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Redação: Carlos Borges, Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neve Fotografias: António Vale, Arlindo Homem, João Fernandes, João Lopes Cardoso, Ricardo Perna (as fotografias da Agência Lusa e da Força Aérea Portuguesa estão assinaladas) Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt; |
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“Temos Mãe!” |
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Paulo Rocha Agência ECCLESIA |
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A celebração do centenário das Aparições de Fátima com a presença do Papa Francisco e a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto é um acontecimento a revisitar, nos próximos dias e nas próximas gerações.
Quem teve a oportunidade participar na peregrinação de 12 e 13 de maio de 2017, através dos media e sobretudo na Cova da Iria, nas ruas que levaram o Papa até ao recinto de oração e nas que de lá o viram partir, tem imagens exclusivas da espera, do encontro e do adeus a Francisco: as que foram gravadas no coração de cada peregrino. Porque só aí, no coração de cada um, é possível guardar o que se vê e o que se sente! E, em Fátima, o que se sente é sempre mais do que aquilo que se vê!
Os grandes acontecimentos, aqueles que ficam escritos na história de cada um, tornam-se presentes nos dias seguintes através de mediações que remetem para o acontecido e sobretudo para o vivido. Esta edição tem esse objetivo: fazer memória de 24 horas com o Papa Francisco pela força das imagens, pelo prolongamento de um ambiente de luz nas páginas que se seguem e pela centralidade que, em todos os momentos, foi dado à imagem de Nossa Senhora de Fátima e aos pastorinhos canonizados, Francisco e Jacinta. Também à Irmã Lúcia, a vidente falecida 2005, recorrentemente referida para recordar a Mensagem de Fátima.
A presença do Papa em Fátima não se circunscreve, no entanto, à força das imagens. Ela remete
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sobretudo para a relevância dos seus gestos e das suas mensagens. Os primeiros tiveram no silêncio guardado por meio milhão de pessoas um momento altamente simbólico. Também no peregrinar do Papa, como todos os que ali se encontravam, em direção à Capelinha das Aparições. Depois, as mensagens: poucas intervenções para dizer tudo sobre Maria na vida crente de um cristão. E bastaram duas palavras: “Temos Mãe!”
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Querido povo português!
Faltam poucos dias para a minha e a vossa peregrinação até junto de Nossa Senhora de Fátima, vivendo-os em feliz expectativa do nosso encontro na casa da Mãe!
Bem sei que me querias também nas vossas casas e comunidades, nas vossas aldeias e cidades. O convite chegou-me! Escusado será dizer que gostaria de o aceitar. Mas não é possível. Desde já agradeço a compreensão com que as diversas autoridades acolheram a minha decisão de circunscrever a visita aos momentos e atos próprios da peregrinação no Santuário de Fátima, marcando encontro com todos aos pés da Virgem Mãe.
De facto, é nas vestes de Pastor Universal que me apresento diante dela, oferecendo-lhe o bouquet das mais lindas flores que Jesus confiou aos meus cuidados, ou seja, os irmãos e irmãs do mundo inteiro, resgatados pelo seu sangue, sem excluir ninguém. Vedes? Preciso de vos ter comigo, preciso da vossa união, física e espiritual. O importante é que seja de coração, para o meu bouquet de flores, a minha rosa de ouro.
Formando um só coração e uma só alma, entregar-vos-ei todos a Nossa Senhora, pedindo-lhe para segredar a cada um: “O meu Imaculado
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Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.
“Com Maria, Peregrino na esperança e na paz”. Assim reza o lema desta nossa peregrinação, sendo todo ele um programa de conversão. Para este momento abençoado, que culmina um centenário de momentos abençoados, alegra-me saber que vos estais
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a preparar com intensa oração. Esta alarga o nosso coração e prepara-o para receber os dons de Deus.
Agradeço-vos as orações e sacrifícios que diariamente ofereceis por mim e de que muito preciso, pois sou um pecador entre pecadores, ‘um homem de lábios impuros, que habitam no meio de um povo de lábios impuros’.
A oração ilumina os meus olhos para saber olhar os outros como Deus os vê, para amar os outros como Ele os ama.
No Seu nome, venho até vós na alegria de partilhar convosco o Evangelho da Esperança e da Paz.
O Senhor vos abençoe e a Virgem Mãe vos proteja!
Papa Francisco
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Amados peregrinos de Maria e com Maria!
Obrigado por me acolherdes entre vós e vos associardes a mim nesta peregrinação vivida na esperança e na paz. Desde já desejo assegurar a quantos estais unidos comigo, aqui ou em qualquer outro lugar, que vos tenho a todos no coração. Sinto que Jesus vos confiou a mim (cf. Jo 21, 15-17) e, a todos, abraço e confio a Jesus, «principalmente os que mais precisarem» ? como Nossa Senhora nos ensinou a rezar (Aparição de julho de 1917). Que Ela, Mãe doce e solícita de todos os necessitados, lhes obtenha a bênção do Senhor! Sobre cada um dos deserdados e infelizes a quem roubaram o presente, dos excluídos e abandonados a quem negam o futuro, dos órfãos e injustiçados a quem não se permite ter um passado, desça a bênção
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de Deus encarnada em Jesus Cristo: «O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz» (Nm 6, 24-26). Esta bênção cumpriu-se plenamente na Virgem Maria, pois nenhuma outra criatura viu brilhar sobre si a face de Deus como Ela, que deu um rosto humano ao Filho do eterno Pai, podendo nós agora contemplá-Lo nos sucessivos momentos gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos da sua vida, que repassamos na recitação do Rosário. Com Cristo e Maria, permaneçamos em Deus. Na verdade, «se queremos ser cristãos, devemos ser marianos; isto é, devemos reconhecer a relação essencial, vital e providencial que une Nossa Senhora a Jesus e que nos abre o caminho que leva a Ele» (Paulo VI, Alocução na visita ao Santuário de Nossa Senhora de Bonaria-Cagliari, 24/IV/1970). Assim, sempre que rezamos o Terço, neste lugar bendito como em qualquer outro lugar, o Evangelho retoma o seu caminho na vida de cada um, das famílias, dos povos e do mundo.
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Peregrinos com Maria… Qual Maria? Uma «Mestra de vida espiritual», a primeira que seguiu Cristo pelo caminho «estreito» da cruz dando-nos o exemplo, ou então uma Senhora «inatingível» e, consequentemente, inimitável? A «Bendita por ter acreditado» (cf. Lc 1, 42.45) sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma «Santinha» a quem se recorre para obter favores a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja orante, ou uma esboçada por sensibilidades subjetivas que A veem segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como Juiz impiedoso; mais misericordiosa que o Cordeiro imolado por nós?
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Grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma em primeiro lugar que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor – como mostra o Evangelho – que são perdoados pela sua misericórdia! Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia. Naturalmente a misericórdia de Deus não nega a justiça, porque Jesus tomou sobre Si as consequências do nosso pecado juntamente com a justa pena. Não negou o pecado, mas pagou por nós na Cruz. Assim, na fé que nos une à Cruz de Cristo, ficamos livres dos nossos pecados; ponhamos de lado
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qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna em quem é amado (cf. 1 Jo 4, 18). «Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes (…). Esta dinâmica de justiça e de ternura, de contemplação e de caminho ao encontro dos outros é aquilo que faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 288). Possamos, com Maria, ser sinal e sacramento da misericórdia de Deus que perdoa sempre, perdoa tudo. |
Tomados pela mão da Virgem Mãe e sob o seu olhar, podemos cantar, com alegria, as misericórdias do Senhor. Podemos dizer-Lhe: A minha alma canta para Vós, Senhor! A misericórdia, que usastes para com todos os vossos santos e com todo o vosso povo fiel, também chegou a mim. Pelo orgulho do meu coração, vivi distraído atrás das minhas ambições e interesses, mas não ocupei nenhum trono, Senhor! A única possibilidade de exaltação que tenho é que a vossa Mãe me pegue ao colo, me cubra com o seu manto e me ponha junto do vosso Coração. Assim seja. |
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