04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

     António Rego

22 - Opinião

     LOC/MTC

24 - Semana de..

     Carlos Borges

      Rainha Santa Isabel


   

 

28 - Entrevista

56 - Multimédia

58 - Estante

60 - Concílio Vaticano II

62 - Agenda

64 - Por estes dias

66 - Programação Religiosa

67 - Minuto Positivo

68 - Liturgia

70 - Jubileu da Misericórdia

72 - DNPJ

74 - Fundação AIS

76 - LusoFonias

Foto da capa: Agência ECCLESIA

Foto da contracapa:  Arlindo Homem

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

Homenagem a Bento XVI

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Novos padres em Portugal

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Celebrar a Rainha Santa

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Paulo Rocha|António Rego | LOC/MTC| Maria Helena Coelho | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Nós estamos aqui 

  Paulo Rocha  
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Primeiro vimos um jogador a afirmar “eu estou aqui”. Agora percebemos uma seleção a dizer em diferentes discursos e sobretudo em campo “nós estamos aqui”.

As duas afirmações surgem no ambiente do futebol, em diferentes tempos, mas não são uma marca exclusiva desse ou de qualquer outro desporto, antes reveladoras do que significa ser pessoa e da capacidade que todas devem ter para descobrir que é na relação e na vida em grupo que  encontram a circunstância única de realização plena.

Quando se festeja uma vitória, tudo isto parece ser uma evidência. Mais difícil é sustentá-la no esforço que toda a glória exige ou mesmo depois de uma derrota. No futebol, como em tudo na vida! 

 

 

Assim acontece no ambiente familiar ou empresarial, entre amigos ou em circunstâncias geradas por encontros ocasionais, no mundo profissional e também na realização da experiência crente. Neste caso, com uma palavra que lhe é sempre indissociável: comunidade.

Se assim acontece no decurso dos dias, em diferentes estruturas e circunstâncias, ainda mais nos momentos de exuberantes manifestações que cada verão sempre traz. Cada uma coloca na montra um grupo, uma comunidade e todas as tentativas de sobrepor uma voz, uma “jogada individual” à força de uma comunidade, consolidada em tradições e gerações, exige sabedoria, prudência.

        Dizer “eu estou aqui” e depois

          “nós estamos aqui”, não por

             palavras mas por ações, é a

               vitória maior e o caminho

                 para todas as glórias.i

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um atentado fez esta terça-feira pelo menos 42 mortes e mais de 240 feridos no aeroporto de Istambul, Turquia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“As previsões que foram feitas noutra Europa, noutro mundo, noutra situação, naturalmente, irão sendo revistas. É inevitável que sejam revistas"

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, Lisboa, 29.06.2016

 

"A comunidade portuguesa no Reino Unido deve ter todas as razões para estar calma porque nada se alterou e nada de significativo se irá alterar "

António Costa, primeiro-ministro, Bruxelas, 29.06.2016

 

"Quero que o Reino Unido clarifique a sua posição o mais rapidamente possível", "sem haver notificação da parte do Reino Unido não haverá negociações"

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, Bruxelas, 28.06.2016

 

"Os portugueses não o querem e não vão precisar [de um segundo resgate] se cumprirem as regras europeias"

Wolfgang Schauble, ministro das Finanças alemão, Berlim, 29.06.0216

 

"Vamos sair, mas não virar as costas à Europa"

David Cameron, primeiro-ministro britânico, Bruxelas, 28.06.2016 

 

 

Igreja em festa com ordenações sacerdotais

 

Quatro dioceses portuguesas celebraram no último domingo um dia de festa, com ordenações sacerdotais e diaconais. Em Lisboa, que passou a contar com oito novos sacerdotes, o cardeal-patriarca afirmou que anunciar a “vinda de Jesus” a cada pessoa e família, “a cada dimensão da vida social ou cultural” é o “único” 

 

 

programa dos padres recém-ordenados.

“[Anúncio] Fazê-lo como sempre importa, empolgados pelo ‘sonho missionário de chegar a todos’, na variedade quantitativa e qualitativa das atuais circunstâncias. Igualmente sabendo que a misericórdia divina incide na carne sofredora do mundo;

 

 

 

 

 

 e que a vida ressuscitada de Cristo a há de tocar e salvar pelo corpo eclesial dos batizados e pelo ministério pastoral dos seus padres”, disse D. Manuel Clemente, na igreja do Mosteiro dos Jerónimos.

A Igreja em Viseu celebrou o seu Dia da Diocese que foi “enriquecido” com a ordenação de um sacerdote. O bispo local diocesano destacou o “sim” a Deus, perante o qual “todas as alternativas, distrações e opções” não são “essenciais”.

“Chamado à liberdade, não te deixes aprisionar por nenhum jugo da escravidão, mas permanece firme, no viver e no fazer crescer as imensas graças que o Senhor, no sacerdócio, te vai conceder”, disse D. Ilídio Leandro ao padre Carlos Manuel Rodrigues.

Na homilia, o prelado destacou que o “sim” do novo sacerdote deixa “todas as alternativas, distrações e opções” que, mesmo sendo justas, “não são essenciais à missão” que se “compreende” na radicalidade, o sentido da liberdade, da verdade e da caridade.

Já em Coimbra, o bispo diocesano presidiu à ordenação de três presbíteros e dois diáconos, aos quais disse que devem ser “homens espirituais” com coração aberto e em saída, para não se tornarem “estorvos à ação salvífica de Deus”. 

 

Durante a celebração na Sé Nova, acompanhada pela Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes pediu aos novos sacerdotes e diáconos que deem tempo ao acolhimento das pessoas manifestando “disponibilidade com todos, especialmente para com os mais pobres, os doentes, os desanimados, os vacilantes na fé, os descrentes” e “grande espaço e tempo a Deus”. “No silêncio pacificador do santuário e no encontro perturbador com as pessoas sentireis o que é a verdadeira espiritualidade cristã e sacerdotal, que se enraíza em Deus por meio do seu Espírito e se manifesta viva na comunhão com os irmãos”, explicou.

Mais a sul, o bispo do Algarve presidiu à ordenação de dois sacerdotes diocesanos, aos quais disse que “o ministério ordenado não é um direito resultante do mérito ou de uma conquista”, “O ‘dom’ vem de Deus, é Ele que chama, consagra e envia. É d’Ele a mensagem a transmiti, é Ele que se compromete na proteção daquele que chama e envia”, referiu D. Manuel Quintas, na celebração de ordenação que decorreu na igreja de São Pedro do Mar, em Quarteira.

O prelado contextualizou que a atitude da criança que “se deixa conduzir pela mão segura do pai ou da mãe deve ser a atitude permanente de todos os chamados”, consagrados e enviados.

 

 

 

Católicos pedem ao Papa que proclame São João Gualberto padroeiro da Peneda-Gerês

A Irmandade de São Bento da Porta Aberta, na Arquidiocese de Braga, já tem “centenas” de assinaturas na petição que vai pedir ao Papa que São João Gualberto seja proclamado “padroeiro celeste” do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o mesário da irmandade explicou que a ideia da petição surgiu no contexto dos 50 anos da proclamação de São Bento padroeiro da Europa e pelos 400 anos do santuário a ele dedicado em Rio Caldo, Terras de Bouro.

“Trabalhou-se muito o património legado por São Bento e chegamos à conclusão que entre os filhos espirituais havia um homem, que em Portugal não é muito conhecido, mas que marcou o seu tempo”, disse Carlos Aguiar Gomes sobre São João Gualberto.

O monge italiano fundou a Congregação Beneditina Valombrosana e foi proclamado protetor da floresta e dos “agentes florestais” na Itália, pelo Papa Pio XII em 1951, e “mais recentemente” das florestas do Estado de São Paulo, no Brasil.

 

A Mesa da Irmandade de São Bento da Porta Aberta pela localização do santuário no Parque Nacional da Peneda-Gerês considerou que “seria interessante e útil” espiritualmente que essa “grande reserva da biosfera” tivesse “um padroeiro celeste”.

Segundo Carlos Aguiar Gomes a iniciativa “mereceu aplausos” do arcebispo-primaz de Braga e foi criada a comissão responsável pela recolha de assinaturas que depois D. Jorge Ortiga vai “fazer chegar” à Santa Sé, ao Papa Francisco”.

A divulgação e recolha de assinatura começou a 12 de julho de 2015, dia da festa litúrgica de São João Gualberto, quando o arcebispo presidiu a uma Missa solene e “lançou o desafio”.

 

 

 

 

Cardeal de Boston condecorado pelo presidente da República Portuguesa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, distinguiu o cardeal Sean Patrick O’Malley com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, por serviços à comunidade portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa destacou o papel do cardeal norte-americano "na formação e acompanhamento de comunidades portuguesas e de luso-descendentes durante décadas", em Washington, Fall River e em todo o estado de Massachusetts, na costa leste dos Estados Unidos.

No final da conferência sobre "A missão do papa Francisco e os desafios à Igreja no presente", esta terça-feira, em Lisboa, o presidente sublinhou o apoio à Universidade Católica Portuguesa (UCP), sob a direção do cardeal Humberto Medeiros (1915-1983), explicando que a atribuição da condecoração nas instalações da UCP "contra o que é costume" teve como intenção “associar o mérito do agraciado a uma universidade que tem desempenhado um papel essencial no quadro da sociedade e da cultura portuguesas".

O contributo do cardeal O'Malley, que em 1985 tinha já recebido a comenda desta mesma ordem, "merece a

 

 

elevação do grau de comendador ao grau máximo da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique por "serviços que Portugal reconhece e que o presidente da República Portuguesa em nome de todos os portugueses agradece", declarou Rebelo de Sousa.

O cardeal Seán Patrick O´Malley elogiou na sua conferência a novidade que os três anos do pontificado de Francisco têm representado. “Há muitos sinais de como o Papa Francisco se sente bem na sua pele e não se sente constrangido por práticas anteriores”, declarou.

Falando em português, o cardeal O’Malley elogiou no pontífice argentino o “intenso zelo missionário”, “grande amor pela comunidade” e uma “vida disciplinada”.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Brexit: «Não podemos desistir» da Europa

 

 

 

Simpósio teológico-pastoral em Fátima

 

Papa visitou Arménia em busca da paz

 

O Papa cumpriu uma viagem de três dias à Arménia, a sua primeira ao país, que se encerrou com um gesto de paz junto à fronteira turca, onde lançou duas pombas brancas, na companhia do patriarca dos Arménios, Karekin II. A última cerimónia religiosa da visita decorreu no Mosteiro de Khor Virap, um dos lugares sagrados da Igreja Arménia, no sopé do Monte Ararat, hoje território da Turquia, que a Bíblia identifica como o local de paragem da Arca de Noé, após o dilúvio relatado pelo livro do Génesis.

 

Francisco classificou como um “genocídio” a morte de centenas de milhares de cristãos arménios durante a I Guerra Mundial, às mãos do Império Otomano, uma acusação que é rejeitada pelos atuais responsáveis turcos. O Papa evocou as vítimas do “extermínio” e visitou no sábado o memorial que lhes é dedicado, tendo ali depositado uma coroa de flores e rezado em silêncio.

Francisco escreveu uma mensagem sobre a importância da memória, para que a humanidade “não esqueça” 

 

 

 

estas tragédias e as mesmas nunca mais se repitam. Noutra intervenção, o Papa desejou que arménios e turcos procurem caminhos de reconciliação para fechar “feridas abertas” há 100 anos.

O pontífice argentino foi sempre acompanhado pelo patriarca da Igreja Apostólica Arménia, o ‘catholicos’ Karekin II, com o qual assinou uma declaração ecuménica conjunta de condenação das perseguições religiosas e do fundamentalismo.

O Papa repetiu em várias intervenções o desejo de “unidade plena” entre católicos e arménios, sublinhando que essa unidade é uma exigência de respeito por todos os que “sacrificaram a vida pela fé”.

Na segunda maior cidade do país, Francisco dirigiu-se à minoria 

 

católica e convidou todos a preservar a “memória do povo” da Arménia, marcada pela fé cristã. A cerimónia de despedida decorreu no aeroporto internacional de Erevan, capital da Arménia, nação que conta atualmente com 280 mil católicos (9,6% da população).

A Arménia, como recordou o Papa, é considerada “o primeiro país cristão”, dado que o rei Tiridates III proclamou o Cristianismo como religião de Estado em 301, ainda antes do Império Romano, sob o impulso de São Gregório, o Iluminador. O país recebeu um Papa pela primeira vez desde a visita de João Paulo II, em 2001.

Ainda em 2016, Francisco regressa ao Cáucaso para visitar a Geórgia e o Azerbaijão, entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro.

 

 

Emoção e gratidão em homenagem a Bento XVI

O Papa emérito Bento XVI regressou hoje ao Palácio Apostólico do Vaticano pela primeira vez desde fevereiro de 2013 e agradeceu a “bondade” de Francisco, seu sucessor. “Mais do que nos jardins do Vaticano, com a beleza que têm, a sua bondade é o lugar onde moro e me sinto protegido”, declarou Bento XVI, no final de uma cerimónia de homenagem pelo seu 65.º aniversário de sacerdócio, presidida pelo atual Papa.

O Papa emérito disse ter ficado sensibilizado pela “bondade” de Francisco “desde o primeiro momento da sua eleição” e “em cada momento” da sua vida no Vaticano. “Esperamos que possa seguir em frente, com todos nós, neste caminho da misericórdia divina, mostrando a estrada de Jesus para Deus”, desejou, perante membros do Colégio Cardinalício e responsáveis da Cúria Romana, na Sala Clementina.

Após o discurso de homenagem de Francisco, que o abraçou, Bento XVI falou de improviso, de pé, em italiano, sobre a “nova dimensão” que Cristo trouxe à vida da humanidade. “Ele transformou em graça, em bênção, a cruz , o sofrimento, todo o mal do mundo”, graças à “força do seu amor”, precisou. 

 

Para o Papa emérito, cada pessoa é chamada a “receber realmente a novidade da vida e ajudar à transubstanciação do mundo, para que seja um mundo não de morte, mas de vida”, no qual “o amor tenha realmente vencido a morte”.

Bento XVI agradeceu a “amizade” dos presentes e elogiou a edição de um livro que apresenta reflexões sobre

 

 

o sacerdócio. “Sinto interpretado o essencial da minha visão, do meu agir”, referiu.

“Procuro ajudar a entrar, cada vez de uma forma nova, no mistério que o Senhor coloca nas nossas mãos”, acrescentou.

O Papa emérito revelou que, há 65 anos, um sacerdote que foi ordenado consigo decidiu escrever na pagela de recordação da primeira Missa uma única palavra, em grego - 'eucharistomen' [damos-te graças] - e

 

mostrou-se “convencido de que nesta palavra, onde há tantas dimensões, está tudo o que se pode dizer neste momento”. “Obrigado a todos vós, que o Senhor nos abençoe a todos, obrigado Santo Padre”, concluiu.

Já o Papa Francisco afirmou que o agora pontífice emérito “continua a servir a Igreja”. “Vivendo e testemunhando hoje de modo tão intenso e luminoso esta única coisa verdadeiramente decisiva - ter o olhar e o coração dirigido para Deus -, o senhor, Santidade, continuar a servir a Igreja, não deixa de contribuir verdadeiramente com vigor e sabedoria para o seu crescimento”, disse o pontífice argentino perante responsáveis da Cúria Romana, na Sala Clementina, a mesma onde o agora Papa emérito se despediu dos cardeais a 28 de fevereiro de 2013.

 

 

 

 

 

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Solenidade de São Pedro e São Paulo no Vaticano

 

 

 

Papa condena atentado em Istambul

 

Novo nome do inimigo

  Cónego António Rego   

 

Não tenho aquilo a que se poderia chamar “amplitude política” para fazer uma análise, ainda que superficial, das consequências, a breve e longo prazo, da saída da Inglaterra da União Europeia. Soou-me a um bater de porta ruidoso  por razões escondidas que foram variando consoante ia decorrendo a campanha. Um referendo, sendo um ato político e fortemente popular, tem características próprias e um tipo de questões que se fecha no sim ou não “e não se fala mais nisso”. Recordo-me do tempo em que em Portugal  não era permitido até que se remexeu na Constituição. E não tendo oferecido dados novos, sacudiu a lógica de alguns elementos  patrimoniais da sociedade portuguesa que, entrando no terreno dos referendáveis,  alteraram a formulação e o espírito do voto livre a que cada cidadão tem  direito.

O que agora se passou no Reino Unido escondeu razões que ninguém gostaria de assumir frontalmente como por exemplo ser xenófobo, inimigo dos estrangeiros, tal como não há muito causava repugnância natural aceitar-se como nazi ou mesmo fascista. A verdade é que os tempos mudam e a defesa de valores também, bem como o seu significado. Perguntamos como se acomoda numa consciência cristã – católica ou não – a declaração do estrangeiro como inimigo público, a rejeitar da nossa casa, em contradição frontal com o Evangelho. Este inimigo tem hoje um nome: refugiado. Creio mesmo que sem este novo dado

 

 

 

 

 

na nossa comunidade europeia este referendo não teria existido. Por outras palavras, cada palácio faz a sua lista de convidados e não aceita  que outros lhe alterem o protocolo, de forma a tornar deselegantes as passeatas pela passadeiras vermelhas

 

que atravessam os jardins verdes das casas reais. E quando um povo alimenta o seu imaginário como se habitasse um palácio, facilmente se rearma nos seus castelos para evitar a entrada de estranhos.

 

 

 

 

 

Uma Visão do XVI Congresso da LOC/MTC

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 

O Congresso Nacional, órgão máximo de decisões da LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos, é sempre um marco importante na vida e na ação deste Movimento. Nesta atividade estão sempre presentes aspetos essenciais que definem o carisma do movimento: a formação, que se faz a partir da vida dos trabalhadores e das suas família e das ações dos militantes no mundo do trabalho e nas comunidades; a participação ativa na preparação e nas decisões que vão orientar a vida e a ação do movimento dos próximos três anos; a celebração da fé e da alegria de pertencer à comunidade do Povo de Deus e de se estar comprometido nesta missão evangelizadora.

E o XVI Congresso, que se realizou em Braga nos dias 10 e 11 de junho, evidenciou, mais uma vez, isso mesmo. Percorrendo as habituais etapas de preparação e de organização, foram elaboradas novas reflexões e propostas de ações que vão orientar o movimento e os militantes nos próximos tempos. Com um ano de antecedência, os militantes da LOC/MTC foram chamados a participar, através da partilha das alegrias, das angústias e das esperanças do meio onde vivem e trabalham, usando o método da Revisão de Vida Operária – Ver, Julgar e Agir, sempre a partir das realidades concretas que vivem e que conhecem.

E foi nesta caminhada de preparação que, entre outros documentos, foram elaboradas as linhas de orientação para os próximos três anos com a temática, “Humanizar e Evangelizar o Mundo do Trabalho”. Estas linhas de orientação, aprovadas

 

 

 

 

neste XVI Congresso, constatam, mais uma vez, a crescente desvalorização e precarização do trabalho; a situação de desemprego com as graves consequências pessoais, familiares e sociais; o medo que se apodera das pessoas e a desumanidade com que se tratam aquelas que estão na precariedade e no desemprego.  

Por isso, foi muito encorajador ouvir o bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, presente neste congresso em representação da arquidiocese e do Secretariado Nacional do Apostolado Laical e Família, defender convictamente a necessidade de reduzir o trabalho semanal para as 35 horas, tanto no sector público como no privado. E a desafiar ainda os presentes a manter a coragem e a fidelidade ao evangelho na denúncia da “economia que mata”  e a lutar por uma vida digna e com oportunidades para todos.

A defesa da diminuição do horário de trabalho faz parte dos compromissos da LOC/MTC e está incluída nas suas linhas de orientação: - Lutar pela redução do tempo de trabalho, para que este bem precioso possa ser distribuído por todos.

 

 

 

Neste Congresso celebrava-se também os 80 anos de vida da LOC/MTC. E nesta memória histórica, apresentada em exposições, vídeos e intervenções, é salientado o facto da atualidade e importância deste movimento. A memória acumulada de muita riqueza humana e de fé em todos estes anos comprovam a coragem, a confiança e a audácia que em cada momento foram tidos para encontrar novos caminhos, novas formas de luta, novos modos de agir.  

A formação contínua; a reflexão dos grupos em Revisão de Vida Operária; o desenvolvimento de pensamento e de espírito crítico são algumas das referências do movimento que este continuará a desenvolver. A persistência na luta pela dignificação das mulheres e dos homens do trabalho continuará a ser o nosso caminho para que os trabalhadores e as suas famílias conquistem os bens materiais, culturais e espirituais a que têm direito como cidadãos e filhos de Deus. E é este o rumo que, no final do Congresso, todas e todos se comprometeram a protagonizar nos locais de trabalho e nas comunidades onde vivem.

 

 

Fotos da semana…

  Carlos Borges   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

Um mês e dez dias depois, a volta completa e chegamos à minha semana. A “semana de…” não é propriamente fácil, melhor, nada fácil, escrevo por mim, claro!

Podemos partilhar algo pessoal, que assistimos ou ainda comentar um assunto nacional ou internacional e os temas são variadíssimos, desde a última sexta-feira: O “brexit” do Reino Unido, com 51,9% dos votos no referendo (madrugada de sexta-feira), e já com relatos preocupantes de xenofobia; a reunião dos ministros em representação dos seis países que a 9 de maio de 1957 assinaram o Tratado de Roma (sábado); ou o “eurexit”, a eliminação da seleção inglesa do Euro 2016 (segunda-feira)… Esperem, PUMBAS, o Quaresma marcou, Portugal acabou de passar às meias-finais. (Sim, quando o semanário chegar às vossas caixas de correio eletrónico já não é novidade.)

Existiram também notícias de atentados (terça-feira na Turquia); de manifestações de ódio, tristeza, de preocupação e desrespeito pelo outro mas também de afeto. E também de terça recordo a magnifica frase - “Mais do que nos jardins do Vaticano, com a beleza que têm, a sua bondade é o lugar onde moro e me sinto protegido” - do Papa emérito Bento XVI, no final da cerimónia de homenagem pelo seu 65.º aniversário de sacerdócio presidida pelo Papa Francisco, no Palácio Apostólico do Vaticano.

Ainda no campo dos afetos regresso à manhã de domingo. Às maravilhas surpreendentes da tecnologia com as ecografias “emocionais” 3 e 4D, como a empresa 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

as apresenta. Espetacular ainda é pouco. Não sei se é recente, a tecnologia, mas o João era bem real, como se vê pelo pezinho (fotografia). Com mais de 27 semanas o meu afilhado já está de cabeça para baixo e qual homem-bala pronto a conhecer o mundo, onde espero que se sinta protegido.

Ah, essa tecnologia conjuga as dimensões 3D com movimento. Deslumbrado ao ver a vida que está em formação regressei à infância, ao episódio do “nascimento” de “Era Uma Vez... O Corpo Humano”. 

“Fotos da semana…” porque era para ter escolhido uma fotografia para cada acontecimento mas optei por selecionar apenas três – Papas, eco 3D e Agência Ecclesia. Faz hoje dois anos que regressei à cadeira de sonho.

 

 

 

 

 

 

 

Coimbra prepara-se para celebrar as festas da Rainha Santa Isabel, uma tradição secular no mês de julho, marcada pelas procissões que percorrem a cidade banhada pelo Mondego. Em 1883, a Mesa da Confraria da Rainha Santa Isabel decidiu que as procissões se realizassem ordinariamente apenas nos anos pares. Em 2016, a celebração é marcada por um acontecimento especial, o Jubileu do V centenário da beatificação de D. Isabel de Aragão, rainha de Portugal. Por esse motivo, a imagem da Rainha Santa subirá à Sé Nova, e por especial anuência de D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, será aberto o túmulo de Santa Isabel, de 1 a 13 de julho.

O Semanário ECCLESIA apresenta, por isso, um dossier dedicado a estas celebrações, com a colaboração da Confraria da Rainha Santa Isabel, e recorda a vida e obra da santa a que os portugueses chamam rainha.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Celebrar a Rainha Santa
em ano de duplo jubileu

António Rebelo, Presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel, fala à Agência ECCLESIA da celebração do 500.º aniversário da beatificação desta figura de referência da Igreja Católica no nosso país, num ano que o Papa Francisco quis dedicar à Misericórdia. Um duplo jubileu que vai levar muitos peregrinos até ao túmulo da Rainha Santa, de 1 a 13 de julho.

 

Entrevista conduzia por Luís Filipe Santos

 

Agência ECCLESIA (AE) – A cidade de Coimbra tem uma devoção especial à rainha Santa Isabel. Neste local (Igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova) estamos no centro devocional e de romagem ao túmulo da rainha santa.

António Rebelo (AR) – Esta igreja acolhe a mais preciosa relíquia que possuímos, o corpo incorrupto de Santa Isabel que repousa naquele túmulo de prata, mandado construir, a expensas suas, pelo bispo de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco.

Esta igreja, terminada em 1696, foi dedicada à rainha Santa Isabel. Já o próprio mosteiro, quando D. João IV o mandou construir, era dedicado à rainha Santa Isabel. A Igreja só ficou concluída cerca de 21 anos depois da parte norte, onde estão situadas a celas e o refeitório.

A primeira trasladação foi em 1677 e, em 1696, após a conclusão da Igreja, transferiu-se o túmulo da rainha

 

santa para a tribuna-mor, onde neste momento repousa. Esta igreja é barroca com belíssimos retábulos que espelham um pouco a devoção da rainha santa e cenas da vida dela com o seu marido, o rei D. Dinis. Nestes retábulos encontramos também outras cenas relacionadas com os santos franciscanos porque estamos num espaço habitado por clarissas.

 

AE – A espiritualidade franciscana e, mais concretamente das clarissas, sempre foi um exemplo e esteve bem patente na vida da rainha Santa Isabel.

AR – O ideal franciscano sempre entusiasmou a rainha santa e, ao qual, ela aderiu. Quando ela, nas margens do Mondego, concluiu a construção do Mosteiro de Santa Clara (na altura tinha como oragos Santa Clara e Santa Isabel da Hungria) foi buscar uma comunidade de clarissas para aqui se estabelecer.

 

 

 

 

AE – A talha dourada é abundante. Uma obra do entalhador Domingos Lopes.

AR – Esta igreja é muito rica em talha dourada. Neste mosteiro régio professavam clarissas da mais nobre estirpe de Portugal. Merecia ser contemplada com aquilo que, na época, do ponto de vista artístico, mais enobrecia o espaço onde estava o corpo da rainha santa. 

 

AE – Ao centro, a imagem da rainha Santa Isabel esculpida por António Teixeira Lopes.

AR – Esta imagem foi oferecida pela 

 

rainha D. Amélia para as procissões. Uma peça que se encontra junto ao túmulo (sarcófago de prata e cristal) da rainha santa em lugar de destaque. Uma belíssima imagem que apaixona e inspira os devotos.

 

AE – Uma peça com beleza estética.

AR – A imagem da rainha santa foi esculpida pelo Teixeira Lopes e pintada pelo seu cunhado. Esta imagem teve por modelo uma jovem aragonesa. Costuma dizer-se que ele próprio também procurou, junto da confraria, ter acesso à visualização da própria face da rainha santa que está no 

 

 

 

 

túmulo. É uma imagem mogno maciça (extremamente pesada) mas que tem uma graciosidade enorme e cativou logo os devotos. Antes de vir para Coimbra, esteve exposta em Lisboa, e foi muito admirada por todos. Está cravejada de pedras preciosas: esmeraldas, rubis, pérolas e diamantes. Teixeira Lopes procurou que a imagem tivesse dignidade e graciosidade que o povo via na sua padroeira. Quando a imagem é levada na procissão, a sua disposição parece que está a caminhar por entre a multidão.

 

AE – Antes da imagem atual, na sacristia da Igreja está exposta a sua antecessora.

AR - Sim. Ali está exposta a imagem antiga que era levada processionalmente a um dos templos da cidade, como ditam as regras antigas, porque a confraria, entre as suas obrigações, uma delas, era a de promover duas procissões em honra da rainha santa. E, até 1896, era esta a imagem que era transportada. É uma peça feita de roca e, atualmente, está na sacristia porque alguns devotos ainda a admiram. As vestes e as coroas desta imagem eram oferecidas.

 

AE – A imagem, juntamente com o andar, pesam umas boas centenas de quilos.

AR – A totalidade nunca foi pesada. 

 

O andor, a imagem, e os milhares de rosas… A sensação que os homens do andor têm, desde os tempos antigos, é que pesa muito. Os talhantes, que outrora levavam o andor, por estimativa falam em cerca de 800 quilos.

 

AE – Quem costuma levar o andor na procissão?

AR – São os irmãos da confraria.

 

 

 

AE – É frequente os habitantes de Coimbra, e não só, visitarem a imagem?

AR – Temos devotos que visitam, diariamente, a Igreja da rainha Santa. Muitas vezes, antes de irem para o seu trabalho, passam por aqui e fazem as suas orações.

 

AE – A universidade coimbrã também está ligada a esta devoção?

AR – A Universidade de Coimbra está ligada à rainha santa a vários níveis. Desde logo porque ela acompanhou a fundação da universidade. Tendo em conta que ela era uma mulher muito culta, terá estado ao lado do seu marido (D. Dinis), também ele 

 

um homem culto, um trovador, um poeta, na constituição dos Estudos Gerais em Portugal.

Depois da sua beatificação (1516) e do estabelecimento definitivo da universidade em Coimbra (1537), pelo rei D. João III, criou-se uma maior empatia com a universidade.

D. João III teve 10 filhos (assistiu ao falecimento de todos eles) e o último deixou a esposa grávida. Toda a esperança do reino estava centralizada no bom êxito do nascimento. Todo o reino se moveu em preces à rainha 

 

 

 

 

santa. Por feliz coincidência, no dia 20 de janeiro de 1554, estava a realizar-se uma procissão, pelo bom êxito do nascimento de D. Sebastião, aqui junto ao convento de Santa Clara, junto do túmulo da rainha santa, e nesse mesmo momento estava a nascer o D. Sebastião em Lisboa. D. João III atribuiu este êxito à intercessão da rainha santa. Tornou-se ainda mais devoto, a ponto de pedir a extensão do culto a todo o país.

 

AE – Nessa altura, o culto estava apenas circunscrito à Diocese de Coimbra.

AR – Na sequência desta graça,

 

 

 
 

obrigou a universidade a celebrar, festivamente, todos os anos a rainha santa com orações públicas, laudatórias e certames poéticos, no colégio das artes. D. João III faleceu 1557 e a rainha D. Catarina, enquanto regente do neto, teve também uma grande influência na fundação da Confraria da Rainha Santa, em 1560. Desde essa altura que existe uma grande ligação da universidade a este culto. Ainda hoje, na procissão solene é o único ato litúrgico fora do espaço universitário em que os doutores da Universidade de Coimbra participam com as suas insígnias. 

 

 

 

AE – No coro baixo da Igreja está exposto o túmulo antigo da rainha santa.

AR – Verdade. Este belíssimo espaço do coro baixo contem muitos altares trazidos do convento antigo e o túmulo original da rainha Santa Isabel. É um túmulo de pedra que ela própria mandou esculpir ainda em vida. Tudo o que ali está representado foi feito segundo as suas indicações. O túmulo foi trazido para aqui em 1677 por ocasião da transferência do corpo da rainha santa e da comunidade clarissa do convento antigo para o mosteiro novo.

 

Este túmulo foi aberto, pela primeira vez, em 1612, por ocasião do processo de canonização. Fazia parte dos processos de canonização a abertura do túmulo e verificar-se o estado do corpo.

 

AE – Quando abriram o túmulo receberam uma grande surpresa…

AR – Para grande estupefação dos presentes, entre eles estavam vários bispos e o reitor da universidade e médicos, o corpo da rainha santa estava em bom estado de conservação. Eles apalparam as carnes, fizeram o diagnóstico e ficaram com a impressão 

 

 

 

que estavam perante uma pessoa que tinha acabado de falecer. Junto do corpo encontraram o bordão de peregrina e a escarcela que lhe tinha sido oferecida pelo arcebispo de Santiago de Compostela. Ela deslocou-se a Santiago, em 1325, depois da morte do marido para depositar a sua coroa real e muitos dos objetos preciosos.

Esse bordão foi partido ao meio, metade e a escarcela foram enviados para Madrid, e a parte superior conservou-se aqui e faz parte do espólio da confraria.

 

 

 

AE – Faleceu em Estremoz (Alentejo) a 04 de julho de 1336 e foi transportada para Coimbra debaixo de um sol abrasador. Mesmo assim, a pele não sofreu as consequências das altas temperaturas…

AR – Quando faleceu, algumas vozes pediram ao seu filho (Afonso IV) para que fosse sepultada em Estremoz. O rei seguiu à letra o testamento da rainha santa. O receio das pessoas era que o corpo produzisse um cheio insuportável. Pelo contrário, ao longo do percurso o ataúde deixou escorrer alguns líquidos corporais que tinham um suave perfume. Foi o primeiro indício de santidade e está registado nas crónicas.

 

 

 

AE – As rosas sempre estiveram associadas a esta rainha.

AR – Verdade. Existem alguns milagres associados às rosas. Um deles foi em Alenquer porque ela sempre teve uma grande devoção ao divino Espírito Santo. Quando estava exilada naquela localidade, mandou fazer uma igreja dedicada ao divino Espírito Santo. No âmbito das guerras entre o marido e o filho foi exilada e não tinha grandes proventos. E chegou a pagar aos operários com rosas. Quando estes iam a caminho de casa, encontraram um dobrão de ouro que pagava, largamente, os seus trabalhos.

Esse foi um deles, mas o mais conhecido é quando ela é 

 

surpreendida pelo marido (rei D. Dinis) nas suas ações caritativas aos mais carenciados. Eram as rosas oferecidas aos pobres… Esta lenda espelha a dedicação aos mais frágeis da sociedade. É preciso não esquecer que numa época de grande fome (1331-33), ela vendeu muitas das suas joias para mandar vir trigo do estrangeiro.

 

AE – Os confrades e as confreiras também distribuem «rosas» nos tempos atuais?

AR - Procuramos, tanto quanto possível, ajudar. A confraria, dentro das suas posses que são diminutas, procura fazer a manutenção destes espaços que exigem muitos cuidados, mas noutros tempos, quando existiam mais recursos, auxiliar as mais diversas coletividades de apoio aos doentes e mais carenciados. A confraria até criou uma casa de acolhimento de jovens 

 

 

 

 

da rua (meninas que andavam na rua) tal como a rainha santa o fez. O primeiro assistente espiritual dessa casa «Refúgio da rainha Santa» foi o famoso padre Américo. Foi o padre Américo, depois de ter visto aquela realidade, que mais tarde criou a Obra do Gaiato para fazer o mesmo com os moços da rua. Seguramente terá sido inspirado nesta ideia….

 

AE – A rainha Santa Isabel deixou uma mensagem para a humanidade, mas também deixou um espólio que pode ser apreciado pelos devotos.

AR – No espaço «Tesouros espirituais da rainha Santa Isabel», os visitantes 

 

podem apreciar alguns objetos do nosso precioso espólio. Algumas destas peças já estiveram em exposições internacionais. Temos aqui relíquias que podem ser apreciadas pelo público: o bordão, as mortalhas originais da rainha santa e as bulas do cardeal Rainúncio e do Papa Gregório XIII que autorizam o culto religioso da beata a todo o território de Portugal e a conceder indulgências perpétuas aos irmãos da rainha Santa Isabel. 

insira a foto aqui

 

D. Isabel - Uma Rainha que foi Santa

A casa de Aragão de onde provinha D. Isabel – filha de D. Pedro III de Aragão e D. Constança Hohenstaufen e nascida em 1270 - firmava-se por alianças matrimoniais  com os mais notáveis governantes do tempo, desde o imperador alemão aos reis da Hungria e Sicília, que a redimensionavam, muito para além da espacialidade ibérica, num amplo contexto de relações internacionais, no continente e no Mediterrâneo.

Esta prestigiada infanta casou, em 1282, com o rei de Portugal, D. Dinis, e tal união matrimonial traduzir-se-á num projeto real de grande alcance, tanto a nível interno da composição política, social, cultural e religiosa do reino de Portugal como no plano internacional no concerto e pacificação das monarquias da Península Ibérica.

Se a sua função primeira como mulher casada era a de assegurar a linhagem real, cumpriu-a com o nascimento de D. Constança, em 1290, e depois, em 1291, do herdeiro da coroa, D. Afonso. E durante toda a sua vida desempenhou o seu papel de esposa e mãe, acompanhando D. Dinis, na sua vida privada e pública, até à morte deste, em 1325, e 

 

educando e cuidando dos seus filhos, mas também de alguns dos bastardos reais.

Dedicou-se igualmente ao governo da sua casa, composta por um corpo próprio de oficiais e por um séquito de donas e donzelas da sua criação, que educava e dotava para o casamento. Possuidora de um amplo património

 

 

 

 

recebido por arras ou por doações reais, em que se incluíam vilas, castelos e reguengos, soube dirigi-lo e controlá-lo na justiça, na administração e na fiscalidade.

D. Isabel desenvolveu ainda uma significativa diplomacia de paz, no reino de Portugal e fora dele, e porque, por nascimento ou enlaces matrimoniais, estava relacionada com todos o reinos peninsulares, ao procurar o entendimento entre os membros da família envolvia-se numa estratégia de conciliação política.

Procurou apaziguar os conflitos e guerras internas entre D. Dinis e seu irmão e sobretudo entre o rei e seu filho Afonso. Por intermédio do seu marido,  D. Dinis, harmonizou o seu irmão D. Jaime II de Aragão com o seu genro D. Fernando IV de Castela, e marcou mesmo presença na sentença arbitral entre eles assinada, em 1304.

A rainha D. Isabel soube, assim, acompanhar o rei D. Dinis no governo do reino de Portugal, deixando marcas indeléveis na diplomacia,  na assistência, no apoio à Igreja, na espiritualidade, na cultura e na vida de corte.

E após a morte do seu rei e senhor, D. Isabel, em luto e recolhimento, mas sem nunca professar, primeiro 

 

peregrina até Santiago de Compostela e depois vivendo junto do Mosteiro de Santa Clara, continuou a sua missão piedosa, moral e caritativa mas também a sua função  de gestora de bens, obras e homens.

Foi justamente o comprometimento desta Rainha e desta Mulher com a vida e com a ação, pautado pelos valores evangélicos e pela fé e devoção cristãs, que colocaram D. Isabel no coração do povo como santa, logo após a sua morte em 1336 e a elevaram aos altares pela beatificação em 1516 e pela canonização em 1625. 

 

Maria Helena da Cruz Coelho

Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

 

 

V Centenário da Beatificação de Santa Isabel de Portugal

4 de julho 2016

Ocorre neste ano de 2016 o V Centenário da Beatificação de Santa Isabel de Portugal, popularmente conhecida como a rainha Santa Isabel. É uma data a todos os títulos memorável, tanto para a cidade e a diocese de Coimbra como para a Nação Portuguesa, que a conta entre as suas mais insignes figuras de mulher, de cristã e de santa. A celebração desta grandíssima efeméride encherá de júbilo todos os seus inúmeros admiradores e devotos, pois o seu testemunho atravessou os séculos e chegou até nós com a frescura perene de uma vida verdadeiramente evangélica, cheia de significado para o tempo presente e portadora de uma mensagem que não morre.

A feliz coincidência da comemoração do V Centenário da Beatificação de Santa Isabel de Portugal com a celebração do Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco torna mais viva a fé no amor de Deus, que acolhe e abraça todos os

 

 

seus filhos com um coração rico de misericórdia. A Rainha Santa continua a manifestar aos homens e mulheres do séc. XXI que a misericórdia de Deus é infinita e que ninguém é excluído dela, bastando apresentar-se de coração simples e humilde para acolhê-la.

Santa Isabel captou admiravelmente o núcleo central da revelação do Pai que, em Jesus, se apresentou como o 

 

 

 

 

Deus misericordioso. Como Jesus, Santa Isabel comoveu-se diante dos pobres e dos famintos, assumiu como suas as alegrias e as esperanças, as dores e sofrimentos dos seus irmãos. Como Jesus, ela incarnou o modo de ser de Deus Pai e pelas suas ações muitos puderam encontrar a paz, o pão, a esperança e o amor que tanto desejavam e a que tinham direito.

Que o perfume das suas rosas continue a ser o bálsamo para as dores de todos os que sofrem, que o seu pão continue a ser o alimento delicioso para os famintos no corpo ou no espírito, que a sua mão benfazeja e construtora de paz continue a unir a todos na comunhão de Deus e dos homens.

Convido a todos a celebrar com devoção, fé e amor estas festividades da Rainha Santa e invoco a bênção de Deus para Coimbra e para Portugal, a fim de que tenham sempre, em abundância, rosas, pão e paz.

 

D. Virgílio do Nascimento Antunes,

Bispo de Coimbra

 

 

 

 

 

 

Primeira abertura
do túmulo da Rainha Santa Isabel

No dia 26 de março de 1612, à uma hora da tarde de uma segunda feira da Quaresma, foi aberto, pela primeira vez, o túmulo de Santa Isabel.

Este ato fazia parte do processo de canonização. Presidiram ao ato os juízes comissários de Sua Santidade, D. Afonso de Castelo Branco, Bispo-Conde de Coimbra, D. Martim Afonso Mexia, Bispo de Leiria (de cuja diocese Santa Isabel é também padroeira), e o Doutor Francisco Vaz Pinto. Entre os assistentes, além do famoso Doutor Francisco Suárez, enquanto procurador, estiveram também presentes 3 médicos, o Reitor e Doutores da Universidade, nobres, clérigos, religiosas e vários devotos e curiosos que perfaziam, no total, meia centena de assistentes.

A tampa do sepulcro foi retirada, deixando ver o caixão de madeira envolto em pele de boi, tal como tinha vindo de Estremoz, em 1336. Nele encontraram o bordão de peregrina e a escarcela que o arcebispo de Santiago tinha oferecido à Rainha Santa quando ela aí se deslocou em peregrinação, logo após a morte do marido. O bordão e a bolsa de  

 

peregrina foram entregues à abadessa do mosteiro. Tinha o bordão seis palmos e meio de comprimento. Foi repartido em dois, tendo ficado no mosteiro a parte superior.

A outra parte foi enviada à Rainha de Espanha, juntamente com a escarcela,

 

 

 

 

uma vez que os reis espanhóis eram os grandes promotores da causa de canonização de D. Isabel de Aragão.

A parte superior do bordão encontra-se ainda hoje guardada num estojo de prata, no tesouro da Confraria da Rainha Santa Isabel. Abriu-se o ataúde, despregou-se a pele de boi e, depois de cortados os invólucros e as mortalhas, ficou a descoberto a parte superior do corpo de Santa Isabel. Perante o espanto geral, o corpo estava em perfeito estado 

 

de conservação e não aparentava quaisquer sinais de corrupção.

O auto de abertura que se conserva na Biblioteca Nacional de Lisboa descreve todos os pormenores: “[…] e sem corrupção, antes muito alvo e cheiroso e coberto de carne, de maneira que a cabeça estava com os cabelos inteiros, louros e sãos, que pegando por eles estavam fixos; a testa e todo o rosto coberto da mesma carne muito alva e bem proporcionada, com nariz, orelhas e boca sem corrupção, pegada a dita cabeça ao corpo com seu pescoço muito alvo e inteiro…”

Também as carnes estavam secas mas resistentes ao toque: “e pondo-lhes a mão com muita força, [o peito] estava firme sem se quebrar nem desfazer e o braço direito posto sobre o peito, inteiro e consolidado com o corpo coberto de carne, descobrindo-se as veias e os nervos na mão, a qual estava com seus dedos e unhas muito inteira e consolidada, do que tudo os circunstantes se moveram a grande devoção e veneração”.

O secretário do Bispo de Coimbra havia ainda de escrever que “a feição do rosto de Santa Isabel se assemelhava muito com o da figura que vemos sobre a sua sepultura”. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Posto isto, mandaram recobrir o corpo com um pano de Holanda novo e o ataúde com um pano de veludo carmesim.

Mal refeito do assombro causado pelo corpo incorrupto de Santa Isabel, o Bispo-Conde promete fazer-lhe um sepulcro de prata e cristal, em que a Rainha Santa “se possa ver sem ser tocada”.

O novo túmulo foi construído mas, faltava a autorização pontifícia para que as relíquias da veneranda 

 

 

 

 

 

padroeira de Coimbra pudessem ser expostas, o que só muito raramente era permitido antes da canonização, que, no caso da Rainha Santa, só teria lugar em 1625. Entretanto a morte surpreendeu o devoto Bispo-Conde antes da trasladação, que só viria a acontecer em 1677. Desde então, o venerando corpo incorrupto de Santa Isabel repousa nesse magnífico túmulo de prata.

 

Cronologia da rainha Santa Isabel

1270 – Nascimento de Isabel de Aragão (Espanha).

1282 – Casamento com o rei D. Dinis.

1336 – Morte da rainha Isabel, em Estremoz (Alentejo)

1516 – Beatificação da rainha Isabel

1625 – Canonização pelo Papa Urbano VIII.

1677 - Primeira trasladação do corpo da rainha santa Isabel.

1696 - Após a conclusão da Igreja de Santa Clara-a-Nova transferiu-se o túmulo da rainha santa para a tribuna-mor, onde neste momento repousa.

1896 – Versão final da imagem da rainha Santa Isabel da autoria de António Teixeira Lopes. 

 

 

 

Programa

Igreja da rainha santa

1 a 13 de Julho

Exposição da mão da Rainha Santa:

8.30h às 20.00h

(excepto durante os actos litúrgicos)

 

1, 2 e 3 de Julho

Tríduo preparatório

21.30h - com a Santa Missa ou Vésperas e pregação pelo Senhor D. Manuel Linda, Bispo das Forças Armadas.

 

4 de Julho - dia da festa

08.00h -Laudes e Missa.

11.00h - Missa solene.

16.30h - Missa da Real Ordem de Santa Isabel, com a presença de SS.AA.RR. os Senhores Duques de Bragança.

18.00h - II Vésperas.

 

7 de Julho

18.00h - Missa, seguida da Procissão Penitencial.

22.00h - Chegada à Portagem, onde haverá saudação pelo Senhor D. Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém. Cântico pelo Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra.

Espectáculo de pirotecnia.

 

10 de Julho

À chegada da Procissão Solene, no adro da igreja da Rainha Santa Isabel, terá lugar a bênção com o Santo Lenho, seguida de uma breve alocução pelo Senhor Bispo de Coimbra.

 

IgreJa da Santa Cruz

7 de Julho

23.00h - chegada da Imagem

 

8 de Julho

08.00h |  09.00h | 10.00h | 11.00h | 17.30h Celebração da santa missa. 08.00h às 21.00h

Exposição da Imagem da Rainha Santa

 

9 de Julho

08.00h |  09.00h | 10.00h | 11.00h | 17.30h Celebração da santa missa. 08.00h às 17.30h

Exposição da Imagem da Rainha Santa

 

Sé Nova

9 de Julho

21.00h - Chegada da Imagem

 

10 de Julho

09.00h |  11.00h 15.00h

Celebração da santa missa.

 

 

 

Procissões

Penitencial Procissão

Realiza-se no dia 7 de Julho (Quinta-feira), logo a seguir à missa das 18H no adro da Igreja da Rainha Santa Isabel.

É uma procissão penitencial e tem como finalidade proporcionar às pessoas oportunidade de cumprirem as suas promessas.

Tem um espírito profundo de oração e penitência. Guarda silêncio, medita e reza.


No Largo da Portagem haverá uma Saudação à Rainha Santa, proferida pelo Senhor D. Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém.

 
Procissão da misericórdia

É uma procissão jubilar da misericórdia que conduzirá a imagem da Rainha Santa da igreja de Santa Cruz para a Sé Nova, ligando estes dois templos jubilares, e nela podem tomar parte todas as instituições de apoio e solidariedade social da Diocese de Coimbra.

Organiza-se depois da Missa na Igreja de Santa Cruz, que terá lugar no Sábado dia 9 de Julho às 18H.

Neste Ano Santo, agradece a

Deus a Sua infinita misericórdia,

que se manifesta também,

ao longo da História, no amor

promovido por homens

de boa vontade em favor

dos seus irmãos

necessitados.

 

 

 

 

Procissão solene
É uma procissão solene de louvor e nela podem tomar parte todas as associações da Igreja, em manifestação da sua vitalidade cristã.
Organiza-se depois da Missa Solene na Sé Nova,que terá lugar no Domingo dia 10 de Julho às 15H e será presidida pelo Senhor Bispo de Coimbra.
Terminará no adro da igreja da Rainha Santa Isabel com bênção do Santo Lenho e uma breve alocução pelo Senhor Bispo.
Não deixes de dar um testemunho da tua Fé de Cristão através do teu silêncio e recolhimento,
do teu comportamento e atitude.
 
 
 

 

O culto a Santa Isabel

Santa Isabel era uma Rainha muito querida pelo povo, muito particularmente junto dos mais desfavorecidos.

E foi o povo que começou a venerar os restos mortais de D. Isabel de Aragão imediatamente depois da sua morte, crente na santidade da sua Rainha, confirmada por inúmeros milagres. O culto em torno da figura de Santa Isabel, apoiado nessa forte devoção popular, seria legitimado com a sua beatificação, concedida por Breve do Papa Leão X, no dia 15 de Abril de 1516.

O culto religioso à Beata D. Isabel, circunscrito inicialmente a todas as igrejas, mosteiros e lugares da cidade e diocese de Coimbra, obteve autorização pontifícia, para ser celebrado em todo o Reino, a pedido de D. João III em sequência do feliz êxito do nascimento do neto, o futuro rei D. Sebastião. A pedido do Rei Piedoso, todas as dioceses festejavam o dia 4 de Julho celebrando a missa e ofício da beata Isabel de Portugal. Idêntico pedido foi manifestado por D. João III à Universidade, no sentido de, nesse dia, se fazer uma oração pública em louvor da Rainha Santa no Colégio 

 

das Artes, com a presença de toda a comunidade universitária.

Em 1559, Dona Catarina determinava à Universidade a realização de um préstito anual, com missa e solene pregação. Terá sido também por influência da Rainha Regente que a abadessa de Santa Clara, D. Ana de Meneses, com o apoio de outras religiosas e leigos, fundou a “Confraria de Santa Isabel, Rainha de Portugal”, em 1560. Desde logo, esta nova corporação agregou a si vários membros da comunidade universitária, lentes e estudantes, principiando aí uma íntima e profícua ligação multissecular da Alma Mater com a Confraria. Nos seus primeiros estatutos, há a preocupação em reunir na instituição os interesses de organismos civis e universitários sem distinção: “E porque este corpo da universidade & cidade com ygoal devaçam & charidade sem divisam, procure ho bem desta sancta confraria & seu augmento: hum dos mordomos seraa dos mais honrrados da cidade & ho outro dos estudantes confrades”.

Segundo o compromisso da nova Confraria, além da oração pelos irmãos e benfeitores, vivos e 

 

 

 

 

defuntos, comprometia-se a realizar duas procissões solenes em cada ano: uma solene, na véspera da festa, e outra no dia seguinte, a 4 de Julho.

Dava-se início a uma das mais solenes tradições que ainda hoje se mantém.

Alargada, pois, a prática cultual a todo o reino, a Beata Isabel era canonizada pelo Papa Urbano VIII, a 25 de Maio de 1625, e proclamada por Filipe III Padroeira de Portugal, em 14 de Julho desse mesmo ano. A canonização conferiu renovada vitalidade ao culto à Rainha Santa, que, a partir da 

 

trasladação do corpo incorrupto de Santa Isabel para o novo mosteiro, a 29 de Outubro de 1677, passaria a centrar-se no Monte da Esperança.

Em 1771 D. José estatuiu que a procissão solene se realizasse entre uma das igrejas de Coimbra e a igreja monástica. A imagem era transportada na véspera do dia da procissão. Em 1862, a cada vez maior afluência de peregrinos impôs a necessidade de a imagem ser transportada na antevéspera para a Igreja de Santa Cruz. O afluxo intenso de devotos de 

 

 

 

 

 

Aveiro, Viseu e Leiria obrigou, no ano seguinte, a Mesa da Confraria a transportar processionalmente a imagem para Santa Cruz na Quinta-feira, onde permanecia à veneração dos fiéis até à procissão solene de Domingo. Os caminhos de ferro aumentaram a afluência de devotos e consequentemente a pompa das solenidades e festas religiosas.

Dificuldades de natureza económica tanto para a Confraria como para os particulares e comerciantes, que tinham a obrigação de enfeitar as ruas, bem como o trabalho que dava a própria organização das festas, levaram a Mesa a decidir, a 17 de Janeiro de 1883, que a procissão e a respectiva festa se realizasse apenas de dois em dois anos, tal como ainda hoje acontece.

A Rainha D. Amélia, Grã-Mestra da Real Ordem de Santa Isabel e que nutria uma profunda devoção pela Rainha Santa, fez questão de oferecer à Confraria da Rainha Santa Isabel uma imagem que encomendou ao escultor Teixeira Lopes. O mais famoso ícone escultórico da Rainha Santa Isabel que, desde então, passou a ser transportado em todas as procissões, foi inaugurado solenemente nas festas de 1896.

 

Além de inúmeros membros da família real, desde os tempos de D. João IV, e de alguns membros do episcopado português, como os bispos-condes D. Francisco de Lemos e D. António Antunes, e de futuros arcebispos, como D. António José de Freitas Honorato, D. Manuel Trindade Salgueiro, e até o Patriarca de Lisboa D. Manuel Gonçalves Cerejeira – tendo vários deles exercido a presidência da Confraria – contam-se entre os seus confrades algumas das pessoas mais importantes da vida académica, política e religiosa que têm como denominador comum o facto de serem professores da Universidade de Coimbra.

Nas grandes festas dos anos pares, além do habitual tríduo de preparação e da celebração da solenidade de Santa Isabel, no dia 4 de Julho, feriado municipal da cidade de Coimbra, de que ela é padroeira, realizam-se duas procissões que atraem à cidade milhares de devotos de todo o país e do estrangeiro.

A procissão nocturna da primeira Quinta-feira que se segue ao dia 4 de Julho e que transporta a imagem do templo da Rainha Santa para uma das igrejas da cidade é uma procissão penitencial e tem como finalidade 

 

 

 

 

proporcionar às pessoas oportunidade de cumprirem as suas promessas. São muitos os romeiros que, vindos a pé de longe, se integram nesta procissão. A procissão do Domingo seguinte, a de regresso, é já uma procissão solene de louvor e nela participam todas as associações e movimentos da Igreja, congregando em invulgar simbiose todas as classes e instituições da sociedade, sendo ainda a única em que os Doutores da Universidade de Coimbra tomam parte com hábito 

 

talar e insígnias, fora do espaço universitário.

 

Nestas festas, podemos verificar quão diversa e abrangente é a devoção à Rainha Santa Isabel, que congrega a sociedade coimbrã, em toda a sua diversidade social e cultural, e une num único espírito fraterno, na mesma prece de amor e ternura à excelsa padroeira de Coimbra todos os seres humanos, na mais pura singeleza da sua humilde condição de filhos de Deus.

 

 

O “milagre das rosas”

Saía a Rainha dos seus Paços, apressada, para levar algumas moedas a vários pobres e gafados, que aguardavam a graça da sua esmola. Em uma dobra do seu manto conduzia a importância destinada a distribuir, quando D. Diniz lhe surgiu ao caminho, increpando-a — diz a lenda — por continuar gastando demasiado com a pobreza, enquanto os mendigos, de joelhos, mãos erguidas e o olhar de gratidão preso na figura da Rainha, se dispunham para receber o dinheiro e o pão que ela trazia.

Perante a súbita aparição de El-Rei e as suas palavras de áspera censura, dona Isabel pôs o olhar no céu, dirigiu uma súplica a Deus e respondeu a El-Rei:

— Olhai as minhas pobres esmolas. Não achais, meu Rei e Senhor, que a Rainha de Portugal pode suavizar as misérias e as dores dos desgraçados, com perfume das suas flores?

E pronunciando essas palavras, insensivelmente deixou cair a requebra do manto, donde se desprenderam as mais lindas rosas, que então poderiam ser colhidas.

 

 

 

O andor e a Imagem da Rainha Santa Isabel

O andor da Rainha Santa foi inaugurado nas festas de 1894. Era presidente da Confraria o Doutor Francisco José de Sousa Gomes. O Doutor António de Vasconcelos, outro presidente da Confraria, relata-nos o seguinte:

A Imagem da Rainha-Santa, que era levada nas procissões por ocasião das solenidades, não estava à altura da função religiosa que desempenhava. Escultura grosseira e tosca, exibia-se numa inestética padiola, que servia de andor, e na qual ia também uma figura de pobre ajoelhado, de costas para a frente, num ridículo movimento de recúo, quando o andor avançava.

Sousa Gomes, envergonhado e vexado com o indecoroso espectáculo de tal exibição pelas ruas de Coimbra, 

 

iregurgitando de pessoas

vindas de todo o país,

pensou em mandar

esculpir uma Imagem

e um andor que

substituíssem

os actuais.

 

 

 

Para não correr o risco de ferir as susceptibilidades do povo, Sousa Gomes introduz alterações de forma gradual. Primeiro manda esculpir e dourar no Porto um belo andor de talha, projectado e desenhado por António Augusto Gonçalves. Nas procissões de 1894, é colocada a imagem antiga sobre o novo andor, mas retirada a do pobre. A beleza do novo andor logo fez esquecer a ausência do pobre.

Entretanto, transpira para os jornais a verdadeira intenção do Presidente da Mesa: a de substituir a imagem da Rainha Santa por outra mais digna. A notícia chega ao conhecimento da Rainha D. Amélia, que, numa carta ao BispoConde, em Junho de 1894, faz saber o seguinte:

Reverendíssimo Bispo-Conde.

Ontem, quando lhe escrevi, esqueci-me duma cousa, que tinha vontade, e 

 

mesmo necessidade, de lhe dizer. É a respeito da Imagem da Rainha Santa, que prometi dar, já vão dois anos. Sabe o Bispo-Conde que não foi por falta de vontade, mas sim um pouco por falta doutra cousa que ainda não cumpri esta promessa.

Vi num jornal que a Irmandade da Rainha Santa quer mandar fazer uma Imagem. Pedia ao Bispo-Conde o favor de dizer àquela Irmandade qual a minha promessa e intenção, para evitarlhe esta despesa e deixar-me a honra de mostrar um pouco a minha devoção à Rainha-Santa”.

A Rainha Dona Amélia encarregou Teixeira Lopes da execução da estátua que viria a ser benzida pelo Bispo-  

   Conde e inaugurada nas festas

   de 1896.

 

 

Promoção da Segurança Infantil online

http://www.apsi.org.pt/

 

Chegados a esta altura do ano, é normal que os nossos filhos passem mais tempo em casa, sejas dos pais, dos avós e dos familiares. Assim como forma de nos prepararmos para estas férias de Verão, esta semana proponho uma visita cuidada ao sítio da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI). A APSI é uma “associação privada sem fins lucrativos, com o estatuto de utilidade pública, que tem como objetivo promover a união e o desenvolvimento de esforços para a redução do número e 

 

da gravidade dos acidentes e das suas consequências nas crianças e jovens em Portugal.” Fundada em 1992, esta associação “desenvolve o seu trabalho através da informação, comunicação, educação, formação, investigação e participação em processos legislativos e de normalização”, sendo líder de opinião nas áreas da segurança na água, segurança nos espaços de jogo e recreio, segurança da criança passageiro e segurança no transporte coletivo de crianças.

Ao digitarmos o endereço www.apsi.org.pt encontramos um espaço virtual bem construído e inteiramente dedicado a todos aqueles que de alguma forma têm crianças ao seu cuidado.

 

 

 

 

 

Na opção “a apsi”, podemos ficar a conhecer melhor o que é esta organização, o que faz, quais as atividades que promove, quem são os seus parceiros, estatutos e órgãos sociais.

Uma das áreas mais importantes deste sítio está em “segurança infantil”, onde podemos ficar a saber mais acerca da segurança rodoviária, nomeadamente quais os riscos que as crianças correm e como as proteger seja enquanto peões, passageiras ou condutoras. E é neste espaço ainda que podemos obter mais informações sobre como preparar a nossa casa para “receber” uma criança, como criar espaços de jogos e recreio com os devidos cuidados, bem como, ficar alerta com a segurança necessária por causa da água.

No item “campanhas e ações”, somos convidados a descobrir quais são 

 

as campanhas publicitárias que foram lançadas nos últimos tempos, quais os projetos que estão no terreno, e ainda quais os cursos e ações de sensibilização que serão realizadas por este país fora nos próximos tempos.

Por último podemos ainda colaborar de uma forma mais próxima com esta associação, seja tornando-se sócio, colaborando como voluntário, aumentando o nível de responsabilidade social da sua empresa, fazendo um donativo ou ajudando com o seu IRS.

Aqui fica lançado o desafio, visite e divulgue ao máximo este sítio dado que “os acidentes são a maior causa de morte nas crianças e jovens em Portugal e quase todos podem ser evitados. É por isso que a APSI existe!”

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

Cáritas Portuguesa visita projetos no Líbano

A Cáritas Portuguesa esteve este mês no Líbano e visitou os projetos desenvolvidos no vale de Beqaa para o apoio a refugiados sírios.

O projeto junto à fronteira com a Síria, no vale de Beqqa, apoiado pela PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, que entregou no início do ano 100.000,00€ à Cáritas do Líbano, tem o objetivo de ajudar refugiados sírios que estão no Líbano.

O responsável pelo projeto no campo de refugiados, Ramzi Abou Zeid confessa: “Estamos muito 

 

 

agradecidos e admiramos imensamente o povo português por nos ajudar, sabendo de todas as dificuldades que enfrentam atualmente. Os vossos donativos são de extrema importância, pois estas são as necessidades mais prementes que a população mais vulnerável enfrenta no nosso país. Esperamos poder continuar com a preciosa ajuda dos portugueses nos próximos tempos.”

 

Ler mais 

 


Caritas Internationalis assinala 1 ano da Encíclica “Laudato Si”

 

Síria: A Paz é Possível

Numa altura em que assistimos à maior crise humanitária desde a 2.ª Guerra Mundial, onde o desrespeito pelos direitos humanos das populações, a crescente violência, as violações das leis internacionais e abusos são cometidos por todas as partes envolvidas, a Cáritas lança, no próximo dia 5 de julho, uma campanha internacional que terá como lema “Síria: a Paz é Possível”.

O objetivo desta campanha é juntar

 

as muitas vozes da Confederação, para exigir um cessar-fogo imediato e eficaz, apelando aos governos que se comprometam com uma solução política para terminar o conflito. No caso específico de Portugal, a campanha apelará a uma participação ativa do Governo Português na procura de soluções que contribuam efetivamente para por fim a esta guerra.

 

 

II Concílio do Vaticano: Redentorista português acompanhou o fervilhar

 

Depois de terminar o percurso no seminário e receber a ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M. Veiga, missionário redentorista, foi enviado para Roma dois anos depois. Chegou à capital italiana dois meses antes do início do II Concílio do Vaticano.

Ao dar o seu testemunho na XXVII Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recordou que a “grande maioria ou a totalidade dos professores” da Academia de Moral dos Redentoristas, a funcionar na casa onde residia quando esteve em Roma, “eram consultores ou peritos do Concílio”.

Basta recordar que a capital italiana acolheu cerca de 2500 bispos. “Todos eles sentiam necessidade de desabafar e dizer qualquer coisa”. Na casa onde residia este missionário português, estavam hospedados uns “25 bispos redentoristas de todo o mundo”.

Quando os estudantes redentoristas saiam para as diferentes universidades, os bispos conciliares diziam “com alguma graça: «Ide, que nós também vamos para a nossa [referiam-se ao Concílio]»”. Na sua comunicação, o padre Américo Veiga recorda que “a grande maioria dos bispos conciliares estava à margem dos grandes debates que ali se realizavam e dos grandes voos teológicos que supunham”. A Igreja “teve a sorte e a graça” de possuir naquela época um número de teólogos “extraordinários” e um grupo de bispos, “reduzido é certo, mas muito bem preparado teologicamente, de grande abertura e experiência pastoral”.

Para o padre Américo Veiga, o II Concílio do Vaticano

 

 

 foi “uma explosão de alegria” e o acontecimento mais marcante” da sua vida. E adianta: “Sempre inquieto e interrogativo, muito do que me tinham ensinado e aprendido não me convencia totalmente, nem me deixava tranquilo”.

Passados 50 anos do início (11 de outubro de 1962) desta assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII, o missionário português confessa: “Não me imagino sem o concílio nem quero imaginar o que seriam as relações da Igreja com o mundo sem o concílio”. Este acontecimento “foi a luz tão desejada e ardentemente procurada, a luz cheia de vida ao fundo do túnel para

 

muitas interrogações que me dominavam”.

Quando morre o Papa João XXIII (03 de junho de 1963) coloca-se o problema da sucessão e da continuação do concílio. O padre Américo Veiga recorda uma conversa entre o cardeal Cerejeira e o redentorista Bernhard Haring (especialista na área da Moral). Nesse diálogo, o cardeal português pergunta ao moralista quem eram os cardeais mais «papáveis». Na sua resposta, Bernhard Haring diz: “Os cardeais Lercaro, arcebispo de Bolonha, e Montini, arcebispo de Milão”. As previsões de Bernhard Haring estavam certas…

 

 

Julho 2016 

02 de julho

. Aveiro - O Departamento Diocesano da Catequese da Infância e da Adolescência da Guarda promove o Passeio para Catequistas a Aveiro.

 

. Lisboa - São João da Talha - Sessão sobre «Descobre-te a ti mesmo...» promovido pela «Novahumanitas» (termina a 03 de julho)

 

. Santarém -  Encontro/Convívio dos diáconos permanentes e famílias (termina a 03 de julho)

 

. Porto – Maia - Iniciativa «Missão Jovem» promovida pelos Missionários Combonianos (termina a 03 de julho)

 

. Faro - Jornadas sobre «Patrimonialização do Caminho de Santiago desde o Algarve, Faro - Loulé» (termina a 03 de julho)

 

. Faro – Paderne, 09h30 - Encontro de preparação das JMJ em Cracóvia promovido pelo Secretariado da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve

 

 

 

Guarda – Sé, 10h00 - Bênção de finalistas da Escola Superior de Saúde do Institulo Politécnico da Guarda (IPG) por D. Manuel Felício

 

Guarda – Seminário, 11h15 - Encontro dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica com o bispo da Guarda, D. Manuel Felício.

 

Évora - Vila Viçosa (Igreja do Real Convento de Nossa Senhora da Esperança), 16h00 - Conferência sobre «Entre a Arte e a Devoção. Memórias do Real Convento da Esperança de Vila Viçosa» por Antónia Fialho Conde e Carla Avelino.

 

Guarda - Castanheira (Largo do Outão), 17h30 - Lançamento da obra «Acredite: A vida é uma sinfonia perfeita» da autoria do padre Ângelo Martins com apresentação do padre António Lopes.

 

Beja - Sines (auditório do centro de artes ), 18h30 - A entrega do prémio internacional «Terras sem Sombra» vai decorrer em Sines e é presidida pelo ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes.

 

 

 

 

Porto - Carvalho (Seminário Coração de Maria ) – 19h00 - Arraial de angariação de fundos para o Projeto Casa Claret e Voluntariado Missionário promovido pelos Missionários Claretianos.

 

Lisboa - Cripta do Centro Cultural Franciscano, 21h00 - Lançamento da obra «As origens do cristianismo - padres apostólicos» da autoria de frei Isidro Lamelas com apresentação do padre João Lourenço.

 

03 de julho

Santarém - Encontro diocesano da LOC/MTC de Santarém

 

Luxemburgo - Celebração das bodas de ouro da missão católica de língua portuguesa no Luxemburgo

 

Braga – Sé, 15h30 - Celebração pela declaração de frei Bernardo de Vasconcelos como venerável por D. Jorge Ortiga.

 

Guarda – Sabugal, 16h00 - Sessão solene das comemorações dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia do Sabugal com a presença de D. Manuel Felício e Manuel Lemos.

 

Évora – Sé, 17h00 - Celebração das bodas de ouro de D. José Alves

 

Lamego - Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, 17h00 - Lançamento da «O rosto de Lamego. Tempo, espaço e vivências de Nossa Senhora dos Remédios» da autoria do padre João António com apresentação de D. António Couto

 

Lamego, 17h00 - Santuário de Nossa Senhora dos Remédios - Estreia do hino a Nossa Senhora dos Remédios

 

Coimbra - Sé Velha, 18h00 - Homenagem a monsenhor João Evangelista com a 9ª Sinfonia de Beethoven executada por vários coros

 

04 de julho

Guarda – Penamacor - «Clericus Cup», competição de futsal destinada a padres, em Penamacor. (termina a 06 de julho)

 

Aveiro - Casa Diocesana de Albergaria - Encontro e retiro do clero orientado pelo dominicano José Nunes (termina a 08 julho)

 

Fátima - O Serviço Educativo da Consolata Museu Arte Sacra e Etnologia, em Fátima, apresenta um programa para as férias de verão, de 4 a 6 de julho, dirigido a crianças dos 6 aos 12 anos. 

 

 

 

 

 

 

A Comissão Diocesana da Cultura apoia a apresentação da peça clássica ‘Rei Édipo’, de Sófocles, pela Oficina de Teatro ‘Capitão Grancho’, entre 1 e 3 de julho, no Museu de Aveiro.

 

A entrega do prémio internacional «Terras sem Sombra» vai decorrer este sábado, em Sines, no auditório do centro de artes daquela localidade, às 18H30, e é presidida pelo ministro da Cultura, Luis Filipe de Castro Mendes. Na sessão vão receber o prémio Michael Haefliger (Música e Musicologia); Khaled al-Asaad (Património Cultural) e a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (Biodiversidade).

 

A Arquidiocese de Évora vai celebrar os 50 anos de sacerdote do arcebispo da Arquidiocese, D. José Francisco Sanches Alves, que se assinalam a 3 de julho. O ponto alto é a concelebração de uma Eucaristia, na Catedral de Évora, no domingo, pelas 17h00.

 

A Diocese da Guarda vai organizar a próxima edição da ‘Clericus Cup’, o torneio de futsal de padres católicos que alia desporto, convívio e cultura e que se realiza entre 4 a 6 de julho, em Penamacor.

 

A Casa de Saúde da Idanha, arredores de Lisboa, vai acolher a 6 de julho as VI Jornadas Hospitaleiras de Pastoral da Saúde, este ano dedicadas ao tema ‘Evangelização no mundo do sofrimento psíquico’.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 03 de julho - Papa Francisco na Arménia.

 

Segunda-feira, dia 04 - Entrevista a José Carlos Lima

sobre o

Plano Nacional de Ética no Desporto

 

Terça-feira, dia 05 - Informação e entrevista a Catarina Lopes sobre o livro "Recortes da História da Guiné-Bissau"

 

Quarta-feira, dia 06 -   Informação e entrevista ao padre João Lourenço e Juan Ambrosio sobre os cursos na Faculdade de Teologia

 

Quinta-feira, dia 07 - Jornada Mundial da Juventude. Informação e entrevista  a João Cláudio

 

Sexta-feira, dia 08 -  Análise à liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

 

Antena 1

Domingo, dia 03 de julho - 06h00 - Rainha Santa Isabel, a santa do povo

 

Segunda a sexta-feira, 04 a 09 de julho - 22h45 - Juntos pela Europa, iniciativa ao serviço de uma Europa mais cristã

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 14.º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A seara é grande. Ide, envio-vos!
 

Nas leituras deste 14.º domingo do tempo comum domina a temática do envio. Na figura dos 72 discípulos do Evangelho, na figura do profeta anónimo que fala aos habitantes de Jerusalém do Deus que os ama ou na figura do apóstolo Paulo que anuncia a glória da cruz, somos convidados a tomar consciência de que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino.

No Evangelho, Jesus dirige-se, primeiramente, a 72 discípulos que designou para além dos Doze Apóstolos. Os nomes têm muitas vezes sentido simbólico. A tradução grega do capítulo 10 do Génesis apresenta uma lista de todas as nações que povoam a terra: são precisamente 72.

Em ligação com esse dado podemos compreender que Jesus envia os discípulos a todas as nações. A missão de anunciar o Evangelho não está reservada apenas ao grupo dos Doze, é confiada a todos os discípulos, para irem até aos confins da terra. É toda a Igreja que é missionária e está constantemente em missão. Todos somos discípulos missionários, como bem realça o Papa Francisco.

«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara». É nesta palavra do Evangelho que se baseia a oração pelas vocações, em particular pelas vocações ao ministério pastoral: pedir a Deus para fazer de cada batizado testemunha da Boa Nova da salvação dada em Jesus. E se os trabalhadores são poucos, é talvez porque os batizados não estão ainda suficientemente conscientes da sua missão.

Em Igreja, não deveria haver cristãos que se contentam em ser consumadores espirituais. Todos são chamados a ser pedras vivas. Além disso, a seara não pertence aos 

 

 

 

 

 

ceifeiros. É a seara do mestre, que envia trabalhadores para a sua seara. É Deus que, em Jesus, semeou a boa semente. Este grão, de seguida, cresceu sozinho, até ao tempo da ceifa. Os trabalhadores vêm recolher o fruto de um trabalho que os precedeu. Os ceifeiros nunca devem esquecer que um Outro está em ação há muito tempo no coração das pessoas para nelas semear o grão do seu amor. Não devemos agir como se o êxito do nosso ministério dependesse exclusivamente dos nossos esforços!

«A seara é grande, os trabalhadores são poucos. Ide! Envio-vos!» Que

 

a nossa resposta seja de andarmos sempre em missão, em particular neste tempo de verão em que podemos testemunhar a nossa fé em tantas situações e caminhos de encontro, presença e proximidade junto de quem vamos encontrando em cada dia. No dizer da primeira leitura, que isso aconteça na misericórdia e na consolação, na delícia e na carícia, na alegria e no louvor, que são essenciais manifestações de Deus em nós.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Misericórdia é estilo de vida

 

O Papa Francisco disse esta quinta-feira no Vaticano que a misericórdia é um “estilo de vida” que deve levar os cristãos a “arregaçar as mangas” para ajudar que mais precisa. “As obras de misericórdia não são questões teóricas, mas testemunhos concretos”, precisou, durante a audiência jubilar extraordinária que levou milhares de pessoas à Praça de São Pedro.

Francisco sublinhou que a 

 

 

misericórdia cristã tem “olhos para ver, ouvidos para escutar, mãos para aliviar” e não pode ficar indiferente ao sofrimento alheio. “As pessoas que passam, pela vida, que andam pela vida sem se aperceberem das necessidades dos outros, sem ver tantas necessidades espirituais e materiais, são pessoas que passam sem viver, que não servem os outros”, lamentou.

 

 

 

 

O Papa alertou para a indiferença perante situações de “pobreza dramática”, pelas quais se passa “como se nada fosse”, realçando que isso torna as pessoas “hipócritas”, presas a uma “letargia espiritual”. “Quem experimentou na sua própria vida a misericórdia do Pai não pode permanecer insensível diante das necessidades do irmão”, acrescentou.

A catequese, inserida no programa do Ano Santo da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016), aludiu às “pobrezas materiais e espirituais” que se multiplicam no mundo globalizado, perante as quais é preciso “ver Jesus” nos irmãos que estão em necessidade, sós ou tristes. “Estas são as obras que Jesus pede de nós”, defendeu.

O Papa saudou os peregrinos de 

 

língua de portuguesa, em particular grupos de professores e alunos de Guimarães e de Viseu, encorajando-os a nunca se cansarem de “servir as pessoas necessitadas, como verdadeiras testemunhas da Misericórdia no mundo”.

No final do encontro, Francisco recordou a celebração litúrgica em memória dos primeiros mártires da Igreja de Roma, rezando “por todos os que ainda hoje pagam um preço muito alto pela sua pertença à Igreja de Cristo”.

A proximidade das férias para milhões de pessoas levou o Papa a pedir que este tempo seja aproveitado para aprofundar as “relações humanas” e para “viver a misericórdia”.

 

Sorteio

A União das Misericórdias Portuguesas vai sortear 16 obras de arte contemporânea de 10 artistas portugueses, que integram a segunda edição deste projeto dedicado à promoção da arte contemporânea. O sorteio decorre hoje, no Museu da Misericórdia do Porto, que recentemente foi distinguido com o Prémio Museu Português do ano 2016, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia. 

 

 

 

Seis bispos portugueses participam na JMJ

 

O coordenador Geral do Comité Organizador Local da JMJ Cracóvia 2016, D. Damian Muskus, informou que contam com aproximadamente 900 bispos inscritos no encontro mundial de jovens e destes seis são portugueses.

O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) para o encontro mundial de jovens tem inscritos seis 

 

bispos da Conferência Episcopal Portuguesa. Destes quatro são catequistas, ou seja, vão falar aos jovens lusófonos e outros nas manhãs de 27, 28 e 29 de julho. Em cada dia vão apresentar um tema diferente relacionado com misericórdia.

Os prelados catequistas que vão participar na JMJ na Polónia – de 26 a 31 de junho – são o bispo auxiliar 

 

 

 

de Lisboa, D. Joaquim Mendes, que acompanha o DNPJ como vogal da Comissão Episcopal Laicado e Família, o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, D. José Cordeiro de Bragança-Miranda, e o bispo da Diocese de Coimbra, D. Virgílio Antunes.

Os bispos D. Nuno Brás e D. António Francisco dos Santos, respetivamente bispo auxiliar de Lisboa e bispo do Porto, também vão participar no encontro em Cracóvia.

Para D. Joaquim Mendes, o contacto com os jovens na JMJ é importante para ouvi-los, estar com eles e fazerem-se próximos.

“Estar com os jovens é sempre uma lufada de ar fresco. Eles também têm coisas para nos ensinar e a gente aperceber-se da realidade, quais são as suas aspirações, quais são as suas dificuldades, quais são os seus limites”, disse D. Joaquim Mendes em entrevista à Agência Ecclesia, transmitida este domingo (06h00) 

 

 

no programa da Antena 1 da rádio pública.

“Conhecemo-los melhor para caminhar com eles, para os poder acompanhar e darmo-nos conta de como é a vida dos jovens nos diversos países, nas diversas realidades”, acrescentou o bispo auxiliar de Lisboa.

O coordenador Geral do Comité Organizador Local da JMJ Cracóvia 2016, D. Damian Muskus, informou que contavam com aproximadamente 900 bispos inscritos no encontro mundial com o Papa na 373.ª reunião plenária da Conferência Episcopal Polaca, tendo na altura convidado os bispos polacos a inscreverem-se, na informação divulgada no sítio oficial da JMJ 2016.

A Jornada Mundial da Juventude 2016 tem como tema «Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia» (Mt 5,7) realiza-se de 26 a 31 de junho em Cracóvia, Polónia e as inscrições terminaram esta quinta-feira, dia 30 de junho.

 

Arménia: um país onde a fé renasce das cinzas

Memórias do exílio

A Arménia, terra que o Papa Francisco acabou de visitar, é bem o testemunho da aridez provocada pelo regime comunista durante décadas. Ainda hoje, 25 anos depois de ter conquistado a independência, após o colapso da União Soviética, a memória desses tempos de medo sobressaltam os que o viveram, os que aprenderam a rezar clandestinamente, quando as igrejas foram confiscadas pelo poder soviético.

 

Os cristãos arménios transportam consigo a certeza de uma fé que ultrapassou massacres, tempos de clandestinidade. Os pais de Anton Totonjian sobreviveram ao genocídio de 1915, tendo fugido para Jerusalém, onde se conheceram. Depois, mudaram-se para a Jordânia e mais tarde haveriam ainda de migrar para a Austrália. No entanto, na verdade nunca deixaram o seu país. E esse sentimento passou de pais para filho. Quando pisou pela primeira vez o solo da Arménia, o Padre Anton estava na verdade a regressar à sua verdadeira pátria. Estava a regressar a casa. 

 

Nesses primeiros dias de 1991, Anton Totonjian sentiu como o regime comunista tinha esvaziado aquelas pessoas. Havia uma enorme falta de generosidade, de compaixão. Para muitas pessoas, os tempos em que a Arménia pertenceu à União Soviética foram um verdadeiro exílio. Quase tudo o que era mesmo delas foi confiscado. A começar pelo mais importante, a liberdade. A igreja de Arevik, que o Padre Anton bem conhece agora, foi transformada em armazém. Quando foi devolvida, estava em ruínas. Precisava de obras urgentes, a começar pelo telhado. Foi essa a primeira ajuda da Fundação AIS. Pelo telhado da igreja. Mas havia muito por fazer. O mais difícil nem eram as obras de construção civil, mas sim fazer regressar as pessoas a Deus, devolver-lhes humanidade, sentimentos de compaixão. “O comunismo retirou a humanidade dos homens”, afirma o Padre Anton. “E aconteceu o mesmo com a fé…”

 

 

 

 

 

Rezar às escondidas

Foram 70 anos de um tempo em que o regime soviético decretou a morte de Deus. Ainda hoje são muitos os que se sobressaltam quando revivem na memória esses tempos. Mas, apesar do medo, da violência das autoridades, a fé cristã não foi totalmente extinta durante os anos duros do comunismo. Mesmo clandestinamente havia quem ousasse rezar, arriscando a sua liberdade, talvez até a própria vida. Desde 1991 que o Padre Anton tenta recuperar esse tempo perdido. Esses anos tristes e negros em que os cristãos foram 

 

perseguidos, as igrejas fechadas, os templos dessacralizados. Para o Padre Anton, há agora um enorme trabalho pela frente. “O que necessitamos na Arménia, mais do que dinheiro, mais do que qualquer outra coisa, é alterar a compaixão entre as pessoas.” Depois de décadas de aridez provocada pelo regime comunista, na Arménia há ainda famílias inteiras que não descobriram a beleza da oração, a força da fé, a certeza de uma vida entregue a Deus. Eles são a prioridade do Padre Anton.

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt | #BeGodsMercy

 

 

Todos contra a fome

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

O Papa Francisco interveio na sede do Programa Alimentar Mundial (PAM), em Roma, a 13 de junho. Denunciou o facto de mundo usar a fome como arma de guerra. Lamentou ainda que se alimentem as guerras em vez de se alimentarem as pessoas!

O Papa já fora o convidado especial da 39ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), realizada em Roma de 6 a 13 de Junho de 2015, com participantes de mais de 120 países. Na sua intervenção, Francisco insistiu nas ideias que tem defendido ao longo do seu pontificado: há que apostar num estilo de vida mais simples, não desperdiçar alimentos e apostar numa solidariedade que permita alimentar corretamente todas as pessoas do mundo.

A erradicação total da fome no mundo é o objetivo número um do Papa, fiel à doutrina social da Igreja. Francisco mantém a convicção de que a terra produz alimentos suficientes para todos, mas há uma enorme injustiça na sua distribuição. A pobreza e a consequente fome derivam desta injustiça estrutural que é urgente combater.

A alimentação é um direito humano e, por esta simples razão, os governos têm o dever moral de garantir a todos os cidadãos o pão de cada dia.

Francisco promoveu o combate aos resíduos que poluem e ao desperdício que impede o acesso de boa parte da população mundial a uma alimentação condigna. Propôs um estilo de vida saudável e simples: ‘a sobriedade não se 

 

 

 

 

 

 

 

 

opõe ao desenvolvimento, e mais, agora está claro que se converteu numa condição para o mesmo’.

A FAO deve estar mais perto das pessoas que, por esse mundo além, passam fome. Para tal, há que descentralizar o seu funcionamento. Também é necessário um combate eficaz à liberalização dos preços dos bens alimentares de primeira necessidade: ‘Os preços voláteis impedem os mais pobres de fazer planos, ou contar com uma nutrição mínima’.

 

Há ainda outro combate a levar por diante: o da criação de condições para enfrentar e ultrapassar os efeitos de calamidades naturais. É ainda preciso que os governos controlem as multinacionais que ocupam grandes superfícies de cultivo industrial, retirando as terras e a capacidade de concorrência aos pequenos agricultores.

No PAM, Francisco lembrou que a humanidade joga o seu futuro na capacidade que tem de assumir a fome e a sede dos outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair