04 - Editorial

       Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

        LOC/MTC

22 - Opinião

        Miguel Oliveira Panão

24 - Semana de...

        José Carlos Patrício

         Fátima 2017

 

28 - Entrevista

       D. António Marto

98 - App Pastoral

100 - Cinema

102 - Multimédia

104 - Estante

106 - Concílio Vaticano II

108- Agenda

110 - Por estes dias

112 - Programação Religiosa

113 - Minuto Positivo

114 - Liturgia

116 - Fundação AIS

118 - LusoFonias

Foto de capa: Manuel Costa

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião

 

 

 

Adeus ao padre Carreira das Neves

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Viagem de paz ao Egito

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À espera do Papa

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Paulo Rocha | LOC/MTC

Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques | Miguel Oliveira Panão | Bento Oliveira

 

Horas do centenário

  Paulo Rocha   

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

 

Faz 

 

 

“Mais sete anos e voltareis aqui para celebrar o centenário da primeira visita feita pela Senhora ‘vinda do Céu’”.

No dia 13 de maio de 2010, na homilia da Missa no Santuário de Fátima, ouviu-se esta afirmação. Fê-la o Papa Bento XVI, apontando a hora do centenário, que se celebra no dia 13 de maio de 2017, ao meio-dia. Desde essa outra hora, há sete anos, um abrangente itinerário pastoral e cultural coordenado e dinamizado pelo Santuário de Fátima preparou a celebração dos 100 anos das Aparições. Na Cova da Iria ou noutros centros de culto e de cultura, foi possível criar novas proximidades à Mensagem de Fátima, lê-la a partir dos tempos atuais e traduzir, em formatos e linguagens diferentes, os apelos deixados aos três pastorinhos. E com um balanço francamente positivo, pela possibilidade que ofereceu a criadores de cultura de se aproximarem das interpelações acolhidas por crianças e propostas a um mundo carente de paz, traduzidas depois em obras de arte, interpretadas por académicos e sobretudo vividas em muitos percursos de vida.

Mas há outra hora, a permanente hora do centenário: a que é vivida desde 1917 por cada peregrino, por cada mulher ou homem que se dirige à Cova da Iria em busca da mensagem “vinda do céu”.

 

Felizmente, Fátima afirma recorrentemente a centralidade do peregrino nas atividades que desenvolve. Quem as observa, corre o risco de erguer indiferenças diante de cada rosto que chega, reza e depois parte de um recinto que é de oração. Mas esse é o dinamismo que mais atenções deveria prender, porque é o único responsável pela vitalidade de Fátima, pela crescente relevância que tem, cada vez mais à escala global.

Em Fátima, cria-se proximidade com Deus, acontece o acolhimento do transcendente e descobre-se a possibilidade de viver o quotidiano com o divino por perto. Como aconteceu com os pastorinhos: sem vidas extraordinárias ou longas, foi essa disponibilidade que fez da história de três crianças uma história de santidade.

Entre 1917 e 2017, o Santuário de Fátima e a Mensagem que lhe dá vida mostrou-se de muitos ângulos, foi pintado de muitas cores e alvo de todas as considerações e sentenças.

Mas, ao longo de cem anos, a densidade da história de Fátima vê-se sempre através da mesma luz, a de cada vela, tem os mesmos rostos como protagonistas, o de cada peregrino, e escreve-se com os momentos de quem chega e depois parte, após horas vividas a partir de dentro. E são essas as horas do centenário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

Passaram 10 anos sobre o desaparecimento de Madeleine McCann, na altura com três anos, num aldeamento turístico de Lagos, no Algarve

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«A primeira coisa a fazer é dizer-lhes que aquilo é mentira, que as ameaças não se vão concretizar», psicóloga Bárbara Ramos Dias sobre o jogo on line «Baleia Azul» dirigido, sobretudo a jovens e adolescentes, que devem cumprir 50 tarefas, algumas de mutilação e possivelmente suicídio, in Diário de Notícias, 25.04.2017

 

 

«Deus só aprecia a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos crentes é o da caridade. Qualquer outro extremismo não provém de Deus nem lhe agrada», Papa Francisco,  na Missa a que presidiu no estádio da aeronáutica militar, no Cairo, no Egito, in Agência Ecclesia, 29.04.2017

 

 

«Morreu o padre que vivia nos nossos corações ateus», escritor e ilustrador Pedro Vieira recordando o Frei Joaquim Carreira das Neves, que faleceu no dia 28 de abril, in Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, 02.05.2017.

 

 

«Símbolos incríveis como o terço são de uma cultura, são das pessoas em geral», artista plástica Joana Vasconcelos, comentando a obra «Suspensão», colocado no Santuário de Fátima, in Público, 03.05.2017

 

Padre Carreira das Neves,
comunicador da palavra

 

A Igreja Católica e a sociedade portuguesa despediram-se do padre Joaquim Carreira das Neves, teólogo e biblista, que morreu a 28 de abril, com 82 anos de idade. D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, presidiu à Missa exequial do religioso franciscano, que considerou uma figura com “grande aceitação, grande acolhimento”, em vários quadrantes da cultura e da sociedade.

“Era uma figura verdadeiramente 

 

 

nossa”, disse, na homilia da celebração que decorreu no Seminário da Luz, em Lisboa.

D. Manuel Clemente destacou, no percurso do religioso francisco, que morreu aos 82 anos de idade, a “enorme vontade de comunicar e enorme capacidade para o fazer, onde fosse preciso, dentro e fora da esfera eclesial”. “Não havia nenhum debate que ele recusasse, não havia nenhuma ocasião que ele evitasse”, precisou.

 

 

 

A intervenção começou por sublinhar a importância de compreender “um Deus que se comunica”, no Cristianismo. “O Verbo fez-se carne e habitou entre nós. Durante mais de 80 anos, esta passagem bíblica teve rosto, nome e figura: o padre Joaquim Carreira das Neves”, declarou.

D. José Ornelas, bispo de Setúbal e especialista no estudo da Bíblia, falou por sua vez do padre Carreira das Neves como alguém que marcou a vida da Igreja e da Universidade Católica, desde o Vaticano II e o 25 de Abril. “Ele foi um dos timoneiros dessa mudança, do entendimento da fonte da constante mudança que é a Bíblia”, sustentou.

O prelado evocou um homem “rigoroso e investigador”, constantemente atualizado, que foi “um peregrino da Palavra, da vida, da alegria, da amizade”.

O padre Joaquim Carreira das Neves trabalhou quase até morrer e deixou um livro praticamente concluído sobre São João, evangelista, adiantou à Agência ECCLESIA o frei Armindo Carvalho, superior provincial da Ordem Franciscana em Portugal.

O padre João Lourenço, franciscano 

 

e diretor da Faculdade de Teologia da UCP, recordou a “grande simplicidade” do seu confrade, que fez parte de “uma notável geração de homens, conhecedores do mundo da Cultura, da Teologia”. Nas Ciências Bíblicas, acrescenta, o padre Carreira das Neves desempenhou um papel “muito importante”, fazendo passar para o espaço público o seu saber, de forma acessível.

Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, evoca por sua vez um “grande mestre da Palavra, da Bíblia, e também um grande mestre da sua comunicação”.

Durante mais de 20 anos de colaboração com a agência de notícias da Igreja Católica e o programa ECCLESIA (RTP2) existiu sempre da parte de frei Carreira das Neves uma “disponibilidade extrema”, com “enorme gosto” em comunicar a sua investigação, refere o jornalista.

O presidente da República Portuguesa manifestou em comunicado “profundo pesar” pelo falecimento do padre Joaquim Carreira das Neves, “franciscano dotado de uma invulgar cultura teológica e humanística”.

 

 

Semana de oração pelas Vocações

A Igreja Católica promove até domingo a Semana de Oração pelas Vocações, que em 2017 tem como tema “Queres dar-te a Deus?”. Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes, que assumiu até este ano o setor pastoral das Vocações e Ministérios em Portugal, admitiu a dificuldade da Igreja Católica em chegar aos jovens e a necessidade de “novas linguagens”, de “novas formas” de comunicar com os mais novos.

“Retomar” o dinamismo da Igreja Católica em Portugal, “concretamente no que à juventude diz respeito”, é um dos grandes desafios que se colocam nesta altura.

“Temos muitos sinais positivos de que a juventude está numa fase de busca, de busca de Deus, de busca de valores” mas ao mesmo tempo ela “tem muita dificuldade em fazer essa busca dentro da estrutura eclesial”, frisa o bispo de Coimbra, que vai passar a pasta das Vocações e Ministérios a D. António Augusto Azevedo, bispo auxiliar do Porto.

D. Virgílio Antunes alerta ainda para a importância de um acompanhamento mais próximo dos jovens, já que muitas vezes a pastoral católica 

 

esquecia o nível “pessoal” e se concentrava nas “comunidades mais alargadas”. Também na promoção de um trabalho mais intergeracional, com lugar à participação dos “mais velhos”, e na busca de “novas linguagens”, de “novas formas” de comunicar com os jovens.

“Precisamos de estar atentos à evolução da sociedade e da própria Igreja, à cultura dos jovens e dos adultos, para podermos enquanto Igreja que evangeliza e que está próxima, ter as formas e os meios, as linguagens, as metodologias adequadas para este acompanhamento”, conclui D. Virgílio Antunes.

Os materiais para a vivência da Semana de Oração pelas Vocações, que decorre entre 30 de abril e 7 de maio, estão disponíveis na página online do Setor de Animação Vocacional do Patriarcado de Lisboa.

 

 

Diocese realizou primeira sessão
da Assembleia Diocesana

O bispo da Guarda presidiu à primeira sessão da Assembleia Diocesana que discutiu, analisou e votou 11 proposições sobre o tema ‘Que Igreja somos?’ destinadas a determinar a ação futura da Igreja local. “Queremos estabelecer um caminho que seja não rápido, tem de ser lento, consistente, para podermos ter caminhos que garantam continuidade para o futuro próximo. Esta é a preocupação que levamos e eu em particular trago para esta primeira sessão”, explicou D. Manuel Felício à Agência ECCLESIA.

No Seminário da Guarda, à margem da primeira sessão, o prelado explicou que a análise à Igreja que querem ser, para estar à “altura das circunstâncias de hoje” e do que se está a viver, faz-se segundo “o pensamento do fundador Jesus, a forma como ela é apresentada nos textos evangélicos, e reapresentada no Concílio Vaticano II”.

As 11 preposições que foram votadas na tarde do sábado, com possíveis acertos, ajustamentos, modificações, foram refletidas em 12 grupos, constituídos entre 20 a 25 pessoas, que são os 240 delegados à 

 

Assembleia Diocesana. ‘Os ministros ordenados, na vida da Igreja; a vocação e missão dos Leigos na Igreja e no Mundo; pastoral de conjunto e unidades pastorais; a relação Igreja Mundo; a Comunicação social’ e ‘reorganização da Diocese’ eram alguns dos temas em análise.

Sobre a comunicação social, por exemplo, D. Manuel Felício afirmou que são três as “ordens de preocupações” e a primeira é cuidar os meios da própria diocese, a começar pelo sítio na internet que têm de “pô-la, efetivamente, ao serviço” até aos três semanários e vários boletins. A transmissão para a comunicação geral das realizações e da identidade da Diocese da Guarda é outra preocupação desta temática, afinal, a forma como transmitem a sua imagem esta “aparece mais ou menos fiel na própria comunicação geral”.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fátima: Bispo de Santarém presidiu a peregrinação diocesana

 

 

 

70 anos dos Combonianos em Portugal 

 

 

Papa e o desafio do diálogo no Egito

 

O Papa Francisco realizou de 28 a 29 de abril uma visita ao Cairo, na qual repetiu mensagens contra a violência, o terrorismo e o ódio fundamentalista, em defesa da liberdade religiosa e do diálogo entre crentes.

A primeira intervenção aconteceu centro de conferências da universidade sunita de Al-Azhar, na qual o Papa sustentou que a “violência é a negação de qualquer

 

 

 religiosidade autêntica”, “Repitamos um forte e claro ‘não’ a qualquer forma de violência, vingança e ódio cometidos em nome da religião ou em nome de Deus”, pediu aos responsáveis religiosos de vários países, reunidos no Egito.

A primeira visita de um Papa a Al-Azhar, principal instituição teológica e de instrução religiosa do Islão sunita, começou com um minuto de silêncio pelas vítimas do terrorismo. O xeque

 

 

 

 Ahmad Al-Tayeb, grande-imã da instituição, recebeu Francisco numa visita que considerou “histórica”; os dois líderes trocaram um abraço, sob as palmas dos participantes reunidos no congresso internacional pela paz promovido pela instituição sunita.

A mesma mensagem foi levada aos líderes políticos do Egito, em particular o seu presidente, recordando as comunidades cristãs atingidas por atentados terroristas, que provocaram dezenas de mortes, por exemplo, no último domingo de Ramos (9 de abril).

O Papa desafiou os responsáveis políticos e religiosos a “desmantelar os planos homicidas e as ideologias extremistas” e abordou depois o “papel insubstituível” do Egito no contexto do Médio Oriente e da construção da paz na região.

O primeiro dia de viagem encerrou-se com a homenagem aos “mártires” cristãos do Egito, na sede da Igreja Copta Ortodoxa. Simbolicamente, a capela de São Pedro acolheu um momento de oração, com a presença de líderes de várias comunidades cristãs, incluindo o patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, e o patriarca 

 

sírio Gregório III Laham (Igreja Católica). Francisco acendeu uma vela e deixou flores junto ao memorial que recorda as vítimas do atentado de 11 de dezembro de 2016, num local onda ainda são visíveis as marcas da violência.

O Papa e o líder dos coptas ortodoxos assinaram ainda uma declaração conjunta, que procura aproximar comunidades separadas desde o século V.

O dia de sábado foi dedicado exclusivamente aos católicos egípcios, junto dos quais Francisco renovou alertas contra o “extremismo”. “Deus só aprecia a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos crentes é o da caridade. Qualquer outro extremismo não provém de Deus nem lhe agrada”, declarou.

A homilia, traduzida para o árabe, apresentou a “fé verdadeira” como aquela que torna os fiéis “mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos”. Já à tarde, o Papa despediu-se hoje da comunidade católica do Egito, que representa menos de 1% da população no país, com uma mensagem de esperança, para contrariar os “profetas da destruição”.

 

Viagem ao Egito foi sinal de paz

O Papa Francisco disse no Vaticano que a sua recente viagem ao Egito foi um “sinal de paz”, agradecendo pelo acolhimento da população, das autoridades civis e religiosas do país. “Um sinal de paz para o Egito e para toda aquela região, que infelizmente sofre por causa dos conflitos e do terrorismo. Daí o lema da viagem, ‘O Papa da paz num Egito de paz’”, explicou, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.

Francisco recordou que esta deslocação, a 18ª viagem internacional do pontificado, aconteceu a convite do presidente da República do Egito, do patriarca copto-ortodoxo, do grande imã de Al-Azhar e do patriarca copto-católico.

A viagem quis, por isso, deixar uma mensagem de paz e diálogo a todos os egípcios, “independentemente da sua cultura ou religião”. “A minha visita à Universidade de Al-Azhar, a mais antiga universidade islâmica e máxima instituição académica do Islão sunita, teve um duplo horizonte: o diálogo entre cristãos e muçulmanos e, ao mesmo tempo, 

 

 

a promoção da paz no mundo”, precisou o Papa.

Francisco apelou a um humanismo que integre a dimensão religiosa e a uma “sã laicidade”, sublinhando que a paz só é possível por meio da educação que respeite a “Aliança” entre Deus e o homem.

A intervenção recordou depois assinatura de uma declaração comum entre o Papa e o patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, Tawadros II, além da oração ecuménica no Cairo. “Juntos, rezamos pelos mártires dos recentes atentados que atingiram tragicamente aquela venerável Igreja e o seu sangue fecundou aquele encontro ecuménico, no qual participou também o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu”, disse Francisco.

O Papa convidou depois os católicos no Egito a ser “fermento de fraternidade”.

 

 

Papa agradece à Ação Católica

O Papa celebrou este domingo no Vaticano os 150 anos da Ação Católica na Itália, com milhares de pessoas, uma festa em que agradeceu aos membros desta instituição pela sua “paixão” e pediu compromisso político aos leigos. “Ninguém pode sentir-se dispensado da preocupação com os pobres e a justiça social”, defendeu, no final de uma celebração de várias horas na Praça de São Pedro, iniciada ao início da manhã.

Francisco declarou que os membros da Ação Católica devem sentir a “responsabilidade” de participar na vida social, com um “compromisso político”, solidário e cultural. “Mas, por favor na grande política, na política com maiúscula”, pediu.

O Papa realçou que a Ação Católica se tornou, em vários países e ao longo das últimas décadas, “um caminho de

 

 fé para muitas gerações, vocação à santidade para muitíssimas pessoas, crianças, jovens e adultos”.

Num tom mais pessoal, o pontífice, filho de imigrantes italianos na Argentina, recordou que os seus pais e a sua avó eram membros da Ação Católica, originando uma salva de palmas da assembleia. Francisco elogiou a “bonita e importante” história desta associação, com homens e mulheres “de todas as condições”, e pediu que a Ação Católica esteja “sempre” inserida na vida das dioceses e das paróquias, sem olhar para trás ou ficando “no sofá”, em vez de seguir em frente.

“Convido-vos a levar por diante a vossa experiência apostólica radicados na paróquia, que não é uma estrutura caduca, perceberam bem?”, disse aos presentes.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa faz «apelo urgente» ao diálogo na Venezuela

 

 

 

Papa recorda «guerras fratricidas» em África no seu vídeo mensal

 

 

O  Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos no  1° de maio 2017

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 
 

No 1º de Maio  somos convidados a refletir sobre a nossa história de Classe Trabalhadora  que sempre lutou por  um trabalho digno, uma sociedade mais justa e uma economia equitativa que nos permita viver com dignidade.

Na luta do dia a dia, muitas vezes debaixo de intempéries, saindo de madrugada para trabalhar ou procurar trabalho na tentativa de  sustentar a família, damos conta de que não estamos sós. Somos milhões de pessoas  que com pouco ou nada no estômago  saiem na esperança de manter a dignidade como trabalhadores e trabalhadoras num mundo de tantas desigualdades que é impossível não se perguntar: Por que  há poucos com tanto e muitos com tão pouco,  se o mundo de alguma forma é de todos!

Na nossa caminhada como Movimentos  de Trabalhadores Cristãos  mantemos firme a missão que Jesus Cristo  nos confiou que não é fácil, mas é  possível. Somos batalhadores. Já nascemos lutando para sobreviver e nessa sobrevivência tentamos continuar firmes na luta no nosso trabalho de formação para uma ação conjunta e coletiva no seio da Classe Trabalhadora, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja. Procurando que o nosso modo de trabalho que tem como base a Revisão de Vida Operária, pelo  método “VER, JULGAR e AGIR” a partir das realidades da vida dos trabalhadores e da sociedade,  nos indique caminhos para agir e fortalecer a luta, interagindo 

 

 

 

 

e intervirndo na nossa realidade no mundo do trabalho e no quotidiano da vida .

Estamos cientes de que qualquer um de nós pode sentir desânimo perante o desemprego, a precariedade do emprego, as crises econômicas, políticas, sociais , mas não podemos  esquecer  que isto faz parte da  vida, pela qual temos que lutar.

Apesar do cansaço a que chegamos, pelas derrotas que sofremos e por sabermos que somos explorados pelo  sistema que nos maltrata, não podemos deixar de acreditar que a vida vai melhorar. Devemos acreditar sempre que fomos chamados para sermos vencedores,  não estamos sós, somos muitos e é preciso continuar a luta por trabalho, comida, lar, educação, saúde, respeito, dignidade e por tantas outras coisas.

Quantos dos nossos companheiros e companheiras do mundo do trabalho  se suicidaram, morreram devido a condições péssimas de trabalho, foram retirados das suas atividades, por doenças como a depressão e tantas outras ou  porque as máquinas os substituíram. Quando procuramos 

 

refugio em nossas famílias, amigos, abrigos e até noutros países, não estamos apenas buscando um espaço, um abraço ou um auxílio, mas 

também a dignidade e a continuação do nosso sentido de pertença à humanidade.

Qualquer discriminação é inaceitável e lutar contra tudo que nos oprime é um dever. O Mundo é a nossa Casa Comum, é a casa de todos e para todos.

Vida é trabalho e trabalho é vida ! A perseverança das lutas do dia a dia é algo que nos impulsiona  para que sejamos trabalhadores criativos, incansáveis, fiéis à Classe Trabalhadora na luta pelos nossos direitos. Sejamos sempre confiantes, esperançosos e persistentes nos nossos combates, principalmente por uma sociedade mais justa e equitativa.

 

 

Smartphones: a tecnologia
que nos põe cabisbaixos

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

 

 

Embora os smartphones sejam muito úteis para comunicar das mais diversas maneiras, atualmente, poderão ser algo mais sem nos darmos conta disso. A atitude mais comum quando passeamos pela rua é ver pessoas cabisbaixas, não porque estejam tristes, mas por estarem a olhar para o écran do seu telemóvel. Estão no Facebook, Twitter, a consultar emails, a ler notícias, trocar mensagens por WhatsApp, a navegar pelo YouTube, ou simplesmente a jogar.

Eu gosto imenso de tecnologia e quem me conhece sabe-o bem. Por exemplo, há pouco menos de uma década que deixei de imprimir os artigos científicos no meu trabalho de investigação, pois, andava sistematicamente com um peso na mão entre casa e a universidade, e estava sempre a imprimir, gastando papel. Quando surgiram os tablets, sobretudo o primeiro iPad, imprimir deixou de fazer sentido. Na altura, havia quem me dissesse que preferia imprimir e nada substituía o papel, mas ao longo do tempo, também esses deixaram de imprimir.

Antigamente se queria meditar o evangelho todos os dias, e não tinha possibilidade de ir à missa, ou comprava um missal, ou um pequeno livro contendo todas as leituras, mas esquecendo-me dele... pois. Atualmente, com uma simples App, tenho o Evangelho, literalmente, na palma da minha mão.

Podemos fazer um uso excelente da tecnologia, mas ao longo dos últimos tempos, tenho-me apercebido de outras coisas. Quantas pessoas, grupos de amigos, famílias, não vejo sentadas numa mesa de café, 

 

 

juntas, mas ser falar entre si porque, cada uma, está entretida no seu telemóvel. Quantas pessoas, deixando o telemóvel em cima de uma mesa, podem estar numa conversa e não conseguem estar atentas por mais do que uns minutos sem olhar para o dito cujo. Numa refeição de confraternização, quando vamos para ao WC, qual a primeira coisa que fazemos senão tirar o smartphone e andar à derivada pelas redes sociais ou tratar de alguns emails, ou mandar uns quantos emojis no WhatsApp sem dizer uma palavra. Eu sei que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas não corremos o risco de sermos superficiais e perder a profundidade de um pensamento escrito? Nos casais, quando o telemóvel nos desperta pela manhã, qual a primeira coisa que fazemos? Consultar os email e mensagens, ou dizer bom dia ao cônjuge? Há qualquer coisa que não está certa...

Não há dúvida de que a tecnologia é útil, mas uma das razões pelos smartphones absorverem um parte significativa do nosso tempo é mais séria do que poderíamos pensar à partida.

 

Dopamina.

Esta é a substância que o nosso cérebro liberta quando algo nos satisfaz, motiva e dá a sensação de realização. É a substância que nos  

 

velhos tempos os jovens procuravam com o álcool, ou drogas. E hoje, um smartphone é um bar aberto de dopamina.

Quem não fica satisfeito com um Like no Facebook, Instagram, ou Twitter? E quem não pensa ao ver diminuído esse número de Likes "fiz alguma coisa de errado?" Quem não fica satisfeito quando alguém responde logo a uma mensagem que enviámos? Quem não é capaz de perder a noção do tempo ao fazer scroll pelo mural do Facebook? E porquê? Porque bebe dopamina sem se dar conta disso. A longo prazo, o resultado acaba por ser o sacrifício dos relacionamentos.

Antigamente, quando duas pessoas que não se conheciam se encontravam sentadas numa sala de espera era comum começarem a dialogar. Agora, cada uma com o seu telemóvel. Quantas vezes não vi na missa pessoas a consultarem sistematicamente o seu telemóvel, ou a sair a meio para atender uma chamada. Quais as consequências disto no futuro? Ao pouco e pouco vamos descobrindo, mas penso que vale a pena fazermos um exame de consciência.

Vale a pena experimentar "desconectar" para nos "conectarmos", encontrar um equilíbrio entre o real e o virtual, gerir bem o relacionamento analógico e o digital, levantar a cabeça e olhar em frente...

 

 

O Papa em Fátima

  José Carlos Patrício   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

A poucos dias da chegada do Papa Francisco a Fátima, regresso à adolescência para recordar a primeira (e até única vez) que assisti ao vivo à visita de um Papa pelo Santuário, neste caso João Paulo II em 1992.

Na altura com 15 anos, fui com os meus pais e lembro-me do entusiasmo da minha mãe, que sempre teve uma devoção especial por Nossa Senhora e por Fátima, a par de uma expressão mais contida do meu pai, que nunca foi de se meter ‘em grandes apertos’ mas que quis fazer esse gosto à sua mais que tudo.

Nesse ano, estava a preparar-me para começar o ensino secundário, andava também no pré-seminário e entraria uns meses mais adiante no Seminário de São José de Caparide, no Estoril.

É para mim claro que neste contexto vivi de forma ainda mais especial esse ‘encontro’ com João Paulo II, com aqueles ‘óculos’ diferentes de quem na altura ia dar um passo novo na sua vida.

Tantas anos depois, as recordações das celebrações, as mensagens que foram ditas, estão um pouco perdidas na memória.

Permanece o aglomerado impressionante de pessoas, de peregrinos, de crentes, de tal modo que (à semelhança de agora) como o alojamento estava esgotado, os meus pais e eu dormimos no carro – correção, eu e o meu pai, a minha mãe penso que nem dormiu!

Mas resiste sobretudo na minha cabeça a ideia de como a fé pode ser uma força tão poderosa, capaz de juntar no mesmo espaço centenas de milhares 

 

 

de pessoas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas na expressão dos sentimentos.

E de como um só homem, neste caso o Papa, consegue inspirar tanta alegria, tanta emoção, e ao mesmo tempo tanta esperança.

E a figura de João Paulo II, que vi passar mesmo ao meu lado, junto às barreiras, com o seu ar amável, atento, a abençoar as pessoas, com um sorriso.

No dia 12 e 13 de maio, vou viver pela segunda vez ao vivo este acontecimento, a visita de um Papa a Fátima, e pela primeira vez vou também assistir ao vivo a uma cerimónia de canonização, sem esquecer que se comemora o Centenário das Aparições de Nossa 

 

Senhora na Cova da Iria.

Só que desta vez sigo com uma missão diferente, como jornalista, com a preocupação de relatar, de descrever o que está a acontecer, de informar, integrado nesta equipa que é a Agência ECCLESIA, que também já gosto de considerar como uma outra família.

Certamente com mais pessoas do que em 1992, porque as condições do recinto hoje assim o permitem, com certeza mais stressado e nervoso como o trabalho assim impõe (e até é bom para não adormecer na parada), espero que esta seja uma jornada extraordinária para todos os que estiveram em Fátima e que a cobertura informativa consiga também estar à altura deste evento.

 

 

 

 

 

O Papa Francisco vai visitar o Santuário de Fátima a 12 e 13 de maio, numa viagem de 22 horas em solo português centrada na Cova da Iria, a convite do presidente da República e dos bispos portugueses, por ocasião do Centenário das Aparições. Francisco vai assim tornar-se o quarto Papa a viajar até Fátima, num ano particularmente simbólico, e presidirá à primeira canonização em solo 

 

 

português, proclamando como santos os mais jovens dos videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto.

O Semanário ECCLESIA apresenta uma entrevista de fundo com D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e apresenta um conjunto de informações, depoimentos e documentos que procuram ajudar a viver melhor este momento histórico.

 

 

 

 

 


Programa Completo

12-05-2017

 

14:00

Partida do Aeroporto de Roma/Fiumicino para Monte Real

16:20

Chegada à Base Aérea de Monte Real. Cerimónia de boas-vindas

16:35

Encontro privado com o presidente da República

16:55

Visita à Capela da Base Aérea

17:15

Deslocação em helicóptero para o Estádio de Fátima

17:35

Chegada ao Estádio de Fátima e deslocação para o Santuário em viatura aberta

18:15

Visita à Capelinha das Aparições

21:30

Bênção das Velas na Capelinha das Aparições

Recitação do Santo Rosário

 

 

13-05-2017

 

09:10

Encontro com o primeiro-ministro

09:40

Visita à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

10:00

Santa Missa no Recinto do Santuário

Canonização de Francisco e Jacinta Marto

Saudação aos doentes

12:30

Almoço com os Bispos de Portugal na Casa “Nª Sr.ª do Carmo”

14:45

Cerimónia de despedida na Base Aérea de Monte Real

15:00

Partida de avião da Base Aérea de Monte Real para Roma

19:05

Chegada ao Aeroporto de Roma/Ciampino

 

 

 

Peregrinação do Papa Francisco dá «mais credibilidade mediática e existencial» a Fátima

 

D. António Marto analisa a relação dos vários pontificados com Fátima e o momento atual de receção de uma mensagem que tem na misericórdia a “síntese” interpretativa. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Leira-Fátima diz que tem “muito respeito” por cada peregrino e, no contexto da canonização dos pastorinhos, afirma que “é hora de escutar as crianças

 

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

 

Agência Ecclesia (AE) – A celebração do Centenário das Aparições de Fátima e a presença do Papa Francisco para o assinalar marca o início de uma nova era na história deste Santuário?

D. António Marto (DAM)- Fátima está muito ligada à presença dos Papas. É uma mensagem que se dirige à História, acompanha a História da Humanidade e História da Igreja. E cada Papa tem vindo aqui com uma intencionalidade particular: para o Papa Paulo VI, em 1967, o grande tema da sua homilia foi a paz, na altura em perigo por causa da guerra fria.

 

AE – Também a paz na Igreja?

DAM – E a paz na Igreja, sobretudo

 

 logo a seguir ao Concílio Vaticano II, que o Papa Paulo VI conduziu com mestria, evitando os cismas (o que pode ter sido uma graça de Nossa Senhora, porque normalmente depois de cada concílio há sempre um cisma, há sempre que gente que não aceita o Concílio).

 

AE – Fátima pode estar ligada, dessa forma, ao Concílio Vaticano II, quando se assinalavam 50 anos das Aparições?

DAM – Foi lá que o Papa Paulo VI anunciou o título de ‘Mãe da Igreja’ atribuído a Nossa Senhora. E, após o Concílio, decidiu sozinho, contra a opinião de toda a Cúria Romana, vir a Fátima.

 

 

 

Depois veio o Papa João Paulo II,tendo por tema central a defesa da dignidade da pessoa humana em ordem à libertação dos povos que estavam subjugados por regimes totalitários e ateístas, ligando-se de uma forma particular e íntima a Fátima, que visitou por três vezes.

 

AE – E aqui continua…

DAM – Continua! E uma grande notoriedade de Fátima deve-se a ele, depois disso!

Veio o Papa Bento XVI, num momento difícil da Igreja, a necessitar de purificação. Ele mesmo atualizou esse aspeto da mensagem, porque a mensagem é dirigida também à Igreja, tanto à Igreja que Sofre como a que passa pela crise e precisa de purificação. O Papa Bento XVI nesse aspeto foi formidável e excecional quando, no avião que o trazia para Portugal, aplicou a Mensagem de Fátima à purificação da Igreja, da sujidade que tinha entrado cá dentro e era necessário limpá-la.

Agora vem este Papa, cujo pontificado é marcado desde o início pela misericórdia, o que já contribuiu para tomarmos mais consciência desse aspeto, porque a Mensagem de Fátima é essencialmente uma

 

 mensagem de misericórdia!

A última aparição de Nossa Senhora a Lúcia, em Tui, termina com duas palavras: “Graça e Misericórdia”. Na minha opinião essa é a síntese de toda a mensagem, a cúpula.

A visita do Papa Francisco relança a mensagem no aspeto da misericórdia, de uma Igreja casa materna da misericórdia. Fátima deve ser um lugar materno da misericórdia, onde todos e cada um se sinta acolhido, escutado, compreendido, amado, perdoado e encorajado a viver a boa nova do Evangelho, de um Deus próximo, que oferece a todos um caminho de salvação, sem limites à misericórdia.

Por outro lado, o tema das periferias, no contexto da devoção mariana do Papa que está muito ligada à ternura, levada às periferias geográficas, dos povos que estão mais à margem na miséria ou em guerra, e existenciais, de todas as pessoas que sofrem e precisam da proximidade e do apoio da Igreja.

 

AE – Prevê que esses serão os temas de eleição do Papa Francisco, em Fátima?

DAM – Creio que sim! Mas Francisco é um Papa das surpresas. Era mais fácil prever o que viria dizer Bento XVI,

 

 

 

a quem já conhecíamos o pensamento. Este é um Papa das surpresas, quer nos temas que traz quer na maneira de os abordar, de uma maneira muito prática, acessível, tocante, mordente até. Mas penso que não deixará de tocar esse tema da misericórdia e das periferias.

 

AE – O Papa Francisco tem credibilidade junto de públicos menos próximos da Igreja Católica, a sua presença em Fátima será também um fator de credibilização da mensagem junto de quem se distancia deste ambiente?

DAM – Todos os Papas que aqui 

 

vieram deram notoriedade e credibilidade a Fátima. Quando o Papa peregrina, o Pastor Universal da Igreja, é toda a Igreja que peregrina com ele! Naturalmente que este Papa entra no coração das pessoas pela sua proximidade, pela sua humanidade, pela misericórdia, que coloca a Igreja no mundo não para condenar, mas para transmitir o amor misericordioso de Deus que é oferecido a todos incondicionalmente. O que dá mais credibilidade do ponto de vista mediático e existencial, porque do ponto de vista objetivo já a tem.

 

 

 

Maturidade na receção mensagem

AE – A celebração do centenário é uma ocasião para que a receção da Mensagem de Fátima aconteça de forma nova?

DAM – Este centenário foi uma motivação muito grande para a redescoberta da beleza e da riqueza da Mensagem de Fátima. Muitas vezes foi compreendida de forma redutora e fragmentada: umas vezes porque reduzida a devoções avulsas, desconexas da própria mensagem, sem saber a relação entre a devoção e a mensagem e, por isso, a razão de ser da devoção; outras vezes porque reduzida aos apelos de Nossa Senhora, sem colocar em relevância os dons que ela trazia à humanidade, que vivia hora dramáticas e a quem Deus vinha trazer dons para superar os dramas daquela época.

O centenário foi o motivo e o momento – mesmo para mim mesmo – em ordem a uma visão global, harmónica da Mensagem de Fátima, pondo em relevo em primeiro lugar os dons: é uma mensagem de graça, de misericórdia e de paz, que depois requer o acolhimento e a vivência

 

 

e o testemunho dessa mensagem, ou seja, resposta aos apelos de Nossa Senhora à conversão dos corações, porque o mundo muda na medida em que mudar o interior das pessoas, à oração, sobretudo a oração pela paz, 

 

 

 

 

à adoração, reconhecendo Deus e a sua presença na vida das pessoas e do mundo, e à reparação, hoje a revalorizar porque se trata de reparar o que foi estragado pelo pecado dos homens, de reconstruir o que foi destruído, de refazer o que foi desfeito no mundo e na relação entre os povos. Ligado com estes aspetos estão as devoções típicas de Fátima, por exemplo a adoração eucarística, a devoção ao Imaculado Coração de Maria (a Mãe que fala ao coração dos filhos) e ao Sagrado Coração de Jesus.

 

AE – No livro ‘Fátima, Mensagem de Misericórdia e de esperança para o mundo”, o D. António Marto escreve que Fátima é a voz das vítimas deste mundo…

DAM – É verdade. A Mensagem de Fátima convida-nos a ler a História a partir das vítimas, a partir dos pobres, dos excluídos, dos marginalizados, dos que não contam, em contraste com os poderosos que têm já a sua geografia do poder.

 

AE – Aí a mensagem não consegue chegar?

DAM – E muito mais difícil, porque normalmente o coração dos poderosos está possuído pelo ídolo do poder.

 

AE – E contra isso reage a Mensagem de Fátima?

DAM – Reage contra isso e, por isso, procura criar um movimento popular, acessível e abrangente de todo o povo, em ordem a uma renovação espiritual e moral dos povos.

 

AE – Incluir o tema da misericórdia, a partir da aparição de Nossa Senhora em Tui, traz novidade à interpretação da mensagem de Fátima?

DAM – Para mim, a misericórdia é a síntese final da Mensagem de Fátima. Começou com as aparições do anjo (como diz a Irmã Lúcia: ‘quis-nos introduzir no mistério de Deus, do amor de Deus e na sua misericórdia’), os diálogos com Nossa Senhora, que temos de ver no seu conjunto, e depois essa última, que é uma visão deslumbrante, que cada pessoa recebe de acordo com as imagens e conceitos que tem.

 

AE – E não encontra contradições entre elas?

DAM – Não. Para mim, as últimas aparições com Lúcia adulta, em Pontevedra e Tui, são de caráter complementar e interpretativo. Não vejo contradição.

 

 

 

A conversão é de todos os tempos

AE – Fátima determina-se pela receção da mensagem, em diferentes épocas como as duas Grandes Guerras ou ocasiões marcadas mais pela dimensão da penitência. Na atualidade, o que define a receção da mensagem? Há uma predominância cultural em torno da mensagem?

DAM – A conversão marca a Mensagem de Fátima.

 

AE – Em todos os tempos?

DAM – Em todos os tempos! Naturalmente que a conversão não é algo de abstrato, mas de um momento histórico, na situação de cada peregrino, de cada família ou sociedade.

Fátima cruza-se depois com cada época: a primeira e segunda Grande Guerra, com milhões de vítimas inocentes, tendo Fátima interpretado o clamor das vítimas quando Nossa Senhora foi porta-voz do clamor das vítimas. Segue também a história do país, com reflexos na renovação espiritual da Igreja nas várias épocas, mas é universal.

Neste centenário, demos um relevo especial a uma abordagem cultural 

 

porque para muita gente Fátima é uma espécie de subcultura, para os simples, para os pobres, os ignorantes e incultos, o que já significa um desprezo pelo que o povo é, com muitos valores. Procuramos, por isso e porque os desafios dos tempos o exige, transmitir a mensagem em diferentes registos de linguagem, para as crianças, os jovens e os adultos. Tanto através da literatura, como da arte, da música, o teatro e até do cinema, para que Fátima seja expressão e promotora de cultura de valores, que fale às pessoas de hoje.

 

AE – É a essa a forma de atualmente Fátima se impor, recuperando uma expressão do cardeal Cerejeira, à Igreja e ao mundo?

DAM – É um aspeto, mesmo não sendo o único! A forma de comunicação e evangelização tem de assumir estas novas linguagens.

 

Canonização dos pastorinhos

AE – O que acrescenta ao que se vive em Fátima a canonização dos pastorinhos?

DAM – A canonização dos pastorinhos é como a cereja em cima do bolo. O centenário não ficaria completo sem 

 

 

 

ieste aspeto da canonização dos pastorinhos.

A santidade dos pastorinhos é o fruto mais belo da Mensagem de Fátima. E tem um significado muito relevante: primeiro porque são as primeiras crianças não mártires a serem canonizadas, a serem reconhecidas como santos. A santidade é para todas as idades.

 

AE – A caraterística principal dos pastorinhos é a disponibilidade para receber Deus?

DAM – Há uma pergunta chave que Deus faz aos pastorinhos donde parte todo o caminho que eles fizeram: “Quereis oferecer-vos a Deus para reparar os pecados do mundo?”

Quer dizer: Nossa Senhora vem buscar colaboradores no desígnio da misericórdia de Deus. Começou por  

 

estas crianças disponíveis, que depois fizeram o seu caminho na companhia de Maria.

Trata-se de uma santidade do quotidiano, cada um com a sua característica própria: o Francisco é mais meditativo, contemplativo, porque viveu fascinado pela beleza da bondade e do amor do mistério de Deus, de que ele fala. O que corresponde à dimensão mística da fé, muito importante no mundo em que vivemos: sem o suporte cultural, familiar e social da fé, ela não se aguenta sem a experiência amorosa de Deus. O que constitui uma grande interpelação! Depois, como ele gostava de meditar na vida à luz de Deus, é um convite para nós, que vivemos tão distraídos e dispersos, a meditar no essencial da vida.

As crianças também ensinam os adultos! Digo-o porque tenho aprendido muito com as crianças! É a hora de escutar as crianças.

 

 

 

DAM - A Jacinta tinha a caraterística da compaixão, que sofria com os que sofrem e era capaz de rezar por eles e até de partilhar a merenda com os que não tinham. Numa sociedade marcada pelo individualismo, cada um no seu mundo, pela indiferença em relação ao outro, chegando mesmo a virar-se o olhar para não ver o outro, a compaixão é a virtude que nos leva a sofrer com os outros, a partilhar o sofrimento dos outros e a sofrer pelos outros. Isso é belo e necessário hoje!

 

 
 
Papa Francisco em Fátima

AE – O Papa Francisco, em Fátima, traz as preocupações da renovação da Igreja que quer concretizar, colocando-as junto a Maria?

DAM – Há aspetos interessantes da relação do Papa com Fátima. A primeira coisa é que antes de ir para o conclave, foi de propósito celebrar a última missa a uma Igreja de Nossa Senhora de Fátima; no primeiro Ângelus, refere Nossa Senhora de 

 

 

 

 

 

Fátima; no Ano da Fé, fez o ato de consagração do mundo a Nossa Senhora de Fátima, tocando-a afetivamente; na mensagem para o Dia Mundial da Juventude, recorda os 300 anos de Aparecida e os 100 anos das Aparições de Fátima; depois de ser eleito, dos cumprimentos que recebeu do então cardeal-patriarca de Lisboa D. José Policarpo, pediu para rezar por ele em Fátima, consagrando o seu pontificado a Nossa Senhora.

Penso que o Papa Francisco vem colocar o seu pontificado diante de Nossa Senhora com todas as preocupações que tem!

 

AE – Um outro aspeto que o D. António Marto valoriza na Mensagem de Fátima diz respeito à infidelidade e a apostasia na Igreja. É um problema também dos dias de hoje?

DAM – O risco da apostasia era muito grande quando a Igreja era perseguida e muitos cristãos tinham as suas fraquezas e abandonavam a fé ou renegavam-na publicamente, mesmo que no íntimo permanecesse.

Hoje o maior risco não é a apostasia declarada, mas a indiferença religiosa de quem prescinde de Deus e o põe de parte, mesmo que o não negue.

 

Hoje prescinde-se, põe-se de parte, voltam-se as costas e vive-se como se Ele não existisse ou não estivesse presente. Esta indiferença religiosa contagia bastante os ambientes religiosos. As pessoas dizem ‘sou católico’, mas depois vivem sem o sentido da presença de Deus, sem a experiência amorosa de Deus de que os pastorinhos deram testemunho.

 

AE – Não é antes uma indiferença à instituição, à Igreja Católica?

DAM – Não é só! Também existe: há uma desafeição por tudo o que são instituições…

 

AE – E uma afeição crescente a líderes, ao Papa a ambientes como o do Santuário de Fátima…

DAM – É o que chamamos pós-modernidade, onde as pessoas se determinam pela emoção, pelo afeto, pelo que os toca e interessa mais e interpela. Mas o grande problema, hoje, é o da indiferença religiosa em relação ao próprio Deus. Há espiritualidade, nas uma espiritualidade ‘new age’ , sem Deus, que parece incómodo.

 

 

 

AE –Alfredo Teixeira, professor da Universidade Católica Portuguesa, olha para Fátima como um local onde acontecesse uma reconfiguração da experiência crente, não em torno de comunidades, mas do indivíduo. Identifica-se esse processo aqui em Fátima, com a presença de católicos no anonimato?

DAM – É verdade, mas não acontece só agora, já vem de longe! Até há gente que não frequenta a missa dominical, mas vem aqui de vez em quando...

 

AE – O que é que isso revela?

DAM – A individualização da religião. Falta a abertura do coração à dimensão comunitária e universal da fé. O que requer comunidades vivas, que não sejam anónimas, onde cada um vive para seu lado.

Aqui há também uma educação da fé a fazer, porque um dos perigos é as pessoas pensarem que se convertem ao vir a Fátima

 

AE – Mas ajuda…

DAM – Ajuda, sensibiliza, toca, mas não dispensa todo o trabalho que se faz nas comunidades cristãs pelo mundo fora

 
Cada peregrino

AE – O que diz ao bispo de Leiria-Fátima o rosto de cada peregrino que está no recinto do Santuário de Fátima?

DAM – Cada peregrino traz uma história consigo, uma história de fé que me deixa maravilhado e me interpela, muitas vezes com os dramas da vida, as esperanças e alegria, que se notam no canto, na procissão de velas, no adeus, nas lágrimas, que são muitas vezes lágrimas de dor, mas também são lágrimas de alegria…

 

AE – O D. António disse que se converteu a Fátima: pelos estudos intelectuais ou ao ver o seu pai a rezar o terço?

DAM – Pelas duas coisas simultaneamente. O meu pai deu-me uma lição de fé como ninguém, pela simplicidade da fé que vivia, na simplicidade da expressão da piedade popular, mas com uma transferência e uma riqueza de alma que eu não tinha, o que fez com que as escamas com que olhava para a piedade caíssem e me abrisse aos valores da piedade popular que aqui se expressam. Tenho muito respeito pelos peregrinos, 

 

 

 

mesmo que possa discordar de uma ou outra manifestação mais chocante, mas sempre com muito respeito pela história de cada um. Depois foi o estudo das ‘Memórias da Irmã Lúcia’. Sem esse estudo aprofundado nunca teria captado a originalidade e riqueza desta mensagem.

Por vezes as pessoas pensam que a 

 

 

 

Mensagem de Fátima se possa substituir aos Evangelhos ou seja uma espécie de Evangelhos. Não é. É um eco do Evangelho para um determinado momento da história e que continua sempre a ser atualizado no tempo, nos acontecimentos.

O centenário
em sete anos

AE – Em 2010, quando o Papa Emérito Bento XVI lançou o centenário e, desde aí, começou a sua preparação a sua preparação. Está a corresponder às expectativas criadas pelo bispo da Diocese de Leiria-Fátima?

DAM – Está! Eu apanhei a interpelação do Papa Bento XVI quando ele terminou a homilia dizendo ‘daqui a sete anos voltareis aqui para celebrar o centenário’. Nessa altura disse ao reitor ‘vamos fazer um programa já, de sete anos, para comemorar o centenário não apenas num ano, que será muito pouco e muito pobre’. Uma equipa trabalhou os programas para ano, o que correspondeu às minhas expectativas e superou-as! Foi muito além do que eu previa.

 

 

Francisco em Fátima, passo a passo

 

Cem anos depois das Aparições, o Papa Francisco chega a Fátima para presidir à Peregrinação Internacional Aniversária de maio e à canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.

 

Chegada

A sexta viagem apostólica a Portugal começa na Base Aérea de Monte Real, pelas 16h20, onde o Papa chega acompanhado pelo seu séquito e por um grupo de cerca de 70 jornalistas de vários países.

A viagem vai começar às 14h00 de 12 de maio (hora de Roma, menos uma 

 

em Lisboa), no aeroporto de Fiumicino, seguindo o voo papal para Monte Real, com chegada prevista para as 16h20 portuguesas

O grupo coral dos cadetes da Academia da Força Aérea Portuguesa vai saudar o Papa com um cântico mariano.

Uma vez na base aérea, e depois de receber “os cumprimentos de diferentes individualidades”, Francisco

 

 

 

 

 

encontra-se em privado com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Em seguida, visita a capela da base área de Monte Real, para um momento de oração, acompanhado pelo bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Manuel Linda.

Francisco será o terceiro pontífice católico a usar a base de Monte Real, 

 

 

a cerca de 40 quilómetros de Fátima, depois de Paulo VI (1967) e João Paulo II (1991).

Depois de rezar na capela, Francisco seguirá de helicóptero da Força Aérea para o estádio do Grupo Desportivo de Fátima, com chega prevista para as 17h15, e dali para o Santuário de Fátima, em viatura aberta.

 

 

 

 

 

 

Fátima

O percurso entre o estádio e o Santuário de Fátima, com início às 17h35, vai ser feito num papamóvel aberto, neste caso a viatura utilizada habitualmente nas audiências gerais de quarta-feira, no Vaticano, pelas estradas da Giesteira e de Minde, Rotunda Sul e Avenida D. José Alves Correia.

No início da alameda lateral sul, a viatura aberta entra no Recinto, passando pelo Pórtico Jubilar no topo do Recinto, dirigindo-se pelo corredor central até à Capelinha das Aparições, onde o Papa se recolhe em oração, em silêncio.

 

Capelinha das Aparições

O primeiro momento da agenda de Francisco na Cova da Iria é uma oração na Capelinha das Aparições, pelas 18h15, onde o Papa vai ser acolhido por crianças das três escolas católicas da região. A página oficial da viagem a Portugal explica que Francisco vai ter à sua espera na Cova da Iria crianças das escolas do Sagrado Coração de Maria, de São Miguel e do Centro de Estudos de Fátima.

O “coração” do Santuário de Fátima assinala o local onde os Pastorinhos testemunharam as aparições da Virgem Maria em maio, junho, julho, setembro e outubro de 1917; seria

 

 

mandada construir, segundo as Memórias da Irmã Lúcia, “por indicação da Senhora”.

Erigida entre 28 de abril e 15 de junho de 1919, foi posteriormente benzida, tendo-se aí celebrado missa pela Primeira vez em 13 de outubro de 1921; foi dinamitada na madrugada de 6 de março de 1922, sendo restaurada e reinaugurada a 13 de janeiro de 1923.

“Embora sujeita a ligeiras alterações, a Capelinha das Aparições mantém os traços originais e característicos de uma ermida popular”, explica a página oficial do Santuário de Fátima.

O alpendre atual foi inaugurado aquando da primeira vinda de João 

 

 

 

Paulo II ao Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio de 1982.

A peanha onde se encontra a Imagem de Nossa Senhora “marca o sítio onde estava a pequena azinheira sobre a qual a Senhora do Rosário apareceu”.

Após a oração, de novo no Papamóvel, Francisco dirige-se do recinto, pela rua Cónego Formigão, para a Casa de Nossa Senhora do Carmo, onde janta e permanece até às 21h30, altura em que, pelo mesmo trajeto, regressa à Capelinha.

O Papa Francisco vai então dirigir uma saudação aos peregrinos, aquando da bênção das velas, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a recitação do Rosário.

 

 

 

Casa de Nossa Senhora do Carmo

A Casa de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Fátima, vai acolher o Papa Francisco na sua peregrinação a Portugal. O programa oficial da viagem, divulgado hoje em Fátima e no Vaticano, prevê que o Papa descanse nesta casa, após a oração na Capelinha das Aparições, na tarde do dia 12, e receba ali, a 13 de maio, o primeiro-ministro português, António Costa, e os bispos católicos, para o almoço que encerra a agenda de compromissos na Cova da Iria.

 

 

Em 2010, Bento XVI ficou alojado no segundo piso da Casa do Carmo, no mesmo quarto que acolheu João Paulo II no ano 2000. A Casa de Nossa Senhora do Carmo alude a uma invocação mariana referida na aparição do 13 de outubro de 1917.

O atual edifício, da autoria do arquiteto Carlos Loureiro, foi inaugurado pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, a 13 de maio de 1986, para acolher serviços administrativos do Santuário e servir para a realização de atividades pastorais como retiros, encontros ou cursos.

 

 

Basílica de Nossa Senhora do Rosário

O programa oficial do dia 13 começa às 09h10, num encontro com o primeiro-ministro português, António Costa, na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo, deslocando-se depois o Papa para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde visita os túmulos dos Pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia, pelas 09h40.

A primeira pedra do templo foi benzida a 13 de maio de 1928 pelo arcebispo de Évora; a dedicação celebrou-se em 7 de outubro de 1953 e o título de basílica foi-lhe concedido por Pio XII, a 11 de novembro de 1954. No braço esquerdo do transepto encontra-se a capela em e que repousam, desde 1 de maio de 1951, 

 

 

os restos mortais da Beata Jacinta, que morreu no dia 20 de fevereiro de 1920, e os da Irmã Lúcia, que faleceu em 13 de fevereiro de 2005 e para ali foi trasladada no dia 19 de fevereiro do ano seguinte.

A imagem da Jacinta que aí se encontra é da autoria de Clara Menéres e foi benzida por João Paulo II no dia 13 de maio de 2000; no mesmo dia, o Papa polaco benzeu a imagem do Francisco, obra do escultor José Rodrigues. No extremo oposto do transepto está a capela onde estão depositados desde 13 de março de 1952 os restos mortais do Beato Francisco, que morreu em 4 de abril de 1919.

 
 

 

 

Missa e Canonização

A Missa da peregrinação internacional aniversária de maio, no Centenário das Aparições, tem início previsto para as 10h00, no recinto de oração do Santuário. O Recinto de Oração foi remodelado no último ano, e o presbitério, onde se inclui o altar, é uma “construção completamente nova” do arquiteto grego Alexandros Tombazis, o mesmo que assinou o projeto da Basílica da Santíssima Trindade, e da arquiteta Paula Santos.

Segundo o Santuário de Fátima, o espaço tem três pontos "fundamentais", o altar, o ambão, e a cátedra, aos quais se somam a cruz e o suporte para a imagem de Nossa Senhora. O novo presbitério tem capacidade para 120 concelebrantes e desceu 2,4 metros na escadaria face ao antigo, tornando-se assim mais próximo da assembleia.

Ali, o Papa Francisco preside à Eucaristia na qual vai canonizar os beatos Francisco e Jacinta Marto; cerca de 20 crianças, com idades entre os seis e os 16 anos, vão “escoltar” as relíquias dos irmãos videntes na procissão de entrada. As relíquias, um fragmento de osso de Francisco e uma madeixa de cabelo de Jacinta, vão ser 

 

transportadas em dois relicários que têm a forma de candeia e ser colocadas à direita do altar, junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Os relicários vão ser transportados pela postuladora da Causa da Canonização de Francisco e Jacinta, a irmã Ângela Coelho, e por Pedro Valinho, assessor da Postulação.

A canonização de Francisco e Jacinta Marto vai ser a primeira cerimónia do género em Portugal. As celebrações de canonização acontecem, por norma, na Praça de São Pedro, onde o Papa Francisco presidiu a oito cerimónias do género desde 2013, mas o atual pontífice já canonizou dois sacerdotes em viagens ao estrangeiro: São José Vaz (14 de janeiro de 2015, Sri Lanka) e São Junípero Serra (23 de setembro de 2015, Estados Unidos da América).

Em relação ao rito de canonização propriamente dito, em português, o bispo de Leiria-Fátima, acompanhado pela postuladora da causa, irmã Ângela Coelho, começa por pedir, em três momentos sucessivos, que os beatos sejam inscritos no “álbum dos Santos”. D. António Marto, fará "uma breve apresentação da biografia dos dois novos santos, antes da invocação da ladainha dos santos".

 

 

 

“Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a nossa, após ter longamente refletido, invocado várias vezes o auxílio divino e escutado o parecer dos nossos irmãos no episcopado, declaramos e definimos como Santos os Beatos Francisco e Jacinta Marto, inscrevemo-los no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados 

 

entre os Santos”, refere a fórmula de canonização, a ser proferida pelo Papa.

Após a fórmula de canonização, D. António Marto, acompanhado pela postuladora da Causa da Canonização de Francisco e Jacinta, agradece a proclamação e pede ao Papa que redija a Carta Apostólica relativa à canonização dos dois Pastorinhos. O coro entoa o Glória, assinalando o fim da cerimónia da canonização e a continuação da Eucaristia.

No termo da Missa, as duas relíquias deixam o altar com o andor da 

 

 

 

 

imagem de Nossa Senhora de Fátima e seguem em cortejo até à Capelinha das Aparições, onde vão ficar expostas até ao final do dia 13 de maio. "Regressam depois à Casa das Candeias, onde se encontram habitualmente, uma vez que as relíquias mais importantes de Francisco e Jacinta, os seus corpos, estão à guarda do Santuário, nos túmulos colocados nos dois lados do transepto da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima", acrescenta a nota divulgada no site www.papa2017.fatima.pt

Os pastorinhos vão tornar-se os mais jovens santos não-mártires da história da Igreja Católica.

A Oração dos Fiéis, como é tradição nas peregrinações internacionais aniversárias, será rezada em seis línguas: português, italiano, inglês, francês, polaco e árabe. Na oração em árabe, pede-se pelos migrantes, pelos pobres e pelos refugiados, “para que por intercessão de Maria, que conhece as suas dores, se sintam acolhidos por todos os que lhes oferecem dignidade e razões de espera”.

No novo Presbitério deverão estar cerca de 140 pessoas, entre as  

 

quais oito cardeais, 73 bispos e arcebispos, além dos membros leigos do séquito papal. Uma cruz oferecida pelo Padre Pio, uma custódia para a bênção dos doentes, um cálice oferecido pelos doentes de Portugal e um cibório ou píxide (taça com tampa para colocação das hóstias consagradas) são as alfaias litúrgicas a usar na Missa.

Trata-se de peças já existentes no Museu do Santuário de Fátima e que são usadas nas cerimónias do Tríduo Pascal, tendo sido igualmente utilizadas (à exceção da custódia) pelo Papa Bento XVI, a 13 de maio de 2010, refere uma nota da Secção de Arte e Património do Santuário.

O Papa Francisco vai usar paramentos trazidos do Vaticano.

Para a Comunhão, o altar vai, além do cálice e da píxide a usar pelo Papa, 25 cálices. Estão previstos 400 pontos de distribuição da Comunhão, dentro e fora do recinto.

Depois da Comunhão, a Custódia da Bênção dos Doentes é levada para o altar. O Papa deixa a cátedra de onde presidiu à Missa e faz um breve momento de adoração ao Santíssimo Sacramento, dirigindo depois uma saudação aos doentes, na colunata 

 

 

 

norte, e faz a Bênção com o Santíssimo Sacramento.

No final da celebração eucarística, segue o Papa do altar a Procissão do Adeus e depois dirige-se, em Papamóvel - corredor central do 

 

 

 

Recinto e saída pela rua Cónego Formigão - para a Casa de Nossa Senhora do Carmo, onde almoça com todos os bispos portugueses, último ato oficial da Peregrinação a Fátima.

Despedida

Após o almoço com os bispos portugueses, o Papa inicia o percurso entre o recinto e a Rotunda Norte, no Papamóvel.

Na Rotunda Norte haverá ainda um momento musical, a cargo da Orquestra de Fátima e do Conservatório de Fátima-Ourém, antes de o Papa trocar o Papamóvel por uma viatura fechada que o levará de volta à Base Aérea de Monte Real.

Já na base militar, após a curta cerimónia de despedida, com as entidades civis e religiosas, o Papa Francisco entra no avião da TAP que, a partir das 15h00, o transporta de regresso a Roma, ao aeroporto de Ciampino, onde chega pelas 18h05 de Lisboa (19h05 em Itália).

 

 

 

Francisco Marto: A personalidade discreta que abriu à contemplação

 

Francisco Marto é reconhecidamente, dos três pastorinhos de Fátima, o mais discreto, não só porque foi o primeiro a partir desta vida, mas também porque foi o único cujo percurso não saiu do círculo da Cova da Iria, de Fátima, e da sua terra natal, Aljustrel.

Nascido a 11 de junho de 1908, filho mais velho de Olímpia de Jesus dos Santos e de Manuel Pedro Marto, Francisco começou como muitas crianças da sua idade, no meio rural português do início do século XX, 

 

 

a trabalhar nos campos e a tomar conta dos rebanhos dos pais.

Era acompanhado nesta missão pela sua irmã mais nova, Jacinta Marto, e pela sua prima Lúcia de Jesus, que com ele testemunhariam as Aparições na Cova da Iria, primeiro do Anjo entre 1915 e 1916, e depois de Nossa Senhora, entre maio e outubro de 1917.

Nas memórias de Lúcia, Francisco Marto é descrito como um rapaz calmo e conciliador, muito dado

 

 

 

 

 a ajudar os outros e com um gosto especial pela música. 

“No que ele se entretinha mais, quando andávamos pelos montes, era, sentado no mais elevado penedo, a tocar o seu pífaro ou a cantar. Se a sua irmãzinha descia para comigo dar algumas corridas, ele lá ficava entretido com as suas músicas e cantos“, recorda a vidente.

Este modo de ser, mais recatado, manifestou-se também no modo como Francisco viveu as Aparições.

De acordo com a descrição disponível, enquanto Jacinta e Lúcia conseguia ver e ouvir aquilo que o Anjo e Nossa Senhora tinham para dizer, Francisco via mas não ouvia, tinha de perguntar depois tudo o que tinha sido dito.

Esta vertente mais contemplativa marcou a sua relação com a fé e com Deus, como contou à Agência ECCLESIA o padre Aventino Oliveira, que ainda conviveu com os pais de Francisco e Jacinta Marto, nas décadas de 1940 e 1950.

“O Francisco tornou-se um místico. Ele viu como o Anjo adorou a Eucaristia nas Aparições e entrou-lhe esta ideia da adoração e passava tempo sozinho na igreja a adorar o Santíssimo”, 

 

recorda o sacerdote.

Um relato também corroborado por Lúcia, que a dado trecho das suas memórias refere-se ao primo desta forma:

“Francisco era de poucas palavras; e para fazer a sua oração e oferecer os seus sacrifícios, gostava de se ocultar até da Jacinta e de mim”.

Até ao final da sua vida, Francisco Marto conservou esta predileção pelo recolhimento e pelo sacrifício em favor dos pecadores, segundo as interpelações de Nossa Senhora.

Entre as imagens que hoje ainda subsistem deste futuro santo da Igreja Católica, que vai ser canonizado no dia 13 de maio em Fátima, vemos um rapaz com o típico barrete serrano na cabeça e com o terço entre as mãos.

Dois itens, o barrete e o terço, que podem ser contemplados no Museu de Arte Sacra e Etnologia, na ‘Sala dos Pastorinhos’, que foi objeto de uma reportagem da Agência ECCLESIA.

Francisco Marto morreu a 04 de abril de 1919, na casa dos seus pais em Aljustrel, cm apenas 10 anos, vítima da gripe pneumónica que fustigou Portugal durante aquela época.

 

 

Jacinta Marto: Uma história de sacrifício e resistência ao sofrimento

A história de Jacinta Marto, que começou a 11 de março de 1910 em Aljustrel, freguesia de Fátima, marca desde logo pela forma como, após as Aparições de Nossa Senhora em Fátima, esta criança de sete anos assumiu como sua a missão de rezar e sacrificar-se pela redenção dos pecadores.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Carla Rocha, que prepara um livro acerca da vida desta futura santa, salienta uma figura que apesar de tão nova mostrava já ser “extremamente crescida espiritualmente” e que se assumiu também como um exemplo de resistência perante o “sofrimento”.

Sensivelmente um ano depois de testemunhar as Aparições, Jacinta começou a manifestar os primeiros sinais da gripe pneumónica que tinha chegado a Portugal, também conhecida como ‘gripe espanhola’.

O padre Manuel Formigão, um dos principais investigadores do fenómeno de Fátima àquela data, e que conviveu e entrevistou os três pastorinhos, descreve desta maneira os efeitos devastadores da doença em Jacinta.

 

 

Uma criança outrora tão “cheia de vida e saúde” apresentava-se agora “como uma flor murcha, pendendo à beira do sepulcro” e “só um tratamento apropriado num bom sanatório é que poderia talvez salvá-la”.

Jacinta Marto começou por ser internada algum tempo no Hospital de Vila Nova de Ourém mas seguiu depois para Lisboa, onde seria internada no Hospital Dona Estefânia.

Carla Rocha realça que, apesar de esta menina ter passado “por sofrimentos enormes”, inclusivamente por uma “operação a uma ferida aberta no peito, quase a sangue frio”, ela nunca renegou o desafio que tinha assumido depois do encontro com Nossa Senhora.

O de viver o sofrimento enquanto “entrega pelos outros”, com um propósito “de reparação”.

“No fundo Jacinta acaba por passar por todo este sofrimento também por nós, embora estejamos cá 100 anos depois”, salienta a escritora.

Antes de ser internada no Hospital Dona Estefânia, Jacinta Marto esteve também alguns dias no Orfanato 

 

 

 

 

de Senhora dos Milagres, hoje Mosteiro do Imaculado Coração de Maria (Irmãs Clarissas), situado na Rua da Estrela, n.º 17.

As irmãs que ali vivem têm procurado ao longo dos anos conservar da forma original o quarto onde a futura santa ficou, e os objetos pessoais que ali deixou, pois o local é hoje procurado por muitos peregrinos e devotos de Fátima.

“A Jacinta passou por aqui mas tanto ela como Francisco são dois modelos para nós, de contemplação e de 

 

compaixão”, refere a irmã Rita, que destaca duas vidas marcadas pelo contacto com “a luz que é Deus” e que vão passar a servir de exemplo para os cristãos.

Jacinta Marto morreu a 20 de fevereiro de 1920 no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, com 9 anos de idade.

O seu percurso na capital portuguesa está também ligado à igreja dos Anjos, onde o corpo da futura santa foi velado.

 

 

Francisco e Jacinta Marto - Cronologia

Apresentação das principais datas da vida e dos processos de canonização dos dois futuros santos portugueses, pelo Santuário de Fátima

 

 

 

1908.06.11 | Francisco nasce, em Aljustrel

Francisco nasce, em Aljustrel, penúltimo dos sete filhos de Manuel Pedro Marto e Olím-pia de Jesus. É batizado em 20 de junho de 1908, na igreja paroquial de Fátima, tal como consta do seu assento de batismo.

[Cf. Assento n.º 39/1908 do Livro de Batismos da Paróquia de Fátima, Registo Civil de Vila Nova de Ourém]

 

1910.03.05 | Jacinta nasce, em Aljustrel

Jacinta nasce, em Aljustrel, sétima e última filha de Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus. É batizada em 19 de março de 1910, na Igreja Paroquial de Fátima, como indica o seu assento de batismo. Embora a data oficial do seu nascimento seja o dia 11 de março, tudo indica que a data de nascimento da Jacinta tenha sido alterada pelos 

 

 

 

 

pais, tal como sucedeu com a da Lúcia e pelos mesmos motivos. Num dos apontamentos de Manuel Nunes Formigão, surgem as seguintes anotações relativas à vidente: «Jacinta 5 de Março» e «Jacinta de Jesus, fez 7 a 5 de Março».

[Cf. Assento n.º 19/1910 do Livro de Batismos da Paróquia de Fátima, Registo Civil de Vila Nova de Ourém; cf. Documentação Crítica de Fátima, vol. I, Fátima: Santuário de Fátima, 1992, p. 92 e 97]

 

1916 | Um Anjo aparece, por três vezes, a Jacinta, Francisco e Lúcia

Francisco, com 8 anos de idade, e Jacinta, com 6, começam a pastorear o rebanho de seus pais. Na Segunda e Quarta Memórias de Lúcia, redigidas respetivamente em 1937 e 1941, Lúcia deixa o registo mais completo das aparições do Anjo, por três vezes, na primavera, verão e outono, aos três pastores de Fátima, Jacinta, Francisco e a própria Lúcia. O Anjo, que se apresenta como Anjo da Paz e ainda como Anjo de Portugal, convida-os a uma vida comprometida com os «desígnios de misericórdia» de Deus.

[Cf. Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 77-79; 169-171]

 

1917.05.13 | A Senhora do Rosário aparece aos Pastorinhos pela primeira vez

Na Cova da Iria, local onde se encontravam com os rebanhos, os videntes dão conta da aparição de uma Senhora «mais brilhante que o sol» que lhes diz ser «do Céu». A Se-nhora pede-lhes que voltem à Cova da Iria «seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora», indicando-lhes que, na aparição final, lhes revelaria quem era e o que queria. Entretanto, convoca os pastorinhos: «Quereis oferecer-vos a Deus?»

[Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 82; 172-175]

 

1917.06.13 | A Senhora do Rosário aparece aos Pastorinhos pela segunda vez

A segunda aparição ficada selada pela promessa da Senhora do Rosário a uma Lúcia entristecida com a perspetiva de ficar sozinha: «E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus».

[Cf. Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 175;]

 

 

 

 

1917.07.13 | A Senhora do Rosário aparece aos Pastorinhos pela terceira vez

Na aparição de julho, a Senhora revela às três crianças o que ficou conhecido como o Segredo de Fátima, que consta de uma visão em tríptico: a primeira cena apresenta uma visão do inferno; a segunda aponta a devoção ao Imaculado Coração de Maria; a terceira retrata a Igreja mártir a caminho da Cruz.

[Cf. Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 176-177; 205-213]

 

1917.08.13 | Os videntes são retidos em Ourém e a Senhora do Rosário aparece pela quarta vez, em 19 de agosto, aos Pastorinhos

De acordo com testemunhos diversos, as três crianças são levadas para Vila Nova de Ourém pelo Administrador do Concelho, Artur de Oliveira Santos. É o próprio quem, por escrito, o confirma: «Exercia eu então o cargo de Administrador do Concelho e na madrugada do referido dia 13, tendo deixado de prevenção uma força da G.N.R. na sede do concelho, dirijo-me em companhia do oficial da 

 

 

 

 

Administração Cândido Alho à povoação de Aljustrel, no intuito de trazer as três protagonistas para esta vila, a fim de evitar a continuação da especulação clerical que, em torno delas, se estava fazendo. Já junto da casa de habitação dos pais do Francisco e da Jacinta, se encontrava o padre João, pároco em Porto de Mós, falando com a mãe, e junto a um pequeno largo, bastantes seminaristas. A Lúcia foi interrogada a meu pedido, pelo padre e reeditou o que já anteriormente tinha dito. Convenci os pais da Lúcia, do Francisco e da Jacinta e os padres para que as crianças fossem interrogadas pelo pároco da freguesia de Fátima, a fim de se apurar alguma coisa de concreto e uma vez em Fátima em vez de as crianças seguirem para a Cova da Iria como esperavam mais de uma dezena de padres, consegui trazê-las para minha casa junto da minha família num carro previamente alugado.»

Depois de três dias em Ourém, e tendo sido submetidas, a crer no relato de Lúcia, a várias ameaças para que revelassem o segredo confiado pela Senhora, as três crianças são devolvidas às famílias em 15 de agosto.

 

[Documentação Crítica de Fátima, vol. I, Fátima: Santuário de Fátima, 1992, p. 377-378; cf. Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 51-54; 91-92; 146-147]

 

1917.09.13 | A Senhora do Rosário aparece aos Pastorinhos pela quinta vez

As estradas «estavam apinhadas de gente» naquele dia 13 de setembro. «Ali apareciam todas (as) misérias da pobre humanidade», diz o olhar compassivo de Lúcia ao recordar a multidão. No encontro com a Senhora do Rosário, o sacrifício das crianças é reorientado para o essencial: «Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda». A alegria de Deus repousa na disponibilidade dos videntes para o dom de si em favor da humanidade.

[Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 179-180]

 

1917.10.13 | A Senhora do Rosário aparece aos Pastorinhos pela sexta vez

No dia da última aparição, em 13 de outubro, a Cova da Iria é presenteada

 

 

 

 com um mar de gente. O relato da edição de 15 de outubro do jornal O Século descreve aquilo que as cerca de 70 mil pessoas puderam ver no local: «Aos olhos deslumbrados d’aquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos bíblicos e que, pálido de assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o sol tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fora de todas as leis cósmicas – o sol “bailou”, segundo a típica expressão dos camponeses.»

Nesta última aparição, a Senhora apresenta-se aos videntes como a Senhora do Rosário.

Avelino de Almeida, O Século, Lisboa 37 (12876), 15 out. 1917, in: Documentação Crítica de Fátima, vol. III, Fátima: Santuário de Fátima, 2002, p. 241; cf. Memórias da Irmã Lúcia, Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 201014, p. 180-181]

 

1919.04.04 | Francisco morre, em Aljustrel

Doente desde 18 de outubro de 1918, com a epidemia da pneumónica, Francisco recebe o sacramento da reconciliação em 2 de abril de 1919 e o viático no dia seguinte. Falece, em sua casa, pelas 22 horas do dia 4 de 

 

abril. No seu processo paroquial, o pároco faz o seguinte aditamento: «O Francisco – Vidente – faleceu às dez horas da noite, do dia 4 de abril corrente, vitimado por uma prolongada ralação de 5 meses de pneumónica, tendo recebido os Sacramentos com grande lucidez e piedade – E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho»

[Assento n.º 21/1919 do Livro de Óbitos da Paróquia de Fátima]

 

1920.02.20 | Jacinta morre, em Lisboa

A mais nova das três crianças de Fátima adoecera, tal como o seu irmão, no outono de 1918. Esteve internada no Hospital de Vila Nova de Ourém de 1 de julho a 31 de agosto de 1919, e foi novamente internada, agora no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, em 2 de fevereiro de 1920, onde foi operada e acaba por falecer. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Vila Nova de Ourém.

Eurico Lisboa, um dos médicos responsáveis pela hospitalização de Jacinta na capital, relata que «na tarde de 20 de fevereiro, 6ª feira, pelas 6 horas da tarde, a pequenita disse que se sentia mal e que desejava

 

 

 

 

 

 

receber os Sacramentos. Foi chamado o digníssimo prior da freguesia dos Anjos, Sr. Dr. Pereira dos Reis, que a ouviu de confissão, cerca das 8 horas da noite. Disseram-me que a pequenita insistira para que lhe levassem o Sagrado Viático, com o que não concordou o Sr. Dr. Pereira dos Reis, por a ver aparentemente bem, prometendo levar-lhe Nosso Senhor, no dia seguinte. A pequenita insistiu em pedir a Comunhão, 

 

 

dizendo que morreria, em breve. E efetivamente, pelas 10 e meia da noite, faleceu com a maior tranquilidade, sem ter comungado.»

[João de Marchi, Era uma Senhora mais brilhante que o sol, Fátima: Missões Consolata, 19667, p. 298; cf. Assento n.º 36/1920? do Livro de Óbitos da Paróquia dos Anjos, Lisboa]

 

 

 

 

1935.09.12 | Os restos mortais da Jacinta são trasladados para o cemitério de Fátima O corpo da vidente Jacinta Marto é trasladado para o cemitério de Fátima. O testemunho indireto de Lúcia dá conta de que «foi encontrado íntegro o rosto da Serva de Deus.»

[Lúcia de Jesus, “Processo de Coimbra”, Positio super virtutibus Hyacinthae Marto, Roma, 1988, p. 340]

 

1951.04.30 | Os restos mortais da Jacinta são trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Os restos mortais da Jacinta são identificados e, em 1 de maio desse ano, trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

 

1952.02.17 | Os restos mortais do Francisco são trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Os restos mortais do Francisco são exumados. A sua identificação, dificultada pelo facto de a mesma campa ter acolhido diversos corpos, fica a dever-se, em grande medida, 

 

às 148 contas do rosário com que fora sepultado, encontradas junto às suas ossadas e prontamente reconhecidas pelo pai do vidente. O corpo é translado para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima em 13 de março desse ano.

 

1952.04.30 | D. José Alves Correia da Silva abre os Processos Diocesanos sobre a vida, virtudes e fama de santidade de Francisco e de Jacinta

D. José Alves Correia da Silva, bispo de Leiria, procede à abertura dos dois Processos Diocesanos sobre a vida, virtudes e fama de santidade de Francisco e de Jacinta. De início, as causas de beatificação de Francisco e de Jacinta seguiram procedimentos independentes, tendo-se tornado uma causa comum apenas após o decreto das virtudes dos irmãos Marto. O processo de Francisco Marto contou com 63 sessões e 25 testemunhas. Já o de Jacinta Marto contou com 77 sessões e 27 testemunhas.

 

1979.07.02 | O Processo Diocesano sobre a Jacinta é encerrado

Encerramento do Processo Diocesano referente à Causa de Beatificação e Canonização de Jacinta Marto.

 

 

 

 

1979.08.01 | O Processo Diocesano sobre o Francisco é encerrado

Encerramento do Processo Diocesano referente à Causa de Beatificação e Canonização de Francisco Marto.

 

1989.05.13 | João Paulo II assina o decreto de heroicidade das virtudes do Francisco e da Jacinta

João Paulo II decreta a heroicidade das virtudes do Francisco. O mesmo faz para sua irmã Jacinta. Os decretos das virtudes dos irmãos Marto, e a consequente concessão do título de veneráveis, representam um momento verdadeiramente significativo para a História da Igreja, na medida em que, pela primeira vez, e depois de um longo período de reflexão teológica iniciada precisamente em resposta à Causa dos dois pastorinhos de Fátima, é reconhecida a heroicidade das virtudes e a maturidade de fé de crianças não-mártires, abrindo assim o precedente para que a santidade das crianças seja reconhecida.

[Parte deste debate teológico encontra-se publicado em Osservatore Romano, 10 de abril de 1981]

 

 

 

 

1999.06.28 | João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura obtida através da intercessão do Francisco e da Jacinta

João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília Santos, obtido atra-vés da intercessão do Francisco e da Jacinta. A beatificação dos irmãos Marto era assim aprovada.

 

2000.05.13 | João Paulo II peregrina, pela terceira vez, a Fátima e beatifica os videntes Francisco e Jacinta

Na sua terceira e última peregrinação a Fátima, no curso do Jubileu do Ano 2000, João Paulo II beatifica os videntes Francisco e Jacinta Marto, apresentando-os à Igreja e ao Mundo como «duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas». Proferido no recinto de Fátima, o decreto papal anunciava: «Acolhendo o desejo expresso pelo nosso irmão dom serafim bispo de Leiria-Fátima, por muitos outros irmãos no episcopado e por tantos fiéis cristãos, depois de termos ouvido o parecer 

 

 

 

 

da Congregação da Causa dos Santos, com a nossa autoridade apostólica concedemos que, de hoje em diante, os veneráveis servos de Deus Francisco e Jacinta Marto sejam chamados beatos e possa celebrar-se anualmente, nos lugares e segundo as nor-mas do direito, a festa de Francisco e Jacinta Marto no dia 20 de fevereiro. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.» Nessa mesma 

 

 

data, a Lúcia, presente na beatificação dos primos, tem um encontro com o papa. Nos dias seguintes, a carmelita regressa aos locais da sua infância: Loca do Cabeço, Aljustrel e igreja paroquial de Fátima.

[Cf. Decreto de beatificação dos veneráveis Francisco e Jacinta Marto; Homilia do Papa João Paulo II na cerimónia de beatificação dos Veneráveis Francisco e Jacinta, 13 de maio de 2000]

 

 

 

 

 

 

2017.03.23 | Francisco promulga o decreto sobre o milagre da cura obtida através da intercessão dos Beatos Francisco e da Jacinta

Francisco promulga o decreto sobre o milagre da cura de uma criança brasileira, obtido através da intercessão do Francisco e da Jacinta. A canonização dos irmãos Marto era assim aprovada.

 

 

 

 

2017.04.20| Francisco anuncia a Canonização de Francisco e Jacinta Marto para o dia 13 de maio de 2017

O Papa Francisco estabeleceu a data da Canonização destes mais jovens beatos da história da Igreja para o dia 13 de maio de 2017, durante a sua peregrinação ao Santuário de Fátima, na celebração do Centenário das Aparições da Santíssima Virgem, Senhora do Rosário.

A criança brasileira cuja cura milagrosa foi obtida por intercessão de Francisco e Jacinta Marto, num milagre reconhecido pelo Papa e que está na base da canonização dos dois videntes, vai estar em Fátima a 13 de maio, acompanhada pela família. No dia 11 de maio, a família vai fazer uma declaração em Fátima sobre o milagre, estando disponível para falar com a Comunicação Social, assistindo, no dia 13, à canonização dos dois Pastorinhos.

A identidade da criança, por ser menor, e pormenores exatos da cura estão sob reserva, não podendo ser divulgados pela Postulação da Causa da Canonização dos Santos.

 

 

 

 

Mensagem das Aparições nas intervenções do Papa Francisco

 

As aparições na Cova da Iria têm sido uma referência de intervenções e gestos do Papa: Francisco pediu aos bispos portugueses que consagrassem o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima, o que aconteceu em 13 de maio de 2013, dois meses após a eleição do sucessor de Bento XVI.

A 12 de outubro de 2013, o Papa Francisco recebeu solenemente no Vaticano a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições, tendo 

 

 

depositado um rosário a seus pés, como oferta pessoal.

A inédita deslocação da imagem, que pela primeira vez esteve fora da Cova da Iria numa peregrinação internacional aniversária, foi um pedido expresso de Bento XVI, Papa emérito, repetido por Francisco, integrando-se na Jornada Mariana do Ano da Fé.

A 13 de outubro, o pontífice rezou um “ato de entrega”, diante da imagem, no qual recorda o “amor de 

 

 

 

predileção” da Virgem Maria “pelos pequenos e pobres, pelos excluídos e sofredores, pelos pecadores e os de coração transviado”.

Antes, a 17 de março, quando presidiu pela primeira vez à recitação do ângelus, o Papa sublinhou a “misericórdia” de Deus evocando uma passagem da imagem da Senhora de Fátima pela capital da Argentina.

Francisco recordou então uma visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima a Buenos Aires, em 1992.

O Santuário de Fátima recordou também o acolhimento dedicado pelo então arcebispo de Buenos Aires, D. Jorge Mario Bergoglio, noutra vista da imagem peregrina de Fátima, em 1998.

Nos últimos anos, o Papa recordou por diversas vezes a memória das aparições de Fátima, como aconteceu a 13 de maio de 2015, junto de uma imagem de Nossa Senhora, convidando os católicos a manter viva esta devoção.

“Neste dia de Nossa Senhora de Fátima, convido-vos a multiplicar os gestos diários de veneração e imitação da Mãe de Deus. Confiai-Lhe tudo o que sois, tudo o que tendes; e assim conseguireis ser um instrumento da misericórdia e ternura de Deus para os vossos familiares, vizinhos e 

 

amigos”, afirmou, durante a audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

Já em 2016, o Papa evocou no dia 11 de maio as aparições marianas na Cova da Iria. “Nesta aparição, Maria convida-nos mais uma vez à oração, à penitência e à conversão”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.

Francisco evocou alguns dos conteúdos centrais das aparições aos três videntes, os Beatos Francisco e Jacinta e a irmã Lúcia, que tiveram lugar na Cova da Iria entre maio e outubro de 1917. “[A Virgem Maria] pede-nos para não ofendermos mais a Deus; adverte toda a humanidade sobre a necessidade de abandonar-se a Deus, fonte de amor e de misericórdia”, assinalou.

Na saudação aos peregrinos polacos presentes no Vaticano, o Papa lembrou também a figura de São João Paulo II, “grande devoto de Nossa Senhora de Fátima”.

No último dia 22 de fevereiro, Francisco recordou o Centenário das Aparições. “Confiemo-nos a Maria, mãe da esperança, que nos convida a virar o olhar para a salvação, para um mundo novo e uma nova humanidade”, pediu aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

 

 

Um terço gigante para iluminar o Centenário

O Santuário de Fátima apresentou em conferência de imprensa a nova obra da artista plástica Joana Vasconcelos, um terço gigante que se vai iluminar à noite, assinalando o Centenário das Aparições. A peça vai ser iluminada pela primeira vez na noite do dia 12 de maio, quando o Papa Francisco entrar no recinto de oração do Santuário de Fátima para rezar o terço; a partir daí, vai acender-se às 21h30 em cada noite, à hora em que inicia a oração do rosário nas vigílias de oração na Cova da Iria.

A artista plástica disse aos jornalistas que a sua relação com o Santuário de Fátima se transformou com uma “peregrinação”, a partir de 2002, mostrando-se grata por poder fazer parte das celebrações do Centenário das Aparições, “um momento tão importante para Portugal e os portugueses” e poder “colaborar nesta mensagem de paz”. “Esta mensagem de paz é muito importante neste momento e é muito importante que haja símbolos que ajudem a passar esta mensagem de paz”, acrescentou.

Joana Vasconcelos realçou que a peça ‘Suspensão’ procura refletir “a relação 

 

entre o céu, a terra e a luz” e fazer passar “uma mensagem de paz, de tolerância e de amor para o mundo.

O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, assinalou que a obra tinha a "dificuldade extrema" de se projetar "à escala deste enorme recinto de oração". "Lançamos o desafio à Joana Vasconcelos para uma obra que marcasse o Centenário das Aparições", relatou, falando "num desafio fora do comum".

"Pretendíamos marcar o Centenário das Aparições com uma obra que fosse significativa", acrescentou o reitor.

Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima, precisa numa nota explicativa que a peça, com a “típica escala monumental” das obras da artista portuguesa, “lembra o pedido da Virgem Maria, de que se reze o terço com um propósito muito claro: o de alcançar a paz para o mundo”. “Com esta obra se sublinha como o terço, oração que a Virgem Maria pediu aos Pastorinhos de Fátima, é o símbolo maior da Mensagem da Cova da Iria”, acrescenta.

‘Suspensão’ foi realizado em resina de polietileno, com iluminação LED, tendo 26 metros de altura.

 

 

Números oficiais da Igreja Católica
em Portugal

 

O Vaticano divulgou os números oficiais da Igreja Católica em Portugal, registando um ligeiro aumento na percentagem dos católicos face à visita de Bento XVI, em 2010.

Os dados revelam um total de 9 milhões e 183 mil católicos numa população total de 10,34 milhões

 

 

de pessoas em Portugal, o que corresponde a uma percentagem de 88,7%. Em 2010, aquando da última visita de um Papa ao país, essa percentagem era de 88,3% - 9,36 milhões de católicos para uma população de 10,6 milhões de pessoas.

Os números disponibilizados 

 

 

 

 

pela sala de imprensa da Santa Sé, a nove dias da visita do Papa a Fátima, referem-se à situação no dia 31 de dezembro de 2015 e são recolhidos pelo Serviço Central de Estatística da Igreja.

De 2000 a 2015, o número de sacerdotes diocesanos baixou de 3159 para 2524; o clero religioso desceu de 1078 para 907 padres. Em sentido contrário, regista-se um pequeno aumento do número de seminaristas a estudar filosofia e teologia: de 547, entre diocesanos e religiosos, em 2000, passou-se para 551.

A Igreja Católica em Portugal contava a 31 de março de 2017 com 49 bispos, 3431 padres, 360 diáconos permanentes, 237 religiosos e 4603 religiosas, para além de 552 membros de Institutos Seculares e 5145 missionários leigos.

O número de catequistas é de 58 962 num total de 4424 paróquias e 2293 outros centros pastorais, espalhados por 21 Dioceses.

O Vaticano elenca também os centros escolares que são propriedade da Igreja ou são dirigidos pelos seus membros: há 760 estabelecimentos até à primária, 61 secundários e 26

 

institutos superiores, servindo cerca de 115 mil alunos. Quanto a “centros caritativos e sociais” são contabilizados 44 hospitais, 105 ambulatórios, 997 casas para idosos, 672 orfanatos ou asilos, 53 consultórios familiares e centros para a proteção da vida, 37 centros educativos especiais e 496 outras instituições.

A Santa Sé vai promover uma conferência de imprensa, esta sexta-feira, pelas 13h00 (menos uma em Lisboa) para apresentar a visita do Papa, com a presença do porta-voz do Vaticano, Greg Burke, a porta-voz do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia, e o diretor do Departamento de Comunicação do Patriarcado de Lisboa, padre Nuno do Rosário Fernandes.

Em 2016, o santuário registou em todas as suas celebrações, oficiais e particulares, um total de 5,3 milhões de pessoas, na sua maioria portugueses.

 

 

Fé e gratidão

O apresentador de televisão Jorge Gabriel considera-se um peregrino de Fátima e já foi ao santuário mariano da Cova da Iria a pé e de bicicleta porque tem fé “em Nossa Senhora” e é “um devoto”. “Sou um devoto pelo agradecimento, pela vida que tenho, pela bênção da saúde generalizada na minha família e é isso que me leva a juntar-me aos muitos que acreditam nestes mistérios”, disse à Agência ECCLESIA.

O apresentador de televisão explicou que a sua ligação ao Santuário de Fátima “é de peregrino” e já foi três vezes à Cova da Iria em peregrinação, uma de bicicleta e duas a pé, desde Vila Nova de Gaia, na Diocese do Porto, onde reside. “Acabamos por sentir o regaço, é o acolhimento de uma mãe a um filho quando abre os braços e sente saudades dele. É como se estivesse a ser acolhido pela minha mãe”, revela sobre sentiu quando chegou a Fátima.

Para Jorge Gabriel depois de cada peregrinação, quando chega ao santuário mariano, sente-se “mais uma vez um agradecimento”, pode parecer “um pouco difícil de explicar” mas é mais um motivo para que se 

 

consiga agradecer o caminho que foi feito “em segurança”, em conjunto com outros e, simultaneamente, para que durante os dias da viagem se tenha reservado “tempo para refletir, tempo para orar, tempo para ponderar sobre a fé”. “E ponderar nos nossos atos desde o momento que ganhámos consciência de nós próprios até aquele instante em que lá chegamos”, acrescentou.

Na opinião do apresentador de televisão, a presença do Papa Francisco no Centenário das Aparições em Fátima para canonizar dois dos três pastorinhos videntes – Francisco e Jacinta Marto - transforma a celebração “numa solenidade ainda mais esperada e muito aguardada” por todos aqueles que acreditam em Nossa Senhora e “acreditam nos mistérios da fé”.

 

 

 

 

 

Um lugar de paz, de serenidade

D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, explica que para si Fátima para além de “facilitar” o encontro “tão pessoal e íntimo” com a Virgem Maria é lugar “de paz, de serenidade”. “É a típica situação onde o sobrenatural nos ajuda a viver com uma especial distinção a nossa vida de todos os dias”, disse à Agência ECCLESIA.

Para D. Pio Alves em Fátima para além de “facilitar o encontro tão pessoal e íntimo” com a Virgem Maria, com a Nossa Senhora é um lugar “de paz, de serenidade” onde se está bem. “Onde se reza com sossego, onde se pensa, onde se descansa”, acrescentou o bispo-auxiliar do Porto sobre a sua experiência pessoal no Santuário mariano na Cova da Iria.

 

 

 

 

 

Vigilantes-sacristães,
os rostos do acolhimento ao peregrino

O acolhimento dos peregrinos no Santuário de Fátima conta com a presença dos vigilantes-sacristães, que se distinguem pela atenção ao que se passa no recinto de oração. André Silva é o responsável por este corpo de vigilantes, uma função a que chegou de a crise económica o ter levado a troca os orçamentos na área da construção civil pelo fato escuro.

“A oportunidade de um concurso e a proximidade que eu já tinha com o Santuário pelo facto de ter sido

 

 acólito na minha paróquia, levou a que fosse sinalizado para esta tarefa e mais tarde, o Santuário deu-me a oportunidade de chefiar este grupo de homens para acolher os peregrinos”, refere.

Há que lhes chame guardas, uma denominação incorreta, e são eles que pedem para desligar o telemóvel, para falar mais baixo, tudo o que possa pôr em causa o clima de oração e de silêncio no Santuário de Fátima. “Fazemos uma vigilância no sentido

 

 

 

 

 

do acolhimento ao peregrino, e também toda aquela vertente de serviço ao altar e preparação de todas as celebrações”, explica André Silva.

Posicionados nos principais lugares de oração, os vigilantes-sacristães estão atentos às necessidades dos peregrinos e ao que possa pôr em causa a experiência de fé que buscam neste lugar.

O olhar do vigilante do Santuário está muito atento a tudo o que não está em sintonia com o lugar e em cada momento tem de entender o tipo de peregrino que tem diante de si. “Temos de perceber se a pessoa está como peregrino, ou simplesmente como visitante para que possamos enquadrar a sua presença. É nesta sensibilidade que por vezes fazemos as nossas advertências ou pequenas correções”, assinala o responsável.

André Silva diz que todas as chamadas de atenção têm como finalidade garantir o ambiente de oração que se pretende neste lugar, mas nem sempre as reações são as mesmas. “Há de todos os tipos e estão relacionadas com o que move a pessoa a vir ao Santuário. Há quem 

 

 

venha só de visita, quem vem para rezar... e consoante isso, assim reagem às nossas advertências”, precisa.

Todos os dias, os vigilantes percorrem quilómetros pelo recinto de oração, Fátima e o fenómeno de fé que representa, fazem parte do seu dia a dia e da sua profissão, mas isso não se transformou, para André Silva, numa rotina.“Esta já era para mim uma realidade familiar ainda antes de aqui trabalhar, mas agora ao estar aqui todos os dias, fez-me perceber a dimensão e a grandiosidade deste espaço para milhões de peregrinos que nos visitam. Trabalhar aqui aumentou muito a minha noção do que é realmente Fátima no mundo”, conclui.

 

 

Cartaz dá boas-vindas ao Papa
na Rotunda do Marquês, em Lisboa

A Rotunda do Marquês amanheceu esta quarta-feira com um cartaz de boas-vindas ao Papa, iniciativa de leigos católicos que o diretor do Serviço da Pastoral do Turismo do Patriarcado de Lisboa apresenta como sinal de “acolhimento” e de mobilização. “É expressão de acolhimento dos portugueses mas também forma de mobilizar à participação em Fátima para acolhermos o Santo Padre”, disse o padre Mário Rui Pedras à Agência ECCLESIA.

Segundo o diretor do Serviço da Pastoral do Turismo do Patriarcado de Lisboa, a iniciativa partiu de um grupo de leigos, a fim de tornar presente na Rotunda do Marquês uma tela que “manifestasse o desejo que temos que a visita do Santo Padre seja profundamente acolhida”.

Habituada ter diversos outdoors publicitários e informativos, o centro de Lisboa acordou hoje com uma tela gigante, na qual se lê «Bem vindo Papa Francisco», com referência aos dias da visita do pontífice – 12 e 13 de maio –, no contexto dos «100 anos aparições de Fátima», e ainda à 

 

«canonização de Francisco e Jacinta».

O sacerdote assinalou que todas as pessoas têm a “noção clara da vinda do Papa” pelo mediatismo da visita, que “é uma honra e privilégio”, particularmente por Francisco, que “é sempre expressão maior do serviço que o ministério de Pedro presta à Igreja”, e pelos 100 anos das Aparições em Fátima e pela canonização de dois dos três pastorinhos videntes.

O conjunto de leigos tem como rosto Francisco Noronha de Andrade, que informa que a colocação outdoor foi concluída às 03h00 da manhã, num trabalho que é “um gesto de carinho e muita gratidão”.

As provas finais do cartaz foram conhecidas a 19 de abril e o mentor da ideia recorda que a ideia do cartaz era ter apenas uma fotografia do Papa e uma imagem de Nossa Senhora; no dia seguinte, no Vaticano, foi anunciada a canonização dos pastorinhos, referência que acabou por ser também incluída.

Francisco Noronha de Andrade comenta ainda que esteve já de manhã a tirar fotografias e observou que quem passa de carro “abranda 

 

 

 

 

para olhar para cima” e os transeuntes “param e tiram os telemóveis”.

O padre Mário Rui Pedras adiantou a que a tela vai ser retirada a 15 de maio, dois dias depois da visita do Papa Francisco que vai estar em Fátima a 12 e 13 deste mês como ‘peregrino na esperança e na paz’.

O diretor do Serviço da Pastoral do Turismo do Patriarcado de Lisboa sublinha que a visita é um 

 

acontecimento que “honra Portugal”, terra “de Santa Maria, desde de sempre”, e incentiva que se “honre a sua presença”. “Neste mês de maio a melhor maneira de preparar a vinda do Papa é pegarmos no Terço e fazermos aquilo que a mensagem de Fátima nos pede que rezemos pela conversão e convertamo-nos a nós próprios”, concluiu o sacerdote.

 

 

 

Papamóvel, uma história
com quase 90 anos

 

O "Papamóvel", nome dado ao veículo que habitualmente transporta o Papa em percursos por entre a multidão, permitindo ver e ser visto, vai ser um dos principais meios de transporte usados na visita do Papa Francisco a Portugal. Em Fátima, nos dias 12 e 13 de maio, o Papa vai usar a viatura com que se desloca habitualmente nas 

 

 

audiências semanais de quarta-feira na Praça de São Pedro.

No dia da chegada, o Papamóvel que transporta Francisco deixa o Estádio Municipal de Fátima pelas 17h30, em direção ao Santuário, pelas estradas da Giesteira e de Minde, Rotunda Sul e Avenida D. José Alves Correia. “É para este trajeto (bem como para o 

 

 

 

percurso de despedida) que o reitor do Santuário, Pe. Carlos Cabecinhas, convida os portugueses, para saudarem o Papa na sua peregrinação até ao Santuário e com ele fazerem festa”, assinala a página oficial da visita do Papa a Portugal.

No início da alameda lateral sul, a viatura aberta entra no Recinto, passando pelo Pórtico Jubilar no topo do Recinto, dirigindo-se pelo corredor central até à Capelinha das Aparições, onde o Papa se recolhe em oração, em silêncio. De novo no papamóvel, Francisco dirige-se do Recinto, pela rua Cónego Formigão, para a Casa de Nossa Senhora do Carmo, onde janta e permanece até às 21h30, altura em que, pelo mesmo trajeto, regressa à Capelinha.

Já no final das celebrações do 13 de maio, o início da viagem de regresso à Base Aérea de Monte Real, de onde parte em avião da TAP para Roma, faz-se de novo no papamóvel, até à Rotunda Norte, onde decorre uma pequena cerimónia de despedida, com um momento musical, a cargo da Orquestra de Fátima e do Conservatório de Fátima-Ourém, antes de o Papa entrar numa viatura fechada que o levará a Monte Real.

Apesar de só há alguns anos ter sido aplicado o termo ‘Papamóvel’ para 

 

designar a viatura que transporta o pontífice, data de há quase 90 anos a ligação entre a marca de automóveis Mercedes e o Vaticano. Os veículos incluem equipamentos habituais nos automóveis de Estado, como bancos em pele, comandos elétricos e climatização especial, a que foram sendo acrescentados elementos distintivos do Vaticano.

Durante cinquenta anos, os “papamóveis” foram limusinas de cor preta, que apesar de serem adaptadas de modelos de série, incorporavam tecnologia de ponta.

Depois do atentado a João Paulo II, ocorrido em Roma a 13 de maio de 1981, as viaturas passaram a ser blindadas. É também a partir desta altura que os “papamóveis” começam a ser pintados de branco.

A matrícula das viaturas usadas pelos Papas é habitualmente “SCV 1”, significando “Stato della Città del Vaticano” (designação, em italiano, de “Estado da Cidade do Vaticano”), com o algarismo a representar a posição do Papa na hierarquia da Igreja Católica.

Portugal também teve o seu “papamóvel”: tratava-se de um todo-o-terreno da extinta marca UMM, de cor branca, que foi usado por João Paulo II em 1991, na sua deslocação à Madeira.

 

 

História online ao alcance de todos

O Santuário de Fátima disponibiliza online uma seleção de textos da chamada ‘Documentação Crítica’, que concluiu a primeira fase da edição dos materiais relacionados com os acontecimentos da Cova da Iria, desde 1917 a 1930. A Comissão do Centenário das Aparições de Fátima solicitou à Comissão Científica que organizasse um tomo com uma seleção de documentos de 1917 a 1930, em língua portuguesa.

As 656 páginas apresentam 53 cartas; 25 artigos de imprensa; 24 ofícios; 19 testemunhos; 13 interrogatórios; três notas; e um livro. Este tomo está  

 

 

disponível online, para leitura e download

O projeto da Documentação Crítica de Fátima, pensado pelos primeiros bispos da diocese restaurada de Leiria, D. José Alves Correia da Silva (1920-1957) e D. João Pereira Venâncio (1958-1972), foi reiniciado em 1985, por D. Alberto Cosme do Amaral (1972-1993), com o patrocínio científico da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), através do Centro de Estudos de História Religiosa, e de uma Comissão Científica.

A iniciativa começou a concretizar-se, 

 

 

 

em 1992, com a edição do primeiro volume, relativo aos interrogatórios aos videntes (1917); os volumes seguintes abordaram o Processo Canónico Diocesano (1922-1930) e a progressiva afirmação de Fátima em Portugal e no mundo.

No tomo sexto do volume V foi publicada documentação que vai de 1 de setembro a 31 de dezembro de 

 

1930, incluindo a Carta Pastoral do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, de 13 de outubro de 1930.

Nesse documento, declaram-se “como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, freguesia de Fátima, desta Diocese [Leiria], nos dias 13 de maio a outubro de 1917” e permitindo “oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima”.

 

 

Papa trouxe outra visão
para a Igreja Católica

 

O presidente da República Portuguesa disse que o Papa Francisco, que virá a Fátima nos dias 12 e 13 de maio, trouxe consigo uma “outra dimensão, outra visão” para a Igreja Católica, menos “eurocêntrica” e mais do “mundo”. Na apresentação do livro ‘Francisco: desafios à Igreja e ao mundo’, esta terça-feira, na Fundação 

 

 

Calouste Gulbenkian, Marcelo Rebelo de Sousa definiu o Papa argentino como “o Papa das periferias”, para quem estar em Roma “é uma contingência”, pois “o essencial da sua definição vem de longe”.

“E é bom que a Europa cristã se habitue a essa ideia, de que não é um acidente um Papa não europeu. Pode 

 

 

 

 

converter-se no retrato efetivo da Igreja na sua expressão universal”, salientou.

Durante a sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa destacou um Papa que transportou para a Igreja Católica, nos últimos quatro anos, a “pujança” de uma América Latina “onde a Igreja Católica cresce, é mais jovem”. “Quem conhece” a América Latina, “aquela juventude, aquele vigor, aquela alegria, aquele colorido, não se choca com a alegria, o vigor, o colorido do Papa”, afirmou o presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda duas caraterísticas do Papa que considera decisivas no seu pontificado. O facto de ele integrar em si “toda a preparação intelectual própria dos jesuítas”, como membro da Companhia de Jesus; e ao mesmo tempo “todo o desprendimento, a proximidade em relação à natureza e aos humanos que se associa aos franciscanos”, por ter escolhido o seu nome - quando assumiu o pontificado em 2013 – a partir de São Francisco de Assis.

“Este cruzamento é de uma riqueza única”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, que apontou a prioridade à “intervenção” no terreno como outra das caraterísticas essenciais do atual Papa.

 

Francisco continua a ser “o pároco” que era em Buenos Aires, que para todos “procura uma expressão que vá diretamente aos seus interlocutores, que seja percetível por eles”. Mesmo correndo “o risco de parecer simplista”, para este Papa o essencial é “ser eficaz em termos pastorais”, completou o presidente da República.

O livro ‘Francisco: Desafios à Igreja e ao mundo’ é da autoria do padre Anselmo Borges, que durante a sessão de apresentação enalteceu um Papa que “por gestos e atos” tem procurado “trazer a todos ao palco da História e da dignidade” e que se tornou “um líder político-moral global respeitado e amado em todo o mundo”.

O evento contou também com a participação de figuras como o general António Ramalho Eanes, antigo presidente da República Portuguesa, e o conselheiro de Estado Adriano Moreira.

António Ramalho Eanes definiu a atuação do Papa Francisco como a de uma Igreja Católica à procura de “encontrar soluções” para “os seus problemas e os problemas do mundo”. “Para isso ele advoga o diálogo, sempre e em todas as direções, sem preconceitos, com verdade e responsabilidade”, acrescentou.

 

 

Adriano Moreira perspetiva visita histórica

O conselheiro de Estado Adriano Moreira realçou na Fundação Calouste Gulbenkian a importância da vinda do Papa Francisco a Fátima, considerando que o Santuário receberá nos dias 12 e 13 de maio a grande “voz encantatória” da atualidade. Em declarações à Agência ECCLESIA, esta terça-feira, no final da sessão de apresentação do livro ‘Francisco: Desafios à Igreja e ao mundo’, do padre Anselmo Borges, o antigo ministro português destacou o encontro do Papa argentino com um “dos centros espirituais mais importantes” deste tempo.

O atual presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa, e distinguido pela Igreja católica em Portugal, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, com o prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes, mostrou-se ainda convicto de que da presença de Francisco no Centenário das Aparições sairá outra mensagem forte para a sociedade. “Espero que a visita dele seja histórica, não só para nós mas para a revolução inadiável que ele iniciou”, referiu.

 

Para Adriano Moreira, este Papa tem-se destacado como a figura mais próxima dos dramas da humanidade, de fenómenos como a guerra, a violência, a pobreza, a escravatura. “Os não ainda não foram todos apagados” e “quem percebeu isto melhor até hoje foi o Papa”, apontou o conselheiro de Estado, que traçou depois o contexto que Francisco herdou no seu pontificado e com o qual tem procurado lidar.

Uma sociedade onde “o credo dos valores está a ser substituído pelo credo dos interesses”, onde “estruturas de governo vivem inteiramente da imagem”. “São as imagens divulgadas que criam a entidade em que se vai votar, que nada tem a ver com a realidade, daí a grande crise que a Europa está a atravessar”, referiu Adriano Moreira.

Depois também um Papa que vive numa “geração” que “com o desenvolvimento da ciência e da técnica, adquiriu o poder de destruir o mundo”, o que tem uma repercussão “terrível”. No campo religioso, Adriano Moreira disse que este Papa já mostrou saber que é necessário 

 

 

 

 

“restituir a autenticidade à Igreja” e “corrigir os vícios de que é acusada”.

“É preciso um ato de coragem enorme, que levou até ao esgotamento do seuantecessor”, afirmou aquele responsável, lembrando a resignação de Bento XVI em 2013.

De acordo com Adriano Moreira, Francisco também tem sabido “ter bem nítida a diferença entre o Cristo da História e o Cristo da Teologia”, 

 

 

pois ao longo da sua missão tem respondido às interpelações “com  atitudes que Cristo tomou em casos concretos”. “Esperamos que a sua voz seja suficiente para reabilitar a esperança, a tranquilidade de um mundo mais feliz, pacífico, com gente menos abandonada e que possa sempre olhar para o futuro com esperança e alegria”, concluiu o político português.

 

 

 

Fátima e os Papas

A visita de Francisco, no centenário das aparições, confirma a forte ligação do papado ao santuário português, que começa a definir-se já em 1929, com a bênção de uma imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, pelo Papa Pio XI, para a capela do Pontifício Colégio Português de Roma.

 

 

Primeiros gestos de reconhecimento em Roma

O relato das aparições marianas na Cova da Iria, em 1917, e a devoção dos portugueses pela ‘Senhora da Fátima’ estão desde o seu início ligados à figura do Papa. Bento XV, Papa entre setembro de 1914 e janeiro de 1922, é a referência abstrata dos Pastorinhos 

 

 

quando estes falam e rezam pelo “Santo Padre”; o pontífice que viveu a I Guerra Mundial tinha enviado uma carta aos bispos de todo o mundo, uma semana antes do 13 de maio de 1917, para que fizessem uma invocação a Nossa Senhora a Paz.

“Queremos que à Grande Mãe de Deus, nesta hora terrível, mais do que nunca se dirija vivo e confiante o 

 

 

 

 

pedido dos seus filhos aflitíssimos”, lia-se na carta assinada no dia 5 de maio de 1917. O mesmo Bento XV criou a Diocese de Leiria, com o breve papal ‘Quo vehementius’ de 17 de janeiro de 1918, a qual passou a englobar o território de Fátima, desde 1881 no Patriarcado de Lisboa.

Já a sua encíclica ‘Celeberrima Evenisse’, de dezembro de 1919, insistia com os bispos portugueses na necessidade de se concretizar uma política de acatamento e de reconhecimento daqueles que “exercem o poder, seja qual for a forma de governo, ou a Constituição civil do País”.

O primeiro gesto de aproximação e devoção dá-se com Pio XI, em 1929, com a chamada ‘aprovação implícita’, quando este distribui aos alunos do Colégio Português, em Roma, estampas da Virgem de Fátima com a invocação “Mãe clementíssima, salvai Portugal”.

A 9 de janeiro de 1929, Pio XI recebeu em audiência os alunos do Pontifício Colégio Português de Roma. No final do encontro, leu em português a invocação referindo ter recebido as estampas naquele mesmo dia, vindas de Portugal, e distribuindo duas por cada aluno.

 

As estampas, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, tinham sido impressas pelo Apostolado da Imprensa e exibiam o ‘imprimatur’ do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, datado de 17 de maio de 1926.

Ainda em 1929, a 6 de dezembro, o Papa Pio XI benzeu uma imagem de Nossa Senhora de Fátima destinada àquele Colégio de Roma; a imagem tinha sido esculpida pelo mesmo autor daquela que se encontra na Capelinha das Aparições, José Ferreira Thedim.

A ‘Documentação Crítica de Fátima’ apresenta uma carta de Joaquim Carreira, aluno do Colégio, para o padre Arnaldo de Magalhães, com data de 13 de fevereiro de 1929, a perguntar qual foi a reação, em Portugal, ao facto de o Papa ter distribuído as estampas de Nossa Senhora de Fátima.

A 1 de outubro de 1930, o Papa Pio XI concede indulgências plenárias aos peregrinos de Nossa Senhora de Fátima, ainda antes da publicação da Carta Pastoral do bispo de Leiria, na qual se consideram “dignas de crédito” as Aparições de Nossa Senhora relatadas pelos três Pastorinhos (13 de outubro de 1930).

Na Carta Apostólica Ex officiosis 

 

 

  

 

litteris, de 1934, o Papa atestava “os extraordinários benefícios com que a Virgem Mãe de Deus acabava de favorecer” Portugal.

À entrada da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, por cima da porta principal, encontra-se um mosaico que representa a Santíssima Trindade a coroar Nossa Senhora, obra das oficinas do Vaticano, no pontificado de Pio XI, que foi abençoado pelo cardeal Eugénio Pacelli, futuro Papa Pio XII.

 

 

O primeiro Papa de Fátima

O Papa Pio XII, cujo pontificado atravessou a II Guerra Mundial, foi o primeiro pontífice a ser chamado “Papa de Fátima”, tendo consagrado a dimensão universal da mensagem transmitida na Cova da Iria, em 1917.

Em 1940, o Papa Pio XII referiu-se a Fátima pela primeira vez num texto pontifício oficial, a encíclica ‘Saeculo exeunte octavo’, escrita para exortar 

 

 

 

 

a Igreja em Portugal a aumentar a sua atividade missionária. "Que os fiéis não esqueçam, especialmente quando rezarem o Terço, tão recomendado pela Santíssima Virgem Maria em Fátima, de pedir à Virgem Mãe de Deus que faça aparecer vocações missionárias, com frutos abundantes para o maior número possível de almas”, pedia o Papa italiano.

Em carta dirigida ao Papa Pio XII, a 2 de dezembro de 1940, a irmã Lúcia, a mais velha das videntes de Fátima, pedia que fosse atendido o pedido de Nossa Senhora, reafirmado em aparições posteriores na Galiza, para que fosse proclamada a devoção ao Imaculado Coração de Maria e a consagração do mundo, e em especial da Rússia, ao Coração de Maria.

A primeira posição oficial pública do Vaticano sobre Fátima acontece com Pio XII, em 31 de outubro de 1942, 25 anos depois das aparições: nessa data, em plena II Guerra Mundial, o Papa consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria. “A Vós, ao vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica da história humana, confiamos, entregamos, consagramos não só a Santa Igreja, corpo místico de vosso Jesus, que pena e sangra em tantas partes e por tantos modos atribulada, 

 

mas também todo o mundo, dilacerado por exiciais discórdias, abrasado em incêndios de ódio, vítima de sua próprias iniquidades”, declarou.

Quatro anos depois, em 13 de maio de 1946, Pio XII enviou o cardeal Aloisi Masella a Fátima para coroar a imagem de Nossa Senhora.

A 13 de outubro de 1951, assinalando o final do Ano Santo jubilar, Pio XII associa-se à conclusão das celebrações marianas em Fátima: “A Virgem Nossa Senhora na sua mensagem, que Peregrina anda a repetir ao mundo, indica-nos o seguro caminho da paz e os meios para a obter do céu, visto que tão pouco se pode confiar nos meios humanos”, escreve.

Numa nota pessoal, o próprio Pio XII recorda que em 1950, pouco antes de proclamar o dogma da Assunção (1º de novembro), enquanto passeava nos jardins vaticanos, assistiu várias vezes ao mesmo fenómeno que se verificou em 1917, no final das aparições de Fátima, o chamado ‘milagre do sol’.

Eugenio Maria Giuseppe Pacelli (1876-1958) foi ordenado bispo pelo Papa Bento XV na Capela Sistina, a 13 de Maio de 1917, dia da primeira aparição da Virgem em Fátima.

 

 

 

 

João XXIII

A partir dos anos 50 o Santuário irá ganhar um novo e decisivo impulsionamento. Visitam-no o cardeal Roncalli, posteriormente eleito papa João XXIII, a 13 de Maio de 1956. Após a morte do “Papa bom”, como ficou conhecido, o bispo de Leiria, D. João Pereira Venâncio, em junho de 1963, solicitou ao Vaticano uma “relíquia-recordação” do Sumo Pontífice que convocou o Concílio Vaticano II. A Secretaria de Estado do Vaticano acedeu ao pedido e enviou, em 6 de julho, a cruz peitoral de João XXIII, hoje guardada no Museu do Santuário de Fátima.

 

 

 

Paulo VI, o primeiro peregrino de Fátima

As viagens internacionais dos Papas modernos são uma novidade que remonta à segunda metade do século XX, com o pontificado de Paulo VI (1897-1978). Portugal entraria na rota dessas visitas apostólicas logo na quinta viagem deste pontífice italiano, por ocasião do 50.º aniversário das aparições marianas, reconhecidas pela Igreja Católica, na Cova da Iria.

Paulo VI quis vir pessoalmente a Fátima, como peregrino, a 13 de maio de 1967. Politicamente, eram marcadas as tensões diplomáticas por causa das visões divergentes de Portugal e da Santa Sé sobre os movimentos independentistas em África, particularmente em Angola, 

 

Moçambique e na Guiné-Bissau.

O Papa italiano decidiu que o avião que o transportava desde Roma não aterraria em Lisboa, mas em Monte Real, e ficou alojado na então Diocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima). Além da homilia na Missa do 13 de maio, Paulo VI teve outras seis intervenções.

A viagem foi anunciada na audiência geral de 3 de maio de 1967 e apresentada como uma “peregrinação para honrar Maria Santíssima e invocar a sua intercessão em favor da paz da Igreja e do mundo”. A peregrinação “rapidíssima” tinha um caráter “totalmente privado”, explicou o Papa italiano aos fiéis reunidos no Vaticano.

Em Fátima, Paulo VI recordou que foram as crianças e os pobres os primeiros destinatários da mensagem de Fátima e, na sua homilia, deixou 

 

 

 

uma referência aos regimes ateus, “países em que a liberdade religiosa está praticamente suprimida e onde se promove a negação de Deus, como se esta representasse a verdade dos tempos novos e a libertação dos povos”.

O Papa trouxe à Cova da Iria a sua preocupação com um mundo em perigo por causa da corrida às armas e da fome.

 

 

“Por este motivo, viemos nós aos pés da Rainha da paz a pedir-lhe a paz, dom que só Deus pode dar”, rezou.

Já na despedida, Paulo VI explicava que se apresentou em Portugal como peregrino “para rezar humilde e fervorosamente pela paz da Igreja e pela paz do mundo”.

“Maria Santíssima que, nesta terra abençoada, desde há cinquenta anos, 

 

 

 

se tem mostrado tão generosa para com todos aqueles que a Ela recorrem com devoção, digne-se ouvir a Nossa ardente prece, concedendo à Igreja aquela renovação espiritual que o Concilio Ecuménico Vaticano II teve em vista empreender e à humanidade, aquela paz de que ela hoje se mostra tão desejosa e necessitada”, pediu.

As referências a Fátima neste pontificado tiveram um momento particularmente relevante a 13 de novembro de 19164, na clausura da III sessão do Concílio Vaticano II.

Paulo VI anunciou então a decisão de enviar a Rosa de Ouro ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima: “Tão caro não só ao povo da nobre nação portuguesa —  sempre, porém hoje particularmente, a nós caro — como também conhecido e venerado pelos fiéis de todo o mundo católico”.

A entrega ao Santuário foi feita a 13 de maio de 1965 pelo cardeal Fernando Cento, legado do Papa.

 

 

 

 
João Paulo II e o atentado que mudou a história de Fátima

Foi preciso esperar 15 anos até ao regresso de um Papa a Portugal. João Paulo II, que a 13 de maio de 1981 tinha sido atingido a tiro na Praça de São Pedro, num atentado contra a sua vida, veio à Cova da Iria reconhecer publicamente a sua convicção de que houve uma intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Logo na primeira audiência após o atentado, a 7 de outubro de 1981 - memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário - o Papa deixava clara esta sua certeza interior: “Poderia esquecer que o acontecimento na Praça de São Pedro se realizou no dia e na hora, em que, há mais de 60 anos, se recorda em Fátima, em Portugal, a primeira aparição da Mãe de Cristo aos pobres e pequenos camponeses? Porque, em tudo aquilo que sucedeu exatamente nesse dia, notei aquela extraordinária proteção maternal e solicitude,

João Paulo I

João Paulo I esteve em Portugal como patriarca de Veneza, em julho de 1977, passando por Fátima e encontrando-se com a Irmã Lúcia.

 

 

 

que se mostrou mais forte do que o projétil mortífero”.

Em maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Fátima. Antes de partir, em Roma, João Paulo II explicava que queria ir à Cova da Iria, “lugar abençoado, também para escutar novamente, em nome de toda a Igreja, a Mensagem que ressoou há 65 anos nos lábios da Mãe comum, preocupada com a sorte dos seus filhos”.

 

Em Fátima, o Papa falou para "agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular" (homilia do 13 de maio). Simbolicamente, a bala que lhe atravessou o abdómen repousa hoje na imagem da Virgem na Cova da Iria.

Diante dos peregrinos, na Capelinha das Aparições, agradeceu a “especial proteção materna de Nossa Senhora”.

“E pela coincidência – e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina – vi também

 

 

 

um apelo e, quiçá, uma chamada à atenção para a mensagem que daqui partiu, há sessenta e cinco anos, por intermédio de três crianças, filhas de gente humilde do campo, os pastorinhos de Fátima, como são conhecidos universalmente”, acrescentou.

A devoção à oração do Rosário e a preocupação com as “ameaças” ao mundo foram outros temas centrais das intervenções de João Paulo II, que proferiu uma oração de Consagração a Nossa Senhora, a 13 de maio, na qual deixou, entre outras, a seguinte invocação: “Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda espécie de guerra, livrai-nos!”

Na Cova de Iria, viria a ser vítima de um novo ataque contra a sua vida, perpetrado pelo espanhol Juan Fernández Krohn, padre tradicionalista que usava um punhal. Já depois da morte de João Paulo II (2 de abril de 2005), o cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi seu secretário particular, assegurava que este tinha sido ferido, embora de forma ligeira.

A 25 de março de 1984, o Papa polaco presidiu à consagração do mundo ao coração de Maria, no Vaticano. A mesma imagem que, em 2000, o 

 

Papa colocou entre os bispos de todo o mundo, consagrando-lhe o terceiro milénio.

João Paulo II voltou a Portugal em 1991, passando, inevitavelmente, pelo Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 maio. Durante quatro dias, proferiu 12 intervenções e enviou ainda uma carta, desde a Cova da Iria, aos bispos católicos da Europa, que preparavam uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos, dedicada ao Velho Continente.

Ao despedir-se do país, o Papa disse que “Fátima é sempre nova para quem repete a subida à Serra de Aire e procura penetrar, cada vez mais fundo, nos mistérios da Mensagem de Nossa Senhora, ‘a toda vestida de branco’, nas Aparições de 1917 aos três Pastorinhos”.

A 12 e 13 maio de 2000, já com um estado de saúde debilitado, João Paulo II regressou a Portugal, para presidir à beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.

Uma decisão assumida contra os serviços burocráticos do Vaticano, que chegaram a agendar a cerimónia para 9 de abril, na Praça de São Pedro.

O Papa polaco proferiu um discurso à chegada, no aeroporto internacional

 

 

 

de Lisboa, a homilia na Missa do 13 de maio e uma saudação aos doentes reunidos na Cova da Iria. Na mesma ocasião deu-se o anúncio da publicação da terceira parte do chamado “Segredo de Fátima”.

“Desejo uma vez mais celebrar a bondade do Senhor para comigo, quando, duramente atingido, fui salvo da morte”, disse, na sua homilia.

Já de regresso a Roma, na audiência geral de 17 de maio de 2000, João Paulo II defendeu que “o apelo que Deus nos fez chegar mediante a Virgem Santa conserva intacta ainda hoje a sua atualidade”.

 

 
Bento XVI, o intérprete do Segredo e do futuro de Fátima

Bento XVI visitou Portugal de 11 a 14 de maio de 2010, mas já há muito que se encontrava ligado à Mensagem de Fátima e, em particular, à interpretação do chamado Segredo, cuja terceira parte foi divulgada em 2000, com um comentário teológico do então cardeal Joseph Ratzinger.

O agora Papa emérito falou aos jornalistas no voo entre Roma e Lisboa, a 11 de maio de 2010, para explicar 

 

 

que “uma aparição, ou seja, um impulso sobrenatural, não vem somente da imaginação da pessoa, mas na realidade da Virgem Maria, do sobrenatural”.

A terceira parte do segredo fala de um “Bispo vestido de branco” que caminha no meio de ruínas e cadáveres, imagem associada ao atentado sofrido por João Paulo II a 13 de maio de 1981.

Bento XVI disse que “nesta visão do sofrimento do Papa é possível ver, em primeira instância, o Papa João Paulo II”, mas também estão indicadas “realidades do futuro da Igreja” que se “desenvolvem e se mostram”.

“O importante é que a mensagem, a resposta de Fátima, não vai substancialmente na direção de devoções particulares, mas precisamente na resposta fundamental, ou seja, a conversão permanente, a penitência, a oração, e as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade”, sustentou.

Em Fátima, depois de vários discursos e homilias, a imagem de marca foi um momento sem palavras: o Papa em silêncio, olhos fixos na imagem de Nossa Senhora de Fátima da 

 

Capelinha das Aparições. Na tarde de 12 de maio de 2010, Bento XVI entregou uma Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, tornando-se o primeiro Papa a fazê-lo pessoalmente em solo português.

Na Missa de 13 de maio, Bento XVI apresentou, diante de centenas de milhares de pessoas, o fruto da sua reflexão de décadas sobre os acontecimentos de 1917: “Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio – tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que está para além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o não-visível aos sentidos”.

“Para isso exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma. Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-se à nossa visão interior”, acrescentou.

O agora Papa emérito falou sobre o futuro e não sobre o passado, o que ajuda explicar as suas declarações 

 

 

 

 

 

 

sobre a missão de Fátima e a continuidade no tempo dos sofrimentos que foram revelados na terceira parte do segredo: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída”.

No comentário teológico à Mensagem de Fátima, o cardeal Ratzinger deixava claro que “quem estava à espera de impressionantes revelações 

 

 

apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história deve ficar desiludido”.

Já após a renúncia ao pontificado, a 21 de maio de 2016, Bento XVI rompeu o seu silêncio para reafirmar que a publicação do chamado 'Segredo de Fátima' ficou “completa” após a divulgação da sua terceira parte, no ano 2000.

 

 

PAPA FRANCISCO EM FÁTIMA online

http://www.papa2017.fatima.pt

 

Como já vem sendo habitual em cada visita oficial que o Papa Francisco realiza, é lançado um sítio na internet referente a esse acontecimento. Tendo presente este desiderato o Santuário de Fátima lançou, no passado mês de março, o sítio online da viagem do Papa à Cova da Iria, de 12 a 13 de maio.

A poucos dias deste acontecimento tão importante para o nosso país e em particular para todos os católicos, esta semana, sugiro uma visita ao endereço www.papa2017.fatima.pt. Graficamente todo o espaço se encontra muito bem desenhado indo de encontro às mais atuais orientações para ambientes web.

Na página inicial além das habituais notícias podemos rapidamente aceder às galerias de imagens, vídeos e áudio. Por outro lado é possível ir para as principais redes sociais (facebook, twitter, instagram e youtube), que certamente irão estar ao rubro por esses dias e ainda acompanhar em direto as transmissões.

Caso seja sua intenção participar presencialmente nesta peregrinação

 

 é do seu interesse que clique em “eu vou”. Aí pode consultar o programa completo, e depois um conjunto de informações bastante detalhadas caso viaje a pé, de carro, de autocarro ou de comboio.

Na opção “já cá estou” encontra os mapas da localidade de Fátima, dados sobre: o lugar das aparições, os espaços de culto e de oração, os serviços de confissões e ainda as duas exposições permanentes.

O hino oficial com letra do Pe. Tolentino Mendonça e música de João Gil pode ser ouvido e lido em “tenho interesse”. Nesse espaço, além da música interpretada pelo grupo Vocal Emotion, pode conhecer em detalhe o logótipo, o cartaz e a oração jubilar da consagração.

O item “Fátima” é composto por um conjunto valioso de recursos históricos. Além das aparições, dos pastorinhos e da imagem da virgem peregrina, descobrimos também informações relativas ao Segredo de Fátima, que é formado pelas revelações feitas por Nossa Senhora aos três Pastorinhos, e ainda a relação dos Papas com este Santuário Mariano.

 

 

 

 

 

A ligação do Bispo de Roma a Fátima é apresentada na opção “Papa”. Podemos ler a sua biografia, a sua devoção mariana e detalhadamente aquilo que o liga ao Altar do Mundo.

Por último em “curiosidades” ficamos a saber mais sobre os diversos veículos que os Sumos Pontífices utilizam para se deslocar nas visitas pastorais e de estado, bem como, 

 

alguns números bastante reveladores da grandiosidade deste acontecimento histórico.

De facto a dimensão deste sítio é imensa mas grandiosa é também este marco tão importante que se enquadra no Centenário das Aparições.

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

Fátima 2017

Maio é o mês de Maria. Mês das peregrinações até Fátima. Mês do terço. Mês da primeira visita do Papa Francisco a Portugal. 2017, ano do centenário das aparições de fátima. Hoje proponho um jogo e três aplicações relacionadas com este acontecimento.

 

iTerço

Esta aplicação é uma repetição. Já foi apresentada em 2014. Pensando em toda as pessoas que estão sós, as que peregrinam, e nas que gostam de rezar o terço, a iTerço é uma boa “companhia”.

Depois de baixar a aplicação e configurar para português, está pronta a ser usada.

A aplicação é composta por três separadores: Terço; Extras; Compartilhar.

O separador Terço é composto terço – carregando começamos logo a rezar o terço nos mistérios de cada dia; todo o rosário – permite-nos rezar um rosário e contemplar: um slideshow com imagens que ilustram cada mistério.

Os outros dois separadores são para configurações e partilhas nas redes sociais do aplicativo.

 

O terço é rezado a duas vozes: a primeira parte é feita pela voz da aplicação, a segunda é pelo próprio, como se estivessem a rezar uma com a outra pessoa.

Acabaram-se as desculpas de não tenho terço para rezar. Esta aplicação ajuda-nos a rezar: a contagem é automática, cada mistério é sempre introduzido por uma leitura e acompanhado por uma imagem.

A aplicação tem uma página no Facebook. A aplicação é paga.

 

iTerço iOSiTerço Android

 

100 Anos Fátima

Aplicação comemorativa do centenário de Fátima. A aplicação permite conhecer a história de Fátima, do Santuário, dos Pastorinhos.

O utilizador pode explorar os locais a visitar no Santuário através de um mapa offline do local. É possível aplicar um conjunto de filtros, alusivos ao centenário, que nas fotografias tiradas através da aplicação e consequente partilha nas redes sociais, assim desejar. Contém uma galeria de obras de arte religiosa, do artista Santiago Belacqua, para desfrutar e partilhar nas redes sociais.

 

 

 

 

 

Dispõe de uma vela virtual, sempre disponível para qualquer cerimónia religiosa. Podem ser também usadas algumas das orações que constituem a aplicação.

A aplicação é paga.

 

100 anos Fátima Android | 100 anos Fátima iOS

 

Apperegrinos

A Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Liberty Seguros desenvolveram a aplicação APPeregrinos, em que se disponibilizam conselhos de segurança e informações úteis aos peregrinos, promovendo as “boas práticas” de segurança; auxílio tanto nas deslocações até ao Santuário de Fátima, como no próprio santuário; informações como a lotação dos parques de estacionamento; meteorologia; tráfego; e, notícias relacionadas com o evento.

A aplicação é gratuita.

 

Apperegrinos iOS | Apperegrinos Android

 

 
Jogo dos Pastorinhos

Em 2016 o Santuário de Fátima lançou o Jogo dos Pastorinhos, uma aplicação gratuita, que pode ser jogado por crianças com mais de 4 anos de idade.

O objetivo é chegar primeiro ao Coração de Jesus. Os jogadores começam por escolher com qual dos personagens querem jogar: a Lúcia, o Francisco, a Jacinta ou o menino. Podem jogar no máximo 4 jogadores ao mesmo tempo. Depois de escolherem os personagens e escreverem o nome, lançam os dados, um de cada vez, conforme as instruções que o jogo vai dando, e avançam no percurso pela Cova da Iria.

 

Jogo dos Pastorinhos iOS | Jogo dos Pastorinhos Android

 

 

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

«Francisco. O Papa do povo»
estreou em Portugal

 

 

O filme ‘Francisco. O Papa do povo’, dirigido pelo italiano Daniele Luchetti, que descreve a vida de Jorge Mario Bergoglio desde a juventude ao dia da sua eleição pontifícia, estreou esta quinta-feira nas salas de cinema em Portugal. O filme conta a história do filho de imigrantes italianos na Argentina desde a vocação religioso, surgida durante os anos da ditadura militar, passando pelo trabalho pastoral nas periferias de Buenos Aires, até se tornar Papa.

Daniele Luchetti disse à Agência ECCLESIA que no início do projeto não sabia "nada" sobre a vida do Papa na Argentina, o que o levou ao país sul-americano para ouvir testemunhos e construir uma "narração" que lhe pareceu coerente e realista, a respeito dos vários eventos relatados. O realizador disse que as palavras do Papa o tocaram com "muita força", tendo por isso aceitado o desafio de ouvir "muitíssimas pessoas" que conheciam Jorge Mario Bergoglio e o seu percurso de "amadurecimento", resultando num filme de investigação que procura falar a todos os públicos.

Luchetti ouviu também críticos do atual Papa, "antes, durante e depois" da realização do filme, mas decidiu incluir aquilo que acreditava "ser verdadeiro", credível, após ouvir as partes envolvidas nos vários episódios.

Produzido pela TaoDue e distribuído pela Medusa, a película evoca também o dia 13 de março de 2013, em que o então cardeal de Buenos Aires foi eleito como sucessor de Bento XVI e assumiu o nome de Francisco.

 

 

 

O filme foi rodado na Argentina, Alemanha e Itália ao longo de 15 semanas; o ator argentino Rodrigo De la Serna e o chileno Sergio Hernandez de Glória dão vida à personagem do atual Papa. A obra é baseada no best-seller ‘Francisco, o Papa do Povo’, de Evangelina Himitian, jornalista de Buenos Aires.

‘Francisco, Papa do povo’ recorda 

 

 

o período da ditadura militar que governou a Argentina de 1976 a 1983, num processo de raptos e mortes de dezenas de pessoas, que ficou conhecido como ‘o drama dos desaparecidos’. O filme retrata o papel do atual Papa durante a ditadura na Argentina, ao salvar muitos perseguidos pelos militares, durante os chamados ‘anos de chumbo'.

 

 

 


 

II Concílio do Vaticano: Canonizações entregues às Conferências Episcopais?

 

Com a data de 26 de setembro de 1964, a Sagrada Congregação dos Ritos (SCR) publicou a Instrução «Ad Exsecutionem Constitutionis de Sacra Liturgia Recte Ordinandam», um passo decisivo para a execução da reforma litúrgica, promulgada com a constituição conciliar «Sacrosanctum Concilium» (4 de dezembro de 1963).

Como claramente nela se diz (número 3 e parte final), a instrução foi elaborada pelo «Conselho» criado pelo Papa Paulo VI para executar a constituição conciliar sobre a liturgia. Com esta instrução, a Santa Sé pretendia apressar, “sem precipitações nem delongas” os princípios litúrgicos promulgados no II Concílio do Vaticano (1962-65).

Sem esperar pela revisão dos livros e ritos litúrgicos, dispõe o documento da SCR que entrasse em vigor, a 07 de março de 1965, primeiro domingo da Quaresma, várias inovações “todas elas tendentes à mais fácil e consciente participação activa dos fiéis nas celebrações litúrgicas”. (Boletim de Informação Pastoral; Ano VI; 1964; Outubro -Novembro – Nº 34).

Um documento essencial que para aqueles que, “levados de pessimismo, temiam que a renovação litúrgica se diluísse e até se esfumasse com retardamentos e hesitações nas medidas reformadoras”, a publicação da instrução constituiu “motivo seguro de esperança a desmentir os seus receios. Um espírito novo perpassa de facto na Igreja de forma sensível” (Obra citada anteriormente).

Nas discussões conciliares, Henri Fesquet na obra «O 

 


 

 Diário do Concílio – Volume II» escreveu que o cardeal belga, Leo-Jozef Suenens, numa reunião da terceira etapa do II Concílio do Vaticano, atacou as “anomalias das canonizações”. O arcebispo de Malines-Bruxelas fez quatro censuras ao sistema que vigorava na altura. No seu diário e datado de 17 de setembro de 1964, Henri Fesquet escreveu que “era anormal”: “1 – Que 85% dos santos sejam membros do clero regular; 2 – Que 90% pertençam automaticamente a três países (Itália, França e Espanha); 3 – Que os processos sejam tão lentos (54 em oito anos); 4 – Que os inquéritos sejam tão custosos, o que tem por efeito impedir o acesso ao calendário litúrgico de uma multidão de sacerdotes do clero secular e de leigos, cujos processos são pouco afortunados”.

O cardeal Suenens propõe a 

 

“descentralização dos processos de beatificações e canonizações”. Para ele, as Conferências Episcopais poderiam assumir essa responsabilidade, conservando o Papa o privilégio da decisão final. A terceira etapa conciliar teve o seu início a 14 de setembro e decorreu até 21 de novembro de 1964. De 15 do mês nove a 20 de novembro, os padres conciliares – 44 eram prelados portugueses – discutiram os textos sobre escatologia e Virgem Maria, ofício pastoral dos bispos, liberdade religiosa, judeus e religiões não cristãs, revelação, apostolado dos leigos, sacerdotes, Igrejas orientais, Igreja e mundo actual, missões, religiosos, seminários, educação cristã e sacramentos. Uma panóplia de temas que foram reflectidos na terceira etapa do II Concílio do Vaticano que foi convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI.

 

 

 

Do Berço ao Trono

O livro 'Do Berço ao Trono -- Papa Francisco: Vida, Palavra e Obra', de Elizabete Agostinho, que traça os "grandes momentos da vida de padre, bispo e papa" Francisco, foi publicado no dia 03 de maio, anunciou a editora. Elizabete Agostinho, autora do livro, é jornalista, tradutora e escritora.

Jorge Mario Bergoglio era um jovem estudante. Ia sair com os amigos, naquele dia 21 de setembro de 1953, quando teve uma revelação. Entrou na paróquia do seu bairro e confessou-se. Quando saiu, já não era o mesmo. Tinha ouvido um chamamento. Percebeu nesse momento que iria ser padre.

O que certamente não imaginava é que, depois de convencer a mãe da sua escolha, depois de enfrentar a morte aos 21 anos, depois da atracão amorosa por raparigas o ter incendiado de dúvidas, depois de escolher ser jesuíta, depois de defender convicções sociais e morais que quase o fizeram ser afastado da Igreja, acabaria por ser eleito papa, convertendo¬-se na inspiração de milhões e milhões de seres humanos, cristãos ou não.

Neste livro, estão as principais cenas 

 

 

da vida do Papa Francisco, os atos com que despertou a simpatia de todos, a sua capacidade para amar e perdoar, porque amar, perdoar e integrar são a essência da palavra com que tem revolucionado a Igreja e o mundo.

Clube do Livro

 

 

 

Missionários Combonianos

A obra «Missionários Combonianos em Portugal: Uma história singular» da autoria do padre Manuel Augusto Lopes Ferreira, foi apresentado esta quinta-feira em Lisboa por Fernando Paulo Baptista, da Academia das Ciências, no contexto comemorações dos 70 anos da chegada dos religiosos a Portugal.

Os discípulos de Daniel Comboni chegaram a Viseu em outubro de 1947 e a obra agora lançada é o resultado “de mais de um ano de investigações e de escrita”, lê-se no comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

 

 

 

 

 

 

Maio 2017

Dia 05 de maio

*Vaticano - Conferência de imprensa para apresentar a visita do Papa Francisco a Fátima com a presença do porta-voz do Vaticano, Greg Burke, a porta-voz do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia, e o diretor do Departamento de Comunicação do Patriarcado de Lisboa, padre Nuno do Rosário Fernandes.

 

*Santarém - Museu Diocesano - Conferência «Nossa Senhora Mãe dos Homens: culto e construção iconográfica» por Sandra Costa Saldanha

 

*Leiria - Aula magna do Seminário de Leiria - O chefe mundial do escutismo, João Armando, profere uma conferência sobre o presente e o futuro deste movimento juvenil católico.

 

*Lisboa – Benfica - Conselho Regional do CNE com a presença de D. José Traquina

 

*Lisboa - Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Conferência sobre «Introdução ao Sudário de Turim - Uma perspetiva científica» proferida por Antero

 

 de Frias Moreira e promovida pelo Instituto Diocesano da Formação Cristã.

 

*Porto - Assembleia geral da Associação da Juventude Católica do Porto

 

*Porto - Fundação António Cupertino de Miranda - Debate sobre «Francisco Papa: Líder Político-Moral Global»

 

Bragança - Carrazeda de Ansiães - O bispo de Bragança-Miranda convidou os jovens desta Igreja local a participarem no Dia Diocesano da Juventude que vai ter lugar em Carrazeda de Ansiães. (05 e 06 maio)

 

Dia 06 de maio

*Aveiro - Conferência sobre Santa Joana Princesa por frei Bento Domingues, da Ordem dos Pregadores.

 

*Porto - Dia diocesano do professor promovido pelo Movimento de Educadores Católicos

 

*Guarda – Seminário - Encontro diocesano de adolescentes

 

 

 

 

 

 

*Santarém - Encontro das crianças da primeira comunhão com o bispo de Santarém, D. Manuel Pelino.

 

*Lisboa - Seminário dos Olivais - Assembleia Diocesana do Apostolado dos Leigos com a presença de D. Nuno Brás.

 

*Lisboa - Oeiras (Salão Paroquial da Figueirinha) - Encontro «Rir com Deus e Maria» com o professor e catequista Fernando Baptista

 

*Lisboa - Salão da Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Encontro sobre «Precariedade e medo no mundo do trabalho. Denúncia e combate» promovido pela LOC/MTC do Patriarcado de Lisboa e dinamizado por Avelino Pinto

 

*Lisboa - Seminário da Luz - Conferência solidária «À conversa com João César das Neves e Anselmo Crespo» promovida pelo Grupo de Jovens Pedras Vivas de Famões, que pertence à Juventude Franciscana Portuguesa

 

*Aveiro - Sede da Cáritas - Conselho geral da Cáritas diocesana de Aveiro

 

*Lisboa - Igreja de Santos-o-Velho - Concerto mariano com a atuação do grupo coral de Queluz integrado no festival «SacroSanctus»

 

Dia 07 de maio

*Tavira - Paróquia de Santa Maria (Tavira) com Missa celebrada em inglês.

 

*Guarda - Campus do IPG - Bênção dos finalistas universitários

 

*Aveiro - Seminário de Santa Joana Princesa - Workshop sobre o «Discernimento Espiritual» orientado pelo padre João Alves e promovido pelo Serviço de Espiritualidade do Seminário de Santa Joana Princesa de Aveiro.

 

*Leiria - O bispo da Diocese de Leiria-Fátima preside à ordenação de diácono do seminarista Eduardo Caseiro, na Catedral de Leiria.

 

 

 

   

05 maio, às 21:00, Leiria

O chefe mundial do escutismo, o português João Armando, vai falar sobre «Escutismo no mundo: presente e futuro», na aula magna do Seminário de Leiria, iniciativa da Cáritas Jovem diocesana.

 

06 maio, às 14:30, Lisboa

Encontro sobre «Precariedade e medo no mundo do trabalho. Denúncia e combate» promovido pela LOC/MTC do Patriarcado de Lisboa, dinamizado por Avelino Pinto, no Salão da Igreja do Sagrado Coração de Jesus.

 

09 maio, às 21:00, Porto

A Fundação SPES promove a conferência «Reforma e Teologia», proferida por José Eduardo Borges de Pinho, professor da Universidade Católica Portuguesa, na Casa da Torre da Marca.

 

12 e 13 maio

O Papa Francisco visita o Santuário de Fátima pelo Centenário das Aparições.
Grupo coral dos cadetes da Academia da Força Aérea Portuguesa 
saúda o pontífice à chegada a Portugal com um cântico mariano, às 16h20 de 12 de maio, na base aérea Monte Real.

 

Até 21 de maio, Lisboa

A exposição do concurso World Press Photo 2017 pode ser visitada na galeria de exposições temporárias do Museu Nacional de Etnologia. As 155 fotografias vencedoras foram escolhidas entre mais de 80 mil, de 5034 repórteres fotográficos de 126 países.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 07 maio, 13h30 - Papa Francisco em Portugal: Lugares, itinerários e horários 

 

Segunda-feira, dia 08, 15h00 

Entrevista sobre a história de Fátima com José Eduardo Franco, Joana Balsa Pinho e Licínio Lima.

 

Terça-feira, dia 09 15h00 - Informação e entrevista ao cónego António Rego, autor do livro "Sou Peregrino".

 

Quarta-feira, dia 10, 15h00 - Informação e entrevista a Ana Patrícia Fonseca e Margarida Alvim sobre a iniciativa da Casa Velha 'Caminhada pela mudança' ao encontro do Papa Francisco.

 

Quinta-feira, dia 11, 15h00 - Informação e entrevista A D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima

 

Sexta-feira, dia 12, 15h00  -  Entrevista a Aura Miguel, vaticanista da Rádio Renascença, sobre a visita do Papa, a canonização dos pastorinhos e o centenário das Aparições em Fátima.

 

Antena 1

Domingo, 07 de maio - Itinerário do Papa Francisco em Portugal
 
Segunda a Sexta-feira, 08 a 12 de maio - Preparando a visita do Papa e o centenário das aparições.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 4.º Domingo da Páscoa 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Escutar e seguir o Bom Pastor
 
 

Os textos bíblicos deste quarto domingo pascal sintonizam com o Domingo do Bom Pastor que hoje celebramos.

O Evangelho apresenta Cristo como o Pastor cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo à vida em plenitude.

A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como o Pastor que guarda e conduz as suas ovelhas. Os crentes devem seguir esse Pastor.

A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, o Pastor, desafia os seus discípulos a percorrer: é preciso converter-se, ser baptizado e receber o Espírito Santo.

Fiquemos uns instantes nas interpelações do Evangelho. Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo. Não faz sentido seguir outros pastores ou outras vozes que nos arrastam e se tornam referências à volta das quais construímos a nossa existência.

Cristo desempenha a sua missão de Pastor com máxima atitude de proximidade: Ele conhece as ovelhas e chama-as pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação única, especial, pessoal. Dirige-lhes um convite a deixarem a escuridão, mas não força ninguém a segui-l’O: respeita absolutamente a liberdade de cada pessoa. É dessa forma humana, tolerante e amorosa que somos convidados a nos relacionamos mutuamente. Aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade só podem exercer a sua missão no respeito absoluto pela pessoa, pela sua dignidade, pela sua individualidade.

As ovelhas do rebanho de Jesus têm de escutar a voz do Pastor e segui-l’O. Isso significa, concretamente, tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o mesmo

 

 

 

 

 caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na doação total aos irmãos.

Para que distingamos a voz de Jesus de outros apelos, é preciso um permanente diálogo íntimo com o Pastor. Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações, aí está a mensagem do Papa a nos apelar a tudo isso: «Com confiança evangélica abrimo-nos à ação silenciosa do Espírito, que é o fundamento da missão. Não poderá jamais haver pastoral vocacional nem missão cristã sem a oração assídua e contemplativa. Neste sentido, é preciso alimentar a vida cristã com a escuta da Palavra de Deus e sobretudo cuidar da relação

 

pessoal com o Senhor na adoração eucarística, «lugar» privilegiado do encontro com Deus».

Tomemos tempo para caminhar ao ritmo do Pastor que nos conhece e que chama a cada um de nós pelo próprio nome. Escutemos a sua voz, saboreando o magnífico Salmo 22: «O Senhor é meu pastor, nada me falta». Procuremos também rezar pela fidelidade à vocação a que o Senhor nos chama e por todas as outras vocações. Confiemos no Senhor, sejamos ser felizes e façamos os outros felizes. Que assim seja ao longo desta semana.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

A história (quase) desconhecida dos cristãos na Coreia do Norte

Igreja clandestina

Sabe-se muito pouco sobre o dia-a-dia dos cristãos na Coreia do Norte. No país governado com mão de ferro pela dinastia Kim, em que a simples posse de um exemplar da Bíblia pode significar a morte, muitos cristãos sofrem horrores nas prisões do regime


O ano de 2015 foi trágico para Hyeon Soo Lim. Este missionário, de 61 anos, oriundo do Canadá, desenvolvia trabalho humanitário na Coreia do Norte quando foi preso. Acusado de conspirar contra o regime, de nada lhe valeu proclamar a sua inocência. Condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados, é obrigado agora a abrir buracos nos terrenos do campo de concentração onde se encontra durante pelo menos oito horas por dia. Está incomunicável. No temível sistema repressivo da Coreia do Norte, o missionário Heyon Lim é agora o preso “036”. Heyon não é caso único. Tal como ele, há outros cristãos estrangeiros detidos na Coreia do Norte. Todos eles têm histórias incríveis, quase inacreditáveis. Todos conhecem, na pele, o verdadeiro inferno a que estão condenados 

 

todos os cristãos neste país. O padre Philippe Blot, um missionário francês que conhece como poucos a realidade deste país governado pela dinastia Kim, contou à Fundação AIS pormenores sobre o dia-a-dia de milhões de pessoas na Coreia do Norte. No país mais fechado do mundo, os cristãos são vistos como inimigos e sofrem as mais horríveis perseguições. “Tive oportunidade de visitar algumas escolas que ilustram a sub-alimentação crónica de toda a população, com a excepção dos dirigentes do regime, é claro. Uma criança norte-coreana com 7 anos mede em média menos 20 cm e pesa menos 10 quilos que uma criança na Coreia do Sul”. Num país onde a corrupção impera, e onde tudo é controlado, todas as pessoas estão sob vigilância. Uma das coisas que mais impressionou este missionário francês nas diversas viagens à Coreia do Norte foi a ausência absoluta de deficientes nas ruas. “Fiquei muito espantado por não ver pessoas deficientes… O facto é que o regime norte-coreano, racista e eugenista, vive na obsessão pela pureza da raça e exclui as pessoas qualificadas de ‘anormais’,

 

 


 

 

expulsando-as das grandes cidades”, explica Philippe Blot, acrescentado que todos vivem numa enorme ignorância sobre o que se passa no mundo exterior. 

 

Torturas…

Muitos milhares de norte-coreanos têm sido enviados, tal como Hyeon Soo Lim, para os temíveis campos de concentração. Calcula-se que, actualmente, entre 100 mil a 200 mil pessoas agonizam nesses campos. De novo, o testemunho do padre Blot. “A brutalidade dos guardas é o pão de cada dia destes prisioneiros – que trabalham 16 horas, sofrem torturas atrozes e assistem a execuções dos mais recalcitrantes… De todos estes ‘prisioneiros políticos’, os que sofrem pior tratamento são os Cristãos, considerados como espiões e ‘anti-revolucionários’. De acordo com o regime são cerca de 13 mil, mas de acordo com as informações das associações humanitárias são entre 20 e 40 mil e são objecto do tratamento mais cruel: crucificam-nos, penduram-nos nas árvores ou em pontes, afogam-nos, são queimados vivos…”

Ao longo dos anos, o padre Blot tem acompanhado e ajudado os cristãos que fazem parte da Igreja Clandestina na Coreia do Norte. Muitos têm 

 

procurado fugir do país. Outros são apanhados. Pensa-se que, desde 1995, pelo menos 5 mil cristãos foram executados simplesmente porque rezavam em segredo ou distribuíam Bíblias.” Invocando a intercessão de Nossa Senhora de Fátima para ajudar a “desfazer este muro comunista” e a ajudar os norte-coreanos “a encontrar a liberdade e a alegria de viver como filhos de Deus”, o padre Blot pede-nos para não nos esquecermos destes cristãos que vivem no país mais fechado do mundo. Um deles é o preso “036”, o missionário Heyon Lim.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

A revolução imparável do Papa

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Sobre o Papa Francisco parecia não haver nada de muito novo a dizer. Mas mais importante que as novidades de conteúdo são as novas formas de abordar as questões e a coerência como se vive o que se diz. Nisto o Papa Francisco é um campeão, no dizer de António Marujo e Joaquim Franco, dois jornalistas peritos em assuntos religiosos que lançaram o livro ‘Papa Francisco, a revolução imparável’. A apresentação foi feita, na tarde de 24 de Abril, no Convento dos Dominicanos em Lisboa, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Às portas da visita a Portugal, os autores falam de alguns temas quentes do pontificado de Francisco: pobreza, economia, clima, justiça, família, Vaticano. Falam das reformas que o Papa tenta implementar e das oposições que refreiam este ímpeto reformista.

O Papa recolhe uma simpatia generalizada e transversal à sociedade, Aposta na misericórdia como coração da mensagem cristã e, por isso mesmo, da Missão e da vida da Igreja.

Francisco fala muito da alegria, a ponto de a dar como título a dois dos seus documentos mais emblemáticos: ‘A Alegria do Evangelho’ e ‘A Alegria do Amor’. É contra a economia que mata e por uma ecologia integral. Coloca a família e a mulher no centro das suas preocupações pastorais.

O Papa lança apelos a uma Europa que se tornou muro em vez de ponte. Ataca de frente a globalização da indiferença que faz do Mediterrâneo um enorme cemitério.

 

 

 

 

 

 

 

A perspetiva ecuménica do Papa Francisco levou-o à Suécia para celebrar os 500 anos da Reforma de Lutero. Aposta na unidade da diversidade. Diz que é mais o que une as Igrejas cristãs do que aquilo que as separa.

A reforma da Cúria, no seu todo, é a opção mais radical do pontificado deste Papa argentino. Quer mais descentralização. Insiste nas questões do desenvolvimento humano integral. Exige uma Igreja mais simples, mais santa, mais solidária. Quer uma administração mais transparente. Garante combate sem tréguas à pedofilia e a todas as formas de corrupção.

António Marujo e Joaquim Franco fazem um resumo: ‘Misericórdia, 

 

atenção aos mais pobres e vulneráveis, proximidade com todos, cultura de encontro, cuidado com a Criação, acolhimento das situações de fragilidade, maior empenho na justiça social e numa economia ao serviço das pessoas, defesa da liberdade, promoção de uma cultura da paz e da não violência, reforma das Instituições da Igreja num sentido mais evangélico’.

O Papa Francisco vem celebrar o Centenário de Fátima e canonizar a Jacinta e o Francisco Marto. Mas virá, certamente, reafirmar a sua grande opção evangélica pelas visitas constantes às periferias e margens da história, como era a Cova da Iria há cem anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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