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Octávio Carmo 20 - Opinião
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Foto da capa: Agência ECCLESIA Foto da contracapa: Arlindo Homem
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Ouvir e acompanhar os refugiados
Octávio Carmo |Rita Figueiras | Cáritas Portuguesa | JRS | Manuel Barbosa Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques |
A importância de acreditar |
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Octávio Carmo |
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Acontece a muita gente, por estes dias de grande competição desportiva: mesmo quem não gosta particularmente de futebol ou não acompanha regularmente o fenómeno, vibra com emoção inusitada e (mesmo para os próprios) inesperada com os feitos e as desfeitas da seleção nacional. A identificação do país com uma equipa de futebol poderia levantar muitas questões, mas essa discussão é geralmente dispensada, face à noção de estar unido na busca da glória, para superar por um momento que seja a fragilidade do quotidiano. “Acreditar” torna-se o verbo central de toda esta epopeia, que se vai repetindo com uma regularidade inédita nos últimos 20 anos (felizmente, porque eu cresci noutros tempos). Acreditar mesmo contra todas as evidências, esperar o “milagre” - sim, é uma linguagem familiar e remete para um universo religioso católico. Porque há situações em que nada o substitui. E o futebol também se vive entre a crença e a descrença, entre a dúvida e a certeza. Deixo uma nota final para o debate em torno do arremesso de microfone que marcou a quarta-feira. Estou certo de que as duas partes irão explicar as suas razões em tribunal e aguardo por elas. Até lá, além da crucifixão - lá voltamos à linguagem religiosa - do máximo expoente do futebol português, interessará mais refletir sobre o papel de quem informa. A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar. |
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Já aqui me referi ao facto de o mundo mediático em constante mutação ter vindo a fazer cada vez mais do conteúdo informativo uma forma de entretenimento passageiro. As próprias opções editoriais são condicionadas por este novo mundo, em que o jornalista desiste do seu |
papel de mediador e procura ser cada vez mais o protagonista. Resta acreditar que o bom exercício da profissão se irá sobrepor sempre às eventuais falhas e que o público saberá procurar os meios mais credíveis para permanecer informado. |
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"Hoje acompanham-me estes rapazes. Muitos pensam que seria melhor que tivessem ficado na sua terra, mas ali sofriam tanto. […] O cristão não exclui ninguém, dá lugar a todos, deixa vir todos”, Papa Francisco, audiência pública de quarta-feira, Praça São Pedro. |
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"Toda e qualquer possibilidade de tentar preservar um, dois, três anos, a qualidade do desempenho de memória, não tem preço. Há uma esperança muito realista de combater esta doença”, Rodrigo Cunha, coordena estudo que eliminou primeiros sintomas de alzheimer em ratos. (Jornal de Notícias, 22 jun 2016)
“Se estão mais preocupados com a desigualdade e a pobreza, têm de se preocupar com os desempregados”, chefe da missão do FMI para Portugal, Subir Lall, numa conferência na Nova School of Business and Economics. (Observador, 20 jun 2016)
“A três minutos do fim, não podíamos ir lá insistir e tentar marcar um golo, quando estamos apurados e podíamos sofrer um”, Selecionador nacional de futebol, Fernando Santos, após o jogo que garantiu a passagem de Portugal aos oitavos-de-final do Euro 2016. (Público, 22 jun 2016)
“Não permitamos que as recordações dolorosas tomem conta do nosso coração; mesmo diante dos ataques repetidos do mal, não nos rendamos”, Papa Francisco numa videomensagem à população da Arménia, país que visita entre hoje e este domingo. |
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Juristas católicos pedem proibição de barrigas de aluguer
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A Associação de Juristas Católicos saudou o veto presidencial à lei sobre maternidade de substituição e afirmou que esta é “uma prática intrinsecamente contrária à dignidade humana”. “A Associação de Juristas Católicos apela à atenção de todos os |
portugueses de que não é possível remediar o que não tem remédio e de que a proibição da maternidade de substituição é um imperativo da proteção da dignidade humana”, assinala um comunicado do organismo, enviado à Agência ECCLESIA. |
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O texto, intitulado ‘Um imperativo da proteção da dignidade humana’, surge depois de, a 7 de junho, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa ter decidido vetar o decreto da Assembleia da República sobre a gestação de substituição, com base em dois pareceres no Conselho Nacional de Ética, de 2012 e 2016. Para o presidente da República, trata-se de uma matéria que o Parlamento deve “ter a oportunidade de ponderar, uma vez mais”. O projeto-lei sobre as chamadas ‘barrigas de aluguer’, apresentado na Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda, tinha sido aprovado a 13 de maio com votos favoráveis do Partido Socialista, do Partido Ecologista ‘Os Verdes’, do PAN – Pessoas, Animais e Natureza e de 24 deputados do Partido Social Democrata. A Associação de Juristas Católicos cita o chefe de Estado português para sublinhar que “há questões éticas que devem ser ponderadas e que não foram debatidas pelos deputados”. “Esse debate, no nosso entender, é imprescindível, não só no parlamento, |
como na opinião pública”, acrescenta o comunicado. Os juristas católicos precisam que o recurso à maternidade de substituição implica “com a dignidade da pessoa humana e envolve valores estruturantes da sociedade”. “Como vem sendo sucessivamente afirmado por pessoas de vários quadrantes ideológicos, a maternidade de substituição representa sempre a ‘coisificação’ da criança e da mulher gestante, reduzidas a objeto de um contrato – daí a expressão ‘barrigas de aluguer’”, adverte a associação. O comunicado defende que apenas a “proibição” desta prática por resolver os problemas, recordando que a mesma é preconizada na recente Resolução do Parlamento Europeu 2015/2229 (N), de 17 de dezembro de 2015. A Associação de Juristas Católicos refere que a “liberalização” das barrigas de aluguer não constava dos programas eleitorais dos partidos socialista e social-democrata, “não devendo uma questão tão sensível e estrutural ser decidida sem audição daqueles que os fizeram eleger”. |
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Missionários da Boa Nova cumpriram
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O bispo de Bragança-Miranda presidiu este domingo à Eucaristia de encerramento da peregrinação dos Missionários da Boa Nova ao Santuário de Fátima e destacou a importância da oração para a missão. “Rezar é como querer bem, o centro da oração não é o que eu faço, mas o que Deus realiza. Não basta o culto externo e o formalismo autossuficiente, é preciso a alegria da fé e da missão. A oração não consiste em falar com Deus, mas em escutar e estar com Deus”, disse D. José Cordeiro. Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o prelado assinalou que no Evangelho Jesus “aparece frequentemente em atitude orante e silenciosa” como o Evangelho dominical que começou com a narrativa da oração de Jesus. D. José Cordeiro recordou que começou a “crescer na fé” com os Missionários da Boa Nova, na missão de Santo António do Dumbi, na Diocese do Sumbe, em Angola, onde recebeu o Batismo e guarda “com muita alegria as belas recordações daquela missão”. No Santuário mariano da Cova da Iria, D. José Cordeiro observou ainda que |
quem peregrina a Fátima sente-se “acolhido pela Virgem Maria” que transmite “uma mensagem de paz, de graça e de misericórdia que centra no coração de Deus”. A 50.ª peregrinação missionária ao Santuário de Fátima teve como tema ‘Eu vim para que tenham vida’ e da Eucaristia de encerramento destacam-se ainda os momentos da consagração a Nossa Senhora e procissão do adeus, numa celebração com “um total de 40 ou 50 mil” pessoas, segundo o comunicado dos Missionários da Boa Nova. O encontro anual começou no sábado e do programa constou uma “Sessão Missionária” com a apresentação do musical ‘A Alegria da Misericórdia’, pelo grupo ‘Trilhos de Fé’, de Felgueiras. |
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Fátima: Cursilhistas de 60 países vão acorrer ao santuário em maio de 2017 |
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O Santuário de Fátima vai receber a 6 de maio de 2017 uma ultreia mundial do Movimento dos Cursilhos de Cristandade, integrada na comemoração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora. Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o assistente espiritual do MMCC, D. Francisco Senra Coelho, perspetiva o evento como “um êxito muito grande”, pois “são muitos aqueles que querem vir a Fátima”, provenientes dos cerca de 60 países onde os cursilhos estão representados, na América, na Europa, na Ásia e em África. A ultreia mundial deverá ser ainda marcada pela visita do Papa Francisco a Portugal e à Cova da Iria, para participar nas celebrações do centenário das aparições de Fátima. O bispo auxiliar de Braga destaca neste contexto o mais recente documento da Igreja Católica, para a relação com os movimentos, intitulado “Iuvenescit Ecclesia”, publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé. Uma obra que mostra que o Papa está atento ao contributo que os cursilhos e outros movimentos cristãos podem dar para o “rejuvenescimento da Igreja”. |
Sobre o documento “Iuvenescit Ecclesia “ falou ainda à Agência ECCLESIA o presidente do comité executivo do MMCC, o português Francisco Manuel Salvador. “Daquilo que li, é um documento fundamental para os movimentos da Igreja, porque faz um apelo enorme a que eles ganhem maior conhecimento acerca das suas estruturas, dos seus próprios carismas, para que mantendo a frescura da origem, eles se vão renovando, adaptando aos nossos tempos, aos nossos dias”, apontou. Quanto à ultreia mundial em Fátima, Francisco Manuel Salvador acredita que esta atividade terá “a presença de praticamente todos os países que têm neste momento cursilhos ativos, o que é uma alegria, uma bênção extraordinária”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Família Blasiana encerrou jubileu dos 50 anos da morte |
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Congresso Internacional do Espírito Santo
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Papa Francisco visita a Arménia
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O Papa Francisco enviou uma videomensagem à população da Arménia, antecipando a sua viagem ao país, com início marcado para sexta-feira, e deixou um apelo à paz e à reconciliação com a história. “Não permitamos que as recordações dolorosas tomem conta do nosso coração; mesmo diante dos |
ataques repetidos do mal, não nos rendamos”, declarou, numa evocação das várias perseguições contra os arménios, que assinalaram em 2015 o centenário do ‘martírio’ (Metz Yeghern) às mãos do Império Otomano. O Papa visita a Arménia a convite de Karekin II, supremo patriarca e |
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catholicos de todos os arménios, das autoridades civis e da Igreja Católica, naquela que é a sua 14ª viagem internacional, com passagens, até ao momento, por 21 países. Francisco confessa “admiração e dor” pela história e “vicissitudes” do povo arménio, cujos sofrimentos “estão entre os mais terríveis que a humanidade recorda”. A mensagem associa-se, por isso, à dor pelas “tragédias” que os antepassados deste povo “viveram na sua própria carne”. O Papa apresenta-se como “servo do Evangelho e mensageiro de paz", disposto a apoiar todos os esforços de “reconciliação”. Francisco vai visitar no sábado o memorial dedicado às vítimas do genocídio arménio em Erevan, capital da Arménia, durante a sua visita ao país, entre sexta-feira e domingo. A passagem pelo memorial de Tsitsernakaberd, construído em 1967, é um dos pontos centrais da visita do pontífice argentino, que já em abril de 2015 tinha celebrado uma Missa pelo centenário do ‘Metz Yeghern’, durante a qual proclamou São Gregório |
de Narek como doutor da Igreja. “Daqui a pouco terei a alegria de estar entre vocês, na Arménia”, refere na videomensagem, pedindo ao povo arménio para rezar por esta viagem apostólica. A intervenção recorda que a Arménia é considerado “o primeiro país cristão” - o rei Tiridates III proclamou o Cristianismo como religião de Estado em 301, ainda antes do Império Romano, sob o impulso de São Gregório, o Iluminador. “Façamos como Noé que depois do dilúvio não se cansou de olhar para o céu e libertar várias vezes a pomba, até que uma vez ela regressou a ele com um ramo novo de oliveira. Era o sinal de que a vida podia recomeçar e a esperança devia ressurgir”, observou. A mensagem faz assim referência à tradição bíblica, que no livro do Génesis assinala que a arca de Noé teria pousado sobre o monte Ararat, que agora pertence à Turquia. Simbolicamente, Francisco e Karekin II vão lançar pombas brancas desde o Mosteiro de Khor Virap em direção ao monte. |
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Vaticano envia mensagem a muçulmanos pelo fim do Ramadão |
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O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (Santa Sé) enviou uma mensagem aos muçulmanos de todo o mundo, pelo fim do mês do Ramadão, a 5 de julho, sublinhando a importância de um esforço conjunto em favor dos pobres. “É motivo de grande esperança de ver ou ouvir de muçulmanos e cristãos que se unem para ajudar os mais necessitados. Quando unimos os nossos esforços, nós obedecemos a um importante mandamento presente nas nossas respetivas religiões, e damos demonstração da misericórdia de Deus”, refere o texto, assinado pelo cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do dicastério. O documento fala nas “vítimas de conflitos e violência”, em particular idosos, crianças e mulheres, e nas “vítimas do tráfico de seres humanos”. “Não podemos fechar os olhos para estas realidades, ou virar-nos para o outro lado diante desses sofrimentos”, defende o cardeal francês, que desafia católicos e muçulmanos a “ajudar aqueles que têm necessidade, independentemente da sua etnia ou crenças religiosas”. |
O texto sublinha que a celebração do Ramadão e do ‘Id al-Fitr’ (festa conclusiva deste mês de jejum ritual) representam “um importante evento religioso para os muçulmanos em todas as partes do mundo, centrado no jejum, na oração e nas boas ações”. A mensagem intitula-se “Cristãos e muçulmanos, beneficiários e instrumentos da divina misericórdia”. O cardeal Tauran realça que este é um tema importante para os fiéis das duas religiões, que acreditam “num Deus misericordioso, que mostra a sua misericórdia e compaixão para com todas as suas criaturas, em particular a família humana”. “Ele é misericordioso ao cuidar de cada um de nós, concedendo-nos os dons necessários para a nossa vida diária, tais como comida, abrigo e segurança”, precisa. |
Papa assume admiração por Bento XVI em texto de homenagem |
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O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro de homenagem a Bento XVI, no 65.º aniversário da sua ordenação sacerdotal, no qual manifesta admiração pelo exemplo do seu predecessor. “Ainda antes de ser um grandíssimo teólogo e mestre da fé,vê-se que é um homem que acredita verdadeiramente, que reza verdadeiramente; vê-se que é um homem que personifica a santidade, um homem de paz, um homem de Deus”, assinala. O texto foi divulgado pela Rádio Vaticano, após publicação no jornal italiano ‘La Repubblica’. Francisco apresenta o Papa emérito como um exemplo da “Teologia de joelhos”, que valoriza a oração como “fator decisivo” na vida de quem se consagra a Deus. Bento XVI vai voltar ao palácio apostólico do Vaticano a 28 de junho, para uma cerimónia de homenagem nos seus 65 anos de sacerdócio. A Fundação Joseph Ratzinger adianta que a iniciativa, com a presença do Papa Francisco, está marcada para a Sala Clementina, onde o Papa emérito receberá o livro ‘Ensinar e aprender o amor de Deus’. Francisco escreve que um sacerdote |
deve “incarnar a presença de Cristo” entre as pessoas e apresentar a “Igreja de Cristo”. O texto elogia o “luminoso” sacerdócio de Joseph Ratzinger, Bento XVI, em particular os três anos que se seguiram à sua renúncia ao pontificado (11 de fevereiro de 2013), dedicados à oração e à meditação. "É talvez e sobretudo do Mosteiro 'Mater Ecclesiae', para onde se retirou, que Bento XVI continua a testemunhar de modo ainda mais luminoso o 'fator decisivo', esse núcleo íntimo do ministério sacerdotal de que os diáconos, os sacerdotes e os bispos não devem esquecer nunca: que o serviço mais importante não é a gestão dos 'assuntos correntes', mas rezar pelos outros, sem cessar, alma e corpo, exatamente como o faz hoje o Papa Emérito", desenvolve. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa associa-se a congresso mundial pelo fim da pena de morte |
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Refugiados são pessoas como nós |
O Brexit nos media |
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Rita Figueiras Portuguesa |
Inglaterra vai referendar a permanência do país na União Europeia no dia 23 de junho. Como qualquer campanha pela conquista da opinião pública, grande parte da disputa tem decorrido nos media, nomeadamente na televisão, que continua a ser o meio de comunicação mais consumido e mais procurado para obtenção de informação. É precisamente neste palco que os políticos têm centrado a sua atenção, o que tem feito com que seja difícil distinguir o referendo da sua própria mediatização. Vários centros de investigação na área dos media de universidades inglesas têm conduzido estudos sobre a cobertura jornalística ao referendo. De uma forma simples e sintética podemos destacar três grandes características na cobertura noticiosa: 1) Esta é uma história edificada em torno de duas personagens, destacando-se o que as separa entre si – a tensão em torno do Brexit tem sido personificada em David Cameron (Primeiro-Ministro, do Partido Conservador, a favor da permanência do país na UE) e Boris Johnson (ex-Presidente da Câmara de Londres, do Partido Conservador, a favor da saída do país da UE); 2) A economia tem sido o ângulo preferencial de análise – a campanha a favor da saída destaca as implicações económicas que os refugiados trarão para Inglaterra e a campanha pela permanência, o impacto para os negócios e o emprego caso o país saia da UE; 3) Os homens têm sido os principais protagonistas – os canais de televisão têm promovido variados debates sobre o tema |
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e as mulheres não têm sido convidadas a participar nestes programas. Os vários relatórios produzidos mostram-nos como este caso, extremamente complexo, cheio de especificidades e particularidades, tem sido objecto de uma cobertura jornalística semelhante a tantas outras histórias políticas. Isto pode ser explicado pelo facto de o trabalho jornalístico ser muito previsível (regras da produção noticiosa) a lidar com a imprevisibilidade (acontecimentos inesperados), nomeadamente na escolha de eventos, situações e questões para informação pública; |
na forma de contar as estórias que obedece a uma estrutura sequencial padronizada, e na construção padronizada de significados. Estas propriedades encontradas na mediatização do Brexit contribuem para a percepção de que, independentemente do que aconteça, nada muda na política. Esta é, ou parece que é, feita apenas de emoções fortes e não também de debates racionais; é centrada em eventos e pessoas e não também em instituições ou ideias, e é focada na competição e em conflitos e não também na negociação e produção de consensos políticos. |
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Dentro ou fora? |
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Henrique Matos
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"Brexit" ou "Bremain"? No momento em que escrevo, ainda não obtive resposta. Nas próximas horas as bolsas exultarão com a permanência ou, se os votos ditarem a saída, o pânico pode apoderar-se da city, o coração financeiro da ilha de Sua Majestade. Parece que tudo se resume a consequências económicas e pode não ser bem assim. Este referendo é, desde logo, um sintoma do que se passa na União Europeia e traduz na ida às urnas, uma vontade que não é exclusiva dos britânicos. Quando se dá um passo, há quem perca o medo e decida também avançar, e esse é um risco neste momento. A Europa acomodou-se e aprisionou o sonho dos seus pais fundadores no espartilho de uma moeda única. Os europeus da criação artística, do pensamento, dos ideais, afunilaram todo o seu espírito criativo na obsessão pelos défices orçamentais. Esta semana, Helena Garrido escrevia no "Observador" que, "a União Europeia precisa de mudar e o pensamento anglo-saxónico é fundamental para o que queremos da União Europeia. É dali que chegam as pressões para menos burocracia e mais democracia e liberdade". Na verdade precisamos de todos e, é a especificidade de cada um, que confere riqueza ao conjunto. A Europa precisa de desviar o olhar dos gráficos do desempenho económico e voltar a acreditar e a sonhar. Ter um ideal, um horizonte mais motivante do que o sombrio patamar de 3% de défice... |
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Importa acreditar na possibilidade de reacender o entusiasmo no meio de tanto euroceticismo. Há dois anos, passou por Estrasburgo um chefe de Estado que foi direto ao assunto: "Chegou a hora de construir a Europa que gire não em torno da economia, mas em torno da sacralidade da pessoa humana." Não sendo um Estado membro as palavras tinham o impacto de saírem da boca de um Papa. Francisco, perante os eurodeputados, ousava apontar um caminho: "sois chamados a uma grande missão, ainda que possa parecer inútil: tomar-vos de cuidados pela fragilidade, pela fragilidade dos povos e das pessoas. Tomar-vos de |
cuidados da fragilidade quer dizer força e ternura, quer dizer luta e fecundidade no interior de um modelo funcionalista (...) que conduz inexoravelmente à “cultura do descartável”. Tomar-se de cuidados pela fragilidade das pessoas e dos povos significa proteger a memória e a esperança; significa encarregar-se do presente na sua situação mais marginal e angustiante, e ser capaz de ungi-la de dignidade. Estando o Reino Unido, neste momento, dentro ou fora, a verdadeira escolha da Europa é saber se opta pela união das pessoas ou pela união monetária. Escolhendo a primeira, ainda poderá receber a segunda como prémio. |
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O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição um conjunto de textos e entrevistas cujo centro está na questão dos refugiados. Após a celebração do Dia Mundial convocado pela ONU, mostramos o trabalho de organizações católicas no terreno, com a Cáritas e o Serviço Jesuíta aos Refugiados, destacando ainda o 10.º aniversário do Centro Pedro Arrupe. |
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O Serviço Jesuíta aos Refugiados
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Agência ECCLESIA (AE) – Quando é que sentiu que já não era possível ficar no seu país? PF – Há cerca de um ano. Eu trabalhava desde 2007 num grupo de apoio à juventude, ligado à Igreja Católica, como secretário da |
informação, numa diocese. A missão desse grupo focava-se sobretudo nos cristãos mais pobres e desfavorecidos, da região e de outras comunidades, na prestação de apoio médico e legal, entre outros. No meu último ano no país, comecei |
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a ser vítima de muitas formas de discriminação, depois de me envolver na defesa de um jovem cristão assassinado com a conivência das autoridades, cujo processo nunca chegou a uma conclusão em tribunal. Como o jovem não aparecia, a sua família foi ter connosco, comigo e com o meu pároco, e nós ajudámo-los com os trâmites legais. Era uma família pobre, iletrada, e nós assumimos todas as ações interpostas em tribunal. Entretanto, como se tratou de um caso que mexeu muito com a opinião pública, comecei a ser alvo de ameaças de morte. Uma pessoa, |
que foi ligada à morte do rapaz, disse-me para deixar tudo isto de lado, ou acontecia-me o mesmo. Depois optaram por outra estratégia, foram ao meu local de trabalho, ofereceram-me dinheiro, desde que eu não fizesse nada. Eu disse não, e responderam que se eu tomasse mais iniciativas neste caso matavam-me, e que o mesmo destino podia cair sobre a minha família, os meus amigos. Foi então que o meu pároco me disse que seria melhor deixar o país, devido ao fanatismo e à discriminação que crescia no Paquistão. |
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AE - À imprensa ocidental têm chegado muitos relatos de violência e de morte no seu país, tendo por trás motivações religiosas. PF – Sim, deparei-me com muitos casos, que vão desde um casal de paquistaneses cristãos queimado vivo em Lahore, por muçulmanos fanáticos, até ao de um homem cristão espancado quase até à morte, simplesmente por estar a vender gelados numa praça. Eu próprio fui também alvo de algumas agressões, |
bateram-me, lutaram comigo muitas vezes, tenho muitos casos, muitas provas. Depois do último incidente, como referi antes, o meu grupo e também o meu pai aconselharam-me a escapar, e com o meu pároco ajudaram-me a obter visto para Portugal. Cheguei faz um ano no próximo dia 10 de julho.
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AE – E uma vez em Portugal, como é que tem sido o acolhimento e a integração? PF – Nos primeiros dias tive muitos problemas, conhecia uma família paquistanesa, receberam-me durante um mês, um mês e meio. Eu não tinha emprego, quase nenhum dinheiro, não tinha nada. Como conhecia a Cáritas, enviei uma mensagem à Cáritas Portuguesa e eles deram-me como referência um sacerdote daqui da zona de Lisboa. Esse padre ligou para outra organização, a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, para falar com a Catarina Martins e o Félix Lungu. Eu expliquei-lhes a minha situação e eles entraram em contacto com o JRS – Serviço Jesuíta ao Refugiado, com o diretor André Costa Jorge, e no dia seguinte fui convocado a ir à sede desta organização. Depois de se inteirarem da minha história, eles receberam-me, deram-me abrigo, tudo o que precisava. Pagavam-me todos os meses a alimentação, o transporte. O JRS é por isso para mim como uma segunda casa.
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AE – A sua perspetiva agora é voltar à sua terra natal ou permanecer em Portugal? PF – O meu plano é ficar.
AE –Espera reencontrar-se com a sua família aqui? PF - Sim, espero trazê-los a todos para Portugal e ficarmos a viver aqui. Atualmente tenho emprego e já apresentei a minha candidatura para a licença de residência em Portugal, com o estatuto de trabalhador e não de refugiado.
AE – Porque optou por não pedir estatuto de refugiado? PF – Porque se o tivesse feito, pela lei europeia não poderia voltaria ao meu país. E pela lei paquistanesa, artigo 6, se eu regressasse ao meu país depois de ter pedido asilo como refugiado, seria morto. |
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AE – Como é que está agora o seu processo de licença de residência? PF – A 28 de março fui a uma primeira reunião no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com tudo o que era preciso: o meu número de segurança social, o meu número de identificação fiscal, a minha declaração de impostos, os meus exames médicos, tudo estava em ordem. Mas os responsáveis do SEF disseram-me que faltava a inspeção ao meu local de trabalho. Três meses depois, |
ainda não a fizeram e assim as coisas ficam mais difíceis. Sem a questão da residência resolvida não posso pensar em trazer a minha família para cá. Depois deixei também um bom negócio no Paquistão, uma farmácia, tenho ainda lá propriedades, bens de família. Quando tiver autorização de residência volto ao meu país para vender tudo e começo um novo negócio em Portugal, já com a minha família.
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AE - Voltar não será arriscado? PF – Será mas alguma vez terei de lá voltar, porque com autorização de residência portuguesa não terei problemas, sem autorização teria de solicitar um visto, levaria um mês, dois meses, não seria bom para mim.
AE - Daqui de Portugal, como olha para a situação do seu país? PF – Primeiro, tinha contacto com muitas pessoas no meu país, e por isso tive conhecimento de muitos casos de blasfémia. Temos o caso de Asia Bibi, que ainda permanece na prisão, mas também muitos outros, por exemplo de jovens queimados vivos por alegadamente terem dito mal do Corão. Em Portugal tudo é diferente, é um país mais aberto, com liberdade religiosa, embora também haja problemas de discriminação entre muçulmanos e cristãos.
AE – Os países são diferentes, mas as culturas e as mentalidades como que viajam com aqueles que vêm para cá? PF – Sim, mas aqui as coisas não ainda não resvalam para a violência, porque aqui a lei é boa e a liberdade religiosa é mais forte. Também no Paquistão os cristãos são uma minoria, aqui são a maioria, daí que me sinta seguro e queira ter aqui comigo a minha família. |
AE – Mas não é possível estimular mais o diálogo com a comunidade muçulmana no Paquistão? PF – No Paquistão trabalhei com uma comissão para o diálogo religioso, e o que constatei foi que muitos líderes muçulmanos, em frente às câmaras, dos media, dos outros líderes religiosos dizem uma coisa mas depois na realidade fazem outra. Eles simplesmente não aceitam os cristãos nem as suas crenças.
AE – O que é que falta então para mudar o contexto no Paquistão, para pacificar o seu país? PF - Mais educação. Porque a maior parte dos muçulmanos não tem estudos, não sabe ler, tem pouca educação, mesmo religiosa. Porque se a tiverem, relacionam-se melhor connosco. |
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Centro Pedro Arrupe, |
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O Centro Pedro Arrupe (CPA) em Lisboa, ligado aos Jesuítas, celebra hoje o seu 10.º aniversário com planos de maior abertura à comunidade e de reforço do apoio aos migrantes e refugiados que procuram o espaço. “Este centro tem acolhido diferentes tipos de situações. Já tivemos fases em que havia o chamado ‘boom’ da Europa de Leste, para trabalhar em Portugal; neste momento, assiste-se a outra fase, de situações de refugiados”, precisa Rita Sommer, coordenadora do CPA, em declarações à Agência ECCLESIA. Este é um centro de acolhimento temporário para migrantes sem-abrigo, criado em 2006, pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal) em parceria com o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto da Segurança Social, a Organização Internacional para as Migrações, a Província Portuguesa das Filhas da Caridade de S. Vicente Paulo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. |
Em 10 anos de vida, ajudou cerca de 400 pessoas “em situação de grande vulnerabilidade”, incluindo alguns refugiados, como refere Rita Sommer. “As pessoas vêm de diferentes cantos do mundo com situações e projetos de vida muito diferentes”, observa a responsável. Os residentes fazem voluntariado fora do centro, ganhando “competências profissionais e sociais”. Algumas das pessoas que procuram o centro têm como objetivo a integração na sociedade portuguesa, outras encontram-se a receber tratamentos devido a problemas de saúde e outras aguardam o retorno voluntário aos seus países de origem. Com capacidade para acolher 25 adultos, 18 homens e 7 mulheres, têm passado pelo Centro “essencialmente” migrantes provenientes do Brasil, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe ou Ucrânia. Segundo Rita Sommer, 17% dos residentes conseguiram regressar ao país e mais de 40% integraram-se com sucesso no mercado de trabalho. Apesar de o CPA não ser exclusivamente para refugiados, |
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a atual crise migratória na Europa tem tido impacto no seu trabalho. Algumas pessoas chegam sem o estatuto de refugiado, mas as suas situações são as de “pessoas obrigadas a deixar o país de origem”, assinala Rita Sommer. A coordenadora lamenta a falta de celeridade na “integração” dos refugiados na sociedade, por excesso de burocracia nas políticas comunitárias. |
O CPA encontra-se aberto todo o dia, procurando oferecer um acompanhamento individualizado a cada residente com uma equipa técnica multidisciplinar. A metodologia desenvolvida assenta na participação dos residentes, dos quais é esperado que definam os seus objetivos e os concretizem. Rita Sommer trabalha há oito anos neste espaço e considera que “o centro tem um potencial enorme |
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por causa da diversidade cultural” que ali existe. A equipa técnica é desafiada a um “trabalho de criatividade”, num centro que procura promover ações de “maior dimensão”, abrindo-se à comunidade envolvente, na Ameixoeira (Alta de Lisboa), este ano com maior atenção aos temas da ecologia, a partir da encíclica ‘Laudato si’, do Papa Francisco. “Pretendemos lançar aqui, através da celebração do aniversário, uma
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primeira pedra para dar continuidade a uma série de trabalhos que começaram a ser desenvolvidos, nomeadamente atividades culturais”, observa a coordenadora. O 10.º aniversário do Centro Pedro Arrupe vai ser celebrado esta manhã numa festa com testemunhos de residentes e ex-residentes, na qual vão ser apresentados os resultados de 10 anos de atividades, concluindo-se com um almoço comunitário.
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«Emigrar não é nada fácil» |
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Sambú Cassamá é natural da Guiné-Bissau e veio para Portugal por causa de um problema respiratório, neste momento, está no Centro de acolhimento temporário Pedro Arrupe (CPA), depois de curar-se e tirar um curso quer regressar para “contribuir”. “O meu sonho é voltar ao meu país, quero sempre voltar”, referiu esta quinta-feira o jovem de 26 anos residente no CPA, o centro de acolhimento temporário para migrantes sem-abrigo, criado pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal), em 2006. À Agência ECCLESIA, Sambú Cassamá explica que “emigrar não é nada fácil” e sublinha que está em Portugal por causa de um problema de saúde, “respiratório”, mas quando “estiver bom”, e depois de terminar um curso, vai “regressar um dia” à Guiné Bissau para dar as suas “contribuições”. Antes de ser enviado por uma junta médica para Portugal já tinha trabalhado na Guiné Bissau e terminou o 11.º ano de escolaridade, não fazendo mais porque “não havia 12.º”, mas tirou um curso de Administração revelando que |
gosta “é de gestão empresarial ou bancária”. Sobre o problema respiratório conta que no CPA “aconteceu duas vezes” – “na primeiro cai com um ataque” – estando a ser acompanhado pelo “médico do JRS”. Sambú Cassamá está a “estagiar” numa Escola no Lumiar mas às vezes faz outros trabalhos, como o que terminou esta quinta-feira no Centro Comercial da Portela, onde esteve durante duas semanas. “Também estou à espera de emprego no próximo mês e acho que com a ajuda de Deus pode ser realidade”, acrescentou. O entrevistado está no CPA há três meses, recorda que chegou numa sexta-feira mas “o centro não estava a receber pessoas” e ficou “muito stressado”, tendo regressado na segunda-feira seguinte. “É difícil passar por todos os departamentos”, observa, destacando que fez uma entrevista e passou por todas as fases até ao departamento de emprego, e “passados dois dias” recebeu uma chamada para ir para o serviço do JRS. Sambú Cassamá quando chegou |
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ao Centro Pedro Arrupe conheceu as regras, disse que podia adaptar-se a “tudo o que o centro exige” e ganhou “confiança”. “No centro estou bem, concentrado nas minhas expetativas, à espera de um futuro melhor porque graças a Deus, ao JRS e ao CPA posso dizer estou bem em Portugal”, observa. O CPA fica na Ameixoeira, Lisboa, ao lado de um bairro onde vive a etnia cigana com quem o entrevistado |
conta que dá-se “bem com a comunidade” onde tem “muitos amigos” que o convidam para “jogar futebol”. “Não tenho problema quanto a relacionamento com a comunidade”, acrescenta o jovem guineense. Na Guiné Bissau, Sambú Cassamá conta que deixou a mãe, irmãs e um irmão com quem fala “de vez em quando”. |
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“Admiramos imensamente
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Desde o início do conflito sírio, o Líbano recebeu já mais 1.5 milhões de refugiados sírios e iraquianos. A Cáritas do Líbano foi uma das primeiras instituições a criar condições de acolhimento, implementando junto dos campos centros de formação para mulheres e atividades de ocupação de tempos |
livres para crianças. A situação vulnerável das famílias origina casos de exploração laboral e de precariedade extrema. A Cáritas do Líbano presta apoio económico e social a vários níveis, nomeadamente da saúde, educação, legalização e acompanhamento psicológico, entre outros. Com uma média de |
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aproximadamente 20 novos casos por semana, a situação tornar-se-ia insustentável se não contassem com o apoio internacional. A delegação da Cáritas Portuguesa visitou, no Vale de Beqaa, junto à fronteira com a Síria, o projeto apoiado pela PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados que já fez chegar 100.000 euros à Cáritas do Líbano no início do ano, recolhidos pela campanha PAR-Linha da Frente. O sucesso desta campanha, que se prolongou até ao dia 18 de março, mitigou a fome e cuidou muitos doentes, tornando menos rigoroso o inverno passado, fornecendo a 120 pessoas aquecedores e combustível, neste caso através do contributo de 25.000 euros do fundo para emergências internacionais da Cáritas Portuguesa. Atualmente estão em cursos vários programas humanitários destinados tanto à população refugiada como à população libanesa local, que se vê cada vez mais afetada com a situação da crise síria que provoca falta de emprego e sobre-exploração dos recursos do Líbano. A coordenadora de um dos centros visitados alertou para o grande número de casos de apoio psicológico e social relacionados com violência sexual e de género e de proteção infantil. Apesar dos casos de violações terem vindo a diminuir ao longo dos últimos meses, existem |
ainda muitas mulheres refugiadas vítimas deste flagelo, vindas diretamente da Síria ou na sua chegada ao Líbano, fruto da vulnerabilidade da sua situação. O Presidente da Cáritas Portuguesa assinou um novo acordo de cooperação com a Cáritas do Líbano para apoiar um programa de educação junto à fronteira com a Síria. Serão beneficiadas 70 crianças e jovens da região, sírios e libaneses. Portugal vai contribui com 25.000 euros, o que corresponde a 24% do valor total para um projeto global de educação, da responsabilidade da Cáritas libanesa. A verba a ser aplicada provém da Campanha Nacional “10 Milhões de Estrelas- um gesto pela paz”, do ano passado. O responsável pelo Programa, subsidiado pela Cáritas Portuguesa, no campo de refugiados Ramzi Abou Zeid disse na ocasião: “Estamos muito agradecidos e admiramos imensamente o povo português por nos ajudar, sabendo de todas as dificuldades que enfrentamos atualmente. Os vossos donativos são de extrema importância, pois estas são as necessidades mais prementes que a população mais vulnerável enfrenta no nosso país. Esperamos poder continuar com a preciosa ajuda dos portugueses nos próximos tempos.” Eugénio Fonseca Presidente da Cáritas Portuguesa |
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Obrigado por apoiar as crianças refugiadas no Líbano! |
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Em setembro de 2015, no auge da “crise dos refugiados” foi lançada em Portugal a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), da qual o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) é um dos membros fundadores. Um dos eixos principais de atuação desta plataforma foi o lançamento da campanha PAR Linha da Frente que pretendeu dar uma resposta mais ampla à crise de refugiados apoiando projetos em países que estavam na “linha da frente” do seu acolhimento. Neste sentido, o Líbano foi o país escolhido para receber os fundos |
angariados em Portugal pela campanha para serem aplicados em programas de emergência humanitária desenvolvidos pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) e pela Caritas naquele país, um dos que mais refugiados acolheram. No início deste mês, desloquei-me ao Líbano com o propósito de avaliar e acompanhar a aplicação dos donativos que os portugueses fizeram para a campanha PAR Linha da Frente- Líbano. Tal como muitos de nós, os meus conhecimentos sobre a realidade libanesa limitavam-se a |
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algumas noções históricas políticas e geográficas. Nesta visita, para além de poder ver como estavam a ser utilizados os apoios alcançados, pude ter também um contacto mais profundo com a realidade deste país do Médio Oriente, que, apesar de pequeno em dimensão territorial, conta com uma elevada densidade populacional e sobretudo com uma história milenar e uma diversidade religiosa e social que lhe conferem um estatuto único na região. Apesar das imensas diferenças que pude encontrar ao viajar pelo território de um país que sofre com a exigente e difícil situação de ter de acolher quase dois milhões de refugiados, é a situação das crianças que mais salta à vista e que naturalmente mais impressiona pela sua dureza e vulnerabilidade. |
A realidade que pude observar confirma os dados do final de março de 2016, que apontam para a existência de mais de 460 mil crianças refugiadas sírias com idades compreendidas entre os 3 e os 17 anos em território libanês. Pela herança da longa experiência jesuíta na área da educação, pela sua missão de acompanhar, servir e defender todos os refugiados e por querer estar onde faz mais falta e mais ninguém está, o JRS desenvolve, desde 2013, um programa de educação não formal na região de Bekaa, no leste do Líbano. O objetivo deste programa, além de evitar o abandono escolar e a entrada precoce no mundo do trabalho, é dar apoio a muitas das crianças que não têm acesso ao programa de educação formal. Quase 70% dos refugiados no Líbano |
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vivem no norte do país e no vale de Bekaa, devido à sua proximidade com a Síria. A proporção de refugiados sírios para cidadãos libaneses nesta zona já é de 1 para 2 e a maioria das famílias que vive nesta região vive em campos improvisados, o que as deixa expostas às más condições atmosféricas, de higiene e a uma proteção insuficiente. Muitas crianças sírias são forçadas a começar a trabalhar para poderem ajudar as suas famílias e normalmente aceitam trabalhos no setor da agricultura. Mais de |
metade das crianças sírias a viver aqui adquire apenas as competências mínimas de leitura e escrita antes de começarem a trabalhar. Esta região tem o número mais elevado de abandono escolar (85%) dada a falta de escolas nas zonas envolventes. Quando surgiu a ideia de avançar com a campanha, o JRS optou por canalizar os fundos recolhidos para o apoio à alimentação das crianças abrangidas por estes projetos educativos dada a gravidade da sua situação e sobretudo |
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porque, desde janeiro de 2015, o Programa Alimentar Mundial cortou para metade o orçamento na região devido à falta de financiamento. Como sabemos, a alimentação é um dos direitos básicos de qualquer ser humano, em especial quando falamos de crianças. Nenhuma criança malnutrida consegue alcançar os níveis mínimos de concentração e atenção necessários em idade escolar. Calculámos que cada refeição tivesse um custo de apenas 0,29 euros, pelo que 102 euros bastariam para garantir o acesso à primeira refeição da manhã a mais de 1700 crianças refugiadas |
com os fundos recolhidos pela campanha. Voltei desta visita com a certeza de que os fundos doados – no total o JRS-Líbano receberá cerca de 113 mil euros - estavam a ser bem utilizados, mas voltei sobretudo com um sentimento de profunda gratidão pela ajuda que os portugueses deram à causa das crianças refugiadas no Líbano. Apesar de ser uma pequena gota de água no imenso oceano de sofrimentos este foi um gesto concreto em favor dos mais vulneráveis. Aproveito estas linhas para, em nome do JRS, expressar o meu bem-haja a todos os que contribuíram e se sentiram chamados a ser construtores da paz. André Costa Jorge diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados |
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insira a foto aqui |
Refugiados sentaram-se junto ao Papa na Praça de São Pedro
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O Papa fez-se acompanhar na audiência geral desta semana por um grupo de refugiados acolhido pela Cáritas de Florença (Itália), com o lema ‘Por um futuro em conjunto’. “Hoje acompanham-me estes rapazes. Muitos pensam que seria melhor que tivessem ficado na sua terra, mas ali sofriam tanto. São os nossos refugiados, mas muitos consideram-nos como excluídos. Por favor, são os nossos irmãos. O cristão não exclui |
ninguém, dá lugar a todos, deixa vir todos”, disse, no decorrer do encontro com peregrinos de todo o mundo. Os 13 refugiados de origem africana foram ao encontro de Francisco no final do percurso do papamóvel pela Praça de São Pedro, no Vaticano, caminhando depois com o pontífice, para sentar-se diante da cadeira desde a qual o Papa apresentou a sua tradicional catequese semanal. A intervenção papal sublinhou |
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a importância de “tocar” o sofrimento dos mais necessitados, partindo do exemplo de Jesus Cristo que foi ao encontro dos leprosos do seu tempo, “excluídos” pela sociedade, “longe de Deus e longe dos homens”. “Quantas vezes encontramos um pobre que vem ao nosso encontro. Podemos ser generosos, podemos ter compaixão, mas por norma não lhe tocamos. Oferecemos-lhe a moeda, mas evitamos tocar a mão, deitamo-la lá. Por favor, são nossos irmãos”, apelou. O Papa confessou que repete em oração a frase que o Evangelho atribui a um leproso que se dirigiu a Jesus: ‘Senhor, se quiseres, podes purificar-me’. “Tocar o pobre pode purificar-nos da hipocrisia e levar-nos a preocupar-nos com a sua condição”, assinalou, convidando os presentes
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a pensar nas suas próprias “misérias”. No final da audiência, Francisco saudou os peregrinos e visitantes de língua portuguesa, em particular um grupo de Escuteiros de Leiria, encorajando-os a “apostar em ideais grandes de serviço, que engrandecem o coração e tornam fecundos” os talentos. Após a catequese, o Papa saudou pessoalmente cada um dos refugiados que o acompanharam na audiência, oferecendo-lhes um pequeno presente. |
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Francisco dedica mensagem
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O Papa vai escrever uma mensagem sobre a situação dos menores migrantes, “vítimas de graves violações” dos Direitos Humanos, anunciou o Vaticano. O Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes (Santa Sé) adiantou que o tema para o 103.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado (15.01.2017) é ‘Menores migrantes, vulneráveis e sem voz’. “O Santo Padre que centrar a atenção sobre os mais pequenos dos pequenos. Muitas vezes, as crianças chegam sozinhas aos países de destino e não estão em condições de fazer ouvir a sua própria voz”, refere o organismo da Santa Sé, em comunicado. |
O texto sublinha que a migração é um “fenómeno mundial” que não diz respeito só a pessoas “em busca de trabalho ou de melhores condições de vida” mas também a adultos e menores que “fogem de verdadeiras tragédias”. “É necessário garantir que em cada país onde os migrantes e as suas famílias cheguem, gozam do pleno reconhecimento dos seus próprios direitos”, acrescenta a Santa Sé. O tema escolhido pelo Papa tem em consideração que as crianças são os “mais frágeis” no contexto das migrações, “muitas vezes invisíveis, |
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porque estão privados de documentos ou sem acompanhantes”. O Dia Mundial do Migrante e Refugiado nasceu em 1914 por iniciativa da Santa Sé, com a preocupação de apoiar os emigrantes e a formação dos missionários que os acompanhavam.
Pessoas como nósO Papa Francisco associou-se no Vaticano à celebração do Dia Mundial do Refugiado 2016, promovido pela ONU, e convidou a acolher e ouvir |
quem deixa a sua terra. “Os refugiados são pessoas como nós, porém a guerra tirou-lhes casa, trabalho, parentes e amigos. As suas histórias e os seus rostos convidam-nos a renovar o compromisso para construir a paz na justiça”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação da oração do ângelus.
O tema escolhido este ano para o Dia Mundial do Refugiado, que se celebrou na segunda-feira, é ‘Com os refugiados. Estamos do lado de quem é obrigado a fugir’. “Queremos estar com eles: encontrá-los, acolhê-los, ouvi-los para nos tornarmos juntos artesãos da paz, segundo a vontade de Deus”, declarou Francisco. |
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Cáritas Europa pede canais seguros e legais para entrada na UE |
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A confederação europeia da Cáritas apelou à criação de canais “seguros e legais” para entrada de refugiados na Europa, contestando a “crise de solidariedade” no continente. Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, a respeito do Dia Mundial do Refugiado que se assinala anualmente a 20 de junho, a ‘Cáritas Europa’ propõe aos Estados-membros da União Europeia um conjunto de ações, a começar por investimento “efetivo” no salvamento de vidas no mar. A organização católica defende a criação de vistos humanitários “acessíveis” e a facilitação da reunificação familiar, de forma a promover a “integração” de refugiados e migrantes.
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A Cáritas exige ainda o fim de acordos de “readmissão e regresso” como condição para a ajuda ao desenvolvimento. “Há soluções para a presente crise de solidariedade na Europa, não há necessidade de colocar em perigo a vida de migrantes e refugiados ou de prolongar desnecessariamente o seu sofrimento”, pode ler-se. A Cáritas Europa apela aos “valores fundadores” da dignidade, equidade e respeito pelos Direitos Humanos. De acordo com a ONU, pelo menos 10 mil morreram desde 2014 ao tentar chegar à Europa. |
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“As políticas restritivas da União Europeia impedem as pessoas de entrar na Europa com segurança, resultando por isso em números insuportáveis de mortes”, alerta a Cáritas. A organização católica lamenta a falta de apoio a pessoas que fogem da “guerra e da perseguição”.
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OraçãoO Fórum de Organizações Católicas para a Imigração e Asilo (FORCIM) propôs uma oração para assinalar o Dia Mundial do Refugiados 2016. Este dia serve para recordar “a situação dramática em que se encontram tantas pessoas refugiadas, deslocadas internas e perseguidas”, realça um comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, uma das entidades que pertence ao FORCIM. Perante esta realidade, o FORCIM propõe este “gesto que pretende responder a este clamor, protagonizado pelos refugiados”, lê-se no comunicado. Os cristãos acreditam que “a oração e ação caminham lado a lado” e para a “edificação de uma sociedade mais humana e fraterna”, eis o motivo pelo qual dirigem “este convite em primeiro lugar aos cristãos, comunidades cristãs, grupos e movimentos, para que se associem a esta iniciativa que pode e deve ser partilhada e rezada por todos aqueles que acreditam no Deus Misericórdia”, acrescenta a nota. |
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Aristides de Sousa Mendes em museu |
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Esta semana a sugestão de navegação passa por um sítio bastante interessante e original. É o museu virtual de homenagem ao cônsul de Portugal em Bordéus e que contribuiu para salvar muitas vidas durante a perseguição dos nazis aos judeus. Certamente já perceberam que falo de Aristides Sousa Mendes, esse extraordinário homem que com um espírito altruísta e certo das suas convicções e valores morais não ousou em enfrentar os poderosos daquela época. Conhecendo bem ou mal a sua história, vale a pena visitar o museu virtual que foi disponibilizado online já há alguns anos, mas que merece a nossa atenção. O sítio está concebido para oferecer ao utilizador uma viagem pela vida e obra deste homem, através de dois caminhos bastante distintos. Um primeiro caminho é a exposição virtual onde é disponibilizada uma experiência audiovisual e interactiva bastante interessante. O outro é uma base de conhecimento que foi |
criada tendo em vista a oferecer ao utilizador a possibilidade de aprofundar os temas tratados na exposição virtual, através de uma pesquisa rápida e fácil. Na parte da exposição virtual, é narrado de uma forma contextualizada, com uma qualidade gráfica fabulosa e uma excelência de conteúdos impar para a realidade nacional, o acto de desobediência consciente que o cônsul de Portugal em Bordéus possibilitou através dos vistos concedidos, salvar um número de pessoas que se estima em 30 000. Esta mostra virtual está organizada em três corredores: o da Guerra, o da Fuga e o da Liberdade e proporciona aos visitantes uma experiência audiovisual interativa, com base em filmes da época, dobrados ou legendados, com mapas e testemunhos reais. Por outro lado, quem procura informação específica e não que efetuar a visita pelos vários corredores da exposição, tem como opção a consulta da base de conhecimento, onde toda a informação se encontra catalogada por áreas e disponível |
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para todos. Sempre muito bem estruturada e de fácil acesso. Pois bem, aqui fica mais um sítio para se adicionar aos favoritos, com a certeza porém, que nos possibilita
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uma viagem única conhecendo e aprofundando um pouco mais a vida deste Homem de Deus.
Fernando Cassola Marques |
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Mais dois clássicos
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A PAULUS Editora apresenta este mês mais dois livros da coleção «Clássicos da Literatura Espiritual»: Vida de Santo António de Lisboa, de Aloísio Tomás Gonçalves, e A garça e a serpente, de Francisco Costa. São livros que, apesar da passagem dos anos e da mudança de sensibilidade literária e espiritual, continuam a ter algo significativo a dizer-nos. Por este motivo a PAULUS Editora quer repropô-los e trazê-los para os nossos dias. Estes dois títulos vêm juntar-se aos livros Fátima, Graças-Segredos-Mistérios, de Antero de Figueiredo, e Francisco de Assis, Renovador da humanidade, de Guedes de Amorim, ampliando a coleção de clássicos da literatura espiritual, coordenada pelo escritor Jorge Reis-Sá.
Vida de Santo António de Lisboa é um livro escrito por Aloísio Tomás Gonçalves, professor e estudioso da obra de São Francisco de Assis e de Santo António. O autor, consciente da abundante literatura sobre Santo António, desejou escrever esta biografia unicamente com a preocupação de reconstruir com |
os materiais antigos, que as lendas e a tradição nos trouxeram, uma obra atualizada e ajustada às exigências da historiografia moderna. No prefácio, o escritor Henrique Raposo diz que o autor «não isola as ideias de Santo António em grandes |
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chavões abstratos e regurgitáveis para o público moderno; o autor tem o mérito de seguir o rasto empoeirado das viagens de Santo António por Portugal, Itália e França». Diz o prefaciador que «Santo António representa uma viagem exterior e uma peregrinação interior que nós, portugueses, devíamos recuperar». O desejo de Henrique Raposo é que a «reedição deste livro hagiográfico mas honesto seja apenas o início dessa redescoberta».
A garça e a serpente é um romance sobre um bancário melancólico e descrente, Manuel, que vive entre dois amores: Albertina e Ana. Após longa ausência em África, quando regressa ambas estão casadas. A sua vida será envolvida numa série de problemas e questões de honra, emoções e dramas humanos até que Manuel desperta para valores mais altos, entregando-se a Deus como humilde servidor. Guilherme d’Oliveira Martins assina o prefácio, onde refere que «A garça e a serpente nos permite tomar contacto com o confronto, numa sociedade como era a portuguesa, entre o mundo que se abria às mudanças, por um lado, e uma mentalidade fechada, protegida e algo complacente, confrontada com os novos ventos da História, por outro». |
O autor, Francisco Costa, nasceu em Sintra em 1900 e ali viveu até à sua morte em 1987. Escritor de convicções católicas profundas, editou livros de poemas e de ensaio bem como vários romances. Destes, realce para este A garça e a serpente (1943), Prémio Eça de Queiroz, e Cárcere invisível (1949), Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, que será reeditado em breve também pela PAULUS Editora. |
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II Concílio do Vaticano: O «completo silêncio» do cardeal Cerejeira |
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Logo após o encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-1965), o anseio, sobretudo dos padres mais novos do Patriarcado de Lisboa, por um início rápido da renovação pastoral da Diocese de Lisboa esbarrou num completo silêncio do cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira. Numas jornadas de atualização teológico-pastoral do clero, realizadas no Seminário dos Olivais, em janeiro de 1991, o padre Luis Azevedo Mafra falou sobre os «Aspetos da aplicação do concílio no Patriarcado» e sublinhou: “Ao cair do pano sobre o palco de São Pedro sucedeu completo silêncio do nosso patriarca durante os primeiros meses. Como se o que se passara não merecesse uma palavra! Chocou-nos e causou-nos mal-estar” (Conferência do padre Luis Azevedo Mafra). Aos presentes, o referido sacerdote da diocese de Lisboa frisou que admitia “perfeitamente que sua eminência tivesse intenção de agir, mas fechou-se demasiado em si próprio, talvez, quem sabe, pela sua conhecida maneira de ser e de atuar, e é possível que também pelos seus muitos afazeres”. Convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI, esta assembleia magna, realizada na Basílica de São Pedro (Vaticano) de 1962 a 1965, não teve o impacto que muitos elementos do clero de Lisboa ansiavam. “Pareceu-nos, no entanto, que depois de acontecimento de tal monta, com tantas e tão grandes consequências para toda a Igreja e, portanto, também para o Patriarcado, deveria dizer algo, ao menos aos seus |
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padres: sua impressão do concílio, intenções, uma certa partilha do seu espírito e preocupações de pastor. Não o terá percebido, porém, e nada nos comunicou”. (Palavras do padre Luis Azevedo Mafra). Na partilha aos elementos do clero de Lisboa, o conferencista realça que não tinha “suficiente lembrança e ideia da situação pastoral do Patriarcado antes do Concílio” porque estava confinado a algum trabalho de coadjutor e com a juventude estudantil. A convivência com outros colegas, a partir de 1963, na residência de assistentes |
diocesanos da Ação Católica (AC), na rua da Bela Vista à Lapa (Lisboa) e o desenrolar do concílio é que o foram “aproximando mais da realidade e situação pastoral do Patriarcado”. Além das deficiências existentes ao nível pastoral, o padre Luis Mafra revelou que “um elevado número de padres” estava “insatisfeito e descontente” com a pastoral diocesana. O espírito renovador do concílio “neles produzia uma animação e despertava uma esperança notáveis” |
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Junho 2016 |
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25 de junho. Fátima -Peregrinação nacional das Santas Casas de Misericórdia
. Aveiro - Seminário de Aveiro - Campo de férias vocacional para rapazes e raparigas da catequese da adolescência (25 e 26 de junho)
. Fátima - Peregrinação da Diocese de Beja ao Santuário de Fátima (25 e 26 de junho)
. Lamego - Santuário de Nossa Senhora da Lapa, 09h30 - O dia da família diocesana de Lamego realiza-se numa dinâmica que acentua a festa, o convívio e o encontro.
. Guarda - Apostólico D. João de Oliveira Matos, 14h30 - Conselho Pastoral Diocesano presidido por D. Manuel Felício, bispo da Guarda.
. Fórum Lisboa, 21h30 - A Orquestra Philarmónica de Lisboa vai promover um concerto de homenagem à Comunidade Vida e Paz (CVP) para que o público em geral “não esqueça” o trabalho da organização católica.
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26 de junho. Coimbra -BTT solidário promovido pela Cáritas Diocesana de Coimbra e «Roda Pedaleira»
. Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Encontro nacional dos grupos bíblicos e de toda a «família capuchinha»
. Coimbra - Sé Nova, 16h00 - Ordenações sacerdotais (três padres) e diaconais (dois diáconos)
. Algarve - Quarteira (Igreja de São Pedro do Mar), 17h00 - Ordenações sacerdotais de Fernando Rocha e José Chula
28 de junho. Vaticano - Palácio Apostólico - Cerimónia de homenagem nos 65 anos de sacerdócio de Bento XVI
. Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 12h00 - Lançamento da obra «Portugal e a crise global» da autoria de Adriano Moreira com apresentação de D. Manuel Clemente
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. Lisboa – UCP, 17h00 - O arcebispo de Boston (Estados Unidos da América), D. Seán Patrick O`Malley, vai proferir uma conferência sobre «A Missão do Papa Francisco e os Desafios da Igreja no Presente».
29 de junho. Lisboa, 09 jun 2016 (Ecclesia) – As Faculdades de Teologia, de Ciências Humanas e o Centro de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa promovem a Summer School 2016 intitulada ‘Entendimento Global e compromisso com as periferias’, até 01 de julho, em Lisboa.
. Aveiro - Vagos (Salão Paroquial) - Exposição sobre os 60 anos da Paróquia de Santo António de Vagos (até 15 de agosto)
. Coimbra - Biblioteca geral da Universidade de Coimbra, 14h30 - A Biblioteca geral da Universidade de Coimbra vai receber uma conferência sobre «Clavis Bibliothecarum – Novas chaves de investigação».
. Aveiro - Auditório da Livraria da Universidade de Aveiro, 16h00 - Lançamento da obra «Fernão de Oliveira, humanista notável» de monsenhor João Gaspar
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. Algarve - Faro (Colégio de Nossa Senhora do Alto), 18h00 - Palestra sobre o trabalho e a gestão empresarial à luz da misericórdia de Deus por João Pedro Tavares e promovida pelo núcleo do Algarve da ACEGE
. Aveiro – Vagos, 19h30 - Celebração dos 60 anos da Paróquia de Santo António de Vagos presidida por D. António Moiteiro, bispo de Aveiro
. Lisboa - Estoril (Auditório da Igreja da Senhora da Boa Nova), 21h15 - A Paróquia de Santo António do Estoril (Lisboa) e a Editora Lucerna vão lançar a obra, «Sermão da Montanha – Caminho de um Peregrino» da autoria do padre Ricardo Neves, falecido em agosto de 2015.
30 de junho. Itália - Peregrinação a Itália no âmbito do Ano da Misericórdia promovida pelo Igreja/Santuário de Santo António à Sé, em Lisboa.
. Alemanha - Encontro dos cristãos «Juntos pela Europa» - até 02 de julho
. Açores - Ilha Terceira (Sé), 18h00 - Homenagem a D. António Sousa Braga, bispo emérito de Angra |
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O Santuário de Fátima apresenta o espetáculo multimédia ‘A Luz do Anjo’, nos dias 24 a 26 de junho, com projeções de video mapping, num percurso “imersivo” onde leva as novas tecnologias aos Valinhos e a Aljustrel.
A Orquestra Philarmónica de Lisboa vai promover um concerto de homenagem à Comunidade Vida e Paz (CVP), no dia 25 de junho, pelas 21h30, no Fórum Lisboa, para que o público em geral “não esqueça” o trabalho da organização católica.
Os frades menores Capuchinhos vão promover dia 26 de junho um encontro nacional dos grupos bíblicos e de toda a “família capuchinha”, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, com o tema ‘Santificados pela Palavra’.
O Papa emérito Bento XVI vai voltar ao palácio apostólico do Vaticano a 28 de junho, para uma cerimónia de homenagem nos seus 65 anos de sacerdócio, com a presença do Papa Francisco.
Adriano Moreira vai publicar o livro “Portugal e a Crise Global”, apresentado publicamente no dia 28 por D. Manuel Clemente. A sessão decorre no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, às 12h00. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
10h30 - Oitavo Dia
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 13h30Domingo, 26 de junho - O futuro em Angola: a análise do vice-presidente da Conferência Episcopal, D. José Imbamba
Segunda-feira, dia 27 - Entrevista a Luís Gonzaga, sobre o conceito de "inteligência espiritual".
Terça-feira, dia 28- Informação e entrevista a frei Isidro Lamelas, sobre o livro "As Origens do Cristianismo. Padres Apostólicos".
Quarta-feira, dia 29 de junho - Informação e entrevista André Costa Jorge, sobre o acolhimento dos refugiados
Quinta-feira, dia 30 - Informação e entrevista a frei José Nunes, sobre os 800 anos dos Dominicanos.
Sexta-feira, dia 01 de julho - Análise à liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 26 de junho - 06h00 - JMJ - Cracóvia 2016, com entrevista a D. Joaquim Mendes
Segunda a sexta-feira, 27 de junho a 01 de julho - 22h45 - Campanha "Seja a Misericórdia de Deus" - Fundação Ajuda a Igreja que Sofre - necessidades, lugares, apóstolos e frutos da Misericórdia |
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Ano C – 13.º Domingo do Tempo Comum |
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Chamados à liberdade no amor |
A liturgia deste décimo terceiro domingo do tempo comum sugere que Deus conta connosco para intervir no mundo, para o transformar e salvar; e convida-nos a responder a esse chamamento com disponibilidade e radicalidade, na liberdade e no dom total de nós mesmos às exigências do Reino. A primeira leitura apresenta-nos Eliseu, discípulo de Elias, como aquele que escuta o chamamento de Deus, corta radicalmente com o passado e parte generosa e livremente ao encontro dos projetos que Deus tem para ele. O Evangelho indica-nos que o caminho do discípulo é feito de exigência, de radicalidade, de entrega total e irrevogável ao Reino. Esse caminho deve ser percorrido no amor e na entrega, sem fanatismos nem fundamentalismos, no respeito absoluto pelas livres opções dos outros. A segunda leitura diz ao discípulo que o caminho do amor, da entrega, do dom da vida, é um caminho de libertação. Responder ao chamamento de Cristo, identificar-se com Ele e aceitar dar-se por amor, é nascer para a vida nova da liberdade, sempre conduzidos pelo Espírito. Paremos uns momentos nas palavras de Paulo, um veemente convite à liberdade. Logo no início, ele avisa os Gálatas que foi para a liberdade que Cristo os libertou, explicando de seguida em que consiste a liberdade para o cristão. Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza, nos limita e nos impede de alcançar a vida em plenitude é o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência. Superar esse fechamento em |
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nós próprios e fazer da nossa vida um dom de amor torna-nos verdadeiramente livres. Esta liberdade, qual capacidade de amar e dar a vida, nasce da vida que Cristo nos dá: pela adesão a Cristo, gera-se em nós um dinamismo interior que nos identifica com Ele e nos dá uma capacidade infinita de amar e de superar o egoísmo, o orgulho e os limites, ou seja, com uma capacidade infinita de viver em liberdade. É o Espírito que alimenta, dia a dia, essa vida de liberdade ou de amor que se gerou em nós, a partir da nossa adesão a Cristo. Deixemo-nos conduzir pelo Espírito, que nos chama à liberdade, |
marca da nossa identidade cristã, que devemos defender e promover, sempre no dinamismo do amor de Deus. O resumo da lei da liberdade é «amar o teu próximo como a ti mesmo». E acrescenta o apóstolo: «Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tende cuidado, que acabareis por destruir-vos uns aos outros... Pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros». Que assim seja ao longo desta semana, quase a terminar o mês do Coração de Jesus e em plena celebração do Ano Santo da Misericórdia! Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
Papa visitou sacerdotes idosos e doentes
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O Papa visitou em Roma dezenas de sacerdotes doentes e enfermos, numa iniciativa inserida no Ano Santo da Misericórdia. De acordo com informações avançadas hoje pela Rádio Vaticano, Francisco quis levar “a sua proximidade e atenção” a estes padres mais debilitados e que “não puderam participar fisicamente” no recente Jubileu dos Sacerdotes, “mas que estiveram presentes com a oração”. O Papa argentino deslocou-se a dois centros de acolhimento para padres idosos e doentes, a casa “Monte Tabor”, onde “residem oito |
sacerdotes com diversos tipos de problemas, provenientes de diferentes dioceses”, e a casa “São Caetano”, direcionada para o clero da Diocese de Roma e que apoia atualmente 21 presbíteros, “alguns deles muito doentes”. A Rádio Vaticano destaca “uma tarde rica de emoções, encontros, momentos de oração e alegria espiritual”. Antes desta iniciativa, Francisco visitara em janeiro uma casa de repouso para idosos e doentes em estado vegetativo; em fevereiro uma comunidade de toxicodependentes em Castel Gandolfo; e em março, |
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na Quinta-feira Santa, um centro de acolhimento para refugiados em Castelnuovo di Porto. Em abril viajou para a ilha grega de
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Lesbos para se encontrar refugiados e depois visitou a comunidade “Chicco” em Ciampino, para pessoas com graves problemas mentais. |
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Audiência jubilarO Papa destacou este sábado no Vaticano a abertura à conversão como um dos principais desafios da condição cristã, durante uma audiência pública com os peregrinos na Praça de São Pedro, integrada no Jubileu da Misericórdia. “A verdadeira vida e a verdadeira alegria”, salientou Francisco, chega quando “nos abrimos à misericórdia” de Deus e somos capazes de caminhar rumo a uma mudança. “Quantas vezes sentimos esta exigência, quantas vezes dissemos a nós próprios ‘não posso continuar assim, esta vida não me vai levar a lado nenhum, será uma vida inútil, eu não vou ser feliz’. Quantas vezes tivemos estes pensamentos?”, questionou o Papa argentino. Para Francisco, não há que ter medo da conversão, de arriscar seguir outro rumo, nunca é tarde para trilhar outros caminhos, sabendo que a ajuda de Cristo nunca falha, “ele oferece continuamente o seu perdão”.
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«Em Passos para Mais», Papa Francisco ajuda a preparar as JMJ 2016
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São 12 perguntas do Papa Francisco que vão ajudar na preparação dos participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), uma reflexão que foi feita ao longo de 12 semanas, ao ritmo de uma por semana, e está |
disponível para ser consultada. “Em Passos para Mais” foram disponibilizados um conjunto de explicações bíblicas, estruturadas em forma de diálogo, que situam e orientam cada ouvinte na |
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caminhada até ao evento que se realiza de 26 a 31 de Julho, em Cracóvia, na Polónia. O projeto online ‘Passo-a-Rezar’, do Apostolado da Oração, com o apoio do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, é o dinamizador da proposta que ajuda a fazer uma reflexão de rumo à Jornada Mundial da Juventude 2016. Em cada uma das 12 semanas, um novo ficheiro, com uma nova pergunta do Papa que espera uma nova resposta do ouvinte, como: “O que é que dá ânimo à tua vida?”; “Por que vais às Jornadas Mundiais da Juventude?” “Os conteúdos foram preparados por autores polacos ligados à organização da JMJ 2016 e traduzidos em várias línguas: português, espanhol, e inglês”, informa o projeto de oração online diária com seis anos de existência. Os textos em português foram gravados por alunos do Colégio São João de Brito, da Companhia de Jesus (Jesuítas). Os ficheiros que são ouvidos online e podem ser descarregados vão ser usados pelos "Passo-a-Rezar" de outros países e também vão estar |
disponíveis na página oficial da JMJ 2016. Pergunta 1: Como te chamas? - Gn 32, 25-29 Pergunta 2: De onde vens? - Ex 14, 21-23 Pergunta 3: O que gostarias de me dizer? - Ex 33, 7-11 Pergunta 4: O que é que dá ânimo à tua vida? - Jo 6, 30-35 Pergunta 5: O que causa desânimo na tua vida? - Lc 22, 54-62 Pergunta 6: O que é que a tua vida tem em comum com a vida de Jesus? - Mc 3,13-19 Pergunta 7: Desejas perdoar alguém? - Lc 23, 33-35 Pergunta 8: Em que consiste a pobreza daqueles que estão à tua volta? - Lc 10, 30-36 Pergunta 9: Sentes que Deus te envia às pessoas que estão ao teu lado? - Jo 2, 1-11 Pergunta 10: O que te impede de ires ao encontro dos mais necessitados? - Jo 10, 11-18 Pergunta 11: Já procuraste algum grupo, na tua paróquia ou noutro local, que ajude os mais necessitados? - Mc 6, 34-43 Pergunta 12: Por que vais às Jornadas Mundiais da Juventude? - At 1, 12-14; 2, 1-6
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Papa Francisco desafia benfeitores da AIS a serem…A carícia de Deus |
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São apenas 3 minutos que podem mudar as nossas vidas. Numa vídeo-mensagem, dirigida aos benfeitores e amigos da Fundação AIS – a si, portanto… –, o Santo Padre desafia os cristãos a fazerem obras de |
misericórdia, a transformarem o mundo. A não terem medo de serem cristãos. “A misericórdia é a carícia de Deus!”, diz Francisco. Estamos no Ano da Misericórdia. Desde que convocou o Jubileu, desde o instante em que abriu a Porta Santa, em Dezembro do ano passado, em Roma, o Papa Francisco não se tem cansado de falar em Misericórdia, incentivando os cristãos a mudarem, a descobrirem o significado do perdão, da caridade, a serem tolerantes e solidárias. A descobrirem o amor. Agora, num gesto inédito, Francisco decidiu gravar uma vídeo-mensagem, com apenas 3 minutos, dirigida a todos os amigos da Fundação AIS espalhados pelo mundo, em que apela a que se façam obras de misericórdia. Esta misericórdia, de que nos fala Francisco, é amor gratuito, compaixão e ternura, em especial pelos mais pobres, os doentes, os que estão em sofrimento. Os mais necessitados, os mais frágeis. Diz o Papa Francisco (na verdade, isto deve ser lido assim: “Diz-me o Papa Francisco…”): “Quero pedir a todos os homens e mulheres de boa vontade de todo o mundo para |
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que se faça uma obra de misericórdia em cada cidade, em cada diocese, em cada associação”. E prossegue: “Nós, homens e mulheres, precisamos da misericórdia de Deus, mas também precisamos da misericórdia uns dos outros. Precisamos de dar a mão, de acarinhar, de cuidar uns dos outros e de não fazer tantas guerras”.
E agora, que fazer?São três minutos apenas que têm o condão de mudarem a nossa vida. Que vamos fazer a partir deste instante? Ignorar as palavras do Santo Padre, fingir que não as lemos, que não as ouvimos? O Papa lança-nos o desafio de fazermos obras de misericórdia e diz que confia esse trabalho também à AIS. “Convido-vos a todos, juntamente com a AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia, mas que permaneça, uma obra de misericórdia permanente… E, não tenham medo da misericórdia: a misericórdia é a carícia de Deus.” Todos os anos, em todo o mundo, a Fundação AIS apoia mais de 6 mil projectos. São milhares e milhares de pessoas envolvidas. Em cada um |
destes projectos há rostos concretos, homens e mulheres de boa vontade que ajudam a levar as carícias de Deus – como disse Francisco – até aos lugares mais improváveis. Em cada um destes projectos há também o rosto dos benfeitores da AIS que o tornam possível com a sua generosidade e que o transformam numa obra de Deus com as suas orações. São mesmo muitos os gestos possíveis de misericórdia. O desafio está lançado. Em www.aismisericordia.org pode acompanhar tudo aquilo que vai acontecer e envolver-se também nesta aventura de amor. Afinal, como diz o Papa Francisco, a Misericórdia é a carícia de Deus.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt
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LUGARES de MISERICORDIA Refeições para 500 no Líbano
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Muitos milhares de refugiados de Alepo, Homs ou Damasco encontraram refúgio em Zahlé, no Líbano. Muitas vezes chegaram só com a roupa que traziam no corpo. A Igreja, ela própria pobre, acolheu-os. Muitos milhares de refugiados de Alepo, Homs ou Damasco encontraram refúgio em Zahlé, no Líbano. Muitas vezes chegaram só com a roupa que traziam no corpo. A Igreja, ela própria pobre, acolheu-os. O Arcebispo greco-católico, D. Issam Darwish, afirma: “A Fundação Pontifícia AIS (ACN) foi a primeira a oferecer ajuda. De resto, estamos sozinhos com as nossas carências.” São carências de crianças, cujos pais e famílias foram mortos na Síria, crianças que por pouco conseguiram fugir para a vizinha cidade de Zahlé; de refugiados que não têm parentes, nem aqui nem noutro lugar; de famílias empobrecidas no próprio Líbano, cuja base de sustento foi destruída pela guerra, que perderam |
o pai, que não encontram trabalho, que passam fome. A Igreja ajuda, tal como Jesus, que tinha compaixão e dizia aos seus discípulos: “Tenho compaixão desta gente, porque já há três dias que está comigo e não tem que comer. Não quero despedi-los em jejum” (Mt 15,32). O Arcebispo D. Issam criou um serviço de refeições para os pobres, os abandonados e os que pas-sam fome. Aí, 500 pessoas carenciadas recebem diariamente uma refeição quente, crianças, pobres, refugiados, todos os feridos no corpo e na alma. Um padre e alguns voluntários da comunidade também se ocuparão das necessidades espirituais. Zahlé deverá tornar-se um lugar de misericórdia, na periferia dos abismos sírios do ódio e da violência. O Bispo D. Issam estima que lhe faltam 1.000€ por dia, dois por pessoa. Ele espera na vossa misericórdia e confia em Nossa Senhora. “Ela sempre ajudou Zahlé”. |
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Paz e reconciliação para a República Centro-Africana
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A República Centro-Africana procura sinais de reconciliação. Durante meses, bandos de salteadores percorreram as aldeias e as cidades.
A República Centro-Africana procura sinais de reconciliação. Durante meses, bandos de salteadores percorreram as aldeias e as cidades. Assassinaram, pilharam e incendiaram em nome da sua religião, levados pelo ódio e pela ganância. São profundas as feridas. Há meio ano o Papa Francisco viajou a esse país, cumprindo assim “um acto de fé”, como escreve o Arcebispo de Bangui, D. Dieudonné Nzapalainga. Veio como “mensageiro da paz”. Desde então, corre um “novo vento de paz e de reconciliação” pela terra. É este espírito que a Igreja na República Centro-Africana quer continuar a animar. A ele deverá |
ser dedicado um encontro de padres, religiosos, representantes de comunidades —ao todo, 648 pessoas. Em oração comunitária, com uma celebração solene pontifícia e palestras, eles deverão fortalecer-se na fonte do amor para os encontros e diálogos da reconciliação. “Nós, cristãos, queremos ir ao encontro dos doentes, dos abandonados, dos políticos e dos muçulmanos, como o Santo Padre nos disse.” É preciso que todos eles vejam a face do Deus de amor e de misericórdia para as feridas cicatrizarem e haver paz entre os homens. O encontro tem custos (9.000 €) que a Igreja na República Centro-Africana não pode pagar. Nós ajudamos; pela reconciliação vale bem a pena.
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Moçambique…para a frente! |
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Tony Neves |
Conheci Moçambique no início do milénio. Estava o sul deste país lusófono ainda a braços com os efeitos das cheias e o norte a lutar contra a habitual seca. Foi em abril de 2000 que aterrei, pela primeira vez, junto ao Oceano Índico. O calor era abrasador e tive a oportunidade, acompanhado de uma Irmã Doroteia, de visitar alguns campos de deslocados onde se refugiaram vítimas das inundações. A viagem para Nampula permitiu sobrevoar muitas das áreas afetadas pelas cheias. Dali rumei até á Missão de Netia, no corredor Nampula-Nacala, onde os Espiritanos se instalaram quando decidiram abrir as primeiras missões em Moçambique. Foi uma experiência única viver a Semana Santa e a Páscoa em contexto de festa macua, com comunidades por onde a guerra passou e em que a pobreza continua a ser a marca mais vincada da vida destes povos. Também guardo na memória a beleza e o caos que eram a Ilha de Moçambique nessa data. Em agosto do mesmo ano, acompanhei Jovens Sem Fronteiras no projeto ‘Ponte 2000’. O povo de Netia acolheu-nos de braços abertos para esta Missão que uniu Portugal a Moçambique. Voltei a Moçambique dez anos depois. Quer em Maputo, quer em Nampula, as mudanças eram visíveis, pois a guerra estava mais distante no tempo e a reconstrução do país era mais evidente. Os Espiritanos tinham entregue a Missão de Netia e, com coragem, assumido a construção da nova Missão de Itoculo. Foi ali que me instalei |
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para viver mais uma Semana Santa e Páscoa e para testemunhar a inauguração do Lar Feminino, construído com apoio de Sol Sem Fronteiras. A partir desta data, 50 meninas podiam vir das aldeias e ficar ali instaladas para ir á escola e ter uma formação humana integral. Fiquei marcado com o trabalho enorme dos Missionários, das Missionárias e dos Voluntários Espiritanos. As apostas na pastoral, na saúde, na educação e noutras áreas de desenvolvimento humano estavam, já nessa altura, a ser batalhas ganhas. A estabilidade política e social do país tem andado um pouco abalada |
nestes últimos tempos. Espera-se que sejam apenas algumas escaramuças sem impacto negativo na vida das pessoas que se habituaram a circular á vontade, a falar com liberdade, a viver com alegria e serenidade. Julho será marcado pela inauguração do primeiro Seminário Espiritano em Moçambique, mais propriamente na Beira. Devia lá estar, mas não posso duplicar-me. Estarei, isso é certo, de alma e coração a apoiar mais este projeto que ajudará a formar futuros missionários. É verdade, a Igreja de Moçambique tem muito futuro! |
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