04 - Editorial:

    Paulo Rocha

06 - Opinião:

    D. Pio Alves

08 - Opinião:

    António Rego

10 - Opinião:

    José Luis Gonçalves

12 - Mensagens dos Bispos portugueses

54 - Papa Francisco


 

   

 

56 - Reportagem Ecclesia:

   Fernando Santos

   Rão Kyao

   Alexandre Palma

   Alice Vieira

   Inês Gil

   Pedro Mexia

88 - Multimédia

90 - Liturgia

92 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Um presépio não tem porta.
Tem Maria,
tem José.
Tem Jesus sempre.
Pode ter vaca, pode ter burro.
Alguns têm reis magos,
palha quase todos,
mas porta nenhum tem.

 

Pode ter telhado.
Parede, até.
Mas porta, um presépio nunca tem.

 

Não há porta, para que
donde quer que venhas
quando quer que venhas
como quer que venhas
não haja barreira alguma
que te impeça de entrar.
Entra.
Fica tu,
só tu e Ele.
E está.

 

Depois,
depois sê tu a porta
que o presépio não tem
para outros entrarem. 

 

Fermando Magalhães, Alfragide

 

 

 

 

 

 

Quando não há Natal

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Em Alepo não há Natal. Em Alepo, Mossul, Ancara, Berlim, Nice, Paris, Bruxelas, Afeganistão, Sudão do Sul e em muitos mais locais ou países, infelizmente…

Na geografia da guerra não há Natal. Sobretudo nos conflitos que servem de berço a mais de 500 milhões de crianças porque nascem e crescem entre bombardeiros ou no meio dos escombros que provocam. A maioria, quase 400 milhões, na região da África Subsariana. Lembra a UNICEF que uma em cada quatro crianças depara-se todos os dias com os horrores de guerras e catástrofes.

No meio da fome não há Natal. Um drama que se não atinge um bilião de pessoas, pouco falta, e que contraria a proposta de relacionamento entre os humanos inaugurada há dois mil anos e o respeito por todos os recursos naturais e pela sua distribuição fraternal entre todos os seres.

Na mobilidade forçada de homens e mulheres não há Natal. A tragédia é vivida por 65 milhões de pessoas que recria fugas de outros tempos e acentua a ausência de direitos fundamentais para um número crescente de cidadãos do mundo. A organização das Nações Unidas para os Refugiados estima que 24 pessoas por minutos são obrigadas a abandonar terras de origem por causa de conflitos armados ou esgotamento dos recursos.

Na escravidão, no racismo, na corrupção, na opressão… não há Natal!

Também não há Natal na especulação financeira, no jogo das bolsas ou nas pressões de qualquer 

 


 

 

rating. Ou em projetos pessoais ou empresariais que pretendem impessoalmente conquistar a qualidade de vida através de índices de riqueza, metas para o défice, juros sobre valores de outros, fuga aos impostos ou normas forçadas por centros de decisão desconhecidos.

É, no entanto, porque há não há Natal que é Natal! Ontem, hoje e sempre, até que a humanidade inaugurada em Belém e revelada no Calvário preencha o quotidiano de mulheres e homens de cada tempo e o relacionamento entre povos e nações, onde o encanto do Presépio

 

se conquista pela energia transformadora da Cruz. Como já acontece com abundância em muitos ambientes, de forma muito expressiva nestes dias! Porque é Natal!

Foto retirada de "Neste Natal

- Poemas e presépios" de Lopes Morgado

 

Presépio

  D. Pio Alves   

  Presidente da Comissão  

  Episcopal da Cultura,   

   Bens Culturais e  

   Comunicações  Sociais    

 

Neste tempo, abundam, um pouco por todo lado, as mais variadas representações do presépio, as mais variadas representações do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Apesar da embriaguez de luz, da correria às prendas e do bonacheirão Pai-Natal, ainda há Natal.

No Norte (não sei se é assim em toda a nossa geografia), é notável a variedade de presépios, obra de trabalhos manuais de idosos de centros sociais e de crianças das escolas. Quantas vezes, às sugestivas e coloridas representações das crianças só lhes falta uma assinatura famosa para valerem muito dinheiro!

Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um pequeno conjunto de quatro minúsculos presépios. Cada um deles dentro de um frasco pequenino: um está feito em três grãos de arroz; outro, em dois feijões escuros e meio feijão branco; um terceiro em dois feijões brancos mais meio; o último sobre três minúsculas pontas de lápis. O fundamental está lá. Uma maravilha de ingénua imaginação, carinho e arte!

Dei comigo a pensar: de nada se faz um presépio! Melhor: de quase nada. Melhor ainda: de um dinamismo profundo que, com a extensão de séculos e a força do Inefável, arraigou no mais profundo das nossas vidas. E encontra formas. E multiplica-se em expressões.

O Natal (celebração do nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus, Deus) é a realização suprema da perceção de que, habitualmente, “o grande

 

 

 

 

 

nasce pequeno”. E são os pequenos quem têm mais capacidade para fazer essa leitura.

Quem não foi nunca desarmado com a pergunta inesperada de uma criança para a qual não encontramos resposta? Quem não foi nunca surpreendido pela resposta / explicação de um miúdo que vale por muitos tratados?

Que bom seria que o presépio, com tudo o que representativamente encerra, nos ajudasse a perceber a simplicidade da vida e das coisas. E que, afinal, Deus não é complicado.

 

Pouparíamos em discursos. Não nos gastaríamos na imaginação de gestos. Ofereceríamos, enfim, a possibilidade de uma leitura mais fácil da realidade! Assim: nas pessoas; nas instituições; na sociedade; na Igreja; no Mundo.

Às vezes enredamo-nos no complicómetro. Como se o princípio fosse: “se uma coisa pode ser complicada porque havemos de a fazer simples?”

O mistério maior da Humanidade, representado no presépio, cabe num pequeno frasco com três grãos de arroz!

 

Hoje

Seria possível esta manhã não haver jornais nem noticiários. Os telemóveis podiam adormecer nos sofás. Hoje é dia de o mundo nascer calmo em todos os quadrantes, com as crianças em volta dos brinquedos, o Pai Natal a ressonar depois de noites perdidas

 

 

 

e o Menino apenas a olhar para o teto da gruta. Os anjos poderiam fazer passar o filme da nossa infância, com todos  de pouco a pouco  a olharem o presépio e  descobrirem figuras novas e ajeitarem as figuras velhas, algumas coladas, mas duma tremenda poesia. 

insira a foto aqui

 

 

 

Pouca falta fazia o Pai Natal para quem já tinha percebido que era um erro.

Até faz confusão a realidade do Menino com o mito de S. Nicolau. Vale que  Jesus é misericordioso e aceita os maiores disparates com que pintamos a imaginação para celebrar o Natal.

Mas há notícias, atentados, Alepo povoado de ruinas, caos na Líbia, o  

 

Afeganistão, dezenas de conflitos, a violência no bairro, a criança violada, os pais que disputaram  os afetos dos filhos, os idosos longas horas sentados à espera que alguém os venha ver ou levar para o almoço de Natal.

É neste presépio real que Jesus nasce. Veio para o meio de nós em vez de ficar no seu paraíso. Hoje.

 

 

Peregrino. Imigrante. Estrangeiro. Viajante…

  José Luís Gonçalves    
  Escola Superior  
  de 
 Educação   
  de Paula Frassinetti
   

 

Se existe um fenómeno que marca a vida contemporânea esse é, sem dúvida, o da mobilidade, realidade visível nas mais diversas circulações diárias (trabalho, escola e consumo), sazonais (turismo e viagens de trabalho), sociais (deslocação de grupos humanos relevantes) ou mediáticas (fluxo de imagens, de informação e de identidades virtuais). A mobilidade, no entanto, é ambivalente. Por um lado, põe em evidência as transformações aceleradas das nossas sociedades e, nessa perspetiva, preenche a agenda da globalização.  Por outro lado, pode ser lida “como momento de uma nova busca do Graal, representando outra vez simultaneamente a dinâmica do exílio e da reintegração” (M. Maffesoli, Du Nomadisme).

Neste contexto, a reflexão sobre o lugar - ou exatamente a desconstrução da ideia de lugar – tornou-se central a partir da ideia de mobilidade, e adquiriu muitas designações diferentes, consoante os seus autores: heterotopias (Foucault), lugares antropológicos (Augé), multilocalidade (Rodman), ethnoscapes (Appadurai). A ideia de desterritorialização (Deleuze, Guatarri) vem questionar a fiabilidade do território como referente único no interior do qual se desenvolvem as relações de sociabilidade. Além de já não ser capaz de albergar a pluralidade identitária da pessoa e as suas aspirações, assiste à constituição

 

 

 

 de tribalismos vários que fazem implodir as comunidades ditas culturalmente homogéneas e redefinir as suas fronteiras simbólicas.

Procurando compreender este mundo em mudança, G. Simmel afirmara, há mais de um século, que a mobilidade constitui um elemento poderoso da (re)organização social, cultural e espacial da cidade e dos que nela habitam, erigindo a figura do estranho/estrangeiro como o elemento positivamente desestabilizador da ordem territorial-simbólica instituída.  A sua presença tem o poder de redefinir relações de proximidade e de distância pelas interações sociais que desencadeia, ora religando pessoas através dos gestos de hospitalidade, descentração e empatia, ora fechando-se-lhe portas pela rejeição ou a animosidade que experimenta. O estranho/estrangeiro redefine o 

 

‘dentro’ e o ‘fora’…

Por isso, a um estranho nada é garantido, e mesmo que deseje apenas cumprir a lei de um território (recensear-se, por exemplo), corre o risco de “não ter lugar na hospedaria…” (Lucas 2,7). Desde há dois mil anos que determinados espaços-territórios erigidos a partir de delimitações geográficas, culturais, linguísticas ou simbólicas teimam em não desfazer as suas fronteiras, mas apenas em se redefinir para sobreviver. No entanto, qualquer fronteira tem uma dimensão temporal e os muros que teimosamente (re)legitima nas mentes e nos corações têm prazo de validade…

Mobilidade. Itinerância. Migração. Nomadismo. Desterritorialização… Gruta de Belém.

Peregrino. Imigrante. Estrangeiro. Viajante… “O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco…” (Jo. 1,14).

 

 

ALGARVE

Natal acontece mesmo na desumanidade de tantas situações

 

A mensagem de Natal do bispo do Algarve destaca Deus que continua a vir ao encontro de todos os homens e mulheres, “apesar da desumanidade presente em tantas situações do mundo”.

“Sucedem-se os conflitos implacáveis que destroem e matam indiscriminadamente, os atentados sem escolher lugares e vítimas; 

 

 

sentimo-nos impotentes perante o drama e até mesmo o desfecho trágico dos refugiados; a pobreza de muitos, em todas as suas formas”, mas “Deus continua a cada Natal a recordar-nos que não desiste de nós”, realça D. Manuel Quintas.

Para o prelado, “celebrar o Natal” é perceber na “luz que brota do rosto de Cristo” a inutilidade de uma vida 

 

 

 

 

feita de “trevas”, é um desafio a “eliminar todas as formas de violência” e a “construir um mundo verdadeiramente humano”.

“O mundo precisa urgentemente desta Luz”, frisa o bispo do Algarve, que destaca o Natal como um convite a lutar contra uma “indiferença cada vez mais globalizada, que anestesia a fé, silencia a consciência, conduz

 

 

 ao descompromisso solidário”

“A missão da Igreja e de cada discípulo de Cristo é refletir esta Luz. Este é o seu serviço ao mundo: iluminar todas as realidades humanas, particularmente as situações onde a escuridão é mais densa”, escreve D. Manuel Quintas, num documento enviado à Agência ECCLESIA.

 

ANGRA

Pelas vítimas da pobreza e exclusão

A mensagem de Natal do bispo de Angra, nos Açores, desafia as comunidades cristãs a assumirem como “compromisso” a busca de “um futuro de esperança e de plena realização” para todas as pessoas.

No seu texto, publicado pelo portal ‘Igreja Açores’, D. João Lavrador realça a importância de olhar nesta quadra para todos quantos hoje lutam para recuperar ou preservar “a sua dignidade”.

 

O bispo de Angra recorda sobretudo “os pobres, os excluídos, os marginalizados, os injustiçados, as vitimas inocentes da guerra e da violência”.

“Celebrar o Natal é também um convite a estabelecer relações novas a nível social, cultural, politico e religioso de modo a reconhecer em cada homem um irmão com igual dignidade e com o direito a usufruir das condições para uma vida digna”, 

 

 

 

 

 

frisa D. João Lavrador.

Para aquele responsável católico, “a luz e a esperança que brotam” do nascimento de Cristo pedem o envolvimento “de todos” na procura de “melhores condições” para aqueles que mais precisam.

“É urgente que cada comunidade cristã e cada cristão se tornem arautos desta mesma noticia que se refere à luz verdadeira que resplandece para o mundo, porque Jesus Cristo nasce na nossa humanidade”, acrescenta.

D. João Lavrador deixa depois votos de “boas festas” a todas as 

 

 

comunidades diocesanas e lembra de modo especial “os numerosos desempregados, os doentes e idosos, tantas vezes na solidão”.

Também “as famílias, tantas delas feridas, os pobres, os excluídos seja cultural, social ou religiosamente, as crianças sem pão e sem afeto, os que estão na diáspora, os jovens, tantos sem perspetivas de futuro” e “os que vivem afastados de Deus”.

Este vai ser o segundo Natal de D. João Lavrador na Diocese de Angra, depois de ter chegado à comunidade católica dos Açores primeiro como bispo coadjutor, a 29 de novembro de 2015.

 

 

AVEIRO

Natal é ir ao encontro dos dons de Deus e das necessidades dos outros

O bispo de Aveiro afirmou que o Natal “é um renovado convite à fé e à esperança” e “compete” à Igreja anunciara que é possível “construir uma sociedade nova”.

“Temos de ser testemunhas de um mundo onde haja lugar para todos e ninguém fique privado ou excluído dos bens necessários a uma vida 

 

digna”, escreveu D. António Moiteiro, na sua mensagem de Natal.

“Natal, mais do que consumismo, é ir ao encontro dos dons de Deus e das necessidades dos outros”, acrescenta, no documento intitulado ‘Natal do Emanuel – Deus connosco’.

O prelado afirma que “não é possível” Jesus nascer no coração e na vida 

 

 

 

 

de cada pessoa quando ainda não se assumiu uma “atitude de humildade, de simplicidade, de amor e de serviço”.

“Por mais bonitos presépios que se façam, o coração humano é o melhor presépio de Jesus, cujos valores devem refletir-se permanentemente na vida e no testemunho pessoal de cada cristão”, desenvolve.

O bispo de Aveiro espera que o presépio seja “uma interpelação” para acolher a Palavra e crescer como um homem novo e recorda que o Papa Francisco, no início do Advento, convidou à “sobriedade, a não ser dominados pelas coisas materiais”.

Neste contexto, indica a necessidade de, “à luz do presépio de Belém”, fazer uma “retrospetiva e interrogar” as comunidades cristãs e cada um sobre como devem viver e como é que “a Igreja pode ser testemunha do Emanuel que se fez Deus connosco”.

“Celebrar o Natal é acolher a salvação, renovar a nossa esperança e assumir plenamente a missão de mensageiros da esperança”, afirma.

D. António Moiteiro relembra que muitos seguidores de Jesus 

 

“consagram a sua vida, ou parte dela, a continuar a Sua missão como as pessoas que se dedicam “a acompanhar os que vivem sozinhos, a defender os imigrantes e os refugiados”.

“A educar na interioridade e na responsabilidade, a compartilhar as lutas dos pobres, a investigar remédios para doenças incuráveis, a dignificar a política e a vida pública, a fazer resplandecer no meio da sociedade «O Emanuel, o Deus connosco»”, exemplifica ainda.

Desta forma, o bispo diocesano pede que o Advento e o Natal sejam vividos de forma “ponderada, justa e piedosa” e a aprender com Deus a ser-se “sensíveis aos dramas da humanidade”.

Na mensagem ‘Natal do Emanuel – Deus connosco’, publicada no sítio online da diocese, D. António Moiteiro sublinha também que a aproximação de Jesus faz-se através dos que “vivem oprimidos pela miséria, violência, degradação ambiental, pela dor e pelas angústias”.

 

BEJA

Contrariar a imagem do Cristianismo como religião triste

O bispo de Beja desafiou os católicos da diocese a contrariar a ideia de uma religião triste, através do anúncio da “grande alegria do mistério do Natal”.

“Celebrar o Natal é lutar contra a tristeza e o desânimo, contra o fatalismo e contra a degradação dentro de cada um de nós e à nossa volta, é celebrar a esperança e a alegria, é acolher o Único que tem poder para nos libertar do pessimismo e iluminar a nossa vida com a sua sabedoria”, escreve D. João Marcos, na sua mensagem para o Natal de 2016.

No documento enviado à Agência ECCLESIA, o prelado assinala que Jesus “vem para transformar as vidas”, por isso, pede que as comunidades católicas vão ao encontro de quem sofre “momentos difíceis” pela doença, pela morte e pela solidão”.

A mensagem dirige-se também aos que se sentem “perdidos na vida, esmagados com problemas familiares, sem amor e carinho de ninguém”, a quem a vida parece “reduzir-se a uma coleção de desilusões e de fracassos”.

“Abri-Lhe, dai-Lhe espaço em vossos corações, celebrai e vivei o Natal com alegria”, refere o bispo de Beja, 

 

afirmando que a Igreja é o lugar “da grande alegria” para todo o povo que acredita em Jesus – “pobres e ricos, doutores e analfabetos, doentes e sãos”.

D. João Marcos sustenta que quem quer que “a grande alegria do mistério do Natal inunde” a sua vida deve ter o mesmo dinamismo de “escuta, caminha, vê, fala” dos pastores, representados no presépio.

“Deixa que o Senhor Jesus te cure da tua surdez e da tua paralisia, da tua cegueira e da tua mudez espirituais”, acrescenta.

O bispo de Beja considera que nos últimos dois séculos se tornou “moda, em alguns ambientes culturais”, dizer que o Cristianismo é uma religião triste, “que Jesus Cristo é o Deus do sofrimento, da resignação, da agonia e da cruz”.

Neste contexto, o prelado recorda a mensagem anunciada pelo anjo aos pastores no primeiro Natal: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor”.

 
 

 

BRAGA

Contemplar o presépio por um mundo mais solidário

 

O arcebispo de Braga defende que a contemplação do presépio implica responsabilizar-se pela construção de um "mundo mais solidário", dando atenção ao "que ninguém quer ver" e intervindo "com denúncia e ação".

D. Jorge Ortiga convida a arquidiocese a "contemplar a fé com e como Maria" no Advento e Natal, que é o "sentido mais profundo" do programa pastoral da Diocese de Braga para 2016/2017. "Contemplar significa ver as situações que ninguém quer

 

 

ver e intervir com denúncia e ação. Só assim o Natal será a festa de fraternidade universal. Com o silêncio da meditação, ouvimos os cânticos dos anjos louvando o Senhor e despertamos para os gritos, talvez silenciosos, de quem ainda espera um Salvador que lhe restitua a paz construída pelo nosso amor", refere.

Para D. Jorge Ortiga, a comunicação social desmonta e desnuda toda a realidade", mas esquece-se "de referir muitas situações que ofendem

 

 

a dignidade humana", ignorando "a miséria e o sofrimento oculto que ultrajam os pilares mais fundamentais de uma sociedade justa onde os direitos não são respeitados". "Contemplemos, por isso, o presépio

 

 e colhamos, sem hipocrisia, a responsabilidade, que Ele nos coloca nas mãos, de construirmos um mundo solidário que todos esperam e muitos necessitam", indica o arcebispo de Braga.

 

 

 

O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, inaugurou este domingo a 11ª Edição do Presépio ao Vivo de Priscos, na Arquidiocese de Braga, como representante do Papa. Francisco enviou uma mensagem na qual agradece a todos os que tornaram possível este evento, em especial os figurantes e os responsáveis pela sua criação e manutenção.

"Espero que o façam a pensar não tanto nos visitantes que vos admiram, mas sobretudo pelo festejado Senhor Jesus, o único capaz de tornar a vida sempre nova e sempre bela", escreveu, num texto divulgado hoje pelo "Diário do Minho", jornal da arquidiocese.

 

BRAGANÇA-MIRANDA

Natal em mirandês e língua gestual portuguesa

 

O bispo de Bragança-Miranda publicou este ano a sua mensagem de Natal em formato áudio, com texto em português e mirandês, e em vídeo, com interpretação em língua gestual, com a ajuda das redes sociais.

A mensagem de D. José Cordeiro, também disponível no sítio online

 

 

da Diocese de Bragança-Miranda, dirige-se “a todas as famílias, especialmente a cada criança, jovem, idoso, doente, pessoa com deficiência, preso, migrante, refugiado”, para desejar “um Santo Natal, como Maria” e que em todo o coração exista “montes de paz e de luz”.

 

 

 

 

 

 

Na intervenção, enviada hoje à Agência ECCLESIA, o prelado afirma que o tempo do Natal constitui “uma prolongada memória da maternidade divina”.

“Ela olha para nós e sobretudo olha por nós. Às vezes nós olhamos só para os outros e esquecemo-nos de olhar pelos outros”, destaca.

O bispo de Bragança-Miranda cita a exortação apostólica do Papa Francisco ‘Alegria do Evangelho’: “Há um estilo mariano na atividade 

 

evangelizadora da Igreja”.

Neste contexto, D. José Cordeiro indica a “alegria de comunicar” o Evangelho como Maria, que se envolve “fielmente no caminho de Jesus Cristo ao serviço de todas as pessoas”.

“Nela [Maria] vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentir importantes”, recorda ainda.

 

 

COIMBRA

Coragem de lutar arduamente pela paz

 

O bispo de Coimbra deseja à comunidade diocesana que tenha “a coragem de lutar arduamente” em “favor da paz, da justiça, da promoção humana”, em todos os âmbitos da vida.

No vídeo de Natal enviado à Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes saúda a Diocese de Coimbra e deseja no trabalho, na vida social, económica, politica e associativa afirme a “dignidade de todo o ser humano”.

“O Natal é este período do ano em que esta força dos sentimentos humanos, em que as exigências que vêm do coração, e do respeito
 

 

por todos os homens e mulheres nossos irmãos vem mais ao de cima”, afirma.

Para o bispo de Coimbra o “esforço, sentimentos e atitude” que se procura desenvolver no Natal “possam prosseguir e perseverar” ao longo de todos os dias e todos os anos.

D. Virgílio Antunes começa por saudar, em primeiro lugar, todas as famílias e recorda que o Papa Francisco anunciou-lhes recentemente “a boa nova do Evangelho acerca da vida da família”.

“Entusiasmando-as para viverem na alegria esta festa do encontro

 

 

de todos os dias que é os esposos, os pais e os filhos. A família mais alargada todos permanecerem juntos na alegria e no amor”, acrescentou sobre a “grande riqueza” que se quer também prolongada “durante todo o tempo da vida”.

O bispo de Coimbra deixa também uma mensagem de “muita fé e muito amor” aos irmãos e irmãs “unidos” em Jesus Cristo Salvador.

“Aqueles que fazem parte da Igreja e, nesta altura, sentem não só a alegria 

 

da fraternidade humana mas sentem a esperança, conforto assentes na fraternidade espiritual que nos une, que nos une a Deus e nos une, por isso, uns aos outros”, desenvolveu.

D. Virgílio Antunes assinala ainda que Solenidade do Natal tem o desafio de acolher na vida o “Deus menino que nasceu para que permaneça também por todos os dias e sentimos o desafio de testemunhar a “grandeza da alma, amor, força interior que depositou nos corações”. 

 

 

ÉVORA

Celebrar nascimento de Jesus
com boas obras

O arcebispo de Évora afirma na sua mensagem de Natal que a luz de Deus se torna visível “pelas boas obras que cada um pratica”, um testemunho que é “esperado de todos os crentes”, em particular na celebração do nascimento de Jesus.

“Para que o espírito de Natal não se reduza a luzes feéricas, compras e outras exterioridades, à margem do acontecimento central que é o nascimento de Jesus, não podemos

 

deixar de lado a prática das boas obras, em favor dos outros, dos que precisam da nossa ajuda, da nossa compreensão, do nosso tempo, do nosso amor”, escreve D. José Alves.

Na mensagem de Natal enviada à Agência ECCLESIA, o arcebispo afirma que todos podem “realizar boas obras” e “há muitos modos” de as praticar.

“Não acabaram as guerras, a exploração, os abusos, a pobreza, 

 

 

 

 

os desentendimentos e tantas outras situações que esperam pela ajuda de alguém”, recorda.

Para o arcebispo de Évora, as boas obras “não dependem” da riqueza nem das qualidades pessoais ou da posição social, mas da “bondade do coração” que guia na ação e “abre os olhos para os bons exemplos que a vida nos proporciona”.

Neste contexto, D. José Alves lembra bons exemplos de boas ações que existem na sociedade como os “milhares de pessoas que colaboram de diferentes modos com o Banco Alimentar contra a Fome”, os que “partilham os seus bens com outros”, quem se compromete na defesa da vida humana, “dom inviolável de Deus”, e os que partilham o tempo com “os reclusos, os doentes, 

 

os sem-abrigo, os idosos”.

“Em tempo de Natal, faz-nos bem recordar estes bons exemplos, que nos estimulam à prática das boas obras que iluminam a vida das pessoas e se tornam testemunhos da Luz”, acrescenta.

Segundo o arcebispo “não há nenhuma quadra festiva” que exerça tanto fascínio e agitação na sociedade em geral como a festa do Natal, onde a luz é o “símbolo mais rico e mais generalizado”.

Na mensagem ‘Natal é testemunho da Luz’, também publicada no sítio online da Arquidiocese de Évora, D. José Alves explica que para os cristãos a luz “é mais do que um sinal de festa” sendo “símbolo da luz invisível” é “símbolo de Cristo, o Salvador, que nasceu em Belém”.

 

 

FUNCHAL

Natal solidário na Madeira

 

O bispo do Funchal anunciou que a tradicional ‘Renúncia de Advento’ na diocese madeirense vai reverter para as vítimas dos incêndios de agosto, através do Fundo Social Diocesano. “A recolha das ofertas será feita nas Missas da Festa da Epifania, nos próximos dias 7 e 8 de janeiro”, informou D. António Carrilho.

O prelado incentivou os católicos do arquipélago a “contribuir, de modo especial”, para a aquisição dos 

 

 

“equipamentos das habitações” que estão a ser recuperadas. “Intensificar o espírito da caridade não exclui, antes implica e exige os maiores esforços para adequação dos sistemas económicos aos desafios do bem comum e da justiça social, em ordem ao verdadeiro progresso e desenvolvimento integral da pessoa, relevando a sua dignidade transcendente”, desenvolveu D. António Carrilho, numa intervenção 

 

 

  

divulgada pelo site diocesano.

Segundo o bispo do Funchal, perante a situação de “carências e dificuldades” com que tantos se debatem, “é importante” que a vivência da fé nas Missas do Parto - novena preparatória para o Natal - “intensifique a caridade de todos para com os mais pobres, os marginalizados e carenciados de amor ou de bens materiais”.

“A quadra do Natal tem sempre a marca da solidariedade e da fraternidade cristã, que se traduz 

 

 

em gestos concretos de presença e ajuda a quem mais precisa”, disse ainda D. António Carrilho.

Em meados de agosto, a Ilha da Madeira foi atingida por diversos focos de incêndio, os mais graves dos quais registados no Concelho do Funchal. Segundo as autoridades regionais, houve quatro mortos, diversos feridos e cerca de 300 casas destruídas ou danificadas, estimando-se prejuízos materiais na ordem dos 60 milhões de euros.

As comunidades católicas na Madeira começam a celebrar as tradicionais ‘Missas do Parto’, novena de preparação para o Natal que decorrem habitualmente ao fim da madrugada. A Diocese do Funchal publicou um guião com sugestões para as homilias das celebrações de 2016, com o tema ‘Maria, Tabernáculo do Espírito Santo’.

As chamadas ‘Missas do Parto’ são uma tradição particular do Arquipélago da Madeira, um momento exclusivo para cantar versos populares, em honra da Virgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeiros povoadores do arquipélago. Outro fenómeno que alimenta a tradição é a mesma estrutura da novena, com a invocação ao Espírito Santo, o canto da Ladainha, o retrato da Senhora e a missa, onde também são entoadas loas à Virgem, ao seu parto e à alegria do nascimento de Jesus.

 

 

GUARDA

Celebrar a vida, rejeitar cultura da morte

O bispo da Guarda alertou na sua mensagem de Natal para as consequências de uma eventual legalização da eutanásia, recordando quem vive a “marginalidade” do abandono, bem como as crianças que não têm pai nem mãe.

“Natal não é morte, mas vida nascente que se afirma, apesar das dificuldades, como foi, no caso do Menino de Belém”, afirma D. Manuel Felício, para quem “há muito a fazer” neste campo.

 

 

Na mensagem enviada à Agência ECCLESIA, o prelado considera que as situações mais extremas podem levar os implicados a pedir “para lhes anteciparem a morte”.

“A solução não é legalizar a eutanásia, pois essa é a escolha mais fácil, que significaria sempre a rendição da sociedade e das suas instituições diante das dificuldades, em vez de procurar congregar esforços, com o empenho de todos, para as superar”, desenvolve.

 

 

 

 

O bispo da Guarda considera que não é legítimo tomar esta decisão “nas costas da sociedade civil”, que “não elegeu” os seus deputados para isso.

D. Manuel Felício evoca depois, “com atenção privilegiada”, as crianças

que não têm pai nem mãe “para cuidar delas, as ajudar a crescer na vida” e realizarem “o sonho legítimo” de construírem o seu futuro com dignidade.

“Queremos trabalhar para oferecer a essas crianças as condições que lhes faltam para viverem felizes. Saudamos, por isso, todas as instituições que se propõem acolhê-las e ajudá-las”, acrescenta o prelado, que destaca o projeto ‘Anascer’ da Cáritas Diocesana da Guarda.

Para o bispo diocesano, a mensagem do Presépio de Belém toca o coração, “modifica as relações e os comportamentos, e traz novas razões de esperança”, porque na “simplicidade e pobreza” da Criança do presépio está “cada uma e todas as crianças do mundo”.~

“Queremos contribuir para dar resposta às situações variadas

 

 

de especial dificuldade que estão a atingir crescente número de pessoas e famílias”, sublinha o bispo da Diocese da Guarda.

D. Manuel Felício assinala que o Natal “é motivação particular para ir ao encontro de todos os que precisam”.

“Apesar das muitas conquistas e progressos das sociedades atuais, a solidão e o abandono continuam a fazer sofrer grande número de pessoas, nos nossos ambientes”, adverte.

 

 

LAMEGO

Porque Tu vieste ao mundo

Jesus veio ao mundo,

Desceu ao meu coração,

Tantas vezes vazio,

Ou esvaziado,

Cheio só de frio,

Planificado.

 

Portanto, plano, triste, aplanado.

Mas Tu vieste ao mundo,

E o meu pobre coração

Sentiu-se amado,

Cheio de amor,

Plenificado.

 

Obrigado, Senhor,

Por derramares em mim

A tua plenitude,

Graça sobre graça.

 

Faz-me agora encontrar

A melhor atitude

Para Te louvar,

Para Te levar

De rua em rua,

De praça em praça,

Em cada dia do ano que passa.

 

 

Desejo a todos os meus irmãos, sacerdotes, diáconos, consagrados/as e fiéis leigos, doentes, idosos, jovens e crianças, emigrantes, das 223 Paróquias da nossa Diocese de Lamego, e da Igreja inteira, um Santo Natal com Jesus sempre no meio e um Novo Ano cheio de Maria e dos caminhos sempre novos da Missão. Portanto, caríssimos irmãos e irmãs, «Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura!».

Vem, Senhor Jesus, bate à nossa porta, encandeia a nossa vida, e conduz os nossos passos pelo caminho da Paz e do Carinho.

 

 

D. António Couto,
Bispo de Lamego

 

 

LEIRIA-FÁTIMA

Natal exige gestos concretos

 

O bispo de Leiria-Fátima afirma na sua mensagem de Natal para 2016 que celebrar o mistério do nascimento de Cristo “exige realizar atitudes ou gestos concretos” para levar “esperança a quantos estão no sofrimento e na aflição”. “Não bastam as palavras belas e vãs, as aparências sem conteúdo. Interroguemo-nos: onde está o amor fraterno, o espírito de paz, de perdão e reconciliação, o sentido de partilha e solidariedade?”, escreve D. António Marto.

 

 

No texto, intitulado ‘Natal com as cores da Misericórdia’, o responsável católico dirige o seu pensamento e oração “a todos, crentes ou não, e a todas as famílias”, particularmente, aos que vivem a “provação da pobreza, da solidão, do abandono, da doença, do luto, da separação, do desemprego, da prisão”.

“Um Natal de partilha para acabar com o escândalo da pobreza e converter os nossos hábitos de excesso de consumo e desperdício em modos de vida

 

 

 

 

mais simples e mais sóbrios”, é o desejo do prelado, para quem as grandes superfícies se tornaram “novos templos do consumo”.

“É caso para nos interrogarmos: onde está a ‘graça’ própria do Natal cristão?”, acrescenta.

Na mensagem enviada à Agência ECCLESIA pelo Gabinete Informação e Comunicação diocesano, o prelado apela “vivamente” à participação de todos na iniciativa de solidariedade de Natal promovida pela Caritas Internacional e replicada na Caritas nacional e diocesana ‘10 milhões de estrelas’ pela paz.

O prelado recorda que cada vela custa 1 euro e o valor angariado reverte em 65% para as Caritas Diocesanas, no apoio aos projetos locais, e os restantes 35% para a Caritas da Grécia apoiar famílias refugiadas.

“Celebrar o mistério do Natal de Cristo com as cores da misericórdia exige realizar atitudes ou gestos concretos de proximidade, de ternura e de solidariedade para levar esperança a quantos estão no sofrimento e na aflição”, assinala.

O bispo deseja que as festas natalícias tenham a marca “da ternura, da 

 

 

 

misericórdia e da paz” e sejam vividas à “luz” de diversas dimensões: “um Natal de fé viva; de fraternidade; de diálogo para quebrar as cadeias do individualismo; de reconciliação e paz”.

D. António Marto observa também que o Natal 2016 é celebrado “num contexto eclesial muito significativo”, entre o final do Jubileu da Misericórdia e a abertura do Ano Jubilar Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.

“Estes dois acontecimentos convidam-nos a dar à vivência deste Natal a tonalidade da beleza das cores da misericórdia divina que o acontecimento natalício repercute em todo o mundo”, explica o bispo de Leiria-Fátima, na mensagem publicada no sítio online da diocese.

 

 

LISBOA

O modo divino de acontecer

“O Natal, cada Natal, é ocasião oportuna e necessária para nós aprendermos o modo divino de acontecer e o modo solidário de agir. O modo divino de acontecer porque é sempre para nós uma surpresa como Deus apareceu no mundo – foi esperado, e é esperado, por tantas gerações e depois acontece assim, tão imprevisivelmente num lugar recôndito em Belém de Judá, sem lugar na hospedaria… e é assim que Deus acontece no mundo e por isso temos de estar muito atentos a este modo divino de acontecer para também podermos coincidir com Ele em tudo aquilo que é mais simples e que foge às atenções, mas é o lugar de Deus. E daqui o modo solidário de agir. Porque não podemos esquecer aquela frase do Evangelho de que o Menino foi deitado numa manjedoira porque não havia lugar na hospedaria. Quantas pessoas ainda hoje, quantos meninos, quantos outros que já nasceram há mais tempo não têm um teto que os abrigue com dignidade, não têm uma casa onde possam viver como Deus quer. Daí a solidariedade, para que, de ano para ano, de Natal em Natal, todos nós como sociedade – e nós, cristãos, integramos uma 

 

sociedade que deve crescer precisamente aí, na solidariedade – vamos resolvendo esta problemática da habitação, que é uma problemática fundamental para que tudo o resto possa acontecer bem.


D. Manuel Clemente,

cardeal-patriarca de Lisboa
Mensagem aos leitores

do jornal 'Voz da Verdade'

 

 

pORTALEGRE-CASTELO BRANCO

Que cada pessoa faça o presépio
dentro de si

O bispo de Portalegre-Castelo Branco afirmou hoje a centralidade das festividades desta quadra é "Jesus Cristo", sendo o seu nascimento o acontecimento que se celebra.

"Tudo o mais que envolve estes dias de festa há de concorrer para centralizar no essencial da Festa, a tornar maior, mais significativa, mais vivida e para que todos possam sentir-se mais motivados a anunciarem uns aos outros uma grande alegria", afirmou D. Antonino Dias na mensagem de Natal enviada à Agência ECCLESIA.

No texto intitulado «Anuncio-vos uma grande alegria», o responsável afirma o desejo de que o Natal aconteça "dentro de cada um" e que cada pessoa "faça o presépio" dentro de si, deixando-se "transformar".

"O que mais e melhor podemos desejar uns aos outros em ambiente de Boas Festas é que seja Natal dentro de cada um, que façamos presépio dentro de nós, que acolhamos este Menino que vem ao nosso encontro, que nos deixemos transformar por Ele"

 

 

 

D. Antonino Dias expressa o desejo de que "todos possam sentir em família, a alegria da Família de Nazaré, que acolheu Jesus Menino com ternura e encanto, com simplicidade e humildade contemplativa, com gratidão e esperança, em silêncio e ação de Graças".

 

 

PORTO

Bispo do Porto pede atenção
aos que mais sofrem

O bispo do Porto recordou na sua mensagem para o Natal de 2016 quem vive situações de dificuldade, apelando à partilha solidária “com os que menos têm”.

“Desejo, nesta hora de Natal, estar muito próximo dos que mais sofrem, daqueles que vivem sós, dos que não têm abrigo, dos que são refugiados, acolhidos na nossa terra, e daqueles que passam por horas de provação, de doença ou de luto”, refere D. António Francisco dos Santos, numa intervenção em vídeo, disponível no canal da diocese no YouTube.

O responsável dirige-se aos sacerdotes, famílias, jovens e crianças da diocese, que convida a ver “no rosto do Menino Jesus a bênção de Deus”, a cuidar dos idosos e a oferecer “carinho” aos que sofrem.

“O melhor presépio que poderemos oferecer para o nascimento de Jesus é o coração humano na sua abertura e na sua capacidade de se dar aos outros, o ambiente abençoado das famílias”, diz o bispo do Porto.

D. António Francisco dos Santos manifesta “o desejo da Igreja do Porto de ser uma Igreja de portas abertas, para irmos ao encontro de todos, 

 

 

 

 

continuando assim o grande desafio e a grande mensagem que o Papa Francisco nos deixou ao longo do Ano da Misericórdia”.

“Quero renovar a proposta que fiz à diocese, para que com Maria e com José, possamos todos sonhar a alegria do Natal”, prossegue.

O bispo do Porto deixa votos de que todos partilhem a “alegria do Natal”, para que esta possa “renovar a Igreja” e” transformar o mundo”.

O prelado dirige-se ainda às instituições sociais, para que cada uma delas “saiba transportar para a realidade concreta da sua vida e junto daqueles com quem trabalha esta alegria do Natal”.

“Que a bênção de Deus e a presença do Menino Jesus no meio de nós nos deem um Santo e Feliz Natal”, conclui D. António Francisco dos Santos.

 

O bispo do Porto vai estar com uma família de refugiados, com os idosos do Lar de Santo António e no Centro Materno-Infantil daquela cidade, na noite de 24 para 25 de dezembro.

D. António Francisco Santos disse à Agência ECCLESIA que a família de refugiados está a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel e “foram dos primeiros acolhidos” na Diocese do Porto.

Apesar destes refugiados “não serem católicos”, o bispo do Porto vai partilhar com eles esta data emblemática, tal como fará com os idosos daquela instituição.

Já no Centro Materno-Infantil do Hospital de Santo António, D. António Francisco vai presidir à Eucaristia da meia-noite, no local onde “acontece o dom da vida”.

 

 

SANTARÉM

Natal, uma missão de todos os dias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O bispo de Santarém publicou a sua mensagem de Natal 2016, na qual deixa “um convite à alegria”, mesmo que a sociedade possa hoje ser marcada por diversas situações de “tristeza e desânimo”.

O texto de D. Manuel Pelino, enviado à Agência ECCLESIA, recorda os homens, mulheres e crianças que vivem “necessitados de amor, de consolação e de ajuda”.

“Que razões temos para andarmos contentes e felizes? Há um segredo para a alegria: o encontro com Jesus Cristo, a descoberta e a convicção de que Ele caminha connosco”, realçao prelado, que desafia os cristãos a serem “mensageiros da fraternidade e da paz” de Cristo para “todos”.

“Que o Natal não seja um dia mas uma missão de todos os dias”, apela ainda.

O bispo de Santarém expressa o seu desejo de que esta quadra seja marcada pela “felicidade” entre as pessoas, entre as suas comunidades, com “luz, cânticos, prendas, encontro de familiares e amigos”.

A mensagem deixa votos de que todos sejam incluídos, “crianças, idosos, jovens e adultos”, e em 

 

 

especial os “que estão sós” ou estão “doentes”.

A participação nas celebrações é também outro aspeto apontado por D. Manuel Pelino, que convida todos a encher as igrejas e a partilhar em conjunto momentos de festa à volta do Deus-Menino.

“Ao desejar o júbilo natalício, faço votos também para que procuremos ir beber à fonte da alegria para a guardar e partilhar”, complementa.

 

 

SETÚBAL

Natal solidário para famílias em dificuldade e refugiados

 

O bispo de Setúbal convidou as comunidades da diocese a viver o Natal num espírito de família, de “carinho e de vida”, respondendo com solidariedade às preocupações e dificuldades dos mais necessitados.

“Não é difícil encontrar no Natal de Belém uma imagem do Natal das famílias de hoje, com a sua alegria e ternura, mas igualmente com 

 

 

os dramas da miséria, da falta de recursos, da ausência de amor e da recusa de acolhimento e solidariedade”, escreveu D. José Ornelas.

Na mensagem enviada à Agência ECCLESIA, o prelado sadino sublinha que o Natal de Jesus e de cada família se apresenta igualmente como “apelo à solidariedade, acolhimento e

 

 

 

partilha das outras famílias”.

O bispo de Setúbal afirma que a celebração do Natal guia a atenção para as famílias “em dificuldade e necessitadas de atenção e ajuda”.

“A estrela de Belém paira hoje sobre as casas onde se encontram famílias sem meios para viver com dignidade, onde há vítimas de violência e de abusos, onde esmoreceu a chama do amor, onde há anciãos abandonados e sem cuidados”, explica D. José Ornelas.

Já o presépio, acrescenta, faz convergir a sua “luz desafiadora” sobre os campos de refugiados com milhares de famílias e crianças sem família que “fogem da violência e

 

 da miséria, em busca de pão, casa, carinho e nova esperança”, na mesma situação de Jesus no Egito.

Segundo o bispo de Setúbal, o “carinho do Natal não pode ser apenas um slogan vazio”, mas surge como desafio a “caminhar solidariamente até às grutas e presépios onde um menino e seus pais, esperam uma visita de carinho, de partilha, de ajuda, de apoio e esperança”.

D. José Ornelas recorda que a família de Jesus encontrou “a simpatia, solidariedade e partilha de pessoas simples”, como os pastores das redondezas e os magos, “em contraposição” com a oposição ou indiferença dos grandes e abastados.

 

 

VIANA DO CASTELO

Celebrar o nascimento de Jesus com os olhos postos nos filhos

 

O bispo de Viana do Castelo afirma na sua mensagem de Natal que esta celebração é em Portugal uma "festa de família”, sublinhando a importância dos filhos.

“O filho pode ajudar também [os casais] a serem uma só carne, não só através daquilo que é, mas, sobretudo, daquilo que necessita”, disse D. Anacleto Oliveira.

Na mensagem de Natal 2016, divulgada através do YouTube, 

 

 

 

o prelado afirma que os filhos podem ser exemplo para os pais de que “a vida verdadeira só se recebe, só se obtém, dando e recebendo”.

Na medida em que os pais correspondem às necessidades dos filhos e transmitem o que precisa, o bispo de Viana considera que “estão a juntar esforços e a formar uma só carne” aprendendo do filho o que “é fundamental” para “terem consciência das suas fragilidades e abrirem-se ao dom”.

 

 

 

 

“Temos o exemplo e força que nos vem do próprio filho de Deus”, observa.

O responsável apresenta a família como “comunidade íntima de vida e de amor”, e destaca que o filho “pode ser elemento fundamental” nessa “intimidade”.

D. Anacleto Oliveira apelo, por isso, aos pais, marido e esposa que aproveitem o tempo de Natal para se aproximarem um do outro: “Para eventualmente se conciliarem se houve problemas, zangas, 

 

 

reencontrarem a força do amor em volta dos filhos pelos quais vivem”.

Na videomensagem de Natal, publicada no sítio online da Diocese de Viana do Castelo, o prelado recorda ainda que na noite de 24 de dezembro tem lugar a celebração solene do nascimento de Jesus, às 23h00, na Sé diocesana.

“É a noite mais longa do ano mas também a noite em que o tempo da luz, do calor, começa a aumentar a partir do Deus-Menino”, assinala D. Anacleto Oliveira.

 

VILA REAL

Inclusão sem discriminações,
como no presépio

O bispo de Vila Real divulgou a sua mensagem para o Natal 2016, na qual convida a “praticar a inclusão, sem discriminações, muros e rejeições”.

“O Natal congrega, no amor, na fé e na esperança”, escreve D. Amândio José Tomás, destacando que o presépio, com a Sagrada Família, os pastores 

 

e os magos, “evoca o gesto amoroso de Deus” que veio, quer viver e “entrar nos corações”.

O prelado assinala que Deus convida a abrir a porta, “a unir, a praticar a inclusão, sem discriminações”, muros e rejeições.

No documento, publicado na página

 

 

 

 

 

 na internet da diocese transmontana, o bispo de Vila Real observa que “ninguém é excluído”, porque Deus chama e quer a salvação dos que “creem e recebem a Palavra de Deus, para serem salvos”.

A mensagem dá como exemplo o encontro de Jesus com Zaqueu, relatado pelos Evangelhos.

“Nos pecadores e afastados, que viviam sem Deus e sem alegria, distanciamento, 

 

 

vergonha e rejeição, agora, há alegria, magnanimidade, fé, empenho, esperança e razão de viver”, acrescentou.

D. Amândio José Tomás adianta que dentro em pouco o Presépio vai ser armado “em casa e na Igreja, evocando a vinda de Jesus” que, hoje, no tempo da Igreja “bate à porta do coração de cada um e quer entrar”.

O bispo de Vila Real assinala que a “fé na encarnação, morte e ressurreição do Filho de Deus e na vinda do Espírito Santo” deve levar também a um “redobrado empenho missionário”.

“Não calarmos o que vimos e ouvimos e a não nos envergonharmos de Jesus Cristo e do Seu Evangelho com constância e fidelidade, todos os reveses, perseguições e contratempos”, desenvolve.

Na mensagem ‘Advento e Natal, para receber em casa o Filho de Deus’, D. Amândio José Tomás apela à consciência da importância da família e de Jesus “que ilumina, alegra e dá sentido à existência humana”.

 

 

VISEU

Natal em perigo

Estamos a chegar ao aniversário do Natal de Jesus!…

O Natal de Jesus foi anunciado ao longo do Advento de todo o Antigo Testamento… E Jesus nasceu, há 2016 anos e anunciou o Reino de Deus! Os valores deste Reino – que são a realização do Natal – têm sido anunciados desde há 2016 anos… E, tantos deles, ainda não aconteceram! Quer dizer: Deus cumpre a Sua parte, desde o início… Nós não estamos a fazer tudo para que o Natal tenha sua expressão universal…

Continuaremos a evocar o Natal do passado, representado no Presépio… E estamos à espera dos valores do Reino de Deus que devem acontecer na paz, no amor, na justiça, na verdade, na vida… E são tão necessários e urgentes!

No Natal de Jesus, já acontecido, os Autores foram Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e Maria e José… No Natal que queremos que aconteça, somos todos nós, os que devemos concretizar os valores do Reino de Deus.

Olhando esta nossa Sociedade, consequência da vida de todos nós, sentimos como é tudo tão diferente do anunciado pelo Céu, em Belém, 

 

 

 

quando os Anjos cantaram: “glória a Deus nas alturas e paz na terra, aos homens que Deus ama”!

A vida dos homens continua a estar em perigo em tanto lado… A glória de Deus não é participada… Daí que o Natal esteja, também, em perigo. Ficam somente as luzes, as montras, os presépios de imagens de barro ou de pano, as prendas… Tiram-nos o melhor: os valores daquele Menino, filho de Deus e de Maria, que nasceu para nós e que nos ofereceu o Seu Reino…

Desejo um Santo e Feliz Natal para todos!

D. Ilídio Leandro,
Bispo de Viseu

 

 

FORÇAS ARMADAS E DE SEGURANÇA

Viver a misericórdia na família

 

O bispo das Forças Armadas e de Segurança escreveu uma mensagem de Advento e Natal em que recorda “as implicações” de um Deus que “escolhe a condição humana” e convida “viver a misericórdia na família”.

“Neste Natal, proponho o âmbito da proximidade familiar como o difícil campo da existência a ser mais tocado pelas necessárias atitudes que nascem da fé”, escreve D. Manuel Linda. 

 

 

Na mensagem divulgada pelo Ordinariato Castrense, o prelado pede aos membros das Forças Armadas e de Segurança que nos familiares e outros próximos sejam capazes de “descobrir o valor e a dignidade do ser pessoa”, e recorda que Deus chegou até às pessoas “pela via da humanidade”.

“Sugiro uma especial atenção aos mais débeis e que nos perguntemos como é que Jesus Cristo, o ‘verdadeiro homem’ agiria nas nossas situações 

 

 

  

concretas. E imploro que a ‘porta santa’ da misericórdia nunca se feche no nosso coração”, desenvolve.

Na mensagem de Advento e Natal, o bispo reflete sobre “as implicações” de um Deus que “escolhe a condição humana” e sublinha que é a Ele que se vai “buscar o exemplo da solicitude pessoal e da ternura por cada um”.

Segundo o prelado, a misericórdia volta-se e volta os elementos dessa diocese na “direção daqueles” com quem lidam que é “a única direção possível de quem é misericordioso”: “(Con)viver com os outros como quem pensa mais neles que em si próprio.” 

 

D. Manuel Linda explica que a história da humanidade “é marcada” pela tentativa de o homem “atingir Deus” para obter os seus favores e como “sujeito da ação” pode enganar-se nesse encontro, afinal, “o homem tomou por divindade as realidades mais estranhas: astros e plantas, animais e artefactos, ideias e totens”.

“Em Cristianismo passa-se o contrário: a nossa fé é a longa história de um Deus amoroso que não desiste da pessoa humana, mesmo quando esta lhe volta as costas”, explica o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, na mensagem publicada online.

 

 

PAPA FRANCISCO

8 frases do Papa Francisco
para preparar o Natal de 2016

 

“Neste mundo, onde se adora tanto o deus dinheiro, que o Natal nos ajude a ver a pequenez deste Deus que virou ao contrário os valores mundanos. Desejo-vos um santo Natal e feliz: um santo e feliz Natal”

(22.12.2016)

 

“Desejo um Natal verdadeiramente cristão a todos vós e às vossas famílias, de tal modo que os votos de ‘Boas Festas’, que ides trocar uns com os outros, sejam expressão da alegria que sentis por saber que Deus está no meio de nós”

(21.12.2016)

 

 

“Procuremos entrar no verdadeiro Natal, o de Jesus que está próximo, é Deus connosco, próximo de nós, para receber a graça desta festa, que é uma graça de amor, de humildade e de ternura”

(18.12.2016)

 

“Abramos os nossos corações a esta pequenez e esta maravilha, e deixemo-nos surpreender pelo Deus-Menino que se faz vizinho de cada um de nós”

(14.12.2016)

 

 

 

 

 

“Estes sinais exteriores [do Natal] convidam-nos a acolher o Senhor que vem sempre e bate à nossa porta; convidam-nos a reconhecer os seus passos entre os dos irmãos que passam ao nosso lado, especialmente os mais fracos e necessitados”

(11.12.2016)

 

“No Natal veremos esta pequenez, esta pequena coisa: uma criança, uma manjedoura, uma mãe, um pai. Corações grandes mas atitude de pequeninos”

(29.11.2016)

 

 

“Na dolorosa experiência destes irmãos e irmãs [migrantes] devemos rever a do Menino Jesus, que no momento do seu nascimento não teve onde ficar e veio ao mundo na gruta de Belém; depois, foi levado para o Egito, para fugir à ameaça de Herodes”

(09.12.2016)

 

“Com o nascimento de Jesus em Belém, é o próprio Deus que faz morada no meio de nós para libertar-nos do egoísmo, do pecado e da corrupção”

(04.12.2016)

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Família Fonseca anima lares, hospitais e centros de dia com músicas de Natal

 

A família Fonseca, os pais e quatro filhos, vivem a tradição do Natal em interajuda, todos participam na construção do presépio, e na dedicação aos outros através das músicas que vão cantar dia 24 a lares e hospitais.

“Uma irmã minha organiza sempre o que chamamos de ‘Natal dos hospitais’, entre sobrinhos, filhos, amigos dos sobrinhos, percorremos nas redondezas lares, hospitais, centros de dia e lares de crianças”, 

 

 

explica Tiago Fonseca sobre a vivência familiar na véspera do nascimento do Menino Jesus.

À Agência ECCLESIA, Teresa Fonseca acrescenta que o dia de Natal é vivido em família “há bastantes anos”, com “uma pequena encenação” da natividade em Belém que reúne “os filhos e sobrinhos”.

Teresa e Tiago são casados há 18 anos e têm quatro filhos – a Constança, o Francisco, o João e a Carolina.

A família de Jesus, Maria e José é

 

 

 

 

“um modelo e um exemplo”, que “não deixa de ser uma família normal, simples e feliz”.

“[Família de Nazaré] Passaram por adversidades, por dificuldades, mas também por muitas alegrias e nunca deixaram de ser fiéis, nunca desanimaram, nunca se deixaram abater”, desenvolve Teresa, observando que os Fonseca também são “uma família normal e feliz”.

Quando chega o tempo do Natal, a tradição é recordar a Sagrada Família através da construção do presépio 

 

com a participação de todos, pais e filhos, que ajuda a ter atenção no essencial.

Neste contexto, Tiago Fonseca explica que “qualquer que seja o nível financeiro” quer-se sempre mais e “é bom” ter a noção e saber-se que é preciso “focar no essencial”.

“É uma forma de eles crescerem mais saudável, aprendem a partilhar, aprendem com alguma dificuldade mas é um caminho e isso ajuda a crescer de outra forma”, afirmou Teresa Fonseca.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Dois gémeos e muitos presépios

Preparar o Natal através da criação de presépios é já uma tradição para a família Mestre Homem, na Paróquia de São Brás, em Lisboa. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Ricardo Homem destaca a importância desta iniciativa da sua comunidade como forma de viver a quadra natalícia “em família”, envolvendo também os filhos, gémeos, Maria e Lourenço, de sete anos.

 

“Pintamos, decoramos e vendemos para levar a mensagem de Jesus a mais pessoas e é a nossa preparação, eles estão muito habituados“, conta o catequista.

Quanto à esposa, Ana Mestre, também catequista, destaca a oportunidade de “partilhar e levar a Família de Nazaré a muita gente”. “A Família de Nazaré para quem a conhece é um exemplo, na maneira 

 

 

 

 

como se educa, como se ama o outro, até esta venda é uma evangelização”, salienta.

Há sete anos o nascimento dos filhos Maria e Lourenço veio dar um tom ainda mais especial ao Natal de Ricardo e Ana.

A Missa da noite de Natal foi mesmo o primeiro contacto dos gémeos com a comunidade. “Nesse ano o padre Fernando queria dar os nossos filhos a beijar, havia duas filas: a fila para 

 

 

 

beijar o Menino e a fila para ver os meninos, que muita gente ainda não os tinha visto”, recorda Ana Mestre.

Desde o início o casal tem procurado transmitir aos mais novos este espírito natalício, da partilha, da alegria e da esperança. Num ambiente onde, como mostra o Programa ECCLESIA na RTP2, não faltam a música e a luz que como a estrela de Belém, aponta o Menino Jesus que está prestes a nascer.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai associar-se à campanha de Natal da Cáritas Portuguesa, ‘10 Milhões de Estrelas’, com “um gesto pela paz” acendendo uma vela na noite de 24 de dezembro. O Palácio de Belém também terá uma vela acesa à janela, “fazendo parte da corrente que irá ser criada como gesto que apela à Paz no Mundo” na véspera de Natal, refere a Cáritas Portuguesa. O projeto ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz’ é uma ação focada no apoio a pessoas carenciadas em Portugal.

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Quando Deus se manifesta no nascimento de uma filha com Trissomia 21

 

Madalena e Bernardo Plantier Santos são pais de cinco filhos e vão celebrar este Natal com a certeza de a gravidez “sofrida” de Rosarinho, a mais nova, que nasceu com Trissomia 21, foi um tempo em que “Deus se manifestou”.

“A [gravidez] mais marcante foi a Rosarinho e muitas vezes identifico-me com Maria, com a sua espera 

 

 

porque soubemos na ecografia que tinha um valor um bocadinho alterado mas como a nossa maneira de estar - seja o que Deus enviar na vida nós aceitamos”, disse Madalena Plantier Santos.

À Agência ECCLESIA, a entrevistada explicou que nessa altura não quiseram “fazer outros exames, 

 

 

 

 

outras coisas” porque era a vontade de Deus. Até à ecografia morfológica, a segunda, que mostrou que a última filha tinha “um problema cardíaco, normalmente, associado a Trissomia 21”, viveram tempos tranquilos.

“Foi uma espera mais difícil na incerteza do que é que vinha, o que é que Deus nos reservava, sempre apoiados nesta Palavra de Deus, que Deus providencia. Sempre acreditei que não me ia dar um sofrimento que não suportasse”, desenvolveu a arquiteta paisagista, que se dedica apenas à maternidade “para dar mais apoio” aos cinco filhos.

“O interessante é que Deus se manifesta no sofrimento e este sofrimento pode tornar-se glorioso, a cruz de Deus. Vemos aqui a Rosarinho que é especial, é o nosso anjo”, acrescentou na entrevista ao programa ECCLESIA, da Antena 1 da rádio pública.

Bernardo Plantier Santos explica, por sua vez, que se identifica “muito” com a família de Nazaré e também destaca Maria que “disse sim a um algo desconhecido” porque tinha “confiança plena em Deus”. 

 

“Acabámos por dizer este sim na 23.ª semana, é aquele limite que o Estado infelizmente impõe e que o demónio nos tenta sempre”, observa o engenheiro civil.

A poucos dias de celebrar o Natal, Madalena e Bernardo Plantier Santos com os seus cinco filhos preparam a sua casa com cores, luzes e diversos símbolos natalícios ao redor do presépio.

“Cada dia lemos uma mensagem do presépio. Dia 25 pomos a figura de Jesus”, explicou Benedita Plantier Santos, a filha mais velha com nove anos de idade, acrescentando que a figura que mais gosta de colocar são os reis magos.

 

 
 

 

REPORTAGEM ECCLEIA

Viver um Natal
à imagem da família de Nazaré

Margarida e Daniel Ferreira, da comunidade da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas) de Gaia/Porto, são pais de Sara e partilharam a felicidade de ir viver este ano um Natal à imagem da família de Nazaré. “Temos oportunidade de criar esta menina com a pinta de Jesus e queremos mesmo fazê-lo. Queremos que ela cresça com Jesus do lado dela e como um amigo”, disse Margarida Ferreira sobre a filha que tem cerca de três meses.

À Agência ECCLESIA, a engenheira química de 30 anos explicou que o início foi “complicado” com “muito cansaço, emoção, aprendizagem” mas depois é “cada vez melhor” e ter a Sara “é uma graça enorme” e estão “profundamente deliciados”.

O casal pertence aos Redentoristas de Gaia/Porto e vai tentando integrar a filha nos hábitos familiares e comunitários que tinham antes do seu nascimento. “Ela vai connosco à Eucaristia, aos encontros que temos uma vez por semana. Vai-nos acompanhando, com as limitações que um bebé pequenino impõe, mas até 

 

agora tem corrido sempre tudo bem”, adianta Margarida Ferreira.

A preparar-se para viver um Natal à imagem da família de Nazaré, com a pequena Sara, de três meses, a entrevistada relembrou um episódio que não vai esquecer e que aconteceu nesta mesma altura, em 2015, quando partilhou “uma novena especial” escrita pelo padre Redentorista Rui Santiago “como se fosse escrita por Maria”. “Conseguia mesmo transmitir aquilo que se sente nos últimos dias de gravidez, deliciava-me e partilhava no Facebook. Na véspera de Natal o meu pai perguntou-me se estava grávida”, desenvolveu, acrescentando que afinal, “uns dias depois”, descobriram que estava realmente grávida.

“Essa novena foi rezada muitas vezes durante a gravidez”, contou.

Margarida Ferreira comentou que as primeiras semanas de gravidez “foram muito estranhas” com “muitos receios” ao contrário do pai, o Daniel que esteve “sempre muito tranquilo”. “À medida que o tempo foi passando, foi melhor, a ideia de que íamos tendo um bebe foi cada vez mais real”, revelou ainda a leiga Redentorista.

 

 


 

 

 

 

 

A família Rocha Ramos recebeu a Ecclesia na sua casa na Ramada, em Lisboa. Este ano vai ser um Natal mais preenchido e rico para todos. A pequena Maria veio-se juntar às irmas, Inês e Marta, e entrar na festa. Paula e António, casados há 16 anos, sonharam um dia constituir uma família. O Amor que os une cresceu e hoje são cinco. É com a pequena Maria, de quase um mês ao colo, que contam a sua vivência de Natal.

 

 

 

 

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

“Se Jesus não tivesse nascido
não havia Natal”

 

 

Fernando Santos disse à Agência ECCLESIA que o nascimento de Jesus é o “acontecimento único” que “torna significativa” a quadra natalícia.

“Se Jesus não tivesse nascido não havia Natal. Havia outra coisa qualquer. Não havia era seguramente Natal, nem este calendário existia. Se há esta data, este 25 de dezembro, se é celebrada em todo o mundo, é porque Jesus nasceu”, afirmou o selecionador de Portugal.

 

 

Fernando Santos referiu que a celebração do Natal acontece sempre em família e, desde há 20 anos para cá, passou a ter “um sentido diferente”, deixando de ser apenas “um ritual”.

“Hoje celebramos essencialmente o nascimento de Jesus. Isso dá um cariz diferente em relação a esta festa de Natal, não perdendo o que é habitual e é importante para as famílias”, sublinhou.

 

 

 

Fernando Santos participou num Curso de Cristandade há cerca de 20 anos e experiência de três dias de silêncio e de escuta de conferências determinou a sua experiência crente daí em diante, marcada pelo testemunho permanente da fé em Cristo vivo.

Para o treinador de futebol, o ambiente que carateriza esta quadra “também faz parte” da celebração do Natal, onde o nascimento de Jesus “está sempre a marcar este dia”, mesmo que “inconscientemente”.

“Não sou daquelas pessoas que passa para o lado totalmente contrário, a dizer que há um consumismo que 

 

tomou conta do Natal. Estas coisas são normais”, referiu.

Fernando Santos celebra o Natal em família, com a “tradição e vem desde a infância” em torno da “árvore de natal, do presépio, das prendas, do Pai-Natal, no convívio em família”.

“Isso repete-se desde que nasci e continuamos a celebrar em família na Noite de Natal”, recordou.

“Passou-se com os filhos, abrandou depois um pouco esse tipo de ritual, mas depois vieram os netos e as coisas voltam ao princípio. É sempre muito agradável ver o neto a receber as prendas. Faz parte da felicidade de todos nós e das crianças”, concluiu Fernando Santos.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Natal Rão Kyao

 

 

 

 

 

“A música no Natal é fundamental,

porque é a expressão das emoções

mais profundas do homem.

E este é um momento de alegria

e por isso tem de haver música”,

sublinhou.


Rão Kyao estudou música na Índia

e considera que o seu “percurso musical”

é também um “percurso interior”.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Igreja: Natal celebra dimensão «nuclear» da fé cristã que fala a todas as pessoas

O padre Alexandre Palma, professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, afirma que o Natal toca uma dimensão “nuclear da fé cristã” que fala a toda a humanidade.

“Todo o ciclo do Natal tem uma dimensão teológica muito evidente enquanto a celebração deste advento de Deus até à condição humana. Aquilo que vivemos neste período no fundo é o celebrar, o exaltar, uma dimensão muito constitutiva, muito própria do que é a fé cristã”, explicou à Agência ECCLESIA.

Para o sacerdote do Patriarcado de Lisboa, o cristianismo vê no Advento de Deus à condição humana “não apenas o cumprimento das promessas” do Antigo Testamento, do antigo Israel, mas num âmbito mais universal a resposta a “uma sede de vida que existe no coração humano em qualquer contexto religioso, cultural ou epocal”.

O padre Alexandre Palma observa que o ciclo do Natal, relacionado com uma história particular, “tem um alcance universal” no qual existe uma dimensão antropológica, “uma 

 

espécie de fome de vida, sede de vida, de sentido que encontra em Jesus a sua resposta”.

O professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, sublinha que o nascimento de Jesus “nasce das antigas profecias” mas não é resposta apenas a um povo “é a resposta à humanidade”, uma universalidade presente, por exemplo, nos pastores e nos reis magos do oriente.

Segundo o sacerdote, a história da afirmação de que Deus que “vai ao limite da condição humana” começou a ser contada do “fim para o princípio” e não ao contrário, o que quer dizer que o que “fez explodir o Cristianismo foi a morte e ressurreição de Jesus”.

“É imenso raio de luz que vai permitir iluminar retrospetivamente tudo o que passara na vida dele antes. Recuando tanto no tempo quanto o seu próprio nascimento”, acrescentou.

O nascimento de Jesus, assinala também o padre Alexandre Palma, conferiu à humanidade “outro sentido”, uma vez que, Deus ao unir-se dessa forma elevou “a humanidade a uma outra condição”,

 

 

 

 

 

 

 

“A partir daí a humanidade torna-se lugar teológico”, explicou.

Atualmente, refere o docente universitário, “importa reconhecer” que “é evidente” uma mercantilização e comercialização do Natal, um “grande momento” da narrativa cristã que “penetrou” na cultura como nenhum outro.

 

 

“Foi porque o Natal passou tão bem a mensagem que perdemos um pouco o controlo. É o problema que se vá afastando da sua raiz mas é elemento da mundividência cristã que se tornou cultura pelo menos no mundo ocidental”, sublinha o padre Alexandre Palma sobre o que considera “uma meia derrota e meia vitória”.

 

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Presépios como espelho da vida

 

Na casa da escritora Alice Vieira são os presépios que ganham espaço nesta altura do ano, conforme os vai desembrulhando e montando. Criada com “tios-avós profundamente laicos e ateus” a escritora recorda que “os presépios não eram visita lá de casa”.

Passou a adolescência e a juventude; depois casou e o presépio ganhou um lugar de destaque num momento 
 

 

 

marcante da sua vida.
“Casei com um homem profundamente comunista e católico. Nesse primeiro Natal já estava grávida e, como não me podia levantar, ele arranjou um presépio para eu ter na minha mesinha de cabeceira”, explicou à Agência ECCLESIA.
Foi este o quadro que deu a Alice Vieira o entendimento que cada 

 

 

  

 

presépio tem um laço de afetividade e “não são só uns bonecos que estão ali”.
A escritora vai mais longe e este ano tem tentado com os filhos e também com os netos fazer o paralelismo da atualidade com a família de Nazaré de há 2000 anos.
“Levar a pensar neste grande problema dos refugiados e dos deslocados. Onde é que vão nascer as crianças? E como é que nascem? E que não têm nada? E que se pode comparar com o Menino que nasceu e não tinha nada. Está na altura do presépio mostrar que o Natal ser mais do que consumismo e correrias”.
E é sem correrias mas muito método e organização que Alice Vieira vai tirando das caixas os presépios, a sua paixão, e espalhando-os por toda a casa. São algumas dezenas, vindos de vários sítios, oferecidos por amigos ou enviados por leitores. Casa representação do nascimento tem uma história.
“O último presépio que recebi foi feito por um amigo médico pediatra e ri-me imenso, é um dos mais simples que tenho. É a manjedoura, o S. José, 

 

Nossa Senhora e o Menino feito com pauzinhos de ver a garganta às crianças… E isso vem da imaginação, gosto e alegria de fazer este tipo de trabalho”.
Os presépios são para a escritora também uma forma olhar os recomeços de vida e os presépios são “espelho disso: com quem estou, onde estou, as casas onde vivo”.
“Sei perfeitamente porque tenho este e aquele presépio, porque é que aquele é assim, porque cada um corresponde a uma etapa da minha vida”. 
Nesta época do Natal Alice Vieira não dispensa a presença, companhia e alegria das crianças e apesar da neta mais velha já ter 12 anos, “considera-os sempre crianças”.
“Participarem na montagem dos presépios, estarmos juntos nesta altura, uma vez que vivem fora, é aproveitarmos tudo; e é o melhor que tenho no Natal”, conclui.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Pergunta sobre Deus no Cinema
atrai crentes e não crentes

A expressão de Deus na linguagem cinematográfica é um trabalho que atrai crentes e não crentes havendo diferentes formas de interpretação “mais literal” ou “subjetiva”, defende a especialista católica Inês Gil.

Para a docente de cinema e fotografia na Universidade Lusófona, os não crentes sentir-se-ão “tocados pela questão de Deus quando ela é colocada num filme mas de forma implícita”.

“Quando há uma tentativa de figurar Deus, isso afasta os não crentes. A questão da liberdade é muito importante e a pergunta atrai mais”, sublinha a também membro da equipa de cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Questionada sobre a presença de Deus no cinema não confessional, a docente recorda palavras de uma crítica francesa Sylvie Pierre, atual editora-chefe da revista Trafic, ateia e não crente - que afirma que a relação entre cinema e religião foi sempre uma questão apaixonante -, mas Inês Gil sublinha que esta expressão será sempre “subjetiva” e passível de “interpretações”.

 

Na realização “não há regras, tudo é livre”.

A cineasta recorda Rosselini que “enquanto crente” utilizava o mundo tal “como ele se apresenta, na sua banalidade, luminosidade, sem dramatismo, uma luz uniforme que não privilegia ninguém”.

Já Bergman, que tinha “uma relação pouco pacífica com a instituição eclesial e com a religião”, procura “dramatizar, utilizar os efeitos da imagem”.

O tempo e o silêncio, “muitas vezes associados à interiorização e contemplação”, surgem como “formas que podem ser usadas no cinema para um questionamento sobre Deus e a religião”.

Para Inês Gil, o “interessante no cinema” é a diversidade que apresenta na “expressão de Deus”, sendo este um trabalho presente essencialmente “no cinema independente”.

“Há muitos realizadores que não sendo crentes sentem-se tocados por estas questões, pela pergunta existencial. Esta é uma realidade presente sobretudo no cinema independente. Mas não há um

 

 

 

 

grande mercado”, observa.

A linguagem cinematográfica é “extremamente favorável” a um diálogo entre crentes e não crentes.

Inês Gil assinala a “abertura” da Igreja católica ao participar, através da atribuição do prémio Árvore da Vida, no festival de cinema Indie Lisboa.

“Assistimos a um acolhimento das novas tecnologias da expressão da espiritualidade por parte da Igreja católica”, mas admite a docente haver um “anticlericalismo primário, pouco interessante, mas muito 

 

 

presente” no cinema.

As programações dos festivais de cinema vão também mostrando diversidade e abertura: “Isso mostra que não há um cinema espiritual, há vários filmes e várias formas espirituais. E isso é que torna a relação entre o cinema e o transcendente muito rica”.

Inês Gil gostaria de ver a intervenção da Igreja de forma mais “ativa e visível”, lamentando a “timidez” e a ausência de um diálogo “pleno, aberto e livre”.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Liberdade na literatura
potencia encontros com Deus

 

O crítico literário Pedro Mexia afirma que a liberdade dos escritores na composição de um texto potencia os encontros com o “transcendente” e que o critério de escrita deve ser a “qualidade literária” e não a confessionalidade. “Trata-se de um multiplicador de descobertas 

 

 

 

individuais, que são dificilmente arregimentadas, catalogadas, quantificáveis, mas que potenciam a possibilidade do encontro. Deus está aí”, afirma à Agência ECCLESIA o crítico literário e comentador Pedro Mexia, questionado sobre a presença de Deus na literatura não-confessional.

 

 

 

 

Os escritos chegam na forma de “perguntas, ansiedades”, que são comuns a todo o ser humano, que é, acredita o comentador político, “uma criatura potencialmente religiosa” mesmo quando “sublima o impulso religioso noutras dimensões”. O assessor cultural da Presidência da República afirma que todo o ser humano faz “as mesmas perguntas” sobre a vida, a morte, o amor, a solidão, o desejo, “podendo encontrar diferentes caminhos para as respostas”.

Para isso a liberdade é essencial, acrescenta: “Nunca o gesto religioso foi tão livre porque já não é maioritário, hegemónico, obrigatório. É mais caótico, claro, porque permite uma espiritualidade difusa, mas apresenta uma multiplicidade maior de caminhos em liberdade. E o facto de haver mais caminhos em liberdade, penso que se trata de uma oportunidade e uma bênção”.

Para Pedro Mexia, a qualidade literária da obra ultrapassa a sua “confessionalidade”. “Hoje lemos São João da Cruz (poeta místico e frade carmelita, ndr) porque é um grande poeta, não por ser católico. A intemporalidade é marcada pela 

 

 

 

literatura mais do que pela espiritualidade”, precisa.

Outro exemplo mencionado é o de Paul Claudel, "genericamente considerado o maior poeta católico francês do século XX", que se converteu ao cristianismo lendo Arthur Rimbaud. "Não há nada nas convicções ou no que Rimbaud escreveu que tenha qualquer coisa a ver com o catolicismo. Isso mostra que as pessoas encontram o seu caminho de forma inusitada", sublinha, reforçando que uma pessoa pode não ter fé e escrever sobre a fé.

"Alguns autores em que a ideia do sagrado é mais forte no século XX não são pessoas religiosas no sentido canónico", reforça.

Segundo o assessor cultural da presidência da República, a "ideia de Deus" não esmoreceu na literatura: "A ideia de Deus é absolutamente é transversal, intemporal, e ao contrário do que parece acontecer, não esmoreceu. Manifesta-se de formas diferentes, diminuiu no laço de pertença, mas no fundamental, mesmo com os avanços da ciência e uma visão mais laicista no ocidente, essa dimensão não desapareceu".

 

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Um presépio com o Papa, no meio das compras de Natal

Um grupo de leigos católicos dinamiza há 16 edições consecutivas o projeto ‘Presépio na Cidade’ que este ano trouxe ao Chiado, em Lisboa, a figura do Papa Francisco, na representação do nascimento de Jesus.

“Temos vindo a transformar um presépio que era muito bonito, muito grande e luminoso numa coisa mais pequena, mais próxima da realidade e que nos dê a possibilidade de viver dentro do presépio”, afirmou Sofia Guedes à Agência ECCLESIA.

 

 

A edição deste ano apresenta cinco figuras tradicionais do presépio - o anjo, Maria grávida, São José, um pastor, a vaca e o burro – e um “convidado”, o Papa Francisco. “É um pastor que anda no meio do mundo”, disse Sofia Guedes, comentando “tem sido muito curioso” ouvir os “comentários” de quem passa, como alguém que disse que a cena tinha “o pastor do antigo testamento e o Papa que representa o novo”.

Francisco está sentado à entrada 

 

 

 

da casa que acolhe a família de Nazaré e observa a cena tradicional do Natal, na qual as figuras remetem para o milagre da vida, em concreto do nascimento de Jesus.

“A gravidez dá ideia que já não tem nada a ver com o homem, com a nossa origem, é bom lembrar que o próprio Jesus quando se fez homem precisou de uma mãe e foi em tudo igual a nós”, acrescentou a entrevistada.

Com cinco objetivos, os leigos católicos que dinamizam o ‘Presépio na Cidade’ querem dar a conhecer o Menino Jesus, à cidade de Lisboa, “e a todos os que nela vivem ou trabalham, num espírito de paz,  

 

alegria e simplicidade”.

O projeto pretende também “repor o verdadeiro sentido do Natal”, juntar “o maior número de pessoas” na Via da Alegria, uma procissão nas ruas de Lisboa, que “muitas grávidas” recebam a bênção da sua maternidade e “levantar bem alto os valores da família e da vida”.

O ‘Presépio na Cidade’ nasceu em Lisboa no contexto do Jubileu do Ano 2000 convidando a capital portuguesa a “aproximar-se e a participar” do “grande acontecimento” que é o Nascimento de Jesus e está presente também na internet, com um site e página na rede social Facebook.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Solidariedade: Belém troca iluminações de Natal por alimentos

 

A Junta de Freguesia de Belém voltou a não acender as luzes de Natal em 2016 e os custos associados às iluminações vão ser convertidos em auxílio solidário aos mais carenciados.

A ideia começou em 2012, com o investimento de 50 mil euros que era dedicado às iluminações a ser convertido em apoio alimentar.

 

 

No início, este auxílio concretizava-se em cabazes de alimentos que eram entregues às famílias, mas atualmente, a ajuda consiste num cartão solidário como referiu à Agencia ECCLESIA o presidente da Junta de Freguesia de Belém.

“É um cartão que a pessoa pode gerir durante o ano inteiro para ir buscar

 

 

 

 

produtos essenciais que estão definidos numa lista, junto de uma conhecida cadeia de supermercados e assim beneficiar desta ajuda durante um ano inteiro”, refere

Fernando Ribeiro Rosa.

O autarca reconhece que não é consensual esta intenção da Junta de Freguesia em não instalar iluminações de Natal, e até se diz disponível para algum tipo de parceria com os comerciantes.

Recorda, no entanto, que encontra essa luz no rosto das pessoas que recebem este auxílio: “Eu senti esse brilho de gratidão nos olhos das pessoas, e isso foi muito comovente”.

Contrariando a ideia de que na  

 

 

freguesia de Belém "só vive gente rica", Fernando Ribeiro Rosa indica moradores "que já tiveram uma vida razoável e agora vivem uma situação de muita carência".

As famílias que já são apoiadas por instituições como o Banco Alimentar Contra a Fome, do Refeitório Social da Freguesia ou o Re-food, recebem apenas apoio para produtos de higiene.

Este auxílio destina-se a famílias com rendimentos mensais inferiores a 419,20 euros e é prestado a nível alimentar e de higiene.

O cartão solidário chega este ano a 220 famílias carenciadas da freguesia de Belém.

 

REPORTAGEM ECCLESIA

A luz de Natal é a que brilha
dentro de cada um...

 

O padre Nuno Tavares é pároco em Lisboa e acedeu ao convite da nossa equipa de reportagem, para um passeio pela Baixa da cidade. Com as iluminações natalícias e as montras a tentarem sugerir presentes, o desafio era identificar sinais que nos pudessem conduzir ao Natal autêntico. Partimos assim como Magos em busca da estrela que indica o caminho.

Mesmo sendo padre e com o dever pastoral de centrar a festa no seu 

 

 

verdadeiro significado, o padre Nuno Tavares não esconde o agrado pelo fascínio visual que a quadra provoca. “Sempre gostei das casas iluminadas na época de Natal, e gostei também quando essa iluminação veio para as ruas... parecia que a rua, como a nossa casa, ficava mais acolhedora, mais bonita, e eu gosto muito de ver as luzes na rua”.

Mas será possível perceber o Natal nessas luzes? “Pois assim já é um bocadinho mais difícil...” refere 

 

 

 

 

o padre Nuno Tavares “encontramos estrelas, encontramos o menino Jesus, o simbolismo da árvore da vida...  mas na maioria dos casos se não soubéssemos o que é o Natal também não ficaríamos a saber olhando a maioria das iluminações”.

Este sacerdote assume mesmo o risco de tantas luzes nos ofuscarem o sentido do verdadeiro Natal, “particularmente outras luzes que nos atraem muito, as luzes que estão nas vitrinas em nós ficamos mergulhados nessa vertigem dos presentes”.

Mas o padre Nuno lembra que os presentes que se dão são um sinal de que nos tornamos presentes para essa pessoa. “Dou presentes quando não posso ser eu o presente, porque o melhor presente somos nós tal como foi o menino Jesus para nós. Os presentes são bonitos, mas às vezes parece que andamos presos a prendas que eu recebi também tenho que dar, e tenho que dar àquele e depois ele também tem de dar a mim... e isso às vezes é uma confusão muito grande”.

No itinerário pelas luzes natalícias da cidade, lembrámo-nos dos magos. Que sinal seguiriam eles perante a oferta visual que tínhamos diante de nós? “Não poderia ser nenhum 

 

destes” reconheceu o padre Nuno Tavares que alertava para um facto, “olhando para estes sinais acho que corremos o risco de ficarmos presos a eles e não pensarmos em mais nada...   o mistério do Natal é outro e aí precisaremos de procurar outra luz, a luz que vem de dentro e que está dentro de nós. Os magos também perderam a estrela e voltaram a encontra-la, é um bom desafio para nós”.

Com os magos na conversa, eles que também transportavam presentes, percebemos que nos representam também a nós. Para este sacerdote, nós também os acompanhamos nessa caravana em direção ao menino. “Eu quero ser mago” aponta o padre Nuno Tavares, “mas reconheço que às vezes sou mais como os habitantes de Jerusalém que ficaram muito assustados quando os magos perguntaram pelo menino”. Este pároco em Lisboa reconhece que nos podemos distrair no meio de tantas luzes... “as pessoas vão atrás, querem divertir-se fazer festa, é legítimo, mas para sermos magos temos que fazer escolhas, afinal eles eram só três e aqui nesta rua nós observamos uma multidão...  quantas destas pessoas procuram essa estrela?”.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Presépio tradicional português quer destacar verdadeiro sentido do Natal

A igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em Beja, está a mostrar ao público, até dia 6 de janeiro, um presépio tradicional português, numa iniciativa da diocese com a autarquia local para destacar o verdadeiro sentido do Natal.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Beja realça que o presépio mostra “de forma plástica a beleza de Deus que ama”, que “vem ao encontro” da humanidade, que “se faz homem”, criança, para renovar em todos a “esperança” de uma vida melhor.

Uma mensagem de “festa e alegria” que está em causa numa sociedade atual que parece querer viver “sem Deus” e por isso “desumaniza-se”. “A História recente mostra-o. Tiramos Deus e o relacionamento entre as pessoas degrada-se rapidamente, nós precisamos de Deus para sermos homens e mulheres, seres humanos, para sermos pessoas”, frisa D. João Marcos, cuja reflexão remete não apenas para realidades como a guerra ou a violência mas para o drama interior em que vivem hoje muitos homens e mulheres.

 

“A mim impressiona-me muito a tristeza que as pessoas trazem espelhada no seu rosto. Em todos os lados, aqui no Alentejo também, pessoas que vivem uma vida sem horizontes, em que se fecham em si próprias e aguentam até onde podem, numa solidão assombrosa. E tem de vir algo de fora, Jesus Cristo, que vem libertar as pessoas deste fatalismo”, complementa.

O presépio da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em Beja, tem como objetivo recolocar “no centro” do Natal o “nascimento de Cristo”, uma simbologia que corre o risco de se perder para o lado mais “comercial” desta quadra.

“A sociedade atual é demasiado apressada, o próprio consumo está-se a querer apoderar de certa maneira desta manifestação”, aponta José António Falcão, diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja.

Segundo aquele responsável, a história do presépio tradicional português remonta ao “século XVI” e “constitui uma das manifestações da cultura artística portuguesa, faz parte da 

 

 

 

 

 

identidade nacional”. “No entanto”, este “legado” está hoje “em risco”, pois “já não são muitas as pessoas” dispostas a dedicarem-se a esta arte.

Além da aposta na divulgação do presépio tradicional português, a Diocese de Beja está apostada em preservar “estes conhecimentos”, de modo a que as novas gerações possam prosseguir com este trabalho.

“Esta experiência que aqui realizámos foi muito interessante, porque associámos a vários adultos que, 

 

 

como voluntários, conceberam, projetaram e construíram o presépio, uma criança de seis anos, que será um elo desta continuidade em que apostamos”, frisa José António Falcão.

O presépio tradicional português vai estar exposto na igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, no centro da cidade de Beja, até dia 6 de janeiro, altura em que a iniciativa será encerrada com um espetáculo musical, um ‘Cante ao Menino’.

 

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Sagrada Família da Bordallo Pinheiro
marca o Natal em Viseu

 

Uma escultura de grandes dimensões recria o ambiente do presépio na rua Formosa em Viseu. As figuras artísticas desta “Sagrada Família” foram concebidas pela unidade fabril Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, e oferecidas ao Município de Viseu.

A ideia nasceu há dois anos, quando o Presidente da Câmara de Viseu lançou o desafio ao Grupo Visabeira que está sediado na região. Almeida Henriques queria um presépio que fosse específico da cidade. “Há aqui um 

 

 

trabalho de mais de dois meses, que envolveu cerca de duas dezenas de pessoas da Bordallo Pinheiro para criar uma escultura que simboliza a primeira peça bordaliana que representa a “Sagrada Família”, apontou Almeida Henriques.

A obra escultórica pode ser observada na entrada do Mercado 2 de maio, na rua Formosa, uma artéria pedonal no centro da cidade. O Presidente da edilidade refere que “em tempo de Natal este, acaba por ser um 

 

 


 

gesto de amor porque foi toda uma comunidade que se mobilizou para esta peça elaborada com grande dedicação pelos artífices que participaram na sua construção”. Almeida Henriques acrescenta que “esta iniciativa permite que toda a comunidade de Viseu se envolva e participe, a cidade ganhou uma dinâmica que está a atrair muitos visitantes e isto é bom para todos”.

Num momento em que as representações natalícias parecem, por vezes, esconder o presépio, Viseu apresenta-o numa das suas ruas mais movimentadas. O Presidente da Câmara afirma que “esta é uma 

 

 

forma de assumir a matriz cristã que define a maioria da nossa comunidade, sem esquecer a interação com as diversas igrejas e identidades religiosas presentes em Viseu”.

As figuras do Presépio foram modeladas em grés de alta temperatura, na base de modelos em gesso. Pelo seu valor artístico, a peça está orçada em vários milhares euros, mas foi oferecida ao município pelo Grupo Visabeira que integra as Faianças Bordallo Pinheiro e Vista Alegre. A “Sagrada Família” vai permanecer na rua Formosa até ao dia 8 de janeiro.

 

REPORTAGEM ECCLESIA

Igreja de São Francisco dá a conhecer presépios de todo o mundo

A igreja de São Francisco em Évora está a promover uma exposição de presépios de todo o mundo, milhares de peças recolhidas ao longo dos anos pelo general Fernando Canha da Silva e a sua esposa. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o general Canha da Silva conta que começou com este projeto há cerca de 40 anos, “em 1974 ou 75” e que a primeira peça da sua coleção era “um presépio de altar de Estremoz, de um artesão de referência na altura”.

A sua “educação católica” e o “gosto pela arte” levaram-no a começar e desde aí nunca mais parou, com a ajuda da sua esposa Fernanda, tendo já reunido “mais de 2700 presépios” vindos de todos os continentes. “Desde miúdo que me lembro de colaborar na paróquia na preparação do presépio por altura do Natal. Tenho presépios pequeninos grandes, mais valiosos, menos valiosos, procurando fazer uma cobertura mais alargada possível, de modo a que as pessoas possam ver como o nascimento de Jesus é representado nos mais variados países e costumes”, realça o colecionador.

No último piso do convento de São

 

Francisco, os visitantes encontram duas galerias dedicadas ao tema natalício, uma com uma exposição permanente de presépios e outra com uma mostra temporária, este ano dedicada ao continente africano.

Depois de anos a fio a expor os seus presépios em Portugal e no estrangeiro, Fernando Canha da Silva encontrou um espaço próprio para dar a conhecer a sua coleção às pessoas, desde 2015, a seguir às obras de renovação da igreja e do convento de São Francisco em Évora. “Estão cedidos à paróquia e irão ser doados à paróquia. É um bom contributo para completar ou complementar a grande procura a nível do turismo, da igreja de São Francisco, da Capela dos Ossos”, aponta o general.

Iraque, China, Rússia, Palestina, Afeganistão, Perú, Ruanda, Moçambique e Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Marrocos, são alguns dos países representados nesta exposição.

Em termos de materiais utilizados, encontramos desde o barro português trabalhado até ao mais ínfimo pormenor, até a outros materiais menos convencionais como casca

 

 

 

 

de semente, madeira de pau-preto, caixas de fósforos, bagos de arroz, chifre de boi e miolo de figueira.

“A iniciativa, o génio dos artesãos não tem limites, aparecem as coisas mais incríveis”, frisa Canha da Silva.

Para o pároco da igreja e do convento de São Francisco, os presépios ali expostos dão corpo a um autêntico “Evangelho vivo” que é posto à disposição dos visitantes.

O objetivo é “dar a conhecer a todas as idades, a beleza e o encanto do Deus Menino, da sua Mãe, de São José, visto pelo olhar de muitos 

 

 

artesãos de todo o mundo”, sustenta o padre Manuel da Silva.

Depois da apresentação dos presépios africanos, o general Fernando Canha da Silva já tem outro trabalho em mente para apresentar na ala de exposições temporárias da igreja de São Francisco. Centenas de figuras em barro, vindas de Itália, que compõem um presépio enorme com vários episódios da vida da Sagrada Família, desde a Anunciação do Anjo a Maria ao diálogo de Jesus com os doutores da lei, no templo, já com 12 anos.

 

O canto do Menino Jesus

 

www.cantodomeninojesus.org

 

A poucos dias de celebrarmos o Natal de Jesus, sugiro que mostrem este endereço aos mais novos, pois esta semana, o sítio que apresento chama-se o “Canto do Menino Jesus”. Este espaço, da responsabilidade de um conjunto de leigos católicos do Patriarcado de Lisboa, que criaram a iniciativa “Presépio na Cidade”, 

 

 

procura “dar a conhecer o Menino Jesus à cidade de Lisboa e, a todos os que nela vivem ou trabalham, num espírito de Paz, Alegria e Simplicidade”, repondo assim o verdadeiro sentido do Natal. Pretendem ainda, “deixar uma marca do Amor que os homens e mulheres de Lisboa têm por Jesus e pela Boa Nova que Ele é”, levantando assim “bem alto os valores da 

 

 

 

 

Família e da Vida”.

Esta referência introdutória poderia levar-nos a pensar que o projecto tem somente uma índole regional. No entanto, com a transposição desta ideia para o ambiente digital, naturalmente que se alargou o espectro de possíveis visitantes. Isto porque, naturalmente, se pretende atingir o maior número de pessoas com a mensagem da Boa Nova. Neste sítio, “poder-se-á descobrir várias coisas, nomeadamente, descobrir mais sobre o Natal e sobre o presépio”. Como o espaço é dedicado aos mais novos, todo o ambiente possui um design perfeitamente adaptado a essas idades, com cores vivas e uma simplicidade bastante eficaz, tornando-o um sítio de referência a não descurar para esta época do ano.

Em “actividades”, descobrimos uma “oficina” onde se encontram algumas ideias e explicações para a realização de trabalhos mais manuais, tais como: presépios, estrelas e páginas para colorir. Temos uma opção que nos mostra a história do Menino Jesus, com uma linguagem simples e acessível e ainda alguns poemas de Natal. Na “mochila dos Amiguinhos

 

 

 do Jesus”, descobrimos uma mochila que pode estar sempre cheia com a seguinte bagagem: oração, palavra de Deus, celebrações e obras de caridade. Se quisermos descobrir como e o que temos de fazer para nos tornarmos amigos de Jesus, basta clicar em “amiguinhos de Jesus”. Por último, uma breve palavra e conselhos bastante úteis para “pais e educadores”, onde se explica como é que podemos explorar e descobrir uma maneira diferente de viver o Natal.

Aqui fica então a sugestão, visitem e divulguem este sítio pois, mesmo não estando próximos da capital, podemos participar activamente neste projecto e acima de tudo “beber” desta ideia extraordinária.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

Ano A – Missa do Dia - Natal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Aí está o Deus connosco!
 
 

Celebramos hoje a Solenidade do Natal do Senhor, dia de sublime apelo a acolher o Verbo de Deus. Todos os anos vivenciamos este mistério com renovada alegria e fecunda esperança. Sabemos que o nascimento de Jesus é permanente, até dizemos que Natal é todos os dias. Daí a nossa vida cristã não ser de episódios desfasados e preceituais repetições, embora por vezes façamos dela uma itinerância com interrupções.

Na Solenidade do Natal encontramo-nos com Deus que vem ao nosso coração, disponíveis para acolher o seu abraço de amor. Muitas vezes, porém, vemos, e até colaboramos, no natal pagão do consumismo e do desperdício, das prendas obrigatórias e nem sempre sentidas, de tantos ritos e simbólicas que nos afastam do essencial.

O essencial é Deus connosco. As figuras de Maria e de José aí estão no presépio da vida, convidando-nos a ter o olhar centrado em Jesus, na essência das coisas para quem prepara mesmo o Natal como deve ser. Se assim for, não há estorvos que possam arredar-nos do caminho que vale: andar com o Emanuel, o Deus connosco.

Sintonizemos com a liturgia da Missa do Dia de Natal, que nos convida a contemplar o amor de Deus manifestado na incarnação de Jesus. Ele é o Verbo, a Palavra que vem habitar no meio de nós e nos oferece vida em plenitude, elevando-nos à dignidade de filhos de Deus.

Acolhamos a Palavra que é o próprio Jesus, como luz que nos ilumina e transforma, eliminando tantas trevas que ofuscam a luz verdadeira: mentiras, oportunismos, violências, exploração dos pobres, miséria, limitações e atentados aos direitos e à dignidade da pessoa.

Jesus, o menino do presépio que admiramos, é 

 

 

 

 

para nós a Palavra suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras palavras nos condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado?

A terminar, convido-vos a meditar algumas palavras de São Leão Magno no Ofício de Leituras de hoje: «Hoje nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida, uma vida que destrói o temor da morte e nos infunde a alegria da eternidade prometida. Ninguém é excluído desta felicidade, porque é comum a todos 

 

os homens a causa desta alegria: Nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio para nos libertar a todos. Alegre-se o santo, porque se aproxima a vitória; alegre-se o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; anime-se o gentio, porque é chamado para a vida».

Votos de santo e feliz Natal, para todos vós e vossas famílias e comunidades, com o coração centrado no Deus connosco, que aí está a iluminar as nossas vidas!

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Natal, tempo de colecção ou de Vida?

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Dizem que S. Francisco foi o primeiro a tentar ilustrar, de forma plástica, como teria sido o primeiro Natal. As figuras centrais eram fáceis de escolher, mas o ambiente de curral e manjedoura, as visitas e adoração de pastores e magos, os presentes destes…enfim, muito poderia ficar dependente da criatividade e sensibilidade de quem preparasse o presépio.

Ao longo dos séculos, o Presépio tornou-se espaço de evangelização e podemos encontrar, em todos os povos e culturas, expressões desta noite de Natal. É inspirador visitar museus ou simples coleccionadores de presépios para fazer uma viagem no tempo e ir até Belém assistir ao primeiro Natal.

A história da Arte já regista grandes momentos de cultura, com escritores, pintores e escultores a mostrar ao mundo, com todo o seu engenho e talento, presépios. Em Portugal, vale a pena dar uma volta por algumas grandes Igrejas para ver a beleza barroca dos presépios da Escola Machado de Castro. E dou apenas um exemplo, um bom exemplo.

Conheço diversas pessoas que coleccionam presépios. Como estamos num tempo em que muita gente circula por esse mundo além, os coleccionadores tentam convencer os seus amigos a trazerem sempre na bagagem um ou mais presépios. E assim aumenta a colecção em quantidade, qualidade e diversidade, com Cristos de todas as cores, raças e expressões artísticas. 

 

 

 

 

 

 

 

Quando entramos na casa de um coleccionador ficamos com a impressão que se abriram as portas de um museu que nos faz andar dois mil anos na roda do tempo e nos leva direitinhos á lapinha onde Maria deu á luz o seu Filho único. Também percebemos logo que o presépio deixou de ser um conjunto de peças de armário que saem à luz e ao pó apenas em Dezembro para lá regressarem em Janeiro! Nesta ‘exposições’ improvisadas, o Nascimento de Cristo ganha direito de cidadania e fica todo o ano como elemento de decoração, de estética e de evangelização, pois não se pode ficar indiferente a cenas como a do Natal.

Claro que para nós, cristãos, o Presépio não pode apenas ser objecto de cultura e estética. Também não 

 

deve evocar apenas acontecimentos de há dois milénios sem impactos nos tempos que correm. Há Natal quando o Deus da justiça, da paz e do amor habita no coração da humanidade. Sem esta dimensão, o tempo do natal torna-se mais um momento que aponta para o consumismo que arrasa as nossas vidas, as atafulha de coisas sem grande valor e impede que vivamos segundo o essencial.

Desejo um Santo e Feliz Natal onde nasça nos corações o Menino de Belém, portador da Paz e do Amor que faz do mundo um espaço onde a felicidade é para todos, sem excepção.

 

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