04 - Editorial

       Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião.

        Miguel Panão

       Paulo Rocha

         Cultura, Igreja e Jovens


 

 

26 - Entrevista

        Luis Miguel Cintra

50 - Multimédia

52 - Concílio Vaticano II

54 - Estante

56- Agenda

58- Por estes dias

60 - Programação Religiosa

62 - Minuto Positivo

64 - Liturgia

66 - Fátima 2017

70 - Fundação AIS

72 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

O sonho da Paz e os militares

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Papa em Génova

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Jovens, Igreja e Cultura

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Miguel Oliveira Panão | Paulo Rocha | Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Cavfefe

  Octávio Carmo    

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

As minhas filhas perguntaram-me se eu tinha uma palavra preferida e a resposta saiu sem hesitações: Eyjafjallajökull. O famoso vulcão da Islândia que tantas dores de cabeça deu aos jornalistas, em 2010.

Esta semana apareceu outra palavra, mais enigmática do que o vulcão da montanha de gelo islandesa, porque, na verdade, ninguém sabe como surgiu nem qual o seu objetivo. A verdade é que a presença do presidente dos EUA numa rede social como o Twitter personifica uma profunda transformação da comunicação e dos focos de atenção mediáticos, que nem sempre acontecem pelos melhores motivos ou com os melhores resultados.

Não duvido que o “cavfefe” teve muito mais impacto nas redes sociais do que a ameaça de abandonar o Acordo de Paris sobre o clima. Isto, só por si, deveria ser assustador, dado que o futuro do planeta e as implicações de uma tal decisão mereceriam, por certo, muito mais atenção do que um lapso, seja lapsus linguae ou calami.

A Igreja Católica tem em curso uma reflexão mundial sobre os jovens, a sua cultura, as suas expectativas para a vida. Um dos grandes contributos que pode dar é dar um passo atrás, parar, ver o quadro geral, respirar fundo, resistir à tentação da hipervelocidade e da hiperinformação. Mostrar o que se passa é muito diferente de compreender o que se passa e, muito mais, 

 

 

 

 

de ser capaz de explicar os acontecimentos.

O mundo tem vindo a perder mediadores. Pessoas que se preocupem mais com o quadro geral, com as interações dos vários acontecimentos, com memória dos factos e das pessoas. O imediato não pode ser como o Chronos da 

 

mitologia grega, que come os seus próprios filhos. Faz falta um tempo com horizonte de sentido. Não mais tempo, como tantas vezes gritamos, mas outro tempo. Que até pode ser menos para que seja melhor: podemos ir mais longe se não quisermos escolher todos os destinos ao mesmo tempo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Papa Francisco saúda os trabalhadores da siderurgia Ilva em Génova

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

-“Hoje, o trabalho está em perigo. No mundo, o trabalho não se considera com a dignidade que tem e que dá”

Papa Francisco – Siderúrgica Ilva, Génova – 27/05/2017

 

“Uberização” é o termo usado para designar o trabalho coordenado por plataformas digitais. Pode-se hoje organizar o trabalho de milhares de trabalhadores com apps que põem em contacto os trabalhadores com os clientes. (...) Os trabalhadores “uberizados” ficam excluídos da proteção social e jurídica do direito do trabalho: rendimento estável, subsídio de férias e de desemprego, horários decentes, licenças parentais, relações coletivas de trabalho, etc. E são transformados em “microempresários” muito pouco autónomos: o preço dos serviços é fixado pelos donos das apps, que ficam com uma percentagem das receitas, controlam os trabalhadores online e “despedem” os que têm más avaliações. Helena Lopes – Público 1/06/2017

 

A maior lição de Trump foi aquela bem resumida pela chanceler Merkel: no grande inverno do mundo, a Europa só terá o futuro que souber conquistar com as próprias mãos. Se isso ajudar a UE a sair da sua patológica menoridade, então talvez a história europeia acabe por registar Trump como uma imperdível oportunidade.

Viriato Soromenho Marques – Público - 31/05/2017

 

A verdadeira "rede social" (propositadamente no singular) não passa pela net. Trata-se de uma coisa muito mais vasta que tende a desfazer-se cada vez mais na vida social contemporânea. (...)

Mesmo que os computadores e as tecnologias sejam cada vez mais próximos da realidade, nunca se substituirão a ela. Até porque nos limitam no acaso, que é uma parte importante e rica da condição humana, para o bem e para o mal.  Filipa Guimarães – Sábado – 1/06/2017 

 

 

Forças Armadas e Paz,
uma combinação desejada

 

O bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança destacou, na Academia Militar da Amadora, a importância da mensagem de Fátima para a busca e a preservação da paz no mundo. Na intervenção de abertura do Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’, que teve lugar esta quarta-feira, com organização do Ordinariato Castrense, D. Manuel

 

 

Linda salientou que 100 anos depois “Fátima afirma-se como o maior contributo para a nova ordem mundial que se pretende”.

Destacando a “complexidade das problemáticas” que hoje marcam a sociedade, com os numerosos conflitos e outros desafios deles decorrentes, o prelado apontou a necessidade de privilegiar na ação

 

   

militar uma conduta “ética”, que permita distinguir da melhor maneira o que fazer em cada situação e teatro de operações. E nesse campo lembrou a ação da Igreja Católica no meio militar, em especial dos inúmeros capelães militares que ajudam a reforçar neste meio as “múltiplas dimensões do humano”, bem como “o espirito de corpo” de todas as forças que servem.

O Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’ teve como pano de fundo o centenário das aparições de Fátima e o da I Grande Guerra (1914-18).

Na Academia Militar, estiveram vários responsáveis cristãos que quiseram dar o seu contributo para o debate, a começar pelo bispo de Leiria-Fátima. D. António Marto salientou que Fátima permanece como “promessa consoladora” para um mundo onde “milhões de pessoas vivem ainda no meio de conflitos insensatos” e em que “mesmo lugares outrora considerados seguros” estão tomados por “uma sensação geral de medo”.

 

“Fátima é uma mensagem de misericórdia da parte de Deus, sensível aos sofrimentos da humanidade, para dizer que o mal e a guerra não são uma fatalidade, que é possível vencer esse mal através de outras armas diferentes das militares, que são as armas da conversão dos corações, da reparação do mal do mundo e da oração que transforma as pessoas e a cultura dos povos”, disse D. António Marto à Agência ECCLESIA.

O ministro da Defesa Nacional observou, por sua vez, que conjugar os termos “Forças Armadas e paz não é um paradoxo” e salientou a necessidade de afirmar uma relação cada vez mais “clara” entre estes dois conceitos.

José Alberto Azeredo Lopes destacou o papel que Portugal tem assumido nos vários teatros de guerra, na proteção e segurança das populações. “O mais importante é que, do ponto de vista reputacional, Portugal surge como fornecedor de paz e de segurança”, salientou.

 

O presidente da República Portuguesa disse que “a materialização da paz” pede mais a toda a sociedade e não pode ser entendida apenas como “um intervalo entre guerras”. No âmbito do Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’, Marcelo Rebelo de Sousa realçou a necessidade de “debater a paz num mundo complexo, onde proliferam os conflitos e a desordem”. Frisou também que a cultura atual parece conformada com a “inevitabilidade da guerra”, e é preciso fazer mais, a começar pelos líderes mundiais.

 

 

Eutanásia: Acrescentar coração à técnica

O padre José António Pais, capelão dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), diz que é fundamental encontrar soluções para “humanizar e dar dignidade” às pessoas, aos doentes, perante o sofrimento e a morte. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o sacerdote, coordenador dos Capelães dos Hospitais da Diocese de Coimbra, sublinhou que perante o debate que está em curso sobre a eutanásia ninguém terá “respostas definitivas”, o essencial é “perguntar como é que se pode dar dignidade aos últimos momentos de uma pessoa”.

Até porque, na opinião daquele responsável, é tão discutível a questão “da eutanásia” como “a da distanásia”, prática pela qual se prolonga através de meios artificiais e desproporcionais, a vida de um doente incurável. “Por isso não podemos falar no geral, não temos receitas, temos que analisar cada caso por si”, sustentou o padre José António, recordando que “cada pessoa sofre à sua maneira, de acordo com as suas circunstâncias”.

“A dor não é igual para todos, há pessoas que sofrem sozinhas, que não têm ninguém, como é que podemos

 

acompanhar a pessoa, a família como é que podemos acompanhar, os profissionais de saúde como podem acompanhar”, disse o capelão hospitalar, para quem é importante nesta matéria recorrer à “ciência” mas também ao “coração”.

“Que os centros de cuidados paliativos não sejam um depósito de doentes em fim de vida”, alertou aquele responsável, para volta a reforçar a tónica da humanização e a frisar que neste campo, não basta “a técnica e os medicamentos”, é precisa também “a técnica do coração”.

O padre José António Pais esteve envolvido, nos dias 26 e 27 de maio em Fátima, na organização de um encontro alargado de profissionais de saúde, promovido por vários organismos do setor, como as associações de médicos, psicólogos e farmacêuticos católicos.

 

 

Casa da Vida portuguesa em Roma

O Pontifício Colégio Português, em Roma, foi distinguido esta terça-feira com o título ‘Casa de Vida’, da Fundação Raoul Wallenberg, reconhecendo o papel da instituição católica durante a II Guerra Mundial no acolhimento aos perseguidos pelo regime nazi.

A cerimónia decorreu nas atuais instalações do colégio, propriedade da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com a presença do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, presidente da CEP; do reitor da instituição, padre José Caldas; e da vice-presidente da Fundação Internacional Raoul Wallenberg, Silvia Costantini.

O jornalista português António Marujo, que em 2012 deu a conhecer a história do padre Joaquim Carreira e o seu acolhimento no Colégio Português de perseguidos pelo regime nazi, e Luigi Priolo, um dos beneficiários ainda vivos do acolhimento, também estiveram presentes.

A vice-presidente da Fundação Raoul Wallenberg disse que este momento serviu fundamentalmente para “celebrar a memória do bem e honrar os que ajudaram os perseguidos”. Silvia Costantini falou do Pontifício

 

 

Colégio Português como “uma casa que testemunha a coragem dos heróis silenciosos”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA pela instituição católica.

A distinção ‘Casa da vida’ é atribuída a nível institucional depois de o padre Joaquim Carreira, vice-reitor e reitor do Pontifício Colégio Português entre 1940 e 1954, ter sido considerado ‘Justo entre as Nações’ a título póstumo, em 2010, pelo Memorial do Holocausto. O padre Joaquim Carreira foi recordado pelo seu sobrinho, padre João Mónico, e por Luigi Priolo.

Entre as pessoas que ficaram escondidas no colégio, de setembro de 1943 a junho de 1944, para além de judeus, havia socialistas, resistentes antifascistas e outros cidadãos italianos que se opunham ao nazi-fascismo.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

Visita a Génova, junto dos mais desfavorecidos

 

O Papa Francisco viveu este sábado um dia de festa em Génova, onde saiu em defesa de quem trabalha e recordou os mártires de hoje. Foi com grande emoção que começou a primeira visita do Papa Francisco à cidade do noroeste da Itália, alertando para os problemas que afetam o mundo do trabalho. Simbolicamente, o encontro teve lugar junto ao porto desta cidade, na siderurgia ILVA.

“Hoje, o trabalho está em perigo. Este é um mundo onde o trabalho não se 

 

considera com a dignidade que tem e que dá”.

Francisco apresentou-se como filho de imigrantes italianos e confessou a sua emoção: “Estar tão perto do porto lembra-me de onde saiu o meu pai. Isso emociona-me muito. Obrigado pelo vosso acolhimento”.

Perante centenas de membros do clero e de institutos religiosos reunidos na Catedral de São Lourenço, o Papa evocou os cristãos coptas ortodoxos que foram mortos, 

 

 

no Egito, num ataque armado. Franciscos afirmou que os mártires de hoje são mais do que nos tempos antigos. “Convido-vos a rezar juntos pelos nossos irmãos coptas, egípcios, que foram mortos porque não quiseram renegar a fé. Em união com eles, com os seus bispos, ao meu irmão Tawadros II, convido-vos a rezar, juntos, em silêncio, e depois uma Ave-Maria”

O Papa convidou depois os jovens católicos a rejeitar uma sociedade de exclusão que fecha as portas a quem sofre. Às palavras, somou-se o gesto: Francisco almoçou na cidade italiana 120 pessoas entre pobres, refugiados, sem-abrigo e presos. “Há tantos irmãos nossos com o rosto, a face 

 

desfigurada por uma sociedade que se defende apenas com a exclusão, isolando as pessoas, ignorando”.

A agenda papal incluiu uma passagem pelo hospital pediátrico ‘Giannina Gaslini’ de Génova, no noroeste da Itália, onde esteve com as crianças e cumprimentou pais e profissionais da instituição. “O sofrimento das crianças é certamente o mais difícil de aceitar, por isso, o Senhor chama-me a estar, ainda que brevemente, ao lado destas crianças e adolescentes e dos seus familiares”.

O Papa encerrou a sua visita a Génova, perante milhares de pessoas, pedindo que a Igreja seja capaz de sair de si mesma e de servir o mundo, também através da oração.

 

 

Viver com esperança ao encontro
de quem sofre

O Papa Francisco disse no Vaticano que a vida dos católicos deve ser marcada pela esperança, projetando a celebração do Pentecostes, com comunidades do Renovamento Carismático, que assinalam o seu 50.º aniversário. “Cheios de confiança, seremos capazes de enfrentar qualquer tribulação e de ser semeadores da esperança entre os nossos irmãos, consolando, defendendo e assistindo todos, como o Paráclito nos ensina”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal.

A intervenção recordou em particular os pobres, os “excluídos e não amados”, para além de desafiar os católicos a serem “defensores" da "criação" e dos "descartados". "Que a próxima festa de Pentecostes - que é o aniversário da Igreja -, esta próxima festa do Pentecostes nos encontre unidos em oração com Maria, Mãe da Igreja e nossa. E o dom do Espírito Santo nos faça abundar na esperança, direi mais: nos faça esbanjar esperança", desejou.

A Igreja Católica assinala este 

 

domingo o Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, um dia particularmente dedicado à oração e celebração do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade na doutrina cristã.

O Papa quis assinalar a “relação que existe entre o Espírito Santo e a esperança”, sublinhando que é o Espírito que “move a Igreja, caminha com ela”.

Em português, deixou uma saudação particular a grupos de fiéis de Angola, Sendim, Serrinha, Florianópolis e Minas Gerais. “Queridos amigos, nestes dias de preparação para a festa de Pentecostes, peçamos ao Senhor que derrame em nós abundantemente os dons do seu Espírito, para que possamos ser testemunhas de Jesus até os confins da terra. Obrigado pela vossa presença”, disse.

 

 

 

50.º aniversário do Renovamento Carismático Católico

Francisco saudou os vários grupos que estão em Roma para participar com ele na Vigília de Pentecostes, este sábado, por ocasião dos 50 anos do Renovamento Carismático Católico (RCC). “Exorto-vos a perseverar na oração, juntamente com Maria, nossa Mãe, pedindo a Jesus que o dom do Espírito Santo nos faça sobreabundar na esperança”, apelou.

O Papa vai participar na festa internacional marcada para o Circo Máximo. “Por expressa vontade do Papa, vão intervir, para além das várias realidades do Renovamento Carismático, representantes do mundo evangélico e pentecostal, pelo que será um grande acontecimento ecuménico”, refere um comunicado do RCC.

O programa das celebrações levou centenas de pessoas à Praça de São Pedro, esta quarta-feira, para a audiência geral com o Papa Francisco, prosseguindo com vários encontros, simpósios e celebrações no centro de Roma até domingo, com a festa de Pentecostes na Praça de São Pedro.

Em julho de 2015, o Papa rezou no Vaticano pela unidade dos cristãos com bispos, sacerdotes e leigos das

 

várias Igrejas, durante uma audiência com os membros do Renovamento Carismático de Itália. Durante a iniciativa, Francisco fez votos de que “o Espirito Santo conduza todos os cristãos a percorrerem a estrada da unidade”, como uma “diversidade reconciliada”.

O RCC nasceu durante um retiro de estudantes da Universidade Duquesne de Pittsburgh (Pensilvânia – EUA), em 1967 e está hoje presente em mais de 200 países, incluindo Portugal, com mais de 120 milhões de membros. Ao longo da sua história, a Igreja tem presenciado o surgimento de muitos movimentos de “renovação”, em muitos dos quais “irrompe a vitalidade pentecostal da Igreja”. Trata-se de um desejo da presença criadora e libertadora do Espírito.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Afeganistão: Papa condena ataque «abominável»

 

 

 

Dia Mundial das Comunicações Sociais

 

 

 

Gerir o tempo ou a nós próprios?

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   

 

Quantos de nós não temos tanta coisa para fazer e falta-nos tempo? A agenda está cheia, tudo em cima da hora, ainda não terminei um trabalho e penso já no próximo...

Quando pensamos em países desérticos, a água é o bem mais precioso porque é essa que faz falta. Nas sociedades tecnológicas, o bem mais precioso deve ser o tempo porque muitos se queixam da falta dele. A gestão do tempo é um dos maiores desafios actuais, mas será que o problema estará em gerir o tempo, ou estará antes na gestão que fazemos de nós próprios?

Existem hoje muitas apps para nos ajudar a gerir as finanças. E para o tempo? Existe alguma coisa? De facto, plataformas como o RescueTime, uma vez instaladas no computador, avaliam a nossa produtividade com base no tipo de aplicações que usamos e sites que consultamos. Porém, esta abordagem apenas nos dá uma visão do modo como usamos o tempo que passamos diante de um computador, mas não avalia quando vemos televisão, ou o conteúdo do tempo que estamos no PC. Existem duas ferramentas que pode ajudar-nos a gerir melhor o nosso tempo.

 

Ferramenta 1 - Redescobir o analógico

Recentemente, Michael Hyatt, um mentor virtual nas áreas da produtividade lançou um produto intitulado Full Focus Planner. A ideia é redescobrir o valor das aplicações analógicas para registar o nosso progresso em termos de produtividade e 

 

  

fazê-lo escrevendo à mão. Sim, à mão. Existem alguns estudos que mostram como escrever à mão leva-nos a aprender mais e a reter aquilo que aprendemos, do que usar portáteis para esse efeito. A razão prende-se com o uso de partes diferentes do cérebro, forçando-nos a processar melhor as mensagens que recebemos, criando mais e melhores pistas nas memórias para nos lembrarmos mais tarde, e dando-nos um algo mais na compreensão e memorização de conceitos. Os aparelhos digitais distraem-nos mais nesse sentido.

Há quem pense que ser produtivo significa ter a capacidade de fazer muitas coisas em pouco tempo, ou muitas coisas ao mesmo tempo, mas não. Ser produtivo é fazer bem o temos para fazer, de modo organizado, sem falhar um prazo ou sacrificar o tempo para estar com os que mais amamos, ou o tempo para a nossa vida espiritual. E uma das ferramentas melhores para nos ajudar a ser produtivos são os hábitos diários.

 

Ferramenta 2 - A Potência Dos Hábitos Diários

Os hábitos que temos definem-nos, reduzem o stress, ajudam-nos a 

 

concentrar no que é importante e fomentam relacionamentos mais saudáveis. Quando as rotinas fazem parte da nossa vida, não pensamos mais sobre elas e a vida desenrola-se sem atropelos, valorizando o nosso tempo e, assim, gerindo-o melhor. O desafio é adquirir hábitos que perdurem. E o segredo é saber por que razão queremos desenvolver um determinado hábito, começar por pequenas coisas, escrevendo-as.

Há algum tempo que gostaria de escrever mais regularmente, mas não tinha tempo. A rotina matinal com toda a logística familiar é intensa, o trabalho é exigente e requer uma gestão da minha atenção em coisas muito diferentes, e quando chego ao final do dia, ou mesmo de noite, estava simplesmente cansado e escrever não era a primeira coisa que me lembraria de fazer. Talvez um episódio de uma série, ou um filme para relaxar. Conclusão: o tempo voava e não encontrava forma de conseguir escrever. Nessa altura decidi escrever todos os passos da minha rotina matinal e descobri que se levantasse 1h mais cedo teria tempo suficiente para escrever. Ou seja, funciona! Hoje, escrever tornou um hábito diário.

 

 

Ser, estar, fazer com…

  Paulo Rocha   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

A conversa corria solta sobre modos de viver e conviver, de estar e de relacionamentos. Falava-se do trabalho, da família, de grupos de amigos e também de instituições ou associações, casos onde todos partilham interesses comuns, prestam tributo às mesmas causas e colocam todos os esforços em tornos de projetos semelhantes. Assim é ou assim deveria ser (parece)! Mas não…! Repetem-se episódios de egoísmos entre parceiros, divisões entre iguais e rivalidades estéreis entre colaboradores.

Porque assim acontece, uma voz dessa conversa solta rapidamente se levantou para afirmar a certeza da possibilidade de proximidades absolutas em torno de ideais apenas numa circunstância: quando “partilhados” por uma única pessoa… É: viver uma doutrina, cumprir uma carta de princípios ou seguir um regulamento torna-se completamente

 

 

 transparente e simples quando acontece de forma isolada, individualmente. No momento em que esse itinerário acontece em relação, em grupo ou comunidade, aparentemente no mesmo trilho e com pistas comuns, todas as regras ganham duplas ou triplas leituras e o que parecia um horizonte comum em torno da mesma meta descobre-se de forma cada vez mais ambígua.

E tem de ser assim? Nos casos em que a pena corrige desvios de ordens superiores, não (e mesmo assim, nem sempre…); mas quando o juízo está confiado a outro Reino, o decorrer dos acontecimentos segue a tensão entre subjetividades, pareceres, opiniões, visões iluminadas sobre tudo o que está para vir.

 

Assim também acontece em comunidades de fé! Aquela conversa solta teve esse contexto, para dizer que viver uma experiência crente sozinho é extraordinariamente simples! Vivê-la em relação, em comunidade, diante de “manias” de um e de outro é que “é obra”.

E porque “é obra”, vale a pena! Por dois motivos: porque há muitos casos de trabalho conjunto em curso, onde se olha ao interesse comum, a conquista de objetivos entre todos, projetos de um grupo a concretizar (a última semana mostroou isso, na Ecclesia); e também porque o mundo melhor que todos, ou quase todos, procura, começa ao pé da porta. E acontece sempre que duas partes se juntam para criar união!

 

 

 

 

 

O Semanário ECCLESIA centra hoje o seu dossier sobre a próxima Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, que decorre a 3 de junho, em Fátima, com o tema «'Out of the box': A relação dos jovens com a Cultura». O evento culmina com a entrega do prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes ao encenador Luís Miguel Cintra, entrevistado nesta edição.

Os textos e reportagens projetam o próximo Sínodo dos Bispos, que em outubro de 2018 estará centrado nos desafios das novas gerações e que o Papa quer que seja um evento “para todos os jovens”, independentemente da sua condição de fé ou relação com a Igreja Católica.

 

 

 

 

 

 

 

“É como se a Igreja me desse um abraço”

 

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Conferência Episcopal Portuguesa, atribuiu este ano o “Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes” a Luís Miguel Cintra. Em entrevista à Agência Ecclesia, o encenador e ator afirma que receber um galardão da Igreja Católica, que tem por patrono um “apaziguador dos conflitos”, é uma afirmação de diálogo com quem foi “tão adepto como crítico”.

 

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

 

Agência Ecclesia – Que significado tem a atribuição do Prémio de Cultura ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes”?

Luís Miguel Cintra - Agrada chamar-se ‘Padre Manuel Antunes’. Fui aluno dele, era visita da casa de meus pais, uma pessoa que conheci muito bem e com quem conversei muitas vezes e, de certa maneira, funcionava como uma espécie de apaziguador dos conflitos em que a gente se movia, na minha família. Há uma espécie de um “estar em família” com a atribuição do prémio. Claro que é o nome do prémio, não é ele que me atribui o prémio. Tudo o que eu sei da história da cultura clássica foi ele que me ensinou. Aprendi muito com ele.

Por outro lado, é atribuído por 

 

uma Igreja com quem dialoguei toda a vida, de quem fui tão adepto como foi crítico, que acaba por dizer simbolicamente “não estamos zangados contigo!”

 

AE – Afirma também a possibilidade do diálogo?

LMC – Não é possível o diálogo com toda a gente, mas o prémio vem alargar esse âmbito…

 

 

 

 

 

 

AE – É um prémio de cultura dado a um homem do teatro. Que significado tem?

LMC – Isso também é engraçado, porque o teatro foi um território a que a religião foi sempre muito avessa, a não ser nas cerimónias religiosas que integravam os espetáculos, a começar pelo teatro de Gil Vicente, que tem tantas peças religiosas que eram integradas em cerimónias religiosas, como o ‘Auto da Alma’, que eu tive há poucos anos o prazer de fazer, justamente no momento em que estava a por muita coisas em causa e me apetecia rever a minha posição perante a Igreja e perante a fé.

 

Somos herdeiros ou da doutrina cristã ou da deformação da doutrina cristã

AE – Teatro e religião estão em relação permanente?

LMC – O teatro e toda a vida das pessoas. Quer queiram quer não, a vida dos portugueses e europeus está impregnada de uma civilização que foi profundamente cristã. Somos herdeiros ou da doutrina cristã 

 
 

ou da deformação da doutrina cristã. E como o teatro lida com a vida, porque temos de recriar a vida, seres humanos em cena, textos antigos, épocas que já não são as nossas, tudo isso me faz pensar muito sobre o que fazemos, como nos organizamos, como nos relacionamos uns com os outros… E quando pensamos no teatro dessa maneira, não temos paciência para outras coisas mais superficiais.

 

AE – Basta estarmos no seu escritório de trabalho, onde nos encontramos, para vermos muitos sinais dessa cultura cristã. E este espaço, cheio arte cristã, entre outras, mostra também o que foi a construção do seu itinerário de vida?

LMC – Isto é como se fosse um quarto de brinquedos. Não tenho devoção por nenhuma das imagens que aqui estão, que estão muito misturadas, umas sacras e outras profanas. É a minha privada divina comédia.

 

 AE- Isso mostra que o palco da nossa vida é feito de todos estes elementos?

LMC – Claro que é! O que me dá pena é que cada vez tenha menos elementos destes. Eles não estão na 

 

 

  

 

 

atualidade, onde o que manda é o dinheiro, o lucro, onde tudo é medido pela sua eficácia e nada é generoso em si próprio, por bem, prazer e para engrandecimento do ser humano. Eu aprendi isto com a cultura! Não se pode meter isto na cabeça das pessoas ou fazer doutrinação com isto.

 

 

Ao longo da história, vemos que a arte antecipa muitas coisas, a maneira de pensar, a maneira como vemos os outros e a evolução do mundo. Em grande parte, são os artistas que abrem portas. Depois, as outras pessoas fecham, porque não querem saber. Apesar de tudo vai ficando um lastro…

 

 

O valor de um prémio

 

 

 

 

 

O teatro é uma atividade lúdica

AE – Qual o contributo específico do teatro?

LMC - Uma das coisas fundamentais do teatro é que a gente está sempre a lidar com os outros. É uma atividade lúdica, no sentido mais elevado da palavra. Somos obrigados a jogar com os outros na medida em que estamos a representar uma interpretação do mundo que queremos compartilhar 

 

com outras pessoas e também porque estamos a jogar com outras personalidades que pensam outras coisas. É uma atividade fantástica!

 

AE – Em “O Estado do Bosque” há essa interação permanente entre os atores e o público?

LMC – “O Estado do Bosque” é um caso muito especial. Não considero que seja uma peça de teatro, mas um poema dramatizado, onde se põe

 

papel da Igreja é unir

 

 

 

 

o problema do que é ser condutor de homens. O problema fundamental é o do guia de uma floresta: a floresta é a vida e o guia é ou o papel da Igreja ou de algum ser que ajuda os outros a entrar na floresta.

A personagem, John Wolf, tem muitas dúvidas, não sabe nada, é cego. Portanto, nem sequer vê como é guia. E essa ideia é uma metáfora poética: o cego é quem mais vê. Ou seja, quem tem confiança e acredita que a condução das coisas não é feita apenas pela vontade nem por relações de poder, mas por relações de amor, amizade. Por confiança, por alguma coisa superior à própria vida e que não podemos entender o que é.

 

AE – O que diz esta obra do seu itinerário de vida?

LMC – Presta testemunho e explica como é que as coisas se passam. Essa personagem cruza-se com outras, que querem fazer a viagem na floresta e é o confronto entre diferentes pontos de vista que traz algum pensamento a quem assiste.

A peça é escrita pelo Padre Tolentino, de quem sou muito amigo, e que tem sido um grande companheiro na discussão destes assuntos.

 

 

AE – É um guia?

LMC – Ele não quer ser guia, mas acaba por guiar muito, porque tem uma atitude completamente aberta, disponível, como o John Wolf, que não tem certeza nenhuma, mas a capacidade de, dentro do desconhecido e ignorado, acolher tudo. O que é uma coisa muito interessante e muito certa.

 

 

 

 
“A minha vida está toda misturada de influências de muita gente”

 

AE – O percurso do Luís Miguel Cintra deve-se muito à educação, às propostas dos pais?

LMC – Imensíssimo. Não só dos meus pais, mas também dos meus professores. Fui integrado num sistema de ensino de direita, mesmo fascista, nos seus princípios, mas de muito boa qualidade. O reitor do Liceu Camões era um ótimo reitor, de 

 

 

incrível capacidade de trabalho e organização. Ele tinha a ideia de ter de formar elites e para isso formou turmas com os melhores professores. Eu fui aluno de imensos deles, como Mário Dionísio, que me marcou imenso.

 

AE – Formar a pessoa, no seu todo?

LMC – Não era só ensinar a matéria, era justamente formar a pessoa. Muitos colegas têm hoje cargos de responsabilidade, como António Guterres, que foi meu colega de turma deste o primeiro ano do liceu. Éramos os dois melhores alunos da turma…

 

 

 

 

Ele tinha normalmente as melhores notas a ciências e eu a letras, apesar dele também escrever muito bem! Outra pessoa que era muito meu amigo era o doutor António Rendas, que chegou a ser aquela espécie de super-reitor de todas as universidades durante algum tempo.

 

AE – Continuou esse ambiente na Faculdade de Letras?

LMC – Na Faculdade era diferente. Tínhamos também professores ótimos, como já não há: orlando Ribeiro, Manuel Antunes, o meu próprio pai e muitos professores da Faculdade de Letras tinham uma  

 

 

noção do que era o ser humano e o que era o seu próprio saber integrado nos outros saberes, o que se chama uma educação humanista.

 

AE – Começou a fazer teatro na Faculdade de Letras…

LMC – Comecei… A minha vida está toda misturada de influências de muita gente e dos meus próprios colegas. A Faculdade era importante não só pelos professores, mas pela vida universitária: reuníamo-nos no bar, conversávamos muito tempo sobre tudo e mais alguma

coisa, vivíamos em conjunto, o que teve muita importância.

Da primeira peça à Cornucópia

 

 

Os Evangelhos são de uma modernidade incrível

 

AE – Dizer a Bíblia é uma das artes que o distingue, como na recente apresentação d’ “As sete últimas palavras de Cristo na Cruz”. O que representa esse contacto com o texto bíblico?

LMC – Representa muitíssimo. Tenho um prazer que não podem imaginar!

Quando se lê em voz alta e se tem a 

 

 

noção do que se está a ler, com uma bocadinho de capacidade de análise, fica-se deslumbrado! Os Evangelhos são de uma obra prima absoluta! E de uma modernidade de escrita incrível, independentemente do seu conteúdo religioso.

Quando leio, tento passar o meu sentimento em relação ao texto. Como na arte sacra: as diferentes representações, de imagens, dão-me noção do que significa construir uma imagem sagrada. Com a voz a gente também faz a mesma coisa.

 

O prémio da Igreja Católica é um abraço

 

 

 

 

AE – É necessário algum estudo e treino específico?

LMC – Leio muitas vezes… Mas os Evangelhos não são o mais difícil de ler. Estão muito bem traduzidos.

 

AE – O seu percurso de vida tem sido distinguido por muitas instituições, agora também pela Igreja Católica. Que relevância atribui a estes galardões?

LMC – Os prémios são muito diferentes uns dos outros. Não tem nada a ver receber um ‘Globo de Ouro’ ou receber o prémio da Igreja, ou mesmo o ‘Prémio Pessoa’.

O prémio da Igreja católica está ligado a coisas essenciais.

 

AE – E são essas que se distinguem?

LMC – Sim. Não espero muitas consequências práticas. Prefiro pensar que é mais generoso do que isso. É como se a Igreja me desse um abraço! Isso é agradável porque tenho nostalgia de uma Igreja diferente.

Há um filme que gosto imenso de Rosselini, que se chama “o Santo dos pobrezinhos”, sobre São Francisco. É o filme mais pobre que se possa 

 
 

imaginar, mais simplório do mundo, onde uns amadores com um ator profissional estão a fazer de franciscanos e os episódios da vida de São Francisco. Isso representa para mim a ideia de Igreja: o mais fraterno, mais simples, mais generoso que se possa imaginar. E tenho essa nostalgia…

Que a Igreja não se zangue com coisas que eu diga, antes pelo contrário, dá-me gosto!

 

 

 

A relação dos jovens com a Cultura

"«Out of the box»: A relação dos jovens com a Cultura" é o tema da 13.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, que decorre a 3 de junho, em Fátima. A iniciativa do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), organismo da Igreja Católica em Portugal, enquadra-se na próxima assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que em outubro de 2018 vai refletir sobre ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’.

José Carlos Seabra Pereira, diretor do SNPC, refere à Agência ECCLESIA que o tema da jornada já tinha sido escolhido, pelo que fala numa “boa coincidência” com as preocupações do Papa Francisco.

O responsável fala na importância de procurar “estar na dianteira” deste debate, tomando a iniciativa de discutir ideias e questões, mormente num espaço de “fronteira” como é o das culturas juvenis, com “maior relatividade dos padrões do gosto”, por exemplo.

“São realidades fluídas, nas suas fronteiras”, realçou.

O diretor do SNPC alude ainda ao “inconformismo” das novas gerações, que traz desafios particulares

 

quando estão em causa a definição de caminhos de “continuidade ou mudança”.

A Jornada Nacional acabou por ser desenhada de forma “algo diferente”, em 2017, com a presença de oradores de várias gerações, com “longa experiência de relação com jovens” e de pessoas que “têm algo a dizer” sobre a relação dos mais jovens com a Cultura.

José Carlos Seabra Pereira espera que exista um “encontro”, um “dueto” de perspetivas diferentes, por força dos vários trajetos de vida dos participantes, dando como exemplo o episódio que aconteceu após a ressurreição de Jesus, com os discípulos Pedro e João a caminho do túmulo: São João, mais jovem, correu e chegou primeiro, mas não entrou sem São Pedro.

Para o diretor do SNCP, é preciso identificar e refletir sobre as “presenças ou ausências” da Igreja Católica neste campo da Cultura, identificando “potencialidades de evangelização”.

A conferência de abertura é proferida pelo padre Carlos Carneiro, jesuíta. À semelhança dos anos anteriores,

 

 


 

 aos debates segue-se a intervenção do público e a interação com os conferencistas.

Além dos agentes da Pastoral da Cultura, o tema da Jornada abre-se a professores, educadores e responsáveis pela juventude de paróquias, organismos e movimentos.

A iniciativa culmina com a entrega do prémio ‘Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes’ ao encenador Luís Miguel Cintra. Para o diretor do SNPC, este vai ser um momento “muito gratificante, do ponto de vista cultural e cristão”.

 

 

 

No contexto dos jovens no mundo atual, “as antigas abordagens já não funcionam e a experiência transmitida pelas gerações precedentes torna-se rapidamente obsoleta. Oportunidades válidas e riscos insidiosos entrelaçam-se num enredo não facilmente solúvel. Tornam-se indispensáveis instrumentos culturais, sociais e espirituais adequados, a fim de que os mecanismos do processo decisório não se bloqueiem e de que, talvez por medo de errar, não se acabe por se submeter à mudança em vez de a orientar”, lê-se no documento preparatório do próximo Sínodo de 2018.

 

 

 

 

13.ª Jornada Nacional
da Pastoral da Cultura

 

09h00

Acolhimento

 

10h00

Abertura

D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

José Carlos Seabra Pereira, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

 

10h15

Conferência

P. Carlos Carneiro, SJ, diretor do Centro Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loiola

 

11h00

Debate

 

11h30

Painel 1

Fátima Pimparel, referente da Pastoral da Cultura da Diocese de Bragança-Miranda

 

 

 

Fernando José Cassola Marques, doutorando em Informática, Diocese de Aveiro

 

P. Ricardo Tavares, referente da Pastoral da Cultura da Diocese de Angra

 

12h15

Debate

 

14h30

Momento musical

Beatriz Cortesão, harpista

 

Quarteto de Saxofones da Escola Profissional ARTAVE

 

Grupo de Fados da Associação Académica de Coimbra

 

15h00

Painel 2

Catarina Farinha, licenciada em Farmácia Biomédica, voluntária em projetos com crianças e jovens

 

 

 

 

Manuel Pinto, professor catedrático da Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais, Departamento das Ciências da Comunicação

 

Maria Helena Vieira, professora da Universidade do Minho, Instituto de Educação, Departamento de Teoria da Educação, Educação Artística e Física

Joaquim Franco (Moderador), jornalista

 

 

15h45

Debate

 

16h30

Entrega do Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes a Luís Miguel Cintra

 

 

Os jovens são muito inquietos
e nada conformados

A irmã Ana Paula Conceição, assistente do movimento juvenil ‘Giofrater’ ligado às Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, afirma que os jovens “são muito inquietos e nada conformados” com desejo de uma Igreja “aberta a todos, essencialmente à diferença”.

“Os jovens de hoje, e aqueles que vou contactando, são muito inquietos e nada conformados, têm o desejo de algo grande, de ideais e são muito disponíveis e envolvidos naquilo que sentem que é justo e é bom para todos”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.

Numa época em que os jovens estão “muito dispersos” pelas redes sociais e têm diversas “solicitações e oportunidades” na sua vida, a religiosa considera que a dispersão “cria maior dificuldade” que a juventude perceba “o seu espaço na Igreja, como Igreja e o seu envolvimento na mesma”.

“Aqueles com quem vou contactando têm muitos compromissos eclesiais e muito desejo de uma Igreja aberta a todos e, essencialmente, à diferença, ai são muito sensíveis”, acrescenta.

 

A irmã Ana Paula Conceição é assistente do ‘Giofrater’, movimento juvenil ligado às Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, refere que o “testemunho de vida” com conteúdo é o mais importante e explica que têm atividades onde os jovens são desafiados a “convidar amigos” que podem não ter vida eclesial.

“Quando conseguem trazer um ou outro eles percebem que a mensagem passa mais porque trouxeram-nos para estar, para ver, e alguns sentem que faz sentido, outros continuam sem contexto de Igreja e envolvimento”, desenvolve.

Para a religiosa a pastoral é feita também “muito tu a tu, não é uma coisa de massas”, como é óbvio não vão a uma universidade e envolver todos de uma vez mas é preciso um contato que “personaliza muito a presença de Jesus na vida de cada um”.

O Papa Francisco convocou para outubro de 2018 a 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos dedicada ao tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’.

 

 

 

 

A irmã Ana Paula Conceição explica que a reunião dos bispos é uma oportunidade que começa já na sua preparação porque os documentos e trabalhos preparatórios que já estão com os jovens ajudam-nos “a pensar na sua realidade” e à própria Igreja “como pode estar com” porque “trata-se sempre de caminhar em comunhão”.

“É importante não apontarmos só os erros dos jovens e da juventude e os problemas que têm, que têm muitos como em todas as épocas mas olhar o quanto de positivo têm e podem dar à Igreja e como Igreja e comprometer no que a Igreja tem como missão”, desenvolve.

A partir da sua experiência destaca que os jovens “estão muito abertos” 

 

 

ao voluntariado, à ação pastoral  e na entrega aos outros, “são muito disponíveis” e a Igreja também tem espaço e cria nas comunidades “locais de abertura à mudança”.

“Têm horizontes diferentes e capacidade de tolerância e abertura muito maior”, realçou a entrevistada sobre os jovens, identificando também “desafios” como a falta de emprego, “não terem facilidades para dar resposta, fazem um curso e não têm saída para essa formação em Portugal”.

A religiosa formada em enfermagem salienta que os jovens são “muito audaces”, aventuram-se pelo mundo à procura de oportunidades, são “empreendedores” e “muito capazes de se dar e construir coisas novas”.

 

A Ecclesia procura perceber que caminho é feito e que instrumentos existem para que os jovens continuem a ser Igreja. Essa é a proposta do mais recente livro da coleção Youcat, nesta edição dedicado à Doutrina Social da Igreja. Conversamos com o sacerdote paulista José André Ferreira, responsável em Portugal pela dinamização desta proposta.  [Para ouvir]

 

 

 

 

(CAIXA)

A Ecclesia procura perceber que caminho é feito e que instrumentos existem para que os jovens continuem a ser Igreja. Essa é a proposta do mais recente livro da coleção Youcat, nesta edição dedicado à Doutrina Social da Igreja. Conversamos com o sacerdote paulista José André Ferreira, responsável em Portugal pela dinamização desta proposta.

Para ouvir: http://sites.ecclesia.pt

/radio/bo/arquivos

/ecclesia_30mai2017.mp3

Perceber mais e melhor a Igreja Católica

 

A preparação do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens, que o Papa Francisco marcou para outubro de 2018, está a decorrer com a fase de auscultação nas dioceses e paróquias em todo o mundo. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Fernando Lopes, um jovem de 22 anos, escuteiro, ligado ao Agrupamento 45 de Caxias, na região de Lisboa, realça que esta iniciativa mostra a preocupação da

 

 

Igreja Católica em “estar mais próxima de todos”.

Depois do encontro sinodal dedicado à temática da Família, entre 2014 e 2015, está no horizonte uma nova reunião, sobre a relação dos jovens com a Igreja Católica, os seus anseios e interpelações, o enquadramento com a fé, a resposta à proposta vocacional.

Para Fernando Lopes, dizer que os mais novos andam afastados da

 

 

 

Igreja Católica não traduz a realidade atual, antes pelo contrário. “Há cada vez mais movimentos associados ao catolicismo, há um aumento do número de jovens católicos, e isso notou-se claramente na presença do Papa em Fátima, onde vimos massas gigantes de grupos, de diversas idades”, recorda o escuteiro.

O cerne da questão, de acordo com este caminheiro, está na necessidade de cada estrutura católica atualizar linguagens e métodos para melhor ir ao encontro das novas gerações, sem com isso mudar aquilo que é próprio, que é a chave da religião e da fé. “Acho que há toda uma parte protocolar da Igreja que não muda e se calhar não é atualizada, mas também tem a sua quota-parte de importância”, admite Fernando Lopes.

Mas o futuro da Igreja Católica também depende da oportunidade que é dada aos mais novos, de participar, de se exprimir. “Tudo o que os jovens vão trazer para a Igreja será moderno mas sempre com as ligações da tradição, e trará mais jovens para a Igreja”, complementa.

Fernando Lopes entre aos 11 anos nos escuteiros, tem portanto metade da vida dedicada ao CNE, e dedica-se 

 

neste momento à formação dos mais novos, dos lobitos, entre os 6 e os 10 anos. Os pequenos identificam-se com os escuteiros, e com as suas regras e valores, porque “veem que é algo que podem pôr em prática na sua vida”.

Assim também tem de ser em toda a Igreja Católica, aponta Fernando Lopes, que reconhece hoje uma mudança de paradigma na iniciação dos mais novos na fé. “Hoje os jovens juntam-se mais tarde à Igreja, por vontade própria, porque os pais já não o fazem, e porque querem perceber mais e melhor”, observa o membro do agrupamento 45 de Caxias.

Sobre o documento preparatório do “Sínodo da juventude”, e o questionário que foi disponibilizado pela Santa Sé, este escuteiro destaca uma linguagem que “qualquer um consegue entender”, muito “contemporânea” e adequada aos “desafios” atuais.

A forma como o Papa Francisco alerta para a “crise de valores” que está na origem de todas as outras crises, da pobreza à guerra, da família aos jovens. “Há crises que não são crises políticas ou económicas, são crises humanas e não podemos olhar aos números mas às pessoas”, recorda Fernando Lopes. 

 

Desafiar os jovens à proatividade

O responsável nacional das Equipas Jovens de Nossa Senhora diz que o Sínodo que a Igreja Católica vai dedicar às novas gerações, em 2018, é um teste à capacidade da juventude católica dar voz aos seus anseios e inquietudes.

“O Papa pede-nos tantas vezes que saiamos do sofá e façamos as coisas por nós próprios, e depois não podemos ser incoerentes ao ponto de ter uma atitude de espera, de esperar que as coisas sejam feitas por nós”, frisa António Brandão Vasconcelos, para quem o Sínodo é antes de mais um apelo à “proatividade”.

Formado em Economia e Gestão, com 24 anos, António Vasconcelos considera que o Sínodo dos Bispos, que vai refletir sobre a relação dos mais novos com a Igreja Católica, surge numa “fase excelente” para os jovens portugueses.

Em primeiro lugar pela mobilização e resposta que tem havido às propostas pastorais, que são “muitas” e para todas as idades.

Desde “movimentos” juvenis como os “Escuteiros”, ou as próprias Equipas Jovens de Nossa Senhora, a projetos que têm ganho “força” nas dioceses e paróquias, também no meio 

 

“universitário” que tão bem conhece e onde surgem as questões mais “complicadas”.

“Há decisões muito grandes a tomar, a entrada na faculdade, a escolha do curso, o acabar o curso e começar a trabalhar, a vocação. Mas perguntar é bom sinal, o pior seria não perguntarmos nada, dormir à sombra da bananeira à espera que tudo aconteça”, sustenta António Vasconcelos.

O Sínodo dos Bispos virado para a juventude, que o Vaticano vai acolher em outubro de 2018, vem na sequência de um outro encontro de responsáveis católicos de todo o mundo, que a Santa Sé dedicou à Família entre 2014 e 2015.

Por agora, o evento está ainda na sua fase preparatória, com o envio a todas as dioceses do mundo de um questionário através do qual se pretende perceber como é que os mais novos podem ser hoje animados a uma presença e a uma participação mais efetivas na sociedade e na Igreja Católica.

António Vasconcelos sublinha o convite à “partilha” de contributos, muito ao estilo do método das Equipas jovens de Nossa Senhora.

 

 

 

 

 

Um movimento que, à semelhança de outros que existem pelo país, é “uma riqueza da Igreja” e uma “resposta clara àquilo que são as necessidades dos jovens”.

 “Muito do carisma das Equipas é trabalhar temas de fé para as pessoas crescerem juntas neste caminho” e, no caso do Sínodo, “é muito importante fazer uma reflexão séria 

 

 

sobre aquilo que os jovens estão a precisar”, acrescenta.

‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, é o tema reservado para o próximo Sínodos dos Bispos, que o Papa Francisco já disse que quer “aberto a todos os jovens, também os agnósticos ou ateus”.

 

 

 

Um movimento que, à semelhança de outros que existem pelo país, é “uma riqueza da Igreja” e uma “resposta clara àquilo que são as necessidades dos jovens”.

 “Muito do carisma das Equipas é trabalhar temas de fé para as pessoas crescerem juntas neste caminho” e, no caso do Sínodo, “é muito importante fazer uma reflexão séria sobre aquilo que os jovens estão a precisar”, acrescenta.

‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, é o tema reservado para o próximo Sínodos dos Bispos, que o Papa Francisco já disse que quer “aberto a todos os jovens, também os agnósticos ou ateus”.

O diálogo entre os jovens e a cultura

Vejo a relação dos jovens com a cultura como um diálogo, em que cada uma destas partes é um dos interlocutores. Para que dê frutos é necessário procurar sinergias, mas também é essencial conhecer as várias características e condicionantes que influenciam o diálogo e todas as partes envolvidas.

A cultura como uma expressão humana vive de várias dimensões, 

 

sendo uma das mais relevantes o tempo. Citando Vergílio Ferreira, “Toda a cultura é um diálogo com o seu tempo”. Esta é uma afirmação que faz sentido se for aplicada ao conceito de juventude. Esta, como manifestação de energia, irreverência e curiosidade, é também reflexo do seu tempo. Assim é essencial que este diálogo considere o tempo, que viva a atualidade, cresça com as lições do passado e se 

 

 

 

 

transcenda de olhos postos no futuro que cada vez chega mais rápido.

Outra condição para a formação de um bom diálogo prende-se com a sua utilidade. Tanto a cultura como os jovens precisam de ver neste encontro algo que lhes permita evoluir. Esta utilidade pode parecer trivial, mas nem sempre é percecionada se uma ou ambas as partes não estiverem sintonizadas na mesma frequência.

Neste ponto é necessário a intervenção de terceiros, a que chamaria de facilitadores, elementos mais experientes que sabem estabelecer vias de entendimento aproximando linguagens e motivações. O conceito de facilitadores recorda-me os mecenas do Renascimento, uma época muito prolifera a nível cultural onde a irreverência de muitos jovens artistas de várias áreas impulsionou não só a dimensão artística, mas transbordou para outras ciências como a medicina e a engenharia e fez avançar o mundo para a modernidade. Um desses mecenas foi a Igreja Católica, que confiou em jovens artistas como Michelangelo ou Caravaggio para 

 

levarem por diante as suas criações, pintando igrejas ou esculpindo e arquitetando as suas obras e ideias.

A história mostra-nos que este diálogo já decorre há muito tempo, e que em alguns períodos foi de tal forma audível, útil e contemporâneo que foi impulsionador de grandes mudanças.

É por isso necessário, que com a ajuda de facilitadores e a entrega autêntica e honesta dos interlocutores, se encontrem caminhos para que esta conversa volte a acontecer.

Como músico, que encara a juventude como público alvo, procuro viver verdadeiramente este diálogo, refletindo no meu trabalho as preocupações e os interesses dos que me ouvem e sobretudo produzindo algo que possa ser útil e positivo a todos.

 

Pedro Mota

 

 

Ler para ver!

Muito se fala e comenta sobre a relação que os mais novos têm e terão com a leitura. As opiniões poderão dividir-se. Pode haver quem julgue que os jovens não estão a ler o suficiente ou não estão a dedicar-se a leitura de qualidade. Tantas vezes submersos num mundo cada vez mais tecnológico, que recursos literários sobram aos mais novos? Saberão encontrar o livro que lhes vai mudar a vida mesmo estando mergulhados em teclas e teclados?

Quero acreditar que sim. Quero convencer-me que os mais novos ainda têm os olhos acordados e suficientemente despertos para a leitura e para os livros. Claro que esse estado de maior alerta para a leitura também é influenciado pelo grupo de adultos que partilha a vida com a criança ou com o jovem. Pais, avós, outros familiares, professores e educadores assumirão um papel relevantíssimo no processo que envolve o contacto dos mais novos com os livros e os mundos que estes têm dentro. Cabe-nos a nós a responsabilidade de educar para ler e para ver. Na verdade, quem tem a 

 

oportunidade de viver a sua vida a par com a vida de um livro poderá ser profundamente mais feliz. Dentro de um livro cabem histórias e fotografias imaginadas. Dentro de um livro há ferramentas para aprender a ver melhor tudo o que há no mundo.

Então, em termos práticos, como é que se convence uma criança a ler um livro? Como é que se compete com o embate visual e interativo da tecnologia? É fácil. Se pensarmos bem, é bastante fácil. Um livro conquista uma criança pelo impacto que a história pode ter nela. Assim, basta-nos contar-lhe uma história. Encher a boca e o coração da magia que têm as palavras que moram dentro de um livro e de uma história. Abrir os braços e os olhos e deixar-se ser também criança. Contar uma história. Tão simples assim. Quem ouve uma história, vai querer ouvir mais. Depois, vai querer ler e procurar outras histórias. Depois, vai compreender que o que se descobre dentro de um livro não poderá nunca descobrir-se em mais lugar nenhum.

Em conclusão, não valerá a pena declarar guerra às novas tecnologias

 

 

 

 nem tão pouco considerá-las uma desvantagem em comparação com a simplicidade das páginas de um livro. O mais prudente será, provavelmente, aliar a inovação do mundo de hoje à cultura e, neste caso, à leitura. As aventuras que saltam de dentro das 

 

páginas de um livro são insubstituíveis. O carrossel em que se entra quando se vive a par com uma história pode mudar, para sempre, a forma como cada um percebe e vê o mundo.

 

Marta Arrais

 

 

 

Setúbal iniciou caminho de preparação
para o Sínodo da Juventude

A Diocese de Setúbal, a par das outras dioceses do país, já iniciou o caminho de preparação para o Sínodo dos Bispos que se irá realizar em 2018, com o tema: "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional".

De acordo com o Pe. João Nabais Dias, diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude de Setúbal, “o primeiro desafio desta fase de preparação é o de congregar os grupos e movimentos que trabalham diretamente com os jovens e os ajudam no seu discernimento e vocação”.

A primeira sessão de auscultação decorreu, assim, no passado sábado, dia 27 de maio, onde estiveram reunidos os secretariados diocesanos ligados à pastoral juvenil e vocacional, e os movimentos juvenis com ação pastoral na diocese. O Bispo da Diocese, D. José Ornelas, marcou presença no início para dar uma palavra de incentivo a estes trabalhos.

Nas próximas sessões que a Pastoral da Juventude vai realizar estarão representados os Institutos de Vida Consagrada e as Instituições que cuidam de jovens em situação de 

 

risco. Serão ainda realizadas sessões com os responsáveis de grupos de jovens, nas diferentes vigararias, incluindo-se, aqui, algumas instituições não eclesiais.

 

Colocar a Igreja de Setúbal na lógica sinodal

Com estas sessões de auscultação, diz ainda o Pe. João Dias, “o objetivo é que, partilhando conhecimento e experiências variadas, se procure entender a realidade do mundo dos jovens, nomeadamente as dificuldades e êxitos com que estes agentes se deparam”.

O diretor do secretariado diocesano diz, ainda, que “mais do que uma mera resposta ao inquérito proposto no documento preparatório, e a vivo conselho do nosso Prelado, a importância desta fase é precisamente colocar a Igreja de Setúbal no espírito e na lógica sinodal”.

De futuro, assinala ainda o diretor, “é importante continuar com esta atitude dos agentes pastorais de, em conjunto, refletir a pastoral na busca da 

 

 

renovação, complementaridade e cooperação, de modo que, na diversidade de carismas, ajudemos os jovens a descobrir o dom da vida, o sentido e a profundidade da fé que esta acresce e conduz à vida em Cristo”.

Por outro lado, indica, “é importante ter adultos bem preparados e formados, para que possam verdadeiramente ser uma mais-valia ao discernimento e vocação dos jovens”.

 

Sínodo é “lufada de ar fresco”

Rita Lopes é vice-presidente da região sul dos Jovens Sem Fronteiras e participou na primeira sessão de auscultação da Pastoral da Juventude de Setúbal. Para a jovem, “este Sínodo vem como uma lufada de ar fresco e a esperança de poder levar este Amor de Cristo mais além”.

“Os jovens têm questões, têm dúvidas, têm mitos que os media ou até alguém em total desconhecimento lançou como semente e germinou. É bom ver que a Igreja se prepara, agora, não só para ouvir os jovens, mas também para se aproximar deles, ajudá-los, questioná-los para que estes possam obter resposta”, refere ainda Rita Lopes. 

 

 

 

Redes Sociais Digitais

Ainda tendo presente o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que vivemos no passado domingo, onde o Papa Francisco nos apelou a ‘Comunicar a esperança e a confiança no nosso tempo’, quebrando a lógica de “notícias más” e rejeitando o sensacionalismo, esta semana proponho abordar uma temática que está na ordem do dia.

Todo o ser humano é por natureza em ser social, que necessita de estar em contacto com o outro. A relação com o outro é uma característica intrínseca a toda a pessoa. No espaço virtual o cenário não é diferente, dado que estamos a tratar com pessoas, mudando somente o campo de interação. Como grande vantagem, o facto da comunicação ser imediata, ultrapassando barreiras inimagináveis.

As redes sociais são portanto, um reflexo dessa necessidade de comunicação, feita através da internet. A pessoa apresenta-se ao mundo virtual através de páginas pessoais, blogues ou serviços específicos para esse efeito (facebook, twitter, instagram, whats up, etc.), tudo isto, utilizando as mais recentes tecnologias ao nível de som, texto e imagem.

 

O grande objetivo presente na existência de uma rede social passa por permitir ao utilizador apresentar-se de um modo pessoal, expressando-se com outros indíviduos que partilhem interesses comuns. Portanto, os sítios na internet criados específicamente para o efeito, foram concebidos para que os utilizadores partilhem informações acerca de si (dados pessoais, opiniões e gostos pessoais – livros, músicas, filmes), existindo normalmente a possibilidade de outros efetuarem comentários aos diversos assuntos colocados nesse espaço virtual, criando assim a tal rede.

A maioria destes serviços são fornecidos de forma gratuita, sendo apenas necessário que o utilizador se registe num sítio web. Os dados pessoais são pedidos logo no momento da inscrição, no entanto podemos escolher aqueles que pretendemos que fiquem visíveis para a comunidade. Através dos dados partilhados, procuram-se afinidades, denominadores comuns, criando assim a tal “rede de amig@s”. Essa rede vai sendo alargada na medida em que os nossos amigos ficam visíveis aos amigos dos outros, o conceito

 

 

 

 

“traz outro amigo também”, no estado mais puro!

Como facilmente podemos depreender, o conceito de amizade nas redes sociais, é usado de uma forma bastante alargada, sendo que qualquer semelhança com a realidade física, não passa disso mesmo.

Nós cristãos temos uma missão 

 

urgente a realizar nas redes sociais. Somos desafiados a não sermos profetas das desgraças e acima de tudo, temos a obrigação, de espalhar esta esperança alicerçada na Boa Nova que é Jesus Cristo.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

II Concílio do Vaticano: Português teve direito a um bilhete especial

 

O cardeal português José Saraiva Martins estava na capital italiana no decorrer dos trabalhos conciliares (1962-65) e conseguiu assistir às discussões desta assembleia magna nos últimos três dias, “embora não tivesse qualquer direito a isso”, mas pediu autorização a monsenhor Pericle Felici, o futuro cardeal, que era secretário-geral do Concílio.

“Ele acedeu e deu-me um bilhete que me permitia assistir aos trabalhos conciliares. Eu estava muito interessado nos debates, porque um dos temas mais discutidos era o da colegialidade episcopal” (In: Andrea Tornielli; «Quando a Igreja Sorri - Uma Biografia do Cardeal José Saraiva Martins», Lisboa, Alêtheia Editores). Um colega espanhol do padre José Saraiva Martins “opunha-se bastante à ideia da colegialidade”, mas o futuro cardeal português tinha uma “opinião diferente, e estava convencido de que o problema não se podia pôr apenas em termos estritamente jurídicos”.

O debate de ideias era uma constante e, no referido livro, o padre José Saraiva Martins, missionário claretiano, escreve que esse seu colega espanhol redigiu um opúsculo contra a colegialidade. O português fez o mesmo, mas a defender a colegialidade. A articulação da defesa estava bem redigida e o “grande teólogo Yves Congar” – nomeado cardeal por João Paulo II, numa idade avançada – escreveu-lhe dizendo que “apreciara os estudos sobre o tema e que depois os citou nos seus próprios artigos”.

Em 1959, mal se licenciou em Teologia, o jovem 

 

 


 

 

sacerdote iniciou o seu magistério docente a ensinar metafísica na pequena e risonha cidade de Marino (nos castelli Romani). A partir do ano letivo de 1959-60 lecionou Teologia Fundamental, o Tratado «de Revelatione» e Dogmática Sacramental no Instituto Teológico Claretiano de Roma, situado na Via Aurelia Nuova e filiado na Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Lateranense, primeiro como professor convidado (1959-64), depois como professor extraordinário (1964-66) e, finalmente, como professor ordinário (1966-69).

A sua atividade docente caracterizou-se sempre “pelo rigor científico” e por uma notável clareza de exposição, fruto de um aprofundado estudo e de “cuidada preparação das aulas”. Foi precisamente esse rigor científico, ou seja, o desejo de aprofundar os problemas teológicos, que o levou a “pedir autorização para ler determinados livros, que na altura eram severamente proibidos por motivos doutrinais” (In: Andrea Tornielli; «Quando a Igreja Sorri - Uma Biografia do Cardeal José Saraiva Martins», Lisboa, Alêtheia Editores). O pedido foi “deferido”; “com efeito, João XXIII concedeu-lhe, por meio da então «Suprema Congregação do Santo Ofício», autorização”.  

 

 

O professor John Egbulefu sintetiza bem as capacidades do padre e professor português e onde se situa as suas diretrizes teológicas: “Uma teologia viva, que respira com dois pulmões: o tomismo e a patrística”. Encontramo-nos perante um teólogo vigoroso […], profundo e sereno como um mar tranquilo, perante um verdadeiro dogmático, que não vacila nem hesita”, referiu um dia D. José Policarpo sobre o cardeal José Saraiva Martins.

 

 

 

 

Editorial Cáritas na Feira do Livro

Nos próximos dias 8 e 16 de junho, pelas 18h00, a Editorial Cáritas estará na Praça Amarela da Feira do Livro para a apresentação de duas das suas mais recentes obras. No dia 8 de junho, a obra de Francisco Vaz, “João Paulo II – O Compromisso pela Paz”, será apresentada pelo Professor Doutor Américo Pereira, que na semana seguinte, dia 16, regressará ao mesmo local para lançar um livro coordenado por si - “Entendimento Global e Compromisso com as Periferias”-, um conjunto de textos resultantes de intervenções de diferentes autores na edição de 2016 da Summer School organizada pelas Faculdades de Teologia e de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

Caritas Diocesana do Porto cria Fundo para a Saúde

A Caritas Diocesana do Porto anunciou esta semana a criação de um Fundo para a Saúde, depois de ter identificado que as necessidades a este nível representam a maior fatia de investimento financeiro dos grupos socio-caritativos da diocese.

Este Fundo pretende assim apoiar os grupos sócio caritativos e os serviços de Cáritas Paroquial no desenvolvimento da sua ação junto de pessoas em situação de pobreza. [Saber mais

 

 

 

 

 

 

 

 

Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima tem novo Serviço de Apoio à Maternidade em Dificuldade

O Serviço de Apoio à Maternidade em Dificuldade (SAMD) é uma resposta da Cáritas de Leiria- Fátima para o apoio a mulheres grávidas que manifestam a intenção de realizar uma interrupção voluntária da gravidez por não encontrarem reunidas as condições económicas para acolher um filho.

O SAMD é um serviço gratuito que pretende proporcionar meios e estratégias para a prossecução de uma gravidez no seio de famílias mais vulneráveis, garantindo o acompanhamento individual de cada mulher/família durante a gravidez e até aos 3 anos de idade da criança, apoiando a inserção profissional das mães no mercado de trabalho e a articulação com instituições/serviços que potenciem a promoção da criança.    [Saber mais

 

Junho 2017

Dia 03 junho

*Portalegre - Conselho Diocesano de Pastoral

 

*Lisboa - Lumiar (Monjas Dominicanas) - Conferência sobre «O barro e o tesouro, parábola da história e do reino» pelo padre Tolentino Mendonça

 

*Porto - A ‘Elenco Produções’ vai apresentar o musical ‘Entre o Céu e a Terra’, sobre os 100 anos das Aparições de Fátima.

 

*Porto – Canelas - O Grupo de Jovens da Paróquia de São João Baptista de Canelas, Vila Nova de Gaia, Diocese do Porto, promove o «GodTellers», encontro de música de inspiração cristã.

 

*Vaticano – O Papa Francisco recebe crianças de localidades italianas atingidas por terramotos

 

*Fátima - Domus Carmeli - A Jornada Nacional da Pastoral da Cultura culmina com a entrega do prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes ao encenador Luís Miguel Cintra tem como tema «'Out of the box': A relação dos jovens com a Cultura». 

 

*Braga - Vigília de Pentecostes com início na Basílica dos Congregados e encerramento na Sé de Braga e presidida por D. Francisco Senra Coelho

 

*Itália - Roma (Circo Máximo) - Celebração do 50.º aniversário do Renovamento Carismático Católico presidida pelo Papa Francisco

 

*Fátima - Jubileu das Vocações presidido por D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima.

 

*Faro - A Diocese do Algarve promove a jornada da Igreja diocesana, uma iniciativa prevista no programa pastoral deste ano inspirado em Maria “como convergência do caminho percorrido”.

 

*Braga - Claustros do Mosteiro de São Miguel de Refojos - Concerto «Oratória Mariana» interpretado por Teresa Salgueiro

 

*Leiria - Santuário de Nossa Senhora da Encarnação - A Vigília de Pentecostes na Diocese de Leiria-Fátima vai realizar-se no Santuário de Nossa Senhora da Encarnação e vai juntar os movimentos e comunidades presentes neste território eclesial.

 

 

 

 

 

 

 

*Lisboa – Sé - Vigília de Pentecostes promovida pelo Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa

 

*Beja – Sines - Sessão do Festival «Terras Sem Sombra» leva música a Sines e promove património histórico e natural (03 e 04)

 

*Lisboa - Paróquia de São Tomás de Aquino - A Paróquia de São Tomás de Aquino, em Lisboa, vai acolher, de 03 de junho a 31 de julho, a exposição «Síria, revista e aumentada». A mostra contém 18 fotografias de Pedro Barros com textos de Álvaro Figueiredo, resultado de uma viagem feita em 2007.

 

Dia 04 de junho

*Lisboa - Lourinhã – Ribamar - Os movimentos da Ação Católica do Patriarcado de Lisboa realizam a festa da família rural, na Casa do Oeste, em Ribamar, Lourinhã. Este ano, a encíclica «Populorum Progressio» vai estar em destaque com uma conferência de Guilherme d´Oliveira Martins sobre o cinquentenário deste documento do Papa Paulo VI

 

*Porto - Santuário do Monte da Virgem - Dia da «Voz Portucalense» com celebração presidida por D. António Francisco Santos

 

 

*Lisboa - Seminário da Torre d´Aguilha - Os Missionários do Espírito Santo estão a assinalar os 150 anos de missão em Portugal e celebrar o "Pentecostes Jubilar" em Lisboa e em Braga. A celebração jubilar de Lisboa vai decorrer no Seminário da Torre d´Aguilha, em São Domingos de Rana (Cascais), e a de Braga no Seminário Nossa Senhora da Conceição.

 

Dia 05 de junho

*Porto - Centro Paroquial de Sanfins de Ferreira - Sessão do ciclo «A Alegria do Amor no Cinema»

 

Dia 06 de junho

*Portalegre - Conselho Presbiteral da Diocese de Portalegre-Castelo Branco

 

 

 

 

   

- O Centro Nacional do Graal, na Golegã, recebe este sábado dia 03 de junho às 11h00 uma conferência e debate intitulada ‘O Pentecostes e o tempo de hoje’, com intervenção do professor Luís Moita, investigador em relações internacionais na Universidade Autónoma de Lisboa.

 

- A música-sacra vai ecoar este domingo, dia 04 de junho, no espaço do Mosteiro dos Cardaes em Lisboa, com um concerto que reunirá um conjunto de obras-primas do reportório coral nascido na Europa, com destaque para peças de autores como Felix Mendelsson, Edvard Grieg, Anton Arensky e Claudio Monteverdi. O espetáculo começa às 19h00, com interpretação do grupo Capela Nova.

 

- Quer conhecer a história e a vivência dos frades do Convento dos Capuchos, na Serra de Sintra? Então tem oportunidade de o fazer também no domingo, a partir das 17h15, numa iniciativa que conta com investigação e organização de Miguel Boim, e que depende de inscrição prévia através do email: caminheiro.de.sintra@gmail.com.  

 

- A Fundação S. João de Deus vai abrir dia 8 de junho ao público, no Museu Pio XII em Braga, uma exposição dedicada à vida e obra de S. João de Deus. Com entrada gratuita no primeiro dia, esta mostra estará disponível até ao dia 16 de junho.

 

- No campo da literatura, saiba que no dia 10 de junho às 16h00, o Museu de Lamego acolhe a apresentação da obra ‘A Diocese de Lamego em Três Histórias’, um trabalho do padre Joaquim Correia Duarte, que apresenta três documentos essenciais sobre o legado da Igreja Católica na região, e dos bispos que a serviram, desde o século XVI.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 04 junho, 13h30 - Entrevista a Luís Miguel Cintra - Prémio Árvore da Vida Padre Manuel Antunes.

 

Segunda-feira, dia 05, 15h00 

Entrevista com Fernando Moita, João Barros e Matilde sobre as aulas de EMRC.

 

Terça-feira, dia 06, 15h00 Informação e entrevista ao padre Manuel Barbosa sobre a Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a catequese.

 

Quarta-feira, dia 07, 15h00 - Informação e entrevista à José Luís Nunes Martins  sobre  a Feira do Livro de Lisboa.

 

Quinta-feira, dia 08 junho, 15h00 - Informação e comentário à atualidade

 

Sexta-feira, dia 09, 15h00  -  Entrevista de análise à liturgia de domingo com o padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, 04 de junho -  O percurso de Luís Miguel Cintra, prémio Árvore da Vida  Padre Manuel Antunes.
 
Segunda a Sexta-feira, 05 a 09 junho - Editoras na Feira do Livro de Lisboa

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – Solenidade do Pentecostes 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Dons do Espírito para o bem comum
 
 

O tema deste domingo de Pentecostes é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes e cria a nova comunidade do Povo de Deus.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os seus membros.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado: uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito, que nos convida a dar testemunho do amor que Jesus viveu até às últimas consequências.

Olhemos a situação da Igreja e da sociedade concreta em que vivemos. A presença do Espírito só pode provocar em nós um novo olhar de esperança, de renovação, de compromisso.

A Palavra de Deus dá-nos os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha na história, de forma efetiva e coerente, o projeto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas.

A Palavra de Deus diz-nos que os dons que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades deveriam ser 

 

 

 

sempre espaços de partilha fraterna e nunca campos de rivalidades com interesses próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal. Isto vale para o nosso compromisso na Igreja e na sociedade.

A Palavra de Deus diz-nos que a comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova no Espírito.

A Palavra de Deus diz-nos que as comunidades construídas à volta   

 

de Jesus são animadas pelo Espírito: sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde. O Espírito faz-nos superar as cobardias, medos e fracassos, derrotar o ceticismo e a desilusão, reencontrar a orientação de vida, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar e construir uma Igreja gerada no Espírito de Jesus Cristo.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Fátima e a história do século XX português

 

O secretário de Estado da Cultura disse na Academia Portuguesa da História que o estudo do centenário de Fátima significa também “estudar o século XX português”, pela importância que os acontecimentos da Cova da Iria ganharam. Miguel Honrado falava na abertura do colóquio ‘Fátima. História e memória’, uma iniciativa conjunta da Academia Portuguesa da História e do Santuário de Fátima, que começou sexta-feira em Lisboa e prosseguiu no sábado em Fátima.

Para o secretário de Estado da Cultura, Fátima deixou um legado “determinante” para a história dos

 

 

últimos 100 anos, que “ultrapassa grandemente” a dimensão religiosa.

O padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, disse por sua vez que este é um “tema de flagrante atualidade”, dando como exemplo as mais de 21 mil notícias publicadas a respeito da visita do Papa Francisco, a 12 e 13 de maio. Fátima, prosseguiu, é um dado “incontornável” para a historiografia atual, elogiando a “pluralidade de leituras” e sublinhando a necessidade, por parte dos responsáveis do Santuário, de promover o conhecimento das “fontes” e de criar condições para um

 

 

 

“estudo científico e pluridisciplinar”. 

A conferência inaugural esteve a cargo de Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, para quem a Cova da Iria ganhou inquestionavelmente um lugar novo após 1917.

A intervenção, com o título ‘O tempo e o Espaço – Micro e macro-história do acontecimento «Fátima»’, realçou a riqueza de análises, que tem gerado debates “frutíferos”, apesar do “prejuízo dos olhares sempre comprometidos”.

Segundo Marco Daniel Duarte, a base “inicial” para o entendimento dos acontecimentos de Fátima é “a notícia”. “Foi pela notícia que o fenómeno teve a difusão que rapidamente o transmuta”, permitindo-lhe ganhar dimensão nacional e internacional, precisou.

Para o membro da Academia Portuguesa da História, os acontecimentos chegaram a milhares de pessoas “de forma vertiginosa”.

No sábado, o bispo da Diocese de 

 

 

Leiria-Fátima, D. António Marto, sublinhou hoje a importância da investigação histórica para evitar visões redutoras a respeito dos acontecimentos de 1917, na Cova da Iria. O responsável, que falava na abertura do segundo dia do colóquio, sublinhou que este é um fenómeno “complexo” e sujeito ao “conflito de interpretações”, pelo que deve ser “analisado com rigor histórico” que previna “reduções”.

D. António Marto deixou uma palavra de apreço pela Academia Portuguesa da História, “congregadora de diferentes escolas e visões”, e sublinhou a importância desta “preciosa e frutífera parceria”. O prelado entende que o colóquio possibilitou “o cruzamento de olhares e o debate” sobre o fenómeno de Fátima, que, pela sua importância, gera “múltiplas leituras”.

“Fátima é na verdade um fenómeno e um acontecimento que se foi e se vai desvelando e revelando ao longo da história”, precisou.

 

Fátima, Portugal e o mundo

 

O cardeal-patriarca de Lisboa encerrou em Fátima o colóquio histórico dedicado ao centenário das aparições, sublinhando a dimensão universal que os acontecimentos da Cova da Iria conquistaram. D. Manuel Clemente falou do “século português de Fátima”, na conferência final do colóquio ‘Fátima. História e Memória’,

 

 

observando que na ideia de consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria, proposta em Fátima, está o conceito de “reconstrução” do mundo representada nesta devoção e no seu “desígnio providencial”

A consagração, acrescentou, é “repor nas mãos de Deus”, algo que, tal

 

 

 

como todos os acontecimentos de Fátima, se inserem numa “visão bíblica”. Na Cova da Iria, a dimensão local ganhou uma repercussão universal por força de uma história coincidente com “expectativas gerais”.

D. Manuel Clemente recordou que, em 1917, Portugal atravessava um momento “muito difícil”, onde “pouco sobrava além da resistência de um povo”, e disse que os últimos 100 anos foram “um século de sobrevivência”, perante condições adversas de origem “interna e externa”. “Tudo isto se reflete e se refletiu em Fátima”, precisou.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou ainda que, neste século, se chegou a uma “melhor compreensão” do que é Estado e o do que é a Igreja.

 

O professor catedrático Adriano Moreira falou, por sua vez, da “questão religiosa”, tendo recordado que, durante o Estado Novo, o “receio crescente do avanço do Sovietismo” levou ao reforço da “linha católica”. O antigo ministro falou da “influência determinante” da Igreja Católica na definição do Estado no Ocidente e dos valores “cristãos” nesta evolução política.

Dado que “nunca foi possível estabelecer um Estado-modelo único”, realçou Adriano Moreira, a humanidade procura uma “ordem internacional”.

Nesse sentido, concluiu, é importante compreender a progressiva importância de Fátima em relação com a situação internacional do século XX.

 

O delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), D. Carlos Azevedo, disse em Lisboa que os historiadores têm de “sujar as mãos” nos arquivos e nos documentos de Fátima para continuar o seu trabalho sobre os acontecimentos de 1917. “Nenhum discurso histórico pode prescindir do contacto direto com as fontes”, sustentou o bispo português, que esteve ligado à publicação da Documentação Crítica de Fátima, durante o colóquio ‘Fátima. História e memória’.

D. Carlos Azevedo sustentou que “continua a haver ignorância das fontes por parte dos escritores de Fátima”, lamentando a “ligeireza” com que alguns falam dos acontecimentos, “repetindo olhares apriorísticos e ideológicos”.

 

 

Bispo de Bangassou arrisca a vida para salvar milhares de muçulmanos

Escudo humano

A República Centro-Africana está num absoluto caos, com cidades e aldeias tomadas por grupos armados que espalham o medo e a morte. Há apenas três semanas, em Bangassou, graças à coragem do bispo local e à atuação pronta de militares portugueses ao serviço da ONU, não foram chacinadas centenas de pessoas. Eram quase todas muçulmanas. Agora estão refugiadas em igrejas e no seminário local.

 

Foi na segunda-feira, dia 8 de maio, que a situação começou a tornar-se explosiva. Grupos de jovens armados começaram a atacar várias localidades na República Centro-Africana. Nada parecia ser capaz de deter o ódio com que disparavam as armas. Conotados com grupos de “autodefesa”, estes “anti-balaka” procuram semear o medo entre a comunidade muçulmana no país. No sábado, dia 13, atacaram a cidade de Bangassou, correndo casa a casa, procurando eliminar o maior número possível de pessoas. No meio do caos, centenas de muçulmanos fugiram procurando salvar as próprias vidas. O Bispo de 

 

Bangassou, o comboniano espanhol D. Juan José Aguirre, abriu as portas da própria Catedral, da casa episcopal e do seminário abrigando assim cerca de 2 mil pessoas assustadas. Muitos refugiaram-se também na mesquita. Os jovens armados – cerca de 600 – cercaram então a mesquita, disparando para o seu interior. Ninguém conseguia sair dali. Estavam encurralados. Lá dentro já havia um número considerável de pessoas feridas. Era preciso evitar um massacre. Então, D. Juan José Aguirre avançou para a porta da mesquita, enfrentando as milícias armadas, oferecendo-se como um escudo humano na tentativa de salvar todas aquelas pessoas. “Eu mesmo fui para lá e coloquei-me diante da mesquita pedindo para pararem com os disparos.” Em declarações à Fundação AIS, ao telefone, desde Bangassou, D. Juan Aguirre lembra que o seu principal objetivo era “negociar a saída dos muçulmanos” que estavam abrigados na mesquita. Mas, de repente, os “anti-balaka” voltam a disparar. Por sorte, D. Aguirre não é atingido, mas um líder muçulmano,

 

 


 

 

que estava mesmo a seu lado, não teve a mesma sorte e morreu. Só não se verificou uma tragédia imensa graças à chegada, entretanto, de um grupo de comandos portugueses – uma força de reação rápida – ao serviço das Nações Unidas, que permitiu resgatar o prelado e libertar os muçulmanos que se encontravam na mesquita.

 

Futuro incerto

O Bispo de Bangassou não tem mãos a medir. Todos os muçulmanos que lhe pediram refúgio estão numa situação dramática. “Temos mais de duas mil pessoas que não fazem ideia de como estão as suas coisas, os seus bens, as suas casas. Provavelmente roubaram-lhes tudo. Nós, em conjunto com a Cruz Vermelha, já enterrámos mais de cinquenta corpos… Nestes trinta e cinco que vivi aqui – acrescenta o prelado – nunca vi nada assim.” O Papa Francisco já manifestou a sua tristeza por esta violência descontrolada. “Rezo pelos defuntos e feridos e renovo o meu apelo: que as armas se calem e prevaleça a boa vontade em dialogar para trazer paz e desenvolvimento ao país.” Contra os grupos armados

 

 

que semeiam o terror e a morte, a Igreja tem apenas as armas da palavra, do perdão e da caridade. O exemplo do Bispo de Bangassou, que arriscou a própria vida para salvar centenas de muçulmanos, irá ajudar a fazer esse caminho de reconciliação, que é a única via possível para a paz. Contra a violência ergue-se o poder da oração.

Paulo Aido

www.fundacao-ais.pt

 

Lúcia, Jacinta e Francisco,
a força das crianças!

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Viram Nossa Senhora em Fátima e as suas vidas mudaram. Foram portadoras de uma mensagem de paz e de esperança. Eram de desgraça aqueles tempos com a guerra a dizimar o mundo e a pobreza a fazer outro tanto.

Naquela Cova da Iria, as fracas pastagens dos tempos da primavera obrigavam rebanhos e pastores a deambular por montes e vales à procura do alimento para as ovelhas. Assim se asseguraram os leites e as crias, a carne ovina e alguma perspetiva de futuro. É a três destas crianças que Deus decide mandar Maria com um aviso à navegação, que mais não é que um avivar de páginas do Evangelho mais esquecidas: a paz depende do amor com que se vive, das mudanças que se operam nas vidas que fogem do essencial do humano.

E, com coração e cabeça de crianças, os pastorinhos recebem a mensagem e comunicam-na da melhor forma que sabem. As dúvidas dos inícios são mais que compreensíveis, de tão inesperado que é o evento. Mas o que estes miúdos dizem ter visto e escutado não dava para inventar, porque é limitada a capacidade humana de criar nestas idades tão tenras. Por isso, espalha-se a notícia como boa nova. O povo começa a correr para a Cova da Iria e as autoridades locais entram em pânico, uma vez que a mensagem de Fátima se opunha radicalmente aos ideias republicanos 

 

 

 

 

 

 

 

 

anticlericais que, naquele tempo e naquela terra, se tentavam impor a todo o custo.

O nosso povo diz que a verdade é como o azeite na água: vem sempre ao de cima! Estou profundamente convencido que foi por isso que Fátima cresceu tanto e tão depressa a partir do testemunho vivo e feliz dos pastorinhos, estas três crianças que partilharam com o mundo inteiro uma mensagem tão densa, tão intensa, tão urgente.

O Dia Mundial da Criança, celebrado a 1 de Junho, diz-nos que os miúdos são o melhor do mundo: pela simplicidade, pela inocência, pela ternura, pelo sinal de esperança que dão ao mundo, apontando caminhos de futuro. A Lúcia, a Jacinta e o 

 

Francisco, há cem anos, deram corpo a esta esperança. A fragilidade que esconde uma criança merece cuidado, dedicação, apoio, protecção, oportunidade. Mensagens que nos cheguem por meio delas, como a de Fátima, exigem de nós coração, acolhimento e cumprimento.

O papa Francisco pediu: ‘Faz-nos seguir o exemplo de Francisco e Jacinta, e de todos os que se entregam à mensagem do Evangelho’.

Faz sentido evocar o refrão que hoje se canta, em Fátima e no mundo, pedindo a intercessão dos novos santos, as crianças de mais tenra idade a chegar aos altares: ’cantemos alegres a uma só voz, Francisco e Jacinta, rogai por nós!’.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair