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Octávio Carmo |
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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Refugiados, espera e esperança
Paulo Rocha |LOC/MTC| Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves |
Digno de mim |
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![]() Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
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O grau de exigência da caridade cristã é imenso. Absoluto: amar Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo. Um ideal de perfeição que parece impossível de concretizar em todas as suas dimensões e que, talvez por isso, aprendemos sempre a relativizar. Com o tempo passamos a esperar que o outro esteja à altura da nossa solidariedade, selecionamos quem é qualificável como “próximo” e vamos deixando para trás os que incomodam mais a nossa serenidade interior. O quadro do Bom Samaritano tem inspirado muitas e profundas reflexões, mas recentemente houve uma que me chamou a atenção, do Papa Francisco, sobre a importância da hospedaria, do local onde foi possível tratar daquela pessoa roubada e agredida para que pudesse recuperar a sua dignidade e prosseguir a sua vida. A capacidade de compaixão daquele samaritano - um herege, aos olhos de uma determinada corrente religiosa - não seria suficiente para levar por diante a sua boa intenção de ajudar o próximo. Houve necessidade de um contexto institucional, de outras boas vontades, de ajuda, também financeira, recordando que a transformação social exige um esforço coletivo, capaz de sacudir a indiferença de todos. Ao apresentar o outro, um rosto concreto, como referência ética fundamental, o Papa Francisco desafia todos os que “cristalizaram” em esquemas pré-determinados e absolutismos, todos os que passaram do (sempre necessário) “Senhor, eu não sou digno” para um “tu não és digno de mim”. |
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O mundo contemporâneo chama todos os dias por bons samaritanos, por cristãos capazes de levar por diante o ideal de caridade proposto por Jesus, em cada local do planeta, sem hesitações nem calculismo perante um rosto sofredor. Talvez a recompensa não seja imediata ou não venha a existir de todo, mas quem professa esta fé não confia no |
ouro nem prata que perecem. Após a folia do Carnaval, chegarão as Cinzas e a Quaresma, com os seus apelos à oração, jejum e esmola. 40 dias que procuram recuperar as dimensões verticais e horizontais da vivência da fé, para que a vida seja mais completa e o mundo mais humano. Um tempo para fazer a diferença. |
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Quando deixaremos de visualizar imagens destas? |
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- «A Europa precisa de uma Alemanha mais visionária, mais ambiciosa e mais generosa. Com as recentes declarações, a atual liderança política alemã parece não estar à altura desse desígnio» - Francisco Louçã; In: Jornal «Público» de 23 de fevereiro de 2017.
- «Os cristãos continuam a ter necessidade de mestres espirituais que os ajudem, com ou sem citações em latim, a tomar consciência que a sua pátria é a dignidade da pessoa humana» - Rui Osório; In: Jornal «Voz Portucalense» de 22 fevereiro de 2017.
- «Há duas palavras que a maior parte dos políticos dificilmente aceita no seu vocabulário: mentira e demissão e sobretudo pelos efeitos práticos que elas acarretam» - Dinis Salgado; In: Jornal «Diário do Minho» de 22 de fevereiro de 2017.
«O mundo não precisa de opiniões vazias disfarçadas de sabedoria, de conversa vazia e intolerante» - Pedro Neto; In: «Correio do Vouga» de 22 de fevereiro de 2017. |
Preparar a Quaresma com o olhar fixo
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Os bispos das várias dioceses portuguesas começaram a publicar as suas mensagens para o tempo da Quaresma, que leva as comunidades católicas até à celebração da Páscoa, deixando várias mensagens de atenção ao próximo e de solidariedade. O arcebispo de Braga alertou na sua mensagem de Quaresma para a |
necessidade de respeitar o direito “fundamental e inviolável” à vida, insurgindo-se contra as práticas do aborto e da eutanásia. “Permitam-me ser claro: a vida da criança que está para nascer ou da pessoa que está para morrer é sagrada. A vida é um direito fundamental e inviolável! Escapa ao nosso domínio determinar |
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sobre algo que nos ultrapassa. Vida é, em todas as circunstâncias, vida”, escreve D. Jorge Ortiga. Nos Açores, o bispo de Angra afirma que toda a caminhada em direção a Deus “obriga necessariamente” à abertura aos irmãos e à cada um descobrir-se “solidários” para os outros. “Toda a pessoa vítima da pobreza, da marginalidade e da exclusão, do desemprego, os reclusos, os famintos, os doentes e os idosos sem proteção, estão a caminhar comigo e a estender-me a mão para que lhes alivie a dor e o sofrimento”, escreve D. João Lavrador. O bispo da Guarda afirma por sua vez que é necessário “encontrar formas de acolher” os refugiados e tentar que “voltem a ter condições de vida nas suas terras”. “No meio dos muitos dramas que afetam aqueles que fogem há o drama específico das comunidades cristãs do Iraque e da Síria que, sendo lugares com comunidades cristãs que remontam ao tempo dos apóstolos, agora estão em risco de desaparecer”, exemplifica D. Manuel Felício. Perante o drama |
das comunidades cristãs do Iraque e Síria, a renúncia quaresmal da Guarda este ano é destinado a essas comunidades através, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. Em Beja, a Renúncia Quaresmal 2017 vai ser dividida em duas partes, destinadas ao Fundo de Solidariedade Diocesana, que vai ser gerido pela Cáritas, e para ajudar os cristãos perseguidos na Síria, através do Mosteiro de São Tiago Mutilado, em Qara, onde vive uma monja portuguesa. O bispo das Forças Armadas e de Segurança recorda na sua mensagem para Quaresma e Páscoa de 2017 os militares e polícias que vivem situações “particularmente graves”. D. Manuel Linda determinou que estas situações vão receber 50% dos donativos recolhidos pela chamada “renúncia quaresmal” do Ordinariato Castrense, visando ajudar também as famílias destes profissionais. Os outros 50%, vão seguir para Timor-Leste, sendo a sua utilização determinada pelos bispos católicos do país lusófono. |
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Jovens, famílias, sacerdotes e não-crentes partilham 12 testemunhos de fé |
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Ricardo Araújo Pereira foi um dos convidados da 4ª edição do ‘Faith's Night Out’, no último sábado, e disse esperar que os crentes “não se esqueçam que são crentes” e que “mantenham a fé”. O humorista, que fez uma das 12 intervenções na conversa sobre a fé, disse que “a fé é muito diferente da certeza” e valorizou a incerteza que passa também pela vida dos crentes. “Somos muito mais perecidos do que parece. Eu também estou à procura de consolo, também estou sozinho, o mundo para mim também é demasiado grande, áspero, assustador”, disse. Outro tema das conversas de uma noite sobre a fé foi a “santidade como caminho”, apresentado pelo padre José Tolentino Mendonça, para quem a santidade não é uma "coroa de glória” ou uma “zona vip dos crentes”. “A primeira coisa que há a dizer sobre a santidade é que ela não é como marcar um golo final de um grande jogo. A santidade são as humildes chuteiras”, referiu. O 'Faith's Night Out' contou com intervenções de António Gentil
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Martins, Marta Figueiredo, a família Núncio, Maria José Vilaça, Maria e Pedro Lebre de Freitas, Rui Marques, Catarina Torre Valle, Cuca Roseta, Guilherme Magalhães e D. José Ornelas. Na conferência de encerramento, o bispo de Setúbal transmitiu aos participantes que os cristãos são desafiados a ser profetas em cada tempo, estimulados a “sonhar o ‘pós-crise’ em tempode crise” e “uma Igreja nova” nas circunstâncias da atualidade. “Mesmo imperfeito, este é o meu mundo, está é a minha janela na História”, defendeu D. José Ornelas, acrescentando que “o passado e o sonho geram o presente. A iniciativa ‘Faith's Night Out’ reuniu mais de 1400 participantes no Centro de Congressos de Lisboa. |
Obra Portugal Católico vai apresentar uma visão global do estado do catolicismo |
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Mais de uma centena de autores estão a preparar a edição de uma “obra única e monumental” com o título ‘Portugal Católico’ para informar sobre as diferentes faces do catolicismo no século XXI. Coordenada por José Carlos Seabra Pereira, professor da Faculdade de Letra das Universidade de Coimbra e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), e por José Eduardo Franco, diretor-adjunto do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a obra ‘Portugal Católico é apoiada pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Para o secretário e porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa, a obra que está a ser preparada por académicos pretende apresentar “os vários aspetos da Igreja em Portugal”, com uma “forte componente fotográfica”, revelando a “beleza da diversidade” do catolicismo. Em declarações à Agência ECCLESIA, José Carlos Seabra Pereira acrescentou que a diversidade revela-se também no “interior do que se costuma chamar ‘a Igreja’, quer |
enquanto comunidade de crentes, quer enquanto instituição eclesial”. O professor universitário adiantou que a obra tem perto de 200 artigos, escritos por mais de uma centena de autores, apresentando uma “grande de pluralidade de testemunhos e perspetivas” e mostrando “atitudes e sensibilidades espirituais muito diversas”. “A edição em preparação inclui várias tendências da Igreja Católica, tal como elas se manifestam no espaço público, na comunicação social, testemunhos e pronunciamentos de autores que não são crentes mas nos pareceram de opinião relevante para termos essa visão global do estado do catolicismo em Portugal”, sublinhou o diretor do SNPC. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Primeiro tweet do cardeal-patriarca desafia a «sonhar os sonhos de Deus» |
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Presidente da ERC propõe nova legislação para imprensa de inspiração cristã
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Papa alerta para «grave crise alimentar»
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O Papa Francisco revelou particular apreensão sobre as “dolorosas notícias” que chegam do “martirizado” Sudão do Sul, África, onde ao “conflito fratricida” se une uma “grave crise alimentar” que |
condena à morte “muitas crianças”. “É mais necessário do que nunca o empenho de todos, não ficar somente nas declarações, mas tornar concretas as ajudas alimentares e permitir que possam chegar às |
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populações sofredoras”, disse o pontífice argentino esta quarta-feira na Praça de São Pedro. Na audiência pública semanal, o Papa disse que provocam particular apreensão as “dolorosas notícias” que chegam do Sudão do Sul onde ao conflito se une uma “grave crise alimentar”, que condena à morte milhões de pessoas, “entre as quais muitas crianças”. O Sudão do Sul vive uma guerra civil que começou em dezembro de 2013, opondo o presidente Salva Kiir ao antigo vice-presidente do Riek Machar. “Que o Senhor ampare esses nossos irmãos e os que atuam para ajudá-los”, desejou Francisco, dirigindo-se a cerca de 10 mil fiéis e turistas a quem falou sobre esperança cristã e dos cuidados com a criação. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) denunciou que a falta de alimentos no Sudão do Sul afeta cerca de quatro milhões de pessoas, também atingidas pela cólera. Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, o secretariado português da AIS informa que o governo do Sudão do Sul |
declarou “formalmente a situação de fome” em algumas regiões do país. A Organização das Nações Unidas contabiliza “mais de 1 milhão” de pessoas a passar fome no país. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre informa também que se registou “um surto de casos de cólera” nas regiões de Yirol East e de Awerial, “contabilizando as autoridades sanitárias mais de três centenas de casos apenas nos últimos dias”. Segundo a AIS, a guerra civil entre partidários do presidente Salva Kiir e do ex-vice-presidente Riek Machar corresponde ao confronto entre as etnias Dinka e Nuer que agravou a “débil produção agrícola” fazendo temer uma situação trágica em julho, quando “normalmente, se verifica a maior escassez de alimentos”. A fundação pontifícia explica ainda que o Sudão do Sul, que a 15 de dezembro de 2013 “voltou a mergulhar na guerra”, é o mais jovem país do mundo tendo proclamado a independência a 9 de julho de 2011, “depois de décadas de conflito com o vizinho do norte, o Sudão”. |
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Papa pede abertura de canais humanitários para quem foge da guerra |
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O Papa Francisco apelou no Vaticano ao acolhimento dos que fogem da guerra e da violência, alertando para as consequências da concentração da riqueza num “pequeno grupo” de pessoas. “É preciso abrir canais humanitários acessíveis e seguros para os que fogem da guerra e de perseguições terríveis, muitas vezes presos nas teias de organização criminosas sem escrúpulos”, declarou, num discurso dirigido aos participantes na sexta edição do Fórum Internacional ‘Migrações e Paz’, em Roma. A iniciativa foi organizada pelo novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), a Rede Internacional de Migrações dos Scalabrinianos e pela Fundação Konrad Adenauer. O Papa apelou a uma atitude de “defesa, de medo” perante as migrações contemporâneas, defendendo uma melhor distribuição da riqueza mundial. “Um pequeno grupo de pessoas não pode controlar os recursos de meio mundo. Pessoas e povos inteiros não ter apenas direito a recolher as migalhas”, alertou. |
Francisco referiu que, em grande parte dos casos, as deslocações de populações são “forçadas”, tendo na sua origem “conflitos, desastres naturais, perseguições, mudanças climáticas, pobreza extrema e condições de vida indigna”. “Proteger estes irmãos e irmãs é um imperativo moral que se deve traduzir na adoção de instrumentos jurídicos, internacionais e nacionais, claros e pertinentes”, sustentou. A intervenção centrou-se em quatro verbos: “acolher, proteger, promover e integrar”. O Papa concluiu com um pedido de proteção particular para as crianças e adolescentes que são “forçados a viver longe da sua terra de origem” e dos seus familiares. |
Papa contra banalização da violência
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O Papa alertou em Roma para a banalização da violência e do insulto na vida diária, alertando para as consequências deste clima de “guerra” no panorama internacional. Francisco falava perante professores e alunos da mais jovem universidade pública da capital italiana, ‘Roma Tre’, denunciando a “violência” no modo de falar, o “insulto” e o anonimato, um processo que “tira o nome” às pessoas. “Anónimos, uns para os outros. Tira-te o nome e as nossas relações são um pouco sem nome: sim, é uma pessoa, aquela que está diante de mim, com um nome, mas eu cumprimento-a como se fosse uma coisa. Isto que vemos aqui cresce, cresce, cresce e torna-se a violência mundial”, sublinhou, durante um discurso improvisado de cerca de 45 minutos. O Papa quis responder a algumas perguntas, que foram dirigidas por representantes dos alunos, começando por lamentar a “onda de violência” nas cidades antes de pedir que os jovens se envolvam cada vez mais “no serviço aos mais necessitados”. Neste sentido, sugeriu à universidade que se empenhe com projetos
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de partilha e de serviço aos últimos, sobretudo na Cidade de Roma. “A universidade é um universo, um lugar onde se pode dialogar. Uma universidade deve fazer um trabalho artesanal de diálogo, onde se formam as consciências, com um profundo confronto entre as exigências do bem, do verdadeiro e do belo, e a realidade com as suas contradições”, disse depois. Francisco desafiou os presentes a combater a “cultura do hedonismo e do descarte, baseados em ídolos do dinheiro e do prazer”, procurando o “encontro com Cristo”. O Papa encorajou docentes e estudantes a viver a universidade como espaço de diálogo, para a renovação da sociedade, elaborando “a cultura do encontro e do acolhimento de pessoas, culturas e religiões diferentes”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa diz que se inspira nos guarda-redes para superar problemas do dia-a-dia |
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Papa convida a responder com atos de «bem» aos que caluniam
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Medos... |
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LOC/MTC Movimento de trabalhadores Cristãos |
Muitos trabalhadores experimentam medos diversos: medo do individualismo/concorrência entre colegas de trabalho, medo de represálias por ser sindicalizado, medo de fazer greve, medo de deixar de ser útil, medo de ficar desempregado e não poder satisfazer os seus compromissos, medo de constituir família, medo de ter filhos, medo de ser deslocado para longe, medo dos refugiados, medo de deixar de ser pessoa para se tornar numa coisa que produz e consome, numa coisa que “vende trabalho”. O Bullying também já chegou ao trabalho. Uma pressão enorme é exercida sobre as pessoas, que dá lugar a depressões, alimenta psiquiatras e farmácias e, a muitos, conduz ao suicídio. E não escolhe idades: acontece tanto em jovens como em adultos. Cada vez mais pessoas se sentem inseguras e estão convencidas de que as suas preocupações não são levadas a sério. Aceitar transgressões de agentes públicos faz correr o risco de abrir a porta à intolerância, aos crimes de ódio e até a fazer justiça pelas próprias mãos. Devemos considerar seriamente estes medos e escutar com atenção as pessoas que os exprimem, bem como tentar compreender as razões que os provocam. O medo inibe a liberdade e a ação, debilita-nos, desequilibra-nos, destrói as nossas defesas psicológicas e espirituais, anestesia-nos diante do sofrimento, desumaniza. Os medos reforçam a |
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tendência para o populismo, o racismo e a intolerância. Já não temos dúvidas: O medo é uma estratégia que os detentores do dinheiro usam para continuar a dominar. O medo é provocado, alimentado e manipulado. Também na Igreja se fomentaram medos, ao ponto de alguém afirmar: “arranjaram um deus que mete medo”. Embora essa visão de Deus não seja Evangélica, isto é, não seja aquela que Jesus Cristo nos revelou, ainda permanecem sinais de medo em muitas comunidades eclesiais e nalguns movimentos religiosos. Sobretudo, medo do mundo, da sua complexidade, medo de “sujar-se” ou “ficar mal visto”, principalmente quando é preciso levar as questões sociais para o interior da Igreja ou quando a realidade pede aos cristãos um empenhamento e participação nas questões sindicais, políticas ou culturais. Estaremos condenados a viver sob o medo, debaixo de pressões contínuas, escravos? Ou os detentores do dinheiro e do poder revelam também medo, ao provocarem medo? Terá sentido uma religião do medo, como |
parecem ser os caminhos de alguns muçulmanos mais radicais ou de alguns movimentos de “espiritualidade cristã”, que se instalam na sua “zona de conforto”, alheios ao sofrimento e às condições de vida dos pobres e dos trabalhadores, e àquilo que se passa a nível económico e político no mundo? Que quer dizer: “Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho” (Jo 3,16)? Ou, “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10)? “Por ocasião do Dia dos Direitos Humanos, Justiça e Paz Europa pretende chamar a atenção para o facto de termos um importante conjunto de instrumentos para contrariar estas inquietações e estes medos: os Direitos Humanos. Em vez de questionarmos os Direitos Humanos, deveríamos, antes, defender com o maior vigor que o compromisso com os Direitos Humanos se reflita em todas as nossas ações, no plano privado e no plano público, (…) que conduza ao empenho generalizado na sociedade em ordem à defesa das pessoas cujos direitos sejam violados” (Justiça e Paz Europa, Paris, 5 de dezembro de 2016). |
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Uma homenagem a São Teotónio
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Paulo Rocha |
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Ver fotografias de Marcelo Rebelo de Sousa com todas as pessoas com quem se cruza, em qualquer circunstância, não é a mesma coisa do que ver Marcelo Rebelo de Sousa a tirar fotografias com todas as pessoas com quem se cruza, em qualquer circunstância. Cansa só de ver! A semana de reportagem levou-me a essa experiência. Por duas ocasiões. E no Minho. Primeiro numa conferência, no Auditório Vita, em Braga, e depois numa homenagem a São Teonónio, em Ganfei, freguesia onde nasceu, em Valença. Num sítio, a solenidade da ocasião não impediu que o presidente da República mantivesse a mesma proximidade com mulheres e homens, crianças e adultos, antes e depois de uma comunicação de uma hora e outro tanto a responder a perguntas da assembleia. Depois, num ambiente rural, a expectativa dos populares à espera do seu presidente não era menor em Marcelo, que com espontaneidade partiu ao encontro com todas as pessoas. O programa da visita previa meia hora para uma homenagem ao primeiro santo português e conselheiro do primeiro rei de Portugal. Mas o atual presidente precisou de muito mais tempo para reinar entre minhotos, a maioria num primeiro contacto com Marcelo, depois de o ver tantas horas pela televisão. E a homenagem demorou o tempo que foi necessário, sobretudo a homenagem a cada pessoa, ao trabalho que todas fazem pela
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construção de um Portugal melhor e à ousadia que, hoje como no tempo de D. Afonso Henrique, todos colocam em dar relevância crescente a um país que se globalizou desde cedo por todo o mundo. O alvoroço em torne de uma visita presidencial a Ganfei motiva uma nova visita à freguesia de São Teotónio. Vale a pena! Não só para ver a capela, edificada no local onde terá nascido, admirar a estátua que imortaliza a sua imagem, concebida pelo mestre José Rodrigues, e os espaços que falam da sua história e reproduzem a sua vida. Também para comer as pataniscas e beber um branquinho… Não por qualquer
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“devoção” particular, mas para seguir o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa. A sua passagem pelo Minho foi uma notável ocasião para prestar homenagem ao conselheiro de D. Afonso Henriques e também às pataniscas da terra. Porque uma patanisca em Ganfei vale por cinco em Lisboa. Palavra de presidente! |
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Uma equipa da Cáritas Portuguesa esteve na Grécia com o objetivo de conhecer a situação dos milhares de refugiados ali radicados e avaliar novas formas de ajuda. A Agência ECCLESIA acompanhou a visita, que teve como destino o campo de refugiados da Ilha de Lesbos, bem como outros centros de acolhimento existentes no território grego. No âmbito do programa Linha da Frente, da Plataforma de Apoio aos Refugiados, são apoiadas duas estruturas de acolhimento, espaços habitacionais, já fora dos campos de refugiados. Estes hotéis geridos pela Cáritas visam favorecer a integração de pessoas e famílias na sociedade grega, isto numa fase já mais adiantada do processo de acolhimento. O trabalho no terreno, os testemunhos dos refugiados e a avaliação da equipa portuguesa estão no centro deste dossier.
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Sabemos que o povo português nos tem ajudado com o que tem e o que não tem
Yakinthos Delernias, gestor de projetos da Cáritas Grécia, fala sobre o trabalho que está a ser feito junto dos refugiados e migrantes, e destaca o apoio que tem chegado de Portugal. Entrevista conduzida por Henrique Matos Enviado da Agência ECCLESIA à Grécia |
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Agência ECCLESIA (AE) - O que é que pensa acerca do acordo entre a Turquia e a União Europeia sobre os refugiados? Yakinthos Delernias (YD)- Não nos cabe dar respostas políticas, mas alternativas humanas e cristãs. Falando acerca dos resultados deste acordo, devo dizer em primeiro lugar que depois da implementação do acordo Turquia - UE, o número de refugiados a vir para a Grécia, e para a Europa em geral, diminuiu. Mas para mim, o problema principal mantém-se: É legítimo fechar as fronteiras? Podemos e devemos fechá-las, como nações cristãs e europeias que somos? Como seres humanos? Esta é a questão essencial que devemos fazer.
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AE - Pode-se dizer que os países mais pobres da Europa são aqueles que estão a contribuir mais para a resolução desta crise? YD - Quando esta crise migratória começou em 2015, não seria fácil para qualquer sociedade e para qualquer país europeu receber, acomodar ou provir todas estas pessoas. É um grande problema a que todos na Europa temos de responder, com base em princípios como a solidariedade, o amor, a compreensão para com quem vem de fora, quem é estrangeiro. Em suma, indo ao encontro do que significa verdadeiramente ser humano. Eu não estou aqui a falar pelos países mais pobres, ou pelos mais ricos. Cada nação tem a sua história, a sua razão para aceitar mais facilmente ou não os refugiados. Mas todos os povos europeus partilham uma mesma herança. |
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AE - Que projetos é que a Cáritas grega tem atualmente em curso? YD - Eu trabalho na Cáritas Grécia desde junho de 2016 e estamos neste momento a implementar um projeto relacionado com o acolhimento seguro e o acesso a apoios sociais, para migrantes e refugiados a viverem aqui no país. Eles estão a tentar chegar à Europa, através da Grécia, para salvar |
as suas vidas e das suas famílias. Neste contexto, a Cáritas Grécia começou há dois anos a implementar todo um programa de emergência direcionado para estas pessoas, que permita a elas recomeçar uma nova vida no território europeu. Desde 2015 entraram cerca de um milhão de refugiados vindos da Síria e de outros países, como o Afeganistão e o Iraque. |
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A Cáritas grega, com os seus principais parceiros na Europa, por exemplo as suas congéneres da Suíça, da Alemanha, de Portugal, de Itália, e também a Caritas Internationalis, está a fazer o seu melhor por estas pessoas. Primeiro no processo de trânsito para a Grécia e depois na sua estadia aqui, na sequência do acordo entre a Turquia e a União Europeia. A partir de março de 2016, muitos refugiados tiveram que ficar na Grécia porque não estão autorizados a prosseguir para a Europa.
AE - Sobre esse programa de acolhimento e integração dos refugiados, há um projeto que conta com o apoio da Cáritas Portuguesa. Como é que tem estado a decorrer? YD - Esse programa inclui a disponibilização de 50 alojamentos para migrantes e refugiados em risco. Proporcionamos acolhimento seguro, abrigos, onde as pessoas também podem aceder a apoios sociais de modo a que possam ser integradas aqui - durante um período de um a três anos - ou recolocadas em outros países europeus.
AE - Estamos a falar de pessoas que estavam em campos improvisados? YD - A maior parte das pessoas que |
chegam à Grécia são colocadas em campos de acolhimento improvisados. O nosso propósito é em primeiro lugar oferecer a todas uma receção segura e humana, que tenha em conta as mais básicas necessidades das pessoas. Queremos que elas tenham a sua própria casa, onde se sintam seguras, que tenham a sua própria individualidade, que tenham dinheiro para comprar a sua própria comida, as suas próprias coisas. E, com a ajuda do Estado, que tenham também acesso a cuidados de saúde, a um sistema educativo onde possa educar os seus filhos, e a todos os serviços sociais possíveis para que se sintam em casa. É este o nosso objetivo, em parceria com a Cáritas Internationalis e também com a Cáritas Portuguesa, a quem agradecemos muito o apoio que nos tem prestado. A Cáritas grega, com os seus principais parceiros na Europa, por exemplo as suas congéneres da Suíça, da Alemanha, de Portugal, de Itália, e também a Caritas Internationalis, está a fazer o seu melhor por estas pessoas. |
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AE - O que é que gostaria de dizer ao povo português e aos que estão a apoiar esta campanha? YD - O povo português tem sido muito importante, porque para nós o mais significativo não é a quantidade de dinheiro que recebemos. É o facto de sabermos que aí em Portugal as pessoas estão a dar o que têm e também o que não têm. Nós temos consciência que os portugueses também têm vindo a enfrentar muitos problemas, porque o nível de pobreza aí também é muito elevado. E prezamos muito o apoio da Cáritas Portuguesa, porque sabemos que ela não envia para nós o que tem a mais, as sobras, mas o que não tem, e isso é algo de muito valor. É isso que significa colocar em prática os valores humanos e cristãos.
AE - Como é que a Cáritas tem procurado responder também à crise económica na Grécia e às tensões sociais daí resultantes? YD - Estamos a viver duas crises muito semelhantes, a primeira económica e social, que afeta a população grega. Há cinco ou seis anos que |
enfrentamos uma situação muito difícil, em termos da subsistência da população, que se agravou nos últimos dois anos com a vinda dos nossos irmãos refugiados, vindos sobretudo da Síria, vítimas da guerra que lá está a acontecer. Enquanto organização cristã e católica que somos, não fazemos distinção entre quem ajudamos. Prestamos auxílio a todas as pessoas, de todas as cores e raças, de todas as proveniências e nacionalidades. Quando estão em causa seres humanos que precisam de ajuda, não há que fazer distinções.
AE - E como é que a população grega olha para os refugiados? Com medo? YD - Como já disse, o povo grego vive neste momento uma grave crise - social, económica e mesmo cultural. Ainda assim, as pessoas estão a dar o seu melhor, temos vários exemplos de boas práticas, não só no continente mas nas ilhas, em que estão a dar o seu melhor no acolhimento a quem chega, na promoção de um acolhimento seguro e de apoios sociais aos refugiados que querem chegar à Europa. |
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Mesmo agora, temos em termos oficiais cerca de 60 mil, 70 mil refugiados e famílias, a precisarem de apoio e a buscarem a segurança que não encontram nos seus países. Portanto, mesmo no meio dos problemas que já referi, posso dizer que o povo grego está a fazer tudo o que pode para contribuir para esta crise, e penso que este deveria ser |
um bom exemplo para toda a Europa. Eu sei que em Itália, em Espanha e também em Portugal tem havido uma abertura muito grande, mas falo também dos países mais ricos, dos países do norte da Europa, todos temos de fazer o nosso melhor, em termos humanos, para ajudar estas pessoas. |
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AE - A Igreja Ortodoxa grega também tem valências ligadas à solidariedade? YD - Claro que sim, ela tem uma grande organização chamada ‘Allilengýi’ - que significa ‘Solidariedade’ - que presta apoio também ao povo grego. Temos muitos, muitos pobres que recebem alimentos ou provisões vindas da Igreja Ortodoxa grega. E a Igreja Ortodoxa tem também tido um papel essencial, na gestão dos poderes envolvidos na resposta a esta crise, e |
no atendimento ao sofrimento dos refugiados e migrantes.
AE - E há um bom relacionamento, uma boa colaboração entre católicos e ortodoxos na Grécia? YD - Sim, e isso é visível no terreno, ao nível das paróquias, ao nível local. Há uma excelente colaboração, também com as autarquias e as autoridades locais.
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AE - Visita com regularidade a Ilha de Lesbos. Que tipo de trabalho é que está a ser feito lá, com os refugiados? YD - No início da crise, com o apoio da Cáritas Suíça e outras organizações internacionais, criámos o primeiro centro de acolhimento em toda a Grécia, para pessoas em necessidade. Temos milhares e milhares de migrantes e refugiados, de crianças órfãs, sem ninguém, que chegaram aqui vindas da Turquia, através do mar, muitas arriscando a sua vida. O primeiro centro de acolhimento onde começámos a trabalhar foi um hotel arrendado. Com muito custo, temos mantido a nossa estrutura aberta para acomodar a maior parte dos refugiados e migrantes da ilha, pois como sabe, depois do acordo entre a Turquia e a União Europeia, ninguém que chega à Ilha de Lesbos pode transitar para o continente. Eles têm que ficar aqui, nos abrigos e campos em Lesbos, e temos acolhimentos a funcionar. Pelos mais idosos, pelas pessoas mais doentes, pelas famílias mais numerosas, mulheres grávidas ou com bebés pequenos, temos feito o possível neste último ano e meio, para estar no terreno, na primeira linha dos problemas. |
AE - Como é que perspetiva o futuro da Cáritas Grécia? YD - Penso que o futuro da Cáritas tem de passar sobretudo por estarmos cada vez mais nos locais onde prevalece o sofrimento, onde as pessoas ainda passam necessidades, onde falta a solidariedade humana, sejam as pessoas cristãs, muçulmanas, de uma etnia ou da outra. Esta é a nossa máxima, que temos de ter sempre presente.
Pelos mais idosos, pelas pessoas mais doentes, pelas famílias mais numerosas, mulheres grávidas ou com bebés pequenos, temos feito o possível neste último ano e meio, para estar no terreno, na primeira linha dos problemas. |
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Excesso de espera mata a esperança |
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O presidente da Cáritas Portuguesa considerou “inadmissível” o tempo de espera que os refugiados enfrentam nos campos, depois de uma visita de cinco dias a território grego. “Esta é uma espera muito longa, está a ser longa demais, incompreensivelmente longa”, lamentou Eugénio Fonseca, em declarações à Agência ECCLESIA. A visita decorreu entre os dias 16 e 20 de fevereiro, com o objetivo de conhecer a situação dos milhares de refugiados ali radicados e avaliar novas formas de ajuda. Eugénio Fonseca disse ter encontrado refugiados entre “espera e esperança”, apesar dos problemas encontrados perante a excessiva “burocracia”. “Temos de abreviar este tempo [de espera] para bem de todos”, alertou. O presidente da Cáritas Portuguesa lamenta que após “um ano, ano e meio” nos campos de refugiados, “sem o mínimo de condições de vida digna”, os refugiados continuem para poderem continuar a sua vida. “Isto é inadmissível, porque traz consequências graves”, advertiu. Eugénio Fonseca revela que as |
pessoas “vivem numa ansiedade muito grande”, procurando “recomeçar um projeto de vida” e encontrar “a paz que perderam nos últimos anos”. O responsável contactou em particular com refugiados da Síria, vítimas da guerra e das bombas, “gente a fugir da morte” que mantém um “discurso muito positivo”. “Esta gente é gente boa, afável, que só quer viver com as condições que qualquer ser humano reclama”, acrescenta. O presidente da Cáritas deseja que a esperança seja “informada”, porque os refugiados vão para países que desconhecem. Os responsáveis da instituição católica foram conhecer no terreno a forma como está a ser aplicado o valor angariado pela ‘Operação 10 Milhões de Estrelas - um Gesto pela Paz’, no último Natal, em Portugal. Eugénio Fonseca sustenta que o dinheiro oferecido pelos portugueses está a ser “bem aplicado” e deixa um elogio ao trabalho das voluntárias portuguesas presentes nos campos de refugiados.
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Lesbos: Cáritas grega destaca papel
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A coordenadora dos projetos da Cáritas grega em Lesbos destacou a importância de Portugal, e da sua Plataforma de Apoio aos Refugiados, |
no atendimento a esta crise humana que bateu à porta Europa. Em declarações à Agência ECCLESIA, que acompanhou uma visita da Cáritas |
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Portuguesa, Maritina Koraki realça que “além da colaboração que tem sido mantida com a PAR, Portugal tem mostrado ser um país aberto ao acolhimento dos refugiados, o que é muito importante”. “Sei que não tem sido fácil, por causa da crise económica em que os portugueses também se encontram, e os refugiados reconhecem isso”, frisou aquela responsável. Segundo Maritina Koraki, ajudar os refugiados a ultrapassar os traumas que trazem e a enfrentar o choque de uma realidade diferente tem sido um dos principais desafios da missão da Cáritas no território. Isto porque “parte das pessoas chega com expectativas muito altas”, elas pensam que uma vez aqui “terão tudo o que precisam” e que a sua passagem para outro país será breve. Para muitos, o que seria provisório, como estar num campo de acolhimento, tem-se tornado “cada vez mais uma solução permanente”. “Temos pessoas que estão aqui desde março de 2016 e muitos queixam-se de não termos respostas. Depois há também os rumores envolvendo a situação em outros países, para onde elas querem ir. E os refugiados |
continuam a chegar, entre 50 a 100 por dia”, refere Maritina Koraki. Ajudar os refugiados a escapar da realidade em que estão é fundamental e por isso mesmo um dos projetos da Caritas grega envolve a promoção de atividades recreativas e culturais, como aulas de costura para as mulheres, cursos de línguas e um torneio de xadrez para os homens. “Vimos que os homens não tinham nada para fazer, que passavam o dia em casa a pensar em todos os problemas que tinham, o que vem a seguir, o que vão fazer, e decidimos disponibilizar um espaço de modo a poderem escapar da realidade”, conta a representante da Cáritas grega. A responsável reconheceu depois o impacto que a crise de refugiados teve e está a ter na sociedade grega, e em particular para os habitantes da Ilha de Lesbos, uma população que depende em grande parte do turismo para viver. “As imagens que circulam um pouco por todo o mundo, de pessoas a esperarem no porto, ou a vaguearem um pouco por todo o lado, há a ideia de que Lesbos está cheia de refugiados e migrantes, e isso tem causado alguns problemas”, salientou. |
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Cáritas Portuguesa envolvida
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A Cáritas Portuguesa está “cada vez mais envolvida no trabalho dos refugiados” no apoio humanitário de emergência e na criação de condições de “maior integração”, disse Filipa Abecasis à Agência ECCLESIA. Uma equipa da Cáritas Portuguesa esteve na Grécia com o objetivo de conhecer a situação dos milhares de refugiados ali radicados e avaliar novas formas de ajuda. Em parceria com a Cáritas da Grécia e com a Cáritas da Suíça, está em curso um projeto que visa permitir a famílias refugiadas vulneráveis terem apoio social e alojamento, enquanto aguardam pelo processo de asilo, repatriamento ou outras opções. Filipa Abecasis, da Unidade Internacional da Cáritas Portuguesa, refere que a instituição católica também já apoiou refugiados no Líbano, através das congéneres destes países. Nesta área, a Cáritas Portuguesa “só trabalha com as Cáritas dos países, para garantir que os projetos são executados”, salienta. Esta ajuda aos refugiados começou no final de 2015 “com a distribuição de |
kits de alimentação” e “cuidados de saúde primária” no Líbano, disse Filipa Abecasis. A instituição católica portuguesa também já apoiou projetos no Síria com distribuição de “roupas quentes para crianças”. Na Grécia, a Cáritas Portuguesa em parceria com a sua congénere helénica está a trabalhar no acolhimento “de uma comunidade inteira de Yazidis (120 pessoas)”. Na visita ao prédio, Filipa Abecassis sublinha estas habitações “têm todas as condições, com refeitório comum e uma sala para convívio” e as “pessoas estão felizes”. A instituição grega criou um centro social para “prestar apoio a refugiados, imigrantes e à comunidade local mais vulnerável”, relatou. “A Cáritas grega fortaleceu muito o seu trabalho nesta área e tem uma rede de parcerias espetacular”, referiu Filipa Abecasis. Através destas iniciativas, a Cáritas Portuguesa está “cada vez mais empenhada na relação com os doadores e seus parceiros internacionais”, disse.
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Voluntárias portuguesas respondem ao apelo da missão em Lesbos
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Bárbara Araújo e Madalena Souto Moura são duas voluntárias portuguesas atualmente a trabalhar com refugiados na ilha grega de Lesbos, através da Plataforma de Apoio aos Refugiados. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Bárbara Araújo realça a dificuldade mas também a esperança que marca o dia-a-dia destas pessoas, vindas de países |
como a Síria, o Irão e o Iraque. “Pessoas que vieram a fugir de uma guerra, miúdos que já não são miúdos porque precisam que amadurecer muito cedo, pessoas que carregam muita dor e tristeza no coração mas no meio disso amor, alegria, partilha, e é bonito ver que há esperança”, frisa a voluntária. Atualmente a coordenar a missão da |
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Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) em Lesbos, Bárbara Araújo é formada em Ciências Políticas e Desenvolvimento Internacional e passou pela Colômbia numa investigação sobre meninos-soldado. Trabalhava em Finanças numa multinacional quando decidiu deixar tudo e ir para a Grécia, em 2016. “Fazer o que fazemos, muitas vezes é superintenso, emocionalmente é um desgaste muito grande, mas ao mesmo tempo é mesmo preciso”, sustenta a voluntária portuguesa, que diz “não conseguir imaginar estar noutro sítio”. Além de apoiar nas necessidades mais básicas, como a roupa, a alimentação e teto, os voluntários presentes em Lesbos ajudam os refugíamos a lidar com o tempo de espera por um destino, que “é muito longo”, e que, muitas vezes, resulta em situações de angústia e depressão. Sobre a realidade grega, que tem estado a receber muitos milhares de Refugiados, Bárbara Araújo salienta que a população “também sofre com isto”, ainda que “tentem ter o coração aberto” para o acolhimento. “A maior parte dos gregos quer ajudar, mas a Grécia também precisa de ajuda, e nesse sentido acho que a Europa tem falhado porque virou as costas à Grécia, está a virar as costas aos refugiados, por medo e |
ignorância porque as pessoas têm medo que venha o terrorismo, esquecendo-se do que estas pessoas estão a fugir”, alerta aquela responsável. Madalena Souto Moura, outra voluntária portuguesa, trocou o Porto pela Grécia para contribuir na resolução daquela que considera ser “uma das maiores crises humanas deste momento”. “Viemos para ajudar mas eles ajudam-nos muito também e ensinam-nos muito, sendo pessoas que passaram coisas que nem imaginamos, aprendemos muito com a força deles”, aponta a jovem. A grande parte dos refugiados que chega a Lesbos tem como sonho chegar a Atenas ou a outras grandes cidades europeias e construir aí uma vida melhor. No entanto, muitos acabam por não conseguir esse objetivo, sobretudo os que são provenientes de outros países que não a Síria ou o Iraque. Muitas dessas pessoas, vindas de outros países da Ásia e de África, são deportadas para a Turquia, ao abrigo do acordo com a União Europeia. “Há famílias e pessoas que estão aqui em Lesbos por exemplo já quase há um ano, o que não era suposto. Vão se apercebendo que aqui também não é um mar de rosas, embora seja melhor do que o sítio de onde eles vieram”, complementa. |
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É possível construir algo novo
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Christos Ananiadis está atualmente à frente de vários projetos da Cáritas Grécia junto dos refugiados colocados no país, e destaca a necessidade de a partir desta crise humana construir uma sociedade mais “aberta” e “pacífica”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, aquele responsável mostra-se convicto de que das ‘cinzas’ do atual contexto, muito difícil, “é possível construir algo novo para todos”. Não só para os milhares de refugiados que acorreram à Grécia, e que agora “enfrentam uma espera prolongada”, |
mas também para o povo grego envolto numa “grave crise económica” e para um mundo a precisar de “viver de forma pacífica”. “Ao ajudarmos damos um bom exemplo, que podemos ajudar-nos a nós mas também aos outros, é um exemplo que o mundo precisa neste momento”, frisa aquele membro da Cáritas helénica. Desde que os fluxos de refugiados se tornaram mais intensos, há cerca de dois anos, já passaram pela Grécia mais de um milhão de pessoas. Muitas conseguiram rumar a outras |
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paragens, mas outras, desde que foi assinado um tratado entre a Turquia e a União Europeia, limitando a entrada de refugiados para o Velho Continente, tiveram de ficar em campos de refugiados, na Ilha de Lesbos e outros pontos do território, à espera de uma solução. A regularização da situação, nomeadamente a obtenção de documentos, “leva muito tempo” e muitos dos que chegam a sair “nem sequer sabem o país para onde vão”. “Eles querem muito regressar aos seus países, quando voltar a paz, estão ansiosos por isso. Mas por agora eles e os seus filhos vivem um futuro que não escolheram”, reconhece Christos Ananiadis. Paz e educação para os filhos são as principais prioridades para estas |
pessoas e irão para “qualquer país onde encontrem isso”. No entanto, há também o outro lado, daqueles que têm como objetivo integrarem-se na sociedade grega. “É verdade que há diferenças culturais, mas pelos migrantes mais antigos vemos que eles, com o tempo, acabam por se integrar, com o nosso apoio e das atividades que vamos promovendo”, conta o responsável de projetos da Cáritas grega, destacando aqueles que mostram vontade em “retribuir junto da comunidade local o acolhimento que tiveram”. “Muitos têm formação e podem contribuir em várias áreas, ajudar também na crise que a Grécia atravessa. Na dificuldade, tornamo-nos mais criativos e encontramos novas formas de vida, de trabalhar”, considera Christos Ananiadis. |
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Refugiados em discurso direto |
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Partimos porque a situação era insustentável, a nossa casa foi bombardeada e tivemos que fugir para a Turquia e depois atravessamos num barco para a Grécia Noor, refugiada síria
Há um ano partimos de Damasco... levamos cinquenta dias da Síria até à Turquia e depois mais um mês até chegarmos à Grécia. Primeiro ficámos 10 dias no Campo de Moria, ficamos em tendas pequenas e depois transferiram-nos para Kara Tepe e por fim viemos para este hotel. Mohammed, refugiado sírio
Viajei sozinha desde o Afeganistão e a viagem foi terrível até chegar à Turquia. Foi através deste país que depois cheguei à Grécia. As mulheres no Afeganistão enfrentam muitos problemas a nível social e religioso. São discriminadas na família e não têm acesso à justiça. Apenas desejo viver num país onde me sinta em segurança e possa ser feliz. Gostaria de voltar se houvesse paz, mas não credito que seja possível. Zahra, refugiada do Afeganistão |
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O que recordas da tua terra? Lembro-me da minha escola e das minhas tias e tios... do meu avô e da minha avó, dos meus primos... tenho saudades dos meus amigos de lá. Tens saudades? Sim, tenho saudades dos meus amigos de lá... Porque é que vieste embora? Havia bombardeamentos e coisas assim. Não podíamos ficar e viemos para a Grécia. O que recordas? Lembro-me de caminhar muito para chegar até à Turquia e foi uma grande viagem até à Grécia. Foi uma viagem difícil para chegar aqui? Sim para a Grécia viemos através do mar. E essa viagem através do mar foi difícil? Sim... Muitas pessoas no teu barco? Sim Para onde gostavas de ir? Nós esperamos ir para a Alemanha porque está lá o meu tio, irmão da minha mãe. Se a paz regressar à Síria gostarias de regressar? Se estiver calma e não houver mais bombas, com certeza que gostaríamos de regressar. Maha, refugiada síria |
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Enfrentar a morte no mar |
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No Irão há muita perseguição e falta de liberdade. Para além da situação económica, era para mim difícil e arriscado estar lá pela situação política. A situação é perigosa para muita gente e eu decidi sair com a minha mulher. Foi difícil, na fronteira quase que fomos identificados e presos pela polícia iraniana. Foi muito difícil, mas por fim conseguimos chegar à Turquia. A primeira vez que tentamos atravessar o mar fomos apanhados pela polícia turca, que nos levou para trás novamente. Da segunda vez, correu bem e conseguimos chegar a esta ilha grega. Apesar disso, foi muito difícil, na viagem de barco não tínhamos acesso a comida ou água e quase morremos no mar. No barco, disseram-nos que a viagem seria com 40 pessoas a bordo, mas quando chegamos à praia estavam lá cerca de 100 pessoas com mochilas. A viagem foi terrível, por diversas vezes eu e a minha mulher pensamos que íamos morrer. Pensamos que se calhar não tinha sido a melhor |
forma de fugir dos problemas que tínhamos no Irão. Tive muito medo pela minha filha, ela não tinha colete, tive que a enfiar no meu colete salva-vidas. Foi um risco enorme, com 100 pessoas a bordo e a possibilidade da morte iminente. Ninguém morreu, mas viajamos num bote de borracha cheio de água que nos chegava aos joelhos. Foi um alívio quando nos aproximámos da ilha de Lesbos e a Guarda Costeira nos veio ajudar. Temos planos para o futuro, mas há um ano que estamos aqui. Gostava de chegar a um lugar seguro e mais definitivo. Continua a chegar muita gente e eu queria partir para outro país, porém o processo de é muito lento e o governo grego tem muita dificuldade em dar resposta aos pedidos que são feitos.
Reza, refugiado do Irão |
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Do convívio inter-religioso à guerra(os seguintes testemunhos são apresentados sob anonimato, para garantir a segurança dos entrevistados)
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Refugiado iraquiano Eu sou muçulmano sunita e na minha região começamos a ser perseguidos pelos muçulmanos xiitas. Fui raptado por ser sunita, colocaram-me na mala de um carro com as mãos atadas. Tive a sorte dos militares americanos acharem estranho aquele carro e mandarem-no parar. Os meus raptores fugiram e eu fui libertado pelos americanos. Nunca podia ficar na mesma cidade porque os meus raptores localizaram-me e andavam atrás de mim para me matar.
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Cheguei à Turquia. Mas há aí muitas milícias ligadas às máfias e fui novamente localizado; aqueles que já tinham raptado o meu pai e o meu irmão começaram a ameaçar-me. Não tive alternativa que não fosse sair da Turquia. Tenho a minha mulher e os meus filhos que não têm mais ninguém a não ser eu, e decidi vir para a Grécia que é o primeiro país europeu seguro onde me sinto seguro. Graças a Deus que escapei a estas pessoas pois estaria morto neste momento.
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Refugiada iraquiana Para mim o futuro está nas mãos de Deus, ele decide o que é melhor para nós. Mas se na Grécia ou noutro país europeu nos oferecerem boas condições de vida, eu não me importo de estar na Grécia, é um bom país. Estamos cansados da guerra. Não apenas no Iraque, mas na Palestina, Síria, todos esses países sofrem por estas situações. Gostava que isto acabasse.
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Refugiado iraquiano No Iraque havia muitos cristãos, mas todos tiveram de fugir e os que não o fizeram acabaram raptados ou mortos pelas milícias. Elas raptam, matam, violam todos os que se lhes opõem. As milícias xiitas mataram sunitas, judeus e cristãos. Nós nunca tivemos problemas religiosos, não falávamos contra outras religiões e vivíamos todos juntos, curdos, muçulmanos e cristãos. Mas tudo mudou por causa da guerra… |
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Diocese de Viseu vai ajudar refugiados
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Diocese de Viseu vai ajudar os refugiados que se encontram na Turquia com os donativos recolhidos nas comunidades católicas locais, durante o próximo tempo da Quaresma, que se inicia a 1 de março. “Vamos dirigir todo o contributo da nossa renúncia quaresmal para os Refugiados na Turquia – apelo da |
Cáritas Portuguesa, em resposta a pedido da sua congénere daquele país”, escreve D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, numa nota divulgada pelo site diocesano. A Cáritas Portuguesa colocou em marcha uma campanha de recolha de fundos para apoiar a sua congénere na Turquia, atualmente a lidar com |
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uma crise de refugiados que se prevê possa aumentar ao longo deste ano. D. Ilídio Leandro sublinha na sua nota que a “situação social, económica e de segurança no mundo” continua a pedir “respostas de solidariedade, de acolhimento e de justiça social para quantos se veem impossibilitados de viver e de ser felizes na sua terra e no seu país”. “Os refugiados continuam, na Europa e no Mundo, a bater à porta de quantos, com atitudes de quem acolhe e integra, dão oportunidades e são resposta para quem precisa”, acrescenta. O bispo de Viseu recorda que a diocese, através da Cáritas local, se mobilizou e acolheu ofertas de pessoas e de instituições, para
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ser “casa aberta” para as famílias que vieram de fora. “Somos desafiados, sempre, a ser porta aberta para quem entra e sai, de acordo com vontade livre de aqui viver ou de daqui partir, procurando nós, como cristãos, dar condições para uns e outros serem felizes”, sublinha. Quanto ao projeto em causa, para o qual a Cáritas pede a solidariedade dos portugueses, trata-se de um programa de “apoio financeiro para a aquisição de 1400 cartões-voucher de alimentação e bens de primeira necessidade para serem distribuídos por 466 famílias”. Cada voucher tem o custo de 7,14 euros e nesta fase o apoio será dirigido a 2330 pessoas refugiadas. |
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Para D. Manuel Clemente, o autor do livro defende a tese de que a “intenção – quer do rei D. João V quer de outras pessoas do século XVIII até aos tempos atuais – é olharem para o Patriarcado de Lisboa no seu aspeto simbólico e nacional”. Num Estado de ordens, como é a tese do historiador Salgado Matos, o Patriarcado de Lisboa, “por excelência, representou e ainda poderá representar a simbologia de um Portugal cosmopolita, ecuménico e que vai além de si próprio”, frisou o cardeal-patriarca. |
Escutismo Online |
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O dia 22 de fevereiro é uma data muito especial para todos os escuteiros. Nesse dia, em Londres, nascia Robert Stephenson Smyth Baden-Powell mais conhecido por BP e que mais tarde viria a fundar o Escutismo. Este movimento, nascido em Inglaterra, foi-se alastrando além-fronteiras tendo chegado a Portugal decorria o ano de 1913, com o surgimento da Associação de Escoteiros de Portugal. Passados 10 anos, na cidade de Braga, foi fundado o Corpo Nacional de Escutas, Escutismo Católico Português (CNE). Atualmente, este movimento global conta com mais de 40 milhões de membros em todo o mundo, distribuídos por 164 associações escutistas. Assim, esta semana, a minha proposta passa pela visita ao sítio oficial do CNE, que recentemente foi alvo de remodelação. Ao digitarmos o endereço www.escutismo.pt encontramos um espaço graficamente bem concebido e com um conjunto enorme de recursos à nossa disposição. Se não conhece esta associação |
e/ou se pretende tornar-se escuteiro, o melhor é entrar em “quero ser escuteiro”. Aí, de uma forma bastante simples, pode ficar a saber quem são, o que fazem e onde é que se encontram localizados geograficamente os diversos agrupamentos nacionais. Obtém ainda informações relativas à componente de voluntariado bem como um conjunto de perguntas frequentes e glossário que o podem ajudar a ficar mais esclarecido. Nos escuteiros as crianças e os jovens estão divididos por quatro faixas etárias, sendo que cada faixa etária corresponde a uma secção (Lobitos (6-10 anos); Exploradores/Moços (10-14 anos); Pioneiros/Marinheiros (14-18 anos); Caminheiros/Companheiros (18-22 anos)). Como forma de compreender melhor e aprofundar o conhecimento relativo a cada uma das secções, existem precisamente espaços dedicados a cada uma delas. Como não poderia deixar de ser existe um conjunto de adultos voluntários, que no escutismo se denominam de dirigentes, e que são o garante da aplicabilidade da missão e valores baseados na lei e promessa Escutista. Ao clicar em “dirigentes” acede |
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a um espaço inteiramente dirigido aos adultos que “procura falar com estes na primeira pessoa”. Aí pode obter um manancial de conteúdos que, na sua grande maioria, necessitavam de uma apresentação própria. Por último em “imprensa” pode aceder a uma área inteiramente dedicada aos profissionais da comunicação social. Aí o CNE, através do seu gabinete de imprensa, “pretende contribuir para a visibilidade da dimensão e papel do Escutismo na sociedade”, disponibilizando vários recursos. |
Fica então lançado o repto para visitarem este extraordinário espaço virtual e assim conhecerem a riqueza deste movimento. Porque o “Escutismo oferece aos jovens a oportunidade de se desenvolverem emocional, intelectual, física e espiritualmente como indivíduos, como cidadãos globais responsáveis, membros das suas comunidades locais, nacionais e internacionais”.
Fernando Cassola Marques |
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O Patriarcado de Portugal |
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O historiador Luís Salgado de Matos considera que o Patriarcado de Lisboa “coincide com uma ideia universal de Portugal, talvez a única ideia universal que tenha havido” em Portugal. O especialista falava à Agência ECCLESIA no lançamento do seu novo livro, ‘O Patriarcado de Portugal – Três séculos de uma instituição lisboeta, nacional e católica (1716-2016)’, que decorreu |
esta segunda-feira, na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Salgado de Matos realça que este “pequeno livro de conjunto” começa por uma pergunta: “Quando no século XVIII é constituído o Patriarcado de Lisboa, qual é a ideia que existe de Patriarcado?”. A questão fez o historiador recuar
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alguns séculos para tomar o pulso ao conceito e só depois foi “ver o que a historiografia portuguesa dizia sobre o Patriarcado”, sobretudo nos séculos XIX e XX. O livro procura ver como o Patriarcado “funciona na sua época de glória (meados do século XVIII), na sua época de maior crise (século XIX) e na sua época de estabilização (Século XX)”, realça Luís Salgado de Matos. Com cerca de 150 páginas, a obra também propõe que o Patriarcado “simboliza algo, que ainda hoje é válido e duradouro, que Portugal deve estar ao serviço de uma causa universalizante”. “Não podem ser as missões, como aconteceu no século XVIII, mas tem de haver, para que Portugal subsista como nação independente, aquilo que está no cerne do Patriarcado, a ideia de universalidade”, reforçou o historiador. A capa do livro contém um mapa com as fronteiras administrativas do Patriarcado de Portugal porque este “é constituído a partir da capela real, e o rei era rei para todo o país” e “não apenas para Lisboa”, acrescentou. Em termos de Filosofia Política, no |
século XVIII e início do século XIX, a capital de Portugal “representa o todo” e o Patriarcado como “entidade simbólica coincide com Portugal”, assinalou Salgado de Matos. Para o especialista, o conceito de Patriarcado funciona “como uma instância nacional da Igreja Católica”.
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II Concílio do Vaticano: O barulho dos carrosséis e o cheiro a sardinha assada |
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Em janeiro de 1965 teve início a publicação, em Portugal, da revista «Concilium». Um marco importante na história da Editora Moraes e na evolução dos católicos que depositavam entusiasmos e esperanças nas movimentações conciliares (1962-1965). A assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII e continuada pelo seu sucessor foi uma autêntica primavera no seio da Igreja. Correspondendo a um desejo expressamente manifestado pelos teólogos diretores e redatores foi criado, em Portugal, um grupo com a missão de assegurar a ligação com a direção central e com os assinantes da edição portuguesa. Nasceram assim os «amigos da Concilium», um grupo de pessoas convidadas individualmente pelos editores – onze padres ou religiosos e oito leigos – que se reuniram pela primeira vez a 31 de março de 1965. O grupo dos «amigos» era composto pelo padre José Felicidade Alves, Manuel bagulho, padre Fernando Belo, frei Bento Domingues, padre Armindo Duarte, cónego Manuel Falcão, Castro Fernandes, Joana Lopes, padre Madureira, José Domingos Morais, Margarida Morais, frei Raimundo de Oliveira, padre Pedro Pelletier, frei Mateus Cardoso Peres, padre Honorato Rosa, padre António Serrão, Alberto Vaz da Silva, Helena Vaz da Silva e Joana Veloso (In: Joana Lopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; Centro Nacional de Cultura; página 83). Nessa reunião teceram-se muitas críticas aos primeiros três números da revista «Concilium». Os participantes
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insistiram, principalmente, na “complexidade revelada no tratamento dos problemas”, a qual, alegadamente, os tornaria “inacessíveis e estranhos para a maioria dos leitores”. Declarou-se ser desejável que os artigos se apresentassem “não só com o mínimo possível de terminologia técnica e de citações em latim, como com uma forma menos estática, menos essencialista” (In: Joana Lopes; «A aventura da Moraes»; Lisboa; Centro Nacional de Cultura; página 83). No encontro, os «amigos» dialogaram também sobre as várias formas possíveis de ligação com os assinantes em Portugal - colóquios, grupos de |
estudo, inquéritos -, tendo-se decidido dar prioridade à primeira modalidade. O primeiro colóquio realizou-se no mês de maio seguinte e teve como tema «A constituição dogmática da Igreja». Existem “muitos documentos” relacionados com a preparação dos colóquios. Uma das intervenientes dessas reuniões, Joana Lopes, realça que se fizeram “longuíssimos serões de discussão”, na sede da Moraes Editora, “muitas vezes acompanhados pelo barulho dos carrosséis e pelo cheiro a sardinha assada da vizinha Feira Popular”. (Obra citada na pág. 85) |
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fevereiro/março 2017 |
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25 de fevereiro. Castelo Branco - Dia do acólito na Diocese de Portalegre-Castelo Branco
. Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - A Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada, que decorre em Fátima, no Centro Pastoral Paulo VI, de 25 a 28 deste mês, tem como tema «Consagrados ao serviço da vida». No primeiro dia, pelas 15:45, o professor da Universidade da Beira Interior, António Campelo Amaral, fala sobre «O sentido da vida e o seu cuidado» e, às 17:00, o padre dehoniano Paulo Jorge Moreira Coelho aborda o tema «A glória de Deus é o homem vivo».
. Bragança - Escola Secundária Emídio Garcia, 09h30 - Formação permanente do clero e dos leigos dedicada a Maria e orientada por D. Virgílio Antunes, Bispo de Coimbra
. Lisboa – Colares, 10h00 - A Fundação Betânia organiza um colóquio sobre «A urgência de uma cidadania ecológica». Nesta iniciativa, os participantes vão refletir sobre alguns pontos da encíclica «Laudato Si» do Papa Francisco e o padre Joaquim |
Cerqueira Gonçalves vai falar sobre os «Fundamentos teológicos de uma espiritualidade ecológica cristã».
. Lisboa - Convento de São Domingos, 15h30 - Conferência «A perspetiva cristã do diálogo inter-religioso» por frei José Nunes e promovida pelo Instituto São Tomás de Aquino.
26 de fevereiro. Itália – Roma - Papa Francisco visita paróquia anglicana em Roma
27 de fevereiro. Viana do Castelo - Alunos de EMRC do Agrupamento de Escolas Pintor José de Brito iniciam a Quaresma com uma visita ao Papa Francisco. (até 03 de março)
. Fátima - PAULUS Livraria de Fátima, 16h30 - Apresentação do livro «Cartas que a oração escreveu» da autoria do padre João Luís Silva, pelo presidente do Movimento da Mensagem de Fátima, Nuno Neves, com a chancela da Paulus Editora.
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. Lisboa - Capela do Rato, 18h15 - Sessão do curso «grandes correntes da ética ocidental» na Capela do Rato
01 de março. Início da Quaresma
02 de março. Vaticano - Congresso sobre «Música e Igreja: culto e cultura e a instrução Musicam Sacram» (até ao dia 04 de março)
03 de março. Fundão - Auditório da Santa Casa da Misericórdia do Fundão - A Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF) em colaboração com a Universidade da Beira Interior realiza, nos dias 3 e 4 de março, o Congresso “A Misericórdia do Fundão: 500 anos de Solidariedade”.
. Porto - Maia (Seminário dos Combonianos) - «Jovens in Missão» promove retiro sobre «Contemplar para cuidar» (até ao dia 05 de março)
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Hoje, 24 fevereiro, às 21:00 Se ainda for a tempo pode assistir à conferência ‘A mulher na política e no trabalho’ com Zita Seabra, responsável pela editora Alêtheia, no Mosteiro do Lorvão em Coimbra.
Já daqui a uma semana estão garantidos testemunhos sobre a mulher na Igreja, neste seu Semanário Ecclesia.
25 a 28 de fevereiro Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada intitulada «Consagrados ao serviço da vida», no Centro Pastoral Paulo VI em Fátima.
26 de fevereiro O Papa Francisco vai visitar a paróquia anglicana de Todos os Santos, no centro de Roma. O pontífice argentino, o primeiro Papa a visitar uma paróquia anglicana em Roma, vai ser testemunha de uma irmanação simbólica entre a paróquia anglicana e a Igreja católica de Todos os Santos.
28 de fevereiro Entrudo (carnaval) – “Tempo de folguedos populares com origem remota pré-cristã. A tradição manteve-se nos tempos cristãos, ligada agora à Quaresma que punha fim aos dias carnavalescos.” (em Enciclopédia Católica Popular)
1 de março Começa a Quaresma este ano com a celebração de Cinzas. É um período de 40 dias, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão. O Papa Francisco escreveu a mensagem ‘A Palavra é um dom. O outro é um dom’.
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
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![]() RTP2, 13h00Domingo, 26 de fevereiro, 13h30 - Faiths Nigth Out: Uma noite para falar sobre a fé
Segunda-feira, dia 27, 15h00 - Entrevista a Luis Miguel Neto sobre a folia do carnaval
Terça-feira, dia 28, 15h00 - Informação e entrevista a frei Bento Domingos sobre o Deus que ri
Quarta-feira, dia 01 de março, 15h00 - Informação e entrevista a Catarina Martins Bettencourt sobre a campanha de quaresma da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
Quinta-feira, dia 02, 15h00 - Informação e entrevista a Paulo Caetano sobre as X Jornadas de Conhecimento, em Seia.
Sexta-feira, dia 03, 15h00 - Análise à liturgia de domingo com cónego António Rego e frei José Nunes.
Antena 1 Domingo, dia 26 de fevereiro - 06h00 - O humor na religião. Diálogo com Esther Mucznik (Comunidade Judaica), José Tolentino Mendonça (Igreja Católica) e Sheik David Munir (Comunidade Islâmica) no Teatro São Luiz Segunda a sexta-feira, dias 26 de fevereiro a 03 de março - 22h45 - Alegria: com Cuca Roseta e Ricardo Araújo Pereira (dias 26 e 27 fevereiro); Quaresma: D. José Ornelas; P. José Tolentino Mendonça e Rui Marques, da PAR |
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Ano A – 8.º Domingo do Tempo Comum |
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Nunca te esquecerei! |
A Palavra de Deus deste 8.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a dirigir o nosso olhar para o que é verdadeiramente importante, propondo-nos uma reflexão sobre as nossas prioridades. O Evangelho aponta para a busca do essencial, o Reino do amor de Deus. Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a fixarem o seu olhar na proposta de salvação/libertação que, em Jesus, Deus fez aos homens, e não no acessório, os veículos da mensagem. Estes, sejam padres ou leigos, devem ter consciência de que não estão a anunciar-se a si próprios. Antes, devem assumir-se como discretos e fiéis «servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus». Mas gostaria de salientar a belíssima mensagem da primeira leitura, com apenas dois versículos, que sublinha a solicitude e o amor de Deus, recorrendo à imagem da maternidade: a mãe ama o filho, com um amor instintivo, avassalador, eterno, gratuito, incondicional; e o amor de Deus mantém as características do amor da mãe pelo filho, mas em grau infinito. Vale a pena reler o texto de Isaías, o profeta da esperança: «Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? Mas ainda que ela se esqueça, Eu o Senhor não te esquecerei». A um Povo que vive numa situação dramática de frustração, de desorientação, de total incerteza em relação ao futuro, que olha à volta e não vê Deus presente na sua caminhada, que começa a duvidar do amor e da fidelidade de Deus, o profeta diz: «não desanimeis: apesar da aparente ausência, Deus ama-vos ainda mais do que uma mãe ama o filho; Ele caminha convosco ao encontro da vida plena». |
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É uma mensagem eterna, consoladora e repousante. Num mundo em que as referências se alteram rapidamente e a humanidade não sabe exactamente para onde caminha, em que o terrorismo, as guerras, as ameaças ambientais e o totalitarismo dos bens materiais ameaçam o frágil equilíbrio da humanidade, somos convidados a descobrir o amor materno de Deus, a sua solicitude nunca desmentida, a sua presença terna e protetora. A vida terrena e peregrina não nos deixa tempo nem disponibilidade para andarmos atrás de dois senhores. Na essência, só podemos seguir um |
senhor. Na nossa liberdade de optar, devemos ser coerentes e exigentes no seguimento do único Senhor da vida, o Senhor Deus, Pai e Mãe, que nos ama e cuida de nós. Trata-se de um intensa exigência para sermos ainda mais solidários e fecundos deste amor nas situações e atitudes, nos gestos e palavras ao longo desta semana, em que se inicia o tempo da Quaresma, sempre alimentados pela Palavra de Deus que incarna no nosso mundo por Ele amado. Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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5,3 milhões de peregrinos
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As estatísticas referentes ao ano de 2016, apresentadas pelo Santuário de Fátima, fazem antever um Ano Jubilar do Centenário das Aparições cheio de peregrinos. Comparando os dados de janeiro de 2016 e 2017 esse crescimento é notório, por exemplo houve mais 24 grupos estrangeiros (40 em 2016 e 64 em 2017), o que representa 7347 peregrinos estrangeiros em peregrinações organizadas. O santuário registou em todas |
as suas celebrações, oficiais e particulares, um total de 5,3 milhões de pessoas, na sua maioria portugueses, que continuam a vir ao Santuário de forma individual. Destes 5,3 milhões, apenas 693 mil o fazem inseridos em peregrinações organizadas registadas no Serviço de Peregrinos do Santuário de Fátima. No entanto, o número de peregrinos que visitou o Santuário em 2016 integrado em peregrinações aumentou, tal como o próprio |
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número de peregrinações. Registaram-se mais 6 peregrinações e com mais 106 mil peregrinos relativamente a 2015. De salientar nestes números é também a visita aos espaços museológicos do Santuário de Fátima, sobretudo a exposição temporária, no Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, que regista uma adesão muito significativa dos peregrinos, tal como as Casas dos Pastorinhos e, num total de quase um milhão de pessoas (996 mil). Estas visitas mostram claramente um gosto pela cultura e pela história do Santuário e dos seus protagonistas. Em 2016 registaram-se mais 6 peregrinações organizadas do que em 2015, oriundas de países estrangeiros. Estas peregrinações trouxeram mais cerca de 106 mil peregrinos. O Serviço de Peregrinos do Santuário de Fátima registou 1686 peregrinações portuguesas. Importa referir que as nacionais são relativas a movimentos grupos ou associações que envolveram 340 mil peregrinos. Depois, dentro do contexto nacional temos as peregrinações organizadas pelas dioceses, e neste capítulo Lisboa, Porto e Braga continuam a liderar sendo que é importante |
referir que embora só tenha organizado 84 peregrinações, a diocese de Leiria-Fátima continua a ser das dioceses nacionais a que mais peregrinos mobiliza: 44 350. No que toca a peregrinações estrangeiras Espanha, Itália e Polónia continuam a ser os grandes líderes de peregrinações pela proximidade geográfica. Há semelhança do que acontece com dioceses portuguesas, nem sempre são as que fazem mais peregrinações que trazem mais peregrinos a Fátima. O caso da Ucrânia é disso paradigmático, porque com apenas 20 peregrinações organizadas trouxe quase sete mil peregrinos.
Fonte: Santuário de Fátima
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Santuário lembrou Beatos Francisco
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O bispo da Diocese de Leiria-Fátima presidiu esta segunda-feira à Missa da festa litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, na Basílica da Santíssima Trindade, e apresentou os pastorinhos como “estrelas” na “noite” da sociedade atual. D. António Marto falou dos videntes de Fátima como “duas pequenas estrelas que brilham no céu de Portugal e do mundo, para iluminar nesta noite que o mundo atravessa, de dúvida e incerteza, no presente e no futuro”. “A santidade simpática dos pequenos videntes é uma aprendizagem, porque as crianças também ensinam os adultos na sua simplicidade infantil”, referiu na homilia da celebração, divulgada pela página do Santuário de Fátima. O prelado falou desta festa litúrgica como “ponto alto da celebração do Centenário das Aparições”, por ser um convite a “descobrir a beleza da santidade destas crianças”. O bispo de Leiria-Fátima referiu que os pastorinhos são “apresentados como modelo de santidade contemporâneo no nosso quotidiano”, porque é |
possível “contemplar a beleza de Deus envolvidos na beleza das suas vidas”. “O Francisco é um menino que se deixa habitar pela presença inefável de Deus, e sentiu o apelo à oração e à contemplação de Deus”, assinalou. “À pequena Jacinta sobressai o espírito de compaixão pelos que sofrem, e o desejo de se fazer como nosso Senhor, na sua compaixão pela humanidade”, acrescentou. No final da celebração, D. António Marto convidou as crianças ao altar, para receber uma bênção. A Igreja celebra a 20 de fevereiro a festa litúrgica dos beatos Francisco e Jacinta Marto, dois dos três pastorinhos videntes de Nossa Senhora, em 1917; a data coincide com a morte da Beata Jacinta Marto.
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Os heróis que levam o Evangelho ao coração da Amazónia, no BrasilSaudades da missa |
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São dias e dias para se chegar a cada aldeia, a cada casa. São viagens perigosas em velhos barcos de madeira, nas únicas “estradas” na selva da Amazónia. A diocese de Tefé, por exemplo, tem quase três vezes o tamanho de Portugal mas por lá vive apenas o equivalente a metade da população do concelho de Sintra… Chegar a todos é muito difícil. No Brasil, há padres e irmãs que são verdadeiros heróis… D. Fernando Barbosa dos Santos nunca mais irá esquecer quando, há três anos, ao meio-dia de 14 de Maio, atendeu no seu telemóvel uma chamada do núncio apostólico no Brasil, Giovanni d’Aniello. “O núncio ligou comunicando que o Santo Padre me tinha nomeado para Tefé. Foi um susto. Eu nem sabia bem onde ficava Tefé…” Hoje, D. Fernando, que pertence à congregação dos Padres Lazaristas, é o primeiro bispo não espiritano à frente desta enorme diocese encravada no meio da Amazónia. Vista daqui, desde Portugal, a dimensão desta diocese parece impensável. Mas basta olhar com mais atenção para se |
compreenderem bem as dificuldades que sacerdotes e irmãs têm de superar para chegarem a cada comunidade, a cada casa, a cada cristão. O Bispo de Tefé conta com a colaboração de 22 padres mais um punhado de irmãs e de diáconos. Muitas vezes, têm de fazer viagens de 100 horas apenas para celebrarem a Missa. Quase cinco dias. A viagem é um suplício, mas é impensável deixar aquelas populações sem a palavra de Deus. A paróquia de São Benedito, em Itamarati, por exemplo, é muito pobre. Como se não bastasse isso, a viagem até lá, em velhos barcos de madeira, custa uma fortuna só em combustível. E depois, o perigo espreita em todo o lado. O rio é muitas vezes traiçoeiro. As correntes são imensas, as tempestades comuns e, ao longo da viagem, os telemóveis estão sempre silenciosos. É uma viagem de todos os perigos. É mesmo uma viagem sem rede. Com a dimensão equivalente a quase três vezes o tamanho de Portugal, por lá vive apenas cerca de metade das pessoas do concelho de Sintra. Uma densidade demográfica de menos de 1 habitante por quilómetro quadrado.
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O senhor JoãoCada paróquia tem dezenas de comunidades que precisam de ser visitadas. Uma delas, a paróquia da Missão, por exemplo, tem apenas um sacerdote. Chegar até lá é sempre um trabalho difícil, esgotante. Chegar lá significa, porém, levar o sorriso de Deus a todas aquelas pessoas que estão como que entrincheiradas no meio do verde da selva. O simples anúncio da vinda de um padre é logo sinal de festa. É o sinal da visita de um amigo. Um destes dias, quando um dos sacerdotes foi até lá, reencontrou-se com um dos mais velhos habitantes da zona. O senhor João, de 92 anos.
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Mal chegou o padre, o senhor João não resistiu e começou a chorar. O padre perguntou-lhe a razão daquelas lágrimas. A resposta foi imediata: “Estou com saudades da missa.” A maior parte destas pessoas só recebem a visita de um sacerdote ou de alguma irmã, uma ou duas vezes por ano. Para ajudar este trabalho missionário, a Fundação AIS decidiu doar, para a Igreja de Tefé, graças à generosidade dos seus benfeitores e amigos, quatro barcos em alumínio, mais velozes e económicos, e, acima de tudo, mais seguros. Para que ninguém fique com saudades da missa… Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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D. Manuel Vieira PintoO Missionário de Nampula |
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Tony Neves |
Há pessoas que deixam marcas quando as encontramos. É o caso de D. Manuel Vieira Pinto. Na obra coordenada pelo P. José Luzia está este testemunho que escrevi em jeito de homenagem: ‘Encontrei-o em Nampula no ano 2000. Fui visita-lo ao Paço Episcopal, porque queria entrevista-lo. Fui recebido sem qualquer espécie de cerimónias como, percebi, era costume. Sem protocolos, levou-me para o seu gabinete de trabalho, uma sala grande, não muito arrumada, mas muito simples. Fiz-lhe bastantes fotos mas, quando insisti em fazer uma entrevista, ele lá me foi dizendo que era melhor só conversarmos. Depois - garantiu mas nunca cumpriu - mandaria respostas mais elaboradas pelo correio. Até hoje. A conversa foi fantástica, como toda a sua vida por terras de Moçambique. Antes e durante a guerra colonial, ele colocou-se do lado dos mais pobres e defendeu as populações autóctones das arbitrariedades de alguns dos colonos. Em Março de 1974, foi ‘expulso’ por ter defendido a independência de Moçambique, mas o 25 de Abril fê-lo voltar pela porta grande. Na hora da independência, era uma das raras figuras da hierarquia da Igreja que as novas autoridades do país respeitavam. Tal não impediu que o governo de Samora Machel mandasse confiscar todos os edifícios da Igreja e impedisse a circulação dos Missionários. Como resposta |
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pastoral, D. Manuel e outros bispos e missionários lançaram o projeto das comunidades ministeriais, onde o padre não aparecia mas os líderes leigos asseguravam a vida e as celebrações das Comunidades. Talvez por esta contingência da história, hoje Moçambique tem uma Igreja bastante descentralizada e com muito empenho dos leigos na vida e missão das Comunidades cristãs. A idade foi avançando e a saúde piorando. D. Manuel deixou Nampula e veio até ao Porto, sua Diocese natal onde ficaria a residir na Casa Diocesana de Vilar. Foi lá que o reencontrei e foi nesse momento que percebi porque é que ele nunca respondera às minhas perguntas, conforme prometera. A memória tinha-lhe fugido e ele já não conhecia bem as pessoas e, muito menos, alinhava as ideias. Coisas da fragilidade da nossa condição humana… |
Nasceu a 8 de Dezembro de 1923,em S. Pedro de Aboim-Amarante. 93 anos é muito tempo, é muita vida dedicada á causa do Evangelho. D. Manuel é um homem alegre. Em Nampula, tive a alegria de partilhar um tempinho com um pastor feliz. A meio do encontro, levantou-se da sua cadeira, foi ao pátio da casa onde tinham chegado crianças e começou a distribuir saudações e rebuçados. Era, pelo que me disseram, um ritual habitual que as crianças muito apreciavam, num tempo em que um rebuçado era uma pequena preciosidade naquelas paragens. Se pudesse, ia dar-lhe um abraço. Sei que ele não o compreenderia, mas eu gostava de lhe exprimir a admiração que tenho por ele e por tantos homens e mulheres que, em tempos difíceis, ousaram anunciar o Evangelho da Justiça, da Paz e da Alegria’. Obrigado D. Manuel. Que a sua vida e Missão sejam inspiração para muitos, dentro e fora da Igreja. |
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