04 - Editorial:

         Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

10 - Opinião

          D. Manuel Linda

12 - A semana de

         Margarida Duarte

14 - Dossier

          D. Manuel Clemente, patriarca

 

 

40 - Internacional

42 - Cinema

44 - Multimedia

46 - Estante

48 - Vaticano II

50 - Agenda

52 - Liturgia

54 - Programação Religiosa

55 - Por estes dias

56 - Fundação AIS

58 - Luso Fonias

60 - D. Óscar Romero

 

 

 

 

Foto da capa: Agência Ecclesia
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves.
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Cónego João Aguiar Campos
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião 

 

 

 

 

D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa

[ver+]


 

 

As pessoas, a fé e a crise económica para o Papa

[ver+]

 

 

 

D. Óscar Romero, um mártir «incómodo»

[ver+]

 

 

 

 

 

D. Manuel Linda | Padre Tony Neves

 

 

Ilusões mediáticas

Octávio Carmo

Agência ECCLESIA

 

 

As palavras de ‘Qohélet, filho de David, rei de Jerusalém’, que dão início ao livro bíblico do Eclesiastes – “Ilusão das ilusões, tudo é ilusão” - são uma lição perene sobre a transitoriedade da vida terrena e, para mim, um alerta contínuo.

Todos os dias somos confrontados com a busca do novo, do diferente, do inédito, muitas vezes em sacrifício de uma busca mais fundamental, a da verdade. Numa era mediática, esta sensação intensifica-se: ao longo dos últimos dias, assistimos a um verdadeiro corrupio em volta da hierarquia católica em Portugal, com corridas à manchete, especulações e factos em misturas desvariadas, sem que muitas vezes se definam claramente as fronteiras entre informação e mexerico.

A ‘novelização’ da informação relativa à Igreja poderia gerar nos seus responsáveis a ilusão de que o interesse mediático sobre a instituição está a aumentar, mas permito-me discordar dessa leitura: mais notícias não são, necessariamente, melhores notícias. O velho ditado de que não há “má publicidade” está longe de confirmar-se, neste caso.

A preocupação principal deve passar, do meu ponto de vista, por potenciar o interesse mediático para centrar a atenção na mensagem que se quer transmitir. Dando como exemplo o caso do novo Papa, grande parte da chamada “boa imprensa” de que goza

 


 

atualmente resulta do facto de se escrever sobre o que Francisco diz e faz em vez de se procurarem intrigas, jogos de bastidores ou fontes anónimas que, muitas vezes, usam os jornalistas para atingirem os meios a que se propõem sem que estes sequer se apercebam, fascinados que estão pelo “furo”.

Quem faz tudo por uma boa “novela” para vender jornais ou ganhar audiências não vai parar: procurará outra história, esquecendo até os novos desenvolvimentos da primeira, e assim sucessivamente, tentando antecipar-se aos concorrentes e, lá

 

está, sacrificando a verdade, se necessário.

Há demasiada ilusão mediática, neste tempo em que as fronteiras se diluem e os comunicadores se demitem progressivamente do seu papel de mediação, num momento em que essa função é mais necessária do que nunca. Como dizia Bento XVI, “o que hoje é muito moderno, amanhã será velho”. Inevitavelmente.

A busca da novidade pela novidade está condenada à derrota porque é em si transitória, ao contrário do que acontece com a busca da verdade. Só esta resiste à ilusão das ilusões.

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A natureza consegue “despir” os mais fortes.   © LUSA 

 

 

 

 

“Não sei se a História é cíclica ou linear, sei que é feita de múltiplas contradições e muitas tensões, e há mecanismos de poder antigos que não desaparecem, ficam em letargia e vêm depois a ser recuperadas com novas linguagens” (José Manuel Pureza, in: Jornal «Boa Nova», 16 de maio de 2013)

 

 

 

 

“Apesar de vivermos num mundo sem fronteiras, ainda se encontra gente com mais vocação para abrir valas e levantar muros, que para edificar pontes, estender a mão e abrir o coração aos outros” (D. António Marcelino, in: Jornal «Correio do Vouga», 22 de maio de 2013)

 

 

 

 

 

 

 

“É hora de mostrarmos que somos Igreja” (D. Jorge Ortiga, in: «Diário do Minho», 20 de maio de 2013)

 

 

 

 

“Se há coisa de que a Igreja católica, apostólica e romana não necessita de todo é de padres, bispos ou cardeais que cedam à tentação de administrar o reino dos pobres em vez de combater as causas das exclusões” (Manuel Tavares, in: «Jornal de Notícias», 18 de maio de 2013)

 

 

Instituto Superior de Teologia
vai fechar portas

O Instituto Superior de Teologia que serve as dioceses de Bragança, Guarda, Lamego e Viseu, em ligação com a Universidade Católica Portuguesa, vai fechar por causa da falta de alunos. Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o bispo de Viseu salientou que “os 26 estudantes inscritos” para o próximo ano “são insuficientes” para dar continuidade ao projeto, segundo os parâmetros definidos pela Congregação para a Educação Católica.

De acordo com D. Ilídio Leandro, as quatro dioceses debatem-se atualmente com uma quebra “acentuada” na população e “a maior parte das freguesias estão desertificadas de gente nova”. “A consequência normal é termos menos candidatos ao sacerdócio, à vida religiosa, e naturalmente muito menos respostas educativas para estas áreas de vocação”, realça o prelado.

Apesar das dificuldades, as quatro dioceses estão decididas a continuar

 

com esta formação em conjunto e a solução poderá passar pela criação de uma parceria com a Faculdade de Teologia do Porto ou a de Braga. “De certeza que para o ano, em Braga ou no Porto, conforme as condições que nos forem apresentadas, continuaremos a fazer a formação dos candidatos”, garantiu o bispo de Viseu.

Desenvolver a pastoral das vocações no interior do país, cada vez mais desertificado devido a fatores (interligados) como a crise económica, a imigração e a baixa taxa de natalidade, é um teste à determinação da Igreja Católica. “Temos que colmatar a dificuldade existente com novas estratégias de pastoral, de ação, de testemunho, de proximidade, de presença da Igreja junto das famílias, junto dos jovens, para que aqueles que Deus queira chamar possam encontrar um acolhimento positivo naqueles que podem orientar o seu caminho”, sustenta D. Ilídio Leandro.

 

 

 

 

Cultura de missão em desenvolvimento

O diretor nacional das Obras Missionárias Pontifícias (OMP) diz que Portugal está a dar passos “significativos” no desenvolvimento de uma cultura de missão. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre António Manuel Lopes destaca sobretudo a adesão das pessoas ao “voluntariado missionário”, e a aposta das dioceses em projetos de “infância missionária”.

No que diz respeito ao primeiro parâmetro, “em 2012 o voluntariado missionário subiu 42 por cento” e este ano, apesar de ainda não existirem números exatos, a tendência positiva deverá “manter-se ou subir ainda mais”, realça o sacerdote.

Quanto à sensibilização e educação dos mais novos, ela já é uma realidade “em muitas dioceses” e “outras estão 

 

a caminhar para isso”.

De acordo com o diretor nacional das

OMP, estes aspetos demonstram que “há uma grande motivação” para a missão e, ao mesmo tempo, transmitem à sociedade que o anúncio do Evangelho, a caridade, o apoio ao desenvolvimento dos mais carenciados, “não são coisas à parte” mas sim “uma componente essencial da Igreja”. O padre António Manuel Lopes participou entre 13 e 18 de maio na assembleia geral anual das Obras Missionárias Pontifícias, iniciativa que incluiu um primeiro encontro com o Papa Francisco.

Durante essa audiência, cerca de 100 responsáveis de todo o mundo foram desafiados pelo Papa argentino a serem missionários da “alegria”.

 

 

Não se secularizem as festas dos santos

D. Manuel Linda

 

 

Por esta altura, um pouco por todo o país, surgem, com toda a pujança, as festas patronais. São manifestações cheias de valores: dos artísticos aos conviviais, dos económicos aos espirituais. Mas nem tudo é ouro de lei.

Há tempos, a Ana Luísa, uma adolescente contestatária, mas arguta e empenhada na vida da Paróquia, disparava-me: “Que Igreja é esta que faz festa pelo assassinato dos seus mártires? Não é uma Igreja louca e de loucos?”.

Será, se não compreendermos o sentido da festa cristã. Para muitos, festa significa tão somente exterioridade, folguedo, diversão, quando não leviandade, excitação e ultrapassar o risco da moralidade. É um não pôr limites aos limites habituais. Neste sentido, sim, seria loucura. Loucura pecaminosa! Seria sacrílego que a Afurada celebrasse o martírio de São Pedro, que Barcelos fizesse festa por causa da Cruz e que em Viana se exaltasse a… Agonia. É verdade: bombos, foguetes, farturas, «majorettes», música «pimba» e brejeira para comemorar… a Agonia!

Mas a festa cristã é outra coisa. Etimologicamente, a palavra latina que lhe deu origem significa ritual, reactualização de um acontecimento passado e sua elevação à categoria de simbólico. Como tal, de

 

 

 

 

exemplar. Ou de transformação do tempo prosaico em tempo salvífico, poético, cheio de sentido existencial. Por isso, cristãmente, a festa é a experiência dos acontecimentos nos quais Deus realiza e manifesta a salvação.

Se lhe retirarmos esta dimensão, ficamos com um monstro nos braços. O que está largamente a acontecer. Em grande parte porque autarquias e comissões autonomeadas, a quem só interessa o folguedo, operaram uma tal metamorfose que da festa cristã ficou apenas… o nome do santo. Na melhor das hipóteses! E são hoje as “festas do Concelho” ou a “Romaria de qualquer coisa”. Em nome do pluralismo e da tolerância para com os não crentes, caiu-se num tal laicismo

 

cuja fundamental preocupação é evitar, ostensivamente, que nada de religioso apareça. Vejam-se, por exemplo, os cartazes com que se anunciam ou as iluminações noturnas. Enfim, festa «religiosa» sem santo e, muito mais, sem santidade…

Mas este laicismo rançoso representa, objetivamente, uma grave lacuna de conhecimento das razões pelas quais a comunidade faz isto naquelas datas. Como tal, fica um ato privado de razões ou de fundamentos. E a falta de códigos de reconhecimento gera o vácuo, o sem-sentido e, mais tarde ou mais cedo, a repulsa.

Creio bem que para salvarmos as festas populares, só há uma via: salvarmo-nos deste laicismo provinciano, grosseiro, bacoco e parolo.

 

 

Crise, uma geral preocupação...

Margarida Duarte, Agência ECCLESIA

 

O início desta semana fica, quanto a mim marcado, pelas palavras do Papa Francisco no Vaticano no encontro com os movimentos eclesiais intitulado 'Eu creio, mas aumenta a nossa fé'. Francisco encontrou-se com mais de 150 mil pessoas e, como habitualmente, mostrou-se bem disposto e com um grande à vontade improvisou a resposta a todas as questões, um hábito que muitas dores de cabeça dá aos jornalistas mas que, depois de o ouvir, compensa o trabalho extra.

Uma das várias frases marcantes deste discurso tem a ver com a chamada de atenção para o facto de mais do que uma crise económica, o mundo assistir actualmente a uma crise do Homem:

“Se os investimentos na banca caem, todos acham que é uma tragédia, mas se as pessoas morrem de fome, não têm de comer, nem saúde, não se passa nada: esta é a nossa crise de hoje! O testemunho de uma Igreja pobre para os pobres vai contra esta mentalidade”.

Em Portugal, nas suas primeiras palavras aos meios de comunicação depois de ser anunciado como novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente centrou atenções também na atual crise em que vive Portugal. Pediu aos governantes do país mais respeito pela “capacidade” que a população portuguesa tem mostrado para resistir à crise.

O aumento do desemprego em contraste com a
 

 

 

 

diminuição da solidariedade e pedagogia por parte do governo são motivos de

preocupação para D. Manuel Clemente que acredito ter dado voz às preocupações da maioria dos portugueses que por esta altura pouco entendem do que vai sendo feito.

Enquanto isso e mostrando o alheamento comum dos políticos para com a atualidade social do país assistimos a um, como já habitual, interminável Conselho de Estado onde o assunto passou pelas medidas

pós-troika. Pena é que a troika pareça ainda longe de estar de saída de Portugal. Enquanto se discutem as medidas pós-troika, milhares de portugueses deparam-se com as medidas fiscais e com as dificuldades inerentes a menos dinheiro no bolso.

D. Manuel Clemente mostrou preocupação com o “desfasamento
 

entre a capacidade de resistência e até de reposição das coisas por parte da nossa população em geral”. Algo que em nada abona a fraca “ligação entre as propostas que se fazem, quer nacional quer internacionalmente, para resolver a crise.”

Palavras esclarecedoras de quem conhece a realidade dos seus diocesanos no Porto, e que infelizmente, com certeza se adequam e alastram à realidade social dos portugueses no geral…

Em Lisboa esperam-no muitos desafios, eclesiais e sociais aos quais acredito que estará à altura.
 

 

D. Manuel Clemente
é o novo patriarca de Lisboa

O Papa nomeou como patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente, de 64 anos, até agora bispo do Porto, sucedendo a D. José Policarpo, que renunciou ao cargo. A decisão foi anunciada este sábado pela Santa Sé.

A resignação “por limite de idade” do cardeal e patriarca emérito, apresentada em 2011, já tinha sido aceite por Bento XVI, decisão que foi agora “confirmada pelo Papa Francisco”, refere uma nota enviada pela Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé) em Portugal à Agência ECCLESIA.

A tomada de posse do novo patriarca está marcada para o dia 7 de julho.

D. Manuel Clemente, bispo do Porto desde 2007 e antigo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, foi eleito vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa em 2011, após ter presidido à Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

 

O 17.º patriarca de Lisboa foi o vencedor do Prémio Pessoa 2009, o qual evocou a sua obra historiográfica, intervenção cívica e “postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, de combate à exclusão e da intervenção social da Igreja”.

Manuel José Macário do Nascimento Clemente nasceu em Torres Vedras a 16 de julho de 1948; após concluir o curso secundário, frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa onde se formou em História antes de entrar no Seminário Maior dos Olivais em 1973.

Em 1979 licenciou-se em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, doutorando-se em Teologia Histórica em 1992, com uma tese intitulada “Nas origens do apostolado contemporâneo em Portugal. A ‘Sociedade Católica’" (1843-1853).

Ordenado padre em 29 de junho de 1979, o novo patriarca foi coadjutor das paróquias de Torres Vedras e Runa,

 

 

 

 

 

 

formador e reitor do Seminário dos Olivais e membro do Cabido da Sé de Lisboa.

D. Manuel Clemente foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa por João Paulo II, a 6 de novembro de 1999; a ordenação episcopal teve lugar na igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos) no dia 22 de janeiro de 2000.

Em 2007, Bento XVI nomeou-o bispo do Porto, para suceder a D. Armindo Lopes Coelho; receberia o Papa alemão na cidade nortenha, a 14 de maio de 2010; nesse mesmo ano lançou uma missão especial na diocese.

O patriarca eleito de Lisboa é autor de vários trabalhos sobre o catolicismo em Portugal a partir do Liberalismo e é também presença semanal no Programa ECCLESIA, na RTP2, com a rubrica ‘O passado do presente’, dedicada à História da Igreja; é também membro do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Santa Sé). [ler +]

 

 

 

 

 

 

Novo patriarca diz que crise desafia Igreja

   

O novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, considerou que a atual crise deve desafiar a Igreja Católica a procurar novas formas de estar na sociedade. O sucessor de D. José Policarpo disse à Agência ECCLESIA que a crise económica e de valores é visível, mas sendo estes momentos “negativos no prejuízo que trazem às pessoas”, também são “ocasião para uma renovada presença cristã no mundo”.

D. Manuel Clemente, nomeado este sábado pelo Papa Francisco para liderar o Patriarcado de Lisboa, afirma que a palavra crise “significa tudo aquilo que altera as expectativas e interrompe a normalidade”, mas realça que “vale a pena a conversão aos valores, coisas que valem, que perduram, que verdadeiramente importa”.

 

 

 

 

 

Em tempos que não são de abundância económica, o responsável reconhece que “sempre foi” difícil pregar o evangelho a estômagos vazios, apelando à entreajuda e colaboração entre todos. O bispo esteve à frente da Diocese do Porto mais de seis anos e sublinha que foram tempos “muito bonitos em termos de companhia, de presença, de amizade” no meio de pessoas “muito hospitaleiras”.

“Eu também já cá tinha família, e isso ajudou, mas depois (recebi) esta família cristã”, acrescenta.

O prelado refere que na diocese portuense é “tudo muito direto” e “a familiaridade ganha-se depressa”, frisando que “essas coisas não se

 

perdem” e vão consigo para Lisboa.

Com 64 anos, o até agora bispo do Porto não pensa mudar o seu estilo

pastoral: “É olhar para o Evangelho e tentar decalcar na vida, aquilo que era a atitude de Cristo”.

Natural de Torres Vedras (Diocese de Lisboa), D. Manuel Clemente volta a uma região que bem conhece e vai tentar cumprir o mandato de Jesus, “fazei isto em memória de mim”, que apresenta como “um programa para um bispo e para qualquer cristão”.

“O Cristianismo é uma memória viva de Jesus: saber como esta memória se foi alargando, em todas as gerações cristãs, isso também é muito importante”, explicou.

 

 

D. José Policarpo despede-se após 15 anos

O cardeal português D. José Policarpo deixa o cargo de patriarca de Lisboa, após 15 anos à frente da diocese, sendo substituído por D. Manuel Clemente, bispo do Porto. O agora patriarca emérito tinha apresentado a sua renúncia em 2011, algo que o direito canónico exige a quem cumpre 75 anos de idade, tendo permanecido à frente da diocese da capital portuguesa por decisão de Bento XVI, agora Papa emérito.

O 16.º patriarca de Lisboa assumiu esta missão a 24 de março de 1998, após a morte de D. António Ribeiro, de quem era coadjutor desde março de 1997.

D. José da Cruz Policarpo nasceu a 26 de fevereiro de 1936 em Alvorninha, Caldas da Rainha, território do Distrito de Leiria e do Patriarcado de Lisboa.

Padre desde 15 de agosto de 1961, foi ordenado bispo em 1978 (auxiliar de Lisboa), criado cardeal por João Paulo II em 2001 e participou em dois Conclaves: no de abril de 2005 que

 

elegeu Bento XVI, e no de marçodeste ano, que acabou com a escolha do Papa Francisco. O patriarca emérito é licenciado em Teologia Dogmática, em 1968, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, com a tese ‘Teologia das Religiões não cristãs’; posteriormente, defendeu na mesma instituição académica uma tese subordinada ao título "Sinais dos Tempos".

Docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa desde 1970, na categoria de professor auxiliar (1971), de professor extraordinário (1977) e de professor ordinário (1986), D. José Policarpo foi diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (1974/1980; 1985/1988), antes de ser nomeado reitor da Universidade Católica Portuguesa para o quadriénio de 1988/1992, por Decreto da Santa Sé, tendo sido reconduzido nessa função por um segundo quadriénio (1992/1996).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Após a sua nomeação como patriarca de Lisboa, assumiu o título de magno chanceler da Universidade Católica.

D. José Policarpo foi eleito presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em abril de 1999 e reeleito em 2002 para um novo triénio; voltaria a ocupar o cargo após uma terceira eleição, em maio de 2011.

No Vaticano, o patriarca emérito foi membro do Conselho Pontifício da Cultura e desempenha essas funções na Congregação de Educação Cristã e no Conselho Pontifício para os Leigos.

 

 

 

 

 

 

 

D. José Policarpo retira-se
para Casa de Oração em Sintra

 

 

D. José Policarpo cessa as suas funções como patriarca de Lisboa a 7 de julho e vai viver para Sintra, nos arredores da capital portuguesa, anunciou o próprio cardeal, em declarações aos jornalistas, no dia em que foi conhecido o nome do seu sucessor

 

 

Como é que vê a nomeação de D. Manuel Clemente?

D. José Policarpo - A notícia que saiu hoje é uma coisa normal na vida da Igreja e gostaria de sublinhar duas dimensões: uma delas a dimensão da Igreja, como comunidade, onde o que é importante não é a pessoa, é o ministério que ela exerce, a manutenção do ministério apostólico, digamos assim. Nesse sentido

 

 

 

a saída de uma pessoa e a entrada de outra é um pleonasmo, o que interessa é manter esse ministério. Na dimensão pessoal, é evidente que não nego que estava a contar com isso. Há um aspecto que gostaria de sublinhar convosco que é a visão da Igreja desde o Concilio Vaticano II, estes cargos deixaram de ser vitalícios, porque é mais importante que a pessoas esteja capaz de exercer do que se mantenha até ao fim da vida. O Santo Padre Paulo VI regulamentou este aspecto que entrou no novo Código Canónico de 83. Nós fomos testemunhas de um dado novo, que certamente era o que faltava, que o ministério do Papa também não era vitalício e o Santo Padre Bento XVI teve a coragem e a ousadia de dar esse passo, alguns sucessores dele já tinham tentado e não tinham conseguido e foi muito bonito da parte dele ter dado o passo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

de mostrar que o mais importante no ministério apostólico é a capacidade de exercer, não tanto a honra pessoal de exercer. Pessoalmente, não vos escondo que já começo a ter saudade desta Igreja maravilhosa de Lisboa, mas só tem saudades quem serviu com Amor… Vou servir de outra maneira, estarei à disposição numa nova forma de servir a Igreja de Lisboa. Quanto ao Sr. D. Manuel Clemente, seja bem-vindo, ele regressa a casa, não é um desconhecido de ninguém, como eu é natural da diocese de Lisboa, onde foi batizado e fez a sua formação, onde foi ordenado padre e onde foi bispo auxiliar.

 

Foi a escolha certa?

D. José Policarpo - Claro que é uma escolha certa, havia muitas escolhas certas possíveis, mas esta é uma que nos alegra a todos, creio.

 

Que desafios é que acha que D. Manuel Clemente terá de responder neste momento na sociedade portuguesa?

D. José Policarpo - Os mesmos que eu tive de enfrentar, são os desafios da

 

missão da Igreja, com o que ela tem de perene e com as surpresas que o tempo traz. A Igreja de Lisboa é muito bonita e eu diria que é uma sorte ser bispo de Lisboa. Muito exigente, às vezes com momentos difíceis mas é uma comunidade encantadora e a gente sente muita alegria em servir este povo.

 

O que é que a Igreja pode fazer mais nesta altura de crise do país?

D. José Policarpo - A Igreja procura sempre todos os dias fazer mais… Eu próprio tenho tido a preocupação de situar a Igreja no específico da sua missão. Não é nossa missão entrar na polémica técnica, sob o ponto de vista económico ou político, não é essa a nossa missão! A missão da Igreja é suscitar a esperança, é, sobretudo, estar junto dos que estão a sofrer mais com esta crise e é, na sua mensagem, não se cansar de dar uma dimensão na linha dos valores, que tem de enquadrar todas as soluções. A Igreja não é política mas tem uma visão para a sociedade.

 

 

 

 

 

D. José termina também funções como presidente da Conferência Episcopal?

D. José Policarpo - Claro! Termino no dia 7 de julho, nesse dia termino todos os meus cargos que tenho até agora. No caso da Conferência, é um cargo eleito, têm de fazer eleições.

 

Dois anos após ter pedido para sair deste cargo, para onde vai a seguir?

D. José Policarpo - Vai ser uma vida
 

mais particular, atender pessoas, trabalhar com grupos… Irei viver para Sintra, onde se vai instalar o Centro de Iniciação à Oração, para quem quiser aprender a rezar e espero que comece a funcionar com a minha ida para lá. Não serei eu que o dirijo, mas tenho muito gosto em estar lá e estar à disposição das pessoas. Penso escrever e descansar um bocadinho, que também mereço!

 

 

Saudação de D. Manuel Clemente
ao Patriarcado de Lisboa

Caríssimos diocesanos do Patriarcado de Lisboa,

Por nomeação do Santo Padre, o Papa Francisco, regressarei a Lisboa em julho próximo, para vos servir como Bispo Diocesano. É um regresso enriquecido por quanto aprendi na Igreja Portucalense, na grande generosidade e aplicação dos seus membros, a tantos títulos notáveis. Como sabeis, não é a primeira vez que um bispo portucalense continua o seu ministério entre vós: assim aconteceu designadamente com D. Tomás de Almeida, que daqui partiu para ser o primeiro Patriarca de Lisboa, em 1716.

De Lisboa trouxe eu para o Porto

 

cinquenta e oito anos de vida convivida, como leigo e ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. De todos eles guardo larga e agradecida recordação, em especial do Senhor D. José Policarpo, de quem fui aluno e depois colaborador próximo no Seminário dos Olivais e no serviçoepiscopal, muito ganhando com a sua amizade, inteligência e conselho. A ele dirijo neste momento palavras sentidas de muita gratidão e estima, sabendo que posso contar com a sua sabedoria e experiência. Do Porto levo para Lisboa mais seis anos, plenos de vida pastoral intensa nesta grande Igreja e região, quer no dia a dia das suas

 

 

 

comunidades cristãs, quer no dinamismo cívico e cultural dos seus habitantes e instituições.

Assim vos reencontrarei. As minhas palavras vão cheias do grande afeto que sempre mantive por todas e cada uma das terras e populações que, de Lisboa a Alcobaça e do Ribatejo ao Atlântico, integram o Patriarcado de Lisboa. Falo das comunidades cristãs e de quantos, ministros ordenados, consagrados e fiéis leigos, nelas dão o seu melhor nas diversas concretizações apostólicas. Falo das associações de fiéis e movimentos, dos institutos religiosos e seculares, das famílias, das instituições

e iniciativas de todo o tipo em que a seiva evangélica dá bom fruto. E refiro-me também a todas as realidades sociais e cívicas onde se constrói aquele futuro melhor, justo e solidário de que ninguém de boa
 

vontade pode e quer desistir. Da minha parte, contareis com tudo o que puder, n’ Aquele que nos dá força (cf. Fl 4, 13).

Saúdo com grande amizade os Senhores D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, bem como todos os membros do cabido e do presbitério,

do diaconado e dos serviços diocesanos, dos seminários, paróquias, institutos, associações e movimentos: Todos juntos, na complementaridade dos carismas e ministérios que o Espírito distribui, seremos o Corpo eclesial de Cristo, para que o seu programa vivamente continue, como o enunciou na sinagoga de Nazaré: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres…» (cf. Lc 4, 18 ss).

Vosso irmão e amigo, com Cristo e Maria,

D. Manuel Clemente

 

 

Mensagem de despedida
de D. Manuel Clemente à Diocese do Porto

Caríssimos diocesanos do Porto,

Nesta hora, que começa a ser de despedida pela minha nomeação para o Patriarcado de Lisboa, quero agradecer-vos do coração toda a estima e proximidade com que me acompanhastes, desde que o Papa Bento XVI me nomeou para vosso bispo diocesano, a 22 de fevereiro de 2007.

Levarei comigo e em ação de graças as mil e uma expressões da amizade com que me recebestes e ajudastes no exercício do ministério. Nas comunidades cristãs, nas várias associações de fiéis e movimentos, nos institutos religiosos e seculares, bem como nas diversas instituições públicas e civis da grande região portuense, encontrei sempre o mais generoso acolhimento e a vontade firme de servir o bem comum. Em tempos tão exigentes como os que atravessamos, todas essas realidades a que dais corpo e alma são a melhor garantia daquele futuro fraterno, justo e solidário, de que ninguém desistirá decerto.

 

Quando vos saudei em 2007, disse trazer um só propósito e programa: conhecer, servir e amar a Diocese do Porto. Com a graça de Deus, algo se cumpriu de tal desiderato. Conheci-vos de perto, servi-vos como pude e com estima que permanece, em perpétua gratidão. Em tudo foi da maior valia a colaboração de muitos, começando pelos Senhores Bispos que me acompanharam no serviço diocesano, com incansável entrega. Com eles, os vigários gerais,

 

 

 

 

 

os membros do colégio de consultores (cabido da sé) e todos os membros da cúria diocesana e da casa episcopal; bem assim os responsáveis pelos nossos três seminários diocesanos, os vigários da vara e seus adjuntos, os responsáveis pelos secretariados diocesanos, os membros dos conselhos presbiteral e pastoral e de outros conselhos e comissões, instâncias de participação e

 

 

 

organismos. Referência especialíssima quero fazer ao clero paroquial, secularou regular, incansável na sua dedicação ao serviço quotidiano do Povo de Deus, especialmente aonde tem de acumular várias comunidades e serviços. Saliento também os diáconos permanentes, os consagrados/as e os milhares de fiéis leigos que colaboram ativamente na catequese e no serviço da Palavra e da oração, na vida litúrgica e na ação sociocaritativa. – Grande e bela é a Diocese do Porto, na imensa aplicação dos seus membros ao serviço de Deus e do próximo!

É por tudo isto que vos quero reiterar uma palavra de agradecimento e bons votos. Agradecimento, que traduzirei em oração por todos e cada um de vós, as vossas comunidades e famílias. A minha entrada no Patriarcado será a 7 de julho, ficando convosco até perto desse dia. O coração não tem distância, só profundidade acrescida. Aqui ou além, continuaremos juntos, no coração de Deus.

Sempre vosso amigo e irmão,

D. Manuel Clemente

 

 

Agradecimento da Diocese do Porto
a D. Manuel Clemente

A Santa Sé acaba de tornar pública a nomeação do Senhor D. Manuel Clemente para Patriarca de Lisboa.

A Igreja de Lisboa recupera assim para o seu direto trabalho pastoral um dos seus filhos mais insignes; a Igreja do Porto vê partir um dos seus Bispos mais notáveis.

 

 

A permanência na Diocese do Porto, ao longo destes seis anos e alguns meses, deu ainda maior visibilidade à sua figura de pastor e homem de fé e cultura. A sua proximidade às pessoas e às instituições e a extraordinária capacidade de leitura dos ritmos da Sociedade fizeram dele uma

 

 

 

referência permanente no âmbito eclesial e nas mais variadas instâncias sociais e culturais. A sua ampla compreensão do ministério episcopal granjeou-lhe um lugar no coração dos mais simples e abriu portas ao respeito e admiração pelos dinamismos da Igreja Católica em Portugal. Obviamente estas qualidades cabiam dentro da Igreja Portucalense, habituada que está a grandes nomes que marcaram a sua história e a história pátria! Mas a Igreja é assim: católica, isto é, universal. Não se fecha

 

 a nada nem a ninguém e os seus filhos assumem com generosa disponibilidade o espírito de peregrino. Esta nomeação reaproxima o Senhor D. Manuel das suas raízes de sangue e não nos deixa órfãos, porque continuaremos a usufruir do calor da sua Sabedoria.

Obrigado, Senhor D. Manuel! Ficamos a rezar por si!

 

Bispos Auxiliares, Vigários Gerais e Chanceler

 

 

Novo patriarca apresenta-se

 

No dia seguinte à sua nomeação como patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente falou aos jornalistas durante meia hora sobre vários temas, desde a crise aos casos de abusos sexuais na Igreja, deixando a promessa de que a mudança de funções não irá alterar a sua forma de intervir nos problemas eclesiais e do país.

 

Mudança

Com a experiência dos anos, sinto-me sereno, porque nós temos de enfrentar, concretamente os que têm responsabilidade na Igreja, problemas de ordem tão diversa que com o tempo vamos ganhando calo.

Esta (Porto) é uma diocese muito enriquecedora a todos os títulos e com uma convivência magnífica. O Porto e as suas gentes, muito diferentes – vai desde a parte norte da Ria de Aveiro até ao Rio Ave, do mar até à Serra do Marão – são muito participativas, muito vivas, muito diretas. Isso é muito bonito, facilmente percebemos que é uma realidade global, envolvente e onde ficamos bem, porque é tudo muito simples.

 

 

Porto

Esta experiência no Porto foi muito importante, porque esta zona foi e é particularmente afetada pela crise. Concretamente, no que diz respeito ao emprego, houve muita coisa que desapareceu e até alguns recursos que havia, quando eu cá cheguei.

Levo daqui uma consciência muito circunstanciada do que esta crise representa na vida das pessoas e das famílias e também a convicção de que, apesar de tudo, vale a pena resistir à crise positivamente e, em muitos casos, construir. Andamos muito por aí, eu e os senhores bispos, somos convidados para visitar empresas, conhecer essas realidades, e é notável o esforço de alguns empresários para não fecharem, o que às vezes seria mais fácil. Nestes seis anos conheci muitos casos concretos, exemplos de como é possível nalguns casos resistir criativamente. Até gente que tinha uma vida muito circunscrita aqui e vai para o estrangeiro, à procura de mercados, arriscando.

Vou cheio, no sentido mais bonito

 

 

 

 

do termo, dessas histórias, de resistência, de criatividade, de não desistir, e concretamente também da gente nova, universitária, que acaba os cursos. Isso é que é muito curioso em relação à minha geração: nós estávamos todos polarizados para o futuro, tínhamos energias diversas que se chocavam na altura, mas era tudo a longo prazo, no sentido definitivo - a vida vai ser isto, vou fazer aquilo.

O que é agora mais evidente quando nós conversamos com esta geração é que muitos deles estão preparados para criar o futuro, não está o futuro à

 

espera, e se não se for desta maneira, vai ser doutra. Eles hoje vivem em rede com o mundo inteiro, isso é diferente, e é uma diferença qualitativa interessante que pode ser um dos fatores de solução da crise.

 

Crise

Em todas as realidades em que estou presente surgem situações que muitas vezes são grandes alertas e eu não deixarei de os fazer, a todas as autoridades políticas e não só, porque há muitas coisas que não passam

 

 

 

diretamente pelos políticos, em termos de criação de futuro, passam por outras instituições, sobretudo as academias e universidades, todos os círculos onde se debate a sociedade e a cultura.

O que mais me preocupa é este desfasamento que sinto entre a capacidade de resistência e até de reposição das coisas por parte da população e depois não haver uma ligação clara entre as propostas que se fazem para resolver a crise.

As pessoas mantêm uma grande disponibilidade para construírem o futuro e por isso têm de ser correspondidas por todos os responsáveis em termos de pedagogia, de muita clareza e de muita solidariedade.

A solidariedade tem de ser uma atitude diária, de proximidade com as pessoas, de estar com elas, de encontrar soluções, e depois uma pedagogia que tem de ser muito reforçada.

Acredito que tenham muita dificuldade em perceber certas explicações técnicas. Eu demorei algum tempo a perceber o que eram as famosas ‘swap’, expliquem lá devagarinho.

E isto acontece todos os dias,

 

manda-nos assim com termos, com dados, com informações contraditadas, às vezes apresentando como factos consumados coisas que ainda são possibilidades, e nós ficamos muito atordoados. E depois o que é que acontece? Desistimos de perceber e cada um vai à sua vida.

Um dos fatores que nós temos para

ultrapassar as atuais dificuldades e nos reconstruirmos como sociedade é que nós nunca tivemos uma geração tão formada e informada, e depois tão europeia e até extraeuropeia como temos hoje.

São dezenas de milhares que, na sua juventude e até aos 30 anos, viveram em vários países, aprenderam em várias línguas, isto muda

 

O que mais me preocupa é este desfasamento que sinto entre a capacidade de resistência e até de reposição das coisas por parte da população e depois não haver uma ligação clara entre as propostas que se fazem para resolver a crise.
 

 

 

necessariamente uma sociedade.

Isto (a globalização) tem uma implicação para a vida da Igreja: é que o cristianismo, e principalmente o cristianismo católico, é muito comunitário. E como é que hoje se vive a vida comunitária com pessoas que circulam tanto? É um grande desafio!

 

MEDIA

É preciso mudar para a consciência de que a comunicação não é um acessório mas é a própria vida.

Nós olhávamos para a comunicação e para os meios de comunicação social como meios no sentido instrumental. Queria passar uma mensagem e primeiro tive os jornais, depois tive a rádio, depois a televisão, eram um instrumento. Hoje a comunicação social é um meio, mas no sentido de meio ambiente, e esta mentalidade também não muda assim, vai demorar.

 

ABUSOS SEXUAIS

São casos que assim que aparecem, e felizmente não aparecem em catadupa e até esperemos que não apareçam

  mesmo, mas se aparecerem, terão de ser verificados e acompanhados.

Para isso estão previstos uma série de procedimentos quer dentro da Igreja quer na ordem civil. E nós como cidadãos e pessoas da Igreja, temos que respeitar o que está previsto e andar com estes casos para a frente.

Agora há uma outra observação que queria juntar, é que se tratam sempre de pessoas, em primeiro lugar de vítimas, e depois de agressores que, em alguns casos, já foram vítimas.

Depois, exatamente por serem pessoas, nunca são casos que se resolvam rapidamente, às vezes levam a vida inteira a resolver. E por isso têm de ser acompanhados, não se resolvem como quem abre e fecha dossiers.

Em primeiro lugar, por respeito pelas vítimas, nós temos de ser mediaticamente discretos. Facilmente se fazem juízos e depois os espetadores ou leitores fazem juízos também, e isso pode danificar muito o futuro da vida, mesmo quando a pessoa se recupera.

 

 

 

D. José Policarpo saúda novo patriarca

 

D. José Policarpo saudou o novo patriarca de Lisboa e mostrou-se disponível para ajudar D. Manuel Clemente, em declarações ao jornal do Patriarcado, 'Voz da Verdade'. “Quero continuar a ajudar! Não quero fazer nada que o obnubile, não quero negar-lhe nada que possa ajudá-lo a ser um grande Pastor da Igreja”, referiu.

Lembrando que o seu sucessor "não é desconhecido na diocese”, o patriarca emérito diz ser um “dom de Deus ter um bispo que regressa a uma casa que conhece bem e todos o conhecem e estimam”.

O cardeal diz que esta era uma "notícia esperada", sendo uma situação normal na vida da Igreja uma vez que a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965) estes “cargos de responsabilidade na Igreja não são vitalícios”.

 

D. José Policarpo afirmou ter gasto "toda a sua vida em dedicação à Diocese de Lisboa" e avança que permanecerá até julho em funções, como administrador apostólico, deixando um apelo a todos os seus "queridos diocesanos". “Vivam isto na fé, acompanhem-me nesta disponibilidade de servir e amar em todas as circunstâncias”, pediu.

D. Manuel Clemente anunciou que tomará posse na Diocese de Lisboa como novo patriarca no dia 7 de julho.

“Foi uma escolha que devemos agradecer vivamente a quem a fez”, defende D. José Policarpo, relativamente ao seu sucessor.

Lisboa foi elevada a metrópole eclesiástica em 1393 e em 1716 o Papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, ficando a antiga diocese dividida em duas até 1740, ano em que foi reunificada.

 

 

 

 

 

 

 

Sucederam-se até hoje 17 patriarcas à frente da Igreja lisbonense, de D. Tomás de Almeida a D. Manuel Clemente e, como recorda a página oficial do Patriarcado, estes são "feitos

 

 

 

cardeais no primeiro consistório a seguir à sua nomeação para esta Sé", uma decisão que é da responsabilidade exclusiva de cada Papa.

 

 

 

Presidente e Governo
felicitam D. Manuel Clemente

 

O presidente da República Portuguesa enviou uma mensagem de felicitações a D. Manuel Clemente, designado pelo Papa Francisco para patriarca de Lisboa. “A sua escolha para dirigir o Patriarcado de Lisboa representa, estou certo, o reconhecimento do percurso do servidor da Igreja e do académico ilustre, do homem de cultura e do cidadão exemplar”, assinala Aníbal Cavaco Silva, em texto divulgado pela Presidência da República.

Para o responsável, a escolha do Papa representa uma “prova de distinção e apreço” pelo novo patriarca, que sucede a D. José Policarpo. Cavaco Silva sustenta que a sociedade portuguesa, que D. Manuel Clemente “tão bem conhece, recorda “as suas intervenções lúcidas, moderadas, bem como o profundo sentido social e humanista da sua ação, atributos tão

 

 

relevantes no momento de grande exigência que o país atravessa”. “Fazendo votos sinceros de êxitos no exercício do magistério episcopal, peço-lhe que aceite a expressão da minha consideração e estima pessoal”, conclui a mensagem. O Governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), também se manifestou, com "caloroso entusiasmo", após a escolha do novo patriarca. "D. Manuel Clemente é reconhecidamente um homem de fé, cultura e sensibilidade social. Profundo conhecedor da história da Igreja portuguesa é, simultaneamente, um inspirado intérprete do tempo presente", refere a nota oficial.

O comunicado do MNE acrescenta que o sucessor de D. José Policarpo “é uma voz presente e atuante” para a sociedade portuguesa, “independentemente da atitude

 

 

 

 

 

 

 

perante a fé”, tanto “sobre as grandes questões” como sobre “cada um dos problemas” dos dias de hoje.

A presidente da Assembleia da

República, por seu lado, manifestou “contentamento” com a nomeação de D. Manuel Clemente, que apresenta como “sinal de uma crescente proximidade da Igreja com os
  domínios concretos da vida, de certo modo, no caminho da mensagem do Papa Francisco”.

Em comunicado, Assunção Esteves destaca “testemunho de D. Manuel Clemente é o testemunho da religião que se identifica, como ideal e como prática, com o sentido de uma suprema humanidade”.

 

 

 

Igreja congratula novo patriarca

 

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e o arcebispo de Braga saudaram hoje a nomeação de D. Manuel Clemente, até agora bispo do Porto, como novo patriarca de Lisboa, anunciada pela Santa Sé.

Para o padre Manuel Morujão, secretário da CEP, o sucessor de D. José Policarpo é “um homem com profundas raízes na diocese que lhe cabe servir”. “Será, portanto, uma transição natural, de quem conhece a casa da Diocese de Lisboa e tem uma relação de estima com o seu

 

predecessor”, acrescenta, em declarações à Agência ECCLESIA.

O porta-voz da CEP sublinha que ser

patriarca é “ser também o bispo da capital de Portugal, com tudo o que isso implica de contactos e relações a nível da sociedade civil e do governo da nação”. “Todos recordamos o seu estilo habitual de intervenções, para além do foro religioso: ponderação e sabedoria aliadas à pertinência profética”, observa, a respeito de D. Manuel Clemente, lembrando que aatribuição do Prémio Pessoa

 

 

 

 

 

 

 

 

em 2009 mostrou o “grande apreço que, em geral, a sociedade civil e o mundo da cultura têm pelo novo bispo”.

Já o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse reconhecer no novo patriarca “as qualidades humanas e

cristãs para conduzir o Povo de Deus numa parcela que ele muito bem conhece”. “Como homem da cultura, conseguirá estabelecer as pontes necessárias com todas as correntes de pensamento, sem deixar de sublinhar

 

a originalidade cristã. A sua perspicácia intelectual permitirá uma verdadeira leitura dos ‘sinais dos tempos’, gerando uma resposta pastoral adequada, qualitativa e assertiva aos tempos modernos”, acrescenta o prelado, citado pelo site arquidiocesano.

D. Jorge Ortiga afirma a “unidade eclesial” necessária para a “tarefa da Nova evangelização, numa Igreja que sabe estar num mundo secularizado”.

 

 

 

As pessoas, a fé e a crise
económica, segundo o Papa

 

O Papa Francisco deixou nos últimos dias várias críticas à situação económica e financeira internacional, tendo lamentado as consequências do “capitalismo selvagem” durante uma visita à casa ‘Dom de Maria’, dirigida pelas religiosas de Madre Teresa de Calcutá, que acolhe pessoas necessitadas, no Vaticano.

“O capitalismo selvagem ensinou a lógica do lucro a qualquer custo”, disse Francisco, durante a visita, que decorreu na tarde de terça-feira.

O Papa Francisco elogiou a hospitalidade “sem distinção de nacionalidade ou religião” que se vive na instituição, pedindo que se recupere o “sentido do dom”, da gratuidade e da solidariedade. A intervenção sublinhou a importância de travar a “exploração que não olha às pessoas”.

“Vemos os resultados nesta crise que

 

  estamos a viver”, acrescentou. Dias antes, perante mais de 150 mil pessoas no encontro intitulado 'Eu creio, mas aumenta a nossa fé', na Praça de São Pedro, Francisco manifestou-se contra o tratamento dado aos pobres. “Se os investimentos nos bancos caem um pouco… tragédia, como se faz? Mas se morrem pessoas de fome, se não têm o que comer, se não têm saúde, não se faz”, afirmou, considerando ser este o cerne da “crise de hoje”.

Segundo Francisco, o testemunho da Igreja “pobre para os pobres” tem de ir “contra esta mentalidade”. “A pobreza, para nós cristãos, não é uma categoria sociológica ou filosófica ou cultural, não, é uma categoria teologal”, precisou.

A intervenção aludiu ainda a uma “cultura do confronto, da fragmentação”, em que se “deita fora”

 

 

 

 

 aquilo que não interessa, a “cultura do descartável”. No domingo de Pentecostes, encerrando este encontro mundial, o Papa desafiou a sociedade contemporânea a abrir-se à “novidade” de Deus que a transforma e alertou para os riscos de haver grupos fechados em “estruturas  

caducas” dentro da Igreja Católica. “Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade”, disse.

 

 

 

Os Movimentos e o Papa

 

Pentecostes 1998. João Paulo II sublinha que os Movimentos e Comunidades Eclesiais “representam um dos frutos mais significativos daquela Primavera da Igreja já pré-anunciada pelo Concílio Vaticano II”, e que a sua presença “mostra que esta Primavera avança, manifestando a frescura da experiência cristã fundada no encontro pessoal com Cristo”(1)

 

 

 

 

É na experiência profundamente enraizada no Evangelho e na radicalidade da vida dos primeiros cristãos que se baseiam muitos Movimentos Eclesiais atuais. É neles que os cristãos encontram a força para serem cristãos sem medo na sociedade hodierna. É deles que nascem muitas atividades, ONG.s, projetos de solidariedade e de adoção, etc. Mas, a ação social nasce sobretudo de pessoas comprometidas com os valores cristãos, que dão testemunho de uma autêntica vida evangélica em todos os âmbitos da vida humana.

 

Referindo-se às dimensões institucional e carismática da Igreja, João Paulo II afirmou: “Ambas são dimensões coessenciais à constituição divina da Igreja fundada por Jesus, porque ambas concorrem a tornar presente o mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo” (2)

 

 

 

 

 

João Paulo II apelou à comunhão entre os Movimentos, incentivando-os a serem um contributo ativo para a renovação da sociedade, suscitando entre alguns fundadores e responsáveis uma adesão imediata. Esta comunhão foi alargada a Movimentos de outras Igrejas cristãs e juntos trabalharam para a defesa dos direitos humanos, como a abolição da pena de morte em alguns países e, na Europa, foram dados passos no sentido de, como cristãos, colaborarem para preencher o enorme vazio religioso daquele continente e voltar a dar-lhe uma alma.

Pentecostes 2013. O Papa Francisco encontra-se com os Movimentos e Novas Comunidades e lança-lhes um novo desafio: a novidade, a harmonia e a missão. Três dimensões que estão na linha específica de cada carisma: “novidade”, porque desafia

 

os cristãos a não se apoiarem nas seguranças do caminho já percorrido; “harmonia”, caraterística da presença do Espírito Santo, garantia da unidade dos diversos carismas; “missão”: o próprio Espírito dá-nos a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo e a comunicar a alegria do encontro com Jesus.

Confirmados no compromisso em viver o próprio carisma como uma necessidade de serviço à Igreja, e renovados na coragem de enfrentar o mundo, os Movimentos aderem à “cultura do encontro” proposta pelo Papa, dizendo uns aos outros: “somos pequenos, somos frágeis, mas, apesar disso, Deus guia-nos, Jesus está conosco. É o Papa que nos manda. Podemos ir…”.

 

“Juntos pela Europa” (3)



(1) PONTIFICIUM CONSILIUM PRO LAICIS, Laici Oggi: I movimenti nella Chiesa. Città del Vaticano; 1999, p. 15.

(2) Idem, p.18

(3) Uma livre convergência de Movimentos e Comunidades cristãs

 

Rugas

 

É o regresso do desenho animado ao grande ecrã e a adaptação cinematográfica da famosa banda desenhada do espanhol Paco Roca, vencedor, entre outros, do Prémio Nacional de BD 2008.

Inicialmente editada em França, a banda desenhada que origina o filme agora em estreia, partiu de uma ideia mais ‘radical’ do seu autor, com um grupo de idosos cheios de energia que planeiam assaltar um casino. Apesar de tudo, o seu empenho em focar as preocupações fundamentais da velhice foi grande e Paco Roca, também inspirado pelos próprios pais, dedicou-se a aprofundá-las, designadamente no que respeita à perda progressiva das capacidades físicas e mentais e ao seu impacto, não só  no estado de espírito de quem sofre perdas significativas a esses níveis, como no dos seus familiares ou cuidadores.

Satisfazendo as exigências do editor francês, o primeiro a interessar-se por esta banda 

                     

 

 

desenhada, Paco Roca viu-se obrigado a eliminar alguns elementos presentes na proposta inicial a fim de facilitar a comercialização da banda desenhada em França. Foi o caso de um crucifixo. Perdas estas mais tarde recuperadas, aquando da sua publicação em Espanha, onde a banda desenhada ganha o título ‘Rugas’, que o filme agora também adopta.

‘Rugas’ começa por nos contar a história de Emilio, que na sua idade avançada manifesta os primeiros sinais de Alzheimer. O progressivo alheamento perante quem e o que o rodeia, aliado a uma incapacidade para lidar com a situação, levam a família a optar por interná-lo num lar de terceira idade. A história cresce, em dimensão e em relação, para o conjunto de personagens que habita o lar, transformando-se aos poucos numa tocante e divertida história de construção de comunidade. Nela, cabem as cumplicidades, as zangas, 

 

 

 

 

dificuldades e alegrias próprias dos amigos que se vão descobrindo, a todo o tempo na vida. Vencendo o medo de um amanhã incerto e as contrariedades do dia-a-dia com a capacidade de valorizar o melhor que cada dia lhes traz.

Com um argumento que equilibra bastante bem os aspetos mais duros e mais suaves da fase de vida em questão, ‘Rugas’ é uma gentil abordagem cinematográfica capaz de, mesmo sem grande rasgo técnico ou artístico, nos sensibilizar para o universo da terceira idade. Mostrando o que este pode significar no contexto de um lar – quando na fase final 

 

da vida e sob vulnerabilidade de ordem diversa, se é ‘desafiado’ a tecer novas relações fora da rede afetiva da família que até aí se construiu. Mas também como este desafio não implica perder património construído, antes integrar três tempos indissociáveis numa vida: passado, presente e futuro, independentemente da dimensão temporal de cada um.

Uma proposta interessante, que conta com versão dobrada em português (com vozes bem conhecidas da televisão) e se presta a partilhar, precisamente, em família ou comunidade.

Margarida Ataíde

 

 

Coerência.pt
O Desafio do Desenvolvimento

www.coerencia.pt

 

A luta e o combate à pobreza é uma das tarefas que os denominados países desenvolvidos não devem retirar das suas agendas. É através de políticas de desenvolvimento sustentável, mesmo em tempos de “crise económica mundial”, que as referidas nações têm uma responsabilidade enorme para contribuir com actos concretos e medidas pró-activas, de erradicação da pobreza a nível mundial. Esta semana, apresentamos um projecto que atua no sentido de promover a “coerência das políticas para o desenvolvimento através da sensibilização e mobilização de decisores políticos, funcionários públicos, ONGD e público em geral”.

Com o objetivo de “promover a melhoria da eficiência, da coerência e da visibilidade das políticas externas dos governos e da União Europeia, pretende-se (…), denunciar as incoerências das políticas e propor alternativas de acção, de modo a contribuir para as metas estabelecidas nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) (…) com o fim último de reduzir a pobreza mundial.”

Ao digitarmos o endereço www.coerencia.pt, encontramos um espaço virtual eminentemente informativo, conforme podemos constatar logo na página inicial.

Em “monitorização”, temos uma ideia interessante e na qual assenta em parte este projecto, que passa por analisar as “políticas implementadas

 

 

 

 

pelo ciclo parlamentar nacional e europeu e aferir se são coerentes com os princípios defendidos em acordos e parcerias Internacionais delineados com os países em desenvolvimento”. Assim, “de cada vez que um parlamentar levar a cabo uma acção considerada positiva em termos da coerência das políticas para o desenvolvimento, esta será divulgada online e terá direito a uma ‘estrela’”.

Na opção “casos”, são apresentados todos os estudos para serem divulgados e analisados por todos os interessados, onde, com exemplos concretos são publicitadas práticas coerentes e efetivas que vão de encontro aos objetivos traçados.

Caso pretenda visualizar alguns vídeos, desde documentários, spots promocionais e microfilmes,

 

que foram produzidos para nos ajudarem e sensibilizarem para esta realidade, basta que clique em “filmes”.

Então e como pode ativar a sua cidadania? É fácil, para promover a luta contra a pobreza, apoiar as políticas de educação e cooperação para o desenvolvimento, pode enviar um postal a um deputado/eurodeputado, divulgar os filmes, usar e divulgar este projeto (redes sociais, imagens, etc.), entre outros. Para ver estas e outras propostas aceda ao item “o seu papel”.

“Eis uma boa oportunidade de pormos coerentemente em prática a nossa cidadania participativa”.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

Jesuítas lançam nova editorial

O Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, obra da Companhia de Jesus em Portugal, lançou uma nova chancela, a «Editorial Frente e Verso», dedicada “à publicação de obras que ajudem a enriquecer o debate no espaço público e a entender o papel do Cristianismo na configuração cultural do Ocidente, bem como de obras que favoreçam a inteligência da fé cristã”.

O primeiro livro publicado intitula-se ‘Porque devemos

 

chamar-nos cristãos – As raízes religiosas das sociedades livres’, da autoria de Marcello Pera, político e antigo presidente do Senado italiano, com prefácio de Bento XVI.

Esta iniciativa insere-se na missão específica da Companhia de Jesus, que pretende “criar espaços de enriquecimento cultural através do confronto dialogante com as várias sensibilidades culturais, políticas, sociais e religiosas da sociedade portuguesa”.


 

 

História

 

O Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) vai organizar no próximo dia 27 de Maio, às 18h00, uma sessão de apresentação da obra da autoria de Margarida Sérvulo Correia, ‘O caso de Barbacena: um pároco de aldeia entre a Monarquia e a República’.

A obra será apresentada pelos professores José Manuel Sérvulo Correia e João B. Serra. A iniciativa terá lugar na UCP-Lisboa (Sala de Exposições – 2º piso do edifício da Biblioteca).

A obra, editada pelo CEHR, constitui o número 11 da Coleção ‘História Religiosa – Fontes e Subsídios’.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da timidez inicial ao enriquecimento do repertório musical na liturgia em Portugal

 

Quando se realizou o II Concílio do Vaticano (1962-65), um dos maiores compositores portugueses de música sacra, padre António Cartageno, estava no seminário, primeiro em Beja e depois nos Olivais (Lisboa). Foi, sobretudo, a partir de 1965, no Seminário em Lisboa, que este sacerdote da Diocese de Beja começou a viver com entusiasmo “as “novidades”, essencialmente, “as de carácter litúrgico” do pós-concílio.

Formado em Canto Gregoriano e em Composição Sacra pelo Pontifício Instituto de Música Sacra de Roma (Itália) recorda que se lia “avidamente” os vários documentos, produzidos por essa magna reunião da Igreja, que começaram “a integrar os conteúdos das disciplinas do curso teológico” (In: «Vaticano II – 50 anos, 50 olhares», editora Paulus).

Apesar dos vários documentos saídos da assembleia convocada pelo Papa João XXIII, o padre António Cartageno realça que o que chamou a atenção “de todos” nessa altura “foi a introdução da língua vernácula na liturgia”. No início, “timidamente” eram apenas as leituras em português e o resto em latim, mas, depois de pouco tempo, “foi uma enorme comporta que se abriu e ninguém mais consegui fechar”, lê-se na mesma obra.

Em pouco tempo, toda a liturgia passou a celebrar-se em português, mas os “cânticos em vernáculo eram poucos e quase sempre inadequados, pois já não correspondiam à nova sensibilidade”,

 

 

 
escreveu o padre Cartageno. Esta situação criou “um vazio” que levou anos “a preencher” e viveu-se um período de “grande pobreza musical” na liturgia: “cânticos adaptados daqui e dalém, sobretudo de França, Brasil e Espanha, introdução de espirituais negros, de música ligeira de toda a espécie”.

Actualmente, o padre António Cartageno desempenha o cargo de director do Secretariado Diocesano de Liturgia de Beja e recorda os nomes de Manuel Faria, Manuel Luis, Borges de Sousa, Carlos Silva, José Fernandes da Silva, Manuel Simões e Joaquim Santos (todos falecidos) que deram um grande impulso à música sacra em Portugal. “Cada um a seu modo, deram um importante contributo para a criação de um repertório litúrgico que veio começar a preencher o vazio então sentido e que muito enriqueceu as celebrações litúrgicas do pós-concílio em Portugal”.
Ao jeito de balanço destes 50
anos do pós-concílio, o padre
da diocese de Beja salienta
que em Portugal “se está
 a tentar ir pelo caminho
que a igreja propõe”.
E acrescenta: “Do que
conheço do repertório

 

publicado e da praxis das nossas comunidades (via rádio, televisão e observação directa) creio que se pode dizer que o panorama da música litúrgica praticada em Portugal é globalmente positivo”.

Apesar de reconhecer que em muitos grupos e comunidades celebrantes “há cedências à ligeireza e à superficialidade”, o director do Secretariado Diocesano de Liturgia de Beja constata que a oferta de reportório litúrgico-musical em Portugal é “já muito abundante e de razoável qualidade, nada ficando a dever ao que se faz noutros países da Europa”. E conclui: “É inegável um certa melhoria – lenta mas progressiva – nos últimos 20-25 anos”, se se comparar “com a pobreza musical das duas primeiras décadas do pós concílio”.

 

 

maio 2013

Dia 24

Dia Nacional da Faculdade de Teologia.
* Porto - Gondomar - Conferência sobre o pensamento e espiritualidade de D. Óscar Romero por D. Gregório Rosa.
* Aveiro - Recardães (Centro Social paroquial) - Debate sobre «Divorciados recasados, acolhidos pela Igreja?»
* Braga - Auditório Vita - Concerto Mariano em homenagem ao Papa Francisco com o coro «AEDO ENSEMBLE».
* Dia anual de oração pelos cristãos da China.
* Porto - Vila Nova de Gaia - IV Fórum de Arquitetura Religiosa. (24 e 25)



 

 
Dia 25

* Braga - Seminário de Nossa Senhora da Conceição - Conselho Nacional Plenário do Corpo Nacional de Escutas.
* Leiria - Sede da Cáritas de Leiria - Feira Solidária.
* Algarve - Faro (Colégio de Nossa Senhora do Alto) - Dia desportivo do acólito promovido pelo Centro de Acólitos da diocese do Algarve.
* Porto - Fundação Engenheiro António de Almeida (16h00) -Encontro dedicado ao poeta Albano Martins e promovido pelo Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes
* Fátima - Centro de Estudos de Fátima - Conferência sobre o pensamento e espiritualidade de D. Óscar Romero por D. Gregório Rosa.
* Leiria - Maceira - Passeio de «expressão pública de fé» para assinalar o Ano da Fé.
* Lisboa - Convento de São Domingos - Colóquio sobre «Celebrando a revolução de João XXIII».  
* Coimbra - Sé Nova (11h) - Bênção das Pastas dos Politécnicos e Universidades Privadas.

 

 

 

* Fátima - Encontro nacional dos Colégios Maristas.
* Fátima - Reunião da Cáritas Portuguesa.
* Fátima - Centro Bíblico dos Capuchinhos - Encontro sobre «Creio no Espírito Santo» orientado por frei Lopes Morgado e frei Luis Leitão e integrado no ciclo de encontros sobre «Palavra, Fé e Vida».  
* Fátima - Acção de formação sobre «Desenvolvimento humano e dádiva cristã» promovida pela Fundação Fé e Cooperação (FEC). 
* Viana do Castelo - Paredes de Coura - Peregrinação diocesana dos frágeis ao Santuário de Nossa Senhora da Pena.  
* Porto - Casa do Vilar - Assembleia diocesana da Sociedade de São Vicente de Paulo. 
* Lisboa - Igreja do Colégio de São João de Brito - II Encontro de antigos cantores dos Coros da Rádio Renascença (1984 a 1998). 
* Setúbal - Mostra de Bandas Católicas.  
* Lisboa - Rodízio (Casa de Exercícios de Santo Inácio) -Curso orientado por Emma Ocaña sobre «Tempo de Fecundidade e Misericórdia».  (25 e 26)

 

* Lisboa - Museu do Oriente - Colóquio Internacional «A China na mundialização cultural e religiosa» nos 90 anos após a chegada de Teilhard Chardin à China.  (25 e 26)
* Braga - Celebrações dos 90 anos do Corpo Nacional de Escutas. (25 e 26)
* Santarém - 1º Cruzeiro religioso dos avieiros e do Tejo (25 a 01 de junho)
* Portimão - Museu de Portimão - Exposição de arte sacra intitulada «Creio» para assinalar o Ano da Fé e o jubileu dos 25 anos da ordenação episcopal de D. Manuel Madureira Dias. 25 a 15 de setembro

 

Dia 26

* Porto - Santa Maria da Feira - Caminhada promovida pela associação «Rosto Solidário» para angariar fundos para a missão dos passionistas em Angola
* Braga - Sé (10h00m) - Celebração de ação de graças pela fundação do Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português, presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga.
* Braga - Sé (ala anexa) - Romagem ao túmulo do D. Manuel Vieira de Matos, fundador do escutismo em Portugal e deposição de uma peça comemorativa do 90º Aniversário do CNE.

 

Ano C – Solenidade da Santíssima Trindade

 

 

 

 

 

Contemplar o Amor da Trindade
 

Neste domingo da Santíssima Trindade celebramos Deus em três pessoas, Deus que é amor, família e comunidade, e quer fazer-nos comungar desse mistério.

A primeira leitura convida-nos a contemplar Deus criador, cuja bondade e amor se manifestam na beleza e na harmonia das obras criadas.

Na segunda leitura acolhemos Deus que nos ama e nos salva de forma gratuita e incondicional. Através do Filho e do Espírito derrama sobre nós os seus dons e oferece-nos a vida em plenitude.

São Paulo refere os frutos que resultam deste acesso

 

 

 

 

à salvação como dom de Deus: a paz como plenitude de bens em Deus, já que Ele é a fonte de todo o bem; a esperança de um sentido novo para a vida presente, na certeza de que as forças da vida triunfarão; o amor de Deus derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado.

O Evangelho convoca-nos também para contemplar o amor do Pai, que se manifesta na doação e na entrega do Filho, e que continua a acompanhar a nossa caminhada histórica através do Espírito.

À luz da Palavra que nos é servida como alimento neste domingo, a compreensão da Trindade, que é Santíssima, não pode ser no sentido de decifrar uma espécie de charada de “um em três”. Deve ser, sobretudo, a contemplação de Deus amor e comunidade.

Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé.

Dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três

 

pessoas e é também negar a fé.

A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. Deus torna-se Trindade de pessoas distintas, mas unidas.

Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o mistério de Deus Trindade, que é Pai, Filho e Espírito, afinal a pedra angular

da fé cristã, a diferença essencial em relação a outras conceções de Deus.

Mas nunca devemos parar na caminhada para a meta final desta história de amor através da nossa inserção plena na comunhão com Deus, que se torna também comunhão com os irmãos.

Durante a próxima semana, procuremos dedicar mais tempo à oração e à contemplação, para nos deixarmos mergulhar no coração deste mistério de Amor da Trindade e recentrar de novo as nossas vidas de batizados no amor, na paz e na esperança, como dons do Espírito para cada um de nós.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos,org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 26 - República Democrática do Congo: relatos de D. François-Xavier sobre exploração, pobreza e perseguição.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 27 - Entrevista. Ser assistente social: um curso cada vez mais necessário.

Terça-feira, dia 28 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com José Eduardo Borges de Pinho;

Quarta-feira, dia 29 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Acácio Catarino;
Quinta-feira, dia 30 - Musical Wojtyla de novo em palco. Rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 31 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes.
 

Antena 1

Domingo, dia 26, 06h00 - 90 anos do Escutismo em Portugal: as experiências e o futuro da maior organização de juventude.

 

Segunda a sexta-feira, dias 27 a 31, 22h45 - Testemunhos sobre as dinâmicas paroquiais a partir das festas da catequese.

 

 

 

   

 

 

- Esta sexta-feira comemora-se o Dia da Faculdade de Teologia. Desta vez celebrado em Lisboa o programa conta com um dia cheio de atividades, entre desporto, entrega de diplomas e prémios e até o lançamento do livro “A ideia da fé, Tratado de Teologia Fundamental”, do padre Sequeri, pelas 17h45.

 

- A marcar o fim-de-semana está o 90º Aniversário do CNE que é comemorado na cidade da fundação, Braga. O dia de sábado é marcado pelo Conselho Nacional Plenário, no Auditório Vita, e o fogo de conselho, pelas 21h30, no Campo Escola de Fraião. No domingo há uma missa de ação de graças presidida pelo Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga.

A comemoração termina com uma simbólica romagem ao túmulo do fundador (numa ala anexa à Sé) e a deposição de uma peça comemorativa do 90º Aniversário.

 

- Na próxima terça-feira, em Fátima, inicia-se  o Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, promovido pela Comissão Nacional e “conta com intervenções de referência na Saúde em Portugal”.

Este ano o tema analisado é “A Arte de Cuidar”, inspirado na parábola bíblica do Bom Samaritano. Médicos, enfermeiros, capelães hospitalares e responsáveis da pastoral da saúde são os conferencistas convidados para quatro dias de estudo e reflexão.

 

R.D. Congo: Um país vítima da sua própria riqueza

Lágrimas esquecidas

   

Ter ouro, estanho, coltan e tungsténio no subsolo pode ser sinal de riqueza. Na República Democrática do Congo tem sido a causa de uma tragédia imensa. Mas deste país não escutamos palavras de ódio ou de revolta, mas sim mensagem de perdão, de amor. Afinal, que se passa por lá?

Os mais antigos lembrar-se-ão
do Congo Belga,
os mais novos

 

 

 

 

 

recordarão o Zaire. Estão todos a falar do mesmo país, a República Democrática do Congo e de uma mesma história trágica. Desde o passado colonial até aos dias de hoje há um luto impressionante feito de uma violência que parece endémica, como se não fosse possível outra realidade que não a da morte, da guerra, das violações, das lágrimas. Infelizmente, parece que é verdade.
Esta região, conhecida como os Grandes Lagos, já viveu muitos conflitos. São guerras patrocinadas por milícias que, no fundo, vivem apenas da extorsão das riquezas naturais que se escondem no subsolo. Quem olha para esta história só pode arrepiar-se pela impunidade que tem escancarado tanta violência.

 

Um país a saque

Desde a II Guerra Mundial já se contabilizaram mais de 1 milhão de mortos. Um milhão. Por quê tanta violência? Por causa da riqueza extraordinária que se esconde no subsolo da República Democrática do Congo: ouro, estanho, coltan – o

  famoso ouro-azul – e tungsténio. Uma riqueza que é cobiçada pelos países vizinhos, como o Burundi, o Uganda e o Ruanda e que é alimentada pela fragilidade das instituições – o que é comum em África – e que facilita a corrupção, o assalto ao Estado, a impunidade como as milícias funcionam e que deixa as populações completamente ao abandono. Esta riqueza seca os gritos de ajuda das populações e permite perceber em toda a sua tragédia a hipocrisia que domina os negócios entre nações. De visita a Portugal esta semana, a convite da Fundação AIS, D. François-Xavier Maroy Rusengo, Arcebispo de Bukavu, diocese no leste da República Democrática do Congo, pediu-nos ajuda. “Peço-vos que rezem pelo Congo. Precisamos das vossas orações e não se esqueçam que se Deus escuta as orações de todos, muito mais escutará as dos portugueses pela intercessão da Virgem de Fátima”, disse D. Rusengo na passada segunda-feira, precisamente em Fátima. “Rezem para que vivamos em paz!” 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt
 

 

Lusofonias

Dia de África

Tony Neves

 

 

 

 

 

 

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

Celebramos, a 25 de Maio, o Dia de África. O ritmo, o colorido, a alegria, a dança são imagens de marca deste continente verde. Talvez a esperança seja o elemento fundamental para explicar a capacidade que os africanos têm de enfrentar dificuldades, de sobreviver em situações críticas aos olhos do resto do mundo. Mas a verdade é que não basta fazer festa. É preciso dar estabilidade aos Estados, às economias, á democracia. É preciso cimentar a paz onde ela foi conseguida após longos anos de conflitos sangrentos. É preciso criar empresas competitivas e modernizadas. É preciso que o Serviço Nacional de Saúde funcione bem. É preciso que os Direitos Humanos sejam respeitados por todos. É preciso que uma Educação de qualidade esteja ao alcance de todos. Enfim, há muitos objectivos ainda por alcançar em África, como acontece no resto do mundo. Celebrar o Dia de África obriga a avaliar o caminho percorrido e a lançar os alicerces de um futuro assente em valores, na justiça, na paz, na solidariedade, no respeito pelos direitos humanos, numa economia desenvolvida, na fraternidade.

Estive em Cabo Verde às portas do Natal. Dá gosto ver um país crescer com estabilidade. Dá alegria partilhar a vida com um povo simples e feliz, numa terra onde a guerra nunca manchou a história. Experimentei, mais uma vez, a hospitalidade extraordinária de um povo que oferece tudo o quem tem a quem o visita. Lá chama-se

 

 

 

Luso Fonias

 

‘morabeza’! Mas não deixei de olhar também para as franjas de pobreza que são ainda significativas, com muita gente a viver abaixo do limiar da dignidade humana.

O jornalista Jorge Heitor, a propósito deste dia, deixa alguns indicadores preocupantes: A África, plena de recursos, cobiçada por norte-americanos, europeus e chineses, tem ainda países tão pobres como o Burkina Faso, o Burundi, a República Democrática do Congo (RDC), a Eritreia, a Etiópia, a Guiné-Bissau e a Libéria. Refere ainda o perito em assuntos africanos: ‘A História dirá um dia por que é que a África chegou a 2011 com dezenas de países entre a meia centena dos menos 

  desenvolvidos do mundo, num nível só comparável ao Afeganistão, ao Bangladesh e ao Butão’.

Aponta alguns casos de relativo sucesso: ‘Maurícias, Cabo Verde, Botswana, Gana, Namíbia, África do Sul e Seychelles são casos de excepção’ e faz uma afirmação incómoda: ‘Há 34 países africanos entre os menos desenvolvidos do mundo, o que diz bem do que se passa no mais infeliz dos continentes’.

 Celebrar o dia de África é sempre um excelente pretexto para fazer subir a auto-estima de um continente que tem tudo para ser grande. Sempre com a convicção de que o melhor do mundo são as pessoas e é nelas que é urgente investir.

 


 

 

 

D. Oscar Romero, um mártir
«incómodo» que se mantém atual

D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador do arcebispo Oscar Romero, assassinado em El Salvador há 33 anos, disse à Agência ECCLESIA que o prelado foi um “mártir” que incomodou poderes, em defesa dos Direitos Humanos, e mantém a sua atualidade. “Romero é um santo incómodo, os profetas são incómodos. Não é Madre Teresa de Calcutá, é outra coisa, por isso é um profeta que, como Jeremias, é incómodo e querem acabar com ele”, refere o bispo auxiliar de San Salvador.

O responsável está em Portugal, a convite dos Missionários da Consolata, para falar sobre o pensamento e espiritualidade arcebispo salvadorenho, assassinado há 33 anos.

“Os jovens de hoje estão a conhecer Romero e entusiasmam-se com ele, porque veem um homem coerente com as suas convicções, um homem que é fiel ao ser humano e defende os Direitos Humanos, que é fiel a Jesus Cristo, que é fiel à Igreja e dá a vida por esses ideais”, refere.

 

 

Para D. Gregorio Rosa, Romero é “um líder, um modelo para os jovens de hoje, para as pessoas, e por isso é um santo muito atual”.

“É espantoso que mesmo no mundo dos não crentes, Romero seja uma inspiração, pelo que estamos em muito boa companhia e com o Papa Francisco temos, penso, o melhor momento para que o processo de canonização possa avançar até ao final”, acrescenta.

O bispo auxiliar recorda alguém que estava no interior do país (Tambeae, ndr) e veio a descobrir, na capital salvadorenha, “de forma brutal o que é a violência estrutural, o que chama de injustiça institucionalizada”.

“(Romero) descobre que tem uma vocação, a de acompanhar o povo que está esmagado pela violência, pela repressão, pelos esquadrões da morte, e ser voz dos que não têm voz.”, observa.

Este responsável admite que a causa de beatificação tem encontrado obstáculos, a começar pela situação política após a morte do Arcebispo,

 

 

 

 

 

 

em El Salvador, país da América Central.

“Romero é assassinado por um grupo preparado por um militar (Roberto D'Aubuisson, ndr) que fundou um partido político (ARENA), e esse partido chegou ao poder, governando durante 20 anos”, acusa.

 

As dúvidas e hesitações têm dado lugar, segundo D. Gregorio Rosa, a uma corrente “cada vez maior” em favor do arcebispo assassinado, com destaque para João Paulo II (1920-2005).

 

Entrevista na íntegra

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"O coração não tem distância,
só profundidade acrescida.
Aqui ou além, continuaremos
juntos, no coração de Deus"


(Da Mensagem de despedida de D.Manuel Clemente da diocese do Porto)

 

 

 

 

sair