04 - Editorial

  Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

    - D. Manuel Linda
    - Marcelino Paulo Ferreira

24 - Semana de...

     Henrique Matos

26 - Dossier

    Fátima 2017

 

28 - Entrevista

    Irmã Ângela Coelho

72 - Multimédia

74 - Estante

76 - Concílio Vaticano II

78- Agenda

80 - Por estes dias

82 - Programação Religiosa

83 - Minuto Positivo

84 - Liturgia

86 - Fundação AIS

88 - LusoFonias

Foto de capa: AE

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

Contra a Cultura da Violência

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Papa Francisco em nova entrevista

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A mensagem de Fátima, 100 anos depois

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D. Manuel Linda | Marcelino Ferreira | Octávio Carmo| Henrique Matos|Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves

 

Fátima do mundo

  Octávio Carmo   

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Faltam dois meses para a visita do Papa Francisco a Fátima, assinalando o Centenário das Aparições que deram um novo rosto ao catolicismo em Portugal e, também, no mundo. Do Papa podemos esperar muito - até porque já nos habituou às surpresas -, pela sua capacidade de atrair e de conquistar multidões, de emocionar e de falar aos mais simples, a quem não se sente ouvido ou não tem voz. A sua presença na Cova da Iria não virá propriamente “validar” as Aparições, uma questão encerrada há muito tempo por parte da hierarquia católica, mas será uma peregrinação com janelas abertas para o mundo. Estará ao lado dos peregrinos, um como eles, sem precisar de rebaixar-se ou de deixar de ser quem é, unido pela mesma devoção à Virgem Maria e pela certeza da sua proteção.

Esta é uma oportunidade para aprendermos. Para conhecermos melhor Fátima, para lá das construções epidérmicas do que julgamos saber, tantas vezes. E também uma oportunidade para conhecermos melhor o Papa Francisco, porque a espuma dos dias e a rapidez das redes sociais muitas vezes impedem de ver além das aparências, das crispações e das falsificações.

Eu sei que pode ser difícil de imaginar algo novo em relação a realidades que julgamos conhecer tão bem como Fátima e o Papa Francisco. Mas imaginemos um álbum que toda a vida ouvimos num pequeno rádio, num portátil ou mesmo no 

 

 

 

telemóvel, e que, de repente, o podemos ouvir numa aparelhagem que nos deixa sem voz: calados, ouvimos melhor a letra – e algumas palavras que sempre cantamos mal -, os instrumentos, o ambiente sonoro, a produção. A música torna-se outra, volta a ser ela própria e deixa de ser aquela coisa vaga que ouvíamos na 

 

nossa cabeça. Talvez o próximo 13 de maio seja a amplificação de que tanto precisamos.

P.S. – “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”, pedia Jesus Cristo aos discípulos, nos Evangelhos. Não há lugar para a ingenuidade perante a escolha de agendas e tempos mediáticos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

Pedro A. Pina/RTP – Festival da Canção 2017

Um grande evento de comunicação, este ano nos 60 anos da RTP

 

 

 

 

"Eu penso ter feito aquilo que tinha prometido: estar próximo das pessoas, tentar fazer tudo para estabilizar o país politicamente, economicamente, socialmente, ajudar o sistema financeiro, apoiar o controlo do défice, estabelecer as relações internacionais fundamentais, sobretudo no quadro europeu e da CPLP, e ter sempre presente as comunidades de portugueses espalhadas pelo mundo". (Marcelo Rebelo de Sousa, no primeiro ano de eleição como presidente da República)

 

“…Extrema-direita e extrema-esquerda são duas faces de uma mesma moeda: uns gostam de Salazar, outros copiam os seus métodos” (João Miguel Tavares, Público de 9/3/2017)

 

“A vida é sagrada à luz do direito natural e desta lei constitucional. Portanto, temas como a eutanásia, o aborto e as barrigas de aluguer não podem ser discutidas na esfera da escolha pessoal protegida pela privacidade” (Henrique Raposo, RR 3/3/2017).

 

“Em todos os campeonatos, levo para casa um pouco de areia da caixa de saltos e guardo-a junto às medalhas e distinções que vou conseguindo” (Nelson Évora, campeão europeu de triplo salto em pista coberta, 5/3/2017)

 

“Não deixemos que nos convençam facilmente que o salário mínimo não pode subir, a menos que façamos parte dos muitos que heroicamente conseguem alimentar uma família com o seu parco valor” (Mensagem para a Quaresma da Comissão Nacional Justiça e Paz, 9/3/2017).

 

Superar a cultura da violência

 

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) alertou para uma “cultura de violência” que se reflete nos relacionamentos domésticos ou na falta de ajuda aos refugiados e marginalizados.

“Vivemos num tempo mergulhado numa crise que não se esgota nos fatores económicos e sociais em que muitas vezes nos focamos, mas se caracteriza por uma crescente ausência de valores morais e civilizacionais, dados por adquiridos nas últimas décadas”, assinala a reflexão para a Quaresma de 2017 do organismo laical da Igreja Católica, enviada à Agência ECCLESIA.

65,3 milhões de deslocados em 

 

 

todo o mundo, 21,3 milhões de refugiados, são dados estatísticos evocados pela reflexão quaresmal.

“Até que ponto seremos nós, enquanto cristãos, sinais coerentes e corações abertos que resistam aos discursos xenófobos que grassam por quase toda a Europa?”, questiona a CNPJ.

A nota observa que a violência doméstica não se extinguiu com uma geração de homens e mulheres educados “numa nova sociedade”, como se pensava há uns anos.

A “prevalência da violência no namoro”, entre os mais jovens, a crescente violência doméstica em “todos os extratos sociais” e o 

 

 

bullying nas escolas e nas relações sociais fazem “soar os sinais de alarme”.

Para a CNJP, que tem a finalidade promover e defender a Justiça e a Paz, a crise de valores “é bem patente”, também, na proliferação de uma cultura de violência que em Portugal encontram “num crescendo sistemático e preocupante”.

No documento ‘O «outro» é um dom a que nos devemos dar’, a comissão recorda que o Papa Francisco pede uma aproximação à festa da Páscoa com “alegria autêntica” de uma vida “mais coerente em que o “moralismo” dê lugar ao testemunho”.

Neste contexto, o organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa destaca que dados da autoridade tributária, de outubro de 2016, mostram que, em média, o rendimento dos que se situam no escalão mais alto do IRS era 142 vezes superior ao do escalão mais baixo.

Com este alerta, pretende-se que os católicos se pensem em que medida replicam nas suas relações “o

 

 universo mundano e desigual” de uma sociedade “distinguida e etiquetada” entre pobres e ricos, bem e malsucedidos, poderosos e sem influência, sábios e ignorantes.

A Comissão Nacional Justiça e Paz, no contexto do debate pela legalização da eutanásia, incentiva também a que os cristãos sejam “os primeiros” a bater-se pelo “reforço do serviço nacional de saúde” para todos, a fim de que “os cuidados paliativos não sejam privilégio”.

A defesa pelo apoio às famílias com “mais dificuldades em acompanhar os seus”, pelos “apoios à vida com deficiência” e a luta por “leis laborais mais compatíveis com a conciliação trabalho e família”, são assuntos identificados, entres outros, e precisam de uma voz ativa.

Durante o atual tempo litúrgico de preparação para a Páscoa é pedido também que se elimine “a cumplicidade do coração com a corrupção” que “defrauda os mais pobres e frágeis dos seus direitos”. 

 

 

 

Santuário e autoridades civis ultimam preparativos para visita do Papa

O reitor do Santuário de Fátima disse no V Workshop Internacional de Turismo Religioso, a decorrer no Centro Pastoral Paulo VI, que se antecipa uma grande participação de peregrinos na visita do Papa, em maio. "Se esperamos por muitas e grandes peregrinações jubilares, em 2017, a maior será sem dúvida a de 12 e 13 de maio, com a presença do Papa Francisco”, disse o padre Carlos Cabecinhas.

O responsável recordou que “receber visita do Papa não é uma novidade para a cidade de Fátima”, que se tornou o “mais significativo destino religioso português”. “A nossa expectativa é que sejam muitos aqueles que acorrerão a Fátima para ver, saudar e ouvir o Papa e para rezar com ele. E não temos dúvidas de que muitos dos peregrinos que acorrerão a Fátima, nestes dias, virão do estrangeiro”, reforçou.

Para os peregrinos que não possam aceder ao recinto haverá ecrãs gigantes no espaço envolvente à Basílica da Santíssima Trindade.

O capitão Carlos Canatário, da GNR, disse por sua vez que se prevê a 

 

presença de pelo menos 500 mil pessoas, tendo como preocupações fundamentais a “segurança” da multidão e o apoio aos cidadãos. O responsável sublinhou a importância da utilização de “vias alternativas” nos acessos à freguesia de Fátima e ao Santuário e adiantou que vão existir “bolsas de estacionamento” fora da Cova da Iria, precavendo a sobrelotação dos parques mais próximos.

A partir do dia 11 de maio haverá controlo de entrada de carros na Cova da Iria e a partir do dia 12 a mesma será interdita, exceto para viaturas devidamente credenciadas.

O comandante Mário Silvestre, da Proteção Civil, assinalou que o plano de operações já está delineado, começando a 5 de maio, com mais de 560 operacionais.

 

 

Papa envia mensagem a Marcelo Rebelo de Sousa e ao povo português

O Papa Francisco enviou ao presidente da República Portuguesa e ao povo português uma ‘carta de agradecimento’, na sequência da felicitação endereçada por Marcelo Rebelo de Sousa a Francisco, por ocasião do seu 80.º aniversário. Na mensagem, publicada pela página online da Presidência Portuguesa, o Papa argentino “agradece de coração” os “votos” de parabéns, feitos quer “em nome pessoal” quer da “dileta nação” portuguesa.

“No desejo de corresponder à sua amabilidade, retribuo as cordiais saudações e invoco a proteção do Altíssimo sobre todo o Povo Português e quantos o servem e honram na realização dos nobres 

 

destinos que lhe cabem na História, propiciando a pacífica convivência dos povos e uma acrescida prosperidade nacional”, escreve Francisco.

Dias depois de tomar posse como presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa esteve com o Papa no Vaticano, a 17 de março de 2016. Em maio, haverá ocasião para um segundo encontro, já que Francisco visita Portugal e o Santuário de Fátima, para celebrar com as comunidades católicas do país o Centenário das Aparições de Nossa Senhora, na Cova da Iria.

A confirmação da visita chegou a 15 de dezembro de 2016, precisamente dois dias antes do Papa argentino cumprir 80 anos de vida.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Música Sacra no Alentejo

 

 

 

Os Romeiros - São Miguel, Açores

 

 

 

Papa admite debate sobre ordenação sacerdotal de homens casados

 

O Papa afirmou numa entrevista ao semanário alemão ‘Die Zeit’ que o celibato “opcional” para os padres católicos “não é uma solução” para a crise de vocações, mas admitiu valorizar o papel dos homens casados, neste campo.

Francisco referia-se em particular à 

 

 

proposta de ordenar os chamados ‘viri probati’ (“homens testados” – expressão que designa homens de confiança casados, de comprovada fé e virtude). “Teríamos de considerar que tarefas poderiam desempenhar, por exemplo nas comunidades isoladas”, disse.

 

 

 

 

Atualmente, a Igreja Católica de rito latino admite homens casados ao primeiro grau do sacramento da Ordem (diaconado, sacerdócio, episcopado). O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o que não acontece com o sacerdócio.

O diaconado exercido por candidatos ao sacerdócio só é concedido a homens solteiros.

O Papa admitiu que a quebra do número de candidatos ao sacerdócio é um “enorme problema” para a Igreja Católica e defendeu que é necessário “trabalhar com os jovens que procuram orientação”, tema que vai estar no centro do próximo Sínodo dos Bispos, em 2018. “Muitas paróquias estão nas mãos de mulheres dedicadas que nos domingos conduzem as orações. É um problema a falta de vocações. É um problema que a Igreja deve resolver”, assinalou.

O pontífice referiu que onde não há sacerdotes falta a Eucaristia e "uma Igreja sem Eucaristia não tem força".

Francisco observou ainda que, nos países ocidentais, o problema é 

 

agravado pela baixa taxa de natalidade, porque “se não há crianças, não haverá sacerdotes".

O Papa lamenta que alguns jovens não sejam sacerdotes “por vocação”, o que tem trazido problemas à Igreja.

A entrevista abordou depois a comissão de estudo sobre a história do diaconado feminino, explicando que a decisão surge como resposta à questão sobre se essas mulheres foram “ordenadas ou não”. “Trata-se de explorar o tema, não de abrir uma porta. O tempo dirá o que a comissão vai apurar”, precisou.

O celibato é obrigatório para os sacerdotes na Igreja Católica de rito latino; em várias Igrejas orientais em comunhão com Roma podem ser ordenados homens casados, mas não é consentido casar depois da ordenação.

No Sínodo dos Bispos de 2005 considerou-se que a ordenação sacerdotal dos ‘viri probati’ não seria uma solução, dando como exemplo a situação que se vive nas Igrejas Orientais ligadas a Roma “que têm padres casados, mas que sofrem, apesar disso, de crise de vocações”. 

 

 

Papa renova alerta contra onda de populismo na Europa

O Papa Francisco reforçou os seus alertas contra o populismo e o nacionalismo, na Europa, numa entrevista publicada pelo semanário alemão ‘Die Zeit’. “O populismo é mau e no final acaba mal, como no-lo mostra o século passado”, alertou, numa alusão ao regime nazi e às guerras mundiais.

Francisco admitiu estar preocupado com a onda de populismo na Europa, recordando os discursos que pronunciou em Estrasburgo, junto do Parlamento Europeu e do Conselho da Europa, e na receção do prémio Carlos Magno, que considera a síntese do seu pensamento sobre o Continente.

Na entrevista ao ‘Die Zeit’, o Papa recorda a ascensão ao poder de Adolf Hitler nos anos 30 do século XX. “A Alemanha estava desesperada, a crise económica de 30 era... e um jovem disse ‘eu posso, eu posso, eu posso’. Chamava-se Adolf, e isto acabou assim, não?  Conseguiu convencer o povo de que ele podia. Por trás dos populismos existe sempre um messianismo, sempre. É também uma justificação: preservar a identidade do povo”, alertou. 

 

Francisco aludiu a figuras como Schuman o Adenauer, os “grandes do pós-guerra” que imaginaram a unidade europeia, com uma ideia “não populista”. “Imaginaram uma fraternidade de toda a Europa, do Atlântico aos Urais. E estes são os grandes líderes – os grandes líderes – que são capazes de levar em frente o bem do país, sem estarem eles no centro. Sem serem messias”, observou.

O Papa defende que hoje “todo o mundo está em guerra”, numa “terceira guerra mundial aos pedaços”.

“Isto faz-se com as armas modernas e existe toda uma estrutura de fabricantes de armas que ajuda. É uma guerra. Mas –sublinho – não quero dizer que esta situação seja a mesma de [19]33, não! Este é um exemplo que dei para explicar o populismo”, acrescentou.

 

 

 

Vaticano apresenta contas

O Vaticano apresentou no último sábado as contas relativas a 2015, referindo que o governo do Estado apresenta um resultado positivo de 59,9 milhões de euros e a Santa Sé um défice de 12,4 milhões.

De acordo com um comunicado da Secretaria para a Economia do Vaticano, as principais fontes de receita da Santa Sé são, para além do rendimento de investimentos, as contribuições feitas pelas várias dioceses de todo o mundo, nos termos do 1271 do Código de Direito Canónico (CDC), 24 milhões de euros, e o “contributo do Instituto para as Obras de Religião” (IOR), 50 milhões de euros, sendo a despesa mais significativa o custo de pessoal.

O Governo do Estado da Cidade do Vaticano tem na receita das “atividades culturais”, nomeadamente os Museus do Vaticano, o maior contributo para o resultado positivo de quase 60 milhões de euros, em 2015.

De acordo com a Sala de Imprensa da Santa Sé, “as contas anuais de 2015 representam a primeira informação financeira tomada em conformidade com as Políticas de Gestão Financeira do Vaticano (VFMP, sigla em inglês), aprovadas pelo Papa Francisco a 24 

 

de outubro de 2014, que se baseiam nos Princípios de Contabilidade Internacional para o Setor Público”.

O comunicado, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, acrescenta que a Secretaria para a Economia do Vaticano informou o Conselho para a Economia que a aplicação da VFMP está “francamente em curso”, acrescentando que serão necessários “alguns anos” para fique concluído o processo de “atualização de uma revisão contabilística completa”.

“As Contas Anuais Consolidadas de 2015 representam um passo importante, seja para as reformas económicas, seja para o percurso de adoção da nova política, que está a progredir bem”, acrescenta o comunicado.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa em retiro de Quaresma

 

 

 

 

 

 

Desconstrução ou destruição?

  D. Manuel Linda    
  Bispos das Forças   

  Armadas e Forças de  

  Segurança  

 

Eu sei que há quem adira ao Islão. Mas nunca tinha falado com um desses convertidos. Até que, há dias, uma viagem me colocou perante uma guia turística que fazia gala de mostrar a sua nova condição de muçulmana: lenço a tapar toda a cabeça, com excepção de parte da face, e roupas suficientemente largas para ocultarem a sua anatomia feminina. Meti conversa. Disse-me que era trintona, nascida numa aldeia perdida nas montanhas do Norte de Portugal e que tinha feito “todas as comunhões”. Pareceu-me inteligente, culta e bonita. À pergunta sobre as razões da conversão, respondeu: “O Ocidente está podre. As pessoas não conhecem outra lei que não seja o seu desejo. Não há normas, nem Deus, nem o Bem. No Islão, encontro tudo isso”.

À noite, entrei na internet para ler o correio. E na página de abertura, este título sensacionalista: “Morte, sexo e droga: as novas lutas do Partido X”. O texto, porém, referia estas temáticas com mais serenidade. Não obstante, direta ou indiretamente, apontava-se para aí. Tudo embrulhado no costumado eufemismo: “moções para um diálogo aberto e sereno”. Mas que se poderia traduzir por outra expressão, menos suave, mas mais autêntica: núcleo primeiro da bola de neve que se transformará em avalanche e arrastará consigo toda a enxurrada.

Estes dois posicionamentos perante a vida fizeram-me pensar. A cultura ocidental, de facto, é absolutamente míope: não vê mais nada que

 

 

 

 

não seja o indivíduo. Melhor: o umbigo do próprio indivíduo. Mas não reconhece a cegueira. Até diz que o que pretende é defender a liberdade e a autonomia da pessoa, desde que esta não colida com terceiros. E que ninguém é obrigado a fazer o que não quer.

Mas será mesmo assim? É que ao banalizar, acaba por facilitar e até impingir. E com fortes prejuízos para terceiros. Na eutanásia, por exemplo, o pretenso pedido da morte não será, quase sem excepção, o resultado do abandono familiar, fruto desta cultura do «descarte»? E ao afirmar-se que está em jogo “uma questão de 

 

 

dignidade”, já que “os trabalhadores do sexo” se sentem discriminados, não se estará a escancarar ainda mais as portas para que se gaste neste domínio o que, porventura, faltará para pão em casa?

 A filosofia contemporânea fala de “desconstrução”, de mudança pela mudança, de colocar de pernas para o ar o que se encontrava com os pés bem assentes na terra. Mas desconstrução ou destruição do humanismo e da pessoa? É que, sem a norma legal balizadora, é preciso ser herói para se vincular à ética. E sem esta, que é que fica para garantir a justeza das relações interpessoais?

 

 Quaresma

“O princípio e o fim de um processo oferecem uma conexão com sentido, uma unidade com sentido, quando estão interligados um com o outro. […] Também os rituais e as cerimónias são formas de conclusão”. O filósofo Byung-Chul Han, num ensaio sobre o tempo (Fecha os olhos, por favor), parte desta afirmação para sugerir uma mudança de paradigma ou, pelo menos, uma atenção mais cuidada à nossa maneira de estar no tempo. Urge assumir uma dinâmica temporal que lhe devolva o seu “aroma”. A Quaresma é essa ocasião propícia para abrandar o ritmo acelerado e a superficialidade da nossa vida, acalmar, pacificar, deixar que o amor de Deus ressoe no nosso coração. É um tempo de introspeção serena, de contemplação, de reconciliação profunda connosco, com Deus e com os outros.

 

Fátima: Ano Mariano

Não é adequado sugerir a Quaresma como um tempo triste! Antes de tudo, é um tempo de preparação para a Páscoa. “A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de 

 

Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte” (Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2017). Neste sentido, a Quaresma é um “processo narrativo”, por conseguinte, não acelerado, antes um tempo com ritmo. Assume um ritmo próprio que evolui na preparação ou renovação das promessas batismais e na dinâmica penitencial. Esta, considerada em termos pessoais e comunitários, pode ser tomada como sinónimo  de conversão e de renovação cristã. É, pois, sobre o caráter batismal que se apoia a dimensão penitencial da Quaresma. Por isso, a penitência tem de ser entendida como um meio ou um fruto e nunca a causa ou origem da conversão. “As penitências não se fazem para sofrermos. Fazem-se para melhorarmos. Para nós, cristãos, uma ‘penitência’ não é algo que custa mas um exercício que ajuda a ficar melhor pessoa. […] Abstemo-nos de coisas boas se isso nos ajuda a alcançar outras melhores” (Nuno Tovar de Lemos, Mensageiro do Coração de Jesus, março de 2017). Para tal, precisamos de disposições básicas sem as quais não há conversão possível: a chave é o descentrar-se, deixar de estar voltado para si e colocar o 

 

 

 

centro no essencial. A esmola centra-nos nas necessidades dos outros; a oração centra-nos no encontro com Deus; o jejum reúne as duas anteriores na centralidade do essencial. Estas práticas tradicionais do tempo quaresmal fazem a ponte com o “Ano Mariano” que celebramos a propósito do Centenário das Aparições em Fátima. A oração e a penitência estão entre os pontos centrais da Mensagem de Fátima: são a resposta dos Pastorinhos às interpelações da Senhora (e do Anjo). A primeira aparição mariana (13 de maio de 1917) traz um pedido com um carácter penitencial: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”. Deixando de lado o que não é essencial (que só se pode compreender no contexto próprio daquelas crianças), há um conteúdo profundo que se repete hoje: “Quereis oferecer-vos a Deus… pela conversão dos pecadores?”. Eis o essencial que há de orientar a concretização criativa das penitências quaresmais: oferecer a vida a Deus pela nossa conversão, pecadores e confiantes na misericórdia divina. 

 
Laboratório da Fé comtempla

No contexto mariano que orienta a dinâmica pastoral, apropriamo-nos das palavras de São João Paulo II na Carta Apostólica sobre o Rosário (RVM), para as aplicar ao tempo quaresmal. Assim, nesta Quaresma somos também convidados a frequentar a “escola de Maria”, para nos deixarmos “introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor” (RVM 1). Da mesma forma, podemos dizer que a fé contemplada “tem em Maria o seu modelo insuperável” (RVM 10). Ousamos apresentar duas propostas concretas para entrar na “casa” e na “escola” de Maria: A Via Sacra: Orai Assim (edições Salesianas) e a recitação do terço, em especial os mistérios da dor. Uma e outra, “a partir da experiência de Maria”, são “uma oração marcadamente contemplativa” que requerem “um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através daquele que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas” (RVM 12).

Marcelino Paulo Ferreira

 

 

Não é bom que o homem esteja só...

  Henrique Matos   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

A expressão é conhecida e dá conta da intuição de Deus ao ver o homem sozinho a vaguear pelo jardim do Éden. O criador considerou que faltava algo para que o jardim se transformasse em paraíso...  Pelas páginas do Génesis é assim que surge a mulher, criada a partir de um Adão adormecido que acorda com uma companheira a seu lado. O que importa é olhar a condição atual de homens e mulheres que já não vivem no paraíso nem se alimentam pelo simples esticar da mão que colhe o fruto disponível e abundante.

Hoje a vida ganha-se numa luta diária em que o trabalho possibilita a sobrevivência e o rendimento determina a o nível de vida. Neste estado de coisas a mulher, que continua a ser a companheira do homem, é também a sua concorrente. Em Portugal, as mulheres estão na dianteira no que toca a qualificações, mas permanecem atrás se falamos de remunerações. Uma desigualdade que continua na ainda escassa presença feminina nos cargos de chefia.

O Dia Internacional da Mulher, assinalado esta semana, veio lembrar que a Eva de Adão tem sido, ao longo da história, bem mais a sua criada do que a sua companheira.

Muito se caminhou na luta pelos direitos e pela dignidade, e os frutos já se concretizam em leis laborais e direitos civis, mas ainda assim, parece que o homem ainda pesa mais no prato da balança. Ainda se olha para a gravidez como um quebra-cabeças para a produtividade da empresa, e a cozinha assegurada por homens ainda é coisa 

 

 

gourmet. Para elas, o horário laboral não termina ao fim da tarde, mas prolonga-se noite dentro para assegurar o bom desempenho da empresa doméstica. E esta de que falamos, é só uma desigualdadezinha... Se olharmos as mulheres de outras latitudes, não vemos criadas, mas sim verdadeiras escravas... mulheres que vivem na sombra, sem rosto e sem voz.

Mas o atraso civilizacional de algumas regiões do mundo não pode, entre nós, atenuar a urgência de olhar a mulher na sua dignidade. E isso, não é dizer que a mulher é igual ao homem, é assumir que é diferente. É nessa diferença que reside a beleza da sua condição e o seu potencial de complementaridade para com o homem. Esta noção não se consegue por quotas, mas apenas pela 

 

mudança das consciências. 

Na passada semana, este Semanário dava conta dos muitos rostos femininos que já ocupam lugares de liderança na Igreja em Portugal, na terça feira no Vaticano, o Conselho Pontifício da Cultura apresentava a ‘Consulta Feminina’, um organismo permanente que quer dar mais voz às mulheres, composto por mais de 20 representantes de vários países. O objetivo é oferecer “um olhar feminino” sobre a atividade deste dicastério, como referiu o seu responsável, o cardeal Gianfranco Ravasi.

Estes dias temáticos têm sempre um dom e um perigo. O dom de nos despertar a consciência e o perigo de que ela adormeça já amanhã quando se assinalar o dia do sono ou da meteorologia.

 

 

 

Em 2017, Portugal vai receber uma visita de Francisco centrada na Cova da Iria, a 12 e 13 de maio, no Centenário das Aparições. Três crianças foram os responsáveis por receber a mensagem da Virgem Maria, vivendo acontecimentos que mudaram para sempre o rosto da Cova da Iria e da Igreja Católica.

Passados 100 anos, ainda há muito a descobrir na vida e a espiritualidade dos seus protagonistas. Os mais novos, Francisco e Jacinta Marto, foram beatificados em maio de 2000. 17 anos depois, espera-se que a sua canonização

aconteça no Centenário das Aparições, como

explica nesta edição do Semanário ECCLESIA

a irmã Ângela Coelho, postuladora da

Causa de Canonização dos pastorinhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mensagem de Fátima e seus protagonistas

 

A postuladora da causa de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto admitiu à Agência ECCLESIA que o Papa traga “novidades” sobre a canonização dos dois pastorinhos, durante a sua visita a Fátima. A irmã Ângela Coelho fala ainda da importância da figura dos três pastorinhos e da atualidade da mensagem de Fátima, 100 anos depois das Aparições na Cova da Iria.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira e Luis Filipe Santos

 
 

Agência ECCLESIA (AE) – A «Mensagem de Fátima» está a comemorar o seu centenário. Como se fala, nos dias de hoje, sobre este tema?

Ângela Coelho (AC) – Falar 100 anos depois de Fátima é… um tentar de novo. Repetir com linguagens e formas novas aquilo que Nossa Senhora e o Anjo vieram trazer à Cova da Iria. Não apenas para Portugal, mas para o mundo inteiro. Tenho sentido nos últimos anos um interesse maior por todas estas temáticas e assuntos.

 

AE – Como falar ao homem contemporâneo sobre este acontecimento que mudou vidas de crianças e adultos. É necessário uma linguagem que diga algo de novo?

AC – As necessidades do ser humano são muito constantes ao longo da vida e das épocas históricas. Falo no exemplo de sermos aceites e compreendidos… A necessidade 

 

de sermos felizes e realizados. De termos paz e estarmos bem connosco próprios, com os outros e com Deus. Apesar do ser humano ter mudado em termos de linguagem, na forma de comunicar e na compreensão do próprio mistério, as necessidades são as mesmas. Portanto, falar de Fátima cem anos depois, apesar de tudo, não é assim tão difícil porque o que Fátima traz é uma resposta às necessidades comuns ao ser humano.

 

AE – No entanto, essas respostas necessitam de novas ferramentas…

AC – Os agentes da pastoral da Mensagem de Fátima têm aproveitado todas as ferramentas que a ciência teológica nos dá. Temos aproveitado também os conhecimentos da Psicologia, Sociologia e da forma das pessoas se relacionarem entre si. A grande dificuldade está, provavelmente e aparentemente, nalgumas coisas faladas há cem 

 

 

 

anos atrás e que, hoje, estão fora de moda. Esse tem sido o nosso maior desafio. Todavia, não sinto que seja desfasado daquilo que hoje seja necessidade do ser humano.

 

AE – O contexto histórico era diferente…

AC – Os fatos que nos rodeavam e faziam notícia eram diferentes. Mas se repararmos, há cem anos vivíamos numa guerra mundial e, hoje, não sei se esse medo não está também presente. Talvez ainda mais… A globalização traz-nos notícias ao minuto e isso gera mais medo e ansiedade. Embora não estejamos a viver a I Guerra Mundial, os eventos de terrorismo e as perseguições sentidas também nos causam esse medo e insegurança. Parece que se sente uma falta de confiança no futuro e uma grande insegurança face ao terrorismo. 

 

AE – A «Mensagem de Fátima» dá resposta a esses problemas?

AC – Aponta caminhos… Não gosto de absolutizar respostas porque a única resposta é Jesus Cristo. Ele e o seu Evangelho são a resposta e o caminho para os problemas de qualquer ser humano em todas as épocas. Obviamente, a «Mensagem de 

 

Fátima» porque sublinha aspetos fundamentais do Evangelho – adaptados à nossa mentalidade e ao nosso contexto – tem implicações muito concretas. O apelo à oração é um apelo que Jesus lança, mas Fátima também aponta esse apelo à oração. Uma forma de oração simples, mas adaptada ao nosso tempo de vida e ao nosso ritmo: A oração do Rosário.

Na «Mensagem de Fátima», a dimensão de compaixão e solidariedade é muito forte tal como no Evangelho. É fundamental ter a consciência que pertenço à família humana e sou responsável pelo meu ‘irmão’ e ‘irmã’. Cristo e o seu Evangelho são o centro, todavia na «Mensagem de Fátima» estes valores também aparecem.

 

AE – Então a «Mensagem de Fátima» é um apêndice do Evangelho. Uma página branca que se vai construindo…

AC – Eu diria que a «Mensagem de Fátima» é uma tela que se vai tecendo com diversos fios que do Evangelho recolhemos. Esta tela belíssima com cem anos de construção está a ficar cada vez mais lindíssima. Precisamente porque é tecida com os fios das páginas do Evangelho.

 

 

 

 

 

 

AE – Quem teceu essa tela foi a Irmã Lúcia?

AC – Foi a Irmã Lúcia, Francisco e Jacinta e cada um de nós.

 

AE – Mas a Irmã Lúcia é a protagonista visto que era ela que falava com Nossa Senhora?

AC – A Irmã Lúcia tem um protagonismo especial em toda esta história da «Mensagem de Fátima» porque é a interlocutora de Nossa Senhora. Mas também porque fica cá mais algum tempo, até 2005, para difundir e espalhar ao mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Obviamente que não tiro, de forma alguma, o protagonismo à Jacinta e ao Francisco porque foram os primeiros a viver em plenitude aquilo que Nossa Senhora veio dizer. Digo em plenitude porque a Igreja beatificou-os no ano 2000.

 

AE – Podemos confundir as memórias da Irmã Lúcia com a «Mensagem de Fátima»?

AC – Não podemos confundir… Mas, obviamente que as memórias da Irmã Lúcia são o registo do ser humano mais credível e fiel relativamente àquilo que foi acontecendo em 1917. Todavia, considero que a «Mensagem

 

 

de Fátima» é muito para além disso que a Lúcia regista, escreve e recorda. A «Mensagem de Fátima» é também o peregrino que a atualiza em cada tempo.

Se a «Mensagem de Fátima» fosse só as memórias da Irmã Lúcia podíamos concluir que ela estava terminada no dia da sua morte. O fenómeno de Fátima ultrapassa, enormemente, a vida e as memórias da Irmã Lúcia. 

 

 

 

AE – Sem esquecer também o papel desempenhado pelo cónego Formigão.

AC – O cónego Formigão teve um papel importantíssimo. Como os três videntes eram crianças, à partida a credibilidade das aparições, no primeiro olhar, era muito pequena. O cónego Formigão foi extraordinário. Ele aproxima-se do fenómeno, primeiro com alguma prudência. 

Chega a Fátima em setembro de 1917. 

 

De longe, observava o fluxo de peregrinos… Posteriormente, interroga os videntes. A partir deste momento ele acredita naquilo que está a acontecer. Ele acredita que é algo que vem de Deus e não produção fabricada ou mentira das crianças.

Quando interroga as crianças, regista tudo. Ele interroga como quem acredita… Isto faz toda a diferença. É muito diferente sermos interrogados  

 

 

 

por alguém que acredita e por quem não acredita. Os pastorinhos tiveram interrogatórios destes dois tipos. Perante esta situação, a atitude de quem está a ser questionado é completamente diferente. Os “pequeninos” intuíram isso e abriram o seu coração a este homem.

 

AE – Interrogatórios essenciais para compreender o fenómeno.

AC – Ele dá-nos uma fonte de primeira grandeza. Como era um sacerdote respeitado do Patriarcado de Lisboa, com uma formação profunda feita em Roma, vai ajudar à credibilidade destes videntes diante da autoridade eclesiástica. A partir do momento que a Igreja autentica estes acontecimentos diz: “Aqui Deus teve uma intervenção”.

 

AE – Mas demorou algum tempo até se chegar a esse patamar

AC – É normal. Foi necessário interrogar muitas pessoas. Esta comissão teve como um dos membros mais importantes, o cónego Formigão.

 

AE – Ele sonhou um novo Santuário de Lourdes (França) na Cova da Iria?

AC – Ele percebe que um fenómeno semelhante se estava a passar. D. José Alves Correia até começa a comprar terrenos circundantes porque sabia da experiência de Lourdes. Em Fátima, 

 

 

 

os intervenientes quiseram evitar esse fenómeno dos terrenos junto ao Santuário de Lourdes.

 

AE – Podemos, quando se fala na «Mensagem de Fátima», correr o risco de nos fecharmos numa nomenclatura em que só a Igreja e os cristãos percebam? Esquecendo aqueles que não conhecem as propostas da mensagem?

AC – Estamos num contexto de fé. No entanto, a nomenclatura que é falada em Fátima toca nas necessidades mais profundas do ser humano. E isso é universal. Mas se olhamos para Fátima de forma superficial, corremos o risco de o vermos como fenómeno sociológico. No fundo há diversos olhares que podemos ter sobre o evento Fátima. Todavia, somos todos desafiados a aprofundar este acontecimento.

 

AE – Aprofundar o acontecimento e os valores inerentes.

AC - Os valores aqui propostos são universais. Como a compaixão pelo meu irmão que sofre, o sentir-me responsável pela história… Isto é uma linguagem para crentes e não crentes. O Papa Francisco tem falado muito disso. Mesmo a dimensão ecológica. Todos nós habitamos este planeta e somos responsáveis por ele. A paz é um bem universal.

 

 

 

AE – Os peregrinos falam muito na dimensão do silêncio e da paz.

AC – Completamente verdade. O mundo está cheio de ruído e o ritmo da nossa vida é frenético. Somos assolados por sons vindos de todo o lado. Outrora só tínhamos a rádio e a televisão. Agora, com a internet 

 

estamos a ficar dependentes. Estamos, constantemente, a ser bombardeados por atrativos exteriores a nós. Isto impede-nos a concentração e prejudica a reflexão, concentração e silêncio.

 

AE – Fátima é um bom sítio para começar um caminho de fé?

AC – Sim. Para algumas pessoas é um sítio maravilhoso. Algumas pessoas chegam aqui apenas para acompanhar e depois são surpreendidas. Muitos chegam distraídos… Depois olham para aquela imagem pequenina, na Capelinha das Aparições, e alguma coisa acontece. Fátima pode ser um excelente ponto de partida.

 

AE – É possível viver o silêncio nas grandes celebrações, especialmente as de maio e outubro?

AC – No Santuário de Fátima vivem-se

 

 

 

 

momentos diferentes. Aqui há tempo para tudo. Os peregrinos sabem isso e buscam o santuário conforme as suas necessidades. Todavia, nas grandes celebrações eu percebo a dimensão comunitária da fé. Rezar em conjunto tem também importância, na minha forma de viver a fé.

 

AE – A «Mensagem de Fátima» está tatuada no rosto dos peregrinos?

AC – Está refletida uma dimensão da «Mensagem de Fátima» que é a confiança em Nossa Senhora. O olhar de certos peregrinos a contemplar 

 

Nossa Senhora de Fátima mostra a certeza e a confiança naquela pessoa. O que traz a Fátima a maior parte dos peregrinos é esta confiança em Nossa Senhora. É o específico do Santuário.

Posso referir também que muitos peregrinos buscam o Santuário de Fátima para o Sacramento da Reconciliação.

 

AE – A «Mensagem de Fátima» também é emotiva, basta visualizarmos o momento do adeus e os lenços que acenam, juntamente com as lágrimas, a Nossa Senhora.

AC – A «Mensagem de Fátima» é emotiva… Nós somos afeto e a Psicologia tem vindo a demonstrar isso. A afetividade é uma porta excecional para a vida. Enquanto não formos tocados no coração não existe conversão e mudança.

 

 

 

 

AE – A mensagem está centrada ou baseada em três segredos. Esse lado enigmático dá-lhe outra característica?

AC – A Irmã Lúcia dizia: “Às vezes damos mais atenção ao pouco que não conhecemos e não tomamos em devida consideração o tanto que já sabemos”. O fato de existirem três partes do segredo suscita curiosidade. Em Agosto, os pastorinhos foram presos por causa do segredo. As crianças se não estivessem convencidas da verdade… não aguentariam a pressão psicológica. O segredo é um dos grandes critérios de autenticidade das aparições. 

 

AE - Se a «Mensagem de Fátima» fosse um livro, podíamos dizer que esse livro foi concluído em 2000?

AC – Ainda se está a escrever. Se pensarmos no conhecimento sobre os acontecimentos, sem dúvida, foi encerrado em 2000. Mas considero que a «Mensagem de Fátima» é muito para além do que os pastorinhos viram e ouviram, penso que é um livro que está a ser escrito. Com capítulos interessantes. Um deles foi, sem dúvida, o ano 2000, data da publicação do segredo e da 

 

beatificação da Jacinta e do Francisco. Outro capítulo importante foi a morte da Lúcia de Jesus, em 2005, data da morte da última vidente. Outro capítulo foi o encerramento do processo diocesano da Irmã Lúcia, a 13 de fevereiro último.

 

AE – Voltemos ao ano 2000, data da beatificação de Jacinta e Francisco. Dezassete anos depois, não haverá novidades?

AC – Espero que haja, neste ano, alguma novidade acerca dos pastorinhos Jacinta e Francisco.

 

AE – Refere-se à canonização?

AC – Sim, que é o que mais desejamos.

 

AE – E sobre a Lúcia?

AC - Penso que a novidade, em 2017, já aconteceu e foi a 13 de fevereiro. Este ano, não estou à espera de mais nada sobre a Lúcia de Jesus, relativamente ao seu processo. Em Roma, segue-se a abertura do processo diocesano por parte da Congregação da Causa dos Santos. O primeiro momento vai ser um decreto de validade jurídica, ou seja, um ou dois oficiais na Congregação vão olhar para os documentos com o único 

 

 

 

objetivo de ver se as formalidades e as normas da Sanctorum Mater, a instrução que rege estes processos, foram cumpridas. Observar 15483 páginas vai demorar algumas semanas e o decreto da validade jurídica demora meses.

Posteriormente, o postulador romano tem acesso à cópia pública e pode redigir a Positio, um documento que sintetiza entre 500 a mil páginas o que foi entregue na Congregação. Tem de ser um documento muito bem feito porque nos dá as virtudes principais de Lúcia de Jesus.

 

 

 

AE – Há dois dados importantes. Um sobre a Irmã Lúcia que se encontra em fase primária. O outro é a canonização de Jacinta e Francisco. Nesta maratona, a canonização dos dois pastorinhos está mesmo na reta final. O papa vai trazer novidades no próximo mês de maio?

AC – O Papa pode trazer novidades. Eu não sei. De facto, o estudo do milagre prossegue, mas ainda não está concluído. Falta a análise de uma comissão. Caberá ao Papa decidir onde e quando quer anunciar e fazer a canonização. A ocorrência deste presumível milagre – é assim que me tenho de referir a ele, pois ainda não está dito que é um milagre.

 

 

 

 

AE – Milagre que, no seu entender, tem todas as condições para ser validado?

AC – Sim, tem todas as condições. Por isso é que eu decidi começar a estudá-lo. Acredito nele desde o início. Quando chegaram à postulação, há quatro anos, os primeiros documentos, fui investigar e pareceu-me que tinha condições para ser estudado e aprofundado.

 

AE – Estamos a falar de uma criança brasileira?

AC – Sim, uma criança do Brasil. Se for este o milagre aprovado que nos conduz à canonização, será um milagre muito bonito. Duas crianças cuidam de uma criança.

 

AE – E o Papa Francisco pode anunciar?

AC – Pode. Da parte da postulação 

 

 

 

 

fizemos e preparámos tudo para que fosse possível este ano. As comissões, em Roma, estão a estudar e, de facto, está a correr bem. Falta concluir o estudo. Tenho fortes expetativas e esperança que vá acontecer este ano, em 2017, a canonização do Francisco e da Jacinta. Será o papa Francisco a escolher quando anunciar e onde fazer.

 

AE – A festa de maio tem a garantia da presença do Papa Francisco. O santuário de Fátima poderá viver outra festa em outubro, a 12 e 13?

AC – Poderá viver ao longo deste ano. De facto, depende mesmo do santo Padre. As condições estão criadas e se a próxima comissão der o seu parecer positivo, as condições estão criadas para que o santo Padre tome a decisão quando entender.

 

AE – Estamos a conversar no Dia Internacional da Mulher. Podemos dizer que a «Mensagem de Fátima» tem um lado feminino?

AC – Através de Nossa Senhora e pela Lúcia. São as duas grandes figuras femininas que atravessam a mensagem. A figura materna da Virgem Maria, mãe de Jesus, da Igreja e de cada um de nós, por um lado, 

 

e a forma feminina de a Virgem se exprimir com palavras tão bonitas como as que dirige à Lúcia «Não tenhas medo, eu nunca te deixarei»; «O meu coração será o teu refúgio» - esta forma tão bonita de exprimir a verdade do Evangelho. Por outro lado a Irmã Lúcia, mulher que fica mais tempo com uma dimensão importante e um protagonismo especial em toda a Mensagem.

 

AE – Destaca também o lugar da mulher na Igreja?

AC – É uma dimensão que podemos concluir. A irmã Lúcia vibra, nos seus escritos, quando o Papa Paulo VI atribuiu o título de Doutora da Igreja a Santa Teresa de Ávila. Ela já era carmelita e vibra com isso. Percebe que a mulher tem este espaço dentro da Igreja, na participação pelo batismo no sacerdócio, tem esta missão de anunciar o Evangelho e a Boa Nova. A Igreja estava a reconhecer isso, não apenas no II Concílio Vaticano, mas atribuindo o título de Doutora da Igreja a Teresa de Ávila. Lúcia sente-se mais confortável com o seu ministério de espalhar a mensagem de Fátima, ainda que com os seus limites próprios da clausura.

 

 

 

AE – E os Papas? Que papéis desempenham na «Mensagem de Fátima»? Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI? O papa Francisco virá em maio…

AC – Na minha opinião, começa mais cedo e com um fenómeno interessante com Pio XI. Sublinho este facto porque autenticou, ainda que indiretamente, o fenómeno que estava a acontecer.

Em 1929, estamos a falar do ano anterior à aprovação por parte de D. José Alves Correia, o papa Pio XI benze uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, que estava no Colégio Português, em Roma feita pelo escultor José Ferreira Thedim que fez a escultura de Nossa Senhora da capelinha. Este sinal é uma aprovação implícita daquele acontecimento.

Pio XII tem uma grande relação com Fátima. É o primeiro a considerar-se o Papa de Fátima, não só porque Eugenio Pacelli foi ordenado bispo a 13 de maio de 1917, ele fica com uma ligação forte afetiva ao acontecimento Fátima, mas é o primeiro Papa a tentar cumprir o pedido de Lúcia sobre a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Há uma célebre fotografia em que, acompanhado pelo seu secretário Montini, Pio XII ao microfone da rádio, fala aos 

 

portugueses sobre isto.

A partir de Paulo VI, a grande ligação dos Papas a Fátima é a sua presença. A sua presença é uma aprovação e um exprimir a atenção da Igreja ao que aqui foi sucedendo.

João Paulo II tem uma história única – seria mais um capítulo que falávamos no livro sobre a «Mensagem de Fátima».

 

AE – João Paulo II tinha uma grande devoção mariana…

AC – Verdade e o seu lema é Totus Tuus, mas o seu plano pastoral para a Igreja universal não incluía Fátima, até àquele dia 13 de maio de 1981… Depois de despertar na clínica Gemelli e percebendo a gravidade do sucedido, atribuiu imediatamente à proteção de Nossa Senhora de Fátima o desfecho diferente do previsto que era a sua morte. Ele diz: «o Papa parou no limiar da morte devido àquela mão materna que desviou a bala».

 

AE – Aos olhos da razão é difícil de entender. A mão de Nossa Senhora desviar uma bala…

AC – É uma linguagem simbólica. O Papa quando fala na mão, fala em todo o ser da Virgem Maria que o protege. 

 

 

 

 

É bonito perceber que, atribuindo a ela uma proteção especial, estende a intercessão a milhões de peregrinos que ao longo dos anos passam pelo santuário e rezam pelo Papa porque desde o início a figura do sucessor de Pedro foi importante na Mensagem de Fátima. Mas muito antes de se conhecer a terceira parte do Segredo já aqui se rezava pelo Papa e o amor 

 

da Jacinta pelo Papa é conhecido desde o início, ainda que não se soubesse o segredo.

Quando o Papa fala na mão é numa linguagem metafórica que representa a proteção de Nossa Senhora. É interessante que ele fala na mão e é na mão que ela traz o rosário. A oração que mais se reza em Fátima é o rosário.

 

 

 

AE – E o cardeal Ratzinger, Bento XVI, que escreveu o comentário teológico à terceira parte do segredo.

AC –Foi fundamental. Eu costumava pensar que João Paulo II entra em Fátima pelo coração e depois vai intelectualizar Fátima. O cardeal Ratzinger foi diferente: entra intelectualmente e, em 2010 quando vem à Cova da Iria, é o coração que é apanhado pela expressão de carinho da multidão a 13 de maio. Penso que naquela altura, ele precisava dessa manifestação carinhosa.

Devemos muito ao cardeal Ratzinger. É curioso que a Lúcia escreve no seu diário os encontros com cardeais, bispos, chefes de estado ou pessoas da cultura, não o nome, mas os encontros e sinto que o faz para proteger a pessoa. Exceto com o cardeal Ratzinger…. Regista a conversa 

 

em outubro de 1996, no contexto da sua vinda à Cova da Iria. Ela regista que as pessoas presentes lhe perguntaram qual a essência da mensagem, para onde apontava. E ela responde «Creio, na minha opinião, que tudo na mensagem é para conduzir para a fé, para a esperança e para a caridade». Com simplicidade ela pergunta ao cardeal Ratzinger «Parece-lhe bem, sua eminência?» Ele, muito atentamente, diz-lhe «Sim, a irmã respondeu muito bem. É isso mesmo».

É interessante que esta mesma frase, no comentário ao segredo, no ano 2000, preparada pelo cardeal Ratzinger, ele regista o mesmo. É bonito ver que depois serão estes os temas das encíclicas de Bento XVI – a fé, a esperança e a caridade. Vejo nisto, o fio condutor do acontecimento Fátima.

 

 

 

 

 

 

AE – A irmã Ângela vibra com isto…

AC – Ai, vibro (risos). É a minha vida.

 

AE – Quando foi a primeira vez que teve contacto com a mensagem de Fátima?

AC – No colo da minha mãe e nos braços do meu pai. Eu cresci a ver os meus pais de joelhos diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima a rezar o terço. Para uma criança de nove anos a figura do pai é sempre importante. O meu era dono de uma empresa, com funcionários a seu cargo. Para mim o meu pai era mesmo muito importante porque mandava naquelas pessoas. Ver aquele homem de joelhos diante daquela imagem fazia-me pensar que ela é que devia ser mesmo importante. Lembro-me destes raciocínios…

Nossa Senhora era membro da casa, assim como Jesus. Havia um crucifixo lindíssimo. Foi com os meus pais 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

que eu aprendi quem era Nossa senhora de Fátima. Era uma devoção muito séria porque os meus pais gostavam de estudar, informar-se e conhecer. Tinham uma vivência muito coerente da vida cristã. Rezávamos todos os dias o terço em família.

 

AE – O que é que os seus pacientes lhe ensinam sobre a Mensagem de Fátima?

AC – A confiança, a serenidade, alguns deles que o sofrimento não é inútil e em vão, ainda que conduza à morte.

 

AE – Mesmo alguns não crentes?

AC – Alguns não crentes não mo ensinam explicitamente relativamente a Fátima. Para alguns não crentes a vida está resolvida. Estão a caminho do nada, da morte que é o fim.

 

AE – Ou de uma pergunta…

AC – Ou de uma pergunta. Alguns não crentes naquele momento colocam a pergunta. A vulnerabilidade dos doentes ensina-me a ser atenta, presente, a tentar dar respostas, respeitar o percurso que cada um faz. Estimulam-me muito à compaixão.

Quando vejo um doente penso muito na Jacinta. É quem mais me ensina a cuidar dos meus pacientes, porque esteve muito sozinha no hospital.

 

O contacto com a morte sempre me coloca questões interessantes e faz-me pensar o quanto posso ser expressão da ternura que sinto na «Mensagem de Fátima», esta companhia que sinto que Nossa Senhora é na minha vida, o quanto posso ser para estes doentes a presença terna e esta companhia serena.

 

AE – Como consegue dialogar entre a face da ciência e a fé?

AC – No meu interior? Não são incompatíveis nem estão sempre em contradição. Houve momentos em que era mais difícil. O meio académico médico não é o mais crente entre os meios universitários. Nessa altura eu colocava questões. Hoje convivo muito pacificamente. O mistério está sempre presente quer na ciência como na fé. Eu sou a mesma pessoa, a crente e a médica. Não são duas pessoas. Eu gosto muito da expressão de João Paulo II na Carta encíclica Fides et Ratio porque me ajuda a perceber isto: «a razão e a fé são duas asas pelos quais se eleva o pensamento humano». Uma sem outra não sobrevive. Mais do que o conflito entre a fé e a ciência eu vejo a sinergia entre ambas.

Graças a Deus vivo numa época em que a Igreja já admitiu que não tem

 

 

 

resposta para tudo. A ciência tem o seu lugar para dar respostas que competem à ciência e não à fé.

As questões essenciais são comuns: de onde venho, quem sou eu, para onde vou, qual o sentido da minha existência. Isto é comum ao crente e ao não crente. As respostas são diferentes mas não têm de ser incompatíveis, não podem ser incompatíveis.

A fé dá-me um sentido e isso, sim, a ciência não me dá. A fé faz-me levantar o olhar sabendo que habito o mistério. Mas também a ciência sabe isso e os cientistas têm um grande sentido de humildade e, muito menos, a resposta última para tudo.

 

AE – Para isso existem os milagres…

AC – Também existem os milagres. Mas, só para concluir a questão da ciência e da fé…. No mistério pode-se habitar, nas contradições é que não. O mistério que a fé me dá é habitado por mim, acompanhada por Cristo. Pode ser confortável mas é também desinstalador porque este Cristo não me deixa em paz no que em mim é egoísmo e busca própria. Nem sempre Cristo facilita e conforta. Cristo exige, empurra e incomoda cá dentro, em especial dentro das minhas forças 

 

de idolatria e egoísmo. Esta sensação de que a fé é uma capinha que tudo protege e conforta não é verdade.

 

AE – Os milagres podem ajudar a explicar as dúvidas que os médicos possam ter… Se é milagre nem a ciência sabe explicar…

AC – Nunca uma comissão de médicos me diz que é milagre. Uma comissão de médicos diz que de acordo com a arte médica atual a ciência não explica esta cura ou a forma como esta cura ocorreu, a velocidade ou a ausência de sintomas e sequelas.

A ciência nunca me dirá que é milagre. A ciência diz-me se tem explicação ou não. Quem me diz que é milagre é a Teologia. São duas áreas diferentes. Não é correto dizer que a ciência reconhece o milagre. Provavelmente pela minha formação, estes dois campos estiveram muito claros, desde o início. Eu como médica, procurava um evento, fosse de cura ou não, em que a arte médica atual não tivesse explicação.

 

AE – Nessa altura quem fala mais alto? A médica ou a religiosa?

AC – Talvez a religiosa. A médica também teve o seu percurso a fazer. 

 

 

 

A questão dos milagres, para a minha parte crente, não oferece questão. Para a parte científica sim. Quando estudamos medicina fazemo-lo para explicar, tratar, para a vida, para o conforto e, se não conseguirmos dar mais vida, para aliviar o sofrimento da pessoa. A morte não se tira. Como médica, tive de fazer o meu caminho. Confesso que fui ajudada por Jesus.

 

AE – A Igreja ainda não percebeu todas as vertentes que a «Mensagem de Fátima» pode trazer à pastoral?

AC – Tem sido um crescente….

 

AE – Há sectores da pastoral que podem crescer mais à luz da mensagem?

AC – Acho que sim. Foi claro, quando decorreu a viagem da Virgem peregrina pelas dioceses portuguesas, em 2015/2016, o poder atrativo desta imagem e a mensagem.

Obviamente, que conhecer a mensagem implica estudo, dedicação e aprofundar, em particular pelos agentes da pastoral. Os bispos ficaram mais sensibilizados, os sacerdotes, os catequistas, pessoas responsáveis pela liturgia. Se nos dedicarmos e aprofundarmos percebemos um grande potencial evangelizador, 

 

porque quase todas as temáticas estão concretizadas na «Mensagem de Fátima». Servindo-se do poder atrativo de Nossa senhora podemos chegar ao essencial do evangelho.

 

AE – Em que áreas?

AC – A pastoral infantil parece-me um campo com muito potencial, em especial na vida sacramental. O Francisco e a Jacinta, nesta faixa etária, são modelos para a vida. A vida eucarística, mas também a dimensão caritativa. A entrega ao outro através de gestos simples de partilha. Os pastorinhos são modelos para o desenvolvimento da caridade, da partilha e da vida de intimidade com Deus.

 

 

 

AE – E Na pastoral familiar?

AC - É algo em que podemos crescer e aprender mais. Foi na vida familiar que os pastorinhos aprenderam os grandes valores cristãos, não foram trazidos por Nossa Senhora. Viveram-nos, sim, agora com outra profundidade e sentido. Sabemos, por exemplo, que antes das Aparições, rezavam o terço a correr…mas sabiam o que era o terço e rezavam-no. O contexto, os laços e estrutura familiar é o primeiro solo em que a fé se desenvolve.

Nos jovens, eu entraria em

dimensões da mensagem, por

exemplo, na radicalidade e

seguimento de Cristo. Encontrar estímulos para o compromisso

é algo que se encontra na

mensagem.

 

AE – A mensagem de Fátima apela também a valores ecológicos.

Podemos dizer que a azinheira na esplanada no santuário é um sinal disso. Se a azinheira falasse, o que

diria ao longo destes 100 anos?

AC – Ela não foi só testemunha

de um acontecimento, há que a

preservar, que é expressão de

uma vida que Deus nos dá para guardarmos. Aquela azinheira

está protegida. Se não 

 

estivesse, já ali não estava. É um apelo à proteção que temos de cuidar do planeta que foi dado por Deus e se não cuidarmos não sobrevive.

 

 

 

 

 

 

AE – Aquela azinheira já assistiu a muito sofrimento e alegria…

AC – Já absorveu, como metáfora, do Deus que nos acolhe. Se falasse contaria muitos dos segredos dos corações que por ali passam.

 

AE – O que é que a azinheira vai dizer em 2117?

AC – Penso que Fátima vai continuar a ser um local onde peregrinam as dores e as alegrias do coração humano dos que aqui vêm em busca de Nossa Senhora e da dimensão comunitária da fé.

 

          AE – Em 2117, a azinheira pode

           não estar ali, mas a

                       «Mensagem de Fátima»                                continua cada vez

                             mais na vida dos

                                peregrinos

                                AC – Acho que sim.

                                Tal como o

                                 Evangelho que 2000

                                 anos depois parece

                                   ainda mais vivo

                                   do que quando

                                   foi escrito nos

                                   primeiros séculos.

                                   A Mensagem

                                    de Fátima fala ao

                                   ser humano,

                                 que busca respostas

                                   para se

                                   entender, para

                                   entender a sua

                                   existência na Terra.

 

 

35 anos como reitor do Santuário de Fátima

 

 

Na hora da despedida do Santuário de Fátima, monsenhor Luciano Guerra revelou à Agência ECCLESIA alguns traços da sua personalidade e o trabalho realizado durante 35 anos (1973 a 2008) naquele altar mariano. Recordamos alguns excertos da entrevista realizada em outubro de 2008

 

AE – Passados 35 anos como reitor não merecia um ano sabático, um ano de descanso?

LG – Isto é descanso. O grande peso desta responsabilidade passa pelo decidir. Dar a resposta do sim ou do não. É uma responsabilidade muito grande. Com o tempo fui-me dando conta desta realidade, mas Deus deu-me um dom grande: consultar. Os capelães foram o grande suporte da administração das finanças do Santuário. Assim, o trabalho torna-se mais fácil. As grandes questões foram decididas em colégio.

 

 

 

 

AE – As pessoas que o conhecem realçam que monsenhor Luciano Guerra pensa até dez antes de tomar uma decisão.

LG – Gosto de fazer isso, mas o impulso imediato é para agir e responder. Estou convencido que as pessoas devem evitar, a todo o custo, a precipitação. Precipitar-se é a passagem à fase da ação ou da palavra antes de ter o pensamento bem apurado.

 

AE – Sempre viveu num ambiente mariano?

LG – Sim... Na minha terra rezava-se o Terço todos os dias. Em casa não se rezava o terço diariamente porque tínhamos muitos afazeres: padaria, loja de comércio e propriedades. Ao jantar rezávamos um bocadinho – dois a três minutos - e aos domingos íamos à missa.

 

 

 

 

 

 

AE – Um ano antes do 25 de Abril de 1974 é nomeado reitor do santuário de Fátima. É possível falar de uma «Fátima» antes de ser reitor e outra «Fátima» após a sua saída?

LG – É muito difícil fazer esse exercício de memória porque não costumo demorar nada no passado. Só gosto da história para captar dela o que acontece no presente. Quando cheguei estávamos no Pós-Concílio...

 

AE – Voltando ao início do seu trabalho no Santuário de Fátima...

LG – Ao nível de funcionários temos mais do dobro. Quando cheguei tínhamos dois milhões de peregrinos e, hoje, calculamos entre quatro a cinco milhões. Por outro lado, purificámos o ambiente a apurámos mais a palavra. Passados alguns anos (menos de dez) criámos o Centro Pastoral Paulo VI. As duas casas de retiros (Dores e Carmo) foram 

renovadas. As peregrinações estrangeiras começaram a ser convenientemente acolhidas. Começou-se a publicar a Documentação Crítica de Fátima. Foi feita a cobertura da Capelinha das Aparições. Temos a Igreja da Santíssima Trindade. Além disso, os Valinhos e Aljustrel foram acarinhados: as casas
 

 

 

dos videntes foram restauradas com fidelidade. Comprámos terrenos junto à Casa da irmã Lúcia com a intenção de fazer lá um Centro Pastoral sobre a Família. Espero que o meu sucessor se dedique a isso se achar conveniente.

 

AE – Um novo centro pastoral?

LG – Sim. Para acolher grupos e, em simultâneo, reflitam sobre os problemas da família. 

 

 

 

Música para as Memórias da Irmã Lúcia

 

O projeto artístico “Tropário para uma pastora de ovelhas mansas”, uma iniciativa integrada nas comemorações do Centenário das Aparições, vai ser apresentada no Centro Cultural de Belém em Lisboa e na Casa da Música no Porto.

O Santuário de Fátima anunciou que 

 

 

esta obra musical inédita, estreada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima em abril de 2016, vai ser agora apresentada no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a 18 de março, pelas 21h00, e na Casa da Música, no Porto,  a 26 de março, pelas 18h00.

Este é um projeto musical que reúne 

 

 

o trabalho de seis compositores contemporâneos “desafiados a pensar Fátima do ponto de vista musical”. O projeto iniciou o ‘Ciclo Ouvir Fátima’ e propõe uma leitura musical das ‘Memórias da Irmã Lúcia’, juntando um coro − Officium Ensemble, acordeão − Octávio Martins, e piano − João Lucena e Vale, sob a direção artística do maestro Pedro Teixeira.

A coordenação do projeto de composição esteve a cargo de Alfredo Teixeira.

“O Tropário começa com uma declaração da própria Irmã Lúcia sobre o que é escrever uma memória, segue-se a Aparição do Anjo, os 

 
 

Pastorinhos, a Senhora e, depois, o Adeus, a partir da despedida da Irmã Lúcia da sua terra natal, o que confere a este tropo a própria experiência do peregrino, já que a cerimónia do adeus é, porventura, a que melhor expressa a relação entre o peregrino e Fátima”, assinala uma nota da sala de imprensa do Santuário.

O padre Vítor Coutinho, coordenador da Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima, afirmou que esta obra é “uma oportunidade privilegiada para revisitar os lugares mais significativos de Fátima, da sua história e do seu presente”.

 

 

Peregrinos com acessibilidades melhoradas pelo centenário 

 

A Câmara Municipal de Ourém (CMO) informa que iniciou, através de “meios próprios”, obras na cidade de Fátima com o objetivo de dotar a cidade de “melhores infraestruturas” pelo Centenário das Aparições.

No seu sítio na internet, o município explica que as obras vão ser realizadas à medida que o “orçamento o permite” mas ainda não tem “conhecimento” do valor a comparticipar pelo Governo português.

Está em curso a reabilitação de várias ruas do centro urbano de Fátima e a sinalização horizontal da área urbana de Fátima e a CMO aprovou a autorização da despesa para realização do “investimento adicional de cerca de 1.350.000 euros”, a 03 de março, em reunião de câmara extraordinária.

 

 

As obras que vão começar nas próximas semanas vão decorrer também no lugar da Cova da iria como a beneficiação da Avenida Beato Nuno e a reabilitação urbana da Rua de São José.

No projeto estão também incluídas a beneficiação da Rua S. Vicente de Paulo e a reabilitação urbana Rua de São Paulo ambas no lugar da Cova de Iria.

“Entretanto a Câmara aguarda a formalização do apoio prometido pelo Governo, que se estima ser de 1 milhão de euros”, acrescenta o município.

Na sua página na internet, a CM Ourém recorda ainda que apresentou um plano de intervenção “no valor global de 5 milhões de euros” e já foi “aprovado verbalmente a alocação de 1 milhão de euros no imediato”.

 

 

 

‘FÁTIMA. Olhares...’, recordar e reler (também) a Cova da Iria

‘FÁTIMA. Olhares...’, convite a recordar (também) a Cova da Iria

O Consolata Museu Arte Sacra e Etnologia tem patente a exposição temporária ‘FÁTIMA. Olhares...’ onde se podem ver e recordar diversos espaços e locais, até dia 16 abril.

Para além de fotografias atuais, a exposição apresenta “fotografias inéditas da Cova de Iria”, folhetos turísticos, mapas, materiais escolares das Escolas Primárias encerradas e brinquedos entre outros objetos de interesse.

“São testemunhos e memórias de vários momentos da história local e com isso se assinala o Centenário das Aparições de Fátima na perspetiva da comunidade local, de onde muitos são originários ou que por motivos profissionais e pessoais aqui vieram residir”, explica o museu dos Missionários da Consolata.

A exposição temporária ‘FÁTIMA. Olhares...’ foi realizada em parceria com a Liga dos Amigos do Consolata Museu e a Universidade Sénior de Fátima - Centro de Estudos de Fátima.

Aos alunos foi feito o desafio de fotografar “espaços-memória” de Fátima, Cova de Iria e arredores, 

 

 

peregrinações, serviços e locais que ao longo dos anos se foram transformando.

exposição pode ser visitada das 10h00 às 17h00 até ao dia 16 abril, (quase) todos os dias da semana, porque o Consolata Museu Arte Sacra e Etnologia encerra à segunda-feira.

 

 

 

 

História online

 

 

A Documentação Crítica de Fátima já concluiu a primeira fase da edição dos documentos relacionados com os acontecimentos de Fátima, em 1917, a evolução do Santuário e a expansão da mensagem, em Portugal e no mundo, desde 1917 a 1930.

Este projeto, já presente no pensamento dos bispos da diocese restaurada de Leiria, D. José Alves Correia da Silva (1920-1957) e D. João Pereira Venâncio (1958-1972), e reiniciado em 1985, por D. Alberto Cosme do Amaral (1972-1993), com o patrocínio científico da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), através do Centro de Estudos de História Religiosa, e de uma Comissão Científica.

O projeto começou a concretizar-se, em 1992, com a edição do primeiro volume, Interrogatórios aos videntes (1917); e em 1999, do segundo volume, Processo Canónico Diocesano (1922-1930). Seguiram-se 12 

 

 

tomos, em três volumes, correspondentes a três períodos cronológicos: vol. III (Das aparições ao Processo Canónico Diocesano, 1917-1922), em três tomos; vol. IV (Do início do Processo Canónico Diocesano à criação da capelania, 1922-1927), em quatro tomos; vol. V (Da criação da Capelania à Carta pastoral de D. José, 1927-1930), em seis tomos.

No tomo sexto do volume V, edita-se a documentação do quadrimestre de 1 de setembro a 31 de dezembro de 1930, que tem o seu auge na Carta Pastoral do Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, de 13 de outubro de 1930, em que ele declarou “como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, freguesia de Fátima, desta Diocese, nos dias 13 de maio a outubro de 1917”, e permitiu “oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima”.

A introdução deste tomo é do padre David Sampaio Barbosa, da UCP, 

 

 

 

 

Polo de Lisboa, atual presidente da Comissão Científica. Ao todo, são 273 documentos: 41 cartas, 5 documentos oficiais, 222 artigos de imprensa, 4 notas e um testemunho, em 483 páginas.

Nos 15 tomos, em 8217 páginas, são editados 3811 documentos, segundo os seguintes tipos: 1086 cartas, 4 livros ou opúsculos; 2 memórias; 62 notas; 2322 artigos de imprensa; 66 testemunhos; 211 documentos oficiais; 33 fotografias e 25 interrogatórios. 

 

A Comissão do Centenário das Aparições de Fátima(COCAF) solicitou à Comissão Científica que organizasse um tomo com uma seleção de documentos de 1917 a 1930, em língua portuguesa: 138 documentos e um anexo, segundo as seguintes tipologias: 53 cartas; 25 artigos de imprensa; 24 ofícios; 19 testemunhos; 13 interrogatórios; 3 notas; 1 livro. Ao todo 656 páginas.

Este tomo está disponível online, para leitura e download.

 

 

 

Para além de Fátima

 

 

Szymon Gatlik é responsável de marketing na área do turismo da Câmara de Cracóvia, na Polónia, especialista no produto religioso. Assumiu, entre outros projetos, a coordenação das Jornadas Mundiais da Juventude de 2016, na cidade polaca, e a preparação do Plano de Turismo Religioso em Cracóvia até 2020.

Por estes dias, teve oportunidade de visitar pela primeira vez Fátima, no âmbito de um workshop internacional sobre Turismo Religioso, e de falar um pouco sobre essa experiência à Agência ECCLESIA.

Aquele responsável destaca um espaço “excelente”, em termos de oferta turística, desde ‘o santuário aos museus’ passando pelos espaços envolventes que teve oportunidade de explorar de forma diferente, enquanto fazia o seu ‘jogging’ matinal.

Sendo um homem ligado a uma 

 

 

cidade com um grande património religioso, que inclusivamente nos últimos 40 anos recebeu a visita de um Papa por 9 vezes (João Paulo II, Bento XVI e Francisco) deixou a sua visão acerca de Fátima, no âmbito de dois grandes acontecimentos que se avizinham, ambos em maio deste ano:

A comemoração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria (1917 – 2017), e a participação do Papa Francisco nas festividades, nos dias 12 e 13 de maio.

 Para Szymon Gatlik, um dos pontos principais que deverão nortear a oferta turística de qualquer santuário ou local religioso de referência é que “o produto base”, ou seja, o acontecimento que está na origem do santuário “tem de manter-se”; no entanto, “é sempre possível desenvolver mais esse produto”.

O especialista em turismo religioso dá como exemplo os espaços 

 

 

museológicos existentes em Fátima, desde o Museu do Santuário ao Museu Interativo sobre o Milagre de Fátima, ou ainda o Museu de Cera e o Museu de Arte Sacra e Etnologia, dos Missionários da Consolata.

Espaços ‘fantásticos’ e com “muito potencial”, que podem perfeitamente “ser propostos aos visitantes no mesmo “pacote” do santuário, e fazer assim com que eles fiquem não um dia mas “dois ou três”.

Outra questão a ter em conta é completar essa oferta com

 

 

 outras propostas, não propriamente dentro do âmbito religioso.

E neste caso há essa possibilidade, pois perto do santuário estão monumentos como “o Castelo de Ourém, a própria cidade medieval de Ourém” e há ainda a ter em conta “a proximidade com o mar, com a costa”, apontou Szymon Gatlik.

“Por isso acredito que é possível prolongar a estadia dos visitantes aqui durante vários dias, mesmo até a uma semana”, concluiu. 

 

 

Fátima dos pequeninos...

 

A Casa das Candeias é um espaço que remete para a vida e espiritualidade dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Um local interativo que desafia os mais novos a conhecer a vida dos dois videntes de Fátima e do Papa S. João Paulo II, que os beatificou no ano 2000 na Cova da Iria. Foi ele que se referiu aos dois pequenos pastores como “duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas”.

Aberto ao público em 2014, este espaço tem registado uma grande procura pelas crianças que ali contactam com a mensagem de Fátima, proposta pelas peças interativas e pelas projeções temáticas.

A “Casa das Candeias”, é propriedade da Fundação Francisco e Jacinta Marto e é dinamizada pelas religiosas da Aliança de Santa Maria, que ali acolhem os grupos de visitantes e com eles aprofundam os acontecimentos de Fátima, particularmente o que se 

 

 

relaciona com os dois videntes já beatificados.

Neste núcleo museológico podem ver-se, entre outras peças, um garfo, uma caneca e um banco da casa da família Marto; o lenço que pertencera à Jacinta e o saco do farnel do Francisco. Ali encontramos ainda a veste batismal e os registos de batismo dos videntes e o seu decreto de beatificação. Também peças pertencentes a S. João Paulo II, um terço, umas vestes e sapatos e um ramo de oliveira usado pelo Papa no Domingo de Ramos de 2005.

“Este espaço é importante também para o Santuário de Fátima, na medida em que, pela linguagem da beleza e da arte, consegue dar a conhecer os Pastorinhos e a Mensagem de Fátima, como lugar de divulgação e que pode ser complementar à experiência que os peregrinos fazem no Santuário” considera o padre Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima.

Segundo o bispo da diocese de 

 

 

 

Leiria-Fátima “entrar nesta Casa e entrar com o coração, significa entrar numa história de amor de dimensão universal na qual tiveram um protagonismo duas crianças que se deixaram seduzir pela Senhora da Azinheira, pela Senhora da Mensagem, (…) uma mensagem que eles próprios procuraram viver”.

O testemunho dos dois videntes de Fátima é um impulso para o itinerário cristão dos mais novos como refere a Postuladora da sua Causa de Canonização “a luz destas candeias, que aceitaram o desafio de oferecer as suas vidas a Deus, permanece como memória de um percurso de santidade que nos desafia também hoje. É essa luz que pretendemos aqui evocar, nesta Casa das Candeias”. A Irmã Ângela Coelho considera que este é um espaço que evoca o 

 

itinerário de santidade dos pastorinhos.

Na Casa das Candeias já se aguarda pela canonização de Francisco e Jacinta, junto de um fragmento da costela pertencente ao Francisco e outro de cabelo da Jacinta, guardados em duas candeias de prata, e do quadro oficial da beatificação, já há um espaço à espera de ser preenchido com o documento mais aguardado pelos devotos: o livro do decreto de canonização de Francisco e de Jacinta Marto. 

Aberta todos os dias, das 9:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00, a Casa das Candeias situa-se na Rua de S. Pedro e é de entrada livre. 

Para visitas de grupos e outras informações, deve se contatada a Fundação Francisco e Jacinta Marto: 

secretariado@pastorinhos.com

 

 

Fátima: Mexicanos celebram centenário das aparições e afirmam devoção ao rosário

 

 

A devoção a Fátima está muito presente nos cristãos mexicanos que, tendo uma forte ligação à Virgem da Guadalupe “amam Nossa Senhora de Fátima” e estão “muito felizes” com a celebração do centenário.

“As pessoas amam Fátima. Eu agora trago muitos pedidos, tanto de oração como de imagens e livros, porque é uma invocação que as pessoas sentem como muito próxima”, afirma à Agência ECCLESIA Mercedes Covarrubias, organizadora de peregrinações mexicana de passagem por Lisboa.

As memórias ligadas a Fátima foram consolidando o crescimento pessoal de Mercedes que conheceu o santuário mariano português há 10 anos.

“Sem saber realmente o que significava o rosário, quando era muito pequena, tinha um particular carinho pelo rosário e pela proteção que me dava. À medida que cresci 

 

 

e avancei, descobri este pedido de Maria, através de Fátima, da recitação do terço, das promessas que Ela nos fez através da oração do rosário. Este amor maternal torna-se visível para os mais simples, os mais humildes”.

No México decorre uma campanha «Rosário, milagre pelo México», em que a organizadora esteve envolvida, que tinha por objetivo procurar “um milagre neste pais baseado no amor, na união e na paz”.

“Estive ligada a um movimento, no México, que promove, através da história de Fátima, a consagração ao Imaculado Coração de Maria”, assinala Mercedes, facto que a leva a viver o centenário “com muita emoção”.

“Fátima, para mim, é um dos grandes sinais do amor de Maria, na minha vida, representa esse amor de Maria, que está perto de nós, cuidando de nós e guiando-nos”.

 

 

 

 

 

 

 

A campanha, que decorre entre 12 de dezembro de 2016 e 13 de maio, desafia os mexicanos a unirem-se, pedindo à Virgem Guadalupe uma nova nação de amor, paz e união.

A organizadora prevê estar em Fátima, a 13 de maio, com um grupo de peregrinos, que antecipa já “muita expectativa, muita alegria”.

 

A proximidade a Fátima é um reflexo do amor que os mexicanos tiveram a João Paulo II.

“É um caminho que se redobra, com estes sinais tão claros da proteção materna de Maria a alguém que foi tão amado pelo México como foi João Paulo II, São João Paulo II”.

 

 

 

 

 

 

 

Um livro e um peregrino

 

Sozinho em Fátima com um único livro. Bastam algumas páginas para criar fortes sintonias com a Mensagem de Fátima, os lugares, os sons e o que habita Fátima.

O livro intitula-se “Fátima – Sou peregrino” e pode ser a ferramenta para que qualquer pessoa faça a experiência de estar ‘sozinho em Fátima’.

“Aqui não sou jornalista ou escritor. Sou apenas peregrino. E espero que a presença de cada um de vós neste momento seja mais do que ser meu amigo. Seja o reconhecer o peregrino que há dento de cada um de nós”.

Foi assim que António Rego se referiu a este projeto editorial no momento da sua apresentação pública, em Lisboa, acrescentando que escreveu um livro sobre os locais e a espiritualidade de um santuário mariano onde “a vida e a realidade se antepõem à doutrina”.

“Os factos são mais importantes que as análises, o peregrino é o depósito 

 

 

mais sagrado de todo este tesouro e que, sem a chave da fé, Fátima não é porta que se abra”, disse o cónego António Rego na sessão de apresentação da obra.

António Rego diz que entrou “como peregrino” no Santuário para escrever um livro, colocando-se “ao lado, dentro, mais um entre os cinco milhões, que em cada ano sentem Fátima como chão sagrado e altar do mundo”.

Na apresentação da obra, Maria João Avillez afirmou que o livro ‘Fátima – Sou peregrino’, de António rego, é um o “melhor dos mapas espirituais feito pelo mais inspirado dos guias, com a luz que ilumina os eu verbo a confundir-se com a luz das velas a no alumiar do nosso peregrinar”.

“A partir de hoje que recomendo absolutamente que não voltem a Fátima sem e este livro no bolso”, afirmou a jornalista.

Maria João Avillez considera que o

 

 

 

livro editado pela Paulinas Editora é um instrumento de “descoberta, reflexão e de reencontro” com Fátima

“Ainda há coisas, lugares e histórias que não sabíamos desta formidável história eu é Fátima, ou sabíamos mal e pobremente e que o padre Rego, levando-nos pela mão e pelo coração, nos conta ou ensina nestas páginas, mas valorizando-as pelo  


 

 

enquadramento espiritual e religioso que ele sempre lhes confere”, sublinhou.

O livro ‘Fátima – Sou peregrino’ permite o “reencontro com os mundos que constituem o universo de Fátima”, tando “geografia de refúgio” ou “lugar de recolhimento” como “ressonante altar do mundo” ou palco de “grandes acontecimentos”.

 

 

nos conta ou ensina nestas páginas, mas valorizando-as pelo 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Papa Francisco concedeu ao Santuário de Fátima um Ano Jubilar, no contexto dos 100 anos das Aparições de Nossa Senhora, com indulgência plenária até 26 de novembro. “Confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre”, são as condições que os fiéis “penitentes e animados de caridade” devem cumprir para obter a indulgência plenária concedida pelo Papa Francisco.

 

 

 

 

 

Oração Jubilar de Consagração

 

Salve, Mãe do Senhor,

Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!

Bendita entre todas as mulheres,

és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,

és a honra do nosso povo,

és o triunfo sobre a marca do mal.

 

Profecia do Amor misericordioso do Pai,

Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,

Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,

ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,

as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

 

Mostra-nos a força do teu manto protetor.

No teu Imaculado Coração,

sê o refúgio dos pecadores

e o caminho que conduz até Deus.

 

Unido/a aos meus irmãos,

na Fé, na Esperança e no Amor,

a ti me entrego.

Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,

ó Virgem do Rosário de Fátima.

 

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,

darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.

 

Ámen.

 

 

 

 

 

 

O que podemos esperar do Papa Francisco em Fátima?

 

'Com Maria peregrino na esperança e na paz'. É assim que se apresenta o Papa Francisco, que nos dias 12 e 13 de maio vai visitar o Santuário de Fátima, no centenário das Aparições, em espírito de "peregrinação". A convite do presidente da República e dos bispos portugueses, Francisco vai assim tornar-se o quarto Papa a visitar a Cova da Iria, num ano particularmente simbólico.

As aparições na Cova da Iria têm sido uma referência de intervenções e gestos do Papa: Francisco pediu aos bispos portugueses que consagrassem o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima, o que aconteceu em 13 de maio de 2013, dois meses após a eleição do sucessor de Bento XVI.

Antes, a 17 de março, quando presidiu pela primeira vez à recitação do ângelus, o Papa sublinhou a “misericórdia” de Deus evocando uma passagem da 

 

 

imagem da Senhora de Fátima pela capital da Argentina : “Lembro-me, mal tinha acabado de ser bispo, no ano de 1992, chegou a Buenos Aires Nossa Senhora de Fátima e organizou-se uma grande Missa para os doentes”

O Santuário de Fátima recorda o acolhimento feito, a 19 de abril de 1998, por D. Jorge Mario Bergoglio, atual Papa Francisco, à imagem da Virgem Peregrina de Fátima, no âmbito de uma peregrinação da imagem à Argentina. O então arcebispo de Buenos Aires acolheu a imagem da Virgem Peregrina, oriunda do Santuário de Fátima.

Nos anos seguintes, o Papa recordou por diversas vezes a memória das aparições de Fátima e evocou alguns dos conteúdos centrais das aparições aos três videntes, os Beatos Francisco e Jacinta e a irmã Lúcia, que tiveram lugar na Cova da Iria entre maio e outubro de 1917.

 

 

 

 

“Este mês de Maria convida-nos a multiplicar diariamente os atos de devoção e imitação da Mãe de Deus. Rezai o terço todos os dias! Deixai a Virgem Mãe possuir o vosso coração, confiando-Lhe tudo quanto sois e tendes! E Deus será tudo em todos”

(14 de maio de 2014)

 

“Neste dia de Nossa Senhora de Fátima, convido-vos a multiplicar os gestos diários de veneração e imitação da Mãe de Deus. Confiai-Lhe tudo o que sois, tudo o que tendes; e assim conseguireis ser um instrumento da misericórdia e ternura de Deus para os vossos familiares, vizinhos e amigos. A todos abençoo no Senhor.

(13 de maio de 2015)

“Nesta aparição, Maria convida-nos mais uma vez à oração, à penitência e à conversão. Pede-nos para não ofendermos mais a Deus; adverte toda a humanidade sobre a necessidade de abandonar-se a Deus, fonte de amor e de misericórdia. A exemplo de São João Paulo II, grande devoto de Nossa Senhora de Fátima, coloquemo-nos atentamente à escuta da Mãe de Deus e imploremos a paz para o mundo”

(11 de maio de 2016)

 

“Neste ano do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, confiemo-nos a Maria, mãe da esperança, que nos convida a virar o olhar para a salvação, para um mundo novo e uma nova humanidade”

(22 de fevereiro de 2017)

 

 

 

 

 

 

 

A visita do Papa Francisco a Fátima pode ser inédita, mas no caso da imagem venerada na Capelinha das Aparições, este é um reencontro. A 12 de outubro de 2013, o Papa recebeu-a solenemente, na Praça de São Pedro.

Diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, o Papa recitou um ato de entrega, que ajuda a entender o que podemos esperar da visita de Francisco à Cova da Iria:

(…)

Ensina-nos o teu amor de predileção

pelos pequenos e pobres,

pelos excluídos e sofredores,

pelos pecadores e os de coração transviado:

reúne a todos sob a tua proteção

e a todos entrega ao teu amado Filho, Jesus nosso Senhor.

Amen.

 

 

 

 

 

 

Liturgia online

www.liturgia.pt

 

Em pleno tempo de preparação para a Páscoa e dada a necessidade de cada vez mais precisarmos de saber o porquê das coisas, o seu significado e sentido, esta semana a minha proposta passa pelo sítio do Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), que é o órgão executivo da Comissão Episcopal de Liturgia. É certo, que não é a primeira vez que apresento este espaço mas como temos ao nosso dispor um dos melhores, senão o melhor, sítio da internet referente à temática da liturgia, escrita em português, considero conveniente e acima de tudo, pedagógico, olharmos de novo para este portal.

Na página inicial temos todo o conjunto de informações, que vão para além dos habituais destaques e que nos permitem descobrir este tremendo espaço litúrgico virtual. O calendário é uma ferramenta poderosíssima e que nos possibilita aceder à agenda litúrgica diária com a indicação das leituras próprias para cada dia, bem como o próprio ofício da celebração da missa.

As primeiras quatro opções 

 

correspondem a textos litúrgicos que são utilizados nas nossas celebrações, disponíveis para consulta livre (acesso integral em formato pdf). Em “Missal” encontramos os textos utilizados na missa. Desde o ordinário, passando por todos os lecionários (dominicais, feriais, etc.) e ainda livro completo da oração universal. Em “rituais” dispomos de um manancial de livros litúrgicos que são utilizados nas restantes celebrações. Nomeadamente as celebrações do Batismo, Matrimónio, Penitência e bênçãos; de iniciação Cristã dos adultos; da Sagrada Comunhão e culto do mistério Eucarístico, entre outros. Em “Pontificais” os textos que dispomos são referentes à dedicação da Igreja e do Altar, da ordenação do Bispo, dos Presbíteros e Diáconos, da instituição dos Leitores e dos Acólitos, entre outros. Por último em “Liturgia das Horas” vamos ao encontro do texto completo da Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas, onde, dividido por tempos litúrgicos podemos consultar, ler, rezar e meditar o ano todo.

No item “música”, temos a possibilidade de aceder às diversas publicações que vão sendo editadas

 

 

 pelo secretariado na área musical e ainda, a um enorme conjunto de ficheiros em formato áudio (mp3) das músicas para animação da liturgia.

Duas opções, localizadas no final da página, que contribuem para a elevada qualidade deste sítio, são as “questões” e “consultório”. Aqui procura-se de uma maneira séria e com a ortodoxia exigida aos responsáveis por este secretariado, responder a questões, informar e explicar tudo o que diz respeito no âmbito da liturgia. Desde temas que se prendem com a celebração, e os diáconos, passando pelos ministros extraordinários da comunhão, as 

 

músicas e outros de carácter mais diverso. Informa ainda sobre uma quantidade enorme de temas litúrgicos que de uma maneira ou de outra passam ao lado da maioria dos cristãos.

Para finalizar, em “livros”, acedemos ao catálogo completo de todas as publicações editadas pelo SNL podendo ser adquiridas diretamente online.

Fica aqui lançada a sugestão, usem e abusem deste espaço, adicionando-o aos favoritos pois este é certamente uma página a consultar várias vezes.

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

Temas do disco Saboreai e vede 
apoiam projeto solidário

 

O duo DB Canto apresentou este domingo o Cd ‘Saboreai e Vede’, com salmos para os tempos litúrgicos da Quaresma e da Páscoa, num concerto na igreja matriz de Reguengos, na Arquidiocese de Évora. “Esta diversidade e a escolha não foi fácil mas em ligação com as edições (Salesianas) escolhemos três tempos - Quaresma, Tríduo Pascal e a Páscoa. Estes salmos não se cingem só a estes tempos são transversais e ajudam 

 

 

sempre em todo o esplendor de Deus e escolher o caminho certo”, disse Miguel Vilela à Agência ECCLESIA.

Os arranjos apresentam o estilo clássico, o jazz, o pop e também o blues, onde a guitarra, a bateria e o baixo são acompanhados, por exemplo, pelos violinos, o órgão e o violoncelo. A diversidade de estilos vai de encontro “à união das pessoas” que participaram no projeto porque começaram com duas e terminaram 

 

 

 

 

 

 

“70 pessoas entre músicos e coros”.

“Não fazia sentido ter um estilo musical, cada um de nós tem o seu estilo. Nós gostamos de muitos e a ideia foi se conseguirmos diversificar o estilo musical se calhar vamos conseguir que estas musicas sejam cantadas, evangelizadas por mais pessoas de uma forma mais moderna”, desenvolveu o entrevistado.

Para além de Miguel Vilela, o duo DB Canto ficam completo com Gi Coelho e nos concertos de apresentação – Porto, Lisboa e Évora – às suas vozes associaram-se os coros Salesianos dessas zonas, que possibilitou que as pessoas “aprendam as músicas e as cantem”.

A venda do novo trabalho do duo DB Canto tem também um fundo solidário e por cada cd vendido vai ser doado 1 euro para o projeto solidário ‘Reconstruir sorrisos’, para a reconstrução do dormitório do lar juvenil dos Salesianos em Mirandela, na Diocese de Bragança-Miranda.

Neste contexto, surge também um concerto com “uma responsabilidade um bocado grande” no dia 19 de março, Dia do Pai, quando o duo apresentar o trabalho no Auditório Municipal de Mirandela com a 

 

Orquestra Energia da Fundação EDP, onde estão crianças apoiadas pelos Salesianos.

“Estamos a doar um euro para esse projeto. Tem corrido muito bem e vamos dar o feedback em Mirandela”, acrescentou Miguel Vilela apelando à adesão das pessoas porque querem encher a sala nesse concerto”.

À Agência ECCLESIA, Gi Coelho contextualizou que o duo é composto por um casal casado há 11 anos e que se conheceu quando eram catequistas e andava no grupo de jovens no Centro Juvenil do Colégio dos Órfãos no Porto. “A ligação à música sempre esteve na nossa vida ao serviço da Igreja, era dessa forma que colocávamos os nossos dons e o que tínhamos para dar aos outros”, acrescenta.

O nome ‘DB Canto’ foram buscá-lo ao fundador dos Salesianos, Dom Bosco, porque é algo que os identifica e querem “transportar” para onde forem e considera que a música que fazem “é muito atual” e capaz de “agradar aos jovens e às crianças de hoje”.

‘Saboreai e vede’ conta ainda com a participação de artistas católicos como a Banda Jota e cantautora Claudine Pinheiro, ligada ao Movimento Juvenil Salesiano.

 

 

II Concílio do Vaticano: Recordar
o carisma do cardeal António Ribeiro

 

A morte do Cardeal António Ribeiro “veio roubar à Igreja em Portugal uma das suas figuras mais carismáticas nestas três últimas décadas do século XX” - escreveu o padre A. Jesus Ramos, diretor do Correio de Coimbra, a 26 de março de 1998, naquele jornal diocesano. Após prolongado sofrimento, no dia 24 de março de 1998, faleceu, em Lisboa, este homem nascido em S. Clemente de Basto, na diocese de Braga, a 21 de maio de 1928. Depois de frequentar os seminários daquela diocese foi ordenado a 5 de julho de 1953. O então arcebispo de Braga, D. António Bento Martins Júnior, mandou-o estudar para Roma onde se doutorou na Pontifícia Universidade Gregoriana com a tese «A Doutrina do Evo em S. Tomás de Aquino. Ensaio sobre a duração da alma separa».

Depois de uma séria formação humanística, filosófica e teológica, o doutor António Ribeiro cedo foi lançado para a ribalta da Comunicação Social. De 1959 a 1964 apresenta, aos sábados, na RTP, o programa «Encruzilhadas da Vida», em que debate temas de atualidade, frequentemente sugeridos pelos próprios telespectadores. Nos três anos seguintes (1964/67) é o rosto do programa, no mesmo canal televisivo, «Dia do Senhor». “Demonstrou as suas qualidades de comunicador, aliadas a um apurado sentido crítico e a uma rara capacidade de leitura cristã dos acontecimentos” – referiu o diretor daquele semanário de Coimbra.

Para além de trabalhar na área da Comunicação Social, o futuro bispo auxiliar de Braga (eleito a 3 de julho de 1967) foi assistente nacional e diocesano da Liga Universitária Católica e ainda das 

 

 

 

associações profissionais de médicos, farmacêuticos, juristas, engenheiros e professores. Nos últimos três anos antes de ser nomeado bispo foi professor de Filosofia Social, Filosofia Moral e Psicologia Social e director do Instituto de Cultura Superior Católica.

“Ninguém estranhou, deste modo, que o jovem sacerdote fosse chamado a assumir o múnus episcopal aos trinta e nove anos de idade. A Igreja escolhera-o para suceder, na diocese moçambicana da Beira, ao carismático D. Sebastião Soares de Resende. Era uma tarefa difícil, o que demonstra bem a confiança que a Santa Sé nele depositava. Só que Deus escreve direito por linhas tortas. 

 

A sua  figura ao mesmo tempo aberta e tranquila, a serenidade da sua postura perante os problemas mais difíceis e a prudência firme das suas posições eram necessárias em Portugal num período que, naquele final dos anos sessenta, se adivinhava conturbado a diversos níveis” – redigiu o padre A. Jesus Ramos no «Correio de Coimbra» de 26 de março de 1998. E acrescenta: “O regime de então, embora começando a dar sinais de alguma abertura, mesmo em matéria religiosa, não permitiu que o novo bispo fosse para Moçambique, sendo nomeado auxiliar de Braga, onde foi ordenado em setembro de 1967. 

 

 

 

 

Março 2017

Dia 11 de março

*Lisboa - Lumiar (Monjas Dominicanas) - Conferência sobre «Dou-te graças por me haveres feito tão maravilhosamente. Vida afetiva e caminho espiritual» por Teresa Messias

 

*Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja promove em parceria com o Museu do Santuário de Fátima, a segunda de uma série de Jornadas de Conservação e Restauro.

 

*Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Apresentação do livro «Estudo científico da escultura de Nossa Senhora do Rosário de Fátima» integrada nas Jornadas de Conservação e Restauro.

 

*Portalegre - Alter do Chão - A assembleia da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Diocese de Portalegre-Castelo Branco tem como tema «Igreja, Casa de todos».

 

*Évora – Benavente - Dia Diocesano do Adolescente

 

 

 

*Lisboa - Igreja de Cristo Rei (Portela) - Encontro diocesano de pastoral litúrgica com o tema «Eucaristia e Missão»

 

*Lisboa - Capela do Rato - Retiro sobre a espiritualidade de Etty Hillesum na Capela do Rato orientado pelo padre Tolentino Mendonça

 

*Évora - Seminário Maior - Jornada diocesana do Apostolado da Oração orientada pelo padre Marco Cunha

 

*Évora – Coruche - Encontro da Pastoral da Saúde da Diocese de Évora

 

Bragança - A Diocese de Bragança-Miranda promove as primeiras jornadas da Pastoral Penitenciária que inclui uma visita ao Estabelecimento Prisional de Izeda. (11 e 12)

 

*Leiria – Seminário - A Ordem Franciscana Secular (OFS) de Portugal promove encontro de formação inicial (11 e 12)

 

*Aveiro - Seminário de Santa Joana - O Serviço de Espiritualidade do Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, promove um curso de «Tai-Chi e espiritualidade». (11 e 12)

 

 

 

 

Dia 12 Março

*Fátima - Conferência sobre «Glória a Ti, Rainha da Paz» por Marco Daniel Duarte

 

*Coimbra - Casa de Santa Zita - Encontro de casais sobre «A alegria do amor e da ternura» promovido pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar

 

*Lisboa - O Centro Cultural da Ponte, do Opus Dei, organiza uma corrida das famílias para angariar fundos para um projecto nos Camarões

 

*Lisboa – Sé - Concerto pelo 4º aniversário da eleição do Papa Francisco promovido pela Paulus Editora.

 

*Açores - Salão Paroquial de Nossa Senhora dos Anjos, Água de Pau (Lagoa)

Apresentação do livro «Nossa Senhora de Fátima e o poder da oração» de José de Carvalho, pelo cónego José Medeiros Constância, ouvidor de Ponta Delgada.

 

*Semana nacional da Cáritas com o tema «Família Construtora da Paz» (12 a 19)

 
Dia 13 de Março

*Lisboa - Capela do Rato - Sessão do curso «grandes correntes da ética ocidental» na Capela do Rato

 

*Porto – UCP - Conferência sobre «A experiência da liberdade» por Laurence Freeman, sacerdote beneditino e diretor espiritual da Comunidade Mundial de Meditação Cristã.

 

Dia 14 de Março

*Madeira - Funchal (Escola Teológica) - Conferência sobre «Quem é a Igreja?» pelo padre Héctor Guerra

 

 

 

   

- O Mosteiro das Monjas do Lumiar, em Lisboa, volta a abrir na tarde de sábado para nova conferência do ciclo de 2017 «Viver uma mística de olhos abertos». Neste dia Teresa Messias vai falar sobre «Dou-te graças por me haveres feito tão maravilhosamente. Vida afectiva e caminho espiritual». Após as conferências há sempre um chá a acompanhar as conversas e a celebração da eucaristia.

 

- Antecipando o 4º aniversário da eleição do Papa Francisco, a Paulus Editora promove a 12 de março um concerto e apresenta um trabalho em formato CD, composto por 14 temas marianos; nesta apresentação, vão ser interpretados oito composições de António Cartageno, Manuel Luís, Artur Oliveira, Teodoro Sousa e José Joaquim Ribeiro. A apresentação está marcada para a Sé de Lisboa, pelas 16h00 de 12 de março.

 

- Entre os dias 16 e 18 o Seminário Episcopal de Angra, na Ilha Terceira, organiza as jornadas de teologia subordinadas ao tema «Cristianismo e a Cultura», contando com o responsável pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, José Carlos Seabra Pereira.

«Desafios e sombras de uma cultura cristã»; «Pensar um mundo em mudança» e «Relativismo cultural moral» são os temas centrais dos três dias.

 

- O auditório do Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa, vai acolher nos dias 17 e 18 de março, a partir das 21h30, a estreia do espetáculo de dança contemporânea 'Nisreen', inspirado na história de uma jovem refugiada síria. A receita deste evento reverte a favor do trabalho da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR).   

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 12 de março, 13h30 - À espera do Papa Francisco: A Preparação do Centenário das Aparições de Fátima.

 

Segunda-feira, dia 13, 15h00 

Entrevista a Guilherme d'Oliveira Martins no quarto ano da eleição do Papa Francisco.

 

Terça-feira, dia 14, 15h00  - Informação e entrevista a Carmo Rodeia sobre a preparação da visita do Papa a Fátima.

 

Quarta-feira, dia 15 de março, 15h00 - Informação e entrevista  a Rita Coelho sobre o projeto Nisreen, a história de uma refugiada síria em dança.

 

Quinta-feira, dia 16, 15h00 - Informação e entrevista de comentário à atualidade com Eugénio Fonseca.

 

Sexta-feira, dia 17, 15h00  -  Análise à liturgia de domingo.

 

Antena 1

Domingo, dia 12de março  – Quatro anos do pontificado do Papa Francisco e a sua visita ao Santuário de Fátima na celebração do Centenário das Aparições.

 

Segunda a sexta-feira, 03 de março a 17 de março - 22h45 - Comentários à mensagem do Papa para  Quaresma.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 2.º Domingo da Quaresma

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Partir transfigurados
 
 

Neste segundo Domingo da Quaresma, o Evangelho da Transfiguração põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a sua ressurreição. Como aconteceu com os apóstolos Pedro, Tiago e João, levados «em particular, a um alto monte», a comunidade cristã toma consciência de também ser aí conduzida para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o meu enlevo. Escutai-O».

É o convite a distanciarmo-nos dos boatos da vida quotidiana para imergirmos na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso ser, para discernirmos o bem e o mal e reforçarmos a vontade de seguir o Senhor.

Aos discípulos, desanimados e assustados, e a cada um de nós hoje, desalentados e mergulhados em enormes dificuldades de vária ordem, Jesus diz: «o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também».

Os três discípulos, testemunhas da transfiguração, parecem não ter muita vontade de descer à terra e enfrentar o mundo e os problemas das pessoas. Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no céu, alheados da realidade concreta do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar.

No entanto, seguir Jesus exige o regresso ao mundo para testemunhar, mesmo contra a corrente, que a realização autêntica está no dom da vida; exige que nos empenhemos no mundo, nos seus problemas e dramas, a fim de darmos o nosso contributo, em compromisso 

 

 

 

 

de amor com Deus, com o mundo e com os homens, para o aparecimento de um mundo mais justo e mais feliz.

A primeira leitura apresenta-nos a figura de Abraão: homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada.

A segunda leitura inclui renovado apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada, muito menos o medo, 

 

o comodismo e a instalação, nos pode distrair dessa responsabilidade.

Aí está a Palavra de Deus a orientar os nossos caminhos, feitos de escuta atenta de Deus e dos seus projetos, de obediência total e radical aos planos do Pai. Que isso aconteça nesta semana, no encontro contemplativo e transfigurado com o Senhor Jesus e nos encontros acolhedores e transformadores que procurarmos com os próximos que estão bem junto de nós.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Fundação AIS lança campanha pela Igreja que sofre em África

Combater a indiferença

Só a Ásia se compara a África como o continente com o maior aumento de vocações sacerdotais. Este é o lado bom desta história. O pior é o resto: a violência, as guerras, a extrema pobreza, a fome e a ameaça do radicalismo islâmico. A Igreja em África precisa desesperadamente da nossa ajuda.

 

A Fundação AIS está a promover, ao longo da Quaresma, uma campanha internacional de apoio à Igreja em África. Seguindo o lema “a sua fé é a nossa esperança”, esta campanha procura dar resposta a inúmeras situações de emergência que se colocam, hoje em dia, em tantos países do continente africano que acolhe quase 1.112 milhões de habitantes. Com esta acção, a AIS pretende dar a conhecer, a todo o mundo, o sofrimento por que passam tantos milhares de cristãos vítimas directas do terrorismo islâmico que se tem espalhado, como uma ameaça cada vez mais assustadora, em alguns países nos últimos anos. Nigéria, Camarões, República Centro-africana, Tanzânia ou Chade, são apenas

 

alguns desses países que enfrentam já este fundamentalismo que está a alastrar, ameaçando quase todo o continente. Apesar de o mundo ter estado focado, nos últimos anos, na perseguição aos cristãos no Médio Oriente, importa centrar também a atenção no continente africano que tem estado tão assolado por guerras, terrorismo e pobreza extrema, mas que tem oferecido, apesar disso, sinais estimulantes de novas vocações e de uma vitalidade surpreendente de vida comunitária da Igreja. Na verdade, apesar das dificuldades, o número de fiéis quadruplicou nos últimos 35 anos, passado de cerca de 55 milhões para os actuais 215 milhões. África é, a par da Ásia, o continente com o aumento mais significativo de vocações sacerdotais.

 

Violência e fome

Mas África é também um continente marcado pela violência extrema, fome e pobreza. Esta campanha da Quaresma procura sensibilizar os cristãos para esse sofrimento, tantas vezes indizível, de milhares de

 

 

 

pessoas que vivem neste continente. Os 25 países mais pobres do mundo são, com excepção do Afeganistão, africanos… A África subsariana acolhe actualmente 26 % de toda a população mundial de refugiados. A campanha da Fundação AIS tem ainda como objectivo dar a conhecer o trabalho de sacerdotes e de religiosas, por vezes em condições terríveis, junto das populações mais carenciadas. Além da ajuda material, a Fundação AIS tem desenvolvido projectos que visam apoiar iniciativas de reconciliação e de perdão promovidos pela Igreja local, especialmente em regiões assoladas 

 

 

pela violência tribal e pelo fundamentalismo islâmico. Esta campanha da Quaresma não visa ser apenas um gesto humanitário de auxílio a populações em risco, mas é também uma resposta dos cristãos de todo o mundo – e de Portugal – para com a Igreja necessitada em África. Uma Igreja que precisa, mais do que nunca, da nossa ajuda. As bombas, os conflitos e o terror não esvaziaram os seminários nem afastaram os cristãos das igrejas africanas. A grande ameaça pode estar na nossa indiferença.

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

Mulheres mártires

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Há muito quem creia que isso do martírio é só para homens. Mas, a história da Igreja desmente-o. Há tantas e tantas mulheres que, em nome da fé e do amor, deram a vida para que outros tivessem mais vida. O martírio é a página mais eloquente da história da humanidade porque falamos de pessoas que não guardaram as suas vidas porque acharam mais importante oferecê-las a outras para que houvesse mais justiça, paz, fraternidade e liberdade no mundo.

Quando estava em Missão por terras do planalto central de Angola, a guerra civil fazia razias entre as populações pobres e indefesas. Nos momentos mais quentes dos combates, quem podia fugir não pensava duas vezes e punha-se a mexer para terras mais calmas. Mas as missionárias e os missionários decidiram partilhar a má sorte de um povo mártir e ousaram ficar para ser a voz dos silenciados pelos senhores daquela terra e daquela guerra. Vou citar apenas dois nomes de mulheres mártires, a quem quero prestar uma merecida homenagem por ocasião deste Dia Mundial da Mulher, que celebramos a 8 de Março. São elas, a Irmã Lurdes Aguiar, Teresiana, natural do Marco de Canavezes – Diocese do Porto e a Irmã Maria Joaquim, Espiritana, natural de Tondela – Diocese de Viseu.

A Irmã Lurdes foi assassinada na Missão do Canhe, nas periferias da cidade do Huambo, a 4 de dezembro de 1992, um mês antes do início dos ferozes combates que arrasariam a cidade do Huambo. Tinha 72 anos de vida e 43 de Angola. Foi formadora anos a fio, tinha muitas mulheres

 

 

 

 

 

 

 

 

 que a admiravam pela sua coragem e dedicação a um povo em tempo de guerra. O seu coração, com a largueza do mundo, distribuía comida e roupa todos os dias aos pobres que lhe batiam à porta. E foi para defender o armazém que enfrentou os bandidos armados que a matariam naquele trágica noite. Escusado será contar que a cidade parou para o seu funeral e muitos choraram a sua partida violenta para a Casa do Pai.

Durante a tristemente célebre ‘Batalha dos 55 Dias’ do Huambo, a Irmã Maria Joaquim não olhava a perigos e ia, diariamente da Comunidade Espiritana à destruída 

 

pediatria do Hospital Central para acompanhar as crianças que ali enfrentavam a morte por doença e guerra. Um dia, já em casa, foi atingida por um obus e morta. Sepultada, primeiro no jardim da Casa, seria trasladada para o Cemitério de S. Pedro. São muitas as memórias que recolhi e continuo a recolher da vida e Missão da Irmã Maria, com um curriculum de inteira entrega ao povo a quem serviu até ao fim.

Presto homenagem a todas as muitas mulheres da minha vida, sobretudo às que deram tudo para que o mundo fosse melhor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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