04 - Editorial

       Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião.

        D. Manuel Linda

22- Opinião.

        Alexandre Castro Caldas

       Luis Santos

         Santo António


 

 

30 - Entrevista

        Pedro Teotónio Pereira

58 - Multimédia

60 - App Pastoral

62 - Concílio Vaticano II

64 - Estante

66- Agenda

68- Por estes dias

70 - Programação Religiosa

71 - Minuto Positivo

72 - Liturgia

74 - Fátima 2017

78 - Fundação AIS

80 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

Jornada da Pastoral Cultural

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Encontro Ibérico une Igreja e Media

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Viver o Santo António

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D. Manuel Linda | Paulo Rocha | Alexandre Castro Caldas | Bento Oliveira | Manuel Barbosa | Paulo Aido Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Basta não ser contra

  Paulo Rocha    

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

A palavra “geringonça” tem de ser chamada para este artigo (poderia até estar no título, com o risco de gerar curiosidade que a leitura das linhas que se seguem iria desapontar). E só para referir uma circunstância do atual quadro da governação em Portugal que, entre otimismos exagerados ou moderados, tem permitido, até agora, resolver conflitos sociais e laborais sem que se siga, por princípio ideológico, a via do confronto. Tanto em debates como nas ruas.

De facto, a necessidade de equilíbrio parlamentar faz com que, com mais ou menos tensão, as forças que o garantem o repliquem em diferentes contextos laborais, económicos, sociais, nomeadamente no que se relaciona com o papel de forças sindicais. O que tem dado à narração da história na atualidade duas caraterísticas, mesmo com o risco de que amanhã possa vir a ser recontada: acontece genericamente num ambiente pessoal e socialmente positivo; e conhece estratégias de diálogo que possibilitam a resolução de conflitos sociais e laborais que estariam na origem de um clima de crispação, não política, mas de toda a sociedade.

A atual composição parlamentar comprova que ajuda muito “não ser contra” para que um projeto se possa desenvolver. De facto, quando qualquer oposição não existe apenas para “ser do contra”, meio caminho está feito. E ainda mais quando se evita o “ser do contra” apenas por questões ideológicas.

 

 

Mais do que analisar resultados ou consequências do atual quadro político, o recurso ao que dele decorre tem apenas o objetivo de fixar a convicção de que, por vezes, “basta não sercontra” para dar brilho, cor, alegria e vida a muitos projetos, iniciativas criativas, vontades empreendedoras. Tanto em ambientes profissionais como pastorais.

Dois exemplos.

Com o mês de junho, chegam a muitas praças de aldeias e cidades festas populares em torno de santos que estão na memória e na vida dos que as habitam e dos que por elas passam. Elas acontecem, por vezes, entre tensões geradas pelo histórico das relações entre grupos. Mas são uma ótima a circunstância para afirmar que, por vezes, “basta não ser contra” para que tanto celebrações 

 

religiosas como manifestações de festa que as rodeiam sejam uma oportunidade de construção, de sentido novo, de alargar horizontes.

O outro exemplo não é de um mês em específico, mas de todos os dias. Está relacionado com a comunicação e os projetos, pessoais ou de grupos, que lhe dão corpo, tanto em torno de uma marca como de uma instituição. Neste ambiente, sobretudo neste ambiente, “basta não ser contra” para que toda a comunicação se faça com eficácia. Porque para comunicar um produto ou uma mensagem o pior que pode acontecer é enfrentar a contrainformação.

De facto, na vida pessoal e familiar, nas dinâmicas de grupo e na contribuição para a relevância das instituições, por vezes, “basta não ser contra”!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Eleições Legislativas no Reino Unido, 08.07.2017 @Lusa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Este será o terceiro orçamento da presente Legislatura e é mais fácil no sentido de que há já uma experiência de trabalho conjunto com os dois anteriores. Ao princípio, a solução [de Governo] era nova para todos"

António Costa, primeiro-ministro, em declarações à SIC, 07.06.2017

 

"Faltam as lideranças quer nos serviços de informação, quer na fiscalização dos serviços de informação. Creio que é um tema lamentável para o Governo e para o PS. Deixo esta nota de preocupação pela ligeireza com que o Governo e o primeiro-ministro tratam de matérias tão importantes para o país"

Assunção Cristas, líder do CDS-PP, falando aos jornalistas à margem do European Roundtable 2017, 08.06.2017

 

“O lóbi da energia tem condicionado governos”.

Henrique Gomes, secretário de Estado da Energia que se demitiu em 2012, entrevista ao Diário de Notícias, 08.06.2017

 

"Resolvi comunicar a S. Exa. o primeiro-ministro a minha indisponibilidade para aceitar o cargo para que me havia convidado, agradecendo-lhe a confiança em mim depositada"

Carta do embaixador José Júlio Pereira Gomes ao primeiro-ministro, António Costa, manifestando indisponibilidade para aceitar o cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, 07.06.2017

 

Igreja promoveu festa da Cultura

 

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura promoveu a sua 13.ª jornada este ano com o tema ‘Out of the box: A relação dos jovens com a cultura’. O encontro no dia 3 de junho, em Fátima, teve reflexão, debate, momentos musicais e concluiu-se com a entrega do Prémio ‘Arvore da Vida – Padre Manuel Antunes’.

“Temos de continuar a olhar para todos as pessoas mas, como é evidente, para este segmento etário que merece toda a nossa atenção sem entrar em avaliações dramáticas, negativas”, disse o presidente da 

 

Comissão Episcopal Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Em declarações aos jornalistas, no final do encontro, D. Pio Alves explica que “não faz falta saber muito de história” para perceber que dificuldades houve sempre com “diferentes acentos”, por isso, é necessário “olhar para as situações e tentar estar ao lado das pessoas”, com seriedade, realismo.

Para o diretor do secretariado que organizou o encontro, confirmou-se pela positiva “a incerteza das categorias” com que trabalham de juventude, de cultura, de pastoral

 

   

 

e não encontraram “respostas de efeito imediato” porque também “não era o intuito”. “Levamos daqui talvez as perguntas mais esclarecidas e mais eficazes. Estivemos com bons colaboradores, bons oradores, bons participantes no debate a aprender a melhor fazer as perguntas mais acertadas e vamos encorajados, nenhuma fuga de ceticismo, perante o mundo contemporâneo e perante a atual geração juvenil”, afirmou José Carlos Seabra Pereira.

A 13.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura terminou com a entrega do Prémio ‘Arvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ ao ator e encenador Luís Miguel Cintra que aceitou o galardão mas recusou o valor monetário que é entregue pelo Grupo Renascença Multimédia.

“Estive meia hora a tentar

 

convencê-lo, não aceitando diretamente o prémio mas a endossar para alguma pessoa, para uma instituição, para alguma obra que entendesse meritório”, explicou José Luís Ramos Pinheiro da Rádio Renascença aos jornalistas.

Para o elemento do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia, o júri do ‘Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes’ foi um “humilde portador do agradecimento da sociedade portuguesa e também da Igreja portuguesa” ao distinguir Luís Miguel Cintra.

“Se fosse preciso mais alguma coisa ainda hoje ouvimos nas palavras que Luís Miguel Cintra quis construir e trazer-nos, hoje nesta tarde, que o prémio não é justo, é justíssimo”, realçou.

 

“Comove-me que a Igreja me dê um prémio que para além de significar 'agradecemos o teu trabalho, de que gostamos', diz, ou eu gostava que dissesse, 'reconhecemos-te como irmão'”

Luís Miguel Cintra, discurso de receção do prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes

 

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D. Pio Alves  |  Cultura, Jovens e Tecnologia  | Jovens e Igreja  | Testemunho

 

(CAIXA)

“Comove-me que a Igreja me dê um prémio que para além de significar 'agradecemos o teu trabalho, de que gostamos', diz, ou eu gostava que dissesse, 'reconhecemos-te como irmão'”

Luís Miguel Cintra, discurso de receção do prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes (https://www.youtube.com/watch?v=ZJoDqkkIfcQ)

 

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D. Pio Alves

Cultura, Jovens e Tecnologia

Jovens e Igreja

Testemunho

Portugal e Espanha unidos para aproximar Igreja do mundo digital

 

As comissões dos episcopados católicos de Portugal e Espanha para a área dos media defenderam, em comunicado, a necessidade de promover a “comunicação digital” na Igreja, respondendo aos desafios que o setor coloca. “As instituições da Igreja, têm de dar prioridade à comunicação digital e à produção e distribuição de conteúdos online. São cada vez mais os utilizadores que 

 

 

acedem à informação e formação através dos smartphones e a Igreja tem de estar aí para se encontrar com todos”, refere o documento conclusivo do encontro ibérico que decorreu em Múrcia, Espanha.

Os membros da Comissão Episcopal dos Meios de Comunicação Social (Espanha) e da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (Portugal) 

 

 

propõem, para este fim, a criação de um “plano de ação com recursos”.

Os responsáveis por estas comissões refletiram em conjunto, com a ajuda de peritos. “A Igreja, sempre atenta aos sinais dos tempos, está chamada a ocupar um lugar no universo digital para servir de ponto de encontro entre as pessoas e o transcendente”, refere o texto das conclusões, enviado à Agência ECCLESIA.

Os participantes sublinham a progressiva perda de influência dos meios de comunicação tradicionais face às redes sociais, pedindo às instituições católicas uma “presença digital” que seja “autêntica e coerente”. “É importante assumir este ambiente criado pelas ferramentas digitais. A palavra e as mensagens são as mesmas, mas a comunicação tem de ser mais intuitiva, audiovisual, constante, emotiva, relacional”, referem.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão Episcopal Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Portugal disse que atualmente a imagem “é a linguagem mais facilmente percetível” para os jovens “e para todos, mas claramente para jovens”. 

“Naturalmente, tem de ser aprofundada mas é um primeiro modo de chamar a atenção das pessoas e 

 

falar daquilo que temos para transmitir”, afirmou D. Pio Alves.

Já o bispo responsável pela Comissão Episcopal de Meios de Comunicação Social de Espanha realçou que hoje “é fundamental” a imagem que “impacta, emociona”. “A imagem leva ao Evangelho, este é o estilo do Senhor, quando falava por parábolas, que afinal são imagens”, observou D. Ginés García Beltrán, bispo de Guadix.

As Comissões Episcopais debateram, de segunda a quarta-feira, o tema ‘A imagem para mostrar a identidade da Igreja’.

“A Igreja sempre atribuiu uma importância grande à imagem ao longo dos séculos, concretamente, a ornamentação das igrejas, o património integrado e móvel”, exemplificou D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto. “O encontro ajudou a aprofundar a ideia da importância dos novos suportes de comunicação, sem perdoar o que são os recursos tradicionais, habituais, mas claramente insistiu-se na ideia que não basta estar lá. Faz falta estar lá com qualidade”, acrescentou.

O presidente da Comisión Episcopal de Medios de Comunicación Social de Espanha sublinhou, por sua vez, que a missão da Igreja Católica “é anunciar o Evangelho” e que este tem de ser “compreendido por todos os homens e mulheres”.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Missionários Espiritanos celebraram 150 anos em Portugal

 

 

 

Encontro de reitores das universidades católicas 

 

 

O apelo do Papa
para o Dia Mundial das Missões

 

O Papa Francisco desafiou a Igreja Católica a transmitir a “força transformadora do Evangelho” a um mundo ferido e muitas vezes sem rumo. “O Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos”, defende, na mensagem para o próximo Dia Mundial das Missões (22 de outubro). 

 

 

O texto tem como título ‘A missão no coração da fé cristã’ e foi publicado na Solenidade de Pentecostes, em que a Igreja Católica celebra de forma particular o Espírito Santo. “A missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime”, escreve Francisco. O texto, simbolicamente, foi divulgado no dia de Pentecostes.

O Papa sublinha a responsabilidade de transmitir a mensagem cristã “num 

 

 

 

 

 

mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas”, que precisa do “poder transformador do Evangelho”.

“A missão adverte a Igreja de que não é fim em si mesma, mas instrumento e mediação do Reino”, observa.

Francisco apela a uma “transformação existencial” que parte da atualidade da presença de Jesus naqueles que o acolhem na sua vida. “O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente se oferece e, a quem a acolhe com fé humilde e operosa”, assinala o Papa.

A mensagem alude aos “vários desertos da vida” e “várias experiências de fome e sede de verdade e justiça” no mundo atual.

Francisco pede ainda atenção aos problemas das novas gerações, recordando que a próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, pode ser “uma ocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua rica imaginação e criatividade”.

O Papa deixa depois elogios ao

 

serviço das Obras Missionárias Pontifícias e conclui-se com uma oração a Nossa Senhora: “Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação”.

Este sábado, o Papa Francisco encontrou-se com os participantes da Assembleia das Obras Missionárias Pontifícias e convocou um “mês extraordinário de oração e reflexão sobre a missão”, em outubro de 2019.

 

 

 

Pio XII arriscou-se para salvar judeus

O Papa Francisco elogiou o Papa Pio XII pela sua ação em defesa dos judeus durante a II Guerra Mundial (1939-1945), apresentando-o como exemplo do cumprimento das obras de misericórdia. “Muitas vezes corremos riscos. Pensemos aqui, em Roma, em plena guerra: quantos arriscaram, a começar por Pio XII, para esconder os judeus, para que não fossem mortos, para que não fossem deportados”, disse, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta, esta segunda-feira.

“Arriscavam a sua pele, mas era uma obra de misericórdia salvar aquelas pessoas”, acrescentou.

Eugenio Pacelli (1876-1958), o Papa Pio XII, foi declarado “venerável” por Bento XVI em dezembro de 2009, o primeiro passo em direção à sua beatificação. Pio XII, assegurou então  Papa emérito, "agiu muitas vezes de forma secreta e silenciosa, porque, à luz das situações concretas daquele complexo momento histórico, ele intuía que só desta forma podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus".

Na radiomensagem do Natal de 1942, Pio XII alertou para a situação de 

 

“centenas de milhares de pessoas que sem culpa nenhuma da sua parte, às vezes só por motivos de nacionalidade ou raça, se veem destinadas à morte ou a um extermínio progressivo”.

Em julho de 2012, o memorial ‘Yad Vashem de Jerusalém’, que evoca as vítimas do Holocausto durante a II Guerra Mundial, modificou um texto que acusava o Papa Pio XII de não ter feito o suficiente pelos judeus.

O grupo de especialistas dedicado às atividades do Vaticano e de Pio XII levou em consideração "as pesquisas realizadas nos últimos anos" e apresenta "uma imagem mais complexa do que anteriormente". A legenda acrescentou referências à sua neutralidade e às ações da Igreja Católica que permitiram salvar do Holocausto "um número importante” de judeus.

 

 

 

Papa alerta para divisões
e pede unidade na Igreja

O Papa Francisco disse que a Igreja deve rejeitar “coligações e partidos” no seu seio, apelando à unidade dos católicos, sem “posições excludentes”. “Inflexíveis guardiães do passado ou vanguardistas do futuro, em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja: assim temos a diversidade sem a unidade”, assinalou, na homilia da Missa da Solenidade de Pentecostes, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.

A celebração marcou o final do tempo litúrgico da Páscoa, evocando a efusão do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade na doutrina católica.

O Papa alertou para as “maledicências que semeiam cizânia” e “as invejas que envenenam”, defendendo que os homens e mulheres de Igreja devem ser “homens e mulheres de comunhão”. Francisco observou que, 50 dias depois da Páscoa, os primeiros discípulos de Jesus receberam um “coração novo” para criar “um povo novo”, conjugando diversidade e unidade.

O Espírito Santo, sustentou, “faz florescer carismas novos e variados” na Igreja, onde realiza a unidade na  

 

diferença, “liga, reúne, recompõe a harmonia”, sem a “obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual”.

“A nossa oração ao Espírito Santo é pedir a graça de acolhermos a sua unidade, um olhar que, independentemente das preferências pessoais, abraça e ama a sua Igreja, a nossa Igreja”, referiu o Papa. “O Espírito do perdão, que tudo resolve na concórdia, impele-nos a recusar outros caminhos: os caminhos apressados de quem julga, os caminhos sem saída de quem fecha todas as portas, os caminhos de sentido único de quem critica os outros”, acrescentou.

A celebração do Pentecostes foi precedida por uma vigília ecuménica de oração, no Circo Máximo, que reuniu cerca de 30 mil pessoas em volta do Papa, no 50.º aniversário do Renovamento Carismático Católico.

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Londres: Papa Francisco condena «chaga» do terrorismo

 

 

 

50.º aniversário do Renovamento Carismático Católico

 

 

O individualismo tende à corrupção

  D. Manuel Linda    
  Bispos das Forças   

  Armadas e Forças de  

  Segurança  

 

A julgar pela frequência das notícias, parece que a corrupção fala a língua portuguesa. Quer pela persistência do tema, há largos anos, quer pela sua amplitude geográfica, pois a situamos ora na América do Sul, ora na África, ora na Europa.

É verdade que, a julgar pelos índices apresentados por organismos internacionais credíveis, desse fenómeno nenhum país está livre. Não obstante, há áreas que parecem mais afectadas. E é por isto que há quem se deleite em estabelecer uma contraposição entre os países do norte, de influência protestante, onde o índice de corrupção parece ser mais baixo, e os Estados do sul, maioritariamente católicos, de inegável propensão para esta mancha anti-social.

É verdade que o fenómeno não se pode resumir a esta visão simplista. Não obstante, pode haver aqui uma parcela de verdade. Porquê?

Chama a atenção este dado: todos os países do norte da Europa têm o cristianismo como sua «religião oficial». Isto é visível, por exemplo, nas bandeiras e outros símbolos: todas representam a cruz. No sul, desde o século XVIII, as «cruzadas» do iluminismo, do laicismo e da separação violenta da Igreja do Estado levaram ao repúdio da religião no espaço público. E, obviamente, rejeitada a religião, rejeitou-se também o que ela propõe. E a sociedade ficou desarmada: sem ética, sem consciência, sem ideia de pecado, sem a noção do bem e do mal.

Eu sei que o tema da corrupção não se pode 

 

 

  

 

resumir a isto. Não obstante, este factor também será de considerar. Até porque daqui deriva um outro: a aniquilação do relevo concedido ao social.

O cristianismo é eminentemente «eclesial». Isto é, grupal, de colectividade, de vivência por um grande conjunto de pessoas. Como tal, possui forte componente social. Por isso, é contrário ao individualismo feroz, à competição desenfreada, ao subjectivismo redutor. Ora, o que mais caracteriza esta sociedade desgarrada da religião são precisamente estas atitudes existenciais. Daqui que, para o corrupto, a sociedade constitua uma abstracção poética, os outros não

 

 contem nada e a dimensão colectiva da existência seja o equivalente a uma qualquer música celestial.

Com a corrupção, quem perde é a sociedade que vê retirados em favor de poucos os bens que são de muitos ou de todos. Mas perdem muito mais os débeis e os fracos: o que, para alguns pode ser para o luxo, para outros é factor de sobrevivência. Mas ao corrupto isso não fere.

O bem comum reclama, portanto, ética social. E esta necessita urgentemente daquela estrutura que, secularmente, vincula a moral: a religião. Não o querer ver é pretender tapar o sol com a peneira.

 

 

A Universidade Católica vai finalmente ter um Curso de Medicina

 

Prof. Doutor Alexandre Castro Caldas

Diretor do Instituto de Ciências da Saúde

Professor Catedrático de Neurologia

 

É já público que a Universidade Católica Portuguesa (UCP) se prepara para abrir, em breve, um curso de Medicina. Estão praticamente finalizados todos os protocolos e este sonho de há tantos anos parece poder vir a tornar-se realidade. É, por isso, boa altura para disso dar boa noticia aos meios católicos e ao público em geral.

Podemos começar por explicar porque razão a Universidade Católica quer ter um curso de Medicina. Julgo que não é novidade nenhuma que a Igreja Católica, através das suas estruturas, ordens religiosas e paróquias, tem um papel determinante nos cuidados de saúde. Ora, a UCP deve ser o componente desta organização que tem obrigação de formar os profissionais e voluntários envolvidos, não só do ponto de vista técnico-científico, mas também à luz dos princípios orientadores próprios da posição da Igreja face aos grandes desafios da saúde. É esta necessidade de pôr no terreno as boas práticas que deve nortear quem ensina. A segunda razão para haver um curso de medicina é ser ele motor de convergência de saberes que enriquece o acervo cultural de uma universidade.

Em 2004, a Universidade criou o Instituto de Ciências da Saúde que tinha por missão coordenar todo o ensino e investigação no domínio da saúde, existente já nos diversos polos da UCP e promover o seu desenvolvimento, até construir um edifício académico capaz de formar os múltiplos agentes da saúde à luz da natureza identitária que enforma 

 

 

 

 

 

a UCP. Assim se foi fazendo, lenta e progressivamente, visto que a dimensão económica do empreendimento assim o exigiu.

Existe hoje bem consolidado o ensino da Enfermagem, no Porto e em Lisboa, com ensino no três níveis, licenciatura, mestrado e doutoramento, alicerçado num passado de largos anos de experiencia de duas Escolas pertencentes a ordens religiosas que se incorporaram na Universidade, uma no Porto e outra em Lisboa. Podemos calcular por alto que saíram da UCP cerca de 1000 licenciados em Enfermagem,

 

500 Mestres e 100 doutores que praticam a sua profissão à luz de ensinamentos e formação que aqui receberam.

Dos outros domínios podemos salientar um Mestrado Integrado em Medicina Dentária a decorrer no Centro Regional de Viseu e um curso de Ciências Biomédicas também em Viseu, que tem vindo a formar profissionais de boa qualidade. O ensino em Cuidados Paliativos tem sido um ponto forte do Instituto desde há cerca de 10 anos, organizando também o Observatório Nacional dos Cuidados Paliativos, pondo no 

 

 

 

terreno todo o esforço para a defesa da vida e da dignidade humana.

Quando se formou o Instituto de Ciências da Saúde (ICS), a primeira ação de formação foi um Mestrado em Ensino Médico, que teve duas edições com grande sucesso. Nesse programa procurámos recolher a melhor informação sobre ensino médico nas instituições internacionais. Reconhecemos que a Universidade de Maastricht tinha o melhor Departamento de Ensino Médico e era responsável por iniciativas inovadoras apoiadas por escolas tão importantes como a Universidade de Harvard. 

Desde então, ficou no ICS o interesse

 

pela metodologia de ensino que tem dado provas de eficiência na formação de médicos, sobretudo pela forma como se estimula a autonomia do estudante na procura de fontes  de informação, orientada para problemas, e pela forma interativa como os estudantes são levados a aprender.

A dificuldade em organizar um curso desta natureza resulta em grande parte da necessidade de ligação a entidades prestadoras de cuidados de saúde. Neste contexto, o ICS foi fazendo aproximações a algumas unidades, de que se realça o Hospital dos SAMS com quem tem vindo a fazer formações na área dos cuidados

 

 

 

 

 em dor, mas que, apesar de grande atividade de boa qualidade clínica, não tem a dimensão considerada necessária para um empreendimento desta natureza.

Há quatro anos a Câmara Municipal de Cascais mostrou interesse em ter na autarquia ensino universitário, começando por facilitar a utilização do Hospital José de Almeida, na Parede, que se encontra desativado. Este contacto com a Câmara de Cascais foi ganhando corpo, conjugando-se com novas opções que começaram a fazer nascer a esperança de ter finalmente um curso de medicina. Posta em cima da mesa esta oportunidade era necessário ir buscar os parceiros mais adequados. Feito o contacto com a Universidade de Maastricht, com a metodologia que já anteriormente nos tinha interessado, obtivemos uma resposta positiva, resultante do apoio que esta Universidade tem dado a outros países, nomeadamente com Moçambique, onde instalou o curso de medicina na Universidade Católica. No que respeita à unidade de prestação de cuidados, recebemos a colaboração da Luz Saúde que tem uma dimensão, qualidade e missão compaginável com a missão e finalidades da UCP.

A discussão com os potenciais parceiros decorreu durante cerca de um ano, em múltiplas reuniões em que se discutiram todos os detalhes.  

 

Naturalmente, a Universidade Católica Portuguesa será o centro do projeto sendo os restantes parceiros os seus viabilizadores, o que quer dizer que a natureza identitária da universidade não pode ser de forma alguma contrariada por nenhum deles. Está mesmo em preparação um documento da Associação dos Médicos Católicos, que será assinado pelos parceiros, que corresponde aos princípios orientadores da prática dos serviços de saúde. Felizmente, temos recebido o apoio das organizações católicas que contactámos, empenhadas no exercício de uma medicina centrada na defesa da vida, que compreenderam o interesse deste projeto, precisamente para consolidar na prática e no ensino essa forma de olhar o mundo.

Estamos a formar um Conselho Científico de professores portugueses, que serão os responsáveis pelo ensino, que saberão transmitir esta mensagem. Uma universidade distingue-se pela qualidade dos professores, e temos, por isso, sido muito rigorosos na escolha dos nossos agentes de ensino.

Muito gostaríamos que os católicos compreendessem o interesse desta iniciativa e que o apoiassem para que aquilo que tem sido escrito e dito publicamente por responsáveis deste projeto, possa ser posto no terreno com sucesso para bem de Portugal e da Igreja portuguesa.

 
 

 

A linguagem bélica do futebol

  Luis Filipe Santos   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Estamos no período do defeso do ano civil futebolístico, todavia apetece recordar algumas expressões utilizadas nos órgãos de comunicação social para definir algumas jogadas que os atletas desenham no relvado. “A equipa utilizou todas as armas contra o adversário”; “o guarda-redes defendeu uma autêntica bomba do avançado”; “o petardo passou a centímetros do poste”; “contra-ataque fulminante”; “o número 9 é um autêntico bombardeiro”; “o extremo passou pela defesa como uma flecha”; “a equipa da casa massacrou o opositor”; “o adversário está encostado à parede”; “dispostos a morrer em campo”; “o jogo parecia uma batalha campal”; “um autêntico massacre no relvado”; “o extremo rompeu a muralha defensiva”; “a defesa caiu na armadilha do avançado” e “o tiro só parou no fundo das redes”.

Todas estas expressões têm um denominador comum… Pelo meio, está um termo bélico. Estas metáforas utilizadas nas crónicas e nos relatos de futebol entraram no léxico futebolístico. Uma linguagem mavórtica que se prolonga depois do jogo ter terminado. Confrontos entre claques… debates televisivos. Tudo serve para alimentar a voracidade de tantos adeptos que vibram mais com a cor clubística do que com o espetáculo que decorreu nas quatro linhas.

Se os termos metafóricos fossem substituídos por uma linguagem mais estética, talvez o fenómeno futebolístico fosse mais atraente. Os 22 atletas com a equipa de arbitragem são atores de um espetáculo que envolve milhões. Eles não são 

 

 

 

guerreiros que se utilizam o tapete verde para um combate. Esta pedagogia devia começar pelas estruturas hierárquicas dos clubes. Os responsáveis dos clubes, juntamente com os agentes da comunicação social, deviam valorizar mais a arte que os jogadores demonstram no relvado e deixar para segundo plano as batalhas linguísticas.

Portugal é campeão europeu de futebol e tem o melhor futebolista do mundo. Os seus atletas espalham magia nos relvados dos quatro 

 

cantos do mundo e os treinadores dão lições táticas aos seus parceiros europeus. Atualmente, este desporto que se chama futebol deve colocar os futebolistas como os atores principais. O palco é deles e não dos egos de alguns agentes deste desporto.

Se a linguagem bélica fosse substituída por termos futebolísticos… A bola que rola no tapete seria uma autêntica gota de orvalho que tornaria a relva mais luzidia e o ódio reinante no futebol virava a página deste espetáculo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A cidade de Lisboa acolhe por estes dias milhares de visitantes vindos dos mais diversos pontos de Portugal e do mundo, para celebrarem as festas em honra de Santo António. O dossier que se apresenta nesta edição destaca a importância que as comemorações assumem para o país que viu nascer, em finais do século XII, aquela que é uma das maiores figuras do cristianismo.

 

A Igreja de Santo António, na freguesia de Santa Maria Maior, perto da Sé de Lisboa, assinala as origens deste doutor da Igreja, missionário e religioso, padroeiro dos pobres e oprimidos. É lá que está em exposição a maior relíquia de santo fora da cidade italiana de Pádua (onde ele viveu e morreu em 1231) um bocado de osso do seu braço esquerdo.

 

A ECCLESIA entrevistou o coordenador do Museu de Santo António, o reitor da Igreja dedicada ao santo, investigadores de diversas áreas e um casal que une Pádua e Lisboa - porque Santo António, afinal, é do mundo.

 

 

 

 

 

 

António de Lisboa, o santo da arte clássica, da religiosidade popular e da cultura pop

 

O coordenador do Museu de Lisboa Santo António, Pedro Teotónio Pereira, conversou com a Agência Ecclesia no espaço municipal que conta a história e é uma catequese sobre o santo que é disputado por Lisboa e Pádua, na Itália, mas é universal. Casamenteiro, milagreiro e transversal à sociedade e à cultura desde que vestiu o hábito dos Franciscanos é assim o santo António que cheira a sardinha, a majerico e a cravo, que é popular e erudito.

 

Entrevista conduzida por Luís Filipe Santos

 

 

Agência Ecclesia (AE) – Estamos num sítio emblemático de Lisboa. Este museu fica mesmo junto à casa onde Santo António nasceu. O que é que se pode visitar e como se explica a afluência de turistas e peregrinos que visitam a casa de Santo António?

Pedro Teotónio Pereira (PTP) – O museu está ao lado do local onde nasceu Santo António. A casa foi depois transformada em capela, pela Câmara Municipal de Lisboa, o senado da cidade instalou-se onde era a casa e desde o século XIII este espaço é propriedade municipal. Depois foi erguida uma igreja que ruiu com o terramoto de 1755 e, então, através de dádivas e do peditório do 

 

“tostãozinho para o Santo António” ergueu-se a capela que existe atualmente.

O museu conta um pouco a história de Santo António e da ligação com a cidade de Lisboa. Ele nasce aqui, viveu aqui cerca de 20 anos, depois foi 10 anos para Coimbra e os últimos 10 anos de vida passa em Itália e morre em Pádua. Dai ele ser conhecido o Santo António de Pádua porque o corpo está na cidade de Pádua e foi a cidade que escolheu para morrer.

 

 

 

 

 

AE – Para além de ser um santo muito conhecido que ultrapassou as fronteiras: Santo António foi militar, é um santo casamenteiro, é o santo dos pobres, dos perdidos e achados. Há um António ou existem muitos Antónios?

PTP – Há uma devoção de Santo António que foi construída ao longo dos séculos e, portanto, depois vai sendo acrescentado com vários elementos. Uma das quais é a 

 

 

carreira militar, a partir do século XVI, em que a imagem de Santo António participou em inúmeras batalhas e foi, inclusivamente, condecorado pelo rei D. João VI por serviços prestados a Portugal.

Há também realmente o santo popular que em Portugal, e nos países de língua portuguesa, vai ter características muito especiais e que se desenvolve esta ideia do santo casamenteiro e que encontra os 

 

 

  

 

objetos perdidos. São algumas das características de Santo António e tem muitas outras porque depois vai ser um dos santos mais importantes de Portugal e levado pelos Franciscanos para o mundo inteiro.

 

AE – Podemos dizer que é um santo mal-educado, vira as costas para o povo?!

PTP – (risos) O povo, às vezes, é que lhe vira as costas. É uma caraterística muito importante ou muito interessante da devoção de Santo António que é muito próximo da devoção das pessoas. É tão próximo que as pessoas tratam como se fosse um familiar. De vez em quando há alguns arrufos com o Santo António.

 

AE – Para além dessa faceta de casamenteiro também é um santo dos pobres. O chamado pão dos pobres de Santo António…

PTP – É uma caraterística muito franciscana, a partir do século XIX desenvolveu-se esta ideia do pão de Santo António baseado em alguns milagres atribuídos a Santo António relacionados com a distribuição do pão mas tem a ver com esta característica dos Franciscanos e da grande proximidade com os pobres.

 

 

 

AE – Concretamente sobre este museu – estatuária, ourivesaria, azulejaria. Santo António é representado de mil e uma formas?

PTP – Sim, é uma iconografia muito rica e este museu reúne parte.

Contamos a história de Santo António, temos um lado mais religioso da imaginária relacionada com o Santo António e depois o lado mais popular relacionado com os milagres, com todas as tradições associadas. Temos azulejaria, ourivesaria, cerâmica, pintura.

 

 

 

 

AE – Mas não há uma imagem uniforme, Santo António aparece também de mil e uma formas, com rostos diferentes?

PTP – Sim, não se sabe como era Santo António fisicamente. As primeiras descrições, feitas para a altura que foi tornado santo, diziam que ele era forte e baixo pelas questões relacionadas com a doença que tinha da hidropisia, a retenção de líquidos.

 

A imagem de Santo António vai ser construída muito à semelhança da imagem de São Francisco de Assis (fundador dos Francisco que o santo português conheceu): Vestido com o hábito franciscano, um homem austero, magro e depois vão sendo acrescentados alguns contributos. Portanto, temos uma imagem muito variada da imagem de Santo António.

 

 

 

 

 


 

AE – Algumas têm um lírio, outras o Menino Jesus…

PTP – As primeiras imagens era o Santo António com o hábito de franciscano e com o livro na mão, sinal de sabedoria. Depois, mais tarde, vão sendo acrescentados outros atributos, o lírio sinal da pureza, a cruz.

A arte Barroca vai-lhe colocar o 

Menino Jesus ao colo, uma imagem muito representada e a mais generalizada e mais conhecida.

 

 

 

AE – A arte contemporânea já coloca o Santo António de várias cores.

PTP – Os artistas contemporâneos continuam a reinterpretar a imagem de Santo António e surgiu agora, nestes últimos anos, a imagem do Santo António só de uma cor: Encarnado, verde, azul, de todas as cores. É uma imagem muito ligada ao design e ao desenvolvimento do design e que tem sido muito difundido em Lisboa.

 

AE – Isso deve-se a quê, a alteração da indumentária do santo franciscano?

 

PTP – É transformar quase o Santo António como um elemento tão conhecido, é transformar quase como um símbolo pop, como é transformado outras imagens muito conhecidas internacionais. Acho que isso tem a ver com esta época e a arte nesta época.  

 

 

 

 

AE – Pode ser difícil para quem está à frente mas que peças destaca deste museu?

PTP – Temos as peças mais emblemáticas do museu é muito baseado na azulejaria, temos bons painéis de azulejos com a representação de Santo António.

Destaco uma peça que integramos na coleção recentemente, que veio do 

 

 

 

reino do Congo, do século XVII. Uma peça muito importante que tem a ver com a devoção que se desenvolveu em África e, depois, foi levada para o Brasil e transforma a ideia de Santo António misturado com secretismo africano e brasileiro e dá uma riqueza extraordinária à devoção.

 

 

 

 

 

 

 

AE – Podemos dizer que desde o nascimento, ou desde a fama de santidade de Santo António até à época contemporânea foi representado de mil e uma forma?

PTP – De mil e uma forma, exatamente. Vai adquirindo cada vez mais importância e adquirindo cada vez mais atributos.

 

AE – Uma arte religiosa pura ou arte sacra pura ou já uma miscelânea de religiosidade popular, com atributos rurais, tudo serve para fazer o Santo António?

PTP – O Santo António serve para tudo, não é. Acho que sim, Há este lado mais religioso e das imagens religiosas mas, realmente, depois desenvolve-se muito no artesanato português e, praticamente, todos os artesão continuam a representar o Santo António. É uma figura quase obrigatória.

 

AE – O Santo António aqui de Lisboa cheira a sardinhas?

PTP – (risos) Cheira a majerico, cheira a cravo, e, acho que sim, cheira a sardinhas e à relação entre as pessoas e à alegria.

 

 

 
 

AE – Isso são os portugueses. E os estrangeiros, os peregrinos de outras paragens?

PTP – É interessante. Há uma devoção italiana e levada pelos italianos para o mundo. É uma devoção mais austera de Santo António, mais séria, e há uma devoção mais popular levada pelos portugueses.

No mundo desenvolve-se estas duas formas de devoção muito características: Encontramos elementos muito populares de Santo António em toda a América Latina, em África, na Ásia que foi muito levada pelo portugueses.

 

AE – Os lusófonos querem um Santo António popular, os italianos erudito?

PTP – Santo António doutor da Igreja. Estas duas vertentes de Santo António são complementares e muito ricas.

 

 

 

AE – As peças no museu também servem do ponto de vista catequético? Dar a conhecer a vida e talvez despertar, um pouco, as pessoas que visitam esta museu?

PTP – Sim, [as peças] pelo menos permitem contar a história de Santo António, toda a iconografia relacionada com Santo António. Os milagres atribuídos, o poder de oratória que ele tinha, a forma como convertia os hereges. Os objetos contam essa história.

 

AE – Também o lado taumatúrgico?

PTP – Exato, e o lado taumatúrgico. Os milagres todos servem para reforçar o poder de Santo António e a intervenção.

 

AE – E o lado livresco, os sermões estão patentes neste Museu de Lisboa Santo António?

PTP – Temos esta lado erudito de Santo António que escreveu dois livros relacionados com os sermões. No fundo eram quase manuais de instruções para os outros frades construírem os seus sermões e que foi influenciar muito os outros padres, um dos quais o padre António Vieira. Temos aqui o original e excertos lidos por Maria Bethânia (cantora brasileira) no museu para as pessoas ouvirem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Santo António cativa peregrinos e turistas, doutores e eruditos

O santo franciscano António que nasceu em Lisboa e morreu em Pádua viveu há cerca de 800 anos mas ainda está vivo no coração das pessoas e frei Francisco Sales Diniz considera que “é um fenómeno único na Igreja”.

“Toda a gente tem uma devoção tão grande e veem o amigo, o parceiro. Às vezes dá impressão que substituem Deus pelo Santo António talvez porque não têm uma fé esclarecida. É o sentimento que vemos nas pessoas”, afirma em declarações à Agência ECCLESIA.

Se Santo António “é mais considerado o padroeiro” da capital portuguesa e é quando se fazem as “grandes festas de Lisboa” e “existe maior movimento”, o Centenário das Aparições marianas em Fátima tem originado uma “afluência de peregrinos fora do comum, fora do normal”.

O reitor da igreja de Santo António, do Patriarcado de Lisboa, explica que beneficiam muito com o turismo religioso para a Cova da Iria porque “quase todos os grupos de peregrinos estrangeiros” que usam o Aeroporto General Humberto Delgado passam pela igreja na baixa lisboeta.

 

“Temos tido uma afluência de tal forma grande que alguns trabalhos que tivemos de fazer para preparar as festas [instalações de som novo] teve de ser feito durante a noite”, exemplifica o entrevistado, acrescentando que durante o dia há trabalhos que “é impossível” realizar. “Temos, praticamente, missas de hora a hora nas mais diversas línguas, de padres dos mais diversos cantos do mundo que vêm ter connosco.”

 

Turismo vs peregrinos

Frei Francisco Sales Diniz revela que antes estar neste serviço e pertencer à comunidade franciscana da igreja de Santo António também tinha ideia que eram muito visitados por turistas do que por peregrinos mas, agora, percebe que “a maioria são peregrinos”, com “devoção a Santo António”.

“Claro que vêm turistas, a igreja faz parte do circuito turístico da baixa de Lisboa. É impressionante perceber que ao fim de 800 anos do santo na igreja é um fenómeno único porque continua a ser o santo mais conhecido e mais 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

popular do mundo inteiro”, desenvolveu.

O santo franciscano para além de ser teólogo e doutor da Igreja é para a religiosidade popular casamenteiro, a quem se reza para encontra objetos perdidos.

“O povo projeta muitas vezes aquilo 

 

 

que tem dentro do coração no santo e procura encontrar no religioso solução para os seus problemas, quando não encontra no mundo”, analisa o sacerdote, que considera que é a “simplicidade do santo” e ser “modelo de santidade” que as pessoas “têm uma confiança total”.

 

 

 

Frei Francisco Sales Diniz adianta ainda que tentam que as pessoas compreendam “mais do que a piedade popular” que transformou Santo António em “casamenteiro, na Itália é o santo para ter filhos, para as crianças” e vejam o “grande teólogo, um grande sábio” que deixou um “património único nos seus sermões”. Uma realidade que “toca o coração” da parte mais intelectual da Igreja.

Neste contexto, o religioso conta que “é interessante” ver “muitas pessoas e até formada, desde médicos, cursos superiores” que tem uma devoção ao santo única e vão à igreja “rezar”.

Para o entrevistado “Manifesta verdadeiramente grande fé, grande devoção no poder divino, que se manifesta através de santo António”, ver um médico com receitas e exames de doentes a rezar a igreja e “tocar com a receita e o exame na relíquia do santo procurando proteção”.

O reitor não saber se as pessoas agradecem mais ou pedem porque “depende da intimidade de cada um” mas nos livros de registo leem “mais mensagens de gratidão pelas graças recebidas”. Contudo, também existe “muita gente que escreve papelinhos com muitos pedidos”, como para 

 

 

 

encontrar marido, para resolver problema de saúde, problema de negócios, “às vezes mesmo com a justiça e questões de emprego”.

“Procuro ver todos os papeis que são deixados para não se perder estes pedidos e, por isso, consigo perceber que o pedido é na dimensão: Saúde, dinheiro, bem-estar, casamento, às vezes trabalho”, conta o sacerdote.

Como referido, uma das características atribuídas a Santo António é na ajuda a encontrar objetos perdidos e existe um responsório próprio que também rezado pelos padres em momento de aflição. “É interessante, ainda no mês de maio um sacerdote inglês perdeu uma bolsa em Fátima e telefonaram-me de Inglaterra para rezar ao Santo António para encontrar a bolsa, recorda frei Francisco Sales Diniz, acrescentando que recebeu novo telefona “a agradecer” porque ele encontrou a bolsa.

O frei Francisco Sales Diniz visita, e visitou como diretor da Obra Católica Portuguesa das Migrações, muitos emigrantes portugueses na diáspora onde encontra paróquias e comunidades que têm Santo António como patrono.

 

 

 

“Na Califórnia conheço uma festa em hora de Santo António, a comunidade portuguesa, na maioria, é de origem de São Jorge (Açores) de uma terra que tem como patrono Santo António”, exemplifica, constatando que a primazia da devoção “é Nossa Senhora de Fátima, nas comunidades açorianas o Espírito Santo”.

 

 Santo António na arte

 - como ele é representado, é de forma diversas, mil e uma maneira de mostrar como é o santo:  Coisinhas de barro, madeira, pedra. Basta ver os tronos por Lisboa…

“Vemos, por exemplo, o Santo António das noivas que é pintado de todas as cores. Ficamos a olhar para aquilo mas muita gente compra”, observa o frade franciscano para quem na cerâmica “existem imagens lindíssimas”.

Atualmente, o santo da cidade de Lisboa é também motor da “criatividade dos artistas” e se há peças “bonitas” também se encontram “algumas aberrações” que podem ser pela “crise económica e dificuldade” da sociedade.

“Agora, mais do que nunca, muita 

 

gente usa o próprio santo para a sua criatividade, para vender produtos, para se resolverem a nível económico, resolverem problemas”, refere o reitor da igreja de Santo António de Lisboa.

 

O pão dos pobres de Santo António

“Este ano, excecionalmente de movimento muito maior vendemos o pão mais cedo mas só no dia (13) vendemos cerca de 60 mil daqueles pequenos e quase sempre esgota a meio da tarde”, diz o sacerdote.

A receita da venda dos pequenos pães que vendemos é destinada à Obra da Imaculada Conceição de Santo António, uma obra da infância e juventude.

“A tradição popular coloca como símbolo protetor, que se guarda de um ano para o outro, para que não falte o pão na mesa. Há pessoas que costumam colocar o pão com uma moeda ao lado para não faltar nunca o bem material para comprar o pão”, acrescenta.

A fraternidade franciscana e a comunidade católica da igreja na baixa lisboeta continua com a devoção de 

 

 

 

 

distribuir o “pão de Santo António”, “que noutros tempos era simbólico”, mas dá também alimentos às pessoas com mais necessidades.

 

Santo António: a disputa entre Lisboa e Pádua

Quanto à antiga disputa entre Lisboa e Pádua, a cidade italiana onde o santo morreu, frei Francisco Sales Diniz considera que está “mais ultrapassada que outros tempos” porque o mundo era fechado.

“Somos apenas nós que chamamos

 

 António de Lisboa, ele é conhecido no mundo inteiro como António de Pádua. Apesar de o Papa Leão XIII o ter proclamado o santo do mundo inteiro, precisamente, para acabar com esta guerra vemos que ainda existe algum bairrismo, por parte dos italianos”, desenvolve.

Segundo o reitor da Igreja de Santo António em Lisboa, no mundo global as pessoas já percebem que “o importante de um santo não é a nacionalidade” mas a santidade e “o modelo de santo dentro de uma igreja universal e não nacionalista”.

 

 

 

Um movimento que, à semelhança de outros que existem pelo país, é “uma riqueza da Igreja” e uma “resposta clara àquilo que são as necessidades dos jovens”.

 “Muito do carisma das Equipas é trabalhar temas de fé para as pessoas crescerem juntas neste caminho” e, no caso do Sínodo, “é muito importante fazer uma reflexão séria sobre aquilo que os jovens estão a precisar”, acrescenta.

‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, é o tema reservado para o próximo Sínodos dos Bispos, que o Papa Francisco já disse que quer “aberto a todos os jovens, também os agnósticos ou ateus”.

Que não divida Santo António de Lisboa/Pádua o que Deus uniu

 

Santo António de Lisboa, para os portugueses, ou de Pádua, para os italianos, é um santo do mundo, que une o casal Rigato: ele, Andrea, italiano de Pádua; ela, Joana, de Lisboa.

“Para nós, não é um santo casamenteiro. Para nós - há muita devoção popular - é mais uma 

 

intercessão para quem tem doenças”, explica Andrea à Agência ECCLESIA.

Joana Rigato sublinha a particularidade de uma celebração popular na capital portuguesa, que proporciona uma “bela ocasião de comunhão entre as pessoas”, mesmo quando os santos são só um “pretexto”.

 

 

 

 

“Em Pádua é tudo mais sério, mas penso que também não seria essa a forma como Santo António gostaria de ser lembrado, imagino”, acrescenta, admitindo que a presença é “muito mais continuada” ao longo do ano na cidade italiana do que em Lisboa.

A portuguesa gostaria que todos olhassem mais para o santo como um “modelo de vida” e não apenas como um recurso para “causas perdidas”.

Andrea, por sua vez, sublinha a ideia de “modelo de vida” que se procura transmitir na Basílica de Pádua, onde está exposta a veste do franciscano português, “muito pobre”.

“Santo António encarnou mesmo a ideia de pobreza evangélica e franciscanos, pregava contra a usura, por exemplo, só que estas coisas perdem-se um pouco na devoção popular”, prossegue.

Nascido no final do século XII, Fernando, que viria a assumir o nome de António, foi recebido entre os Cónegos Regulares de S. Agostinho em Lisboa e Coimbra, mas pouco depois da sua ordenação sacerdotal ingressou na Ordem dos Frades Menores, com a intenção de se dedicar à propagação da fé entre os povos da África.

 

O santo português, que morreu em Pádua, Itália, no ano de 1231, foi o primeiro professor de teologia na ordem fundada por São Francisco de Assis, tendo ficado famoso pelos seus sermões.

Andrea Rigato gostaria que os católicos se possam aproximar mais desta figura tão importante, com menor atenção a aspetos que podem ser apenas “folclore” e “menos espirituais”.

“Às tantas, a devoção torna-se muito superficial, só um pedido, e não uma motivação para uma transformação interior”, complementa a sua mulher.

Para Joana Rigato, é possível constatar que o conhecimento da vida e obra de Santo António está “mais presente” na cidade onde morreu o franciscano português, onde muitas pessoas têm o nome de António.

Andrea sublinha a importância desta “mensagem original” de um santo que é doutor da Igreja, mas admite que a aproximação das massas “tem vantagens que também são importantes”.

 

 

Santo António, o soldado da fé «oficial do exército português»

Manuel Ribeiro de Faria, coronel aposentado, explica que Santo António, um soldado da fé, foi também “oficial do exército português” onde era uma figura “motivadora” para os portugueses que combatiam na guerra com ele. “A figura de Santo António forçosamente foi aquela que dava ao soldado a coragem e a confiança na vitória: «Santo António está connosco, vai à nossa frente»”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.

O coronel na situação de reforma explicou que o santo português foi, “efetivamente, incorporado” e teve um percurso militar porque “acompanhou os soldados nas operações militares”.

Manuel Ribeiro de Faria contextualiza que Santo António morreu no século XIII e “foi incorporado no século XVII”, da sua carreira militar os relatos colocam-no como “fuzileiro em Moçambique”, a servir nas forças de Macau e como alferes no Regimento de Peniche.

“A figura de Santo António está por todo o lado e é importante para o soldado porque dá confiança e motiva para uma determinada ação. 

 

Nos conflitos em que esteve mais empenhado foram vitórias das nossas forças e há, com certeza, uma fé e uma confiança que fazia o soldado ultrapassar-se e atingir os seus objetivos”, desenvolveu à margem do colóquio internacional ‘A devoção a Santo António em Portugal e no Brasil’.

O coronel na situação de reforma revelou que quando pergunta a alguém se sabe que “Santo António é oficial do exército português” olham-no com “ar espantado”.

O santo franciscano foi incorporado “numa força militar” por D. Afonso VI, cognome ‘o Vitorioso’, rei de Portugal de 1656 a 1683, enquanto D. Pedro II “fê-lo alistar no exército”, e também esteve “fisicamente na Batalha do Buçaco” tendo seguido com o regimento do Buçaco até França e “durante cinco anos participou em todas as batalhas”.

Manuel Ribeiro de Faria observa que Santo António “não deu” nenhum tiro mas a sua presença permitiu que “as pessoas que usassem as armas, se empenhassem no combate, tivessem a fé que os levou a ganhar e a ter o bom desempenho”. 

 

 

  

“Santo António é uma figura que através da sua santidade leva muitas vezes as pessoas a excederem-se nas suas capacidades”, afirmou o militar aposentado do primeiro Doutor da Ordem Franciscana.

Já Paulo Mendes Pinto, professor da Universidade Lusófona, salientou que a figura de Santo António é “muito eclética” visto que vai do “lado

 

 

militar até ao santo casamenteiro”, em declarações à Agência ECCLESIA.

“É uma referência da cidade de Lisboa, entra diariamente na vida das pessoas”, acrescentou, na conferência ‘Santo António, uma ferramenta para um laboratório de identidade’, no referido colóquio internacional integrado nas festas de junho da autarquia de Lisboa.

 

A paixão de um antropólogo francês

O antropólogo Cyril Isnart esteve no recente congresso sobre Santo António para falar das “presenças do 

 

Santo: turistas e devotos na Igreja-casa de Santo António em Lisboa”. Um estudo do especialista francês que se apaixonou por este santuário e pelo santo.

“Visitei este lugar há seis anos e fiquei espantado com a diversidade de pessoas que passavam por aqui. Fui fazer uma investigação antropológica, ficar com as pessoas, falar um pouco das suas motivações, ver como o espaço se organiza, e acabou por levar a esta pesquisa sobre o culto de Santo António em Lisboa”, explica à Agência ECCLESIA.

As visitas ao “Santuário de Santo António”, junto à Sé, onde nasceu no final do século XII, devem-se, sobretudo, à “grande devoção” que as pessoas têm pelo santo, sublinhou este antropólogo francês.

“Os motivos são diversos: desde os culturais, pessoas que vêm visitar uma igreja que é monumento nacional, mas também há motivos de peregrinação, essencialmente religiosos”, explica.

Cyril Isnart assinala que há uma devoção especial a Santo António por parte dos portugueses, “claramente”, dos brasileiros e dos italianos também, “que vêm de propósito ao santuário para visitar o santo”.

 

  

 

“A contagem pode-nos explicar que há mais ou menos 10 mil pessoas a visitar a igreja na altura da festa, na Trezena”, acrescenta.

O franciscano português é um santo com muitas facetas e que atrai as pessoas por diversos motivos.

“Cada um de nós tem um 

 

relacionamento diferente com o Santo, consoante a sua vida, o percurso espiritual, o percurso científico - porque há historiadores, antropólogos a trabalhar sobre esta figura. Por isso, os motivos são tão diversos como somos nós próprios”, conclui Cyril Isnart.

Brasil

“Santo António entra na vida do povo, por exemplo, como amansador dos animais. Eu morava numa zona rural e ele é considerado aquele que protege o povo.

Ele também defende dos inimigos, é o santo popular, identificado pelo povo, que carrega um Santo António pequenino, alguns costuram até na pele, porque a quem carrega o Santo António, bala não fura.

O Brasil tem vários santuários que as pessoas procuram, deixas ex-votos, são exemplos desta devoção. Encontramos ex-votos da saúde, vestidos de noiva, fardas militares, declarações de quem invoca Santo António após acidentes… É um povo muito próximo do povo, do pobre”

 

Francisco van der Poel, religioso franciscano 

 

 

 

Cultura, Turismo e património

Lisboa está na moda, a cidade das colinas foi tomada por uma vaga de turismo sem precedentes. A insegurança que se faz sentir nalguns destinos tradicionais é só parte da justificação, a verdade é que a capital portuguesa se projetou no panorama internacional com o que tem de melhor: as gentes, a cultura e o património. Nele também se integra a herança de Santo António, um santo que para Alessandro, turista italiano, era ‘só ‘da Itália.

“É o santo mais importante na Itália depois de São Francisco, tem muitas festas em Pádua que é uma cidade perto do local onde habito, é também um dos nomes mais populares na Itália e há muita gente envolvida nesta devoção”, refere, antes de confessar que não sabia que o famoso santo tinha nascido em Portugal.

“Não conhecia a sua história, pensava que era uma criança como as outras em Itália não sabia que tinha nascido cá, é muito interessante”, acrescenta.

Pedro Ferreira, colaborador da Igreja de Santo António, em Lisboa, ajuda na distribuição do pão de Santo António, uma tradição que leva muita pessoas à procura do pequeno pão que se 

 

 

conserva durante mais tempo do que o habitual.

“É verdade, pelo menos eu tenho um com 25 anos”, refere à Agência ECCLESIA.

A tradição popular consagrou o costume de guardar o pãozinho de um ano para o outro, “para que não falte o pão e a razão”.

Pedro Ferreira mostra-se impressionado com a quantidade de peregrinos que vê passar “nesta devoção gigantesca”, defendendo que Santo António “leva ao mundo uma palavra profunda de amor e de paz, uma palavra profunda de Deus”.

São centenas de pessoas que vêm a Lisboa pelo simples gesto de beijar a maior relíquia que está fora de Pádua.

 

 

 

Pão de Santo António

O Pão de Santo António, vendido na igreja lisboeta com o mesmo nome, chega todos os anos aos emigrantes portugueses e contribui para ajudar jovens em risco. Os principais compradores das dezenas de milhares de pães, 40 mil em alguns anos, são pessoas provenientes da capital e arredores que depois consomem, guardam ou enviam para os emigrantes portugueses.

As receitas revertem para a Obra da Imaculada Conceição e Santo António, instituição presidida pelo religioso franciscano que se dedica à proteção de rapazes e raparigas em situação de risco.

A tradição do Pão de Santo António mantém a solidariedade de Fernando Martins de Bulhões, nascido em Lisboa no final do século XII e falecido em Pádua, atual Itália, no ano de 1231.

Santo António pegou um dia em todo o pão existente na despensa da comunidade religiosa e deu-o a um grupo de pedintes. Quando o cozinheiro se preparava para pôr a mesa reparou que o pão havia desaparecido, pelo que comunicou ao irmão António o que julgava ter sido um roubo, mas o santo pediu-lhe para ver melhor.

De regresso à despensa o cozinheiro verificou que os mantimentos estavam no seu lugar, e é neste acontecimento que se baseia a história que chega aos nossos dias.

 

 

 

 

 

 

Festas de Santo António com Missa e procissão

A igreja-santuário de Santo António à Sé, em Lisboa, vai celebrar a Festa de Santo António, a 13 de junho, com a Missa, ao final da manhã, e a procissão, durante a tarde.

A Eucaristia das celebrações em honra de Santo António, às 12h00, vai ser presidida pelo Bispo Auxiliar de Lisboa D. Nuno Brás, em representação do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. Pelas 17h00, tem início a procissão, pelas ruas de Alfama, com as imagens de Santo António, São João Baptista, São Miguel, Santo Estêvão, São Vicente e São Tiago, que termina em frente à Sé de Lisboa, com uma mensagem de D. Nuno Brás.

Na preparação para a festa, entre os dias 1 e 12 de junho, há uma trezena preparatória, na Missas das 11h00 e das 17h00, com o pregador frei Bruno Peixoto, ofm. Entre 1 e 11 de junho, às 18h00, 19h00 ou 20h00, há diariamente concertos na igreja.

Entretanto, a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, em parceria com o Museu de Lisboa - Santo António, promove a 3ª edição da Exposição dos Tronos de 

 

Santo António, que visa, segundo um comunicado, “estimular a participação de todos no espaço público da cidade de Lisboa através da decoração de Tronos de Santo António, recuperando assim esta tradição tão enraizada na cultura lisboeta”.

O santo, com fama de casamenteiro, começou a ter casamentos com o seu nome no ano de 1958. As Noivas de Santo António, como inicialmente ficaram conhecidas, mantiveram-se na cidade de Lisboa até 1974, altura em que a tradição foi interrompida… Em 2004 a autarquia quis recuperar esta tradição que se mantem até hoje.

De Lisboa para o mundo

Fernando Martins de Bulhões. Lisboa, a cidade que o viu nascer em 15 de agosto de 1195, celebra-o como António, o nome que assumiu como religioso, e faz dele o santo popular por excelência. Antigo membro dos cónegos Regulares de Santo Agostinho em Lisboa e Coimbra, foi na Ordem dos Frades Menores, como franciscano, que alcançou a fama de santidade que é hoje reconhecida por todo o mundo. É mesmo visto como 

 

 

 

o santo mais popular no seio da Igreja Católica.

Santo António tem projeção universal, com igrejas e capelas a si dedicadas, imagens em templos e casas particulares, azulejos e pinturas, cânticos, festas e peregrinações que unem pessoas de todas as idades e todas as classes sociais.

O santo português, foi o primeiro professor de Teologia na ordem fundada por São Francisco de Assis, tendo ficado famoso pelos seus sermões. O Papa Gregório IX canonizou-o apenas um ano depois da morte, em 1232, também após os milagres que se verificaram por sua intercessão. Pio XII, em 1946, proclamou Santo António como “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de "Doutor evangélico".

Conta-se nas «Florinhas de Santo António» que no mesmo dia em que o Papa Gregório IX canonizava Santo 

 

António em Itália, em Lisboa os sinos de toda a cidade repicaram, sem que ninguém os estivesse a tocar. Vários são os factos miraculosos que se atribuem ao religioso, a cuja intercessão muitos continuam a recorrer.

Santo António de Lisboa, frade, teólogo, milagreiro, missionário, simboliza o espírito de abertura e de compreensão que está presente na nossa cultura, bem como o humanismo nascido da fé cristã, centrado na dignidade e valor do ser humano.

O fascínio exercido por António durante a sua vida, como pregador itinerante, sábio e santo ultrapassou fronteiras após a sua morte e canonização, continuando hoje a inspirar milhões de pessoas, que com ele rezam e celebram. Um santo popular, que o povo sente sempre junto de si.

 

 

Nos passos de Santo António

13 Junho, 12h00

Documentário RTP, 55 min, Gonçalo Cadilhe

A RTP exibe no dia de Santo António o documentário que resulta da adaptação do livro homónimo de Gonçalo Cadilhe, publicado em finais de 2016, “Nos Passos de Santo António”; a viagem segue o percurso do Santo e percorre vários países e regiões europeias, como a Andaluzia, Marrocos, Sicília, várias cidades e regiões de Itália e Languedóc, no sul de França.

 

 

Amnistia Internacional Online

http://www.amnistia-internacional.pt

 

A sugestão desta semana nunca é demais ser referenciada e acima de tudo, nunca é em excesso alguma publicidade que se possa fazer. Porque não realizar uma visita atenta e cuidada ao espaço virtual da Amnistia Internacional Portuguesa?

A Amnistia Internacional (AI) “é um movimento mundial de pessoas que fazem campanha pelo reconhecimento e respeito dos direitos humanos internacionalmente reconhecidos para todos”. Mas sabia que esta organização, mundialmente conhecida, surgiu há mais de 50 anos por causa de dois estudantes portugueses? “Em 1961, um advogado Inglês, Peter Benenson lançou uma campanha mundial (“Apelo para Amnistia 1961”) com a publicação de um artigo proeminente “Os Prisioneiros Esquecidos” no Jornal “The Observer”. A notícia da detenção de dois estudantes portugueses que elevaram os seus copos para brindar em público à liberdade, levou Benenson a escrever este artigo. O seu apelo foi publicado em muitos outros jornais pelo mundo fora 

 

 

tornando-se assim na génese da Amnistia Internacional”.

Na página inicial encontramos um conjunto de elementos em destaque, todos eles apelando para o nosso espírito de indignação e revolta contra os constantes atentados à dignidade humana que ocorrem diariamente. No item “quem somos”, podemos saber mais sobre a história e a missão da AI, bem como, as pessoas que a constituem quer a nível internacional, quer a nível nacional. Caso pretenda saber como é que atua esta organização, quais as campanhas em andamento, os países que estão em destaque pela negativa, as queixas mais habituais e ainda solicitar uma sessão sobre os direitos humanos, basta clicar em “o que fazemos”. Na opção “notícias”, conforme o nome 

 

 

  

 

indica, temos ao nosso dispor as mais recentes novidades relacionadas com a temática da defesa da pessoa, algumas histórias de sucesso e ainda um conjunto de conteúdos da ação regional desta organização internacional. Depois de pesquisar e estudar devidamente este espaço virtual, se sentir que não pode ficar parado à espera que os outros façam por si, aquilo que todos deveríamos 

 

fazer, basta aceder ao item “o que pode fazer”.

Pois bem, numa altura em que o mundo parece um autêntico barril de pólvora, todos temos um papel relevante neste processo, não fique indiferente, ajude este movimento a agir.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Google Fotos

A evolução da tecnologia é diária. O ritmo é tão rápido que nos sentimos ultrapassados, com a impressão que não conseguimos acompanhar esta evolução.

Em artigos anteriores foram apresentadas várias ferramentas da Google: a empresa que democratizou o mail, a cloud, o trabalho em rede, o vídeo, o gps.

Hoje quero apresentar mais um dos serviços da Google: o Google Fotos. O Google Fotos é um serviço simples e funcional que nos permite armazenar, editar e partilhar as nossas imagens. Sendo um serviço Cloud Computing da Google, sincroniza as fotos entre os smartphones, tabelas e pc’s.

 

 

7 funcionalidades para uma boa utilização desta aplicação

 

1. Apresentação das fotografias em modo slideshow

Qualquer que seja o dispositivo usado permite esta funcionalidade de apresentação em modo slideshow: de álbuns ou todas as imagens.É possível escolher a música a usar.

 

2. Procurar

É possível procurar por um rosto nas fotos: a aplicação identifica e mostra todas as imagens em que um determinado rosto surge.

 

3. Modo pinça.

O uso dos dois dedos para ampliar ou reduzir as imagens: permite fazer o zoom na fotografia. Quer amplie quer reduza a imagem volta sempre à posição inicial.

 

4. Backup

A generalidade das aplicações que usamos, como por exemplo o WhatsApp, permitem, se assim 

 

 

  

 

o desejarmos, que se faça o backup das imagens no Google Fotos. Basta dar essa permissão nas configurar nos aplicativos.

 

5. Seleção múltipla de imagens.

 

Esta funcionalidade agiliza o processo de mover para álbuns, selecionar várias fotografias para enviar por mail ou para apagar.

 

6. Editar imagens

Basta selecionar uma imagem e de seguida pressionar o botão editar. Podem ser feita a edição de forma manual ou através dos vários filtros, tal como acontece no Instagram.

 

7. Álbuns Partilhados

Os álbuns podem também ser partilhados, colaborativos: quer isto dizer que, podem ser partilhados com várias pessoas, assim como várias pessoas podem enviar para o mesmo álbum fotografias. Para tal, basta criar o álbum, selecionar as imagens que queremos adicionar, dar um nome ao álbum, e seguir as opções de partilha do álbum.

 

 

Estamos em tempo de santos populares: época de arraiais paroquiais. Aqui fica uma sugestão para partilhar as fotografias.

 

Google Fotos iOS | Google Fotos Android

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

300 anos de história do Patriarcado

O Patriarcado de Lisboa, por ocasião da comemoração dos seus 300 anos de criação, publicou em livro as ‘Cartas Pastorais dos Patriarcas de Lisboa’ e uma compilação de ‘Subsídios para a História da Igreja em Portugal’.

Na sessão de apresentação destes dois livros, esta quarta-feira na igreja de São Vicente de Fora, o cardeal-patriarca de Lisboa classificou este trabalho como “muito importante”, porque se tratam de “duas obras fundamentais para compreender a história da diocese e não só, a história religiosa do país”.

De acordo com D. Manuel Clemente, agora investigadores e público em geral podem olhar para os últimos três séculos na região lisboeta através da “pena ou da escrita dos patriarcas”, e perceber qual foi a reação teórica, a indicação prática, ou a própria originalidade e criatividade da igreja de Lisboa”, face aos desafios vividos.

Abre-se também, através destes dois projetos, uma janela essencial para compreender e perspetivar a relação da Igreja Católica face a outros atores sociais, a começar pelo Estado.

“Até ao século XIX podemos dizer que a temática Igreja – Estado ou

 

 Igreja – Mundo não se punha como se põe hoje. E é muito interessante verificar como, pouco a pouco, responsáveis da Igreja se vão consciencializando disso mesmo e tentando perceber qual é então o papel da Igreja enquanto fermento na massa, como sal na terra”, salientou D. Manuel Clemente.

O livro ‘Cartas Pastorais dos Patriarcas de Lisboa’, dividido em dois volumes, agrupa 241 textos cronologicamente ordenados entre o período que vai entre o primeiro patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida (1670 – 1754) e o penúltimo, D. José Policarpo (1936 – 2014).

Um total de 1700 páginas agora apresentadas ao público através da editora Nova Terra.

Quanto aos ‘Subsídios para a História da Igreja em Portugal’, este livro resulta de uma investigação realizada por Maria Odete Sequeira Martins, mestre e doutorada em História Medieval, que se baseou num vasto acervo documental da Igreja Católica guardado na Torre do Tombo.

Entre os documentos recolhidos, referiu a autora, encontram-se cartas “de orientação relativamente à fé”, “registos da Real Mesa Censória 

 

 

 

 

proibindo determinados textos e autores como nefastos à fé católica”, “bulas papais” e “informações do Vaticano”.

Também “notas conciliares e pastorais, até solicitando obediência às autoridades públicas, contribuindo para a ordem a paz social”.

Maria Odete Sequeira Martins destaca ainda escritos que permitem estudar acontecimentos marcantes da vida das comunidades de Lisboa e das outras dioceses portuguesas, desde 

 

“epidemias, inundações e sismos” como o de 1755.

“Conseguimos compilar 2278 registos que implicam toda a história de Portugal, e com temas muito diversos. E até nas visitações (dos patriarcas) podemos antever a vida das populações, na sua dupla condição, social e religiosa, até moral”, completou.

Estes ‘Subsídios para a História da Igreja em Portugal’ têm a chancela da Editora Aletheia.

 

II Concílio do Vaticano: Retoque do cardeal Cerejeira foi derrotado pelos bispos

 

No II Concílio do Vaticano (1962-65), um dos temas debatidos com mais vivo interesse foi a colegialidade episcopal. A partir da eleição de D. Manuel Gonçalves Cerejeira como patriarca de Lisboa os bispos passaram a reunir-se “mais assiduamente para fazer o seu retiro anual e, naturalmente, para tratar de assuntos que diziam respeito à Igreja em Portugal”, lê-se na obra «Memórias de um bispo» de D. Manuel de Almeida Trindade.

O Hotel Lusitano no Luso (Diocese de Coimbra) pertencente à família Delgado ficou a ser conhecido dos bispos desse tempo. Não se podia falar de uma conferência episcopal no sentido rigoroso do termo porque a sua origem jurídica data da aprovação do decreto «Christus Dominus» sobre o múnus pastoral dos bispos. O texto conciliar não impõe a criação das conferências episcopais mas propõe as reuniões entre os bispos da mesma nação,

D. Manuel de Almeida Trindade refere que em maio de 1967 foram discutidos os estatutos da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Nos seus apontamentos, o antigo bispo de Aveiro realça que tinha ficado assente que o presidente da CEP seria de futuro eleito; todavia enquanto D. Manuel Gonçalves Cerejeira continuasse a exercer as funções de cardeal patriarca, seria ele o presidente da CEP.

Entretanto, no projeto de estatutos enviado a Roma para aprovação, o artigo 7 “tinha sido retocado – creio que por iniciativa de Gonçalves Cerejeira -, recebendo a 

 

 

seguinte redação: «Pela dignidade cardinalícia que por venerável tradição lhe cabe e pelas vantagens para o exercício do cargo que lhe advêm da sua residência na capital do país, o presidente nato da assembleia será o cardeal patriarca de Lisboa”, lê-se na obra.

Nessa mesma plenária de maio, Goncalves Cerejeira disse que se sentia à vontade para “defender a nova redação que se havia introduzido no texto e insistiu nas vantagens dessa nova redação”. O assunto foi posto à votação. “Pronunciaram-se a favor, 

 

 

9 bispos; 10 votam contra”. Vingou o princípio de que, após a cessação de funções de Gonçalves Cerejeira como bispo de Lisboa, o presidente da CEP seria eleito. E dessa forma, naquela reunião de maio de 1967, o conselho permanente ficou assim constituído: presidente, Manuel Gonçalves Cerejeira; o vice-presidente era o arcebispo de Braga, Francisco Maria da Silva e secretário o bispo auxiliar de Lisboa, Manuel Franco Falcão. O cardeal Cerejeira resignou, a 15 de maio de 1971, do Patriarcado de Lisboa.

 

Junho 2017

Dia 09 de junho

*Leiria - Aula Magna do Seminário Diocesano - Conferência sobre «Economia e Ética» por Bagão Félix promovida pela Cáritas Jovem de Leiria

 

*Fátima - Peregrinação Nacional das Crianças com o tema «Senhora do Rosário, mais brilhante que o sol». (09 e 10)

 

Dia 10 junho

*Bragança - Santuário dos Cerejais - O encontro da catequese da Diocese de Bragança-Miranda realiza-se no Santuário dos Cerejais (Alfândega da Fé) no dia 10 de junho e tem com tema «Caminhando com maria…na alegria».

 

*Lamego - Centro Paroquial de Almacave - Encontro de formação para animadores juvenis da Diocese de Lamego

 

 

 

*Funchal - Palácio de São Lourenço - O sacerdote salesiano, padre João Vieira, é agraciado com o grau de comendador da Ordem da Instrução Pública, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, no Funchal.

 

*Fátima - Lançamento do livro infantil «Fátima no coração» João Manuel Ribeiro.

 

Dia 11 de junho

*Porto - Pavilhão de Matosinhos - Dia diocesano da família

 

*Coimbra - Dia da Igreja Diocesana de Coimbra.

 

Dia 12 de junho

*Angola - Congresso Eucarístico Nacional de Angola que tem como delegado pontifício, D. Manuel Clemente (12 a 18)

 

 
 

 

 

 

Dia 13 de junho

*Coimbra - Conferência de imprensa para apresentar as visitas guiadas ao Seminário de Coimbra

 

*Madeira - Funchal (Escola Teológica) - Conferência sobre «Quem é a Igreja?» pelo padre Marco Gomes

 

*Fátima - Exposição temporária «Mater Dei» no âmbito do centenário das aparições e dos 300 anos do Patriarcado de Lisboa. (13 a 13 de setembro)

 

 

 

 

 

   

Hoje (09 de junho) - Leiria - A Cáritas Jovem da Diocese de Leiria-Fátima convidou o economista e político António Bagão Félix para uma conferência sobre ‘Economia e Ética’. A intervenção do antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz começa às 21h00 na aula magna do seminário diocesano.

 

11 de junho – Porto e Coimbra - A Pastoral Familiar da Diocese do Porto promove o Dia Diocesano da Família, a partir das 14h00 no Pavilhão de Matosinhos; Em Coimbra vão celebrar por arciprestado o Dia da Igreja Diocesana.

 

13 de junho – Santuário de Fátima - O Santuário de Fátima inaugura a exposição temporária «Mater Dei» pelas 17h00 de 13 de junho, no nártex da Basílica da Santíssima Trindade. Pode ser visitada até 13 de setembro.

 

15 de junho - Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo - Foi alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula "Transiturus", em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios. Terá chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII.

Esta exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60° dia após a Páscoa e forçosamente a uma quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.

 

Lisboa

- 87.ª Feira do Livro, com presença de editoras católicas, até 18 de junho;

- Exposição fotográfica ‘Síria, revista e aumentada’, na Paróquia de São Tomás de Aquino (Laranjeira) até 31 de julho.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 11 junho, 13h30 - Santo António: Pop, popular e da arte

 

Segunda-feira, dia 12, 15h00 

Entrevista sobre Santo António.

 

Terça-feira, dia 13, 15h00 Informação e entrevista aa frei Francisco Sales, reitor da Igreja de Santo António, em Lisboa.

 

Quarta-feira, dia 14, 15h00 - Informação e entrevista a Manuela Silva e Isabel Vale sobre a peregrinação de pessoas com deficiência ao Santuário de Fátima.

 

Quinta-feira, dia 15 junho, 15h00 - Informação e comentário à atualidade

 

Sexta-feira, dia 16, 15h00  -  Entrevista de análise à liturgia de domingo com o padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, 11 de junho - Santo António.
 
Segunda a Sexta-feira, 12 a 16 junho - Autoress na Feira do Livro de Lisboa

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – Solenidade da Santíssima Trindade 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Transformados no amor da Trindade
 
 

A Solenidade que hoje celebramos é um convite a contemplar Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

Na primeira leitura, o Deus da comunhão e da aliança, apostado em estabelecer laços familiares com o homem, apresenta-Se como clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia.

Na segunda leitura, Paulo expressa a realidade de um Deus que é comunhão, que é família e que pretende atrair os homens para essa dinâmica de amor, através da fórmula litúrgica com que iniciamos a Eucaristia: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.

No Evangelho, João convida-nos a contemplar um Deus cujo amor pelos homens é tão grande, a ponto de enviar ao mundo o seu Filho único; e Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a fim de oferecer aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor, que vai até ao dom da vida do Filho único e amado, plasma-se a grandeza do coração de Deus.

A celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar essa estranha charada de “um em três”. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é, também, negar a fé. A natureza divina de um Deus, que é amor, família, comunidade, expressa-se

 

 

 

na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue dizer o indizível, não consegue definir o mistério de Deus. Resta-nos contemplar e adorar a Trindade.

Essa adoração leva-nos a servir, a ter atitudes concretas da presença do amor de Deus em nós. Como nos diz a segunda leitura de Paulo, que importa reler: «Sede alegres, trabalhai pela vossa perfeição, animai-vos uns aos outros, tende os mesmos   

 

sentimentos, vivei em paz. E o Deus  do amor e da paz estará convosco. 

Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco».

Na início da missa respondemos: «Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo». No final, poderíamos dizer: Bendito seja Deus que nos envia em missão no amor de Cristo». Que assim seja nesta semana, transformados pelo amor da Trindade!

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Acolhimento e o testemunho de fé na Cova da Iria

 

O Papa enviou uma mensagem a D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, para agradecer pelo “acolhimento fraterno” e a “hospitalidade fidalga” de que foi alvo na sua peregrinação à Cova da Iria, a 12 e 13 de maio. Francisco recorda os momentos em que foi “envolvido pelo carinho e entusiasmo da fé daquela multidão incontável de peregrinos”, na 

 

 

celebração da primeira peregrinação internacional do centenário das aparições.

“Fátima oferece a todos um Coração grande de Mãe e convida o coração de cada um – filho ou filha que seja – a parecer-se um pouco mais com o dela. Corações assim parecidos encontramo-los no Céu – por exemplo, em São Francisco Marto e Santa 

 

 

 

 

 

Jacinta Marto”, refere.

O Papa saúda o “efusivo testemunho de alegria e amor a Nossa Senhora de Fátima” de D. António Marto e o trabalho de todos os seus colaboradores, “em toda a parte, desde a mesa ao altar”. “Ao mesmo tempo que encorajo essa amada diocese a prosseguir no anúncio e serviço dos desígnios de misericórdia que a Santíssima Trindade nutre pela 

 

 

humanidade inteira, invoco, pela intercessão da Virgem Maria e dos Santos Pastorinhos, a abundância dos dons e consolações do Céu”, escreve Francisco.

O Papa deixa uma palavra de “profunda gratidão” aos responsáveis pelo acolhimento no santuário, em particular ao reitor da instituição, padre Carlos Cabecinhas.

 

O Santuário de Fátima vai lançar o livro infantil ‘Fátima no coração’, de João Manuel Ribeiro, pelas 17h00 de 10 de junho, no âmbito da Peregrinação nacional das Crianças. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Santuário de Fátima informa que a obra conta a história de três amigos – a Isabel, o João e a Ana – que vão passar uma semana de férias na companhia da avó Amélia, durante a qual acabam por “rezar e conhecer a mensagem de Fátima”.

A nova publicação do escritor João Manuel Ribeiro é uma iniciativa integrada no âmbito das celebrações do Centenário das Aparições de Nossa Senhora e vai ser apresentada este sábado, pelas 17h00, na Sala de Imprensa do Santuário.

O livro conta com as ilustrações da artista Bolota e o comunicado desenvolve que os três amigos protagonistas da história são “guiados em cada dia por uma pista bíblica” para “descobrir a importância e o significado” de vários locais de Fátima, como a Capelinha das Aparições, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário ou a nova Igreja da Santíssima Trindade.

 


 

Papa recorda emoção da visita a Portugal

 

O Papa Francisco recordou a emoção com que viveu a sua visita a Portugal, nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do centenário das Aparições de Fátima, numa mensagem enviada a D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa. “No Santuário de Nossa Senhora, comoveu-me a solidez da fé, a indómita esperança e a ardente caridade que anima o caminho 

 

 

humano e cristão daquele povo santo fiel de Deus, com destaque para o silêncio de um milhão de peregrinos unidos ao meu silêncio orante”, refere o texto, enviado à Agência ECCLESIA pelo Patriarcado de Lisboa.

A mensagem ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa evoca ainda “o mar de luz feito por um milhão de velas acesas na noite de 

 

 

 

 

vigília”, a “ovação elevada por dois milhões de mãos aos novos Santos Francisco e Jacinta” e o “acenar de lenços brancos à Branca Senhora por um milhão de corações felizes”.

“Mãe, nunca Vos esqueceremos”, escreve o Papa.

A mensagem recorda o encontro com um “povo ordeiro e entusiasta” nos percursos entre Monte Real até Fátima, sem medo de manifestar a sua fé, e deixa orações pela Igreja em Portugal, “para que continue a caminhar com perseverança e coragem, testemunhando a todos o amor misericordioso do Pai do Céu”.

Francisco manifesta o seu apreço pelo “cuidado pastoral e espiritual” com que as diversas dioceses se prepararam e estão a viver o 

 

centenário das Aparições de Fátima, nomeadamente com a visita da Virgem Peregrina a “tudo quanto era cidade e aldeia” das dioceses portuguesas, “donde agora vieram pessoas sem conta «ver» a Mãe do Céu”.

“E vós todos... rezai também por mim, que de coração vos abençoo”, conclui o texto.

 

 

 

“Os objetivos e os moldes de que se revestiu esta minha visita a Portugal só foram possíveis pela generosa colaboração aí encontrada. De coração lha agradeço, Senhor Comandante, como reconhecido estou pelo festivo acolhimento e fidalga cortesia com que a sua Unidade Militar, nomeadamente a Capelania, recebeu a mim e aos meus colaboradores”

Carta do Papa Francisco ao comandante coronel João Manuel Cardeiro Caldas, Base Aérea N.° 5 de Monte Real

 

 

 

 

Egipto: Comunidade cristã abalada por novo ataque

Sangue de mártires

O massacre ocorrido há cerca de duas semanas, na província de Minya, é apenas o mais recente ataque contra a comunidade cristã no Egipto. Desta vez foram 29 mortos. Em abril, outras 45 famílias ficaram enlutadas em dois atentados em Igrejas no Domingo de Ramos. O horror parece não ter limites. Há um mês, o Papa Francisco esteve no Cairo e pediu a Deus que “converta o coração dos terroristas”…

 

Sexta-feira, dia 26 de maio. Algumas dezenas de cristãos, entre os quais muitas mulheres e crianças, viajam em três pequenos autocarros na província de Minya, no sul do Egipto. Dirigem-se para o mosteiro de São Samuel, a cerca de 135 quilómetros a sul da capital, Cairo. É uma peregrinação. De súbito, surgem alguns veículos, tipo ‘pick-up’ com alguns homens uniformizados. Num instante, saem dos carros e começam aos tiros. É o caos absoluto. Há relatos de que alguns dos passageiros foram forçados a abandonar os autocarros. Obrigando-os a ficar de joelhos, no chão, pediram-lhes que renegassem a sua fé. Ninguém o fez. Foram executados ali mesmo. Os autocarros

 

 

 foram ainda varridos com rajadas de metralhadoras. Pelo menos 29 pessoas morrem neste ataque infame. Homens, mulheres e crianças. As imagens dos autocarros crivados de balas e com manchas de sangue e vidros partidos correm mundo nos noticiários dessa noite. Entre os que morreram, há um bebé com apenas dois anos. Tem sido terrível a vida dos cristãos no Egipto. Recuemos um pouco no tempo. Fevereiro de 2015. O mundo assistiu então, horrorizado, às imagens de um grupo de homens a serem degolados numa praia da Líbia. Estavam todos ajoelhados junto à água. Estavam todos vestidos de cor de laranja, com as mãos amarradas atrás das costas. Antes de serem degolados, alguns destes homens – eram todos cristãos egípcios e a maior parte oriundos da pequena e pobre aldeia de El-Aour – estavam a rezar. Um deles, no instante em que a faca começa a penetrar na pele do pescoço estava a dizer “Jesus”, na derradeira oração antes de entregar toda a sua vida a Deus. 

 

 

 


 

Puro terror

Este vídeo, que correu mundo – e que foi editado pelos jihadistas como uma peça de propaganda – é apenas um exemplo da trágica experiência da perseguição aos cristãos no Egipto nos tempos recentes. Nos últimos meses, perderam a vida quase sete dezenas de cristãos só em atentados em igrejas. Os casos mais recentes ocorreram em abril, no Domingo de Ramos, em dois atentados em igrejas, que mataram 45 cristãos. O anterior ataque foi em dezembro, quando uma explosão perto da catedral de São Marcos, provocou pelo menos 25 mortos. Há pouco mais de um mês, o Papa Francisco fez uma visita de dois dias ao Cairo, a capital do Egipto.

 

 

Uma visita em que deixou mensagens de repúdio a toda esta violência, ao terrorismo e ao ódio fundamentalista que colocou os cristãos na mira das armas. Numa das memoráveis frases proferidas durante esta viagem, Francisco disse que “o único extremismo permitido é o da caridade”. Os coptas, como são conhecidos os cristãos do Egipto, representam apenas cerca de 10 por cento da população do país. Eles são atacados nas igrejas, nas suas casas, nos autocarros. Estão indefesos. Estão à mercê dos terroristas, dos extremistas islâmicos. Perante tanta violência, que mais podem os cristãos fazer do que rezar?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

Puro terror

Este vídeo, que correu mundo – e que foi editado pelos jihadistas como uma peça de propaganda – é apenas um exemplo da trágica experiência da perseguição aos cristãos no Egipto nos tempos recentes. Nos últimos meses, perderam a vida quase sete dezenas de cristãos só em atentados em igrejas. Os casos mais recentes ocorreram em abril, no Domingo de Ramos, em dois atentados em igrejas, que mataram 45 cristãos. O anterior ataque foi em dezembro, quando uma explosão perto da catedral de São Marcos, provocou pelo menos 25 mortos. Há pouco mais de um mês, o Papa Francisco fez uma visita de dois dias ao Cairo, a capital do Egipto. Uma visita em que deixou mensagens de repúdio a toda esta violência, ao terrorismo e ao ódio fundamentalista que colocou os cristãos na mira das armas. Numa das memoráveis frases proferidas durante esta viagem, Francisco disse que “o único extremismo permitido é o da caridade”. Os coptas, como são conhecidos os cristãos do Egipto, representam apenas cerca de 10 por cento da população do país. Eles são atacados nas igrejas, nas suas casas, nos autocarros. Estão indefesos. Estão à mercê dos terroristas, dos extremistas islâmicos. Perante tanta violência, que mais podem os cristãos fazer do que rezar?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

Feliz, mas não ingénuo!

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Portugal vive tempos de alguma euforia, a que convém pôr travões. É bom que as coisas corram bem, mas há que assentar os pés na terra e preparar-se para tempos em que o vento não corra tão de feição.

A vitória no Europeu de Futebol, em Paris, veio subir os níveis da nossa auto-estima, muitas vezes a passear-se pelas ruas da amargura! Foi inesperada, mas merecida, porque limpinha. Há, contudo, que não embandeirar em arco porque ganhamos, como podíamos ter perdido. Fizemos a festa óbvia, cantamos o hino com mais devoção, mas a vida teve de continuar com alegrias e tristezas, como até ali.

Depois, a política também correu bastante bem. As eleições apontaram para impasse, as esquerdas uniram-se como por milagre (ninguém acreditava que pudesse dar certo) e a verdade é que os indicadores apontam para mais, o deficit diminuiu e o mundo das economias e políticas passaram a olhar para nós com mais respeito! Correu bem, pode melhorar, mas também pode piorar a qualquer momento! Festejemos, mas de olhos bem abertos às surpresas que o futuro pode trazer.

E agora, o Instituto para a Economia e Paz publicou no seu Índice Global de Paz no mundo, atribuindo a Portugal o 3º lugar, logo a seguir à Islândia e à Nova Zelândia. Quer dizer que somos, segundo este organismo, o terceiro país mais pacífico do mundo. Ficamos todos inchados de orgulho com estes

 

 

 

 

 

 

 

 

 dados. Mas, basta que alguém ache exagerada a nossa festa e a nossa paz para que o caldo se entorne, inventando um atentadozito algures em qualquer festival de verão (não estou a dar ideias!). Isto para dizer que da paz à insegurança total vai um pequeno passo, ou um gesto diabólico de algum maluquinho ou grupelho terrorista.

Estou feliz como português perante o que está a acontecer e tenho celebrado festivamente todos estes feitos. Mas não perco o realismo

 

 e sei, como todos sabemos, que os grandes objetivos se alcançam com a humildade dos pequenos compromissos. Mas também se deitam abaixo com muito pouco! Mas não sejamos egoístas e não olhemos só para nós. Lutemos para que, em todos os países do mundo, vença a justiça, a paz e a fraternidade. Aí teremos o mundo que Deus quer e nós sonhamos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair