04 - Editorial:

     Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

     D. Manuel Linda

22 - Opinião

     Miguel Oliveira Panão

24 - Semana de..

     Carlos Borges

     Liberdade Religiosa


   

 

28 - Entrevista:

     Alfredo Teixeira

52 - Estante

54 - Agenda

56 - Por estes dias

58 - Programação Religiosa

59  - Minuto Positivo

60 - Liturgia

62 - Jubileu da Misericórdia

64 - Fundação AIS

66 - LusoFonias

Foto da capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

Liberdade e Religiões em Portugal

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Presidente elogia ação social da Igreja

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Santa Teresa de Calcutá

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D. Manuel Linda | Paulo Rocha

Miguel Oliveira Panão

Manuel Barbosa | Paulo Aido

Tony Neves| Comunidade de Sant'Egídio

 

Luso-liberdade religiosa

  Paulo Rocha  
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

A experiência de diálogo entre religiões cristãs e não cristãs é altamente relevante na sociedade portuguesa e perigosamente frágil, sobretudo se pensada globalmente, como tem de ser. Os indicadores do quotidiano mostram, de forma imediata, uma sã convivência entre diferentes igrejas cristãs, religiões não cristãs e comunidades crentes; por outro lado, os acontecimentos do continente e do mundo têm de estar presentes no debate sobre o diálogo inter-religioso em diferentes ambientes e nos vários setores da sociedade, nomeadamente o político, social e sobretudo o espiritual, desde logo impedindo que constituam uma ameaça ao que acontece neste retângulo da Europa.

Em Portugal há experiências de diálogo entre os crentes que fazem a diferença na comunidade internacional. Na tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa, essa circunstância foi valorizada pela generalidade dos representantes das confissões e denominações religiosas presentes e assumida como um valor a apresentar nos fóruns  

 

 

 

internacionais, indicando a relação próxima entre as religiões e as políticas onde se insere como um fator que pode inspirar boas-práticas noutros ambientes da Europa e do Mundo. E quanta inspiração positiva e empreendedora é necessária para que problemas relacionados com a religião possam ser resolvidos sem “matar” a religião, mesmo que essa seja a insistência de algumas vozes.

O tema da liberdade religiosa em Portugal traz consigo, com frequência, restos de anticatolicismoprimário e cego, fundamentado em questões ultrapassadas. A que se relaciona com a presença de crucifixos em espaços públicos, nomeadamente nas escolas, é um caso, agora “ressuscitado” por quem parece querer impor, através do jornalismo, modelos de sociedade onde se apagam referências essenciais das pessoas que a compõem. Se o pluralismo e o respeito marcam as declarações do presidente da 

 

Comissão da Liberdade da Religiosa sobre o assunto, admitindo mesmo a presença dos crucifixos numa escola quando a “generalidade das pessoas” se possa rever nessa circunstância, o mesmo não se pode dizer das perguntas que lhe foram dirigidas, com insistência em torno deste tema, por quem deontologicamente deveria guardar imparcialidade sobre este e todos os assuntos.

Um tema que tem contado, nas últimas duas décadas, com um valioso contributo dos media em Portugal, nomeadamente no serviço público de rádio e televisão. De facto, o programa “A Fé dos Homens”, na RTP desde 1997 e na Antena 1 desde 2009, tem sido uma oportunidade para que cada confissão religiosa informe, sem proselitismo, sobre a sua identidade e os projetos que promovem a sã convivência e o bem de todos. Uma iniciativa determinante a permanência de uma luso-liberdade religiosa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos 2016, Rio de Janeiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Foi com profunda consternação que o PSD tomou conhecimento do falecimento, hoje ocorrido, do Professor António Barbosa de Melo"

Pedro Passos Coelho, líder do PSD, Lisboa, 07.09.2016

 

"Lamento a morte do Professor Barbosa de Melo. Deu um importante contributo para a vida democrática portuguesa. Os meus sentimentos à sua família"

António Costa, primeiro-ministro de Portugal, via Twitter, 07.09.2016

 

"O país acaba de perder uma personalidade singular [Morreu Barbosa de Melo], excecional"

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, Lisboa, 07.09.2016

 

"A classe média que não se iluda: quando a esquerda unida vier dizer que só quer tributar os ricos, é ao bolso da classe média que vai buscar o dinheiro"

Assunção Cristãs, líder do CDS-PP, Peniche, 04.09.2016

 

Presidente da República destaca papel das instituições sociais da Igreja Católica

 

O presidente da República Portuguesa enalteceu em Setúbal o papel que a Cáritas Portuguesa, e outras instituições sociais ligadas à Igreja Católica, têm desempenhado no auxílio às populações mais afetadas pela crise. Salientando que a saída da crise ainda “vai demorar anos”, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou o trabalho da Cáritas Portuguesa pela sua “dedicação constante e devotada contra a miséria e a pobreza”.

Uma instituição que juntamente

 

 

com outras entidades da Igreja Católica, como “as Misericórdias, as IPSS e as dioceses”, têm um “papel tantas vezes insubstituível na comunidade”.

O presidente da República deslocou-se esta segunda-feira ao Bairro da Bela Vista, em Setúbal, para visitar as instalações do Centro Social de Nossa Senhora da Paz, ligado à Cáritas diocesana, nas suas várias valências de apoio social às populações.

Antes disso, Marcelo Rebelo de 

 

 

 

 

 

Sousa conheceu o novo Centro de Acolhimento de Nossa Senhora da Misericórdia, destinado a receber temporariamente mulheres em risco, vítimas de violência, mães adolescentes ou jovens grávidas. Uma solução para contrariar um quadro de “desrespeito contra a dignidade humana” mas também “um passo de profunda natureza social”, salientou.

Marcelo Rebelo de Sousa participou na sessão solene de assinatura de um protocolo entre a Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade, e a Cáritas Portuguesa, tendo em vista o funcionamento, até ao final do ano, do referido Centro de Acolhimento de Nossa Senhora da Misericórdia. Durante a sessão solene, o presidente da República frisou que a luta pelo “equilíbrio das contas” e pelo “cumprimento dos compromissos em Bruxelas” não pode deixar para segundo plano “o combate social de todos os dias por pessoas de carne e osso que têm necessidades básicas por satisfazer”.

No evento interveio também o ministro adjunto Eduardo Cabrita,

 

que defendeu a importância de mobilizar “a sociedade civil” e todos quantos “têm responsabilidades políticas locais ou nacionais”, para o apoio às franjas da população que mais precisam.

O Centro de Acolhimento de Nossa Senhora da Misericórdia, projeto erguido a partir de uma casa cedida pela autarquia sadina, vai começar por acolher quatro adolescentes ou jovens e os respetivos filhos. “São adolescentes e jovens um pouco diferentes das outras 45 que estamos a acompanhar neste momento, porque são jovens que foram expulsas pelos pais logo que souberam da gravidez, que ou o progenitor não reconhece ou os pais do progenitor não apoiam”, explicou o presidente da Cáritas Portuguesa.

Segundo Eugénio Fonseca, estas mães ficarão na casa até que seja encontrada uma solução mais definitiva, no âmbito do projeto de “Apoio à Vida”, que já ajudou mais de 400 jovens e adolescentes em situação de risco.

 

 

 

 

Praxe solidária na UCP

Cerca de 150 alunos do primeiro ano da Faculdade de Economia e Gestão, da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, participaram esta quarta-feira numa ação de ‘restolho’ num campo de batatas na Golegã, contra o desperdício alimentar. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor da Faculdade destacou a dupla função desta iniciativa – ao mesmo tempo integrar os caloiros e sensibilizá-los para o problema do desperdício alimentar, para a prática do voluntariado e da solidariedade, uma vez que o produto da colheita vai reverter para as populações mais carenciadas.

“A dimensão solidária é um dos valores que nós queremos fomentar na Universidade Católica e na nossa Faculdade, e por isso já há quase 10 anos temos esta preocupação de encontrar um contexto em que, por um lado, os caloiros se conheçam, comecem a interagir entre si, mas também que sintam que isto é uma oportunidade para fazer bem a outros”, salientou Francisco Veloso.

Todos os projetos de envolvimento dos caloiros têm partido do ‘Dia Solidário’ da Faculdade de Economia e Gestão da UCP, que vai na sua oitava edição. Este ano envolveu uma 

 

 

atividade de ‘restolho’, de recolha de alimentos que ficaram nos campos depois das primeiras colheitas, neste caso de batatas, por terem um calibre inadequado.

Os alunos arregaçaram as mangas e conseguiram resgatar da terra várias toneladas de batata que, caso contrário, ficariam esquecidas e seriam desaproveitadas. “Somos nós, os consumidores, que fazemos com que a indústria os estabeleça, ela atua consoante as nossas preferências. Quando dizemos que há desperdício, nós próprios, nas nossas casas, acabamos por fazê-lo”, defendeu Fábio David, um jovem de 18 anos que está a iniciar o curso de Gestão.

O produto da colheita deste ano reverte a favor do Banco Alimentar de Abrantes, que depois o encaminhará para as famílias mais necessitadas.

 

 

 

 

 

Reclusos peregrinaram a Fátima

A Pastoral Penitenciária de Portugal promoveu uma peregrinação ao Santuário de Fátima para afirmar a dignidade das “pessoas anónimas” e ajudar a sociedade a tomar consciência da realidade prisional. "A possibilidade de reunir alguns reclusos, suas famílias e agentes pastorais é muito importante para ajudar a despertar a sociedade para a realidade das prisões. São pessoas anónimas que estão privadas da liberdade, mas não da sua dignidade”, disse D. Joaquim Mendes, membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, onde se integra a Pastoral Penitenciária.

Para o bispo auxiliar de Lisboa, os estabelecimentos prisionais "são periferias” e é importante realizar esta peregrinação no contexto do Ano da Misericórdia.

A Pastoral Penitenciária de Portugal convidou reclusos, famílias, capelães, assistentes, voluntários para a primeira Peregrinação Nacional ao Santuário de Fátima para agradecer “a visita da imagem peregrina a alguns estabelecimentos prisionais”, refere o padre João Gonçalves, coordenador nacional da Pastoral Penitenciária. Cerca de 100 

 

 

pessoas inscreveram-se no programa proposto, mas a peregrinação é mais “abrangente e simbólica”.

“Não nos referimos ao número de presos que estão presentes mas ao simbolismo do ano da Misericórdia que vivemos. Estamos com todos os reclusos”, dá conta o responsável tendo presente os cerca de 14 mil reclusos que cumprem pena em Portugal.

José Bernardo, participante na peregrinação de segunda-feira, enquanto ex-recluso, traduz o agradecimento a quem o ajudou a “ultrapassar um acidente”. “Nunca estive desintegrado da sociedade. Tive um acidente que pode acontecer a qualquer pessoa; por vezes não temos a maturidade para nos livrarmos de alguns acidentes, alguns provocados por terceiros”, lamenta.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

Santa Teresa de Calcutá,
missionária das periferias humanas

 

O Papa canonizou este domingo a Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), que apresentou no Vaticano como missionária das “periferias” e “modelo de santidade” para o mundo atual.

“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres”, declarou, na homilia da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, completamente lotada. 

 

 

Francisco falou da nova santa como um sinal da “misericórdia divina” que se fez sentir a todos, “através do acolhimento e da defesa da vida humana”, desde os bebés por nascer aos “abandonados e descartados”. “[Madre Teresa] comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que «quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável»”, sublinhou, numa referencias às posições da religiosa contra o aborto.

O Papa elogiou depois o trabalho de  

 

 

Teresa de Calcutá em favor das “pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada”, uma das imagens mais emblemáticas da primeira santa católica que foi distinguida com o Nobel da Paz (1979). “Não existe alternativa à caridade”, advertiu.

Francisco recordou que a religiosa levou a defesa da “dignidade” de todas as pessoas, “sem distinção de língua, cultura, raça ou religião”, até aos “poderosos da terra”, para que estes “reconhecessem a sua culpa diante dos crimes da pobreza criada por eles mesmos”.

Milhares de pessoas marcaram presença na Praça de São Pedro e ruas adjacentes para o maior evento do Jubileu da Misericórdia, o ano santo extraordinário convocado pelo Papa. Francisco sublinhou que a misericórdia 

 

 foi o “sal” da vida de Santa Teresa de Calcutá e a luz que iluminava a “escuridão de todos aqueles que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar, para chorar pela sua pobreza e sofrimento”.

A cerimónia contou com a presença de milhares de voluntários e trabalhadores de organizações solidárias e Misericórdias de todo o mundo, entre eles pelo menos 400 portugueses.

O pontífice argentino admitiu que para muitos será difícil deixar de chamar “Madre Teresa” à nova santa, falando numa santidade “muito próxima”, muito “terna e fecunda”.

Francisco defendeu que a nova santa, “incansável agente de misericórdia”, deve ajudar todos a entender cada vez melhor que o único “critério de ação” é o “amor gratuito, livre de qualquer ideologia”.

 

 

Assis volta a receber religiões do mundo

O Vaticano divulgou o programa da deslocação do Papa a Assis, no dia 20 de setembro, uma visita integrada no 30.º aniversário do encontro internacional e inter-religioso pela paz, criado por São João Paulo II. Segundo o serviço informativo da Santa Sé, Francisco vai seguir de helicóptero para Assis, a partir das 10h30 (menos uma em Lisboa), com a primeira paragem a aconteceu por volta das 11h00 no recinto desportivo “Migaghelli”, em Santa Maria dos Anjos.

Nesse local Francisco vai ser recebido pelo arcebispo de Assis, D. Domenico Sorrentino, e pelas diversas autoridades civis e religiosas locais.

O próximo passo na agenda será o Sacro Convento de Assis, onde o Papa vai encontrar-se com Patriarca Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I; com o arcebispo de Cantuária, Justin Welby; com o Patriarca Siro-Ortodoxo de Antioquia, Efrém II; e com representantes das religiões judaica, muçulmana e budista. Este grupo seguirá depois rumo ao Claustro de Sisto IV, onde se reunirá com representantes das várias Igrejas e Religiões Mundiais, e os bispos da região da Úmbria, de Itália.

 

Seguir-se-á uma saudação do Papa a todos os presentes e um almoço no refeitório do Sacro Convento de Assis, que contará com a participação de diversas vítimas da guerra. Durante a refeição, Marco Impagliazzo, presidente da Comunidade de Santo Egídio, em Roma, recordará os 25 anos de governo de Bartolomeu I no Patriarcado de Constantinopla.

A tarde começará com uma série de encontros pessoas entre o Papa e os diversos líderes religiosos e pelas 16h00 os participantes terão uma oração ecuménica pela paz, na Basílica Inferior de São Francisco. Depois seguirão para a Praça São Francisco para a cerimónia conclusiva, com testemunhos de vítimas da guerra, de responsáveis religiosos, do fundador da Comunidade de Santo Egídio, e com o discurso do Papa.

 

 

 

Contra o pecado moderno da indiferença

O Papa Francisco elogiou o exemplo de “misericórdia” de Madre Teresa de Calcutá e condenou o “grave pecado” de ignorar o sofrimento alheio. “Não é possível desviar o olhar e seguir outra direção para não ver as muitas formas de pobreza que pedem misericórdia. Olhar para o lado para não ver a fome, as doenças, as explorações, isto é um grave pecado. É um pecado moderno, um pecado de hoje”, denunciou Francisco, no último sábado, durante um encontro com misericórdias e instituições de voluntariado de todo o mundo, incluindo Portugal, na Praça de São Pedro.

O Jubileu dos Voluntários e Operadores da Misericórdia, inserido no ano santo extraordinário que a Igreja Católica está a viver, tem como ponto culminante a canonização de Madre Teresa de Calcutá.

Francisco sublinhou que a nova santa se une a todos os que na Igreja, ao longo dos séculos, “tornaram visíveis com a sua santidade o amor de Cristo”. “Imitemos nós também o seu exemplo, e peçamos para ser humildes instrumentos nas mãos de Deus para aliviar o sofrimento do mundo e dar a alegria e a esperança da ressurreição”, apelou.

 

 

O pontífice argentino considera que não seria digno de um cristão “passar ao largo” do sofrimento humano, ficando de “consciência tranquila” só por ter rezado ou por ter ido à Missa ao domingo.

A catequese partiu da “certeza inabalável” do amor de Deus na vida de cada pessoa, que deve levar todos a dar “novos sinais de misericórdia”. “A misericórdia não é fazer o bem, de passagem, é envolver-se”, precisou.

Francisco deixou o seu agradecimento aos “artesãos de misericórdia” que dão “credibilidade” à Igreja pelo seu trabalho, “com as crianças abandonadas, os doentes, os pobres sem comida e trabalho, os idosos, os sem-abrigo, os prisioneiros, refugiados e migrantes, as pessoas afetadas por desastres naturais”.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Canonização de Madre Teresa de Calcutá 

 

 

 

Intenção de oração do Papa para o mês de setembro

 

 

 

A mãe da Pátria, a amável Isabel

  D. Manuel Linda    
  Bispos das Forças   

  Armadas e Forças de  

  Segurança  

 

Nos meus tempos de criança, era usual um hino que invocava “a mãe da Pátria, a amável Isabel”. Naquela altura, cantava-o por um certo nacionalismo; hoje, ainda o vou trauteando, mas por motivos culturalmente bem mais válidos.

Isabel de Portugal, a rainha canonizada há quinhentos anos (1516), é a expressão visível de algum «DNA» que nos caracteriza como povo. Destacaria: o apreço pelo valor da paz, uma religiosidade de peregrinações, o culto da Eucaristia e a devoção a Nossa Senhora. Mas o grande traço da nossa genética espiritual reside na sensibilidade para com o pobre, de que o «milagre das rosas» é apenas a alegoria poética.

A família real de Aragão, muito ligada à Itália -a mãe de Santa Isabel era a princesa da Sicília- absorveu o espírito franciscano, por vezes levado ao extremo nos «Fraticelli». E não é de excluir que concedesse crédito ao que de melhor se encontrava nas teses de Ioaquim de Fiore, o tal que falava num tempo novo, a “Idade do Espírito Santo”, em que os homens viveriam como frades, já que tudo seria de todos, e os mais importantes não seriam os ricos e os nobres, mas sim as crianças, os pobres e os tolinhos. Como se sabe, as festas dos tabuleiros, de Tomar, e os “Impérios” do Espírito Santo, nos Açores, são sobrevivências belas deste pensamento. Estou convencido que a posterior fundação das Misericórdias é o corolário desta cultura de sensibilidade social. E não o serão os bombeiros voluntários e os centros sociais paroquiais?

 

 

 

 

Mas, aquilo que era a genética nacional diluiu-se nesta cultura mercantilista e materialista. E nasceram as obscenidades… Não será obsceno que administradores de empresas públicas ganhem, individualmente, tanto como largas dezenas ou centenas dos seus trabalhadores a quem se paga o salário mínimo? Não será obsceno que, no sector bancário, nas comunicações, no gás, na eletricidade e nas águas, se remunere, a cada um da caterva dos administradores, o equivalente à reforma de centenas de velhinhos que não recebem o suficiente para medicamentos e fraldas? Não será obsceno que sejam esses gestores, desresponsabilizados, quem mais tem contribuído para o colapso dessas empresas e para o afundamento da economia? Não será obsceno o compadrio político-partidário que coloca nestes lugares os seus apaniguados e ainda lhes permite que sejam eles a atribuírem-se «prémios de produtividade» e outras alcavalas? Não será obsceno… centenas ou milhares de situações equivalentes?

Mas é obsceno, fundamentalmente, que o legislador, devendo tomar

 

 

 esta difícil situação muito a preito, se divirta, apenas, com os temas burgueses das barrigas de aluguer, da co-adopção, dos «direitos» dos animais e quejandos.

É obsceno. Mas quem nos livrará destas obscenidades? Por mim, chamo-me à «Rainha Santa». Ou então, a Santa Teresa de Calcutá, portadora do mesmo ADN.

 

 

Pokémon Go E Realidades Espirituais

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

Há semanas ficou disponível um jogo virtual para Smartphone que faz lembrar os filmes sobre a febre do ouro: Pokémon Go. O jogo envolve investigar nas redondezas e lugares públicos a existência de criaturas virtuais imaginárias, os Pokémon. Os aspetos positivos incluem fazer exercício, conhecer outras pessoas, lugares belos perto de nós que não se conheciam antes. Porém, houve também casos de pessoas que se distraíram e caíram em falésias, jovens que entram em casas de predadores sexuais, acidentes de viação, enfim, como em muita coisa na vida, também este jogo exige moderação e bom senso. Porém, ao partilhar um documento do Centro Neozelandês dedicado à família "Focus on the Family" com recomendações aos pais em relação a este jogo, uma dessas dizia

O Pokémon Go imagina um mundo cheio de criaturas invisíveis que combatem entre si. Os pais podem usar o jogo como impulso para uma discussão sobre realidades espirituais reais que não podemos ver. (Ver Ef 6, 10-18).

O que diz, então, em Efésios?

As armas do cristão - 10. Finalmente, tornai-vos fortes no Senhor e na sua força poderosa. 11. Revesti-vos da armadura de Deus, para terdes a capacidade de vos manterdes de pé contra as maquinações do diabo. 12. Porque não é contra os seres humanos que temos de lutar, mas contra os Principados, as Autoridades, os Dominadores deste mundo de trevas, e contra os espíritos do mal que estão nos céus. 13. Por isso, tomai a armadura de Deus, para que tenhais a capacidade de resistir

 

 

 

 no dia mau e, depois de tudo terdes feito, de vos manterdes firmes. 14. Mantende-vos, portanto, firmes, tendo cingido os vossos rins com a verdade, vestido a couraça da justiça 15. e calçado os pés com a prontidão para anunciar o Evangelho da paz; 16. acima de tudo, tomai o escudo da fé, com o qual tereis a capacidade de apagar todas as setas incendiadas do maligno. 17. Recebei ainda o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus. 18. Servindo-vos de toda a espécie de orações e preces, orai em todo o tempo no Espírito; e, para isso, vigiai com toda a perseverança e com preces por todos os santos,...

Pois é, os meus amigos ateus não perderam tempo e um dos primeiros comentários que fizeram quando partilhei esta ligação no Facebook foi "É bem verdade. As religiões têm uma longa tradição de pôr gente à procura de seres fictícios que ninguém vê :)" Ou seja, os seres que não são fictícios são aqueles que vemos porque o único nível de interpretação da realidade onde os seres reais habitam é aquele em que os vemos. Bom, assim ficamos a saber que se no mundo não houvesse luz, tudo seria fictício. Mais, as pessoas cegas 

 

vivem num mundo fictício. Isto faz-me lembrar o pequeno romance de Edwin Abbott "Flatland: o mundo plano" em que os personagens vivem num mundo bi-dimensional e quando uma esfera os visita, eles apenas "vêem" uma projeção circular, por isso, permanecem convencidos de que não existem mais dimensões da realidade do que aquelas que percepcionam.

As realidades espirituais são uma porta para manter a mente aberta à possibilidade de que a Realidade é mais do que aquilo que vemos. Por isso, os anjos, os santos, as visões, os momentos dos apóstolos com Jesus após a ressurreição são tudo experiências que nos mostram como há mais verdade para além da realidade física, contendo uma dimensão de Mistério que nos impulsiona a ir para além daquilo que sabemos, estimulando o desejo de conhecer. Se o Pokémon Go for um pretexto para aprofundar este aspeto, além de nos divertirmos com a devida cautela, pode ser uma boa oportunidade de promover o diálogo entre ciência e fé.

 

 

Dia de folga!!

  Carlos Borges   
  Agência ECCLESIA   

 

 

 

O título podia ser a música da fadista Ana Moura mas não, porque nem todos os dias são “uma carga de trabalhos”, nem um “bico d’obra”. Esta “folga”, substantivo feminino, significa no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, entre outros: 1. Descanso; 2. Interrupção de trabalho; 3. Recreio; 4. Feriado.

Esta semana estive de folga, o fim-de-semana cresceu e a semana encolheu.

Na última segunda-feira consegui descansar. Acordar mais tarde a ponto de saltar a casa partida das refeições, o pequeno-almoço, diretamente para o almoço, que cá em casa tem por hábito ser, quase religiosamente, às 13h00. Ainda existe alguma disciplina militar e hábitos difíceis de perder do velho Cabo da GNR que comanda esta Igreja doméstica.

Na última segunda-feira, graças à folga, guardada de um feriado, de uma semana de férias em agosto que também foi uma segunda-feira, tive direito a uma interrupção de trabalho, q.b. Ainda deitei um olhito no país e no mundo por causa da Agência ECCLESIA, que está sempre consigo todos os dias e sem folgas. Atualizei a agenda, essa ferramenta que lhe dá todas, ou quase todas, as informações de atividades, eventos e iniciativas da Igreja Católica em Portugal, no Vaticano e no mundo, e por causa do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.

Na última segunda-feira, ainda não houve recreio com o João, o meu afilhado. Já vos falei dele noutra ‘semana de’. Ainda não houve mas está quase afinal as previsões são que nasça antes do 

 

 

 

próximo semanário. A mãe da criança já tem tudo preparado para ir para o hospital mas deixou de fora uma roupinha, que certamente tem um nome técnico, do GLORIOSO SLB. Sim, o tricampeão nacional de futebol. A isto chama-se, na minha modesta opinião que não tenho filhos, nem sobrinhos, nem afilhados, educação e influência positiva. Não deve ser difícil ele vir a ser do Sport Lisboa e Benfica, afinal o pai, a mãe e o padrinho partilham essa saudável afinidade. Não, não é doença!! Esperem… e a madrinha?? Também é do GLORIOSO, só podia. Ah, a maravilha da tecnologia da informação à distância de um ou dois clikcs, o Facebook, claro!!

 

Na última segunda-feira, foi um ‘Dia de Folga’ que deu para “renovar” algumas baterias. Não foi celebrado com “um fado” mas ainda deu para trautear - de cantarolar - a música da fadista Ana Moura que no sábado anterior encheu o palco 25 de abril, e fez vibrar e saltar a multidão na festa do Avante! e depois da festa sabe sempre bem uma folga:

“[…] Folga de ser-se quem se é/ E de fazer tudo porque tem que ser
Folga para ao menos uma vez/ A vida ser como nos apetecer […]
Este é o fado que se empolga/ No dia de folga!
No dia de folga!/ faz-nos falta renovar
baterias” “Dia De Folga”, Ana Moura

 

 

 

 

 

O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição um conjunto de reflexões sobre a Liberdade Religiosa, na sequência da tomada de posse da comissão consultiva da Assembleia da República para esta temática.

Na mesma ocasião, foi assinada por 19 igrejas e comunidades religiosas (outras duas associaram-se ao gesto), da 'Declaração pela Paz e pelo Diálogo', apresentada como "uma iniciativa inédita que ganha especial relevância num contexto em que as questões relacionadas com a tolerância religiosa têm marcado a atualidade".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa foi acompanhada por um colóquio sobre os princípios da separação e da cooperação entre Estado e comunidades religiosas. Entre os signatários contavam-se Ana Rita Raimundo Gomes, pela Comunidade de Sant’Egídio em Portugal, e o padre Manuel Barbosa, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, em nome dos bispos católicos.

A Conferência Episcopal designou como representantes na Comissão da Liberdade Religiosa o padre Manuel Saturino Gomes, auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano, e o teólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Diálogo inter-religioso
procura mais do que prevenção de conflitos

 

Alfredo Teixeira, antropólogo, docente da Faculdade de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, é um dos membros escolhidos pela Conferência Episcopal para representar a Igreja Católica na Comissão da Liberdade Religiosa, oficialmente empossada esta semana. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o especialista no estudo das identidades religiosas aponta prioridades num campo marcado de forma excessiva pela preocupação com o conflito.

 

Entrevista conduzida por Henrique Matos

 

Agência ECCLESIA (AE) - Como assume esta nova missão na Comissão da Liberdade Religiosa?

Alfredo Teixeira (AT) - Para mim será uma situação nova, uma experiência nova. Eu trabalho na área da investigação sobre as identidades religiosas em Portugal há já muitos anos, mas de facto este é um órgão que tem uma dimensão política, porque procura acompanhar aquilo          que é a execução da própria Lei

         da Liberdade Religiosa em

         Portugal. Além disso, há a                           particularidade de, no meu

               caso, estar não propriamente,                    em primeiro lugar, como

                     perito, mas como um

                         dos representantes 

 

escolhidos pela Conferência Episcopal Portuguesa. Há aqui uma dimensão diferente da minha presença neste órgão.

Daquilo que são as diferentes missões que esta comissão pode assumir, diria que tudo o que de alguma forma possa promover o conhecimento das tradições e das comunidades religiosas no espaço público é, a meu ver, um desafio muito importante.

Infelizmente, nos últimos anos, o debate público sobre as religiões em termos internacionais está muito marcado pela prevenção do conflito. Boa parte das iniciativas que há em torno do religioso, da aproximação das comunidades, estão demasiado enredadas e isoladas nesse tópico que é o da aproximação do religioso para termos mais paz social.

 

 

 

AT - Sendo um aspeto importante, [a prevenção de conflitos] não deixa de ser, quando nos concentramos apenas nisso, um certo enviesamento. As religiões, as comunidades religiosas têm mais coisas para oferecer às sociedades: têm uma experiência de vivência do mundo, de interpretação do mundo, de sabedoria, de construção de valores que podem ser partilhados, que podem habitar de alguma forma uma dimensão de  

 

universalidade na sociedade. Esse aspeto não se faz sem que a sociedade em geral conheça.

É preciso situar o religioso na sua diversidade nos grandes fóruns de debate, de pensamento, e é um amissão que a Comissão da Liberdade Religiosa terá de assumir, evidentemente não sozinha, porque há outros interlocutores neste terreno. 

 

 

 

 

 

 

 

AE - Há necessidade de reconhecimento das comunidades religiosas?

AT - O que nós temos de ter em conta é que a religião é um fenómeno mais complexo do que a simples divisão em grupos religiosos. Há aliás uma dimensão do religioso que está para além dos grupos religiosos e das diferentes famílias. O religioso habita a cultura humana: historicamente, as culturas foram sendo construídas com as suas contingências, e delas fez parte também uma história religiosa. 


 

 

 

Nesse sentido, qualquer postura sobre o religioso na sociedade portuguesa não pode ignorar a sua história religiosa, seria evidentemente uma visão de laboratório ou marcada simplesmente por enviesamentos ideológicos.

Essa história religiosa não deve servir, obviamente, para impor um qualquer privilégio em relação a uma Igreja maioritária, não deve ser para impor no debate público a preponderância de um ponto de vista sobre o outro. Deve, em todo o caso, ser um reconhecimento necessário para se perceber o que somos nós como identidade plural neste lugar da Europa. Nesse sentido, penso que o reconhecimento não é apenas o reconhecimento de facto dos grupos minoritários, daqueles que eventualmente não viram ainda

      reconhecidos todos os seus

       direitos de organização e

          desenvolvimento da sua

             atividade. É também o

             reconhecimento daquilo

             que é uma história religiosa e

              daquilo que somos como

              resultado dessa história.

              O reconhecimento não é, por

             isso, uma categoria que se

             possa aplicar apenas ao

             religioso na sua dimensão

             minoritária, mas ao religioso

             como dimensão integrante

             daquilo que somos.

 

 

 

 

diferentes famílias. O religioso habita a cultura humana: historicamente, as culturas foram sendo construídas com as suas contingências, e delas fez parte 

 

 

 

 

AE - O recomeço das atividades normais da CLR pode ser visto como um bom prenúncio, evitando abordar o religioso como apenas algo da esfera íntima de cada um?

AT - Sim. Há uma mutação que está a acontecer nas sociedades europeias, em particular desde o final dos anos 90, essa ultrapassagem do modelo que no fundo via a religião apenas como quase um direito de consciência, sem que, no entanto, essa dimensão religiosa do indivíduo tivesse lugar naquilo que é a discussão pública, de construção do nosso destino enquanto comunidade. Neste contexto, é o próprio indivíduo, a pessoa, que nestas sociedades encontra mais meios para tornar público o seu ponto de vista; é o próprio indivíduo que faz regressar ao espaço público a religião.

Recordo-me que há alguns anos, quando foi remodelada a lei da laicidade na França, onde o uso de uma indumentária por parte das mulheres muçulmanas foi particularmente visado, recordo-me de ver algumas jovens muçulmanos 

 

 

no espaço público francês a contestar essa lei. O argumento que usavam não era o da autoridade da sua tradição religiosa - dizendo alguma coisa como “nós temos de usar isto porque os preceitos da nossa religião o impõem” -, mas diziam algo diferente. Diziam: “eu tenho o direito de escolher”.

Ora, dizer isto é, de alguma forma, trazer o religioso para a esfera pública a partir não da autoridade de uma tradição religiosa, mas a partir daquilo que é um valor essencial nas nossas democracias, a liberdade individual. O plano em que hoje se coloca a questão religiosa nas nossas sociedades tem matizes diferentes e é impossível, sobretudo para a regulação política, pensar que pode construir ainda um discurso de laicidade baseado na dicotomia de um espaço público neutro, sob o ponto de vista religioso, reconduzindo o religioso apenas à esfera doméstica, da consciência privada

 

 


 

O Observatório para a Liberdade Religiosa (OLR) felicita a nova Comissão da Liberdade Religiosa (CLR) presidida pelo Dr. Vera Jardim, membro fundador do Conselho de Consultores do OLR.

Sublinhamos as palavras do novo presidente da CLR quanto à necessidade de reforçar a atenção com a Liberdade Religiosa, promovendo um papel mais ativo dos agentes públicos na promoção da “tolerância” e da “não-discriminação”.

Recorde-se que o OLR foi criado em 2014, após reflexão e empenho de um grupo de investigadores que constataram a necessidade de um eficaz trabalho por parte das estruturas públicas e académicas, no estudo e debate sobre o fenómeno religioso, bem como no incentivo ao diálogo inter-religioso, no que este pode e deve representar como mecanismo de valorização de uma cidadania ativa e participativa, convocando para tal as comunidades de base, os cidadãos, religiosos 

 

 

 

ou não, conforme se depreende da Carta de Princípios do OLR.

O OLR regista também com particular satisfação a iniciativa de assinatura, por parte de 19 confissões religiosas, de uma “Declaração pela Paz e pelo Diálogo”, numa “cultura de não violência, de paz e de justiça”. Uma proposta de semelhante compromisso fora já feita pelo OLR, e tornada pública, em janeiro de 2015, no culminar da Semana da Harmonia Religiosa realizada em Lisboa em parceria com a autarquia local.

O OLR espera que, nos termos e intenções da referida proposta de janeiro de 2015, o compromisso hoje assinado não represente apenas um ato simbólico que confirma as relações exemplares entre as diferentes lideranças religiosas, mas seja o ponto de partida para o debate aprofundado e estruturado nas comunidades religiosas de base, agora solenemente comprometidas pelas respetivas lideranças, sobre os valores comuns para a promoção da cidadania.

Observatório para a Liberdade Religiosa

 

 

 

 

 

Acompanharei com proximidade os trabalhos da comissão, porque não se trata apenas de garantir no plano legal aquilo que em Portugal está garantido com a Lei da Liberdade Religiosa - a afirmação da liberdade de religião como primeira afirmação da liberdade de consciência. Em Portugal, onde já começamos a ter uma presença significativa de tantos povos, de tantas culturas, também de várias pertenças religiosas, seria bom ter a capacidade de fazer melhor do que foi feito noutros sítios, porventura, concretamente substituindo o multiculturalismo de sucessivos 

 

guetos, em que cada um vive por si, apenas nos seus meios e com as suas gentes. Criemos a oportunidade de uma verdadeira interculturalidade, em que as diversas tradições se encontrem, se conheçam e reconheçam, aprendam umas com as outras, partilhem aquilo que transportam. Portanto, há aqui um desafio pela positiva que passa muito além da garantia jurídica

 

D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, em declarações à Agência ECCLESIA

 

 

Nova Comissão da Liberdade Religiosa «é ocasião de esperança»

O padre Manuel Saturino Gomes, auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano, refere que a tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa (CLR) é, neste momento, ocasião de “esperança” para o trabalho que a equipa que “tem muito a fazer” no panorama nacional português e no, contexto, do “fenómeno religioso que nos circunda”.

 

 

“O importante é que a comissão possa dinamizar e estar atenta também à violação dos direitos da liberdade religiosa no nosso país e a acolher também as iniciativas ou sugestões que possam surgir da sociedade civil e das diversas igrejas e confissões religiosas”, disse o sacerdote especialista em Direito Canónico, em declarações à Agência ECCLESIA.

 

 

 

O padre Manuel Saturino Gomes e o teólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa, foram designados representantes da Igreja Católica na CLR pela Conferência Episcopal Portuguesa.

O auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano considera que a revitalizar da comissão “é um momento importante” pela “sua especificidade” que está definida na Leia da Liberdade Religiosa”, afinal, o organismo consultivo do Governo e da Assembleia da República teve os 

 

últimos cinco anos sem um presidente nomeado pela tutela.

O sacerdote da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) pertence à CLR desde o seu início e recorda que no primeiro mandato procuraram colocar em prática “todos” os fins que estão na lei, através de diversas iniciativas “dentro das possibilidades e dos constrangimentos que havia”.

 

 

 

 

A tomada de posse do novo presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, José Eduardo Vera Jardim, e da restante equipa, realizou-se num evento esta segunda-feira, naFundação Calouste Gulbenkian.

De recordar que o agora responsável da CLR foi um dos criadores da Lei da Liberdade Religiosa em Portugal, em vigor desde 2001.

O padre Manuel Saturino Gomes considera que “não é problema” a existência de uma Concordata, entre a Igreja Católica e o Estado português, e a Lei da Liberdade Religiosa porque a própria lei no artigo 58 refere a existência desse tratado internacional.

“O estatuto multissecular [da Igreja Católica] em Portugal desde o início da nacionalidade e a identificação com a história e a cultura portuguesa, ao longo dos séculos, justifica que exista uma concordata”, contextualizou o especialista em Direito Canónico, relembrando que há “um regime concordatário do tempo da monarquia”, dos primeiros séculos do país, e que se “foi sempre desenvolvendo e aprofundando”.

Segundo o auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano esse estatuto 

 

 

“não é de privilégio”, mas “reconhece” o que é específico da Igreja Católica que “não se confunde com um grupo religioso” que tenha nascido mais recentemente.

“Com todo o respeito pelos grupos religiosos, temos de reconhecer o papel e a missão da Igreja Católica em Portugal não só ao serviço da fé mas da cultura, da dimensão social e outros serviços”, acrescentou o religioso dehoniano.

 
 

 

 

 

 

 

 IMI

O padre Manuel Saturino Gomes, que integra a Comissão Paritária da Concordata pela Santa Sé, revelou que ficou “admirado” com a polémica da Autoridade Tributária ter enviado notificações a dioceses e paróquias para a cobrança de impostos sobre imóveis, quando a comissão “nunca foi auscultada sobre o assunto”.

“As coisas são claras. O que é destinado a fins religiosos não paga imposto, seja a partir da Concordata, seja a partir das interpretações das circulares, que foram divulgadas pelo Ministério das Finanças antes da existência da Comissão Paritária, de outras interpretações e também da jurisprudência e da doutrina”, referiu o sacerdote especialista em Direito Canónico.

À Agência ECCLESIA, o auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano disse que o seu parecer é que a cobrança de impostos sobre imóveis da Igreja Católica “não é um problema” uma vez que o artigo 26 da Concordata, sobre assuntos fiscal, “é clara” quanto à “área da isenção e dos fins religiosos”.

O padre Manuel Saturino Gomes recorda, contudo, que, como a Concordata também refere, “é diferente” quando “há uma atividade que não é propriamente religiosa”, como uma livraria católica, uma casa de hospedaria ou edifício que já foi seminário e está “desocupado”, que “com certeza terão de pagar IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) ou outros impostos”.

A Comissão Paritária da Concordata reúne-se com alguma periodicidade para “averiguar a aplicação da própria Concordata”, como está previsto no seu artigo 29, e o auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano considera que “é evidente” que a questão do Imposto Municipal sobre Imóveis seja analisada na próxima reunião que em princípio é em outubro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Membros da Comissão da Liberdade Religiosa

José EVera Jardim - Presidente

Alfredo Teixeira - Conferência Episcopal Portuguesa

Padre Manuel Saturino da Costa Gomes - Conferência Episcopal Portuguesa

Abdool Karim Vakil - Comunidade Islâmica de Lisboa

Esther Mucznik - Comunidade Israelita de Lisboa

Fernando Loja - Aliança Evangélica Portuguesa

Eduardo da Costa Ferreira - Especialista em Ciências Jurídico-Políticas

Rahim Firozali - Presidente do Conselho Nacional da Comunidade muçulmana Ismaili

Alpesh Kumar Ranchordas - Especialista em religião hindu e experiência em diálogo interconfessional

Luciano dos Santos Cruz - Especialista em religião budista e experiência em diálogo interconfessional

Miguel Assis Raimundo - Especialista em Ciências Jurídico-Políticas

 

 

Declaração de Compromisso
pela Paz e pelo Diálogo

Representantes de 19 igrejas e comunidades religiosas (outras duas associaram-se à iniciativa) assinaram esta segunda-feira em Lisboa da Declaração pelo Diálogo, pela Tolerância Religiosa e pela Paz.

Tendo como mote a defesa da liberdade de expressão e de consciência, de religião e culto, com respeito mútuo entre todas as igrejas, este compromisso juntou todos os signatários em torno da ideia de que “o diálogo religioso só se alcança construindo pontes em vez de muros”.

Segundo o texto da Declaração, os representantes das várias igrejas e comunidades religiosas, tendo pleno conhecimento da Lei da Liberdade Religiosa, assumem “o empenho e a disponibilidade para ouvir todas, na sua alteridade e diversidade, num diálogo sincero que aceite o outro não como adversário mas como concidadão partilhando dos mesmos sentimentos de fraternidade”.

Os subscritores aceitam ainda o compromisso “claro e indefetível de uma cultura de não-violência, de paz e justiça, aprendendo com o passado sem se deixarem cativar por memórias de ódio, procurando falar e agir com verdade”.

 

De acordo com o texto assinado, as comunidades religiosas expressam ainda “motivação para cooperar com a República Portuguesa, as suas cidadãs e os seus cidadãos, na preservação e proteção da liberdade de todas e todos de manter e manifestar uma religião ou crença de sua escolha, seja individualmente ou em comunidade, em público ou privado”.

Na base da iniciativa, promovida pelo Ministério da Justiça, está a garantia expressa na Constituição Portuguesa que concede uma ampla liberdade religiosa às cidadãs e aos cidadãos, consagrando a separação entre o Estado e as igrejas e comunidades religiosas, numa expressão de laicidade inclusiva que permite garantir condições para que o diálogo entre religiões se desenvolva na vivência cidadã, política e religiosa.

Entre os signatários contavam-se Ana Rita Raimundo Gomes, pela Comunidade de Sant’Egídio em Portugal, e o padre Manuel Barbosa, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, em nome dos bispos católicos.

 

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 Membros da Comissão da Liberdade Religiosa

José EVera Jardim - Presidente

Alfredo Teixeira - Conferência Episcopal Portuguesa

Padre Manuel Saturino da Costa Gomes - Conferência Episcopal Portuguesa

Abdool Karim Vakil - Comunidade Islâmica de Lisboa

Esther Mucznik - Comunidade Israelita de Lisboa

Fernando Loja - Aliança Evangélica Portuguesa

Eduardo da Costa Ferreira - Especialista em Ciências Jurídico-Políticas

Rahim Firozali - Presidente do Conselho Nacional da Comunidade muçulmana Ismaili

Alpesh Kumar Ranchordas - Especialista em religião hindu e experiência em diálogo interconfessional

Luciano dos Santos Cruz - Especialista em religião budista e experiência em diálogo interconfessional

Miguel Assis Raimundo - Especialista em Ciências Jurídico-Políticas

 

 

  

 

 

 

 

Igreja e comunidades religiosas afirmam «valores da liberdade»

O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu na tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa (CLR) que as expetativas são que esse organismo “funcione naturalmente bem”.

O padre Manuel Barbosa representou a Igreja Católica em Portugal no "ato solene de leitura" e assinatura, por 19 igrejas e comunidades religiosas, da 'Declaração pela Paz e pelo Diálogo' onde foi assumido o “compromisso claro e indefetível de uma cultura da não-violência, da paz e da justiça”.

 

À Agência ECCLESIA, o sacerdote assinalou que a declaração vai no sentido que continuem “em conjunto, com o apoio da CLR, a afirmar os valores da liberdade” nas várias dimensões que são inerentes tanto à Igreja Católica como às comunidades religiosas presentes em Portugal.

 

 

 

 

 

A Conferência Episcopal Portuguesa designou como representantes da Igreja Católica na CLR o padre Manuel Saturino Gomes, auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano, e o teólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa que “certamente serão voz ativa”, assinalou o secretário da CEP.

O historiador e professor universitário Paulo Fontes, que também acompanhou a tomada de posse do novo presidente da CLR, na Fundação Calouste Gulbenkian, destacou que “é importante a reativação” para que “se aprofunde e prossiga com utilidade” o modelo português de “laicidade inclusiva”, do ponto de vista das relações Igreja-Estado, Estado-Igrejas e comunidades religiosas.

Para o diretor do Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa, é importante a “valorização” da “diversidade religiosa, cultural” e, ao mesmo tempo, que possa “servir de referência” para outros países que também têm diversidade até maior, por “fenómenos migratórios ou tradições de diversidade religiosa mais longínquas”, mas “hoje têm dificuldades, muitas vezes, de enquadrar e de integrar” nas sociedades as dinâmicas religiosas 

 

seja das pessoas, seja das instituições.

“Portugal tem tradição positiva talvez por ser mais recente e ao mesmo tempo grande numericamente é circunscrita a certas faixas do território mais litoral e mais urbano”, acrescentou o investigador à Agência ECCLESIA.

O historiador da Universidade Católica Portuguesa comentou ainda que tem acompanhado a tendência proibicionista em França e revelou “alguma preocupação” uma vez que o debate atual mostra “um certo enquistamento” de posições e a dificuldade na atual circunstância quando “o mais importante seria esse modelo de laicidade inclusiva”.

“A França têm dificuldade de integrar certo tipo de dimensões e fenómenos, nomeadamente, do mundo muçulmano que são mais dinâmicas culturais de diferenciação, de afirmação, e de lhes dar o devido espaço e de encontrar por via do diálogo e laicidade aberta formas de integração”, analisou Paulo Fontes.

O docente universitário observou que o “fenómeno da secularização só existe com a dinâmica religiosa” referiu que é preciso encontrar “maneiras de viver na base da liberdade individual, das comunidades”.

 

 

Portugal é um bom exemplo para o mundo

O novo presidente da Comissão da Liberdade Religiosa (CLR) assinalou que Portugal é um bom exemplo de trabalho, que pode ser apresentado a outros países, e manifestou-se satisfeito por essa situação ser reconhecida por muitas pessoas que representam diferentes confissões religiosas. “É um contributo que damos. Não é para nosso engrandecimento mas, hoje, estes problemas são difíceis na Europa e no 

 

mundo e se tivermos nas reuniões internacionais, nos fóruns, possibilidade de darmos conta da nossa experiência ela é muito positiva, legal e de convívio”, disse José Eduardo Vera Jardim à Agência ECCLESIA.

Contudo, o presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, empossado esta segunda-feira, sublinha que a atitude de Portugal “não é ensinar aos outros”, não é de fazer desse bom exemplo 

 

 

 

 

de trabalho “propaganda”.

Para Vera Jardim a revitalização da CLR e a existência de um regime concordatário entre o Estado e a Igreja Católica não cria “dificuldade nenhuma”.

“É uma situação que existe noutros países, têm concordata com a Igreja Católica e depois têm leis ou acordos com outras religiões”, observa o advogado e político após a cerimónia de tomada de posse da CLR que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian.

 

O responsável frisou que são duas situações “diferentes” e como “prova” exemplificou com os dois elementos que foram designados pela Igreja Católica para a CLR, bem como a “mensagem muito simpática” que recebeu na manhã do dia 5 de setembro do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente (ver página35).

O presidente do organismo consultivo do Governo e da Assembleia da República, que retomou o normal funcionalmente após um período 

 

 

 

de cinco anos sem presidente nomeado, referiu ainda que, do que conhece, “tem sido interessante” a presença das identidades religiosas no serviço público de televisão e rádio em Portugal.

“É preciso também que estas questões cheguem ao grande público. Os tempos de emissão, as emissões de canais especiais tudo é positivo”, assinalou.

 

Agenda

José Vera Jardim, disse esta segunda-feira, após a sua tomada de posse,

 

 

 

que assume o cargo sem “agenda laicista” e concentrado em combater qualquer forma de “discriminação” neste campo.

“Nunca fui laicista nem tenho agenda laicista. A minha agenda é a agenda da não-discriminação, que é muito diferente”, disse aos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian.

O presidente da CLR referiu ainda que, em nome do “princípio constitucional” da “separação entre Igreja e Estado”, “os crucifixos não devem estar nas escolas públicas” por serem símbolo de uma religião que “pode ofender” quem professa outras convicções. 

 

 

 

 

“Agora, há um princípio de tolerância: se chegar a uma terra onde toda a gente queira lá o crucifixo, ninguém vai ter o mau senso de mandar lá a GNR tirar o crucifixo”, acrescentou.

Durante o discurso que proferiu após ter tomado posse, na presença da ministra da Justiça, Vera Jardim assumiu a necessidade de lutar contra “todas as formas de discriminação religiosa”.

A CLR retoma o seu normal funcionalmente após um período de cinco anos sem presidente nomeado pelo Governo. O organismo consultivo do Governo e da Assembleia da República conta pela primeira vez na sua composição com um elemento da comunidade budista, com o objetivo

 

  de aumentar a sua pluralidade.

Acompanhado pelos membros designados pelo Governo, a Igreja Católica e as confissões religiosas radicadas em Portugal, Vera Jardim apresentou a “tolerância” como caminho para a “redução” de conflitos “Tolerância é, designadamente em matéria religiosa, aceitar e valorizar” a pluralidade, precisou.

Para o presidente da CLR, Portugal tem um “quadro jurídico exemplar” e um “clima de diálogo e respeito mútuo” ente religiões. Todos, sublinhou, são chamados a combater as “forças que defendem o ódio e o desprezo do outro”, “sobretudo no plano cultural e espiritual”. 

 

 

Liberdade religiosa no Estado de Direito

A ministra da Justiça afirmou Lisboa que a liberdade religiosa é uma das “traves-mestras” do Estado de Direito, defendendo uma “laicidade inclusiva” em Portugal. Francisca Van Dunem falava na abertura do colóquio 'Pluralismo Religioso e Cidadania', na Fundação Calouste Gulbenkian, após a tomada de posse da nova Comissão da Liberdade Religiosa (CLR).

“A lei protege e convoca não só todos aqueles indivíduos que praticam uma religião minoritária - como também aqueles que são fiéis aos mandamentos de credos religiosos majoritários, e, inclusive, aqueles que não professando uma religião, sejam ateus ou agnósticos - a uma existência tolerante e pacífica no espaço público e privado”, referiu.

A governante realçou que a liberdade religiosa é um direito, num contexto de “laicidade inclusiva”.

“A religião é, e sempre foi, um domínio simbólico e social que perpassa a vida de todos nós. E hoje, a vinculação do individuo/cidadão a uma identidade coletiva específica que é comum na religião e na cidadania está marcada por uma curiosa convergência, senão até concorrência”, referiu.

 

A ministra da Justiça falou ainda da “tolerância” enquanto reconhecimento da diversidade e respeito pelo outro.”

“O diálogo religioso genuíno exige o respeito das identidades e é a própria autenticidade e sinceridade desse encontro que convoca os parceiros a embarcarem nessa travessia, mantendo viva a integralidade de sua própria fé. Nesse processo não se almeja nenhum sincretismo religioso nem a absorção do sistema de crenças do outro; antes, o diálogo religioso pratica-se preservando a liberdade de expressão de cada um dos intervenientes”, acrescentou Van Dunem.

A responsável aludiu aos “desafios civilizacionais” que a religião e a cidadania vão apresentar no futuro, num tempo em que as fronteiras entre o religioso e o secular se “vão diluindo”.

“O nosso espaço público e mediático é crescentemente ocupado pelo trabalho relevante de muitas organizações religiosas em prol no combate a muitos problemas comuns da humanidade; mas também é, infelizmente, invadido por acontecimentos e fenómenos 

 

 

 

 

 

extremistas e radicais, que invocam motivação religiosa, o que nos compele à interrogação sobre como estamos a viver a liberdade religiosa e os princípios da separação e da cooperação entre Estado e comunidades religiosas”, assumiu.

 

 

A ministra da Justiça sublinhou a importância da CLR para a promoção da “paz social” num momento de “renascimento do religioso” que representa um “desafio” para as sociedades contemporâneas.

 

 

Santuário lança primeira edição crítica
das Memórias da Irmã Lúcia

O Santuário de Fátima apresentou a primeira edição crítica das “Memórias” da Irmã Lúcia, uma obra para a qual contou com a colaboração de Cristina Sobral, docente e investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. “Faltava uma edição crítica das Memórias, documento fundamental para o estudo de Fátima e da sua mensagem”, reconhece o reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, ao apresentar este trabalho.

O livro, com os seis escritos da vidente da Fátima, foi lançado no âmbito do 24º Congresso Mariológico Mariano Internacional, que reúne até domingo na Cova da Iria várias centenas de investigadores de diversos países.

O reitor do santuário recordou aos presentes que os dois mais jovens videntes, o Francisco e a Jacinta, morreram ainda crianças, “ficando a Lúcia como única testemunha do que tinham experimentado” em 1917.

“O seu testemunho torna-se, por isso, fundamental e justifica a enorme atenção que suscitaram os seus escritos, sobretudo as Memórias, que conheceram um êxito notável e

 

 estão publicadas em 19 línguas”, sublinhou o padre Carlos Cabecinhas, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

O sacerdote afirmou que um dos principais objetivos da nova obra é servir como “referência” para os investigadores que se ocupem de Fátima e para as futuras edições das “Memórias”.

Esta edição segue-se à publicação da Documentação Crítica de Fátima, como forma de “preservar as ‘fontes’ da Mensagem de Fátima”.

A edição crítica das “Memórias” conta com uma apresentação de Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, e a introdução da curadora, Cristina Sobral, a que se segue a edição crítica das seis Memórias e um apêndice.

O padre Carlos Cabecinhas elogiou o “meticuloso trabalho, marcado pelo rigor e pela competência” da docente e investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Cristina Sobral interveio no 24.º Congresso Mariológico Mariano Internacional, tendo comentado 

 

 

 

 

alguns aspetos dos escritos da Irmã Lúcia, como a “marca da oralidade”. A investigadora assinalou depois que o facto de a vidente ter escrito respondendo a solicitações externas “não invalida absolutamente nada” do que é apresentado nas “Memórias”.

Marco Daniel Duarte apresentou esta quarta-feira uma comunicação intitulada 'Epistemologia de Fátima: 

 

ouvir, narrar, ler e interpretar Fátima ao longo de um século'.

O historiador afirmou que foi através do jornal 'O Século' que o fenómeno Fátima "teve a difusão rápida e o transforma de acontecimento local para acontecimento nacional e depois internacional", pelo que "a palavra notícia tem no universo Fátima sentido profundo". 

 

 

 

 

setembro 2016

Dia 9

* Coimbra - A Cáritas Diocesana de Coimbra promove uma campanha de recolha de bens a favor de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade económica e social, em várias superfícies comerciais da região.

 

* Porto – O bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, convida a diocese a reunir-se “à volta do mesmo altar” na Eucaristia da celebração da Dedicação da Catedral do Porto, às 19h00 na Sé.

 

Dia 10

* Porto e Santo Tirso - O Secretariado Diocesano de Liturgia do Porto vai reunir com os responsáveis da Música Litúrgica.

- Porto (Casa Diocesana de Vilar) para os responsáveis da música litúrgica das paróquias, reitorias e capelanias da Região Pastoral do Grande Porto

– Santo Tirso (Centro Paroquial) para os responsáveis da música litúrgica das paróquias, reitorias e capelanias da Região Pastoral Norte

 

 

 

 

* Braga - A Arquidiocese de Braga celebra o seu Dia do Catequista com o tema ‘Com Maria contemplamos a misericórdia do Pai’, a partir das 09h00. O programa inclui uma peregrinação entre as basílicas do Bom Jesus e a do Sameiro.

 

* Santarém - A Catedral e Museu Diocesano vão receber a cerimónia local de descerramento da placa comemorativa do Prémio ‘Europa Nostra 2016’, atribuído pela União Europeia (UE) ao património cultural, a partir das 15h30.

 

* Tarouca – O Mosteiro de São João de Tarouca, na Diocese de Lamego, vai recuar aos tempos em que a oração “ditava” a vida monástica, com um “evento inovador” de canto cisterciense, que vai recriar o ambiente sonoro e visual da oração dos monges de Cister, a partir das 22h00.

 

Dia 11

* Lisboa – Os ‘Leigos para o Desenvolvimento’ vão enviar durante este mês 13 voluntários para missões em África. Hoje, celebram uma Missa do Envio às 13h00, na igreja do Colégio São João de Brito, em Lisboa.

 
 

 

 

 

Dia 11 e 12

Itália – Mesquitas convidam cristãos para participarem em orações inter-religiosa.

 

De 12 a 14

Vaticano - Reunião do Conselho de Cardeais,  organismo consultivo criado pelo Papa, chamado ‘C9’.

 

Dia 13

Fátima - Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa reúne a partir das 10:30, na Casa de Nossa Senhora das Dores.
No triénio 2014-2017, são vogais do Conselho Permanente D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga; D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto; D. José Alves, arcebispo de Évora; D. Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo; D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra.

 

De 13 a 15

Fátima – XXX Encontro Nacional da Pastoral Social no Steyler Hotel
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai fazer a primeira conferência, após a sessão de abertura onde estará também presente o presidente da Conferência Episcopal 

 
 

Portuguesa, D. Manuel Clemente, D. António Marto, vice-presidente da CEP, e o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga.

 

Dias 14 e 15

Lisboa - Congresso Internacional do Espírito Santo sobre «Génese, evolução e atualidade da utopia da fraternidade universal»

 

De 14 a 16

Porto – Instituto São Tomás de Aquino dos Dominicanos, Ordem dos Pregadores, propõe reflexão sobre as paróquias às 18h30, no Convento de Cristo Rei.

 

As reflexões são conduzidas pelo frei José Manuel Fernandes, frei José Nunes e pelo teólogo Alfredo Teixeira.

 

 

 

 

A Arquidiocese de Braga vai celebrar este sábado o seu Dia do Catequista com o tema ‘Com Maria contemplamos a misericórdia do Pai’ e o programa inclui uma peregrinação entre as basílicas do Bom Jesus e a do Sameiro.

 

 

Os ‘Leigos para o Desenvolvimento’ vão enviar durante este mês 13 voluntários para missões em África onde vão trabalhar em áreas “fundamentais” como “educação” e “formação”, em regime de voluntariado durante um ano. A associação católica celebra uma Missa do Envio este domingo, às 13h00, na igreja do Colégio São João de Brito, em Lisboa.

 

 

A peregrinação aniversária internacional do 13 de setembro, em Fátima, vai ser presidida pelo bispo de Setúbal, D. José Ornelas.

 

 

Lisboa e Alenquer vão acolher entre os dias 14 e 18 deste mês uma nova etapa do Congresso Internacional do Espírito Santo, tendo como base a comemoração dos 800 anos da Fundação dos Franciscanos, dos 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel, da ‘Utopia’ de Thomas More e do primeiro compromisso impresso das Misericórdias, e dos 300 anos da Fundação do Patriarcado de Lisboa.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 13h30

Domingo, 11 de setembro, 13h25 - Liberdade Religiosa em Portugal: Desafios de uma nova Comissão.

 

Segunda-feira, dia 12, 15h00 

Entrevista a Natália Cabecinha e Rogério Frazão sobre o início do ano escolar.

 

Terça-feira, dia 13, 15h00  Informação e entrevista a João Relvão Caetano sobre o Congresso Internacional do Espírito Santo.

 

Quarta-feira, dia 14, 15h00 - Informação e entrevista ao padre João Lourenço sobre o novo ano académico na Faculdade de Teologia da UCP.

 

Quinta-feira, dia 15, 15h00 -Informação e entrevista ao padre Jorge Benfica sobre os 50 anos do Movimento Shalom.

 

Sexta-feira, dia 16, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e frei José Nunes

 

Antena 1

Domingo, dia 11 de setembro - 06h00 - Comissão de Liberdade Religiosa em Portugal.

 

Segunda a sexta-feira, 12 a 16 de setembro - 22h45 - Experiências de Liberdade Religiosa em Portugal.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano C – 24.º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrar na alegria de Deus, voltar à vida
 

A liturgia deste vigésimo quarto domingo do tempo comum centra a nossa reflexão no amor de Deus: Deus ama-nos infinitamente; nem o pecado nos afasta desse amor.

Na primeira leitura vemos a atitude misericordiosa de Deus face à infidelidade do Povo, no Sinai; deixa que o amor se sobreponha sempre à vontade de punir o pecador.

Na segunda leitura, Paulo recorda o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo e derramado incondicionalmente sobre os pecadores, transformando-os em pessoas novas.

Em Ano Santo da Misericórdia, o Evangelho oferece-nos três parábolas da misericórdia e apresenta-nos Deus que ama todos os homens e que Se preocupa de forma especial com os pecadores, os excluídos, os marginalizados. A parábola do filho pródigo, ou dos dois filhos, apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em sua casa com uma grande festa para celebrar o reencontro.

Esta parábola é a mais conhecida das três parábolas da misericórdia. Mas as outras duas, a ovelha perdida e a dracma perdida iluminam-nos também sobre o amor e a ternura de Deus.

Sabemos da grande importância que as ovelhas tinham para o pastor. Não podia perder nenhuma. Quanto à dracma, era uma soma importante. Basta pensar que uma família inteira podia viver um dia com duas dessas moedas. Compreende-se que a mulher que a perdeu faça tudo para a encontrar.

Jesus acentua que o pastor procura a sua ovelha

 

 

 

 

 perdida «até a encontrar», a mulher procura a dracma perdida «até a encontrar». Através destas duas personagens, Jesus mostra-nos o amor do Pai: diante daqueles que se afastam d’Ele, que vão por caminhos de perdição, Ele parte à sua procura e nunca para esta procura.

Quando há um naufrágio, por exemplo, efetuam-se buscas para se encontrar as vítimas. Mas, ao fim de um certo tempo, as buscam terminam: já não há mais esperança! Em Deus não é assim. Ele vai até ao fim, Ele encontrará de qualquer modo a sua criatura perdida. Quando encontra a ovelha perdida, Jesus transporta-a aos ombros, leva-a no coração, pleno de misericórdia.

Isso acontece de modo pleno na cruz,

 

onde Jesus encontra a humanidade perdida. Como dizer mais explicitamente a gratuidade da salvação que Ele nos vem trazer? É a mesma luz do Pai que acolhe o seu filho sem nada lhe pedir, que lhe dá gratuitamente a sua dignidade de homem livre, o seu lugar de filho, como se nada se tivesse passado. Como não transbordar de alegria diante de um Deus assim?

Deixemo-nos levar pela Palavra, entremos na alegria de Deus e voltemos à vida, sempre com um coração puro e um espírito firme, como rezámos no belíssimo Salmo 50, expressão da fecunda misericórdia de Deus.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Isso acontece de modo pleno na cruz, onde Jesus encontra a humanidade perdida. Como dizer mais explicitamente a gratuidade da salvação que Ele nos vem trazer? É a mesma luz do Pai que acolhe o seu filho sem nada lhe pedir, que lhe dá gratuitamente a sua dignidade de homem livre, o seu lugar de filho, como se nada se tivesse passado. Como não transbordar de alegria diante de um Deus assim?

Deixemo-nos levar pela Palavra, entremos na alegria de Deus e voltemos à vida, sempre com um coração puro e um espírito firme, como rezámos no belíssimo Salmo 50, expressão da fecunda misericórdia de Deus.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

Misericórdia, a identidade de Deus

 

O Papa rejeitou no Vaticano as visões religiosas que usam o “nome” de Deus para justificar a violência e convidou os católicos a “transformar o mundo”, inspirados pela sua fé. Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal, Francisco alertou para os que “reduzem Deus a um falso ídolo” e “usam o seu santo nome para justificar os próprios interesses, até mesmo o ódio e a violência”.

 

 

A intervenção sublinhou a importância de distinguir as “imagens de Deus” construídas por alguns da sua “real presença” na humanidade. O Papa observou que algumas pessoas desenvolvem uma fé que “reduz Deus ao espaço limitado dos próprios desejos e das próprias convicções”.

“Mas esta fé não é conversão ao Senhor que se revela; pelo contrário, impede o Senhor de provocar a nossa vida e a nossa consciência”, advertiu.

 

 

 

 

 

Para outros, prosseguiu, Deus é “um refúgio psicológico” no qual encontram segurança nos momentos difíceis. “Trata-se de uma fé dobrada sobre si mesma, impermeável à força do amor misericordioso de Jesus que conduz em direção aos irmãos”, precisou.

“Outros ainda consideram Cristo somente como um bom mestre de ensinamentos éticos, um entre tantos outros na história. Finalmente, há quem sufoque a fé numa relação puramente intimista com Jesus, anulando assim o seu impulso missionário, capaz de transformar o mundo e a história”, acrescentou.

A catequese de Francisco tinha partido de uma afirmação, “É a misericórdia que salva”, colocando a ação de Jesus Cristo, centrada na “misericórdia” como concretização do discurso de João Batista, que anunciava a “justiça” de Deus. “Comprometamo-nos a não colocar nenhum obstáculo ao agir misericordioso do Pai e peçamos o dom de uma fé grande, para que também nós sejamos sinais e 

 

 

instrumentos de misericórdia”, apelou o Papa aos presentes.

“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para punir os pecadores nem para destruir os maus”, mas a eles é dirigido “o convite à conversão, para que, vendo os sinais da bondade divina, possam reencontrar o caminho do regresso”.

Após saudar os peregrinos e visitantes reunidos na Praça de São Pedro, Francisco evocou a figura de Madre Teresa de Calcutá, a nova santa da Igreja Católica. “Caros jovens, tornai-vos como ela artesão da misericórdia”, desejou, pedindo ainda que “não faltem nunca nas famílias o cuidado e a atenção aos mais fracos”.

 

 

Síria. AIS lança campanha de emergência
para as vítimas da guerra

“Por favor, ajudem-nos!”

Alepo transformou-se no campo de batalha mais sangrento da guerra na Síria. A vitória ou a derrota deste conflito parece jogar-se ali. Combate-se rua a rua, bairro a bairro. De Alepo chegam-nos gritos de ajuda. Há pessoas encurraladas, cercadas por destruição e morte. Há milhares de cristãos, de pessoas desesperadas que precisam da nossa ajuda agora

 

A imagem do menino Omran Daqneesh, de apenas 5 anos, sozinho, sentado no banco de uma ambulância depois de ter sido retirado dos escombros da sua casa, destruída por uma bomba, em Alepo, tornou-se numa das mais poderosas imagens da guerra na Síria. Cheio de pó e ensanguentado, esta criança está completamente alheada, como se ainda não tivesse tomado consciência de todo o horror que representa.  

 

Omran é apenas uma criança, uma das muitas crianças sírias que nunca conheceram outra realidade para além desta guerra que dura há precisamente cinco anos. Em Alepo há milhares de outras crianças que imploram pela nossa ajuda. É raro o dia em que não chegam da Síria notícias sangrentas. De todas as cidades em guerra, Alepo é a mais fustigada. Parece que a vitória ou a derrota deste conflito se discute ali, nos seus bairros, nas suas ruas, casa a casa. Em Alepo vivem ainda milhares de pessoas. São os mais pobres dos pobres, os que não conseguiram fugir. A cidade está dividida em bairros. Cada bairro é um bastião armado. 

 

 

As pessoas estão encurraladas nestes lugares e não têm como fugir. Num desses bairros está situado o convento das Carmelitas Descalças. A Irmã Anne Françoise contactou a Fundação AIS para pedir ajuda. “As pessoas estão a sofrer e a morrer”, disse. “Por favor, ajudem-nos! As bombas caem à nossa volta, mas não vamos abandonar o povo que está a sofrer.”

 

Ruído das balas

Esta é uma guerra que se escuta, com toda a crueza, dentro dos muros do convento. “Os disparos estão muito próximos. Graças a Deus, ainda não nos atingiram, mas ouvimos as balas por cima das nossas cabeças”, diz a Irmã Anne. No convento das Carmelitas o murmúrio das orações   

 

 
 

mistura-se com o metralhar das balas, o silvo das bombas, o estrondo da destruição e o choro das pessoas. Estas irmãs pedem-nos ajuda. “Por favor, tenham piedade destes milhares de vidas desfeitas pela guerra. Por favor, não se esqueçam de nós. Precisamos das vossas orações e da vossa ajuda prática!” A situação é dramática em Alepo. Tão dramática que a Fundação AIS decidiu lançar uma campanha internacional de ajuda de emergência para as populações dessa cidade, assim como para as famílias dos refugiados internos de Damasco, Tartus e Al Hassakeh, por exemplo. Estas famílias perderam tudo. São milhares de pessoas sem nada. São homens, mulheres e crianças de mão estendida que pedem a nossa ajuda. Será que ficaremos de consciência tranquila se não fizermos nada por todas as outras vítimas desta guerra?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

Cuidar da casa de todos

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Uma das imagens que guardo do Brasil é o ‘mar verde’ da floresta amazónica, atravessada e alimentada pelo grande Rio e seus inúmeros braços. Talvez seja ali o lugar do mundo onde se joga mais a sério o futuro da terra, constituindo um grito por mais respeito, mais sentido ecológico.

A 1 de Setembro, o mundo cristão rezou pelo cuidado do dom da Criação. É uma iniciativa ortodoxa a que o Papa Francisco se associou este ano. A este pretexto, foi publicada na Europa uma declaração conjunta do Conselho Europeu da Conferência de Bispos (Católicos) e da Conferência das Igrejas Europeias (Protestantes e Ortodoxos). Escreveram: ‘Respeito, apreço e contemplação da Criação são preocupações comuns das Igrejas que por ocasião do Dia da Criação apelam a orações comuns e ao fortalecimento do trabalho ecuménico de cuidado da Criação’.

Dizem mais: ‘De acordo com o Evangelho, a responsabilidade pelo meio ambiente nunca poderá ser separada da responsabilidade por outros seres humanos: pelo nosso vizinho, pelo pobre, pelos esquecidos, todos num verdadeiro espírito de solidariedade e amor. Respeitar a Criação significa não apenas protecção e salvaguarda da terra, água e outras partes do mundo natural. É também ao mesmo tempo expressar respeito pelos seres humanos que partilham esses dons e assumir responsabilidades com eles’.

A terminar há um apelo para que todos os cristãos enfrentem os desafios urgentes da degradação 

 

 

 

 

 

 

 

 

ambiental e das mudanças climáticas. É referida a carta encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Si’ sobre o cuidado pela casa comum. O Papa propõe uma reflexão sobre a ecologia vista de uma forma integral: há que respeitar a natureza, mas também amar os pobres.

É louvável o caminho já feito quanto ao respeito que a mãe natureza nos merece. Mas o caminho a percorrer é ainda muito longo. E nunca nos podemos esquecer desta proposta da Papa Francisco de associar á 

 

clássica ecologia (que apenas olha para a natureza) o amor às pessoas que foram atiradas para as periferias e margens da história, tornando-se figuras descartáveis do nosso mundo. Há que tomar a sério o que disse o lendário Arcebispo de Olinda e Recife, no nordeste do Brasil: ‘as pessoas são pesadas demais para serem levadas aos ombros. Eu levo-as no coração’. Fiquemos com estas palavras sábias e santas de D. Hélder Câmara.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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