04 - Editorial:

    Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Semana de...

      Paulo Rocha

22 - Dossier

    Dia Mundial da Paz

24 - Entrevista

    General Valença Pinto
 

46 - Multimédia

48 - Estante

50 - Concílio Vaticano II

52 - Agenda

54 - Por estes dias

56 - Programação Religiosa

58  - Minuto Positivo

60 - Liturgia

62 - Fátima 2017

66 - Fundação AIS

68 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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31 - Dossier

    Centenário das Aparições em Fátima

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião

 

 

 

Papa Francisco em Fátima

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50 anos de visitas papais a Portugal

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Não-violência e o sonho da paz

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D. Manuel Linda | Paulo Rocha | Octávio Carmo | Comunidade de Santo Egídio | José Vieira | Fernando Cassola Marques  | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves

 

A sério

  Octávio Carmo   
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

“Qualquer dia começa outra guerra mundial…” Esta é uma frase que ouvimos esporadicamente, mostra, acima de tudo, que vivemos longe dos vários focos de conflito que incendiam o mundo, um pouco por todos os continentes. Isso e muita distração.

Nunca como hoje foi a guerra tão mundial, no verdadeiro sentido da palavra. Exportável, transportável, descartável. Uma derrota para a nossa humanidade. O próprio Papa Francisco já teve oportunidade lamentar que o apelo de “guerra nunca mais” nunca tenha sido levado a sério, insistindo no drama da “terceira guerra mundial aos bocados” com conflitos na Ucrânia, Médio Oriente, África…

Teve grande impacto mediático o desabafo pontifício de que a Europa precisa de líderes. Sim, a Europa, toda a comunidade internacional procuram lideranças de estatura moral, de dimensão mundial, capazes de superar a pequenez de visões, os interesses mesquinhos, a ganância, o desprezo pela vida humana, a submissão a poderes económico-financeiros.

A Mensagem para o Dia Mundial da Paz, com que a Igreja Católica começa cada ano novo, tem de ser levada a sério. A não-violência proposta pelo Papa é mais do que um ato mais ou menos piedoso ou uma objeção de consciência. É um desafio à ação em favor da paz. Para o envolvimento de mais e mais construtores de paz contra os “senhores da guerra”. Integra-se, no conjunto do seu pontificado, na luta contra a indiferença globalizada, a inércia, 

 


 

 

o distanciamento em relação aos dramas humanos do mundo contemporâneo.

Vale a pena, como sempre, ler com atenção. Se o mal começa no coração humano, se a violência começa no contexto doméstico, é impossível dizer que não podemos fazer nada para mudar o cenário mundial. Ao pedir que se comece em casa, na família, na vida de cada um, Francisco lança uma grande onda internacional de não-violência que pretende chegar 

 

ao topo da pirâmide, não como uma exigência abstrata, mas vivida e interiorizada por milhões de pessoas. Não como uma imposição de sonhadores, mas como uma proposta de vida de milhões de “bem-aventurados” pacificadores, como Jesus proclamava no Evangelho. A paz vive-se, constrói-se, consolida-se com o esforço de todos. E aí sim, os senhores da guerra vão ter de levar o resto da humanidade a sério.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os portugueses também têm valor... O novo cargo de António Guterres é um dado evidente.  @ Agência Lusa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- «Às vezes até quase que me lembra uma espécie de Papa Francisco civil» disse o padre Vítor Melícias, a respeito de António Guterres, que tomou posse, esta segunda-feira, como secretário-geral da ONU

 

 

- «Tenho a sensação de que o meu pontificado será breve» confessou o Papa Francisco, numa entrevista recente, recuperada pela Sky Atlantic, por ocasião do 80º aniversário do Papa argentino.

 

 

- «À primeira vista, é difícil viver com esperança o Natal, sobretudo se olhamos o nosso atribulado mundo de hoje», escreveu Jorge Teixeira da Cunha, no Jornal «Voz Portucalense» de 14 de dezembro de 2016.

 

 

- «O meu clubismo mede-se pela forma como eu apoio e defendo o meu clube e não, necessariamente, pela forma como ataco os outros», escreveu Carlos Barbosa da Cruz, no Jornal «Record» de 15 de dezembro de 2016. 

 

Papa Francisco em Fátima a 12 e 13 de maio

 

A Presidência da República Portuguesa anunciou em comunicado a visita do Papa Francisco ao país, em maio de 2017, por ocasião do Centenário das Aparições de Fátima. “Na sequência do convite feito por sua excelência o senhor presidente da República aquando da sua deslocação à Santa Sé, a primeira realizada ao estrangeiro depois da tomada de posse, Sua Santidade o Papa Francisco virá em peregrinação ao Santuário de 

 

 

Fátima nos dias 12 e 13 de maio de 2017, assinalando assim o centenário das Aparições na Cova da Iria”, refere a nota oficial.

Em novembro, o presidente da República Portuguesa disse estar “muito alegre” por receber o Papa Francisco a 12 e 13 de maio de 2017, numa visita que tem um “objetivo espiritual”, centrando-se por isso em Fátima. “A ideia é concentrar a visita e a permanência num objetivo 

 

 

 

 

espiritual, não propriamente político, não propriamente de soberania”, comentou Marcelo Rebelo de Sousa, destacando positivamente o facto de o Papa vir logo dia 12 de maio para Portugal e não apenas a 13.

Na mesma altura, o cardeal-patriarca de Lisboa adiantou à Agência ECCLESIA que o Papa Francisco confirmou o desejo de ir “só a Fátima” em maio de 2017 e que deverá aterrar na base aérea de Monte Real (a cerca de 40 minutos da Cova da Iria, em automóvel).

A Conferência Episcopal Portuguesa e o presidente da República entregaram convites formais ao Papa argentino para que este visitasse Portugal em 2017, por ocasião da celebração do centenário das Aparições.

No dia 7 de setembro de 2015, no encontro dos bispos de Portugal com o Papa durante a visita ad Limina, Francisco transmitiu o "desejo profundo" de visitar Fátima, afirmando 'tengo ganas de ir a Fátima' (quero ir a Fátima)”.

O Papa pediu aos bispos portugueses que consagrassem o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima, o que aconteceu a 13 de maio de 2013.

A 12 de outubro desse mesmo ano, 

 

 

Francisco recebeu solenemente no Vaticano a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições, tendo depositado um rosário a seus pés, como oferta pessoal.

A viagem a Fátima em 2017 tinha sido confirmada pelo próprio Papa, em conferência de imprensa, no último dia 2 de outubro.

 

 

50 anos de viagens papais a Portugal

O Papa Francisco vai tornar-se em 2017 o quarto pontífice católico a visitar Portugal, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010).

As viagens internacionais dos Papas modernos são uma novidade que remonta à segunda metade do século XX, com o pontificado de Paulo VI (1897-1978).

Portugal entraria na rota dessas visitas apostólicas logo na quinta viagem deste pontífice italiano, a 13 de maio de 1967, por ocasião do 50.º aniversário das aparições marianas, reconhecidas pela Igreja Católica, na Cova da Iria.

Fátima seria a partir de então o principal motor das, até hoje, cinco viagens pontifícias, depois de já Pio XII, a 31 de outubro de 1942, ter consagrado o mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial.

Paulo VI quis vir pessoalmente a Fátima, como peregrino, a 13 de maio de 1967, tendo decidido que o avião que o transportou desde Roma aterrasse em Monte Real, ficando alojado na então Diocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima); além da homilia na Missa do 13 de maio, no 

 

50.º aniversário das Aparições, Paulo VI teve outras seis intervenções.

João Paulo II, que a 13 de maio de 1981 tinha sido atingido a tiro na Praça de São Pedro, num atentado contra a sua vida, veio à Cova da Iria um ano depois, agradecer publicamente a intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Em maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Fátima para "agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular"; passou ainda por Lisboa, Vila Viçosa, Coimbra, Braga e Porto, ao longo de quatro dias (12-15 de maio), proferindo um total de 22 intervenções.

O Papa polaco voltou a Portugal nove anos depois: a 10 maio de 1991, João Paulo II celebrou Missa no Estádio do Restelo e viajaria depois para os Açores e Madeira, antes de centrar-se no Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 maio.

A 12 e 13 maio de 2000, já com a saúde debilitada, João Paulo II regressou a Portugal, para presidir à beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto; proferiu um 

 

 

 

 

 

discurso à chegada, no aeroporto internacional de Lisboa, a homilia na Missa do 13 de maio e uma saudação aos doentes reunidos na Cova da Iria.

João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983), a caminho da América Central, durante a qual 

 

 

proferiu um discurso em que apresentou Portugal como “Terra de Santa Maria”.

Bento XVI visitou Portugal de 11 a 14 de maio de 2010, para assinalar o décimo aniversário da beatificação de Francisco e Jacinta Marto, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Paróquias desafiadas a receber pelo menos 1400 refugiados até visita do Papa

 

 

 

Musical D. Bosco no concerto de Natal da Fundação AIS 

 

 

Natal antecipado para crianças doentes

 

O Papa manifestou-se no Vaticano contra a “corrupção” no mundo da saúde, ao receber uma delegação de doentes e pessoal médico do Hospital Pediátrico ‘Menino Jesus’ de Roma, gerido pela Santa Sé. Perante cerca de 7 mil pessoas, Francisco convidou todos a não transformar os hospitais num “negócio”, rejeitando a “indústria da doença”.

 

 

“O cancro mais grave de um hospital como este é a corrupção”, denunciou.

O encontro contou com a presença de 150 crianças em recuperação, acompanhadas pelos seus pais, e de outros pequenos pacientes vindos de várias partes do mundo, no âmbito dos acordos de cooperação internacional do ‘Bambino Gesù’.

O Papa saudou os doentes, 

 

 

 

profissionais, voluntários e estudantes do hospital pediátrico, tendo deixado um elogio particular ao papel das enfermeiras, que acompanham e “compreendem” o sofrimento, considerando que são “as que percebem melhor o percurso da doença”. “As enfermeiras, os enfermeiros, por causa da proximidade com o doente, têm uma qualidade especial para acompanhar e também para curar”, sublinhou, numa intervenção improvisada, rodeado de crianças.

“Agradeço muitos às enfermeiras, aos enfermeiros, por aquilo que fazem. Muito obrigado”, acrescentou Francisco, que evocou a sua 

 
 

experiência de doença, aos 21 anos, quando foi afetada por uma “grave pneumonia”.

O pontífice argentino refletiu sobre uma das questões que lhe foi colocada, durante o encontro, sobre o sofrimento das crianças, afirmando que não tem uma “resposta” para essa pergunta. “Porque sofrem as crianças? Não há resposta para isso. Apenas olhar para o crucifixo”, declarou.

Francisco disse não querer “vender receitas” que não se aplicam a quem acompanha o sofrimento das crianças doentes, pedindo-lhes apenas ternura, “chorar com elas”.

“Quando se sofre, não se fala: chora-se e reza”, precisou.

 

 

 

“Nem mesmo Jesus deu uma resposta em palavras. Diante de alguns casos, acontecidos na época, de inocentes que haviam sofrido em circunstâncias trágicas, Jesus não fez uma pregação, um discurso teórico. Poderia ter feito, certamente, mas ele não o fez. Vivendo no meio de nós, não nos explicou porque se sofre. Jesus – pelo contrário – demonstrou o caminho para dar sentido também a esta experiência humana: não explicou porque se sofre, mas, suportando com amor o sofrimento, mostrou por quem se oferece [o sofrimento]. Não porque, mas por quem”.

 

 

 

 

Parabéns ao Papa pelos seus 80 anos

O Vaticano criou um endereço de email para todos os que desejarem felicitar o Papa pelo seu 80.º aniversário natalício, que se celebra este sábado. O endereço está disponível em várias línguas - PapaFrancisco80@vatican.va, PopeFrancis80@vatican.va,  Papafranciscus80@vatican.va, PapeFrancois80@vatican.va, PapstFranziskus80@vatican.va - e é acompanhado, nas redes sociais, pelo marcador (hashtag) #pontifex80.

O dia de aniversário do Papa vai começar com uma Missa, às 08h00 de Roma (menos uma em Lisboa), na Capela Paulina do Palácio Apostólico, com a presença dos cardeais residentes em Roma, e prossegue com a habitual agenda de encontros.

O padre Federico Lombardi, antigo porta-voz do Vaticano, assina um texto de homenagem a Francisco, na revista italiana ‘La Civiltà Cattolica’em que apresenta o Papa como “um líder de estatura mundial”, reconhecido por cristãos, crentes de outras religiões e “muitíssimos não-crentes”.

Já a audiência pública desta quarta-feira ficou marcada pelos votos de feliz aniversário para o Papa 

 

 

Francisco. “Agradeço-vos a todos pelos votos de parabéns para o meu próximo aniversário. Muito obrigado”, afirmou.

O Papa brincou com o facto de receber os parabéns com antecedência e disse que na sua terra natal isso dava “azar”, arrancando gargalhadas da assembleia.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936; foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco.

 

 

 

Em defesa da dignidade inalienável
dos doentes

O Papa Francisco publicou no Vaticano a Mensagem para o 25.º Dia Mundial do Doente, que vai ter lugar no dia 11 de fevereiro de 2017, na comemoração de Nossa Senhora de Lourdes. No documento, o Papa argentino destaca a “dignidade inalienável” de todas as pessoas, independentemente da sua condição, doença ou deficiência.

“Cada pessoa é, e continua sempre a ser, um ser humano e tem de ser tratada como tal”, frisa Francisco.

O Papa salienta depois a “missão fundamental” da Igreja Católica, em “servir os mais pobres, os enfermos, os que sofrem, os excluídos e marginalizados”, e recorda todos quantos vivem o seu quotidiano junto dos doentes, desde as “famílias” aos que, com “diferentes papéis”, zelam pelo bem-estar dos mais debilitados.

Homens e mulheres que “ao serviço de instituições de saúde espalhadas pelo mundo, trabalham com profissionalismo e responsabilidade no cuidado e tratamento dário dos seus pacientes”.

Francisco espera que o Dia Mundial do Doente possa ser cada vez mais 

 

 

um “incentivo” para a promoção de “uma cultura de respeito pela vida, pela saúde e pelo meio-ambiente”. E que “leve a um esforço renovado na defesa da integridade e da dignidade das pessoas, sem esquecer a bioética, a proteção dos mais vulneráveis e da natureza”.

A mensagem do Papa para o 25.ª Dia Mundial do Doente, que vai ser assinalado a 11 de fevereiro de 2017, tem como tema “O Senhor fez por mim maravilhas”, retirado do Evangelho de São Lucas (Lc. 1, 49), do cântico do ‘Magnificat’, proclamado por Nossa Senhora em louvor de Deus.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Papa manifesta pesar pelo falecimento do prelado do Opus Dei

 

 

 

Papa condena atentados terroristas

 

 

Semana top…

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

António Guterres jurou liderar o diálogo entre 193 países, dotar a Organização das Nações Unidas de relevância institucional que lhe permita ser protagonista na gestão de conflitos, na definição de itinerários para a paz e na garantia da justiça entre comunidades e culturas. No início de um mandato, a sua responsabilidade será bem maior do que a notoriedade internacional que o cargo traz. Um momento histórico que faz com que um português esteja no ‘top’ da comunidade internacional.

Outro português está também no ‘top’. No caso, de novo no ‘top’… Não por desafios que tenha no exercício da sua profissão, mas por provas dadas, nomeadamente no último ano. A quarta ‘Bola de Ouro’ de Cristiano Ronaldo distingue o jogador na opinião pública internacional e também as equipas onde é um entre 11, nomeadamente a seleção de Portugal pela conquista do título europeu, no último ano.

 

 

 

 

Dois portugueses no ‘top’, por razões e em circunstâncias diferentes, que atraíram olhares, flash e holofotes. Justamente! No entanto, estas ocasiões remetem sempre para muitos outros rostos, outros portugueses ou cidadãos de qualquer cando do mundo que também são ‘top’, que fazem do dom da vida uma oportunidade para o bem e a para a beleza. Em si mesmos e em todos os outros.

Felizmente, são muitas as circunstâncias em que se encontram organizações ou pessoas ‘top’ em Portugal… Nos últimos dias lemos notícias de uma portuguesa que “descobre mecanismo de  células resistentes ao VIH”, da TAP eleita como a “melhor companhia”, 

 

 

 

 

 

da distinção de um dos muitos destinos lusos ou da preferência por um dos nossos sabores…

Momentos de valorização do que se é e do que se faz que premeia sobretudo a determinação em ser excelente, em lutar pelo melhor. Depois, o primeiro lugar ou o segundo é reflexo dessa aposta, da pessoa, das organizações e do país. No entanto, mais do que considerar a conquista do prémio, interessa valorizar as ações que o possibilitam!

A semana ‘top’ comprova que os portugueses podem ser ‘top’. Basta querer ser ‘top’…

E para ajudar, um Papa 'top' confirmou que estará em Portugal como peregrino de Fátima... 'Top'...

 

 

 

 

O Papa Francisco escolheu o tema ‘A não-violência: estilo de uma política para a Paz’ como título da sua mensagem para o 50° Dia Mundial da Paz, que se vai celebrar a 1 de janeiro de 2017. Um caminho de esperança apropriado às circunstâncias históricas presentes: chegar à solução das controvérsias através das negociações, evitando que elas degenerem em conflito armado.

O Semanário ECCLESIA traz a síntese deste documento e análise de especialistas e responsáveis que procuram ajudar a ler a “não-violência” num significado mais amplo e novo. Não apenas aspiração, inspiração, rejeição moral à violência, às barreiras, aos impulsos destruidores, mas também método político realista, aberto à esperança.

A mensagem de Francisco propõe a todos um método político fundado na primazia do direito.

 

 

 

 

 

 

 

A utopia do Papa
pela paz que não é irreal

 

Luís Valença Pinto, antigo chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Portugal, professor e investigador das Universidades Autónoma e Católica, fala à Agência ECCLESIA do impacto que a proposta do Papa Francisco sobre a não-violência como caminho para a paz deve ter nos diversos cenários político-militares. Uma proposta difícil mas não “irreal”, que deve inspirar os líderes internacionais a orientarem as suas ações por valores e não apenas por objetivos estratégicos.

Entrevista conduzida por Octávio Carmo

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - A proposta da não-violência como solução para conflitos internacionais parte de um projeto geopolítico muito próprio do Papa Francisco. É uma proposta irreal?

Luís Valença Pinto (LVP) - Não, não é irreal, na justa medida em que antes de mais são precisos princípios, valores e critérios de vida. Esta mensagem do Papa - na linha do pensamento absolutamente luminoso da lgreja, designadamente através dos Papas nesta questão da Paz, que começou com Paulo VI em meados 

 

 

 

dos anos 60, quando pela primeira vez falou em ‘paz justa’, em contraponto à ideia clássica de ‘guerra justa’ -, estes critérios, estas referências, são muito importantes. De resto, o Papa é muito pedagógico quando diz nesta sua mensagem duas coisas: o critério de perspetiva, de abordagem de vida; ao mesmo tempo, um entendimento muito claro de que a não-violência deve ser ativa, isto é, não deve ser confundida com neglicência, com rendição, com passividade. Isso seria do contexto do pacifismo e o pacifismo não tem nada a ver com a paz. Tem a ver com outra coisa. 

 

 

 

 

AE - A mensagem do Papa procura trazer novos protagonistas para a causa da paz?

LVP - Esta mensagem é, no meu entendimento, reforçadamente mais importante e reforçadamente mais legítima e possível porque, com a alteração do quadro geopolítico no pós-Guerra Fria, a segurança e as questões que se colocam na ordem geopolítica deixaram de estar apenas resumidas aos Estados, às suas independências, às suas 

 

 

soberanias, às suas integridades territoriais, e passaram também a incluir as pessoas. As pessoas são hoje absolutamente centrais na temática da segurança.

Os Estados de Direito, razoavelmente tranquilos sobre si próprios e o seu papel no mundo, percebem que não se pode hoje construir segurança sem as pessoas, muito menos contra as pessoas. Isso dá sentido a esta mensagem, porque hoje percebe-se melhor que a paz, antes a paz 

 

 

 

nominal, ausência da guerra, é outra coisa. A paz hoje entende-se no plano filosófico, no plano político e moral, como a ausência de exclusão nos planos político, económico e social. É uma utopia? Sim, é uma utopia, mas é uma meta, um caminho.

 

AE - O Papa refere-se diretamente aos «senhores da guerra»…

LVP - O Papa, com o devido respeito, introduz uma confusão no sistema, porque “senhores da guerra” na terminologia das nações internacionais, da segurança internacional e da geopolítica é outra coisa: são indivíduos, um misto de bandido e criminosos dos vários crimes organizados que fazem as mais trágicas e infames tropelias. Se o Papa estava a falar num outro sentido, e creio que o fazia, esses senhores da guerra são os governantes, os dirigentes políticos.

Também é muito claro, através do pensamento do Papa, que a paz ou confronto radicam e residem no coração dos homens, seja qual for o seu nível e estatuto de responsabilidade. Isto faz-nos perceber que as armas são apenas sintomas e não diretamente 

 

causadoras dos conflitos. O que não tem nada de contraditório com o propósito de desarmamento ou, pelo menos, de controlo do armamento, é outro plano.

 

AE - O Papa Francisco também se refere na mensagem à necessidade de um desarmamento nuclear.

LVP - Faz todo o sentido que se tenha isso como objetivo, mas também reconheço que é muito difícil desinventar o que existe. E que também é muito difícil desarmar, no plano nuclear.

Quando vemos que das duas grandes potências nucleares, sem nenhuma comparação em relação às demais, a Rússia tem um comportamento internacional que tem, completamente à revelia do direito internacional público, de uma forma totalmente abusiva; nos Estados Unidos estamos no patamar de uma grande dúvida, de uma grande inquietação, reforçada por declarações do então candidato [Trump] a dizer que para resolver as tensões do Pacífico seria interessante que o Japão e a Coreia do Sul se nuclearizassem, nós temos reservas.

 

 

 

 

LVP - Agora, tenho como muito seguro que devemos ter este objetivo como critério, devemos realmente impedir, contrariar a proliferação, com a certeza de que se falharmos num qualquer exercício de proliferação nuclear, ela vai ser expansiva, muito expansiva, mesmo. Hoje em dia, talvez, muito perto de 40 Estados tenham, com maior ou menor dificuldade, com maior ou menor demora, capacidade para ter armas nucleares. E nós só temos, felizmente, nove Estados com armamento nuclear.

 

AE - Há a impressão de que o Papa, como personalidade de referência mundial, está sozinho neste discurso. São precisas mais vozes que se unam à dele?

LVP - Fazem falta todas as vozes. Quando se trata de valores e de princípios, fazem falta todas as vozes. Há muitos anos, comecei a ensinar estratégia, que é algo que se inscreve dentro deste domínio, e classicamente, uma estratégia define-se por uma combinação de objetivos, recursos e linhas de ação. Foi preciso alguma maturação para perceber 

 

que esse enunciado é de quem temuma visão tecnocrática. Acima dos objetivos, têm de estar os princípios e os valores, que são critérios fundamentais. 

 

AE - A mensagem pela paz apela a um compromisso inter-religioso. O mundo está a ressentir-se desta falta de visão comum?

LVP - Sem dúvida, o ecumenismo nessa dimensão é absolutamente fundamental. Hoje em dia, apesar das dificuldades que decorrem de não termos um conhecimento muito detalhado de determinadas expressões animistas ou de seitas evangélicas, as grandes religiões do mundo não colocam esse problema, com exceção do islamismo. Ou melhor dizendo, com exceção daquilo que é a interpretação do islamismo no mundo muçulmano. E é por isso, que sem prejuízo de todas abordagens que se possam fazer, de se estenderem todos os ramos de oliveira que se devem estender, a questão central do islamismo tem de ser resolvida pelos próprios muçulmanos. Antes de tudo. Sem esse debate, isso não será resolvido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Universidade sunita do Cairo tem tido uma intervenção muito corajosa, porventura não muito afirmada, porque as condições políticas e sociais não o favorecem, mas penso que 

 

é por aí que se deve seguir em vez de um triste confronto de civilizações, para que haja um mais feliz e frutuoso encontro. 

 

 

 

 

 

 

 

AE - O dia 1 de janeiro de 2017, além da celebração da paz, marca também o início de funções do novo secretário-geral da ONU, António Guterres. A mensagem do Papa Francisco pode servir como fonte de inspiração?

LVP - Eu penso que isso é absolutamente certo. O engenheiro António Guterres, pelo que conheço da vida pública e de observador distante, identifica-se certamente

 

com esta mensagem do Papa, no plano intelectual e consequentemente no plano político. Isso é uma coisa, outra é a necessidade de termos consciência - e às vezes, em Portugal, empolgamo-nos tanto com o sucesso dos nossos compatriotas que negligenciamos a leitura do que é verdadeiramente o seu espaço real de intervenção e afirmação - de que o secretário-geral das Nações 

 

 

 

 

 

Unidas tem um poder limitado, objetivamente. Só há uma coisa em que ele tem um poder ilimitado, que é ser uma consciência moral e política, por esta ordem, dentro das Nações Unidas.

No plano da execução, a sua capacidade é muito reduzida, o seu poder de influência é muito reduzido, mas evidentemente isso não o deve inibir de exercer de uma forma i

 

ntensa e empenhada este papel de alerta e de consciência moral e político daquilo que se passa e decide no espaço das Nações Unidas. Verdadeiramente, na ONU mandam os Estados, sobretudo os Estados que integram o Conselho de Segurança, ainda mais os cinco membros permanentes, e aqueles que pagam a organização. Isso são as realidades da vida.

 

 

Não-violência 
para resolver crises político-militares

 

O Papa defende na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017 que a “não-violência” deve ser o caminho para resolver as atuais crises político-militares, apelando à abolição das armas nucleares. “A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência 

 

 

com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a sofrimentos atrozes” e, “no pior dos casos, pode levar à morte física e espiritual de muitos, se não mesmo de todos”, escreve Francisco.

O texto, intitulado ‘A não-violência: estilo de uma política para a paz’,

 

 

 

 vai inspirar a celebração do 50° Dia Mundial da Paz, que a Igreja Católica assinala a 1 de janeiro de 2017.

O Papa refere que as “grandes quantidades de recursos” destinadas a fins militares retiram capacidade de investimento, aos Estados, para responder às “exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra”. “Lanço um apelo a favor do desarmamento, bem como da proibição e abolição das armas nucleares: a dissuasão nuclear e a ameaça duma segura destruição recíproca não podem fundamentar este tipo de ética”, precisa.

O documento pontifício apresenta a não-violência como “estilo duma política de paz”, a nível pessoal e comunitário, dando como exemplo as pessoas que sabem resistir à “tentação da vingança”, protagonizando assim “processos não-violentos de construção da paz”.

Francisco retoma os seus alertas sobre a “terrível guerra mundial aos pedaços” que considera estar em curso neste momento, com “guerras em diferentes países e continentes; 

 

terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis; abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano; devastação ambiental”. 

O Papa rejeita que qualquer violência sirva para alcançar “objetivos de valor duradouro”, sustentando que a mesma alimenta, apenas, os “senhores da guerra”.

 

 

 

 

 

“No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações palavras e gestos de violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum”, apela o pontífice argentino.
 

 

O Papa rejeita que qualquer violência sirva para alcançar “objetivos de valor duradouro”, sustentando que a mesma alimenta, apenas, os “senhores da guerra”.

 (CAIXA)

“No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações palavras e gestos de violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum”, apela o pontífice argentino.

Compromisso inter-religioso
pelas vítimas da violência

A mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017 apela a um compromisso inter-religioso em favor das vítimas da violência, com rejeição do terrorismo fundamentalista “Reitero-o aqui sem hesitação: nenhuma religião é terrorista. A violência é uma profanação do nome de Deus. Nunca nos cansemos de repetir: jamais o nome de Deus pode justificar a violência. Só a paz é santa. Só a paz é santa, não a guerra”, pede Francisco.

O Papa apresenta a passagem evangélica em que Jesus afirma ‘amai os vossos inimigos’ como a “magna carta da não-violência cristã”. “Este compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é um património exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas, para quem ‘a compaixão e a não-violência são essenciais e indicam o caminho da vida’”, pode ler-se.

Francisco cita Santa Teresa de Calcutá, canonizada em setembro, para sublinhar que a “não-violência” é diferente da “rendição, negligência e passividade”, porque “a força das armas é enganadora”. Além da 

 

religiosa, o Papa apresenta outros exemplos de vida em que a não-violência, “praticada com decisão e coerência”, produziu “resultados impressionantes”.

“Os sucessos alcançados por Mahatma Gandhi e Khan Abdul Ghaffar Khan, na libertação da Índia, e por Martin Luther King Jr contra a discriminação racial nunca serão esquecidos”, escreve.

A mensagem evoca ainda as figuras de Leymah Gbowee (Nobel da Paz em 2011) e milhares de mulheres liberianas, bem como os que trabalharam para a queda dos regimes comunistas na Europa, num percurso de “transição política para a paz”. “Especial influência exerceu São João Paulo II, com o seu ministério e magistério”, observa.

A mensagem alude ao ensinamento de Jesus Cristo sobre a violência e a paz, a partir do “coração humano”, e pede aos católicos que adiram a esta “proposta de não-violência”. Asseguro que a Igreja Católica acompanhará toda a tentativa de construir a paz inclusive através da não-violência ativa e criativa”, refere Francisco.

 

 

 

 

 

 

 

O Papa recorda que a 1 de janeiro de 2017 vai nascer o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, um organismo da Santa Sé que visa contribuir para a construção de “um mundo livre da violência, o primeiro passo para a justiça e a paz”.

 

 

 

 

 

 

(CAIXA)

O Papa recorda que a 1 de janeiro de 2017 vai nascer o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, um organismo da Santa Sé que visa contribuir para a construção de “um mundo livre da violência, o primeiro passo para a justiça e a paz”.

Papa denuncia violência doméstica e abusos sobre mulheres e crianças

 

O Papa Francisco denuncia na sua mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz a “violência doméstica” e os “abusos sobre mulheres e crianças”, em particular dentro das famílias. “Se a origem donde brota a violência é o coração 

 

 

humano, então é fundamental começar por percorrer a senda da não-violência dentro da família”, escreve Francisco.

A mensagem sublinha que é na família que se aprende que os conflitos devem ser superados, “não pela

 

 

 

 

 força, mas com o diálogo, o respeito, a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão”. “A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade”, acrescenta.

O Papa propõe uma ética de “fraternidade e coexistência pacífica” entre as pessoas e entre os povos, que abandone a “lógica do medo”, olhando com maior atenção para os indivíduos e os grupos sociais que são “tratados com indiferença, que são vítimas de injustiça e sofrem violência”.

O texto evoca o exemplo de Santa Teresa de Lisieux para falar da importância do “pequeno caminho do amor” nos gestos quotidianos.

Francisco apresenta depois as 

 

 

Bem-aventuranças, que Jesus Cristo apresenta nos Evangelhos, como um “manual” da estratégia de construção da paz: “Felizes os mansos – diz Jesus –, os misericordiosos, os pacificadores, os puros de coração, os que têm fome e sede de justiça”.

Este programa, precisa, é “um desafio também para os líderes políticos e religiosos, para os responsáveis das instituições internacionais e os dirigentes das empresas e dos meios de comunicação social de todo o mundo”.

“A não-violência ativa é uma forma de mostrar que a unidade é, verdadeiramente, mais forte e fecunda do que o conflito”, prossegue.

 

Ler mais

 

A construção da paz por meio da não-violência ativa é um elemento necessário e coerente com os esforços contínuos da Igreja para limitar o uso da força através das normas morais, mediante a sua participação nos trabalhos das instituições internacionais e graças à competente contribuição de muitos cristãos para a elaboração da legislação a todos os níveis. O próprio Jesus nos oferece um «manual» desta estratégia de construção da paz no chamado Sermão da Montanha. As oito Bem-aventuranças (cf. Mateus 5, 3-10) traçam o perfil da pessoa que podemos definir feliz, boa e autêntica.

Papa Francisco

 

 

 

Não-violência ativa: o “algo mais” humanista

Esta não é apenas «mais uma» mensagem para o Dia Mundial da Paz: é a comemorativa do cinquentenário da sua instituição. Compreende-se, pois, que contenha algo de refundador e até de programático.

Pense-se na Declaração dos direitos humanos. Se, em 1948, com tantas feridas abertas pela segunda grande guerra e com um mundo alinhado em blocos, se conseguiu chegar a esse verdadeiro “marco miliário da humanidade”, passados 68 anos não poderíamos estar bem mais à frente, quer na sua implementação, quer mesmo na compreensão e concretização?

O mesmo se passa com a paz. Quando Paulo VI instituiu o seu «Dia Mundial», deu expressão a uma das melhores intuições do Concílio Vaticano II que rejeitou liminarmente a guerra -qualquer guerra- e apenas admitiu como eticamente aceitável a legítima defesa. Ao longo destes 49 anos, os Pontífices chamaram a atenção para a fragilidade da paz e para as condições da sua salvaguarda. Não obstante, 

 

somos hoje confrontados com o que o Papa Francisco designa por “terceira guerra mundial por episódios”: um mundo de violência extrema e de nova «corrida aos armamentos», especialmente aos nucleares, de que o Daesh e a Coreia do Norte constituem expressões terríveis.

Face a este estado de coisas, o Papa propõe a sã utopia evangélica da não-violência ativa, como a única atitude capaz de fazer o corte com um passado que a não conseguiu edificar à escala global. Só uma «nova arma», em tudo diferente das usadas até aqui, pode assegurar a paz. E essa «arma» tem um nome: não-violência.

De facto, as terríveis grandes guerras do século XX ensinaram-nos que, para a salvaguarda da paz, é perigosamente mortífero inverter a ordem dos factores e colocar, logo ao início, meios que, quando muito, só podem aparecer ao fim. É o caso dos exércitos. Numa linha ascendente, a defesa da paz faz-se pela educação e cultura, desenvolvimento integral, capacidade de resposta às 

 

 

 

 

expectativas dos jovens, rearmamento moral da sociedade, diálogo, busca afincada do bem e da verdade, diplomacia, direito internacional e autoridade pública mundial, isto é, uma ONU credível e operante, o que nem sempre tem acontecido.

Ora, isto é o contrário dos recursos a que temos lançado mão: à ciência e à técnica como potenciação máxima da violência e da ferocidade. O Papa pretende a reorientação das mentes e apela a que se privilegie o coração 

 

humano. A começar pela pessoa individual e pelas famílias. Sempre sob a moção do Espírito de Deus e a exemplo de Jesus Cristo.

É neste sentido que Francisco insiste no “algo mais”. E é também por este novo enfoque humanista que esta mensagem está destinada a fazer história.

 

D. Manuel Linda

Bispo das Forças Armadas e Segurança

 

 

A força da não-violência

 

O papa repropõe a não-violência como método evangélico para uma «política para a paz» baseado no Sermão da Montanha. Uma proposta ousada e corajosa que nos devolve às origens do cristianismo e responde aos desafios de «uma terrível guerra mundial aos pedaços» em curso.  

«Hoje, ser verdadeiro discípulo de 

 

 

Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência», destaca Francisco.

A mensagem do papa para o 50º Dia Mundial da Paz de 2017 – que se celebra a 1 de janeiro – faz uma leitura holística da experiência de todos os dias e revela o fio subtil que nos «cose»: os conflitos que preenchem 

 

 

 

 

 

noticiários e telejornais são os mesmos que enchem o meu coração.

Não há violências maiores e menores, nem violências de estimação. O coração humano é o campo de batalha onde a violência e a paz se defrontam, onde nasce o conflito. Daí que o papa proponha um roteiro cordial para o superar: admitir a violência que cada um carrega no coração e buscar a cura na misericórdia de Deus, através da solidariedade «como estilo para fazer a história e construir a amizade social».

A família é o primeiro laboratório da paz. A não-violência aprende-se de pequenino em casa na forma de lidar com os conflitos e atritos através do diálogo, respeito, busca do bem do outro, misericórdia e perdão.

A paz na família gera a paz entre a família das nações!

O desarmamento começa com palavras gentis, de sorrisos, gestos mínimos de paz e amizade, o pequeno caminho do amor de Teresa de Lisieux, que conduzem ao desarmamento global.

A violência dá sempre mais violência para gáudio e ganho de uns tantos «senhores da guerra» desviando recursos tão urgentes para a grande 

 

multidão dos pobres de hoje!

O Papa apela ao desarmamento, à proibição e abolição das armas nucleares juntamente com o fim da violência doméstica e do abuso sobre mulheres e crianças, do descarte das pessoas, dos danos do meio ambiente e do vencer a todo o custo.

«A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado», afirma com veemência.

António Guterres, secretário-geral designado da ONU, defendeu no discurso de juramento a reforma do sistema de manutenção de paz das Nações Unidas.

Notou que os capacetes azuis muitas vezes são chamados a manter uma paz que não existe e propôs um continuum de paz baseado na prevenção, resolução de conflitos, manutenção e construção da paz e desenvolvimento.

A «ética da fraternidade e da coexistência pacífica» não seria mais efectiva para proteger e manter a paz entre os povos? Resultou na África do Sul e é incomparavelmente mais barata que a solução militar.

 

José Vieira,

missionário comboniano

 

 

A paz é possível

 

A paz é um grande dom mas também um grande desafio no mundo de hoje, e na nossa vida pessoal e comunitária. O trabalho pela paz começa no momento em que decidimos mudar o nosso próprio coração, torná-lo mais permeável ao amor e ao perdão e quando escolhemos deixar para trás

 

 

 o ódio e a violência. Para a celebração do 50º dia mundial da paz, o Papa Francisco convida-nos a refletir sobre “a não-violência” ativa como estilo de vida. O Papa lembra a importância de não responder à violência com mais violência, mas antes utilizar o diálogo e o perdão 

 

 

 

 

para construir caminhos de paz. É fundamental aprendermos a deixar para trás a vingança e ódio, compreendendo que estes apenas geram mais divisão, guerra e morte, criando um círculo vicioso onde não há vencedores e quem sofre são sempre os mais pobres e frágeis.

Contudo, não podemos encarar a não-violência apenas como o não maltratar os outros, o não fazer a guerra, a não-violência é mais do que isto, por isso o Papa fala de uma não-violência ativa. Ativa porque implica entrar na vida dos nossos irmãos e transformá-la, torná-la melhor, e também deixarmo-nos transformar continuamente para nos tornarmos melhor. Não podemos ficar silenciosos e inertes contra os males do mundo, contra a injustiça. É preciso responder ao mal com o bem, responder ao ódio com o amor, responder à vingança com o perdão, é preciso agir! Como dizia Edmund Burke escritor e político Irlandês “Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados” e é este cruzar de braços que temos de evitar a todo o custo.

A construção da Paz é sem dúvida um grande desafio no qual cada um de 

 

nós pode participar. No mundo de hoje, muitos pensam que a paz é algo impossível e por isso não vale a pena fazer nada. No entanto na experiência da Comunidade Sant´Egídio na mediação de processos de paz e na procura de soluções para os problemas dos refugiados e dos pobres, apercebemo-nos que a paz é possível. Infelizmente, o mundo carece de sonhos, carece de pessoas que sonhem, que apresentem soluções criativas para a resolução de conflitos, que aceitem o desafio difícil mas não impossível, de construir a paz. Pode parecer irrealista mas o amor, os sonhos e o diálogo são poderosas ferramentas na construção de paz. E é por isso que é tão importante ajudar uma criança que precisa de amor, um idoso que está só e a não nos deixarmos reger pelo ódio, medo e preconceito no nosso dia-a-dia, pois só assim conseguiremos encontrar caminhos para a paz.

 

Comunidade de Sant'Egídio Portugal

 

 

Inverter a lógica do equilíbrio do terror

“Temos de abrir-nos ao mundo inteiro e não pensar que pelo facto de estarmos bem ficamos imunes ao que acontece lá fora, até porque acabará por nos afetar. Uma situação de paz não acontecerá se não houver paz no mundo inteiro”, afirma à Agência ECCLESIA Pedro Vaz Patto, presidente da CNJP que analisa a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, assinalado no próximo dia 1 de janeiro de 2017.

O responsável entende a reflexão de Francisco, este ano sob o tema «A não-violência: estilo de uma política para a paz», como uma proposta educativa, sendo que a família “é o primeiro núcleo social” onde esse processo deve acontecer.

“A paz brota do mais íntimo do coração humano. O primeiro núcleo social de uma pessoa é a família. Numa lógica própria de diálogo, de correção que procura o bem do outro, de amor, este relacionamento deve estender-se a toda a sociedade”.

A CNJP, um organismo da laical da Conferência Episcopal Portuguesa que tem como finalidade promover e defender a Justiça e a Paz, sublinha que a proposta do Papa Francisco 

 

radica em atitudes de não-violência capazes de dissuadir conflitos e guerras, indo, no entanto, além dos cenários bélicos.

“Quando fala de diálogo e não-violência tem aplicação a todos os níveis de conflitos. E esses também existem na sociedade portuguesa. Os conflitos sociais, políticos devem ser encarados numa perspetiva de diálogo de busca pela justiça, sabendo reconhecer que podemos aprender com a visão do outro”.

O responsável sublinha a importância destas atitudes no acolhimento aos refugiados.

Pedro Vaz Patto alerta para o “perigoso equilíbrio do terror” que rodeia o armamento nuclear e as ameaças como efeito “dissuasor” no relacionamento entre países, sublinhando o desperdício de recursos.

“Há que inverter a lógica do equilíbrio do terror, não é ele que vai propor a verdadeira paz. Os recursos dispensados na corrida aos armamentos poderiam ser despendidos para satisfazer necessidades da população mundial”.

O Presidente da CNJP lê ainda

 

 

 

 

 

 

o «espírito de Assis» na mensagem que o Papa publicou, onde enaltece o contributo das religiões para a paz.

“A instrumentalização ideológica agrava e está na origem de muitos conflitos, não o podemos ignorar. 

 

Mas temos de reagir a isso” com outra atitude, mostrando que “nenhuma religião na sua autenticidade pode invocar o nome de Deus para justificar a violência, isso é uma profanação de Deus”. 

 

 

 

 

10 Milhões de estrelas online

 

http://www.caritas.pt/estrelas/

 

A operação “10 milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz” já se encontra espalhada por este país fora, propondo à sociedade uma vivência cristã da celebração do Natal. Esta iniciativa que teve a sua origem em Annecy - França, no ano de 1984, chegou ao nosso país decorria o ano de 2003

Assim, como forma de nos unirmos a esta grande ação organizada pela Cáritas Portuguesa em conjunto com todas as Cáritas Diocesanas, esta semana proponho uma visita ao sítio www.caritas.pt/estrelas.

Logo na página inicial além do menu encontramos um vídeo do treinador de futebol Fernando Santos, onde somos convidados a entrar nesta 

 

 

senda da paz e ainda uma breve explicação desta operação.

Na opção “O nosso compromisso” podemos perceber que “as verbas que resultam desta campanha, revertem, em 65%, para as Cáritas Diocesanas, que a aplicarão em projetos destinados a apoiar as famílias portuguesas em situação de carência; e em 35%, para dar resposta a necessidades de várias famílias vulneráveis de refugiados apoiadas pela Cáritas da Grécia”.

Caso pretenda saber quem são as principais figuras públicas que apoiam este projeto, basta que aceda ao item “embaixadores da paz”. Aí encontra vários vídeos de diversas personalidades que de uma forma bastante rápida e eficaz nos apelam a realizar este pequeno gesto tão significativo. 

 

 

 

Em “agenda” pode ficar a conhecer todas as iniciativas que irão decorrer no nosso país no âmbito desta operação, sejam celebrações, momentos culturais, manifestações e vigílias.

No item “locais de venda” percebemos que as velas estão a ser comercializadas por 1€ nas lojas da cadeia Pingo Doce, em todas as Cáritas diocesanas e ainda nas paróquias e escolas aderentes.

Por último em “projeto internacional” é-nos explicada de uma forma clara e objetiva a forma como são distribuídos os 35% das verbas apuradas, cumprindo “a tradição e reforçando assim a cooperação 

 

fraterna de forma coordenada e eficaz”. Numa parceria “com a Cáritas da Grécia e com a Cáritas da Suíça, este é um projeto que permitirá a famílias refugiadas vulneráveis ter apoio social crítico e alojamento enquanto aguardam pelo processo de asilo, repatriamento ou outras opções”.

Aqui fica então lançado o repto para que visite este espaço e não se esqueça de acender a sua vela na noite de Natal porque “o principal propósito é desde sempre a consciencialização de toda a população para a importância dos valores da Justiça, da Solidariedade e da Paz”.

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

Um livro com "olhares tranquilos sobre determinadas circunstâncias"

O cónego João Aguiar Campos, ex-diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, vai apresentar um novo livro de reflexões intitulado ‘Circunstâncias’, esta sexta-feira, em Braga. “Os textos que hoje reúno são olhares tranquilos sobre determinadas circunstâncias, rezadas ou não. Sim; despretensiosos olhares, que podem ou não despertar no leitor as suas próprias reflexões”, escreve o sacerdote, no seu perfil na rede social ‘Facebook’.

Sobre o seu novo livro, o padre João Aguiar Campos explica que os textos “não querem, de facto, ensinar nada” apenas confessar que “todas as pequenas coisas são grandes e todas as circunstâncias podem ser excelentes ocasiões de encontro”.

Editado pelo ‘Diário do Minho’, em ‘Circunstâncias’ o também ex-presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença oferece as suas reflexões com “a franqueza” de quem põe a mesa na cozinha para os 

 

 

amigos, “prescindindo da sala onde as conversas parecem mais distantes e os gestos mais cuidados”.

A apresentação da obra vai decorrer a partir das 19h00, no Auditório Vita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Da janela embaciada vi as árvores no quintal. Uma, de médio porte, agitava-se ao vento, de coluna direita, com a valentia de quem tem resistência para maiores adversidades; outra, esbelta e delicada, dobrava-se quase até ao solo e de novo se endireitava. Poisei nela olhos de ternura, revendo-me na dor com que se agarrava ao chão e na vergonha que a retorcia”, vai poder ler-se na página 152 sob o título ‘Raízes que gemem’.

 

 

II Concílio do Vaticano: O humanismo conciliar do «Premio Pessoa» de 1996

 

Os documentos nascidos no II Concílio do Vaticano (1962-65) tiveram uma influência notória nos jovens portugueses dos anos sessenta do século passado. O médico e «Prémio Pessoa» de 1996, João Lobo Antunes, foi um desses jovens que respirou a primavera conciliar.

Nascido em 1944, João Lobo Antunes foi um brilhante médico que nos tempos de estudante liderou a Juventude Universitária Católica (JUC). Segundo ele, o ourives daquela geração de jovens foi D. António dos Reis Rodrigues. “Para a minha geração da JUC, D. António Reis Rodrigues, a quem nós chamávamos simplesmente, o Dr. Rodrigues, foi de uma influência decisiva” (João Lobo Antunes, In: «O CADC na vida da Igreja e da Sociedade Portuguesa», página 188).

Este médico, falecido em outubro passado, numa entrevista ao jornal «Expresso» de 17 de janeiro de 1998, afirmou de forma convicta: “Se eu pensar nas pessoas que me marcaram, que foram importantes na minha vida, o Dr. Reis Rodrigues foi indiscutivelmente uma delas. Embora hoje, por razões que não importam, eu não seja um homem de fé”. Apesar deste distanciamento em relação à fé, João Lobo Antunes referia com frequência: “Morro à sexta-feira, sou enterrado ao sábado e ressuscito ao domingo”.

Em entrevista ao programa «70X7», da RTP, na Páscoa de 2014, o «Prémio Pessoa» de 1996 confessou-se um “angustiado metafísico”, quando questionado sobre temas da vida, da morte e ressurreição. Manifestou “admiração e respeito” pela figura de Jesus Cristo 

 


 

e disse que “não podemos ignorar, como obrigação ética, a dimensão espiritual do sofrimento”.

A marca do II Concílio do Vaticano, convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI ficou tatuada na personalidade de João Lobo Antunes. Com a ajuda de D. António Reis Rodrigues, que moldou aquela geração de estudantes, João Lobo Antunes tornou-se um verdadeiro humanista. Para além do sentido evangelizador do antigo bispo auxiliar de Lisboa, “ele não esquecia a missão paralela de preparar uma geração de elites dirigentes, armando-os de uma estrutura em que os 

 

valores intelectuais e morais fundidos num aço que ele desejava bem temperado, embora mantendo nítida a distinção do que pertencia a César e o que era de Deus” (João Lobo Antunes, In: «O CADC na vida da Igreja e da Sociedade Portuguesa», página 188).

Apesar do distanciamento da fé, João Lobo Antunes referia: “Tenho um grande respeito pela Igreja, um grande respeito pela fé dos outros. Alguns amigos que possuem a fé acham que tenho mais do que eles… porque sinto uma grande intolerância pelas discrepâncias entre o exemplo de vida e o que se professa”. Águas conciliares… 

 

 

dezembro 2016

Dia 17 de Dezembro

* Santa Sé - Aniversário natalício do Papa Francisco.

 

* Braga - Póvoa de Varzim (Santuário de Nossa Senhora da Saúde - Laúndos) - Concerto de Natal «Cantar o nascimento do Deus Menino» por 8 coros de Amorim e Laúndos (Póvoa de Varzim)

 

* Lisboa - Paróquia de Alfragide (Igreja da Divina Misericórdia - A Paróquia de Alfragide (Lisboa) promove a celebração de uma Missa do Parto, na Igreja da Divina Misericórdia.

 

* Lamego – Mêda - Encontro de preparação para o Natal com o tema «À procura de...»

 

* Lisboa - Praça Marquês de Pombal à Igreja de São Domingos - Via da Alegria com o propósito solidário de caminhar e rezar pelas famílias sírias

 

* Lisboa - Mercado de Culturas em Arroios - A Cáritas Diocesana de Lisboa promove uma vigília pela paz para “afirmar, promover e celebrar” valores como “diálogo, cooperação, hospitalidade, justiça”.

 

* Porto - Paróquia do Santíssimo Sacramento - Lançamento da obra «Caminhando com Francisco» da autoria de Rui Saraiva e apresentação de José Carlos Carvalho.

 

*Aveiro - Igreja Matriz da Gafanha da Encarnação - Espetáculo «É Natal Português» pelo grupo «Pedras Vivas» na Igreja Matriz da Gafanha da Encarnação

 

*Lisboa - Igreja Matriz de Oeiras - Concerto «Um Natal na Misericórdia» na Igreja de Oeiras integrado no ciclo de concertos de misericórdia.

 

Dia 18 de Dezembro

*Braga – Priscos - Inauguração do presépio de Priscos (Braga) com a presença de D. Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

 

*Funchal – Sé - A comunidade católica da Diocese do Funchal, na Madeira, vai estar em festa com a ordenação de um novo diácono para o território.

 

*Fátima - Centro Paulo VI - Santuário de Fátima apresenta concerto com composição inédita de Fernando Valente, «Música para poema de Natal I»

 

 

 

 

 

*Açores - Ilha Terceira (Sé) - Concerto de Natal na Sé de Angra com os Coros Litúrgicos da Ilha Terceira.

 

*Coimbra - Igreja de São José - Cáritas diocesana de Coimbra oferece um Concerto de Natal à cidade com a participação da Orquestra de Sopros de Coimbra, do Choral Poliphonico de Coimbra e do Orfeão Dr. João Antunes de Condeixa-a-Nova.

 

*Lisboa - Sociedade de Geografia - A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS) promove a exibição do musical D. Bosco, em parceria com a Fundação Salesianos.

 

*Évora - Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe

Concerto de Natal com o Grupo Vocal Trínoto na Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe (Évora)

 

*Braga – Priscos - XI edição do Presépio ao Vivo de Priscos (18 a 22 janeiro)

 

 
Dia 19 Dezembro

 

*Bragança - Macedo (Igreja Santa Maria Mãe da Igreja) - Eucaristia de Natal da pessoa portadora de deficiência presidida por D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda. Iniciativa do Serviço diocesano da Pastoral da Deficiência.

 

 

*Évora - Cáritas de Évora - A Cáritas Arquidiocesana de Évora apresenta o ‘Cáritas Brinca’, um programa ocupacional para crianças dos 6 aos 12 anos com o objetivo de promover o seu “desenvolvimento cultural e social” nas férias escolares.rias escolares.

 

 

 

 

 

- O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas vai promover entre os dias 16 e 19 de dezembro, no átrio da sua sede, na Avenida da República, em Lisboa, um mercado de Natal dedicado às áreas protegidas. Das 11h00 às 18h00, os visitantes vão poder apreciar e comprar diversos produtos, desde o mel biológico às compotas, passando por patés e bombons artesanais.

 

 

- A igreja do Mosteiro de Leça do Bailio, em Leça da Palmeira, no Porto, vai ser palco este sábado, dia 17 de dezembro, de um concerto ‘Gospel’ de Natal do grupo Saint Dominic’s Gospel Choir, com entrada livre, a partir das 16h00.

 

 

- A Câmara Municipal de Beja promove no dia 18 de dezembro, a partir das 16h00, um Cante de Natal, com os grupos corais femininos “As Rosinhas” de Santa Clara de Louredo, as “Ceifeiras” de Pias e as “Espigas Douradas” da Casa do Povo de Amareleja.

 

 

- O Instituto Português do Desporto e da Juventude de Faro, no Algarve, está a acolher o espetáculo de teatro e dança infantil “A bicharada do Presépio”, da Associação ‘ArQuente’, e a próxima atuação está marcada para dia 21 de dezembro, a partir das 14h30.  
 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 18 de dezembro- Luzes do Natal: O que mostram em ruas escuras?

 

Segunda-feira, dia 19, 15h00 

Entrevista ao padre Paulo Franco, Elisabete Puga e Gonçalo Patrocínio sobre o Sínodo Diocesano de Lisboa.

 

Terça-feira, dia 20, 15h00  - Informação e entrevista a Emanuel Soeiro sobre a campanha "Presentes Solidários" da FEC.

 

Quarta-feira, dia 21, 15h00 - Informação e entrevista a José Paixão sobre a Mensagem de Natal da LOC/MTC

 

Quinta-feira, dia 22 de dezembro, 15h00 - Informação e entrevista a João Pereira sobre a campanha "Dez Milhões de Estrelas", da Cáritas Portuguesa.

 

Sexta-feira, dia 23, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo com o frei José Nunes e padre Vitor Gonçalves

 

Antena 1

Domingo, dia 18 - 06h00 - 28ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz

 

Segunda a sexta-feira, dias 19 a 23 de dezembro - 22h45 - O Advento com Maria: testemunhos de famílias que se preparam para viver o Natal autêntico, famílias Rocha Ramos; Plantier Santos; Fernandes; Mestre Homem e Fonseca.

 

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 4.º Domingo do Advento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Acolher o Deus connosco
 
 

O Evangelho do quarto domingo do Advento apresenta Jesus como a incarnação viva do Deus connosco. Contém um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta de salvação que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.

No episódio de hoje temos, não uma descrição de factos históricos, mas uma catequese sobre Jesus. Fundamentalmente, procura-se mostrar que Jesus, o Messias, vem de Deus, isto é, a sua origem é divina. Procura-se ensinar qual será a missão de Jesus: o nome que Lhe é atribuído mostra que Ele vem de Deus com uma proposta de salvação para toda a humanidade.

A figura de José desempenha aqui um papel muito interessante. Pela sua obediência, a quem o anjo se dirige como o filho de David, realizam-se os planos e as promessas de Deus ao seu Povo.

A festa do Natal que se aproxima deve ser o encontro de cada um de nós com este Deus que vem ao nosso encontro, um coração que só será possível se tivermos o coração disponível para O acolher e para abraçar a proposta que Ele nos veio fazer.

Com frequência, o Natal é a festa pagã do consumismo, das prendas obrigatórias, da refeição melhorada, das tradições familiares que têm de ser respeitadas mesmo quando não significam nada.

Nós, cristãos, celebramos o Natal, preparado no nosso coração, à maneira pagã ou como verdadeiro encontro com esse Deus libertador, cuja proposta de salvação estou interessado em escutar e acolher? Mais ainda: no esbanjamento, na opulência, no desperdício, cometemos autênticos atentados e pecados a tantos pobres e 

 

 

 

excluídos de bens essenciais para viver ou sobreviver. E se calhar fazemos isso olhando para a simplicidade e a pobreza do presépio…

As figuras de Maria e de José aí estão para nos apelar à essência das coisas para quem prepara mesmo o Natal como deve ser: escutar os apelos de Deus, responder com um sim de disponibilidade total.

Deus está sempre a dar-nos sinais quotidianos, mas nós procuramos muitas vezes do lado do extraordinário. Raramente Deus está no extraordinário. O sinal que Ele nos oferece é o de uma família humana, 

 

como as nossas, em que Ele se faz corpo para ser “Deus connosco”.

Que espaço Lhe abrimos nas nossas vidas de homens e de mulheres para que o Sinal da sua Presença e do seu Amor seja legível para todos os que O procuram hoje?

Só com o coração aberto a Deus poderemos acolher os irmãos. Só deixando que Deus seja Natal nas nossas vidas poderemos ser Natal para os outros. Nem mais! Mãos à obra em mais uma semana que Deus nos concede, a semana do Natal!

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Sentido profético das Aparições de Fátima

 

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) aprovou a publicação da Carta Pastoral ‘Fátima, sinal de esperança para o nosso tempo’, que assinala o centenário das Aparições na Cova da Iria (1917-2017).O documento, que em novembro tinha sido discutido na Assembleia Plenária da CEP, visa ajudar os católicos a viver este 

 

 

acontecimento “com alegria", “reavivar a permanente atualidade da mensagem de Fátima” e o "compromisso evangelizador", disse aos jornalistas o porta-voz do episcopado católico, padre Manuel Barbosa.

O texto da Carta Pastoral está dividido em quatro partes, começando por uma “história breve” do 

 

 

 

acontecimento do centenário de Fátima, um "grande acontecimento". Fala da Mensagem de Fátima como “bênção fecunda” para a Igreja e o mundo, passando depois para alguns aspetos essenciais dessa mesma mensagem, “como dom e convite” para a sua vivência pessoal e comunitária, realçando alguns aspetos essenciais da mensagem de Fátima como “Dom e Convite”.

A última parte da Carta Pastoral aponta Fátima numa perspetiva de futuro “para a Igreja, Portugal e para o mundo, numa perspetiva de evangelização”, acentuando o “rosto materno da Igreja” e o “anúncio profético da misericórdia e da paz”.

O secretário da CEP adianta que os  

 

bispos querem colocar em destaque o “sentido profético” do convite à "conversão" e de “combate ao mal” que foi deixado em 1917, nas aparições aos pastorinhos. O padre Manuel Barbosa espera que este documento seja importante para os católicos "para leitura, reflexão", preparando assim a celebração do Centenário das Aparições.

Já no comunicado final da Assembleia Plenária de novembro, D. Manuel Clemente, presidente da CEP e cardeal-patriarca de Lisboa, sublinhou que o documento reflete sobre “o que se passou e sobretudo a mensagem que os pastorinhos nos contaram que a Senhora lhes disse”, no sentido de “voltar ao Evangelho”.

 

 Irmã Ângela Coelho

A irmã Ângela Coelho, que acompanha os processos de canonização dos Pastorinhos, disse em Lisboa que a reflexão teológica sobre Fátima “tem mudado muito nos últimos anos”. A religiosa do Instituto Aliança de Santa Maria orientou a reflexão do encontro de Advento dos serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, na preparação para o Natal, que decorreu no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide.

Para a irmã Ângela Coelho, assiste-se nos últimos anos a uma mudança de perspetiva “no olhar para o acontecimento”, a mensagem de Fátima, deixando de apresentar as aparições como “um conjunto de devoções”.

A abordagem de unidade parte do conceito de um “testemunho místico-profético”, no qual se procura dar a compreender Fátima como “um acontecimento que reflete a Trindade que ama” e proporciona uma “experiência de Deus”.

 

 

Lúcia, a memória de Fátima

A Irmã Lúcia era a testemunha viva das aparições que fizeram de Fátima o “Altar do Mundo”. Os relatos que escreveu das aparições de Nossa Senhora, os “segredos” revelados pela “Virgem vestida de branco” e a vida em clausura daquela que vira e dialogara com Nossa Senhora em muito contribuíram para transformar a Cova da Iria num local de expressão de fé, num espaço de sintonia com o transcendente, num destino de diferenciadas peregrinações e de todo o mundo.

Lúcia de Jesus dos Santos nasceu a 22 de Março de 1907, no lugar de Aljustrel, próximo de Fátima, e morreu no dia 13 de fevereiro de 2005.

Aos 10 anos foi uma dos três Pastorinhos a ter visto, pela primeira vez, Nossa Senhora na Cova da Iria. Estava com dois primos, Jacinta e Francisco Marto, que morreram pouco tempo após o ano das aparições: no próximo dia 20 assinala-se o 85.º aniversário da morte de Jacinta, e Francisco faleceu a 4 de abril de 1914.

Ambos já foram beatificados pelo Papa e corre para o fim o processo de Canonização. Nossa Senhora disse, 

 

numa das aparições, que a mais velha dos videntes ficaria neste mundo "mais algum tempo".

Em 17 de junho de 1921, a Irmã Lúcia entrou, como aluna, no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, Porto. Decidida a ser religiosa doroteia iniciou o postulantado, em Pontevedra (Espanha), em 1925.

No dia 2 de outubro de 1926 deu início ao noviciado em Tuy. Professou no dia 3 de outubro de 1928 em Tuy e ali permanece uns anos. Em 1934 voltou para a comunidade de Pontevedra.

Em 1937 voltou de novo para a comunidade de Tuy. Em 1946 regressou a Portugal para ser integrada na Casa do Sardão, em Vila Nova de Gaia. Em 25 de março de 1948 entrou para o Carmelo de Santa Teresa em Coimbra. Em 13 de maio de 1948 tomou o hábito de Carmelita e professou em 31 de maio de 1949. Voltou a Fátima a 13 de maio de 1967 no cinquentenário das Aparições, a pedido do Papa Paulo VI, e nas três peregrinações do Papa João Paulo II (1982, 1991, 2000).

Por ordem do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, Lúcia 

 

 

 

 

 

escreveu as suas Memórias: Primeira Memória, em Dezembro de 1935 (sobre a Jacinta); Segunda Memória, em 21 de novembro de 1937 (Aparições do Anjo-Imaculado. Coração de Maria); Terceira Memória, em 31 de Agosto de 1941 (as 2 partes do segredo: visão do Inferno e devoção ao Imaculado Coração de Maria); Quarta Memória, em 8 de dezembro de 1941 (sobre o Francisco e descrição pormenorizada das Aparições do Anjo e de Nossa Senhora).

 

 

A 19 de Fevereiro de 2006 o seu corpo foi trasladado para a Basílica do Santuário de Fátima, onde foi tumulado ao lado da sua prima, a vidente Beata Jacinta Marto.

Bento XVI decidiu antecipar o início do processo de beatificação da irmã Lúcia, uma decisão anunciada a 13 de fevereiro de 2008, em Coimbra, pelo cardeal Saraiva Martins, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

 

 

Filipinas: Três anos depois, ninguém esquece o Tufão Haiyan

180 minutos de terror

Foi tremendo. Ventos a quase 400 quilómetros por horas deixaram um rasto de destruição e morte. Cerca de 10 mil pessoas perderam a vida e aproximadamente 4,3 milhões ficaram sem casa, sem nada. Foram momentos trágicos. Mas a solidariedade aconteceu. O relato, na primeira pessoa, do Arcebispo de Palo.

 

O dia 8 de Novembro de 2013 será sempre recordado pelo povo filipino pela devastadora passagem do tufão Haiyan. Ainda hoje, três anos depois, não se se sabe ao certo quantas pessoas perderam a vida quando os ventos sopraram a mais de 380 quilómetros por hora e arrastaram quase tudo à sua passagem. O Arcebispo John Forrosuelo estava na Catedral de Palo onde várias dezenas de pessoas se tinham refugiado, quando o telhado voou como se fosse uma folha de papel. Foram momentos de pânico que ninguém consegue esquecer. O rugido do vento misturava-se com os gritos das pessoas, de mães à procura de filhos, 

 

de crianças em lágrimas, de pessoas perdidas. Nas zonas mais baixas de Palo, as águas encrespadas pelo vento estavam cheias de lixo, de pessoas que procuravam desesperadamente agarrar-se a alguma coisa para não serem levadas pelas correntes, e de cadáveres. “Eu vi pessoas a ficarem submersas, a voltarem à superfície e novamente a afundar-se. Sentíamo-nos impotentes e sem saber o que fazer”, lembra o prelado. Foram três horas de terror até o tufão começar a diminuir de força. Só então as pessoas começaram a compreender a vastidão do desastre, da tragédia. “Havia cadáveres espalhados por todo o lado”, explica o arcebispo. A diocese de Palo era como uma ilha que sangrava. “Nos primeiros dias, tivemos que partilhar tudo o que tínhamos: comida, roupa, medicamentos.” Eram todos náufragos. Estavam todos unidos na mesma tragédia. As igrejas, tal como a maior parte das casas, ficaram destruídas, mas nem por um dia se deixou de escutar o Pai Nosso por aqueles lugares.

 

 

 


 

A visita de Nossa Senhora

Foi então que se deu a visita mais inesperada. Ao terceiro dia depois da passagem do tufão, apareceu em Palo, levada por um grupo de Irmãos do Anjo da Paz, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. “Quando olhei para a imagem, quase chorei porque senti, no meu coração, que Nossa Senhora estava comigo e me ajudava. Foi uma grande consolação!” No meio da mais profunda devastação, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi como que um raio de luz, um sinal de esperança para aquelas pessoas. E foram muitos os que se mobilizaram em favor da população das Filipinas. A Fundação AIS desencadeou logo uma  

 

enorme campanha internacional de ajuda e foi possível dar resposta a todos os que foram afectados pela violência da natureza. Uma onda de solidariedade que teve também uma enorme expressão no nosso país. O Arcebispo não esquece a ajuda dos benfeitores e amigos portugueses da Fundação AIS. “Sinto-me em dívida para com todas as pessoas e, especialmente em nome da Diocese de Palo, gostaria de agradecer a generosidade de todos os que nos têm ajudado para podermos recuperar e recomeçar de novo.”

 

Paulo Aido

 www.fundacao-ais.pt

 

 

A visita de Nossa Senhora

Foi então que se deu a visita mais inesperada. Ao terceiro dia depois da passagem do tufão, apareceu em Palo, levada por um grupo de Irmãos do Anjo da Paz, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. “Quando olhei para a imagem, quase chorei porque senti, no meu coração, que Nossa Senhora estava comigo e me ajudava. Foi uma grande consolação!” No meio da mais profunda devastação, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi como que um raio de luz, um sinal de esperança para aquelas pessoas. E foram muitos os que se mobilizaram em favor da população das Filipinas. A Fundação AIS desencadeou logo uma enorme campanha internacional de ajuda e foi possível dar resposta a todos os que foram afectados pela violência da natureza. Uma onda de solidariedade que teve também uma enorme expressão no nosso país. O Arcebispo não esquece a ajuda dos benfeitores e amigos portugueses da Fundação AIS. “Sinto-me em dívida para com todas as pessoas e, especialmente em nome da Diocese de Palo, gostaria de agradecer a generosidade de todos os que nos têm ajudado para podermos recuperar e recomeçar de novo.”

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

17 DEZEMBRO, DIA DAS MIGRAÇÕES

Centro Padre Alves Correia (CEPAC)

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

São muitos e muitos os que saem forçados das terras que os viram nascer. Fazem-se ao largo, enfrentam ventos e tempestades (mesmo quando viajam por terra!) e vão parar a uma terra que não conhecem, que tem gente a falar outra língua, que, na maioria das vezes, não abrem os braços para acolher. Sim, estes são os imigrantes que temos entre nós e que, muitas vezes, queremos recambiar para as suas terras de origem como se esta terra fosse exclusivamente nossa!

Quando os dramas se amontoam e as pessoas vão de mal a pior, elas jogam a lógica do ‘perdido por um perdido por mil’ e arriscam tudo. Aceitam entrar na clandestinidade, vão fugindo á polícia e a controlos, vivem indocumentados. Aí tornam-se presa fácil de empresários sem escrúpulos que os ‘contratam’ para trabalhar, mas se esquecem de pagar no fim. Alguns atingem o limite do cinismo e da maldade quando ameaçam estes imigrantes de denúncia à polícia só para não lhes pagar o preço do seu trabalho precário! Isto é bárbaro demais para ser verdade, mas acontece todos os dias.

Ora, conscientes dos dramas desta gente excluída e marginalizada, os Espiritanos portugueses deitaram mãos á obra e fundaram o Centro Padre Alves Correia (CEPAC), honrando um dos maiores Missionários Espiritanos da história de Portugal que pagou o seu amor á democracia e aos pobres com um exílio nos EUA, onde morreu e foi sepultado.

 

 

 

 

 

 

O CEPAC acolhe todos os dias dezenas e dezenas de imigrantes, provenientes de toda a lusofonia, mas também de países tão inesperados como o Nepal. Tem diversas valências a funcionar, desde o apoio jurídico (sobretudo por causa da documentação) ao médico (os indocumentados não têm acesso ao Serviço Nacional de Saúde), passando pelas aulas de português, a busca de emprego ou o banco de roupa e alimentos. Também têm apoio psicológico.

Os apoios para projectos deste âmbito são hoje em Portugal quase nulos. É a Congregação do Espírito Santo quem assegura quase tudo, embora o orçamento do CEPAC seja muito alto e limitados os meios dos Espiritanos. Por isso, uma das Campanhas oficiais do Jubileu dos 150 anos da chegada dos Espiritanos a Portugal é a favor desta Instituição solidária. Também decidi atribuir ao CEPAC as receitas do meu livro ‘Lusofonias com Missão’ 

 

que recolhe estes comentários no LusoFonias. Todos os apoios nunca serão demais.

Vem aí o Natal e, com ele, o tocar no coração por causa dos pequeninos e pobres deste mundo. Há muito bem a acontecer por esse mundo além. Mas também continuam a bater à nossa porta milhares e milhares de pessoas que fogem de guerras e perseguições, querendo pôr cobro a experiências de tragédia que deixam marcas para sempre. Só a hospitalidade e o apoio de quem pode, ajudará a dar sentido e futuro a milhares de vidas. Os pobres e perseguidos perguntam onde está a nossa humanidade e nós só lhes podemos

responder de braços abertos. O CEPAC está a dar a sua resposta social e conta com o apoio de quantos sentirem que a solidariedade para com os imigrantes faz sentido, faz falta e enche o coração de fraternidade sem fronteiras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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