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Paulo Rocha D. Manuel Linda Lígia Silveira Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa
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Foto da capa: DR Foto da contracapa: DR
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Assembleia plenária da Conferência Episcopal
Lígia Silveira |Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa Paulo Aido | Tony Neves |
Sociedade pendular |
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Paulo Rocha |
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A surpreendente eleição do presidente do Estados Unidos da América lançou um sem número de interrogações em conversas de circunstância e no debate público. Entre os vencedores e os vencidos contam-se não só os dois protagonistas, Hillary e Trump, mas também atuais e anteriores líderes políticos, do país e fora dele, meios de comunicação social, redes sociais, extremismos de esquerda ou de direita. O inesperado remete para olhares mais distantes sobre o decurso da história, sobre tendências sociais em que todos participamos, mesmo sem darmos conta, e que estão muito para lá de episódios construídos em torno de milhões de ‘gostos’ ou dos resultados de qualquer pesquisa num motor de busca. Mas sem sucesso! Porque o futuro está a construir-se e vai continuar a definir-se a partir da popularidade de uma frase ou de uma imagem que se partilha e está na origem de bolas de neve comportamentais que permanecem por decifrar; o amanhã depende também mais da popularidade do que outros dizem do que da reflexão individual a propósito do que quero e do que convém. E, de facto, basta fazer uma pesquisa sobre qualquer assunto, relativo ao quotidiano ou ao futuro da humanidade que as pistas emergem em catadupa! E determinam decisões, orientações, votos! As decisões surpreendentes que resultam do voto popular mostram que em causa não estão fenómenos do acaso, resultantes de mobilizações de ocasião ou de convocatórias mediadas pelas redes virtuais, mas tendências sociais. |
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O que acontece não se assemelha a ondas de circunstância, mas vagas de fundo cujos efeitos permanecem por descobrir. Considerações que pouco beliscam o populismo que determinou a escolha do presidente dos EUA e quem votou ou pode vir a votar num líder ou em movimentos partidários semelhantes. Atuam em democracias adormecidas, que têm na abstenção o ambiente ideal para o surgimento de “iluminados” de promessas baratas… Mais do que uma surpresa, os resultados surpreendentes que refletem o exercício da cidadania são expressão de mobilizações profundas, invisíveis, construídas em torno de um turbilhão de ideias, geridas com indiferença por lideranças populistas. Por esse motivo, o que se segue à eleição norte-americana gera inquietação: trata-se de uma onda provocada por vagas profundas, de alcance desconhecido. Estas, as vagas profundas, permanecem pouco faladas, mas são as que impulsionam a história, em movimento pendulares, de um extremo para o seu oposto, que têm uma consequência natural: geram sociedades pendulares. Resta saber para que extremo caminhamos… |
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Donald Trump foi eleito o 45.º presidente dos Estados Unidos da América esta terça-feira
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“Ela [Hillary Clinton] lutou muito, trabalhou muito ao longo de muitos anos e temos uma grande dívida para com ela e para com o serviço que prestou ao nosso país. […] Prometo a todos os cidadãos deste país que serei o Presidente de todos os norte-americanos e isso é muito importante para mim.” Do discurso de vitória de Donald Trump, 45.º presidente dos EUA.
“Que o Senhor o ilumine e o ampare ao serviço da sua pátria naturalmente, mas também ao serviço do bem-estar e da paz no mundo.”, Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, sobre Donald Trump
“Defenderemos políticas que ofereçam oportunidades a todas as pessoas, de todas as crenças, em todas as esferas da vida. Estamos firmes na nossa determinação de que os nossos irmãos e irmãs que são migrantes e refugiados possam ser acolhidos humanamente sem sacrificar a nossa segurança”, comunicado da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos da América
“Quero que lembrem Portugal como um país dinâmico, progressista e aberto aos negócios. A capital mundial do empreendedorismo.” Primeiro-ministro português, António Costa, nas boas-vindas aos 53 mil participantes do Web Summit.
“Eu desde o primeiro dia que tentei entregar-me às autoridade e não me permitiram […] Tudo começou com um mal-entendido.” Pedro Dias, suspeito de ter morto um militar da GNR, um civil e baleado duas pessoas, em Aguiar da Beira, depois de quatro semanas em fuga.
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Lisboa: «Associativismo profissional católico tem pernas para andar»
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O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou a partir das propostas apresentadas hoje no Congresso das Associações de Profissionais Católicos que “certamente para o ano há mais” porque “a articulação profissional, a afirmação operativa do Evangelho” tem de continuar. D. Manuel Clemente assinalou que |
o congresso das Associações de Profissionais Católicos “tinha de acontecer” e concluiu do dia de trabalho que “não vai ficar assim”, uma vez que foi o primeiro e, “certamente para o ano há mais”. “Esta nossa articulação profissional, afirmação operativa do Evangelho tem de ir por diante”, observou o |
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prelado que não fez conclusões, mas apresentou duas ou três acentuações e explicou que a “definição” das associações profissionais católicas é uma “expansão” do que ser cristãos, por isso, pediu que façam “jus ao nome” que foi dado por Jesus. “O mais operativo, é de fermento na massa. Realiza-se nas profissões, fazemos aquilo que nos define. É importantíssimo que nos retomemos como tais, temos muito para oferecer ao mundo”, desenvolveu. O Congresso das Associações de Profissionais Católicos, do Patriarcado de Lisboa, sobre ‘Cuidar da Casa Comum’ decorreu sábado, dia 5, no Auditório Cardeal Medeiros, na Universidade Católica, em Lisboa. O ex-procurador-geral da República, José Souto Moura, também esteve no encontro e destacou a “boa-hora” em que decorreu. “Oportunidade da realização do evento é a maior”, observou, assinalando que a vivencia da fé “é uma praxis” que não há “sem intervenção ativa na sociedade e na vida de cada um” mas na dimensão comunitária “é fundamental que os |
católicos se afirmem”. O programa do congresso proporcionou que as associações do Patriarcado de Lisboa falassem da sua atividade em três painéis, por áreas/setores: ‘A vida’; ‘O trabalho’ e ‘A relação’. O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) assinalou que é importante os católicos tomarem “consciência, responsabilidade pessoal” e “ganhar voz e trabalhar” mais em conjunto. Por sua vez, também do setor do trabalho, a presidente da Juventude Operária Católica (JOC) sublinhou que o congresso é uma forma de “dar a conhecer trabalho desenvolvido” pelas associações que acaba por “despertar caminhos e formas de maior proximidade”. À Agência ECCLESIA, Lisandra Rodrigues explicou que na ação que a JOC desenvolve tentam que o “ser cristãos enquanto trabalhadores” e trabalhadores cristãos seja uma realidade porque muitas vezes “não” se sabe “ainda fazer essa conjugação”. |
Formação na área do inventário abre «novo paradigma» no cuidado com o património religioso |
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O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja (SNBCI) faz um balanço “muito positivo” das ações de formação que tem implementado ao longo deste ano, no âmbito do Projeto Thesaurus, orientado para o setor do Inventário. Em entrevista à Agência ECCLESIA, a diretora do SNBCI, destacou a oportunidade de transmitir, aos técnicos e agentes a trabalhar nas dioceses, “uma série de conteúdos muito específicos e da maior utilidade para esta área do inventário”. Desde janeiro têm sido várias as temáticas abordadas nas ações de formação, como a pintura e iconografia, o mobiliário e os instrumentos musicais, passando pela escultura, as alfaias litúrgicas e a tumulária. As ações de formação no âmbito do Projeto Thesaurus são abertas não só às dioceses associadas mas a outras instituições e mesmo ao público em geral. Com a implementação deste projeto, e de outros como a ferramenta |
informática que foi criada para a inventariação do património religioso, Sandra Costa Saldanha acredita que é possível criar “um novo paradigma” na promoção e conservação dos Bens Culturais da Igreja Católica. “Temos claramente que falar de um novo paradigma e sobretudo temos claramente de trabalhar ao mesmo nível, no mesmo patamar. Se nem sempre é possível às instituições acompanharem esse ritmo, certamente será possível num futuro próximo. A verdade é que não podemos continuar a protelar o desenvolvimento de um trabalho conjunto”, observou. |
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Açores: Bispo refere disponibilidade da Igreja ser «plataforma de diálogo» para comunicação social |
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O bispo de Angra referiu que a Igreja Católica nos Açores está disponível para servir de plataforma para o diálogo entre a comunicação social para que seja “uma ponte para a inclusão”, nas jornadas diocesanas dedicadas ao setor. “Perante a numerosa diversidade de meios de comunicação que estão ao dispor da sociedade açoriana, quisemos prestar este serviço para melhor nos conhecermos e melhor servirmos. A Igreja nos Açores dispõe-se a servir de plataforma para este diálogo e para este serviço”, disse D. João Lavrador, esta sexta-feira, no encerramento das jornadas de comunicação social. O sítio online ‘Igreja Açores’ divulga que o prelado destacou a importância da comunicação social e da sua “capacidade singular para intervir na cultura e nas mentalidades”, assinalando a “notória influência que as novas tecnologias e novas redes sociais têm no dia-a-dia das pessoas”. |
O encontro teve como tema ‘Comunicação: uma ponte para a inclusão’ que para D. João Lavrador “é da máxima importância” numa sociedade com “tantos contrastes, assimetrias, rivalidades, violências”, que geram “tantas exclusões” económicas, culturais, sociais e religiosas. As segundas Jornadas Diocesanas de Comunicação Social de Angra reuniram esta sexta-feira especialistas da comunicação, jornalistas e investigadores em conferências e mesas redondas, no Seminário Episcopal em Angra do Heroísmo, nos Açores. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt
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Direitos Humanos: Fundação AIS apresenta o relatório sobre «A Liberdade Religiosa no Mundo» |
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Semana dos Seminários |
Igreja Católica espera trabalhar com Donald Trump na defesa da vida e dos migrantes
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O presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos da América afirmou hoje que quer trabalhar com Donald Trump para “proteger a vida humana do início mais vulnerável ao seu fim natural”. |
“Defenderemos políticas que ofereçam oportunidades a todas as pessoas, de todas as crenças, em todas as esferas da vida. Estamos firmes na nossa determinação de que os nossos irmãos e irmãs que são migrantes e |
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refugiados possam ser acolhidos humanamente sem sacrificar a nossa segurança”, escreve D. Joseph E. Kurtz numa declaração sobre a eleição do novo presidente. O presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos da América (United States Conference of Catholic Bishops , USCCB) destaca que vão chamar a atenção para “a perseguição violenta que ameaça” os irmãos cristãos e pessoas de outras religiões no mundo e em especial no Oriente Médio. Neste contexto, os bispos católicos dos EUA vão também procurar “o compromisso da nova administração com a liberdade religiosa doméstica” assegurando que as pessoas de fé permanecem livres para “proclamar e moldar” as suas vidas na “verdade sobre o homem e a mulher e o vínculo único do casamento que podem formar”. “Cada eleição traz um novo começo”, assinala o também arcebispo de Louisville, no Estado do Kentucky, que através da “esperança que Cristo oferece” acredita que Deus vai dar “força para curar e unir” os EUA após as eleições presidenciais e trabalhar-se em conjunto que se cumpra a promessa de “uma união mais perfeita”. |
O presidente da USCCB, que começa a sua declaração por felicitar “o Sr. Trump e todos eleitos” esta terça-feira, sublinha que agora é o momento de “avançar para a responsabilidade de governar pelo bem comum de todos os cidadãos”. “Não nos vejamos na luz divisória de Democrata, Republicano ou qualquer outro partido político, mas antes vejamos o rosto de Cristo em nossos vizinhos, especialmente, os que sofrem ou aqueles com quem discordamos”, desenvolve D. Joseph E. Kurtz. O prelado recorda também o discurso do Papa Francisco ao Congresso dos Estados Unidos, em 2015: “Toda a atividade política deve servir e promover o bem da pessoa humana e ser baseada no respeito pela sua dignidade”. No seu sítio na internet, para além da declaração sobre a eleição de Donald Trump, os bispos católicos dos EUA também publicaram uma oração para fazer depois de umas eleições onde pedem «proteção e orientação» a quem trabalha “pela justiça e pela paz”. |
Papa propõe amnistia a presos para assinalar fim do Jubileu da Misericórdia |
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O Papa apelou este domingo no Vaticano a uma amnistia para presos, para assinalar o fim do Jubileu da Misericórdia (20 de novembro), e recordou ainda a próxima cimeira do clima (COP22), que vai decorrer em Marraquexe. Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco recordou a celebração do Jubileu dos Reclusos, que se concluiu esta manhã, com a presença de presos e ex-detidos de vários países, incluindo Portugal. “Coloco à consideração das competentes autoridades civis de cada país a possibilidade de realizar um ato de clemência, neste Ano Santo da Misericórdia, para com os presos que se considerassem idóneos a beneficiar deste procedimento”, declarou, após a recitação da oração do ângelus. O Papa tinha deixado já um apelo em favor da “melhoria de condições de vida nas prisões, para que seja respeita plenamente a dignidade humana dos detidos”. Francisco sustentou uma mudança de visão na justiça penal, para que
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esta não seja “exclusivamente punitiva”, mas “aberta à esperança e à perspetiva de reinserir o réu na sociedade”. Na homilia da missa, o Papa contestou a “hipocrisia” de quem vê na prisão a única resposta ao mal. “Cada vez que entro numa cadeia, pergunto-me: porquê eles e não eu? Todos podemos errar”, sublinhou Francisco, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro. Diante de presos, ex-reclusos, familiares, voluntários e capelães prisionais, o Papa lamentou a “pouca confiança” que existe na “reabilitação”. |
Papa Francisco une-se a «sede de justiça» e apelo por «terra, casa e trabalho» |
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O Papa Francisco disse hoje que manifestam “a mesma sede de justiça” e o “mesmo grito - terra, casa e trabalho para todos”, aos cerca de cinco mil participantes encerramento do terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, no Vaticano. “Vocês, organizações dos excluídos e tantas organizações de outros setores da sociedade, são chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão a passar por uma verdadeira crise. Não caiam na tentação da limitação que reduz a atores secundários, ou pior, a meros administradores da miséria existente”, pediu na Sala Paulo VI. O Papa referiu que a corrupção, a soberba e o exibicionismo dos dirigentes “aumenta o descrédito coletivo, a sensação de abandono e alimenta o mecanismo do medo que sustenta o sistema iníquo”, por isso, pediu que os movimentos populares combatam o medo com uma “vida de serviço, solidariedade e humildade em favor dos povos e especialmente daqueles que sofrem”. Desde quarta-feira, participam no encontro mundial sobre ‘Três T: Trabalho, Teto, Terra; cuidado |
da natureza; migrantes e refugiados’ cerca de 200 membros, de 92 Movimentos Populares de 65 países dos cinco continentes. “Tantas propostas, tanta criatividade, tanta esperança na vossa voz que talvez teriam mais motivos para lamentarem-se, permanecer paralisados nos conflitos, cair na tentação do negativo mas olham em frente, pensam, discutem, propõe e agem”, comentou o Papa que comentou ter conhecimento de encontros realizados em diversos países que é muito importante porque “as soluções reais para as problemáticas atuais não sairão de uma, três ou mil conferências”. |
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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O vídeo do Papa
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Contestada porque guardiã do bom senso |
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D. Manuel Linda Armadas e Forças de Segurança |
Contou-me quem lá estava que, há dias, um pároco, com coração verdadeiramente sacerdotal, presidiu aos ritos fúnebres de um suicida. Não julgou, não condenou, não excluiu. Pelo contrário, rezou, serenou consciências e explicou a doutrina da Igreja e as razões pelas quais, a partir de 1983, se passou a realizar o funeral religioso nestes casos: é que tomou consciência de que quem atenta contra a sua própria vida se encontra sob uma tal pressão psicológica que, rigorosamente, não é livre. Como tal, não é senhor dos seus actos nem se lhe pode imputar responsabilidade moral, pois, segundo a melhor tradição doutrinal, para que haja pecado grave é necessário o pleno consentimento, a vontade livre de querer cometer essa ofensa à sua vida e dignidade pessoal. Pediu, pois, compreensão para aquele acto tresloucado, como certamente Deus terá misericórdia dessa pessoa. Até aqui, parece que tudo foi mais ou menos aceite. O caso, porém, complicou-se quando o sacerdote aproveitou a oportunidade para referir o bom senso que deve imperar a propósito da conservação das cinzas provenientes da cremação, indo, assim, de encontro a uma notícia que a comunicação social andava a divulgar. E alertou para verdadeiros exageros, como usá-las para adubar plantas ou fazer delas suporte de germinação de sementes de árvores. Preveniu que esses gestos podem exprimir panteísmo, sincretismo ou niilismo, perspetivas opostas à fé cristã. |
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Pelos vistos, dentro da igreja começou um sururu que se prolongou no exterior. Os argumentos dos contestatários baseavam-se no estafado pressuposto: que a pessoa é a dona da vida e pode fazer dela o que quiser, que cada um é que escolhe, que a Igreja não tem o direito de retirar a liberdade das pessoas, que o Papa se meta na vida dele e deixe a dos outros.... Ora, aqui está o individualismo pós-moderno no seu melhor. Neste caso, no seu pior. Não admite alertas, sensatez, pontos de vista ditados pela reflexão. E nega à Igreja a liberdade de pregar a sua doutrina que, neste caso, tem tanto de respeito à dignidade humana como de exercício de uma sadia racionalidade. Curiosamente, enquanto esta guardiã do bom senso procura chamar a um raciocínio criterioso, alguns viram o bico ao |
prego e identificam clero com obscurantismo e doutrina com opressão das consciências. Pois bem, a esses que assim procedem eu lembraria o que escreveu o insuspeito José Régio: “Os que falam da religião como da alienação suprema não podem compreender de quantas alienações ela nos liberta”. Para que conte. E para que se reflita. Particularmente nesta «Semana dos Seminários» e neste «Mês das Almas». |
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Pelos vistos, dentro da igreja começou um sururu que se prolongou no exterior. Os argumentos dos contestatários baseavam-se no estafado pressuposto: que a pessoa é a dona da vida e pode fazer dela o que quiser, que cada um é que escolhe, que a Igreja não tem o direito de retirar a liberdade das pessoas, que o Papa se meta na vida dele e deixe a dos outros....
Ora, aqui está o individualismo pós-moderno no seu melhor. Neste caso, no seu pior. Não admite alertas, sensatez, pontos de vista ditados pela reflexão. E nega à Igreja a liberdade de pregar a sua doutrina que, neste caso, tem tanto de respeito à dignidade humana como de exercício de uma sadia racionalidade. Curiosamente, enquanto esta guardiã do bom senso procura chamar a um raciocínio criterioso, alguns viram o bico ao prego e identificam clero com obscurantismo e doutrina com opressão das consciências.
Pois bem, a esses que assim procedem eu lembraria o que escreveu o insuspeito José Régio: “Aqueles que acusam a Igreja de obscurantista não sabem de quanto obscurantismo ela nos tem livrado”.
Para que conte. E para que se reflita. Particularmente nesta «Semana dos Seminários» e neste «Mês das Almas».
Manuel Linda
Para que ninguém fique refém do passado |
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Lígia Silveira
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Aproximamo-nos a passos largos do final do ano Jubilar da Misericórdia proposto pelo Papa Francisco. Se a vida, e também os tempos na Igreja, é marcada por ocorrências, propostas, temas que nos conduzem no calendário, momentos há que nos impelem para a frente ou nos mantêm reféns de um passado que teima em mandar, encerrando-nos num círculo onde dificilmente se quebra a linha contínua. Esta semana tive a oportunidade de conhecer quem, na primeira pessoa, pode afirmar a grandeza do perdão e a ação transformadora que essa ocasião opera. Uma mulher fez um aborto. Foi uma escolha. Durante dois anos viveu este drama na solidão, achando impossível ter o perdão de Deus e repetindo a culpa que sentia. Por não se perdoar a si própria procurou, várias vezes, no sacramento da reconciliação o perdão consciente que não encontrava. Como resposta chegou a receber: “Para de duvidar do perdão de Deus”. “É uma bola de neve. Cheguei a sentir que não era digna de nada”, contou-me com a capacidade de ler a sua história e com a consciência de que a escreve a cada dia. Com uma culpa sem fim perante a incapacidade de se sentir em Igreja que, assim pensava, a julgaria, encontra na Vinha de Raquel a possibilidade de encontrar o caminho de cura, de conscientemente alcançar a misericórdia. O trabalho que este projeto desenvolve, tutelado pelo departamento da Pastoral da Família do |
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Patriarcado de Lisboa, vem mostrar a efetividade das palavras do Papa quando convocou este ano: “Nenhuma pessoa é irrecuperável para Deus”. O processo, explicam-me, não apaga a memória da vida mas as recordações são purificadas e redimidas, e as lembranças passam a chegar de outra forma. “Não se legitima o pecado, mas entende-se que só o poder redentor de Cristo é que pode do mal fazer o bem”. Esta mulher passou a encarar o filho não nascido como um dom de transformação para a sua vida. |
“Fiquei mais agarrada ao coração de Jesus com este perdão. Pude perceber que há uma Igreja que acolhe, que não julga, que quer o melhor para nós, e nos quer participantes. Tive mais noção que a Igreja é feita de pecadores, cada um tem uma luta interior”. Este é um processo não terminado. A fragilidade humana a isso dita. Mas viver o amor gera um mundo de possibilidades. Basta para isso que o referencial não seja o olhar humano e não se cale o que uma ação, na invisibilidade e no silêncio, opera. Por isso partilho este testemunho. |
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Pareceres e documentos dos bispos de Portugal
A Conferência Episcopal Portuguesa esteve reunida entre os dias 7 e 10 de novembro na 190ª assembleia plenária. Os trabalhos do episcopado passaram pelo centenário das aparições em Fátima, a Universidade Católica Portuguesa, a catequese, a pastoral das comunicações sociais e datas jubilares de congregações religiosas. Foram aprovados dois documentos e outros dois mereceram a reflexão para posterior publicação. A pastoral familiar, nomeadamente o discernimento e integração dos divorciados recasados foi outro assunto que mereceu a atenção dos bispos de Portugal. As conclusões de quatro dias de trabalho que são apresentados no dossier deste semanário e os documentos divulgados publicados integralmente. |
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190.ª Assembleia Plenária Da Conferência Episcopal Portuguesa | Fátima, 7-10 De Novembro De 2016Comunicado Final |
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1. A 190.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa decorreu em Fátima, de 7 a 10 de novembro de 2016, com a presença do Núncio Apostólico e dos presidentes da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP).
2. Na abertura da Assembleia, o Presidente da CEP, depois de referir a dimensão sinodal da Conferência, insistiu na urgência de se continuar a divulgar os documentos sobre a ideologia do género e a eutanásia, já publicados, que mantêm toda a sua atualidade na sociedade, não se reduzindo apenas ao campo religioso. Salientou ainda a celebração próxima do Centenário das Aparições em Fátima, com a presença do Santo Padre, e o pronunciamento dos Bispos portugueses com uma Carta Pastoral.
3. Esteve nesta Assembleia o Cardeal Lluís Martínez Sistach, Arcebispo emérito de Barcelona, para nos ajudar a refletir sobre a receção e a |
aplicação da exortação apostólica Amoris laetitia nas suas caraterísticas e conteúdos, em particular sobre o capítulo VIII, «acompanhar, discernir e integrar a fragilidade», e suas incidências na pastoral: atitude de misericórdia para com todas as famílias; acompanhamento e discernimento para maior integração na comunidade cristã; discernimento espiritual, com a ajuda de um sacerdote, sobretudo em relação aos divorciados recasados; consideração de circunstâncias atenuantes; reflexão sobre critérios pastorais comuns.
4. Os Bispos refletiram sobre um conjunto de sugestões vindas das instâncias diocesanas em relação ao primeiro esboço do documento «Catequese: a alegria do encontro com Jesus Cristo», que lhes fora proposto em auscultação ao longo de um ano. Estes contributos serão tidos em conta na elaboração do documento final, que procurará corresponder à passagem de um modelo escolar ao modelo catecumenal na catequese e será |
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apreciado na próxima Assembleia Plenária.
5. Foi aprovada uma Carta Pastoral sobre o Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, que será oportunamente divulgada. Este documento pretende reavivar a permanente atualidade da mensagem de Fátima para a revitalização da fé e do compromisso evangelizador. Salienta a mensagem de Fátima como dom e bênção fecunda para a Igreja e para o mundo, convite à conversão e anúncio profético da misericórdia e da paz.
6. A Assembleia aprovou duas Notas Pastorais sobre Congregações
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religiosas missionárias que vão celebrar jubileus em 2017: 400 anos de fundação e 300 anos de presença da Congregação da Missão (Vicentinos) em Portugal; 150 anos de presença em Portugal dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos).
7. Esteve na Assembleia a nova Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Professora Doutora Isabel Capeloa Gil, acompanhada de toda a Equipa Reitoral. Apresentou a situação atual da Universidade, referiu as suas linhas |
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e iniciativas estratégicas nas áreas do ensino, da investigação, da inovação e da internacionalização, e destacou a celebração dos 50 anos da Universidade Católica em 2017.
8. A Assembleia apreciou uma proposta de Estatutos do Pontifício Colégio Português em Roma, em ordem a serem aprovados pela Congregação para o Clero. Aprovou ainda as Linhas de Formação Integral do Colégio Português. |
9. A Assembleia acolheu as informações, comunicações e programações dos vários organismos da Conferência Episcopal, de que destacamos alguns aspetos. - O Presidente da CEP referiu os pontos principais do XII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, em Aparecida (Brasil), e do Encontro dos Bispos orientais católicos da Europa, em Lisboa e Fátima. - O Delegado no CCEE (Conselho das Conferências Episcopais da Europa) |
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elencou as temáticas da Assembleia Plenária que decorreu no Mónaco sob o tema «Evangelizar a Europa» e destacou a aprovação de uma mensagem sobre os cristãos perseguidos. - O Delegado na COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia), referindo-se à recente Assembleia Plenária em Bruxelas, que teve como temática principal «a pobreza e a exclusão social na Europa», salientando que 199 milhões de pessoas, quase um quarto da população europeia, estão em situação de pobreza.
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- O Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé referiu as atividades nos diversos departamentos, tendo acentuado a realização de mais iniciativas nas dioceses e a crescente presença do portal EDUCRIS [www.educris.com] nas redes sociais. - O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana apresentou relatórios dos seus organismos e destacou a forte presença das instituições da Igreja na Plataforma de Apoio aos Refugiados, assim como a realização de encontros nacionais sobre a «encíclica Laudato |
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acenar aos relatórios dos movimentos laicais, salientou os desafios da Pastoral Juvenil, no seguimento das Jornadas Mundiais da Juventude em Cracóvia e da escolha do tema «os jovens, a fé e o discernimento vocacional» para o próximo Sínodo dos Bispos. Referiu ainda as iniciativas da Pastoral Familiar e do Corpo Nacional de Escutas, além da realização do III Encontro de Leigos em Évora. - O Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios destacou a participação no recente Congresso Internacional de Pastoral Vocacional em Roma, assim como o habitual Encontro Nacional dos Formadores dos Seminários de Portugal. - O Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e
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Comunicações Sociais realçou a incidência das várias atividades na cultura portuguesa. Com a presença do P. Américo Aguiar, Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, a Assembleia refletiu sobre uma Pastoral Nacional das Comunicações Sociais, envolvendo as Dioceses, os Institutos de Vida de Consagrada, a Agência Ecclesia e a Rádio Renascença. - O Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade apresentou um elenco de atividades e publicações de apoio à formação litúrgica e o caminho percorrido em ordem à terceira edição do Missal Romano em língua portuguesa. Comunicou ainda a realização, nos dias 24 a 28 de julho de 2017, do 43.º Encontro Nacional de |
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Pastoral Litúrgica, sobre «A Virgem Maria na liturgia», no contexto do centenário das aparições em Fátima. - O Presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização referiu as várias realizações e projetos no âmbito das Missões, da Nova Evangelização, do Ecumenismo e do Diálogo Inter-Religioso. Depois de partilhar as conclusões do recente Encontro de Coordenadores Diocesanos de Pastoral sobre a construção de uma comunidade evangelizadora ou «em saída», questionou a Assembleia sobre possíveis propostas pastorais comuns. - O Delegado para a Relação entre Bispos e Vida Consagrada destacou alguns pontos do discurso do Papa aos participantes no recente Encontro Internacional para Vigários Episcopais e Delegados para a Vida Consagrada: vida consagrada na Igreja particular, ereção de novos institutos, relações recíprocas entre Pastores e consagrados. De seguida, os presidentes da CIRP e da CNISP apresentaram alguns pontos das suas atividades, com destaque para as respetivas assembleias gerais.
10. A propósito da Semana dos Seminários que está a decorrer sob o tema «Movidos pela Misericórdia», os Bispos saúdam os seminaristas e as
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equipas formadoras, e pedem a oração e o apoio do povo de Deus para tão importante setor eclesial.
11. A Assembleia exprimiu um voto de congratulação pelos 300 anos de qualificação patriarcal de Lisboa, através da bula In supremo apostolatus solio do Papa Clemente XI de 7 de novembro de 1716, e desejou bons frutos para a realização do Sínodo Diocesano que está a decorrer sob o tema «o sonho missionário de chegar a todos».
12. A Assembleia procedeu às seguintes nomeações para o próximo triénio: Padre Luís Gonzaga Marinho Teixeira da Silva, da Arquidiocese de Braga, para Assistente Nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE); Padre Querubim José Pereira da Silva, Diocese de Aveiro, para Assistente Nacional da Ação Católica Rural (ACR). Propôs ainda o nome do Padre António Manuel Baptista Lopes, da Congregação do Verbo Divino, para ser nomeado pela Congregação para a Evangelização dos Povos como Diretor Nacional das Obras Missionárias Pontifícias.
13. A Assembleia aprovou o Orçamento do Secretariado Geral da CEP para 2017.
Fátima, 10 de novembro de 2016 |
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Exclusões pastorais
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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que as “exclusões do ponto de vista litúrgico” colocadas a divorciados recasados “podem e devem ser revistas”, tendo em conta cada caso. Em declarações à comunicação social no fim dos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente disse que aguarda “indicações mais concretas” do Vaticano sobre os aspetos que podem ser revistos. |
“O Papa diz na exortação apostólica ‘Amoris laetitia’ que há uma série de exclusões do ponto de vista litúrgico, pastoral que podem e devem ser revistas atendendo à diferença dos casos pessoais. Mas ainda não explicitou quais. Certamente nas congregações romanas se estudará isso e nos darão indicações mais concretas”, afirmou o presidente da CEP. Para D. Manuel Clemente, “efetivamente não é tudo a |
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mesma coisa, os casos não são todos iguais e têm de ser acompanhados com discernimento e integração”. O cardeal-patriarca de Lisboa insistiu que a análise de segundas uniões por quem já tenha recebido o sacramento do matrimónio exige discernimento porque “são histórias pessoais que divergem muito de umas para as outras”. “Em muitos casos até podem isentar de culpabilidade pessoal numa determinada situação e em algumas realidades, que não podem recuar, por se ter constituído uma segunda família”, indicou D. Manuel Clemente. “Da parte da Igreja, a insistência na indissolubilidade do matrimónio é original, está no Evangelho. Mas depois há as pessoas, muito distintas nos seus percursos”, sublinhou. Em resposta aos jornalistas, D. Manuel Clemente disse também que a “verificação ou não da validade de um suposto matrimónio” é sempre a “primeira linha de atuação”. |
O presidente da CEP referiu depois que alguns passos podem e devem ser dados no acompanhamento e a integração de casais em segunda união nas comunidades cristãs . “O Papa insiste muito nesse ponto, e nós com ele, e vamos ver até onde isto nos pode levar”, afirmou, acrescentando que se trata de uma decisão que não depende "de cada um” “É um ato de Igreja. Não é uma coisa de cada um”, sublinhou. Questionado sobre a oportunidade de ser elaborado um manual para distribuir aos párocos sobre o discernimento e acompanhamento de divorciados recasados, à semelhança de outras conferências episcopais, como na Argentina, o presidente da CEP referiu que ainda não chegaram a esse ponto. “Vamos ver o que é possível. O que for possível e conveniente faremos de certeza”, concluiu. |
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Por uma catequese
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A Igreja Católica em Portugal está a preparar um documento orientador sobre a Catequese, com base em sugestões das dioceses, para dar um novo rumo a este setor da educação cristã. Em declarações aos jornalistas, no final da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em Fátima, D. Manuel Clemente sublinhou a necessidade de passar de “um modelo escolar”, marcado pela simples transmissão e aprendizagem de conhecimentos, para “um modelo catecumenal”, que implica “a participação ativa na comunidade”. “Há aqui uma caminhada que envolve a pessoa completa e não apenas a sua parte intelectual, como quem ouve noções, as decora e as debita”, disse o presidente da CEP e cardeal-patriarca de Lisboa. O novo documento assenta na base de que a educação cristã das “crianças, adolescentes, jovens e adultos” não se pode resumir à transmissão de conteúdos mas tem de fazer “referência a atitudes práticas que se vão assumindo”, no |
“seguimento concreto de Jesus Cristo”. “Cristo que é uma pessoa, modelo de comportamento, e não apenas noções teóricas como poderia aprender numa outra religião qualquer”, acrescentou D. Manuel Clemente. |
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Papa Francisco em Portugal:quando e como?
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Abertura da 190.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa |
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Estimados Irmãos no Episcopado e todos os presentes na abertura da 190.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa
Cada uma das nossas reuniões plenárias é ocasião de reencontro fraterno, no afeto colegial que mantemos. É motivo de ação de graças a Deus, que assim mesmo nos quer, a bem de toda a Igreja.
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Ação de graças em especial, nesta altura, por todo o trabalho que D. António Vitalino realizou como dedicado Bispo de Beja e D. João Marcos realizará como seu sucessor. Aos dois, a amizade e a companhia da Conferência Episcopal Portuguesa. Congratulamo-nos também com a nomeação de D. Nuno Brás e D. José |
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Cordeiro para organismos da Santa Sé, respetivamente a Secretaria da Comunicação e a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Juntarão as novas incumbências às que principalmente os ocupam entre nós, mas assim mesmo estreitarão ainda mais os laços entre a nossa Conferência e os serviços centrais da Igreja. Nas nossas reuniões lembramos sempre os que já partiram, como ultimamente D. Arquimínio Rodrigues da Costa, Bispo emérito de Macau, falecido a 12 de setembro passado.
Saúdo vivamente a cada um dos presentes, na convicção de que os nossos trabalhos são da maior relevância para nós e para as Igrejas particulares que servimos; bem como para a sociedade portuguesa no seu conjunto, que nunca esquecemos nem omitimos, em plena corresponsabilidade cívica. O Papa Francisco estimula-nos insistentemente nesse sentido, apelando à conversão missionária dos católicos e respetivas comunidades, para que chegue a todos, em especial aos mais carenciados, o Evangelho vivo da solidariedade e da paz. As atuais |
circunstâncias do país, da Europa e do mundo só podem redobrar-nos tal empenho. Assim procuramos fazer, quer no serviço habitual de cada diocese, quer em iniciativas da Conferência Episcopal, das suas Comissões, secretariados e serviços. Como habitualmente, dedicaremos parte significativa dos nossos trabalhos à partilha do que se tem feito e do que se pensa fazer, no esforço permanente de concertar objetivos e métodos, caso a caso e setor a setor. Na verdade, vivendo a Igreja basicamente como comunhão universal em torno do Sucessor de Pedro e como comunhão local em torno do Bispo diocesano, as atuais circunstâncias sociais e mediáticas exigem uma partilha de reflexões e esforços coincidente com a intercomunicação generalizada. Não será demais lembrar o Código de Direito Canónico (cân. 447, retomando o Decreto conciliar Christus Dominus, 37): «A Conferência Episcopal, instituição permanente, é o agrupamento dos Bispos de uma nação ou determinado território, que exercem em conjunto certas funções pastorais a favor dos fiéis do seu território, a fim de promoverem o |
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maior bem que a Igreja oferece aos homens, sobretudo por formas e métodos de apostolado convenientemente ajustados às circunstâncias do tempo e do lugar, nos termos do direito». Assim somos como Conferência Episcopal. E assim queremos ser, cada vez mais e melhor, também aqui com o Papa Francisco, que tanto insiste no progresso da sinodalidade eclesial a todos os níveis.
Do que temos conjuntamente refletido e proposto aos católicos e à sociedade, permito-me relembrar dois documentos, que mantêm toda a atualidade e até a acrescem neste momento preciso. Refiro-me à Carta Pastoral A propósito da ideologia do género, de 14 de novembro de 2013, e à Nota Pastoral Eutanásia: o que está em jogo? Contributos para um diálogo sereno e humanizador, de 8 de março de 2016. Da nossa parte, redobraremos certamente os esforços para consciencializar a todos sobre o que está em causa, num e noutro tema. Sobre o primeiro, disse no mês passado em Tiblisi, Geórgia, o Papa Francisco, não poupando palavras: «Um grande inimigo atual do |
casamento: a teoria do gender. Hoje está em ato uma guerra mundial para destruir o casamento. Hoje existem colonizações ideológicas que o destroem, não com as armas, mas com as ideias. Por isso é preciso defender-se das colonizações ideológicas» (L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, 6 de outubro de 2016, p. 5). Sobre o segundo, retomo palavras também suas, na recente exortação apostólica Amoris Laetitia, n.º 48: «A eutanásia e o suicídio assistido são graves ameaças para as famílias, em todo o mundo. […] A Igreja, ao mesmo tempo que se opõe firmemente a tais práticas, sente o dever de ajudar as famílias que cuidam dos seus membros idosos e doentes». E nós próprios, Bispos portugueses, finalizámos a Nota de 8 de março salientado «a importância de um vasto trabalho de esclarecimento para o qual queremos dar o nosso contributo. No Ano Jubilar da Misericórdia, recordamos que esta nos leva a ajudar a viver até ao fim. Não a matar ou a ajudar a morrer». E para que ninguém reduza esta questão ao campo religioso estrito, quando ela é de facto humanitária e bem geral, tenha-se em conta |
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a recente Declaração de cinco sucessivos Bastonários da Ordem dos Médicos, quando escrevem: «… A Eutanásia, o Suicídio assistido e a Distanásia representam uma violação grave e inaceitável da Ética Médica (repetidamente condenadas pela Associação Médica Mundial). O Médico que as pratique nega o essencial da sua profissão, tornando-se causa da maior insegurança nos doentes e gerador de mortes evitáveis. Em nenhuma circunstância e sob nenhum pretexto, é legítimo a sociedade procurar induzir os Médicos a violar o seu Código Deontológico e o seu compromisso com a Vida e com os que sofrem».
A presente Assembleia Plenária acontece já muito próxima do Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. A Carta Pastoral que aprontaremos nestes dias tanto relembra o que aconteceu então e a Mensagem que os Pastorinhos transmitiram, como reforçará nos católicos portugueses e além deles a premência da conversão evangélica em prol dum mundo que, sendo mais para Deus, será mais de todos e para todos. Aliás, também com este pronunciamento pastoral, coincidiremos com o sentimento marial profundo do nosso povo, como se manifestou na passagem da Imagem Peregrina por todas as |
dioceses portuguesas e se elevará ainda com a presença do próprio Sucessor de Pedro, em maio próximo. Outros pontos se devem salientar na nossa agenda destes dias, como o documento sobre a catequese, em cuja preparação intervieram as várias estruturas diocesanas relacionadas, no sentido de a redescobrir sempre mais como «alegria do encontro com Jesus Cristo». Não esqueceremos alguns Institutos religiosos que comemoram datas fortes de presença entre nós, em missão interna ou externa. E refletiremos sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia e o melhor modo de a receber e aplicar entre nós, a bem do matrimónio e da família. Neste ponto contaremos com a preciosa contribuição do Cardeal Lluís Martínez Sistach, arcebispo emérito de Barcelona, reputado pastor e canonista. Da nossa agenda constam ainda outros pontos, de que destaco a pastoral das comunicações sociais no âmbito nacional ou a apresentação da nova equipa reitoral da Universidade Católica Portuguesa. Serão portanto dias plenos de interesse e compromisso, ao serviço da Igreja e do país.
Fátima, 7 de novembro de 2016 + Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da CEP |
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«Missão sem fronteiras»Nota Pastoral sobre os Missionários do Espírito Santo nos 150 anos da sua presença em Portugal |
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Com esta Nota Pastoral, queremos reconhecer e agradecer os 150 anos de presença missionária dos Espiritanos em Portugal, recordando o precioso contributo para a missão da Igreja, especialmente no nosso país e a partir dele.
As origens1. A Congregação dos Missionários do Espírito Santo tem a sua origem no contexto social de Paris dos inícios do século XVIII. Paris estava a abarrotar de povo pobre que vinha do interior para agarrar alguma oportunidade de trabalho. Também ali morava a gente mais rica do país, como capital que era. As grandes Universidades atraíam os mais jovens. Ali chegara Cláudio Poullart des Places, jovem bretão, para estudar direito. Ele percebeu o drama dos «limpa-chaminés» e outros pobres e, no contacto com eles, concluiu que alguns gostariam de ser padres, mas não tinham dinheiro para os estudos. Cláudio juntou alguns jovens, fez com eles a caminhada de discernimento e, no Pentecostes de 1703, deu origem à Congregação do
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Espírito Santo. De início dedicava-se à evangelização do imenso mundo rural, completamente abandonado, até pela Igreja, sem operários para tão pobre messe. Um século depois, nasceu na Alsácia Francisco Libermann. Filho do rabino de Saverne, recebeu educação esmerada para suceder ao pai, mas acabaria por se converter ao cristianismo e rumar em direção do sacerdócio. A epilepsia que entretanto o atingiu quase o afastou desse objetivo, mas seria ordenado em 1841. Com dois jovens de origem africana, lançou a Obra dos Negros, projeto de evangelização que está na origem da Congregação do Imaculado Coração de Maria. A missão principal era a libertação dos escravos e a evangelização dos povos africanos, vitimados pelo flagelo da escravatura. Em 1848, deu-se a fusão das duas Congregações: a do Espírito Santo e a do Imaculado Coração de Maria. O P. Francisco Libermann foi o primeiro Superior Geral e orientou-a definitivamente para a missão ad gentes. |
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Importa recordar grandes missionários como o P. Tiago Laval, pai espiritual da Ilha Maurícia, e o P. Daniel Brottier, re-fundador da Obra dos Órfãos Aprendizes de Auteuil em Paris, ambos beatificados por João Paulo II. Entre estadistas e homens de cultura, sobretudo em África, que foram formados pelos Missionários do Espírito Santo, importa referir Leopold Senghor, primeiro presidente do Senegal e um dos pais da negritude, que confessou que Libermann e os Espiritanos marcaram de forma indelével a sua vida de cristão, intelectual e escritor negro-africano.
De Angola a Portugal2. Os Espiritanos, presentes na África e Caraíbas, entraram em Angola em 1866, entraram em Angola, idos do Congo Brazaville. Perante a recusa das autoridades portuguesas em aceitar missionários que não fossem portugueses, chegaram a Lisboa os primeiros Espiritanos, um ano depois a 2 de novembro, para preparar futuros padres e irmãos no Seminário Patriarcal de Santarém. Aqui começa a história do Espiritanos em Portugal. Após anos difíceis, foi Braga a acolher as primeiras grandes estruturas de formação dos |
Missionários do Espírito Santo. Até 1910, muitos foram os Missionários que partiram para Angola, onde o clima era adverso, a pobreza generalizada e as doenças desconhecidas e incuráveis. Muitos ali morreram, ainda jovens, como bem narra Miguel Torga no seu Diário XII, após visita ao Cemitério da Huíla, no Lubango: «depois do aéreo deslumbramento do maciço da Chela e do abissal fascínio da Tundavala, a rasa emoção do cemitério da missão católica da Huíla. Aqui jaz… aqui jaz… aqui jaz… E são nomes de todas as nacionalidades, portugueses, belgas, franceses, alemães, inscritos lado a lado em humildes lousas iguais, seguidos de uma inscrição trágica: falecido com 24 anos, com 45, com 51, com 32… Nomes de homens que vinham ao encontro da morte certa e prematura por conta de Deus e do semelhante. Por conta da fé, da esperança e da caridade». A expulsão das Ordens Religiosas de Portugal em 1910 afetou também a Missão Espiritana. Os missionários foram presos ou dispersos. Regressaram em 1919 para uma refundação que seria coordenada pelo P. Moisés Alves de Pinho, mais tarde Bispo de Angola e Congo e seguidamente Arcebispo de Luanda; |
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Fátima, 10 de novembro de 2016
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entretanto, foram construindo Seminários em vários pontos do nosso país, para a formação de numerosos padres e irmãos que partiram para Angola e outros países, e de milhares de jovens, que muito os têm apoiado na sua atividade missionária. Os Espiritanos contribuíram para a cultura na sociedade portuguesa, sobretudo com obras publicadas nos âmbitos da história, da etnologia, da linguística, da antropologia, da teologia e da pastoral missionária. Disso são exemplos os padres António Brásio e Adélio Torres Neiva, ambos da Academia Portuguesa da História, e Joaquim Alves Correia, considerado um dos pais da democracia portuguesa, que foi homem de cultura, liberdade e opção pelos mais pobres, tendo morrido exilado nos Estados Unidos. A Igreja em Portugal pôde ainda beneficiar do fogo missionário de homens como D. Agostinho de Moura que, após a fundação da Liga Intensificadora da Ação Missionária (LIAM), seria Bispo de Portalegre-Castelo Branco.
Atualidade da missão3. Inseridos na Igreja local, sobretudo pela animação missionária e |
vocacional, os Espiritanos têm passado pela maioria das paróquias do país, mesmo nos lugares mais interiores e insulares. Hoje, os asseguram a animação em diversas dioceses, colaboram em diversos eclesiais, formam grupos de jovens no espírito missionário, investem na comunicação, colaboram em capelanias hospitalares e prisionais, apoiam imigrantes e refugiados. Para isso lançaram diversos movimentos laicais de cariz missionário: LIAM; Movimento Missionário de Professores (MOMIP); Jovens Sem Fronteiras (JSF); Associação dos Antigos Alunos (ASES); Leigos Associados Espiritanos; Fraternidades; Zeladores; Voluntariado Missionário. São milhares de leigos que partilham a espiritualidade no nosso país e dele partem para outros países. Enquanto Instituto Missionário Ad Gentes, presentemente não se limitam a enviar missionários para fora, mas acolhem nas suas comunidades missionários de outros países, mostrando a universalidade da Igreja e como a partilha e a diversidade são uma riqueza para as Igrejas locais.
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Com os olhos no futuro4. A vida dos Espiritanos em Portugal é uma história de missão e comunhão, a alargar horizontes, a pôr o coração a bater ao ritmo das preocupações missionárias da Igreja. E constitui uma ocasião para responderem ao convite do Papa Francisco para o Ano da Vida Consagrada (2015-2016): fazer a memória agradecida do passado, viver o presente com paixão e construir |
o futuro com esperança, um futuro enraizado no martírio, isto, é, no testemunho do Evangelho, que está nas suas origens. Foi nesse sentido que escolheram para lema deste jubileu as palavras de São Paulo: «Alegres na Esperança» (Rm 12,12). Continuamos, por isso, a contar com a sua entrega, o seu dinamismo, o seu estilo de vida simples e comprometido, o |
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testemunho da vida comunitária e fraterna, a sua criatividade na evangelização. Agradecemos ao «Senhor da Messe» por tantos missionários que, por meio desta Congregação, tem enviado para a sua messe. Agradecemos a semente do Evangelho que, por seu intermédio, tem lançado ao longo da sua existência, em tantos lugares do mundo. E desejamos que este Jubileu seja oportuna ocasião para retomarem de modo renovado a força missionária e o entusiasmo do |
anúncio, concretizando o sonho de chegar a todos. Contamos assim com o seu contributo para concretizar o que propusemos na Carta Pastoral «Como Eu vos fiz, fazei-os vós também» de 2010: que a nossa Igreja em Portugal tenha um rosto missionário, em comunidades abertas, fraternas e sempre a caminho, em missão de coração a coração, seguindo os passos do Bom Pastor.
Fátima, 10 de novembro de 2016
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Nota Pastoral da CEP sobre os quatro séculos de evangelização e três de presença em Portugal da Congregação da Missão |
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1. Carisma VicentinoCompletam-se em 2017 quatro séculos após S. Vicente de Paulo, animado de zelo apostólico, ter recebido a inspiração celeste que o chamava a fundar uma comunidade de missionários devotados à evangelização dos pobres e à criteriosa formação espiritual, doutrinal e pastoral do clero. Graças à fecundidade apostólica dessa intuição fundacional viriam a nascer a Congregação da Missão, a Companhia das Filhas da Caridade e a plêiade de instituições de serviço fraterno aos mais pobres e marginalizados, de que as Conferências Vicentinas são hoje uma das expressões sociais mais conhecidas. Celebra-se igualmente no ano de 2017 o terceiro centenário da entrada em Portugal do carisma vicentino trazido pelo instituto da Congregação da Missão. A Conferência Episcopal Portuguesa congratula-se com a feliz efeméride e associa-se à ação de graças e louvor que toda a Família Vicentina eleva |
ao Senhor nesta data comemorativa. Com efeito, as duas datas evocam a missão eclesial de S. Vicente de Paulo e do carisma que o inspirou a favor dos pobres, da reforma do clero e da caridade que ele soube converter em inúmeros projetos sociais. E se altas figuras da aristocracia francesa de então encontraram nele conselho e assistência espiritual, foram os pobres do mundo rural e das cidades que mais o inquietaram, estimulando-o à prática das obras de misericórdia espirituais e corporais. Escolheu, por isso, servir pastoralmente a Igreja como pároco numa humilde aldeia rural e, pouco a pouco, foi descobrindo que a verdadeira dimensão da pobreza tanto diz respeito à falta de pão como à necessidade de uma fé viva e esclarecida. Daí a urgência que sentiu de promover três linhas de ação principais: organizar as caridades, grupos de cristãos leigos dedicados a servir os pobres; efetuar missões populares que despertem e eduquem na fé o povo humilde dos |
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campos; dinamizar a formação cultural e pastoral do clero através de conferências e da organização dos seminários. Da vasta obra caritativa do fundador da Congregação da Missão e das Filhas da Caridade, lembremos aqui duas lições notáveis. A guerra da Fronda, que devastou com os seus |
tentáculos de violência várias regiões da França, espalhando fome, doença e toda a espécie de misérias, gerou multidões de desalojados que, fugindo das frentes de batalha, acorriam às cidades. Em vez de melhorarem a situação, tornavam-na muitas vezes mais grave ainda. Com |
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imaginação e empenho, logo cuidou de pôr em ação um projeto destinado a conter a desumanidade dessas migrações. Passou a enviar, por diversos caminhos, alimentos e outros bens de primeira necessidade, evitando que fossem os pobres a fazer longas caminhadas, tornando assim a vida do povo menos sofrida. Esta capacidade de mobilizar recursos materiais e humanos de forma bem organizada e, por isso, mais eficaz, descobriu-a ele muito cedo. Alertado, quando se preparava para celebrar a missa dominical, para a existência, em lugar remoto, de uma família cujos membros estavam todos gravemente doentes, apelou do púlpito ao coração dos ouvintes para levarem ajuda a tão dolorosa situação. A resposta fraterna dos presentes foi generosa e rápida. Mas como assegurar continuidade a esse gesto episódico de caridade? Vicente de Paulo percebeu então, por experiência, que caridade sem organização pode resultar em falta de caridade. E tornou-se mestre na arte de organizar e gerir as caridades, sem jamais esquecer que a caridade de Cristo deve animar sempre a dedicação e serviço dos pobres. Ação social, evangelização, formação |
do clero, eis três campos fundamentais nos quais trabalhou S. Vicente de Paulo e em que continua vivo o carisma que imprimiu nas obras que fundou. Foi, por isso, com justiça e verdade, chamado por S. João Paulo II “homem de ação e de oração, de organização e de imaginação, de direção firme e de humildade, homem de ontem e de hoje” (Alocução à Assembleia Geral da Congregação da Missão, em 1986).
2. Presença em PortugalOs filhos de S. Vicente de Paulo entraram em Portugal em começos do século XVIII. Foi apoiado num breve de Clemente XI que autorizava a erigir a Congregação da Missão no reino de Portugal que o padre José Gomes da Costa (1667-1725), natural de Torre de Moncorvo, e superior da casa de Monte Célio, em Roma, onde tinha ingressado na congregação vicentina, chegou a Lisboa, em novembro de 1716, para dar início à fundação. Tem a data de 20 de maio de 1717 o documento em que o Procurador do Supremo Tribunal da Justiça do Reino concede existência legal à Congregação da Missão. A Província de Roma, donde vinha o fundador, |
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enviou de imediato quatro sacerdotes e um irmão para formarem a primeira comunidade. E, em 1720, era fundada a primeira casa da Missão, na quinta de Rilhafoles, em Lisboa, casa central donde irradiará intensa e frutuosa atividade votada à formação do clero e às missões populares. Até 1834, a vida da Congregação desenvolveu-se à volta de três grandes centros: Lisboa (casa de Rilhafoles); Braga (casa da Cruz) e Évora (Seminário). A par desta ação missionária dentro do país, ocorreu também intensa atividade |
apostólica no Oriente (seminários de Goa e Macau, missões em Pequim, Nanquim e Malaca), e ainda no Brasil, com a obra missionária do padre António Ferreira Viçoso, que será depois sétimo bispo de Mariana. Após a extinção em 1834, a vida da Congregação da Missão começou a ser restabelecida a partir de 1857. Durante este segundo período, que se prolongou até à implantação da República, em 1910, as atividades principais da Congregação da Missão foram as missões populares, |
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a formação da juventude em colégios, a fundação e acompanhamento de conferências vicentinas e associações religiosas, nomeadamente na Igreja de S. Luís dos Franceses, em Lisboa, na residência de Santa Quitéria, Felgueiras, e no Funchal, Madeira, onde, além da capelania do Hospício Princesa Dona Amélia, assumiram a direção do Seminário Maior da Diocese. Este surto de crescimento foi bruscamente interrompido em 1910, ano em que foram assassinados dois virtuosos missionários, os padres Alfredo Fragues, Provincial, e Bernardino Barros Gomes, ilustre homem de ciência. Outra vez renascida das cinzas em 1927, os esforços dos responsáveis da Província Portuguesa da Congregação da Missão concentraram-se na organização das comunidades e respetivas obras, e ainda na formação de novos missionários. Com essa finalidade, ergueram vários Seminários: Pombeiro e Oleiros (Felgueiras) e, mais tarde, Mafra e Braga. Novas condições e exigências de formação académica e pedagógica obrigaram à criação de Lares de Estudantes no Ameal, Porto, e na Luz, em Lisboa. Nova fase da Missão Ad Gentes teve início em 1940, com |
a fundação de comunidades missionárias em Moçambique. Na década de 1960, metade dos seus membros, quase sempre os mais jovens, rumava a Moçambique. Esta situação exigiu a criação de uma estrutura jurídica mais ágil e bem inserida no terreno moçambicano. Nascia, assim, em 1965, a Vice-Província. Além da presença missionária junto das populações autóctones, assumiram, na linha do carisma do Santo Fundador e em condições de grande exigência e responsabilidade eclesial, a obra dos seminários. Dirigiram a formação do clero moçambicano em três seminários. Por estas instituições de formação passou a maior parte do clero local, bem como muitos dos bispos desse país. Além de obras de apostolado missionário já existentes em Chaves, Viseu, Felgueiras, Lisboa e Funchal, o regresso de alguns missionários, após a independência de Moçambique, permitiu que fossem assumidas obras diocesanas, designadamente paróquias nas dioceses de Santarém, Beja e Portalegre-Castelo Branco. Voltou, depois, com renovada entrega e dinâmica evangelizadora a tradicional obra das missões |
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populares. De norte a sul, equipas de Padres, Filhas da Caridade e Leigos, preparadas para anunciar a mensagem do Evangelho em novos contextos sociais e culturais, percorreram inúmeras paróquias, a convite dos respetivos bispos e párocos. Entre essas renovadas iniciativas de evangelização contam-se as Comunidades Familiares de Caridade, pequenos grupos de agentes pastorais disponíveis para assegurar continuidade à evangelização realizada nas missões populares.
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3. Desafios do carisma vicentino para o nosso tempoO coração do carisma vicentino é o exercício da caridade cujo modelo foi dado pelo divino Mestre. S. Vicente de Paulo resumiu as virtudes do filho de Deus a duas principais: união com o Pai e caridade para com os homens. A atualização deste carisma passa hoje pelo compromisso com os mais pobres, que de todos os cristãos exige ações concretas que, em espírito de missão e de serviço à Igreja, se hão de traduzir em obras mais do que |
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em palavras. Urge, antes de mais, revisitar as origens e divulgar o pensamento e a obra do santo da caridade como imperativo de programas pastorais. Este “vinho novo” do carisma terá, com certeza, consequências na atividade pastoral e na qualidade do serviço à Igreja em geral. Importa também perceber que as instituições estão chamadas a ser a expressão encarnada do carisma. Mas as instituições vivem mergulhadas na história de sociedades em acelerada transformação. É, por isso, necessário escutar os sinais dos tempos e discernir, nas situações difíceis e tão frequentemente desumanas, o que ao apelo dos pobres tem a dizer com obras de misericórdia o carisma vicentino. E há de ter a coragem de reajustar estruturas de outros tempos, como se reajustam as roupas que vestem um corpo que cresce e se transforma. Neste processo de escuta e discernimento em ordem à tomada de decisão sobre a participação nas estruturas eclesiais, a visão profética de aggiornamento de S. João XXIII continua de plena atualidade. Abrir horizontes, reavivar o espírito |
missionário e estar disponível para ir mais longe, é próprio de homens chamados por Deus a continuar a obra salvífica de seu Filho. Sem otimismos ingénuos, vivemos tempos de abertura a projetos novos, reconhecendo que é sempre possível fazer-se ao largo e participar em iniciativas eclesiais que vão para além da nossa realidade geográfica. No mundo globalizado de hoje, as fronteiras são sobretudo a estreiteza do horizonte que acomodamos nas nossas mentes e que nos podem impedir de chegar mais longe. O carisma vicentino é portador de um código genético de conteúdo espiritual que se transmite, de geração em geração, a todos os ramos da família. Esse núcleo de graça, que o Espírito anima, faz com que ela viva em saudável e contínua “inconformidade com as coisas do mundo presente” (Rm 12,12), num processo de busca constante. Enquanto dom celeste, esse núcleo de graça tem a marca da intemporalidade e apela a uma renovação permanente. Com a coragem dos profetas, a visão dos místicos, o zelo dos missionários, a simplicidade dos homens de coração puro, e impelidos pela caridade, |
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podem os filhos espirituais de S. Vicente de Paulo continuar a fazer o que o Filho de Deus fazia na terra. Chamados para evangelizar os pobres, têm como missão anunciar-lhes a paz e a justiça que vem com o Reino de Deus. Aos homens que, neste mundo de crise e desamparo, continuam marcados pelo infortúnio, como desempregados, refugiados, excluídos e vítimas de cada vez mais refinadas formas de pobreza, devem dar razões à esperança de um mundo mais justo e fraterno. A Conferência Episcopal exorta, em Cristo, os herdeiros do carisma de S. Vicente de Paulo, em Portugal, a sentirem-se comprometidos com todas as situações que degradam a dignidade do homem. À luz da mensagem de misericórdia de que dá testemunho o pontificado do Papa Francisco, crentes e não crentes estão agora mais atentos à desumanidade das periferias humanas e existenciais. Caminha ao encontro dessa mensagem de amor misericordioso o carisma vicentino, que deve colocar o mundo dos pobres no centro de atenção de todos os cristãos e homens de boa vontade.
Fátima, 10 de novembro de 2016 |
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Seminários Portugueses online |
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Em plena semana dos Seminários e decorridos três anos desde a última observação que realizei à presença virtual dos seminários das dioceses de Portugal, fui de novo perceber a sua presença na internet. Se iniciarmos o nosso périplo pelo sul do país só chegados ao patriarcado é que encontramos um seminário com presença online. Ao digitarmos o http://seminarios.patriarcado-lisboa.pt/ acedemos a um extraordinário espaço virtual seja pelos conteúdos apresentados, bem como pela qualidade gráfica. Além das informações estáticas e naturais dispomos ainda de uma área vocacional muito bem conseguida. Um pouco mais acima encontramos o seminário da diocese de Leiria – Fátima disponível em www.seminariodeleiria.pt. Apesar de graficamente ser um espaço agradável, os conteúdos apresentados estão a necessitar de serem revistos. Na zona centro do país entramos na diocese de Coimbra através do endereço http://pvsacerdotal-coimbra.weebly.com. Este sítio encontra-se com informações claras relativas projeto vocacional desenhado, já merecendo, |
na nossa opinião, um espaço virtual exclusivo e com um design mais atual. Subindo mais um pouco, paramos na diocese de Aveiro, onde o Seminário de Santa Joana Princesa (http://seminarioaveiro.org/) também está presente, dispondo de informações atualizadas e conteúdos relevantes, num ambiente bastante agradável. Chegados à diocese do Porto o sítio do Seminário do Bom Pastor (www.seminariodobompastor.pt) encontra-se atualizado e com conteúdos bastante relevantes. De facto são imensas as informações que aqui podemos encontrar, sendo que se denota um cuidado na organização e estruturação das mesmas. Outro seminário com uma presença digital relevante e que merece uma visita cuidada e atenta é o da Arquidiocese de Braga (www.fazsentido.com.pt). Desde o design apresentado até aos conteúdos disponíveis, revela-se uma forte presença online. Na diocese mais a norte temos a presença do seminário de São José de Bragança-Miranda (http://seminariobm.weebly.com/). |
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Apesar de ser positiva a existência de um sítio online do seminário diocesano, considero que deverá existir um cuidado nas atualizações. Passados agora para as dioceses das nossas ilhas, temos a agradável presença do seminário Funchal (www.seminariofunchal.com) que possui um espaço devidamente atualizado e com informações relevantes. Por ultimo, o sítio do seminário Episcopal de Angra (www.seminariodeangra.pt) apresenta uma qualidade gráfica muito bem conseguida e todos os conteúdos atualizados e organizados. Se olharmos para o artigo que escrevi há três anos atrás notamos que
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algumas dioceses descuraram um pouco a presença online, mas também se percebe o esforço que outras fazem para se manterem com uma qualidade extraordinária. Numa análise numérica relativa à presença digital dos diversos seminários diocesanos nacionais atualmente apenas nove se encontram disponíveis, num total de vinte dioceses. Permitam-me lançar a questão em tom de desabafo: na semana em que muito se escreve e reflete sobre os nossos seminários, não fará sentido as nossas dioceses dedicarem um pouco do seu esforço em reforçar, também, a sua presença no ambiente digital?
Fernando Cassola Marques |
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Revista católica «Communio» publica edição dedicada à «Kenose»
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A Revista Internacional Católica ‘Communio’ publicou o seu número mais recente dedicado ao “importante” tema ‘Kenose’, que pode ser “pouco familiar” dos leitores segundo o comunicado à imprensa enviado à Agência ECCLESIA. |
Os responsáveis pela publicação internacional católica começam por explicar que o termo grego ‘Kenose’ designa o “despojamento” dos “privilégios divinos” de Jesus, filho de Deus, ao assumir a condição humana por “amor, ideal de dádiva” aos |
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outros que Cristo também apresentou aos discípulos. Os aspetos bíblicos e doutrinais são da responsabilidade do exegeta franciscano Bernardo Corrêa d’Almeida sobre “Kenose e o quarto Evangelho” e os filósofos Jean-Luc Marion e Manuel Sumares escrevem sobre a “trindade” e a “apofatismo e estatuto ontológico da Igreja” Numa seleção e tradução própria Luís Filipe Thomaz comenta na revista ‘Communio’ três textos do teólogo ortodoxo russo Sérgio Bulgakov (1871-1944) sobre a ‘kenosis de Deus Padre’. A importância da ‘Kenose’ para a missão cristã e para a arte é apresentada, respetivamente, nos artigos do padre alemão Gisbert Greshake e do ensaísta e critico de arte francês Philippe Sers; ambos os textos foram traduzidos por Maria C. Barroso. Em’depoimentos’, os aspetos concretos da “dedicação” aos refugiados e ao cuidado pelos doentes terminais são tratados pelo padre Jesuíta Luís Ferreira do Amaral, que entre 2011 e 2013 trabalhou no serviço da Companhia de Jesus aos |
refugiados, e capelão do Hospital de Santa Maria e do Hospital Pulido Valente, o padre Dehoniano António Pedro Monteiro. Já a economista Lina Fragoso partilha a experiência social do desemprego e também a perda dos pais no texto ‘Porque sim!’ que é um testemunho pessoal. O número 4 de 2015, da Revista Internacional Católica ‘Communio’, na seção ‘Perspectivas’, propõe dois artigos que ajudam a “entender as razões que levaram” o Papa Francisco a convocar o Jubileu extraordinário da Misericórdia que vai terminar a 20 de novembro, no Vaticano. A primeira reflexão ‘misericórdia – sem hipocrisia’ é do cardeal alemão Karl Lehmann, e ‘a misericórdia do Padre Brown’, a figura criada pelo escritor Gilbert Keith Chesterton - G. K. Chesterton – é apresentada por Irène Fernandez, doutorada em Letras que faz parte da redação da edição francesa da ‘Communio’. |
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II Concílio do Vaticano: «As Folhas recolhidas» do padre Manuel Álvaro Madureira |
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O II Concílio do Vaticano teve o seu encerramento em 1965, mas muitas reflexões emanadas desta assembleia magna (1962-65) já tinham sido projetadas por alguns membros da hierarquia da Igreja portuguesa. Um deles foi o padre Manuel Álvaro Madureira (1916-2009) distinto sacerdote da Diocese do Porto. Este padre da diocese duriense – que lecionou no Seminário do Porto e foi diretor do jornal «Voz Portucalense» - ajudou a formar gerações de cristãos. Naquele jornal da diocese, o padre Manuel Álvaro Madureira tinha uma rubrica intitulada «Folhas recolhidas». Num dos textos (10 janeiro de 1970), o referido sublinha que «Os animais possuem algumas qualidades superiores às dos homens. O olhar do lince é mais penetrante, a gazela mais veloz, o elefante mais forte… Qualidades físicas e outras que, por comodidade, podemos chamar morais.» Valores que a sociedade contemporânea vai esquecendo e que o articulista defendia, de forma acérrima, através da sua pena. Para o padre Álvaro Madureira, as doutrinas ou sistemas, conjuntos de ideias ou aspirações, “só interessam ao homem se encarnarem”. Mesmo religiosamente, “há acentuada tendência, para a humanização de Deus”. “Mas encarnar é temporalizar-se”. Quando se fala de intemporalidade do cristianismo, entende-se “a capacidade de encarnar em todos os tempos, e não apenas num tempo, para morrer”. Segundo o sacerdote do Porto, destemporalizar é desencarnar, e desencarnar é inutilizar”. |
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Ordenado em 1939, este professor e prefeito do Seminário de Nossa Senhora da Conceição escreveu um comentário curioso sobre a figura de D. António Ferreira Gomes aquando das bodas de prata episcopais do «famoso bispo do Porto». Merecem ser transcritas e lidas refletidas: “O bispo do Porto foi muito discutido: maximizado por uns, minimizado por outros”. “Saudamos nele um bispo de vanguarda (tão necessária nesta terra de retaguardistas), dotado de invulgares qualidades de inteligência e cultura, persistente pregoeiro de altos valores humanos e cristãos, prestigiado e prestigiante chefe religioso desta gloriosa diocese”. No mesmo semanário, o padre Álvaro Madureira escreveu que os cristãos “não são seres parados, à espera de quem lhes venha bater à porta: São anunciadores dinâmicos da palavra”. No entanto, com o decorrer dos tempos, “com a instalação em bons lugares, com o acomodamento a situações criadas, amoleceram muitos, que somente conhecem a lei do menor esforço”. |
Não foram estas as diretivas que o concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI deixou à Igreja? O que mais se vê é acomodamento… |
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novembro 2016 |
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12 de novembro. Aveiro - Seminário de Santa Joana Princesa - A XVIII edição do Fórum Ecuménico Jovem (FEJ) realiza-se, no Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, e tem como tema «Dai-lhes vós mesmos de comer».
. Fátima - Casa Nossa Senhora do Carmo- Ordem Franciscana Secular promove encontro de ministros e conselheiros (termina a 13 de novembro)
. Lisboa - Lumiar (Monjas Dominicanas) - Conferência «O desejo como arte e a arte como fé?» por Luís Miguel Cintra integrada no ciclo «Viver uma mística de olhos abertos».
. Guarda - Seminário da Guarda - O Secretariado das Missões da Diocese da Guarda vai promover uma ação de formação para animadores e agentes da missão com o tema: «Missão… ir mais além», no Seminário daquela cidade.
. Açores - Ilha do Faial - A ilha do Faial vai realizar o jubileu dos coros daquele território do arquipélago
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dos Açores que coincide com o 4º encontro de coros. (termina a 13 de novembro)
. Vaticano - Aula Paulo VI - O compositor Ennio Morricone dirige, na Aula Paulo VI, (Vaticano) dia 12 de novembro, a segunda edição do concerto «com os pobres e para os pobres».
. Coimbra - Auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da cidade – A Comissão Justiça e Paz da Diocese de Coimbra promove um colóquio sobre a encíclica «Laudato Si» do Papa Francisco, no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da cidade.
. Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada) - A Ouvidoria de Ponta Delgada, na Diocese de Angra, na Ilha de São Miguel encerra o Jubileu da Misericórdia com uma Eucaristia e momentos de adoração em duas igrejas da cidade.
. Peniche – Baleal, 14h30 - Bênção de surfistas na Praia do Baleal pelo padre Ricardo Figueiredo.
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. Braga – Sé, 21h30 - Cânticos a Nossa Senhora do Sameiro na Sé de Braga e lançamento do livro «Subimos Jubilosos a Cantar».
13 de novembro. Beja - A Diocese de Beja vai homenagear D. António Vitalino para agradecer os 17 anos do seu ministério episcopal naquele território do Alentejo.
. Bragança – Sé - Encerramento do Ano da Misericórdia e da Semana dos Seminários
. Guarda – Sé, 16h00 - O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, encerra o Ano da Misericórdia com ofertório para o Haiti.
. Setúbal - Almada (Santuário de Cristo Rei), 16h30 - Eucaristia de encerramento do Jubileu extraordinário da Misericórdia presidida pelo Bispo de Setúbal, D. José Ornelas de Carvalho.
. Lisboa - Cinema São Jorge, 17h00 - A Fundação São João de Deus (FSJD) organiza um concerto solidário com o objetivo de chamar a atenção para a dificuldade de integração da pessoa com a doença mental na sociedade. |
. Porto, 17h30 - O bispo do Porto, D. António Francisco Santos, caminha com os sem-abrigo entre a estação de São Bento e a Sé.
14 de novembro. Fátima - Assembleia dos superiores dos Institutos Religiosos (termina a 15 de novembro)
. Guarda - Gouveia (Convento Rainha do Mundo) - Retiro dos sacerdotes da Diocese da Guarda, orientado pelo padre António Lopes. (termina a 18 de novembro)
. Lisboa – UCP – 18h00 - Com o título «Joga-se aqui o essencial. Um olhar sobre o que somos» vai ser apresentada, a obra de D. Manuel Clemente, no auditório Cardeal Medeiros, Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
15 de novembro. Diocese de Angra promove peregrinação à Terra Santa presidida pelo bispo de Angra (até 22 de novembro)
. Lisboa - Capela do Rato, 21h00 - O violoncelo e a palavra sagrada em diálogo na Capela do Rato, em Lisboa |
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- A Sé de Aveiro vai acolher este sábado, pelas 21h30, um concerto de encerramento do Ano Santo da Misericórdia, numa parceria entre a Comissão Diocesana da Cultura e a paróquia anfitriã de Nossa Senhora da Glória.
- D. Manuel Clemente vai apresentar no dia 14 de novembro, pelas 18h00 no auditório Cardeal Medeiros, da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, o livro “Joga-se aqui o essencial - Um olhar sobre o que somos”.
- O Instituto Universitário Justiça e Paz, em Coimbra, vai receber no dia 16 de novembro a conferência “Religiões e (In)Felicidade”, com intervenção do padre Anselmo Borges.
- A Casa da Música, no Porto, vai apresentar no dia 19 de novembro a partir das 18h00 na Sala Suggia, a oratória “A Criação”, de Franz Joseph Haydn, através de um espetáculo de música coral sinfónica com elenco internacional, dirigido por Douglas Boyd. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 13h00Domingo, 13 de novembro - 500 anos de Lutero
Segunda-feira, dia 14, 15h00 - Entrevista ao padre Nuno Rosário Fernandes, Matilde Trocado e Pedro Castro sobre os 300 anos da qualificação patriarcal da Diocese de Lisboa e o musical "Partimos. Vamos. Somos"
Terça-feira, dia 15, 15h00 - Informação e entrevista a Catarina Martins Bettencourt sobre o Relatório da Liberdade Religiosa.
Quarta-feira, dia 16, 15h00 - Informação e entrevista ao padre Manuel Morujão sobre o Jubileu da Misericórdia
Quinta-feira, dia 17, 15h00 -Informação e entrevista ao padre Rui Valério sobre o Jubileu da Misericórdia.
Sexta-feira, dia 18, 15h00 - Análise à liturgia de domingo com o cónego António Rego e o padre Armindo Vaz.
Antena 1 Domingo, dia 13 de novembro - 06h00 - 50 anos Focolares
Segunda a sexta-feira, dias 14 a 18 de novembro - 22h45 - Obras de Misericórdia: Dar decomer a quem tem fome; Dar de beber a quem tem sede; Vestir os Nus; Consolar os tristes e Enterrar os Mortos |
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Ano C – 33.º Domingo do Tempo Comum |
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Retomar a fé com entusiasmo |
O Evangelho deste trigésimo terceiro domingo do tempo comum oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. No meio de dificuldades e perseguições, mas sempre com a ajuda e a força de Deus, os discípulos em caminhada na história são chamados a comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino de Deus. Jesus apresenta sinais do fim do mundo: «há de erguer-se povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias». No nosso tempo, descobrimos também sinais semelhantes a estes. Há grandes epidemias e graves atentados à vida e à dignidade humana. Muitas coisas podem servir para manipular o medo e a angústia das pessoas. Há toda uma panóplia de seitas. Até no cristianismo vemos surgir regularmente aparições de várias espécies, mas apenas algumas são reconhecidas pela Igreja. O regresso do religioso toma muitas vezes a forma de procura de sinais milagrosos, de predições sobre tudo e sobre nada. Hoje não faltam magos, adivinhos, cartomantes, astrólogos e gurus de toda a espécie. Quem nunca leu um horóscopo? O esoterismo está na moda. E, para tranquilizar a consciência, até se procura apoio para isso nas palavras de Jesus. Mas Jesus adverte-nos: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: "sou eu"; e ainda: "O tempo está próximo". Não os sigais». Em São Mateus, precisa mesmo: «surgirão falsos Cristos e falsos profetas, que produzirão grandes sinais e prodígios, a ponto de abusar, mesmo os eleitos». São Paulo diz também que Satanás se disfarça em anjo de luz. |
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Somos convidados a resistir a estas tentações de andar atrás de sinais estranhos e mirabolantes. O nosso futuro não está inscrito nem nos astros, nem nas cartas, nem nas linhas da mão. O nosso futuro, que deve ser já assumido no presente, está em Jesus. Um futuro de eternidade que nos empenha já nesta vida, como nos provoca a segunda leitura. Queremos sinais? Só temos um: a morte e a ressurreição de Jesus, que nos são dadas em cada Eucaristia e que são a prova última e definitiva do amor de Deus por nós. É verdade que este sinal só se pode reconhecer |
na fé. O próprio Jesus se questionou: «O Filho do Homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?» A nossa primeira preocupação deve ser vivificar a nossa fé, reencontrar a intimidade com Jesus: «Jesus, eu creio, mas aumenta a minha fé!» Que assim seja ao longo desta semana, quase a terminar o terceiro ciclo da liturgia. Procuremos retomar o dom da fé com entusiasmo e com toda a coragem de a testemunhar nos lugares e espaços que habitamos.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Somos convidados a resistir a estas tentações de andar atrás de sinais estranhos e mirabolantes. O nosso futuro não está inscrito nem nos astros, nem nas cartas, nem nas linhas da mão. O nosso futuro, que deve ser já assumido no presente, está em Jesus. Um futuro de eternidade que nos empenha já nesta vida, como nos provoca a segunda leitura.
Queremos sinais? Só temos um: a morte e a ressurreição de Jesus, que nos são dadas em cada Eucaristia e que são a prova última e definitiva do amor de Deus por nós. É verdade que este sinal só se pode reconhecer na fé. O próprio Jesus se questionou: «O Filho do Homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?»
A nossa primeira preocupação deve ser vivificar a nossa fé, reencontrar a intimidade com Jesus: «Jesus, eu creio, mas aumenta a minha fé!»
Que assim seja ao longo desta semana, quase a terminar o terceiro ciclo da liturgia. Procuremos retomar o dom da fé com entusiasmo e com toda a coragem de a testemunhar nos lugares e espaços que habitamos.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org
Portugal no encontro de sem-abrigo de todo o mundo com o Papa
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O presidente da Cáritas Portuguesa disse que Portugal vai participar com uma delegação de 160 pessoas na celebração do ‘Jubileu das Pessoas Socialmente Marginalizadas’, entre 11 e 13 de novembro, seis dos quais vão ser recebidos pelo Papa. Eugénio Fonseca referiu que entre os participantes de Portugal encontram-se algumas pessoas que “vivem na rua, outras em quatros que as instituições conseguiram alugar” e também as que residem nas próprias instituições. “Pessoas em processo de procura de novo projeto de vida, mais digno para a sua condição de ser pessoas”,
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acrescentou, assinalando que existem outras pessoas que ainda estão “nessa busca e este encontro poderá ser muito importante”. De Portugal participam cinco Cáritas diocesanas, nomeadamente a de Lisboa, a Comunidade Vida e Paz, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, O Ninho e O companheiro. A celebração do jubileu dedicado às pessoas sem-abrigo e as que se encontram em diferentes situações de precariedade e pobreza é o último grande encontro antes das celebrações que encerram o Ano Santo Extraordinário, a 20 de novembro. |
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Bispo do Porto convida os sem-abrigo da cidade a passar a Porta da Misericórdia |
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O bispo do Porto convidou os sem-abrigo da cidade para uma caminhada entre São Bento e a Sé, este domingo, numa peregrinação à Porta da Misericórdia da catedral, pedindo “respostas estruturais” para tirar as pessoas da rua. Numa mensagem enviada à Agência ECCLESIA, D. António Francisco afirma que a celebração do Jubileu das Pessoas Sem-abrigo, no dia 13 de novembro, acontece “em comunhão” com o Papa Francisco, que nesse dia se encontra com marginalizados de todo o mundo. Entre os dias 11 e 13, decorre em Roma o Jubileu das Pessoas Socialmente Marginalizadas. “Em comunhão com o Santo Padre e toda a Igreja viveremos no dia 13 de novembro a Celebração do Jubileu das Pessoas sem-abrigo. Desejamos fazer chegar o abraço imenso da Misericórdia de Deus aos nossos irmãos que vivem esta situação de particular fragilidade”, refere D. António Francisco no documento. Para o bispo do Porto, a situação de “graves carências de índole económica e social” que Portugal atravessa motiva à realização |
deste Jubileu como uma oportunidade para acordar as “consciências adormecidas” perante as dificuldades das pessoas marginalizadas. A caminhada em direção à catedral inicia com uma concentração às 17h30, no início da rua do Corpo da Guarda, em frente à Estação de S. Bento. |
Jovens cristãos fazem festa
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O Fórum Ecuménico Jovem (FEJ) tem como tema ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ e vai congregar jovens cristãos de todo o país este sábado, 12 de novembro, no Seminário de Santa Joana Princesa, na Diocese de Aveiro. Esta é a 18.º FEJ e para chegar a ao Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, basta seguir colocar no GPS: 40.634077 , -8.658018 |
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Somália: o país africano onde há apenas uma igreja católicaA fé na clandestinidade |
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Infelizmente são muitos os países no mundo onde os cristãos são perseguidos. A Somália é um deles. Ameaçados por grupos jihadistas, os crentes são obrigados a viver a sua fé clandestinamente. Neste país do chamado “Corno de África”, em que até o Natal foi proibido, há apenas uma igreja católica e não mais de 10 pessoas arriscam ir até lá para rezar.
São muito poucos os cristãos na Somália. Mas todos eles estão ameaçados. Rezar neste país do “Corno de África”, onde a Igreja católica é perseguida há quase três décadas, pode significar a morte. Ainda no ano passado, o governo proibiu até as celebrações do Natal por serem contrárias à fé muçulmana, medida que muitos viram como uma perigosa cedência aos grupos terroristas que anseiam transformar o país num protectorado gerido com mão de ferro pela “sharia”, nomeadamente o temível Al-Shaabab, ligado à Al Qaeda. É neste contexto que vivem os Cristãos na Somália. Os constantes ataques empurraram a igreja para a quase clandestinidade. |
perseguidos, ameaçados, mas não desistem. Ainda agora, conseguiram reabrir, ao fim de décadas, a pequena igreja de Santo António na cidade de Hargeisa, na chamada Somalilândia, uma região autónoma situada no Norte da Somália e junto ao Djibuti.
Milagre de santo AntónioA reabertura deste templo dificilmente seria notícia não fosse o caso de ser o único espaço de culto existente em todo o país. D. Giorgio Bertin, administrador apostólico de Mogadíscio e bispo de Djibouti, conta esta história à Fundação AIS. “A Igreja foi construída pelos capuchinhos em 1950. Antes do levantamento dos rebeldes contra as autoridades somalis em Mogadíscio, eu celebrava lá pelo menos três vezes ao ano... depois, ficou muito perigoso. Em Janeiro, entrei em contacto com as autoridades, e expliquei que gostaríamos de reabrir a igreja e que usaríamos o espaço também como lugar de actividades humanitárias.” E a proposta foi aceite. A reabertura da Igreja é uma vitória, apesar de |
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serem poucas as pessoas que têm ido às missas. “São umas 10, no máximo, contudo isso não diminui a importância de haver um lugar de culto” na Somália. Consagrada a Santo António, esta Igreja é como que um sinal do atrevimento dos que não se deixam amedrontar pelo terrorismo. Na Somália, a fé é vivida clandestinamente por um número ínfimo de cristãos que são, até por isso, um exemplo de coragem para todos nós. D. Giorgio Bertin sabe que os cristãos do seu país não estão abandonados, que podem contar sempre com as orações e a generosidade dos benfeitores e amigos da Fundação AIS. Foi com a sua ajuda, aliás, que se reconstruiu a Igreja em Hargeisa e não será de estranhar que, com a intercessão de Santo António de Lisboa, um dia venha a ser possível rezar às claras, sem medo de atentados, de violência e de morte na Somália.
Paulo Aido www.fundacao-ais.pt
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Angola…por mais justiça |
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Tony Neves |
Angola celebra o aniversário da independência, a 11 de novembro. Foi em 1975. Faz muito tempo. Até 2002 foi difícil viver-se em Angola por causa da guerra civil. Com o cessar fogo, abriram-se as estradas e rasgaram-se novos caminhos em direcção ao futuro. A paz do fim dos combates, essa já chegou e esperamos que tenha vindo para ficar. Mas a paz dos corações, aquela que nasce de uma reconciliação profunda, essa ainda é um projecto em construção. As feridas profundas de uma longa e cruel guerra civil não são fáceis de cicatrizar. E a prática habitual de atirar os problemas para debaixo do tapete não os resolve, adia-os, agravando-os. Também a paz que nasce da justiça e a aperfeiçoa, essa também ainda não chegou a Angola. Todos os indicadores apontam para um país de contrastes sociais gritantes, com meia dúzia de angolanos (e não só!) a ser senhores de quase tudo, quando o povo não tem quase nada e nem sequer pode gritar muito alto a clamar pelos seus direitos e dignidade. Está ainda por percorrer – diria Mandela – o longo caminho para a liberdade. E também para uma democracia que seja, na realidade, poder do povo, mesmo que a actual governação resulte do voto em dia de eleições. Se não gostasse de Angola e dos angolanos, nem sequer deixava que esta data me marcasse. Mas gosto, e muito! É a minha segunda pátria e habituei-me a fazer festa com as alegrias de Angola e a chorar com as desgraças dos angolanos. Quero continuar assim. |
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Por isso, preocupa-me muito o quadro traçado pelos Bispos de Angola, na última Assembleia Plenária e destaco algumas das muitas preocupações salientes: ‘a crise económico-financeira continua a afectar o poder de compra das famílias, agravando ainda mais a pobreza, o desemprego e algum desespero entre a população; assiste-se a uma desflorestação vasta, simultânea e generalizada em todo País com o abate industrial de árvores e outras práticas hostis à biodiversidade, perigando gravemente o futuro do nosso meio ambiente e das gerações vindouras; a desumanidade com que estão a ser feitas as demolições, deixando famílias inteiras a mercê da miséria e do sofrimento, bem como a manutenção por tempo indeterminado de famílias diferentes numa mesma casa; a ocupação prepotente de grandes extensões de terras para fins agro-industriais inconfessos e gananciosos, com total |
desrespeito para com as comunidades aí residentes que, impotentes, assistem a destruição das suas zonas de transumância, de agricultura familiar e até dos seus cemitérios, gerando não poucos conflitos; a falta gritante de medicamentos nos hospitais públicos é outro grande problema que está na base do aumento da taxa de mortalidade, sobretudo, infantil e do recurso à prática da feitiçaria; o desemprego galopante entre os jovens que está a provocar o desespero, incertezas e o aumento da criminalidade e assaltos violentos em todo o País’. Apesar de todos estes sinais de preocupação, Angola está cheia de futuro, se os governantes e o povo quiserem dar o seu melhor. Parabéns e coragem! Dou graças a Deus pelo grande dom da independência. Felicito Angola por todos os passos já dados na direcção da liberdade, da democracia, da justiça, da paz e do desenvolvimento. |
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