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Octávio Carmo 20 - Opinião
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Elisa Urbano |
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Foto da capa: DR Foto da contracapa: DR
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Educação Cristã no no novo ano letivo
Querubim Silva | José Luis Gonçalves | Octávio Carmo Manuel Barbosa | Paulo Aido Tony Neves |
Guerra Religiosa? |
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Octávio Carmo |
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O Papa Francisco evocou esta semana a figura do sacerdote francês assassinado por fundamentalistas islâmicos, durante a celebração da Eucaristia, e recordou aquela que deveria ser a regra definitiva de todas as confissões religiosas: “matar em nome de Deus é satânico”. Preparando o seu regresso a Assis, o líder da Igreja Católica quis colocar as religiões na linha da frente do discurso contra o medo, o ódio e o terror. E é na linha da frente que têm de estar, para poder evitar consequências catastróficas de teorias mal construídas sobre a relação Igreja-Estado, mormente quando uma resposta de cariz securitário tende a demonizar o ‘crente que não crê como nós’. Ou, pior ainda, apenas por ser crente. A identidade política carece sempre de um fundo cultural, histórico e religioso que ajude a entender o surgimento de novos protagonismos, na determinação de um sentido e de uma ordem social. Marcel Gauchet, pensador francês, sublinhou a importância de dar atenção à especificidade do fundamentalismo islâmico apontando causas religiosas - não políticas ou sociais - para a violência terrorista. Um choque para europeus que abandonaram o que denomina como “religiosidade fundamental”. A laicidade deve corresponder na Europa à afirmação de um paradigma de pluralidade e respeito, sem qualquer tolerância para a coação |
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ou imposição violenta de convicções - também por parte dos Estados. Não deve apenas “suportar” os crentes, mas dar-lhes o devido espaço de afirmação e promover a proteção efetiva dos que professam as suas convicções, onde quer que os seus direitos sejam violados, como uma causa prioritária. |
Concluindo: não é preciso ‘suspender o Ocidente’ para reagir ao terror. Somos chamados, isso sim, a promover a colaboração e o diálogo entre todas as partes da sociedade, religiosas, políticas, sociais, culturais, para evitar que aos fundamentalismos se responda com novos totalitarismos. |
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Jogos Paralímpicos 2016, Rio de Janeiro
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[Evitar um novo pedido de assistência financeira] "é a minha principal tarefa, o nosso compromisso em matéria orçamental e a redução da despesa pública vai precisamente nesse sentido" (Mário Centeno, Ministro das Finanças, à CNBC, 12/9/2016)
"Espero que o engenheiro Guterres consiga… aliás, penso que vai conseguir ser eleito. Será um secretário-geral extraordinário" (Thomas Stelzer, embaixador da Áustria em Portugal, no XXX Encontro da Pastoral Social, RR, 15/9/2016)
"Fechar fronteiras nunca demoverá os refugiados que conheci pelo mundo inteiro de tentarem alcançar a segurança – para si mesmos e para as suas famílias. Só forçará estas pessoas a passarem por riscos ainda maiores e a sofrerem condições muito mais graves". (Salil Shetty, secretário-geral da Amnistia Internacional, Publico 15/9/2016)
"É fácil enganar-se acerca de Santa Teresa. Porque o que é importante nela não é o que fez, aquilo que criou ou quem foi. O importante é Jesus Cristo. A única grandeza da pequena Anjezë Gonxhe Bojaxhiu, albanesa nascida em 1910, foi ter-se aberto totalmente a Jesus, sendo fiel toda a vida ao que Ele queria dela. A sua obra grandiosa não veio das suas mãos, mas de Quem as guiava" (João César das Neves, DN, 15/9/2016) |
O trabalho das instituições católicas
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O presidente da República Portuguesa associou-se ao XXX Encontro Nacional da Pastoral Social, da Igreja Católica, que decorreu em Fátima, e sublinhou o papel das instituições solidárias num momento de “saída da crise” que prevê ir demorar “um tempo considerável”. “Seria ilusório pensar que a preocupação se esbate na fase da saída da crise”, que “não será nem fácil nem rápida nem homogénea, ou seja, igual para todos”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa numa |
mensagem em vídeo, gravada para a abertura dos trabalhos. O chefe de Estado começou por pedir “desculpa pela mudança de calendário” que o impediu de estar presente, dado ter viajado para a Bulgária, a fim de participar na 12.ª reunião do Grupo de Arraiolos. Rebelo de Sousa quis dirigir-se aos participantes, recordando a “importância da Doutrina Social da Igreja” (DSI) no “travejamento constitucional e na vida do país”. |
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O presidente português assinalou a “forte influência” da DSI na Constituição, que consagra princípios dessa mesma doutrina, como o princípio da “dignidade da pessoa humana”. A intervenção defendeu a importância da Pastoral Social, da “preocupação social na ação de todos os dias” num período que “habitualmente se qualifica como saída da crise”. Esta fase, acrescentou o chefe de Estado português, vai trazer “desafios” nos domínios da “luta pela sobrevivência”, da família, educação, saúde ou da solidariedade social Marcelo Rebelo de Sousa quis deixar uma palavra especial a dar às instituições ligadas à Igreja Católica que “estão a servir a comunidade”, no terreno, e que “garantiram que a crise fosse um pouco menos dura do que aquilo que poderia ter sido, sendo embora muito penosa”. Já o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana,
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(Foto: Ricardo Perna)
D. Jorge Ortiga, encerrou esta quinta-feira o Encontro Nacional da Pastoral Social, com apelos ecológicos que se associaram aos alertas do Papa Francisco. “Cuidar do criado pode ser uma décima quinta e décima sexta Obra de Misericórdia, mas queria vê-la como uma síntese que, vivida, nos assegura que todas as outras 14 estão cumpridas”, disse o arcebispo de Braga, no encerramento dos trabalhos, perante cerca de 300 agentes da pastoral social. |
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É necessário evitar um novo resgate
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(Foto: Ricardo Perna) O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse à Agência ECCLESIA que mais do que temer um novo resgate financeiro a Portugal é preciso evitá-lo, referindo também que a Europa tem de avançar “como um todo”. “Essas coisas causam algum receio a qualquer cidadão, com a responsabilidade que temos de ter todos”, disse D. Manuel Clemente a respeito da possibilidade de um novo resgaste a Portugal, debatida após recentes declarações do ministro das Finanças a uma televisão norte-americana, onde afirma que evitar um novo resgate é a sua “principal tarefa”. |
“Mas mais do que temê-las devemos evitá-las. Apliquemo-nos para que uma coisa desse género não aconteça e convençamos os nossos amigos europeus que ou a Europa avança como um todo ou também aqui em termos de ecologia não funciona”, referiu o cardeal-patriarca de Lisboa. D. Manuel Clemente participou no XXX Encontro Nacional de Pastoral Social, onde convidou a ultrapassar um sistema tecnocrata por outro onde o “ser humano, com todas as dimensões que tem, seja respeitado e seja valorizado”. “A Laudato Sí, sobre a nossa casa comum, sobre a ecologia, é de uma oportunidade crescente, ainda mais do que quando ela saiu”, disse. |
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Morreu D. Arquimínio Rodrigues da Costa |
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O bispo emérito de Macau, D. Arquimínio Rodrigues da Costa, faleceu esta segunda-feira aos 92 anos, na ilha do Pico, Açores, de onde era natural. Angra do Heroísmo, Açores, 14 set 2016 O bispo de Angra presidiu às exéquias do prelado, no dia seguinte, no Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico. “Obrigado Senhor Dom Arquimínio pelo exemplo da sua vida, pelo testemunho eloquente das bem-aventuranças, pelo carregar da dor alheia à imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas Suas ovelhas”, disse D. João Lavrador, na sua homilia, Já o presidente do governo Regional dos Açores destacou, em nota de condolências, que o último bispo português de Macau foi um açoriano que “dedicou a sua vida a servir o próximo em várias paragens”, mas “sempre demonstrou um especial afeto pela sua ilha do Pico e pelos Açores”. D. Arquimínio Rodrigues da Costa, nasceu em São Mateus a 8 de Julho de 1924; em 1938, juntamente com outros dois companheiros, foi levado para Macau por monsenhor José Machado Lourenço, missionário no Extremo Oriente. O jovem entrou |
no seminário de S. José, completando os seus estudos eclesiásticos em Teologia em junho de 1949; foi ordenado sacerdote a 6 de outubro de 1949. O cabido da Sé de Macau elegeu-o como vigário capitular da Diocese em 14 de junho de 1973; três anos depois, Paulo VI nomeou-o bispo de Macau, sucedendo ao também açoriano D. Paulo José Tavares, e a sua ordenação decorreu na Catedral Macaense a 25 de março de 1976. A 6 de outubro de 1988, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Macau; desde janeiro de 1989 fixou residência na sua terra natal. A 7 de novembro de 1988 foi condecorado por Mário Soares, presidente da República Portuguesa, com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito. |
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Encontro Nacional de Pastoral Social
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Matar em nome da religião é satânico
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O Papa Francisco disse esta quarta-feira no Vaticano que o padre Jacques Hamel, assassinado a 26 de julho dentro de uma igreja em França, durante a celebração da Eucaristia, é um “mártir”, considerando “satânico” matar em nome da religião. “É um mártir! E os mártires são bem-aventurados. Devemos rezar para que ele nos dê a mansidão, a fraternidade, a paz, também a coragem de dizer a verdade: matar em nome de Deus é satânico”, declarou Francisco, na |
homilia da Missa em sufrágio pelo religioso, a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta. O sacerdote octogenário foi morto por fundamentalistas islâmicos que tomaram reféns na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, próximo de Rouen, norte de França, antes destes serem abatidos pelas forças policiais. A celebração matinal, no dia da festa litúrgica da Exaltação da Cruz, explica o portal de informação do Vaticano, quis ser um “sinal de proximidade para |
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os familiares do padre Jacques Hamel e de toda a comunidade de Rouen”. Um grupo de 80 peregrinos da diocese francesa, acompanhados pelo seu bispo, D. Dominique Lebrun, participou na Missa de sufrágio. Francisco começou por defender que há hoje na Igreja “mais mártires cristãos” do que nos primeiros séculos da sua história. “Hoje há cristãos assassinados, torturados, presos, degolados por causa de não renegarem Jesus Cristo”, declarou, numa intervenção traduzida para francês com a ajuda de um sacerdote. O padre Jacques Hamel, disse depois, “faz parte desta cadeia de mártires”, dos que sofrem por causa da sua fé. Francisco denunciou a “crueldade desta perseguição”, classificando de novo como “satânica” qualquer tentativa de levar à “apostasia” da própria fé. “Quanto gostaria de que todas as confissões dissessem: matar em nome de Deus é satânico”, insistiu. O Papa evocou a memória do padre Jacques Hamel como um “homem bom, manso, de fraternidade, que procurar sempre a paz” e que |
acabou “assassinado como se fosse um criminoso”. “Esta é a linha satânica da perseguição”, advertiu. Segundo o Papa, o sacerdote assassinado terá “identificado claramente o nome do assassino”, ao dizer, antes da sua morte: ‘Vai-te embora, Satanás’. “Deus a vida por nós, deu a vida para não renegar Jesus. Deu a vida no mesmo sacrifício de Jesus sobre o altar e dali acusou o autor da perseguição: ‘Vai-te embora Satanás’”, prosseguiu. Francisco concluiu com votos de que este “exemplo de coragem” ajude todos a procurar construir a “fraternidade”, sem “medo” dos outros. A Missa teve transmissão em direto pelo Centro Televisivo do Vaticano; em cima do altar, estava uma foto do padre Jacques Hamel. |
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Dia Mundial de oração
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A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores (CPPM), criada pelo Papa, que vai apresentar a Francisco um conjunto de “diretivas” para evitar e enfrentar eventuais casos de abusos sexuais na Igreja. “A comissão desenvolveu um modelo de diretivas na proteção e salvaguarda das crianças, adolescentes e adultos vulneráveis que vão ser apresentadas em breve ao Santo Padre, para a sua consideração”, adianta uma nota da CPPM publicada hoje na sala de imprensa da Santa Sé. O anúncio foi feito após a reunião de trabalho da comissão, durante uma semana, que decorreu em Roma. O comunicado refere que uma vítima de abusos sexuais na sua infância propôs à CPPM a instituição de uma Jornada de Oração como parte do “processo de cura” e da “maior tomada de consciência” destes casos. O Papa Francisco pediu por isso que as Conferências Episcopais dos vários países “escolham um dia apropriado para rezar pelos sobreviventes e as vítimas de abuso sexuais” como partes deste Dia Mundial de Oração. A CPPM manifestou a sua “satisfação” |
com o facto de vários organismos episcopais estarem a dar “passos” para concretizar essa proposta. O comunicado da comissão recorda ainda as recentes disposições do Papa Francisco em relação à responsabilização de todos os que estiveram ligados ao “escândalo de abusos sexuais de menores por parte do clero”. O Papa, sublinham os membros da CPPM, foi “mais longe”, estendendo a responsabilidade dos bispos a outros cargos na Igreja Católica. A comissão anunciou ainda a intenção de criar um sítio oficial na internet, para “impulsionar os esforços” de colaboração com as dioceses e institutos religiosos para fazer da Igreja e da sociedade “um lar seguro para todos”. |
Prémios Nobel e refugiados
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O Papa Francisco vai encontrar-se em Assis, na terça-feira, com seis vencedores do Prémio Nobel da Paz e um grupo de 25 refugiados, para além de vários líderes religiosos mundiais. A presença do pontífice argentino culima a iniciativa ‘Sede de paz - Religiões e culturas em diálogo’, que evoca o 30.º aniversário do primeiro encontro inter-religioso na cidade italiana, terra natal de São Francisco de Assis, por iniciativa de João Paulo II. O Vaticano adianta que são esperados mais de 450 representantes de Igrejas e confissões religiosas, bem como do mundo da cultura, provenientes de diversos países. Seis personalidades distinguidas com o prémio Nobel da Paz vão assumir a função de relatores em mesas-redondas previstas para os dias 19 e 20, antes da cerimónia plenária na qual participa o Papa. A Rádio Vaticano informou que 25 refugiados foram convidados para participar no Encontro Internacional pela Paz em Assis: 10 hóspedes da Comunidade de Santo Egídio em Roma; 10 do Centro de Acolhimento de Requerentes de Asilo (Cara) de Castelnuovo di Porto; e cinco da Cáritas de Assis. |
A lista de participantes no programa divulgado pela Comunidade de Santo Egídio inclui o padre e poeta português José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, no painel ‘Religião e pobres’, esta segunda-feira. O evento é promovido pela Comunidade de Santo Egídio, em colaboração com as Famílias Franciscanas e a Diocese de Assis. O encontro conta, entre outros, com a participação do patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, do primaz anglicano, Justin Welby, e do filósofo Zygmunt Bauman Francisco vai encontrar-se também com o patriarca siro-ortodoxo de Antioquia, Efrém II, um representante do Judaísmo, um do Islão e o chefe supremo do Budismo Tendai (Japão). |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa homenageia sacerdote assassinado na França
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Construir muros: símbolo de uma Europa em crise identitária |
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José Luís Gonçalves |
Entre a Europa ‘aberta-ao-mundo’ que derrubou o muro de Berlim, em 1989, e a Europa ‘fechada-dentro-de-si’ que atualmente constrói muros na Hungria ou em Calais, distam mais do que 25 anos. Este quarto de século representa a distância que separa uma Europa dos ideais humanistas de então de uma Europa contemporânea em crise de identidade. Do ponto de vista da teoria social, foi interrompido um percurso de maturação da cidadania democrática que pode ser explicado nos seguintes termos: se, até ao fim dos anos oitenta do século passado, a ideia aglutinadora da vida em comum era a ‘justiça social’ – o objetivo era a redistribuição de bens para assegurar a liberdade dos membros de uma sociedade -, a partir daí, afirmou-se o paradigma que acentua as condições para a construção de uma sociedade justa através do reconhecimento da integridade e a dignidade de cada um. A passagem da ‘redistribuição’ de bens para todos ao ‘reconhecimento’ da dignidade de cada um constitui, pois, um processo de transição política inacabado. Apanhada algures neste meio caminho, a Europa experimenta simultaneamente os efeitos perniciosos da globalização e o impacto do terrorismo, aos quais se juntam vagas inesperadas de migrantes em busca de segurança e paz. Por medo, a Europa entra em crise e fecha-se. Refém que ainda se encontra de certos abcessos de fixação territoriais e ideológicos, expressos nas |
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tradicionais divisões espaciais como ‘fronteiras’, ‘culturas’ e ‘identidades’, constrói muros: “com o surgimento de um mundo humano conscientemente à mesma extensão que o planeta inteiro é como se nós sentíssemos a necessidade de nos organizarmos, recuando à velha divisão espacial (fronteiras, culturas, identidades) que até agora sempre foram fermento ativo de confrontos e de violência”, explica Marc Augé (Pour une anthropogie de la mobilité, 2009). Imersos nesta crise, assiste-se a uma busca compulsiva por segurança e apego que apela a um caminho de regresso às origens familiares, comunitárias ou étnico-culturais. O retorno ao comunitário, sob o efeito de uma crise económica, é normalmente acompanhado por crises e regressões identitárias - “nós”, os de dentro, contra “eles”, os de fora –, não raras vezes manifestas em fenómenos racistas e xenófobos irracionais explorados por nacionalismos e/ou populismos exacerbados. E quando existem tentativas de objetivar as causas desta crise, procura-se no “outro-estranho”, cultural, imaginário ou simbólico, o bode expiatório. Não é sem razão que muitos estudiosos afirmam existir uma abordagem |
sociológica das crises identitárias pessoais e coletivas que deve ser complementada com a da psicologia clínica ou da psicanálise… Se o espaço civilizacional pelo qual nos designamos ‘Ocidente’ resultou historicamente da mestiçagem axiologia proveniente do triângulo Atenas, Jerusalém e Roma, as conceções de homem, de sociedade e de mundo que inspiraram a ideia de Europa bebem nestas fontes humanistas. Urge, pois, nesta hora, promover uma pedagogia da convivência assente nesta tradição humanista, refazendo criativamente alicerces identitários amplamente experimentados baseados na inclusão, liberdade e solidariedade. |
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Escola do saber, escola de valores |
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José Carlos Patrício
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O novo ano letivo está a começar e com ele uma "mochila" enorme de sonhos, projetos e desejos de futuro. Para mim é um ano especial porque depois da minha filha mais velha, é agora a hora da benjamim começar a sua caminhada, e é tão bonito ver nos seus olhos espelhado o entusiasmo e a alegria de 'ir para a escola'! A educação é uma ferramenta essencial para a vida das nossas crianças, pois é a partir do que aprendem e das experiências que vivem, que começam a definir o tipo de pessoas que vão ser no futuro. Uma educação virada para o saber, para o estudo, feita de letras, de números e teorias é essencial para que os nossos filhos tenham as ferramentas necessárias para se inserirem e imporem na sociedade, neste mundo tão competitivo em que vivemos. Mas é também fundamental que os mais novos sejam educados para os valores, para a 'ciência' do bem-viver com os outros, para a solidariedade, para a ética e o respeito pelos colegas, pelos pais, pelos mais velhos, pela natureza. É por isso que as escolas católicas são tão importantes e têm de continuar a ter o seu espaço na sociedade, por muito que queiram por vezes reduzir a sua importância ou retirar-lhes espaço de manobra, financeiro ou mesmo social. E é por isso que projetos como o Dia Solidário da Faculdade de Economia e Gestão, da Universidade Catolica, que tive ocasião de acompanhar e fazer |
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reportagem (não percam o 70x7 deste domingo!), são tão relevantes. Pois não basta dar conceitos teóricos, é preciso desafiar os jovens, levá-los para o terreno, fazer com que ganhem o gosto em contribuir, em ajudar quem mais precisa, fazer com que assumam o seu papel cívico. Pois aí também se tornam pessoas melhores, mais completas, e ajudam a tornar também o mundo mais justo e digno. |
Claro que aqui entra também a necessidade de dar boas condições aos professores e educadores que, como sabemos, passam por vezes por tantos sacrifícios que depois pouco sobra da sua disponibilidade anímica para ensinar com entusiasmo, para cativar, para inspirar os alunos. Um bom ano para todas as escolas e que elas sejam também verdadeiros laboratórios de cidadania e humanidade! |
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Setembro é um mês de recomeços no campo da Educação Cristã, como em todo o ensino. O novo ano letivo começou sob o signo da recente polémica com os contratos de associação, mas a ação da Igreja Católica ultrapassa largamente esse campo específico. O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição depoimentos de responsáveis pelas áreas da Escola Católica, da Catequese, da formação teológica, procurando enquadrar a ação da Igreja no campo mais vasto de transformação e diálogo cultural indispensável para o desenvolvimento pleno da sociedade. |
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Dos contratos de associação
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Agência ECCLESIA (AE) – Qual a percentagem de alunos nas escolas católicas em Portugal? Elisa Urbano (EU) - De acordo com os dados recolhidos no ano letivo 2015/2016, vemos que 4,5% dos alunos do nosso país, do 1.º ao 12.º ano, frequentam a escola católica.
AE - Numericamente, estamos a falar de quantos alunos? EU - Incluindo a infantil, são 74 170. Esta estatística não inclui algumas IPSS que também são escola católica, |
nem o Ensino Superior, a Universidade Católica, a Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti. Portanto, é uma estatística que não inclui as IPSS, mas que tem a grande maioria das escolas católicas.
AE - Que relevo têm estes números, qual o contributo da escola católica para o ensino em Portugal? EU - Os números são números, não é? Que a escola católica tem importância para Portugal, é evidente, a partir, sobretudo, do momento que é uma |
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escolha dos pais. Os pais, as famílias é que decidem e fazem esta escolha, que deveria ser livre. Não é, mas deveria ser livre. É um direito que está na Declaração Universal dos Direitos do Homem. E a escola católica tem a sua obrigação pastoral de ajudar as famílias a educar os filhos, de proporcionar esta educação, através das congregações ou colégios diocesanos.
AE - Até que ponto é que a própria Igreja Católica tem por imperativo, por obrigação ter uma proposta no ensino? EU - É uma obrigação. ‘Ai de mim se não evangelizar’, não é? Faz parte da evangelização da Igreja, não podemos deixar de proporcionar aos pais esta formação. É evidente que a escolha é dos pais, eles é que têm o direito inalienável, único, de educar os filhos. A Igreja tem de colaborar, mas tudo parte das famílias.
AE - De que forma é que se pode concretizar aqui em Portugal esse direito de escolha de um projeto educativo, tendo em conta que as possibilidades passam sobretudo por uma opção pelo ensino privado? EU - Neste momento, dadas as condições que temos no nosso país |
e as vontades políticas que temos, sobretudo isso - mas também não é fácil, claro - não temos liberdade. O direito dos pais de escolher a educação para os filhos não é respeitado. Está previsto na lei, mas não é respeitado. A liberdade, no entanto, é sempre um caminho a fazer. Claro que o ideal seria que todos os pais pudessem ser financiados pelo Estado para poderem escolher a escola que entendessem para os seus filhos - privada, estatal, católica, de outras confissões. Como entendessem. Obviamente, este é um ideal, neste momento, mas esse é que poderia garantir [a liberdade de escolha]. Na legislação já se prevê, já existe uma forma, que é o contrato simples, que está no estatuto de ensino privado e cooperativo, o apoio dado às famílias mais pobres, mas que deveria ser mais valorizado. É mínimo, não dá possibilidade aos pais de colocarem os filhos numa escola privada.
AE – A diminuição de turmas com contratos de associação (pagas pelo Estado) no ensino particular, nomeadamente nas escolas católicas, está a sufocar ainda mais essa possibilidade de escolha? EU - A situação, neste momento, |
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é muito dolorosa, muito dolorosa mesmo, e ainda não está terminado o processo. Penso que nos próximos anos, alguns colégios irão acabar por ter mesmo de encerrar. Já temos um, da escola católica, que encerrou, o Colégio de Tortosendo, Externato de Nossa Senhora dos Remédios [Diocese da Guarda, ndr].
AE - A possibilidade de concretizar esse direito da liberdade de escolha poderia concretizar-se no desenvolvimento dos contratos simples? EU - Talvez. Existe um debate, um estudo a fazer. Eu sei que, neste |
momento, está tudo muito escuro, ainda. O que é muito claro, porém - desde que todo este processo com as leis de contrato de associação começou, esta crise, a pior até ao momento -, é que a Universidade Católica, a Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), o Fórum para a Liberdade de Educação (FLE), a Confederação Nacional das Associações de Pais (CNAP), todos perceberam que parte muito da procura de novos caminhos, unidos, |
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provocar e produzir um debate nacional sobre esta questão. Porque há muita ignorância, também. Os pais não sabem os direitos que têm e por isso não lutam por eles. Julgo que é necessário um debate nacional que, neste momento, não houve. Chegamos a este processo sem haver diálogo, não foram ouvidas as comunidades, não foram ouvidas as famílias, não foram ouvidas as escolas. Deu-se assim uma machadada, que não tem outro nome, nos colégios.
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AE - Mais do que nos colégios, se calhar, na possibilidade de escolha por parte das famílias. EU - A redução dos apoios do Estado fez com que alguns colégios, agora, tenham de fechar portas. Por isso, não é só as turmas que foram reduzidas, é o colégio inteiro. O preço disto vamos pagá-lo caro, e ainda não se consegue fazer uma avaliação dos danos - dos danos humanos, em primeiro lugar, das famílias que andam com os filhos de um lado para o outro. Aqueles |
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que apostaram, por exemplo, num colégio, apesar da instabilidade e que veem as portas encerradas em setembro, como aconteceu a semana passada.
AE - É possível avaliar quantas escolas católicas foram afetadas pela redução do número de turmas com contratos de associação? EU - Como eu disse, o processo ainda não está concluído, porque a situação começou com o corte nas turmas de iniciação, mas neste momento há colégios que estão a encerrar. Um já encerrou e outros não sei o que lhes irá acontecer, de imediato ou no futuro breve, porque as turmas de continuidade também não foram, algumas validadas pelo Ministério [da Educação]. Portanto, neste momento penso que, dentro das escolas católicas, que havia 27 com contrato de associação, uma já encerrou, oito sofreram redução de turmas em início de ciclo… Apenas oito não foram afetadas de imediato. São dados que me chegaram da APEC. Isto está muito, muito complicado.
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AE - Desse universo de 27 escolas católicas, o presidente da APEC, em artigo publicado neste semanário, diz que mais de metade podem fechar a médio prazo. EU - As situações estão a ser estudadas nos colégios. Eu tenho conhecimento de que se têm encontrado diferentes soluções. Há colégios que puseram os professores mais velhos em layoff, alguns que despediram mesmo, há outros que pensam encerrar as portas. A luta ainda não terminou, mas está a ser terrível, porque é o pessoal docente, é pessoal não-docente, e instabilidade para os alunos e para os pais No levantamento feito no final do ano letivo passado, o ministério retirou 96 turmas de iniciação a 27 escolas. Agora, há turmas de continuidade que não foram validadas. Sem as turmas de iniciação, o próximo ano não terá turmas de continuidade. Isto é morte imediata para alguns e, para outros, morte a curto prazo. Números rigorosos não conseguimos ter ainda. Há escolas que ainda estão a decidir se fecham ou não.
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AE – O debate em torno da liberdade de escolha deve fazer-se tendo por referência os contratos de associação? EU – Os contratos de associação têm uma história de 30 anos. Na minha opinião não é a melhor solução porque dão instabilidade muito grande aos colégios, uma vez que estão dependentes dos concursos do Estado, e fazem com que não haja uma verdadeira liberdade pedagógica dado que, sendo considerado ensino público, a inspeção levanta por vezes dificuldades em relação à realização dos projetos educativos nesses colégios, como é o caso da obrigatoriedade da disciplina |
de Educação Moral e Religiosa Católica. Os contratos de associação também não permitem uma verdadeira escolha, uma vez que existem onde não havia oferta estatal, e os alunos que não queiram o projeto católico (apesar de serem respeitados nas escolas católicas) não podem ir para outra escola. Liberdade é para todos e para tudo! Estamos numa sociedade plural e a escola católica tem de aparecer a par de outras ofertas. Mas sem negar a história. O que se fez neste momento, ao destruir colégios, foi negar a memória e o trabalho feito e de uma forma quase irresponsável. |
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AE – Não sendo esta a via ideal para a liberdade de escolha, qual o caminho a seguir? EU – Já referi que será necessário um debate alargado com pais, APEC, SNEC, a Universidade Católica, o Ministério da Educação… Todos os interessados porque todos somos responsáveis pela educação. O Papa Francisco diz que o pacto educativo está quebrado. E é verdade! Temos de o reconstituir primeiro para depois encontrar propostas de conjunto. O ideal seria eu escolher a escola que quero para o meu filho, em pagar impostos duas vezes, como acontece neste momento a quem tem os filhos nas escolas privadas. Esse tem de ser o farol! Como todas as liberdades constroem-se, partindo do diálogo, de uma concertação.
AE – Há interesse e vontade para que esse diálogo aconteça em Portugal? EU- Não o sinto… Acho que neste momento em Portugal o Governo só vê números na frente…
AE – É uma questão de números ou ideologia na educação? EU – Podemos sentir as verdadeiras intenções, mas temos de ser objetivos e falar do que é possível constatar com realismo. O que se fala é de gestão de recursos materiais.
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AE – De que forma o SNEC está a acompanhar o esforço das escolas que viram reduzido o número de turmas com contratos de associação? EU – Estamos em permanente diálogo com a APEC e a AEEP para saber o que está a acontecer. No entanto, a AEEP iniciou um inquérito às escolas privadas para fazer o ponto de situação, mas ainda não conseguiu reunir todas as respostas. Apenas 10 escolas católicas responderam. Neste momento, os diretores estão mais preocupados em tentar gerir humanamente o que está a acontecer nas escolas do que em responder a inquéritos por causa dos despedimentos. Alguns estão em autêntico desespero e assumem que não podem transmitir as angústias ao corpo docente, uma vez que têm de manter o barco. E tem havido testemunhos cristãos incríveis de diretores, de professores, de pais, a fazerem tudo para levar o barco para a frente, acreditando sempre que há de haver uma solução, mesmo não sendo a que se desejava.
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AE – Há processos a decorrer nos tribunais portugueses por causa do cancelamento de turmas de iniciação nas escolas com contratos de associação. Terminada esta fase, caso a decisão não seja favorável, os processos poderão seguir para outras instâncias? EU – O presidente da Organização Internacional de Escolas Católicas (OIEC) e do Comité Europeu da Escola Católica (CEEC) passaram por Portugal e essa foi uma questão que lhes colocamos. Terminado o processo legal de contestação em tribunal que os colégios com contratos de associação considerem ter direito (e várias providências cautelares foram colocadas pelos colégios nos tribunais), podemos recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, porque em causa está um direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem. O direito dos pais escolherem a educação dos filhos é irrenunciável! A educação é sempre muito apetecível para toda a gente porque dela depende o futuro do país. Controlando a educação controlamos o país! E, como diz o Papa Francisco, uma sociedade educada nunca é |
escravizada. Pergunto-me, por isso: quando pensamos no futuro do nosso país? Que tipo de adultos queremos para o nosso país? Pessoas livres, pensantes, com liberdade para se comprometerem com a sociedade ou queremos só um modelo de educação e controlada não sei a quem, mas aos pais por certo que não? |
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Escolas Católicas em CA - Situação atual |
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O panorama da Educação em Portugal é, no mínimo, confuso e muito preocupante. A tentação do totalitarismo educativo subiu à ribalta, numa primeira fase em 2007, com a constituição da Parque Escolar, com o objetivo de invadir todo o espaço físico educativo e impor a unicidade educativa dirigida pelo Estado, agravada com as decisões de final de 2010, pela imposição de um corte de financiamento na casa dos 30% ao ensino privado com CA (Contrato de Associação) e o corte de turmas do mesmo CA no ano letivo imediato, com base num estudo de Rede escolar nada transparente e tendencioso. A guerra sobre os custos por aluno no estatal e no privado nunca foi dirimida, uma vez que nunca foram publicados dados claros sobre o custo na escola estatal; e os dados publicados, por diversas entidades, favoreciam claramente a economia que o privado representa. No início deste ano, o DN 1-H/2016, veio trazer novas dificuldades, com a aplicação de uma norma de limitação geográfica que reduz ao ensino privado as possibilidades de abrir turmas a todos os alunos que as procurem e com a denúncia unilateral do contrato trienal, celebrado com |
os estabelecimentos de ensino no ano passado. O termo de abertura de novo concurso, violando o anterior, determina uma redução de concessão de turmas em início de ciclo, a qual exprime claramente a ideologia pombalina de atribuição ao Estado de todo o serviço educativo. A curto prazo o CA vai terminar. Nesta encruzilhada são apanhadas também as Escolas Católicas. Eram 27 as ECs com CA. E digo eram, porque uma já encerrou. Dessas ECs, 11 perderam todas as turmas em início de ciclo. E mais 8 sofreram redução de turmas em início de ciclo. Ou seja: apenas 8 não foram afetadas de imediato. Esse número de escolas perdeu 94 turmas, que acolheriam 2571 alunos. Em face do presente, 12 dessas escolas poderão encerrar, a menos que venham a ter alunos suportados por pagamento de propinas. A concluir, podemos prever que, dentro de médio prazo, poderão continuar a prestar serviço público de educação apenas entre 5 a 10 escolas privadas católicas, se, entretanto, o projeto de absorção total do espaço educativo por parte do estado não vier a ser concluído. A APEC (Associação Portuguesa de Escolas Católicas) |
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acompanha com apreensão todo este desenrolar de acontecimentos. O direito internacional consagra a liberdade de oferta educativa. A Igreja tem o direito e o dever de oferecer, por missão, um projeto educativo integral de matriz evangélica. Os Pais têm o dever primário e irrenunciável |
da educação dos filhos e o direito de escolher o padrão educativo. O Estado português tem obrigação constitucional de apoiar os Pais na concretização desse dever e direito. Padre Querubim Silva Presidente da Associação das Escolas Católicas (APEC)
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Igreja pretende «oferecer educação de qualidade, caminho com valores e ambiente comunitário» |
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O presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé considera que “não houve esclarecimento” sobre os contratos de associação que pretendiam “oferecer educação” a quem onde não havia escola pública. “Não havia qualquer interesse da Igreja, foi um serviço prestado à sociedade, com qualidade. Essas escolas hoje são desejadas pelos pais porque têm acompanhamento pessoal, as crianças, adolescentes, jovens estão em família, têm propostas”, disse D. Manuel Pelino à Agência ECCLESIA. O presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé considera que “não houve esclarecimento ao público” do papel dos Contratos de Associação que, “no fundo”, tinham como objetivo “oferecer uma educação” àqueles que não tinham possibilidade de ir à Escola Pública. Para o bispo de Santarém o serviço prestado pelas escolas com contratos de associação “é um estímulo” para a oferta da escola pública “não ser |
apenas só de conhecimento” mas ter um ambiente comunitário. “O que nós desejávamos é oferecer uma educação de qualidade que não fosse apenas de conhecimentos mas também um caminho com valores, objetivos e ambiente comunitário. É isso que deve estar presente na escola privada, na escola com contratos de associação e na escola pública”, desenvolveu o bispo diocesano. As declarações do prelado realizaram-se à margem da cerimónia de descerramento da placa comemorativa do Prémio ‘Europa Nostra 2016’, da Comunidades Europeia, atribuído ao trabalho de reabilitação da Catedral e do Museu Diocesano de Santarém implementado no projeto ‘Rota das Catedrais’. Neste contexto, o presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé observou que o museu é uma excelente pedagogia em termos de formação cristã porque está muito presente “a palavra e a escrita e a imagem tem influência profunda”. “Aquilo que os olhos veem é aquilo |
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que a mente guarda e o coração também conserva e passa a vida. A evangelização pela imagem é um caminho que, neste momento, precisa de ser mais desenvolvido, passar um pouco da doutrina à visibilidade de imagens e referências concretas”, desenvolveu D. Manuel Pelino. O bispo de Santarém assinalou que tanto para a presença da Igreja na escola, como na comunidade cristã “é incentivo a valorizar o património, a memória” e fazer da Educação Cristã |
“não apenas a transmissão de conhecimentos” mas a “oferta de referência para a vida”, para caminhar, para ter-se um objetivo. “É um estímulo a rever a nossa catequese, o paradigma da doutrina, o paradigma escolar está muito presente e gente tem de passar para outro, da imagem, do caminho, do dinamismo da vida cristã”, acrescentou o presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé. |
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Catequese: um recomeço, um projeto |
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Caríssima família: imagino que nas entrelinhas do seu coração ande às voltas com inúmeras preocupações relacionadas com o início do ano escolar, as atividades extracurriculares, a catequese e, sobretudo, com a tarefa de “todos os dias educar”! Pois bem, e se conversássemos desse mundo de desafios, preocupações e interrogações…? Tenho a certeza de que dá o seu melhor para acompanhar o crescimento deste SER especial, a que chama filho/a, desta prenda recebida das mãos do AMOR, que para nós é «DEUS». Sei que procura fazer as opções mais adequadas, pôr em prática os gestos educativos mais significativos para que o “seu tesouro” venha a ser uma pessoa sábia, autêntica, livre, resiliente, criativa, capaz de amar e ser amada, apta para participar na faina de um mundo mais humano. Numa palavra, tudo faz para que ele venha a ser um adulto FELIZ e capaz de fazer felizes os outros! Pois bem, ao inscrever e ao acompanhar a sua filha ou o seu filho na catequese está a dizer SIM não só a um projeto educativo mas a um PROJETO DE VIDA e a um PROJETO FAMILIAR que permite não só |
desenvolver as capacidades humanas, mas, sobretudo, possibilita o aprofundamento ou descoberta da fascinante realidade de SER FILHO/A AMADO de DEUS e MEMBRO DE UMA COMUNIDADE DE IRMÃOS. Um projeto que permite ao seu filho/a viver sintonizado na fonte do AMOR, do BEM e viver aconchegado no coração d’Aquele que lhe dá a alegria de sentir-se eternamente querido e amado, em todas as situações! Um projeto educativo/de vida que gera uma vida HUMANIZADA em FAMÍLIA e na sociedade. Para iniciar e acompanhar o percurso catequético, (sabendo que sem o apoio dos pais a catequese tem dificuldade em realizar a sua missão), sugerimos que em família:1-Treine os LAÇOS, o AMOR e o PERDÃO, dizendo-se uns aos outros, como aconselha o Papa Francisco: obrigado, com licença, desculpa (Pequenas palavras que mudam uma vida).2-Treine o coração a SER AGRADECIDO (a gratidão é fonte de vida), agradecendo as pequenas coisas boas do dia. 3-Treine o coração para VER, ESCUTAR, SABOREAR, PARTILHAR as coisas belas.4-Treine as MÃOS para fazer o bem, «sem olhar a quem», realizando gestos em casa, na rua, na escola, no trabalho… |
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5-Crie o cantinho da oração onde coloca: uma toalha, uma Bíblia, um crucifixo e… 6-Reze todos os dias e leia um trecho da Bíblia. 7-Faça download da Bíblia para o seu telemóvel. 8-Celebre, semanalmente, a EUCARISTIA. Aí, experimentará o amor de Deus que se faz presente, cura e perdoa, aí dará graças pela vida, aí suplicará a ajuda do Deus que é Pai, aí partilhará a alegria de sermos uma comunidade de irmãos. 9- E, nunca se deite sem contar ao seu filho/a as coisas boas que Deus fez acontecer ao longo do dia! 10-Acompanhe o seu filho/a à catequese e evite que falte, pois o grupo sentirá a sua falta e ele perderá a oportunidade de crescer e de aprofundar a relação com Jesus.11-Partilhe com o catequista o seu projeto educativo e procure saber quais os projetos da catequese.12-Cada semana, converse sobre o tema da catequese e faça a ligação do mesmo com a vida. Realize as tarefas propostas no catecismo.13-Participe nas atividades, momentos de oração, retiros, encontros. 14- Como educador, como exemplo de vida, procure meios para aprofundar a sua fé, conhecer melhor a Palavra, o que significa a eucaristia, o sacramento da reconciliação…
----Caríssimo catequista: sei que VIVE e TESTEMUNHA todos os gestos |
que foram propostos à família, pois sabe que é com o testemunho que se “contagia a Boa Notícia do Reino”! Por isso, para além das sugestões à família recordo a urgência de: 1-Cuidar os laços, acolhendo a todos ao jeito de Jesus, estabelecendo o diálogo com cada família e alimentando os laços no grupo e com a comunidade. 2- Celebrar a Eucaristia com os catequizandos, orar diariamente por eles e pelas suas famílias. 3- Partilhar a forma como vive na comunhão com Cristo e realizar com os catequizandos gestos de misericórdia.4- Preparar com rigor a catequese… 5- Contar boas notícias em cada encontro. 6- Integrar as famílias no processo catequético e na comunidade… 7- Reunir com o grupo de catequistas para meditar a Palavra, orar, fazer formação e participar na reflexão sobre a catequese. Trata-se de procurar caminhos para que a catequese possa ajudar os catequizandos a conhecerem, celebrarem, rezarem a sua fé e integrarem a comunidade. E como não terminar pedindo que comigo suplique: «Dá-nos, Senhor a graça de acolher o trabalho das Tuas mãos nas nervuras do que faz os dias, para que aconteça em nós e entre nós o Teu Reino». BOM e FELIZ ano pelos caminhos em que à frente vai o Mestre! Isabel Oliveira Diretora do Secretariado Diocesano da Educação Cristã do Porto |
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Faculdade de Teologia para todos
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O diretor da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), destacou algumas propostas formativas da instituição para o novo ano académico 2016/2017 que tem como slogan ‘Teologia para todos’. “A Teologia não é apenas questão de clérigos, que toca à Igreja. Os sacerdotes têm uma formação mais aprofundada, mais científica, mas não se esgota ai. É bom que a Igreja sinta que todos são dinamizados e convidados a este aprofundamento”, explicou o padre João Lourenço à Agência ECCLESIA. |
No âmbito do slogan ‘Teologia para todos’, que pretende chegar a um universos mais alargado de alunos seja nos cursos curriculares, presenciais e em regime de e-lerning, o responsável sublinha que “aprofundar a teologia é a mesmo aprofundar a fé”. Neste contexto, o diretor da instituição de ensino católica indica que para além de procurarem que a Teologia seja estudada “ao nível mais científico” nos chamados graus civis e graus canónicos que são acreditados pelo Ministério do Ensino Superior e pela Santa Sé – licenciaturas, mestrados, |
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doutoramentos, pós-doutoramentos – têm “numa perspetiva mais alargada” cursos em regime presencial e e-lerning “com objetivos científicos e de aprofundamento”. A Faculdade de Teologia, segundo o padre João Lourenço, aposta em “quase acompanhar” o que é a sensibilidade da Igreja e vão ter o curso ‘Pensamento Social Cristão. Memória e projeto’, dedicado à “Doutrina Social da Igreja e à realidade social” atual, em colaboração com a Cáritas Portuguesa, entre outubro e julho de 2017. Em regime de ensino à distância mas “com apoio fortíssimo de textos complementares” vão ter a segunda da formação avançada ‘O mundo da Bíblia’ que proporciona uma “estrutura de base muito importante” para as pessoas puderem ler o texto sagrado conhecendo a geografia, história e cultura loca. A Faculdade de Teologia oferece este ano letivo como novidade a formação ‘Concílio Vaticano II. 50 anos depois’, para “ajudar” as pessoas a refletir sobre “o acontecimento Concílio, os protagonistas, a mensagem e a receção dessa mensagem”. A nível presencial o padre João Lourenço destaca a formação |
dedica ao evangelista São Mateus, do próximo ano litúrgico, todas as quartas-feiras de novembro. Segundo adianta o sacerdote franciscano, a partir de janeiro de 2016, a faculdade vai proporcionar uma formação para voluntários na área da Saúde para pessoas que dão apoio “em todas as áreas da saúde”, em qualquer âmbito. O diretor da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa assinala que já têm “mais alunos a frequentar estes cursos que os de grau académico” e sublinha que a instituição é “projeto nacional” que “faz parte da identidade da UCP onde procuram “ser um coração ativo e dinâmico” em Braga, Porto e Lisboa. O padre João Lourenço destaca ainda que a Faculdade de Teologia “estabelece diálogo” com as academias, organizações, instituições científicas no interior e exterior do universo Universidade Católica Portuguesa, numa “colaboração muito rica que orgulha muito”, como comprova uma avaliação internacional de fevereiro que diferencia essa “capacidade de dialogar”. |
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Renovação da Catequese em Portugal
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A 190ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), órgão máximo do episcopado português vai refletir, de 7 a 10 de novembro próximo, no documento dedicado à renovação da catequese. Em declarações à Agência ECCLESIA, no final da reunião do Conselho Permanente da CEP, o padre Manuel Barbosa deu conta dos trabalhos da próxima Assembleia Plenária com |
destaque para "uma Carta Pastoral sobre o Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima" e a "aprovação do documento ‘Catequese: a alegria do encontro com Jesus Cristo’ que tem como principal objetivo fomentar a reflexão sobre a catequese atual e recolher o contributo de responsáveis de todas as dioceses". O secretário da CEP afirmou que "esta auscultação foi muito importante" |
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porque permitiu contactar com "agentes pastorais e pais", auscultando todos os intervenientes. Segundo o padre Manuel Barbosa "aposta-se na catequese familiar" e, em concreto, vão "perceber o que isso significa", para perceber como incentivar a Educação Cristã "através da catequese". Quanto ao início do novo ano escolar, o porta-voz da CEP manifestou o “desejo” dos bispos portugueses de que as aulas comecem “de forma normal”, alertando para as "graves consequências" que derivam da não |
abertura de novas turmas de início de ciclo, já neste ano letivo, em vários colégios com contratos de associação. Consequências que levaram ao "despedimento" de professores e funcionários, com "pagamentos de indemnizações". “A posição da Igreja é que os contratos são para ter em conta”, disse o padre Manuel Barbosa apontando para "um problema de fundo, mais abrangente”, que vai ao encontro da defesa de “valores essenciais” que têm de continuar a ser salvaguardados, como o “direito dos pais a escolher a educação dos filhos”. |
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Escolas católicas unidas pela «liberdade de escolha» na educação
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Este ano letivo começa com as escolas católicas em defesa da "liberdade de educação e de escolha do projeto educativo". Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor do Externato de São Vicente de Paulo, em Lisboa, frisa a importância de garantir esse direito aos pais, numa altura em que a questão dos contratos de associação entre o ensino privado e o Estado tem vindo a dificultar o início dos trabalhos, em várias escolas. “Os pais têm todo o direito de escolher o projeto educativo que
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querem, independentemente de ser na escola pública ou na escola privada, é um direito que lhes assiste”, realçou Rogério Frazão, que sobre a questão dos contratos de associação defende que “tem de ser um caminho de diálogo”. No entanto, há uma coisa de que este responsável não abdica: “somos escola católica mas prestamos um serviço público”, assinala. Uma afirmação assente no facto das escolas católicas não terem como prioridade “o dinheiro” mas sim a “qualidade da oferta educativa” e |
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a “formação integral dos alunos, em parceria com a família”. “Nós temos um preçário mas procuramos ajudar quem precisa, uma criança não vai embora porque o pai ficou desempregado, se aconteceu um acidente na família”, aponta Rogério Frazão. Situada no Campo Grande, em Lisboa, o Externato de São Vicente de Paulo está ligado à Companhia das Filhas da Caridade e não tem contrato de associação mas sim contrato simples. Acolhe atualmente alunos desde o pré-escolar até ao 9.º ano. Mais para sul, no Concelho de Odemira, no Alentejo, encontramos o Colégio de Nossa Senhora da Graça, ligado ao Instituto de Nossa Senhora de Fátima e uma das primeiras escolas católicas a firmar contrato de associação com o Estado. Para Natália Cabecinha, diretora daquele estabelecimento de ensino, é fundamental que todos os pais tenham “igualdade de oportunidades” na escolha da educação que querem para os seus filhos. “Mesmo os pais que procuram uma escola privada, verificamos que eles pagam duas vezes, pagam através dos seus impostos e pagam |
a anuidade que o estabelecimento de ensino pede”, recorda aquela responsável. Sobre a polémica com os contratos de associação, Natália Cabecinha revela que na sua escola o assunto já custou “a perda de duas turmas do 5.º ano, de iniciação”. O que tem provocado constrangimentos à instituição, admitiu. |
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Escolas católicas em Fátima
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O Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) em parceria com a Associação Portuguesa das Escolas Católicas (APEC) e a Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima [COCAF) vai realizar, no próximo dia 21 de outubro, sexta-feira, a III Peregrinação Nacional das Escolas Católicas a Fátima. Subordinado ao tema «O Senhor Fez Maravilhas» a Peregrinação tem início pelas 10h30 com a concentração das Escolas junto da Cruz Alta, já no recinto do Santuário de Fátima. Pelas 11h00 inicia-se a procissão até à Capelinha das Aparições onde terá lugar a saudação a Nossa Senhora seguida de uma celebração Mariana.
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Tarde CulturalIntegrada nesta Peregrinação, e no âmbito das comemorações do centenário das aparições de Fátima, as EC promovem uma sessão cultural de saudação a Maria, intitulada «Pela arte até Maria», Para este efeito, realizou-se um concurso aberto a todas as escolas católicas. Nesse dia, serão apresentados em palco os 4 melhores trabalhos selecionados tendo em conta os critérios constantes do regulamento elaborado para o efeito. A separar cada apresentação das EC, serão visualizados os «vídeos-sínteses» de todas as EC que participaram com trabalhos. Pelas 16h00 dá-se o encerramento |
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da III Peregrinação Anual das Escolas Católicas a Fátima. Em declarações ao EDUCRIS, a professora Elisa Urbano, do Departamento das Escolas Católicas, apelou a que "toda a comunidade educativa das nossas escolas participe". Para esta responsável "é necessário mobilizar todos os alunos, famílias, docentes e não docentes das nossas escolas" de modo a "podermos manifestar, junto a Maria, nossa
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Mãe, o espírito de comunhão que a todos nos une, na certeza de que Nossa Senhora nos acompanha e ampara na nossa Missão". No sentido de melhor se preparar este acontecimento, inserido nas Comemorações do Centenário das Aparições de Fátima, a organização pede aos participantes que preencham o formulário online para inscrição na atividade. |
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A Mensagem de Fátima na Rússia |
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O jornalista e historiador José Milhazes assina o livro ‘A Mensagem de Fátima na Rússia’ apresentando uma investigação sobre “dois fenómenos universais centenários” analisando as Aparições de Fátima e a Revolução Comunista na Rússia. “Não tive como objetivo discutir o fenómeno das aparições [de Fátima], limitei-me muito a apresentar factos, nomeadamente quando surge pela primeira vez a temática de Fátima na Rússia”, disse o escritor português José Milhazes. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a assessoria de Imprensa e de Divulgação em serviço para a Alêtheia Editores informa que o questionamento sobre “um ícone ortodoxo numa igreja ortodoxa por detrás do Santuário de Fátima” foi o ponto de partida para o investigador escrever ‘A Mensagem de Fátima na Rússia’. A publicação está dividida em seis capítulos e a Alêtheia Editores destaca a apresentação de“documentos inéditos”, relacionados com a história da ex-União Soviética, para além de contar a história do Ícone da Mãe de Deus de Kazan. |
“Limitei-me a pegar nos documentos existentes, com muito cuidado, porque as palavras pesam”, referiu o jornalista José Milhazes, que teve também como preocupação “não melindrar as relações entre a Igrejas Cristãs Ortodoxa e Católica”, um tema desenvolvido no primeiro capítulo – “Para quando a união das duas Igrejas irmãs?”. Para o autor historiador, o Papa São João Paulo II é uma “figura central” que se destaca na relação Fátima–Rússia. “O facto de ser um Papa eslavo muito contribuiu para a desintegração do Comunismo e da Europa de Leste”, observou. A obra foi apresentada pelo diretor do Gabinete de Comunicação do Opus Dei em Portugal, Pedro Gil, que começou por sugerir o livro “A Mensagem de Fátima em Portugal” uma vez que “todos sabem o que é Fátima” mas “poucos conhecem” a sua mensagem. “Um livro de teor histórico e suficientemente autoexplicativo, com uma quantidade de fontes históricas que impressiona. É a segunda parte do Segredo que faz com que exista este livro”, acrescentou. Pedro Gil observou que a relação |
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da Mensagem de Fátima com conversão da Rússia é uma “mensagem sobre o futuro” e contém “um evidente enigma” porque não se sabe “se está ou não concretizado”. “O livro faz o retrato não da Rússia a que se referia a visão, tema que não entra, mas da Rússia que surge em 1917 e depois se expande em 1945”, acrescentou o diretor do Gabinete de Comunicação do Opus Dei em Portugal. A segunda “previsão” de José Milhazes, segundo o apresentar da obra, é que o Papa Francisco, traga em 2017 para Fátima o Ícone de Kazan |
para que “ocupe o lugar da relíquia russa no Templo Bizantino por detrás da Basílica de Nossa Senhora de Fátima”. A responsável da Alêtheia Editores, Zita Seabra, adiantou que publicação “chamou a atenção” de editores na Ucrânia e na Polónia, que estão interessados em publicá-la nos seus países, nos respetivos idiomas, adianta o comunicado. O livro ‘A Mensagem de Fátima na Rússia’ apresenta na capa o ícone de Nossa Senhora de Fátima que é venerado na Igreja de S. João Baptista em São Petersburgo. |
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II Concílio Vaticano: Mundo moderno contribuiu para uma melhoria da Igreja |
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Durante os debates conciliares, muitos participantes desta assembleia magna realizada no Vaticano (1962-65) acusaram o mundo moderno de ter colocado entraves na evangelização. Quando se discutia o «famoso» esquema 13, a maioria dos padres conciliares apontava os males e os gemidos nascidos com o mundo moderno. No entanto, a assembleia também tinha vozes dissonantes. Foi o caso do bispo de Metz (França), D. Paul Joseph Schmitt, que em nome de setenta bispos, fez referência às virtudes do mundo moderno e “deu-lhe graças por ter contribuído para uma melhoria da Igreja”. Na obra «O Diário do Concílio» de Henri Fesquet, lê-se que o prelado daquela diocese francesa enumerou alguns fatos positivos do mundo moderno. “Um maior interesse pela liberdade religiosa”; “Uma valorização, graças à socialização, dos aspetos comunitário e colegial” e “O alargamento das dimensões da sua justiça e até da sua caridade”. D. Paul Joseph Schmitt realçou também, na Basílica de São Pedro, que o mundo moderno trouxe “uma melhor vivência da sua catolicidade, graças às novas interdependências entre os vários povos e civilizações” e “Uma melhor compreensão do carácter vivo da sua Tradição, graças ao espírito de pesquisa e de invenção que no mundo profano se manifesta”, lê-se no Volume III da obra de Henri Fesquet (página 130). A Igreja deve “dar graças por tudo o que o mundo apresenta de esforço para o mais humano e tentar transpor”, para a sua vida, os valores positivos que o “mundo de hoje lhe oferece, tais como o sentido |
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da liberdade e dignidade humanas, a preocupação pela verdade científica e pela verdade histórica”, ainda que para isso, para uma maior humanidade evangélica, “tenha de colocar em questão algumas das suas maneiras de ser e de agir”. A Igreja tem de reconhecer que o seu futuro “passa necessariamente pelo hoje do homem e do mundo a que deve estar presente”, frisou Henri Fesquet. O bispo coadjutor de Estrasburgo (França), D. Léon Arthur Elchinger colocou também o «dedo na ferida» |
quando disse que “mesmo em países de tradição cristã persiste, em muitos homens, uma desconfiança em relação à Igreja, devido à estreiteza de vistas, ao espírito de domínio, à falta de respeito e de amor para com o esforço cultural do homem, coisas de que aquela tem sido acusada no decurso dos últimos cinco séculos”. E concluiu: “Durante muito tempo, a Igreja não soube escutar o mundo e, como tal, não foi suficientemente fiel à sua missão apostólica”. |
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setembro 2016 |
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17 de setembro. Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Jornadas missionárias com o tema «Missão: com histórias de misericórdia» (termina a 18 de setembro)
. Fátima - O Movimento Shalom, da Igreja Católica, vai assinalar em Portugal os seus 50 anos de vida com uma caminhada até Fátima.
. Setúbal - Almada (Santuário de Cristo Rei) - Jubileu das Santas Casas da Misericórdia . Penafiel e São João da Madeira – 09h30 - O Secretariado Diocesano de Liturgia do Porto quer reativar o Serviço Diocesano de Música Litúrgica, no Ano Pastoral 2016-17, e antes vai reunir com os responsáveis da Música Litúrgica . - Penafiel (Centro Pastoral) para os responsáveis da música litúrgica das paróquias, reitorias e capelanias da Região Pastoral Nascente - São João da Madeira (Salão Paroquial) para os responsáveis da música litúrgica das paróquias, reitorias e capelanias da Região Pastoral Sul.
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. Santarém - Convento de São Francisco, 09h30 - Assembleia da Diocese de Santarém com apresentação da Carta Pastoral
. Fátima, Centro Pastoral Paulo VI, 10h00 - As Obras Missionárias Pontifícias em Portugal vão promover as suas jornadas nacionais que este ano têm como tema ‘Missão com histórias de misericórdia’.(termina a 18 de setembro)
18 de setembro. Itália – Assis - Encontro de reflexão e oração pela Paz (termina a 20 de setembro)
. Leiria - Centro Pastoral Diocesano, 14h30 - Encontro diocesano de catequistas
20 de setembro. Itália – Assis - O Papa Francisco visita Assis para encontro internacional pela paz
. Coimbra - Seminário Maior - Jornadas Pastorais do Clero da Diocese de Coimbra (termina a 21 de setembro) |
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. Porto - Torre dos Clérigos, 17h00 - Cerimónia pública de entrega do Prémio Vilalva à Torre dos Clérigos
21 de setembro. Teatro Armando Cortez, Lisboa -O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) promove o Congresso ‘Cidadania e Religião’, para “reconhecer e celebrar” o diálogo inter-religioso vivido em Portugal, no Teatro Armando Cortez, em Lisboa. (termina a 22 de setembro)
. Fátima, 10h00 - A Rádio Sim, do Grupo Renascença Multimédia, convida os seus ouvintes a “viverem um dia de oração e convívio” no Santuário de Fátima, com “toda a equipa” emissora.
. Roma, 18h00 - O prémio Nobel da Economia de 2015, Angus Deaton, é um dos participantes no encontro ‘Para uma economia mais humana e justa’, com a chancela do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé) a 21 de setembro, em Roma.
. Convento de São Domingos, Lisboa – 18h30 - «A paróquia tem futuro?» é o tema proposta pelo instituto dos |
Dominicanos, Ordem dos Pregadores, para os encontros «Tardes de setembro». As reflexões são conduzidas pelo Frei José Manuel Fernandes, Frei José Nunes e pelo teólogo Alfredo Teixeira. (termina a 23 de setembro)
22 de setembro. Domus Carmeli, Fátima - A Igreja Católica em Portugal promove as suas jornadas anuais de Comunicação Social, intituladas «Pensar a Comunicação da Igreja em Portugal» onde propondo um debate em torno da comunicação eclesial. (termina a 23 de setembro) |
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17 e 18 setembro As Obras Missionárias Pontifícias em Portugal promovem as suas jornadas nacionais com o tema ‘Missão com histórias de misericórdia’. Destaca-se a participação da irmã Myri, monja contemplativa portuguesa que vive no Convento de São Tiago Mutilado, em Qarah, na Síria.
20 de setembro O Papa Francisco volta à cidade italiana de Assis para o 30.º aniversário do encontro internacional pela paz, iniciativa inter-religiosa de São João Paulo II. Vai encontrar-se com seis vencedores do Prémio Nobel da Paz, um grupo de 25 refugiados, vários líderes religiosos mundiais e encerrar a iniciativa ‘Sede de paz - Religiões e culturas em diálogo’.
21 setembro Toda a equipa da Rádio Sim, do Grupo Renascença Multimédia, e os seus ouvintes vão viver um dia de oração e convívio no Santuário de Fátima, a partir das 10h30.
21 e 22 de setembro O Alto Comissariado para as Migrações promove o Congresso ‘Cidadania e Religião - Diálogo inter-religioso’, em Portugal, no Teatro Armando Cortez, em Lisboa.
22 e 23 de setembro Jornadas de Comunicação Social da Igreja Católica em Portugal, na Domus Carmeli, Fátima. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 13h30
Segunda-feira, dia 19, 15h00 - ![]() Entrevista a Elisa Urbano e ao padre Paulo Duarte sobre a Escolas Católicas em Portugal.
Terça-feira, dia 20, 15h00 - Informação e entrevista ao padre Américo Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. Quarta-feira, dia 21, 15h00 - Informação e entrevista a António Pinheiro Torres sobre o livro "E Deus fez-se célula".
Quinta-feira, dia 22, 15h00 -Informação e entrevista a NElson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP.
Sexta-feira, dia 23, 15h00 - Análise à liturgia de domingo pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego.
Antena 1 Domingo, dia 18 de setembro - 06h00 - XXX Encontro da Pastoral Social: Ecologia e misericórdia.
Segunda a sexta-feira, 19 a 23 de setembro - 22h45 - Colheitas: no campo e no convento. |
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Ano C – 25.º Domingo do Tempo Comum |
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Servir a Deus ou ao dinheiro? |
A liturgia da Palavra deste 25.º domingo do tempo comum faz-nos pensar no lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida enquanto discípulos de Jesus. Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus. No Evangelho, à luz da parábola do administrador astuto, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo são caducos e precários, usando-os para assegurar valores mais duradouros e consistentes. Deste modo, Jesus avisa os discípulos de que a aposta obsessiva no “deus dinheiro” não é o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade. O mundo em que vivemos decidiu que o dinheiro é o deus fundamental e que tudo deixa de ter importância. Por dinheiro, há quem sacrifique a sua dignidade e apareça a expor, diante de uma câmara de televisão, a sua intimidade e a sua privacidade. Por dinheiro, há quem venda a sua consciência e renuncie a princípios em que acredita. Por dinheiro, há quem não tenha escrúpulos em sacrificar a vida dos seus irmãos e venda drogas e armas que matam. Por dinheiro, há quem seja injusto, explore os seus operários, se recuse a pagar o salário do mês porque o trabalhador é ilegal e não se pode queixar às autoridades. Isso faz-nos pensar seriamente nas |
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gritantes injustiças e nos enormes abismos entre os muito ricos e os muito pobres. Como diz o Papa Francisco, «a pessoa humana está em perigo: isto é certo, hoje a pessoa humana está em perigo, eis a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave, porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é só uma questão de economia, mas de ética e de antropologia. O que manda hoje não é o homem, mas o dinheiro, é o dinheiro que manda! E Deus, nosso Pai, confiou a tarefa de conservar a terra não ao dinheiro, mas a nós: aos homens e |
às mulheres; somos nós que temos esta tarefa!» Claro que o dinheiro não é uma coisa desprezível e imoral. É um bem que devemos procurar para vivermos neste mundo e termos uma vida com qualidade e dignidade. Desde que não se torne uma obsessão e uma escravidão, pois Ele não nos assegura, e muitas vezes até perturba, a conquista dos valores duradouros e da vida plena, como a dignidade, a justiça, a partilha e o bem comum.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
Nenhuma pessoa é irrecuperável para Deus
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O Papa Francisco disse no Vaticano que nenhuma pessoa é “irrecuperável” para o perdão de Deus e convidou os católicos a viver a “festa” da misericórdia divina nas suas vidas. “Não há pecado em que tenhamos caído do qual, com a graça de Deus, não nos possamos levantar, não há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável, porque Deus nunca deixa de querer o nosso bem, mesmo quando pecamos”, explicou, |
perante milhares de pessoas reunidas para a recitação do ângelus, na Praça de São Pedro, este domingo. Falando, como habitualmente, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa realçou que as parábolas de Jesus recolhidas pelos Evangelhos apresentam Deus “de braços abertos” para acolher quem pecou, “com ternura e compaixão”. “A figura do pai revela o coração de Deus”, um Deus “misericordioso” |
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manifestado em Jesus, acrescentou. A intervenção partiu das parábolas do capítulo 15 do Evangelho segundo São Lucas, o “capítulo da misericórdia”, que apresenta as histórias da ovelha perdida, da mulher que perdeu e reencontrou uma moeda e a do filho pródigo. Francisco precisou que nas três histórias há um elemento comum, “fazer festa”, e nenhuma referência ao “luto”. “Esta festa de Deus pelos que voltaram a Ele, arrependidos, é ainda mais entoada no Ano jubilar que estamos a viver, como diz o próprio termo ‘jubileu’, isto é, júbilo”, observou. O pontífice assinalou depois que a parábola que “mais comove” todos é a do pai que “abraça o filho reencontrada”, conhecida como a do ‘filho pródigo’, que regressou a casa |
após ter esbanjado a sua herança. “O caminho de regresso a casa é o caminho da esperança e da vida nova. Deus espera sempre que nos coloquemos a caminho, espera-nos com paciência, vê-nos quando ainda estamos longe, corre ao nosso encontro, abraça-nos, beija-nos, perdoa-nos. É assim Deus, é assim o nosso Pai”, declarou, com os peregrinos e visitantes a irromper numa salva de palmas. Francisco disse mesmo que a “fraqueza” de Deus é ser um Deus que “perde a memória” e se “esquece do passado”, quando perdoa, alegrando-se com a conversão de quem pecou. “Faço-vos uma pergunta: algumas vez pensaram que cada vez que vamos ao confessionários, há alegria e festa no Céu? Pensaram nisto? É bonito”, acrescentou. |
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O exemplo de vida e de amor de François-Xavier Van ThuânO segredo do Cardeal |
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O regime comunista do Vietname tentou silenciá-lo. Foram 13 anos de cadeia, de privação da liberdade com períodos de isolamento total, confinado a uma cela minúscula. Nada, porém, demoveu este homem de aspecto frágil e sorriso bondoso. A sua história é inspiradora. Van Thuân faleceu há 14 anos
A guerra do Vietname estava no fim. As novas autoridade de Hanói convocaram o então jovem bispo Van Thuân para uma reunião no Palácio Presidencial. Foi um pretexto para o prenderem. Mal entrou no edifício, foi preso e seguiu, deportado, para a aldeia de Cay Vông. Van Thuân estava a iniciar um longo período de prisão, de medo e violência. Era o início, apenas, do seu purgatório pessoal. Não sabendo que ia ser preso, nada levou consigo. Com excepção do terço. O isolamento a que foi votado na cadeia era uma forma de tortura terrível. Encarcerado numa cela minúscula, haveria de recordar esses anos como “uma tortura mental no limite da loucura”. Porém, fintava a vigilância dos guardas que olhavam |
para ele e só conseguiam ver o homem, nunca descobrindo o bispo, o cristão, o guardião da fé. Na prisão, Van Thuân fez da oração diária a força que lhe permitia suportar tudo. Aos poucos foi conseguindo pequenas vitórias. Deixam-no escrever uma carta aos amigos e pede-lhes “xarope como remédio” para o estômago. Os guardas nunca perceberam do que se tratava. Assim, usando umas gotas de vinho – o tal xarope – conseguiu celebrar a missa todos os dias. “Foram as mais belas missas” da sua vida, diria mais tarde. “Todos os dias, com três gotas de vinho e uma de água na palma da mão, celebrei a Missa. Era este o meu altar!” |
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A Bíblia pessoalQuando conseguia ter acesso a papel e a um lápis, escrevia. Foi assim que, de memória, redigiu a sua pequena Bíblia pessoal. “Dia após dia, consegui escrever em latim mais de 300 frases da Sagrada Escritura que conseguia puxar de memória. A Palavra de Deus assim reconstruída foi o meu porta-jóias a partir do qual tirei força e alimento.” Não haveria outro preso como ele. Pequeno, simpático, sorridente, cativante, era perigoso por isso. As autoridades substituíam com frequência os guardas, na tentativa de não serem seduzidos por Van Thuân. Em vão. A sua vida, até nisso, foi exemplar. Ao mal, ao ódio, respondeu com o amor, com o bem. As |
autoridades comunistas acabaram por libertar Van Thuân ao fim de 13 longos anos de cativeiro. Obrigado a abandonar o Vietname, decide exilar-se em Roma. João Paulo II nomeia-o para o Conselho Pontifício Justiça e Paz, e, quando em 2001 é nomeado Cardeal, já está bastante doente. Vítima de cancro, morre a 16 de setembro de 2002. Os que o conheceram falam de alguém muito especial, que amava realmente os outros, mesmo os que o mantinham na prisão, e que foi um exemplo vivo do que é o perdão sem condições. Esse amor incondicional foi o grande segredo do Cardeal.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Alzheimer |
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Tony Neves |
É uma palavra que assusta. A doença vem de longe, mas este nome veio para ficar e dizer-nos que há doenças que nos retiram a lucidez e nos fazem dizer e agir de forma inesperada. Antigamente, as pessoas viviam menos anos e, talvez por isso, não eram tão numerosos os casos das pessoas que perdiam a lucidez no fim da vida. Também é verdade que as famílias eram mais numerosas e alargadas, a ponto de integrar melhor e acompanhar até á morte as pessoas que – usando a linguagem da minha aldeia – perdiam o juizinho! Lembro-me dos tempos da minha infância e de alguns familiares e vizinhos que continuavam a percorrer os caminhos da aldeia, completamente perdidos nos lugares e na memória. Era um drama para as famílias. Não era por acaso que a minha avó terminava sempre a oração do Terço em família com a petição: ‘o Senhor nos dê juizinho até à hora da morte!’. Hoje o Alzheimer está instalado em quase todas as famílias e o drama maior não é vivido pelos doentes, mas por quem os vai acompanhando no dia a dia. É preciso fazer um acompanhamento de 24 sobre 24 horas, não dando qualquer espaço de descanso. Ao fim de algum tempo, parece que se inverteram os papéis e quem cuida é quem está mais doente. A sociedade actual tem muita dificuldade em resolver estas situações dada a sua complexidade. Num tempo em que se pretende que todas as pessoas tenham emprego fora de casa, nunca sobra ninguém para partilhar a vida com quem fica vítima da doença de Alzheimer. O |
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recurso a instituições é cada vez mais complicado, pois fica muito caro acompanhar pessoas que têm muita força física, percorrem quilómetros todos os dias e, segundo a nossa avaliação, só fazem asneiras. Mesmo os lares de idosos põem sérias reservas á admissão de doentes de Alzheimer, pois estes implicam o aumento exponencial de funcionários, o que encarece o funcionamento regular das instituições. A sociedade vive tempos de angústia. Já não encontra soluções para boa parte dos problemas. As famílias na |
Europa estão pequenas, fracturadas e com uma enorme incapacidade de resolver os dramas que as afligem. Há que mudar. Não sabemos bem que caminhos novos o futuro nos apontará. Mas a verdade é que a longevidade continua a aumentar (e ainda bem!) e há que inventar novas maneiras de estruturar a sociedade para que quem adoece tenha lugar para viver com dignidade e ser apoiado de acordo com o seu quadro clínico. E, sobretudo, que ninguém seja excluído. |
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