04 - Editorial

       Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião.

        LOC/MTC

22- Opinião.

        José Luis Gonçalves

       Lígia Silveira

         Igreja e Deficiência


 

 

30 - Entrevista

        Maria Isabel do Vale

54 - Multimédia

56 - Estante

58- Agenda

60- Por estes dias

62 - Programação Religiosa

63 - Minuto Positivo

64 - Liturgia

66 - Fátima 2017

70 - Fundação AIS

72 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
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Opinião

 

 

 

I Dia Mundial dos Pobres

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Festa da Família no Porto

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Igreja e Pessoa com Deficiência

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LOC/MTC| José Luis Gonçalves | Octávio Carmo | Manuel Barbosa | Paulo Aido Tony Neves | Fernando Cassola Marques

 

Portas abertas

  Octávio Carmo    

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

A Igreja Católica é chamada a estar na linha da frente quando se trata de defender os mais desprotegidos da sociedade, o que tem procurado cumprir, apesar das limitações humanas que muitas vezes a impedem de levar por diante esse propósito.

A situação das pessoas com deficiência é particularmente relevante. As comunidades católicas têm a responsabilidade de ser um exemplo para a sociedade, que tantas vezes ignora e maltrata a diferença. O trabalho que tem vindo a ser levado a cabo em Portugal, ainda que em fase embrionária, tem como pano de fundo uma dimensão fundamental, com que todos podemos aprender e que o Papa Francisco veio repetir em Fátima: as pessoas com deficiência não são apenas destinatários desta ação pastoral, são chamados a ser protagonistas, com as suas limitações e os seus talentos.

“Olhar de lado” é apenas um dos sintomas mais imediatamente identificáveis e de que muitos de nós temos de nos penitenciar. O caminho a percorrer é imenso, desde as acessibilidades à criação de materiais próprias de catequese e liturgia. Ir até aos confins da terra, em Missão, é mesmo levar a Palavra de Deus a todos, sem fechar as portas a quem está mais perto mas precisa de respostas específicas.

Há uma temática de fundo profundamente associada a este campo: a defesa da vida. O 

 

 

 

reconhecimento da dignidade de cada ser humano, concreto, e não da humanidade em abstrato (como se alguns fossem descartáveis sem que isso afete a sociedade no seu todo), exige a atenção constante de todos os que professam esta fé. Não há vidas mais ou menos dignas de serem vividas, todas têm algo a ensinar 

 

e todas têm de ser valorizadas. Não toleradas ou protegidas como uma “espécie em risco”, mas verdadeiramente integradas, com as condições necessárias para que possam exprimir o seu potencial. Não basta ter as portas abertas, é preciso que todos possam entrar e tenham espaço para ficar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   
“Marcelo R. Sousa – Presidente de um povo é ser povo”

Legenda do pintor mestre António Bessa no quadro do presidente da República @Lusa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Daqui a pouco, o Senhor da nossa vida abençoará com a sua Presença, caminhando connosco, no meio de nós, as pessoas, famílias, instituições e forças vivas desta bela cidade de Vila do Conde. O pálio (pallium) de Deus atravessará a nossa cidade. O pálio de Deus é o manto de Deus, os braços carinhosos com que nos abraça e nos envolve, e nos pede para fazermos outro tanto, enchendo de graça e de esperança todos os nossos irmãos.

(D. Nuno Almeida, Bispo Auxiliar de Braga, na Homilia da Solenidade de Corpo de Deus, em Vila do Conde).

 

"Com o dispêndio de 3 dias de férias salamizadas, conseguem-se 9 dias consecutivos de descanso. Nem o campeão olímpico Nelson Évora de triplo salto atingiu tal marca".

(António Bagão Félix, Publico 15 de junho de 2017)

 

“Infelizmente, nos nossos dias - enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana -, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo inteiro” (Papa Francisco, mensagem para o I Dia Mundial dos Pobres)

 

"10 de junho, dia de Portugal. De um Portugal que sabemos ser passado mas que queremos futuro independente e livre. Independente do atraso, da ignorância, da pobreza, da injustiça, da dívida, da sujeição. Livre da prepotência, da demagogia, do pensamento único, da xenofobia e do racismo”.

(Presidente da República no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas)

 

 

 

 

75, 50 e 25 anos de matrimónio: três festas, uma família

 

O bispo do Porto presidiu este domingo ao Dia Diocesano da Família, onde estavam 1288 casais para celebrar o jubileu matrimonial, três dos quais pertenciam à mesma família, comemorando 75, 50 e 25 anos de casamento.

 

 

Natural de Espinho, o casal com mais anos de matrimónio celebrou o jubileu dos 75 anos de casamento, o seu filho mais velho 50 anos e o seu primeiro neto 25. “A vossa presença tão numerosa e o vosso testemunho tão feliz dizem-nos a centralidade 

 

 

 

 

essencial da família na sociedade e na Igreja”, disse D. António Francisco na homilia da Missa, enviada hoje à Agência ECCLESIA.

Para o bispo do Porto, a família “é berço de vida e é escola de comunhão” e educa para viver “em comunidade” e para construir “comunhão”. “Só a família é capaz de nos preparar para vencer o individualismo que asfixia e mata, cultiva ódios, envenena as relações saudáveis e corrompe os sonhos de uma humanidade feliz”, sublinhou.

“A família é horizonte de futuro que diariamente abre caminho ao amanhã, continuado e perpetuado nos vossos filhos ou naqueles a quem os casais sem filhos se dão por inteiro numa entrega sem limites e numa generosidade sem fronteiras”, acrescentou o bispo do Porto, que apresentou aos casais presentes as ideias fundamentais da exortação apostólica do Papa Francisco “A Alegria do Amor”, sobre a família.

Destaque especial, na homilia do bispo do Porto, para o número 29 da “alegria do amor”, que citou, dizendo que “a família é chamada a 

 

compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e a tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito”.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar do Porto refere que o 16º Dia Diocesano das Famílias decorreu no último domingo, dia da Santíssima Trindade, no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, sob o lema “Matrimónio, um caminho de alegria”.

No fim da Missa, os casais que celebram 10, 25, 50 e 75 anos de matrimónio receberam os “respetivos diplomas de participação que foram distribuídos pelo bispo diocesano, pelos seus auxiliares e alguns sacerdotes destacados para esta tarefa”, refere o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar.

O assistente espiritual do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, padre Emanuel Brandão, comunicou no fim do encontro que o Dia Diocesano da Família de 2018 será no último domingo de maio, dia 27, no Pavilhão Multiusos de Gondomar.

 

 

Irmandade dos Clérigos assina protocolos com Universidade Católica

A Irmandade dos Clérigos e a Universidade Católica Portuguesa assinaram quatro protocolos de cooperação para apoiar alunos em investigação para mestrado e publicações sobre Teologia e sobre o “pensamento portuense”.

Os documentos que regulamentam os apoios da Irmandade dos Clérigos à Universidade Católica Portuguesa (UCP) foram assinados pelo padre Américo Aguiar, presidente da Irmandade, e Isabel Capeloa Gil, reitora da UCP.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Américo Aguiar afirmou que, com estes protocolos, a Irmandade dos Clérigos “alarga a responsabilidade social”  à "atividade de ensino, educação e formação” e presta homenagem aos “bispos do Porto que estiveram associados à criação da UCP”.

A Bolsa de Mérito D. Júlio Tavares Rebimbas, Arcebispo-Bispo do Porto destina-se ao apoio de um aluno que realize o mestrado na Escola das Artes da UCP e investigue um assunto “ligado à Diocese do Porto, tanto geográfica como jurisdicionalmente”,

 

 referiu o presidente da Irmandade dos Clérigos.

O padre Américo Aguiar referiu, por outro lado, que a fundo D. Armindo Lopes Coelho tem por objetivo apoiar um aluno “oriundo da área metropolitana do Porto” e que faça o mestrado em “cultura e gestão cultural”.

O fundo D. António Ferreira Gomes visa apoiar as publicações do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER). O quarto protocolo entre a Irmandade dos Clérigos e a Universidade Católica Portuguesa regulamenta o fundo Cónego Ângelo Alves, falecido recentemente no Porto, e apoia publicações sobre o “pensamento portuense”.

Para o padre Américo Aguiar, os protocolos assinados entre a Irmandade dos Clérigos e a Universidade Católica Portuguesa, na sequência dos que já foram assumidos com a Universidade do Porto, são uma forma de “tratar do futuro”, apostando no “ensino, educação e formação”.

 

 

Dia Diocesano do Catequista no Funchal

A Paróquia do Curral das Freiras, na Madeira, recebeu este sábado centenas de pessoas para o Dia Diocesano do Catequista, este ano dedicado ao tema “liturgia e catequese”. O encontro contou com uma conferência do cónego Luís Manuel Pereira da Silva, especialista em Liturgia e docente na Universidade Católica Portuguesa, que lembrou as várias “interpelações” colocadas pela liturgia à vida da Igreja, ao mesmo tempo que alertou para o perigo de uma “catequese que não inicia à liturgia” não promove a “celebração da fé”.

“A liturgia é a história da salvação no hoje da Igreja; é a celebração do mistério pascal de Cristo; é a presença e ação de Cristo na comunidade cristã que celebra; é uma ação conjunta 

 

de Cristo e da Igreja; e é (já) um pré-saborear da liturgia do céu”, referiu o sacerdote, segundo comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela Diocese do Funchal.

O cónego Luís Manuel Pereira da Silva, pároco da Sé de Lisboa, realçou que a “catequese é para celebrar”, pelo que é fundamental que os catequizandos “apreendam o mistério central da fé” para uma “vivência em comunidade” que se “transforme em vida”.

O evento pelo Departamento de Catequese, dirigido pelo padre Héctor Figueira, instituiu-se com a entrada de D. António Carrilho na diocese (maio de 2007) e ao longo destes anos tem-se realizado em várias localidades da Madeira, “em clima de convívio e de festa”, incluindo a homenagem a catequistas com 25 e 50 anos ao serviço das comunidades paroquiais.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Faleceu frei Francolino Gonçalves, biblista português

 

 

 

Igreja de Santo António, em Lisboa

 

 

I Dia Mundial dos Pobres desafia Igreja
e sociedade à mudança

 

O Papa criticou a “riqueza descarada” de uma minoria de “privilegiados” que agrava os níveis de pobreza, a nível mundial, numa mensagem divulgada pelo Vaticano. “Infelizmente, nos nossos dias - enquanto sobressai cada vez mais 

 

 

a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana -, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo 

 

 

 

 

 

inteiro”, escreve, no texto dedicado à celebração do I Dia Mundial dos Pobres.

Esta iniciativa que a Igreja Católica vai passar a assinalar no penúltimo domingo do seu ano litúrgico (19 de novembro, em 2017) foi uma decisão anunciada por Francisco na conclusão do Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016). “Se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização”, sustenta o Papa.

Francisco recorda os que sofrem com a “marginalização, a opressão, a violência, as torturas e a prisão, pela guerra, a privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e o analfabetismo, pela emergência sanitária e a falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e a escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada”.

A mensagem pontifícia sublinha que o atual cenário de desigualdades e pobreza não pode deixar ninguém “resignado”. Francisco sublinha que esta nova data nas comunidades 

 

católicas quer levá-las a estar mais perto dos “últimos e os mais carenciados”, como consequência da “predileção de Jesus pelos pobres”.

“Não amemos com palavras, mas com obras”, apela, antes de pedir “um verdadeiro encontro com os pobres”.

O Papa apresenta uma reflexão sobre a centralidade da pobreza nos Evangelhos e na Teologia católica, com elogioso a todos os que, na história da Igreja, “ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres”. A figura escolhida como “testemunha da pobreza genuína” é São Francisco de Assis, que fundou a Ordem dos Frades Menores (franciscanos) em 1209.

“A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo”, precisa a mensagem.

O Papa fala nas consequências dramáticas “da avidez de poucos e da indiferença generalizada”, alargando o convite de celebrar este Dia Mundial dos Pobres a todos, independentemente da sua pertença religiosa. 

 

 

 

Missa leva sempre à Missão

O bispo de Bragança-Miranda afirmou no Primeiro Congresso Eucarístico Nacional de Angola que “a Missa leva sempre à Missão” e que são necessários “novos evangelizadores”. “Precisamos de novos evangelizadores para a Evangelização. Não podemos enfrentar os desafios de hoje com respostas de ontem”, disse D. José Cordeiro durante conferência, enviada à Agência ECCLESIA.

O bispo de Bragança-Miranda participa no Primeiro Congresso Eucarístico de Angola e fez uma comunicação no segundo dia dos trabalhos sobre o tema “Evangelizado, evangeliza”.

D. José Cordeiro considera lembrou que “o grande desafio” continua a ser passar “da (de)missão à missão de evangelizar”, afirmou que “ensinar o Evangelho, significa apresentar sinais e chaves interpretativas para o viver” e sublinhou que “ninguém o pode fazer se o não viver primeiro”.

O bispo de Bragança-Miranda e presidente da Comissão Episcopal Liturgia e Espiritualidade, na Conferência Episcopal Portuguesa, recordou a centralidade e o princípio da presença contínua” da Palavra de Deus em todas as ações litúrgicas, 

 

afirmando que “está ultrapassada a visão redutiva que olhava a Liturgia da Palavra como preparação à Liturgia eucarística”. “A Liturgia da Palavra é parte integrante e constitutiva da celebração da Eucaristia e em relação com a Liturgia eucarística forma todo um conjunto”, referiu.

D. José Cordeiro, natural de Angola, sublinhou que “evangelizar é a maior alegria da Igreja” e “ser missionário é ser discípulo missionado no Evangelho da Esperança”.

O Primeiro Congresso Eucarístico de Angola decorre na cidade do Huambo até ao próximo dia 18, tendo como tema "Reconheceram-no ao partir do Pão”. O evento é organizado pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) para assinalar os 150 anos da segunda fase da evangelização de Angola. 

 

 

 

Eucaristia para uma Angola eucarística

O enviado extraordinário do Papa ao Congresso Eucarístico de Angola afirmou que a Eucaristia vive-se na evangelização, família e na criação, referindo, com o Papa Francisco, que “a criação encontra a sua maior elevação na Eucaristia”. “A revelação cristã, eucaristicamente centrada e celebrada, requer o compromisso duma ecologia integral”, disse D. Manuel Clemente na última conferência do simpósio promovido no âmbito do Primeiro Congresso Eucarístico Nacional Angola (CENA).

O cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa foi nomeado enviado extraordinário do Papa ao CENA, que decorre na cidade do Huambo entre os dias 12 e 18 de junho.

Na intervenção que encerrou três dias de um simpósio, D. Manuel Clemente abordou o tema “Eucaristia e evangelização”, a partir das propostas do Papa Francisco na exortação apostólica “Evangelii Gaudium”, sobre “o anúncio do Evangelho no mundo atual”, Eucaristia e família, referindo -se à exortação apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia”, sobre “o amor na família” e “Eucaristia e criação”, 

 

fundamentando-se na encíclica “Laudato si’”.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, na Eucaristia “tudo é assumido pelo próprio Deus” com “um olhar novíssimo sobre a realidade inteira, do micro ao macrocosmo, da física das coisas à metafísica dos seus porquês e à verdade do seu significado”.

D. Manuel Clemente recordou que “a questão ecológica se tornou inadiável e decisiva para o futuro da humanidade no seu conjunto” e desafiou a uma “verdadeira educação ambiental” como sendo a “melhor base para garantir políticas corretas e eficazes”, referindo que o cristianismo tem uma proposta ecológica”, traduzida na ligação entre “Eucaristia, criação e cuidado ecológico”. 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sínodo 2018: Vaticano cria site para dialogar com os jovens

 

 

 

Audiência Geral de 14 de junho

 

 

 

 

 

A paz não acontece sem justiça

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 
 

“25 de abril hoje: desafios cívicos, sociais e políticos para os cristãos” foi o tema do debate promovido pela LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos, da Diocese de Coimbra e realizado no passado dia 5 de maio. Esta iniciativa congregou, também, um conjunto de organizações cristãs da diocese de Coimbra, como a Comissão Diocesana Justiça e Paz, a Cáritas, a Ação Católica Rural, as Fraternidades Leigas de São Domingos, a Base Fut e vários cristãos.

Recordando que o 25 de abril fez desencadear há 43 anos um fenómeno de esperança, sem precedentes, na sociedade portuguesa, queremos salientar o dever que temos – enquanto cristãos – em não deixar que a memória desapareça. O fim da guerra colonial, da tortura e das perseguições políticas, mas também os enormes avanços alcançados nos direitos das mulheres, são conquistas que queremos continuar a celebrar e que nos fazem pensar no muito que ainda há por fazer. Pertencemos, ainda, a uma sociedade que vive anestesiada face aos problemas atuais, que dificilmente se condói com o mal que não lhe é próximo, que não a atinge diretamente.

A paz não acontece sem justiça, e só alcançaremos um mundo mais pacífico se conseguirmos combater as grandes desigualdades, que crescem a cada dia que passa.

Afirmar que a corrupção é a causa de muitos destes males não chega. É preciso contribuir para a sua efetiva condenação social nas opções que fazemos no nosso dia-a-dia. E se, por um lado, o

 

   

 

problema dos refugiados e das migrações nos desperta mais receios do que solidariedade – e vontade de construir a paz –, por outro, a falta de soluções para o desemprego, que afeta sobretudo os mais jovens, impede muitos de viver plenamente a liberdade conquistada em Abril.

A mudança é urgente, tem de acontecer no terreno, sendo necessário alterar as estruturas que alimentam os problemas — ainda que a enorme quantidade de pessoas que sofre privações não possa esperar e precise de uma resposta solidária hoje. Contudo, trabalhar quotidianamente com situações concretas é duro, nem sempre a realidade é bonita.

A denúncia e identificação das situações de injustiça e carência é indispensável, mas não é suficiente. Urge ir mais além. Nada resolve dizer “são os jovens de hoje” ou “não temos culpa”, é necessário envolvermo-nos, sentirmo-nos responsáveis por promover a mudança. Ser responsável significa responder. O que responderíamos a Cristo: “eu era aquele jovem que andava perdido”?

O Evangelho aponta-nos o caminho,

 

desafia-nos a reconhecer, no rosto do outro, um irmão. O mesmo nos sublinha o Papa Francisco em 2015 no discurso aos Movimentos Populares na Bolívia. Pelo que não podemos perder de vista a direção que queremos seguir. E embora tenhamos pela frente um conjunto de reptos concretos e imediatos, devemos apostar na construção de soluções a longo prazo. Porque afirmar que todas as pessoas têm direito a uma vida vivida com dignidade não é compatível com a manutenção dos “pobrezinhos a quem devemos ajudar”.

É preciso estar onde se resolvam os problemas. Também na política. «Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, os cristãos não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Temos de participar na política, porque a política é uma das formas mais altas de caridade. Porque procura o bem comum. (…)». Afirmou o Papa Francisco em setembro de 2013, convite que reiterou, nos 150 anos da Ação Católica.

 

 

 

Uma mudança de Época

  José Luís Gonçalves    
  Escola Superior  
  de 
 Educação   
  de Paula Frassinetti
   

 

A natureza e a cadência/duração dos acontecimentos em que, contemporaneamente, vivemos mergulhados não deixam dúvidas: mais do que ‘perdidos’ numa época de grandes mudanças, ‘encontramo-nos’ numa profunda mudança de época! Quer isto dizer que os esquemas de pensamento e de ação pessoais e coletivos que nos guiaram até há poucos anos atrás parecem já não conseguir explicar tudo o que está a acontecer na nova (des)ordem que se está a instalar.

Desde o início deste século, alguns dos acontecimentos mais emblemáticos (e.g., ataques do 11 de setembro, crise financeira nos EUA e na Europa, crise de refugiados, Brexit, etc.) precipitaram mudanças paradigmáticas que há muito se vinham a desenhar nas várias esferas da vida coletiva e pessoal. Senão, vejamos: passamos a viver em democracias voláteis e esvaziadas de utopias (não de ideologias) e prenhes de uma grave crise de maturação, de confiança e de lideranças inspiradoras; encontramo-nos num processo de profunda alteração da conceção de trabalho e de emprego (e. g., robotização); na área da educação, e pela primeira vez na História, não sabemos o que ensinar aos jovens, no dizer de Yuval Harari; o capitalismo (económico, financeiro e cultural) enraizou-se nas várias esferas de vida transformando processos em produtos, onde já só interessa adquirir um serviço, uma mercadoria ou alcançar um resultado; no mundo da informação, instalou-se a desconfiança quanto à veracidade

 

 

das notícias e uma boa parte dos media transformou-se em espaço da exploração da vida privada ao serviço do voyeurismo coletivo...

Como dizia Paul Virilio, o mundo atual já não oferece estabilidade e encontra-se a deslizar de forma contínua, a esvair-se silenciosamente. Este mundo foi dissolvendo progressivamente as antigas instâncias doadoras de sentido e de ordem e, sem elas, refez-se a agenda dos assuntos a priorizar em cada dia, tornando-nos órfãos de quem lhes determine o seu valor e a sua utilidade. Por falta de referências, temos dificuldades em dar nome ao tempo presente, apelidando-o ora de modernidade líquida, de hipermodernidade ou de mundo pós-humano. Entramos, pois, num tempo desconhecido, que é percecionado como ameaça e, neste contexto, optamos por gerir o quotidiano porque o futuro já não 

 

parece ser um lugar que se queira perseguir.

Vivemos tempos marcados pelo signo da crise, entendida como tempo de transição de modelos e de paradigmas. A etimologia da palavra ‘crise’ aponta para significados próximos de momento de decisão, risco e, simultaneamente, oportunidade, convergindo igualmente no sentido de apontar para a faculdade de julgar, para o ato de separar para permitir distinguir e escolher, enfim, para a capacidade de realizar um discernimento. A complexidade do momento atual e o pouco distanciamento histórico que ainda temos face aos acontecimentos recentes não tornam possível avaliar os impactos que algumas forças estão a exercer sobre a vida pessoal e social. Com Kuhn, valerá a pena aceitar humildemente que a importância das crises decorre de serem estas a indicar que chegou o momento para a renovação das ferramentas… 

 

Um Deus quebrado

  Ligia Silveira   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Há alguns anos a revista «Família Cristã» apresentou uma rubrica intitulada «Leigos Empenhados», onde testemunhos variados mostravam diferentes carismas do ser laical em Igreja. Ecumenismo, abertura à pastoral digital, voluntariado, ministério de leitor, celebração da palavra com leigos e pastoral da pessoa com deficiência figuraram nesse pequeno grupo de 12 testemunhos que tive oportunidade de conhecer. Alguns deles ainda me acompanham como é o caso de Alice Cabral que me falou do Movimento Fé e Luz, criado por Jean Vanier e Marie-Hélène Mathieu nas últimas décadas do século XX, com o objetivo de integrar pessoas com deficiência na sociedade e no ambiente eclesial.

Profundamente empenhada na comunidade Fé e Luz de Évora, Alice partilhou comigo a sua vida com o filho Wadid Francisco Sidarus, Dido para os amigos, portador de deficiência mental profunda e uma epilepsia muito grave. Viria a falecer, mas a sua vida foi um ensinamento e a espiritualidade um manifesto toque de Deus.

Recordo um excerto desse trabalho de 2009:

«Dido faleceu com 36 anos, há pouco mais de um ano. (…) “Algumas pessoas dizem-me que foi um alívio, mas eu não pedi para ser aliviada e não precisava para nada desse alívio. Foi muito mais o que recebi dele do que o que eu sei que ele recebeu de mim”. Reconhecendo que nunca percebeu bem os sinais de espiritualidade que o Dido transmitia, Alice explica que o sentia como um sacramento. “Muito cedo achei que ele era 

 

 

 

uma imagem muito próxima, apesar de tão quebrada, de Deus”.

Um dos momentos “mais fantásticos” que Alice recorda acontecia à hora de deitar. “Já crescido, o Dido ficava muito aninhado na cama e por mais irritados ou stressados que estivéssemos, ele olhava-nos com uma doçura tão grande que gerava uma paz enorme. Eu sentia que aquele momento era a imagem do acolhimento de Deus”.

Recordo aqui este testemunho a propósito da peregrinação jubilar das pessoas com deficiência ao Santuário de Fátima, no próximo fim-de-semana. Este tem sido um trabalho paulatinamente realizado por um serviço nacional criado em novembro de 2010. Algumas dioceses ainda  

 

se estão a organizar na resposta a dar a esta realidade que é tão antiga como o ser humano.
A minha semana foi passada entre a procura de respostas pastorais e a recordação deste “Deus quebrado” que nos quer falar mas que tantas vezes não encontra lugar numa Igreja que quer ser inclusiva.
Ao longo da próxima semana o programa de rádio da Ecclesia na Antena 1 vai mostrar a vivência familiar que a Casa de Betânia proporciona; vai perceber, com Cesariano Martins, como a diocese do Algarve tem dado passos nas respostas inclusivas que procura; e falar com Tiago Varanda, um seminarista cego da Arquidiocese de Braga que se prepara para o sacerdócio. 

 


 

 

 

 

  

 

 

 

 

A Igreja Católica foi desafiada por Jesus Cristo a ir até

aos confins do mundo. O Papa Francisco tem repetido apelos a um

trabalho junto das periferias existenciais, aos mais excluídos dos excluídos.

Neste esforço de não deixar ninguém de fora ganha relevo a preocupação de

ir ao encontro e integrar as pessoas com deficiência. O tema está no centro deste dossier do Semanário ECCLESIA, tendo como pano de fundo a peregrinação jubilar ao Santuário de Fátima, com testemunhos de responsáveis do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência e da Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos, do bispo do Algarve ou de um seminarista de Braga, cego, na reta final da sua preparação para o sacerdócio. Todos unidos no desejo de uma Igreja que acolha todos ativamente e onde cada um partilhe, sem barreiras, potencialidades e fragilidades.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Acolher e integrar as pessoas com deficiência

Temos de mudar os corações um a um

 

Isabel Vale é diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência criado pela Conferência Episcopal Portuguesa em novembro de 2010. Nos dias 17 e 18 o SPPD promove a peregrinação jubilar das pessoas com deficiência ao Santuário de Fátima e espera que este acontecimento seja uma ocasião de mudança na forma como a Igreja Católica acolhe e integra 17% da população portuguesa nas comunidades cristãs, que em muitos casos tem permanecido à margem

 

 

Agência Ecclesia (AE) – Em que circunstâncias surge o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD)

Isabel Vale (IV) – Surge da vontade maravilhosa e férrea de Alice Caldeira Cabral que, tendo um filho com uma deficiência grave e pertencendo ao Movimento Fé e Luz, não se conformava por não haver um serviço da Igreja Católica em Portugal que tomasse a sério esta problemática.

 

AE – Sem esse serviço, as pessoas com deficiência eram esquecidas na pastoral da Igreja Católica?

IV – Não propriamente esquecidas, porque há bastantes anos há dois movimentos da Igreja Católica para pessoas com deficiência: a Fraternidade Cristã de Doentes Crónicos e Deficientes Físicos e o Movimento Fé e Luz, que já tem 40 anos em Portugal (a Fraternidade tem mais). São movimentos das pessoas 

 

com deficiência e com pessoas com deficiência.

Em causa estava era um olhar diferente: como é que na Igreja acolhemos e ouvimos as pessoas com deficiência. E aí é que havia uma grande desatenção, uma vez que apenas existiam comunidades dos movimentos, que se implementaram aqui e acolá (no Norte, por exemplo, as comunidades Fé e Luz têm crescido muito por causa da experiência dos seminaristas que, durante um ano no tempo de formação, acompanhavam uma comunidade Fé e Luz).

 

AE – A primeira aposta do SPPD foi, antes de tudo, sensibilizar as lideranças pastorais para este setor?

IV – Claramente! Sendo um serviço pastoral, dirigimos-mos aos agentes de pastoral que são, de alguma maneira, os párocos. Mas isso depende sobretudo da formação!

 

 

 

17% da população portuguesa é deficiente

AE – De que população estamos a falar?

IV – De acordo com o Eurostat, 17% da população portuguesa tem alguma deficiência (2% desses têm alguma incapacidade por causa da idade). Esta é a média europeia e Portugal não está fora. É uma percentagem igual à taxa de pobreza e superior à dos desempregados. São realidades que, na sua grande dimensão, são completamente esquecidas na sociedade, nomeadamente na Igreja.

Grande parte dos pobres são pessoas com deficiência, porque não têm capacidade de se autossustentar, e o mesmo se passa com os desempregados. Por isso, quando falamos em determinadas faixas da sociedade, não estamos a identificar aí as pessoas com deficiência.

 

AE – São números que desafiaram a Conferência Episcopal para criar o SPPD?

IV – Penso que foi a partir da pressão da Alice Caldeira Cabral que se foi gerando uma consciência na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para este tema. O senhor 

 

D. Carlos Azevedo teve um papel muito importante porque ele próprio, enquanto pároco, tinha acompanhado comunidades Fé e Luz e estava na Comissão Episcopal deste setor, a da Pastoral Social. Ele fez a proposta à CEP da criação deste serviço que, para além do apoio, teve a manifestação da preocupação por parte de alguns bispos que nos disseram: “isso na minha diocese é um problema grave e precisamos de instituir esse serviço”.

 

AE – Como abordar este setor da pastoral, que estratégias para uma pastoral com pessoas com deficiência? 

IV - O problema que se prende com a deficiência é a sua diversidade, por um lado, e por outro, saber como nos situamos face à deficiência. Será que as pessoas com deficiência precisam do nosso olhar solidário dando-lhes coisas? Ou, pelo contrário, são cristãos batizados de pleno direito, que têm um papel ativo que nós temos de ouvir e acolher?

 

AE – Mais do que destinatários deste serviço, são os seus protagonistas…

IV – É evidente! Nas diversas equipas há pessoas com deficiência, que também são os protagonistas deste serviço.

 

 

 

 

 

AE – Como foi a implantação deste serviço nas várias dioceses?

IV – Costumo dizer: “dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu levantarei o mundo”. A alavanca é este serviço pastoral. Só nos faltam pontos de apoio nas 20 dioceses, onde temos senhores bispos que se têm visto 

 

 

aflitos para encontrar um ponto de apoio. Na Guarda, por exemplo, tem sido o próprio bispo diocesano o ponto de apoio e 45 pessoas da diocese vão à peregrinação nacional, a Fátima. Depois, as mais de 3000 paróquias: só precisávamos de uma pessoa em cada paróquia. 

 

 

 

 

 

Trata-se de mudar o olhar da Igreja Católica, a maneira de nos cruzarmos com as pessoas com deficiência e darmos-lhe os lugares devidos. O que significa mudar os corações, um a um.

 

AE – Mas porque é difícil essa mudança: há indiferença em relação às pessoas com a deficiência?

IV – O Jean Vanier diz que também há o medo de olhar. Não é só a diferença, que é muita e é o pior pecado, como diz o Papa Francisco.

 
Indiferença e medo

AE – Trata-se de ter medo da ameaça da deficiência?

IV – Penso que é o medo de enfrentarmos a nossa finitude e a nossa limitação. Todos nos damos conta de que somos finitos e limitados, somos frágeis e a vida ameaça-nos com a fragilidade, até à fragilidade última que é a morte. Na sociedade, por outro lado, prevalece o ídolo da perfeição.

 

 

 

 


 

AE – Que enriquecimento encontramos na deficiência?

IV – As pessoas com deficiência querem ser protagonistas do seu destino, da sua voz na Igreja, têm dons para nos dar, têm capacidade de se exprimirem em formas diferentes. O que é difícil para a Igreja, que gosta de tudo muito organizado. Se nos deparamos com uma cadeira de rodas e é preciso pegar nela ao colo para subir três degraus, isso já nos desorganiza e é mais fácil dizer “fique na rua”. Mas não haverá três rapazes ou raparigas que peguem na cadeira de rodas e a coloquem onde é preciso? Claro que é preciso haver acessibilidades, rampas… Mas, no limite, temos braços, coração e cabeça para resolver os problemas.

 

AE – E essa é a grande conversão, dos corações, mais do que dos espaços?

IV – São as duas necessárias! Quando se convertem os espaços, verifica-se que o que é bom para as pessoas com deficiência é bom para toda a gente. Por exemplo rampas para levar um carrinho de compras ou de criança ou o elevador para subir uns andares com compras…

A acessibilidade é para todos e humaniza o mundo. Este é um dos 

 

 

exemplos do bem que as pessoas com deficiência nos podem ensinar: o que é bom para nós é bom para vocês! Vocês andam a perder. A relação entre todas as pessoas leva ao que nunca tínhamos imaginado e ajuda a concretizar sonhos!

 

AE – Em quantas dioceses está o SPPD?

IV – Está formalizado, com equipas diocesanas, em Bragança-Miranda, Algarve, Portalegre-Castelo Branco e Lisboa.

 

AE – As outras dioceses não têm as portas fechadas ao assunto?

IV – Não! Há muitas outras dioceses que vêm à peregrinação a Fátima: da Diocese de Angra vêm 7 pessoas, um grupo grande de Vila Real, 55 pessoas de Viseu, 45 da Guarda, 50 de Bragança, o Porto e Braga vêm inseridos na Fraternidade e em comunidades Fé e Luz, por ser mais fácil a organização, do Algarve vêm também 50 pessoas, Évora, Santarém, etc.

 

 

 

 

Peregrinação jubilar das pessoas com deficiência ao Santuário de Fátima

AE – Que relevância tem esta Peregrinação jubilar das pessoas com deficiência ao Santuário de Fátima?

IV – Vai ser um marco para sensibilizar, envolver e procura de caminhos. É mesmo uma peregrinação! Pusemo-nos a caminho há dois anos para chegar a este número de participantes: 400. Queremos que cada um participe como pode. E sabemos que é tudo muito caro: os transportes adaptados, que exigem apoio das câmaras, das instituições e esforço para contornar os obstáculos que surgem.

Há um mês e pouco os vários grupos começaram a enviar propostas de participação. E nós queremos que todos participem, que ninguém fique de fora.

 

AE – A peregrinação pode ajudar à formalização do SPPD nas restantes dioceses?

IV – Sim. Há grupos que instituíram uma comissão “ad hoc” para a peregrinação para, num segundo momento, pensarem na criação das  

 

 

equipas. Creio que esta peregrinação pode ser uma forma de se encontrarem os “pontos de apoio” que são necessários.

 

AE – O objetivo do SPPD é considerar igualmente todas as pessoas nas propostas pastorais das comunidades?

IV – Igualdade tem de significar tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente. É necessário reconhecer as diferenças e, reconhecendo-as, não excluir ninguém por ser diferente. O que nem sempre é fácil, porque muitas vezes dizemos “isto é igual para todos!” Igual de oportunidades e de reconhecimento, mas as participações podem ser diferentes, a maneira de exprimir é diferente, assim como o diálogo e o que se pode esperar de cada um.

 

AE – Como se deve enquadrar a participação nos sacramentos das pessoas com deficiência?

IV – A participação nos sacramentos prende-se à pertença e à vivência na Igreja. É importante haver uma catequese adaptada, que os catequistas tenham uma formação. 

E também importante que não fiquem

 

 

 

 

 

 perdidas as experiências interessantes de integração de crianças ou adultos que já existem. E esse é um dos objetivos do nosso serviço: recolher informação, experiências. Como não queremos que cada pessoa com deficiência fique sozinha, também não queremos que os catequistas fiquem sozinhas.

 

AE – Mas como encaminhar as pessoas com deficiência no acesso aos sacramentos?

 

 

IV – Se alguém se preocupou em ir ao encontro das pessoas com deficiência foi Jesus Cristo, que foi ao encontro dos cegos, dos surdos, dos leprosos...

Podemos ter um olhar sobre as capacidades de compreensão de cada um de nós acerca dos sacramentos ou assumirmos que o sacramento é um sinal eficaz da graça. E nesse caso, a eficácia não está na capacidade intelectual de quem o recebe, mas em Nossa Senhor Jesus Cristo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se a participação de uma criança na missa é a sua capacidade de estar muito controlada e ter o comportamento esperado, há crianças que nunca vão à missa. É necessário que as comunidades reconheçam uma criança ou um adulto e a sua forma particular de se exprimir, nem que seja com um grito em determinada altura da missa, que toda a gente acaba por reconhecer, como o momento mais importante onde se exprime como pode.

Percebe-se, nessas ocasiões, que essa pessoa é sacramento para a comunidade, é presença de Jesus na comunidade.

Não há nada do ponto de vista formal na Igreja Católica que exclua uma pessoa com  deficiência. O complicado é gerir as informações estando distantes, uma vez que à medida que conhecemos as pessoas com deficiência, tudo se resolve.

 

AE – Que projetos tem o SPPD, para além do desejo de, a breve prazo, as equipas diocesanas possam estar a funcionar?

IV – Há um aspeto muito importante: o papel e a responsabilidade 

 

dos meios de comunicação social. As referências e a ajuda da Ecclesia, por exemplo, tem tido muito importante! Temos tido uma grande proximidade com os meios de comunicação social, e ainda bem! Obrigado!

Depois, temos o exemplo de organismos internacionais que nos podem inspirar, nomeadamente a Conferência Episcopal Italiana, que tem um departamento para pessoas com deficiência em cada Comissão Episcopal, onde o catecismo está disponível com todos os tipos de comunicação, na mesma edição, em braile e também na linguagem dos símbolos, que permite a participação de outras pessoas.

Depois, o Santuário de Lourdes tem um serviço permanente de acolhimento a pessoas com deficiência muito interessante que seria bom ver replicado em Fátima. Eles estão disponíveis par anos ajudar!

 

 

Pessoas com deficiência
peregrinam à Cova da Iria

O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Igreja Católica em Portugal, dinamiza a sua peregrinação ao Santuário de Fátima, entre 16 e 18 de junho, com o tema ‘Caminhar Na Luz E Na Alegria – Ser Igreja Para Todos’. “A peregrinação nacional resulta da preocupação da Igreja portuguesa com a invisibilidade das pessoas com deficiência”, afirma a organização.

‘Caminhar Na Luz E Na Alegria – Ser Igreja Para Todos’ é o tema da Peregrinação Jubilar das Pessoas com Deficiência, Famílias e Instituições, entre 16 e 18 de junho, a Fátima.

Segundo o programa, a sessão de abertura é às 10h00 de dia 17 de junho, com D. José Traquina, bispo auxiliar de Lisboa, e o tema ‘Igreja para todos: Caminho em peregrinação’, no Salão Bom Pastor, no Centro Paulo VI.

Meia hora depois, o tema ‘Igreja peregrina na luz e na alegria’ junta num painel o padre Jesuíta Paulo Duarte numa conversa com Américo Azevedo e os pais do Bernardo, Carmo e Rui Diniz, antes da sessão interativa ‘todos temos luz para dar’.

Na tarde do dia 17 de junho destaca-se

 

ainda a partir das 15h00 o painel que vai juntar a Fraternidade Cristã de Doentes Crónicos e Deficientes físicos (FCD) da Pastoral da Saúde, o Movimento Fé e Luz, da Pastoral da Família, e a equipa do Serviço Pastoral a Pessoa com Deficiência da Diocese de Bragança-Miranda.

A irmã Ângela Coelho, da Congregação da Aliança de Santa Maria, vai apresentar o a conferência ‘Fátima, mensagem de Luz e de Paz’, às 16h30 e a Eucaristia, presidida por D. José Traquina, começa às 18h00.

O último dia da peregrinação do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência vai começar com uma peregrinação simbólica da rotunda Sul, a partir das 09h00.

Às 11h00, o convite é para uma ‘festa da Luz e da Alegria’ que vai ser apresentada pelas dioceses, movimentos e instituições, com coros, música, testemunhos, encenações.

O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, vai presidir à Eucaristia de encerramento da Peregrinação Jubilar das Pessoas com Deficiência ao Santuário de Fátima, às 15h00 de 18 de junho, na Basílica da Santíssima Trindade.

 

 

É possível fazer uma grande evangelização estando numa cama

 

Manuela Silva, secretária do movimento internacional ‘Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos’, defende que a Igreja Católica tem de ouvir estas pessoas, para que possam “pôr a render os seus talentos”.

“É possível fazer uma grande evangelização estando numa cama, deitadas”, porque às vezes basta um sorriso, refere à Agência ECCLESIA.

A responsável, cega, considera que

 

 a Igreja tem de entender que as pessoas com deficiência “não são meros rezadores”, mas “podem ouvir os outros, pessoas que estão mais em baixo, pelo telefone”, por exemplo.

“Temos a experiência de pessoas fechadas em casa, que não conseguem sair para lado nenhum, mas pelo telefone conseguem dar muita força uns aos outros”, precisa.

A secretária do movimento internacional antecipa a peregrinação

 

 

 

 

 jubilar ‘Caminhar Na Luz e Na Alegria – Ser Igreja Para Todos’, que vai levar pessoas com deficiência, famílias e instituições, entre 16 e 18 de junho, a Fátima.

Para Manuel Silva, esta peregrinação, no Centenário das Aparições, é uma ocasião para “dar mais força”: “As pessoas com deficiência vão muito a Fátima, até porque há a bênção dos doentes, só que esta peregrinação tem outra perspetiva. Aqui trata-se de as pessoas com deficiência serem protagonistas da sua própria vida”.

“Toda a gente vai participar naquilo que pode participar, com as suas limitações”, adiantou.

Na área de deficientes físicos e sensoriais, todos são “evangelizadores como qualquer outro membro da Igreja”.

A Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos trabalha “há muitos anos” nesta pastoral, neste setor da evangelização. “Nós, pessoas com deficiência, que somos os mentores do movimento, os seus protagonistas, temos trabalhado junto das paróquias para que haja inserção de todos”, explica a responsável internacional.

Manuela Silva recorda a experiência

 

“enriquecedora” de ter trabalhado em Massamá, no Patriarcado de Lisboa, e várias outras paróquias: “As pessoas com deficiência, muitas vezes, enquanto não descobrem o seu verdadeiro papel na Igreja, também gostam de ser assistidas. Quando há um movimento que dá um bocadinho mais de trabalho, é mais difícil, como toda a gente”.

Segundo a responsável, alguns párocos têm mostrado abertura para que se proclamem leituras em braille e inserir as pessoas na vida paroquial, mas há algumas dificuldades levantadas por leigos e organismos das comunidades, sobretudo perante “Uma pessoa que apareça de cadeira de rodas ou com alguma limitação”.

“Reconhecemos, e isto é uma coisa que nos faz sofrer um bocadinho, que a Igreja não é muito aberta, principalmente os deficientes motores partilham muito comigo: ‘parece que tiram fotografias com os olhos’”, observa Manuela Silva, natural da Trofa.

A criação de acessibilidades ou casas-de-banho adaptadas são desafios que se superam, paulatinamente.

“São coisas pequeninas, mas que têm vindo a dar resultado”, assume.

 

 

 

 

A responsável pede “muita paciência” por parte das pessoas com deficiência e persistência na sua participação na vida das comunidades católicas.

“Não deixem de estar presentes, 

 

façam, vão às paróquias, tentem participar, ponham as vossas dificuldades, porque se não aparecerem, ninguém vos dá oportunidade”, conclui.

 

Queridos doentes, vivei a vossa vida como um dom e dizei a Nossa Senhora, como os Pastorinhos, que vos quereis oferecer a Deus de todo o coração. Não vos considereis apenas recetores de solidariedade caritativa, mas senti-vos inseridos a pleno título na vida e missão da Igreja. A vossa presença silenciosa mas mais eloquente do que muitas palavras, a vossa oração, a oferta diária dos vossos sofrimentos em união com os de Jesus crucificado pela salvação do mundo, a aceitação paciente e até feliz da vossa condição são um recurso espiritual, um património para cada comunidade cristã. Não tenhais vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja.

Papa Francisco, Bênção dos doentes em Fátima, 13.05.2017

 

 

 

 

A Fraternidade Cristã das Pessoas Doentes Crónicas e Deficientes Físicas nasceu em Verdun, França, em 1945. Surgiu por iniciativa do padre François, também ele portador de doença crónica. Está presente em 50 países, em África, na América Central e do Sul, na Ásia e na Europa.

O movimento assegura a formação humana, cristã e espiritual dos seus membros a partir das circunstâncias da sua própria vida para os ajudar progressivamente a organizarem-se e, num compromisso mútuo, caminharem ao encontro de Jesus Cristo. A vida de equipa é essencial no movimento. É em equipa que nós tomamos consciência da nossa missão e que nos tornamos sinais da Igreja. A Fraternidade estabelece laços pessoais e comunitários entre as pessoas doentes e deficientes e as pessoas de boa saúde que participam no movimento.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Serviço às Pessoas com Deficiência
na Diocese do Algarve

D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, considera que a diocese tem correspondido à necessidade de integrar as pessoas com deficiência na vida das comunidades e de construir uma Igreja inclusiva.

Um trabalho muito centrado na capacidade de luta das famílias que vivem mais de perto esta realidade, sublinha o responsável.

“Verificamos que era um campo onde era necessário apostar urgentemente na Igreja”, começa por recordar D. Manuel Quintas, para quem também foi importante o estímulo dado pelo Papa Francisco, com palavras e gestos.

“É preciso sair para todas as periferias, não apenas geográficas, mas sobretudo humanas, existenciais”, acrescentou.

Antes da criação do serviço diocesano, houve duas jornadas diocesanas, que levaram à conclusão de existir capacidade para “estruturar” a equipa.

“O balanço é positivo: além do número significativo de participantes, as pessoas não vão ali apenas para receber, vão também para dar,

 

 partilham a sua própria vida”, declara o bispo do Algarve.

Cesariano Martins, coordenador diocesano do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência no Algarve, fala dos desafios que se colocam neste campo, apesar de a realidade estar a mudar, com a consciência da necessidade de integrar todas as pessoas.

“Tudo partiu da iniciativa de alguns pais, apoiados pela equipa nacional e, de forma incondicional, desde a primeira hora, do senhor bispo”

A equipa foi formada em finais de 2015 e encontrou, desde então, “uma nova consciencialização das pessoas”, que já não querem “esconder a deficiência”.

“A integração é o melhor para todos, a quem tem deficiência e não só. É novo para toda a gente”, admite.

O movimento começa pelos pais e abre-se a toda a sociedade, que “não estava preparada” para acolher esta realidade.

“A palavra deficiência tem uma conotação negativa”, lamenta.

No sul de Portugal, as jornadas 

 

 

 

 

para pessoas com deficiência têm ajudado a construir um caminho em conjunto, mas ainda é necessário trabalho para quebrar preconceitos e barreiras físicas.

“Pretende-se que as pessoas estejam efetivamente incluídas e se sintam parte da nossa comunidade, enquanto cristãos, podendo, pelas suas convicções, participar em tudo”, algo que neste momento “ainda não é possível”.

 

As respostas para pessoas com deficiência física ou mental ainda são “poucas”, mas existe abertura por parte das paróquias, abrindo as portas a todos, “na plenitude dos seus direitos”.
Cesariano Martins, que tem um filho autista, elogia o trabalho já realizados em setores como o da catequese.
“Queremos que todas as pessoas possam ser pertença da Igreja”, conclui.

 

 

 

A cegueira impede alguém de ser padre?

Tiago Varanda está no seminário há seis anos e já entrou na reta final da sua preparação para a ordenação sacerdotal, em Braga. O facto de ser cego não o impede de responder a esta vocação, na Igreja Católica.

“A cegueira não é impedimento nem canónico nem pastoral para exercer o sacerdócio, mas tinha esse receio. Felizmente, dissiparam-me as dúvidas logo no início do curso do seminário, e acolheram-me muito bem, os formadores, o senhor arcebispo [D. Jorge Ortiga], que sempre me apoiou, desde o início”, relata à Agência ECCLESIA.

O trabalho pastoral vai implicar “adaptações”, que o futuro sacerdote não vê como “qualquer problema”.

Natural de Lamego, Tiago Varanda nasceu em 1984 com um glaucoma congénito; perdeu a visão progressivamente e aos 16 anos, já dependia de uma cadela-guia que o acompanhava messa altura em todos os momentos do dia.

Depois de ter sido professor de História, sentiu um chamamento que o levou ao Seminário Conciliar de Braga, onde tem agora a companhia de Ibiza, a sua guia.

 

A cadela tem “um cantinho no quarto”, onde dorme, e acompanha Tiago “por todo o lado”, mesmo que às vezes descanse em momentos que fazem parte da rotina da casa, tanto de oração como de refeições.

“Sempre que saio, acompanha-me sempre, ela precisa de estar sempre com o dono para perceber, para não perder a ligação e poder fazer bem o seu trabalho”, acrescenta.

A perda da visão ensinou-o a recorrer a novas formas de leitura e de relacionamento no dia a dia; frequentou o curso de História, em Viseu e começou a dar aulas em várias escolas, também na região de Braga, onde acabou por entrar no seminário.

Como todos os seus colegas, frequenta as aulas na Faculdade de Teologia, em Braga, e participa na vida comunitária do Seminário. Um quotidiano que exige, naturalmente, algumas adaptações: para a formação académica, mune-se de um computador com sistema de voz que permite acesso auditivo aos livros de Teologia, em formato digital.

“Tenho acesso à maior parte dos textos, hoje, felizmente estão todos disponíveis, o que facilita imenso o 

 

 

 

acesso à formação de que preciso”, relata.

Tiago Varanda imprimiu a Liturgia das Horas em braille, para que se possa integrar ainda mais na oração diária do grupo.

“Tenho também, a nível da oração pessoal, um software, um leitor de ecrã, que lê o telemóvel. Através desta aplicação, iBreviary, consigo ter acesso não só à Liturgia das Horas, pelo telemóvel, mas também à própria

 

Liturgia Eucarística, à Liturgia da Palavra, às leituras diárias da Eucaristia, e inclusive até a algumas orações eucarísticas do Missal”, acrescenta.

A experiência pessoal leva-o a pensar na “edição de material litúrgico em braille”, apesar de não ser algo fácil de concretizar.

“O grande desafio está também em promover entre as pessoas cegas este tipo de oração”, conclui.

 

Sensibilizar a Igreja para a inclusão de todos

O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), organismo católico coordenado pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, assume desde finais de 2010 a necessidade de procurar uma Igreja inclusiva, para e com todos.

Para além das barreiras físicas, que tantas vezes não os deixam participar, há ainda que superar preconceitos e sentimentos de estranheza face a uma realidade que toca diariamente a sociedade e a Igreja.

Tiago Casaleiro, do SPPD, refere à ECCLESIA que o trabalho passa, sobretudo, por impulsionar nas paróquias boas práticas de acolhimento.

“Em primeiro lugar, é uma questão de sensibilização, mostrar a realidade às pessoas, à vida da Igreja, dizer que as pessoas com deficiência existem e que têm uma grande riqueza para dar”, explica.

“Quando nós não temos comunidades que integrem toda a gente, elas ficam mais pobres”, adverte depois.

Após este trabalho de sensibilização, com jornadas nacionais de reflexão sobre as temáticas, começaram a acontecer, “gradualmente”, jornadas 

 

 

diocesanas e foi possível verificar que já existia “trabalho feito” neste campo.

“Havia a necessidade de trazer esse trabalho ao de cima, de partilhar boas práticas”, assinala Tiago Casaleiro.

Para o responsável, cada pároco deve procurar entender que na sua comunidade existem pessoas com deficiência e que elas “têm riqueza para dar”.

“Podem dar o seu contributo na construção das comunidades”, acrescenta.

Um dos problemas reside no facto de as pessoas com deficiências se “habituarem” a encontrar barreiras.

“Quando encontra mais uma barreira na Igreja, pensa que aquele não é o lugar para ela e acaba por desistir. Se não consegue, se ninguém está 

 

 

 

atento à sua realidade, desiste”, lamenta.

A sensibilização passa, por isso, também pela necessidade de dar “voz” a estas pessoas e encontrar quem as ouça.

“Não se pode fazer nada pelas pessoas com deficiência sem elas”, sustenta.

As dioceses começaram a partilhar experiências, neste setor, a começar pelas da “periferia”, o Algarve e Bragança-Miranda, que “quando reconheceram esta realidade, viram que havia muito trabalho a fazer, mas também se sentiram animadas por isso”.

 

“Muitas sementes foram lançadas”, prossegue o responsável do SPPD.

Tiago Casaleiro, enfermeiro de profissão, sublinha ainda o contributo de movimento como o ‘Fé e Luz’, fundado em França, e também da Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos.

A adaptação de textos litúrgicos e as acessibilidades são algumas das preocupações mais prementes, a que se somam “barreiras atitudinais”.

“Temos de perguntar-nos: que Igreja queremos e para quem é a nossa Igreja?”, desafia.

 

 

Uma família para pessoas
com deficiência intelectual

 

 

A irmã Maria João Neves é a alma da associação ‘A Casa de Betânia’, que celebra 25 anos em julho, um projeto que visa criar autonomia na vida de pessoas com deficiência intelectual.

Uma casa “onde se vive”, de permanência, e não de “passagem”, explica a religiosa em relação ao projeto, numa entrevista à Agência 

 

 

ECCLESIA, recordando que começou este trabalho acolhendo o seu irmão Manuel, já falecido, e outras duas pessoas.

“Ele não sabia ler e movia-se em Lisboa como ninguém. Há coisas que nós podemos aprender”, assinala.

Hoje as pessoas chegam, sobretudo, através de “outras instituições que 

 

 

 

 

não têm capacidade de resposta”.

“Não é gerido, vai-se gerindo: como numa família, quando chega um filho, é preciso tratar dele, mas depois com 2 é outra realidade, com 3, com 10. Nós tentamos que cada um seja ele próprio e começar um processo, como com qualquer pessoa”, refere a irmã Maria João Neves.

A associação reparte o seu trabalho por três espaços: a casa de Betânia, em Queijas, é a residência principal, a “casa mãe”, onde vivem 9 jovens e 2/3 responsáveis; a Casa do Farol, em Oeiras, é um apartamento para 8 jovens ou adultos com deficiência intelectual, acompanhados e apoiados por dois responsáveis que orientam a vida em comunidade; a Casa do Girassol, em Carnaxide, é um apartamento para 5 jovens ou adultos com deficiência intelectual, autónomos nas suas atividades de 

 

 

vida diária, integrados no mercado de trabalho ou em formação profissional.

“Nós procuramos fazer ao máximo uma família, que vive junta. Tentamos que as três casas sejam a mesma família, não só que eles possam ir lá passar um dia, um fim de semana”, observa a religiosa.

Há pessoas que são mais “desprendidas” do lugar e para a irmã Maria João Neves têm esse direito.

“O meu irmão esteve aqui muito bem, ele estava aqui como em sua casa, mas era desprendido, saía para aqui e acolá, fez a sua formação”, exemplifica.

 

A ‘Casa de Betânia’ acredita na reabilitação baseada na comunidade e, por isso, tem criado comunidades de vida e de trabalho, onde cada pessoa com os seus dons e as suas limitações pode ser e sentir-se verdadeiramente ela mesma, tem um valor único e possui os mesmos direitos e a mesma dignidade que qualquer outro cidadão - o direito de amar e ser amado, o direito de experimentar a amizade e a comunhão. 

 

 

 

 

A associação promove o direito a uma formação específica para que cada pessoa possa desempenhar uma atividade laboral ou ser uma presença de apoio a diferentes sectores da sociedade, de acordo com as suas capacidades.

“Temos criado parcerias com

 

 instituições diferentes porque a situação deles também é diferente”, explica a irmã Maria João Neves, para quem “é preciso preparar o ambiente, prepará-los a eles, através dos técnicos e das pessoas que trabalham connosco”.

A ‘Casa de Betânia’, baseando-se em 

 

 


 

experiências vividas pela religiosa e por Isabel Pinto nas Comunidades da Arca de Jean Vanier, quer ser um sinal de esperança num mundo marcado por tantas rejeições, sinal da fraternidade entre pessoas de diferentes origens sociais e culturais e de diferentes níveis intelectuais.

É a vida em família e em comunidade que dá segurança e confiança à pessoa com diferentes incapacidades intelectuais, desenvolvendo as suas capacidades.

“Todas as instituições, neste momento, estão a dar passos na vida que criam para as pessoas com deficiência e que já não têm família”, observa a irmã Maria João Neves.

 

A responsável sublinha a “disponibilidade” que estas pessoas têm para estar com os outros e a capacidade de “estabelecer relações”, algo que nem sempre é habitual na sociedade.

“Há pessoas que estão doentes, sozinhas, que estão a tratar do marido ou da mulher, e eles vão lá. As pessoas acham extraordinário”, acrescenta.

A inclusão “plena” continua a ser uma meta difícil, uma “luta” constante e uma aprendizagem

“Todos temos a dar uns aos outros: temos muito para dar à pessoa com deficiência, mas ela tem também muito para nos dar”, conclui a irmã Maria João Neves.

 

 

Os objetivos, os princípios fundamentais e as características da vida em comunidade das nossas casas estão expressos na Carta das Comunidades da Casa de Betânia que encontrou a sua primeira inspiração na Pedagogia de Santa Paula Frassinetti e na espiritualidade vivida pelas duas cofundadoras e muitos amigos nas comunidades da Arca de Jean Vanier

www.acasadebetania.org/

 

 

 

 

Projeto Luz online

http://www.projectoluz.com/

 

O espaço que esta semana proponho como visita, é dedicado especialmente às pessoas que conhecem ou que tenham alguém que está numa fase inicial de um cancro, ajudando assim a partilhar as suas ânsias e temores com os outros. O projeto Luz é “uma associação particular, sem fins lucrativos, independente de partidos políticos e de organizações religiosas, que tem como missão apoiar o doente oncológico e os que lhe estão próximos para aumentar a sua qualidade de vida”. Esta associação está aberta a contactos, sejam eles de alguém que está na fase inicial da doença, ou que tenha familiares nessa situação, de alguém que gostava de ter ajudar para realizar os seus projetos, ou ainda de alguém que sente necessidade de esclarecer as dúvidas sobre a doença.

Ao digitarmos o endereço www.projectoluz.com encontramos um espaço virtual essencialmente informativo. Na página inicial dispomos de um breve resumo explicativo da associação, as

 

habituais notícias e ainda os contactos mais diretos.

Na opção “missão”, podemos ler quais as linhas mestras que orientam esta organização.

Caso pretenda conhecer detalhadamente os estatutos bem como a publicação em diário da república, no ano de 2007, que legítima esta associação, aceda aos itens com essas designações.

Em “intervenção”, encontramos uma breve resenha explicativa das formas de contactar a associação, porque conforme está escrito “Vamos onde estiver. Vamos onde precisar de nós”.

No item “textos informativos”, podemos ler um conjunto de artigos que estão perfeitamente enquadrados com a temática abordada neste sítio.

Em “formação” dispõe de uma área inteiramente dedicada a conteúdos formativos. Desde orientações bastante específicas relativas ao cancro da mama, passando por diversos vídeos educativos.

Se pretender fazer parte de um grupo de apoio, basta clicar em “grupos de apoio”, onde aí ficará a saber todas as informações necessárias para 

 
 

 

  

 

prestar esse serviço. Para poder contribuir monetariamente para o projeto, poderá clicar na opção como ajudar e aí fica a saber quais as formas de o fazer.

Aqui fica esta sugestão, apesar de estarmos a abordar um sítio muito simples e com conteúdos pouco profundos, considero que temos 

 

de dar voz a quem não a tem!

É deveras importante que nos entreguemos a esta causa, e assim, de uma maneira direta poderemos ajudar quem mais precisa em momentos de bastante dor e sofrimento.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

Fátima contada às crianças

 

O Santuário de Fátima lançou o livro infantil ‘Fátima no coração’, de João Manuel Ribeiro, no âmbito da Peregrinação nacional das Crianças. Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o Santuário de Fátima informa que a obra conta a história de três amigos – a Isabel, o João e a Ana – que vão passar uma semana de férias na companhia da avó Amélia, durante a qual acabam por “rezar

 

 

e conhecer a mensagem de Fátima”.

A nova publicação do escritor João Manuel Ribeiro é uma iniciativa integrada no âmbito das celebrações do Centenário das Aparições de Nossa Senhora e vai ser apresentada na Sala de Imprensa do Santuário. “Não podia estar mais honrado por conseguir lançar mais uma obra sobre um lugar tão especial para os Católicos. Não é apenas um lugar de culto mas 

 

 

 

também de cultura e lazer. E dizer isto aos mais novos é algo que julgo que nunca se fez”, comentou o autor.

O livro conta com as ilustrações da artista Bolota e o comunicado desenvolve que os três amigos protagonistas da história são “guiados em cada dia por uma pista bíblica” para “descobrir a importância e o significado” de vários locais de Fátima, como a Capelinha das Aparições, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário ou a nova Igreja da Santíssima Trindade.

Este é o segundo livro dedicado ao público mais jovem pelos 100 anos das aparições, depois da obra ‘A Missão do Francisco’, de Maria Teresa Maia Gonzalez. Segundo o santuário, os dois projetos têm em comum “a intenção” de abordar os conteúdos da mensagem de Fátima numa linguagem dirigida às crianças de hoje.

 

 

O teólogo Pedro Valinho Gomes, responsável pelas edições, revela que o projeto responde a uma inquietação do santuário: “Questionamo-nos frequentemente sobre como transformar a história simples de três crianças do início do último século – Lúcia, Francisco e Jacinta – que foram tocadas pela luz de Deus de forma a que os leitores de hoje, mais ou menos jovens, sintam o mesmo fascínio por essa luz que transforma as vidas”.

O diretor do Serviço de Peregrinos do santuário acrescenta que a história que o livro ‘Fátima no coração’ conta “é precisamente a do crescimento desse fascínio dentro do coração de três crianças de hoje". “Estamos seguros de que Fátima se oferece como pedagogia para a alegria de Deus através das mãos maternas de Maria. É o que desejamos que este livro ajude a desvelar”, comenta.

 

A Fundação Ajuda a Igreja que Sofre e Maria Teresa Maia Gonzalez uniram esforços no lançamento de um livro sobre o drama da guerra civil da Síria, na perspetiva das crianças atingidas pelo conflito. ‘A Árvore de Mouna’, o mais recente trabalho da escritora portuguesa, remete para os anseios e sonhos dos que viram a infância roubada por uma guerra civil que já dura há mais de sete anos.

 

 

 

   

«Entendimento Global e compromisso com as periferias» é o título da obra hoje apresentada na Feira do Livro de Lisboa. Coordenada por Américo Pereira professor da Universidade Católica Portuguesa e com a chancela da Cáritas Portuguesa, a obra é composta por um conjunto de textos resultantes das intervenções de diferentes autores na edição de 2016 da Summer, organizada pelas Faculdades de Teologia e de Ciências Humanas da  UCP. A apresentação decorre esta tarde, pelas 18h00, na Praça Amarela da Feira do Livro de Lisboa.

 

A dinamização da Pastoral Juvenil, é o tema que enquadra o conselho que junta o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil com os secretariados diocesanos e os movimentos juvenis. O hotel «Essence inn Marianos», em Fátima, recebe esta reunião presidida por D. Joaquim Mendes presidente eleito para a Comissão Episcopal Laicado e Família. O Sínodo dos Bispos sobre os jovens, o Jubileu dos Jovens do Centenário das Aparições em Fátima, o Fórum Ecuménico Jovem, a JMJ no Panamá, em 2019, e a partilha de atividades diversas marcam a agenda dos trabalhos.

 

No domingo, 18 de julho, o Papa preside à Missa e procissão da solenidade do Corpo de Deus, seguindo pela primeira vez o calendário litúrgico da Igreja na Itália.

O dia do Corpo de Deus (solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, no calendário católico) é um feriado móvel no Estado do Vaticano, em Portugal e em várias outras nações, celebrado sempre a uma quinta-feira e 60 dias depois da Páscoa; nos países onde a data não é feriado, como acontece na Itália, celebra-se no domingo seguinte. 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 18 junho, 13h30 - Catolicismo na ìndia

 

Segunda-feira, dia 19, 15h00 

Entrevista ao padre José Manuel Pereira de Almeida e a Inês Espada Vieira sobre o Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho.

 

Terça-feira, dia 20, 15h00 Informação e entrevista aa Rita Coelho sobre o Dia Mundial do Refugiado.

 

Quarta-feira, dia 21, 15h00 - Informação e entrevista a João Pereira sobre o projeto + Próximo da Cáritas Portuguesa.

 

Quinta-feira, dia 22 junho, 15h00 - Informação e entrevista a Thereza Carvalho e Fátima Esteves sobre a carta aberta do juristas católicos contra a legalização da eutanásia.

 

Sexta-feira, dia 23, 15h00  -  Entrevista de análise à liturgia de domingo com o padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, 18 de junho - Peregrinação Jubilar ao Santuário de Fátima de pessoas com deficiência.
 
Segunda a Sexta-feira, 19 a 23 junho - Boas práticas na Igreja Católica de integração de pessoas com deficiência.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 11.º Domingo do Tempo Comum 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Deus escolhe, chama e envia
 
 

A Palavra de Deus que acolhemos neste 11.º Domingo do Tempo Comum recorda-nos a presença constante de Deus no mundo e a vontade que Ele tem de nos oferecer a vida e a salvação. Uma presença que se concretiza através daqueles que Ele escolhe, chama e envia, para serem sinais vivos do seu amor e testemunhas da sua bondade.

Na primeira leitura vemos o Deus da aliança a eleger um Povo para com ele estabelecer laços de comunhão e de familiaridade, para lhe confiar a missão de ser um sinal de Deus no meio das outras nações.

A segunda leitura sugere que a comunidade dos discípulos, uma comunidade de pessoas a quem Deus ama, tem a missão de dar testemunho do amor de Deus pelos homens, um amor absolutamente único, eterno e universal.

No Evangelho, Mateus apresenta uma catequese sobre a escolha, o chamamento e o envio dos doze discípulos, que representam a totalidade do Povo de Deus, para continuar a missão de Jesus e levar a salvação a toda a terra.

«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». São palavras de Jesus a provocar a nossa disponibilidade para a missão: uma missão que precisa de ser continuamente rezada, pois a missão é obra de Deus, sempre segundo os critérios de Deus; uma missão que é de todos e para todos sem exceção, e não apenas de um grupo de eleitos dirigida apenas a determinados grupos; uma missão plenamente gratuita, sem dividendos pessoais ou interesses egoístas, que fazem da própria vida um dom gratuito pela causa do Reino.

Qual é a nossa missão como discípulos de Jesus, como 

 

 

discípulos missionários? É denunciar e lutar contra tudo aquilo que escraviza a pessoa e a impede de ser feliz. É contestar e desmontar estruturas que geram guerra, violência, terror, morte e indiferença. É recusar e denunciar propostas de falsos valores que geram escravidão, opressão e sofrimento. É combater esquemas de exploração disfarçados de sistemas económicos geradores de bem-estar que geram miséria, marginalização e exclusão. É transmitir alegria, coragem e esperança àqueles que vivem imersos no abatimento, na frustração, no desespero. É ser sinal do amor e da ternura de Deus para com aqueles   

 

que vivem sozinhos, abandonados, marginalizados.

Face à abundante seara do Senhor são tão poucos os trabalhadores! O desemprego não existe no campo missionário, os trabalhadores é que faltam! Mas Jesus não se cansa de chamar! Será que lhe respondemos, aceitando a missão aonde nos envia, seja em casa ou na comunidade, seja no trabalho ou na escola, seja onde for? Não fiquemos indiferentes ou à margem do seu convite. A isso nos desafia a Palavra que nos é oferecida hoje e ao longo desta semana.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Fátima e o Ocidente

 

O cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo de Génova (Itália), disse em Fátima que o Ocidente tem de “acordar” e recuperar os seus valores de “humanidade” para superar o atual momento de crise. “Queridos amigos, a história que vivemos tem muitas nuvens, mas é a hora do acordar. O Ocidente parece perder a sua própria humanidade, procurando ilusões

 

 

 que fazem muitas promessas mas que degradam”, assinalou o presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) na homilia da Missa conclusiva da peregrinação internacional aniversária do 13 de junho.

Perante milhares de pessoas reunidas na Cova da Iria, o cardeal italiano sublinhou a atualidade da Mensagem

 

 

 

 de Fátima, neste Centenário das Aparições, quando “o mundo proclama a vida e semeia a morte; declara a solidariedade e fecha-se, prega o amor mas é individualista”.

“Como naquele 13 de outubro de 1917 se começaram a ver uns flashes de luz, assim no coração dos homens começam a surgir as perguntas verdadeiramente importantes, a necessidade de verdade, a sede de amor e de bem. Este é o acordar que já começou e que não vai parar”, prosseguiu.

O presidente do CCEE recordou a recente viagem do Papa Francisco, a 12 e 13 de maio, e afirmou que em Fátima se “respira a fé”.

“Estamos aqui como peregrinos com as nossas tribulações e esperanças; mas estamos aqui também como povo de Deus que representa a Igreja dispersa por toda a terra; mais ainda, aos pés da Virgem, queremos trazer as angústias e os pedidos de toda a humanidade perdida e sofredora, necessitada de luz e de amor”, declarou.

D. Angelo Bagnasco sustentou que as pessoas acorrem a Fátima porque o seu coração “tem necessidade de palavras de vida eterna” e de 

 

encontrar um coração de mãe. “Em Fátima continua a brilhar o sol, a luz que brota do seio da Virgem Santa: Jesus Cristo. Ele é o Filho de Deus vivo, o revelador do invisível, o fundamento de todas as coisas; Ele é o Mestre da humanidade, o Redentor; é o segredo da história, é a chave dos nossos destinos, o Rei do mundo novo”, acrescentou.

A segunda peregrinação internacional aniversária do ano do Centenário das Aparições foi dedicada ao tema ‘Glória a Ti, Rainha da Paz’. Segundo os números adiantados pelo Santuário de Fátima, nesta peregrinação inscreveram-se 164 grupos, num total de 8242 peregrinos, com destaque para os grupos vindos da Itália (1620 pessoas) e da Polónia (1220)

Estados Unidos da América, Filipinas, Coreia do Sul, Paquistão, Suazilândia, Singapura, Eslováquia, Jamaica, Líbano, Ilhas Maurícias, México, Holanda, Taiwan, Vietname, África do Sul e Zimbabwe foram os outros países estrangeiros que trouxeram peregrinações organizadas à Cova da Iria, nestes dias.

 

 

A festa das Crianças em Fátima

 

D. António Marto convidou as crianças que participam na peregrinação ao Santuário de Fátima a serem "luz de Jesus no mundo", tal como o fizeram "os pastorinhos" há 100 anos. "Sois convidados, tal como os pastorinhos a levar a luz de Jesus ao mundo para o tornar mais belo", afirmou o bispo de Leiria - Fátima que preside à celebração eucarística que encerra a peregrinação nacional das 

 

 

crianças ao Santuário de Fátima.

A partir de palavras que as crianças endereçaram ao Santuário, que serviu de preparação para a atividade, D. António Marto assinalou "gestos simples" como forma de "levar a luz de Jesus ao mundo". «Oferecer um sorriso a quem anda triste», «dar uma palavra amiga a outro», «ajudar quem precisa», «fazer companhia a quem está ou doente», «ser capaz de

 

 

 

 

 perdoar», «respeitar os outros» e «respeitar o ambiente».

"Tanta coisa simples e bonita como forma de levar a luz de Jesus ao mundo", assinalou o prelado que convidou os participantes a transformar as ações em formas de mostrar a presença de Jesus. "Dizei comigo: «Quando ofereço um sorriso levo a luz de Jesus», «quando ajudo quem precisa levo a luz de Jesus», «quando respeito os outros levo a luz de Jesus».

D. António Marto recordou momentos "difíceis" em que o cansaço suplanta a vontade de ser bom. "Cansamo-nos de ser bons, de ser amigos, até de rezar. É natural, mas queria convidar-vos a que quando estiverem tristes ou cansados, lembrai-vos dos pastorinhos e lembrai-vos de Nossa Senhora".

O prelado saudou os " amiguitos e amiguitas" assinalando ser esta a peregrinação das crianças" que este ano contou com cerca de 40 mil participantes. "Esta é a vossa peregrinação, das crianças de Portugal. Gostava imenso de poder saudar cada um e cada uma, falar com cada uma em particular, mas sois tantos e é impossível. Posso, 

 

apenas abraçar-vos espiritualmente, na minha amizade e coração".

A peregrinação nacional das crianças ao Santuário de Fátima teve início esta sexta-feira com o tema ‘Senhora do Rosário, mais brilhante que o sol’.

Na manhã, após a saudação do reitor do Santuário, o padre Carlos Cabecinhas, a peregrinação das crianças iniciou com a oração do terço, animado pelo grupo de catequese de Lousada.

No final da celebração foram oferecidas 34 mil azinheiras aos participantes. A oferta continha uma inscrição onde se podia ler: «Planta esta azinheira e cuida dela. Rega-a e observa como ela se alimenta também da luz que vem do sol. Foi sobre uma pequena azinheira que Nossa Senhora do Rosário apareceu aos três pastorinhos, em Fátima, há 100 anos».

A parte conclusiva da celebração ficou ainda marcada pelo momento em que 100 jovens transportaram uma vela e um balão e, em coro com a assembleia, cantaram os parabéns a Nossa Senhora.  

 

 

 

Há 10 anos, o Padre Ragheed foi assassinado em Mossul,
no Iraque

Impossível esquecer

Foi a 3 de junho de 2007. Fez agora 10 anos. O Padre Ragheed Ganni, de 35 anos, foi assassinado após ter celebrado Missa em Mossul, uma das mais importantes cidades iraquianas. O país já vivia tempos conturbados, com ataques a igrejas e ameaças aos Cristãos, mas ninguém imaginava o que estava ainda para vir.

 

Já o tinham ameaçado. Queriam que a Igreja do Espírito Santo, na sua paróquia, fechasse portas, que os cristãos deixassem de ter um lugar de culto, ali, no bairro de Nur, em Mossul. Mas o Padre Ragheed Ganni, de 35 anos, acabado de regressar ao Iraque, depois de dois anos de formação em Roma – onde estudou graças ao apoio da Fundação AIS –, fazia por ignorar estas palavras carregadas de ódio. Nesse domingo, 3 de Junho, tudo se precipitou. Foi há dez anos. Depois de ter celebrado Missa, o Padre Ragheed foi interpelado, já fora da igreja, por homens armados. Um deles gritou-lhe: “Mandei-te fechar a igreja. Porque não o fizeste? Porque é que

 

 

ainda aqui estás?” O padre estava acompanhado por três diáconos. Algumas pessoas que se encontravam ali perto recordam a resposta de Ragheed Ganni. As suas últimas palavras. “Como é que eu posso fechar a Casa de Deus?”

O Padre Ragheed sabia que alguma coisa estaria para acontecer. Cada vez as ameaças eram mais assustadoras e mais diretas. “Como é que eu posso fechar a Casa de Deus?” Mal pronunciou estas palavras, o padre foi atirado para o chão e o seu corpo metralhado vezes sem conta. O mesmo aconteceu com os três diáconos que o acompanhavam. O assassinato do Padre Ragheed comoveu toda a comunidade. Embora ninguém arriscasse imaginar o terramoto que se iria verificar, meia dúzia de anos mais tarde, com vastas regiões do país a caírem nas mãos de grupos jihadistas e expulsando milhares de cristãos de suas casas, era já evidente que o Iraque estava já num caos. Percebia-se, a cada dia que passava, que se caminhava para a desordem absoluta, para o abismo.

 

 

 

 

 

Amigo da AIS

Dia 3 de Junho de 2007. Fez agora 10 anos. Depois de os terem assassinado, os terroristas ainda colocaram explosivos sobre os corpos do Padre Ragheed e dos três diáconos, para ninguém se atrever a retirá-los da rua. Naqueles dias o ambiente em Mossul era já pesado. A morte destes três homens da Igreja não deixou ninguém indiferente. Os jihadistas, que já então preparavam os dias do holocausto que varreram o Iraque, a Síria e tantos outros países do mundo, continuaram com as ameaças. Não bastava o sangue daquele padre, daqueles diáconos. Era preciso mesmo que a igreja fechasse portas. No entanto, a comunidade local fez questão de comparecer em peso no funeral destes quatro cristãos que foram já declarados mártires pela Igreja. A história do Padre Ragheed é muito comovente para a Fundação AIS, pois ele estudou em Roma graças à generosidade dos seus benfeitores. Até ao fim, ele manteve sempre uma ligação muito próxima com a Fundação AIS. Quatro dias antes do seu assassinato, enviava-nos uma carta de agradecimento. “Quero 

 

 

apenas dizer-vos que irei sempre rezar por todos vós, para que o Senhor vos preserve de todo o mal”. O corpo do Padre Ragheed sucumbiu perante as balas dos jihadistas. Mas essas balas não podem evitar que agora ele, no Céu, continue a rezar pelos benfeitores da Fundação AIS, como prometeu na última carta que nos enviou.

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

Parabéns PAR! Força!

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Diz o Papa Francisco que, com as mesmas pedras, podemos construir muros ou pontes: os muros separam e as pontes unem. Mas é bom dar ouvidos, sobre estes temas quentes a grandes especialistas como o sociólogo francês Dominique Wolton que disse há dias: ‘repelimos os refugiados com uma brutalidade oposta a todos os nossos valores europeus. Os europeus esqueceram tragicamente o que recorda o Papa Francisco: ‘somos todos refugiados’. (…). Ninguém pensaria que teríamos tantos muros’.

É verdade, somos uma sociedade medrosa e, por isso, fechamos portas a quem foge de situações de pobreza extrema, perseguição e outras formas de violência. São imensos os dramas vividos por quem tem de deixar a terra que o viu nascer. E tudo se complica mais quando, no ponto de chegada não há braços abertos para acolher, mas armas apontadas para obrigar a regressar.

A onda de refugiados vindos do mediterrâneo não pára de aumentar. Muitos cadáveres são ‘sepultados’, como lamenta o papa Francisco, no grande cemitério que é o mar. Vítimas de redes mafiosas que prometem o céu à chegada à Europa de todos os sonhos, os refugiados são metidos em cascas de nozes que, muitas vezes, não resistem à fúria das ondas e morrem em naufrágios atrás de naufrágios.

Mas nem tudo são espinhos nestas histórias de refugiados. Um pouco por todo o mundo nascem instituições que tentam remar contra a maré e ajudar a criar ambiente e condições de acolhimento fraterno a quem chega. É o caso da Plataforma

 

 

 

 

 

 de Apoio aos Refugiados (PAR), fundada em Portugal, agrupando um grande número de outras instituições, congregações religiosas e associações da sociedade civil. Fico feliz com a atribuição, pelo Parlamento Europeu, do prémio "Cidadão Europeu 2017" à PAR. Mais que um reconhecimento pelo trabalho já feito, é um estímulo ao muito que está ainda por fazer nesta missão tão humanitária como urgente, em que todos os braços são poucos para enfrentar tão grande desafio. Neste trabalho estão em causa e em jogo milhões de vidas e, por isso, é crime cruzar os braços e nada fazer.

O Parlamento Europeu considerou que a PAR se destacou “pelo apoio prestado aos refugiados num ambiente de crise na União Europeia, tendo lançado em 2015 uma plataforma que reúne 210 

 
 

organizações, autoridades e famílias decididas a criar condições para acolher refugiados em Portugal’. A Caritas Portuguesa, um dos membros fundadores desta Plataforma, também veio a público explicar: ‘Este prémio, atribuído pelo Parlamento Europeu, reconhece pessoas e organizações com trabalhos que promovem a integração europeia e vem destacar, desta forma, a capacidade de resposta que foi dada pela sociedade civil portuguesa perante uma das maiores crises humanitárias que a Europa já enfrentou’.

De mãos dadas e corações aquecidos, vamos continuar a criar condições para que as guerras acabem, a pobreza se combata, a liberdade vença e nunca faltem braços e corações abertos para acolher quem nos bate à porta. Afinal de contas, somos todos irmãos e irmãs e a fraternidade tem direito a cobrar preços muito elevados!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair