sem crescimento”. No fundo, é procurar usufruir, florescer, crescer na vida, porque pode ser o crescimento do nosso conhecimento, da nossa capacidade de relacionação com os outros, atingir a prosperidade sem ser baseada no crescimento económico convencional do PIB, que é um indicador que tem uma grande problemática atrás de si.

 

 

 

Simplicidade no discurso

AE – Considera que a Encíclica ‘Laudato Si’ foi escrita de forma acessível, clara, para que todas as pessoas percebam a importância do seu conteúdo, da relação natureza-sociedade e de salvaguardar a Casa Comum?

FDS – Sim. É um documento extremamente interessante. Acho que as pessoas o deviam ler repetidamente e verem como é que, pessoalmente, progridem no seu comportamento em relação aquilo está escrito nessa encíclica.

É um documento que vai ter importância durante as próximas décadas. Estou convencido que é realmente importante e é atual. Os temas que aborda, dadas as circunstâncias, não se vão resolver num ano ou em dois anos, nem em 10 anos. São temas que nos levam até ao fim do século.

É preciso termos presente que atualmente somos cerca de 7 mil e 200 milhões de pessoas neste nosso planeta. Em 2050 vamos ser cerca de nove mil milhões e não sabemos se até ao fim do século o conjunto de toda a população do mundo vai continuar a crescer ou não mas é provável atingir os 10 mil milhões. É um número muito grande! Assegurar

 

 que todos têm alimentação, que têm o mínimo de condições de vida digna, que têm empregos, que não há migrações brutais das zonas mais desprotegidas, mais pobres para as zonas mais ricas, que não transformamos o mundo mais rico, essencialmente dos países da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico) numa fortaleza, como se ouve dizer dos EU com o México, a problemática de proteger as fronteiras da União Europeia da chegada das migrações…

Não falta muito tempo, são 84 anos, é uma criança que nasce hoje nos tais países desenvolvidos e a esperança de vida é provável que esteja viva no fim do século.

Caminhar para um mundo que não seja a tal fortaleza dos tais países mais ricos e depois um conjunto de países numa situação muito difícil e com tendência a migrarem e a quererem fugir. As pessoas fogem quando as condições de vida são insuportáveis, quando os conflitos são dramáticos, são armados, violentos. E como alimentar estas pessoas, com recursos finitos? É um desafio muito grande que temos pela frente.

A encíclica é uma contribuição muito importante para nos fazer refletir sobre este desafio que temos à nossa frente.

 

 

 

 

 

AE – O professor Filipe Duarte Santos tem dedicado a sua atividade e estudo à ciência, ao ambiente, coordenou por exemplo os primeiros estudos multidisciplinares sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal.
Recentemente recebeu o Prémio Quercus 2015 - distingue entidades, empresas ou cidadãos, que se evidenciem na defesa do ambiente e na promoção do desenvolvimento sustentável – Que importância teve esta distinção da Associação Nacional de Conservação da Natureza para o trabalho que continua a desenvolver?

FDS – Foi um momento gratificante para mim, fiquei muito honrado por ter recebido esse prémio. É um reconhecimento da contribuição modesta que tenho feito e sobretudo um incentivo para continuar a trabalhar nessas questões.

Estou a escrever atualmente um livro que vai ser publicado no fim deste ano, princípio do próximo, em inglês, mas é provável que seja traduzido para português, em que abordo estas questões globais com expressão a nível local, de todos os países.

Continuo empenhado. Faço parte de um grupo de investigação sobre alterações climáticas, aqui na Faculdade de Ciências, da Universidade de Lisboa. Sinto nas pessoas um grande entusiasmo por estas questões e sobretudo por procurarem um mundo para as gerações futuras que seja sustentável. Que possamos contribuir para um desenvolvimento sustentável, com oportunidade comparáveis aquelas que nós tivemos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Laudato Si.
Um ano depois - louvor sem convicção

Há um ano atrás, por ocasião da apresentação pública da Encíclica Laudato Si, dizia eu que, “doravante, no tempo e no pensamento haverá um marco: antes da encíclica Laudato Si e depois da encíclica Laudato Si. Torna-se um marco singular e, daqui 

 

para a frente, incontornável no Magistério Social da Igreja e nas agendas mundiais e locais: políticas, ecológicas, culturais, sociais e pessoais”, concluía.

Hoje, um ano passado sobre a publicação da primeira encíclica 

 

 

  

 

dedicada à problemática ecológica, damo-nos conta de um processo de receção, ao nível da Igreja que somos em Portugal, com algum louvor, mas sem convicção, sem método, sem agenda, sem processo, sem continuidade. Ao longo de um ano, pelo país fora, multiplicaram-se conferências para apresentação da encíclica e para estudo dos eixos temáticos fundamentais; multiplicaram-se comentários, artigos de opinião, notícias e reportagens, pontualizando o efeito maré da Laudato Si, algumas vezes com banalidade e descuido, e lutando com a dificuldade tremenda de colocar a problemática ecológica num horizonte mais profundo e mais vasto – ecologia integral – do que o de “algumas 

 

considerações ecológicas superficiais”. Claro que rapidamente se esgota e se vicia o tema – e sem louvor – nas caricaturas de Gn 1,28 (dominai…), nas políticas de triagem do papel, do vidro e do plástico e nas formações a seguir para uso dos pesticidas na agricultura.

O estilo tíbio e limitado da receção da encíclica Laudato Si, no tempo, reflete, de algum modo, a superficialidade contagiante e multirresistente que André Malraux dramaticamente profetizava no século passado: “o drama do século XXI não estará na perda dos deuses, mas na perda da dimensão profunda do ser humano” (L’Express, 21 de maio de 1955), com natural tradução num ver superficial, num julgar superficial e num agir superficial. Ora, “esta 

 

 

 

alegre superficialidade de pouco nos serviu”, constata o Papa Francisco (LS §229).

A algum descuido no aprofundamento da arte do cuidado da casa comum, a partir da Laudato Si, não me parece alheia a desarrumada multiplicação e sobreposição de efemérides, de planos e de programações pastorais; diversidade de propostas e de ações que seria, certamente, reveladora da riqueza e vitalidade da Igreja e da performatividade do anúncio do Evangelho Jesus Cristo, não fora a autorreferencialidade em que muitas destas propostas e ações inevitavelmente estiolam, principalmente por falta de um princípio integrador e por falta de paciência e de coragem para alimentar e acarinhar os ideais e os projetos no tempo. Na prática, vemos a arte do cuidado da casa comum, partilhada pelo papa Francisco com tanta eloquência e generosidade, válida para um ano, tempo para simples iniciação ao tema. Passado o tempo do primeiro contacto, situados no átrio, esperar-se-ia que se avançasse para a intimidade da “casa”, desenvolvendo progressivo 

 

conhecimento e progressiva familiaridade e responsabilidade no condomínio. Assim se avançaria, passo a passo, no despertar de uma consciência ecológica em conversão contínua. Assim esperamos que se avance.Rapidamente, a Bulla que consagra 2016 como ano da Misericórdia e a expetativa da exortação pós-sinodal Amoris Laetitia (19 de março de 2016) defletem as atenções e estabelecem novas prioridades, estas como aquela, com curto prazo de validade se não se investe numa sábia ecologia das efemérides, das ideias e dos projetos.

Ao que parece, “não dispomos ainda da cultura necessária para enfrentar esta crise” ecológica (LS §53) e isto tem a ver, justifica o Papa Francisco, “com uma deterioração ética e cultural que acompanha a deterioração ecológica” (LS §162). Tem também a ver com “uma apresentação inadequada da antropologia cristã” ao longo dos séculos (LS §116), centrada na espiritualidade e na pastoral das pessoas, na preocupação com a salvação das almas, com a salvação do ser humano, ferido pelo pecado e necessitado da graça, e deixando de fora a preocupação com a salvação

 

 

 

de todas as outras criaturas de Deus.

O desafio coloca-se, portanto, ao nível do horizonte epistemológico e hermenêutico de uma ecologia integral, que se estende a todas as dimensões da vida de todas as criaturas.

Conseguiremos nós a

decisão e a determinação

para, no tempo, definir, 

 

 

instruir e sustentar os processos que nos ajudem a situar à altura do desafio?

Conseguiremos nós assumir, com “alegria e esperança”, a missão histórica de cuidar e curar a “casa comum” e todos os seus moradores?

 

Isabel Varanda

 

 

Um ano depois da Encíclica Laudato Si

 

Passado um ano do lançamento da Encíclica Louvado Sejas,  agradeço as muitas oportunidades de reflexão e ação que já trouxe, cruzando realidades a partir de uma ideia tão forte e tão simples e por isso também complexa: o Cuidado da nossa Casa Comum.  Foram várias as ocasiões 

 

 

onde fui desafiada a trabalhar este grande e inspirador apelo do Papa Francisco, o que me levou a ir aprofundando esta missão, a título pessoal e em nome da Associação Casa Velha - Ecologia e Espiritualidade - com uma equipa de casais de Nossa Senhora que no inicio do ano letivo 

 

 

 

 

se propôs trabalhar o texto ao longo do ano, interligando as diferentes Casas - pessoal, família, Equipa; com alunos do 1º e 3º Ciclo do Externato das Escravas do Sagrado Coração de Jesus do Porto, com quem fizemos o exercício "simples" de construir/ desenhar a Casa Comum fazendo o paralelo entre os alicerces e pilares da Casa Comum e da vida/família de cada um; com a Paróquia de São Victor em Braga, onde fizemos o exercício, com os diferentes agentes de Pastoral, de olhar para a Paróquia como Casa Comum; uma Mesa Redonda no Colégio de Santa Doroteia em Lisboa, com a participação de Camilo Lourenço, Miguel Coimbra dos Dama, Jorge Moreira da Silva (ex-Ministro do Ambiente), António Marujo; mesa redonda no Instituto Superior de Agronomia; muitas conversas com muitas pessoas inquietas e desejosas de trabalhar esta Carta com a sua Comunidade (família, trabalho, amigos). Tantos contextos diferentes, tantas faixas etárias...não será isto Sinal de como esta Encíclica foi certeira, trazendo vida à sociedade e à Igreja? Porque a todos efetivamente se dirige e é acessível a todos; porque promoveu/promove algo que é nota 

 

constante do texto - Diálogo, aproximando mundos. E ainda assim, não deixa de ser interessante notar quantas resistências (dentro da Igreja) a pensar a Ecologia e Ambiente a partir da Justiça, numa abordagem integral que liga o cuidado do ambiente ao Cuidado profundo de nós próprios, das nossas relações, dos nossos modelos de sociedade. Quanto diálogo ainda por fazer, ao serviço da conversão ecológica a que somos desafiados. É mais fácil continuar agarrado aos costumes de sempre, aos modelos conhecidos, aos preconceitos perante as questões ambientais, à reciclagem exterior... e ficar surdo perante o chamamento muito mais profundo que nos é lançado: um grande exame de consciência (pessoal e global) acerca de como cuido/cuidamos de uma Casa em que todos têm direito a um lugar, a participar, a cuidar.

 

Margarida Alvim

Associação Casa Velha -

Ecologia e Espiritualidade

 

 

Da cultura à natureza: o Festival Terras sem Sombra e a salvaguarda da biodiversidade

Há alguns meses, um amigo biólogo, especialista em conservação da natureza e firme defensor dos valores do humanismo, mas um tanto céptico em matéria religiosa (tema de infindáveis conversas, já se vê), telefonou-me alvoraçado, manhã cedo, quando batiam as 8 horas no 

 

campanário que fica ao lado da minha casa: “Está a acontecer uma revolução!” Algo entorpecido pelo sono, demorei a reagir, incrédulo ante a ideia de multidões de punho erguido pelas ruas. Mas o cientista tranquilizou-me: “Já leu a nova encíclica do papa? É uma bomba atómica para as consciências adormecidas!” E explicou de rompante: “Aquele texto pode ser visto como um autêntico manual, um vademecum acerca das boas práticas de salvaguarda da biodiversidade, é o mais importante contributo dos últimos anos, em 

 

 

 

 

 

termos globais, para esta causa”.

Laudato Si’, a segunda carta encíclica do papa Francisco, com um subtítulo expressivo, “Sobre o cuidado da casa comum”, enfatiza notavelmente a importância espiritual e moral, mas também cultural e social, da “ecologia integral”. Um conceito inovador, assente no diálogo à escala global, defendido por muitos nas últimas décadas, mas que ainda encontra resistências, sobretudo entre as fileiras do Neoliberalismo, pelos entraves que coloca ao diktat económico dos mercados . Num mundo já privado de fronteiras reais, onde ideias e valores circulam velozmente, as palavras de Francisco soam como trovões, libertam e 

 

perturbam: “O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar”.

Casualmente, ou talvez não, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja tinha feito, em 2010, aquando da reformulação do Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo (fundado sete anos antes), à discreta medida do território a que está ligado, uma reflexão que apontava no mesmo sentido. Tratando de redesenhar a iniciativa, nascida com o propósito de abrir as igrejas 

 

 

 

 

 

históricas da região e aproveitar as suas magníficas condições acústicas e o seu genius loci para dar a conhecer a música religiosa – sem distinção entre as grandes páginas do passado e a criação contemporânea –, pensou-se, agora que esse intuito primordial estava a ser alcançado, em ir um pouco mais longe e unir a cultura à natureza, de modo a promover uma visão integrada do território e uma reflexão sobre o seu passado, o seu presente e o seu futuro.

 

Foi assim que surgiu a ideia de potenciar a presença de artistas e espectadores no Alentejo, desafiando-os a, no dia seguinte a cada concerto, se associarem às comunidades locais e aos seus decisores, sob a orientação de quem conhece o terreno, num conjunto de acções voluntárias em prol da defesa dos recursos biodiversos. Estes constituem, depois das pessoas, o grande tesouro do Sul de Portugal. Além disso, permitem estabelecer pontes muito compreensíveis entre o património natural e o património cultural (importa lembrar o facto, pouco estudado, de que as igrejas são, no meio rural e no meio urbano, santuários da vida selvagem) e podem dar um contributo significativo ao desenvolvimento sustentável dos territórios de baixa densidade.

O programa do Festival Terras sem Sombra para a salvaguarda da biodiversidade, iniciado em 2011, já percorreu quase meia centena de sítios em risco, alertando para os seus problemas e procurando ajudar a 

 

 

 

equacioná-los, através de respostas à escala de cada comunidade. No horizonte desta itinerância alinham-se prioridades. É dada especial atenção ao montado, às linhas de água, à frente atlântica, às espécies ameaçadas, aos produtos regionais que sustentam modos de vida e paisagens. Como a Terra constitui uma “casa comum”, a ópera Onheama, levada à cena, em Serpa, a 21 e 22 de Maio passado – é a primeira vez que se apresenta uma ópera no Baixo Alentejo, ainda por cima produzida in situ –, evocou a floresta tropical, metamorfoseando o Amazonas no Guadiana e povoando a selva de sobreiros, enquanto no céu brilhava um Sol de cortiça.

Quando o Terras sem Sombra, já lá vão alguns anos, começou a associar ao património religioso e à música sacra a preservação da biodiversidade, não faltaram alguns sorrisos condescendentes. Hoje, regista-se com satisfação o caminho 

 

percorrido e encontra-se um novo alento no convite urgente que Francisco lançou à troca de ideias sobre o futuro do Planeta: “Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impactos sobre todos nós”.

Uma derradeira nota, que vem a propósito registar. Auscultados por ocasião da preparação da encíclica, os consultores do Festival para a biodiversidade sugeriram que se realçasse a importância, nomeadamente em termos de cidadania, da salvaguarda de espécies menos visíveis, na perspectiva da opinião pública, mas em risco crítico de extinção, de que é testemunho o saramugo, um dos mais antigos habitantes dos rios da Península Ibérica. O alvitre foi bem recebido – e foi contemplado.

José António Falcão

 

 

Ouvir o clamor da Terra
e o clamor dos Povos

(Texto apresentado numa comunicação do III Encontro Nacional de Leigos)

“Estamos a viver um tempo complexo, convulso, que às vezes impede-nos a clareza para ver os caminhos e perceber as luzes. Particularmente, é um tempo difícil para muitos povos que lutam cada dia pela terra e pela dignidade, pelo acesso aos bens naturais para continuarem tecendo os fios de sua história. Contudo, Dom Pedro Casaldáliga, conhecido no Brasil como o profeta da teimosa esperança, encoraja-nos a assumir a hora. Diz Dom Pedro que “quanto mais difíceis nos parecem os tempos, mais forte há de ser a nossa esperança. Podem roubar-nos tudo, menos a esperança”. Este é o nosso tempo, esta é a hora que devemos assumir com determinação e com a confiança posta n’Aquele que nos sustenta.

Ao mesmo tempo, vivemos um tempo que poderíamos chamar um momento-eixo; isto é, estamos diante de uma profunda transformação da simbólica com a qual compreendemos o mundo até hoje.

É precisamente neste tempo quando acolhemos a Encíclica ‘Laudato Si’, 

 

de Francisco: um chamamento claro para que assumamos as profundas e necessárias transformações na nossa vida e também no modelo de desenvolvimento económico, de relações sociais e de crescimento. Cientes da complexidade do que isto significa, Francisco chama-nos a reconhecer “a grandeza, a urgência e a beleza deste desafio” (LS, 15.

‘Laudato Si’ não é apenas uma encíclica “verde” ou “ecológica”. A abordagem que faz da questão ecológica é muito mais integral e lúcida. De um lado, Francisco propõe-se incorporar “a nossa irmã a Mãe Terra” à discussão sobre a pobreza e a exclusão social: dentre os pobres mais abandonados, encontra-se nossa devastada e oprimida irmã a Mãe Terra (LS, 2). De outro lado, incorpora a questão social no debate sobre a crise ambiental: uma verdadeira aproximação à questão ecológica torna-se sempre uma abordagem da questão social (LS, 49), porque são os mais pobres os mais prejudicados pela degradação ambiental.

 

 

Esta é a questão chave: não existe uma crise ambiental, de um lado, e uma crise social, de outro, mas uma única e complexa crise “socioambiental”. Tudo está conectado; a degradação ambiental tem a ver com a degradação social. E para poder abordar o momento que estamos a viver, urge enfrentar claramente duas transformações profundas:

a) Recuperarmos a relação com os outros e a relação com a nossa irmã a Mãe Terra, “lugar da aliança de Deus connosco” e respeito da qual crescemos pensando que éramos seus dominadores. O domínio é, sempre, a negação do outro: e isto torna-se

 

 

 

 visível na nossa relação com a Mãe Terra, Casa Comum, e nas nossas relações com o outro, com os povos.

b) Superar um modelo económico de acumulação e cujo crescimento só é possível através de uma sobre-exploração dos bens naturais. “Este sistema já não se aguenta mais”.

Enfim, o desafio que temos à nossa frente pode ser resumido neste chamamento do Papa de ouvir o clamor da Terra e o clamor dos povos, e às vezes de povos inteiros.

 

Luis Ventura Fernández

(Antropólogo. Missionário Leigo da Consolata, com a sua família, na Amazónia, na Diocese de Roraima,

no Brasil)

 

 

FCH Sustentável: Reciclar Na UCP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Participar numa «eucarística ecológica» e levar para casa uma árvore Laudato Si

O jardim do Museu dos Biscaínhos, em Braga, vai receber este sábado uma “celebração eucarística ecológica” inserida num programa de reflexão e aprofundamento da encíclica do Papa “Laudato Si”, sobre o Cuidado da Casa Comum”.

A iniciativa, que envolve a Universidade Católica Portuguesa, é destinada não só “a toda a comunidade académica” mas também “a toda a população, especialmente famílias e pessoas de todas as idades”.

A celebração eucarística, marcada para as 21h00, vai ser presidida pelo padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães.

No fim da missa, “todos os participantes receberão uma árvore Laudato Si' que poderão plantar onde desejarem, partilhando assim da difusão da mensagem de ecologia integral do Papa Francisco”, realça a organização.

O programa do evento, denominado ‘Laudato Si' Respect Creation’, inclui ainda uma instalação artística e um concerto pela Orquestra Bracara Sax, do Conservatório Calouste Gulbenkian.

 

 

 

 

 

Cuidar o ambiente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Papa fala às crianças

http://www.familia.va/

 

No passado mês de dezembro, por ocasião do jubileu das Famílias, o Pontifício Conselho para a Família lançou uma página específica para as crianças. Assim, porque esta semana celebramos o Dia Mundial da Criança, a sugestão de visita passa pelo endereço www.familia.va.

Tendo em conta que este portal é do Conselho Pontifício para a Família, naturalmente que os conteúdos disponíveis são diversos e bastante completos. No entanto, a nossa sugestão obriga a que cliquemos na imagem que diz ?crianças?. Aí somos transportados para um ambiente gráfico totalmente distinto e que se encontra perfeitamente enquadrado com o público-alvo a que se destina. Este espaço encontra-se disponível em cinco idiomas (inglês, espanhol, francês, italiano e português) possuindo muitas ilustrações com desenhos de crianças de todo o mundo.

 

e com a ajuda de desenhos, imagens e vídeos, os ensinamentos do papa Francisco.

Na página principal encontramos, além do menu habitual, os principais artigos que vão sendo publicados. Tendo como grande destaque a apresentação do ciclo de catequeses que o Bispo de Roma dedicou à Família.

Na opção ?o Papa? ficamos a saber quem é o Papa (o que faz, porque se chama assim, quais as suas roupas, como se tornar um papa, como é a sua casa), quem foram os Papas anteriores (São Pedro, São João Paulo II, Bento XVI), quem é o Papa Francisco (a sua família, a sua vida), o que é a Basílica de São Pedro (o túmulo de Pedro, a cátedra de Pedro, os túmulos dos papas) e ainda o que é o Vaticano (o estado mais pequeno do mundo, a bandeira, selos e moedas, os guardas, os seus jardins e museus).

Ao clicarmos em ?Família de Jesus? somos convidados a saber mais sobre a Sagrada Família. Quem foram

 

 

 

 

 

 

 

 

os pais de Jesus (José e Maria), quais os seus familiares (Isabel e Zacarias, João Batista, Joaquim e Ana) e ainda um pequeno texto que ajuda a refletir um pouco sobre esta família.

Fica então lançada a sugestão para que visitem e principalmente mostrem às nossas crianças 

 

este fabuloso espaço que, apesar de estar escrito em português do brasil, ajuda realmente a perceber melhor as palavras do Papa Francisco.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

 

Livro conta história de refugiados salvos por padre português em Roma durante ocupação nazi

 

'A Lista do Padre Carreira’ (Editora Vogais) do jornalista António Marujo apresenta a história de um segundo refugiado, ainda vivo, salvo pelo sacerdote português durante a ocupação nazi de Roma.

 

 

“Foi o testemunho do primeiro refugiado vivo, Elio Cittone, de família judaica, que permitiu a entrega da medalha de Justo Entre as Nações ao padre Carreira pelo Yad Vashem, o Memorial do Holocausto, de 

 

 

 

  

Jerusalém”, refere o jornalista.

A entrega da medalha decorreu em abril de 2015, numa cerimónia na Sinagoga de Lisboa.

‘A Lista do Padre Carreira’ apresenta as histórias desses dois refugiados do Pontifício Colégio Português e outros episódios, bem como “uma interpretação sobre o papel do Papa Pio XII e do Vaticano” durante a II Guerra Mundial.

O padre Joaquim Carreira, vice-reitor e reitor do Colégio Pontifício Português, de Roma, entre 1940 e 1954, ofereceu abrigo a várias pessoas perseguidas pelos nazis, incluindo três membros da família Cittone.

No relatório da atividade do Colégio, o padre Carreira escreveu: “Concedi asilo e hospitalidade no colégio a pessoas que eram perseguidas na base de leis injustas e desumanas”.

A história foi contada pelo jornalista António Marujo, que enviou ao Yad Vashem vários dados que incluíam o depoimento de um sobrevivente.

O título de ‘Justo entre as Nações’ é usado pelo ‘Yad Vashem’ para designar as pessoas que salvaram judeus durante o Holocausto, 

 

arriscando as suas próprias vidas e é a maior distinção concedida por Israel a pessoas que não professam a fé judaica.

Monsenhor Joaquim Carreira passou a ser o quarto português a ser declarado ‘Justo’, depois de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus; Carlos Sampayo Garrido, embaixador de Portugal na Hungria; e José Brito Mendes, operário português casado com uma francesa e residente em França, que salvou uma menina, filha de judeus.

Monsenhor Joaquim Carreira nasceu em 1908 numa aldeia próxima de Fátima, foi ordenado padre em 1931 e em 1940, já em plena II Guerra Mundial, mudou-se para Roma, que viria a ser ocupada pelos nazis em setembro de 1943.

 

 

 

 

II Concílio do Vaticano: «Transferências» e novos bispos no episcopado português (II)

 

Após o encerramento do II Concílio do Vaticano (dezembro de 1965), num curto período de tempo (23 de janeiro a 28 de fevereiro de 1966) foi assinalado pelo fato de seis bispos portugueses terem tomado posse de seus novos cargos, o que pode ser interpretado como sintoma e esperança de renovação pastoral.

Para além dos bispos D. David de Sousa e D. Júlio Tavares Rebimbas sublinhados nos dois últimos números desta rubrica, a Diocese de Coimbra recebeu, a 06 de fevereiro de 1966, D. Francisco Rendeiro como bispo coadjutor; D. João Saraiva foi acolhido, 13 do mesmo mês, como bispo do Funchal; D. Manuel dos Santos Rocha aportou em Beja a 26 de fevereiro e, dois dias depois, D. António de Castro Xavier Monteiro foi recebido “festivamente” no Patriarcado de Lisboa como arcebispo de Mitilene e auxiliar do cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira.

Quando chegou à cidade do Mondego, D. Francisco Rendeiro referiu que “inesperadamente para mim, a Igreja põe termo à minha missão no Algarve e manda-me para Coimbra, nas circunstâncias que vós conheceis”. O prelado adianta ainda que aceitou “com simplicidade, sem olhar a considerandos de qualquer espécie que não fossem apenas este: é a Igreja que me manda servir noutra parte, é a vontade de Deus”. Foi desta forma que o bispo da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) recebeu a nomeação para coadjutor de D. Ernesto Sena de Oliveira. (Boletim de Informação Pastoral – Ano VIII – Nº 46-47 – Página 59)

 

 

 

 

 

O novo bispo de Pax Julia (Beja), D. Manuel dos Santos Rocha deu entrada naquele território alentejano e colocou a tónica na paz. Depois de tecer largas considerações sobre a paz, formula, à maneira de conclusão, o seguinte ideário pastoral. “A diocese é do bispo e dos diocesanos; cresce ou diminui em vida cristã na medida em que a união do bispo com os diocesanos e destes com aquele se afirma na fé, na esperança e na caridade”. (Boletim de Informação Pastoral – Ano VIII – Nº 46-47 – Página 59)

O trabalho comum do pastor e dos cristãos foi a nota teológica mais 

 

 

 

saliente das palavras proferidas por D. João Saraiva ao tomar posse na Sé do Funchal (Madeira). “Quando um bispo entra numa diocese, todos desejam saber qual é o seu plano de ação e de trabalho. No meu caso, parece-me prematuro definir iniciativas ou esboçar orientações”. Antes de definir os trabalhos pastorais, D. João Saraiva deseja “ver, observar e conhecer”. O programa há de nascer da própria vida. Na parte final realça: “O concílio apela insistentemente para que todos os membros do Povo de Deus assumam as suas responsabilidades na vida da Igreja”.

 

 

 

Junho 2016 

04 de junho

- Fátima - Domus Carmeli – Jornada Nacional da Pastoral da Cultura dedicada aos “vínculos e implicações que resultam dos múltiplos cruzamentos entre Cultura e Economia”

 

- Santarém - Museu Diocesano (Sala dos Actos) – O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja promove em parceria com a comissão diocesana de Santarém para esta área, umas jornadas de conservação e restauro: Património Recuperado - Boas Práticas.

 

- Fátima - Domus Carmeli - Entrega do Prémio «Árvore da Vida - Manuel Antunes» a Walter Osswald integrada na Jornada Nacional da Pastoral da Cultural

 

- Lisboa - Feira do Livro - Lançamento da obra «A Lista do Padre Carreira» de António Marujo

 

- Cova da Iria, Fátima, 09h00 - O bispo de Leiria-Fátima vai presidir ao Jubileu das Vocações, para casais, sacerdotes e religiosos, no Santuário da Cova

 

da Iria e do programa destaca-se a Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade, convívio e testemunhos.

 

Lisboa - Centro Cultural Franciscano, 10h00 - O Museu de Lisboa – Santo António e o Centro Cultural Franciscano vão promover o Simpósio Internacional Antoniano ‘Exulta Lusitania Felix’ sobre a importância de Lisboa e Coimbra na formação teológica e intelectual do santo português.

 

Braga - Jardim do Museu dos Biscaínhos, 21h00 - Celebração eucarística ecológica inserida num programa de reflexão e aprofundamento da encíclica do Papa «Laudato Si», sobre o Cuidado da Casa Comum, e presidida pelo padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães.

 

05 de junho

Vila Real - Santa Marta de Penaguião -Dia da Igreja Diocesana com o tema «Famílias, aprendei e testemunhai o amor misericordioso».

 

 

 

 

 

Fátima - Peregrinação dos Dehonianos ao Santuário de Fátima

 

Coimbra – Ceira - Encontro dos Antigos Escuteiros integrado na comemoração do cinquentenário do agrupamento de Ceira, do Corpo Nacional de Escutas (CNE), na Diocese de Coimbra.

 

Porto – Cucujães - Os missionários da Boa Nova vão realizar uma festa em Cucujães (Porto), presidida pelo superior geral da Sociedade Missionária, padre Adelino Ascenso.

 

Guarda, 16h00 - Os arciprestados da Diocese da Guarda vão peregrinar, este domingo, até à catedral daquela cidade. A concentração está marcada no Seminário da Guarda, com o acolhimento feito pelo bispo da diocese, D. Manuel Felício.

 

Lisboa - Feira do Livro, 17h00 - Debate «O futuro é também feminino» na Feira do Livro de Lisboa com o padre e poeta José Tolentino Mendonça, a jornalista Laurinda Alves e a professora Teresa Vasconcelos.

 

Lisboa - Feira do Livro, 18h00 - O livro “Contra a Eutanásia”, escrito por Lucien Israël, é apresentado este 

 

domingo na Feira do Livro de Lisboa e relança a Multinova, Editores e Livreiros, que volta a editar após uma década.

 

06 de junho

Algarve - Jubileu dos Presbíteros

 

Açores - São Miguel - Encontro Ibérico das Comissões Episcopais de Comunicação Social (termina a 08 de junho)

 

07 de junho

Viana do Castelo - Conselho Presbiteral da Diocese de Viana do Castelo onde os conselheiros apresentam sugestões para a celebração do 40º aniversário da diocese.

 

Porto – UCP - Sessão do seminário sobre «Corpo e afectividade. A recepção de Michel Henry no espaço da lusofonia» orientado por Florinda Martins

 

Lisboa - UCP (Anfiteatro 1) - Investigadores de várias universidades vão estudar «A religião nas múltiplas modernidades», na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. (termina a 08 de junho)

 

 

 

 

04 de junho, Simpósio Internacional Antoniano ‘Exulta Lusitania Felix’

10h-19h00, Centro Cultural Franciscano, em Lisboa.

O Museu de Lisboa – Santo António e o Centro Cultural Franciscano vão promover o simpósio sobre a importância de Lisboa e Coimbra na formação teológica e intelectual de Santo António, nos 70 anos da sua proclamação de Santo António Doutor da Igreja (1946-2016), “único santo de nacionalidade portuguesa com essa distinção”.

 

04 de junho, Apresentação ‘A Lista do Padre Carreira’
18h00 Auditório Feira do Livro de Lisboa

O jornalista António Marujo conta a história de um segundo refugiado, ainda vivo, salvo pelo sacerdote português~, durante a ocupação nazi de Roma, que foi declarado ‘Justo Entre as Nações’ pelo Yad Vashem, o Memorial do Holocausto, de Jerusalém.

 

08 de junho, Concerto para o (Des)envolvimento
21h30, auditório do Seminário de Vilar, Porto

Miguel Araújo; VIA; Diogo Brito e Faro; HK&Friends e Meninos do Coro num concerto de angariação de fundos para o apoiar projetos e missões da ONGD Leigos para o Desenvolvimento.

 

09 e 10 de junho, Peregrinação das crianças ao Santuário de Fátima

Com o lema ‘Deus está contente’ o encontro anual é presidido por D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda. O programa inclui visitas aos locais das aparições do Anjo de Fátima, na Loca do Cabeço e em Aljustrel; Oferta de flores na Capelinha das Aparições, e uma encenação na Basílica da Santíssima Trindade

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

10h30 - Oitavo Dia

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 05 de junho -  Cuidar da casa comum: desafios no Dia Mundial do Ambiente

 

Segunda-feira, dia 06 - 

Entrevista ao padre Manuel Morujão sobre o Congresso Eucarístico Nacional

 

Terça-feira, dia 07 - Entrevista a professores e alunos de EMRC do 1º Ciclo

 

Quarta-feira, dia 08 de junho - Entrevista a professores e alunos de EMRC do secundário

 

Quinta-feira, dia 09 - Informação e entrevista sobre o projeto "Dates Católicos"

 

Sexta-feira, dia 10 -  Análise à liturgia de domingo pelos padres Nélio Pita e Robson Cruz.

 

 

Antena 1

Domingo, dia 05 de junho - 06h00 - A diocese de Viana do Castelo 

 

 

Segunda a sexta-feira, 6 a 10 de junho - 22h45 - Dia de Portugal e das Comunidades portuguesas: Canadá; EUA; Bélgica, França; importância da celebração deste dia.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 10.º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ser profetas de Deus
 

A dimensão profética percorre a liturgia da Palavra deste 10.º domingo do tempo comum: em Elias, o profeta da esperança e da vida; em Paulo, o profeta do Evangelho recebido de Deus; e particularmente em Jesus, o grande profeta que visita o seu povo em atitude de total oblação.

A primeira leitura apresenta-nos a figura da mulher de Sarepta, que significa a perda da esperança, e a figura do profeta Elias, que acredita no Deus da vida, que não abandona o homem ao poder da morte, ressuscitando o filho da viúva.

Na segunda leitura, acolhemos a absoluta gratuidade da conversão de Paulo, para quem o Evangelho é uma força vital e criadora, uma dinâmica profética que ele recebeu diretamente de Deus.

No Evangelho, temos a revelação de Deus expressa na atitude de piedade e compaixão de Jesus no milagre da ressurreição do filho da viúva. Deus visita o seu povo em Jesus, um grande profeta, que oferece a sua vida, a alegria de uma vida aberta com todo o sentido.

Percebemos ainda todo o carácter de sinal presente no milagre. A ressurreição do filho da viúva testemunha Jesus que há de vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a morte. Significa que, para nós, Deus Se encontra onde há sentido da piedade, do amor vivificante. Seguindo Jesus, só podemos também suscitar vida, ter piedade dos que sofrem, oferecer a nossa ajuda, ser próximos, ter uma atitude de oblação.

Podemos optar: ou fazemos da nossa vida um cortejo de morte, dos sem esperança, que acompanham o cadáver, em atitude de choro, de luto, de desespero; ou fazemos do nosso peregrinar um caminho de esperança, 

 

 

 

 

de ressurreição, de transformação do choro e da morte em sentido de vida. Podemos escolher, é certo. Mas se somos seguidores de Cristo e nos deixamos visitar por este grande profeta, não temos alternativa!

A partir da liturgia de hoje, continuemos a interrogar-nos sobre o sentido da profecia para os tempos atuais. Como ser profeta à luz da Palavra de Deus que ilumina os acontecimentos das nossas vidas, da Igreja e do mundo?

O profeta é uma pessoa do seu tempo, marcado pelas descobertas, conquistas, contradições e  

 

esperanças do ser humano. É também alguém com uma fé profunda, com uma consciência muito forte da presença de Deus na própria vida. A vida de união e de comunhão com Deus deve impregnar a vida do profeta, levando-o a interpretar todos os acontecimentos políticos, sociais e religiosos à luz de Deus.

Profetas de Deus, somos desafiados a descobrir, acolher e propor o projeto de Deus. É essa a nossa vocação e missão.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Mais de oito milhões de fiéis já visitaram Roma no Ano da Misericórdia

 

A Igreja Católica está a viver o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, e a Santa Sé já registou “mais de oito milhões de fiéis e peregrinos em Roma e no Vaticano”.

O número de peregrinos que se desloca ao Vaticano é calculado a partir da inscrição que é necessário fazer para atravessar a Porta Santa da Basílica de São Pedro e para participar nos eventos jubilares e foi divulgado pela página da internet sobre o Jubileu da Misericórdia, citada pela Rádio Vaticano.

O portal oficial do jubileu informa que, em menos de seis meses desde o início do Ano Santo, foram registados “mais de 8 milhões de fiéis e peregrinos” em Roma e no pequeno 

 
 

Estado católico para participarem em eventos religiosos.

A contagem iniciou no dia 8 de dezembro de 2015 e aumentou com a chegada da primavera sendo que o jubileu que congrega a Igreja Católica no tema da Misericórdia termina a 20 de novembro.

A canonização de madre Teresa de Calcutá no dia 04 de setembro é um dos eventos que se espera que atraia muitos peregrinos ao Vaticano, assinala a emissora do Vaticano.

Por exemplo, a exposição dos corpos dos frades capuchinhos o padre Pio de Pietralcina e de São Leopoldo Mandic e as audiências jubilares extraordinária do Papa Francisco, uma vez por mês ao sábado, foram os eventos que registaram maior número de peregrinos em Roma.

 

 

 

 

Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Évora recebeu Jubileu das Famílias

A Arquidiocese de Évora promoveu a peregrinação das famílias ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa, que contou com a participação de mais de duas mil pessoas.

Durante o evento, acompanhado pela Agência ECCLESIA, o arcebispo de Évora incentivou todas as famílias a “fortalecerem os laços do amor” e a “cultivarem as obras de misericórdia, a partir do próprio ambiente familiar”.

D. José Alves desafiou ainda os casais a saberem “apreciar os dons do matrimónio”, mesmo no meio do “mar imenso de problemas que afetam a família”, económicos, morais e espirituais.

“Infelizmente, o egoísmo, o comodismo, a intolerância e até a irresponsabilidade também povoam os ambientes familiares”, lembrou o arcebispo.

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição, além de ser um dos locais de cultos mais emblemáticos da região alentejana e mesmo do país, 

 

é também a única “porta santa” da Arquidiocese de Évora, no contexto do Ano Santo da Misericórdia.

Segundo o reitor do santuário, este ano está a ser “de uma riqueza extrema”.

“Os grupos surgem, inscrevem-se, telefonam, marcam, celebram, juntam-se às vezes à comunidade paroquial, porque o santuário também é paróquia, trazem o seu bispo, os seus párocos. Sei que as pessoas abalam muito felizes”, frisou o padre Francisco Couto.

O programa da peregrinação incluiu um almoço partilhado no Seminário de São José, em Vila Viçosa, e atividades lúdicas e musicais na Escola Secundária Hortênsia de Castro.

 

 

Síria: AIS juntou igrejas Católica

e Ortodoxa em oração pela paz

Em nome dos filhos

São milhares as crianças da Síria que apenas conhecem o dia-a-dia de um país em guerra. Todas elas carregam já histórias de sofrimento, de dor, de medo. Estas crianças são o rosto maior de uma tragédia que parece não ter fim à vista. No passado dia 1 de Junho, as Igrejas Católica e Ortodoxa estiveram juntas em oração pela paz.

Muitas vezes, as crianças brincam às guerras. Na Síria, as crianças vivem na guerra. Em muitos lugares, tragicamente, as suas vidas estão marcados pelo ritmo dos combates, pelo som da artilharia, pelo zumbido das bombas largadas pelos aviões, pelos prédios esfacelados, pelas ruas cheias de escombros, pelas sirenes das ambulâncias, pelos gritos de dor. Pela morte. Na Síria, há milhares de crianças que não compreendem como alguém pode brincar às guerras. Os números mais recentes da UNICEF falam de uma tragédia que é difícil de entender. Cerca de 3,7 milhões de crianças  – ou seja, uma em cada três crianças sírias – nasceram depois

 

do início do conflito há cinco anos. Muitas delas, mais de 150 mil, nasceram já como refugiadas.

Todas as guerras são trágicas, difíceis de compreender. A guerra na Síria parece querer reunir o que de pior o homem é capaz de produzir. Há cidades cercadas, milhares de pessoas sem acesso a água, luz, combustível, alimentos e medicamentos. O barulho das armas parece tão ensurdecedor que não deixa escutar os gritos das pessoas encurraladas, o desespero dos pais que levam os filhos ensanguentados nos braços, depois de mais um ataque, depois de mais uma explosão.

 

Oração pela paz

Na Síria, quando tudo o mais parece falhar, resta a fé. Dia 1 de Junho, dia Internacional da Criança, as Igrejas Católica e Ortodoxa estiveram juntas em oração pela paz, numa iniciativa da Fundação AIS que mereceu o aplauso do Papa Francisco. Em

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

nome dos filhos que todos já perderam, em nome das crianças órfãs, das que ficaram mutiladas, das que foram arrancadas às suas famílias e obrigadas até a combater, os cristãos da Síria entoaram orações. Os seus dedos não carregaram nos gatilhos das armas mas dedilharam, isso sim, as contas dos rosários. Todos estes cristãos foram sinal de que

 

o fim da guerra é possível. As crianças na Síria não sabem o que é a paz. Deus chora também com as lágrimas de cada uma delas, cada vez que ficam tolhidas pelo medo, cada vez que ouvem o zumbido das bombas a cair, cada vez que se cruzam com a morte e o sofrimento..

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt 

 

 

Hiroshima, nunca mais!

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

O mundo comoveu-se com o abraço de Obama a um dos sobreviventes do bombardeamento nuclear de Hiroshima, durante a Segunda Guerra Mundial. Ainda nos sentimos horrorizados perante a barbárie de tais ataques atómicos, pelas consequências que perduram 70 anos depois! Foi mau demais e até parece que os líderes mundiais dos tempos que correm não aprenderam a lição!

Neste 27 de Maio, também os líderes políticos dos EUA e Japão se abraçaram em Hiroshima e prometeram não repetir actos de barbárie como os que arrasaram esta cidade e a de Nagasaki.

A reunião que levou os líderes dos que se auto-proclamaram ‘sete países mais fortes do mundo’ (G-7) ficou aquém do que se esperava, no que aos ataques nucleares diz respeito. Pretendia-se que Obama pedisse perdão pelo lançamento das bombas naquele longínquo 1945! Mas não! O presidente americano limitou-se a falar mal das guerras e a prometer que tudo faria que não se recorresse mais a bombas nucleares. Foi pouco demais!

Disse Obama: “Meras palavras não conseguem dar voz a este sofrimento, mas temos uma responsabilidade partilhada em olhar directamente nos olhos da história, e perguntar o que devemos fazer de forma diferente para evitar que volte a acontecer”. E acrescentou: “Entre os países que, como o meu, possuem reservas nucleares, temos de ganhar coragem para escapar à lógica do medo e para promover um mundo sem elas”.

 

 

 

 

 

 

 

 

Na sua intervenção, o primeiro-ministro japonês afirmou que ‘é responsabilidade nossa assegurar que não repetimos este evento horrível em nenhuma parte do mundo’.

Os grandes deste mundo continuam a achar-se donos disto tudo. Decidem quem é grande, reúnem-se com a agenda que fazem, tomam decisões que afectam a todos, mas que apenas a eles beneficiam. É assim que avança (ou não!) o mundo onde somos obrigados a viver.

As relações internacionais – digo-o há muito tempo - não assentam no bem das pessoas, mas nos interesses dos grandes. É triste constatar que é assim que o mundo gira, gerando enormes 

 

bolsas de pobreza, resultado de injustiças gritantes na distribuição e gestão dos bens que Deus criou para todos. Tem razão George Orwell quando diz que ‘somos todos iguais, mas há alguns que são mais iguais que outros!’. Viu-se isto em Hiroshima e vamos percebendo, por esse mundo além, que esta é a verdade que nos define e é lei que os mais fortes vão impondo aos mais fracos.

Até quando vamos suportar estas injustiças gritantes, resultantes daquilo a que o Papa Francisco chama ‘as economias que matam’?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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