04 - Editorial:

    Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Semana de...

      Octávio Carmo

22 - Dossier

    Liberdade Religiosa

24 - Entrevista

    D. Bashir Warda

   

 

44 - Entrevista

    Irmã Guadalupe

54 - Multimédia

56 - App Pastoral

58 - Estante

60 - Concílio Vaticano II

62- Agenda

64 - Por estes dias

66 - Programação Religiosa

67  - Minuto Positivo

68 - Liturgia

70 - Fátima 2017

72 - LusoFonias

Foto da capa: O Clarim

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

Fátima, etapa única do Papa

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Carta Apostólica da Misericórdia

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Perseguições religiosas no mundo

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Paulo Rocha |Octávio Carmo | Bento Oliveira | Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves

 

Lugares e utopias

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

No dia do funeral de Alfredo Bruto da Costa, o padre Vitor Feytor Pinto recordou uma conversa com o antigo presidente da Comissão Justiça e Paz. Um domingo, após uma homilia onde o tema principal da pregação fora o “amor” como marca essencial do cristão e da proposta de vida de acordo com o Evangelho, Bruto da Costa dirigiu-se ao seu pároco no fim da missa para lhe dizer: “Bem-haja pelo entusiasmo com que fala do amor. Mas e a justiça…? Não esqueça a justiça entre os povos!”.

Alfredo Bruto da Costa tinha a convicção de que a justiça social é o fundamento para a convivência entre povos, o desenvolvimento das pessoas e dos grupos e, quando concretizada em plenitude, é a expressão por excelência do amor enquanto doação a causas e sobretudo a pessoas. E permite a realização do sonho que perseguiu em toda a sua vida: a possibilidade da erradicação da pobreza. Nas ocupações de liderança e sobretudo no seu quotidiano, esse horizonte determinou pronunciamentos, denúncias, estudos, decisões, documentos e sobretudo gestos, modos de ser, de estar com o outro, 

 

 

de construir lugares marcados pela igualdade, mesmo essa possibilidade para todos seja vítima de desistências coletivas que facilmente a arrolam numa “utopia”.

Há 500 anos, Tomás Moro mapeou essa ilha ideal numa ‘Utopia’. Depois, geração após geração, quis descobrir e transformar esse um não-lugar em lugar dos humanos, seguindo as coordenadas de relação entre pessoas e grupos propostas pelo estadista inglês. Porque todos queremos um mundo melhor!

Hoje, em cada dia, o não-lugar que se persegue parece estar cada vez entre escombros de lugares de morte, perseguição arbitrária, chacinas por causa da cultura ou da religião. Nestes dias, a apresentação do Relatório da Liberdade Religiosa no mundo, que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre publica periodicamente, documenta perseguições e mortes por causa de convicções crentes ou por pertença a confissões religiosas . 

 

Os relatos desses ambientes chegam até às sociedades ocidentais com realismo e afetam sensibilidades de quem olha, à distância. Mas têm de implicar mudanças locais.

Entre uma ilha onde tudo é perfeito e a barbárie numa região que abate pessoas indiscriminadamente tem de haver uma terceira via! O realismo de um quotidiano de morte, de lugares cada vez mais próximos, pode dar lugar a lugares de vida, de justiça e de igualdade quando a transformação em causa se limitar ao redor de cada eu, de cada circunstância.

E por aí é que vamos… Quando o mundo parece rotulado por lugares de morte e de escombros há de ser a determinação de cada mulher e de cada homem, o comportamento do momento a tornar possível que a utopia não

seja um

não-lugar,

mas um

lugar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Barack Obama atribuiu as últimas 21 medalhas de liberdade do seu mandato como Presidente dos Estados Unidos da América a personalidades como Michael Jordan, Tom Hanks, Bill e Melinda Gates, Diana Ross, Bruce Springsteen, Ellen DeGeneres, Robert Redford, Robert de Niro ou o arquiteto Frank Gehry.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Nada do que um pecador arrependido coloque diante da misericórdia de Deus pode ficar sem o abraço do seu perdão”, Papa Francisco na Carta Apostólica «Misericórdia e Mísera», Agência Ecclesia, 21.11.2016

 

 

“Eu quero ir a Fátima, só a Fátima, ver a Senhora”, papa Francisco a D. Manuel Clemente, perspetivando que a visita em maio de 2017 a Portugal se poderá circunscrever a Fátima, Agência Ecclesia, 22.11.2016

 

 

“Não serei candidato a um terceiro mandato como presidente do Parlamento Europeu. No próximo ano, vou apresentar-me como candidato”, Martin Schulz, antevendo a oposição a Angela Merkel na corrida ao lugar de chanceler nas eleições alemãs em 2017, Público, 24.11.2016

 

 

“Governar é como conduzir. Se há mais trânsito, vamos mais devagar, se há menos, vamos mais depressa", primeiro-ministro António Costa, avaliando um ano de governação, Visão, 24.11.2016

 

Francisco com etapa única em Fátima,
a 12 e 13 de maio

 

O cardeal-patriarca de Lisboa disse esta segunda-feira à Agência ECCLESIA que o Papa deseja ir “só a Fátima” em maio de 2017 e que Francisco deverá aterrar na base aérea de Monte Real, em Leiria. “Eu quero ir a Fátima, só a Fátima, ver a Senhora”, disse o Papa Francisco a D. Manuel Clemente, este domingo, no Vaticano.

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, “com certeza que o Papa gosta de Portugal como gosta de todos os povos do mundo, 

 

mas ele quer é ir a Fátima, só a Fátima”, sublinhou.

D. Manuel Clemente disse ainda que o Vaticano está a planear a viagem do Papa sem passar por Lisboa, mas prevendo que o Papa chegue a Portugal através da base aérea de Monte Real, em Leiria. “Ouvi falar disso como combinação”, disse D. Manuel Clemente, adiantando que “se o Papa não vier a Lisboa, vai Lisboa a Fátima”.

A confirmar-se a deslocação do 

 

 

 

Papa a Portugal, nos dias 12 e 13 de maio de 2017, Francisco vai repetir o roteiro de Paulo VI, quando visitou o Santuário de Fátima no dia 13 de maio de 1967 para celebrar os 50 anos das Aparições, que aterrou na base aérea de Monte Real.

Comentando as recentes notícias, o presidente da República Portuguesa disse estar “muito alegre” por receber o Papa Francisco a 12 e 13 de maio de 2017, numa visita que tem um “objetivo espiritual”, centrando-se por isso em Fátima, por ocasião do Centenário das Aparições. “A ideia é concentrar a visita e a permanência num objetivo espiritual, não propriamente político, não propriamente de soberania”, comentou Marcelo Rebelo de Sousa, esta terça-feira, destacando positivamente o facto de o Papa vir logo dia 12 de maio para 

 

Portugal e não apenas a 13.

Em declarações à SIC, o presidente da República observou que Francisco visita Fátima como “representante da Igreja Católica”. “Não é o chefe de Estado, embora isso nunca se possa despir, é o supremo representante da Igreja Católica que vem a Fátima, num determinado momento, o que não quer dizer que as autoridades portuguesas não o acolham e não haja um momento de acolhimento e encontro”, desenvolveu.

Francisco será o quarto Papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI (13 de maio de 1967), João Paulo II (12-15 de maio de 1982; 10-13 de maio de 1991; 12-13 de maio de 2000) e Bento XVI (11-14 de maio de 2010). São João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983).

 

 

 

Diocese de Bragança-Miranda
inicia nova ano litúrgico-pastoral

A Diocese de Bragança-Miranda vai iniciar este sábado o novo Ano Litúrgico-Pastoral, dedicado a Maria, coincidindo com o começo do Advento, tendo como grande desafio “a formação”.“O grande desafio é mesmo a formação permanente do clero e dos leigos e tanto quanto possível em conjunto, numa atitude de corresponsabilidade”, referiu D. José Cordeiro à Agência ECCLESIA.

O bispo de Bragança-Miranda explicou que vai começar um triénio pastoral direcionado para a iniciação cristã dos adultos, oferecendo “oportunidades de formação e integração”, cada vez maior, na vida da comunidade e “pertença ao corpo de Cristo”. “A vocação e a missão são duas faces da mesma medalha. Um caminho para sermos mais firmes na fé, alegres na esperança e generosos na caridade”, observou.

O bispo transmontano refere ainda que a realidade da Igreja Católica na diocese “impõe muitos desafios” como o “envelhecimento da população, despovoamento, baixíssima natalidade” mas, ao mesmo tempo, “a esperança e a alegria de evangelizar” com a realidade que têm.

 

“Sermos muito realistas, mas nunca perder o olhar para a frente e para o alto”, acrescentou. D. José Cordeiro deu como exemplo de “grande mudança de paradigma” na diocese a constituição das unidades pastorais, que neste momento são 22, e a “corresponsabilidade que passa pelos Conselhos Pastorais da Unidade Pastoral, do Arciprestado, e todos órgãos de comunhão na diocese”. “A realidade impõe-se por si mesma, não é apenas pela escassez de vocações ou dos padres, não vou por esse discurso da lamentação mas sim pelo espírito de comunhão, de corresponsabilidade”, sublinhou.

O prelado explicou que a escolha da véspera do primeiro domingo do Advento vai permitir que “o maior número de pessoas participe".

 

 


 

Caminho para o Natal
com migrantes e refugiados

A ‘Pax Christi Portugal’ lançou uma proposta de celebração do Advento 2016, o tempo que precede o Natal no calendário católico e que começa este domingo, centrada na necessidade de acolher os migrantes e refugiados.

A caminhada enviada à Agência ECCLESIA, que tem como tema a pergunta ‘Era estrangeiro e acolhestes-me?’, o movimento católico defende que se crie “o compromisso de criar uma cultura da hospitalidade”, porque “outro mundo é possível se há hospitalidade”.

A dimensão da “tragédia humana” dos migrantes e refugiados que “não pode deixar ninguém indiferente” e que “a todos deve interpelar” tem sido uma das principais preocupações do Papa Francisco, recorda o documento.

A Pax Christi Portugal contextualiza o seu alerta com dados da Organização das Nações Unidas, relativos a 2015, quando o número de migrantes internacionais “atingiu os 244 milhões, um aumento de 71 milhões ou 41% em comparação com 2000”, e 65,3 milhões de pessoas estavam deslocadas, internos e externos, devido a perseguição, conflito, 

 

violência generalizada ou violação dos direitos humanos.

O pontífice argentino, destaca o movimento, tem denunciado estas situações “não só com palavras” mas também com “gestos concretos” e apelado ao “compromisso urgente” de todos, principalmente dos cristãos.

A Pax Christi Portugal apresenta contributos para a celebração e vivência do tempo litúrgico do Advento, na paróquia, em família ou em grupo. Na proposta disponível na internet, a ideia central para as quatro semanas de preparação para o Natal “é a temática da paz” e a caminhada sugere como esquema diversos momentos desde a ambientação, a reflexão, um gesto da paz, a oração e bênção final.

O movimento internacional católico Pax Christi (Paz de Cristo) foi fundado em França no ano de 1945.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Évora: Arcebispo institui 18 novos leitores rumo ao diaconado permanente

 

 

 

«YOUCATday» reúne mais de 2000 jovens nas ruas da baixa da cidade 

 

 

Papa decide alargar faculdade
de absolvição do aborto

 

O Papa Francisco anunciou a decisão de alargar definitivamente a faculdade de absolvição de quem praticou o aborto a todos os sacerdotes, mantendo assim a prática do Ano Jubilar da Misericórdia que se concluiu este domingo. “Para que nenhum obstáculo exista entre o 

 

 

pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a partir de agora a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto”, escreve, no número 12 da carta apostólica ‘Misericórdia e Mísera’,

 

 

divulgada pelo Vaticano.

Francisco precisa que aquilo que concedera a todos os padres, de forma limitada ao período jubilar, fica agora “alargado no tempo, não obstante qualquer disposição em contrário”. “Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai”, explica.

O Papa espera que os sacerdotes católicos sejam “guia, apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes neste caminho de especial reconciliação”.

A prática do aborto implica, segundo o Direito Canónico, a excomunhão ‘latae sententiae’ (automática), exigindo até agora a confissão ao bispo (ou os padres a quem o bispo desse essa faculdade) para a remissão da pena.

Francisco decidiu ainda manter o serviço dos “Missionários da Misericórdia”, mais de mil sacerdotes de vários países, incluindo Portugal, que foram enviados no ano santo extraordinário (dezembro 2015-novembro 2016) para promover o perdão dos pecados. “Desejo que permaneça ainda, até novas ordens,  

 

como sinal concreto de que a graça do Jubileu continua a ser viva e eficaz nas várias partes do mundo”, adianta o Papa.

A carta anuncia também que os fiéis que assim o desejarem podem continuar a confessar-se nas igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, um gesto explicado com o desejo de restabelecer “a plena comunhão na Igreja Católica”.

Francisco deseja uma redescoberta do “ministério da reconciliação”, particularmente valorizada em iniciativas como as ‘24 horas para o Senhor’, na Quaresma. “Que a ninguém sinceramente arrependido seja impedido de aceder ao amor do Pai que espera o seu regresso e, ao mesmo tempo, a todos seja oferecida a possibilidade de experimentar a força libertadora do perdão”, apela.

A nova carta apostólica propõe ainda iniciativas para a valorização da Bíblia na vida dos católicos, sugerindo às comunidades que escolham um domingo do ano litúrgico para “renovar o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura”.

‘Misericordia et misera’ foi assinada publicamente este domingo, na Praça de São Pedro, após o final da Missa que encerrou o Jubileu da Misericórdia, 29.º Ano Santo na história da Igreja Católica.

 

Francisco institui Dia Mundial dos Pobres

 

O Papa decidiu instituir um “Dia Mundial dos Pobres” na Igreja Católica, que vai ser celebrado no penúltimo domingo do ano litúrgico, revelou hoje o pontífice numa nova carta apostólica.

A celebração é inspirada no Ano Santo da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016), que se concluiu este domingo e, particularmente, no ‘Jubileu das Pessoas Excluídas Socialmente’, que se celebrou no Vaticano a 13 de novembro, dia em que se fecharam as Portas Santas em todas as catedrais e santuários do mundo.

“Intuí que, como mais um sinal concreto deste Ano Santo extraordinário, se deve celebrar em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres”, escreve Francisco, na carta apostólica ‘Misericórdia e mísera’, com a qual marca o final do Jubileu.

O Papa explica que vê nesta nova celebração a “mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo”, que encerra o ano litúrgico na Igreja Católica, evocando a sua identificação com os “mais pequenos e os pobres”.

 

 

O “Dia Mundial dos Pobres” quer ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho”. “Não podemos esquecer-nos dos pobres: trata-se dum convite hoje mais atual do que nunca, que se impõe pela sua evidência evangélica”, sustenta.

Francisco defende que “não poderá haver justiça nem paz social” enquanto “Lázaro [nome dado por Jesus a um pobre numa das suas parábolas] jazer à porta da nossa casa”. A iniciativa pretende ainda “renovar o rosto da Igreja” na sua ação de conversão pastoral para que seja “testemunha da misericórdia”.

O Papa deixa votos de que a Igreja Católica saiba dar vida a “muitas obras novas” que manifestem essa misericórdia, indo ao encontro dos que padecem a fome e a sede.

 

 

 

 

Jubileu da Misericórdia chega ao fim

O Papa encerrou este domingo no Vaticano a Porta Santa da Basílica de São Pedro, colocando um ponto final no Jubileu da Misericórdia iniciado em dezembro de 2015. A clausura da porta, que apenas se abre nos Anos Santos (29 até hoje, na história da Igreja Católica), decorreu antes da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro.

Na homilia da celebração, Francisco defendeu uma Igreja Católica "livre" e "pobre" para melhor cumprir a sua missão. "Este tempo de misericórdia chama-nos a contemplar o verdadeiro rosto do nosso Rei, aquele que brilha na Páscoa, e a descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor, missionária", disse.

Na Missa da Solenidade de Cristo-Rei, com vários membros do Colégio Cardinalício, incluindo os que foram criados cardeais este sábado, Francisco convidou todos a não fechar nunca as "portas da reconciliação e do perdão", para 

 

 

saber "ultrapassar o mal e as divergências, abrindo todas as vias possíveis de esperança". 

"Com efeito, embora se feche a Porta Santa, continua sempre escancarada para nós a verdadeira porta da misericórdia que é o Coração de Cristo", sustentou, após ter iniciado a celebração com o rito de encerramento da porta jubilar na Basílica do Vaticano.

O pontífice argentino rejeitou a busca de "seguranças gratificantes" por parte da Igreja, que deve procurar "regressar ao essencial", ao "coração do Evangelho", que é a misericórdia.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Consistório 2016: Papa e novos cardeais visitaram Bento XVI

 

 

 

Novos cardeais para a Igreja Católica

 

 

 

Teologia cantada

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA   

 

 

A morte de Leonard Cohen abriu espaço para uma discussão sobre o espaço da Teologia na música. No caso do génio canadiano, a profundidade da busca espiritual, sobre o sentido da vida e o que está para lá do que se vê, é por demais evidente. Vale a pena, contudo, estar atento a muito do que nos rodeia, porque esta peregrinação interior está presente onde menos se espera.

Confesso que uma das questões teológicas que mais me sacode é a do sofrimento do inocente. O Papa Francisco tem confessado, várias vezes, que perante algumas situações resta o silêncio e a solidariedade concreta para com quem sofre, sabendo que a resposta à questão “Onde estava Deus” é: estava naqueles que sofreram, que morreram.

O tema, no entanto, ganha outra dimensão quando responsáveis cristãos afirmam que desastres naturais vitimam milhares de pessoas inocentes, incluindo crianças, porque Deus castiga o pecado. Aqui já não me sinto sacudido. Tremo.

Penso nessa contradição entre a mensagem de misericórdia e o justicialismo-intervencionista ao ouvir a música ‘O Deus que Devasta Mas Também Cura’, que aqui proponho cantada por um dos seus autores, Gui Amabis. O tema dá título ao álbum de outro artista brasileiro, Lucas Santtana.

A música aborda o “caos de um dia atroz por causa da fúria de um deus”, antes de cantar um jardim simbolicamente iluminado “por uma estrela”. Ouço, em silêncio, na convicção interior de que Deus está com os que sofrem.

   

 

 

 

 

 

O silêncio é, aliás, uma das maiores necessidades da Igreja Católica no diálogo entre os que “habitam” e os que “procuram” a fé, usando as categorias do teólogo Tomas Halík. Quem chega hoje às comunidades católicas em busca de respostas para a “ávida dúvida” (como canta uma das melhores bandas brasileiras da atualidade, O Terno) quer ser ouvido, antes de mais nada. E a própria Igreja precisa de ouvir, de entender o que outro sabe, vive, procura, sem a tentação de fazer exigências imediatas. Acolher e amar, antes de querer ensinar.

 

 

 

A leitura da nova carta apostólica ‘Misericórdia e mísera’ é uma lição, a este respeito. O Papa insiste na ideia de perdão como horizonte da relação pessoal com Deus. Perante as situações de falha, de pecado, de miséria que atingem cada ser humano, Francisco é um líder espiritual que perscruta o coração de Deus, à procura da melhor resposta para elas. Na certeza de que “nada do que um pecador arrependido coloque diante da misericórdia de Deus pode ficar sem o abraço do seu perdão”. Porque o nosso Deus é um Deus que cura.

 

 

 

 

 

 

 

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que sofre (AIS) apresentou o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2014-2016, no qual denuncia o surgimento de um “hiperextremismo islamita” que ameaça a paz e a estabilidade em várias regiões.

 

Catarina Martins Bettencourt, diretora do secretariado português da AIS, refere que os cristãos são o "grupo mais perseguido" entre as várias confissões religiosas, admitindo que nos próximos cinco anos possam "desaparecer" algumas comunidades cristãs no Médio Oriente. "Há um claro retrocesso na liberdade religiosa no mundo", alerta.

 

O Semanário ECCLESIA apresenta entrevistas D. Bashar Warda, arcebispo iraquiano, e da irmã Guadalupe, religiosa argentina que vive na Síria, além de textos e testemunhos sobre situações de perseguição religiosa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«Cancro» do Daesh 
exige medidas radicais

 

 

O arcebispo de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, esteve em Portugal no contexto da apresentação do relatório sobre a Liberdade Religiosa no mundo, que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) promoveu.

O Iraque tem sido palco, há mais de uma década, de violência “direta” contra cristãos, gerando uma “grande onda” que afeta estas comunidades, as quais passaram de 1,2 milhões de pessoas para menos 300 mil. D. Bashar Warda fala do Daesh como um “cancro”, com o qual não há possibilidade de “diálogo”, exigindo um “tratamento radical”, que inclua “pressão política” e aposta na educação.

 

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - Qual é a sua opinião sobre este relatório da AIS, que revela um aumento da intolerância religiosa no mundo, particularmente contra os cristãos? O que é isto significa para o mundo de hoje?

D. Bashar Warda (BW) - Acho que é um relatório chocante, porque nos diz em que ponto estamos no século XXI, e é também uma chamamento desafiante para todos os países, especialmente no Ocidente, para que acordem e estejam atentos ao que se está a passar no mundo; para que 

 

tomem iniciativas a nível político, económico e social no sentido de reduzirem e enfrentarem esta realidade tal como está.

Como se costumava dizer, a negação não é um rio [denial is not river, um trocadilho em inglês com o nome do rio Nilo, no Egito], portanto não podemos negar esta realidade, é um facto, existe, mais de 35 países estão em sofrimento, muitas pessoas, e é uma realidade em crescimento. Há dois anos atrás era menos, agora está a espalhar-se, e não podemos negar este facto e dizer que está tudo bem, não está tudo bem.

 

 

 

 

AE - Na sua opinião, o que é a comunidade internacional pode fazer contra o autoproclamado Estado Islâmico, por exemplo, que ações podem ser tomadas contra a guerra e a violência neste momento?

BW - Infelizmente, para mim como bispo, tenho de dizer que um grupo tão extremista e terrorista como este é como um cancro, portanto tem de ser tratado de forma decisiva e incluir um pacote de recuperação que é preciso ser feito.

É preciso haver uma intervenção militar, porque não há qualquer possibilidade de diálogo com estas 

 

 

pessoas - se houver a mínima hipótese de dialogar, teremos de a aproveitar - estas pessoas geralmente não estão abertas a quem é diferente.

Mas com este pacote deverá também vir outro, para abordar os desafios sociais que levaram a esta mentalidade e a estes atos de violência; pressão política sobre as pessoas em países que, de uma maneira ou de outra, estão a encorajar a existência destes fenómenos. Portanto o Ocidente tem muitas coisas a ter em conta em relação a este extremismo nos Estados islâmicos.

 

 

 

 

 

AE - Em relação ao seu país, o Iraque: após a queda do regime de Saddam Hussein, em 2003, os cristãos começaram a ser tratados de forma mais agressiva? Como padre em Bagdade, nessa altura, como viu a mudança?

BW - Na nossa parte do mundo, os muçulmanos pensam que o Ocidente é cristão e que nós cristãos estamos com eles, nesse sentido. Mas chegou o ponto de dizer que no Ocidente nem todos são cristãos, e também há cristãos mas nem todos são praticantes. E o nosso país levou algum tempo a entender isso, que não se pode fazer esta associação.

Mas depois da queda do regime em

 

 

 2003, não havia lei, vieram pessoas e declararam-na uma península islâmica e fechada a quem era de fora. Houve uma perseguição direta aos cristãos naquela altura, raptos de sacerdotes, assassinatos de padres, de bispos, bombardeamento de igrejas, ameaças sobre os cristãos para que deixassem as suas terras e as suas casas, houve uma violência direcionada contra os cristãos.

Na ausência de um Estado e de uma lei, houve pessoas que se aproveitaram desta situação, esta onda enorme de violência contra cristãos teve por trás inúmeros fatores. O número de cristãos aqui caiu de 1,2 milhões para menos de 300 mil.

 

 

 

 

AE - Que episódios recorda em particular?

BW - Em 2003 teve lugar um massacre numa igreja ao domingo, combatentes islâmicos entraram no templo durante a Missa e mataram os dois sacerdotes e todas as pessoas lá dentro; depois o Daesh em 2014. Esta violência foi direcionada contra os cristãos e as minorias, nós sofremos muito por causa disto.

 

 

AE - A Arquidiocese de Erbil fica no Curdistão iraquiano, uma região que se pode dizer mais tolerante em relação aos cristãos, para onde muitos deles fugiram. Qual é a situação destas pessoas, hoje?

BW - O povo curdo acolhe cristãos e yazidis porque lhes dizem que esta é a sua terra, estamos juntos há mais de 1400 anos, e é também mais tolerante porque simpatiza com os perseguidos 

 

 

 

 

 - o povo curdo foi ele próprio perseguido. O governo curdo está empenhado em mostrar um lado bom, positivo e tolerante, portanto abriu todas as fronteiras e providenciou toda a ajuda logística que pôde.

Hoje temos cerca de 10 mil famílias deslocadas internamente, quer de Mossul quer da Planície de Nínive, com o apoio da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, dos Cavaleiros de Colombo, das conferências episcopais, das igrejas caldeias, de tantas organizações e agências católicas. Conseguimos ajudá-los a permanecer, fornecemos abrigo, comida, medicamentos, construímos escolas para todas as crianças.

Todos estão à espera da libertação total da Planície de Nínive e de Mossul para poderem voltar para casa, ver as suas terras, começar de novo a vida nestes territórios.

É preciso despertar consciências acerca do destino, da situação presente dos cristãos, dos cristãos perseguidos, temos também necessidades materiais porque para mantermos estas pessoas aqui temos de dar-lhes um teto, educação, alimentação e saúde. E a Igreja Católica está a fazer isso, claro que com a ajuda de outras igrejas.

 

 

 

AE - Há condições para o regresso seguro destas pessoas para casa?

BW - Não. Todas as igrejas foram queimadas, a maior parte dos altares foram destruídos, 30 a 40 por cento das casas diria que foram completamente destruídas, outras queimadas, não há escolas nem clínicas, os serviços públicos estão completamente destruídos. É preciso algum tempo, primeiro assegurar Mossul e depois começar a reconstruir, para regressar é preciso segurança, segurança e segurança, política e social dentro de Mossul.

As pessoas não vão poder regressar se estas condições não tiverem sido asseguradas, pois quem garante que tudo não voltará a acontecer. Esta será a primeira condição e depois a reconstrução, compensar, tudo isto é essencial para as famílias, para as convencerem a sair da zona segura que têm agora em Erbil e irem para a Planície de Nínive. Não esperamos que as pessoas regressem a casa até ao verão, pelo menos até ao próximo ano académico, não existem escolas de pé lá…

 

 

 

 

AE - O Papa já manifestou a sua disponibilidade para visitar Erbil. O que é que isso representaria?

BW - A sua presença daria muito alento aos cristãos, porque ele tem sempre presente estas pessoas nos seus discursos e na sua oração. A sua vinda seria um apoio grande para a comunidade cristã, esperamos e rezamos para que isso aconteça, e iria influenciar toda a sociedade aqui, 

 

 

muçulmanos e cristãos num todo, em especial os governos de ambos os lados, no Curdistão e no Iraque, para trabalharem mais em conjunto. Por isso esperamos que essa visita aconteça em breve.

Pessoalmente, convidei o Papa duas vezes e ele expressou a sua vontade em vir, mas acho que está a aguardar por melhores circunstâncias.

 

 

 

 

 

 

AE - E o que espera da nova administração Trump em relação ao combate contra o Daesh?

BW - Nós sabemos e sempre dissemos que a América tem uma responsabilidade moral em relação ao Iraque, por causa das mudanças que aconteceram em 2003. Eles têm de levar isto a sério, têm de estar empenhados.

O novo presidente disse que vai lutar contra o Estado Islâmico de modo diferente e que vai trazer um fim a esta violência e a este mal. Por isso esperamos que esta mudança política afete positivamente a vida das pessoas no Médio Oriente

 

 

 

 

AE - Que mensagem deixa ao povo português?

BW - Em primeiro lugar, quero agradecer às pessoas pelas suas orações, pelo seu apoio, por estarem atentos à nossa situação, esperando que isso que permita elevar mais as consciências. Rezo em Fátima para que a paz possa chegar a todo o Médio Oriente, que a Rainha da Paz nos abençoe com a paz definitiva, que todos possamos viver em paz, cristãos, muçulmanos, yazidis, shabaks, curdos, árabes, podia nomear todas estas minorias…

E, sobretudo, peço às novas gerações para estarem mais envolvidas face a este fenómeno da perseguição religiosa um pouco por todo o mundo, estarem mais conscientes e valorizarem a sua fé cristã, exigindo maior ação dos políticos no que toca à garantia da liberdade religiosa e contra a perseguição no Iraque e na Síria

D. Bashar Warda salientou que a sua comunidade “foi abençoada” pela oportunidade de viver na prática o Ano Santo extraordinário convocado pelo Papa. “Tendo entre nós os refugiados e deslocados foi uma boa ocasião para todas as pessoas mostrarem a sua misericórdia e rezarem por estas pessoas, apoiando-as e acompanhando-as nas suas necessidades”.

 

 

 

Fugir ao Daesh

Padre Jacques Mourad, sacerdote sírio-católico

 

A importância da liberdade religiosa para mim significa a diferença entre a morte e a vida. Sou um sacerdote católico da Síria e dedico-me simultaneamente à sobrevivência do Cristianismo neste nosso centro nevrálgico bíblico e à causa da construção da confiança e do entendimento entre Cristãos e Muçulmanos.

A 21 de maio de 2015, fui raptado na Síria pelo Daesh (ISIS) e fui encarcerado em Raqqa, que o Daesh 

 

 

transformou na sua capital. Durante 83 dias, a minha vida esteve presa por um fio. Temi que cada dia fosse o último.

Ao oitavo dia, o wali [governador] de Raqqa veio à minha cela e convidou-me a considerar o meu cativeiro como uma espécie de retiro espiritual. Estas palavras tiveram um grande impacto em mim. Fiquei espantado por ver que Deus conseguia até usar o coração de um alto responsável do Daesh para me enviar uma mensagem espiritual. Este encontro marcou uma mudança

 

 


 

na minha vida interior e ajudou-me durante o tempo em que estive preso.

Mais tarde, fui transferido de volta para a minha cidade, Qaryatayn, e a partir daí consegui alcançar a liberdade, graças à ajuda de um amigo muçulmano da região. Teria sido muito fácil ceder à raiva e ao ódio pelo que me aconteceu. Mas Deus mostrou-me outro caminho.

Em toda a minha vida como monge na Síria procurei encontrar ligações com os muçulmanos e que aprendêssemos uns com os outros. Estou convencido de que, ao longo dos últimos anos, o nosso compromisso em ajudar todos os necessitados na região de Qaryatayn, tanto cristãos como muçulmanos, foi a razão pela qual 250 cristãos e eu conseguimos regressar à liberdade.

O nosso mundo oscila à beira de uma catástrofe total, à medida que o extremismo ameaça acabar de vez com todos os vestígios de diversidade na sociedade. Mas se a religião nos ensina alguma coisa é o valor da pessoa humana, a necessidade de respeito uns pelos outros como dom de Deus. Por isso, de certeza que deve ser possível ter uma fé apaixonada

 

 na própria crença religiosa e ao mesmo tempo respeitar o direito dos outros de seguirem a sua consciência, de viverem a sua própria resposta ao amor de Deus que nos ciou a todos.

Estou profundamente agradecido à Fundação AIS, a instituição que continua a dar tanta ajuda de emergência e ajuda pastoral ao nosso povo sofredor, pelo seu compromisso para com a causa da liberdade religiosa.

Este compromisso deu fruto neste Relatório de 2016 da Liberdade Religiosa no Mundo. Se queremos quebrar o ciclo de violência que ameaça engolir o nosso mundo, precisamos de substituir a guerra pela paz. Nos dias que correm, mais do que nunca, é tempo de pôr de lado o ódio religioso e os interesses pessoais, e de aprender a amar?nos uns aos outros, tal como as nossas religiões nos exortam a fazer.

 

(Prefácio do relatório sobre a Liberdade Religiosa do Mundo, Fundação AIS)

 

 

 

Hiperextremismo islamita
ameaça Liberdade Religiosa

Nunca o fundamentalismo religioso foi tão letal como agora. Morte, destruição, deslocamento de pessoas numa escala sem precedentes, e instabilidade regional são algumas das consequências do advento, nos últimos anos, de um “novo fenómeno de violência com motivação religiosa”, que pode ser denominado de “hiperextremismo islamita”.

Segundo o Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação AIS, o surgimento, em larga escala, deste fenómeno religioso extremista coloca em perigo a paz mundial, estabilidade e a harmonia social do Ocidente.

O Relatório, produzido a nível internacional por uma equipa de especialistas da Fundação AIS - que incluem académicos, religiosos e jornalistas -, avalia a evolução, no período correspondente – de junho de 2014 a junho deste ano –, das questões relacionadas com a liberdade religiosa em 164 países.

O resultado é inquietante. “Em algumas regiões do Médio Oriente, que incluem o Iraque e a Síria, este hiperextremismo está a eliminar todas as formas de diversidade religiosa

 

e ameaça fazer o mesmo em certas zonas de África e do subcontinente asiático”.

Como notam os autores do Relatório, a emergência deste hiperextremismo visível também em atos de pura selvajaria, denota intenções genocidas, que já foram, aliás, denunciadas, no que diz respeito ao autoproclamado “Estado Islâmico”, pelas Nações Unidas e pelo parlamento de diversos países, nomeadamente em Portugal.

No nosso país, recorde-se, a Assembleia da República reconheceu, em abril deste ano, “formalmente, e por unanimidade”, o “terrível genocídio” contra os cristãos e outras minorias étnicas e religiosas, em África e no Médio Oriente.

Outra das consequências desta violência de inspiração religiosa do extremismo islâmico tem sido o aumento extraordinário do número de refugiados, atualmente estimado em cerca de 65,3 milhões, segundo as Nações Unidas, com fugas maciças de populações oriundas essencialmente de países como o Afeganistão, Síria e Somália.

 

 


 

 

 

No documento, os especialistas da Fundação AIS alertam para as consequências, para os países do Ocidente, da chegada deste número, sem precedentes, de refugiados, cujo tecido socio-religioso inevitavelmente será desestabilizado. Esses problemas tenderão, ainda segundo o Relatório da AIS, a serem agravados com o surgimento de atentados terroristas fundamentalistas nos países ocidentais.

Na leitura deste Relatório, importa destacar que a liberdade religiosa não tem sido apenas vítima da atuação de grupos religiosos radicais, mas continua a ser objeto de “repressão” em países como tem sido o caso da China, do Turquemenistão, Coreia do Norte ou Eritreia. 

 

 

 

 

Discussão religiosa
deve voltar ao espaço público

 

O presidente do grupo parlamentar de Solidariedade com os Cristãos Perseguidos, da Assembleia da República Portuguesa, considera que é necessário trazer, “outra vez, a discussão espiritual, a discussão religiosa”, para o espaço público.

“É preciso recuperar isso nas 

 

 

democracias e esse é um passo fundamental para começarmos a resolver os problemas ligados à liberdade religiosa e, principalmente, hoje em dia, para resolvermos a violência que existe nos atentados à liberdade religiosa”, explica Fernando Negrão. Segundo o deputado do 

 

 

 

Partido Social Democrata (PSD), deve haver uma “discussão plural” em que todos possam ser integrados, “uma atitude inclusiva” no sentido de todos estarem “integrados nessa conversa e nesse diálogo”.

Para o presidente do grupo parlamentar de Solidariedade com os Cristãos Perseguidos a cultura “é fundamental”, com as crianças nas escolas, “incluir todas as religiões para já no espaço da escola”, “é o passo decisivo”. “Esse é um caminho cultural, o caminho mais seguro para nós termos efetiva liberdade religiosa e, principalmente, para banirmos a violência e as atrocidades que hoje se fazem todos os dias em nome da religião”, desenvolveu Fernando Negrão.

Em declarações à Agência ECCLESIA, observou ainda que é preciso “sensibilizar” todos os atores políticos em Portugal, no sentido da liberdade religiosa seja um “direito fundamental” porque “não pode continuar a ser um direito órfão”, tem que ter vida, conteúdo.

Por sua vez, José Ribeiro e Castro, ex-presidente do referido grupo parlamentar português, alerta para o não-esquecimento de situações de “extrema gravidade” contra a liberdade religiosa, na China,  no Turquemenistão, em África.

O também antigo líder do CDS-PP sobre casos específicos como os 

 

conflitos na Síria e no Iraque considera necessário “estabilizar a situação nesses países, o que se tem revelado tarefa “bastante difícil”.

Para José Ribeiro e Castro o Ocidente “teve uma forte responsabilidade”, nas guerras dilacerantes dos dois países, quer em 2003 na invasão do Iraque quer no início da guerra civil na Síria. “Acompanho os apelos que o bispo de Erbil fez assente na responsabilidade moral do Ocidente, quer quanto ao acolhimento de refugiados, quer quanto ao apoio ao restabelecimento da paz com sensatez, com equilíbrio nesses países”, desenvolve.

Neste contexto, destacou o “papel pacificador que os cristãos podem ter” nesses países, mesmo com a perseguição religiosa, relatado por D. Bashar Warda, nomeadamente no diálogo com os muçulmanos xiitas e sunitas para que superem os seus próprios diferendos. “Creio que isso será uma resposta que revela um profundo espírito cristão, não só preocupado com o próprio bem-estar das comunidades mas também com a superação de conflitos entre linhas muçulmanos”, acrescentou.

O antigo presidente do CDS-PP espera ainda que as mensagens de relatórios, como o da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, “tenham continuidade na ação política” do Parlamento, e através dele no Governo.

 

 

Ekhlas,
um nome para a perseguição religiosa

 

Abril de 2016: Uma adolescente yazidi chamada Ekhlas, do norte do Iraque, deu um testemunho pessoal aos deputados sobre a violência e outras atrocidades levadas a cabo pelo Daesh (ISIS). Ekhlas está entre os muitos yazidis raptados pelos extremistas islamitas das suas casas em Sinjar. O seu pai e o seu irmão foram mortos à sua frente. Ela e todas as outras 

 

 

raparigas com mais de 8 anos na sua comunidade foram raptadas, encarceradas e violadas.

Ao falar a um grupo restrito de deputados do Parlamento em Westminster, Londres, Ekhlas descreveu ter visto as suas amigas serem raptadas e ter ouvido os seus gritos. Referiu conhecer uma menina de 9 anos que foi violada tantas 

 

 

 

 

vezes que acabou por morrer. Ekhlas disse que viu um rapaz de 2 anos a ser morto em frente à mãe. Ela própria só conseguiu escapar à prisão durante o bombardeamento de uma área próxima do local onde estava encarcerada.

A adolescente dirigiu-se aos deputados no dia anterior ao debate na Casa dos Comuns sobre uma moção de reconhecimento de genocídio pelo Daesh contra yazidis, cristãos e outras minorias. A moção apelava igualmente a que o Governo britânico referisse a questão no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para que os que realizam estes crimes sejam levados à justiça.

Durante o debate de bastidores a 20 de abril de 2016, a deputada Fiona Bruce apresentou pormenores do relato de Ekhlas e fez eco do pedido da adolescente. A deputada citou as palavras de Ekhlas: “Oiçam-me, ajudem as raparigas, ajudem os que estão presos. Peço-vos, encarecidamente, vamos juntar-nos e chamar a isto o que realmente é: genocídio.”

“Isto tem a ver com a dignidade humana. Vocês têm uma responsabilidade. O Daesh está a cometer genocídio porque 

 

está a tentar exterminar-nos”.

A moção foi aprovada por 278 votos a favor e zero contra. Os deputados exortaram o Governo britânico a apelar ao Conselho de Segurança da ONU para que remeta os crimes cometidos pelo Daesh para o Tribunal Penal Internacional.

 

 

Jogo de futebol inter-religioso

Uma iniciativa para combater o ódio religioso no Paquistão através da criação de um torneio de futebol para pessoas de todas as religiões provou ser tão bem-sucedida que agora atrai mais de trinta equipas das quatro províncias do país.

Tendo começado há quinze anos atrás, a iniciativa foi ideia do sacerdote católico padre Emmanuel Parvez, que realiza o torneio em Khushpur, uma aldeia maioritariamente cristã no Punjab. “Os nossos objetivos são criar uma atmosfera de paz e diálogo entre os jovens de vários credos e alimentar a irmandade e a tolerância numa sociedade atormentada pelo terrorismo”, afirmou.

 

 

 

Ucrânia: milhares de pessoas dependem da ajuda da Igreja

A guerra esquecida

No Leste da Ucrânia, desde que deflagrou o conflito entre separatistas pró-russos e as forças de Kiev, em 2014, há milhares de pessoas que vivem como que esquecidas, que sofrem e que precisam de ajuda. A Igreja tem desenvolvido um trabalho notável junto destas populações, mas sem a nossa ajuda pouco podem fazer…

 

O Papa Francisco tem denunciado a situação em que se encontram as populações sitiadas pela violência no Leste da Ucrânia. E são já mais de 10 mil os que perderam a vida neste conflito que o mundo tende a ignorar, e mais de dois milhões os que perderam tudo o que tinham por causa desta guerra. Como tem dito o Santo Padre, estas populações não podem ser esquecidas. Nalguns locais vive-se todos os dias o receio de uma guerra aberta. As populações sentem-se ameaçadas e desprotegidas. A pobreza em que já viviam afundou-se ainda mais. Sem trabalho, com a ameaça da guerra, milhares de pessoas estão como que encurraladas. Para cuidar deles, resta apenas a 

 

solidariedade da Igreja. São muitas vezes as congregações femininas que têm estado nesta nova linha da frente da solidariedade. As irmãs são hoje o sinal bem visível da presença da Igreja depois das décadas da opressão soviética. Na Ucrânia há hoje 56 congregações femininas. Quase todas são apoiadas pela Fundação AIS.

 

Novos pobres

Os novos refugiados são pessoas comuns vítimas da anexação dos territórios do Leste do país pelas forças pró-russas e a instalação do clima de guerra. São os novos pobres. Às vezes, quase todos os dias, as irmãs têm de decifrar nos seus olhares aquilo de que mais precisam e não conseguem sequer pedir. Não é fácil mendigar. Diz a irmã Sabina Pekala, das missionárias de São Orione Kharkiv:“Sentem-se humilhados, porque têm de vir aqui e nós temos de agir com cautela. Às vezes percebemos nos seus olhos que precisam de algo, mas não o dizem. São pessoas desesperadas… Muitos perderam 

 

 

 

 

as suas casas, estão todos traumatizados, choram… Às vezes – acrescenta a irmã – também nós ficamos com lágrimas só de os escutarmos…” As irmãs missionárias de São Orione Kharkiv são testemunhas, também, de que a solidariedade se contagia. “Muitas vezes – acrescenta a irmã – batem-nos à porta e trazem-nos algum dinheiro. Muitos trazem roupa. Vêm e dizem: ‘vemos que ajudam e alimentam tantas pessoas. Podemos ajudar-vos de alguma maneira?’ Digo sempre que sim. Todos dão o que têm…”

 

Estas irmãs são, na sua pobreza, o sinal da solidariedade da Igreja. A própria casa em que vivem precisa de obras urgentes. Quando chove muito ficam com a cozinha e a casa de banho inundadas. Elas, à semelhança das pessoas que lhes batem à porta, também estão de mãos estendidas. A Fundação AIS tem procurado ajudar estas irmãs assim como todas as congregações ucranianas que, todos os dias, procuram aliviar estas populações mais esquecidas na Europa.

Paulo Aido

www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

 

Tragédia na Síria
com culpas do Ocidente 

 

A irmã Guadalupe, da Congregação do Verbo Encarnado, que esteve em missão na cidade síria de Alepo, denunciou à Agência ECCLESIA a “perseguição” contra os cristãos num cenário quotidiano de morte. A religiosa argentina recorda que antes da guerra civil, iniciada em 2011, havia uma “convivência muito boa” entre cristãos e muçulmanos, realidade que hoje se transformou num cenário de “perseguição”, com culpas da comunidade internacional.

 

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - Está em missão na Síria desde 2011, pela Família do Verbo Encarnado. Como tem sido essa experiência junto de uma comunidade cristã tão sofrida?

Irmã Guadalupe (IG) - A experiência na Síria para mim foi muito diferente, antes da guerra e depois da chegada da guerra. Porque antes da guerra havia uma convivência muito boa com os muçulmanos, o que é algo raro no Médio Oriente, não é assim nos demais países. Eu estive em vários países do Médio Oriente e testemunhei a discriminação e a perseguição feita aos cristãos, 

 

 

desde que existe o Islão que é assim e desde o início da Igreja.

Mas na Síria havia uma convivência pacífica entre cristãos e muçulmanos e como não era uma fé provada era também uma fé por vezes superficial, um pouco mundana, acomodada, gente que vivia muito bem, tinha muito bem-estar económico.

A chegada da guerra e da perseguição mudou esta comunidade cristã, a sua fé foi reforçada com a perseguição, notou-se muito o desapego às coisas materiais, do mundo, e o apego à fé e à esperança.

 

 

 

AE - Como é o dia-a-dia desta comunidade cristã, perseguida, maltratada?

IG - Eu sou ocidental, sou argentina, e pode-se comparar esta vivência com o que é ser cristão no Ocidente, onde às vezes há um cristianismo fugaz, de alguns momentos e lugares, de algumas circunstâncias, consoante esteja na igreja, junto da família, numa comunidade ou num grupo de amigos que são cristãos. E depois em outros ambientes dissimulo, escondo o meu cristianismo, não o manifestou.  

Isso aqui na Síria já não existe, aqui é-se cristão minuto a minuto e isso significa estar disposto ao martírio minuto a minuto. Não é uma questão de momentos.

Existe a possibilidade de renunciar à fé para evitar a morte, têm essa possibilidade mas não a aceitam de maneira nenhuma. Por isso a sua fé está de tal modo reforçada que dizem que mais vale perder tudo, incluindo a vida, do que renegar Jesus Cristo.

Então o dia-a-dia destes cristãos é em tudo muito particular, quem vive aqui sabe que a morte pode chegar a qualquer momento e então vive cada dia intensamente, sabendo

 

que pode ser realmente o seu último dia. Há mortes todos os dias, vivemos a guerra em plena cidade há já mais de cinco anos, nas nossas casas. Os grupos rebeldes, que são grupos terroristas, atacam não só o exército nacional mas também os civis e sobretudo os bairros cristãos.

Sair à rua já significa estar sujeito a morrer com um ataque de um míssil, de um projétil, de um canhão, com tiros, balas perdidas. E ficar em casa também não é garantia de segurança, porque os ataques, os bombardeamentos são permanentes.

 

AE - Qual é a sua missão especificamente na Síria, que tipo de trabalho faz a sua congregação?

IG - Eu pertenço à Família Religiosa do Verbo Encarnado, uma congregação fundada na Argentina pelo padre Carlos Buela, uma congregação recente com apenas 30 anos, com ramo masculino e ramo feminino.

E estamos já, com a graça de Deus, nos cinco continentes e em lugares muito difíceis, por isso estamos na Síria, no Iraque.

O nosso fundador sempre disse que era preciso ir aos lugares onde ninguém quer ir, é esse o nosso

 

 

 

 

chamamento, quisemos que fosse assim, estar com os cristãos, com a Igreja perseguida nestes lugares.

Na Síria estamos em Alepo, a segunda cidade do país mas a mais importante, onde os combates têm sido mais intensos nos últimos cinco anos. E aqui o bispo pediu-nos, há muitos anos já, para darmos atenção especial à pastoral da Catedral daqui, de rito romano.

Temos um sacerdote do Verbo Encarnado com a Catedral e nós, 

 

 

as irmãs, colaboramos na pastoral e temos a nosso cargo uma pensão, uma residência para estudantes universitárias.

E as estudantes seguem com os seus estudos, independentemente da guerra temos tido licenciadas todos os anos, é impressionante como a vida continua, se consegue seguir adiante, e sobretudo com base na fé, porque não há outra razão para seguir em frente.

 

 

AE - Perante esta realidade, de opressão, de limitação da liberdade religiosa, o que é preciso fazer para que este fenómeno possa ser contrariado, erradicado da sociedade, particularmente na Síria?

IG - Aqui temos de modo muito evidente a experiência da falta da liberdade religiosa, porque aqui a perseguição é cruel, é de espada, cristãos crucificados, decapitados, enterrados vivos, crianças são crucificadas por serem cristãs.

Mas o Ocidente não está livre disto, desta perseguição. Se virmos no Ocidente vive-se a liberdade religiosa? Não! Definitivamente não!

 

O problema é que a liberdade religiosa por vezes entende-se como não poder manifestar a própria fé, isso não é liberdade.

E então em nome da liberdade religiosa temos de retirar as cruzes, em nome da liberdade religiosa não se pode colocar um presépio público, em nome da liberdade religiosa não se pode manifestar publicamente a fé, isso não é liberdade religiosa, isso é querer apagar Deus da História, e isso não pode acontecer.

Então nesse sentido creio que os cristãos do Médio Oriente ensinam-nos como viver a liberdade religiosa, porque mesmo no meio da 

 

 

 

 

 

perseguição eles são livres e continuam a manifestar a sua fé, não se amedrontam, não se escondem, não dissimula a sua fé, pelo contrário.

Creio que nesse sentido eles mostram aos cristãos ocidentais como podem viver plenamente a sua fé, para serem realmente um testemunho vivo para os outros.

O caso dos cristãos egípcios é muito paradigmático, eles tatuam a cruz na sua pele, e fazem-no como uma tradição, um rito, não como uma moda. Fazem-no por duas razões: primeiro para se identificarem como cristãos, de uma maneira que seja totalmente definitiva, identificam-se como cristãos sempre e a todos os momentos com a cruz, porque a transportam na carne, não há forma de a retirar.

Esse é o primeiro sentido, o segundo é para prepararem-se para o martírio. É 

 

dizer já que ser cristão é sinónimo de martírio. E isto pode dizer-nos muito a nós, no Ocidente, para que vivamos a nossa fé sem medo.

 

AE - A nível político, existe pouca atenção ao drama que marca a Síria e outros países?

IG - Sim, o que acontece é que, lamentavelmente, as organizações internacionais e os governos, os líderes políticos mais importantes, sobretudo do Ocidente, que deveriam velar pelo bem-comum, na realidade estão a zelar apenas pelos seus interesses económicos.

E por isso chegamos a estas atrocidades, no limite voltamos sempre ao mesmo, à falta de Deus, caídos de Deus cairemos de nós mesmos, e a partir daí tudo é possível. E por isso vemos esta guerra atroz que nunca mais acaba e que está a ser fomentada, impulsionada e financiada pelo Ocidente.

 

 

 

 

IG - Esse Ocidente que prega a liberdade, os direitos humanos, a democracia, financia o terrorismo por interesses económicos e por isso esta perseguição, esta guerra persiste, prossegue há anos.

Se não fosse a chegada da Rússia, que ultimamente tem apoiado o exército 

 

nacional sírio e, graças a Deus, ajudado a libertar cidades, e acredito que chegará a vez de Alepo, esta tem sido a única intervenção eficaz no sentido de acabar com isto.

Mas vamos sempre ao mesmo, na realidade não estão a pensar no bem do povo, ninguém está a pensar 

 

 

 

 

no povo, e é ele que está a pagar o preço desta guerra, são mais de 300 mil mortos, estão a pensar nos seus interesses económicos.

 

AE - Nestes cinco anos de guerra, qual foi o pior momento que viveu na missão junto destas comunidades?

IG - Eu fui enviada para a Síria em janeiro de 2011 e a guerra rebentou uns meses depois. Vivi situações trágicas todos os dias, vi passar a morte muito perto, muitas vezes. Mas talvez o momento mais forte tenha sido quando um míssil terra-terra caiu apenas a 50 metros da minha missão, do episcopado.

Foi uma explosão terrível, um atentado que fez mais de 400 mortos, muitos dos nossos, muitos estudantes universitários. Os estragos foram enormes, no bispado, na Catedral tivemos encerrados muitos meses, não pudemos usar a igreja durante muito tempo.

Mas o pior foi os danos morais, com tantas vítimas, tantos mortos, tantos feridos, foi talvez o pior momento, e aconteceu ao meio-dia, em pleno pico da atividade da cidade, porque apesar da guerra, a atividade na cidade é quase normal.

Havia imensa gente nas ruas e esta explosão provocou muito medo também, mas foi admirável ver como, 

 

nesse mesmo dia, à tarde, umas horas depois, já havia pessoas na Catedral, jovens a ajudarem na retirada de escombros, vidros, a ajudarem no apoio aos feridos, a levá-los ao hospital, a preparar o salão do bispado para a celebração da missa.

E desde esse dia, na nossa igreja duplicou o número de pessoas na missa, depois deste acontecimento limite, depois da queda deste míssil que podia inspirar medo ou assustar as pessoas, dizerem que não saiam mais, não iam mais à igreja, foi o contrário.

Isto mostra como o sofrimento apenas vem reforçar mais a fé destas pessoas, e é isso também o que mais intriga os nossos perseguidores.

 

AE - Já tinha referido essa diferença em relação ao Ocidente, em que perante um acontecimento difícil é o medo que prevalece…

IG - Sim, a mim deu-me muita pena ao ouvir falar dos atentados do ano passado, em Paris e em outras cidades europeias, e como os media diziam que as pessoas agora pensavam duas vezes em peregrinar a Roma e em assistir à missa. Isto é o inverso do que acontece aqui.

Aqui em Alepo festas como o Natal e a Páscoa são os períodos em que acontecem mais ataques, os rebeldes 

 

 

 

 

intensificam os bombardeamentos sobre os bairros cristãos para que eles não vão às igrejas. Mas as igrejas enchem-se para a festa, não conseguem impedi-los.

 

AE - Que mensagem gostaria de deixar ao povo português?

IG - Primeiro o que pedimos sempre é a oração, para que rezem pelos cristãos na Síria. Isso é o que eles mais precisam e é o que os sustenta no momento do martírio, recebem uma graça especial de Deus que vem sobretudo das orações dos outros cristãos, todos fazemos parte deste corpo místico de Deus, somos participantes da comunhão dos santos.

E nesse sentido podemos ajudá-los rezando por eles, isso é o melhor que se pode oferecer. Mas em segundo lugar também denunciar e dar a conhecer tudo o que de facto está a acontecer, porque uma das grandes dores que marcam os cristãos em geral, e o povo sírio e do Iraque, é a desinformação, a manipulação da informação.

Porque lamentavelmente esta guerra fabricada manipula também os meios de comunicação, a imprensa, e então o que chega ao Ocidente não

 

 é o que realmente está a acontecer. 

E nesse sentido há um dever de consciência para todos e cada um, de difundir e dar testemunho da verdade, porque esse será o caminho para mudar a opinião pública, e com isso o rumo daqueles que tomam as decisões, os responsáveis por esta guerra.

Porque no meio desta ignorância eles podem seguir com os seus planos. E é nosso dever anunciar o que realmente está a acontecer. Temos páginas de facebook criadas especificamente com esta intenção, informar e apoiar dos cristãos, SOS Cristãos na Síria, Amigos do Iraque e Nazarenos Perseguidos.

Não podemos continuar indiferentes ao que está a acontecer no Médio Oriente, isto afeta-nos a todos e, de alguma maneira, todos somos responsáveis com o nosso próprio comportamento.

O bem difunde-se a si mesmo, se eu faço o bem estou a contribuir para a paz, e estou a ajudar, mas se faço o mal e continuo no mal, no pecado, no vício, não estou a contribuir para nada. Então as atitudes das pessoas podem ajudar realmente a mudar o que está a acontecer.

 

 

Instituto Pe. António Vieira online

http://www.ipav.pt/

 

A proposta desta semana passa por uma visita atenta e cuidada ao sítio virtual do Instituto Pe. António Vieira (IPAV).

O IPAV “é uma associação sem fins lucrativos, constituída em 2005 com particular vocação para a reflexão e intervenção nos domínios das migrações e diálogo intercultural, inovação social e prospetiva, na senda da inspiração da vida e obra do Pe. António Vieira”. Tendo como principal missão a intervenção e promoção “da dignidade humana, através da inovação social, do diálogo intercultural e da solidariedade em Portugal e no Mundo.

 

Ao digitarmos o endereço www.ipav.pt entramos num espaço organizado, devidamente estruturado e com os conteúdos muito bem distribuídos. Na página inicial encontramos os habituais destaques, um conjunto relevante de vídeos, bem como outros projetos com uma forte presença nas redes sociais.

Na opção “IPAV”, acedemos a informações maioritariamente institucionais, nomeadamente aos relatórios de gestão, aos estatutos, quem são os órgãos sociais e ainda a outros documentos de apresentação.

Caso pretenda conhecer quais os projetos que esta associação possui, basta que clique no item “projetos”. Divididos em quatro grandes áreas 

 

 

 

 

 

(Governação Integrada, Participação e Cidadania, Liderança Servidora, Empregabilidade Solidária), podemos consultar informações sobre a rede grupos de Entreajuda para a Procura de Emprego, a Academia Ubuntu, a incubadora social Ubuntu, o mapa de Inovação e Empreendedorismo Social, a História do Futuro e a Rede internacional de jovens cidadãos (Success), entre outros.

Em “P. António Vieira” ficamos a conhecer o missionário, o político, o diplomata, o orador e o intelectual, que viveu num século conturbado e inquietante. Aí podemos aceder à cronologia daquele que esteve 

 

 

 

na “vanguarda na defesa dos direitos humanos, da interculturalidade e do diálogo inter-religioso”, e a ainda a uma lista completa da sua vasta e variada obra (200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos, dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais).

Por último em parceiros conseguimos obter uma imagem de todas as parcerias que de uma forma mais próxima colaboram com esta tão importante organização cujo nome e identidade “é uma herança portuguesa preciosa para o terceiro milénio”.

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

CANDLA, a App que permite acender uma vela real na sua Igreja ou Santuário.

Estar atento aos sinais dos tempos é uma expressão carismática do Concílio Vaticano II, é uma expressão e atitude que caracteriza a igreja católica, nomeadamente a igreja católica em Portugal. A Igreja serve-se cada vez mais das mais modernas tecnologias para estar próximo e aproximar os fiéis, em particular, e os portugueses.

CANDLA é a aplicação que permite acender uma vela real na sua Igreja ou Santuário.

Esta aplicação foi criada por dois jovens portugueses que foi 

 

 

provocada pelo pensamento “por que não colocar o omnipresente smartphone ao serviço da devoção?”. Assim surgiu a app CANDLA, lançada há alguns meses em Lisboa, estando já presente em 15 igrejas da capital.

 

Como funciona?

CANDLA é uma aplicação mobile que lhe permite acender uma vela mesmo quando não o pode fazer fisicamente, sentindo-se mais próximo de onde se sente bem.

 

 

 

 

É uma aplicação de fácil utilização. Basta aceder à aplicação ou entrar no site e criar a sua conta. Depois só precisa seguir 5 passos: escolher a igreja; escolher o santo; escolher a data; escolher o número de velas; por fim, clique em “ACENDER A VELA”. No dia e hora escolhidos acender-se-ão as velas ao seu santo.

Carregue a sua conta quando quiser com 1, 5, 10, 20 ou 50 velas, e acenda as velas que entender, quando desejar. A aplicação liga-se automaticamente à sua conta do smartphone para comprar mais velas. Acesa a vela receberá uma mensagem com a confirmação e poderá rezar a oração sugerida. Sinta-se mais próximo de onde se sente bem.

 

Uma nova funcionalidade para o seu smartphone.

 

CANDLA Android | CANDLA iOS

 

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

 

 

Proposta de Advento e Natal
para crentes e não-crentes

 

Isabel Figueiredo e Jorge Reis-Sá responderam ao desafio da editora católica Paulus de escrever um livro de Advento e Natal para “crentes e não-crentes”, que foi apresentado esta semana na capela do Centro Comercial Amoreiras, Lisboa.

“Pedimos às pessoas que olhem para o Advento e Natal com outro olhar. Esperemos que seja um novo olhar”, refere Isabel Figueiredo, da Rádio Renascença, à Agência ECCLESIA.

A autora destacou que “foi um 

 

 

desafio” escolher o local para a apresentação do novo livro, face à opção por um local “muito mais identificado com a natureza religiosa do Advento e do Natal”, considerando “feliz” que aconteça na capela de um espaço comercial.

O livro ‘Advento e Natal - Para crentes e não-crentes’ foi escrito em parceria com Jorge Reis-Sá que considera o local da apresentação da obra uma “metáfora excelente”. “É absurdo tentar diminuir o Natal desse ponto

 

 

 

 

 

 de vista (consumista), é lutar contra uma onda gigante, mas não é absurdo que lá haja uma capela para reflexão; em vez de fazermos num espaço comercial, o lançamento está a ser feito numa capela”, observou o escritor.

Jorge Reis-Sá, que assumiu a parte de escrita para não-crentes, explica que lhe pareceu “mais interessante” não sair da ótica dos valores cristãos e “apresentá-los sem a questão da crença” uma vez que considera “serem comummente aceites e bons, mesmo para não-crentes”.

Já Isabel Figueiredo explica que escreveu “com os Evangelhos abertos”, num excercício de leitura, reflexão, escrita em que procurou “a essência” que no Natal “confronta” a pessoa “com o extraordinário que é o nascimento de Jesus”. “Um dos textos faço uma referência à árvore de Natal: não é fácil separarmo-nos completamente do barulho e das luzes à volta do Natal, mas também sinto que temos a obrigação de ajudar a centrar na essência”, desenvolveu a entrevistada.

Para a autora, a descoberta do presépio, o “não deixar que desapareça do universo do Natal”, junta-se aos valores de “família, espera, esperança”, a que as

 

 

pessoas continuam a ser recetivas, “por muito barulho que se faça à volta”.

Jorge Reis-Sá refere-se também ao “consumismo” e considera que o Natal para um não-crente há de ser “nascimento”, porque está “muito perto da passagem do ano” que as pessoas “associam a uma renovação”. “Estamos todos no Natal à espera de um bebé, podemos depois acreditar ou não que fez isto ou aquilo, mas estamos a celebrar o nascimento de uma figura histórica, de uma pessoa, e as alturas de espera por nascimento são sempre belas, de reflexão, de esperança”, desenvolveu.

A publicação insere-se no novo ano que a Igreja Católica começa a viver este domingo no seu calendário litúrgico, com o chamado tempo do Advento - os quatro domingos que antecedem ao Natal, um tempo preparatório para o nascimento de Jesus.

 

 

 

 

II Concílio do Vaticano:
O ABC da Doutrina Social da Igreja

 

O título pode parecer enganador. Não está centrado na teorética do verdadeiro ABC que explica a Doutrina Social da Igreja, mas em Alfredo Bruto da Costa (ABC) que viveu e comungou o espírito que emanou do II Concílio do Vaticano (1962-65).

Falecido recentemente (11 de novembro) com 78 anos, ABC – peço desculpa aos leitores tratar Alfredo Bruto da Costa com esta sigla – foi um autêntico mestre conciliar. Com personalidade forte e determinada, ABC foi um militante social e a «Boa Nova» aos pobres era a sua inquietação constante. Do seu percurso cristão, ABC gostava de destacar alguns momentos marcantes que teve a graça de viver: “a passagem por escolas jesuítas, o estímulo (através da leitura) de grandes pensadores católicos e o II Concílio do Vaticano.

Para ABC, o fenómeno da pobreza distinguia-se da privação e da exclusão social. Sempre disse que a pobreza é “um grave problema político”, a que importa dar atenção. Na pobreza é preciso ajudar as pessoas a ter meios, na privação é indispensável apoiá-las a fim de que a gestão dos recursos seja melhor assegurada.

Os documentos conciliares, especialmente a «Gaudium et Spes» (GS), estavam enraizados no seu pensamento e na sua ação. Numa entrevista concedida ao Jornal «Solidariedade» (01-09-14), ABC lamentava que um dos sinais da vida democrática e da sociedade portuguesa “é que nenhum comentário político vai para além de números monetários”. E uma sociedade que só discute isso “é necessariamente uma sociedade que se vai degradando em termos individuais, na relação com os 

 

 

outros e em termos institucionais”. Basta reler o nº 66 da GS: “Para satisfazer as exigências da justiça e da equidade devem fazer-se grandes esforços para que, dentro do respeito dos direitos da pessoa e da índole própria de cada povo, desapareçam, o mais depressa possível, as enormes desigualdades económicas unidas à discriminação individual e social, que ainda hoje existem e frequentemente se agravam”. Este era o fio condutor de ABC. O pilar da vida deste homem que desempenhou vários cargos políticos e foi presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.

 

Para ABC, não basta uma lógica meramente assistencialista. A sociedade necessita – com urgência – de políticas de desenvolvimento humano de que fala a encíclica «Populorum Progressio», se traduzam não apenas em medidas que visam reduzir a privação, mas em compreender que é a pobreza que tem de ser combatida. ABC deixou-nos uma grande lição e um legado intemporal: Não basta saber a Doutrina Social da Igreja… É fundamental aplicá-la. 

 

 

novembro 2016

26 de novembro

. Leiria - O Corpo Nacional de Escutas (CNE) de Leiria promove a iniciativa «Planta-me 2016» para celebrar o Dia da Floresta Autóctone. (até27 de novembro)

 

. Bragança - Abertura do ano litúrgico pastoral com conferência de D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e de Segurança, sobre a espiritualidade de Maria «Fazei o que Ele vos disser»

 

. Fátima - Abertura do novo ano pastoral e jubilar do Santuário

 

. Fátima - Inauguração da exposição intitulada «As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo»

 

. Fátima - O encontro nacional de responsáveis das Equipas de Nossa Senhora realiza-se, dias 26 e 27 deste mês, em Fátima, e tem como tema “O Serviço nas ENS: a alegria da missão”.

 

. Aveiro - Casa Diocesana de Albergaria-a-Velha - O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, orienta retiro de Advento com o tema «O 

 

encontro com a pessoa de Jesus e o seguimento do discípulo». (até27 de novembro)

 

Lamego - Encontro dos consagrados da Diocese de Lamego

 

Fátima - Convivium de Santo Agostinho, piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade -  O Santuário de Fátima vai inaugurar a exposição temporária evocativa da aparição de Nossa Senhora em outubro de 1917. (Até outubro de 2018)

 

Viseu - Escola Secundária Felismina Alcântara, em Mangualde - Os alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) do Agrupamento de Escolas Tondela e de Tábua, em parceria com Exército Português, vão realizar, dias 26 e 27 deste mês, a atividade «Refugiados para a Paz».

 

Braga – UCP, 09h09 - O Grupo Peregrinos, da Diocese de Braga, promove a iniciativa «Hi-GOD – Um dia com Deus», na Faculdade de Teologia daquela cidade.

 

. Lamego - Seminário Maior, 09h30 - Encontro de animadores de grupos familiares da Diocese de Lamego.

 

 

 

 

Lamego - Castro Daire, 10h00 - Encontro de preparação para o Natal com o tema «À procura de...»

 

Viseu - Salão Nobre da Misericórdia de Viseu, 10h00 - Sessão evocativa dos 40 anos da União das Misericórdias Portuguesas.

 

Açores - Ilha Terceira (Angra), 18h15 - O arranque da campanha «10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz» nos Açores vai realizar-se no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira).

 

Lisboa – Sé, 21h30 - Requiem de Maurice Duruflé (1902-1986) na Sé Patriarcal de Lisboa pela «Capela Nova» e dirigido por Fernando Pinto.

 

27 de novembro

Aveiro - Caminhada para o Advento 2016 da Diocese de Aveiro que tem por tema «Semeadores da esperança, promotores do encontro». (Até 24 de dezembro)

 

Viana do Castelo - Roteiro para o Advento promovido pela Diocese de Viana do Castelo (Até 24 de dezembro)

 

 

Braga - Itinerário de Advento e Natal destaca «papel significativo de Maria» (Até 24 de dezembro)

 

Lamego - Vigília diocesana de oração pela vida nascente promovida pelo Departamento da Pastoral Familiar da Diocese de Lamego.

 

. Crianças e adolescentes de cinco dioceses do centro do país constroem presépios no Advento. (Até 24 de dezembro)

 

Viseu - Santa Comba Dão - Sessão de apresentação da obra «História da Diocese de Viseu» um percurso de 1500 anos retratado em três volumes.

 

Fátima - Início do Ano Jubilar do Centenário das Aparições

 

Braga – Famalicão, 15h00 - A nova igreja paroquial de São Tiago de Antas, em Famalicão, vai ser dedicada este domingo, pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga.

 

28 de novembro

Lisboa - Livraria Férin, 18h30 - O livro «Casar com sucesso – guia humano e espiritual para solteiros (e não só)», de Gudrun Kugler vai ser lançado na Livraria Férin, em Lisboa.

 

 

 

 

 

Fátima, 26 nov

O Santuário de Fátima inaugura a exposição temporária ‘As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo’ evocativa da aparição de Nossa Senhora em outubro de 1917, no Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, patente até 31 de outubro de 2018.

 

Lisboa, 28 nov

O livro ‘Casar com sucesso – guia humano e espiritual para solteiros (e não só)’, de Gudrun Kugler vai ser apresentado, às 18h30, na Livraria Férin, pelos promotores do sítio online datescatolicos.org, o casal Marta e António Pimenta de Brito.

 

Lisboa, 29 nov

O professor Arjun Appadurai vai apresentar uma conferência sobre o fenómeno da globalização - ‘Failure, Design and the Globalization of Risk’ – às 18h00, na Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Católica Portuguesa.

 

Setúbal, 01 dez

A Comissão Diocesana de Arte Sacra inaugura a exposição ‘Nazareth. Pinturas de L. Sadino no centenário da morte de Charles de Foucauld’, pelas 17h30, na Biblioteca Pública Municipal sadina. Os 30 trabalhos de diversas técnicas podem ser visitados até 4 de janeiro 2017.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 27 de novembro - Liberdade Religiosa no mundo

 

Segunda-feira, dia 28, 15h00 

Entrevista ao padre José Frazão Correia, sobre o plano apostólico para os próximos seis anos.

 

Terça-feira, dia 29, 15h00  - Informação e entrevista ao padre Rui Pedro Carvalho, sobre a Assembleia Sinodal em Lisboa

 

Quarta-feira, dia 30, 15h00 - Informação e entrevista ao padre Vitor Feytor Pinto, sobre o livro com homilias para todo o ano

 

Quinta-feira, dia 01 de dezembro, 15h00 -Informação e entrevista ao padre Fernando Sampaio sobre o Gabinete de Escuta

 

Sexta-feira, dia 02, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo com o frei José Nunes e padre Vitor Gonçalves

 

 

Antena 1

Domingo, dia 27 de novembro - 06h00  - Carta Apostólica «Misericórdia e Mísera» e obras de Misericórdia com o padre Vasco Pinto Magalhães

 

Segunda a sexta-feira, dias 28 de novembro a 02 dezembro - 22h45 - Advento: Caminhada das dioceses do Centro; Livro "Maria Quiz"; Dinamismo "Eu acredito"; Livro "Era uma vez a Avé Maria"; Livro "Rosário para crentes e não crentes"

 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 1.º Domingo do Advento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Caminhemos à luz do Senhor!
 
 

O Evangelho deste primeiro domingo do Advento é um apelo a estarmos vigilantes e preparados, para acolher o Senhor que vem, para responder aos seus desafios à vigilância, para nos empenharmos na construção do Reino. Um Reino que é para sempre e para todos, e tem a marca da justiça, do amor, da paz, da verdade, da vida, da graça e da santidade. Quem segue Cristo e a sua Boa Nova, não pode instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina, na indiferença. Aí está a urgência da Palavra sempre tão exigente.

Para transmitir esta mensagem, Mateus usa três quadros: a humanidade na época de Noé; duas situações da vida quotidiana, o trabalho agrícola e a moagem do trigo; o dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão. A questão fundamental é a mesma: o crente deve estar sempre vigilante, atento e preparado, para acolher o Senhor que vem; cumpre a presença fecunda de Deus com empenho e com sentido de responsabilidade.

«Caminhemos à luz do Senhor», assim termina a primeira leitura. «Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz», diz São Paulo na segunda leitura. Estar preparado e vigiar passa por este caminho de luz no Senhor. Um caminho de peregrinos na fé, que se abre à esperança: «o Senhor vem! A noite vai adiantada e o dia está próximo». Deus não nos abandona; continua a vir ao nosso encontro e a construir connosco esse mundo novo de justiça e de paz. A presença de Deus garante-nos que a injustiça, a exploração, a morte não são o final inevitável: a última palavra que a história vai ouvir é a Palavra de Deus, que nos liberta e enche de alegria.

Estamos a iniciar o tempo de preparação para celebrar o nascimento de Jesus. Somos convidados a recentrar

 

 

 

 

 a nossa vida no essencial, a redescobrir aquilo que é o mais importante, a estar atentos às oportunidades que o Senhor, dia a dia, nos oferece, a acordar para os compromissos que assumimos para com Deus e para com os irmãos, a empenharmo-nos na construção do Reino. É essa a melhor forma, ou melhor, a única forma de preparar a vinda do Senhor. Já agora, continuando, como nos pede o Papa Francisco no final do Ano Santo da Misericórdia, a viver intensamente essa essencial dimensão de Deus em nós.

 

Vivamos o Advento levando o Evangelho ao coração das pessoas e situações que formos encontrando em tantos caminhos a percorrer. Sem distrações e sem perder tempo! Sempre com um olhar solidário para quem mais precisa do alimento que sacia e da Palavra que alimenta. Vigiai, estai atentos e preparados, caminhai à luz do Senhor! Que assim seja nestes primeiros dias de Advento!

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

 

Um pórtico para o Ano Jubilar em Fátima

O Santuário de Fátima vai iniciar este domingo o Ano Jubilar do Centenário das Aparições, com a passagem do pórtico jubilar, no alto do Recinto de Oração, e a celebração da Missa na Basílica da Santíssima Trindade. As celebrações vão ser presididas pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto.

“Os peregrinos são convidados a participar na oração do Rosário, às 10h00, na Capelinha das Aparições, seguindo depois em procissão, com a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima até à Basílica, com uma passagem pelo pórtico jubilar, o que marcará o início de uma ritualidade própria sugerida no itinerário do peregrino durante o Ano Jubilar do Centenário das Aparições, na Cova da Iria”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA pela sala de imprensa do Santuário.

A criação deste Pórtico Jubilar resulta da intenção de dotar o Santuário de “um elemento visual” que possa celebrar os 100 anos de Fátima, evocando simultaneamente “a memória do arco que, em 1917, assinalou o lugar das aparições, e sob o qual foram fotografados Francisco Jacinta e Lúcia”.

 

Por outro lado, o novo pórtico simboliza a ideia de uma `porta santa´, acrescenta a nota do Santuário de Fátima, “uma vez que a sua estrutura se desenha em torno do conceito de marco que assinala um lugar sagrado e a sua configuração é a de uma porta encimada por uma cruz”.

No local vão estar dispositivos que colocarão à disposição dos peregrinos, em sete línguas, o itinerário jubilar, que passa por diversos lugares e propõe vários tipos de oração.

A jornada de abertura do Ano Jubilar começa no sábado, às 14h30, com a abertura da exposição ‘As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo. Exposição evocativa da aparição de outubro de 1917’, no ‘Convivium’ de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. Segue-se, já no salão do Bom Pastor, no Centro Pastoral de Paulo VI, a apresentação do tema do ano por D. António Couto, bispo da Diocese de Lamego, a partir do Salmo 125 ‘O Senhor fez maravilhas’.

Intervirão nesta sessão o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, na abertura e o bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, no encerramento; haverá

 

 

 

 

 

ainda um apontamento musical e o lançamento da medalha comemorativa do Centenário.

De acordo com o testemunho reconhecido pela Igreja Católica das três crianças conhecidas como 

 

pastorinhos de Fátima (Lúcia, Francisco e Jacinta), ocorreram seis aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e imediações, uma a cada mês, entre maio e outubro de 1917.

 

 

Local de paz e silêncio
junta gerações em oração

 

 

A primeira vez que esteve ao Santuário de Fátima chorou a noite toda. “Na Basílica não consegui suster as lágrimas. Gostava muito de me sentar nas escadarias ao por do sol e estar com Deus e Nossa Senhora”, recorda à Agência ECCLESIA Fernanda Varela.

Os 81 anos e o facto de estar numa cadeira de rodas não a impedem de ali se deslocar, em especial com os filhos e os netos que a acompanham assiduamente.

No local onde afirma sentir uma “especial emoção”, entrega a Nossa Senhora a sua invalidez, a família e agradece por tudo. “Tenho sempre Nossa Senhora e Deus comigo, caso contrário já tinha enlouquecido”.

Acompanhado da mulher e de dois filhos Bruno Sousa comprou velas e aproxima-se para as acender tendo como intenção a oração pela sua família, em especial a avó que tantas vezes ali acompanhou mas que faleceu recentemente.

 

 

 

 

 

Chega de Lisboa, mais uma vez em família: “Vimos sempre em família, com crianças pequenas, pessoas doentes”, diz, com esperança de que o testemunho de fé passe para os seus filhos. “Quando estamos em Fátima sentimos outra paz, outra harmonia e outra fé. Aqui a fé é diferente”, sustenta.

Acompanhado por amigos que passeiam por Fátima, António Souto Maior reza sozinho o terço enquanto deambula pelo santuário, local onde se sente “o silêncio e uma paz interior muito grande. Encontra-se Nossa Senhora no silêncio”.

 

Oriundo de uma família “muito mariana”, só aos 14 anos consolidou a fé num campo de férias onde conheceu Jesus. “Somos instrumentos de Nossa Senhora, apesar de débeis. Esse era o segredo dos pastorinhos: eram muito frágeis, mas são uma grande inspiração”, afirma.

Antecipando a celebração do centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, o programa ECCLESIA de domingo na Antena 1 (06h00) emite testemunhos de peregrinos que se deslocam ao santuário para rezar.

 

 Os beatos de Fátima -  Francisco Marto

Nasceu em 11 de junho de 1908, em Aljustrel. Faleceu santamente no dia 4 de abril de 1919, na casa de seus pais. Muito sensível e contemplativo, orientou toda a sua oração e penitência para "consolar a Nosso Senhor". Os seus restos mortais ficaram sepultados no cemitério paroquial até ao dia 13 de março de 1952, data em que foram trasladados para a Basílica da Cova da Iria, lado nascente. Foi beatificado por João Paulo II a 13 de maio de 2000, na Cova da Iria, juntamente com a sua irmã Jacinta.

 

 

 

 

 

 

 

 

Portas de par em par

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

As Portas Santas das Igrejas Jubilares fecharam, com mais ou menos estrondo. Coube-me a sorte de assistir ao encerramento da Porta da Sé de Lamego. Mas – lembra o Papa Francisco – as portas da Misericórdia têm de continuar escancaradas, abertas de par em par. Este tem de ser o maior fruto do Jubileu da Misericórdia.

O Papa, para evitar que tudo fique como estava antes, publicou uma Carta Apostólica no termo do Jubileu. Diz que a Misericórdia constitui a essência, a própria existência da Igreja, tendo no centro o Amor de Deus.

Depois, o Papa Francisco avança com alguns temas quentes porque centrais. Começa pelo perdão, como sinal mais visível do Amor do Pai, dizendo que nenhum de nós pode pôr condições à Misericórdia, porque ela é dom gratuito de Deus.

Somos chamados a celebrar a Misericórdia, sendo a Reconciliação (momento em que sentimos o abraço do Pai – verdadeira Missão Sacerdotal) e a Unção dos Enfermos dois grandes Sacramentos da ‘cura’. O Papa concede aos Padres o poder de absolvição dos pecados de aborto e reconhece validade às absolvições de Padres da Fraternidade S. Pio X. As horas de sofrimento são importantes e todos precisamos de consolação, mesmo que não encontremos palavras para dizer às pessoas que vivem em sofrimento profundo. A morte também deve ser enfrentada e preparada como uma passagem.

 

 

 

 

 

 

Somos incentivados a ler mais e melhor a Palavra de Deus, pondo-a em prática: ’É meu vivo desejo que a Palavra de Deus seja cada vez mais celebrada, conhecida, difundida’. Segue-se uma sugestão pastoral concreta: ’Seria conveniente que cada comunidade pudesse, num domingo do Ano Litúrgico, renovar o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura’.

A preocupação pelos mais pobres é decisiva para o nosso compromisso de cristãos. Há sinais muito fortes de uma solidariedade discreta mas eficaz quando a bondade e a ternura marcam as relações com os mais humildes e indefesos, os que vivem mais sozinhos e abandonados.

Mas há muita pobreza e fome, emigração forçada, presos sem condições, doentes sem tratamento adequado, um analfabetismo 

 

humilhante. E o mais grave é que vivemos marcados por uma cultura do individualismo exacerbado que nos torna indiferentes aos problemas dos outros: ‘Não ter trabalho nem receber salário justo, não poder ter uma casa ou uma terra onde habitar, ser discriminados pela fé, raça, posição social… estas e muitas outras são condições que atentam contra a dignidade das pessoas’.

O Papa Francisco lembra que há que fazer crescer a ‘cultura da Misericórdia’, o que constitui uma verdadeira revolução cultural. Não nos podemos esquecer dos pobres e, por isso, o Papa institui, no XXXIII Domingo do Tempo Comum, o DIA MUNDIAL DOS POBRES!

Como defende o Papa ao longo de toda esta Carta, ‘este é o tempo da Misericórdia’!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair