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Paulo Rocha 20 - OpiniãoD. Manuel Linda José Luís Gonçalves Luís Filipe Santos Seja a Misericórdia de Deus
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Catarina Martins |
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Foto da capa: Lusa Foto da contracapa: Arlindo Homem
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Congresso Eucarístico relançou a Mensagem de Fátima
Prevenção, justiça e desenvolvimento são a chave para a paz
Campanha mundial "Seja a Misericórdia de Deus"
Paulo Rocha | D. Manuel Linda | José Luís GOnçalves | Luís Filipe Santos Manuel Barbosa Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques |
Vídeos do Papa |
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Paulo Rocha |
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Os líderes são frequentemente escrutinados em datas marcantes, como os 100 dias de um mandato, o primeiro ou segundo aniversário do seu início. Ocasiões para rever momentos principais de um percurso na vida política, religiosa ou social, em torno da importância de acontecimentos, afirmações ou de instantes anedóticos, que sempre acontecem. Com o Papa Francisco poucas vezes tem sido possível esperar por essas ocasiões de viragem em qualquer unidade de contagem, porque todos os dias deixam surpresas… A celebração do Jubileu da Misericórdia traz imagens e mensagens a partir de Roma (e infelizmente quase só a partir de Roma) que relatam iniciativas, intervenções, gestos e palavras novas; que apontam para um horizonte de vida em torno das consequências dessa atitude misericordiosa, concretizada no quotidiano e cada pessoa, na sua família, no trabalho, no grupo de amigos e companheiros do lazer; sonhada também em torno de grandes projetos, que elevam a meta do humanismo e apontam para a excelência das relações entre indivíduos, grupos ou nações. A forma de comunicar, de criar relações com queles com quem se cruza, é a maior de todas as surpresas deste Papa. Francisco inaugurou uma nova forma de ser, estar e de falar! A espontaneidade é, por certo, o segredo principal. E a autenticidade a garantia da eficácia na transmissão de todas as mensagens. Pelo meio, projetos inovadores que levam mensagens |
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de todos os tempos a novos públicos e com novo vigor. Dois exemplos. Mensalmente, Francisco convida à participação na rede mundial de oração pelo Papa através de uma mensagem vídeo. Um projeto do Apostolado da Oração a confirmar que as ferramentas multimédia dão grandes contributos a tradições consolidadas no tempo e esperam oportunidades para servir conteúdos pastorais e não são um exclusivo de projetos informativos. Mais recentemente, a campanha “Seja a Misericórdia de Deus”, dinamizada pela Ajuda à Igreja que Sofre, prova novamente a força da comunicação pela imagem, no caso com o objetivo de convocar todo o mundo para a solidariedade, para atos de misericórdia que permaneçam. O vídeo do Papa, que lança este projeto em todo o mundo, foi gravado inesperadamente, no decurso de um audiência e sem grandes recursos técnicos. Mas tem o essencial de todos os processos de transmissão de mensagens credíveis: espontaneidade, verdade, naturalidade, autenticidade. É assim a comunicação de Francisco, tanto nas ocasiões em que o podemos olhar nos olhos como quando vemos um vídeo do Papa. |
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Portugal empatou frente à Islândia (1-1) na estreia no Europeu França 2016. A esperança aponta agora o próximo jogo, no sábado, às 20h..Foto: SapoFotos |
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"O melhor que nós temos é o povo. Não é que os políticos também não sejam bons. Mas o povo é melhor do que os políticos". Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso em Paris, no dia de Portugal, 10-06-2016. “O medo de parte da esquerda em discutir a segurança social, no contexto de um mundo em rápida mudança, é que se trata de discutir o futuro daquilo que tem estado no cerne da ideologia social-democrata ou do socialismo democrático.” Paulo Trigo Pereira, economista do grupo de Mário Centeno, Observador, 15-06-2016
“Há quem peça a fusão do Fundo Monetário Internacional (o mau) com o FMI (o bom). Pelo menos, ganhava-se em coerência, abertura de caminhos, escrutínio e verdade. E obrigaria, quem manda, a discutir diferentes vias para atingir os mesmos objetivos, sem vãs metas e ilusórios devaneios”. Bagão Félix, Público, 15-06-2016
“Com Armando Vara, a Caixa (Geral de Depósitos) transformou-se num imenso caldeirão onde os mais variados interesses se foram servir”. João Miguel Tavares, Público, 16-06-2016 |
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Congresso Eucarístico constituiu um "relançamento" da Mensagem de Fátima
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O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje no encerramento do Congresso Eucarístico Nacional que a ligação entre Fátima, Eucaristia e Misericórdia é “muitíssimo acertada” e constitui um “relançamento” da Mensagem de Fátima no seu segundo século. “Viver a Eucaristia Fonte de |
Misericórdia” foi o tema do IV Congresso Eucarístico Nacional que terminou hoje em Fátima, promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa, o Apostolado da Oração e o Santuário de Fátima. D. Manuel Clemente disse na sessão de encerramento do Congresso |
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que “Fátima é a paróquia de Portugal” e que o debate em torno da Eucaristia e da Misericórdia constitui um “relançamento da mensagem de Fátima na vida da Igreja e na vida do mundo”. Para reitor do Santuário de Fátima, a realização do IV Congresso Eucarístico constitui um contributo “precioso” para as celebrações do centenário das Aparições em. Na sua intervenção na sessão de encerramento do Congresso Eucarístico, que decorreu entre os dias 10 e 12 de junho, o padre Carlos Cabecinhas afirmou que a Eucaristia é “o centro” de toda a vida do Santuário de Fátima, nomeadamente nas grandes peregrinações aniversárias. O reitor do Santuário de Fátima valorizou a exposição permanente do Santíssimo Sacramento, que acontece desde o dia 1 janeiro de 1960, considerando a adoração a Jesus Cristo na Eucaristia o “suporte do Santuário e dos seus peregrinos”. O padre António Valério, secretário do Apostolado da Oração em Portugal, valorizou a realização do Congresso Eucarístico Nacional por ter proporcionado uma “visita” ao |
“código genético da espiritualidade do apostolado de oração”. O IV Congresso Eucarístico Nacional teve mais de 750 participantes e analisou o tema da Eucaristia como “fonte de misericórdia com a partir de conferências e debates, contando a presenta do presidente do Comité Pontifício para os Congressos Eucarísticos Internacionais, D. Piero Marini. O representante do Papa neste Congresso foi o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (Santa Sé), cardeal João Braz de Aviz, natural do Brasil. O pontífice argentino designou ainda como membros da Missão Pontifícia o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas e o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa.
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Dia de Portugal: Núncio apostólico elogiou espírito aventureiro» lusitano |
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O presidente da República recebeu esta quinta-feira os recebeu cumprimentos do Corpo Diplomático acreditado em Lisboa, no final do primeiro dia das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Na cerimónia, que decorreu no Palácio da Cidadela em Cascais, usou da palavra, em nome do Corpo Diplomático acreditado em Portugal, o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé), D. Rino Passigato. “Nesta celebração alia-se a ‘Portugalidade’ com o génio do Poeta e com o espírito aventureiro dos Portugueses, que, tal como nos tempos dos Descobrimentos e da expansão marítima em que Portugal ‘deu novos mundos ao mundo’, continuam espalhados pelos vários continentes, levando consigo o saber, a língua, a cultura e as raízes nacionais”, referiu o representante diplomático do Papa, num discurso enviado hoje à Agência ECCLESIA. O núncio apostólico recordou que o dia 10 de Junho coincide também |
com “outra festa muito querida do povo português”, a do “Santo Anjo da Guarda de Portugal”. “Comemorando-se este ano o Centenário das aparições do Anjo da Guarda de Portugal aos pastorinhos de Fátima, o meu voto é de que, pela intercessão deste Mensageiro celeste, Portugal possa conhecer tempos de tranquilidade, de prosperidade e de paz”, concluiu. |
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Fátima: O “13 de Maio” dos mais pequenos |
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Milhares de crianças portuguesas participaram hoje na celebração de encerramento da sua peregrinação nacional a Fátima, presidida este ano por D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda. "Cada um de nós tem um lugar muito especial no coração de Deus. Ele faz uma festa quando um filho se arrepende e volta para a casa do amor na família, o lugar dos afetos e o santuário da vida", disse o prelado, na homilia da celebração, que decorreu num contexto de cor e festa com a presença dos mais novos na Cova da Iria. No final da celebração e depois de ter sido distribuído um balão e um puzzle a cada criança com a mensagem do Anjo aos Pastorinhos, foram lançados mais de 3 mil balões coloridos. O Santuário de Fátima adianta que mais de 220 mil pessoas participaram na Missa; concelebraram 15 bispos e 160 sacerdotes. A 8ª Peregrinação das Crianças começou na quinta-feira com a evocação das Aparições do Anjo, numa caminhada desde a Capelinha das Aparições até aos Valinhos, em Fátima, |
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durante a qual as crianças rezaram e meditaram o terço. Celebrando também o centenário das Aparições do Anjo que prepararam os pastorinhos para acolher a Mensagem de Nossa Senhora, a Peregrinação das Crianças, escolheu este ano o lema 'Deus está contente', refere a página oficial do Santuário de Fátima. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Terço do Centenário das Aparições de Fátima
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Educação Moral e Religiosa Católica «não é reduto confessional»
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Prevenção, justiça e desenvolvimento são a chave para a paz no mundo
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Os bispos europeus apontaram junto da União Europeia em Bruxelas “três pilares” essenciais para a promoção da paz no mundo: “a prevenção da violência, a promoção de uma maior justiça social e o apoio ao desenvolvimento”. As propostas saíram de um relatório da Comissão dos Episcopados Católicos da Europa (COMECE), |
apresentado esta quarta-feira na Bélgica, no âmbito da preparação da próxima reunião da União Europeia sobre política internacional e de segurança, marcada para os dias 28 e 29 de junho. Os contributos presentes no documento dos bispos (22 no total) visam sublinhar que o projeto da União Europeia é sobretudo “ |
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um projeto de paz” e que tem de ser “fiel à sua vocação no mundo”. O vice-presidente da COMECE, D. Jean Kockerols, destacou a responsabilidade da União Europeia em contribuir para uma política de “desarmamento, incluindo desarmamento nuclear, no Velho Continente e em todo o mundo”. Segundo os membros do organismo católico, se as instâncias europeias querem mesmo ter um papel na pacificação global, elas precisam ainda de “reforçar a ligação entre os seus instrumentos de política interna e externa”. É essencial que a UE participe na “reforma do sistema das Nações Unidas”, de modo a que a composição do seu Conselho de Segurança “acompanhe a realidade atual e não seja dominada por interesses particulares estatais”, realça a COMECE. Sobre o primeiro pilar apontado como fundamental para o esforço de paz, a “prevenção”, os bispos realçam que ela deve ser colocada em prática “o mais cedo possível” e num raio de ação “alargado”.
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De modo a que “as sementes de um potencial conflito possam ser geridas e transformadas de forma sustentável” e se “evite o recurso à força” que muitas vezes é vista como “único recurso”, algo que é “inaceitável”, frisam os prelados. Os desafios detetados pela COMECE são muitos, desde “as instabilidades regionais à pobreza dos migrantes e refugiados, passando pela ameaça do terrorismo fundamentalista”. No que toca a este último caso, os bispos defendem a importância de “cortar os fluxos financeiros que alimentam o terrorismo, a nível internacional”, incluindo o “comércio de armas”, e uma partilha de informação mais efetiva entre os Estados, que permita combater as causas deste fenómeno, a nível social, político e religioso. Quanto aos pilares da justiça e do desenvolvimento, a COMECE apontou para a necessidade de defender um sistema financeiro mais “justo e ético” e de apostar num “desenvolvimento humano, socioeconómico e ambiental” mais efetivo. |
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«Horror e condenação»
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O Papa Francisco manifestou “horror e condenação” pelo massacre que ocorreu este domingo num bar em Orlando, nos Estados Unidos da América, que fez 50 mortos e 53 feridos. Uma declaração lida pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé revelou que “o terrível massacre que ocorreu em Orlando, com um número altíssimo de vítimas inocentes, suscitou no Papa Francisco e na Igreja Católica os mais profundos sentimentos de horror e condenação, dor e perturbação”. O padre Federico Lombardi referiu-se ao sucedido como “uma nova manifestação de loucura homicida e ódio insensato”. De acordo com porta-voz do Vaticano, “o Papa Francisco une-se em oração e em compaixão pelo sofrimento indescritível das famílias das vítimas e dos feridos e recomendamos ao Senhor para que possam encontrar consolo”. Na declaração, publicada na Sala de Imprensa da Santa Sé, afirma-se também o desejo de que “se possa identificar e combater eficazmente |
e quando antes as causas desta violência horrível e absurda, que afeta profundamente o desejo de paz do povo americano e de toda a humanidade”. No último domingo, dia 12 de junho, Omar Mateen, com 29 anos, entrou num bar em Orlando, nos Estados Unidos da América, e começou a disparar provocando a morte a 50 pessoas e ferindo outras 53. |
«Usa-se a fome como arma de guerra»
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O Papa visitou a sede do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Roma e disse que a fome é hoje usada “como arma de guerra”, denunciando ainda as políticas que impedem a circulação da ajuda humanitária e liberalizam o comércio das armas. “Alimentam-se as guerras, não as pessoas”, apontou o Papa, numa intervenção integrada na abertura da Sessão Anual do Conselho Executivo do PAM, acrescentando que “nalguns casos, usa-se a própria fome como arma de guerra”. “Encontramo-nos assim perante um fenómeno estranho e paradoxal: enquanto as ajudas e os planos de desenvolvimento se veem obstaculizados por intrincadas e incompreensíveis decisões políticas, por tendenciosas visões ideológicas ou por insuperáveis barreiras alfandegárias, as armas não; não importa a sua origem, circulam com uma liberdade presunçosa e quase absoluta em muitas partes do mundo”, afirmou Francisco. Diante da fácil e abundante circulação de informação, que gera a indiferença, Francisco frisou que não basta “conhecer a situação” |
de quem passa fome, uma vez que as estatísticas “não saciam”. É necessário “desnaturalizar” a miséria e a fome, “deixando de considerá-la como um dado entre muitos outros da realidade”. Na sua intervenção, o Papa defendeu ainda que a fome de muitas pessoas no século XXI “deve-se a uma egoísta e má distribuição dos recursos, a uma ‘mercantilização’» dos alimentos” e lembrou que “o alimento desperdiçado é como se fosse roubado à mesa do pobre”. O Programa Alimentar Mundial foi fundado em 1961 e é a maior organização de ajuda humanitária que luta contra a fome em todo o mundo; com sede em Roma, este organismo da ONU ajuda cerca de 80 milhões de pessoas em mais de 75 países. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa desafiado a fazer festas a um tigre, durante o Jubileu dos profissionais do circo, das feiras e espetáculos itinerantes |
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Papa: Uma sociedade indiferente ao sofrimento é uma sociedade «cega» |
Em nome da personalização da sociedade |
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D. Manuel Linda Armadas e Forças de Segurança |
Sabe o que é uma equipa cinotécnica? É isso mesmo: conjunto de pessoas que instruem, monitorizam e treinam cães para determinadas missões, tais como busca e salvamento, guarda de bens, imobilização de criminosos, detecção de drogas e explosivos, etc. Na minha missão pastoral, há dias, visitei uma destas equipas. Fiquei deslumbrado com as muitas histórias que me contaram a respeito da interligação do cão com o seu tratador: como aquele tende a assimilar o querer, os sentimentos e as reacções deste, de forma a interagirem numa linha de quase sintonia emocional. Mas o que mais me maravilhou foi a história de um cão que se conta em poucas linhas: o seu monitor fez uma luxação numa perna e ficou a coxear durante umas semanas. Passados uns quatro ou cinco dias, viu que o cão também mancava. Não sabendo do que se tratava, levou-o ao veterinário. Após exames aturados, este não detectou qualquer problema ou doença. Afinal, o que se passou é que o cão sintonizava tanto com o seu tratador que chegou ao ponto de o imitar no gesto de coxear. Se esta permuta de «sentimentos» se passa com os animais, muito mais acontece com os humanos. Por exemplo, todos nós sabemos, há décadas e décadas, que na gestação humana se estabelece uma tal transferência de emoções que o bebé acorda quando a mãe acorda, relaxa quando a mãe relaxa, agita-se quando a mãe se altera, entra em estado de descontracção quando a mãe ouve música clássica. E está confirmado que isso lhe cria predisposições artísticas. Todos sabemos que, quantitativa e |
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qualitativamente, a maternidade transmite muito mais que uma simples carga genética de DNA. Perdão: sabemo-lo nós, mas nem todos o sabem. Por exemplo, não o sabem os legisladores portugueses e de outras partes do «primeiro mundo», esse mundo antigamente tido por culto… Se o soubessem, certamente não reduziam a maternidade a uma mera operação técnico-científica. Não confundiriam a concepção humana com o processo de fabrico de um computador ou de um saco plástico. E não teriam coragem de imaginar, sequer, que uma criança pode receber de uma senhora, dita «barriga de aluguer», praticamente tudo o que a constitui pessoa, ainda que em grau inicial –emotividade, |
maneira de ser, inteligência, vontade, predisposições…- e depois ser abandonada por essa mãe com bem mais facilidade e bem menos remorso do que aqueles com que antigamente se abandonavam os bebés na roda de um convento. Não! Os legisladores não conhecem isso porque, se o conhecessem, não se atreveriam a, explicitamente, induzir a despersonalização da sociedade. Mas precisamente porque o desconhecem, atrevo-me a recomendar-lhes: visitem uma unidade cinotécnica e observem os laços que se estabelecem entre o animal e o homem. E agora imaginem as relações que se criam entre humanos… Será pedir demais? |
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Solidão: uma realidade silenciosa |
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José Luís Gonçalves |
A solidão é multifacetada e os “rostos de solidão são [geralmente] máscaras de outras realidades”, na expressão de José Machado Pais. A solidão constitui um fenómeno humano contemporâneo agudo e ambivalente que permite múltiplas interpretações quanto às suas causas, o seu desenvolvimento e as suas modalidades de manifestação. Assim, podemos encontrar pessoas que vivem numa solidão despovoada, qual ermo que denuncia o vazio existencial que dói na alma, e ninguém, a não ser o próprio, poderá preencher esse lugar de ausência; ausência de alguém a quem se ligar, de um projeto e de um sentido de vida a que se agarrar, ânsia por plenitude de si, atalho fácil para a depressão. Em sentido contrário, temos a solidão habitada daqueles que carregam memórias e presenças: este tipo de solidão desperta emoções e afetos, evoca utopias e frustrações, relembra lugares e escuta vozes, mas, no meio de tanta ‘presença’, de tanta pressão pelo sucesso e sem ninguém o perceber, este solitário pode estar em desamparo, rutura ou agonia, porque habitado por um profundo desejo de isolamento. Podemos identificar ainda aqueles que experienciam uma solidão assumida em resultado de uma opção ou por imposição de acontecimentos da vida; nesta experiência, o solitário não se engana nem se esconde da realidade, antes revela-se si mesmo na autenticidade e inteireza humanas, |
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tenta vivenciar uma serenidade que evoca espessura antropológica em situações-limite quando assume uma separação, uma perda ou faz luto. Por fim, destaca-se a solidão criadora de novos espaços de ser e de agir que brotam de uma liberdade e convicção interiores trabalhadas pela sabedoria de vida adquiridas na ascese ou na espiritualidade, fonte de onde brotam tanto o silêncio fecundo quanto o diálogo comprometido. O silêncio pode não significar isolamento, apenas interioridade repleta de sentido que revela maturidade emocional e de projeto de vida. É relativamente fácil confundir isolamento e solidão, depressão, luto e ascese. A depressão pode resultar da solidão, mas não se confunde com ela; o luto constitui sobretudo um processo da assunção de uma separação e só por momentos pode ser experimentado como solidão quando, não raras vezes, se confunde com saudade; a ascese não comporta necessariamente estados de angústia ou de sofrimento típicos da solidão. Mas a solidão difere, acima de tudo, do isolamento. Se o isolamento |
reflete a dificuldade em estabelecer canais de comunicação e de relacionamento com o outros, geradores de reconhecimento, a solidão é, sobretudo, um estado mental angustiante de afastamento social e emocional dos outros com sede de intimidade. A condição física da falta de reconhecimento é a solidão: se os outros estão ausentes, não podemos por definição captar o seu olhar. Mas o que é provavelmente ainda mais doloroso do que solidão física, que pode ser amenizada ou atenuada com algumas soluções, é viver no meio dos outros sem deles receber nenhum sinal, como afirmava Tzvetan Todorov. |
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Terapia da festa |
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Luís Filipe Santos
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As festas pulsam na vida das pessoas. Elas têm um efeito emocional e psicológico no quotidiano dos cidadãos. Não podemos olvidar que as cores, na diversidade das festividades que existem de norte a sul do país, provocam um metabolismo diferenciado nos seres humanos. Neste mês de junho, para além das chamadas festas populares (Santo António, São João e São Pedro), os portugueses vivem, diariamente, com a festa da seleção das quinas. Desde a convocatória que os jogadores portugueses estão no centro das atenções dos media. Até os jornais generalistas trocaram os destaques económicos e políticos pelo dia-a-dia dos craques da bola. As redações dos jornais, rádios e televisões estão sintonizadas nos treinos e nos jogos dos portugueses em terras gaulesas. No campo de treinos e nos relvados tudo serve para noticiar… A tatuagem nova, os pratos preferidos, a indumentária, as pequenas mazelas e as beldades que seguem os jogadores. |
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Para além destes factos, as entrevistas aos apoiantes e emigrantes portugueses em França são o prato forte deste manjar diário. É uma festa diferente, mas não deixa de ser festa. É um arraial que se aproveita da bola e dos jogadores para colocar o coração dos portugueses a vibrar. Depois dos jogos preparatórios, os atletas desceram do céu aos planos medianos. O bloco de gelo islandês colocou em sentido a glória vitoriosa dos magriços. Como estamos em festa, é conveniente - como disse o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa – existir um ponto de equilíbrio. Nem pessimismo, nem excesso de otimismo. Carregamos séculos de história, mas estes 100 dias do presidente da República foram mais festivos e dinâmicos que os últimos dez anos. Ele colocou no coração dos portugueses, a autoestima que nos faltava. A festa também tem o lado |
afetivo. Marcelo Rebelo de Sousa percebeu que os habitantes deste retângulo e aqueles que fugiram durante a anterior legislatura merecem mais do que planos de austeridade. Para além dos sacrifícios diários também têm direito a momentos lúdicos. - Bendito mês de junho que nos tiraste dos media, os buracos financeiros que os «lídimos democratas» nos colocaram nas paupérrimas carteiras. - Bendito mês de junho que nos tiraste dos media, os rostos sisudos e voz colocada de alguns políticos demagógicos. - Bendito mês de junho que nos tiraste dos media, os debates sobre os lances mais polémicos das jornadas de futebol. - Bendito mês de junho que nos tiraste as cenas macabras dos media e fizeste um pouco de festa com o povo português. O sexto mês do ano é terapêutico… |
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Seja a Misericórdia de Deus
“Fazer Obras de Misericórdia, mas que permaneçam”. O desafio foi transmitido pelo Papa Francisco à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre após a Páscoa e concretiza-se agora com uma campanha que a organização desenvolve em todo o mundo para apoiar projetos onde se identificam necessidades, lugares, apóstolos e frutos da misericórdia.
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Fazer uma Obra de Misericórdia
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Agência Ecclesia (AE) – Qual o objetivo da campanha ‘Seja a Misericórdia de Deus’ e em que contexto surge? Catarina Martins de Bettencourt (CMB) – A campanha surge após uma gravação de uma mensagem vídeo que o Papa Francisco fez para a nossa instituição em que apela a todos os homens e mulheres de boa vontade para fazerem uma Obra de Misericórdia que permaneça. Uma obra que perdure ao longo dos |
tempos nos locais que necessitem. Como a Ajuda à Igreja que Sofre, que nasceu há 70 anos com objetivo de fazer uma obra de misericórdia, um trabalho de reconciliação, de amor ao próximo, o Papa pede para continuarmos a sermos fiéis a esse princípio. Para hoje, neste ano Jubilar da Misericórdia, continuarmos a trabalhar e fazermos obras de misericórdia no mundo. |
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AE – Quando é que o Papa gravou esse vídeo? CMB – No Domingo da Misericórdia (03 de abril). E esta campanha surge depois. Perguntamo-nos: O que é que podemos fazer para responder a este apelo do Papa? Não podíamos ficar de modo algum sossegados e silenciados. Foi criado um grupo de trabalho internacional para ver até que ponto podíamos transmitir esta mensagem |
do Papa, de como podíamos fazer chegar a mensagem não só aos nossos amigos e benfeitores mas também a novos públicos, levando a mensagem que o Papa nos dirigiu e que tem repetido desde o início do pontificado: “Temos de estar juntos do outro, estarmos mais próximos.” A mensagem do Papa é muito neste sentido: todos nós precisamos da misericórdia de Deus, mas acima de tudo precisamos da misericórdia |
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de cada um de nós, um do outro. Esta campanha vem com este objetivo: cada um de nós olhe para o outro e veja o que é que pode fazer para ajudar a pessoa que está ao seu lado.
AE – Fazer por todo o mundo uma obra de misericórdia que permaneça, são as palavras do Papa Francisco no vídeo. De que forma a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre sugere que se concretize este desafio do Papa? CMB – O Papa de facto pede-nos que façamos obras que permaneçam, que sejam seguras ao longo dos tempos. o Ano da Misericórdia não se vai esgotar, a misericórdia não se pode esgotar neste ano jubilar. E o Papa quando lançou este desafio não é para que acabe no fim deste ano de 2016 mas para que permaneça e perdure ao longo do tempo. Todos os projetos, ou grande parte dos projetos da Ajuda à Igreja que Sofre são Obras de Misericórdia porque estamos juntos dos mais necessitados, no terreno. A partir das palavras do Papa, decidimos apoiar quatro grandes áreas de ação: As necessidades de misericórdia; os lugares de |
misericórdia, os apóstolos e os frutos da misericórdia. Dentro de cada uma destas áreas colocamos e estamos a apresentar os projetos que estão a decorrer e necessitam do nosso apoio, da generosidade de cada um de nós para que possamos efetivamente estar juntos dos mais necessitados.
Se olharmos para a forma como o mundo tem evoluído cada vez mais as necessidades são maiores, cada vez mais há necessidade de ajudar o outro em países desde a África à América Latina, a Ásia e o Médio Oriente. São tantos os países que estão a passar dificuldades que estes projetos são obras que são necessárias, urgentes. Sem este apoio muitas pessoas não vão conseguir sobreviver. É a diferença entre a vida e a morte para estas pessoas. |
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AE – Habituamo-nos muitas vezes ao conceito de misericórdia quando relacionamos com quem se cruza connosco ou está ao nosso lado. A proposta é alargar das fronteiras? CMB – Sem dúvida! A Ajuda à Igreja que Sofre é uma instituição internacional que está presente em 140 países, com apoio direto às populações. Os nossos projetos não são apenas em determinado continente, são no mundo todo. Queremos com estes projetos dizer a quem nos está a ouvir, a ver, a quem recebe as nossas informações que pode ajudar, efetivamente, alguém que está num país de África, Ásia, América Latina e pode fazer a diferença. É este o nosso objetivo, levar a ajuda, a misericórdia a todas as pessoas que estão a passar por dificuldades, neste momento.
Necessidades de MisericórdiaAE – Caracterize-nos cada uma das quatro áreas referiu. Que ‘Necessidades de Misericórdia’ estão referenciadas nesta campanha? CMB – Pensamos em todos aqueles países, nas populações, em todas as |
pessoas que estão a viver e a passar por dificuldades e que, sem a a ajuda de padres, freiras, congregações que estão no terreno, não poderiam sobreviver. Dentro de cada área os projetos são semelhantes e posso referir, por exemplo, um na Índia: o apoio a mulheres que são colocadas na rua. São mulheres que são deficientes e são desprezadas, abandonadas pelas suas famílias e são recolhidas por irmãs. Com este projeto ajudamos esta comunidade de irmãs a conseguir apoiar estas mulheres que são abandonadas, que necessitam de cuidados de saúde, do apoio também espiritual porque são abandonadas pelos seus. Ao apoiar projetos deste género estamos a pensar nas necessidades da misericórdia pensamos nestas pessas que estão no limite e necessitam de ajuda de alguém, que nestes países acontece sempre através da Igreja, de leigos que estão ligados à Igreja. Eles do apoio de instituições como a Ajuda à Igreja que Sofre para continuar a fazer esse trabalho de misericórdia.
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Lugares de MisericórdiaAE – E quais são os ‘lugares de misericórdia’? CMB – São muitos os lugares que necessitam de misericórdia! Pensamos concretamente nos países do Médio Oriente e alguns de África, que estão a passar por crises de refugiados. A Ajuda à Igreja que Sofre tem apoiado os deslocados que ficam nos seus próprios países ou em países vizinhos desde o início desta grande crise de refugiados.
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São muito os projetos que temos a decorrer, neste momento, no Iraque, Líbano, Jordânia, Síria e queremos estar juntos. Um dos projetos é exatamente apoiar refugiados com alimentação diária. Um bispo, no Líbano, disse-nos que precisa de ajuda para conseguir alimentar 500 pessoas por dia. São projetos muito concretos, são lugares de misericórdia, onde as pessoas não têm nada, perderam tudo na sua fuga e precisam da nossa ajuda porque não conseguem sobreviver. |
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AE – Estes lugares de misericórdia são referenciados através de informações que chegam dos próprios locais? CMB – Diariamente recebemos pedidos de ajuda de quem está no terreno de quase todos os países do mundo. Mas pensamos no Médio Oriente e Ásia em que há este problema dramático dos refugiados. São pessoas que fugiram, perderam tudo, muitas vezes levam apenas a roupa que têm no corpo e não têm mais nada. A ajuda é fundamental e essencial para tudo: medicação, alimentação, roupa, educação. Tudo é básico e essencial e há muitos lugares assim hoje. Se pensarmos na crise de refugiados que estamos a viver e é transversal muitos países no mundo.
Apóstolos da MisericórdiaAE – Quem são os ‘apóstolos da misericórdia’? CMB – Somos uma instituição pastoral que está presente no apoio direto à Igreja e à subsistência da Igreja nos lugares onde é perseguida, ameaçada e onde está a sofrer. São milhares e milhares de pessoas no mundo – padres, irmãs, leigos, catequistas – que estão no terreno e levam a |
misericórdia. É necessário apoiá-los porque em muitos destes países estas pessoas estão sós, a comunidade não os pode ajudar, não tem como ajudar. A única forma destas pessoas continuarem a dar o apoio é através da ajuda que recebem de instituições estrangeiras. Ao falar dos ‘Apóstolos da Misericórdia’ queremos também homenagear, trabalhar e dar apoio para a continuação deste trabalho de Evangelização pelo mundo que a Igreja Católica faz. AE – O apoio que fazem chegar tem por objetivo ajudar também na formação desses agentes de pastoral? CMB – A Ajuda à Igreja que Sofre é uma instituição pastoral e tem por missão apoiar a formação destas pessoas e também a sua subsistência. Um dos principais trabalhos da AIS é apoiar as comunidades que estão no terreno. AE – De que forma chega o apoio às comunidades e aos seus líderes?
CMB – Nós fazemos sempre o envio das nossas ajudas através das estruturas locais da Igreja, seja através das congregações, das dioceses, ou em alguns países a nunciatura apostólica, para termos a certeza que o dinheiro chega ao seu destino e é aplicado nos projetos que nos chegam para serem apoiados. |
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Frutos da Misericórdia AE – A campanha ‘Seja a Misericórdia de Deus’ vai ser aplicada também nos “frutos da misericórdia”, é a quarta área. A que se refere a iniciativa nestes frutos. CMB – Os frutos da misericórdia são este trabalho que o padre Werenfried van Straaten começou há 70 anos de reconciliação entre os povos, de amor ao próximo. No início da instituição, o fundador apelou à ajuda a um povo odiado, aos alemães, e pede aos vizinhos, holandeses e belgas, que ajudem o povo que era a causa da destruição dos seus próprios países. Era um trabalho de reconciliação e foi feito ao longo dos anos demonstrando amor ao próximo com a mensagem de perdão que a Igreja Católica tem, que a mensagem do Evangelho nos dá. E esse trabalho continuou ao longo dos tempos… Hoje, a Igreja continua a ter o papel extraordinário e extremamente importante em países em que há grupos étnicos em conflitos, há entrada de grupos radicais, que provocam a destabilização de um país: trabalhar o perdão e a reconciliação. Nós temos vários projetos, nesse sentido. Por exemplo, na República |
Centro Africana há um grupo radical islâmico, os ‘Selekka’, que provocou o caos dentro do próprio país. É preciso fazer este trabalho de reconciliação entre todas as religiões para que possam continuar a subsistir e a conviver respeitando o outro. Porque não foram só os cristãos que foram obrigados a fugir dos seus lugares mas também muitos muçulmanos. O trabalho da reconciliação é um fruto da misericórdia, de estarmos a ajudar a reconciliação dos povos, extremamente importante e tão essencial nos dias que correm.
AE – Os destinatários de todos os projetos, que vão beneficiar desta campanha internacional, são sobretudo os locais onde os cristãos são perseguidos no Médio Oriente e onde as comunidades são mais afetadas pela pobreza na África e na América Latina? CMB – Sim. África e América Latina são questões mais ligadas com a questão da pobreza embora haja alguns países africanos que existe perseguição à comunidade cristã. Depois pensamos no Médio Oriente nas causas desta perseguição que a comunidade cristã está a ser alvo e na Ásia também há vários casos destes. |
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A nossa missão enquanto instituição é de facto estar junto da Igreja perseguida, ameaçada, que sofre, que é necessitada e esse trabalho é transversal ao mundo. Se pensarmos |
países de África, Ásia, a Igreja sofre, é necessitada, a Igreja precisa de ajuda para a sua subsistência. É de facto a grande área de trabalho, de apoio da Ajuda à Igreja que Sofre. |
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AE – A campanha é lançada hoje e está a decorrer simultaneamente em todo o mundo? CMB – Os 21 secretariados da AIS no mundo lançam em conjunto esta campanha que decorre até 04 de outubro, dia de São Francisco de Assis, e vamos estar ativos nestes países todos apelando à generosidade das pessoas para apoiarem estes projetos. Se em 2015 apoiamos cerca de 6 mil projetos, este ano queremos apoiar mais e queremos que esta mensagem que o Papa dirige a cada um nos toque verdadeiramente no coração. E que nos toque no sentido de querermos fazer algo pelo outro.
AE – Considera que a campanha concretiza os objetivos do Jubileu da Misericórdia? CMB – O Papa Francisco quando declara este ano jubilar da Misericórdia quer que estejamos próximos do outro, olharmos para o outro. Isso é o que fazemos diariamente: estarmos junto dos que mais sofrem através de todos os parceiros que temos no terreno, padres, irmãs, que estão a ajudar o outro. Nós queremos continuar e queremos cada vez mais estar presentes ao lado dos que estão a sofrer e queremos apoiá-los a |
ultrapassar estes momentos. Esta campanha vem exatamente ao encontro do que o Papa quer: olharmos para o outro, estarmos atentos às periferias e juntos dos mais necessitados.
AE – Que estratégia seguiram para que todos os secretariados, em todo o mundo, estevissem simultaneamente a concretizar esta campanha? CMB – Para além do lançamento oficial no mesmo dia e à mesma hora em todos os países onde existem secretariados da AIS, vão ser lançadas campanhas de informação - radio, televisão, jornais – para dizer o que se está a passar, transmitir a mensagem do Papa e mostrar os projetos que a Fundação tem neste momento e quer apoiar durante este ano. Em Portugal, por exemplo, vamos ter ações concretas no terreno como rezar pela paz na praia, em julho, junto dos veraneantes que estão a passar as férias; quando vamos para alguma paróquia fazer momentos de oração, explicamos o que são estes projetos, o que é a AIS, falamos da realidade da Igreja. Vão ser ações que vão ser feitas e afuniladas para esta grande campanha ‘Seja a Misericórdia de Deus’.
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Apoio aos refugiados na sua terra |
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AE – Esta segunda-feira assinala-se o Dia Mundial do Refugiado. Qual é a estratégia da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre para apoiar quem tem de sair das suas terras? CMB – A AIS desde o início tem estado junto dos refugiados, primeiro no Leste, que temos vindo a apoiar da Segunda Guerra Mundial e ao longo dos anos. Mas não podemos ficar indiferentes ao que está a acontecer hoje, a esta grande crise dos refugiados.
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A posição da Ajuda à Igreja que Sofre é estar sempre juntos dos refugiados e apoiá-los nos seus países de origem porque é esse o pedido que nos chega dos bispos da Igreja local: apoiar para que os refugiados possam ficar nos seus países. Estamos verdadeiramente empenhado e sempre que chega um projeto de um país onde há estas necessidades temos estado e queremos estar junto destas pessoas dando o apoio básico, desde comida, roupa, habitação. Como no |
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Iraque onde pessoas foram desalojadas, despojadas de tudo e estamos a ajudar a recolocar pessoas em casas para que possam ter alguma dignidade e sair dos campos de refugiados.
Não estamos a ver o fim desta situação… Na Europa sabemos que estes milhões de pessoas querem chegar, mas também há muitos milhões nos seus próprios países que querem ficar e precisam de ajuda porque muitas vezes são esquecidos por todos. Não ouvimos falar, por
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exemplo, de um Sudão do Sul onde há milhões de refugiados; do Mali.
Os últimos dados da ONU falam em cerca de 60 milhões de refugiados e de facto na Europa temos de olhar para todos e estar junto deles. Este dia do refugiado é exatamente para nos lembrarmos deles e sendo uma instituição católica queremos marcar este dia rezando pela dignidade destas pessoas. Que sejam tratadas com justiça. Não podemos fechar os olhos, ignorá-las e achar que não é connosco! |
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Mensagem do Papa para a AIS
Neste Domingo da Divina Misericórdia, a Oitava da Páscoa, quero pedir a todos os homens e mulheres de boa vontade de todo o mundo para que se faça uma obra de misericórdia em cada cidade, em cada diocese, em cada associação. Nós, homens e mulheres, precisamos da misericórdia de Deus, mas também precisamos da misericórdia uns dos outros. Precisamos de dar a mão, de acariciar, de cuidar uns dos outros e não fazer tantas guerras.
Estou a ler o dossier preparado pela AIS, uma fundação pontifícia, para desenvolver obras de misericórdia em todo o mundo. Confio à AIS este trabalho… também confio à AIS que mantenha o espírito que herdaram do Padre Werenfried van Straaten, que teve a visão no momento certo de pôr em prática estes gestos de proximidade, de bondade, de amor e de misericórdia.
Assim, convido-vos a todos, juntamente com a AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia, mas que permaneça, uma obra de misericórdia permanente; uma estrutura para tantas necessidades que actualmente existem no mundo. Agradeço-vos tudo o que fazem. E, não tenham medo da misericórdia: a misericórdia é a carícia de Deus. |
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Papa Francisco desafia-nos a todos a sermos…A carícia de Deus |
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São apenas 3 minutos que podem mudar por completo as nossas vidas. Numa vídeo-mensagem, dirigida aos benfeitores e amigos da Fundação AIS – a si, portanto… –, o Santo Padre desafia os cristãos a fazerem obras de misericórdia, a transformarem o mundo. A não terem medo de serem cristãos. “A misericórdia é a carícia de Deus!”, diz Francisco. Não vale a pena passar já para a página ao lado. A mensagem do Papa Francisco é mesmo dirigida a si e a todos os benfeitores e amigos da Fundação AIS em todo o mundo. É uma mensagem que, no estilo muito
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próprio do Santo Padre, é também um desafio. É um desafio que nos inquieta, sobressalta, mobiliza e que, por isso tudo, nos faz bem. Estamos no Ano da Misericórdia. Desde que convocou o Jubileu, desde o instante em que abriu a Porta Santa, em Dezembro do ano passado, em Roma, o Papa Francisco não se tem cansado de falar em Misericórdia, incentivando os cristãos e todas as pessoas em |
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todo o mundo a mudarem, a descobrirem o significado do perdão, da caridade, a serem tolerantes e solidárias. A descobrirem o amor.
O apelo do PapaAgora, num gesto inédito, Francisco decidiu gravar uma vídeo-mensagem, com apenas 3 minutos, dirigida a todos os benfeitores e amigos da Fundação AIS espalhados pelo mundo, em que apela a que se façam “obras de misericórdia”. Esta misericórdia,
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de que nos fala Francisco, é amor gratuito, compaixão e ternura,em especial pelos mais pobres, os doentes, os que estão em sofrimento. Os mais necessitados, os mais frágeis. Diz o Papa Francisco (na verdade, isto deve ser lido assim: “Diz-me o Papa Francisco…”): “Apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade no mundo inteiro a que façam em cada cidade, em cada diocese, em cada associação, uma obra de misericórdia”. E prossegue: “Nós, homens e mulheres, precisamos da misericórdia de Deus, mas precisamos também da nossa misericórdia; precisamos de dar a mão uns aos outros, de nos acarinhar, de cuidar uns dos outros e de não fazer tantas guerras”. |
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E agora, que fazer?São três minutos apenas que têm o condão de mudarem a nossa vida. Que vamos fazer a partir deste instante? Ignorar as palavras do Santo Padre, fingir que não as lemos, que não as ouvimos? O Papa lança-nos o desafio de fazermos obras de misericórdia e diz que confia esse trabalho também à AIS. “Convido-vos a todos, com a AIS, a fazer em cada lugar do mundo uma obra de misericórdia que perdure, uma obra permanente de misericórdia… E não tenhais medo da misericórdia: a misericórdia é a carícia de Deus.” O desafio do Papa é claro: cumprir a compaixão pelos outros, os mais necessitados, nos lugares onde vivemos, onde trabalhamos ou estudamos, nas ruas que percorremos todos os dias. Mais próximo do outro significa também estar atento às suas necessidades - necessidades materiais e espirituais.
Rostos concretosAo confiar este trabalho também à Fundação AIS, o Papa Francisco colocou o foco nesta instituição criada pelo Padre Werenfried van Straaten, que “teve a visão de realizar no mundo gestos de proximidade, de |
aproximação, de bondade, de amor e de misericórdia”. De facto, todos os anos, em todo o mundo, a Fundação AIS apoia mais de 6 mil projectos. São milhares e milhares de pessoas envolvidas. Em cada um destes projectos há rostos concretos, homens e mulheres de boa vontade que ajudam a levar as carícias de Deus – como disse Francisco – até aos lugares mais improváveis, mais perigosos ou mais distantes. Em cada um destes projectos há também o rosto dos benfeitores e amigos da Fundação AIS que o tornam possível com a sua generosidade e que o transformam numa obra de Deus com as suas orações. Todos os dias, há multidões inumeráveis de pessoas sem nome que estão famintas, que têm sede, que estão doentes, presas, que são perseguidas por causa da sua fé, que estão sós e tristes, que precisam de uma voz amiga, de um abraço… São mesmo muitos os gestos possíveis de misericórdia. O desafio está lançado. Em www.aismisericordia.org pode acompanhar tudo aquilo que vai acontecer e envolver-se também nesta aventura de amor. Afinal, como diz o Papa Francisco, a Misericórdia é a carícia de Deus.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Necessidades de MisericórdiaAs necessidades de misericórdia são omnipresentes: pobreza, desolação, doença… mas a resposta a estas necessidades vai para além do aspeto material: o Papa Francisco pede-nos que resolvamos estes problemas sociais, mas este cuidado deve ser sempre ancorado no nosso amor ao próximo.?A Igreja Católica esforça-se sempre por atender ambas as necessidades: as necessidades materiais diretas, o “como vivemos”, e as necessidades espirituais, o “porque vivemos” na necessidade humana do amor de Deus e do amor ao próximo. (www.aismisericordia.org)
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Lugares de MisericórdiaAs necessidades exigem estruturas: hospitais para os doentes, centros de reabilitação para os adictos, casas para os sem-abrigo, capelas e igrejas – lugares sagrados em que as comunidades estão unidas e são fortalecidas na fé. Inspirados pela Fé, os Católicos continuam a construir lugares de misericórdia em todo o mundo. (www.aismisericordia.org)
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Frutos de Misericórdia
Os frutos da misericórdia são imensuráveis, assim como o amor de Deus é infinito. Quem pode quantificar a gratidão da pessoa a quem uma doença foi curada, uma tristeza foi consolada ou a fome foi saciada? Ou as bênçãos recebidas através do perdão e da reconciliação? O primeiro passo no apoio a obras de misericórdia é fortalecer aqueles cujas vidas são dedicadas à misericórdia, através do apoio directo e de estruturas necessárias para que possam servir os mais necessitados. (www.aismisericordia.org) |
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Apóstolos de MisericórdiaNo seu apelo, o Santo Padre pede-nos a todos para o seguirmos e fazermos obras de misericórdia. Na Fundação AIS (ACN) procuramos apoiar aqueles que dão a vida ao serviço da misericórdia: homens e mulheres da Igreja – padres, religiosas, activas ou contemplativas, e leigos – aqueles que dedicam a sua vida ao serviço dos outros para superarem as suas muitas necessidades. Muitas vezes, chegam àqueles que não podem ou não serão apoiados por outros, alimentando os pobres, curando os doentes e consolando os tristes, rezando por eles e apoiando-os através da partilha da Boa Nova e dos sacramentos. (www.aismisericordia.org) |
NECESSIDADE de MISERICÓRDIA - Um projeto Paquistão: destes-lhes segurança |
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A segurança pode ser um dom da misericórdia. Sobretudo em países como o Paquistão, onde os cristãos vivem permanentemente ameaçados por fanáticos. Estes fanáticos querem expulsar os cristãos. Sucedem-se os atentados suicidas a igrejas - por exemplo, à Igreja de São João em Youhanabad, na Diocese de Lahore. Pelo menos 15 pessoas morreram no último atentado e 70 sofreram ferimentos. Só graças à intervenção altruísta dos jovens socorristas, que desta forma perderam a vida, se pôde evitar uma catástrofe maior com ainda mais derramamento de sangue. |
Muitas famílias vítimas destes atentados vivem, desde então, na maior das misérias, outras ainda se ressentem dos seus ferimentos. São vítimas esquecidas da perseguição aos cristãos. Reina o medo de que possa voltar a acontecer noutro domingo qualquer. Por isso, é preciso melhorar as medidas de segurança eletrónicas. Prometemos 10.000 euros para isso. Os fiéis hão-de poder voltar a sentir no coração sereno o que o seu padroeiro, São João, escreveu: "Mas, a quantos o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (1,12). |
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LUGARES de MISERICÓRDIA - Um projeto Zâmbia: um plano mestre da misericórdia
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Têm um plano mestre. Os missionários da Ordem dos Carmelitas Descalços querem dar um nível de vida humanamente digno a uma das regiões mais pobres da já pobre Zâmbia, tanto a nível pastoral, como na saúde, na educação e na área social, tudo isto num período de 15 anos. Não basta sofrer com as pessoas. A verdadeira misericórdia, segundo Tomás de Aquino, também se manifesta em "afastar a miséria do outro". É o que fazem o Padre Jacob Paxy e os seus quatro confrades - para isso, desenvolveram um plano mestre. Primeiro, está prevista a construção |
de uma casa para os padres, com capela, destinada também a retiros e ao trabalho com jovens e noviços. Ao mesmo tempo, pretendem melhorar a agricultura e a criação de gado através de modelos cooperativos e também criar um centro de emprego para jovens, onde estes possam aprender ofícios. Há muitos projectos, mas tem que ser um de cada vez, diz o Padre Paxy. Primeiro, o centro espiritual, a casa dos padres. A AIS prometeu 90.000 euros para isso. Daí partirão os impulsos para o resto.
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APÓSTOLOS de MISERICÓRDIA - Um projeto Nigéria: um minibus para os fundamentos da misericórdia |
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As catequistas em Jos / Nigéria realizam um trabalho missionário magnífico. Percorrendo trilhos e estradas acidentadas, levam a Palavra e ajuda prática às pessoas. Há dez anos financiámos-lhes um camião de caixa aberta. Este está a precisar de muitas reparações agora e só pode transportar cinco pessoas. Não chega para levar as senhoras das 43 paróquias para o centro de formação das catequistas. Aí frequentam um programa de formação de dois anos. As inscrições aumentam, o centro tem que ser ampliado e restaurado. Fica a 40 km de Jos. Agora, precisam de |
um minibus robusto, com 30 lugares. Este não é barato, mas os elevados impostos sobre as importações e a corrupção corrente no porto de Lagos tornariam uma importação ainda mais cara. O Bispo D. Ignatius Kaigama deu tudo o que tinha em caixa para isso. Valoriza muito este centro para catequistas. É um farol para a dignidade da mulher – numa região, onde precisamente essa dignidade é espezinhada pelos islamistas. Prometemos 53.000 euros para o autocarro e o trabalho das catequistas e mais 21.400 euros para a ampliação do centro. Palavra e dignidade – fundamentos da misericórdia. |
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FRUTOS de MISERICÓRDIA - Um projeto Iraque: as portas abertas do Hospital de São José
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Não tinham medicamentos e vós destes-lhes alguns. Embora na Bíblia não venham referidos como tal, estes medicamentos são verdadeiros dons da misericórdia. Pois, sem eles, os 3000 doentes do Hospital de São José em Ankawa, no Norte do Iraque, não poderiam sobreviver. Estes doentes crónicos fazem parte das 12.000 famílias cristãs que tiveram que fugir de repente dos bandos de islamistas de Mossul e de Nínive, no Outono |
de 2014, e que chegaram à Arquidiocese de Erbil, esgotados, feridos, espiritualmente despojados. Não têm mais do que a própria pele e as suas doenças. A pequena clínica presta-lhes cuidados médicos. As suas portas estão abertas para todos. Mas os remédios são caros: 40.000 dólares por mês. Foi o que prometemos. Para os meses deste Verão. E depois? É uma intenção cara ao Papa. O Outono não pode ser o fim do São José. |
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#BeGodsMercy
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www.aismisericordia.org
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graficamente muito bem concebido e com uma simplicidade de navegação que rapidamente nos ajuda a encontrar o que pretendemos. É particularmente relevante o facto do design estar de acordo com os mais recentes requisitos para a apresentação de páginas web, tendo a capacidade de permitir que o |
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próprio sítio seja acessível nos mais variados dispositivos tecnológicos (computadores, tablets, telemóveis, etc.). O grande destaque desta página passa fortemente pela mensagem do Papa Francisco, pelo vídeo, que mensalmente será renovado, e claro, um forte apelo à participação e envolvimento de todos. De seguida encontramos quatro grandes áreas: necessidades de misericórdia, lugares de misericórdia, apóstolos de misericórdia e frutos de misericórdia. Cada uma destas áreas tem uma breve explicação e um conteúdo multimédia que procura contar através de imagens e/ou vídeos toda esta dinâmica da misericórdia |
que está a acontecer no mundo graças a ação social e pastoral da Igreja Católica.
Fernando Cassola Marques |
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«O Padre das Prisões» em livro é um ensaio baseado na vida do padre João Gonçalves |
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A autora do livro ‘O Padre das Prisões Portuguesas’ disse hoje à Agência ECCLESIA que a obra apresenta episódios do interior das cadeias, análises à presença da Igreja nesse ambiente e permite "traçar um caminho novo" na espiritualidade. Inês Leitão explicou que o livro surge na sequência do “muito material que tinha guardado” da pré-investigação realizada para o documentário ‘O padre das prisões’ que foi apresentado a 20 de fevereiro 2015. “Achei sobretudo que aquele material que não estava incluído, que era áudio, era importante partilhar com outras pessoas porque o que ouvi ajudou-me enquanto ser humano. As reflexões que ouvi o padre João fazer, fizeram-me traçar um caminho novo na minha espiritualidade. Ele fez-me lançar um novo olhar na minha espiritualidade”, desenvolveu a autora. O livro ‘O Padre das Prisões Portuguesas, ensaio baseado na vida do Pe. João Gonçalves’ vai ser apresentado hoje na Feira do Livro de Aveiro, no Mercado Manuel Firmino, pelas 17h00, e dá a conhecer mais |
sobre o trabalho de 40 anos de assistência espiritual e religiosa nas cadeias do sacerdote católico da Diocese de Aveiro, que é atualmente o coordenador nacional da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica. A entrevistada destaca que o seu |
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quarto livro é um ensaio e, por isso, permite ter “algumas declarações críticas, éticas, morais”, que são do padre João Gonçalves mas também “um caminho” que a autora traçou consigo. Na obra com a chancela da Editorial ‘Caritas’, o leitor vai descobrir “episódios pontuais” com pessoas que estiveram na prisão com o padre João Gonçalves, “pensamentos que têm a ver com a lei que rege a entrada da Igreja nas prisões”, existe também um segmento que “dá importância, dá alguma compreensão ao leitor” sobre o que é a Pastoral Penitenciária atualmente e “mais alguns episódios |
que não estavam no documentário”. A também argumentista conta que para si o padre João Gonçalves é primeiro um “ser humano de exceção” e, depois, um sacerdote que trabalha num dos lugares “mais difíceis de trabalhar”, que é a cadeia, um sítio de reclusão e “o ser humano não nasceu para estar preso”. Inês Leitão destaca que o coordenador nacional da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica faz para além de um trabalho de evangelização uma “acompanhamento à pessoa como nunca” conheceu. |
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II Concílio do Vaticano: Os «inimigos»
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Como é do conhecimento geral, o II Concílio do Vaticano (1962-65) teve e, ainda tem, em vista problemas de ordem pastoral. Tudo isso é condensado naquela expressão, feliz e inspirada, do Papa João XXIII: «aggiornamento della chiesa». Este «aggiornamento» exige que a igreja esteja a par dos problemas hodiernos, a fim de que, uma vez atualizada possa dar-lhes o seu contributo deveras indispensável. Antes de mais, urge não olvidar que a questão marial teve “o condão de fazer vibrar intensamente todo o mundo”, dentro e fora da assembleia conciliar, já que estavam em jogo “os privilégios e honra daquela que é a nossa Mãe” (In: Revista Theologica; Volume I – Fascículo 2; Ano 1966, Página 155). Esse vibrar sentiu-se logo, desde que o Papa João XXIII anunciou a convocação desta assembleia magna. Em exagero de notícia sensacional, “não faltou quem falasse de padres em favor da SS. Virgem ou contra…” (Certa imprensa, em especial na Itália, referiu-se bastante a um grupo numeroso de padres conciliares que seriam «nemici della Madona»). A verdade, porém, é que toda a assembleia do II Concílio do Vaticano admitiu entrar em discussão. Para isso muito concorreu a vontade expressa do Papa João XXIII, e também a de Paulo VI que, mostrou-se claro e categórico nestas ricas palavras dirigidas à Virgem; “Ó Maria, olha para a Igreja e olha para os membros mais responsáveis do Corpo Místico, reunidos em volta de Ti, para te reconhecerem e celebrarem como Mãe mística…” (Estas palavras pertencem à alocução do Papa |
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pronunciada perante os padres conciliares no começo da 2ª sessão do II Concílio do Vaticano). Surge então matéria para uma “controvérsia longa e… nada pacífica” (In: Revista Theologica; Volume I – Fascículo 2; Ano 1966). Tudo se resume nisto: deveriam as questões mariais ficar em esquema separado e independente, ou como capítulo do «De Ecclesia»? A resposta foi dada pelos moderadores do concílio ao comunicarem que a questão ia ser submetida ao sufrágio do plenário. |
Só este decidiria em definitivo. E decidiu pela tão escassa maioria de 17 votos que o «De Beata» fosse tratado como último capítulo do «De Ecclesia». Vitória sem qualquer glória, como diria o padre Yves Congar – e que nos veio mostrar a grande divisão existente, portas adentro do Concílio. O título e doutrina da «Mater Ecclesiae» ficarão como uma das maiores glórias de Paulo VI. O Papa Montini fica nos anais da história como o Papa da «Mater Ecclesiae». |
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Junho 2016 |
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18 de junho. Capela da Senhora do Ar, Serra da Estrela - O bispo da Guarda vai presidir à peregrinação Jubilar do Arciprestado de Seia à capela da Senhora do Ar, na zona da Torre que é o “ponto mais alto da Serra da Estrela”.
. Fátima - Casa de São Nuno, 09h15 - Reunião dos Secretariados Diocesanos da Pastoral Juvenil
. Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese de Braga, 09h30 - A Pastoral Penitenciária de Braga vai dinamizar uma formação para futuros voluntários dos Estabelecimentos prisionais de Braga e Guimarães, no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese de Braga.
. Évora - Colégio dos Salesianos, 10h00 - Dia nacional do antigo aluno salesiano
. Évora, 10h00 - Conselho Pastoral Diocesano
. Coimbra - Colégio de São Teotónio, 10h30 - Conferência sobre «Os meios de Comunicação ao serviço da ação |
pastoral diocesana na era digital» pelo cónego António Rego e integrada no encontro de coletores dos jornais «Amigo do Povo» e «Correio de Coimbra»
. Évora, 21h00 - Celebração de envio de missionária do caminho neo-catecumenal para a China por D. José Alves, arcebispo de Évora
. Lamego - Vila da Ponte, 21h15 - Concerto orante pelo padre Marcos Alvim
. Porto – Sé, 21h30 - Concerto de São João com o organista Tiago Ferreira
. Beja, 21h30 - Concerto de encerramento do Festival Terras Sem Sombra (18 e 19 de junho)
19 de junho. Fátima - Peregrinação internacional da Família Blasiana nos 50 anos da morte do padre Joaquim Alves Brás
. Pavilhão Municipal Barcelos, 09h30 - A Fraternidade de Barcelos da Ordem Franciscana Secular (OFS) vai acolher o encontro nacional da ordem de irmãos leigos inspirados pelo modo de vida cristã de São Francisco de Assis. |
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. Casa Diocesana de Vilar – Porto, 15h00 - A Diocese do Porto vai promover o primeiro encontro de “cuidadores”, iniciativa inserida no Jubileu da Misericórdia, com o tema ‘Felizes os misericordiosos - cuidar dos que cuidam’.
. Lisboa - Igreja do Colégio S. João de Brito, 15h30 - Concerto de verão do Coro de Santo Inácio com o organista Artur Caldas.
. Lisboa - Igreja de Santos-o-Velho, 16h00 - Sessão do Festival «SacroSanctus» para ajudar a restaurar o órgão de tubos da Igreja de Santos-o-Velho, em Lisboa.
20 de junho. Lisboa - Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) - O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) em Lisboa vai ministrar, de 20 a 24 de junho, uma formação avançada de gestão de organizações religiosas.
. Vaticano, 10h00 - O Papa Francisco preside à celebração do consistório para a canonização de cinco novos beatos |
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. Casa Diocesana de Vilar – Porto, 15h00 - A Diocese do Porto vai promover o primeiro encontro de “cuidadores”, iniciativa inserida no Jubileu da Misericórdia, com o tema ‘Felizes os misericordiosos - cuidar dos que cuidam’.
. Lisboa - Igreja do Colégio S. João de Brito, 15h30 - Concerto de verão do Coro de Santo Inácio com o organista Artur Caldas.
. Lisboa - Igreja de Santos-o-Velho, 16h00 - Sessão do Festival «SacroSanctus» para ajudar a restaurar o órgão de tubos da Igreja de Santos-o-Velho, em Lisboa.
20 de junho
. Lisboa - Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) - O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) em Lisboa vai ministrar, de 20 a 24 de junho, uma formação avançada de gestão de organizações religiosas.
. Vaticano, 10h00 - O Papa Francisco preside à celebração do consistório para a canonização de cinco novos beatos
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17 junho, 21h30 Setúbal, Capela de Nossa Senhora dos Anjos A menos de 40 dias para o início da JMJ o Secretariado da Pastoral Juvenil de Setúbal dinamiza a última sessão ‘Rezar com Arte’ com o tema ‘Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus’.
18 de junho de 2016, 21h30 A sul, a Sé de Beja acolhe o concerto de encerramento da 12.ª edição do Festival Terras Sem Sombra. O ensemble vocal e instrumental de música antiga ‘La Grande Chapelle’ anima a ultima noite musical do certame que alia património, música e biodiversidade.
19 junho, 06h00 O programa ECCLESIA na Antena 1 da radio pública assinala o primeiro aniversário da Encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Sí’. Numa entrevista o professor Filipe Duarte Santos, físico português, comenta as propostas do pontífice argentino, a receção ao documento da “ecologia integral” e a aproveitar a natureza.
24 a 26 de junho, 21h30 - Fátima - Valinhos e a Aljustrel ‘A Luz do Anjo’, o Santuário de Fátima promove uma experiência multimédia - video mapping - que assinala os 100 anos das aparições do Anjo aos três pastorinhos videntes. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
10h30 - Oitavo Dia
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 13h30
Segunda-feira, dia 20 - Entrevista a Catarina Martins Bettencourt sobre a campanha "Seja a Misericórdia de Deus" ![]()
Terça-feira, dia 21- Informação e entrevista a Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz
Quarta-feira, dia 22 de junho - Informação e entrevista a Américo Pereira, autor do livro "Ética e Teologia"
Quinta-feira, dia 23 - Informação e entrevista ao frei Fernando Ventura, sobre o São João
Sexta-feira, dia 24 - Análise à liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 19 de junho - 06h00 - Um ano depois da enciclica 'Laudato Si'
Segunda a sexta-feira, 19 a 24 de junho - 22h45 - O São João, o santo popular e os seus festejos. |
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Ano C – 12.º Domingo do Tempo Comum |
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E vós, quem dizeis que Eu sou? |
O Evangelho deste 12.º domingo do tempo comum confronta-nos com a pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Paralelamente, apresenta o caminho messiânico de Jesus, não como um caminho de glória e de triunfos humanos, mas como um caminho de amor e de cruz. Conhecer Jesus é aderir a Ele e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação, de amor total. É nesta tonalidade que devem ser escutadas as outras leituras. A Profecia de Zacarias apresenta-nos um misterioso profeta trespassado, cuja entrega trouxe conversão e purificação para os seus concidadãos. Revela que o caminho da entrega não é um caminho de fracasso, mas um caminho que gera vida nova para nós e para os outros. A Carta aos Gálatas insiste que o cristão deve revestir-se de Jesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrer o caminho do amor e do dom da vida. Esse caminho faz dos crentes uma única família de irmãos, iguais em dignidade e herdeiros da vida em plenitude. Centremos o nosso olhar no Evangelho, que define a existência cristã como um tomar a cruz do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o caminho que eu devo percorrer, para ser fiel ao seguimento de Cristo. «Quem dizem as multidões que Eu sou?» É a primeira pergunta de Jesus. «E vós, quem dizeis que Eu sou?» É a segunda pergunta a comprometer tudo o que somos e fazemos. Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? |
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Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos? Só na oração de encontro confiante com Deus podemos perceber a sua vontade e encontrar o caminho do amor e do dom da vida. Nos momentos das decisões importantes da nossa vida, precisamos de dialogar com Deus e de escutar o que Ele tem para nos dizer. Jesus continua a questionar-nos. Que dizemos nós d’Ele, diante de Deus, no mais secreto do nosso ser? Que dizemos nós d’Ele, em família, |
aos filhos, aos amigos, aos irmãos? Quando a ocasião se apresenta, no nosso trabalho, nas nossas relações sociais e em tantos espaços habitados da sociedade, ousamos anunciar claramente quem somos ou temos receio de dizer que somos de Cristo? Que este Ano Santo da Misericórdia continue a ser um tempo precioso para renovar os nossos encontros com Jesus Cristo, homem admirável e Deus adorável, e com os irmãos. Sempre no amor e na misericórdia de Deus!
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
Papa denuncia tentativas de criar «reservas» para pessoas com deficiência
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O Papa denunciou no Vaticano as tentativas de isolar as pessoas com deficiência em “reservas” feitas de um “compassivo assistencialismo”, durante o Jubileu dos Doentes e Pessoas com Deficiência, integrado no Ano da Misericórdia. Na homilia da Missa que assinalou o evento, no último domingo, Francisco salientou que o mundo não se tornaria melhor se contasse apenas com pessoas aparentemente “perfeitas”. O Papa argentino defendeu ainda que na atualidade, o “cuidado do corpo tornou-se um mito generalizado e consequentemente um negócio”, onde o que é imperfeito “deve ser ocultado, porque atenta contra a felicidade e a serenidade dos privilegiados e põe em crise o modelo dominante”.
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“É melhor manter tais pessoas segregadas em qualquer ‘recinto’ – eventualmente dourado – ou em ‘reservas’ criadas por um compassivo assistencialismo, para não estorvar o ritmo dum bem-estar falso”, acusou Francisco, denunciando quem sustenta que “é melhor desembaraçar-se o mais rapidamente possível de tais pessoas, porque se tornam um encargo financeiro insuportável em tempos de crise”. Milhares de mulheres e homens marcados pela fragilidade física, partilharam histórias de vida, comunicadas em diferentes linguagens, músicas e encenações, a que se seguiu a Missa e a oração mariana do ângelus, presididos pelo Papa.
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Circo no Vaticano
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O Papa destacou no Vaticano a missão dos profissionais do mundo do circo, das feiras e espetáculos itinerantes, em “enriquecer a sociedade” através da sua alegria, do seu empenho e audácia. Numa audiência que teve lugar esta quinta-feira, com cerca de 6 mil profissionais do setor, integrada no Jubileu da Misericórdia, Francisco classificou os presentes como “artesãos da festa, da maravilha e do belo”. Lembrou ainda que os artistas “têm um recurso especial, de com a sua contínua itinerância levarem a todos o amor de Deus, o seu abraço e a sua misericórdia, de serem comunidade cristã itinerante, testemunhas de Cristo que está sempre a caminho ao encontro de quem está mais longe”. A iniciativa decorreu na Sala Paulo VI, |
no contexto do Ano Santo da Misericórdia que a Igreja Católica tem vindo a promover. Durante o Ano Santo, os espetáculos têm sido abertos e gratuitos para todas as pessoas mais necessitadas, para os pobres e sem-abrigo, para os presos e jovens com deficiência. Agradecendo a todos os profissionais por este gesto, Francisco lembrou que esta atitude “também é misericórdia”. “Semear a beleza e a alegria num mundo tantas vezes sombrio e triste. Muito obrigado a todos”, complementou. No encontro estiveram artistas dos vários continentes, que tiveram oportunidade de atuar para o Papa e inclusivamente desafiá-lo a dar festas num tigre e a dar colo a uma cria de pantera. |
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O doce sabor da JMJ Cracóvia’16
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“Deus é como o açúcar! Não se vê, dissolve-se… mas sente-se. Adoça e alegra a vida”, destaca o diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), o padre Eduardo Novo, sobre a coleção de pacotes de açúcar dedicados à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2016. |
arquipélagos da Madeira e Açores, a fazer um caminho de formação, informação e sensibilização rumo à peregrinação mundial de jovens em Cracóvia, na Polónia. |
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“milhares de unidades todos os dias”, e agora adoça o café, o pingo, o carioca, o abatanado e/ou o galão com informações simples e concretas como : A JMJ; os símbolos JMJ;
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o logótipo dos diversos encontros; tema JMJ 2016; patronos; Campus Misericórdia e Santuário da Divina Misericórdia.
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O exemplo de fé dos Chin em plena selva, na BirmâniaO padre da floresta |
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Em Myanmar, antiga Birmânia, os cristãos são uma imensa minoria e confundem-se com os mais pobres dos pobres, os mais discriminados, os que têm menos direitos. Os que vivem na selva. Como os Chin, que todos os dias ensinam ao padre John que as orações também se dizem nos sacrifícios, nas dificuldades e sofrimentos do dia-a-dia. Birmânia. Paróquia de Tanzang, em plena floresta junto à Índia. A vida não é fácil para a população local, muito pobre. O Padre John Om Se procura aliviar sofrimentos, promover algum bem-estar. A população local, os Chin, como são conhecidos, fazem parte de uma das minorias mais desprotegidas em toda o país. Os cristãos Chin sabem bem o que é viver na margem da sociedade. Ser-se cristão em Myanmar, a antiga Birmânia, é pertencer-se a uma minoria. Num país em que se confunde o Budismo com o próprio Estado, é muito difícil lidar com situações de extremismo. Este é um problema que afecta a comunidade cristã. “As pessoas aqui são muito pobres – explica o |
Padre John Om Se. Cultivamos as nossas quintas e se o tempo é mau… acabou-se. Sobreviver é bastante difícil.” A região Chin, que baptizou as populações locais com o seu nome, alberga algumas das comunidades cristãs da Birmânia. A região é composta por montanhas acidentadas, por vezes com floresta densa. Diz o Padre John: “A comunicação e o transporte são muito difíceis. Na estação das chuvas, não conseguimos ir até às aldeias”. Dizer aldeias pode ser pretensioso. Às vezes, são apenas casas isoladas. Umas aqui, outras acolá.
Caminhos difíceisNo início, a única forma de o Padre John se deslocar de aldeia em aldeia era a pé, em trilhos difíceis, sinuosos. Por vezes, ia a cavalo. Agora, tem uma mota, com a ajuda da Fundação AIS. Mas, mesmo assim, a natureza é demasiado caprichosa. “Mesmo com a mota, não se consegue viajar durante a estação das chuvas. Os deslizamentos de terra destroem |
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os caminhos…” Quando os caminhos se revelam intransitáveis, o isolamento é total. “Não há telemóveis, não há rede. Se houver uma emergência, temos de enviar uma pessoa.” Apesar das dificuldades, o Padre Johy nunca desistiu da sua missão junto dos mais pobres. “Temos de associar a oração às obras de caridade e, assim, experimentar a presença de Deus em nós, a fim de nos sentirmos tocados e ajudar os outros: os órfãos, as viúvas e os viúvos. Temos de cuidar deles”, diz, acrescentando: “Eles fazem parte |
da nossa vida”. “Na verdade, quando rezamos por eles e eles rezam por nós – com os seus sacrifícios, oferecendo as suas dificuldades e sofrimentos a Deus… de alguma forma também nos ajudam. Ajudam-me a ser um sacerdote cheio de vida, de fé e a fazer o bem aos outros.” Lá longe, no meio das florestas da Birmânia, os cristãos continuam a ensinar que as orações também se dizem nos sacrifícios, nas dificuldades e sofrimentos do dia-a-dia. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
Refugiados e Escravos: que relação? |
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Tony Neves |
Parece uma relação forçada, mas a verdade é que muitas pessoas que fogem a crises humanitárias acabam por ser escravizadas nas terras onde vão parar. A Walk Free Foudation, no Índice Global da Escravatura, publicado a 31 de maio, aponta para números que assustam e beliscam a consciência da humanidade: afirma que há no mundo 45,8 milhões de pessoas vítimas da escravatura! As principais formas de escravidão estão identificadas: redes de tráfico humano, trabalho forçado, servidão por dívidas, casamento forçado ou exploração sexual. Segundo este Relatório, as empresas estão na linha da frente no que diz respeito à culpa pela prática de boa parte das escravaturas modernas. Por isso, há que investir num controlo mais rigoroso acerca das formas como se contratam e tratam os trabalhadores. Os organizadores deste Índice encontraram sinais evidentes de escravatura em várias indústrias. Citam expressamente os casos de pescarias na Tailândia, plantações de algodão no Uzbequistão e Turquestão, bem como empresas de construção civil no Qatar. Foi ainda identificada a existência de trabalhadores domésticos de diplomatas, em zonas controladas pelo autoproclamado Estado Islâmico e em zonas afectadas por desastres naturais, como o Nepal ou a República Democrática do Congo. A Índia e a Coreia do Norte lideram o triste ranking dos que mais escravizam ou menos fazem para combater a escravatura humana. |
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Mas entre os responsáveis máximos da escravatura hoje, estão também as guerras e as migrações forçadas, ou melhor, aqueles que as provocam e delas se aproveitam, escravizando as vítimas indefesas. A Europa, destino de boa parte de migrantes e refugiados, é acusada de escravizar mais de um milhão de pessoas, através de trabalhos forçados e exploração sexual. A Organização Internacional do Trabalho também denuncia a exploração de alguns dos imigrantes /refugiados da bacia do mediterrâneo. No seu Relatório Anual, afirma que as vagas migratórias aumentaram |
imenso a vulnerabilidade à escravatura moderna. Combater a escravatura implica dois tipos de medidas: aplicar sanções muito duras aos esclavagistas e diminuir os índices de pobreza extrema que potenciam o trabalho forçado e a criação de redes de tráfico humano. Nelson Mandela aponta o palmilhar do ‘longo caminho para a liberdade’ como uma exigência de futuro da humanidade. Combater todas as formas de escravidão humana é dar um passo decisivo para que o mundo seja terra de fraternidade. |
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