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Octávio Carmo
- D. Manuel Linda |
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Foto da contracapa: DR
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Entre a Via-Sacra e a Ressurreição
Octávio Carmo| Luis Filipe Santos | Francisco Perestrello | Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves |
Vida, Verdade e Liberdade |
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Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
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Ninguém escolhe o dia do seu aniversário e festeja-se quando ele calha, como é natural. Acontece que este ano o Papa emérito Bento XVI celebra 90 anos de vida precisamente no Domingo de Páscoa, a festa da ressurreição, apresentada na sua obra ‘Jesus de Nazaré’ como o elemento decisivo para decidir se “a fé cristã fica de pé ou cai”. Bento XVI considera que a ressurreição de Jesus foi “a evasão para um género de vida totalmente novo, para uma vida já não sujeita à lei do morrer e do transformar-se, mas situada para além disso – uma vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem”. Outra curiosidade: o dia 16 de abril de 1927, quando Joseph Ratzinger nascia numa pequena localidade alemã, era um Sábado Santo. Uma vida marcada, por isso, desde o seu início pelo mistério pascal, pelo anúncio da vitória divina sobre a morte, do amor sobre o ódio, da bênção sobre a maldição. A existência humana é assim resumida nesta peregrinação de fé do sábado santo para a Páscoa. Uma proposta de fé em que o amor e a verdade se encontram, na liberdade. Celebrar a ressurreição de Jesus é voltar ao núcleo mais fundamental e decisivo da fé cristã. Essa essencialidade, a relevância dessa fé num mundo em profunda mutação, será, porventura, a mais preciosa e duradoura lição do teólogo Joseph Ratzinger, chamado a ser cardeal e bispo de Roma, hoje Papa emérito. |
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Na sua obra ‘Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição’, cuja leitura pode ser uma boa companhia para os próximos dias, Bento XVI apresenta as palavras e acontecimentos decisivos da vida de Cristo, um Deus que sofre e um homem em luta contra o poder da sua época, que o condenaria à morte. O Cristo de Joseph Ratzinger não é |
um revolucionário político ou um simples reformador, menos ainda uma personalidade religiosa falhada, como o próprio definiria Jesus de Nazaré, caso este não tivesse ressuscitado. “Que Jesus tenha existido só no passado ou, pelo contrário, exista também no presente depende da ressurreição”, afirma. Uma reflexão para a Páscoa de hoje e de sempre.
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O terrorismo voltou a tocar também o desporto, com um atentado antes do jogo Borussia de Dortmund – Mónaco @ Martin Meissner / Reuters |
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- “O Sínodo é para todos os jovens, nenhum deve sentir-se excluído. Vocês são os protagonistas. Mas também os jovens que se sentem agnósticos? Sim! Também os que têm uma fé menos consolidada? Sim, e também os que estão mais afastados da Igreja, os que se sentem ateus” Papa Francisco, sobre o Sínodo dos Bispos que vai ser dedicado aos jovens em 2018 (08.04.2017)
- “Não esvaziemos as palavras, nem desperdicemos o tempo. Não nos distraiamos de Deus, não nos distraiamos dos outros, nem, afinal, de nós. - É preciso que a Páscoa não chegue só no calendário!” D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa (10.04.2017)
- “No coração das relações entre os nossos dois países e povos estão as pessoas, estão os portugueses que descendem de cabo-verdianos, estão os cabo-verdianos que vão para Portugal. Estão os portugueses que vêm trabalhar para Cabo Verde e os portugueses que visitam Cabo Verde. Estão também aqueles que sentem proximidade em relação a Cabo Verde e a Portugal” Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa (11.04.2017)
- “Obviamente que estou solidário com o que aconteceu na terça-feira em Dortmund, com as pessoas que ficaram assustadas. Não quero pensar muito sobre isso e é preciso manter o foco no nosso trabalho e naquilo que temos de fazer em campo” José Mourinho, treinador português do Manchester United (12.04.2017) |
Papa celebra 80 anos da Rádio Renascença
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O Papa Francisco enviou uma mensagem à Rádio Renascença por ocasião da celebração dos 80 anos, nesta segunda-feira, congratulando-se com o trabalho “de exceção” que o grupo tem desenvolvido na promoção da “entreajuda fraterna”. “O Papa Francisco saúda cordialmente a grande família da ‘Rádio Renascença’ em festa pelos 80 anos da sua criação, congratulando-se com o trabalho de quantos, ao longo destes anos, têm servido a Igreja através do trabalho diário deste meio de comunicação |
social”, lê-se na mensagem enviada pelo substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, D. Angelo Becciu. Na mensagem, o Papa valoriza o trabalho da Rádio Renascença em Portugal e no “imenso mundo lusófono”, onde tem levado “o Evangelho de Jesus”, “semeando no coração da humanidade a entreajuda fraterna e a misericórdia de Deus”. Francisco afirma que, no “papel do narrador da boa notícia”, a Rádio Renascença “aparece como artista de exceção” e “assegura uma prece |
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pela fecundidade das suas múltiplas iniciativas evangelizadoras”. O Grupo Renascença Multimédia celebrou 80 anos de existência, assinalados com uma emissão conjunta das quatro rádios do grupo, Renascença, RFM, Mega Hits e Rádio SIM, pela manhã, uma eucaristia presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e uma sessão de homenagem aos colaboradores há 25 anos na empresa. A mensagem do Papa Francisco foi lida nas instalações do Grupo Renascença Multimédia pelo núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) em Portugal, D. Rino Passigato. O presidente do Conselho de Gerência da Renascença Multimédia defendeu que o “grande desafio" do grupo é do digital, mantendo o mesmo cariz “empreendedor e muito inovador” dos fundadores, há 80 anos. “Estamos a desenvolver um programa de transformação digital para sermos capazes de encarar esses desafios com a juventude que estes 80 anos nos permitem testemunhar no mercado”, disse o padre Américo Aguiar à Agência ECCLESIA. Em entrevista ao programa Ecclesia, |
na RTP 2, o sacerdote explicou que o Grupo Renascença Multimédia quer desenvolver a produção de conteúdos, nomeadamente em vídeo, e assinala que as redes sociais são concorrentes à produção de conteúdos clássicos. O presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia apontou também como desafio para o futuro “desenvolver a Renascença V+”. No sítio na internet da emissora católica portuguesa, acrescenta, pode ver-se uma “grande capacidade” de conteúdos de imagem e o Grupo assume como prioridade desenvolver mais esse produto para “quem sabe, no futuro”, a Renascença, para além da rádio, ser “a imagem que os portugueses escolhem” para ver muitos dos acontecimentos da sociedade portuguesa. |
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Projetos de inovação na Catequese
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O Departamento da Catequese, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), promoveu a apresentação de projetos de “inovação catequética”, de várias dioceses, na sessão ‘Uma comunidade fraterna e missionária’ no encontro nacional do setor, no Seminário de Santarém. “Juntos pensemos em temáticas com que se possam enriquecer os itinerários catequéticos”, foi o repto da coordenadora do Departamento de Catequese, Cristina Sá Carvalho, que falou também sobre o percurso realizado nos últimos anos. A Diocese de Viana do Castelo apresentou o projeto ‘Catequese Familiar’, que procura que “a catequese saia de si para que possa responder à sua missão”. “Ao envolvermos a família no processo catequético fazemos com que toda a comunidade crente interaja entre si e se torne, ela própria missionária porque abarcamos todas as dimensões do ser crente”, explicou o padre Vasco Gonçalves. Segundo o sacerdote, o modelo de catequese e familiar “exige e promove” um novo modelo de catequese porque estimula os |
crentes “a tornarem-se protagonistas conscientes e comprometidos com o bem comum de toda a sociedade”, divulga o portal EDUCRIS, da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé. O 56.º Encontro Nacional da Catequese foi promovido pelo Departamento da catequese do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), da Conferência Episcopal Portuguesa, e tem por tema ‘Família - sujeito ativo de Catequese’. Do Porto foi partilhada a ‘Catequese intergeracional’, que chega “às periferias”, e Isabel Oliveira observou que o modelo de catequese familiar “implica a todos e convoca à corresponsabilização”. “A catequese intergeracional provoca processos e propõe itinerários partindo da catequese como iniciação”, divulga o EDUCRIS. |
É preciso que a Páscoa
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O cardeal-patriarca afirmou este domingo, na Sé de Lisboa, que a Semana Santa não pode ser vivida com “sentimentos fugazes e distrações periféricas” e advertiu para o risco de a Páscoa chegar “só no calendário”. “Não esvaziemos as palavras, nem desperdicemos o tempo. Não nos distraiamos de Deus, não nos distraiamos dos outros, nem, afinal, de nós. - É preciso que a Páscoa não chegue só no calendário!”, disse D. Manuel Clemente na homilia da Missa do Dia de Ramos. Para o cardeal-patriarca de Lisboa, esta semana é “para celebrar” e “para cumprir”, com hossanas a brotar “bem de dentro do coração convertido”. “Dirijamo-los a Jesus que passa, tanto em si mesmo, constante 'Deus connosco', como naqueles que nos esperam, outros tantos apelos de Deus”, sublinhou D. Manuel Clemente. “E quanto mais simples, comuns e correntes na circunstância dos dias que se seguem, mais se assemelharão a Jesus que prossegue, naquele jumentinho em que os seus pés tocavam certamente o chão. O chão de Jerusalém, o chão da nossa cidade agora”, acrescentou. |
O cardeal-patriarca de Lisboa disse que os hossanas da atualidade devem corresponder “a mais disponibilidade” para reparar nos outros e “mais cuidado em corresponder-lhes”. “Sigamos com Jesus até ao Gólgota, mas como o Cireneu, e ainda mais como as santas mulheres, que não O deixaram até ao fim. Cada uma destas atitudes, nem por serem espiritualmente intensas, deixarão de ser eminentemente práticas, no que nos couber a cada um”, sublinhou D. Manuel Clemente. A Igreja Católica iniciou com o Domingo de Ramos a Semana Santa, onde recorda os momentos centrais da vida de Jesus Cristo, vividos em celebrações únicas ao longo do Ano Litúrgico, e também em expressões públicas da Paixão de Jesus, em muitas localidades. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Seia: Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitou 28 localidades do arciprestado |
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«As sete últimas palavras de Cristo na cruz» por Luís Miguel Cintra
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Papa evoca mártires contemporâneos
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O Papa Francisco vai rezar em Roma pelos "novos mártires" dos séculos XX e XXI, numa iniciativa marcada para 22 de abril, anunciou o Vaticano. "No sábado, 22 de abril, pelas 17h00 [menos uma em Lisboa, ndr], o Santo Padre Francisco vai deslocar-se à Basílica de São Bartolomeu, na Isola |
Tiberina, para celebrar a Liturgia da Palavra com a Comunidade de Santo Egídio, em memória dos 'novos mártires' dos séculos XX e XXI", refere uma nota do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke. Esta terça-feira, a comunidade católica de Santo Egídio promoveu em Roma |
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uma vigília ecuménica de oração, especialmente dedicada aos “mártires cristãos” da Igreja Copta do Egito, que foram alvo de um atentado no último domingo. O ataque a duas igrejas coptas no Egito provocou pelo menos 50 mortos e dezenas de feridos. “Ao fazer memória dos nomes e das histórias das vítimas, a Comunidade de Santo Egídio quer também recordar as palavras do Papa Francisco: Hoje, no século XXI, a nossa Igreja é uma Igreja de mártires”, realçou o serviço informativo da Santa Sé. O Papa condenou no domingo o ataque contra a igreja de São Jorge, na cidade de Tanta, cerca de 100 quilómetros norte do Cairo. “Ao meu caro irmão, sua santidade o Papa Tawadros II, à Igreja Copta, e a toda a querida nação egípcia envio as minhas sinceras condolências. Rezo pelos mortos e feridos, estou próximo dos familiares e de toda a comunidade”, |
declarou, no final da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro. “Que o Senhor converta o coração dos que semeiam terror, violência e morte, e também o coração dos que fazem e traficam as armas”, apelou Francisco. O ataque aconteceu durante a celebração do Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa no calendário cristão. Já após a intervenção do Papa, um ataque contra a igreja de São Marcos, em Alexandria, provocou mais mortos e feridos. As comunidades cristãos do Egito representam cerca de 10% da população, com destaque para a Igreja Copta Ortodoxa, e têm sido alvo de vários ataques de extremistas islâmicos. O Papa Francisco vai visitar o Cairo de 28 a 29 de abril, numa viagem pela paz que prevê um encontro com o grande imã de al-Azhar, a mais prestigiada instituição do Islão sunita. |
Páscoa como momento de esperança |
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O Papa Francisco disse no Vaticano que a celebração da Páscoa, no próximo domingo, deve reforçar a mensagem de esperança e de amor do Cristianismo. “Nesta Páscoa, somos chamados a seguir o exemplo de Nosso Senhor. O maior amor é aquele de quem se entrega sem reservas e dá tudo o que tem. O que se coloca ao serviço dos outros é semente de esperança”, referiu, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro. “Quem poderia imaginar que aquele que entrou triunfante na cidade teria sido humilhado, condenado e morto na cruz?”, questionou. A Igreja Católica começa esta quinta-feira a celebrar os dias mais importantes do seu calendário litúrgico, que assinalam os momentos da morte e ressurreição de Jesus, culminando na Páscoa. “Queridos irmãos e irmãs, nestes dias, dias de amor, deixemo-nos envolver pelo mistério de Jesus que, como grão de trigo, morrendo nos dá a vida. Ele é a semente da nossa esperança”, declarou Francisco. O Papa falou de Jesus crucificado |
como “fonte de esperança” e deixou aos peregrinos um “trabalho de casa” para os próximos dias. “Vai fazer-nos bem contemplar o Crucifixo - todos vós tendes um em casa -, olhar para ele e dizer-lhe: ‘Contigo nada está perdido. Contigo posso sempre esperar. Tu és a minha esperança’”, apelou. No final do encontro, Francisco saudou os peregrinos de língua portuguesa, com menção particular dos fiéis de Braga, aos funcionários da Câmara Municipal de Gondomar e aos membros da Universidade Sénior de Lousada. “Tomai como amiga e modelo de vida a Virgem Maria, que permaneceu ao pé da cruz de Jesus, amando, também Ela, até ao fim. Quem ama passa da morte à vida: é o amor que faz a Páscoa. A todos vós e aos vossos entes queridos, desejo uma serena e santa Páscoa”, desejou.
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Via-Sacra no Coliseu de Roma recorda vítimas da violência |
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As meditações da Via-Sacra a que o Papa vai presidir esta Sexta-feira Santa no Coliseu de Roma evocam a “banalidade do mal”, numa proposta da teóloga francesa Anne-Marie Pelletier. “São inúmeros os homens, as mulheres e até as crianças abusadas, humilhadas, torturadas, assassinadas, sob todas as dimensões do céu e em cada momento da história”, refere o texto da biblista, a primeira mulher a ser distinguida com o Prémio Joseph Ratzinger, uma espécie de Nobel da Teologia. As reflexões para as 14 estações que evocam momentos do julgamento, condenação e execução de Jesus Cristo apresentam-se com uma proposta diferente em relação ao esquema tradicional destas celebrações, para evocar a presença do mal na humanidade. “Trata-se do nosso mundo, com todas as suas quedas e os seus sofrimentos, os seus apelos e as suas revoltas, tudo aquilo que clama a Deus, hoje, a partir das terras de miséria ou de guerra, nas famílias dilaceradas, nas prisões, nas barcaças sobrecarregadas de migrantes”, sustenta. Anne-Marie Pelletier cita Santa Catarina da Siena, a judia Etty Hillesum, o teólogo ortodoxo |
Christos Yannaras e o pastor Dietrich Bonhoeffer, entre outros. A Via-Sacra do Coliseu de Roma recorda ainda os monges assassinados em Tibhirine, sete religiosos trapistas sequestrados e mortos na Argélia em 1996. “À prece «Desarmai-os!», ajuntavam a súplica: «Desarmai-nos!»”, refere a autora. Para a biblista francesa, era necessário que “Jesus Cristo trouxesse a ternura infinita de Deus até ao coração do pecado do mundo”. “Era necessário que a doçura de Deus visitasse o nosso inferno; era a única maneira de nos livrar do mal”, acrescenta. A 14ª estação reflete sobre ‘Jesus no sepulcro e as mulheres’, rezando pelas mulheres “mulheres que honram, neste mundo, a fragilidade dos corpos que elas circundam de doçura e consideração”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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«O Sínodo será para todos os jovens, também os agnósticos e ateus»
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O homem «aumentado» |
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D. Manuel Linda Armadas e Forças de Segurança |
A cultura ocidental, de base eminentemente europeia, anda há duzentos anos a «alargar» o humano: com a Revolução francesa, a tentativa de transformar toda a pessoa em cidadão; o marxismo, reconduzindo a si mesmo o indivíduo «alienado» pela propriedade privada; Nietzsche e os sistemas políticos que o seguiram, propondo a eliminação dos débeis para que apenas vingasse uma sociedade de «super-homens»; o século XX, libertando a mulher e a criança; actualmente, com a biologia molecular, as nanotecnologias e a robótica, as tentativas de prolongar indefinidamente o seu arco vital e alargar para além de toda e qualquer fronteira a inteligência, mesmo que recorrendo à artificial. Há que saudar as tentativas sérias de promover o humano integral, pois Deus não nos criou para ficarmos, eternamente, “homens das cavernas”. Também por aqui passa a fronteira entre a pessoa e os animais: enquanto estes continuarão na perene fidelidade ao que sempre foram, a pessoa está dotada de específicas “sementes de verdade” que a projectam para uma “imagem e semelhança” cada vez mais parecida com o ser do Criador. Evidentemente, este processo não é linear: pelo meio, registam-se imensos exageros, desvios, oscilações, erros, tropeções, hecatombes. Oxalá se aceite sempre corrigir o trajecto, aceitar a sabedoria da moral, não perder de meta a vocação eterna da pessoa. Doutra forma, ainda que seja notório que a história humana é, de facto, uma |
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«história de salvação», continuaríamos a topar com milhões e milhões de vítimas, como o passado regista. E porquê? Porque muitos construtivistas pretendem fazer com que, no prato da balança, quanto mais pesa a ciência, mais desapareça o peso da moral, da fé e da religião. E fica o «homem unilateral», reduzido à química do DNA e aos impulsos eléctricos dos seus neurónios. Ou dos seus instintos. A visão religiosa, que não retira nada do processo de engrandecimento da pessoa, sublinha um outro dado: o homem não é o mero resultado da sua inteligência e projectos, mas aquele ser relacional a quem Deus
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revela a sua acção salvífica e, por ela e nela, compreende o sentido da sua existência. Sim, o homem é o ser relacional que não se entende à margem de Deus e do seu irmão. Fora disto, fica mero repositório de alguns elementos químicos ou um punhado de cinza de crematório. Para mim, Jesus, o Cristo, é o homem completo e o protótipo de todo o homem. É Aquele que sem desprezar qualquer dimensão do humano, vive, no mais alto grau, essa relação com Deus e com os irmãos. Por isso, Deus O ressuscitou dos mortos a Ele que entregou a vida para nossa salvação. N’Ele e com Ele, Santa Páscoa. |
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Na perseguição aos cristãos,
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José Luís Gonçalves |
Enquanto lê estas linhas, um grupo de missionários cristãos poderá ainda estar a aguardar a execução da pena de morte decretada por extremistas num país do Médio Oriente. A notícia recebida ontem à noite despertou, primeiro, sentimentos de desalento e de impotência, tendo-se transformando, depois, num sentido silêncio orante. A esta distância, resta-nos denunciar mais esta atrocidade, orar por aqueles/as homens e mulheres e reconhecer, agradecidos, o seu testemunho de fé no martírio assumido. Esta notícia toca-nos por sabermos quem integra este grupo. No entanto, somos confrontados diariamente com notícias de perseguição e morte de cristãos. Só nos últimos dias, registaram-se atentados bombistas a duas igrejas coptas no Egito que provocaram, pelo menos, 50 mortos e dezenas de feridos e foi noticiada a decisão das autoridades indonésias, por receio de atentados, decretarem o encerramento temporário ao culto de três igrejas cristãs na Ilha de Java. A perseguição e morte dos cristãos é de tal ordem preocupante que o Papa Francisco marcou para 22 de abril p.f., em Roma, uma jornada de oração pelos "novos mártires" dos séculos XX e XXI. Os factos e os números não mentem: só no ano de 2016, mais de 7 mil cristãos, quase o dobro do ano anterior, foram mortos por razões de fé. As ONG de referência nesta área (Ajuda à Igreja que Sofre;
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Portas Abertas; International Society for Human Rights, etc.) estimam que 80% da discriminação religiosa que acontece atualmente no mundo é realizada contra os cristãos. No relatório World Watch List 2017, a “Portas Abertas” afirma que cerca de 215 milhões de cristãos no mundo sofrem perseguição absoluta, extrema ou severa. Em termos absolutos, este número constitui o maior de todos os tempos! As ONG apontam algumas das razões da perseguição e do assassínio de cristãos, hoje: fundamentalismo religioso transformado em violência extremista; governos cada vez mais xenófobos que desejam contentar povos de tradições culturais e religiosas monolíticas; autoridades que fecham os olhos à violência . |
exercida pelas maiorias étnicas sobre as minorias; donos do narcotráfico e grupos económicos que dominam governos omissos em países fechados ao exterior e em que tudo é permitido. Em certos países, a conjugação de um determinado conjunto de fenómenos religiosos, sociais, culturais, económicos pode significar a morte para muitos cristãos Esta realidade não é, infelizmente, nova. A partir de Jesus perseguido, morto e ressuscitado, a história da Igreja foi, desde a origem, uma história de martírio, ao ponto de ser considerada a forma de santidade mais venerada: nas comunidades cristãs emergentes, os mártires tinham prioridade sobre os apóstolos. Por isso, podemos afirmar que, hoje, na perseguição aos cristãos, a Páscoa de Jesus continua bem viva! |
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Diálogos e cumplicidades com Bernini |
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Luis Filipe Santos |
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Quem entra na grandiosidade da capital italiana e no minúsculo Estado do Vaticano não pode ficar indiferente com a expressividade escultórica de Bernini ou com a luz inconfundível das telas de Caravaggio. Quando se calcorreia – qual andarilho esfomeado – as ruas, pontes e praças de Roma estamos sujeitos a tropeçar na beleza ondulante das pedras modeladas pelo artista barroco. O olhar atento obriga-nos a respirar as fragâncias do perfume esculpido. O estático tem movimento. Toda a escultura de Bernini apresenta panejamentos volumosos, agitados e descompostos. A expressividade das personagens e a representação das figuras em movimento confere-lhe um dinamismo único. Cada obra do artista italiano é um autêntico palco cénico. Quando se chega à Praça de São Pedro ficamos deslumbrados com o trabalho realizado por Bernini (1598-1680). Estando no local sentimos um espaço circular com um avanço retangular que nos conduz à basílica de São Pedro. Todavia, estamos perante uma ilusão perspética. O espaço circular que visualizamos é elítico e o espaço retangular é um trapézio. Através de uma foto aérea, as duas formas juntas assemelham-se a uma fechadura. Quando o Papa Francisco percorre – às quartas-feiras – aquela «fechadura» dá sinais à Igreja. Quer as portas abertas… Quer uma Igreja em permanente saída… Quase me apetecia dizer: Francisco foi esculpido por Bernini e fugiu do pedestal. O calor gestual do Papa Francisco é real, no entanto |
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é pena que as palmas, bandeiras e máquinas fotográficas absorvam a chama daquela fogueira andante. Naquele «argentino» tudo nasce de forma e brilho natural. O escritor francês, Paul Claudel (1866-1955), escreve que «As grandes verdades só se comunicam através do silêncio» e o Papa Francisco com a sua linguagem gestual e sorridente deixa marcas pictóricas no silêncio dos dias. Descemos a Via della Conciliazione… Mais uns passos e encontramos, na ponte de Sant’Angelo, autênticas obras-primas do artista barroco. Anjos que abençoam os transeuntes e |
as águas do rio Tibre. O caminhante olha deslumbrado… Sabendo que passado algum tempo vai desembocar na Praça Navona. Bem no centro daquele local turístico, a famosa fonte dos quatro rios, da autoria do escultor italiano, bloqueia o pensamento. A fonte representa os quatro grandes rios do mundo, o rio Danúbio (Europa), rio Nilo (África), rio Ganges (Ásia) e o rio Prata (América). Representações dramáticas, tipicamente do barroco, que se apoiam na rocha central de travertino. Lorenzo Bernini persegue o caminhante na capital italiana.
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A Igreja Católica prepara-se para celebrar os momentos centrais do calendário litúrgico, evocando os mistérios da morte e ressurreição de Jesus Cristo, o núcleo fundamental da fé proposta aos homens e mulheres de todos os tempos. O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição uma entrevista ao bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, numa conversa em torno da ressurreição que se alarga ao missionário redentorista Rui Santiago. Antes, evocando o caminho da Paixão, uma série de 14 situações que dão rosto às Vias-Sacras da humanidade de hoje em todo o mundo.
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FOTOS: João Lopes Cardoso |
«Páscoa é um acontecimento que se celebra na transformação do mundo»
Falar de ressurreição num mundo em guerra, numa sociedade em crise, faz mais sentido do que nunca. A convicção é do bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, que em entrevista à Agência ECCLESIA perspetiva a celebração da Páscoa como festa de misericórdia, de bondade, de bem-aventurança para todos os que sofrem. Entrevista conduzida por Paulo Rocha
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Agência ECCLESIA (AE) – Como se resolve o aparente conflito entre o que se inaugurou há dois mil anos e que tarda em se concretizar sobretudo pelos constantes conflitos e atentados que vamos observando e, paradoxalmente, até nestes dias de Semana Santa e Páscoa? D. António Francisco (AFS) – A Páscoa é, se o pudéssemos dizer desta forma simples, o apelo divino que bate à porta do humano. Essa porta do humano é a porta do mundo, mas também do nosso coração, da vida das famílias, da existência das comunidades e é a porta dos desafios da história e dos povos. Por isso, este aparente contrassenso de proclamarmos a vida e cantarmos a vitória da alegria da Páscoa, nesta manhã de vitória em que Cristo ressuscitou dos mortos e nos reconduz à vida perante um mundo |
que tantas vezes vive envolvido em tragédias e em morte. É por isso mesmo que Deus continua a bater à nossa porta. A Páscoa é esse apelo insistente a que saibamos celebrar a vida e saibamos contruí-la, que saibamos defendê-la, que saibamos promovê-la e saibamos salvaguardar também a paz.
AE – Apesar de todos os cenários de morte que temos diante de nós? AFS – O Papa Francisco tem-nos ajudado, cada vez mais, a compreender que mesmo nas horas em que os sinais da morte afligem e atormentam o mundo, é necessário proclamar o sentido e o horizonte da vida e da esperança. Ele dizia isso mesmo aos jovens, a primavera é a estação da juventude. Penso que a vida é também a melhor forma de celebrar a Páscoa. |
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AE – Basta essa proclamação? AFS – Basta a proclamação se for depois coerente e consequente. A Igreja tem hoje esse desafio: saber ouvir o apelo de Deus e traduzi-lo na vida e nas obras do seu dia-a-dia. Fazer que as obras, o trabalho, o testemunho da vida de cada um de nós e da vida das nossas comunidades seja consequente com o que proclamamos na fé. A Páscoa é essa oportunidade. A Páscoa acontece depois de termos feito um longo itinerário, em que na celebração, por exemplo, da Ceia Pascal, acreditamos na transformação que a Eucaristia produz. E isso leva-nos também a preocuparmo-nos, a construirmos um mundo em que haja pão e acolhimento para todos. Na Sexta-feira Santa vivemos passo a passo o caminho de Jesus e sabemos que não há caminho humano se não for vinculado ao sofrimento da Cruz. Mas a vida não acaba ai. A vida não acabou com a morte. E, depois, no silêncio, nesse silêncio interior que tantas vezes a Igreja nos oferece, concretamente neste Centenário das Aparições de Fátima. É a voz interior da simplicidade das |
crianças e a voz da mãe de Deus que vem acordar o mundo para que o caminho da paz tenha de se construir. Agora, dando passos nesse caminho, podemos ver para lá do horizonte da morte. A Páscoa traz-nos essa porta aberta ao anúncio feliz da ressurreição e é isso que se proclama na tarde do Domingo de Páscoa, batendo a todas as portas, procurando abrir todos os corações e anunciando que Cristo ressuscitou e, por isso, não há razão para o medo, não há razão para o terror, não há razão para a violência. Não há mais campo, nem devia haver mais tempo para a injustiça e para a destruição e para a morte.
AE – Esse é o problema: infelizmente, continua a injustiça e a morte. Apesar de tudo crentes e não crentes podem estar certos que esse desígnio de vida acontece na história, no percurso de cada um? AFS – Penso que sim. E esse é um grande anúncio que a Páscoa no traz: A Páscoa é anúncio feliz dos cristãos para construírem um mundo feliz. É o anúncio das bem-aventuranças que tiveram em Cristo a voz mas também o testemunho e a ressonância. Aquele |
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que anunciou que ‘felizes são os pobres, os mansos, os humildes, os pacíficos, os construtores da paz, os que se empenham no campo da justiça’ é aquele que ressuscita e, com a sua vida, diz-nos que é possível contruímos uma vida nova e |
transformarmos o mundo. A Páscoa não é apenas um acontecimento que se celebra no íntimo das igrejas, tem de ser um acontecimento que se celebra na transformação no mundo que a Igreja está empenhada em realizar. |
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A prepotência e as razões para as guerrasAE – Nessa convicção que atitude ter diante de atentados que vão povoando, cada vez mais, as cidades da Europa, por exemplo? AFS – Temos de ter a capacidade de dizer não à violência, de dizer que é tempo de construir a paz, como já (Papa) Paulo VI o proclamava na ONU, em outubro de 1964.
AE – E isso depende? AFS – Isso depende de cada um de nós. E é tempo também de |
trabalharmos mais pela liberdade religiosa para que o respeito por todos seja capaz de abrir campo a que nos sintamos mais próximos e mais irmãos. É tempo de dizer aos nossos governantes que deve terminar a construção, a proliferação das armas, que devemos, sobretudo, salvaguardar o direito à vida de todos e promover os que mais sofrem, aqueles que não têm condições de justiça. Porque o clamor dos povos é, muitas vezes, a razão para que se sinta esta instabilidade no mundo. A prepotência não tem sentido, não
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tem valor, não tem lugar e não pode ser a razão determinante das injustiças e das guerras. Creio que aquilo que está a acontecer hoje no mundo é muito também por um deficit de educação, de acolhimento e de integração de povos, de grupos e de etnias que foram rejeitados durante muito tempo, que depois se transmitem aos filhos e aos netos esta represália pelas atitudes que aconteceram aos seus pais e avós.
AE – Acha que grupos de tradição islâmica, aos quais muitas vezes se atribuem atos suicidas, têm na sua origem essa falta de educação mas sobretudo a afirmação da prepotência. AFS – Quando fragilizamos a educação para os valores, para o respeito, não apenas para a tolerância, mas para a construção da fraternidade, que é muito mais do que tolerância, para o respeito pelas diferenças e pelas diversidades, abrirmos os horizontes a um mundo complexo mas um mundo completo. O que determina muitas vezes estas decisões incompreensíveis é que dispensamos os outros, recusamos os outros, marginalizamos os outros quando todos somos necessários para construir este mundo complexo, |
mas completo e belo na diversidade e na diferença. Na capacidade de nos sentirmos mais próximos mas mais irmãos. O Papa Franciscos diz-nos não sejamos alfândegas onde as pessoas ficam nas fronteiras, do outro lado, ficam barradas de trás dos muros que construímos, mas sejamos uma casa paterna onde se acolhem os filhos e os irmãos, sendo diferentes mas respeitando-os. Essa é a beleza da família e é assim que se tem de construir e diversidade e beleza dos povos. A Páscoa diz isso: saímos para fora das igrejas a anunciar a todos não para pretendermos sermos os únicos, mas para dizer que temos um contributo a dar. A Igreja é esse contributo que quer dar, é essa resposta de Deus traduzida em linguagem humana num rosto atento, num cuidado para com os mais pobres, os mais simples, para com os que mais precisam. Antes de julgarmos seja quem for devemos estender a mão aqueles que mais precisam de ser recebidos, de ser acolhidos. A situação dramática desta guerra aos pedaços, como diz o Papa Francisco, só pode ser resolvida por esta capacidade de misericórdia, de bondade, de bem-aventurança…
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AE – É para gerações? AFS – É para gerações. Mas a educação começa em criança, e se queremos construir um mundo melhor amanhã, comecemos já hoje. E a Páscoa é hoje para que possa ser todos os dias e acontecer sempre!
AE – Que receio lhe causa o conflito sírio e afirmação progressiva de duas potencias em conflito? AFS – Um grande receio. Primeiro que possa ser contágio para outros povos, para outras situações em que a violência e a guerra e os confrontos
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mesmo entre grupos. Das guerras mais dolorosas são as guerras civis no interior do coração de cada um, de cada família ou de cada comunidade, ou cada povo. Este atentado das armas químicas é incompreensível em todos os tempos da história mas é muito mais incompreensível hoje, fazendo do avanço da ciência momentos de destruição de crianças, de jovens, de famílias inteiras. Não podemos deixar chorar estas lágrimas sem as chorarmos também nós. |
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AE – São sinais que a humanidade está a colapsar? AFS – São sinais que a humanidade por este caminho não tem futuro e temos razão para acordar de uma vez por todas e 100 anos depois das grandes guerras europeias, que nada disseram bem da Europa e nada fizeram bem para a Europa a não ser a lição para nunca mais se repetirem, não podem ser também elas hoje vividas noutros lugares do mundo e noutros espaços da terra. Temos de clamar bem alto que a vida é o valor maior da humanidade e que a paz é um direito que todos devem ter acesso e é possível. O que me impressiona mais, e diariamente coloco no coração de Deus na minha oração, é fazer compreender todas as pessoas, todos os povos, todos os governantes, e precisamos de ter governantes corajosos, para o dizerem também em vez de gastarmos tanto tempo a decidirmos as intervenções de guerra, dizermos uns aos outros que estamos solidários e conscientes em construir a paz. A paz que queremos para os outros é também o direito que reclamamos para o nosso povo. Vivemos num país que temos experiência de confrontos e conflitos, mas vivemos num país livre em democracia e em paz, podemos ser também escola e protagonistas deste |
contributo para a construção de um mundo melhor.
AE – Recordamos alguns cenários mais notórios onde emergem conflitos mas muitos mais existem e mostram que há muitas mais estações da Via-Sacra. AFS – Há muito mais estações da Via-Sacra, há muito passos dados com pés magoados a sangrar, e há muitas famílias que ficam doridas e magoadas para sempre. Este sofrimento humano é também para nos dizer que não chegamos à Páscoa sem levarmos connosco a cruz que pesa aos ombros dos outros. A nossa Páscoa não pode ser apenas o brilho no olhar feliz de alguém para quem estes conflitos estão longe mas tem de ser o brilho nesse olhar transformador do mundo, para todos e cada um de nós, que querem com o seu contributo ajudar a transformar o mundo. Chegamos à Páscoa quando formos capazes de assumir, e de levar connosco e trazer connosco, a cruz redentora a sangrar de sofrimento e de dor de tanta gente e que na manhã de Páscoa se tem de tornar a cruz florida da vitória. Mas, para isso, devemos de ser capazes de ir ao encontro das pessoas que sofrem. Não as podemos deixar no caminho e pensar que a sexta-feira acabou para nós e estamos só voltados para o tempo pascal. |
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Desafios e esperanças em PortugalAE – Que análise faz do período da troika, do período que se seguiu. Que ciclo foi este ou é este que Portugal está a viver? AFS – É um ciclo de continuidade e de diferença. Temos sido em Portugal muito capazes e atentos a sabermos, desde a revolução de abril (1974), desde o regresso à liberdade e à democracia, desde a autonomia e independência dada aos povos da África, desde a construção de um mundo diferente no nosso tempo, temos sido capazes de responder aos desafios de cada momento com discernimento, com lucidez, com coragem, com diversidade e muitas vezes nem sempre com o acordo de todos. A unanimidade não é o caminho da verdade, muitas vezes, mas temos sido capazes de responder a grandes desafios. Mas há outros que ainda não respondemos. Nestes momentos, depois de termos passado um tempo de austeridade que não está ainda ultrapassada, há necessidade de criarmos novos caminhos e, certamente, que estamos a procurar fazer. Mas há ainda grandes desafios no horizonte, como o do |
desemprego, de uma emigração não desejada e não querida e que leva para o estrangeiro aqueles que gostariam de ficar e capacidade da retoma da economia mais rápida, mais forte. Mas vivemos num clima de tranquilidade, um clima de esperança. Creio que quando os governantes são capazes de nos dar razões para confiar, para esperar e para ver o futuro construído com a ajuda de todos, devemos estar empenhados em fazê-lo.
AE – Esse fator de esperança é proporcionado sobretudo pela atitude do presidente da República? AFS – Muito, muito. Sem querer personalizar, trouxe também este acrescido vigor de dizer que os
Creio que quando os governantes são capazes de nos dar razões para confiar, para esperar e para ver o futuro construído com a ajuda de todos, devemos estar empenhados em fazê-lo.
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portugueses soubemos sempre estar à altura dos momentos da nossa história. E saberemos fazê-lo agora em cenários diferentes com desafios por ventura muitos estranhos em relação aquilo que foi a continuidade do tempo mas com uma capacidade interior de nos sabermos sempre renovar e transformar. E darmos ao mundo algumas referências sem vã glória, que seria muito efémera e muito sem sentido mas com a nossa capacidade, a nossa identidade nacional construída em oito séculos e os valores dos portugueses que os manifestaram em todo o mundo. Manifestam no território nacional e manifestam no estrangeiro onde estão os emigrantes. Esta valorização da diáspora, para não referir mais outras iniciativas, o celebrar o dia de Portugal em Portugal e no mundo português onde estão milhões de portugueses é uma afirmação que devemos ser capazes de pegar nas mãos o nosso futuro e contribuir para um futuro do mundo que seja melhor.
AE – Há um aspeto da humanização da política que é importante? AFS – É muito importante sobretudo para dar aos mais novos e às |
gerações vindouras, a capacidade de se disponibilizarem pelo bem-comum. Esta humanização da política como um valor elevado e um valor nobre, e como um valor digno, de autenticidade, e como uma capacidade de serviço dos outros, não de si próprios, é, certamente, um contributo valioso, é talvez aquele que hoje mais pediria aos nossos governantes.
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AE – Ainda no ambiente político, a atitude humanista, afetuosa até, tem noutro prato da balança um equilíbrio entre forças políticas para conseguir a estabilidade no parlamento português. AFS – Penso que o equilíbrio quanto mais amplo for, melhor é. E aqui sem excluir ninguém e sem ideologizar grupos, quanto mais amplo for o equilíbrio, a união e a conjugação de forças políticas para nos ajudar a governar, no sentido de nos ajudar a servir, melhor é. Entretanto, há balizas que não devemos ultrapassar, há fronteiras que devemos saber respeitar e valores que nunca devemos hipotecar. E, |
neste sentido, há franjas da população portuguesa que precisam de ser mais atendida, como sejam os mais pobres, as instituições sociais que estão a passar por dificuldade múltiplas, como sejam casais e famílias em desemprego. Não devemos perder tempo em gladiar-nos e confrontar-nos, embora seja legítima e muito justa a afirmação política das nossas convicções para os políticos que as façam livremente, com respeito e com a capacidade de contribuírem para o bem-comum mas todos devíamos estar unidos cada vez mais. Num âmbito alargado há decisões que têm de ser, como se |
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diz em linguagem própria, decisões de regime. Uma dessas decisões, a educação, a saúde, o respeito pela vida, o respeito pelos valores que constroem esta nossa cultura e esta alma de Portugal, naquilo que ela pode contribuir para revigorar a alma do mundo, ai não podemos abdicar e não podemos ceder. A Igreja tem de ter esse contributo humilde, às vezes discreto, mas também muito corajoso. Sobretudo, temos de saber juntar a humildade à profecia. A coragem de servir discretamente no meio do mundo aqueles que mais precisam e a profecia ousada, e neste lugar tem sentido fazê-lo. Temos extraordinários exemplos dos meus antecessores que |
fizeram essa afirmação ao serviço da Igreja no Porto contribuindo para o bem da Igreja em Portugal e o bem do povo português. Temos obrigação de o fazer. Como o fazem os sacerdotes, os religiosos e os leigos às vezes nas povoações mais discretas e simples porque arduamente trabalham pelo bem do povo e salvaguardam esta generosidade da alma humana. Esta dignidade do valor cristão que está emerso e presentes em todos os caminhos que percorremos, em todas as terras que visitamos, em todas as comunidades onde celebramos a alegria da fé e onde vemos tanta gente disponível, generosa, voluntária a trabalhar apaixonadamente pelo bem dos outros. |
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AE – Nesse equilíbrio político a Igreja pode deparar-se com situações que colocam em causa valores inalienáveis, como o da vida humana. É uma estabilidade política que permite pôr em causa esses valores. Que atitude ter ai no enquadramento profético que falou? AFS – À Igreja não pertence substituir-se aos legisladores, mas tem de advertir num trabalho pedagógico de quem salvaguarda valores de que não abdica, não por teimosia, mas por saber que eles são essenciais para avida humana e para o futuro do nosso país. E mesmo que as leis |
possam ou venham a ser contrárias nós não nos podemos cansar. A Igreja nunca se cansará de dizer, por exemplo, que a velhice, a doença são momentos que nos obrigam a um respeito maior e que, por exemplo, a vida não fomos nós que a demos a nós próprios, foi-nos dada a nós os crentes por Deus. A vida não somos nós que a podemos tirar. Nós nunca podemos alienar estes valores sagrados que fazem parte da construção da humanidade e que fazem parte também do rumo e dos trilhos do nosso futuro como país. Ai devemos valorizar muito mais |
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o serviço que prestamos aos idosos e aos doentes, mas também saber descobrir e agradecer o serviço que eles prestam à humanidade. Muitas vezes lamentamos os casos das crianças e dos jovens a quem falta a sensibilidade num caso ou noutro perguntemo-nos se permitimos que eles ouvissem os conselhos, os ensinamentos, as experiências que os seus pais e avós viveram para lhes dar a vida. Para lhes transmitirem o que têm, para lhe legarem a herança, não apenas materiais, mas um património incomensurável de valores que não desaparecem com a morte, que continuam para lá da vida, na memória abençoada daqueles que nos falaram dos nossos antepassados porque não chegamos aqui hoje sem um passado de genteque lutou até à
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morte. E que venceu a morte e se perpétua na vida através daqueles que continuam a sua vida.
AE – É esse o enquadramento de temas como a legalização da eutanásia devem ter? Acaba por ser curioso no contexto da Páscoa falar sobre a prática da eutanásia, é outra contradição. AFS – Sim, é outra contradição. Acreditamos que a vida e o tempo não terminaram na Sexta-feira Santa para Jesus Cristo e, por isso, celebramos a Páscoa. A vida e o tempo da história de cada um de nós não termina com a antecipação de uns momentos, de uma horas ou de uns dias de morte. Nós não podemos dar a morte a ninguém, nem temos o direito de dar a morte a nós próprios. |
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Bispo do Porto há três anosAE – O Sr. D. António está na Diocese do Porto há três anos. Tem encontrado mais sinais de cruz ou de Páscoa? AFS – Tenho encontrado sinais de Páscoa e tenho encontrado, sobretudo, muito cireneus que me ajudam a levar a minha cruz.
AE – É real… AFS – É real, é real. Na vida concreta da missão dos servidores de Deus e dos servidores da Igreja nunca se podem sonhar tempos sem cruz porque então não iam desaguar, os nossos caminhos, ao tempo da Páscoa. E, é essa alegria e gratidão para tantos cireneus que tenho encontrado que me ajudam a saborear ainda mais a alegria da Páscoa e a dizer que sozinhos nenhum de nós conseguia levar a sua cruz. A minha missão é também ser cireneu da cruz de tanta gente e penso que concretamente a missão dos bispos é de ajudar neste mundo em que vivemos. É esta proximidade, esta compreensão, este sentido do amor de Deus que clama no intimo de cada coração e a nossa missão é de anunciar, como propus no primeiro ano, a alegria do Evangelho. |
E depois a construir com a ajuda, concretamente, este ano com a ajuda de Nossa Senhora. Faz um ano que estávamos a peregrinar com a imagem de Maria, a Senhora de Fátima, e permitiu-me também ver lágrimas em tantos olhos e desafia-me, interiormente, todos os dias a estar próximo daqueles que sofrem. E a ter iniciativas que vão ao encontro de respostas, porque esta proximidade não pode ser apenas interior e de afeto mas tem de ser uma proximidade de prática, de iniciativas e de criatividade. A Páscoa traz-nos outro valor extraordinário que é dizer à Igreja que o caminho da sua ação pastoral tem de ser de criatividade e de ousadia profética. Por isso, aqui estamos para agradecer os cireneus das cruzes que diariamente surgem e levamos aos nossos ombros para ensinarmos a serem cireneus das cruzes dos outros e para proclamar na alegria da Páscoa que a Igreja tem este dom da criatividade, da ousadia, da profecia e de ajudar a construir um mundo melhor, feliz e que é um mundo pascal.
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Rui Santiago. Missionário Redentorista que “visita” a Terra Santa todos os dias, os locais onde Jesus viveu, através dos textos da Bíblia. Nesta semana Santa, “visita” o calvário para dizer o que significa a cruz de Jesus e o que provoca naqueles que O seguem |
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A cruz é esta hora em que Jesus de Nazaré faz aquilo a que veio, mas de uma maneira que não tinha de ser assim
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Antes de Jesus ter sido posto em cima da cruz, já tinham posto uma cruz em cima de Jesus há muito e estavam à procura da melhor oportunidade
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Com a desculpa de salvar pecados, engendrar o maior pecado da história do mundo, assassinar Jesus? Só podemos ser salvos por quem não se queira salvar a si mesmo.
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A cruz ganha portas abertas e torna-se cruzamento, Lugar em que Deus cruza a sua vida connosco e a nossa vida fica cruzada com Ele. E percebemos que nos cruzamos na dor máxima, na infidelidade máxima. Torna-se impossível que Deus não cruze a vida com todos.
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Não basta estar no Evangelho de ‘alma e coração’, nos preceitos e nas rotinas, temos de estar de ‘agenda e carteira’.
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Entrevista ao padre Rui Santiago é emitida no programa Ecclesia de Sexta-feira Santa e publicada integralmente em agencia.ecclesia.pt |
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I - Egito
Dois ataques terroristas no Domingo de Ramos, reivindicados pelo Estado Islâmico, a igrejas cristãs nas regiões de Alexandria e Tanta, provocaram cerca de 50 mortos e mais de uma centena de feridos
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A comunidade cristã copta, que tem estado sob ataque por parte de grupos radicais islâmicos, representa cerca de 10 por cento da população do Egipto.
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II - Rússia
No dia 03 de abril, uma bomba acionada por um homem suicida junto ao Metropolitano da cidade de São Petersburgo, na Rússia, matou 14 pessoas e causou dezenas de feridos
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III - Londres
No dia 22 de março, em Londres, no Reino Unido, um homem matou quatro pessoas e deixou dezenas de feridos antes de ser abatido, em frente ao Parlamento britânico.
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IV - Síria
Um ataque com armas químicas na cidade de Idlib, região controlada por forças rebeldes contrárias ao regime de Bashar al-Assad, fez no dia 04 de abril cerca de uma centena de vítimas civis, entre as quais dezenas de crianças
A guerra civil na Síria, entre as tropas do Governo de Bashar al-Assad e forças contrárias ao regime, já provocou “mais de 300 mil mortos, 1,5 milhões de feridos, além de 13 milhões de deslocados dentro do país e de 5 milhões de sírios refugiados em diversos países”, alerta a Organização Mundial de Saúde De acordo com a OMS, estamos perante uma “catástrofe humana” com proporções ainda indeterminadas, pois o conflito está também a afetar o fornecimento de água potável e de alimentos às pessoas, e os surtos de doenças são cada vez mais frequentes. |
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História: “É preciso ter coragem para sorrir até debaixo das bombas”, diz a Irmã Carol Tahhan Fachakh, religiosa de Maria Auxiliadora, que está em missão na cidade mártir de Alepo, onde serve vários projetos, entre hospitais e escolas, no apoio sobretudo a crianças e jovens. “Recebemos todos de braços abertos, como uma grande família segundo o estilo salesiano, e procuramos antes de tudo vencer juntos os temores provocados pelos mísseis e pelas bombas”, frisa a consagrada de origem arménia e formada em química. Nesta quarta-feira, dia 12 de abril, a religiosa de 46 anos teve oportunidade de partilhar a sua experiência com o Papa Francisco, depois da audiência pública com os peregrinos, na Praça de São Pedro.
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V - IraqueMais de seis mil corpos de pessoas foram descobertos numa vala comum, nos arredores de Mossul, a capital da Planície de Nínive, durante uma ofensiva das tropas iraquianas contra grupos armados do autoproclamado Estado Islâmico
Contexto: Numa investida para controlar o território da Planície de Nínive, no Iraque, o Estado Islâmico destruiu ou danificou mais de 12 mil casas, de acordo com números recentes divulgados pela Fundação Ajuda a Igreja que Sofre Grande parte das pessoas e famílias em causa estão atualmente refugiadas na cidade de Erbil, uma localidade situada no norte do país, no Curdistão Iraquiano. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, em cerca de dois anos de conflito com o Estado Islâmico, “pelo menos 18.802 civis morreram e outros 36.245 ficaram feridos.
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VI - RefugiadosGréciaA Grécia já acolheu mais de 62 mil pessoas, no contexto da crise de refugiados que chegou à Europa, sendo apenas suplantada por nações como a Turquia e Itália. Muitos chegaram com risco da própria vida, vindos de países em guerra como a Síria e o Iraque, atravessando o Mar Mediterrâneo confiados às mãos de traficantes e em embarcações sobrelotadas
Contexto: O acordo entre a Turquia e a União Europeia tem feito com que inúmeros refugiados tenham agora que esperar indefinidamente por uma solução nos campos de acolhimento gregos. |
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VII - Sudão do Sul
A mais jovem nação do continente africano, fundada em 2011 depois da separação da República do Sudão, está hoje à beira do colapso, com milhões de pessoas a enfrentarem a pobreza e a fome.
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Contexto: No centro deste drama está a guerra civil que continua a devastar o país, pois a independência chegou mas não apagou décadas de conflitos tribais, étnicos e religiosos. De acordo com dados divulgados pelas Nações Unidas, cerca de 800 mil refugiados oriundos do Sudão do Sul estão atualmente a viver no Uganda. Destes, quase 200 mil chegaram apenas desde o início do corrente ano, sendo que seis em cada 10 destes refugiados são crianças |
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VIII - VenezuelaUm país mergulhado numa crise económica sem precedentes, que a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre estima atingir pelo menos 82 por cento da população. E a enfrentar igualmente uma grave situação política, que a Igreja Católica local já classificou de “ditadura”, na vigência do presidente Nicolás Maduro, que tem estado sob forte contestação.
Contexto: Desde que a instabilidade financeira tomou conta do país, há cerca de dois anos, Nicolás Maduro passou a enfrentar uma forte oposição, com as estatísticas a apontarem para uma taxa de reprovação por parte do povo, superior a 70 por cento. Recentemente, o presidente tentou controlar essa oposição, com a retirada de poderes ao Parlamento, quase todo controlado por partidos contrários ao regime.
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IX - Nigéria
A perseguição aos cristãos tem sido uma constante nos últimos anos, levada a cabo pelo grupo fundamentalista islâmico ‘Boko Haram’. De acordo com o secretariado português da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, só entre setembro de 2016 e janeiro deste ano foram assassinadas 808 pessoas, outras 57 ficaram feridas, e no que toca a bens materiais há a assinalar a destruição de 53 aldeias, 1422 casas e 16 igrejas.
Contexto: O “Boko Haram”, cujo nome na língua local significa “a educação não islâmica é pecado”, está empenhado em implementar um Estado islâmico no norte da Nigéria. Para isso tem lançado sucessivos ataques contra organismos oficiais e também sobre os cristãos e todas as minorias religiosas radicadas no norte, destruindo habitações, escolas e locais de culto. Mais números: Só na Arquidiocese de Maiduguri, no Estado de Borno, pelo menos 80 mil católicos já foram obrigados a fugir, devido à ação do Boko Haram, 64 mil dos quais para os Camarões. |
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X - Estados Unidos da América
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Na nação norte-americana, a presidência de Donald Trump está a abrir espaço para políticas mais hostis contra as comunidades migrantes e pessoas refugiadas.
Contexto: Uma das primeiras medidas que Donald Trump aprovou, depois de eleito, foi a suspensão da entrada de refugiados nos EUA durante 120 dias, proibindo indeterminadamente a admissão de refugiados sírios e, durante 90 dias, de cidadãos de sete países maioritariamente muçulmanos. O novo presidente disse ainda querer intensificar os esforços da construção de um muro junto à fronteira com o México, para impedir a entrada de emigrantes ilegais no território norte-americano. |
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XI - República Democrática do CongoA guerra civil na República Democrática do Congo continua a espalhar a morte e a destruição naquele país, não poupando igrejas, hospitais e escolas. Outro flagelo é o recurso das milícias a crianças-soldado, recrutadas à força para servir os intentos das forças dissidentes do regime.
Contexto: Os confrontos entre forças governamentais e milícias armadas, que lutam pelo poder, têm sido marcados também por uma onda de ataques contra as comunidades cristãs, um pouco por toda a nação congolesa. A Igreja Católica já denunciou a “alarmante situação de insegurança”, que tem afetado paróquias, membros do clero e mesmo religiosos e seminaristas.
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XII - República Popular da China |
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Contexto: O regime de Pequim criou em 1957 a APC - Associação Patriótica Católica para evitar interferências estrangeiras, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado – o que inclui o controlo sobre a nomeação de bispos, pretensão não reconhecida pelo Vaticano. “Embora a Constituição Chinesa afirme que os cidadãos têm “liberdade de crença religiosa”, apenas são autorizadas as ‘atividades religiosas normais’, ou seja, as que são controladas pela Administração Estatal dos Assuntos Religiosos e pelas Associações Patrióticas e que seguem os regulamentos nacionais. Isto significa prestar culto em locais registados, com pessoal registado e aceitando o controlo da Associação Patriótica. Os que prestam culto fora desta estrutura são considerados ‘criminosos’ e tratados como tal” Relatório para a Liberdade Religiosa 2016, da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre
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XIII Etiópia
A seca naquele país, um dos mais pobres no mundo, está a ameaçar a vida de 5,6 milhões de homens, mulheres e crianças, devido à fome generalizada.
Contexto: - A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho estima que serão necessários pelo menos 12,8 milhões de euros, só nos próximos nove meses, para ajudar 320 mil pessoas em risco. - A Etiópia é um dos países de África com maior índice de cristãos, 37, 5 por cento em cerca de 75 milhões de habitantes. Segundo a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, a maior parte é ortodoxa, sendo que o número de católicos não ultrapassa as 600 mil pessoas. A grande fatia dos habitantes, 45 por cento, integra a comunidade ortodoxa |
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XIV - IndonésiaAs comunidades cristãs estão a ser alvo da ameaça de grupos radicais islâmicos, um contexto que levou as autoridades indonésias de Bogor, a oeste de Java, a proibir três igrejas cristãs de realizarem serviço religioso
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Contexto: - Esta decisão abrange, para já, a Igreja Metodista da Indonésia, a igreja protestante Huria Batak e a comunidade católica local que vinha utilizando uma casa particular para as aulas de catequese. - A Indonésia é o mais populoso país de maioria muçulmana do mundo e a região de Java Ocidental tem vindo a registar um crescente número de casos de violência relacionados com intolerância para com minorias religiosas, nomeadamente os cristãos. - Só no ano passado, o Instituto Setara – uma organização de defesa dos direitos humanos – contabilizou mais de quatro dezenas de incidentes com minorias religiosas nesta região.
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A sua oração diária online |
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Em plena semana maior, sugiro um espaço virtual que nos convida a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus levando-nos a uma participação efetiva nos Sacramentos e a crescer na caridade - amor a Deus e ao próximo. Assim, como forma de nos introduzirmos neste tempo precioso de reavivar a fé, esta semana apresento um sítio de oração diária pensado para quem, como tantos de nós, passa grande parte do tempo em frente ao computador e naturalmente tem dificuldade em arranjar um tempo para rezar. O Sacred Space (Lugar Sagrado) é um projecto lançado pelos jesuítas irlandeses na quaresma de 1997 sempre com actualizações diárias e com as leituras adequadas ao dia, encontrando-se já traduzido em 23 idiomas. Apesar de necessitar de uma atualização ao nível do ambiente gráfico e consequentemente uma melhor otimização para os dispositivos móveis (smartphones, |
tablets, etc.), os conteúdos e objetivos a que se propõe estão bastante atualizados. O que é pedido a cada visitante é que tire 10 minutos do seu dia para dedicar à oração e ao relacionamento mais profundo e próximo com Deus. Desta forma, conseguimos ter consciência da Sua presença na nossa vida, através da persecução de sete etapas (Oração Introdutória, Presença de Deus, Liberdade, Tomada de consciência, A palavra de Deus, Diálogo e Conclusão), pelas quais somos guiados com um simples clique do rato. Temos ainda disponível um guia nas etapas de maior dificuldade de reflexão que nos orienta e ajuda para uma oração mais conseguida e profunda. Apesar de existirem outras propostas de oração digital, que já foram inclusive alvo de análise neste espaço, fica aqui a sugestão que bem poderá ser continuada para além deste forte tempo litúrgico, podendo tornar-se um “vício” diário. Pois sendo verdade que nos preparamos para a festa da ressurreição de Cristo, a Igreja |
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através da liturgia e oração, deseja principalmente que nos prepararemos para o encontro definitivo com Ele. Como sabemos Deus está em todo o lado e o nosso escritório ou espaço onde na nossa casa temos o |
computador, ou mesmo o nosso dispositivo móvel, podem também ser espaços adequados para encontro com o nosso Pai.
Fernando Cassola Marques |
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Se Deus Quiser, de Edoardo Maria Falcone |
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Primeira longa metragem de ficção de Edoardo Maria Falcone, «Se Deus Quiser» merece uma referência especial pela sua forma e pelo seu conteúdo. No que respeita à forma Falcone desenvolve uma narrativa muito equilibrada, em que diversos toques de comédia se intercalam em situações em si mesmo dramáticas, numa análise de natureza social muito objetiva e eficiente. Para tal conta com um par de atores de muito talento - Marco Giallini e Alessandro Gassman – que personificam um confronto de ideias e de nível pessoal que sabem tornar credível. Mas o mais importante de «Se Deus Quiser» é o conteúdo do seu argumento, em que se debatem os preconceitos comuns à sociedade contemporânea, centrados, entre outras vertentes, no confronto de um pai ateu, médico de sucesso, com a vocação sacerdotal do seu único filho, filho este que destinava a ser seu sucessor na área da medicina.
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O diálogo entre um ateu e um Padre, de início falso e difícil, constrói progressivamente uma profunda amizade que permite a um médico de renome, materialista e mais que consciente do seu valor profissional, a encarar outras vertentes da vida e reorientar muitos dos conceitos que tinha como fundamentais. Resulta daí uma maior harmonia familiar e a possibilidade de tomar decisões, muitas vezes difíceis, de uma forma consciente. Importante referir que todos valores transmitidos se enquadram numa |
narrativa com bom ritmo e recheada de sequências em que o melhor humor, em geral discreto, se cruza com situações da natureza dramática mas que nunca são levadas suficientemente longe para retirar ao filme o seu ambiente ligeiro. Uma obra de relevo que nos dá oportunidade de acesso ao que de bom se produz no cinema italiano, tão raramente trazido aos cinemas portugueses.
Francisco Perestrello |
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Novo livro realça dimensão pessoal
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As jornalistas Ana Catarina André e Sara Capelo lançaram um livro intitulado ‘Peregrinos’, feito a partir de histórias de várias pessoas que têm em comum a experiência de peregrinar a pé a Fátima. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Ana Catarina André realçou que a realização desta obra, e as entrevistas, o diálogo com as pessoas, “mudou” um pouco a sua “visão” pessoal acerca do Santuário de Fátima. “Ajudou a perceber a dimensão do Santuário, e a diversidade de pessoas que vão a |
Fátima, que eu já tinha noção mas nunca tinha experimentado isso, no contacto com elas”, salientou. A jornalista é católica e já fez várias peregrinações rumo à Cova da Iria, por isso encontrou alguns pontos de contacto com os testemunhos colocados no livro, como “a questão da busca interior que se faz no caminho, o sentido que se tenta encontrar para a vida”. “Com isso houve um paralelismo claro com aquilo que eu já tinha vivido, mas com outras coisas nem tanto, como a |
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questão do sofrimento”, exemplificou. Para Ana Catarina André, hoje “tende-se a associar Fátima à questão do sofrimento”, algo que para si, a nível pessoal, não dizia muito. “Ainda assim, depois de ter escrito este livro e falado com estas pessoas percebi que Fátima também pode ser isso, que também há lugar para isso em Fátima, e que não é menos válido por isso”, salientou. Entre os testemunhos colocados no livro, a autora destaca a história de João António, um peregrino de São João da Pesqueira, do Distrito de Viseu, “que faz 300 quilómetros descalço para Fátima, em sofrimento e em dor, e que diz que depois daqueles 9 dias, às vezes menos dias de caminho, chega a Fátima e encontra consolo e redenção”. “A essa história é impossível ficar indiferente, aquele homem tão sofredor mas ao mesmo tempo tão
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tranquilo na chegada a Fátima”, realçou a jornalista. Sara Capelo, a co-autora da obra ‘Peregrinos’, é agnóstica e nunca tinha ido à Cova da Iria e ao Santuário, no entanto “o tema religião é recorrente” nas conversas com a sua colega Ana Catarina André. “Pensamos que, com o aproximar do Centenário das Aparições, poderia ser interessante falarmos sobre Fátima, sobre quem são estas pessoas que caminham até Fátima, o que é que as motiva. Sendo que nós temos perspetivas bastante diferentes sobre o que é Fátima e o que é a religião em geral”, frisou a jornalista. A profissional de comunicação esteve pela primeira vez no santuário mariano no dia 13 de maio de 2016, acompanhando “em silêncio” a entrada no recinto de um dos grupos retratados no livro. |
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II Concílio do Vaticano:
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De 1962 a 1965, as atenções da Igreja estavam centradas no II Concílio do Vaticano. Esta reunião magna, convocada por João XXIII e continuada por Paulo VI, rasgou horizontes depois de alguns períodos turbulentos na história da humanidade. Na obra «Diálogos com Paulo VI» da autoria do filósofo francês, Jean Guitton (1901-1999), lê-se que o cardeal Montini considerou as IV sessões conciliares como uma atividade “a céu aberto”. Para o Papa Paulo VI, o segredo é uma “invenção dos homens, uma medida de proteção”, mas o mistério é “coisa inteiramente diferente: é a substância do que não se vê” (In: Jean Guitton; «Diálogos com Paulo VI»; Edições Livros do Brasil; página 243). O mistério do concílio não se discernirá nunca completamente, “enquanto navegarmos no fluxo da história”, escreveu o filósofo francês que foi «observador» do II Concílio do Vaticano. Ainda durante a primeira sessão desta assembleia, Jean Guitton questionou-se se poderia enviar crónicas para os jornais, “uma vez que fizera juramento de ser discreto?”. Dialogou com “um prelado sensato” sobre o assunto e ele respondeu-lhe com “esta máxima que depois se me tornou preciosa: nada sobre o segredo, tudo sobre o mistério”. O concílio deveria “desenrolar-se no segredo”, mas isso “era praticamente impossível, por causa do grande número de padres, das indiscrições inevitáveis, dos meios modernos de informação, e também da curiosidade”, disse o Papa Paulo VI. Este “mal inevitável teve um bem como consequência” (os inconvenientes |
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têm as suas vantagens e os espinhos têm as suas rosas). A vantagem foi a de o “universo inteiro” se poder manter ao corrente das deliberações dos padres conciliares, sublinhou o Papa italiano. Neste diálogo entre o sucessor de Pedro e o filósofo francês, o antigo cardeal de Milão (Itália) pedia para que se esquecesse “o acidental, as vagas, talvez a espuma” porque, tal como a hora que soa, “o concílio é precedido e seguido pelo silêncio”. Entrasse “no silêncio posterior em
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que se ouve o eco da hora que soou”. Ao revisitar o passado da História da Igreja e os concílios anteriores, o grande obreiro desta assembleia magna referiu que “muitas crises, possíveis a priori, foram evitadas”. Um dos resultados mais visíveis foi que o concílio “decorreu sem demasiados abalos; não foi suspenso, interrompido, chegou ao fim, e, por vezes, para além das esperanças”. “Foi um tempo de visita divina, uma grande hora, um momento vigoroso no tempo da Igreja”.
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Abril 2017 |
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Dia 13 abril*O Papa Francisco preside à celebração de «lava-pés» com alguns presos na Casa de Reclusão de Paliano, na Província de Frosinone e Diocese de Palestrina, a sul de Roma.
*O filme «Jacinta - O Milagre de Fátima visto pelos olhos de uma criança» estreia esta nos cinemas portugueses. A obra cinematográfica, com a realização de Jorge Paixão da Costa, retrata “a incrível história de Jacinta, a mais nova vidente das aparições de Fátima”.
*Bragança – O Secretariado da Pastoral Juvenil e Vocacional (SDPJV) da Diocese de Bragança-Miranda está a mobilizar os jovens para “uma direta com Deus” nas suas comunidades (13 e 14).
Dia 14 abril*Na cidade de Pinhel (Diocese da Guarda) vai ser encenada a Paixão e Morte de Jesus, com início junto à Igreja de Santo António. Esta encenação é uma colaboração |
conjunta da paróquia e do município de Pinhel e “constitui um marco na comunidade, sendo considerada por muitos como um dos eventos mais importantes do concelho”.
*Funchal - Estreito de Câmara de Lobos - Encenação bíblica das «Sete Dores de Nossa Senhora» pelos jovens da Paróquia de Estreito de Câmara de Lobos.
Dia 15 abril*Faro – Sé - 31 adultos recebem os sacramentos da iniciação cristã.
Dia 16 abril*Tavira - Igreja do Carmo - Concerto pelo «Filomúsica Ensemble», que interpreta a peça «Stabat Mater Dolorosa», do compositor italiano barroco Giovanni Battista Pergolesi.
Dia 17 abril*Lisboa - Capela do Rato - Sessão do curso «grandes correntes da ética ocidental» na Capela do Rato |
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Dia 18 abril*Porto - D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), apresenta o seu livro ‘Fátima - das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã’, que tem “informação inédita” do Arquivo Secreto do Vaticano
*Lisboa - A obra «À procura de novas palavras – Para uma Economia Humana» de Luigino Bruni é apresentada, no Auditório da Fundação Montepio |
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13 abril
Itália: O Papa Francisco vai presidir à celebração de «lava-pés» na Casa de Reclusão de Paliano, na Província de Frosinone e Diocese de Palestrina.
Portugal: Hoje estreia nas salas de cinema o filme «Jacinta - O Milagre de Fátima visto pelos olhos de uma criança».
14 de abril - Sexta-feira Santa
Itália: O Papa Francisco preside hoje à Via-Sacra no Coliseu de Roma.
Portugal: Os jovens da Paróquia de Estreito de Câmara de Lobos, na Diocese do Funchal, vão encenar as «Sete Dores de Nossa Senhora». Na cidade de Pinhel, Diocese da Guarda, é representada a encenação da Paixão e Morte de Jesus, com início junto à Igreja de Santo António.
18 de abril - Porto - 18h30 D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), vai apresentar o livro ‘Fátima - das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã’, na igreja de Nossa Senhora da Conceição.
19 de abril - Lisboa – 17h30 Apresentação do livro/CD infantil ‘Querido Deus!’, da escritora Thereza Ameal, com a chancela da Paulus Editora, na Obra Social Paulo VI, Campo Grande. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
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RTP2, 13h00Domingo, 16 de abril, 13h30 - Celebrar a Páscoa e transformar o mundo. Entrevista ao bispo do Porto, D. António Francisco.
Segunda-feira, dia 17, 15h00 - Entrevista a Jacinto Jardim sobre a ressurreição no quotidiano.
Terça-feira, dia 18 15h00 - Informação e entrevista a frei Vitor Rafael, comissário da Terra Santa em Portugal.
Quarta-feira, dia 19, 15h00 - Informação e entrevista a José Carvalho, autor de três livros sobre Fátima
Quinta-feira, dia 20, 15h00 - Informação e entrevista a Sérgio Martins sobre o encontro nacional de alunos de EMRC do secundário
Sexta-feira, dia 21, 15h00 - Entrevista. Análise à liturgia de domingo.
Antena 1
Domingo, 16 de abril - 90 anos do Papa Emérito Bento XVI
Segunda a Sexta-feira, 17 a 21 de abril – Vidas com sinais de ressurreição.
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Ano A – Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor |
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Testemunhas
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Vivemos hoje a mais importante celebração da nossa fé, a Páscoa da Ressurreição do Senhor. Celebramos e recebemos Cristo, Palavra e Pão, para alimentar as nossas fomes quotidianas. Páscoa é todos os dias, mas este é o Dia por excelência. Como escutamos a Palavra de Deus neste dia? A primeira leitura apresenta uma das mais belas caracterizações de Jesus Cristo: “passou fazendo o bem”. Uma passagem de bem pelo mundo, que implica morte e ressurreição, doação total de si mesmo, que exige que os discípulos entrem nesta nova dinâmica e anunciem o mesmo caminho de bem a todas as pessoas e em todos os lugares. A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo Batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova até à transformação plena. Aspirar e afeiçoar-se às coisas do alto significa dar sentido ao que somos e fazemos à luz da presença do Senhor que está vivo em nós. O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida nunca podem ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta; a esse não o escandaliza nem o espanta que da Cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira. Somos discípulos de Jesus, tal como se revela na Palavra, não à nossa maneira. Ser discípulo de Jesus Cristo Ressuscitado implica ser testemunha da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, |
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a experiência do Senhor ressuscitado, que anda connosco nos caminhos da história. Mas o nosso testemunho será oco e vazio se não for comprovado pelo amor e pela doação, as marcas da vida nova de Jesus. São estas as marcas que devemos mostrar, pois testemunhar é mostrar, com entusiasmo e coragem, com convicção e paixão. Celebremos a Páscoa, no coração da nossa fé, nas fontes do nosso Batismo! Hoje, a Ressurreição de Cristo não pode ser para nós uma espécie de vago sentimento. A Ressurreição de Cristo deve ser o dínamo das nossas |
vidas de batizados, a energia que nos envia a testemunhar: “Cristo está vivo! Nós encontrámo-l’O!” Somos chamados a viver a presença do Ressuscitado, diante de tantas situações em sentido contrário. Somos levados a anunciar Cristo vivo em atitudes e gestos solidários, plenos de esperança e de doação. Assim seja o nosso tempo pascal, vivido e celebrado na continuidade do tempo quaresmal. Sempre conduzidos e orientados pela Palavra de Deus!
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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30 dias para a visita do Papa
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O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse à Agência ECCLESIA que gostaria de ver o Governo conceder tolerância de ponto no próximo dia 12 de maio, aquando da chegada do Papa a Portugal. “Se o Governo quiser ter um gesto de cortesia, quer para com o Papa, quer para com os peregrinos católicos que aqui vêm, fica bem, acho eu. Mas se não o fizer, os peregrinos não deixam de vir”, referiu o responsável. |
O Papa Francisco vai estar em Fátima dentro de um mês, numa peregrinação que visa assinalar o Centenário das Aparições. “O 12 de maio calha numa sexta-feira, a grande celebração é à noite e, como em todos os 12 de maio, há gente que vem só à noite, enche o recinto para o terço e a procissão de velas”, refere D. António Marto. A viagem do Papa vai começar às 14h00 de Roma (menos uma em Lisboa), no aeroporto de Fiumicino, |
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seguindo o voo para a Base Aérea de Monte Real, onde tem chegada prevista para as 16h20 locais. Ainda em Monte Real decorre a cerimónia de boas-vindas e, às 16h35, um encontro privado com o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. A deslocação para o Estádio de Fátima, em helicóptero, tem início previsto para as 17h15 e uma duração de 20 minutos, antecedendo a deslocação para o Santuário de Fátima, em viatura aberta. O primeiro momento da agenda do Papa no Santuário será a visita à Capelinha das Aparições, às 18h15, para um momento de oração, recolhendo depois à Casa de Nossa Senhora do Carmo. O Papa Francisco vai dirigir uma saudação aos peregrinos, pelas 21h30, aquando da bênção das velas, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a recitação do Rosário. O programa de dia 13 de maio,
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sábado, começa às 09h10, num encontro com o primeiro-ministro português, António Costa, na Casa de Nossa Senhora do Carmo. Pelas 09h40, o Papa vai fazer uma visita à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde estão sepultados os Pastorinhos de Fátima. A Missa da peregrinação internacional aniversária de maio, no Centenário das Aparições, tem início previsto para as 10h00, no recinto de oração do Santuário; durante a celebração, o Papa Francisco vai proferir a sua única homilia em Fátima e dirigir uma saudação aos doentes. Às 12h30 vai decorrer o almoço com os bispos de Portugal, na Casa Nossa Senhora do Carmo. A cerimónia de despedida está marcada para a Base Aérea de Monte Real, às 14h45, de onde parte o voo papal, às 15h00, em direção ao Aeroporto de Roma/Ciampino, com chegada prevista para as 19h05 locais. |
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O grupo coral dos cadetes da Academia da Força Aérea Portuguesa vai saudar o Papa com um cântico mariano, no contexto da visita de Francisco a Portugal e ao Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio. O Ordinariato Castrense destaca a alegria que marca os militares pela perspetiva da chegada do Papa argentino à Base Aérea de Monte Real, que já recebeu Paulo VI (1967) e João Paulo II (1991).
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Militares portugueses vão ligar Vaticano a Fátima de bicicleta
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Um grupo de militares portugueses vai ligar o Vaticano ao Santuário de Fátima de bicicleta, numa iniciativa inserida na visita do Papa Francisco à Cova da Iria, por ocasião do Centenário das Aparições. Em comunicado publicado online, o Ordinariato Castrense refere que |
“a peregrinação em bicicleta” terá início no dia 26 de abril, na Praça de São Pedro, em Roma, e chegada prevista para 12 de maio, precisamente a data em que Francisco chega a Portugal. “O objetivo é ressaltar a atualidade da mensagem de Fátima e saudar |
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o Santo Padre por também se fazer peregrino da Cova da Iria”, pode ler-se. Antes de partir, o grupo vai ser recebido e abençoado por Francisco, no final da habitual audiência pública de quarta-feira, com os peregrinos, conforme uma solicitação feita por D. Manuel Linda. “A Casa Pontifícia respondeu positivamente, e com a alegria, ao pedido do bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança para que o Papa cumprimente e abençoe a comitiva”, destaca a mesma fonte. Segundo o Ordinariato Castrense, nesta peregrinação participam 10
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militares, todos da Brigada de Reação Rápida (Tancos) e que, de bicicleta, terão de percorrer cerca de três mil quilómetros em 17 dias. Nesse percurso, os participantes vão também passar pelo Santuário de Nossa Senhora de Lourdes. Ainda em Roma, a comitiva que será recebida pelo Papa Francisco será constituída, além dos 10 militares, pelo bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Manuel Linda, e pelo comandante da Brigada de Reação Rápida do Exército Português, o General Carlos Alberto Perestrelo. |
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A Santa Sé avançou o horário do consistório que decidirá a data e o local da canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto. De acordo com o serviço informativo da Santa Sé, o encontro de cardeais com o Papa Francisco está marcado para as 10h00 (menos uma em Lisboa) do dia 20 de abril, no Palácio Apostólico do Vaticano. No dia 23 de março a Santa Sé já havia anunciado a aprovação, por parte do Papa Francisco, do milagre necessário para a canonização dos irmãos Francisco (1908-1919) e Jacinta (1910-1920). No ano 2000, Francisco e Jacinta Marto, dois irmãos que, segundo o testemunho reconhecido pela Igreja Católica, presenciaram as aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e arredores, entre maio e outubro de 1917, tornaram-se os mais jovens beatos não-mártires da história da Igreja Católica.
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Os cristãos, da Nigéria, pedem-nos ajuda nesta QuaresmaLágrimas de sangue |
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Na próxima sexta-feira passam exactamente três anos desde que 276 raparigas foram sequestradas de uma escola em Chibok. Desconhece-se ainda o paradeiro da maior parte destas jovens cristãs vítimas do terrorismo islâmico neste país. Milhares de pessoas já morreram, milhões foram forçados a fugir. Na Nigéria, muitas pessoas têm histórias trágicas para contar. Como John Abba.
Dois meses e 10 dias. Durante todo este tempo, John Abba esteve cego. Durante todo este tempo, foi-se mentalizando que a vida nunca mais seria igual, que estaria para sempre fechado numa espécie de noite escura, aprisionado num mundo sem luz nem cores. A última imagem que guardou e que recordou vezes sem conta durante esses setenta dias foi o padre a erguer a hóstia e a dizer: “Este é o Cordeiro de Deus…”. Depois, houve o barulho terrível de uma explosão, a que se seguiu um clarão e uma nuvem de pó. Mais nada. Abba foi projetado e caiu inanimado no chão da Igreja. O atentado contra a Igreja de Santa Rita, no estado de Kaduna, no norte da Nigéria, ainda |
hoje é recordado como uma infâmia maior cometida contra a comunidade cristã neste massacrado país africano. Foi em outubro de 2012. Já passaram mais de quatro anos, mas para todos os que estavam na igreja naquela manhã o tempo parece que parou. Oito pessoas morreram no instante em que o carro, carregado de dinamite, explodiu. Muitas dezenas de fiéis ficaram gravemente feridos. A princípio, quando os primeiros socorristas chegaram junto de John Abba, julgaram que ele estava morto, esvaindo-se em sangue. Não morreu, mas durante dois meses e dez dias esteve completamente cego. “Não podia ver absolutamente nada. Os médicos disseram-me que o meu caso não tinha qualquer solução… Tinha de me conformar.” Apesar do cepticismo dos médicos, John sabia, no seu íntimo, que poderia confiar em Deus.
Sobreviver ao terrorE nunca desistiu. Nunca deixou de rezar. John Abba foi operado três vezes. No final, quando já ninguém acreditava que isso seria possível, recuperou parte da visão. Se a história de John Abba acabou por ter um |
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final menos trágico, que dizer dos pais das quase três centenas de raparigas, estudantes de uma escola em Chibok, quase todas cristãs, que foram sequestradas por homens armados do Boko Haram? Como é que se sobrevive a isso? Foi no dia 14 de Abril de 2014. Fez agora três anos. Desde então continua a desconhecer-se o paradeiro da maior parte destas adolescentes. Muitas poderão já ter morrido, algumas terão sido violentadas, forçadas a casar com os terroristas. Algumas engravidaram. John Abba ou as raparigas de Chibok são apenas algumas das vítimas do reino de terror do grupo terrorista Boko Haram na Nigéria. A situação é tão grave que as próprias Nações Unidas consideram que esta região |
é cenário da “maior crise” humanitária de todo o continente africano, afectando mais de 7 milhões de pessoas. Em resultado dos atos terroristas do Boko Haram, já perderam a vida cerca de vinte mil pessoas e quase três milhões foram forçadas a fugir de suas casas. Na Nigéria, os cristãos estão na mira das armas dos terroristas islâmicos. Milhares de famílias choram todos os dias os seus ente-queridos. São lágrimas de sangue. Os cristãos da Nigéria pedem-nos ajuda, pedem as nossas orações. Precisam de nós. Precisam de si. Vamos ajudá-los nesta Quaresma?
Paulo Aido |
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Páscoa…com Angola! |
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Tony Neves |
Estamos às portas da Páscoa. Os Bispos de Angola publicaram uma Carta Pastoral que termina em jeito pascal: ‘A Páscoa que estamos a preparar intensamente, é celebração da vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, do diálogo sobre a intolerância, do bem sobre o mal, enfim, da reconciliação sobre a violência. Por isso, a caridade impele-nos a renovar o nosso compromisso com a verdade, a liberdade, a justiça e a solidariedade na Igreja e na sociedade política da qual somos parte integrante’. Angola vive tempos importantes pois aproximam-se as eleições que irão substituir o Presidente das últimas décadas. É um tempo de passagem de testemunho, com muitas luzes e sombras na linha do horizonte.
Cito os Bispos: ‘continuamos a sonhar com um País próspero, democrático, sem corrupção, socialmente justo e economicamente sustentável. (…) Angola precisa que quem governa seja competente e governe para todos e não apenas para aqueles que o elegeram e, pior ainda, para uma elite de privilegiados. Precisa igualmente de uma oposição forte que “obrigue” quem governa a dar o melhor de si em prol do bem de todos. |
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Sobre o sentir do Povo, partilham os Bispos: ‘Há muitas pessoas, principalmente entre as mais vulneráveis, que se sentem defraudadas pela incoerência entre o conteúdo dos programas políticos escolhidos em eleições anteriores e uma prática política que muitas vezes os ignora, favorecendo quem tem influência política e poder económico ou militar’. |
Os Bispos lamentam: ‘Os órgãos de Comunicação Social, sobretudo os estatais, têm sido excessivamente unilaterais e tendenciosos. Para a sua credibilidade, devem desempenhar o seu papel, extremamente importante, ao longo de todo o processo eleitoral, com rigor e isenção, garantindo o acesso à informação sobre os diferentes candidatos e programas políticos; noticiando com verdade e imparcialidade’. |
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