|
||
Octávio Carmo 20 - OpiniãoComissões Episcopais de Comunicação Social das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha Paulo Rocha Dia de Portugal
|
José da Silva |
|
Foto da capa: Lusa Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
|
Opinião |
|
Portugal e as Comunidades
Paulo Rocha| Sérgio Marques | Octávio Carmo | Manuel Barbosa Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques |
Partidas e regressos |
||
Octávio Carmo |
|
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas tem o condão de, anualmente, recordar que o país tem há muitos séculos mais população do que as suas fronteiras encerram e que, afinal, não somos tão pequenos como nos habituamos a pensar. Hoje a questão da emigração voltou à ordem do dia, colocando os portugueses diante da questão de saber se os que partem algum dia voltarão. Pensamos no que se perde, que é muito. Mas outras coisas ficam. Milhões de portugueses, lusodescendentes e pessoas com ligação direta a Portugal |
|
||
vivem nos cinco continentes e constituem uma das principais riquezas do país, a nível cultural, económico emesmo religioso. São ainda um questionamento à nossa “portugalidade”: há uma diferença entre ‘estar’ numa terra e ‘ser’ dessa terra. Quem parte nunca deixa de ser e muitos dos que nunca cá estiveram, como os filhos ou netos dos emigrantes, têm Portugal como referência do que são.
|
Qualquer consideração sobre a questão migratória é, antes de mais, uma reflexão sobre a vida real, a dor, o amor: recordemos o sentimento de tantas mães e avós que viram partir os seus filhos e netos para terras distantes. Partidas e chegadas, encontros e desencontros, diálogos e conflitos com o conhecido e o desconhecido. Que nunca nos esqueçamos disso. |
|
|
||
|
|
|
Hospital de São José, Lisboa: Conferência de imprensa da equipa clinica que acompanhou uma mulher grávida (37 anos) que ficou em morte cerebral desde 20 de Fevereiro – 15 semanas - e teve um rapaz, com 2,350 quilos, após gestação de 32 semanas, a 07 junho 2016. Foto: Neverfall / Global Imagens |
|
||
|
-“Verifico que o decreto enviado para promulgação não acolhe as condições cumulativas formuladas pelo Conselho Nacional de Ética e para as Ciências da Vida, como claramente explicita a declaração de voto de vencido do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português.” Veto do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao decreto da Assembleia da República sobre as “barrigas de aluguer”, 07 jun 2016, in presidencia.pt
“A FIFA está ao lado da Federação Portuguesa e vamos trabalhar juntos para o bem do futebol. Para um futebol novo, moderno, com vídeo árbitro, com transparência e humildade”
“Entendemos que é justa uma melhoria salarial dos trabalhadores. Mas é incorreto e até é imoral que neste momento se abra uma exceção para elevar os salários ou os vencimentos dos gestores da CGD, sejam eles quem forem”,
|
|
|
Media: Encontro Ibérico sublinhou importância de abertura e colaboração
|
||
Os bispos de Portugal e Espanha que coordenam o setor dos media nas respetivas Conferência Episcopais reuniram-se nos Açores para o seu encontro ibérico e afirmaram a necessidade de incluir “ideias que chegam de fora” nos seus projetos de comunicação. “Se abandonarmos a |
autorreferencialidade, podemos encontrar valiosos contributos para o nosso trabalho na comunicação quando saímos ao encontro daqueles que habitam as periferias existenciais”, referem os bispos no documento conclusivo. Os membros das Comissões Episcopais que coordenam o setor dos media |
|
|
|
||
estiveram na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel. “É mais uma oportunidade para trocar impressões, trocar informações, trocar experiências. Na sequência do que têm sido os encontros em anos anteriores, é uma experiência humanamente muito enriquecedora e ajuda a iluminar aquilo que são as nossas preocupações, a encontrar respostas”, disse o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Portugal. À Agência ECCLESIA, D. Pio Alves explicou que no encontro entre as duas comissões ibéricas é sempre abordada uma questão concreta do mundo da comunicação e sublinha que existe um “estreitamento de relações, troca de informações e conhecimentos” que ajudam a que se situem “com mais realismo” no que é “o panorama concreto da comunicação em Portugal”. ‘Parcerias e redes na comunicação na Igreja’ foi o tema para a reunião de trabalho, no Centro Pastoral Pio XII, da Diocese de Angra. O diretor do Secretariado de Meios de Comunicação Social da Conferência Episcopal Espanhola defendeu durante os trabalhos que a |
comunicação em rede na Igreja Católica exige preparação e confiança recíproca e tem de partir da “escuta”. Para o padre José Gabriel Vera, as parcerias em comunicação devem fundamentar-se numa relação de “confiança nas pessoas”, na certeza de que todas “trabalham na mesma direção”. Para o padre José Gabriel Vera, as redes sociais “não servem para fazer homilias ou sermões”, mas têm de ser um “lugar de encontro onde as pessoas se sentem escutadas pela Igreja”. “Não são um placard de anúncios, onde a Igreja coloca o que faz, mas uma sala, um pátio onde a Igreja dialoga com as pessoas”, disse o responsável da CEE. Carmo Rodeia, colaboradora do portal da internet ‘Igreja Açores’, apresentou no Encontro Ibérico a estratégia de comunicação na Diocese de Angra, que potenciou a “rede local” da Igreja Católica e a dos meios de comunicação social regionais como meio de agilizar a comunicação. O Encontro Ibérico das Comissões Episcopais de Comunicação Social de Portugal e Espanha terminou esta quarta-feira, com a apresentação das conclusões (ver página 20). |
|
|
Papa envia mensagem para o Congresso Eucarístico Nacional |
||
O Papa Francisco deseja que o IV Congresso Eucarístico Nacional que começa hoje em Fátima seja uma oportunidade de reflexão sobre a importância da misericórdia, num mundo marcado pelo “antropocentrismo desordenado”. “Nesta nossa época, em que um antropocentrismo desordenado gera um estilo de vida desordenado, não deveria surpreender que, juntamente com a omnipresença do paradigma tecnocrático se adore o poder humano sem limites”, refere a carta de nomeação do enviado especial para o evento, citando a encíclica ‘Laudato Si’. Francisco escreve que, perante este cenário, “os homens têm necessidade da adoração verdadeira e humilde, feita diante do Santíssimo Sacramento”. O representante do Papa neste IV Congresso Eucarístico Nacional é o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (Santa Sé), cardeal João Braz de Aviz, natural do Brasil. O pontífice argentino designou ainda |
como membros da Missão Pontifícia o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, e o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa. “Aos homens, atribulados por tantas e tão grandes angústias, a Igreja mostra continuamente o caminho da salvação e oferece às almas o pão delicioso e a bebida salutar, remédio da imortalidade, instituído pelo Senhor Jesus na Última Ceia”, refere Francisco. O Papa elogia a decisão de promover este congresso, cujo tema é ‘Viver a Eucaristia, fonte de misericórdia’, como forma de preparar “um acontecimento da maior importância”, isto é, “a comemoração dos cem anos das aparições da Rainha da Paz, em Fátima”. |
|
|
Comissão Nacional Justiça e Paz denuncia desigualdades |
||
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) denunciou a “desigualdade” na repartição de sacrifícios em Portugal e alertou para o fosso crescente entre ricos e pobres. “Uma desigualdade na repartição de sacrifícios necessários que prejudique os mais pobres ofende elementares sentimentos de justiça e o princípio da solicitude preferencial pelos mais pobres que deve orientar a ação do Estado”, refere o organismo laical ligado à Conferência Episcopal Portuguesa. A nota ‘Atenção aos mais pobres’, enviada à Agência ECCLESIA, sublinha que “níveis excessivos e crescentes de desigualdade” prejudicam a coesão social e o “sentido de pertença à empresa e à comunidade global”. Em maio, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que o fosso entre as famílias portuguesas com maiores rendimentos e as de mais baixos recursos aumentou entre 2004 e 2014, sendo que a quebra do rendimento médio da população em geral atingiu 16,5% entre 2010 e 2013, A CNJP considera que, apesar de a redução de salários e pensões ter sido “proporcionalmente mais |
acentuada nos mais elevados”, a redução de apoios sociais, “precisamente quando eles eram mais necessários, provocou tal efeito”. “A pobreza constitui uma ofensa à dignidade humana e, por isso, uma violação dos direitos humanos”. Para o organismo católico, é urgente alertar para a necessidade de “outra atenção aos mais pobres”, também os “desprovidos de projeção mediática e força política e eleitoral”. “Para tal, não basta a reposição de salários e pensões que continua a beneficiar mais, proporcionalmente, a classe média, nem acreditar ilusoriamente que terminou a necessidade de sacrifícios imposta pela exigência de redução das dívidas pública e privada”, conclui o documento. |
|
|
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
|
||
|
|
|
Religioso beneditino frei Bernardo de Vasconcelos declarado venerável |
||
|
|
|
Entrevista sobre o projeto «Dates Católicos» |
Dois novos santos para a Igreja
|
||
O Papa presidiu no Vaticano à canonização de Santo Estanislau e Santa Isabel Hesselblad, naturais da Polónia e da Suécia, respetivamente, e disse que a ressurreição de Jesus é a resposta ao sofrimento da humanidade. “Na Paixão de Cristo, temos a resposta de Deus ao grito angustiado, e às vezes indignado, que a experiência do sofrimento e da morte suscita em nós. É preciso não fugir da Cruz, mas permanecer lá”, declarou, na homilia da Missa que decorreu na Praça de São Pedro. Milhares de pessoas participaram na |
cerimónia de canonização do religioso polaco Estanislau Papczysnki (1631-1701), fundador da Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição da Beatíssima Virgem Maria, e da religiosa sueca Maria Isabel Hesselblad (1870-1957), fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida. Santo Estanislau, fundador da primeira congregação masculina na Polónia, é recordado pela biografia oficial do Vaticano como um “mestre espiritual” e um escritor “prolífico” que convidou as pessoas a “contemplar a misericórdia de Deus”. |
|
||
O superior geral da congregação, padre Andrzej Pakula, recordou o “exemplo de total dedicação a Cristo e à Igreja” do novo santo. “Foi um profícuo escritor de livros de espiritualidade para promover a confiança à misericórdia de Deus e a santidade dos religiosos e dos leigos”, recorda. Santo Estanislau Papczysnki tornou-se famoso em Varsóvia como professor de retórica e professore de espiritualidade, contando-se entre os seus penitentes o então núncio apostólico na Polónia, Antonio Pignatelli, futuro Papa Inocêncio XII. A Congregação dos Marianos foi implantada em Portugal em 1754; uma delegação portuguesa acompanha a celebração no Vaticano. Já religiosa sueca Maria Isabel
|
Hesselblad (1870-1957), converteu-se ao catolicismo e destacou-se pelo serviço aos mais pobres, tendo protegido famílias de judeus durante a perseguição nazi, em Roma. A nova santa católica foi uma enfermeira, emigrante nos EUA, onde trabalhou no Hospital Roosvelt (Nova Iorque), em contacto com populações vulneráveis; em 1902 converteu-se do luteranismo ao catolicismo e no ano seguinte mudou-se para Roma, onde em 1911 fundou a Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida, inspirando-se na primeira religiosa sueca a ser canonizada. Maria Isabel Hesselblad tinha sido beatificada pelo Papa João Paulo II a 9 de abril do ano 2000. |
|
|
Igreja é a família de Jesus |
||
O Papa Francisco afirmou no Vaticano que a Igreja é “a família de Jesus”, falando perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal. “A Igreja é a família de Jesus, na qual se derrama o seu amor: é este amor que a Igreja guarda e quer dar a todos”, realçou, numa intervenção que decorreu na Praça de São Pedro. O Papa partiu do relato do “primeiro milagre” de Jesus no Evangelho segundo São João, a transformação da água em vinho numas bodas em Caná da Galileia. Francisco apresentou este episódio como símbolo da “nova aliança de amor” entre Jesus e cada crente, um “ato de misericórdia” que é o “fundamento” da fé cristã. “A vida cristã é a resposta a este amor, é como a história de dois enamorados: Deus e o homem encontram-se, procuram-se, descobrem-se, celebram-se e amam-se, precisamente como o amado e a amada no Cântico dos Cânticos. Tudo o resto é consequência desta relação”, precisou. A catequese apresentou o vinho como expressão da “abundância” e sublinhou a “vergonha” que teria representado para os noivos de |
Caná não o poder oferecer aos seus convidados. “Imaginem vocês acabarem a festa do casamento a beber chá?”, gracejou. Francisco assinalou depois que foi Maria, mãe de Jesus, a tomar a iniciativa de resolver o problema, junto do seu filho, dizendo aos empregados: “Fazei o que Ele vos disser’”. “É curioso, são as suas últimas palavras relatadas pelo Evangelho, são a herança que oferece a todos nós”, acrescentou. O encontro tinha começado com um cumprimento especial: “Gostaria de saudar um grupo de casais, ali ao fundo, a celebrar o 50.º aniversário de casamento. Este sim é o vinho bom da família! O vosso é um testemunho que os casais jovens - que vou cumprimentar depois - e os jovens devem aprender. É um belo testemunho, obrigado pelo vosso testemunho". |
Nova legislação para abusos sexuais |
||
O Papa Francisco publicou novas orientações legislativas que preveem a remoção do cargo de bispos que sejam considerados negligentes na gestão de casos de abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis. Os responsáveis por dioceses católicas dos vários ritos podem ser "legitimamente" removidos do seu encargo, caso se determine que tenham "por negligência, realizado ou omitido atos que tenham provocado dano grave a outros”, tanto a pessoas como à comunidade. O Motu Proprio (documento legislativo de iniciativa pessoal do pontífice), intitulado ‘Como uma mãe amorosa’, sublinha que "a missão de proteção e do cuidado" diz respeito à toda Igreja, mas envolve em particular os bispos. "O bispo diocesano ou o eparca pode ser removido apenas quando tenha objetivamente falhado de maneira grave à diligência que lhe é pedida pelo seu ofício pastoral, ainda que sem grave culpa moral da sua parte", precisa. No caso de abusos sobre menores ou adultos vulneráveis "é suficiente que a falta de diligência seja grave". “O dano pode ser equilíbrio físico, moral ou espiritual”, especifica o |
documento assinado por Francisco. O Papa sublinha que “empregar uma particular diligência” em proteger aqueles que são “os mais vulneráveis entre as pessoas a eles confiadas” é dever dos bispos diocesanos e dos superiores maiores de Institutos Religiosos e das Sociedades de Vida Apostólica de Direito Pontifício. Francisco indica também que quando os indícios são “sérios” a autoridade competente da Cúria Romana pode começar “uma investigação” e informar a pessoa que tem a oportunidade de defesa “com os meios previstos pela lei”, através de depoimentos e documentos. O artigo seguinte explica que, antes de decidir, a Congregação competente deve reunir-se, se necessário, com outros bispos da Conferência Episcopal à qual o investigado faz parte. |
|
|
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
|
||
|
|
|
Vaticano promove congresso internacional contra «preconceito» face à lepra |
||
|
|
|
Jubileu dos Sacerdotes celebrado em Roma com o Papa Francisco |
Conclusões do Encontro Ibérico 2016 |
||
Nós, bispos das Comissões Episcopais de Comunicação Social das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha, realizámos entre os dias 6 e 8 de junho o nosso encontro anual de trabalho, na cidade de Ponta Delgada (Açores, Portugal), com o tema “Parcerias e redes na comunicação na Igreja”. O contexto histórico e geográfico do nosso encontro permitiu verificar in loco o trabalho de comunicação numa diocese insular, formada por nove Ilhas, que tem na comunicação um fator de encontro e de comunhão para a Igreja local. Prova disso é o número de comunicadores que esta terra deu à comunicação em Portugal, na Igreja e fora dela. A passagem evangélica da rede (Lc 5, 1-12), com a sua riqueza simbólica, foi o fio condutor da nossa reflexão. A força da rede de comunicação é a do seu fio e do seu nó mais frágil, por isso, é necessário rever as redes para torna-las cada vez mais importantes para a missão da Igreja. A partir das conferências apresentadas e do diálogo que elas nos suscitaram, desejamos oferecer as conclusões do nosso trabalho para potenciar parcerias no mundo da comunicação das redes sociais. |
1. A comunicação é imprescindível para a missão da Igreja. A Igreja existe para comunicar a mensagem de salvação, é a sua identidade. Esta comunicação deve ter em conta a atual cultura mediática e, por isso, deve caraterizar-se pela rapidez, a simplicidade, a proximidade e uma apresentação atraente da mensagem.
2. Na comunicação devemos também estar atentos às ideias que chegam de fora dos nossos âmbitos. Se abandonarmos a autorreferencialidade, podemos encontrar valiosos contributos para o nosso trabalho na comunicação quando saímos ao encontro daqueles que habitam as periferias existenciais.
3. As redes sociais devem superar o modelo unidirecional e ser lugares de encontro e de diálogo com as pessoas que habitam o continente digital. Como diz o Papa Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, “a comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade”.
|
|
|
||
4. O serviço de comunicação na Igreja deve ser desenvolvido com profissionalismo e, sempre que possível, por profissionais que assumam o seu trabalho como uma missão eclesial. Estes devem formar-se para ser lugar de encontro entre a instituição e a comunicação, entre a Igreja e os meios de comunicação social. 5. A confiança nos comunicadores da Igreja é um valor imprescindível para a eficácia da comunicação. Essa confiança é devida tanto aos que na Igreja têm a responsabilidade de governar como àqueles que, nos meios de comunicação, encontram neles uma fonte imprescindível para cumprir a sua missão. A confiança fundamenta-se na verdade, na transparência e no estabelecimento de relações pessoais de qualidade. 6. O exemplo do Papa Francisco ilumina o mundo da comunicação pela proximidade e coerência que manifesta. É um valioso modelo para os comunicadores. Ao realizar esta reflexão, queremos |
valorizar e agradecer o trabalho dos profissionais da comunicação. Oferecemos a cada um deles, como proposta para um profissionalismo ao serviço das pessoas, as palavras do Papa Francisco na sua última Mensagem para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento”. Continua o Papa Francisco, “as palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente físico como no digital”. Convidamos todos os profissionais da comunicação, neste ano jubilar, “a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas comunidades”. Ponta Delgada, 8 de junho de 2016
Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
Comisión Episcopal de Medios de Comunicación Social de España |
|
Partir para fazer da vida
|
||
Paulo Rocha
|
10 de junho é o dia que socialmente mais me afeta por nele se assinalar o Dia de Portugal, de Camões e sobretudo das Comunidades Portuguesas. Mais do que histórias de emigração na família – que também as há - ou na região de onde também saí, são sobretudo os migrantes da atualidade e as travessias que levam à morte de pessoas que chamamos refugiados e que, também por isso, são emigrantes, que confirmam esses sentimentos. Emigrar é bom e mau, produz emoções positivas e negativas, gera esperança e também ansiedade provocada pela indefinição de muitas partidas. Na atualidade, quem tem de partir porque não encontra o essencial para viver no ambiente onde nasceu tem de ter a coragem e a capacidade de recriar laços familiares, quando possível, ou pelo |
|
||
menos de amizade num novo lugar, numa nova cultura, num novo ambiente. Quem o consegue é um herói! Quando essa condição essencial para ser emigrante não é conquistada, a comunidade de acolhimento tem de se interrogar e sobretudo os empregadores e os “facilitadores” de trabalho devem colocar a mão na consciência – se a encontrarem – porque muitos dos insucessos entre os que emigram têm na sua origem comportamentos corruptos em contexto laboral. Infelizmente, os fluxos migratórios, as travessias dos refugiados e a decisão de partir para sítios desconhecidos tem com frequência na sua origem uma obrigação, quando deveria estar uma opção: A opção de partir ao encontro do melhor para cada um, para a família, para uma comunidade. |
Por outro lado, felizmente há contextos da mobilidade que têm na sua origem uma escolha: Nas migrações e sobretudo no turismo. O local que esta fotografia documenta foi visitado esta semana. É a Lagoa do Fogo, na Ilha de São Miguel. Vi-a num dia de céu aberto, com muito sol e poucas nuvens. Um local emblemático dos Açores, para muitos a lagoa mais bonita, que sugere esse ideal a manter sempre no horizonte quando está em causa a mobilidade humana: partir deveria ser sempre uma opção e em ordem a destinos que provocam encontros com o que é belo… Sobretudo os que transformam a vida em lugares de beleza. (O Papa Emérito Bento XVI afirmou em Portugal no dia 12 de maio de 2010: “Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”) |
|
|
||
|
|
|
O 10 de junho está no centro desta edição o Semanário ECCLESIA, que evoca a experiência e a presença da Igreja Católica junto dos emigrantes portugueses em várias partes do mundo, com destaque para França, que este ano acolhe os momentos conclusivos das comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. |
|
||
10h00 – Cerimónia Militar Comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas Local: Terreiro do Paço, Lisboa Continência pelas Forças em Parada Revista às Forças em Parada Cerimónia de Homenagem aos Mortos em Combate Intervenção do Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, Prof. Doutor João Caraça Intervenção do Presidente da República Imposição de Condecorações 1.º Cabo Auxiliar Enfermeiro António Vitório Barriga Alves Nunes (Medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe) Soldado José António Baptista Santana (Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe) Soldado de Transmissões António Maria Alves (Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe) Coronel Técnico Operador de Comunicações e de Criptografia Armando de Jesus Marques Leitão (Medalha de Serviços Distintos, Grau Prata) Sargento-Chefe de Infantaria José António dos Santos Gouveia (Medalha de Serviços Distintos, Grau Cobre) Cabo Telegrafista Luís Alberto Vasques Lopes (Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe) |
Desfile das Forças em Parada Desfile Naval Desfile Motorizado Desfile Aéreo Desfile Apeado 12h00 – Fim da Cerimónia Militar
Deslocação do Presidente da República para Paris 18h15 – Encontro do Presidente da República e do Primeiro-Ministro com o Presidente da República Francesa e o Primeiro-Ministro Francês Local: Palácio do Eliseu, Paris 19h00 – Celebrações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas presididas pelo Presidente da República Local: Mairie de Paris Intervenção da Maire de Paris Intervenção do Presidente da República Francesa Cerimónia de imposição de insígnias (Dama/Cavaleiro da Ordem da Liberdade): Margarida de Santos Sousa José Gonçalves Manuela Gonçalves Natália Teixeira Syed Intervenção do Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações Intervenção do Presidente da República |
|
Portugueses «empurrados» para a emigração para “salvar a vida”
A 10 de junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Este ano, pela primeira vez, as comemorações oficiais acontecem também fora de Portugal, em Paris, junto de uma das mais antigas comunidades portuguesas. José Coutinho da Silva faz parte dessa comunidade há 45 anos e foi com ele que a Agência ECCLESIA quis saber como é vivido cada 10 de junho. Apesar da distância, também numa conversa pelo telefone, falar de Portugal “mexe por dentro” e há uma palavra que está sempre presente: saudade.
Entrevista conduzida por Sónia Neves |
||
Agência ECCLESIA (AE) – Que significado tem a comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, este ano com a presença do presidente da República? José Coutinho da Silva (JCS) – Esta comemoração com o presidente da República aqui em França, além de surpreendente, corresponde a uma tentativa de recuperar o tempo perdido. Tenho refletido sobre os motivos que o terão levado a esta decisão e penso que pode ser entendido como uma maneira de |
voltar a dar a esperança a muitas pessoas, sobretudo aos emigrantes mais recentes em França, às camadas mais jovens da Nação portuguesa que não encontrou futuro em Portugal e que, para muitos, foi uma esperança perdida. Esta é uma tentativa de dizer que ainda continuamos a ser portugueses e que Portugal, o nosso retângulo, continua a pensar em nós. Eu leio este acontecimento como um voltar a dar a esperança a muitas pessoas que podemos e devemos reconhecer como portugueses.
|
|
||
Sentimo-nos esquecidosAE – Os jovens licenciados portugueses foram ‘’empurrados’’ para emigrar… Acredita que esta atitude de comemorar o Dia de Portugal junto de uma comunidade portuguesa emigrante, pode ser considerado um ato de reconciliação? JCS – Não sei se será de reconciliação, mas uma janela aberta para perspetivas de esperança, isso sim. É evidente que a vida se torna cada vez mais dura para as pessoas. Isto de |
serem empurrados para fora, por muitas razões mas a maior por necessidade, marca muito e fere muito profundamente a vida… Mas penso que o facto de dizer que foram empurrados e agora há alguém que pensa em nós e o país vai estar focado na nossa realidade, através das televisões, ou outros meios de comunicação social, através dos discursos. Eu sei que a emigração durante muito tempo foi deixada de lado, sentimo-nos esquecidos, ou incompreendidos, |
|
|
|
||
ignorados, tornámo-nos transparentes para o nosso país, mas penso que esta é uma tentativa. Será interessante ver como é que nos podemos reconhecer como portugueses. É evidente que a situação, hoje, com os anos que passam, as nossas gerações são diferentes, os novos que vieram com quem me vou encontrando estão muito revoltados com a situação em Portugal e há outros que têm uma maneira de olhar para Portugal como nós, que viemos para cá há 40 anos. É um mau momento a passar. Talvez possamos voltar a Portugal, mas há muita gente revoltada e, outros, que se foram acomodando a esta vida normal de 20, 30, 40 anos de emigração, já com filhos, netos e, alguns, já com bisnetos aqui nestas terras de emigração. Cada vez mais somos gente daqui com raízes e memória em Portugal. A saudade ganha uma dimensão muito particular à força de passar os anos aqui em França, mas julgo que pode ser um momento interessante. Conhecendo um pouco do que é a nossa emigração, estes milhares de pessoas estão completamente desligados de Portugal, a não ser pela |
família. Vê-se isso pelo reduzido número de participação nas últimas eleições (97% de abstenção). Estamos ligados à nossa família, aldeias e festas. Para nós, tudo o que passa em Portugal é uma presença permanente, que vivemos com apreensão. Estamos muito mais ligados aos feitos dos futebolistas e de alguns cantores - nem sempre os melhores que por aqui vêm ganhar dinheiro -, mas há sempre uma ligação sentimental. |
|
|
||
AE – Entendo que ainda faz sentido falar em saudade… JCS – Eu penso que sim. Aquilo que nos caracteriza como povo pertencente à portugalidade são as lágrimas que nos vêm aos olhos quando pensamos em Portugal, quando vemos na televisão acontecimentos que nos chocam, situações difíceis, tudo isto mexe muito cá por dentro. Não estamos insensíveis ao que vive o nosso povo.
Emigração coloca portugueses a explorar outros portuguesesAE – Há cerca de 45 anos, quando foi para França, levava muitos sonhos e desejos. Como é que olha para a juventude portuguesa que agora chega aí? JCS – A juventude que chega… (suspira) Eu tenho falado com várias pessoas e é curioso que temos dificuldade em reconhecer-nos do |
mesmo povo. Nós éramos gente fabricada no tempo da ditadura, com um certo nível escolar muito inferior aos que aqui chegam e hoje sentimos que os jovens chegam com a ideia que ‘sou europeu, tenho direitos e reivindico-os’. A nossa maneira de pensar era virmos de ‘orelha baixa’ para nos sujeitarmos a tudo. Talvez a deceção maior e o choque ainda maior é que muita gente chega cá e depois encontra-se em situações difíceis, sujeito a aceitar todo o tipo de trabalho e, infelizmente, e digo isto
|
|
|
||
com muita vergonha, caindo nas mãos de portugueses exploradores que, estando cá há muito tempo, criaram fortuna e se esqueceram de onde vieram. A emigração é um espaço e um tempo favorável a que cada um de nós se posicione em relação a uma História. |
Eu sei de onde vim, procuro um caminho para onde vou e há muita gente que o dinheiro os fez esquecer de onde vieram… Conheço imensa gente nova que chegou cá e caiu nessas mãos. Felizmente que os empresários portugueses não são todos assim mas há muita gente que se aproveita desta novas vagas migratórias e ainda me choca mais quando alguns são considerados empresários de sucesso e até recebem medalhas mas ninguém se preocupa sobre quem se apoia o sucesso deles. É uma linguagem dura mas, infelizmente, é o que vou verificando por cá. |
|
|
||
Portugueses ajudam a ser Igreja nestes locaisAE – Os novos emigrantes procuram menos a comunidade portuguesa… e a comunidade católica? Há uma procura de espiritualidade por parte de quem chega? JCS – A comunidade católica atualmente vai-se situando à parte de algumas comunidades ainda constituídas na região parisiense. Na quase totalidade das dioceses de França, os portugueses que se aproximaram ou que se deixaram aproximar pela Igreja têm uma presença importante na vida das diferentes comunidades paroquiais. Eu vejo, por exemplo, na minha paróquia, em que somos cristãos de 20 ou 30 nacionalidades diferentes e os portugueses aqui, como em muitas comunidades, ajudam a construir a Igreja e a ser Igreja nestes locais. É evidente que ainda há na região parisiense algumas comunidades portuguesas, mas há muito poucos sacerdotes portugueses presentes e, aliás, foi uma norma corrente, nunca houve muitos sacerdotes que pudessem ou que aceitassem vir ou que a Igreja portuguesa quisesse |
enviar para França. Em cada paróquia há ainda a presença de um punhado muito significativo de portugueses que procuram ter as suas manifestações próprias em volta da Nossa Senhora de Fátima, manifestando e participando nas atividades da paróquia. Penso que muito poderíamos dar mas ainda estamos marcados por uma Igreja em que só consumíamos, não nos era nada pedido, não nos puxava para sermos mais responsáveis. Falo das gerações mais antigas porque as novas gerações vêm marcadas por um afastamento da prática religiosa que não é próprio ao facto de estar em França, mas já o viviam antes de virem para cá.
|
|
|
||
AE – Há assim algum desejo para este Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas? Algo que sente como emigrante… JCS – O desejo que posso manifestar é que continuemos a abrir os olhos para as realidades concretas do nosso povo e das pessoas que vêm. Quem emigrou não veio para ser rico mas para “salvar a vida”, ou seja, construir um futuro. As pessoas podem vir |
com ilusões, esperança mas só tentando abrir os olhos para a realidade poderemos construir este povo dentro e fora do país. Fala-se agora do europeu de Futebol, ‘não somos 11 mas 11 milhões’ era preciso que isto criasse raízes profundas em cada um de nós para que continuemos a ser o que somos, um povo de cabeça levantada no meio de outros. |
|
|
Uma celebração no presente,
|
||
A diretora da Obra Católica de Migrações, Eugénia Quaresma, considera o 10 de junho “um dia de memória mas também celebração de futuro” e alerta para a importância de “criar pontes” com as comunidades na diáspora seja pelas entidades politicas como as religiosas. “Espera-se que o 10 de junho seja uma celebração no presente, do passado e do futuro. Devíamos celebrar com alegria, recordar que a diáspora também é Portugal, durante muitos anos não se deu ouvidos. As pessoas falavam, a população falava, |
a diáspora falava somos Portugal, defendemos e acreditamos em Portugal”, assinalou a responsável à Agência ECCLESIA. As comemorações do dia de Portugal podem ter “outros significados” e um efeito de união, de construção “de pontes” porque o país pode ser construído a partir de dentro e “também lá fora”. “Estamos numa altura da história em que não nos podemos fechar em nacionalismos. É importante ressaltar o valor da nação portuguesa, o que tem de mais positivo, a capacidade |
|
|
|
||
de dialogar com outras culturas, de empreender, de aprender e construir”, desenvolveu Eugénia Quaresma. Com os números da migração a ultrapassar os dois milhões nos últimos anos, a entrevistada alerta para os ressentimentos, especialmente, dos mais novos dos anos recentes com quem “é preciso reconciliar essa memória” e recordar os valores que “edificam como povo e como pessoas”. Para a responsável do organismo da Igreja Católica em Portugal os emigrantes não podem ser procurados “em determinadas circunstâncias”, “para pedir coisas ou do ponto de vista financeiro”. “Elas não esquecem, é uma questão de preservação da identidade, o |
reavivar de tradições sejam culturais, gastronómicas, religiosas. Há uma grande sede em mostrar este Portugal em crescimento”, acrescenta. A diretora da Obra Católica de Migrações observa ainda que a nível eclesial as comunidades têm o “papel de redescobrirem o seu potencial evangelizador” de testemunho e “mostrarem que a fé continua a fazer sentido” com o testemunho cristão no trabalho e na escola. “A vivência da fé não pode ser esquecida, é preciso que as nossas comunidades não se sintam abandonadas. É preciso aprofundar essa vivência e só se vive e só se aprofunda mais em comunidade e não de forma isolada”, conclui Eugénia Quaresma. |
|
|
Madeira: sociedade global, plural e poliédrica e multicultural
|
||
A sociedade madeirense é uma sociedade global, plural e poliédrica e multicultural, que influencia quem com ela se cruza e se deixa marcar pelas culturas com que interage. Aberta à diferença, não se deixou agrilhoar às ilhas que a viu nascer: o mar sempre foi uma estrada imensa para onde quer que desejasse ir. E foi, e criou laços, e constituiu família, e prosperou, e manteve a ligação à terra, à cultura, à sua matrizi dentitária e estabeleceu |
comunidades, e associações e manteve vivo a o espírito madeirense. Levou consigo a autenticidade, a estoicidade, a resiliência, o desejo de vencer e com essas características tão próprias da Madeirensidade ganhou prestígio, influência e relevância nas várias nações de acolhimento. As grandes comunidades implantadas na Venezuela, África do Sul, Austrália, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil,entre outras, são os verdadeiros e melhores embaixadores da nossa
|
|
|
||
terra e da nossa matriz identitária. O Governo Regional conhece bem o protagonismo e a importância destas comunidades, que se constituem como um ativo estratégico da Madeira que não poderá ser desvalorizado. Os nossos artistas, os nossos cientistas, os nossos empresários, os nossos milhares de estudantes e licenciados, a nossa gente mais simples e, tantas vezes, a mais dedicada, permitem manter vivas as nossas tradições e constituem, a par com a população residente, o nosso mais valioso património. Porque próximos das comunidades, intuímos e partilhamos dos seus anseios e ansiedades. Sabemos da grande preocupação que o povo madeirense espalhado por todo o mundo mantém para com a Venezuela e temos vindo a acompanhar de perto a situação política, respeitando, como não poderia deixar de ser, a soberania daquele país amigo, com quem mantemos relações diplomáticas há décadas e que deve encontrar, no quadro das suas instituições, a resolução para os seus problemas internos. Grande parte da nossa comunidade naquele país é composta por cidadãos venezuelanos que certamente estarão disponíveis para ajudar aquela que também é a sua pátria. Sabemos, igualmente, que os nossos |
conterrâneos se preocupam com a realidade política e económica do nosso país. Deram o seu contributo durante anos a fio, confiando e investindo nas instituições portuguesas e neste momento sentem-se defraudados e espoliados, pela crise do sistema financeiro que depauperou as poupanças de toda uma vida de trabalho. Este é um capital de confiança que temos, inevitavelmente, de recuperar. As ligações entre a Diáspora e a Madeira são também uma das suas principais preocupações, e muito concretamente as ligações aéreas com Joanesburgo e Caracas. No quadro das nossas competências, temos vindo a cooperar institucionalmente com o Governo da República no sentido de ultrapassar estes constrangimentos que têm dificultado a vida às nossas comunidades. De uma coisa podem estar certos: as comunidades madeirenses são uma prioridade política da qual não desistimos nem prescindimos, conforme se confirma pela criação do Fórum Madeira Global e do Conselho da Diáspora Madeirense, criados recentemente e que terão e sua concretização nos dias 8 e 9 de agosto. Sérgio Marques Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus |
|
Missão Católica de Língua Portuguesa
|
||
A Missão Católica de Língua Portuguesa de Nuremberga existe desde 1976. Como o próprio nome indica, esta Missão, na pessoa do Padre por ela responsável, atende pastoralmente todos os falantes da língua de Camões: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, S. Tomé e Príncipe, Timor e Cabo Verde. |
É vasto o espaço geográfico de acção desta missão que abrange todo o norte da Baviera. Ao longo dos seus 40 anos de existência foram-se formando comunidades nesta ou naquela cidade desta região. Foram crescendo umas, desaparecendo outras, conforme o interesse e o número de portugueses |
|
|
||
existentes nessas paragens. À data, são cinco as comunidades de que a Missão se ocupa de modo regular. Esporadicamente assiste ainda grupos ou pessoas que vão solicitando o acompanhamento e serviços do pároco. Em cada comunidade existe um grupo de 3 a 5 pessoas que, em conjunto com as outras comunidades, formam o Conselho Pastoral da Missão. Pequenos grupos de animação litúrgica, concretamente no que diz respeito ao canto, à proclamação da Palavra; grupos de acólitos, grupos de catequese; grupos de jovens; grupos de senhoras, formam e dão vida ao que se chama a Missão Católica de Língua Portuguesa de Nuremberga. Com um território tão vasto (equivalente a quase metade de Portugal) torna-se difícil fazer um trabalho pastoral aprofundado. Por esse motivo, algumas comunidades são visitadas apenas uma vez por mês. A preparação de noivos para o casamento, de jovens e adultos para o crisma, de pais e padrinhos para o baptismo, são outras actividades que têm lugar em cada comunidade devido à grande distância a que estas se encontram. E, claro está, a |
Eucarístia é sempre o momento mais importante e que reúne o maior número de pessoas. Há ainda todo um trabalho de acolhimento social e espiritual que se concretiza na visita aos doentes e aos presos, no acompanhamento das famílias enlutadas ou na assistência social aos desempregados. A Missão tem prestado uma particular atenção aos recém chegados que apesar de possuirem uma formação superior à da primeira imigração, nem por isso têm o caminho mais facilitado.
Padre Joaquim da Costa |
|
Bélgica: Religioso português comenta importância da língua e ligação à cultura materna |
||
O frade dominicano Eugénio Boléo está desde 2001 na capital da Bélgica, em Bruxelas, onde acompanha as dificuldades e desafios da comunidade portuguesa, como as distâncias da igreja e a língua, que, atualmente, são cerca de 80 mil pessoas. O frade português começa por destacar que a Bélgica tem um contexto específico por causa dos “milhares de funcionários da União Europeia, que têm um estatuto civil diferente” dos outros emigrantes. “Numa cidade como Bruxelas, que é do tamanho de Lisboa há mais de 140 nacionalidades. Um universo muito mais pequeno que Paris e Londres as pessoas têm vizinhos de todas as línguas, culturas e muda a situação dos portugueses”, explicou à Agência ECCLESIA. Frei Eugénio Boléo assinala que a língua “é muito importante” e, “infelizmente”, com cerca de 6 mil jovens em idade escolar “apenas 700 estão no ensino de português”, e mais tarde vai ter “consequências |
importantes”: “Acham que o português não vale nada embora seja a terceira língua europeia de expressão mundial.” O frade dominicano alerta que as crianças “quase nem falam” a língua materna e os que falam “um |
|
|
||
bocadinho” não leem nem escrevem e existe “toda uma parte da cultura” que lhes “escapa”. A viver na Comunidade Internacional dos Padres Dominicanos de Bruxelas, desde 2001, o religioso português conta que as pessoas “vivem todas muito dispersas das Igrejas onde há missa em português e têm de fazer entre 10 a 20 quilómetros para participarem na Eucaristia. Ter os filhos na frequentar a catequese em português “é um esforço enorme” e nas duas comunidades na capital da Bélgica, Bruxelas, esta formação cristã inicial é “o tesouro”, mesmo com “muitas dificuldades”. “As crianças mais pequenas não falam português e a catequese tem de |
ser quase bilingue mas é tesouro”, acrescenta. Frei Eugenio Boléo comenta ainda a grande diferença, para melhor, no trabalho das mulheres ao longo dos últimos 10 anos porque quando chegou “a grande parte era ilegal”. “A maioria trabalha ligada às limpezas, porteiras e há uns 10 anos ficaram quase todas legais o que melhorou muito o estatuto, descontam, têm segurança social, conta para a reforma. Antes dependiam muito dos maridos e hoje sentem-se muito mais à vontade, mais seguras”, desenvolveu. As declarações do frade português resultam de uma parceria com o programa de rádio ‘Raízes de Cá’, da RCF Bruxelles. |
|
Igreja ao lado dos emigrantes
|
||
A Igreja Católica acompanha de perto há mais de 50 anos os emigrantes no Luxemburgo, uma presença destacada pelo coordenador da Pastoral de Língua Portuguesa no Luxemburgo, o padre Rui Pedro. O missionário scalabriniano está presente na comunidade de Esch-sur-Alzette, no sul do Luxemburgo, e acolhe muitos dos emigrantes portugueses que procuram a comunidade na ajuda da documentação ao que o centro de escuta social tenta dar resposta. Cerca de 110 mil portugueses vivem naquele pequeno país constituído por meio milhão de habitantes, onde o padre Rui Pedro encontra perto de 2500 pessoas em cada domingo. A comunidade dinamiza celebrações dominicais, catequese, formação de leigos, atendimento pastoral, visitas a doentes e a reclusos, reuniões com clero luxemburguês e participação na diocese, para além da animação de uma associação social. Entre as dificuldades que se encontram no terreno, o religioso |
aponta à Agência ECCLESIA o facto de os portugueses constituírem uma comunidade numerosa e “exigente a nível da tradição religiosa popular”, para além do processo de integração eclesial devido à reestruturação jurídica e económica em ato na diocese. Os portugueses têm de aprender a viver num pequeno país que “é e insiste em continuar trilingue”. Já do ponto de vista da Igreja, sente-se “a insuficiente formação cristã e pouca disponibilidade dos leigos”. Para o futuro existem projetos de catequese em língua portuguesa (340 crianças e 80 jovens/adultos) em duas comunidades e para as crianças fronteiriças da vizinha França. O Luxemburgo acolhe cinco celebrações eucarísticas dominicais em cinco cidades e a comunidade portuguesa é acompanhada por uma equipa de animação: 1 sacerdote, 2 leigos assistentes pastorais e grupo de voluntários (catequistas, grupos corais, visitadores doentes, grupo do Centro Social). |
|
|
|||
A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e a Obra Católica Portuguesa de Migrações enviaram em 2015 uma mensagem à missão portuguesa no Luxemburgo, por ocasião dos seus 50 anos de missão no país.
|
No texto, os dois organismos destacam a importância desta data e tudo o que ela “significa de emoção e memória” para aqueles que, ao longo “de diferentes gerações”, apoiaram a integração das comunidades de emigrantes portugueses no Luxemburgo. |
||
|
Cambridge, religiosidade e tradições portuguesa no Canadá
|
||
O assistente da Obra Católica Portuguesa de Migrações esteve recentemente no Canadá mais propriamente em Cambridge, no sul da Província do Ontário, e viu uma comunidade “viva” e ativa que paroquialmente está “envelhecida” mas mantém a dinâmica. “Eles têm muitas coisas, Impérios |
do Espírito Santo, bastantes clubes de futebol, associações. A maior padaria portuguesa é enorme e fornece o pão a quase toda a gente. Há muitas lojas com produtos portugueses”, contou frei Francisco Sales sobre uma comunidade “empenhada e ativa” que é “interessante” de se conhecer. À Agência ECCLESIA, o assistente |
|
|
||
da Obra Católica Portuguesa de Migrações comentou que a nível paroquial a comunidade de Cambridge, no Canadá, “é viva” e existem muitos grupos de animação musical, entre outros. Contudo, relata o frade franciscano, as gerações mais novas “não aderem tanto” e vê-se “muita gente idosa” porque a “comunidade também está envelhecida, não há emigração”. “Falta a catequese, as paróquias não têm e, normalmente, dá uma grande vida. Faz parte da cultura a catequese ser dada na escola católica e os sacramentos também, pode ser muito positivo e educativo mas das comunidades mais morta com menos vida”, desenvolve o frei Francisco Sales. A comunidade portuguesa de Cambridge foi fundada há 56 anos e este ano celebra duas efemérides: Os 50 anos da construção da igreja paroquial e os 25 anos da construção da capela do Senhor Santo Cristo e da “primeira festa” em sua honra. Foi esta a festa que levou o assistente da Obra Católica Portuguesa de Migrações ao Canadá uma vez que foi convidado a presidir às celebrações |
do Senhor Santo Cristo dos Milagres, na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, “uma das paróquias nacionais portuguesas”. A Igreja do Canadá instituiu as paróquias nacionais, ligadas a cada cultura. Cambridge fica no sul da Província do Ontário, no Canadá e tem 140 mil habitantes; A comunidade portuguesa e lusodescendentes tem cerca de 42 a 45 mil elementos. “A maioria dos que conheço e vejo são da Ilha de Santa Maria, dos Açores. É interessante que escolheram como festa que manifestasse a unidade da paróquia o Santo Cristo do Milagres, que é de São Miguel”, comenta o frei Francisco Sales acrescentado que também há muitas pessoas da Ilha Terceira e o pároco, o padre António Cunha, é natural de Braga. Uma comunidade que foi crescendo e hoje tem grande expressão, com os pais a incentivarem os filhos a estudar sendo que há lusodescendentes em variadíssimas áreas profissionais como médicos, advogados. A presença de portugueses no Canadá é do século XVI mas a emigração só começou a ter expressão a partir de 1953. |
|
«Contra a Eutanásia»,
|
||
O livro ‘Contra a Eutanásia’, do médico francês Lucien Israël, “um verdadeiro apelo à vida” e foi apresentado este domingo na Feira do Livro de Lisboa, e juntou médicos como Gentil Martins e Germano de Sousa. Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a Paulus Editora informa que o médico autor do prefácio da obra ‘Contra a Eutanásia’ disse que “é um |
verdadeiro apelo à vida de um indivíduo que se diz agnóstico”. O médico Luís Paulino Pereira explicou que o apelo à vida faz-se primeiro, “citando as verdadeiras maravilhas da medicina” e, depois, “tudo aquilo que é preciso fazer para preservar a vida”. Segundo o médico de Medicina Familiar, colaborador assíduo do jornal ‘Sol’, o livro ‘Contra a Eutanásia’, |
|
|
||
escrito por um homem de ciência, um leigo, um não-crente, tem uma linguagem acessível que “toda a gente entende”, por isso, na Feira do Livro de Lisboa incentivou a que todos leiam e tirem as suas conclusões. O autor do livro, o médico e professor universitário de Pneumologia e Oncologia, Lucien Israël, deu aulas em França, Estados Unidos da América, Canadá e Japão e fundou o Laboratório de Oncologia Celular e Molecular Humana, em Paris; Foi membro da Academia de Ciências de Nova Iorque. Segundo a Paulus estiveram presentes “dezenas de pessoas”, onde se desatacaram o médico católico Gentil Martins e Germano de Sousa, antigo bastonário da Ordem dos Médicos. Em declarações à revista ‘’Família Cristã, Gentil Martins, cirurgião plástico e pediátrico, comentou que a Constituição Portuguesa “diz no Art. 44.º que a vida humana é inviolável”: “Eu julguei que inviolável é algo que não é alterável, em português. Se a Constituição da República Portuguesa diz que a vida humana é inviolável como é que depois podem aprovar a eutanásia?”. Para Germano de Sousa é errado |
colocar o debate sobre a legalização da eutanásia apenas na esfera do religioso: “Sou contra a eutanásia. Não me movem questões religiosas. Movem-me questões de ética e deontologia.” A apresentação da nova obra com a chancela Multinova - Editores e Livreiros marcou o seu relançamento como editora ao serviço da sociedade e da cultura. A Paulus Editora é desde outubro de 2015, a sócia maioritária da Multinova – Editores e Livreiros e assumiu o Conselho de Administração. Na Feira do Livro de Lisboa, o presidente do Conselho de Administração da Multinova destacou a importância desse lançamento uma vez que “não editava nenhum livro há mais de uma década”. Os temas que irão acompanhar o renascer da Multinova como editora são aqueles que estavam na sua origem, “livros com valores humanos e cristãos que ajudam a criar uma sociedade mais humana, mais justa, mais fraterna”, disse o padre José Carlos Nunes, este domingo. |
|
Fundação Batalha de Aljubarrota |
||
http://www.fundacao-aljubarrota.pt/
Na semana em que comemoramos mais um dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, sugiro uma visita ao espaço virtual inteiramente dedicado à Batalha de Aljubarrota. “Para Portugal, esta batalha, ocorrida no planalto de S. Jorge no dia 14 de Agosto de 1385, constituiu um dos acontecimentos mais decisivos da sua história. Sem ela, o pequeno reino português teria, muito provavelmente, sido absorvido para sempre pelo seu poderoso vizinho castelhano.” Portanto, pensamos que faz todo o sentido, aprendermos um pouco mais sobre o que se passou por terras de Alcobaça. Para isso, digite o endereço www.fundacao-aljubarrota.pt que é o sítio da Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA), que tem como principal meta |
“valorizar e dignificar uma parte do património cultural Português associada aos principais campos de batalha existentes em Portugal”. Na página inicial além de sermos presenteados com um extraordinário vídeo interativo que representa o cenário medieval, encontramos um espaço com um design simples, mas bastante eficaz, onde os conteúdos de qualidade estão nos principais destaques. Na opção “atividades e visitas” encontra tudo aquilo que pode fazer neste centro interpretativo, que possui “atividades para todas as idades: visitas ao campo de batalha, oficinas, atividades ao ar livre, e muito mais”. Caso pretenda saber mais acerca da FBA, nomeadamente a sua história, os estatutos, os corpos sociais e outros dados, basta clicar em “a fundação”. No item “a Batalha de Aljubarrota” encontramos um registo histórico de tudo aquilo que se |
|
|
|
||
passou, desde o contexto político, à batalha propriamente dita e quais as consequências desta ação. Em “campos de Batalha”, descobrimos um conjunto de disputas guerreiras que ocorreram em terreno nacional, todas elas relacionadas com o acontecimento do planalto de S. Jorge. Ao entrarmos em “multimédia”, dispomos de uma galeria de imagens com um registo notável de iconografia medieval e ainda um cem número de registos cartográficos. Temos ainda um jogo |
de xadrez que podemos jogar num tabuleiro bem desenhado. Por último em “visita 360” somos presenteados com a possibilidade de explorarmos todo o espaço deste centro interpretativo através do uso da tecnologia 360º. Aqui fica a sugestão de visita virtual a um magnífico espaço para que possa preparar melhor uma visita real e assim conhecer mais a história do nosso país. Fernando Cassola Marques |
|
|
II Concílio do Vaticano: Os «Encontros
|
||
|
|
Durante o período do II Concílio do Vaticano (1962-65), as novidades saídas da assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII e continuada pelo Papa Paulo VI eram debatidas e refletidas em pequenos grupos porque a informação que chegava a Portugal era escassa. Existia um grupo no Seminário de Almada (na altura fazia parte do Patriarcado de Lisboa) que se reunia nos denominados «Encontros de Café» para assimilar as normas emanadas do II Concílio do Vaticano. Um desses elementos era o padre Albino Cleto (mais tarde nomeado bispo auxiliar de Lisboa e, posteriormente, bispo de Coimbra). Na obra «D. Albino Cleto – Memórias de uma vida plena» da autoria de José António Santos lê-se que durante o período conciliar a “vida do padre Albino vai decorrer muito por dinamismos gerados pelos trabalhos dos padres conciliares e pelas notícias que iam chegando de Roma”. O ainda padre Albino Cleto (nasceu em 1935 e faleceu em 2012) acompanha o II Concílio do Vaticano pela «Information Catholique Internationale», “revista católica progressista que inspirava cuidados à polícia política” (In: Inês Dentinho, «O bispo todo-o-terreno», Independente, 16 de janeiro de 1998). No Seminário de Almada, o padre Albino Cleto integra a equipa de formadores, juntamente com outros sacerdotes, daquela instituição. E sob o pretexto da “oferta de um café, após o almoço, o padre António Jorge (também ele formador) passou a organizar encontros regulares no seu gabinete”. O padre António Jorge tinha contactos “com instâncias estrangeiras de |
|
||
documentação, durante o concílio e pós-concílio”, com o grupo da Moraes, António Alçada Baptista e João Bénard da Costa, que fizeram a revista «O Tempo e o Modo», a cooperativa «Pragma» e, fora do seminário, “integrava a equipa coordenadora de um jornal clandestino policopiado, o projeto editorial «Direito à Informação»” (Lê-se na obra de José António Santos, página 140). De toda essa rede de contactos, o padre António Jorge recebia “notícias frescas, que disponibilizava nos encontros do café, o lugar onde |
se construía o ambiente propício à projeção e abertura a novos horizontes, que rasgavam outras perspetivas teológicas, sociais e políticas”. Os momentos de café destes padres da equipa formadora do Seminário de Almada eram verdadeiras tertúlias teológico-pastorais, onde os participantes encontravam meios de reflexão mais profunda e partilhada. O fermento do II Concílio do Vaticano chegava timidamente, mas era um pilar reflexivo para os padres mais arrojados. |
|
|
Junho 2016 |
||
11 de junho. Fátima - Peregrinação da Diocese de Bragança-Miranda ao Santuário de Fátima (termina a 12 de junho)
. Fátima, 10h00 - A Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora vão reunir a “família” que vive esse carisma para celebrar 140 anos de presença em Portugal com uma peregrinação ao Santuário de Fátima
. Porto, 16h30 - Igreja de Santo António dos Congregados - Conferência sobre «A Igreja e o poder político em Portugal no século XVIII» por D. Carlos Azevedo que aborda a carta dogmático-política contra a inquisição do congregado portuense, padre João Moutinho.
. Porto - Igreja Paroquial de Valongo, 21h15 - Concerto e audição da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos integrada no Centro de Cultura Católica do Porto
|
14 de junho. Aveiro, Mercado Manuel Firmino, 17h00 - O livro “O Padre das Prisões – um ensaio sobre a vida do Pe. João Gonçalves” vai ser apresentado na Feira do Livro de Aveiro.
. Porto - Igreja de Nossa Senhora da Conceição, 21h30 - Conferência sobre «A Jesus Cristo e a Pedagogia da Misericórdia» por Carlos Meneses e promovida pela Paróquia da Senhora da Conceição (Porto).
15 de junho. Convento dos Cardaes, Lisboa, 18h00 - O livro ‘A Mensagem de Fátima na Rússia’, do jornalista José Milhazes, vai ser apresentado no dia 15 de junho.
. Porto - Igreja da Senhora da Conceição, 21h30 - Conferência sobre «A pedagogia da misericórdia e a ação pastoral», por Carlos Meneses e promovida pela Paróquia da Senhora da Conceição (Porto). |
|
|
||
|
- A paróquia de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, acolhe dia 10 de junho um concerto do organista sueco Hans-Ola-Ericsson, uma figura mundial da música de inspiração religiosa. O evento tem início previsto para as 17h30 com entrada livre.
- A Fundação Sol sem Fronteiras, organização não-governamental para o Desenvolvimento, convida a celebrar o Santo António no Largo da Graça, em Lisboa, no dia 12 de junho, a partir das 20h00, “com sardinhas, febras, bebida, música e muita animação”. No dia 15, a animação continua no Páteo dos Tanoeiros, na Calçada do Combro, por trás da Igreja de Santa Catarina, pelas 19h00, com uma sardinhada solidária.
- No Museu Municipal de Portalegre, continua patente até 26 de junho a exposição “Imagens de Fé – Ex Votos da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.
- Um olhar contemporâneo sobre as 14 Obras de Misericórdia, é a proposta de uma mostra com trabalhos de vários artistas nacionais que vai estar exposta até 10 de julho, no Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.
- O auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras vai ser palco no dia 16 de junho, pelas 21h30, da iniciativa “O Diálogo Inter-Religioso”, com a participação de representantes das três religiões mais influentes em Portugal. O presidente da comunidade islâmica de Lisboa, Abdool Vakil; a vice-presidente da Comunidade Israelita presente na mesma cidade, Esther Mucznik, e o frei Bento Domingues, professor e teólogo católico, membro da Ordem dos Dominicanos. |
Programação religiosa nos media |
||
Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
10h30 - Oitavo Dia
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 13h30Domingo, 12 de junho - Santo António de Lisboa, doutor da Igreja
Segunda-feira, dia 13 - Santo António: Lugares e tradições
Terça-feira, dia 14 - Entrevista. EMRC na escola
Quarta-feira, dia 15 de junho - Informação e entrevista a Nelson Ribeiro, diretor da FCH da UCP
Quinta-feira, dia 16 - Informação e entrevista ao padre Jerónimo Nunes, missionário da Boa Nova
Sexta-feira, dia 17 - Análise à liturgia de domingo pelos padres Nélio Pita e Robson Cruz.
Antena 1 Domingo, dia 12 de junho - 06h00 - Lisboa: casa de Santo António
Segunda a sexta-feira, 13 a 17 de junho - 22h45 - O Santo António, doutor da Igreja - perspetivas e opiniões. |
|
||
|
Ano C – 11.º Domingo do Tempo Comum |
||
É Cristo que vive em mim |
Lancemos um breve relance sobre a liturgia da Palavra deste 11.º domingo do tempo comum, tão em sintonia com o Ano Santo da Misericórdia que estamos a viver. Apresenta-nos um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama o pecador; por isso, Ele multiplica “a fundo perdido” a oferta da salvação. Da descoberta de um Deus assim, brota o amor e a vontade de vivermos uma vida nova, integrados na sua família. A primeira leitura apresenta-nos, através da história do pecador David, um Deus que não pactua com o pecado; mas que também não abandona esse pecador que reconhece a sua falta e aceita o dom da misericórdia. Na segunda leitura, Paulo garante-nos que a salvação é um dom gratuito que Deus oferece, não uma conquista humana. Para ter acesso a esse dom, não é fundamental cumprir ritos e viver na observância escrupulosa das leis; mas é preciso aderir a Jesus e identificar-se com o Cristo do amor e da entrega: é isso que conduz à vida plena. O Evangelho coloca diante dos nossos olhos a figura de uma “mulher da cidade que era pecadora” e que vem chorar aos pés de Jesus. Lucas dá a entender que o amor da mulher resulta de haver experimentado a misericórdia de Deus. O dom gratuito do perdão gera amor e vida nova. Deus sabe isso; é por isso que age assim. Estamos em pleno mês do Coração de Jesus. Podemos acolher a Palavra deste domingo sob essa luz, tentando descobrir e meditar as atitudes que recebemos do Coração de Jesus, tão presentes na liturgia de hoje, como o Amor, a Misericórdia, o Perdão, a Bondade; e rezar essas atitudes em ambiente de adoração, vivendo-as quotidianamente, sempre com empenho. Só assim estamos a construir o Reino do Coração
|
|
||
de Jesus nas pessoas e na sociedade. Um Reino bem diferente de tantos reinos que nos querem impor neste mundo! Ser profeta da civilização do amor acontece na medida em que a nossa existência estiver baseada no Coração de Jesus Cristo, contemplado e amado, na Eucaristia celebrada e adorada, na Palavra escutada e anunciada. Ser profeta da civilização do amor acontece na medida em que testemunhamos e anunciamos o Amor de Deus, construindo o Reino do Amor de Deus no coração dos homens e |
mulheres do nosso tempo: um reino de justiça e paz, de amor e misericórdia, de perdão e compaixão, de verdade e liberdade, de respeito e promoção dos direitos humanos. Continuemos a viver fecundamente este mês do Coração de Jesus, identificados com Ele e levados pela essencial indicação de São Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim». Que assim seja nas nossas vidas e famílias, nas nossas comunidades eclesiais e religiosas!
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
Algarve: Padres da diocese celebraram jubileu
|
||
Os sacerdotes da Diocese do Algarve celebraram esta segunda-feira o seu jubileu, no contexto deste Ano Santo da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco (dezembro de 2015 a novembro de 2016). A Eucaristia teve lugar em Santa Maria de Tavira, uma das igrejas jubilares |
algarvias, onde o bispo diocesano destacou alguns temas que tinham sido abordados na homilia do Papa Francisco durante o Jubileu dos Sacerdotes celebrado no Vaticano. D. Manuel Quintas destacou a “ligação contínua” entre a responsabilidade de “anunciar em fidelidade” o Evangelho |
|
|
|||
e a obrigação de escutar. O prelado alertou os presbíteros para a importância de criar espaço “para que Deus fale”, de modo a que “seja escutado com toda a atenção”, lembrando que “Ele fala até de uma maneira intensa”. “Se o profeta é aquele que fala em nome de Deus, tem que escutar Aquele que fala senão começa a falar em nome pessoal e, em vez de realizar aquilo que é projeto de Deus para o povo, começa a realizar aquilo que são os seus projetos e começa a aparecer mais a palavra ‘eu’ do que a palavra ‘tu’”, advertiu, numa intervenção divulgada hoje pelo jornal diocesano ‘Folha do Domingo’. A celebração ocorreu no contexto do Dia do Clero que, anualmente,
|
bispo, padres e diáconos do Algarve assinalam no mês de junho. D. Manuel Quintas evidenciou uma das finalidades deste Ano da Misericórdia para os sacerdotes. “Um dos aspetos é procurar o essencial da nossa vida, pôr de lado o acidental que tantas vezes nos ocupa, preocupa, nos cansa, nos arrasa e nos stressa”, afirmou, lembrando que Deus não abandona aqueles que escolhe e que cada um é “escolhido e amado a partir do próprio coração” de Deus. A Eucaristia teve início com a passagem do clero pela Porta Santa daquela igreja jubilar, a porta do batistério, e a renovação das promessas batismais. O Dia do Clero prosseguiu com uma visita a Huelva (Espanha). |
||
|
A história (quase) esquecida da Igreja no MaliA vida por um fio |
||
Depois da tentativa de imposição da “sharia”, a lei islâmica mais rigorosa, por grupos jihadistas em 2012, quase não há presença cristã no norte do Mali. Mesmo no resto do país, são poucos. E todos sentem-se ameaçados.
Sexta-feira, dia 20 de Novembro de 2015. Hotel Radisson Blu, em Bamako, capital do Mali. Passavam poucos minutos das seis da madrugada quando se escutaram os primeiros gritos, os primeiros tiros. O hotel de luxo, frequentado essencialmente por ocidentais, transformou-se, num ápice, num campo de batalha. O ataque, que causaria 27 mortos, foi reivindicado por um grupo islamita radical, o Al-Murabitun, ligado à Al-Qaeda no Magreb Islâmico, e ocorreu apenas uma semana depois dos atentados em Paris, cometidos pelo auto-proclamado “Estado Islâmico”. A tragédia na França terminou com cerca de 130 mortos e mais de 300 feridos. Ainda hoje todos recordam esse ataque. O do Mali já caiu no esquecimento. Domingo, 29 Maio, 5 capacetes azuis foram mortos numa emboscada no centro do país, |
no que parece ser uma nova onda de violência terrorista. Na sexta-feira anterior, dia 27, outros cinco soldados perderam a vida numa emboscada na região de Kidal. A 7 de Janeiro deu-se o rapto de uma religiosa suíça, Beatrice Stockly. Num vídeo, a Al-Qaeda do Magrebe Islâmico (AQMI) reivindicou esse sequestro afirmando que “Beatrice é uma freira suíça que declarou guerra ao Islão procurando cristianizar os muçulmanos”. O Mali continua a ser um terreno fértil para a actuação de grupos armados, apesar da intervenção militar francesa em 2013.
“Apanhados pela desgraça”Por causa da violência e da instabilidade, os cristãos são cada vez mais raros no país, especialmente ao norte. O padre Germain Arama, da diocese de Mopti, no centro do Mali, é testemunha disso. “São muito poucos e quase todos expatriados”, explica à Fundação AIS. A presença da Igreja aí é praticamente inexistente. “A situação é muito difícil”, explica Arama. “Há atentados suicidas, bombas que |
|
|
||
explodem aqui e ali. Todo o trabalho pastoral está em ‘stand by’. O único padre que celebra missa no norte tem de ir num avião militar. No Norte – explica este sacerdote – quando alguém sai de casa para ir trabalhar, despede-se da família pois não sabe se voltará a encontrá-la no regresso.” No Mali é impossível esquecer os tempos terríveis em que o país foi ocupado pelos jihadistas que impuseram punições como flagelações, amputações e |
execuções. Nesses meses de terror, os jihadistas andaram “à caça de sacerdotes e religiosos”. Desde o epicentro da crise, em 2012, a igreja do Mali tem sido apoiada pela Fundação AIS, com uma ajuda de emergência para as populações em fuga. Ainda hoje, essa ajuda é essencial. De facto, no Mali, os cristãos são cada vez menos e estão todos inquietos. Para os cristãos, no Mali, a vida pode estar mesmo por um fio.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
|
|
A praga do Trabalho Infantil |
||
Tony Neves |
As crianças têm de crescer felizes. Precisam de uma família que as ame, de uma terra em paz e liberdade, de condições mínimas para viver com dignidade. Ora, o trabalho infantil arrasa todas estas condições prévias para um crescimento sadio. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) dedica este ano ao combate sem tréguas ao flagelo do trabalho infantil. Em boa parte da Lusofonia (como acontece em grande parte do mundo), há muitas crianças que crescem sem ter tempo para brincar, sem ir à escola, sem acesso aos cuidados mais elementares de saúde. Muitas das crianças não vivem numa habitação condigna e algumas passam os dias e as noites nas ruas. Drama enorme é a do tráfico de crianças. Muitas são compradas e vendidas como se faz o comércio de gado ou de coisas numa feira ou mercado. Tal indignidade é punida pelas leis de todos os Estados, mas praticada um pouco por todo o lado. Outra situação degradante prende-se com a exploração sexual de crianças. A pedofilia é um crime de bradar aos céus e todas as leis são poucas para punir os infractores e todos os cuidados não são demais para proteger as crianças deste perigo que espreita em cada esquina da vida. A falta de acesso à escolaridade ‘dita’ obrigatória e o insucesso escolar de muitas crianças põem em causa os sistemas de Educação de numerosos países. Há casos em que as crianças não vão à |
|
|
|
||
escola porque não têm escola por perto. Há situações em que o absentismo escolar se prende com a extrema pobreza das famílias ou com o facto de haver crianças que não têm familiares que cuide bem delas. Vacinas e outros cuidados médicos elementares estão longe de beneficiar todas as crianças do mundo. As guerras, a pobreza generalizada, a corrupção dos serviços públicos de saúde, o desleixo de algumas famílias…são factores que têm afastado crianças dos cuidados básicos de saúde a que têm direito. Finalmente, a questão do trabalho infantil. Inventam-se muitas razões para se matar o futuro das crianças. Diz-se que trabalhar um pouco não |
faz mal a ninguém, até educa! Apresenta-se a justificação de que os livros não enchem a barriga nem cobrem o corpo e, por isso, é mais importante trabalhar que estudar! E assim se abre as portas a um dos maiores flagelos dos tempos actuais, a praga do trabalho infantil que é necessário combater com todas as forças e por todos os meios. Todos queremos uma sociedade habitada por gente feliz, séria e competente. Para tal, não se podem queimar etapas e há que permitir às crianças e jovens uma formação integral que ajude a construir os adultos do futuro. Sem escola – sejamos realistas – não há futuro que se assegure com dignidade. |
|
|
|
||
|
|
|