04 - Editorial:

       Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08-11 - Nacional

12 - Opinião

       D. António Marcelino

14- A semana de

      Octávio Carmo

16-43- Dossier

           Igreja e Comunicações Sociais

36: Entrevistas:

           Cónego João Aguiar

           D. António Sousa Braga

           António Granado

           Fernando Ilharco

 


 

 

46: Espaço Ecclesia

48-51 - Internacional

52 - Cinema

54 - Multimedia

56 - Estante

58 - Vaticano II

60 - Agenda

62 - Liturgia

64 - Programação Religiosa

65 - Por estes dias

66 - Fundação AIS

68 - Luso Fonias

 

 

 

 

Foto da capa: Bento Oliveira
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves.
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Opinião 

 

 

 

 

A Igreja e os media

Entrevistas e apresentação do Dia Mundial das Comunicações Sociais

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13 de maio

Fátima acolhe peregrinos com olhar no Papa Francisco e no Rio de Janeiro

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Francisco no Brasil

Programa da primeira viagem oficial do pontificado

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D. António Marcelino | Padre Tony Neves

 

 

Um novo ambiente

Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

 

A Igreja Católica assinala este domingo o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Um conjunto de iniciativas a nível mundial coloca o tema da comunicação nas redes digitais nas prioridades das comunidades eclesiais e nas estruturas que, em cada país, coordenam esse setor da pastoral.

Na Mensagem do Papa para este dia, a expressão “ambiente digital” é escrita 7 vezes. Não fosse todo o documento sobre esse contexto, que o Papa também chama “nova ágora” e “praça pública e aberta”, a insistência nas palavras chegaria para que se considerasse evidente o facto de, hoje, a vida de cada pessoa, dos grupos e dos povos acontecer num novo ambiente.

Rejeitar a perspetiva instrumental na abordagem dos meios de comunicação social é, por isso, uma urgência em toda a comunicação institucional, também na que a Igreja Católica procura fazer.

Em 1992, um artigo da revista Communio, afirmava a necessidade de rejeitar esta visão no uso dos meios de comunicação social na Igreja. Escrevia o cónego António Rego nessa ocasião, num dos artigos do número dedicado ao tema da comunicação social,  que os media na Igreja não podem ser considerados como  carrinhas "para transportar bíblias ou folhas paroquiais e espalhá-las aos quatro ventos".

 

 

 

A expressividade da comparação dita a mudança de atitudes que é preciso consolidar. Já tem décadas essa intenção, recorrentemente afirmada pelos promotores da comunicação na Igreja Católica e sobretudo nos documentos onde se fixam princípios para esse setor da pastoral, como o são as mensagens do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Comentando a deste ano, Antonio Spadaro, diretor da revista “La Civiltà Cattolica”, diz que enquanto se raciocinar em termos instrumentais “não se compreenderá absolutamente nada sobre a rede e o seu significado”. “A Rede não é um instrumento mas um ambiente. 
 

O espaço digital não é inautêntico, alienado, falso ou aparente, antes pelo contrário é uma extensão do nosso espaço vital do quotidiano, que exige responsabilidade e dedicação ou entrega à verdade”, refere o padre jesuíta (citado em www.imissio.net).

A eficácia da comunicação depende, por isso, do ambiente em que nos situamos. Não está prioritariamente indexada a meios ou recursos. São os manuais de comunicação que o sugerem: não os das escolas universitárias, mas os que são publicados por uma instituição, a Igreja Católica. E normalmente antecipando tendências comunicacionais. Mas é necessário estar nesse ambiente, deixar por lá uma impressão, a digital…

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Louwana Miller (à esquerda) abraça emocionadamente a sua filha, Amanda Berry, sequestrada há 10 anos em Cleveland, no estado norte-americano de Ohio
© AP

 

 

 

Precisamos de equacionar a aplicação de uma contribuição de sustentabilidade sobre as pensões atribuídas pela Caixa Geral de Aposentações e pela Segurança Social (…) Sabemos que esta medida pesaria sobre o rendimento disponível dos pensionistas, e por isso queremos que o crescimento económico em que estamos empenhados possa atenuar diretamente os sacrifícios que são pedidos aos pensionistas

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, 02.05.2013

 

 

A TSU dos pensionistas (…) num país em que grande parte da pobreza está nos mais velhos e em que há avós a ajudar os filhos e a cuidar dos netos, é a fronteira que não posso deixar passar

Paulo Portas, ministro de Estado e líder do CDS-PP, Público, 05.05.2013

 

 

 

 

 

Uma sociedade egoísta, de pessoas fechadas e ciosas do ter e do seu bem-estar, com medo de perder esse estatuto, carece da ousadia da esperança e das energias renovadoras do tecido social, sem as quais nenhuma crise será superada

D. António Vitalino, bispo de Beja, 06.05.2013

 

 

Se não queremos contribuir para o aviltamento de uma sociedade marcada pela cobardia temos de combater as muitas tentações a que se presta a mentira: a tentação da vingança mesquinha, da vaidade vazia, do lucro fácil

D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais da Igreja Católica em Portugal, 08.05.13

 

 

Portugal vira-se para Fátima

Centenas de milhares de pessoas são esperadas nos próximos dias em Fátima, para a peregrinação internacional que evoca a primeira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, a 13 de maio de 1917, este ano sob a presidência de D. Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, Brasil, que em julho receberá o Papa Francisco e os participantes na Jornada Mundial da Juventude.

A peregrinação terá como tema “A Deus nada é impossível” (Lc 1, 37) e conta com uma oração, na segunda-feira, para a consagração do pontificado do Papa a Nossa Senhora de Fátima.

“O Papa Francisco pediu expressamente a D. José Policarpo, cardealpatriarca de Lisboa, que participou no conclave que o elegeu, para consagrar o seu ministério pastoral, como sucessor de Pedro, a Nossa Senhora de Fátima”, referia o

 

comunicado final da última assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

Os bispos decidiram que a

consagração vai ser feita por D. José Policarpo, também presidente da CEP, no final da peregrinação de maio à Cova da Iria (Distrito de Santarém, Diocese de Leiria-Fátima).

 

 

 

 

D. Orani João Tempesta escreveu, por sua vez, aos fiéis da Arquidiocese do Rio para revelar o desejo de “consagrar toda a Jornada Mundial da Juventude, os seus jovens, os

colaboradores e organizadores”.

Na mensagem, disponibilizada na página da arquidiocese na internet, o prelado manifesta  a sua intenção de pedir à Virgem Maria que “interceda por todos e ensine a dizer sim ao Senhor, para que o seu plano de amor e salvação se cumpra”.

“A mensagem de Fátima é cheia de esperança, exigente e ao mesmo tempo confortadora, anunciada a

 

todos os homens e mulheres de boa vontade, particularmente num mundo violento que clama por paz e por justiça”, escreve.

No mesmo texto, D. Orani Tempesta descreve situações de violência social, de furtos e mesmo de morte, e apela à “mudança de mentalidades” em especial na “revalorização da Família”.

 

 

Situação crítica em Évora

O arcebispo de Évora disse que o Interior de Portugal está a viver uma situação “crítica” e alertou para o aumento dos pedidos de ajuda que chegam às instituições católicas de solidariedade. “O interior do país está a atravessar uma situação muito crítica e a evoluir num sentido negativo”, afirmou D. José Alves, num encontro com jornalistas a respeito do 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja Católica vai celebrar no domingo.

Segundo este responsável, o número de pessoas que “batem à porta” em busca de ajuda tem crescido “diariamente”. “Nós não temos resposta para todos os problemas”, admitiu D. José Alves, que elogiou a ação da Cáritas, em particular, no que diz respeito à “alimentação, vestuário, despesas de água e luz”.

O arcebispo de Évora deu como exemplo as famílias que “têm de entregar a sua casa” aos bancos porque estão sem dinheiro para pagar a prestação mensal.

 

 

 

“As pessoas que batem à porta são pessoas que háalgum tempo não tinham necessidade disso, porque tinham o seu emprego e vencimento mensal”, precisou o prelado.

Para D. José Alves, aqueles que perderam “há pouco tempo” os seus rendimentos representam também uma “preocupação muito grande” e nova para os responsáveis católicos.

O prelado, antigo bispo de Portalegre-Castelo Branco, falou em “desertificação social”, sem renovação de gerações, porque “a natalidade baixou” e também pela falta de “hipóteses” para encontrar trabalho, por parte das novas gerações.

 

 

 

Fátima Jovem reuniu milhares em festa

Nos dias 4 e 5 de maio decorreu em Fátima a peregrinação nacional de Jovens organizada pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ). Um encontro que teve como tema ‘Com(o) Maria ide e fazei discípulos’, tendo em vista a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013.

Cerca de 4000 jovens das várias dioceses do país que, com a alegria e energia próprias, encheram as ruas de Fátima interagindo com os outros peregrinos de idades e países distintos.

O programa do Fátima Jovem foi estruturado para incluir momentos de partilha, convívio e oração.

O padre Omar, reitor do Santuário do Cristo Redentor no Rio de Janeiro e membro do COL das JMJ 2013, foi a figura de maior destaque nesta edição do Fátima Jovem. O sacerdote disse à Agência ECCLESIA que quis trazer com a sua música, que também integra a linguagem do samba, a mensagem de que a fé é “integradora, fraterna, que comunica uma esperança maior”.

 

 

 

“A fé cristã é capaz de integrar valores, perspetivas, países”, acrescentou.

No domingo os jovens viveram e participaram nas habituais celebrações do Santuário de Fátima. D. António Marto, bispo da diocese, presidiu à Eucaristia, deixando o desafio de não terem medo e de serem cristãos autênticos. “Sejam instrumentos do evangelho”, disse.

Segundo o DNPJ, o Fátima Jovem 2013 demonstrou a confiança dos jovens na Igreja e a abertura da Igreja aos jovens, reconhecendo e dando resposta às suas necessidades e aspirações.

 

 

Hipermodernidade e caminhos de ação

D. António Marcelino
Bispo Emérito de Aveiro

 

Tratava-se de um encontro sobre exportações, iniciativa da Universidade. A maioria dos participantes eram jovens. Pretendia-se mostrar a sociedade, com seus gostos e tendências, para ajudar a refletir o que produzir para se exportar com êxito. A conferência de abertura esteve a cargo de Gilles Lipovetsky, o filósofo que deu nome e reflexão cuidada ao que ele chamou a hipermodernidade, ou seja, a sociedade consumista do vazio e do fragmento com os tempos que se vivem neste contexto.

Fui ouvir o conferente, já conhecia por seus escritos. Não fui como industrial interessado em produzir e exportar, mas para refletir, em chave pastoral, a comunicação do mestre. No campo pastoral quem não souber a quem fala, acolhe, escuta e pede, vê a sua ação passar ao lado. Nem o conteúdo, nem a linguagem têm interesse se a pessoa visada não é conhecida no seu mundo, nem respeitada nas suas opções.

O conferente falou, de modo simples e aberto, com o consumismo reinante e a sua influência nos comportamentos no horizonte. Assim o exigia o teor do encontro. Recordou como eram as coisas na sociedade tradicional, em que tudo rodava à volta da família. A mesma coisa para todos: rádio e televisor, frigorífico, telefone fixo, carro, férias…

 

 

 

 

 

 

Mas não tardou que cada um se fosse afirmando nas suas escolhas, facilitadas pelos vários canais de televisão, variedade de telemóveis, restaurantes para todos os gostos, férias em sítios variados, grandes superfícies comerciais, onde há de tudo, porque aí o consumismo é rei. A produção obedece a quem consome. Isto vale para o económico e o político, para o religioso e o artístico, para o desporto e o lazer.

Numa sociedade de consumo, de afirmação e escolha pessoal livre, de resistência a imposições de qualquer ordem, de ofertas fascinantes e variadas, haverá inda lugar para a evangelização? Embora se viva numa civilização paradoxal, a do consumismo desenfreado, o que se torna cada vez mais determinante é a qualidade das relações e dos produtos e mais ainda o valor de  excelência do que se propõe e o modo de o propor. Uma sociedade de satisfação acaba por se tornar insaciável, e o insaciável é a porta do vazio.

 

 

O caminho não está em contrariar ou em cortar o gás, mas sim em saber respeitar as emoções, em saber propor novos valores e modelos e em mostrar as novas facetas do futuro. É lugar preparado para a criatividade sem reducionismos, para a proposta sem moralismos, para a resposta ao desafio do fragmento.

O cristianismo, nascido do Evangelho e a ele fiel, tem lugar na hipermodernidade e autoridade para mostrar, sem agressividade, como são inanes os seus ídolos. Seremos nós capazes de enfrentar, com serenidade e confiança, esta situação desafiante?

 

 

 

Dialogar

Octávio Carmo

Agência Ecclesia

 

A celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais tem estado muito presente no quotidiano de trabalho e nas conversas dos últimos dias. Já tive oportunidade de apresentar o que penso sobre a relação da Igreja com as novas tecnologias da comunicação em dois encontros de religiosos e religiosas portuguesas, com muito gosto, e cada vez mais me convenço da necessidade de olhar para estes fenómenos como realidades humanas e não apenas como questões técnicas. Estão em causa contactos, relacionamentos, formas de pensamento e até ambientes culturais que fazem das redes sociais e da dinâmica comunicativa da era digital um novo continente, a evangelizar.

Não estamos apenas perante um meio, mas perante um verdadeiro espaço vital, daí a importância da verdade e da fé sublinhadas na mensagem de Bento XVI, Papa emérito que apelou à disponibilidade para se deixar envolver, “pacientemente e com respeito”, nas questões e nas dúvidas de quem, também nas redes sociais, busca “o sentido da existência humana”.

Também nestes espaços, contudo, é difícil estabelecer um verdadeiro diálogo, sem querer subjugar o outro à nossa visão do mundo, à nossa palavra definitiva que não admite contraditório, à redução a preconceitos e fanatismos da opinião diversa.

 

 

A mensagem e a experiência da mensagem são igualmente importantes nestes espaços virtuais, nos quais é importante fugir ao capricho da tecnofilia e superar, também, a idolatria do conteúdo para evitar a comunicação unidirecional, limitada ao anúncio. Como diz um especialista, é preciso passar da comunicação da experiência cristã à comunicação como experiência cristã.

 

O país, confesse-se, não é atualmente um modelo para este diálogo: a crispação domina a vida política, a vida desportiva

 

e, de forma geral, boa parte dos comportamentos com que nos deparamos nas estradas, nas ruas, nos estabelecimentos comerciais e, claro está, nas redes sociais.
A crise e as suas dramáticas consequências podem explicar muita coisa, mas não o fundamental: falta um sentido, um rumo, uma luz de esperança que permita superar as trevas que aparentemente tomam conta do quotidiano. E devolver o lugar central ao que é essencial, deixando o secundário e o acessório para os momentos adequados.

 

 

Igreja, comunicação e comunhão

Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais aborda desafios que se colocam neste setor graças ao desenvolvimento tecnológico e às novas relações pessoais e institucionais que se estão a criar

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

Agência ECCLESIA - Está atento e presente nas redes sociais, como por exemplo o Facebook? O que significa para si estar presente nesta rede social?

Cónego João Aguiar Campos (JAC) – É importante. Encaro com normalidade, não encaro a minha presença no Facebook de uma forma lúdica embora também tenha esses momentos lúdicos. Mas encaro efetivamente como uma forma de apostolado, de valorização de algumas ideias, de confronto de ideais, partilhando umas, discutindo outras e contestando um terceiro grupo.

 

AE – E as suas partilhas, porque as faz? Sente que é também um portal de fé?

JAC – É essencialmente por causa disso. Para contactar simplesmente os meus amigos não iria usar a rede, iria usar o telemóvel, o telefone fixo ou o “cara a cara”. Mas os amigos do Facebook são muitos mais do que os nossos amigos afetivos, aqueles do dia a dia. E por isso é uma forma de chegar a outra gente de uma maneira recetiva porque naturalmente cria-se

 

 

aí uma relação de respeito com aqueles que nos pedem amizade ou retribuem o nosso pedido de amizade.

 

AE – As redes sociais vieram contribuir para uma nova praça pública aberta a todas as pessoas… Qual a importância destes espaços na Igreja?

JAC – É importante porque a Igreja é católica e tem de chegar a todos como diz a própria palavra católica. E hoje as redes sociais não são meramente um instrumento, são um espaço, são uma praça. O papa emérito Bento XVI, na mensagem para este dia, usa o termo grego “ágora” que significa praça. São uma praça onde muita gente convive, vive um lugar, um continente que nós hoje habitamos. E por isso mesmo são também um continente, um espaço a evangelizar. A Igreja tem de deixar de falar única e simplesmente aos mesmos, através dos mesmos meios e nos mesmos locais. Não quer dizer que deva abandonar as formas tradicionais, mas sim que deve aperfeiçoá-las. Ou seja, não deve abandonar as formas habituais de contacto mas deve estar presente neste outro mundo, neste outro continente.

 

 

 

AE – Mas para haver uma verdadeira comunicação têm de ser espaços devidamente equilibrados e valorizados como diz a Mensagem do Papa para este dia?

JAC – Evidentemente que nesta grande praça há gente que sussurra, há gente que fala e há gente que grita. E cada um sussurrando, falando ou gritando fala do que o ocupa ou preocupa, fala da sua cultura e das suas propostas. Habitar esta praça também é aprender a falar como se fala nela e aprender a ouvir e a discernir aquilo que vale ou não a pena captar. Há uma pluralidade de mensagens, há uma pluralidade de opiniões, de informações e por isso é preciso educarmo-nos para ouvir e dizer: “Isto vale a pena, isto é mensagem e isto é ruído”. Por isso o Papa diz-nos inclusive que temos de correr o risco de estar aqui sabendo que a forma discreta, como é normal, que a verdade se comporte e proponha vai encontrar às vezes a dificuldade. Como ela é discreta vai sentir a dificuldade de se fazer ouvir perante os que falam mais alto, os que gritam mais. Mas nós sabemos que é assim por exemplo na política e quase nunca aquele que grita mais é o que tem razão.

 

AE – Nas redes sociais, um dos objetivos pode ser a evangelização?

JAC – Pode e deve.

 

AE – Mas há o risco de uma pessoa se comunicar a si mesma?

JAC – Há esse risco, mas isso acontece também nos meios tradicionais. Eu lembro aquelas afirmações do Senhor Jesus: “Aquilo que eu vos digo, digo-o porque ouvi do Pai”. Quando o evangelizador, seja numa homília, num escrito, na rádio ou na televisão, se disser a si mesmo evidentemente que o atraiçoou porque ele não é a palavra, é a voz. Apenas empresta a voz a uma outra palavra. Nós temos que comunicar o Senhor Jesus. Daí que temos de entrar em contacto com ele, conhecê-lo, amá-lo para depois sermos capazes de o comunicar da forma mais autêntica, da forma mais testemunhada como escreve Bento XVI. Porque quando não testemunhamos, lembro-me do velho pároco da minha aldeia, a voz é “voz de cântaro” soa a qualquer coisa, ressoa, mas não é.

 

 

 

AE – Esta cultura das redes digitais traz novos desafios à Igreja Católica?

JAC – Traz o desafio de ser a grande praça onde todas as opiniões circulam. Traz o desafio da linguagem porque tem de ser abrangente ao mesmo tempo que nos dirigimos ao coração não podemos esquecer a mente. Por isso esta questão da abrangência

 

da linguagem tem de ser obrigatória e um ponto de grande reflexão para não cairmos na pura emotividade das situações ou na pura apetência tecnológica porque o crente deve pôr coerência, testemunho e alma. Deve pôr alma nestas novas tecnologias, senão tiver alma são puramente técnicas e não serão compreensíveis a todos os níveis.

 

 

 

AE – A Igreja tem conseguido chegar aos jovens pelas redes sociais, já que esta é a faixa etária mais presente nestes meios?

JAC – As redes sociais não são um instrumento, são um sítio que se habita e há largos milhões de pessoas que vivem aí. Já não podemos fazer a distinção do offline e do online, estamos permanentemente ligados e interligados online. Através desta ligação virtual e testemunhada pode-se chegar concretamente à vontade de nos encontrar com... E encontrando aí o testemunho, o vídeo, a mera informação, o link a pessoa pode ser levada, santamente tentada ao contacto pessoal ou “cara a cara” com o Deus de Jesus Cristo.

 

AE – Também neste mundo é possível o desenvolvimento humano?

JAC – Sim, nomeadamente em sítios completamente isolados onde há pessoas infoexcluídas e outras até excluídas de tudo e de todos. Nalguns momentos mais isolados chegar através das redes sociais, o testemunho, a partilha da fé e da cultura faz com que essas pessoas geograficamente distantes possam entrar na praça onde se partilha o conhecimento, a alegria da fé.

 

 

 

AE – Foram surgindo oportunidades com as redes sociais que oferecem oração, partilha e palavra de Deus? Acha eficaz?

JAC – Com certeza que são. Há uma avaliação da eficácia que só a Deus pertence. Eu não sei até que ponto, colocando uma oração na rede por mais likes que tenha, quantas pessoas foram efetivamente através daquele texto, vídeo ou som, trazidas a uma reflexão mais profunda ou se quisermos a uma conversão. Mas de qualquer maneira senão tivéssemos lá dessa maneira não haveria a provocação para essa reflexão, ou para dizer:” Deixa cá ver!”.

 

AE – O Dia Mundial das Comunicações assinala-se este Domingo. Que componente pastoral deve ter este dia?

JAC – De acordo com o decreto ‘Inter Mirifica’, que foi quem marcou há 50 anos os objetivos deste dia mundial, ele é criado porque a Igreja, no Concilio Vaticano II quer afirmar a sua amizade pelos meios de comunicação social e esquecer de alguma forma o

 

desconhecimento ou inimizade que se viveu até ao fins do século XIX. Quer-se chamar a atenção dos fiéis para a importância dos meios e para a responsabilidade de os usar não só profissionalmente mas também como consumidores. Depois sentindo a dificuldade que é nesta praça discernir também se quer um dia mundial que seja uma oportunidade de rezar pelos meios e pelos que neles trabalham. E um terceiro momento é o de, dada a importância destes meios na evangelização, dizer aos cristãos que estes meios são caros, que há que investir neles, que há que expandi-los ou pelo menos mantê-los. Por isso, pastoralmente, penso que deve ser um dia usado pela Igreja para manifestar o seu afeto pelos profissionais da comunicação, sejam eles mais ligadas a uma comunicação mais ligada à Igreja ou de uma comunicação dita neutra. E em segundo lugar além de agradecer este trabalho é importante também ensinar os crentes a serem consumidores destes meios. Hoje já não meramente consumidores, podemos também ser ao mesmo tempo produtores. Mas é importante ensinar a consumir e de uma forma crítica.

 

 

 

 

AE – As dioceses e as paróquias têm muitos projetos relacionados com várias áreas da pastoral. Que lugar e que relevância deve ser dada à comunicação?

JAC – Uma relevância ímpar. Porque a pastoral da comunicação não é, e isso é também uma afirmação da doutrina da Igreja neste domínio, uma pastoral à margem das outras pastorais. É uma pastoral presente em todas as pastorais. E tem que se dizer claramente numa paróquia, num movimento apostólico tem de se dizer

 

claramente à Igreja aquilo que o monsenhor Claudio Maria Celli, que é o presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, disse: “Uma Igreja que não comunica nega-se a si mesma.” O movimento que não comunique enquista-se. Vive assim muito contente por si mas sem a proposta do testemunho. Por isso acho que em todas as paróquias e dioceses, em todos os setores da Igreja deveria haver esta preocupação pela comunicação que gere a comunhão. Porque é para aí que a comunicação aponta.

 

 

Igreja atenta a novas formas de diálogo

O bispo de Viseu sustenta que a escolha das redes sociais para tema principal do 47.º Dia Mundial das Comunicações Sociais reafirma a vontade da Igreja Católica em encontrar mais pontos de contacto com a sociedade. “Num tempo marcado por tanta solidão (o Distrito de Viseu é aquele que apresenta mais pessoas a viver sós), é importante que a Igreja esteja atenta a formas e fatores de cultura, comunicação e diálogo e, portanto, de evangelização, solidariedade e desenvolvimento humano e social”, realça D. Ilídio Leandro, numa nota pastoral difundida na internet.

Marcado para este domingo, o dia mundial propõe uma reflexão sobre as redes sociais enquanto “portais de verdade e de fé” e também como “novos espaços de evangelização”. Perante estas potencialidades, o bispo de Viseu diz que “a Igreja não pode pecar por falta de comparência, de competência, de preparação ou de dedicação”.

 

No caso da sua diocese, D. Ilídio Leandro alerta para a importância de “evangelizar mentalidades e culturas” no meio dos diversos “grupos sociais”. “Passam, também por aqui, os desafios da Nova Evangelização e, nestes, as questões de iniciação cristã, catequese e vocação, numa Igreja em permanente formação para o contínuo envio aos que esperam a resposta para todas as crises, sobretudo, as de sentido e de vida nova”, conclui.

Sobre a mesma celebração pronunciou-se o arcebispo de Évora, para quem as redes sociais são “bem-vindas” porque “permitem partilhar os conhecimentos, a vida e a fé também. Abrem a porta aos contactos diretos e à vida de comunidade”.

D. José Alves falava num encontro com jornalistas, lembrando que há “alguns limites e perigos até” nas redes sociais, que “carecem de critérios valorativos” para que “o sensacionalismo, a popularidade e o ruído não sufoquem a razão”.

 

 

 

 

 

 

“Desejável é que as redes sociais sejam usadas como instrumento de desenvolvimento humano e de promoção dos valores perenes do evangelho: a justiça, a verdade, a beleza e o bem. Que ajudem a 

 

quebrar o isolamento em que vivem mergulhados tantos seres humanos”, concluiu o prelado, numa intervenção divulgada pelo Departamento de Comunicação Social da Arquidiocese de Évora.

 

 

Igreja nos Açores repensa
estratégia de comunicação

 

D. António Sousa Braga, bispo de Angra, explica quais são os passos a dar na diocese após o fim do jornal diário e a aposta assumida numa presença reforçada na internet, em várias direções.

 

Agência Ecclesia – Qual é o projeto da Diocese de Angra para repensar a sua presença na comunicação social?

D. António Braga – É uma necessidade da nova evangelização! A diocese teve de encerrar o jornal “A União” e tem a intenção de substituir este diário com um semanário diocesano. Promovemos, para isso, uma reflexão a nível da diocese, nomeadamente no último Conselho Presbiteral.

Nós não nos vamos centrar apenas na questão do semanário diocesano, com difusão nas 9 ilhas dos Açores. Queremos promover uma reflexão

mais ampla para percebermos o ponto de situação na Igreja e da Igreja para a

 

 

sociedade, entre as comunidades e os meios de comunicação social e  sobretudo tendo presente o contexto em que vivemos, da era digital. Queremos chegar a uma conclusão sobre o semanário diocesano, mas não só: tendo presente as nova evangelização, temos de definir a presença da Igreja no ambiente digital, não o olhando apenas como um instrumento, mas como ambiente onde a Igreja tem de estar presente para evangelizar.

É a primeira vez que fazemos uma reflexão deste género, a nível da diocese.

 

AE – Que conclusões espera?

AB – Vamos ver! Temos de definir as conclusões para as levar depois às comunidades cristãs, porque não é possível lançar um semanário diocesano sem haver um compromisso das comunidades

 

 

 

em apoiar esse projeto, não só do ponto de vista da sustentabilidade económica, mas assumindo o compromisso de fazer circular a informação.

 

 

Numa diocese com território descontínuo -  9 Ilhas – esta é uma oportunidade para encontrar um meio de informação entre nós, no seio da Igreja, e da igreja para a sociedade.

 

 

 

AE – O diário “A União” não respondia a essa necessidade?

AB – Não… Era uma projeto onde a diocese tinha de injectar dinheiro (por isso, da diocese), mas não tinha dimensão diocesana. Circulava só na Ilha Terceira.

Agora temos a oportunidade e de levar para a frente um meio de comunicação – vamos ver se se justifica um semanário em papel ou digital – capaz de responder aos desafios da evangelização hoje.

 

AE – A funcionar de forma articulada e representando toda a diocese?

AB – Esse é o desafio! Para que este projeto funcione tem de haver uma
 

equipa em cada Ilha. Não é fácil. Mas esta é uma oportunidade que não podemos perder.

Infelizmente tivemos de encerrar um diário. Mas queremos aproveitar esta oportunidade para assumir com maior empenho e de forma adequada a este tempo a presença da diocese na comunicação social. Não podemos evangelizar hoje se estamos ausentes da comunicação social.

 

 

 

AE – Para quando essa decisão?

AB – Queremos que o projeto arranque já no próximo ano pastoral. Levamos uma orientação do Conselho Presbiteral para ser transmitida nas ouvidorias [conjunto de paróquias, numa diocese, ndr], convidando os sacerdotes a explicar ao povo o projeto e a se perceberem da reacção.

Temos uma decisão! A questão é ver até que ponto as comunidades se envolvem…

Penso que é inevitável

quese invista num

portal diocesano,

 


 

 

 que depois se possa transformar em semanário, e que procure investir o necessário para por a funcionar um gabinete de informação, com interlocutores em cada Ilha.

Queremos lançar um projeto de nova evangelização na comunicação social, que vá para além de um semanário: queremos um semanário digital ou em suporte de papel, um portal da diocese e um gabinete de informação.

 

 

Aproveitar as oportunidades
na Comunicação

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Pio Alves, considera que a Igreja Católica não tem investido o suficiente na divulgação da sua presença das redes sociais e na internet, promovida por várias entidades e leigos.

“Penso que temos iniciativas muito válidas. Sem ir mais longe, só no âmbito da comissão episcopal a que presido, nos três secretariados há muitas iniciativas, algumas delas com enorme sucesso, enorme qualidade e muitas visitas, mas que mesmo assim passam ainda ao lado do grande público, provavelmente porque nós não investimos suficientemente na divulgação”, afirmou, na sessão de apresentação do 47.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que decorreu no Fórum Picoas, esta quarta-feira.

Já para o diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, cónego João Aguiar,

 

faz falta um texto orientador para a ação da Igreja no setor. “Sonho com um documento que seja realmente uma reflexão sobre a Pastoral da Comunicação, suficientemente estruturada e organizada”, referiu.

A sessão contou ainda com uma intervenção de Filipa Martins, da Portugal Telecom, a qual abordou o desenvolvimento tecnológico das redes sociais, frisando que se está a falar num fenómeno “iminentemente social” que serve para “pôr as pessoas em contacto”. Para a conferencista, há contributos destas redes para toda a sociedade, como a interação, a disponibilização de notícias ou a maior facilidade de comunicação e organização entre indivíduos.

A “evolução natural” do multiplataforma passa, segundo esta especialista, pela criação de uma “rede social” na televisão, como já acontece com o Meo Kanal.

O cónego João Aguiar inaugurou o encontro e lembrou que a celebração 

 

 





 

 

 

 

do Dia Mundial foi determinada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), para pedir “ação e apoio material” para o compromisso católico neste setor.

Bento Oliveira, professor e dinamizador de diversos projetos, como o site ‘imissio’,

 

falou do “perfil do iEvangelizador”, com a exigência de “criatividade” perante “uma ampla transformação cultural”. “A rede está a mudar a nossa forma de evangelizar”, admitiu, falando num “ambiente cultural que determina um estilo de pensamento”.

 

 

 

Nova comunicação, nova evangelização

As redes sociais podem ser uma forma simples e direta de evangelização. António Granado é responsável pela área multimédia da Direção de Informação da RTP, professor universitário de jornalismo, católico e está presente nas redes sociais.

Aqui olha para a profissão de jornalista na atualidade e a interação com as redes sociais.

 

 

Agência ECCLESIA – Olhando para a realidade das redes sociais, que mundo é este que nos invade todos os dias?

António Granado – Estamos num mundo em que a comunicação deixou de ser de um jornalista, de um jornal ou órgão de comunicação social, como estávamos habituados. Havia esta ideia que as notícias vinham de um centro e eram “despejadas” para o público que as lia. Agora a comunicação passou a ser de todos para todos… As redes sociais vieram trazer esta possibilidade de qualquer um de nós se “transformar” num órgão de comunicação social e de difundir a sua mensagem. Antigamente tínhamos de ter um jornal, rádio ou televisão para difundir as nossas mensagens agora basta ter internet que toda a gente as vê.

 

AE – Que desafio é esse para quem é jornalista profissional?

AG – Os jornalistas continuam a ter um papel muito importante, é o de autenticar a informação, ou seja, o jornalista continua a ter de separar “o trigo do joio”. Eu acho que o jornalista continua a ter este trabalho, saber o que é boato e o que é noticia, saber o que é rumor e o que é confirmado e tem de continuar a ter um papel importante na divulgação de informações que interessam às pessoas, ao público em geral, a fiscalizar os poderes, quaisquer que sejam eles e tudo de forma credível.

 

 

 

AE –Isso é possível hoje com todas as pressões que existem sobre as empresas jornalísticas?

AG – Eu acho que cada vez é mais difícil fazer bom jornalismo, disso não tenho dúvidas. O que temos visto é que, mesmo as grandes redações, têm vindo a diminuir e quando isso acontece só conseguimos fazer um trabalho pior, não é possível com menos jornalistas fazer melhor… Mas eu acho que os jornalistas têm de fazer um esforço, apesar de já não se conseguir “cobrir 20 temas” mas cobrindo menos, têm de ser cobertos com honestidade e objetividade. A objetividade própria dos jornalistas, sem acepção de temas, ou na escolha de uma notícia tem de haver honestidade, conseguindo passar a informação, mas credível e confiável.

 

AE – Que relevância tem esta palavra de “mediador” para um jornalista?

AG – O jornalista está cada vez menos neste papel de mediador. As notícias chegam de todas as formas mesmo quando os jornalistas acham que a informação que não é relevante, eu penso que os jornalistas não devem

 

ser obrigados a tratar um tema só porque está no domínio público. O papel de mediador é cada vez menor, o mediar entre as fontes e o público, papel como o conhecíamos, deixa de existir. O jornalista está a perder esse papel, deixa de ser o vértice deste triângulo porque as fontes conseguem chegar diretamente ao público, se assim quiserem, através de mensagens na internet e nos seus sites.

 

 

 

AE – Olhando para a mensagem deste 47.º dia Mundial das Comunicações Sociais fala várias vezes em “ambiente digital”, que relevância tem esta expressão?

AG – A mensagem fala-nos na necessidade da utilização das redes sociais nas várias formas e chama a atenção para que os cristãos devem ter um papel importante de, pelo menos, utilizar as redes sociais com o cuidado que estas exigem. Como diz o Papa, as redes sociais devem ser uma forma de “espalhar o evangelho” e “ajudar a Humanidade”. As redes sociais fazem com que muito mais gente esteja em contacto, que se possa ajudar e que haja uma maior solidariedade entre as pessoas. O Papa cita mesmo a passagem de São Paulo aos Coríntios, “ainda que eu fale a língua dos anjos, se não tiver amor nada sou…” ou seja, podemos dominar toda a linguagem das redes sociais e da internet mas é muito importante que essa aproximação às pessoas seja feita com o objetivo de ajudar.

 

 

 

 

 

AE – O Papa fala da aparição de uma nova ágora, duma nova praça pública… Além dos púlpitos das Igrejas é também importante estar nas redes sociais?

AG – Sim, não tenho dúvida nenhuma. O Papa emérito criou aquela conta no twitter onde enviou algumas mensagens e agora o Papa Francisco está a enviar também muitas. A mim parece-me que ainda está a utilizar mais essa rede social como forma de lançar mensagens e a sua própria doutrina, por assim dizer… Neste sítio onde todas as estas informações se cruzam torna-se importante a Igreja também estar nas redes sociais, no facebook, para entrar em contacto, porque é lá que as pessoas estão. Muitas destas pessoas, principalmente os jovens, como também cita a mensagem, estão nas redes sociais e seria impensável a Igreja não estar presente.

 

 

 

 

AE – Como é que traça o seu perfil digital católico? Há essa preocupação?

AG – O meu perfil é de jornalista, tenho esse cuidado de me lembrar que, em primeiro lugar, sou jornalista. Eu acho que o jornalista não deve extravasar para as redes sociais aquilo que também não diria no seu órgão de comunicação social ou o que não poderia lá escrever. A rede não deve ser usada por um jornalista como uma forma de “vingança” por pessoas, não deve ser usada de uma forma que me envergonhe.

Eu acho que quando utilizamos as redes sociais eu acho que os jornalistas devem ter imenso cuidado porque o seu papel é também de autenticadores de informação. O jornalista não pode utilizar as redes sociais como se de outra pessoa se

 

tratasse, esta é a minha opinião.

Todos temos a nossa vida privada e nossa vida pública. A vida pública dos jornalistas deve ser feita tento em atenção os princípios deontológicos do jornalismo porque senão ninguém acredita em nós. 

 

AE – Como é que considera que se deve marcar o cunho católico nos “gostos e nos comentários” que se fazem nas redes sociais?

AG – Eu acho que, respeitando os princípios católicos, é lícito a qualquer cristão fazer o que entender nas redes sociais, na melhor forma possível. A passagem das mensagens relacionadas com o Evangelho, como diz o Papa, devem ser uma forma de atrair outras pessoas à Igreja.

 

 

Redes de verdade

D. Pio Alves,

Bispo auxiliar do Porto

Presidente da Comissão Episcopal de Cultura, Bens Culturais e Comunicações Socias

 

Paulo VI, em maio de 1967, na Mensagem para a 1ª edição do Dia Mundial das Comunicações Sociais, escreveu: a Igreja pretende que este “Dia Mundial seja ocasião para uma consciente chamada a um despertar saudável das consciências e a um empenho solidário de todos por uma causa de tão grande importância”, como são as comunicações sociais em todas as suas formas.

Por sua vez, a Mensagem escrita por Bento XVI, no passado dia 24 de janeiro, para este 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais tem por título ‘Redes sociais: portais da verdade e da fé; novos espaços de evangelização’. O foco centra-se nas redes sociais; assumem-se, com realismo, as suas potencialidades. O mundo de possibilidades de comunicação que as redes encerram, contudo, não faz ignorar os seus riscos. Mas as suas limitações não podem fazer com que a Igreja e a Sociedade voltem as costas a esta nova maravilha do engenho humano.

Hoje, como sempre, a Igreja saberá vencer a tentação fácil de se fechar sobre si mesma e fugir de uns magníficos recursos, não obstante as patentes marcas das limitações do ser humano. Avisadamente, diz a Mensagem: “Estes espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado

 

 

 

pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana”.

São claras as denúncias e chamadas de atenção: “quando bem e equilibradamente valorizados”; “se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade”; “com responsabilidade e empenho pela verdade”. Não é certamente por acaso que o título da Mensagem fala das redes como portais da fé e espaços de evangelização, mas menciona antes as redes como portais da verdade.

Esta é a batalha – a batalha da aproximação à verdade – que, entre todos, temos que travar e à qual a Igreja continuará a dar o seu contributo. “A fidelidade ao homem, escreve Bento XVI na encíclica A Caridade na Verdade (9), exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade de um desenvolvimento integral”. “A verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na ‘economia’ da caridade, mas esta por sua vez há-de ser

 

compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade” (2). “Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente” (3).
Este é, sem dúvida, um dos grandes desafios das redes sociais: a verdade e a responsabilidade; ou, negativamente, a mentira e o anonimato. Se não queremos contribuir para o aviltamento de uma Sociedade marcada pela cobardia temos que combater as muitas tentações a que se presta a mentira: a tentação da vingança mesquinha; da vaidade vazia; do lucro fácil. Os media não são apenas o espelho da Sociedade: são também um dos seus potentes motores.

Radicalmente, como sempre, a solução está na qualidade das pessoas. Mas a vida em Sociedade obriga a procurar respostas formais e institucionais.

 

 

 

Os grandes meios clássicos de comunicação foram capazes, com o tempo, de ajudar a construir enquadramentos jurídicos que protegem razoavelmente os indefesos, que afinal somos todos, e desincentiva os prevaricadores. As redes sociais pela sua multiplicidade, pela sua acessibilidade, pela sua extensão global, escapam facilmente aos enquadramentos jurídicos vigentes. Mas, se todos quisermos, seremos capazes de pressionar até que se criem instrumentos 

que travem a cobardia e a irresponsabilidade e garantam a dignidade a esta “nova ágora”, a esta “praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias”. Poderiam conviver aí, sem medo: crianças, jovens e adultos; sábios e menos letrados; povos de todas as raças, religiões e culturas.

Contribuiríamos assim para alargar e enobrecer horizontes de comunicação, para potenciar a construção de redes de verdade.

   
 

 



 

 

A luta pela atenção
no ambiente informacional

Fernando Ilharco, professor da Universidade Católica Portuguesa e investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da mesma instituição, olha para a sociedade da informação, para as mudanças que vê a acontecerem num mundo novo digital e aponta caminhos de relevância num ambiente que apela aos sentidos.


 

 

Agência ECCLESIA – A mensagem de Bento XVI remete-nos para esse mundo das redes sociais. Que mundo é esse e que consciência temos de viver inseridos nele? Trata-se de um mundo novo digital…

Fernando Ilharco (FI) – A expressão é pertinente, é um mundo novo porque não são só novos instrumentos ou novas ferramentas para comunicarmos. Nestas últimas décadas nós vimos uma transformação radical do ambiente em que a sociedade humana, nomeadamente os países mais desenvolvidos, vivemos. Há o desenvolvimento de novas ferramentas de informação, comunicação e toda uma transformação ambiental, quer dizer que há novas possibilidades de comunicar e atuar. Havendo estas novas possibilidades pensamos de maneira diferente numa nova forma até em termos políticos, económicos e sociais.

 

 

 

Pensamos de forma globalizada, também pela cultura, pela moda, pela música, pelo desporto, tudo é pensado em função deste novo ambiente. Trata-se de um ambiente instantâneo, simultâneo, é um ambiente muito visual e emocional, que de alguma maneira altera possibilidades de comunicação e de interação e muda estruturas de atenção e perceção.

 

AE – Pode mudar mesmo a pessoa?

FI – Mudar a pessoa em termos ontológicos penso que não, que não é mutável mas muda a forma como estamos uns com os outros. Muda a estrutura da atenção e perceção humanas estão a caminhar no sentido de dar mais valor ao imediato, à intuição, à emoção.

A forma como comunicamos e estamos uns com os outros assenta na possibilidade das novas tecnologias da comunicação, de estarmos permanentemente a comunicar, não só textualmente mas por imagens, faz com que hoje em dia haja uma evolução das estruturas da atenção e da perceção que tendem a valorizar comportamentos mais imediatos, mais instantâneos, para a comunicação

 

constante, alguma tendência para a sintonização perpétua entre as pessoas. Isso valoriza mais a emoção, a intuição, a capacidade de as pessoas pensarem simultaneamente em vários assuntos. Hoje em dia, por exemplo, muitos de nós, sobretudo os mais jovens, não conseguem ver televisão. Veem mas estão a trabalhar no ipod, ou no ipad ou no computador portátil, têm 1, 2 ou 3 ecrãs em simultâneo. Essa capacidade de dividir a atenção por vários processos simultâneos é uma consequência deste novo ambiente digital que tem muitas vantagens, em termos de criatividade e adaptação, mas também tem outras questões em que o trabalho humano é menos favorecido: a questão do planeamento, da focagem, da especialidade, tudo isso é alterado.

 

AE – Que realidade é essa de estar conectado que decorre dessa capacidade de estar atento a um, dois ou mais ecrãs? Muda sociologicamente o comportamento das pessoas e grupos?

FI – Altera em pontos importantes porque a pessoa sente que está constantemente ligada aos outros, há

 

 

 

um emergir da dinâmica social e grupal. Hoje em dia há como que um sentimento grupal que antes da tipografia, da chegada dos livros, da

alfabetização em grande escala, as pessoas já conheciam, era “eu sou o grupo a que eu pertenço”. De alguma maneira a escrita e os livros criaram o individualismo e a consequência de eu saber ler é eu pensar por mim próprio. Ora a consequência de eu estar em comunicação oral e constante com os outros é eu fazer parte de entidades grupais. Por isso a dinâmica grupal está a ser acentuada, quase como uma comunicação perpétua que desenvolve muito a intuição. Pode dar origem a novas profissões, novas formas de trabalhar embora que o grande desafio para muitos de nós sejam as mensagens que se mantêm, o cuidado pela pessoa humana, a sua realização, a procura do bem e da sua felicidade, mas são ambientes muito diferentes. Por exemplo o ambiente industrial era muito mais distanciado, individual e de concentração, de tempo, que agora, de alguma maneira, está a ser rompido. Além de novos instrumentos, temos novos ambientes e contextos.

 

AE – O Papa fala na sua mensagem nesse novo ambiente digital por várias vezes… Quer isto dizer que algo tem mudado na comunicação da Igreja e na sua forma de anunciar o evangelho?

FI – Eu penso que aí a Igreja é mestre, esse sempre foi o desafio da Igreja,

como comunicar a mesma mensagem ao longo de dois mil anos, em tempos e ambientes diferentes. A Igreja está muito atenta e é muito interessante ver como estas mensagens, como por exemplo, esta mensagem para o dia das comunicações sociais, a Igreja é muito sensível e antecipa muito o impacto das tecnologias da informação. De facto, na mensagem deste ano é muito referido a importância da natureza substantiva dos novos meios, não apenas como instrumentos através dos quais nós comunicamos uns com os outros a mensagem de Cristo, através de palavras, imagens e dando testemunho mas como ambientes que transformam a maneira como nós vivemos uns com os outros.

Eu diria, por exemplo, que comunicar de uma forma menos literária, mais com imagens e com sons, é

 

 

 

tendencialmente mais eficaz. Nós temos a estruturas de comunicação cada vez mais pensadas e treinadas para isso. É curioso ver como nesta mensagem o Papa refere que Jesus Cristo com as suas parábolas tentava estimular outros sentidos além da voz e da oralidade. Parábolas são quase como uma projeção que envolve os sentidos e, de alguma maneira, a Igreja, os cânticos, os vitrais, os ícones, as imagens, essa cultura de envolvimento sensorial constante é muito a tradição da Igreja que de alguma maneira a nossa cultura científica dos últimos 400 anos quebrou no sentido de haver uma concentração mais fina, que agora está a voltar para trás.

Eu diria que é importante a presença nesses meios e a Igreja sempre esteve presente nos ambientes mais diversos e nas alterações mais radicais por todo o mundo. É importante também estar presente nestes meios conforme há estruturas de comunicação nesses meios. Eu penso que nestes dias falamos num sensório muito mais envolvente e realço, por exemplo, as jornadas mundiais da juventude que estão aí para provar com os cânticos,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 imagens, os próprios grupos de Taizé, tudo faz parte desta lógica que é muito envolvente e sensorial para a qual a juventude está disponível.

Os novos homens, os jovens, estão treinados para este envolvimento sensorial forte.

 

AE – Isso cria desafios à própria Igreja, em torno do adro da Igreja, do púlpito, ou até mesmo uma mudança?

FI – Essa mudança vai-se fazendo pela maneira como as coisas vão ocorrendo… É natural porque as pessoas recebem melhor uns cânticos, a participação na cerimónia, haver introdução de práticas

 

 

 

comunicacionais que envolvam a pessoa para participar efetivamente nas celebrações e que é um apelo crescente da Igreja nesse sentido.

O Papa na mensagem fala em vitrais, lembro-me por exemplo, da Basílica de Fátima que é uma Igreja tradicional à antiga mas também muito digital, porque estimula os sentidos através dos vitrais, as imagens e a música de fundo. No entanto a Basílica da Santíssima Trindade é mais literária porque sai do mundo linear lógico-sequencial em que a mensagem que é transmitida é o foco. Eu diria que para tirarmos mais partido, em termos comunicacionais, temos de a encher de cânticos, de música, de ações e reuniões, fica só a sugestão.

 

AE – Na sociedade de informação e no desafio que ela constitui para a comunicação para a Igreja Católica, é necessário conviver com a informação constante e ao mesmo tempo gerir…

FI – A sociedade da informação, como o nome indica, é uma sociedade em que a informação que os homens criam é abundante, o ambiente informacional sempre foi o ambiente do homem mas era a

 

informação da natureza, das nuvens, da chuva, dos montes, hoje em dia estamos imersos num mundo de informação que nós próprios para nós criamos.

A publicidade nos computadores, televisão, telemóveis, etc., são demasiados estímulos, estamos mergulhados num ambiente informacional que compete pela nossa atenção. Podemos dizer que hoje pelo ambiente de sociedade de informação a atenção humana é o recurso mais escasso, o que leva a que haja uma lógica de superficialidade constante e que cada vez que conseguimos captar a atenção de alguém temos de tirar partido disso, para o envolver, para passar a mensagem e para desenvolver estratégias comunicacionais. Hoje em dia ter muito sucesso ou muito insucesso, do ponto de vista da sociedade de informação, é igual… O Futre, por exemplo, lançou uma nova carreira numa conferência de imprensa que ele deu, depois de afundar uma candidatura à presidência do Sporting… Uma nova carreira de comentador, artista e de figura dos media. Nisso deriva que a atenção das pessoas está muito dispersa o que leva à superficialidade constante, o que abre também um espaço à profundidade

 

 

e para o silêncio que é mais valorizado e pode comunicar muito facilmente com as pessoas. Há outro aspeto importante que a sociedade de informação é uma sociedade transparente em que o escrutínio é constante, em que hoje em dia, ao contrário do que se dizia da mulher de César, para ser já não chega, tem é de se ser. O que mais vai comunicar é o “como eu sou”, paradoxalmente o valor da imagem vai interessar pouco, porque a imagem é facilmente ultrapassável. A coerência torna-se assim um valor em subida, porque se eu exijo dos outros o que não exijo de mim

 

próprio, se digo uma coisa e faço outra, isso vai-me colocar num plano de incoerência e hoje as pessoas não têm tempo para perceber porque é que isso aconteceu e quais as explicações.

A comunicação com eficácia deve ser coerente, que procura a emoção no outro, e como ouvi num encontro recente em Roma, “de coração a coração”, quando ouvir o outro. Comunico bem não quando falo, mas quando o oiço bem, porque ninguém ouve ninguém e essa disponibilidade, delicadeza e cuidado torna-se indispensável na comunicação, quer da Igreja ou de outra organização em geral.

 

 

Qualidade, diversidade
e atualidade
nas redes sociais

 

 

A presença da Igreja Católica nas redes sociais, tema em destaque no próximo domingo, Dia Mundial das Comunicações Sociais, só terá sucesso se privilegiar a “qualidade”, a “diversidade” e a “atualização” permanente dos conteúdos. Em entrevista à ECCLESIA, Bento Oliveira, professor e dinamizador de diversos projetos nas redes sociais, realça que “não basta” recorrer a ferramentas como o Facebook e o Twitter e “simplesmente despejar lá para dentro o Pai-Nosso”.

“É preciso pensar como levar esta nova praça a ser um ambiente em que as pessoas possam estar imiscuídas”, sublinha o docente, citando a expressão que o agora Papa emérito Bento XVI utilizou na mensagem dedicada ao evento de 12 de maio.

De acordo com Bento Oliveira, “a Igreja sempre esteve na vanguarda da utilização das novas tecnologias”, encarando-as como “uma mais-valia para criar comunidade”. No entanto, só com projetos de “qualidade”, que privilegiem “a diversidade e a quantidade da atualização” é que será possível desenvolver uma comunicação bem-sucedida nos novos meios digitais, e criar uma dinâmica que vá “fidelizando a comunidade virtual”.

O professor destaca ainda a importância deste tipo de iniciativas congregarem o esforço de várias pessoas, para alimentar a “discussão” e consequentemente o

 

 

 

 

surgimento de novas ideias para colocar a debate, dando como exemplo o blogue “iMissio”, criado durante o último Advento. “Felizmente já somos oito pessoas a dinamizar este projeto e vamos tentando que haja alguma multidisciplinaridade no grupo”, sublinha Bento Oliveira.

Além da reflexão litúrgica, a ideia é “que haja sempre um artigo de fundo que possa levar as pessoas a pensar”, para “que outras pessoas também possam ir bebendo, comunicando, partilhando”, complementa.

 

Segundo o padre José Paulo Machado, da Diocese de Angra, “a aproximação da Igreja aos media tem crescido” ao longo das últimas décadas mas a preocupação com as redes “não é nova”, já vem desde os primórdios da imprensa.

 “Quando a tiragem dos jornais ainda era limitada e ia para os cafés, quem se encontrava neles já entrava num processo de rede e de partilha”, sustenta o doutorando em Comunicações Sociais na Universidade Católica Portuguesa.

 

 

Brasil é o primeiro destino do Papa

O Papa vai visitar o Brasil de 22 a 28 de julho, com passagens pelo Rio de Janeiro e o Santuário de Aparecida, no interior do Estado de São Paulo, anunciou o Vaticano. Francisco vai visitar um hospital, encontrar-se com presos, passar por uma favela e confessar alguns participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), num programa que prevê 15 intervenções.

O Papa vai chegar ao Brasil a 22 de julho, segunda-feira, após uma viagem de 12 horas e 9200 quilómetros, pelas 16h00 locais (mais quatro em Lisboa); a cerimónia oficial de boas-vindas e os primeiros discursos vão decorrer uma hora depois, no Palácio Guanabara, sede oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Francisco vai ficar na residência do Sumaré, da Arquidiocese do Rio, que já acolheu João Paulo II.

A terça-feira não tem qualquer ato oficial previsto e o dia seguinte

 

começa com uma viagem em helicóptero de 200 quilómetros e mais de uma hora até ao Santuário Nacional de Aparecida, onde o Papa vai venerar a imagem de Nossa Senhora e presidir à missa, antes de regressar ao Rio de Janeiro.

A 25 de julho, o Papa vai visitar o Palácio da Cidade, para receber as chaves do Rio de Janeiro e abençoar as bandeiras oficiais dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Às 11h00 locais, Francisco desloca-se à Comunidade da Varginha, em Manguinhos, favela que foi alvo de um programa de recuperação pelas autoridades brasileiras.

A primeira viagem internacional do pontificado está ligada à celebração da JMJ 2013, convocada pelo Papa emérito Bento XVI, no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho, e os jovens vão acolher Francisco numa “festa” na praia de Copacabana pelas 18h00 do dia 25.

 

 

 

 

 

O dia 26 de julho começa com a confissão de cinco participantes na JMJ, provenientes dos cinco continentes, antes da visita ao Palácio São Joaquim, residência do arcebispo do Rio de Janeiro, onde o Papa se vai encontrar de forma privada com cinco jovens presos; o almoço terá a presença de 12 jovens de várias nacionalidades, representando todos os continentes e o Brasil.

 

 

No sábado, o dia conclui-se com uma vigília de oração em Guaratiba, arredores da cidade, onde decorrem os momentos conclusivos da JMJ 2013, com participação prevista de mais de dois milhões de pessoas. No domingo, Papa Francisco vai sobrevoar de helicóptero a estátua do Cristo Redentor antes de presidir à missa final da Jornada Mundial.

 

 

Bispos e a Europa em crise(s)

A presidência do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) escreveu uma mensagem pelo dia do continente, que se celebra esta quinta-feira, na qual lembra as vítimas da crises económica e de fé, alertando para os “egoísmos”. “A todas as pessoas que estão hoje no continente europeu e se encontram em dificuldade pela atual crise económica, que se sentem sós, que perderam ou procuram um trabalho e que, por causa da grave crise de sentido e de fé, em particular os jovens, acham difícil olhar para o futuro, queremos dizer que a Igreja na Europa está próxima e os convida a não perder a esperança”, assinala o texto, enviado à Agência ECCLESIA.

O documento, publicado no Dia da Europa, convida os habitantes do continente a “não deixar que medos e egoísmos” se sobreponham à “importância da família, o valor do dom e do acolhimento”, em favor “dos mais necessitados”. Os bispos

 

 

 

 

 

desafiam os cristãos a “refletir sobre o seu compromisso na construção de uma sociedade europeia aberta ao Absoluto e baseada na verdade, na justiça, na solidariedade e liberdade”.

“Aproveitamos também a ocasião para agradecer a todas as pessoas que, movidas pela fé, são promotoras de obras de caridade e de assistência a nível local, nacional e internacional: a ajuda que prestam é resposta solícita e concreta a muitas necessidades materiais mas é também sinal do amor de Deus”, acrescenta o texto.

 

 

 

A resposta aos anseios da humanidade

O Papa Francisco afirmou no Vaticano que a vida espiritual é a resposta aos anseios da humanidade e que o Espírito Santo revela Deus como pai de cada pessoa. “Deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo, deixemos que Ele nos fale ao coração e nos diga que Deus é amor, que nos espera sempre, que Ele é pai, que nos ama como um verdadeiro papá”, afirmou, na catequese da audiência semanal das quartas-feiras que decorreu na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas.

Francisco frisou que “o homem de todos os tempos e de todos os lugares” tem o desejo de uma “vida plena e bela, justa e boa” que não seja “ameaçada pela morte”, mas que possa “amadurecer e crescer”. “O homem é como um viajante que, atravessando os desertos da vida, tem sede de uma água viva, borbulhante e fresca, capaz de dessedentar em profundidade o

 

 

 

seu desejo profundo de luz, de amor, de beleza e de paz”, acrescentou. Segundo o Papa, essa “água viva” é o Espírito Santo, o “grande dom de Cristo ressuscitado” e “fonte inesgotável da vida de Deus” em cada cristão, que deve ser “uma pessoa que pensa e age segundo Deus, segundo o Espírito Santo”.

“Devemos escutar o espírito Santo que está dentro de nós, ouvi-lo. E o que nos diz? Que Deus é bom, que Deus é pai, que Deus nos ama, que Deus nos perdoa sempre. Ouçamos o Espírito Santo”, concluiu.

 

 

Lawrece da Arábia

Não se trata, evidentemente de uma estreia, mas da reposição do clássico épico realizado por David Lean (‘A Ponte do Rio Kwai’, ‘Doutor Jivago’, ‘Passagem para a Índia’) em 1962 que, remasterizado agora em versão digital, regressa aos cinemas portugueses. A história é baseada na biografia de Thomas Edward Lawrence (1888-1935), ‘Os Sete Pilares da Sabedoria’, e no determinante papel que, ao serviço do governo britânico, o tenente assumiu na Revolta Árabe entre entre 1916 e 1918.

A 5 de Junho de 1916, em plena Primeira Guerra Mundial, forças comandadas pelo xerife Hussein bin Ali, xerife e emir de Meca e autoproclamado Rei de Hejaz, atacam a guarnição otomana de Medina, com o intuito de conseguir a independência dos turcos otomanos e criar um estado árabe unificado que se estendesse de Alepo, na Síria, até Aden, no Iémen. Cinco dias mais tarde é oficialmente proclamada a Revolta

 

Árabe em Meca e o xerife conta com grupos rebeldes como aliados que tentam conquistar o domínio de portos estratégicos ao longo do Mar Vermelho.

Perante tais investidas, apoiadas pela Alemanha, o governo britânico retalia o ímpeto do domínio turco,  reforçando a capacidade de defesa das forças árabes através da sua frota naval. No entanto, apesar do sucesso desta resposta, rapidamente percebe o risco que enfrenta, ameaçado da  perda de poder sobre a região do médio oriente.

 

 

 

 

Em 1917, recruta o tenente T.E. Lawrence, oficial, agente secreto e arqueólogo que se destacara pelo seu trabalho nas escavações promovidas pelo Museu Britânico nas margens do rio Eufrates, pela adesão à causa e admiração nutrida pela cultura árabes, a fim de estreitar relações com Faiçal, filho de Hussein bin Ali (e posteriormente primeiro Rei do Iraque) e contribuir para o que viria a ser o despertar do nacionalismo árabe.

Um homem à frente do seu tempo com uma personalidade enigmática que até hoje gera paixão e controvérsia, ‘Lawrence da Arábia’ (também designado entre os árabes ‘Al Aurens’), são a sua biografia e o

 

trabalho jornalístico de um repórter encarregue de seguir a campanha a par e passo que dão origem a um dos mais extraordinários épicos da história do cinema.

Contando com avultados meios de produção que oferecem magníficos cenários, sobretudo da Jordânia, e revelam uma extraordinária capacidade de coordenação e direção de David Lean, o argumento do filme é estruturado sobre os principais episódios da vida do oficial, imortalizando, aos 30 ano de idade, o maior e melhor papel da vida de Peter O’Toole.

Vencedor dos Oscars nas categorias de melhor filme, realizador, montagem, direção artística, som e banda sonora, ‘Lawrence da Arábia’ arrecadou ainda os Bafta (prémios da Academia Britânica de Cinema e Televisão) para melhor ator e argumento.

Um clássico, tecnicamente renovado, a não perder na plena potencialidade de um grande ecrã, para rever, pensar ou repensar um momento da história mundial, centrada nas relações entre a Europa e o Médio Oriente. As que configuram o mundo, tal como hoje o conhecemos.

Margarida Ataíde

 

 

Uma ponte entre a fé e a cultura

www.snpcultura.org

 

Para finalizar as sugestões dedicadas ao Dia Mundial das Comunicações Sociais que este ano celebramos a 12 de maio sugerimos um sítio completamente diferente, com um design arrojado e com conteúdos muito bem conseguidos. Sugerimos então uma visita atenta e constante ao sítio do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura que se encontra disponível no endereço www.snpcultura.org.
O sítio está construído de uma forma diferente do habitual fugindo, dessa maneira ao tradicional menu lateral e informações na parte principal. As opções disponibilizadas são muitas e podemos aceder às mesmas através de botões coloridos e bastante sugestivos. No entanto, podemos desde já afirmar que, para um utilizador menos experiente nestas lides tecnológicas, por vezes pode tornar-se confuso este género de navegação.
Logo de início, somos convidados a dar uma vista de olhos por todo o sítio, encontrando alguns destaques bastante interessantes. No item “impressão digital” onde o olhar entre a fé e a cultura é bastante acutilante, desperta-nos para leituras de elevado relevo e que nos ajudam a fazer uma análise da realidade que nos rodeia do ponto de vista da fé. Por outro lado, na opção “vemos, ouvimos e lemos” como o nome indica sugere-nos variados temas dentro destas áreas sensoriais. Encontramos depois o item “observatório cultural”, onde o debate cultural da atualidade se vai fazendo em artigos muito bem redigidos. Destacamos ainda as “leituras”, onde diversas publicações são analisadas

 

por personalidades da área da cultura. A título de exemplo podemos encontrar a fabulosa análise que o padre e poeta Tolentino de Mendonça faz do livro «Diário (1941-1943)», de Etty Hillersum, onde automáticamente nos dá uma vontade enorme de pegarmos no livro para o lermos de fio a pavio. Por último, chamamos a vossa atenção para os arquivos e sugestões multimédia nas áreas “audio” e “vídeo”. Tanto numa opção como na outra, os conteúdos apresentados são todos devidamente justificados, ajudando-nos assim a orientarmos melhor as nossas opções culturais. Para finalizar, podemos afirmar que todos os items

 

são muito ricos, quase todos nos obrigam a parar em cada um dedicando-lhes muita atenção. O que por si só revela a qualidade da informação apresentada.
Este sítio que sugerimos é bastante rico ao nível cultural, transportando-nos para lugares remotos nas mais diversas áreas culturais que naturalmente estão aqui abrangidas. Sempre fazendo a ponte, entre a fé e a cultura, com conteúdos atuais e muito bem fundamentados por pessoas de elevado sentido crítico, certamente um local a visitar com regularidade.

Fernando Cassola Marques
fernandocassola@gmail.com

 

 

Revista Cáritas regressa às bancas

A Cáritas Portuguesa vai voltar a publicar a sua revista, depois mais de duas décadas de interrupção, anunciou hoje a organização católica em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

“Após 22 anos suspensa, a revista Cáritas regressa agora com o mesmo objetivo inicial de difusão da ação social da Igreja, mas também como uma oportunidade para a partilha de experiências, troca de ideias e anunciadora de uma ‘nova terra em que habite a justiça e a paz’”, adianta a instituição.

O primeiro número da nova série da ‘Cáritas’ vai ser apresentado no próximo dia 16, às 17h00, no Auditório da Fundação Montepio Geral, em Lisboa.

Segundo a organização católica para a solidariedade e ajuda humanitária, o lançamento insere-se nas comemorações do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra este domingo, e do Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), convocado por Bento XVI, Papa emérito.

 

 

 

A apresentação da revista vai estar a cargo do cónego João Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e presidente do Conselho de Administração do Grupo Renascença, bem como pelo padre José Manuel Pereira de Almeida, diretor da publicação.

No evento marcarão presença o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, e Tomás Correia, presidente da Fundação Montepio.

A revista Cáritas foi lançada pela primeira vez em 1981, face à “necessidade de divulgar  o pensamento, os objetivos e, também, as preocupações e interrogações de muitas pessoas responsáveis e colaboradoras de instituições de solidariedade”.

 

 

 

«Embora me retire continuo unido a vós»

Livro com todos os discursos proferidos por Bento XVI, desde a sua renúncia em 11 de fevereiro até à sua despedida, em Castel Gandolfo, em 28 de fevereiro de 2013.

Estes últimos textos do Papa emérito, agora publicados por Paulinas Editora, estão carregados de uma subliminar mensagem de mudança e de esperança, pelo que se propõe a sua leitura não como últimas palavras, mas as primeiras páginas de um tempo novo para o Cristianismo.

 

Autor: Papa Bento XVI

ISBN: 978-989-673-300-1

Nº Páginas: 88

Formato: 13x0,5x20,5

Peso: 120 gr.

Edição: Paulinas

Preço: 4Euros

 

 

 

 

 

II Concílio do Vaticano - As dores de parto do Decreto «Inter Mirifica»

 

Aprovado a 04 de dezembro de 1963, o Decreto «Inter Mirifica, sobre os Meios de Comunicação Social, é o segundo entre os dezasseis documentos publicados pelo II Concílio Vaticano.

Este documento apresenta uma peculiaridade marcante, visto que foi aquele que teve maior dificuldade na sua aprovação em razão da influência que os padres conciliares «sofreram pela resistência de uma parcela do clero e de jornalistas franceses, alemães e americanos, que “consideravam o texto fraco, vago e indigno de ser um Decreto Conciliar”». (Ver: http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/decreto-inter-mirifica/)

Com este decreto, o concílio convocado pelo Papa João XXIII reconhece que os “Instrumentos da Comunicação Social” estão “entre as maravilhas” (Inter Mirifica) da tecnologia, que, até então, contava com a imprensa escrita, o cinema, a rádio e a televisão, pois a internet ainda não figurava entre estes “instrumentos”.

É a primeira vez que um documento conciliar apresenta esta questão dos meios de comunicação social como “um dever e um direito” de uso pela Igreja. Anteriormente, outros documentos trataram do assunto, mas de forma incipiente e até mesmo negativa. A sinalização para a valorização dos novos meios de comunicação surge em 1938, com a Encíclica «Vigilanti Cura», de Pio XI, que reconhece o cinema como um importante meio para divulgar a proposta

 

 

 

 

cristã e o Evangelho, e, em 1957, com a Encíclica «Miranda Prorsus», de Pio XII, que acrescenta a importância da rádio e da televisão.

A partir destas encíclicas, a Igreja passa a compreender a comunicação como linguagem, como cultura, como uma grande articuladora da sociedade, e como uma aliada à sua missão de evangelização no mundo contemporâneo, vindo de encontro com a sua necessidade.

O texto do decreto conciliar foi apresentado ao concílio na 25ª congregação geral e debatido durante três congregações. Contava então com 114 parágrafos e ocupava 40 páginas, dividia-se em duas partes, e cada uma delas era formada de vários capítulos.

Na 28ª congregação geral foi decidido por 2138 votos contra 15 que fosse confiado à comissão competente o encargo de formular mais

 

concisamente os princípios doutrinais e as directrizes pastorais. Quase um ano depois, a 14 de Novembro de 1963, durante a 67ª congregação geral, a comissão apresentou aos padres conciliares o novo texto, emendado e reduzido a 24 parágrafos e a 2 capítulos. Depois de consideradas as emendas propostas pelos padres conciliares, o texto foi sujeito à votação geral na 74ª congregação com o seguinte resultado: 2112 votantes; 1598 placet (concordo) e 503 non placet (não concordo). Não obstante o número elevado de padres a quem o texto não agradou, o Papa que sucedeu a João XXIII, Paulo VI, decidiu promulgar o decreto no dia 04 de dezembro de 1963.

A votação final realizada na presença do Papa que iniciou o seu pontificado meses antes teve o seguinte resultado: 2124 votantes; 1960 placet e 164 non placet. (Cf. II Concílio do Vaticano).

 

 

maio 2013

Dia 11

* Braga - Famalicão (Centro Pastoral Santo Adrião) - Café concerto sobre «Família - frutos esperados»
* Leiria - Seminário diocesano - Ação de formação sobre «Saber viver em tempos de crise» promovida pela Cáritas de Leiria e a DECO
* Canadá - Ontário - Início comemorações dos 60 anos de emigração portuguesa para o Canadá
* Coimbra - Casa da Sagrada Família - Inauguração da exposição «A beleza de Deus na arte e nos jovens».
* Porto - Seminário do Bom Pastor - Apresentação ao seminário para jovens que queiram estabelecer contacto com o seminário diocesano.


 

  * Porto - Igreja do Senhor do Bonfim - Ordenação presbiteral de um diácono salesiano.
* Braga - Centro Cultural Campo Novo - Tarde de reflexão sobre «Educar: Haverá uma receita milagrosa?».
* Porto - Dia diocesano do professor com visita a Lamego.
* Leiria - Sé - Bênção dos finalistas para os estudantes do ESECS, o ISLA e a ESAD.
* Lisboa - Parque de Monsanto - Edição da festa da vida com o tema «A Fé, fonte da vida»
* Braga - Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Concerto evocativo do jubileu dos 360 anos da fundação dos carmelitas descalços em Braga
* Lisboa - Mosteiro de Santa Maria (Monjas Dominicanas) - Conferência «Para uma poética da fé: Uma leitura de José Augusto Mourão» por Maria José Vaz Pinto 
* Santarém - Tomar - Dia vicarial da família católica. (11 e 12)
* Aveiro - Peregrinação ao túmulo de santa Joana. (11 e 12)

 

 

 

 

*Porto - Ermesinde - Curso para jovens sobre «Jesus acolhe com amor: A experiência do amor como caminho de fé» promovido pelo Movimento Oásis.  (11 e 12) 

 

Dia 12

Dia Mundial das Comunicações Sociais e Mensagem de Bento XVI e Dossier: Comunicações Sociais  
* Vaticano - Canonização de três beatos.  
* Lisboa - Ribamar (Casa do Oeste) - Festa da familia rural dedicada aos 50 anos do II Concílio do Vaticano.
* Lisboa - Igreja de São Domingos de Rana - III Ciclo Mariano de Música Coral
* Bragança - Macedo de Cavaleiros (Museu de Arte Sacra) -Encerramento da exposição de fotografia «Arte Sacra: Monumentos e Manifestações Religiosas»
* Viana do Castelo - Salão Multiusos de Silhão, Cumieira (Santa Marta de Penaguião) - Apresentação do livro «Igreja de Santa Eulália da Cumieira - Tombo, Petições e Memórias Paroquiais: de 1499 a 1792», da autoria de José Emílio Esteves da Silva
 

 

* Braga - São Pedro de Rates (Igreja românica) - Concerto de música sacra «A música sacra de Portugal - O rito bracarense» por Capella Duriensis-Porto.

* Coimbra - Terreiro da Fonte de Eiras - «1ª Feira Sem Regras» promovida pela Cáritas Diocesana de Coimbra e a Comissão Social da Freguesia de Eiras
*Setúbal - Amora (Café Cristão) - Encontro para as famílias sobre «Fé e família».
* Braga - Sé - Celebração de bodas matrimoniais presidida por D. Jorge Ortiga
* Coimbra - Bênção das grávidas nas comunidades da diocese de Coimbra. 
* Setúbal - Procissão do Senhor Jesus do Bonfim com benção das artes maritimas. 
* Fátima - Peregrinação Internacional Aniversária presidida por D. Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (Brasil). (12 e 13)
* Visita de D. François-Xavier Maroy Rusengo, Arcebispo de Bukavu e Administrador Apostólico de Uvira, na República Democrática do Congo, a Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. (12 a 18)
Semana da Vida com o lema «Dá mais vida à tua vida».  (12 a 19)

 

 

Ano C – Solenidade da Ascensão do Senhor

 

 

 

 

 

 

 

Testemunhar Cristo com alegria
 

A Solenidade da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que a vida definitiva, em comunhão com Deus, se encontra no final de um caminho percorrido no amor e na doação. Seguidores de Jesus, para quem olhamos com todo o nosso ser, somos chamados a ser testemunhas do seu projeto libertador.

Nas palavras de despedida de Jesus no Evangelho de hoje, está bem definida esta missão dos discípulos no mundo, a ser assumida com alegria. A alegria, como dizia Bento XVI, é marca de identidade cristã.

A tristeza torna o rosto sombrio e as lágrimas estorvam a vista. Os discípulos conheceram a tristeza e a deceção, não conseguindo reconhecer o Ressuscitado que caminhava ao seu lado. São necessários os olhos da fé para perceber que Cristo está vivo, para nos alegrarmos n’Ele, para O anunciarmos. Uma fé assim não nos mergulha no passado saudosista, antes nos orienta para um futuro que já não será mais como antes.

Qual é o segredo dos discípulos para estarem alegres depois da partida do Mestre? Muito simplesmente a presença do Ressuscitado, mas “de outro modo”. Doravante, Ele está sempre com eles na força do Espírito Santo. Eles vivem na alegria porque sabem que Ele está com eles até ao fim dos tempos e que sem Ele nada podem fazer. Ele prometeu e manteve as suas promessas!

“Enquanto Jesus os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu”.

 

 

 

 

Este céu só pode ser percebido com o olhar da fé, com a confiança que podemos ter em Cristo e nas testemunhas que O viram separar-Se deles. Não há qualquer prova nem demonstração científica para esta subida de Jesus ao céu.

Somos convidados a situar-nos noutro registo, o registo do amor. É a nossa própria experiência: quando amamos, quando conhecemos momentos de intensa felicidade, gostaríamos que o tempo parasse, não para que tudo acabe mas para que esta felicidade que atinge todo o nosso ser seja como que eternizada.

Jesus veio habitar este desejo de eternidade em nós, para o elevar à sua plena realização. Ressuscitando, fez

entrar todos os nossos desejos no mundo do amor infinito. E é em cada Eucaristia que acolhemos em nós a presença de Jesus ressuscitado que vem alimentar e fazer crescer o germe da vida eterna.

A alegria do Ressuscitado deve brilhar nos olhos e transformar os corações dos discípulos que testemunham a entrada definitiva de Jesus na vida de Deus. Oxalá que a nossa vida

 

 

quotidiana tenha sempre esse sabor eucarístico de Cristo ressuscitado e seja um pedaço de céu pleno de felicidade e de alegria.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa do Santuário de Fátima.

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 12- Dia Mundial das Comunicações Sociais: implicações de um novo ambiente, o digital 

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 13 - Entrevista. Fátima e Luis Lopes apresentam a Semana da Vida.

Terça-feira, dia 14 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com José Eduardo Borges de Pinho;

Quarta-feira, dia 15 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Acácio Catarino;
Quinta-feira, dia 016 - Preparar uma peregrinação a Fátima. Rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 17 - Apresentação da liturgia dominical pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego.
 

Antena 1

Domingo, dia 12, 06h00 - No 47º dia mundial das Comunicações Sociais fique a conhecer as perspetivas de vários especialistas nas redes sociais.

 

Segunda a sexta-feira, dias 13 a 17 - Propostas da Semana da Vida no olhar de casais que assumem um testemunho cristão.

 

 

 

     

Quando escrevo estas palavras, milhares de peregrinos caminham em direcção ao Santuário de Fátima. Nos dias 12 e 13 deste mês, o recinto daquele altar mariano enche-se de homens/mulheres sedentos de ouvir a palavra esperança. Uma peregrinação presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta.

No dia 13, o pontificado do Papa vai ser consagrado a Nossa Senhora de Fátima cumprindo o pedido que Francisco dirigiu  a D. José Policarpo.

 

A Igreja Católica em Portugal está preocupada com a “cultura de morte” no país e propõe uma semana (12 a 19) dedicada ao tema ‘Dá mais vida à tua vida!’.

“Dar mais vida à nossa vida implica abraçá-la em todas as circunstâncias, sem ceder nem aos egoísmos nem às modas ou correntes de opinião nem aos mercados nem aos parlamentos”, assinala o organismo.  

 

A Santa Sé vai apresentar  a 14 de maio o seu pavilhão para a 55ª edição da Bienal de Veneza (Itália), com início marcado para 1 de junho. O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, tinha confirmado em Lisboa, a participação do Vaticano na Bienal que vai decorrer até 4 de novembro.

 

Quando a perseguição aos cristãos “não pára de aumentar”, D. François-Xavier Maroy Rusengo, arcebispo de Bukavu  (R.D.Congo), vem a Portugal, neste mês, para falar sobre o sofrimento dos cristãos perseguidos.

A convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre , D. François-Xavier Maroy Rusengo dará conferências em várias cidades portuguesas sobre o perigo de se ser cristão em alguns países.

 

Israel: Quando os cristãos são um desafio

A imensa minoria

As minorias são, muitas vezes, geradoras de equívocos. Em Jerusalém, uma mulher tem feito um trabalho magnífico para que a pequena comunidade cristã seja bem integrada na sociedade, com os seus direitos respeitados.

 

Hana Bendcowsky nasceu na Polónia mas era pequena quando chegou a Jerusalém. A sua família é judia, profundamente crente, e foi em Israel que se tornou adulta. Estudou História e acabou por tirar também um curso sobre o Novo Testamento. E foi aí que descobriu que em toda a cidade, por todo o lado, havia cristãos. Parecia uma revelação. “Quase não se pensa neles e, no entanto, estão em todo o lado. Fiquei fascinada. Bastava dar um salto à cidade velha para os encontrar facilmente”. E, de súbito, Hana percebeu que havia um engano por ali. “Os cristãos árabes consideram-se uma minoria entre muçulmanos e judeus, mas os judeus também se

 

veem como minoria entre cristãos e muçulmanos”. Está toda a gente obcecada a ver-se cercada, ameaçada, que ninguém repara mesmo uns nos outros. E Hana, que hoje é diretora do Centro de Relacionamento Judeo-Cristão de Jerusalém, tem ajudado ensinar a olhar para o outro com simpatia e sem medo.

 

Fomentar a vizinhança

Parece uma coisa simples, mas as desconfianças muitas vezes são antigas, passam de geração em geração e ficam. Não se percebem mas estão lá e impedem o olhar claro e límpido sobre o outro. O Centro de Relacionamento Judaico-cristão de Jerusalém é apoiado pela Fundação AIS porque desempenha um papel essencial: fomentar vizinhança como fator de paz. Desde que Hana começou a trabalhar em Jerusalém deu-se conta que há imensos cristãos. Cada vez mais.

 

 

 

Descobrir as minorias

Para Hana Bendcowsky, é preciso que a sociedade descubra os cristãos, como todas as outras minorias existentes no país. Só assim se poderá crescer sem ódios nem preconceitos. Basta aprender a olhar. Hana desenvolve um trabalho essencial para o relacionamento pacífico entre todos, incluindo as minorias religiosas no seu país. Conhecer o outro é o primeiro passo para que a intolerância não ganhe corpo, como se fosse uma doença maligna. Hana descobriu, um

 

 dia, por mero acaso, que na sua cidade vivem alguns milhares de cristãos. Infelizmente, em todo o mundo, não haverá muitos como ela, que dedicam a sua vida a aproximar pessoas, a combater a ignorância que está sempre na base de equívocos que são o rastilho da violência. E nós, que fazemos nós para aproximar pessoas, para entendermos os outros, que têm outras línguas, que têm outras culturas e hábitos, que praticam outras religiões?

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

 

lusofonias

Europa

 

 

Vão longe os tempos em que se falava da Europa que ia do Atlântico aos Montes Urais, onde a questão geográfica parecia ser a única a ter em linha de conta. Agora falamos da Europa gerida a partir de Bruxelas, com outro pulmão lá para leste com a Rússia a controlar. Claro que temos a zona euro, com a Suiça e a Inglaterra de fora, mas bem dentro do sistema que também conta com estes dois países para equilibrar com o dólar americano. Enfim, muitos jogos de interesses e pouco interesse pelas pessoas.

O projeto da União Europeia, sobretudo liderados pelas ideias de Jean Monet e Jacques Delors, tinha uma matriz social e cristã clara. Queria-se uma Europa solidária em que os países mais ricos apoiariam os mais pobres e, desta forma, se criava uma aliança continental que iria também evitar guerras como as que tinham dizimado milhões de pessoas de 1914 a 1918 e de 1939 a 1945.

A ideia desta Europa atual era boa, mas esgotou-se aos poucos quando as pessoas deixaram de contar, quando entraram em cena FMIs e bancos com interesses á escala do planeta. Os países mais pobres endividaram-se, as crises foram tomando conta dos mais frágeis, e países como a Grécia e Portugal não sabem para onde se virar, andando de apertão em apertão até á asfixia total. Esse é o medo que a crise instalou na vida das pessoas, gerando desempregos com números nunca atingidos e provocando a instauração de medidas de austeridade que ainda enterram mais o futuro dos mais pobres.

 

 

Luso Fonias

 

Mas há aspetos positivos nesta caminhada europeia. Os direitos humanos estão a ser mais ou menos respeitados. A saúde é para todos, pelo menos os cuidados primários. O mesmo se diga da educação. As infraestruturas como estradas e pontes estão boas. Os transportes públicos e privados são de qualidade. A justiça é lenta mas chega lá. As comunicações estão ao alcance de todos os que têm alguma capacidade financeira. A alimentação e o vestuário vão chegando para boa parte da população, tendo os mais pobres acesso aos bancos alimentares. Enfim,

 

quando olhamos para o resto do mundo, percebemos que a nossa crise europeia ainda tem padrões de vida muito superiores aos de boa parte da humanidade. Há contudo que mulher para garantir que a dignidade das pessoas nunca é posta em causa.

Porque quero mais melhor, sonho com uma Europa mais fraterna e mais solidária. Sonho com uma Europa onde as pessoas valem mais que os interesses. E como europeu não vou desistir deste sonho.

Tony Neves


“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

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