99º Dia Mundial do Migrante e Refugiado

Direito a (não) emigrar

 

 

 

 

 

 

 

Realismo e esperança
nestes tempos que vivemos
... os que pensam direito e se empenham em soluções válidas, têm o dever de congregar esforços e de inserir, no projeto nacional, um clima de esperança. (D. António Marcelino) [ver+]

 

 

Mapa negro dos conflitos mundiais

Bento recebeu Corpo Diplomático Santa Sé
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Óscares da internet para 2012

O que de melhor se produziu em 2012 na grande rede mundial. [ver+]

 

 

 

 2013 em perspetiva

Se no século XX se desvaneceu a utopia socialista, no século XXI desvanecer-se-á a utopia liberal.

(João Wengorovius Meneses) [ver+]

 

A esperança ativa

José Tolentino Mendonça

Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

 

É verdade que todos os paraísos são paraísos perdidos? A julgar pela aparência todas as histórias, até a história bíblica, nos garante que sim. De facto, no livro do Génesis, o primeiro casal humano acaba lançado para fora do paraíso, depois de uma breve e atrapalhada permanência. E as portas do paraíso ficam interditas aos humanos. Contudo, a linguagem simbólica e a natureza teológica daquele relato exigem uma atenção a investimentos de sentido que se podem sintetizar assim: o tempo da salvação não é narrado como nostalgia de uma época de ouro passada, mas, o que se procura afirmar é que, através de vicissitudes e contradições, o tempo não deixa de avançar para uma plenitude. De certa forma, o homem descobre que está fora do paraíso para que possa encaminhar-se para ele. A expulsão bíblica não é, portanto, uma perda, mas o primeiro, e misterioso, passo para o caminho da promessa.  O que não se escamoteiam são as tensões e desvios que o homem vai introduzindo. Reconhecer, porém, que mundo e a história não são propriamente lugares paradisíacos não nos deve fazer cair os braços, nem desesperar.

No território ambíguo que se abre, na irresolução que nos caracteriza a nós próprios, os crentes são chamados a identificar (e a imaginar) novas possibilidades.


 


 

Que ensina a sabedoria bíblica aos nossos tempos conturbados? Ensina, sem dúvida, que a esperança é mais importante de que a saudade; e que a promessa humilde que, quotidianamente, nos coloca a caminho é bem mais preciosa que os paraísos que nos deixam parados a olhar para trás.

Na magnífica encíclica sobre a Esperança, e que podia bem servir-nos de mapa nas horas de sofrimento

 

 

 e de  incerteza, escreve o Papa Bento XVI: “A esperança em sentido cristão é sempre esperança também para os outros. E é esperança ativa, que nos faz lutar para que as coisas não caminhem para o «fim perverso». É esperança ativa precisamente também no sentido de mantermos o mundo aberto a Deus. Somente assim, ela permanece também uma esperança verdadeiramente humana”.

 

 

 

 

©Lusa          

 

Encontro de Bento XVI
com membros do corpo diplomático,
Vaticano, 07.01.2013
     

 

 

 

‘A União Europeia precisa de representantes clarividentes e qualificados para realizar as opções difíceis que são necessárias a fim de sanar a sua economia e colocar bases sólidas para o seu progresso. Sozinhos, alguns países talvez caminhassem mais rápido; mas, juntos, todos chegarão certamente mais longe!’ - Bento XVI, audiência ao corpo diplomático no Vaticano, 07.01.2013

 

 

 

‘Nós não estamos a iniciar um ciclo vicioso de que não conseguimos sair, mas apenas a vislumbrar a saída de um período difícil que estamos a completar’ – Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português, residência oficial de São Bento, em Lisboa, 06.01.2013

 

 

 

 

 

 

 

‘O aumento do salário mínimo é […] uma questão elementar de justiça. É uma exigência do combate à pobreza, para salvaguardar as pessoas que se veem privadas de exercer a sua plena cidadania e dignidade’ - «Uma questão de justiça e de direitos humanos» - jornal ‘Público’, 04.01.2013

 

 

'Estamos já na área daquilo

que é o atentado aos Direitos Humanos' - Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas

Portuguesa, em reação

a relatório do FMI com

propostas para a reforma

do Estado - Renascença,

09.01.2013

 

Igreja reafirma
compromisso contra a pedofilia

© Lusa

 

 

 

 

 
 

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacou os “passos muito concretos” na luta contra a pedofilia que a Igreja Católica tem vindo a promover, no país, para a “erradicação” destes casos. O padre Manuel Morujão reagia em comunicado enviado à Agência ECCLESIA às acusações dirigidas pela Rede de Cuidadores, através do presidente da associação, o psiquiatra Álvaro de Carvalho, segundo o qual os responsáveis católicos estão a “enterrar a cabeça na areia” no que diz respeito ao abuso sexual de menores por membros do clero.

Segundo o secretário da CEP, têm sido “postos em prática os necessários meios para a correção de possíveis comportamentos e mesmo a erradicação do seu seio de pessoas que mantenham atitudes incompatíveis com a sua missão na Igreja”.

Este responsável lamenta que o comunicado da Rede de Cuidadores tenha colocado em questão “o empenho da Igreja Católica na erradicação da pedofilia do seu seio”.  “A Igreja, mais uma vez, manifesta a sua total disponibilidade para acertar a verdade relativa a eventuais abusos, recordando que compete, a cada bispo na sua diocese, a responsabilidade de pôr em prática as diretrizes da Conferência Episcopal:

 

 

 

 

reconhecer a verdade, apoiar as eventuais vítimas, colaborar com as autoridades, procurar todos os meios para superar tão grave problema”, pode ler-se.

A nota do Secretariado Geral da CEP confirma que o D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, manteve um encontro com os responsáveis da Rede de Cuidadores a a 22 de março de 2011,

 

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou em abril de 2012 um conjunto de diretrizes para o tratamento de eventuais casos de abusos sexual de menores, ocorridos na Igreja Católica, destacando a necessidade de colaboração com autoridades civis. “Cada pessoa jurídica canónica cooperará com a sociedade e com as respetivas autoridades civis”, assinalam os bispos, que pedem “transparência e prontidão” na resposta às autoridades competentes para salvaguardar “os direitos das pessoas, incluindo o seu bom nome e o princípio da presunção de inocência”.

 

 

altura em que ocupava a presidência do organismo máximo do episcopado católico.

A Igreja, acrescenta o padre Manuel Morujão, reconhece o “importante papel” da Rede de Cuidadores na sociedade portuguesa e “manifesta novamente a sua disponibilidade em colaborar com todas as instituições que tenham como missão proteger os menores de todos e quaisquer abusos”

Na terça-feira, em Fátima, o porta-voz reiterou não ter conhecimento de quaisquer casos de abusos sexuais de menores no seio da Igreja, a não ser “pela comunicação social”, e declarou que “todas as pessoas ou instâncias que velam para ajudar a Igreja a purificar-se são bem-vindas”.

Esta preocupação, sublinhou, deve estender-se “à sociedade, às famílias” e a todas as instituições que acolhem crianças.

Para o secretário da CEP, o “assunto é demasiado sério” para ser transformado “num show” mediático, pelo que é necessário aliar a verdade à “discrição”.  “Tudo isto deve ser encarado com grande serenidade”, apelou.

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

Casa-Museu vai evocar Madre Rita em Viseu

 

 

 

 

A obra procede à reconstrução da casa onde nasceu e morreu a Madre Rita, fundadora Instituto Jesus Maria José, através da Paróquia de Ranhados e com o apoio da Câmara Municipal
 

O bispo de Viseu presidiu este domingo à bênção da primeira pedra da ‘Casa da Memória’ que vai evocar a beata portuguesa Rita Amada de Jesus (1848-1913), falecida há 100 anos, a 6 de janeiro. “É uma alegria muito grande para o bispo e para toda a nossa Igreja de Viseu que, hoje e aqui, tenha sido oficialmente iniciada uma obra para guardar e fomentar a memória de tão ilustre filha desta terra. Como é muito desejável, também, que seja fomentada a sua espiritualidade e desenvolvido e dado a conhecer o seu carisma”, disse D. Ilídio Leandro, na homilia da missa a que presidiu em Ribafeita, Concelho de Viseu, terra natal da religiosa beatificada em maio de 2006.

O prelado deixou votos de que esta obra possa ser "o centro de irradiação da mensagem de Beata Rita Amada de Jesus".  LER MAIS
 


 

 


 

Padre Manuel Morujão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CEP

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou em Fátima que a atual crise económica e social no país exige um reforço do diálogo, lamentando as “graves dificuldades em criar consensos”. “Dialogar é um verbo urgente”, declarou o padre Manuel Morujão.

 

Jovens

O próximo Conselho Nacional de Pastoral Juvenil da Igreja, agendado para 11 e 12 de janeiro em Fátima, vai contar com a intervenção de João César das Neves, “reconhecido economista católico”. O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, dirigido pelo padre Eduardo Novo, convidou o docente universitário para proporcionar aos participantes “uma nova forma de ver a economia e a relacionar com a juventude, à luz do Evangelho”.

 

Algarve

A Diocese do Algarve realiza este sábado a jornada anual de Pastoral Litúrgica, dedicada ao tema “A Liturgia, escola da Fé cristã”. Esta atividade promovida pelo Departamento da Pastoral Litúrgica da Diocese do Algarve, vai decorrer no Centro Pastoral de Ferragudo.

 

 

 

 

 

Rão Kyao

 

 


 

 

D. António Couto

 

 

Franciscanos

O músico português Rão Kyao lançou um CD com “melodias franciscanas”, a convite da Ordem dos Frades Menores, em Portugal. O provincial da Ordem Franciscana, padre Vítor Melícias, apresenta o álbum, enviado à Agência ECCLESIA, como uma forma de associar a “arte sublime e a profunda espiritualidade de Rão Kyao” às “melodias, letras e a mística a que a alma franciscana foi dando forma”.

 

Guarda

As jornadas de formação do clero da Diocese da Guarda vão ter como tema a receção do II Concílio do Vaticano na diocese e realizam-se nos próximos dias 23 e 24. Os trabalhos vão decorrer no Seminário da Guarda e contam, no primeiro dia, com a presença de D. Manuel Linda, bispo auxiliar de Braga, que falará sobre “A árvore do Concílio Vaticano II”.

 

Lamego

A Diocese de Lamego celebra, dia 20 deste mês, o seu padroeiro principal, São Sebastião, com uma celebração na Sé que marca também o primeiro ano de D. António Couto neste território eclesial.

 

Credo – Síntese da Fé Cristã

 

 

 

 

 
 

 

A partir do desafio de Bento XVI para que, ao longo do presente ano pastoral, os cristãos aprofundem as razões da sua fé, o programa de rádio da Ecclesia, transmitido de segunda a sexta-feira na Antena 1, propôs ao jesuíta António Vaz Pinto, folhear o seu último livro «Credo – Síntese da Fé Cristã».

A publicação, esclarece o autor, “não tem qualquer pretensão a ser exaustiva ou definitiva”, mas sim “um resumo e uma introdução” ao Credo, esse “«documento» essencial da fé cristã” que, assume o sacerdote, sempre o fascinou.

O livro é, por isso, uma “viagem dos «credos» antigos aos atuais” e um “comentário” para que o homem de hoje o atualize na sua vida.

O atual rito litúrgico latino, explica o jesuíta, utiliza o Credo Niceno-Constantinopolitano, de 351, sendo este “o mais completo e universal”, uma vez que é aceite por católicos, protestantes e ortodoxos.

Esta fórmula, síntese da fé cristã, tem a marca do seu tempo: “a linguagem é do século IV”, refere o autor, que encontra termos presentes no Credo que não estão na Bíblia, mas, “são fruto da tradição da Igreja que importa manter”.

 

 

O Credo é “uma viagem pela revelação”, indica o sacerdote, que lamenta que a grande maioria dos cristãos participantes na eucaristia o reze mas não entenda o seu significado.

“Quando se diz «creio em Deus, creio em Jesus Cristo», significa que tenho uma relação pessoal de conhecimento e confiança e a fé é confiança”.

Para António Vaz Pinto a vida social organizada “assenta em fórmulas” necessárias ao homem para viver, mas, o Credo “não é algo banal”, sendo necessário “perceber o compromisso que se assume quando se reza”.

“A fé é a resposta do homem, feita em liberdade, à revelação de Deus, que é descrita no Antigo Testamento. Há, depois, um momento da História, em que o filho de Deus nasce e comunica

com o homem. É necessário perceber toda esta tradição para depois se dizer «sim, adiro a isto»”.

Este passo final, “concretizado no «Ámen», completa o compromisso do homem”.

A fórmula do Credo compreende quatro «Creio»: em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo, que são “entidades divinas”, e na Igreja, que é o espaço onde o cristão vive, onde
 

 

 



participa dos sacramentos”, onde a “a fé nasce e cresce”, ou seja, “onde a vida do homem acontece”.

“O caminho de santificação do homem é feito na Igreja”, assinala o padre António Vaz Pinto.

Ao longo do Ano da Fé, que se estende até novembro, o Papa pede que cada cristão aprofunde a sua fé, “e que a compreenda melhor, para que possa transmitir a outros esta Boa Nova e o Credo é uma boa nova”.

 

Realismo e esperança
nestes tempos que vivemos

D. António Marcelino

 

Um homem com grande experiência de uma vida com dificuldades, deixou dito de si próprio: “ Sei viver na abundância e na privação, na saúde e na doença, nos aplausos e nos apupos, porque eu sei em Quem acredito.” Foi Paulo, o Apóstolo, cuja história é conhecida. A sua palavra pode servir de estímulo a todos, cristãos ou não. A força capaz de dar sentido positivo à vida do dia a dia, está ao alcance de todos. Vai dentro de cada um. Só ela é determinante, em confronto com tudo aquilo que pode condicionar.

Está a começar um novo Ano. Os profetas que querem determinar o futuro do país e que não desligam do passado, falam sempre e só de desgraças. Agora, até de desgraças agravadas. A ninguém se pedem palavras de uma euforia barata nos momentos difíceis. Mas não se pode aceitar que haja quem apague as luzes da esperança, canonize dificuldades e dê largas às trevas.

As pessoas nascem com capacidade natural para andarem com os pés no chão e para olharem em frente e para o alto. O realismo e a esperança podem casar-se em qualquer tempo, para que um futuro humano se possa projetar, tendo em conta a memória, por vezes dolorosa, do passado vivido e a consciência esclarecida do presente. Porém, nem

 

 

 

passado, nem presente são eternos. São apenas tempo que paga o tributo ao tempo. Só o futuro que não tem horizonte que o limite, também não dá direito a alguém que ponha termo ao sonho que faz viver.

Li há dias, ao passar na rua, estampada num caixote do lixo, esta advertência bem atual, ainda que, no caso, publicitária: “ Se olhas sempre o mundo pela mesma janela, vês sempre o mesmo horizonte”. Não falta gente assim, que, quando tem púlpito e influência, polui a vida dos outros e os fecha a horizontes novos.

Em plena guerra mundial, Pio XII, incitava à esperança, dizendo que o maior de todos os males da sociedade é perder a esperança. E não hesitou em dizer aos cristãos desse tempo, que a falta de esperança era o maior pecado da humanidade. Sessenta anos depois, porque os tempos não melhoraram muito, Bento XVI não se cansa de insistir na mesma ideia.

Não se pode pensar em paz, em bem estar, em desenvolvimento social, em justiça, em colaboração mútua, em

 

diálogo conclusivo, se quem se deve comprometer na tarefa de o conseguir, estiver de asas cortadas e olhos vedados ao transcendente, de onde vem a luz e a força da esperança que não ilude. Os crentes, quando falam de esperança, orientam a sua fé para o reconhecimento de um Deus omnipotente, misericordioso e fidelíssimo às suas promessas. Daí esperam força para não desistir, para lutar, para se abrir à colaboração com todos os que procuram caminhos novos, para não ver apenas as dificuldades, mas também as oportunidades.

O povo simples, determinado a solucionar os seus problemas, ainda que graves, não perde a esperança. Conta com Deus e com os outros e dispõe-se a não se negar a nada que o leve conseguir os seus objetivos de vida. É, então, que mostra a sua força interior, a sua decisão em começar de novo. Respeitá-lo é, também, aprender dele. Uma observação objetiva do que se passa entre nós, vê multiplicado o número dos que falam

Continua na página seguinte

 

 
 
 
 
Quem governa esquece
que isolar-se
empobrece sempre mais
 

do povo e fazem dele número para as reivindicações sociais.  Muitos dos que têm garantido trabalho e salário interessa-lhes o povo para conquistar mais, em favor de interesses pessoais e de grupo, sem prestar atenção à vida dura, que foi sempre a vida do povo que merece tal nome.

Certamente ninguém pensará que esta reflexão pretende fechar os olhos à realidade do país e à ação dos governantes. Vêm-se cometendo erros com consequências graves e tomando decisões que a todos parecem menos certas. Talvez porque quem governa se esquece que isolar-se empobrece sempre mais.

Nunca é fácil governar quando as forças de oposição, pensam, acima de tudo, em conquistar o poder, e a gente que governa vê nos opositores apenas inimigos. Aqui, porém, os que pensam direito e se empenham em soluções válidas, têm o dever de congregar esforços e de inserir, no projeto nacional, um clima de esperança, que não fecha olhos à realidade, mas também a não deixa abafar por profecias de desgraça.
 

 


 

Missão Jubilar 

Diocese de Aveiro

 

Um vendaval chamado 2013

Luís Filipe Santos

Agência ECCLESIA

 

Alguém lhe chamou «mini encíclica» e, na verdade, a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz  é um autêntico manual de receitas para combater a crise que o mundo enfrenta. Um documento que, segundo Mário Soares, aponta “de forma direta e concisa” as raízes da crise atual: “capitalismo financeiro desregrado”, “mentalidade egoísta”.

Para a resolução de qualquer problema, a verificação das causas é o primeiro passo na descoberta de soluções. De forma clarividente, Bento XVI pede um “novo modelo de desenvolvimento e de economia”. No fundo, condena o modelo vigente que aumenta o fosso entre pobres e ricos. Uma lição magistral, baseada na Doutrina Social da Igreja, que os políticos portugueses deveriam colocar no topo das prioridades para governar a nação. 

 

O filósofo grego Aristóteles disse que «A comunidade politicamente mais perfeita é aquela em que a classe média está no poder e ultrapassa em número as duas outras». Será que, a forma de atuar dos governantes deste país já absorveu esta máxima? Receio que a designação «classe média» desapareça do léxico português. Com um Orçamento Estado (OE) pautado pelas regras do exterior e esfomeado, a realidade empresarial e familiar vai falecer lentamente. Os antibióticos não vão curar a doença, apenas colocar letras no epitáfio.


 


 

‘O grito’ (1893), Edvard Munch- Galeria Nacional, Oslo

 

Ao visualizar a pintura de Edvard Munch, o «Grito», acredito que muitos portugueses sintam a sua alma no croma e expressão daquele ser humano. Sentem que a estrada da vida que projetaram tem a cor do fogo. Esse incêndio dos impostos que, como disse o político John Garland Pollard (1871-1937), “é arte de depenar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas”.

O povo português tem uma devoção especial por São Sebastião, mártir

 

cristão do século III, mas não deseja o martírio de uma ‘troika’ que afoga a população e de um governo que lança setas sanguinárias. Errar é humano… No entanto, errar consecutivamente nas previsões deficitárias parece obra de ‘hackers’ de rosto tapado e que são incapazes de transmitir a verdade.

 

Em junho, os bispos portugueses, nas suas jornadas pastorais, vão refletir – com a ajuda de peritos na área – sobre «A organização da sociedade à luz da Doutrina Social da Igreja». Louvo esta iniciativa e acredito que nesses dias, de forma prudente e pragmática, a hierarquia da Igreja Católica seja capaz de dizer em uníssono: É preciso alterar os modos de atuar dos cidadãos e dos governantes.

 

Ainda faltam alguns meses – talvez seja tarde para muitas famílias que perderam a esperança do amanhã –, mas vale a pena esperar. Este ano, as rajadas de vento serão fortes e farão estragos nas células portuguesas, todavia acredito que vale a pena ser lusitano e não perder a esperança que o amanhã será melhor que a agonia do hoje.

 

 

Mapa negro dos conflitos mundiais

Bento XVI recebeu esta segunda-feira os representantes diplomáticos acreditados junto da Santa Sé, no tradicional encontro de ano novo, durante o qual passou em revista as principais situações de conflito e tensão a nível internacional, que aqui se elencam:

 

Médio Oriente
Síria

‘Penso, antes de mais nada, na Síria, dilacerada por contínuos massacres e palco de imensos sofrimentos para a população civil. Renovo o meu apelo para que se deponham as armas e possa, o mais rápido possível, prevalecer um diálogo construtivo para acabar com um conflito que, se perdurar, não conhecerá vencedores mas apenas derrotados, deixando em campo atrás de si apenas ruínas’.

 

Israel e Palestina

‘Que israelitas e palestinianos, com o apoio da comunidade internacional, se empenhem por 

 

chegar a uma convivência pacífica no contexto de dois Estados’.

 

Iraque

“O meu pensamento detém-se na amada população do Iraque, para lhe desejar que percorra o caminho da reconciliação a fim de chegar à ansiada estabilidade’.

 

África
Norte

‘É prioritária a cooperação de todos os componentes da sociedade, devendo ser garantida a cada um deles a plena cidadania, a liberdade de professar publicamente a sua religião e a possibilidade de contribuir para o bem comum’.

 

Nigéria

‘A Nigéria vê-se palco de atentados terroristas que ceifam vítimas, sobretudo entre os fiéis cristãos reunidos em oração, como se o ódio quisesse transformar templos de oração e de paz em centros de pavor e dissensão’.

 

Imagem de Hafez al-Assad, pai do presidente sírio Bashar al-Assad, encontrada junto de soldado morto  © Lusa

 
Mali

‘Também o Mali se vê dilacerado pela violência e sofre uma profunda crise institucional e social, que deve merecer um eficaz empenho da comunidade internacional’.

 

República Centro-Africana

‘Espero que as conversações anunciadas para os próximos dias tragam a estabilidade e poupem à população reviver as tribulações da guerra civil’.

 

República Democrática do Congo

‘No leste da República Democrática do Congo recrudesceram as violências,

 

forçando muitas pessoas a abandonar as suas casas, as próprias famílias e ambientes de vida’.

 
Europa

‘Se é uma preocupação o índice diferencial entre as taxas financeiras, deveriam suscitar indignação as crescentes diferenças entre poucos, cada vez mais ricos, e muitos, irremediavelmente pobres’.

 

América Latina

‘Construir a paz significa educar os indivíduos para combaterem a corrupção, a criminalidade, a produção e o tráfico da droga, bem como para evitar divisões e tensões’.

 

21.º Dia Mundial dos Doentes

 
 

 

 

 

 

«Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer» (Encíclica Spe salvi, 37)
 

Bento XVI convidou as comunidades católicas a “intensificar o serviço da caridade”, em particular junto dos doentes, evocando o exemplo de Madre Teresa de Calcutá (1910-1997). “A Beata Teresa de Calcutá começava sempre o seu dia encontrando Jesus na Eucaristia e depois saía pelas estradas com o rosário na mão para encontrar e servir o Senhor presente nos enfermos, especialmente naqueles que não são «queridos, nem amados, nem assistidos»”, refere o Papa, na sua mensagem para o 21.º Dia Mundial do Doente, divulgada pelo Vaticano.

A celebração, instituída por João Paulo II em 1992, é assinalada anualmente pela Igreja Católica a 11 de fevereiro, na festa litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, data que marca as aparições a Bernardette Soubirous, em 1858. LER MAIS
 

Bênção dos Doentes, Fátima, 13.05.2010
©Santuário de Fátima

 


 

Em defesa da vida

 
 
“Em vários países,
mesmo de tradição cristã, procurou-se
introduzir ou ampliar legislações que despenalizam o aborto"
Bento XVI
 

Bento XVI alertou no Vaticano para a necessidade de defender a “dignidade transcendente da pessoa”, condenando o aborto, eutanásia e as tentativas de redefinir o “momento da conceção”. “O aborto direto, ou seja, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral. Ao dizer isto, a Igreja Católica não pretende faltar de compreensão e benevolência nomeadamente para com a mãe; trata-se, antes, de velar para que a lei não altere, injustamente, o equilíbrio entre o igual direito à vida que possuem tanto a mãe como o filho”, disse, no encontro de ano novo com os representantes diplomáticos acreditados na Santa Sé.

O Papa reafirmou o compromisso da Igreja Católica no “respeito pela vida humana, em todas as suas fases” e disse ser “fonte de preocupação a recente sentença da Corte Interamericana dos Direitos do Homem relativa à fecundação ‘in vitro’, que redefine arbitrariamente o momento da conceção e debilita a defesa da vida”.

 

© Lusa

 

 

Banda sonora

 

 

 

 

O primeiro CD tem como hino a canção oficial da peregrinação da cruz da JMJ - "Nova Geração", do padre Zezinho, scj
 

A Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e editoras católicas do país prepararam três álbuns musicais para preparar a próxima Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer no Rio de Janeiro.

O primeiro CD, ‘No peito eu levo uma Cruz’, lançado pela Codimuc, inclui 13 músicas de autores católicos e o segundo inclui 11 hinos das edições anteriores da JMJ, traduzidas para português e com novos arranjos.

Além dos hinos, o segundo álbum da JMJ, ‘Jovens em Canção’, da Canção Nova, inclui faixas-bónus inéditas, ‘Ide ao mundo’ e ‘Novo amanhã’ -, inspiradas no tema da JMJ Rio-2013, ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ (Mt 28,19).

O terceiro inclui 13 músicas escolhidas após concurso lançado pela Codumic, através da internet (http://www.codimuc.com.br/cd3/) e tem título em inglês: ‘Jesus is the rock’ (Jesus é a rocha).

 

 


 

 

 

A Igreja assinala este domingo o 99.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. “Fé e esperança formam um binómio indivisível no coração de muitos migrantes, dado que neles existe o desejo de uma vida melhor, frequentemente unido ao intento de ultrapassar o ‘desespero’ de um futuro impossível de construir”, escreve Bento XVI na mensagem para a ocasião.

 

→ Faz esta sexta-feira 10 anos que George Ryan, governador do estado norte-americano do Illinois, comutou a pena de 167 condenados à morte. O castigo capital está previsto na legislação de quase 60 países, verificando-se a tendência para a sua abolição. Em 2011 houve “milhares” de execuções, segundo a Amnistia Internacional.

 

→  A semana abre sob a evocação do Beato Gonçalo de Amarante, que os católicos assinalam hoje. Nascido cerca do ano 1200 em Tagilde, Guimarães, peregrinou na Terra Santa e, ao regressar a Portugal, entregou-se à vida eremítica, para mais tarde ingressar nos Dominicanos.

 

→  Na quarta-feira os católicos recordam Santo Antão, o “pai” dos anacoretas, isto é, daqueles que vivem em solidão contemplativa. Veio ao mundo na segunda metade do século III, no Egito. Após distribuir a herança pelos pobres retirou-se para o deserto, onde inspirou numerosos discípulos e artistas, que retrataram as suas tentações.

 

 

Emigrar? Não é para nós!

 

 

 

 

Raquel e Miguel Mariano vivem em Macedo de Cavaleiros e têm um negócio próprio que nasceu de um sonho de voltar à terra natal. Emigrar não fez parte dos planos deste casal que valorizou a família como base da felicidade.

Raquel, natural de Angola, era professora, mas ficou desempregada. Casada com Miguel, natural de Lisboa, embarcou na aventura de ir e viverem na capital.

"No início não foi nada fácil, porque o Miguel tinha horários de trabalho muito diferentes e longos e só folgava à segunda-feira. Eu, sem grandes amigos em Lisboa, sentia-me um pouco perdida, quase como uma emigrante", confessa Raquel, de 45 anos, ao programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública portuguesa.

O Miguel tinha uma marisqueira, em conjunto com os pais, e o negócio corria bem até que, com a crise económica, começaram a aparecer algumas dificuldades.

 

 

A Raquel continuava desempregada e o casal questionou o futuro.

"Fui aliciado algumas vezes para ir para Angola e lá abrir uma marisqueira, uma vez que estava por dentro do ramo. Equacionei muito, não dormi muitas noites até dar uma resposta, foi difícil porque, por um lado estava o dinheiro que podia ganhar, por outro a família que deixava...", desabafa Miguel Mariano.

"Emigrar? Não era para nós... Acreditamos sempre e continuamos a acreditar que devíamos ficar junto dos nossos pais e foi aí que começou a ideia de voltar às origens", acrescenta Raquel.

Depois de estarem 4 anos a viver em Lisboa o casal Mariano voltou a pensar em Macedo de Cavaleiros, em Trás-os-Montes, a cidade natal dos pais de Miguel e de toda a vida de Raquel. Miguel convenceu ainda a que os pais os acompanhassem e pudessem também abrandar o ritmo de uma vida de trabalho.

"Pensámos em nós, no que poderia ser o nosso futuro como casal e vimos que em Trás-os-Montes, junto dos meus pais e sogros poderíamos ter outras oportunidades", dizia Raquel Mariano.

Os pais de Raquel necessitam de

 

 

 

cuidados e ter a filha por perto tornou-se um conforto. Neste momento o casal Mariano está há 9 meses na cidade de Macedo de Cavaleiros e têm uma marisqueira.

“De forma estratégica a marisqueira abre de quinta a domingo e lá trabalhamos naqueles dias. Os outros dias são passados a trabalhar na terra dos meus pais”, explicava Raquel.

Os dias, segundo dizem, ganharam qualidade de vida e sentem que têm mais tempo para estar e viver em casal. A emigração foi posta de lado e, com a família por perto, Raquel e Miguel, ganham uma nova força que os empurra para a felicidade.

“Sonhamos juntos e estamos felizes aqui! Pensamos mesmo num novo passo na nossa vida, ter um filho vai ser o culminar da felicidade!”, conclui Raquel.

 


 

Pelo direito a não emigrar

© Lusa

A Igreja Católica celebra este domingo o 99.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado, marcado este ano pela mensagem de Bento XVI, na qual o Papa defende a importância de reafirmar, no atual contexto sociopolítico, o direito a “não emigrar”, isto é, a ter condições para permanecer na “própria terra”. “Hoje vemos que muitas migrações são consequência da precariedade económica, da carência dos bens essenciais, de calamidades naturais, de guerras e desordens sociais”, escreve.

 

 

A mensagem, intitulada ‘Migrações: peregrinação de fé e de esperança’, dá destaque à questão da imigração ilegal que pode levar ao tráfico e exploração de pessoas, com maior risco para as mulheres e crianças.

“Uma gestão regulamentada dos fluxos migratórios – que não se reduza ao encerramento hermético das fronteiras – poderia pelo menos limitar o perigo de muitos migrantes acabarem vítimas dos referidos tráficos”, indica Bento XVI.

 

 

 

O Papa pede intervenções nos países de origem e “programas orgânicos dos fluxos de entrada legal” nos destinos migratórios, apelando a uma “maior disponibilidade para considerar os casos individuais que requerem intervenções de proteção humanitária bem como de asilo político”.

A mensagem destaca, por outro lado, a importância de promover uma visão positiva sobre as migrações e encorajar os que saem da sua terra a contribuir para o bem-estar dos países de chegada “com suas competências profissionais, o seu património sociocultural e também com o seu testemunho de fé”.

Bento XVI diz que a Igreja deve promover as intervenções de acolhimento que “favorecem e acompanham uma inserção integral dos migrantes, requerentes de asilo e refugiados”, evitando “o risco do mero assistencialismo”.

“Aqueles que emigram trazem consigo sentimentos de confiança e de esperança que animam e alentam a procura de melhores oportunidades de vida, mas eles não procuram apenas a melhoria da sua condição económica, social ou política”, precisa.

 

 

 

Os direitos, efeitos e dificuldades da nova emigração estarão em debate no próximo Encontro Nacional de Promotores Socio-Pastorais das Migrações. Promovido pela Obra Católica das Migrações, Agência Ecclesia e Cáritas Portuguesa, realiza-se nos dias 11 a 13 de janeiro, em Fátima, na Casa de Nossa Senhora do Carmo.
“Após tantos anos de reflexão sobre as problemáticas relacionadas com a imigração, somos agora impelidos a pensar nos desafios que se colocam a Portugal face à vaga fortíssima de emigração que atravessa o nosso país”, afirmam os responsáveis pela organização deste encontro. 

 

Quando emigrar é inevitável

 

“Nunca cresci a pensar que tinha de emigrar” mas essa escolha tornou-se inevitável porque “não há outra maneira de pensar”: é com estas palavras que Inês Lopes, recém-licenciada em enfermagem, assume a partida para a Irlanda, onde vai prestar cuidados na área da geriatria.

Aos 22 anos não tem perspetivas de emprego em Portugal e está convicta de que o envio de currículos “não vai dar em nada”, pelo que tomou uma decisão: “Tenho é que mexer-me e fazer pela vida”.

Alguns dos colegas que, como ela, terminaram a formação em julho, optam por “dar um ano de esperança a Portugal”, na expectativa que surja uma oportunidade de trabalho. A escolha desagrada a Inês Lopes, que não quer “ficar em casa a deprimir”.

A maioria dos colegas de curso preferiu ir para o exterior, especialmente Inglaterra, até porque no campo da enfermagem “é crucial continuar a colocar as competências em prática, para não as perder”.

 

 

 

Inês Lopes manifesta perplexidade pelo que considera um desperdício de recursos por parte do Estado.

“Dado que o nosso país aposta em nós e gasta muito dinheiro na nossa formação, não só com a escolaridade obrigatória mas também com os quatro anos de licenciatura, era de esperar que houvesse oportunidade para todos retribuírem ao país a aposta em nós. A verdade é que, aparentemente, passa-se o contrário: somos maltratados e parece que nos querem mandar embora, em vez de nos agarrarem”, observa.

Os outros países agradecem: “Diz-se que a formação dos enfermeiros portugueses é muito completa, que estamos mais preparados quando terminamos o curso e que temos um rol de competências muito maior do que as proporcionadas nos locais para onde vamos trabalhar”. “Se somos assim tão bons, por que é que o nosso país não nos aproveita?”, questiona, em declarações à ECCLESIA.

Diminuir o financiamento e manter o nível de serviço é uma equação impraticável: “O Governo quer cortar cada vez mais [na despesa pública] e

 

 

 

 

Somos maltratados
e parece que nos querem
mandar embora

 

 

 

 

quer que façamos o mesmo trabalho com a mesma qualidade e excelência com menos enfermeiros”, o que é impossível, “por maior que seja o esforço”.

É com “alguns medos, preocupações e inseguranças” que Inês olha para o país dos trevos, onde vai ter oportunidade de iniciar a carreira e alcançar “independência financeira e pessoal”.

Nos Escuteiros, que com o seu “companheirismo” e “entreajuda” contribuíram para escolher enfermagem, Inês Lopes habituou-se a conhecer outros povos e culturas mas sabia que o regresso era uma questão de dias. Quando chegar à Irlanda não sabe quando reencontrará Portugal.

 

 

Refugiados em Portugal precisam
de esperança

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Teresa Tito Morais é o rosto mais visível do Conselho Português para os Refugiados, constituído em 20 de setembro de 1991, que acompanha quem foge de perseguições motivadas por questões raciais, religiosas, étnicas, políticas e graves violações dos Direitos Humanos. Um trabalho ainda pouco visível em Portugal, mergulhado numa crise que pode retirar esperança a quem aqui procura um novo começo.

 

© (OC/Agência ECCLESIA)

 

 

 

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), dirigido pelo português António Guterres, havia em 31 de dezembro de 2011 mais de 26 milhões de deslocados internos em todo o mundo, enquanto o número de refugiados formalmente reconhecidos pela Convenção de Genebra de 1951 (pessoas que atravessaram fronteiras internacionais) era de 15,2 milhões.

Uma realidade que é acompanhada com particular atenção por Teresa Tito Morais, presidente da direção do Conselho Português para os Refugiados (CPR), uma organização que acolhe e apoia estas pessoas, para além de sensibilizar os governantes e uma opinião pública que não vive esta tragédia humana com a mesma intensidade que outras zonas do mundo.

As principais atividades do CPR dividem-se entre a sede, em Chelas (Lisboa), onde funciona o Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas, e o Centro de Acolhimento para Refugiados na Bobadela (Loures). Uma ação que se tem consolidado, ao longo dos anos, mas que é agora ameaçada pelas sombras da crise económica e social do país.

 

 

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) – Como carateriza o seu trabalho com esta população, que acompanha há mais de duas décadas?

Teresa Tito Morais (TTM) – É uma opção de vida, um posicionamento perante os novos desafios que se colocam a toda a humanidade. Fui ganhando, aos poucos, um interesse particular pela problemática das migrações e, muito particularmente, pelos dramas e vivências que estas pessoas trazem dentro delas, para as quais é preciso encontrar soluções. Sempre me considerei uma cidadã do mundo e o próprio facto de ter vivido na Suíça como refugiada levou a que estivesse mais aberta a estas questões. Por isso, quando regressei a Portugal, quis ajudar a criar uma cultura do refugiado, com condições para que as pessoas que vinham em busca de proteção internacional pudessem aqui viver com segurança, com liberdade e também com oportunidades. Foi assim que se proporcionou que tivesse levado esta instituição [CPR] para a frente.

 

 

AE – A situação destas pessoas é bem entendida pela sociedade portuguesa?

TTM – Ainda há um caminho muito grande a fazer, porque permanece uma certa confusão entre o imigrante económico e o refugiado: de uma maneira geral, o grande público não entende toda esta diferenciação e sensibilidade. Penso, no entanto, que houve um percurso importante junto

 

 

das autoridades competentes, dos parceiros.

Este não é, de facto, um problema simples, porque temos

na imigração pessoas com necessidades muito particulares e questões que - não estando diretamente ligadas à definição do que é um refugiado - as impedem de regressar livremente ao país de origem.

 

(Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas – OC/Agência ECCLESIA)

 


 

Os refugiados estão numa situação extrema, porque não foi uma decisão pensada, foram forçados a fugir do país. Essas condicionantes determinam uma situação muito traumatizante, emocionalmente, porque eles vêm com medo, com muita insegurança, e depois esse medo permanece nos primeiros tempos em que estão num país de acolhimento. São pessoas extremamente vulneráveis e precisam de uma atenção especial, não podem ser tratados como elementos estatísticos.

 

AE – Como avalia a ação da União Europeia neste campo?

TTM – A Europa é um continente que recebe menos pedidos de asilo do que outros (cerca de 400 mil no último ano) e fechou-se bastante ao acolhimento dos refugiados, por causa dos seus próprios mecanismos internos, que não favorecem uma integração plena. Refiro-me particularmente a situações que se vivem na Grécia ou na Itália, onde há pressões migratórias muito fortes.

Por outro lado, os problemas económicos e financeiros que se

 
Há um descontentamento generalizado que não podemos ignorar

 

vivem atualmente não criam um terreno favorável a receber refugiados. Eles também não se sentem satisfeitos e eu sou testemunha de que os refugiados em Portugal não estão satisfeitos, há um descontentamento generalizado que não podemos ignorar.

 

AE – A crise económica no país pode agravar essa situação?

TTM – Pode e agrava, porque a maior felicidade para um refugiado é tornar-se independente. Ao contrário do que a opinião pública muitas vezes pode pensar, os refugiados não pretendem ser apoiados indefinidamente e viver à custa do país que lhes deu asilo. Eles pretendem é ter condições para que possam exercer as competências que trazem ou adquiriram, oportunidades válidas de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento do país que os acolheu.

 

 

AE – O arrastar da indefinição do futuro dos refugiados é uma dificuldade acrescida para quem trabalha com eles em Portugal?

TTM – Sem dúvida. Nós, de facto, estamos a adaptar-nos a uma nova realidade, porque os centros devem ser transitórios, não um local onde as pessoas vivam anos e anos a fio. O Centro é uma primeira etapa, uma fase que prepara a pessoa para a sua integração na vida ativa, no mercado de trabalho, na escola, para que se torne autossuficiente. Tem de haver uma parceria muito próxima e consequente com outras entidades que estão envolvidas no processo de asilo para que esta tramitação se faça de forma harmoniosa e válida.

No final de 2011 começou a desenhar-se um grande fosso entre as estruturas que acompanhavam os refugiados, particularmente a Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e o CPR, que se viu confrontado com as pessoas que já cá estavam há mais tempo e com novas entradas.

 

 

A partir de dezembro de 2012, começou-se a colaborar com estas instituições e a experimentar novos caminhos para a integração dos requerentes de asilo com autorização de residência provisória, que passam por uma descentralização, noutros pontos do país onde possa haver mais oportunidades de trabalho. É uma experiência, acredito que não seja má: Lisboa e seus arredores, também o Porto, estão muito saturados com uma população à procura de trabalho. Talvez esta descentralização possa ser benéfica, embora haja um trabalho a fazer junto de distritos que não conhecem nada da problemática e vão acolher os refugiados como imigrantes. Há um trabalho de formação muito estimulante para a nossa organização, que vai poder levar a outros pontos do país a nossa mensagem, o nosso conhecimento.

Eu diria, no entanto, que esta nova solução de descentralização deve ser acompanhada por uma vontade muito grande de ouvir o requerente de asilo e de respeitar as suas aspirações.

 

 

Centro de Acolhimento para Crianças Refugiadas – CPR

 

AE – O que seria necessário para que Portugal pudesse acolher mais refugiados, dado que o número continua a ser modesto?

TTM – Em 2012 não chegamos aos 300 refugiados e não foi preenchida a quota de reinstalação (30 pessoas), portanto continuamos ainda a ser um país com poucos refugiados. Isso não tem a ver só com infraestruturas: nós temos um problema grave de sustentabilidade da Segurança Social e temos também outros atores que estão diretamente relacionados com os Centros de Emprego e de formação que não funcionam da melhor maneira. Depois, a nível da saúde há 

 

refugiados com necessidades médicas especiais e as taxas moderadores continuam a ser muito elevadas.

Numa perspetiva interministerial, há questões que têm de ser melhor conduzidas de maneira a proporcionar maior envolvimento das estruturas administrativas numa primeira fase, eu diria no primeiro ano, em que estas pessoas chegam e se querem integrar no nosso país.

Os portugueses, por outro lado, são extremamente generosos, têm um coração aberto. Embora tenha começado a entrevista por dizer que me considero uma cidadã do mundo, tenho um grande orgulho em ser portuguesa.

 

Guia para um final feliz

A vida tranquila de Pat acabou no dia em que descobriu que a mulher o traía. O estado de infelicidade e depressão leva-o a interromper a carreira de professor e ao internamento numa clínica psiquiátrica.

Oito meses passados, instala-se em casa dos pais, ainda pouco convictos da sua total recuperação. No entanto,

 

 

 

 

Pat, que continua a ser acompanhado por um especialista que lhe diagnostica bipolaridade e o sujeita a forte medicação, está plenamente convicto de que o exercício físico e uma atitude positiva para com a vida serão os melhores meios para enfrentar os seus problemas.

Ao conhecer Tiffany, uma mulher atraente que sofreu igualmente de depressão após a morte do marido e leva agora uma vida bastante desorganizada, a afinidade entre os dois, que começa pela entusiástica partilha de nomes de ansiolíticos e antidepressivos, torna-se cada vez

mais abrangente e clara.

Reconstruir duas vidas

amachucadas não será fácil, mas Pat não desiste das suas premissas positivas na forma como encara a vida e esta nova relação...

Construir de forma consistente uma obra que se debruce sobre um dos maiores e mais comuns problemas que afligem a nossa sociedade - a capacidade de lidar com a perda, a

 

 

ausência e a frustração – está longe de ser uma tarefa fácil. Mas foi a que assumiu o realizador David O. Russell ao propor-se simultaneamente retratar, convidar à reflexão e divertir os espetadores com a adaptação do romance “Silver Linings Playbook” de Matthew Quick (2008) ao cinema.

Num estilo ágil e mais descontraído do que profundo, “Guia para um Final Feliz”, cujo título adotado em português perverte pela fraca acuidade o original – transformando uma simples sugestão de otimismo para com o inesperado num pretenso ‘livro de instruções para uma felicidade garantida’ -, é uma simpática abordagem à forma como lidamos com os nossos problemas. Do ímpeto de evasão à procura dos paliativos mais imediatos, do

 

 

desmoronamento à reconstrução da relação a dois, da dúvida e do pessimismo à convicção e à esperança em melhores dias, tudo começando no princípio de que é de dentro de nós que parte a solução, eis um

filme que de forma suave é capaz de tocar questões importantes que fazem parte do nosso dia-a-dia – questões nossas ou dos que nos rodeiam.

No início da ronda anual de premiações americanas, “Guia para um Final Feliz” consta já de uma longa lista de galardões, incluindo a nomeação aos Golden Globes nas categorias de Melhor Filme, Melhor Argumento e Melhor Ator e Atriz principais (Bradley Cooper e Jennifer Lawrence).

 

Margarida Ataíde

 

 

Óscares da internet em 2012

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

photoseed.com

 

 

Virada a página de mais um ano, propomos esta semana um olhar ao que de melhor se produziu em 2012 na grande rede mundial. Como tal, vamo-nos basear nos “óscares da internet”, os “webby awards” (http://www.webbyawards.com). São os prémios anuais entregues pela Academia Internacional de Arte Digital e Ciência para o que de melhor se produz para a internet (sítios da internet, publicidade interativa, vídeos online e conteúdos para dispositivos móveis). Naturalmente que neste espaço iremos somente olhar para algumas propostas que foram considerados os melhores sítios da internet do ano passado, nas diferentes categorias.

Ativismo: http://www.counterspill.org - um sítio que promove a sensibilização sobre o impacto dos desastres produzidos no planeta pelas energias não renováveis.

Arte – http://photoseed.com - representa um registo on-line de fotografia com objetivos simples: beleza, verdade e diversão para todos os que visitam.

Celebridades / fãs: http://www.omusicawards.com – sítio da responsabilidade da MTV dedicado inteiramente à promoção e divulgação dos prémios “O Music Awards”.

 

 


Instituições culturais: 

http://rememberme.ushmm.org – página do museu memorial do holocausto dos Estados Unidos.

Educação: www.khanacademy.org - A academia Khan é uma organização em missão. Com o objetivo de mudar a educação para melhor, proporcionando uma educação de classe mundial, livre para qualquer um e em qualquer lugar.

Família: www.babycenter.com – é “a voz das mães do século XXI”, uma página com mais de 50 milhões de visitas anuais, inteiramente dedicada à família.

Página de entrada: 

www.visitnorway.com/360/geiranger/ -
 

 

página turística de promoção da Noruega.

Melhor sítio ao nível da navegação e grafismo: www.beetle.com – sítio comercial do automóvel Volkswagen Beetle.

Somente a título de curiosidade, sabe quais foram os termos mais pesquisados no Google em Portugal no ano de 2012? Aqui vai por ordem decrescente: Euro2012, Casa dos segredos, Pingo Doce, Rock In Rio, Ídolos, Avenida Brasil, Sara Norte, Whitney Houston, Jogos Olímpicos 2012 e Luciana Abreu.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

 Deus, Dinheiro e Consciência

Nós, o monge e gestor, já conversamos há muito um com o outro. Uma palestra constituiu o ponto de partida para este diálogo. Estávamos sentados frente a frente e as questões que nos colocámos eram: Os valores da economia ainda contam hoje em dia? Quanto de um homem é que está dentro de um monge? O que é que um gestor tem de tomar em consideração? Que importância damos ao dinheiro e ao lucro?

  Na altura, não pudemos desenvolver mais este tema, mas tivemos a oportunidade de trocar algumas ideias desde então.

Por um lado, temos Anselm Grün, monge beneditino da Abadia de Münsterschwarzach situada perto de Würzburg, autor de inúmeros livros sobre a espiritualidade e livros de ajuda pessoal. Homem espiritual, que enquanto administrador do mosteiro é responsável pelo desenvolvimento económico e pelas finanças duma comunidade de 300 monges e funcionários, à qual pertencem 20 oficinas artesanais e muitos hectares de terra cultivável.

 

Do outro lado, encontra-se Jochen Zeitz, um homem cosmopolita e desde há 17 anos diretor da Puma, uma empresa de artigos desportivos cotada na bolsa, cuja sede se situa em Herzogenaurauch, em terras do estado franco. A marca desportiva Puma tem representação a nível internacional, com mais de 9000 trabalhadores diretamente na empresa e dá emprego a mais de 150 000, apenas nas suas fábricas.

Temos consciência de que as missões e os objetivos das nossas organizações são muito divergentes. Mas queremos proteger o ambiente, melhorar a sociedade, e ter um efeito sustentável, não só nas nossas “empresas”, mas também para além delas. Enquanto gestores temos de aprender a gerir sem prejudicar o homem e o ambiente. Enquanto pessoas espirituais, procuramos caminhos para nós próprios e para uma comunidade melhor, sem perder de vista a perspetiva de uma boa gestão.

Queremos alcançar sobretudo um objetivo: o de melhorar o meio que nos rodeia.

 

 

Dois líderes extraordinários vindos de mundos completamente diferentes – o da clausura e o da gestão de topo – encontram-se para uma conversa. São eles:

• O padre Anselm Grün – um sacerdote conhecido internacionalmente, responsável pela administração financeira da Abadia beneditina de Münsterschwarzach, na Alemanha

• Jochen Zeitz – o mais jovem diretor do Conselho de Administração duma empresa alemã cotada em bolsa. Há mais de 17 anos que dirige os destinos da Puma – empresa de artigos de desporto

O monge beneditino e o alto executivo conversam sobre temas fundamentais do nosso mundo, que são sempre atuais e dizem respeito a todos nós: o êxito e a responsabilidade, a economia e o bem-estar, a cultura e os valores. Falam sobre Deus, dinheiro e consciência. Ambos têm uma visão conjunta para um mundo melhor. E ambos estão a caminho de concretizar esta visão!

Deus, Dinheiro e Consciência é um livro estimulante, que mostra não só a perspetiva pessoal e as experiências do monge e do gestor, mas incita também a criarmos um mundo melhor, no qual valha a pena viver.

 

 

Diálogo entre um monge e um gestor

(Editora - Paulinas)

 

 

«O que mais importa é manter, num tempo e num espaço de desânimo, quando não de desespero, acesa a esperança e firme a determinação de acreditar num mundo melhor.»
Marcelo Rebelo de Sousa, prefácio

 

 

50 anos da Fraternidade Verbum Dei


Jaime Bonet e João Paulo II

 

 

 

 

www.verbumdei.org

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Verbum Dei foi fundada em 17 de janeiro de 1963 por Jaime Bonet, nascido em 1926, mas é necessário retroceder a 1940 para entender a sua origem.

Foi então, que o jovem Jaime Bonet, numa oração simples e pessoal, descobre a existência de Deus e se sentiu chamado a anunciar o seu amor a todas as pessoas.

Nos anos anteriores à sua ordenação, o jovem Jaime dedicou-se à oração e pregação da Palavra de Deus a todo o tipo de pessoas, desde os ciganos dos bairros periféricos de Palma até aos seus companheiros do Colégio Maior onde estudou Teologia. Depois de ordenado e através de exercícios espirituais e dos Encontros, deu origem a um movimento apostólico em Maiorca.

Neste intenso ambiente apostólico, o padre Jaime deu origem a várias escolas de evangelização, onde grupos de leigos, jovens e adultos, recebiam formação para anunciar a Palavra de Deus. Muitos grupos de leigos destas escolas, ofereciam-se para anunciar o Evangelho, acompanhando o anúncio de um vivo testemunho evangélico e espírito de oração.

Em 1963, um grupo de raparigas pertencentes às escolas de evangelização, pediram ao padre Jaime a possibilidade de se consagrarem por completo ao estilo de vida evangelizador

 

 

que este suscitava com a sua pregação: dedicação ao anúncio do Evangelho através da oração e do ministério da Palavra.

Este primeiro grupo de raparigas vivia em comunidade, com o nome de "Missionárias Diocesanas da Palavra de Deus". Em 17 de janeiro de 1963, quando o Concílio Vaticano II ainda estava no seu início, receberam a aprovação de D. Enciso Viana: nascia a Verbum Dei.

O arcebispo de Madrid, cardeal Angel Suqía, aprovou a 25 de janeiro de 1993 os ramos de missionárias e missionárias como Institutos Religiosos. Pouco tempo depois, a 29 de maio de 1993, era aprovado o

 

estatuto de associação pública de fiéis ‘Casais e outros leigos missionários Verbum Dei’ e a 30 de maio foi aprovado o estatuto de Federação da Fraternidade Eclesial Verbum Dei.

O fundador solicitou à Santa Sé uma aprovação com um estatuto que reunisse os três ramos da Fraternidade numa mesma e única estrutura de vida consagrada. O Papa João Paulo II deu o seu consentimento para que se declarasse a Fraternidade Missionária Verbum Dei como uma única fraternidade de Vida Consagrada e assim foi ratificada pela Santa Sé com decreto de aprovação pontifícia de 15 de abril de 2000.

 

D. Serafim Ferreira e Silva
defende um novo concílio

 

 O bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, assume-se como defensor de um “novo concílio” nos próximos tempos e deseja também que “haja uma renovação permanente da Igreja que é a mesma, mas que tem de se contextualizar no espaço e no tempo”.

A mensagem que o II Concílio do Vaticano trouxe ao mundo e à Igreja “não está esgotada” porque “ultrapassa o tempo para fora do tempo”, mas aconselha a uma “renovação, visto que há culturas diferentes”, sublinhou.

Ordenado sacerdote em julho de 1954, D. Serafim Ferreira e Silva estudou também em Roma (Itália) e acompanhou “todo o percurso do pré-concílio, durante o concílio e pós-concílio” e acrescenta que até escreveu “alguns artigos” e “um livro” sobre este acontecimento da Igreja.

Ao recordar estes tempos e os “50 anos desta caminhada” - o prelado – nascido em junho de 1930 e natural da Diocese do Porto (Maia) – realça que pede “a Deus que haja – não apressadamente, mas sem demora – um novo concílio”. No entanto, acrescenta o bispo emérito de Leiria-Fátima, o espírito conciliar deve “permanecer e desenvolver”.

No início do II Concílio do Vaticano (outubro de 1962), Portugal vivia numa “ditadura”, “com falta de liberdade”, “muita censura” e com “grande

 

 

atividade da Polícia chamada PIDE”, disse à Agência ECCLESIA.

Quando se deu a abertura do II Concílio do Vaticano (11 de outubro de 1962), o bispo emérito estava em Portugal, mas foi a Roma – onde se encontrava o então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes –, tendo “a honra de entrar na aula conciliar”. E adianta que viveu “intensamente” este acontecimento convocado pelo Papa João XXIII.

No diálogo que teve com D. António Ferreira Gomes (na altura exilado em Espanha), D. Serafim Ferreira e Silva

 


Diálogo

O Concílio Vaticano II, iluminado pe­la encíclica programática de Paulo VI ‘Ecclesiam suam’ (1964), foi o concílio do diálogo, destacando-se, de entre os seus documentos a constituição ‘Gaudium et Spes’ (diálogo Igreja/mundo), o decreto ‘Ad gentes’ (missões) e as declarações ‘Unitatis redintegratio’ (ecumenismo) e ‘Nostra aetate’ (diálogo inter-religioso).

(Cf. Enciclopédia Católica Popular )

 

 

recorda os “diálogos e as notícias dadas” pelo bispo do Porto.

O prelado – recebeu a ordenação episcopal em 1979, na Basílica do Sameiro (Braga) – confidenciou à Agência ECCLESIA que lhe apresentou “alguns votos” e ele foi “cumpridor” dos seus desejos, mas “era umaunidade no meio de uma pluralidade”.

D. Sebastião Soares de Resende (bispo da Beira - Moçambique) e D. António Ferreira Gomes (bispo do Porto, mas exilado) foram os bispos portugueses que tiveram intervenções na primeira sessão do II Concílio do Vaticano que “marcaram a palavra pelo magistério”.

D. Serafim Ferreira e Silva sublinha que o “mais fácil de fazer foi colocar em prática as alterações litúrgicas” e “as alterações canónicas”. Ao nível das dificuldades, o prelado cita a “adaptação bíblica da «Verbum Dei», uma constituição que mantém toda a atualidade”, enquanto outros textos “envelheceram”.

Para o prelado, “a «Gaudium et Spes», o documento sobre as comunicações sociais e a «Sacrosanctum Concilium» precisam de ser novamente reescritos”, visto que “o mundo se alterou muito”.

Textos do Concílio Vaticano II

 

Janeiro 2013

 
Dia 12

* Coimbra - Igreja de São José (21h30m) - Concerto com o Coro Sinfónico Inês de Castro.  
* Vaticano - Visita do Príncipe Alberto e sua esposa (Charlene) a Bento XVI.
* Fátima - Encontro nacional da família salesiana.
* Lisboa - Museu Nacional do Azulejo
* Lisboa - Mosteiro de Santa Maria (Monjas Dominicanas) - Conferência «O tempo e os tempos da vida. Falar da Fé a partir de nós» por Fr. Mateus Peres. 
* Fátima - Acção de formação sobre «Cooperação para o desenvolvimento» promovida pela Fundação Fé e Cooperação (FEC) (12 e 13)
* Algarve - Centro Pastoral de Ferragudo - Jornadas de Pastoral Litúrgica.  (12 e 13)
* Lisboa - Turcifal (Centro Diocesano de Espiritualidade) -Curso geral de catequistas promovido pelo setor da catequese do Patriarcado de Lisboa. (12 a 26)

 

 

 

* Lisboa - Paróquia de Santa Maria e São Miguel de Sintra - Curso geral de catequistas promovido pelo setor da catequese do Patriarcado de Lisboa. (12 a 26)

 

Dia 13

Dia Mundial do Migrante e Refugiado  e Mensagem de Bento XVI
* Lisboa - Escola Superior de Enfermagem São Vicente Paulo - Encontro sobre «A Fé comunicada em alegria» pelo padre Vítor Melícias.  
* Fátima - Basílica de Nossa Senhora do Rosário (16 horas) - Conferência sobre «Testemunhar a fidelidade de Deus: onde a confiança vacila» pelo padre Tony Neves, provincial da Congregação do Espírito Santo. 
* Viana do Castelo - Geraz do Lima - Bênção/inauguração dos novos vitrais colocados na igreja paroquial de Santa Leocádia para assinalar o milenário da fundação da Paróquia de Santa Leocádia.

 


 

 

Dia 14

* Lisboa - Palácio de Belém - Encerramento (início a 14 de dezembro) da exposição de Natal «E um Filho nos foi dado» consagrada aos tesouros artísticos do Baixo Alentejo
* Aveiro - Conselho Episcopal.
* Fátima - Reunião da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e Pastoral Social.
* Lisboa - Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa (21h30m) - Sessão sobre «Como se acredita?» do ciclo «Em que crê quem crê» promovido pela Paróquia de Santa Isabel.  

*Fátima - Encontro da Associação de Reitores de Santuários de Portugal (14 e 15)

* Coimbra - Seminário (Salão de São Tomás) - Semana de formação para o clero sobre «A Nova Evangelização nas Paróquias» orientado pelo bispo de Toulon-Fréjus (França), D. Dominique Rey. (14 a 17)
* Açores - Núcleo de Santa Bárbara do Museu Carlos Machado - Curso «Artes Decorativas e o Sagrado em Portugal» promovido pelo Secretariado da Pastoral da Cultura da Diocese de Angra.  (14 a 18)

 
Dia 15

* Comemoração do Dia da CNIS.
* Porto - Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto - Encerramento da exposição do escultor José Rodrigues «Para um altar».  
* Aveiro - Travassô - Festejos dos Santos Mártires de Marrocos que terá como pregador o padre João Lourenço, diretor da Faculdade de Teologia da UCP.  (15 e 16)

 

Dia 16

* Guarda - Seminário Maior - Assembleia geral do Instituto «Comunhão e Partilha» e  assembleia geral da Fundação Nun´Álvares com a presença de D. Manuel Felício.
* Lisboa - UCP (Sala de Exposições da Biblioteca João Paulo II) - Workshop sobre «O Problema do Facto Religioso no Mundo Antigo» promovido pelo Centro de Estudos de História Religiosa. (16 e 17)

 

 

 

Ecclesia nos media

 

 


 
RTP2 - 09h30

Domingo, dia 13 - Emigrar ou não emigrar? Uma opção com diferentes respostas.

 

RTP2, 18h00
Segunda-feira, dia 14 - Entrevista ao padre Rui Pedro: Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.
Terça-feira, dia 15 - Informação e rubrica sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II com o padre António Vaz Pinto
Quarta-feira, dia 16 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja com José Cordeiro

Quinta-feira, dia 17 - Informação e rubrica sobre História da Igreja com D. Manuel Clemente

Sexta-feira, dia 18 - Apresentação da liturgia dominical com cónego António Rego e padre Vitor Gonçalves

 

Antena 1

Domingo, 06h00 - Dia do Migrante e Refugiado

Segunda a sexta-feira, 22h45 - Experiências de ecumenismo em Taizé.

 

Outros

RTP, Domingo, 10:00 - Transmissão da missa

TVI, Domingo, 11:00 - Transmissão da missa

RR, Domingo, 10:00 - "Dia do Senhor"; 11H00 -  Transmissão da missa;  23H30 - Ventos e Marés; segunda a sexta, 18h30 - Terço

 

Missão de reconciliar

O refugiado é quase sempre alguém derrotado. Pelo menos provisoriamente. Não está onde quer. Não escolheu aquele local para viver, aqueles vizinhos, a restrição de liberdade.

A Fundação AIS tem também como missão ajudar os refugiados.É assim desde o princípio. Mais do que ajudar, a Obra sonhada pelo padre Werenfried van Straaten procura reconciliar. Foi assim que tudo começou quando o padre Werenfried pediu ajuda para salvar milhões de alemães no final da II Guerra Mundial, que não tinham nada para comer, vestir ou onde abrigar-se. Já não eram mais os inimigos de ontem: eram

 

farrapos humanos que viviam uma tragédia.

Começou assim a lenda do padre Toucinho. É esse o legado da Fundação AIS nos dias de hoje. A cada 5 minutos um cristão é assassinado por causa da sua fé. "O direito à liberdade religiosa fundamenta-se na própria dignidade da pessoa humana", sublinhava Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz. Sem reconciliação, não há paz. Sem paz haverá sempre uma multidão de escorraçados que vagueiam pelo mundo, sem casa, sem pátria, sem futuro. Com medo.

Departamento de Informação
Fundação AIS
(info@fundacao-ais.pt www.fundacao-ais.pt)


Padre Werenfried com refugiados na Faixa de Gaza (AIS)

 

Ano C – Festa do Batismo do Senhor

 

 

A cena do Batismo de Jesus, nesta Festa do Batismo do Senhor que encerra o tempo de Natal, revela essencialmente que Jesus é o Filho de Deus, enviado pelo Pai ao mundo a fim de cumprir um projeto de libertação em favor dos homens. Jesus obedece ao Pai e cumpre o seu plano salvador, vem ao encontro dos homens, solidariza-se com eles, assume as suas fragilidades, caminha com eles, refaz a comunhão entre Deus e os homens que o pecado havia interrompido e conduz os homens ao encontro da vida em plenitude. Da atividade de Jesus, só poderá resultar uma nova criação, uma nova humanidade.

«Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele», eis uma densa descrição da vida e missão de Cristo na segunda leitura.

«Hoje, Cristo é iluminado: entremos também nós no esplendor da sua luz. Hoje, Cristo é batizado: desçamos com Ele à água, para podermos subir com Ele à glória». Estas são palavras interpeladoras de São Gregório de Nazianzo no ofício de leitura de hoje, convidando-nos a entrar na vida em Cristo, que “passou pelo mundo fazendo o bem”, na bela definição dos Atos dos Apóstolos, e a testemunhar o seu amor nos quotidianos da nossa existência, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

 

 

 

 

Celebramos esta Festa em contexto do Ano da Fé. Logo a abrir a Carta Apostólica orientadora para este ano, Bento XVI diz que atravessar a Porta da Fé, sempre aberta para nós, implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. E salienta que esse caminho tem início com o Batismo, que introduz na vida de comunhão com Deus e nos permite a entrada na sua Igreja.

Retomemos palavras do Evangelho: «O céu abriu-se… O Espírito Santo desceu sobre Jesus… Do céu fez-se ouvir uma voz: Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha

complacência». O que aconteceu em Jesus deve acontecer em cada um de nós. Batizados em Cristo e enxertados no Espírito Santo, escutamos a mesma voz do Pai: «Tu és o meu filho amado, tu és a minha filha amada! Eu estou contigo, em ti pus toda a minha ternura!» Esta voz fala-nos sempre: recorda-nos a nossa dignidade de filhos e filhas de Deus. Iluminados em Cristo, sejamos luz, ternura, bondade e misericórdia para quem vamos encontrando nos

 

 


Batismo de Cristo (1181), altar de Verdum - Abadia de Klosterneuburg, Áustria

 

 

 

 

 

 

caminhos da vida. E que sejam caminhos de fé, sempre no amor de Deus derramado nos nossos corações.

Manuel Barbosa

www.dehonianos.org

 

2013 em perspetiva

 

João Wengorovius Meneses

 

Se no século XX se desvaneceu a utopia socialista, no século XXI desvanecer-se-á a utopia liberal. Infelizmente, as desventuras de um sistema financeiro mal regulado que, em 2008, estiveram na génese da atual crise económica e social, constituíram mais uma trágica demonstração dos perigos de deixar a condição humana entregue a si própria. Ou seja, se, por um lado, o projeto de sociedade coletivista e de “Estado máximo” se revelou “anti natura” e cerceador do talento, da criatividade e da iniciativa, por outro, o projeto liberal de “Estado mínimo”, libertário e individualista, revela-se produtor de desigualdades e desequilíbrios humanos, sociais, económicos e ambientais injustos e insustentáveis.

Se os seres humanos fossem anjos, certamente ambos os modelos de sociedade seriam viáveis. Porém, como não são, só nos resta como solução uma verdadeira social-democracia, assente simultaneamente no papel do Estado, na iniciativa empresarial de mercado, na sociedade civil auto-organizada, e na ética individual – domínio no qual a Igreja tem um papel decisivo. Aliás, a evolução dos últimos séculos, desde logo ao nível dos direitos humanos e sociais, dificilmente encontrará noutro modelo de organização política melhor defesa e continuidade.  Vem isto a propósito do atual Governo português, de perfil dogmático e

 

© Lusa

liberal, e das perspetivas para 2013. Se, por um lado, é fundamental assegurar o equilíbrio das contas públicas, o acesso ao crédito, um Estado mais eficiente, e que o investimento público é inteligente e multiplicador da riqueza, por outro, a intenção anunciada, desde o início da legislatura, de “ir além da troika” arrisca tornar-se numa fatalidade para o país. Portugal (e as próprias metas estabelecidas pela troika) dificilmente resistirá à asfixia da classe média e do investimento, ao êxodo massivo de talento para o estrangeiro e à deterioração acentuada do Estado-providência. É verdade que, historicamente, o país sempre se debateu com a questão da sua viabilidade. Mas, em particular neste momento, seria necessário um primeiro-ministro com outro tipo

 

de espessura, que percebesse a importância da esperança, do crescimento económico, dos consensos políticos, de se renegociar com a troika e, sobretudo, sempre disponível para se adaptar a novas circunstâncias e para aprender com os erros. O que nos vale é que, no meio (e à margem) da atuação do governo, há exemplos, cada vez mais globais e eloquentes, de portugueses empreendedores de sucesso, de novas iniciativas de participação cívica, e de modos de vida alternativos. Apesar de silenciosos, é nestes exemplos que reside o futuro do país. Por isso, o meu conselho para 2013 é que os procuremos com atenção – porque, como disse recentemente Bento XVI, «se cai uma árvore, faz muito ruído, mas se mil flores se abrem, acontece no maior dos silêncios.»

 

2013 – Um ano para os cidadãos

 

Luiz Sá Pessoa

Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal (interino)

 

A União Europeia (UE) designou o ano de 2013 como o Ano Europeu dos Cidadãos. Os cerca de 500 milhões de cidadãos dos 27 Estados membros que compõem a UE merecem-no por completo. O Prémio Nobel da Paz atribuído à União Europeia é-lhes também dedicado.

Os cidadãos estiveram desde sempre no cerne do projeto europeu. Foi em seu nome que o projeto europeu nasceu e tem sido para eles que UE tem trabalhado ao longo destes 60 anos. O ano de 2013 é  assim uma excelente ocasião para lembrarmos as conquistas e os desafios superados pelos europeus, mas também é uma oportunidade para ouvirmos as suas preocupações e angústias. Isto é especialmente importante e relevante no atual contexto de crise económica e de alguma descrença no projeto europeu. O Ano Europeu vai  promover em todos os 27 Estados-membros um debate com os cidadãos sobre como deve ser a futura União Europeia e as reformas necessárias para melhorar o seu dia a dia.
As instituições europeias não querem, nem podem estar encerradas numa torre de marfim. Queremos estar no terreno para dar voz à voz dos cidadãos. Mas para que possamos ouvir, para que possamos escutar e registar, os cidadãos têm de ser ativos, têm de se envolver na discussão e no debate dos temas europeus.

 

 

Têm de ser exigentes. Têm que se expressar e participar ativamente nas eleições para o Parlamento Europeu (as próximas serão em 2014), porque são os deputados que elegerem que vão defender os seus interesses. 

Todos somos cidadãos não só do nosso próprio país, mas também da União Europeia. Além dos direitos de que gozamos no nosso país de origem, temos outros direitos, garantidos pelos tratados da UE e pela Carta dos Direitos Fundamentais da UE. Vinte anos depois da consagração da cidadania europeia no Tratado de Maastricht, a UE quer reforçar estes mesmos direitos. 2013 será assim um ano para proporcionar aos cidadãos um melhor conhecimento dos seus direitos de forma a levar a que estes os possam exercer e reivindicar na plenitude.  Os cidadãos conquistaram a liberdade de circulação: podem estudar, trabalhar, viver ou reformarem-se num outro Estado membro da UE. Viram os seus diplomas académicos e profissionais reconhecidos, têm acesso a um cartão europeu de seguro de doença, têm compras facilitadas pela internet com os seus direitos de consumidores assegurados, 

 

têm preços de roaming mais baixos, têm os seus direitos reforçados enquanto eventuais arguidos em processos crimes. Têm acesso a um conjunto de redes de informação que lhes podem informar sobre todos os seus direitos. Mas haverá certamente mais a fazer.

A consagração de 2013 como Ano Europeu dos Cidadãos é assim a ocasião para, em conjunto, definirmos outros projetos e outras medidas. Como tem referido a Vice-Presidente Viviane Reding Comissária da UE responsável pela Justiça e pela Cidadania, "é chegada a altura de refletirmos sobre onde nos encontramos e sobre o que o futuro nos pode trazer»..

Os debates sobre o que falta fazer vão decorrer em toda a União ao longo de 2013. Em Portugal, o primeiro evento terá lugar em 22 de fevereiro, em Coimbra. A cidade vai acolher um grande debate que contará com a presença da Vice-presidente Viviane Reding. A Comissária Europeia estará em Coimbra para responder a todos as perguntas e dúvidas num espaço de verdadeiro diálogo de viva voz entre as instituições europeias e os cidadãos. Não deixe de fazer ouvir os seus anseios e a sua voz na Europa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Basta-me morrer

no meu país

aí ser enterrada

dissolver-me e aí

reduzir-me a nada

ressuscitar erva

na sua terra

ressuscitar flor

que uma criança crescida
no meu país arrancará

basta-me estar no regaço
de minha pátria

estar perto dela como um
punhado de poesia

um raminho de relva

uma flor

 

Fadwa Tuqan

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair