04 - Editorial

       Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Opinião

       Miguel Oliveira Panão

       CNJP
24 - Semana de...
       José Carlos Patrício

        Diaconado Permanente


 

 

         Pe. Manuel Ferreira de Araújo

56 - Multimédia

58 - Estante

60 - Vaticano II

62- Agenda

64- Por estes dias

66 - Programação Religiosa

67 - Minuto Positivo

68 - Liturgia

70 - Fátima 2017

74 - Fundação AIS

76 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Padre Américo Aguiar
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE.
Tel.: 218855472; Fax: 218855473.
agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião

 

 

 

Solidariedade depois da dor

[ver+]

 

 

 

 

 

 

 

5 novos cardeais

[ver+]

 

 

 

 

 

 

 

Diaconado Permanente

[ver+]

 

 

 

Comissão Nacional Justiça e Paz | Fernando Magalhães | José Carlos Patrício| Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony Neves | Fernando Cassola Marques | Octávio Carmo

 

Cansaço

  Octávio Carmo    

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

O Papa fez esta semana um notável discurso sobre Economia Social de Mercado, o futuro do sindicalismo, a necessidade de retirar horas de trabalho aos que estão mais perto da reforma e abrir espaço para a entrada dos mais jovens no mundo laboral. Em 2013, tal discurso teria sido divulgado imediatamente nas redes sociais, nas televisões, mereceria comentários nos jornais dos dias seguintes. Mas hoje já não. O motivo é simples: cansaço.

Nosso, não do Papa Francisco, que fique claro. Cansamo-nos depressa nesta era da hipervelocidade, da hiperinformação, da necessidade permanente de novidade. Não conseguimos estar a olhar muito tempo para o mesmo sítio, de dar atenção, de ponderar, filtrar, avaliar. Vivemos para reagir, de preferência com 

 

 

 

veemência, até porque parecemos sempre ser donos da razão.

Esta longa introdução serve para alertar para o óbvio, no caso dos recentes incêndios: para quem sobreviveu, tudo continua por fazer. Provavelmente, o mais difícil até começa agora, em termos de luto e de luta.

As manifestações de solidariedade, até ao momento, têm sido extraordinárias, mas vivemos neste risco constante do cansaço. Num concerto que recolheu mais de um milhão de euros em donativos, a atenção das redes sociais concentrou-se rapidamente num momento

 

 

menos feliz - reconhecido pelo próprio - de Salvador Sobral. 

Estamos prontos para largar a “conversa dos incêndios”, não há dúvida. Mas é pena, porque deixar de lado este tema, sobretudo no inverno, tem tido custos muito elevados em cada verão.

As vítimas destas tragédias não podem ser vítimas da “impersistência da memória”, nos nossos dias. Deste enxame de abelhas que produzem o seu fel (leu bem, não é erro) saltando de polémica em polémica. O cansaço dos bons, como sabemos, tem sido a oportunidade dos maus. Vamos combatê-lo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

«Este senhor tirou-nos mais uma alegria…»

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«É sabido como a televisão, em face de acontecimentos em que veja filão de audiências, é monotemática, repetitiva e agressiva. O mesmo assunto repete-se em todos os canais, em todos os espaços informativos, sobretudo quando a coisa cheira a escândalo ou fonte dele» (Manuel Correia Fernandes; In: Voz Portucalense de 28 de junho 2017).

 

«Com o fogo não se brinca. O que acabámos de viver nos últimos dias de primavera e início deste verão trouxe-nos à carga ensinamentos que teremos de aprofundar e consolidar com os pés assentes na realidade» (Sérgio Gaspar Saraiva; In: Notícias da Covilhã de 29 de junho de 2017)

 

«Ora, chega a ser desesperante a forma como os constantes improvisos de Passos Coelho diante das câmaras de televisão destroem a principal mensagem que quer passar» (João Miguel Tavares; In: Público de 29 de junho de 2017).

 

«Perdeu-se uma oportunidade de oiro para conquistar mais um título» (António Magalhães; In: Record de junho de 2017)

 

Solidariedade na resposta
ao drama dos incêndios

 

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) agradeceu o apoio da população, após a angariação de 1 milhão e 153 mil euros paras as vítimas dos incêndios florestais da região centro. Os donativos foram recolhidos na noite de terça-feira e ao início da madrugada de quarta-feira, no âmbito do concerto solidário ‘Juntos por Todos’, que se realizou no MEO Arena, em Lisboa.

O presidente da UMP elogiou a “mobilização fantástica” que 

 

 

manifestou o “verdadeiro espírito de solidariedade do povo português”.

“As Misericórdias Portuguesas agradecem a todos os artistas, técnicos, equipas de produção e todas as pessoas e entidades que estiveram envolvidas e que trabalharam arduamente para a concretização de uma causa solidária que pretende melhorar a vida de todas as famílias afetadas por esta grande tragédia” afirma Manuel de Lemos, em 

 

 

 

comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

Já a Cáritas Diocesana de Coimbra anunciou que recolheu mais de 930 mil euros em donativos para ajudar as populações de afetadas pelos incêndios da última semana, na região centro de Portugal.

No terreno estiveram mais de 30 técnicos e cerca de 40 voluntários que visitaram cerca de uma dezena de aldeias nos concelhos mais afetados pelo fogo que deflagrou a 17 de junho, provocando 64 mortos e mais de 200 feridos.

Durante a primeira semana de trabalhos foi montada a logística necessária para a entrega de “bens essenciais” (alimentação, produtos de enfermagem, vestuário, produtos de higiene pessoal) e “sinalização das primeiras situações a apoiar”.

A Cáritas Diocesana de Coimbra centra-se agora três áreas de intervenção: “acompanhamento no terreno”, “receção e encaminhamento de donativos” e “contabilização de donativos, entidades e pessoas”.

 

Em Pedrógão Grande, o padre Júlio dos Santos, responsável pela comunidade católica local, evocou as vítimas do incêndio que a 17 de junho deflagrou na região e apontou à vida depois do luto. O sacerdote presidiu à Missa dominical na igreja de Nossa Senhora da Assunção, onde começou por recordar os que faleceram e todos os que estão a sofrer por causa dos “tristes acontecimentos” que provocaram a morte de 64 pessoas.

D. Manuel Clemente presidiu à celebração na igreja paroquial de Benfica, que antecedeu o funeral de um casal, o seu filho e nora, residentes em Lisboa e naturais de Pedrógão Grande, que morreram ao fugir do fogo. O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que é necessário levar por diante um país “mais coeso, mais coerente e mais ecológico”.

 

Diocese de Aveiro atenta à ação social

O plano pastoral da Diocese de Aveiro para 2017-2018, que tem como palavra de ordem a “caridade”, pretende incentivar as comunidades católicas a ir ao encontro das várias preocupações sociais que marcam a região. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Aveiro destaca desafios comuns a outras dioceses, “os mais pobres, os sem-abrigo, as margens da sociedade”, mas depois também “algumas particularidades” desta região que “importa” atender, como “a marginalização fruto da prostituição” e “da toxicodependência”.

D. António Moiteiro espera que seja possível promover cada vez mais uma ação católica social consistente e organizada.

O novo plano pastoral foi apresentado este domingo, no dia da Igreja Diocesana de Aveiro, que decorreu no Santuário de Schoenstatt, em Ílhavo.

Nas suas declarações, D. António Moiteiro manifestou a sua preocupação pela realidade atual das instituições de solidariedade social ligadas à Igreja Católica, que passam por “momentos muito difíceis”. Muitas na região “estão quase na rutura financeira” e não têm 

 

condições para cumprir “os acordos que existem com a Segurança Social”, segundo os quais as instituições têm de garantir financeiramente 20 por cento do seu próprio orçamento.

“Os centros sociais paroquiais não têm verbas, como é que vão arranjar 20 por cento? Podem arranjar este ano, de campanhas, de ajudas, das comunidades cristãs e das paróquias. Mas este colmatar dos 20 por cento, em algumas situações, é impossível”, lamentou.

Durante o Dia da Igreja Diocesana de Aveiro, tomou posse o novo tribunal que vai tratar do processo de canonização da Beata Joana, princesa. Destaque ainda para a nomeação do padre Manuel Rocha como novo vigário-geral da diocese, um cargo que até agora era ocupado pelo monsenhor João Gaspar.

 

 

 

Festas populares desafiam Igreja Católica
à criatividade

O bispo do Porto disse este sábado na celebração litúrgica de São João Batista, na paróquia da Foz do Douro, ao fim da tarde, que a Igreja católica tem de viver com criatividade as festas populares. Em declarações à Agência ECCLESIA, D. António Francisco afirmou que a “expressão religiosa e litúrgica” das comunidades católicas nas celebrações dos santos, nomeadamente São João, tem de “saber como responder a uma presença tão numerosa de gente”, por esta ocasião.

A paróquia de São João Batista da Foz do Douro, no Porto, celebra o santo popular com uma Missa presidida pelo bispo diocesano, ao fim do dia, onde inclui elementos dos festejos tradicionais, como o manjerico e a cascata. “Quando se entra nesta igreja cheira a manjerico”, referiu o pároco da Foz do Douro.

Para o cónego Rui Osório, a Igreja Católica tem de incluir nos seus ambientes “pequenos pormenores”, porventura de “origem mais profana do que sacra”, para “estabelecer com normalidade a aliança entre o profano e o sagrado”. “Não vou integrar o aspeto religioso à força, 

 

mas queremos dar uma ambiência religiosa, sem forçar”, sustentou o pároco da Foz do Douro.

O antigo jornalista do “Jornal de Notícias” lembrou que a Igreja Católica “deixou os santos populares um bocadinho ao abandono”, considerando que São João foi o “mais abandonado”.

Para D. António Francisco, bispo do Porto, “a Igreja tem de viver a expressão da alegria, ser uma Igreja de gente feliz, que sabe viver com dignidade, respeito e exuberância também a alegria e a festa” e “aprender com os seus santos”. “A alegria é uma dimensão da fé”, afirmou.

O bispo do Porto presidiu à celebração em honra de São João Batista na igreja da Foz do Douro, na tarde do dia 24 de junho, crismando os membros da comunidade que concluíram a respetiva preparação.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Presidente da República homenageou médico Daniel Serrão 

Bodas de ouro sacerdotais de D. Jorge Ortiga

 

 

Cardeais, não príncipes

 

O Papa Francisco presidiu no Vaticano ao quarto consistório do atual pontificado, para a criação de cinco cardeais, e desafiou os seus mais diretos conselheiros a “olhar para a realidade”, sem se julgarem “príncipes”. “Falo particularmente para vós, amados novos cardeais: Jesus segue à vossa frente e pede-vos que o sigais decididamente pelo seu caminho. Chama-vos a olhar para a 

 

 

realidade, não vos deixando distrair por outros interesses, por outras perspetivas”, declarou, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro.

“A realidade é a dos campos de refugiados, que às vezes lembram mais um inferno do que um purgatório; a realidade é o descarte sistemático de tudo o que já não é útil, incluindo as pessoas”, acrescentou.

 

 

 

 

 

O rito de entrega do barrete e do anel decorreu na Basílica de São Pedro, na véspera da festa de São Pedro e São Paulo. “[Jesus] não vos chamou para vos tornardes ‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’. Chama-vos para servir como Ele e com Ele, para servir o Pai e os irmãos”, disse o Papa aos novos cardeais.

Os novos cardeais são D. Jean Zerbo, arcebispo de Bamaco, Mali; D. Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, Espanha; D. Anders Arborelius, bispo de Estocolmo, Suécia; D. Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, vigário apostólico de Paksé, Laos; e D. Gregório Rosa Chávez, bispo auxiliar da Diocese de San Salvador, El Salvador, amigo e colaborador de D. Óscar Romero.

Francisco alertou para “os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e do terrorismo” e as “escravidões que não cessam de negar a dignidade, mesmo na era dos direitos humanos”.

A homilia partiu de uma passagem do Evangelho, sobre os discípulos, na qual se afirma que “Jesus seguia à frente deles”.

 

“Jesus caminha, decididamente, para Jerusalém. Sabe bem o que lá O espera [a crucifixão], tendo-o referido várias vezes aos seus discípulos. Mas, entre o coração de Jesus e os corações dos discípulos, há uma distância, que só o Espírito Santo poderá preencher”, disse Francisco.

A intervenção sublinhou que, ao longo do caminho, “os próprios discípulos estão distraídos por interesses não condizentes com a «direção» de Jesus, com a sua vontade que se identifica com a vontade do Pai”. “Que toda a nossa vida se torne serviço a Deus e aos irmãos”, concluiu.

O Colégio Cardinalício passa agora a contar com 53 cardeais eleitores criados no pontificado de Bento XVI e 19 no de São João Paulo II.

D. Juan José Omella, que saudou o Papa em nome dos novos cardeais, sublinhou na sua intervenção o facto de Francisco escolher representantes de Igrejas “geograficamente distantes”.

Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.

 

 

 

 

O rito de entrega do barrete e do anel decorreu na Basílica de São Pedro, na véspera da festa de São Pedro e São Paulo. “[Jesus] não vos chamou para vos tornardes ‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’. Chama-vos para servir como Ele e com Ele, para servir o Pai e os irmãos”, disse o Papa aos novos cardeais.

Os novos cardeais são D. Jean Zerbo, arcebispo de Bamaco, Mali; D. Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, Espanha; D. Anders Arborelius, bispo de Estocolmo, Suécia; D. Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, vigário apostólico de Paksé, Laos; e D. Gregório Rosa Chávez, bispo auxiliar da Diocese de San Salvador, El Salvador, amigo e colaborador de D. Óscar Romero.

Francisco alertou para “os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e do terrorismo” e as “escravidões que não cessam de negar a dignidade, mesmo na era dos direitos humanos”.

A homilia partiu de uma passagem do Evangelho, sobre os discípulos, na qual se afirma que “Jesus seguia à frente deles”. “Jesus caminha, decididamente, para Jerusalém. Sabe bem o que lá O espera [a crucifixão], tendo-o referido várias vezes aos seus discípulos. Mas, entre o coração de Jesus e os corações dos discípulos, há uma distância, que só o Espírito Santo poderá preencher”, disse Francisco.

A intervenção sublinhou que, ao longo do caminho, “os próprios discípulos estão distraídos por interesses não condizentes com a «direção» de Jesus, com a sua vontade que se identifica com a vontade do Pai”. “Que toda a nossa vida se torne serviço a Deus e aos irmãos”, concluiu.

O Colégio Cardinalício passa agora a contar com 53 cardeais eleitores criados no pontificado de Bento XVI e 19 no de São João Paulo II.

D. Juan José Omella, que saudou o Papa em nome dos novos cardeais, sublinhou na sua intervenção o facto de Francisco escolher representantes de Igrejas “geograficamente distantes”.

Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.

 

Francisco alertou para “os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e do terrorismo” e as “escravidões que não cessam de negar a dignidade, mesmo na era dos direitos humanos”.

A homilia partiu de uma passagem do Evangelho, sobre os discípulos, na qual se afirma que “Jesus seguia à frente deles”. “Jesus caminha, decididamente, para Jerusalém. Sabe bem o que lá O espera [a crucifixão], tendo-o referido várias vezes aos seus discípulos. Mas, entre o coração de

 

Menos horas de trabalho
para criar mais emprego

O Papa Francisco alertou no Vaticano para as consequências do desemprego na atual geração de jovens, enquanto os mais velhos têm de trabalhar “demasiado tempo”. “É por isso urgente um novo pacto social humano, um novo pacto social pelo trabalho que reduza as horas de trabalho para quem está na última estação laboral, para criar emprego para os jovens que têm o direito-dever de trabalho”, disse, ao receber os delegados da Confederação Italiana dos Sindicatos de Trabalhadores.

O Papa deixou críticas a uma economia de mercado que deixa de parte natureza social da empresa. “O capitalismo do nosso tempo não entende o valor do sindicato, porque se esqueceu da natureza social da economia, da empresa. Este é um dos maiores pecados”, declarou.

No encontro desta quarta-feira, Francisco citou São João Paulo II para defender uma “economia social de mercado” em vez de uma “economia de mercado”, denunciando a desigualdade salarial que afeta as mulheres e o trabalho infantil.

 

O Papa considerou “desumano” que os pais não tenham tempo para estar com os seus filhos, por causa do trabalho, e pediu “outra cultura”. “A vossa vocação é também proteger quem ainda não tem direitos, os excluídos do trabalho que estão excluídos também dos direitos e da democracia”, referiu aos delegados sindicais.

A intervenção apontou campos de ação para os sindicatos, que têm de lutar pelos “descartados do trabalho” e não só por quem já trabalha ou se reformou.

Francisco alertou para os perigos da corrupção no mundo sindical e pediu que a presença destes responsáveis se façam sentir “entre os imigrantes, os pobres que estão dentro dos muros da cidade”.

 

   

Festa com 36 arcebispos

O Papa Francisco denunciou no Vaticano o “silêncio” dos responsáveis internacionais perante casos de perseguição e discriminação dos cristãos. “Também hoje, em várias partes do mundo, por vezes num clima de silêncio – e, não raramente, um silêncio cúmplice –, muitos cristãos são marginalizados, caluniados, discriminados, vítimas de violências mesmo mortais, muitas vezes sem o devido empenho de quem poderia fazer respeitar os seus direitos sagrados”, disse, na homilia da Missa da solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo.

A celebração, marcada pela entrega dos pálios aos 36 novos arcebispos metropolitas, foi ocasião para que o Papa apresentasse uma reflexão sobre três palavras “essenciais” na vida dos cristãos, “confissão, perseguição, oração”.

Francisco convidou todos os participantes a confessar a sua fé, de forma decidida, questionando os que denominou como “cristãos de parlatório”, que conversam sobre “como andam as coisas na Igreja e no mundo”. A estes, precisou, contrapõem-se os “apóstolos em caminho, que confessam Jesus com a vida, porque o têm no coração”.

 

O Papa apresentou depois a oração como força que “une e sustenta, o remédio contra o isolamento e a autossuficiência que levam à morte espiritual”.

A festa dos padroeiros da cidade de Roma contou com uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), presidida pelo arcebispo Job, de Telmessos, num sinal de aproximação entre as duas comunidades.

A celebração começou com um momento de oração junto ao túmulo do apóstolo Pedro, primeiro Papa, e diante da estátua do santo no interior da Basílica do Vaticano.

Já no final da Missa, Francisco entregou o pálio aos 36novos arcebispos metropolitas, incluindo cinco do Brasil (arquidioceses de Aparecida, Sorocaba, Londrina, Aracaju e Paraíba) e um de Moçambique (Nampula).


 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

Mistério insondável de dor e amor

  Miguel Oliveira Panão   

  Professor Universitário   


Blog & Autor

 

Os acontecimentos no incêndio em Pedrógão Grande não nos deixam indiferentes. São catástrofes naturais onde questionamos o amor que podemos encontrar na natureza e onde está Deus.

Depois, quando não conhecemos aqueles que são vítimas, rezamos por eles, mas o coração não aperta. Mas quando os conhecemos… bom, é muito diferente. Foi o meu caso. Das famílias que faleceram eu conhecia bem o pai de uma delas e pude experimentar um pouco a dor da partida trágica de alguém mais próximo.

Antes de saber a notícia deste meu amigo tinha reflectido sobre como ser vítima de uma catástrofe natural é ser protagonista da história contingente do mundo… da pior maneira. E que esses que partiram ensinam-nos, com a sua própria vida, a estar sempre preparados para a possibilidade de um dia sermos nós também protagonistas.

Da contingência do mundo pode surgir algo de extraordinário como a espécie humana, assim como algo de trágico expresso na perda de vida humana. Encontrar o amor na natureza é possível através da contemplação do espetáculo da vida que se desenrola diante de nós. Mas episódios como este levam-nos a encontrar o sofrimento na 

 

 

 

natureza. E se houver quem seja vítima, maior se torna esse sofrimento. O mundo está repleto deste mistério insondável de dor e amor. E seja pela beleza ou pela tristeza, um maior relacionamento com o ambiente que nos circunda mostra-nos a importância de vivermos bem cada momento porque cada momento é único.

Depois, a questão sobre “onde está Deus”…

Por ocasião das chuvas na Madeira reflectia que o único lugar de Deus quando alguém parte, seja de que modo for, é nessa pessoa. Assim, se ela sofre, Deus sofre com nela. Se ela morre, Deus morre com ela. Quando dizemos que Jesus é Emanuel, o Deus-connosco, significa que está connosco em tudo, sobretudo nos momentos de maior dor, sofrimento e morte. Poderia ser algo que dizemos a nós próprios para encontrarmos consolo e sentido em eventos como este que não têm, mas não é assim.

Deus está mais próximo de nós, de 

 

que nós de nós próprios. Isso significa que nos conhece profundamente porque vive em nós e através de nós. Mais do que um pensamento belo, é uma experiência. Logo, num mês como este que antecede um período de férias, talvez seja o tempo ideal de nos prepararmos e, mais libertos dos compromissos de trabalho (porque às vezes não se consegue totalmente), procurarmos viver cada momento com a família, os amigos, ou simplesmente aqueles com quem nos cruzamos, com uma maior profundidade. Momentos profundos como os de encontro com Deus.

O que significa isso na prática? Muito simples. Amar. Amar sempre. Amar a todos. Ser o primeiro a amar. Amar mesmo quem não gostamos. Não percamos um só momento que seja, sem o viver por amor. Porque não há nada maior que podemos deixar quando chegar o nosso momento de partir como o quanto amámos à nossa volta. Esse é o verdadeiro e mais profundo legado de cada ser humano.

 

Dor, louvor e alerta

Na sua reunião anual, em Fátima, a 24 de junho de 2017, a Comissão Nacional Justiça e Paz, as Comissões Diocesanas Justiça e Paz e a Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos aprovaram a seguinte nota, a propósito da tragédia dos recentes incêndios

 

Ainda em período de balanço dos trágicos incêndios que ocorreram recentemente no nosso país, queremos, antes de mais, exprimir a nossa solidariedade na dor das famílias enlutadas e dizer que as temos presentes nas nossas orações, tal como cada uma das vítimas, a quem auguramos a felicidade eterna junto de Deus.

Queremos também exprimir o nosso louvor a todos os que abnegadamente se entregam à defesa de vidas e bens no combate a este e outros fogos, num testemunho de amor ao próximo que nunca é demais enaltecer.

E queremos ainda formular votos de que esta tragédia sirva de alerta para que situações semelhantes não venham a repetir-se. Não pode 

 

suceder outra vez o que tem sucedido anteriormente: que a emoção de momentos como este seja rapidamente esquecida e que a reflexão sobre as causas estruturais que levam a que os incêndios provoquem em Portugal danos até maiores do que em países com condições climatéricas idênticas também não se prolongue para além destes momentos e não se traduza urgentemente em ações concretas.

Os problemas com que se deparam as populações mais pobres e vulneráveis de um interior cada vez mais desertificado também não podem ser recordados apenas nestes momentos trágicos.

A política de ordenamento do território deve ser guiada por critérios de bem comum, o das gerações presentes e os das gerações futuras, critérios que devem sobrepor-se a interesses individuais ou de grupo.

Mais amplamente e no plano internacional, há que enfrentar as alterações climáticas que podem vir a intensificar a ocorrência de incêndios e a gravidade das suas consequências.

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vem certamente a propósito salientar os apelos do Papa Francisco (designadamente na encíclica Laudato sì) à promoção de uma ecologia integral (ambiental, humana e social) e a uma educação ecológica que implica uma verdadeira conversão. O património florestal a proteger 

 

 

é mais do que um recurso económico, faz parte daquele dom de Deus à humanidade que representa a criação, dotada de uma ordem, harmonia e beleza que cada um de nós deve respeitar, cultivar e desenvolver sem destruir. 

 

 

O Trabalho, as Tecnologias e a Robotização

  LOC/MTC   

  Movimento de  

  trabalhadores Cristãos  

 
 

O trabalho, que foi ao longo dos tempos fonte de alegrias, solidariedades e desenvolvimento social, foi também origem de escravatura, sofrimento, doença e morte. Mas o mesmo é hoje considerado um meio privilegiado de dignificação humana, de equidade e inclusão sociais.

Por isso “o mundo do trabalho é uma prioridade humana...é uma prioridade cristã”... o diálogo nos lugares de trabalho não é menos importante que o diálogo que fazemos dentro das paróquias”… “O trabalho é parto: são aflições para poder depois gerar alegria pelo que se gerou juntos”… “Se entregarmos o trabalho ao consumo, com o trabalho logo venderemos também todas as suas palavras irmãs: dignidade, respeito, honra, liberdade”...! Papa Francisco, no encontro com o mundo do trabalho em Génova, a 27 maio passado.

Isto significa que o trabalho é muito mais que um emprego, uma ocupação, ou uma produção. Humana e cristãmente, o trabalho deve tornar a pessoa feliz e conceder-lhe uma oportunidade singular de contribuir para o bem comum. Isto, em qualquer sector: na agricultura, na indústria, no comércio, nos serviços de cuidados e domésticos, na saúde, na educação, na cultura. Todo o trabalho deve proporcionar diariamente realização pessoal e comunitária.

As tecnologias, nas últimas décadas, vieram dar um grande contributo para que o trabalho seja executado com mais segurança, maior celeridade e melhor eficácia. E muitas pessoas têm beneficiado do resultado destas novas tecnologias. Por exemplo, 

 

 

   

a vida doméstica está mais facilitada pelas máquinas que lavam, secam, passam a ferro, cozinham, etc., libertando a mulher, em quem recaem mais vezes estas tarefas, a aceder a uma vida profissional ou dela não prescindir. Tem mais tempo para a vida familiar e conquistam independência económica.

E os avanços tecnológicos são também bem visíveis em muitas outras áreas, incluindo a saúde e a educação.

A indústria 4.0, designada pelo conjunto de novas tecnologias que envolvem a automação, a digitalização, a robótica e a inteligência artificial vem acentuar ainda mais este novo paradigma do mundo do trabalho, onde se produz em menos tempo maior quantidade de produto, reduzindo, porém a necessidade de trabalho e extinguindo imensos postos de trabalho. Produz-se mais com menos trabalhadores e com maior obtenção de lucros para os detentores dos meios de produção. A necessidade do trabalho humano é substancialmente reduzida e atiram-se imensas pessoas para o desemprego

As tecnologias e a robotização podem executar hoje tarefas mais duras e perniciosas para a saúde das pessoas? Podem reduzir no uso dos nossos

 

 recursos naturais e contribuir para melhorar o ambiente? Então deveriam ser aproveitados esses benefícios que a evolução tecnológica nos oferece em favor de todos, e não ser permitidos que esta mudança se reverta numa nova escravatura ou exclusão social.

Por isso é premente exigir, reivindicar e lutar para que os benefícios deste desenvolvimento revertam também para os trabalhadores e suas famílias. Duas das medidas a aplicar com mais urgência são: a redução dos horários de trabalho para que possamos desfrutar de mais tempo para a família, para a cultura, para participação cívica e para a espiritualidade; e melhor repartição da riqueza do trabalho, através dos salários e da contribuição fiscal para que se possa precaver uma proteção social mais eficaz, menos estigmatizante e mais inclusiva.

 

 

 

 

Que depois da cinza renasça a esperança

  José Carlos Patrício   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Nestas últimas semanas vimos de novo Portugal vestido de negro e de cinza, tocado pela voracidade das chamas que reclamaram a vida de dezenas de pessoas, e deixaram muitas outras feridas e sem nada.

O incêndio na região de Pedrogão Grande, já considerado o pior dos últimos 10 anos na Europa, tem de levar a uma reflexão séria acerca das medidas a tomar.

Em matéria de segurança, de prevenção, do cuidado com as nossas zonas verdes, com as nossas florestas, com as populações que vivem em zonas mais isoladas.

É também um apelo a cuidar das famílias mais diretamente tocadas por este drama, e neste campo, felizmente, o negro e a cinza estão a dar lugar à esperança pois mais uma vez, no pior dos acontecimentos vemos também o melhor da humanidade, na prática da solidariedade, na união de esforços.

Dar aos outros um pouco de nós, para que eles possam voltar a ter vida, para retomarem o seu caminho, é a aplicação prática do Evangelho, é fazer presente a ressurreição de Cristo, é deixar marca cristã no meio da sociedade.

Mas estes dias também têm sido um tempo de festa, com os santos populares e os seus arraiais, a música e a dança, as tradicionais sardinhadas.

Na minha terra, que tem como padroeiro São Pedro dos Grilhões, ainda me lembro de andar a saltar

 

 

 

 a fogueira na noite de folia, em rapaz claro porque agora um pai de família tem de ter outra compostura…

A preparação da festa em comunidade, o convívio e a alegria que se gera entre novos e menos novos, são momentos que não têm preço e que renovam a fé num mundo que hoje nos prega tantas (más) partidas.

 

E por falar em renovar, as férias estão quase aí e no caso da Agência ECCLESIA, está também no horizonte a mudança para uma nova casa.

Um novo espaço de trabalho mas onde teremos a mesma preocupação de sempre: levar até si toda a atualidade e informação, onde o Evangelho e a Humanidade são notícia.

 

   

Diáconos Permanentes? Já ouviu falar? Conhece algum? O Semanário ECCLESIA apresenta hoje um dossier especial, no 50.º aniversário da restauração deste ministério, pela mão do Papa Paulo VI, após decisão do Concílio Vaticano II. Testemunhos na primeira pessoa, reflexões pastorais e um percurso sobre a implementação e crescimento deste ministério em Portugal é o que pode encontrar nas próximas páginas.

O ministério do diácono permanente envolve alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas, bem como assistir o bispo e o padre nas missas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entre outras funções.

No caso dos candidatos ao diaconado permanente, esta é uma missão para toda a vida, a que podem aceder homens, incluindo os casados, com mais de 35 anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um tesouro difícil de reconhecer

 

O padre Manuel Ferreira de Araújo foi o primeiro diretor do Serviço Nacional do Diaconado Permanente, nos anos 80 do século XX. Um campo de empenho pessoal ao qual dedicou vários artigos na revista Lumen e a sua prova académica, na Universidade Católica, procurando vencer resistências e desperta sensibilidades para uma riqueza redescoberta e consagrada pelo Concílio Vaticano II, mas que demorou a fazer o seu caminho em Portugal.

 

Entrevista conduzida por

Luis Filipe Santos

 

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) – Foi um dos principais impulsionadores do Diaconado Permanente em Portugal, como nasceu esta sensibilidade para a restauração deste ministério?

Padre Manuel Ferreira de Araújo (MFA) – A Santa Sé insistia, junto da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), para que os países que 

 

 

 

 

não tinham ainda restaurado o Diaconado Permanente o fizessem. Perguntava a cada Conferência Episcopal as razões porque ainda não o tinham feito? Após este alerta, a CEP respondeu a esta solicitação vinda de Roma. Como o II Concílio do Vaticano restaurou o Diaconado Permanente era preciso mais empenho nesta área.

 

 

 

 

AE – Que razões apontou, na altura, a CEP para este atraso?

MFA – Isso desconheço. Só a Conferência Episcopal Portugal sabe…

 

AE – A primeira diocese a implementar o Diaconado Permanente foi Setúbal, seguida de outras que lhe seguiram o exemplo.

MFA – Setúbal deu o primeiro passo e outras entraram nessa dinâmica.

 

AE – Mais de meio século depois de encerrado o II Concílio do Vaticano, este ministério não está um pouco esquecido?

MFA – Fui nomeado como primeiro diretor do Diaconado Permanente em Portugal e saí na década de oitenta. Fui uma escolha de D. José Policarpo. Estava a viver em Lisboa porque estudava na Universidade Católica Portuguesa.

 

 

 

AE – Nesse périplo feito pelas dioceses encontrou entraves?

MFA – Havia de tudo… Como ainda existe atualmente. Na altura vi reações bastante diferentes nas várias dioceses. Umas acolheram bem, noutras o clero tinha bastante relutância em aceitar a restauração do diaconado permanente.

 

AE – Receio de perderem o protagonismo?

MFA – Talvez, devido aos acontecimentos históricos. Mas 

 

 

não tenho acompanhado a realidade do Diaconado Permanente.

 

AE – Alguns ainda pensam que o Diaconado Permanente é uma resposta à falta de vocações sacerdotais.

MFA – A questão não pode ser vista dessa forma. O diácono permanente não é para substituir o padre. A função do diácono permanente é exercer um ministério na Igreja que foi muito frutuoso no início.

 

 

 

   

 

AE – No entanto, hoje, é visto como aquele que ministra alguns sacramentos, esquecendo a dimensão socio-caritativa.

MFA – A função do diácono permanente passa pela dimensão socio-caritativa e a liturgia. O chamado serviço das mesas. O cuidar dos mais pobres. Foi aí que houve alguma dificuldade, em várias dioceses. No meu entender, os diáconos não deveriam estar e ficar em gabinetes diocesanos, mas andar mais no mundo do trabalho e no mundo daqueles que andam um pouco fora da Igreja. Devia ser aí o seu apostolado.

Tivemos pessoas que quiseram reduzir a função do diácono permanente a serviços de secretarias. Nunca defendi essa lógica…

 

AE – Como se explica que passado meio século ainda não se tenha redescoberto este valor?

MFA – É um problema pastoral. Algumas dioceses, como têm muito clero não querem o Diaconado Permanente. Todavia, eu sou da opinião de que sejam poucos ou 

 

muitos padres, o Diaconado Permanente faz parte da estrutura da Igreja.

 

AE – Alguns chegam a pensar que o diácono permanente é uma promoção do apostolado laical.

MFA – Essa também foi uma ideia sobre o qual lutei imenso. Muitas pessoas pensavam nessa promoção. O diaconado não é nada disso… Tivemos também exemplos, nalgumas dioceses, que queriam ordenar apenas ex-seminaristas. Nunca fiz nenhuma imposição, mas defendi sempre que se devia ordenar aqueles que estavam mais livres. Os leigos não precisam de ser promovidos, eles têm o seu papel na Igreja. 

 

 

 

A função do diácono permanente passa pela dimensão socio-caritativa e a liturgia. O chamado serviço das mesas. O cuidar dos mais pobres. 
 

 

 

 AE – Foi ordenado em agosto de 1967, dois anos após o encerramento do II Concílio do Vaticano, e tentou logo aplicar as normas emanadas deste acontecimento eclesial?

MFA – Procurei tentar aplicar o concílio. Mesmo passados 50 anos, o que é preciso é colocá-lo em prática. Há muita gente que diz que a Igreja tem de ir às fontes. Mas essas mesmas pessoas esquecem-se que o Diaconado Permanente é ir às fontes. O Diaconado Permanente é fundamental porque os padres têm dificuldade em penetrar nalguns campos de ação.

 

 

 

AE – Após a primavera florida, a dinâmica conciliar estacionou na primeira etapa?

MFA – Não digo que tenha parado, mas não se deu grande impulso e grande relevo aos documentos e ao conteúdo saído do II Concílio do Vaticano.

 

AE – Falta de divulgação?

MFA – Os documentos do concílio não foram muito lidos e muito menos estudados. É aí que falha bastante a formação do clero. Temos leigos que sabem muito sobre o concílio e expõem bem o conteúdo. Todavia, o espírito do concílio não foi bem continuado através dos tempos.

 

 

 

   

 

AE – A obra «O Ministério do Diácono Permanente» é fruto da investigação universitária feita na UCP.

MFA – Foi o trabalho de licenciatura na Universidade Católica em Lisboa. Na defesa da tese tive alguns problemas. Peripécias um pouco tristes.

 

AE – O júri não defendia a restauração do Diaconado Permanente?

MFA – O problema, diziam eles, não estava no Diaconado Permanente, mas no estatuto de presbítero. O ministério não é poder, mas serviço, exercício, humildade, simplicidade

 

 

 e obediência. Eles diziam que era necessário vincar mais uma certa independência do presbítero. Um dos elementos do júri disse-me: “O senhor está a prestar um frete aos bispos”. Dos quatro elementos do júri, só um é que compreendeu.

 

AE – Mesmo depois destas peripécias, continua a acreditar que o Diaconado Permanente tem futuro da Igreja.

MFA – Sim. Completamente. Toda a Igreja tem de pensar no valor deste ministério. 

 

 

Diaconado Permanente
tem sido uma riqueza

 

O bispo de Coimbra ordenou 17 novos diáconos permanentes para a diocese e destaca a importância deste ministério, não só para a Igreja Católica local mas para todas as comunidades católicas do país. Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes, que até este ano assumiu a presidência da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, considera que o diaconado 

 

 

permanente “está a ser uma riqueza” para a Igreja em Portugal, “porque completa o leque de formas, meios, carismas, de ministérios que ela propõe para este tempo”.

Um tempo marcado em muitas paróquias, unidades pastorais ou arciprestados do país por uma grande escassez de sacerdotes ou por um clero envelhecido. “As nossas comunidades estão ávidas, estão 

 

 

 

 

sedentas de pastores”, realça D. Virgílio Antunes, que no caso dos 17 diáconos permanentes agora ordenados acredita que eles vão ser “pedras importantes” para a “promoção da ação da Igreja no território”.

Em primeiro lugar, junto das comunidades atualmente sem pároco, pois há “na diocese um mundo muito vasto de lugares onde não é possível celebrar-se a eucaristia, mesmo em muitas igrejas paroquiais”, salienta o bispo. Depois em áreas como a evangelização e a catequese de adultos, numa região onde “uma grande camada da população deixou de ser crente, de estar ligada à Igreja, de ser praticante”.

Todo o trabalho a desenvolver será feito “sempre em ligação com um ou vários sacerdotes”, com especial enfoque também no serviço litúrgico, “na presidência dos batismos, dos matrimónios, das exéquias cristãs onde não é possível estar um presbítero”, e ainda na “ação social, caritativa, de apoio aos pobres”.

A figura do diácono permanente, o primeiro grau da ordem do ministério ordenado, surgiu nos primórdios do cristianismo como uma vocação de serviço à comunidade e viu o seu papel ser reforçado com o Concílio Vaticano II.

 

O bispo de Coimbra realça a importância de reforçar junto da comunidade cristã que “todos têm um lugar, em que todos são corresponsáveis na Igreja Católica, cada um à sua maneira e de acordo com a sua vocação”. “Sem os leigos, sem o povo de Deus a trabalhar ativamente, algumas comunidades já não tinham possibilidade de estar vivas. Esse caminho felizmente tem-se vindo a fazer e este dia é o culminar desse caminho realizado”, aponta D. Virgílio Antunes.

O bispo de Coimbra presidiu este domingo à ordenação de dois padres, um diácono em preparação para o sacerdócio e 17 diáconos permanentes, num “dia feliz” em que destacou a importância das comunidades católicas no surgimento destas vocações. “Há muito tempo que não vivíamos um dia tão grande e tão feliz como este. O dom de 18 diáconos e dois presbíteros para o serviço da Igreja faz-nos exultar no Senhor e refazer a fé e a confiança no seu amor”, disse D. Virgílio Antunes, na homilia da celebração. 

 

 

O «bichinho de servir» e uma história de «conversão» que ligou Brasil e Portugal

Albano Nogueira Rosário redescobriu a vocação depois de, em jovem, ter frequentado o Seminário dos Salesianos. É um dos 17 diáconos permanentes que foram ordenados no domingo pelo bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, na Sé Nova da diocese.

“Abandonei o Seminário a determinada altura, mas este bichinho de servir ficou-me cá dentro e chegou a altura em que o Senhor me voltou a chamar”, conta o novo diácono.

O diaconado permanente, que está aberto a homens casados depois de cumprirem 35 anos de idade, é na sua génese uma missão de serviço à comunidade, na liturgia, na caridade, na evangelização e catequese, e vem desde os primórdios da Igreja Católica.

Com o Concílio Vaticano II, e mais concretamente com a publicação em 1967 da carta apostólica “Sacrum diaconatus ordinem”, do Papa Paulo VI, o diaconado permanente viu a sua função reforçada e mais enquadrada.

Na Diocese de Coimbra, a par de praticamente todas as dioceses do país, tem havido uma aposta efetiva neste ministério, até para suprir

 

 

 as carências existentes ao nível das vocações sacerdotais.

“Espero servir o povo de Deus naquilo que me compete, o melhor possível”, refere o diácono Albano Rosário, que vem da Paróquia de São João Batista, é casado e pai de duas filhas, uma de 24 e outra de 21 anos, e de um rapaz de seis anos.

 “A minha formação demorou cinco anos, foi um percurso difícil, porque conciliar a vida profissional, a vida familiar, mas fez-se com espírito de serviço”, salientou.

Entre os novos diáconos permanentes da Diocese de Coimbra está também André Alves, que esteve na ordenação acompanhado pela mulher e os quatro filhos.

Advogado de profissão e residente no Pombal, este novo diácono tem a particularidade de ter nascido no Brasil.

“Nasci em São Paulo, mas de uma família que emigrou para São Paulo há muitos anos atrás, de Trás-os-Montes, aqui de Bragança. Deus converteu-me lá e chamou-me aqui ao ministério para servir o povo de Deus aqui em Portugal, que há 12 anos já é a

 

 

 

minha terra de eleição e o meu país do coração”, conta o diácono André Alves.

Sobre o que o fez enveredar por esta vocação, destaca “um desejo muito forte de servir a Deus no próximo, sobretudo naqueles que mais sofrem”, no trabalho pastoral mas também no seu ambiental profissional, enquanto advogado.

“Nós somos chamados a exercer a nossa diaconia na nossa profissão, no nosso estado civil, e no meu caso sou advogado e tenho que exercer os valores da virtude, da caridade e da justiça”, aponta o novo diácono permanente, que não esquece a 

 

 

importância do trabalho em conjunto “com os sacerdotes” e de “rezar por novas vocações sacerdotais, que são tão necessárias à Igreja”.

Todos os 17 novos diáconos permanentes da Diocese de Coimbra vão começar por exercer funções na sua paróquia de origem.

No final da celebração na Sé Nova, no dia 25 de junho, que incluiu também a ordenação de dois novos padres e de um diácono em preparação para o sacerdócio, D. Virgílio Antunes adiantou que vai ser aberto mais um curso para diáconos permanentes, no próximo ano.

 

 

«Servir o melhor que posso sempre» - Adelino da Silva Carvalho

 

Adelino da Silva Carvalho é diácono permanente na Diocese do Porto, foi ordenado há 25 anos, a 26 de abril de 1992. Em declarações à Agência ECCLESIA, conta que se apresentou ao bispo da altura porque sentiu que o chamamento de Deus.

“Ninguém me convidou, senti que Deus me chamava e apresentei-me ao bispo para esse serviço. Fui admitido para a formação, a Igreja ordenou-me e continuo a servir o melhor que 

 

 

posso sempre. Gosto muito”, disse Adelino da Silva Carvalho.

O diácono permanente contou que tem “sempre presente” uma intenção no seu serviço e que está em “tudo” o que exerce: “Senhor que seja para a vossa glória e para nossa salvação.”

“Considero a minha ordenação diaconal, uma bênção muito especial para mim e para a minha família”, revela aos 64 anos (19 de junho 1953).

Adelino da Silva Carvalho sentiu o 

 

 

 

chamamento ao serviço diaconal aos 35 anos. Era Ministro Extraordinário da Comunhão e animava as celebrações no canto em várias paróquias para tornar as Missas “mais festivas, alegres e participativas por parte do povo”.

Atualmente, serve as paróquias de Constance e de Vila Boa de Quires, em Marco de Canaveses, e São Martinho de Recezinhos, em Penafiel, entre outras quando é solicitado.

“É um compromisso”, observa, explicando que colabora na pastoral da família e é responsável pelo Cenáculo – “devoção e culto 

 

a Nossa Senhora - os primeiros sábados de cada mês”, em Constance.

“Presidi ao casamento dos três filhos e batizei os três netos”, conta o entrevistado.

Em 25 anos já presidiu a funerais, outros batizados e casamentos. Bênçãos e celebrações da Palavra são outros serviços a que é chamado “em representação do pároco” porque “não pode estar em todo o lado”.

Adelino da Silva Carvalho é professor da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, com “horário completo e anual na Escola São Martinho do Campo em Santo Tirso”, 

 

 

 

 

 

mas no chamamento ao diaconado “tinha apenas a 4.ª classe”.

“A partir dali comecei a fazer o Curso de Teologia e, em simultâneo, a formação académica, senti a necessidade de aprofundar mais os conhecimentos”, acrescenta.

Neste contexto, recorda que profissionalmente era motorista de autocarro na Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, onde já tinha sido cobrador “bastantes anos”, e também trabalhou como metalúrgico.

A experiência do mundo, da realidade da vida, da família, do trabalho, “enriquece” o diácono permanente e é uma “mais-valia no trato e no relacionamento com as pessoas”, auxiliando os sacerdotes nas “dificuldades de dialogar, aproximar”.

A 26 de abril de 1992, quando foi ordenado aos 39 anos, já estava no 11.º ano e depois do secundário foi para a Universidade Católica Portuguesa fazer o Curso de Ciências Religiosas. Regressou mais tarde à faculdade, “porque sentia a necessidade de melhor formação”, para o mestrado na mesma área e fez uma especialização em “educação em ensino especial”.

“Sentia essa falta de formação que para mim é fundamental porque para 

 

 

se servir tem de se saber servir”, desenvolve o diácono permanente, sublinhando que a formação para a ordenação diaconal “é um aspeto muito importante” e considera que, no mínimo, devia ser necessário Licenciatura em Teologia ou em Ciências Religiosas.

O diácono permanente é “um colaborador do bispo”, como também são os sacerdotes, por isso, na sua missão sente-se “enviado em nome do bispo, da Igreja”. É também “o primeiro colaborador” dos párocos e está ao seu “lado a ajudar”.

“Hoje a vida é muito diferente” para Adelino da Silva Carvalho, “mais ativa, apesar de trabalhar muito” antes da ordenação o domingo era “dia sagrado, de descanso, louvor, convívio” e só “trabalhava quando era obrigado pelo serviço”.

O diácono permanente da Diocese do Porto destaca ainda a importância da família que o acompanha na missão de servir a Igreja Católica, nomeadamente a esposa que o acompanha “sempre que pode”.

“Vamos sempre juntos de Ermesinde para o Marco, para Penafiel, conversamos, convivemos”, explicou, realçando a importância desse “apoio, da presença da esposa”.

 

 

A «vontade de agradecer» pelo serviço como diácono permanente

 

“Isso é quase um livro”, começa por afirmar Vasco d'Avillez sobre o porquê de ser diácono permanente e como surgiu o convite “já tarde” na sua vida, aos 64 anos. No mundo profissional é ‘Personalidade do Ano no Vinho’ e como crente vai ser ordenado este domingo, dia 2 de julho, para estar ao serviço da Diocese de Lisboa.

 

 

“Surgiu ao fim de anos de uma vida de seguimento de Cristo mas um bocadinho de alheamento, havia a missa ao domingo, não havia muito mais do que isso e comecei a perceber que ao meu lado tudo corria muito bem e que era necessário de alguma forma agradecer”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.

 

 

 

 

 

“Já tarde na minha vida”, recorda, surgiu o convite para Vasco d'Avillez ser diácono permanente, há mais ou menos 6 anos.

“Tinha 64 anos, que é mais do que a idade que prevista, foi preciso que na altura D. José Policarpo autorizasse a minha entrada para este curso. Ele autorizou com muito gosto para mim”, observou.

A ordenação está marcada para o próximo domingo, dia 2 de julho, às 16h00, no Mosteiro dos Jerónimos. A Eucaristia vai ser presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que vai ordenar mais três diáconos permanentes e ainda seis presbíteros.

Segundo o entrevistado “a primeira grande força” para o caminho que empreendeu “é a vontade de agradecer” porque “a vida tem sido fantástica” e é ótimo agradecer. Depois, surge também a ideia de “ser útil, de servir dentro da comunidade”.

O serviço, realça Vasco d'Avillez, é algo que já fazia no seu trabalho do dia-a-dia e depois do convite do anterior pároco era “só uma questão de fazê-lo também nas coisas de Deus”.

Para futuro diácono permanente era preciso estudar “um bocadinho mais”, afinal, as bases foram “trabalhadas 

 

anos antes, durante muito tempo” e por “um grande amigo”, que o vai ordenar diácono permanente, e com quem estudou no Colégio de São João de Brito, em Lisboa, e foi também conselheiro espiritual da sua equipa de casal durante mais de 20 anos.

“Foram mais momentos de chegar à conclusão que havia necessidade nossa, de casal, de dizer obrigado, da parte da Igreja de contar com pessoas do mundo do dia-a-dia, pelo seu serviço”, acrescentou.

Desde janeiro de 2011 que Vasco d'Avillez é o presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa mas está “disposto a abdicar já no fim” do ano civil do seu trabalho para dedicar-se “inteiramente” à nova missão porque “há necessidade na paróquia de mais duas mãos e dois braços e duas cabeças”.

Os últimos cinco anos foram de estudo, exames, onde esteve também presente a vida de família. Os netos, por exemplo, a “provocarem, constantemente, por causa dos exames” para saberem quais as notas que o avô tinha e eles “tinham sempre notas melhores”.

O especialista destaca também a comunidade que vai começar a servir ainda mais que “apoiou muitíssimo 

 

 


 

esta caminhada”, desde o antigo pároco, que o propôs ao diaconado permanente e “está agora em Belas”, e o que foi para Sintra que “tem apoiado muitíssimo”.

A ordenação vai ser só o “fim desta primeira parte”, assinala Vasco d'Avillez que fez uma pausa no “retiro fantástico” que está a fazer para conversar com a Agência ECCLESIA. “Com muita margem à nossa cabeça  

 

para pensar e ir ao encontro destas traves mestras da nossa atividade como ordenados”, acrescentou sobreo período de reflexão que está a ser orientado pelo padre Jesuíta Vasco Pinto Magalhães.

Na vida do futuro diácono permanente “mudou muita coisa no dia-a-dia” porque tem mais tempo para a Igreja e para aqueles que precisam: “Aprofundar este conhecimento de 

 

 

 

 

 

Deus faz-nos ficar mais disponíveis, mais dedicados ao serviço.”

“Estar aberto a ser eu quem faço o lava-pés todos os dias, a todos os que precisarem”, frisou.

Para além dos padres serem poucos e os trabalhos na Igreja não terem fim, o diaconado permanente é importante para a Igreja Católica, “sobretudo”, pela “especialização” que vai ser ganha, afinal, “é mais fácil chegar a certas pessoas, casos, vidas diferentes das da maioria” se for uma pessoa “casada, com filhos com netos”.

“Como se fala do controlo da natalidade, do planeamento familiar. É mais difícil para um padre falar disto aos casamentos que esteja a orientar do que a um diácono permanente que experimentou e vive estas coisas”, exemplificou.

Vasco d'Avillez frisa que “mais duas mãos são sempre uma ajuda enorme” e é nessa disposição que vai trabalhar “mais a fundo com a paróquia” mas está “ao serviço da diocese” estando “sempre disponível para ir”.

A disponibilidade faz-se em casal e com a esposa, Mary Anne d'Avillez, perceberam que pode existir “menos 

 

tempo para jantar com os amigos mais vezes” porque a Igreja precisa deles “mais vezes”.

“A minha mulher que é muito exigente foi preciso conversarmos muito e ela perceber que também tinha um lugar neste novo trabalho. Há um papel para ela que é da família do diácono que é importante”, desenvolveu, relembrando que “a família acolheu muito bem, a família toda,” o novo serviço.

Neste contexto, recorda ainda que foi em casal, com o prior e mais sete casais, que fundaram um CPM - Centro de Preparação para o Matrimónio, têm um movimento chamado ‘Conversas sobre Deus’: “É em casal, não é só o diácono permanente, é eu e a Mary Anne.”

Vasco d’Avillez é a ‘Personalidade do Ano no Vinho’, no âmbito dos prémios ‘Os melhores do ano 2016’, da revista Wine. Em 2015, foi agraciado com a Comenda da Ordem do Mérito Agrícola pelo então presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. O percurso profissional no setor vitivinícola começou em 1970 como chefe do Serviço de Relações Públicas da J.M. da Fonseca Internacional Vinhos.

 

 

Diaconado permanente

Um ministério ordenado para o serviço da Igreja no mundo

- excerto em pré-publicação da obra “Portugal Católico - A Beleza na diversidade”, a editar brevemente pelo Círculo de Leitores -
(…)

O diácono serve para servir a comunidade: no serviço da palavra, no serviço da liturgia, no serviço da caridade.

Esta é a identidade própria do diácono que não precisa de ver relativizado o seu ministério ordenado em relação a outros ministérios ou a aspetos conjunturais da Igreja para o ver compreendido. Num momento em que se fala do papel futuro do diaconado na Igreja, num tempo em que foi instituída uma comissão pelo Papa para estudo do diaconado feminino, num momento em que frequentemente se tematiza o diaconado como apoio à resolução do problema da insuficiência de presbíteros para as necessidades da Igreja, importa não perder o norte em relação à identidade do diácono. Como dizia, há quase 20 anos, D. João Alves, então presidente da 

 

Conferência Episcopal Portuguesa, nas I Jornadas Nacionais do Diaconado Permanente, parece ser importante ultrapassar uma “visão actual muitas vezes incompleta e até incorrecta. (...) os diáconos existem não porque faltam padres, mas porque são necessários à Igreja. (…) os diáconos devem existir na Igreja, repito, para que esteja completa a sua orgânica sacramental e ministerial” (CECSV, 1999, 10). Numa asserção que se ouve, em contexto eclesial, com alguma facilidade e felicidade de síntese, os diáconos não são “nem padres de segunda, nem leigos de primeira”; tão pouco são “párocos suplentes ou uma espécie de padre”. Pressente-se nestas e noutras palavras a afirmação de que, sendo sinal de renovação eclesial, o diaconado não pode ser disso o inverso e ser fator de reforço de clericalização da Igreja. Pressente-se o apelo a que nesse sentido desenvolva esforços toda a Igreja: leigos, religiosos, presbíteros, bispos e, no cimo da lista, os próprios diáconos. O diaconado tem uma 

 

 

 

 

 

 

 

identidade própria. Ele é ministério ordenado para o serviço, fazendo na comunidade o que, à imagem dos primeiros tempos, possa libertar os pastores para o que ministerialmente só eles podem fazer; têm, ademais, os diáconos outra particular especificidade: serem ministério ordenado no mundo, com uma possibilidade única de penetração 

 

 

da Igreja ministerial ordenada onde, regra geral, ela não está se não for por eles.

Os diáconos permanentes, enquanto agentes eclesiais, serão sempre seres de relação na Igreja: com o bispo de quem filialmente dependem e a quem prometeram obediência; com os sacerdotes a quem devem lealdade e com quem trabalham estreitamente;

 

 

 

 

 com os leigos a quem também servem alegremente, com quem rezam e a quem animam na fé; com a família que não pode ser descurada nem por si, nem pelas instâncias responsáveis de acompanhamento do diaconado, quer na formação inicial quer durante o exercício do ministério; com os outros irmãos diáconos, com quem são convidados a constituir colégio na Igreja; com o 

 

mundo onde trabalham e vivem para ser sinal de testemunho e instrumento de chamada.

Parece ser indesmentível que hoje, como ontem, se jogam diferentes e importantes aspetos na vida do diaconado permanente em Portugal (e na Igreja Universal): um melhor conhecimento teológico do ministério, uma melhor divulgação do ministério, um maior empenhamento no 

 

 

 

desenvolvimento do ministério no contexto da vida das comunidades. Talvez estes tempos, com tudo o que eles encerram, sugiram ser ocasião de uma nova etapa do diaconado permanente em Portugal. Perguntamo-nos se teremos de aguardar que essa ocasião seja gerada pela Igreja universal, no quadro de uma reflexão eclesiológica mais alargada, ou se ela poderá ser feita desde logo e aqui, com base na experiência de diaconado permanente vivida na atual realidade da Igreja 

 

em Portugal. Independentemente da melhoria a fazer na divulgação do ministério, na aprendizagem e nas adaptações a serem feitas pelos diferentes agentes ministeriais e na definição a fazer pelos órgãos responsáveis, entrevê-se necessária ação e não apenas reflexão. Essa é uma exigência premente que decorre do imperativo de cuidar da Igreja do Senhor e da eficácia da sua presença em Portugal e no mundo.

 

Diácono Fernando Magalhães

 

 

 

De 4 a caminho dos 400

A 8 de dezembro de 1984 foram ordenados dos primeiros quatro diáconos permanentes em Portugal. Foi em Setúbal, uma diocese jovem, pela iniciativa do seu primeiro bispo, D. Manuel da Silva Martins. Desde então, esse número multiplicou-se quase por 100, um dinamismo que se verifica também a nível internacional: de acordo com os últimos dados divulgados pela Santa Sé, o maior crescimento nos vários grupos analisados pelo ‘Annuarium Statistitcum Ecclesiae' refere-se aos diáconos permanentes, com um aumento de 33,5%, passando de 33 mil para quase 45 mil, apenas numa década.

Os diáconos permanentes são agentes pastorais de maior relevo, sobretudo na América do Norte, onde atuam 64,49% dos diáconos permanentes do mundo, e na Europa, onde trabalham 32,6%. “A dinâmica destes agentes não é certamente devido a razões temporárias e contingentes, mas parece expressar novas e diferentes  

 

 

opções na apresentação da atividade de difusão da fé”, refere o Vaticano.

Em Portugal, esse crescimento pode ser constatado numa comparação das últimas duas viagens papais. Aquando da viagem de Bento XVI (2010), havia nas dioceses nacionais 212 diáconos permanentes, número que em 2017, na visita do Papa Francisco, já era de 360 e continua a crescer. Um aumento superior a 70%, em menos de uma década.

 

 

 

 

O português António Rebelo Lopes, um emigrante de 57 anos a residir em França há mais de 20 anos, foi ordenado diácono permanente em outubro de 2016, na Catedral de Notre-Dame, em Paris. O diácono é natural da localidade de Argozelo, no Concelho de Vimioso, pertencente à Diocese de Bragança-Miranda.

 

 

 

 

 

 

 

A Diocese do Porto celebra em abril de 2017 o jubileu dos 25 anos de ordenação dos primeiros diáconos permanentes da região. Numa carta pastoral enviada à Agência ECCLESIA, os bispos do Porto destacam o diaconado permanente como “uma bênção e um desafio de ministério e de missão para toda a Igreja” e dão “graças a Deus pelo dom da vida” de todos aqueles que, ao logo deste tempo, têm correspondido a este chamamento, no meio das comunidades.

Na Diocese do Porto, os primeiros 18 diáconos permanentes foram ordenados no dia 26 de abril de 1992 pelo então bispo diocesano D. Júlio Tavares Rebimbas.

 

 

 

Diáconos permanentes nas dioceses portuguesas - http://www.anuariocatolicoportugal.net/lista_diaconos.asp

  • Algarve: 6 diáconos
  • Angra: 5 diáconos
  • Aveiro: 38 diáconos
  • Beja: 10 diáconos
  • Braga: 10 diáconos
  • Bragança-Miranda: 7 diáconos
  • Coimbra: 29 diáconos
  • Évora: 13 diáconos
  • Guarda: 17 diáconos
  • Funchal: -
  • Lamego: 2 diáconos
  • Leiria-Fátima: -
  • Lisboa: 82 diáconos
  • Portalegre-Castelo Branco: 13 diáconos
  • Porto: 86 diáconos
  • Santarém: 17 diáconos
  • Setúbal: 12 diáconos
  • Viana do Castelo: -
  • Vila Real: 3 diáconos
  • Viseu: 10 diáconos

 

 

 

 

A Diocese de Leiria-Fátima vai avançar com a preparação e formação de diáconos permanentes, sendo que os primeiros candidatos deverão ser ordenados a partir do final de 2020. A instituição do diácono permanente na referida diocese foi feita através de decreto pelo bispo, D. António Marto, a 13 de julho de 2016. No documento, o prelado apelava “à oração de toda a diocese para esta iniciativa, ao aprofundamento da teologia deste ministério ordenado e à promoção de uma oportuna catequese aos fiéis sobre a vocação dos diáconos”.

 

 

 

A Diocese do Porto celebra em abril de 2017 o jubileu dos 25 anos de ordenação dos primeiros diáconos permanentes da região. Numa carta pastoral enviada à Agência ECCLESIA, os bispos do Porto destacam o diaconado permanente como “uma bênção e um desafio de ministério e de missão para toda a Igreja” e dão “graças a Deus pelo dom da vida” de todos aqueles que, ao logo deste tempo, têm correspondido a este chamamento, no meio das comunidades. Na Diocese do Porto, os primeiros 18 diáconos permanentes foram ordenados no dia 26 de abril de 1992 pelo então bispo diocesano D. Júlio Tavares Rebimbas.

 

 

 

 

 

O bispo de Santarém colocou nove diáconos permanentes no ano pastoral de 2016-2017, para exercerem o seu ministério “em estreita colaboração com os respetivos párocos”.

D. Manuel Pelino sublinha que os diáconos permanentes são nomeados para determinadas comunidades, mas “poderão ser chamados a colaborar nalguns serviços pastorais da Vigararia ou noutras paróquias, em cooperação com os sacerdotes responsáveis”.

O bispo de Santarém pediu em particular que os diáconos permanentes procurem “dar testemunho do Evangelho no meio familiar, profissional e social”, “participar ativamente na pastoral familiar” e “colaborar zelosamente na organização e no exercício evangélico da caridade”. Em particular, o prelado sublinhou a importância da “pastoral das exéquias”, designadamente no apoio espiritual e humano das pessoas que sofrem o luto.

 

 

 

 

 

 

Sacrum Diaconatus Ordinem
50 anos de história

 

A 18 de junho de 1967 era assinado o Motu Proprio ‘Sacrum Diaconatus Ordinem’, do Papa Paulo VI, a carta apostólica com a qual se promulgava a restauração do diaconado permanente na Igreja Latina, segundo decisão tomada no Concílio Vaticano II.

“Será muito bom que se ponha em evidência a própria natureza desta Ordem, que não deve ser considerada como simples grau para ascender ao sacerdócio, mas recebe tal riqueza

 

 

 

 pelo seu carácter indelével e pela sua graça particular que aqueles que a ele são chamados podem dedicar-se de modo estável aos «mistérios de Cristo e da Igreja»”, escrevia o beato italiano.

A decisão sobre a restauração nas várias dioceses foi confiada às Conferências Episcopais territoriais, com a aprovação do Sumo Pontífice.

 

 

 

 

 

 

 

 

As funções do diácono

a) assistir durante as ações litúrgicas, o Bispo e o presbítero em tudo quanto lhe compete, segundo as prescrições dos diferentes livros rituais;

b) administrar solenemente o Bapismo e suprir as cerimónias omitidas no Batismo, quer a crianças quer a adultos;

c) conservar a Eucaristia, distribuí-la a si mesmo e aos outros, levá-la como viático aos moribundos e dar ao povo, com a píxide, a bênção do Santíssimo Sacramento;

d) assistir à celebração dos matrimónios e abençoá-los em nome da Igreja, por delegação do Bispo ou do Pároco, quando não houver sacerdote;

 

e) administrar os sacramentais, presidir aos ritos do funeral e da sepultura;

f) ler aos fiéis os livros da Sagrada Escritura, e ensinar e exortar o povo;

g) presidir às orações e ofícios do culto, quando não estiver presente um sacerdote;

h) dirigir as celebrações da palavra de Deus, sobretudo quando não houver sacerdote;

i) desempenhar, em nome da hierarquia, as obrigações de caridade e de administração, assim como as obras sociais de assistência;

j) dirigir legitimamente, em nome do Pároco e do Bispo, as comunidades cristãs dispersas;

l) promover e ajudar as atividades apostólicas dos leigos.

 

 

Em grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram impostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio mas ao ministério». Pois que, fortalecidos com a graça sacramental, servem o Povo de Deus em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da Liturgia, da palavra e da caridade. É próprio do diácono, segundo for cometido pela competente autoridade, administrar solenemente o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimónio em nome da Igreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura. Consagrados aos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os diáconos da recomendação de S. Policarpo: «misericordiosos, diligentes, caminhando na verdade do Senhor, que se fez servo de todos».

Lumen Gentium, 29

 

 

E-Museu Do Património Imaterial

http://www.memoriamedia.net/

 

Esta semana a minha sugestão passa por uma visita atenta ao sítio do “MEMORIAMEDIA e-Museu de Património Imaterial”. Este projeto tem como grandes objectivos a “recolha e difusão da literatura tradicional / oral / popular e de todas as formas de manifestação desta cultura – tradicionais e contemporâneas – enquanto parte do património imaterial, nacional e universal da humanidade”.

Fundamentado na necessidade urgente de “identificar, registar, preservar e divulgar um património que está em risco de se perder: os contos, as lendas, os provérbios, as lenga-lengas e demais expressões da cultura oral; o “saber-fazer” de antigos artesãos, da pequena indústria tradicional e do comércio tradicional;  

 

os costumes e ritos que ainda se manifestam em quotidianos da esfera profissional, familiar e social das populações.”

Ao entrarmos neste “e-museu” temos diversos destaques, nomeadamente com a lista das atualizações mais recentes. Na opção “expressões orais”, dispomos de uma quantidade enorme de vídeos catalogados por regiões de Portugal, onde o seu conteúdo é o registo em formato audiovisual de relatos da memória do nosso povo na primeira pessoa.

Em “saber fazer”, encontramos um manancial de registos de “conhecimentos e modos de fazer enraizados no quotidiano das comunidades”, que vão desde os saberes tradicionais (fazer o pão, criar um burro, benzer o pão, fazer palhetas, etc.) aos apetecíveis sabores tradicionais.

 

 

  

 

No item “celebrações”, dispomos do registo de “rituais e festas que marcam a vivência colectiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e outras práticas da vida social”.

Em “práticas performativas” somos convidados a aprofundar mais as áreas da música, da dança e do teatro “como práticas performativas comunitárias que se manifestam periódica ou esporadicamente”.

Resultante do trabalho das “práticas e representações desenvolvidas por comunidades no decurso da 

 

sua interação com meio ambiente” entramos no item natureza e universo.

Por último é possível ainda aceder ao repositório de acervos em vídeo de entidades e particulares. Para isso clique em “outros autores”.

De facto este sítio é um veículo extraordinário de afirmação da identidade nacional e de aproximação das populações às suas raízes, permitindo assim perpetuar a memória de um país.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

Cáritas com Portugal
abraça vítimas dos incêndios

As circunstâncias dramáticas e a dimensão dos estragos causados pelos vários incêndios que nos últimos dias atingiram o nosso país, levaram a Cáritas Portuguesa a avançar com uma campanha de apoio às vítimas. Esta campanha teve início no passado dia 19 de junho, com a abertura de uma conta solidária, bem como com uma recolha de bens que se estendeu a todo o território nacional e que fez chegar a Pedrógão Grande milhares de bens necessários na última semana.

A Cáritas Portuguesa, junto com a Cáritas Diocesana de Coimbra, que conta com uma equipa de mais de 50 pessoas no terreno, tem estado a 

 

acompanhar todos os desenvolvimentos e a trabalhar junto das populações mais afectadas.

A campanha “Cáritas com Portugal Abraça as Vítimas dos Incêndios” vai prolongar-se até ao dia 17 de julho, recolhendo fundos que se destinam a apoiar a recuperação de casas ou empresas, reposição de postos de trabalho, alimentação de gado, entre outras necessidades identificadas. Até agora, a rede Cáritas disponibilizou uma verba de 445.000,00€ para apoio imediato às populações mais afectadas.

Ler mais: 
www.caritas.pt/apoiaportugal/

 

 

 

 

Cáritas assinala Dia Mundial do Refugiado com vídeo sobre a sua acção no âmbito das migrações e refugiados

 

 

Junho/julho 2017

30 de junho

*Encerramento do concurso escolar «Centenário das Aparições de Fátima» promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

 

*Fátima - Reunião do Serviço de Ambiente e Construções do Santuário de Fátima

 

*Algarve - Tavira (Biblioteca Municipal) - Tertúlia sobre «Papa Francisco - A Revolução Imparável?» com a presença de Joaquim Franco e Maria Luísa Francisco.

 

Dia 01 de julho

*Açores - Ilha das Flores - Ordenação presbiteral de Jacob Vasconcelos na Ilha das Flores.

 

*Porto - Ação de formação e lançamento do novo ano escolar dos professores de EMRC da Diocese do Porto.

 

*Aveiro – Anadia - Encontro dos professores de EMRC da Diocese de Aveiro com D. António Moiteiro.

 

*Lamego - Seminário Maior - Conselho Diocesano de Pastoral

 

*Fátima - Reunião do Secretariado Nacional da Pastoral do Ensino Superior com a presença de D. Joaquim Mendes

 

*Beja - Sines (auditório da Administração do Porto de Sines) - Prémio do Festival «Terras sem Sombra» distingue maestro Alberto Zedda e iniciativas em Portugal e na Alemanha

 

*Fátima - Peregrinação da Família Espiritana ao Santuário de Fátima (01 e 02)

 

*Porto - Casa de Vilar - Jornadas de verão para catequistas e educadores da fé com o tema «Alegria do encontro com Jesus Cristo» (01 e 02)

 

*Coimbra - Festas da Rainha Santa Isabel (01 a 04)

 

*Covilhã - O Museu de Arte Sacra da Covilhã promove atividades lúdicas para crianças e jovens (01 a 31)

 

 

 

 

*Fátima - Iniciativa «Fátima 2017 - Tu és livre?» promovida pela «Casa do Jovem» do Santuário de Fátima. (01 a 03 setembro)

 

Dia 02 de julho

*As dioceses católicas portuguesas fazem peditório nacional a favor das vítimas dos incêndios na região centro do país

*Lamego – Sé - Ordenações presbiterais na Diocese de Lamego

 

*Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos - Ordenações presbiterais e de quatro diáconos permanentes presididas por D. Manuel Clemente.

 

Dia 03 de julho

*Porto - Centro Paroquial de Ferreira - Sessão do ciclo «A Alegria do Amor no Cinema»

 

*Beja - Santiago do Cacém - XII Clericus Cup, torneio de futsal para padres portugueses. (03 a 06)

 

*Bragança – Vimioso - A Juventude Eucarística Franciscana (JEF) vai realizar a sua primeira missão pastoral na Unidade Pastoral Senhora da Visitação, no Concelho de Vimioso, na Diocese de Bragança-Miranda. (03 a 07)

 

 

*Porto - Gondomar (Paróquia de São Cosme) - Semana missionária e sacerdotal em Gondomar (03 a 09)

 

Dia 05 de julho

*Lisboa – UCP - A Faculdade de Teologia, a Faculdade de Ciências Humanas e o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa organizam, de 05 a 07 de julho, o «Summer School 2017» que tem como tema «Humanização e cuidado. Da arte de cuidar».

 
 

 

II Concílio do Vaticano: Primórdios da restauração do Diaconado Permanente

 

O II Concílio do Vaticano (1962-65) procurou, desde o início, ser um concílio pastoral. Apesar de não desprezar as questões mais dogmáticas, este acontecimento convocado pelo Papa João XXIII fez um esforço enorme para responder às ansiedades concretas da Igreja atual. Era fundamental que os padres conciliares dessem normas práticas para a Igreja ajudar na transformação das realidades terrestres. Nesta lógica transformadora, o Diaconado Permanente recebeu os seus efeitos benéficos.

Tendo como base o livro «O ministério do Diaconado Permanente» da autoria do padre bracarense Manuel Ferreira de Araújo, lê-se que, desde 1950, se fazia um “estudo sério acerca do ministério diaconal e de modo mais eficiente de o poder viver em Igreja”. Na hora de olhar para os primórdios da restauração do Diaconado Permanente, este ministério, como estável e permanente, “deixara de existir, permanecendo somente como grau para o presbiterado”, lê-se na obra citada anteriormente.

A ideia da restauração do Diaconado Permanente é anterior à II Guerra Mundial (1939-45), mas só após este flagelo é que na Alemanha, devido a situações concretas “começa a ideia a tomar corpo”. Os padres Otto Pies e Schamoni como também Joseph Hornef levados por “uma necessidade prática e pastoral, pela falta de clero, são despertados para estes problemas”, vendo como uma das soluções a restauração do Diaconado Permanente.

 

 

 

 

Em 1953 é publicado o primeiro trabalho sobre o Diaconado Permanente, com o título «Ordonner Diacres des pères de famille», da autoria de Schamoni. A segunda etapa desta dinâmica pré-conciliar sobre o assunto nasceu, em 1956, no Congresso Internacional de Pastoral Litúrgica, realizado em Assis (Itália), no qual “se pediu a restauração do Diaconado Permanente, por razões de situações históricas da Igreja”, escreveu o padre Manuel Ferreira de Araújo. A ideia andava no ar… E os anos seguintes foram janelas primaveris para a restauração deste ministério.

Quando, em 1959, o Papa João XXIII 

 

pensa na realização do II Concílio do Vaticano, a ideia desta restauração não estava alheia ao pensamento do sucessor de Pedro. Após esta data, a revista «Nouvelle Révue Théologique», assim como a Cáritas, sobretudo a alemã, desenvolveram neste campo um papel extremamente positivo. Será, todavia, em 1962, que sai uma obra de conjunto, “sem dúvida, a de maior valor sobre o Diaconado Permanente em que Karl Rahner é o seu principal responsável, com H. Vorgrimler, intitulada «Diakonia in Christo». Um desbravar da estrada até à restauração do Diaconado Permanente.

 

 

Em 1953 é publicado o primeiro trabalho sobre o Diaconado Permanente, com o título «Ordonner Diacres des pères de famille», da autoria de Schamoni. A segunda etapa desta dinâmica pré-conciliar sobre o assunto nasceu, em 1956, no Congresso Internacional de Pastoral Litúrgica, realizado em Assis (Itália), no qual “se pediu a restauração do Diaconado Permanente, por razões de situações históricas da Igreja”, escreveu o padre Manuel Ferreira de Araújo. A ideia andava no ar… E os anos seguintes foram janelas primaveris para a restauração deste ministério.

Quando, em 1959, o Papa João XXIII pensa na realização do II Concílio do Vaticano, a ideia desta restauração não estava alheia ao pensamento do sucessor de Pedro. Após esta data, a revista «Nouvelle Révue Théologique», assim como a Cáritas, sobretudo a alemã, desenvolveram neste campo um papel extremamente positivo. Será, todavia, em 1962, que sai uma obra de conjunto, “sem dúvida, a de maior valor sobre o Diaconado Permanente em que Karl Rahner é o seu principal responsável, com H. Vorgrimler, intitulada «Diakonia in Christo». Um desbravar da estrada até à restauração do Diaconado Permanente.

 

   

Junho e julho são meses de muitas festas. Também as que acontecem por ocasião de ordenações diaconais ou presbiterais. No dia 1 de julho acontecem na Ilha das Flores, Diocese de Angra, e no dia 2 em Lamego e em Lisboa, pelo menos!

 

Dia 1 e 2 de julho os Missionários Espiritanos peregrinam ao Santuário de Fátima. Um encontro que celebra dois jubileus: os 100 anos das Aparições e os 150 anos da presença em Portugal.

 

Nos mesmos dias e também em Fátima, a ‘Casa do Jovem’ so Santuário vai promover a iniciativa de verão ‘Fátima 2017 - Tu és livre?’ que visa oferecer a “oportunidade” dos jovens refletirem e “assumirem” a dimensão da “liberdade”, que “não é muito explorada na mensagem”. A iniciativa repete-se ao fim de semana até 2 e 3 de setembro.

 

Este sábado, 1 de julho, há muitos outros eventos de Norte a Sul de Portugal: a reunião dos secretariados de Pastoral Universitária, a atribuição do Prémio do Festival Terras Sem Sombra e o encontro de professores de EMRC de Aveiro com o bispo diocesano.

 

Em Coimbra, começam este sábado as festas em honra da Rainha Santa Isabel

 

Entre os dias 3 e 6 de julho, 100 padres estão convocados para uma celebração especial. Não é litúrgica, mas desportiva: decorre em Santiago do Cacém o XII Clericus Cup, um torneio de futsal.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo, 2 de julho, 13h30 - Livros e autores: propostas no início do verão

 

Segunda-feira, dia 3 de julho, 15h00 - Cursos da Faculdade de Teologia da UCP. Propostas para 2017/2018

 

Terça-feira, dia 4 de julho, 15h00 - Informação e entrevista a Ângela Roque, sobre o livro "Gente feliz com fé".

 

Quarta-feira, dia 5 de julho, 15h00 - Informção e entrevista a José Luís Nunes Martins sobre o livro "Pilar - 83 histórias em torno do Amor"

 

Quinta-feira, dia 6 de julho, 15h00 - Informação e comentário à atualidade

 

Sexta-feira, dia 7 de julho, 15h00  -  Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com a Irmã Luísa Almendra e o padre Nélio Pita

 

Antena 1

Domingo, 2 de julho, 6h - Ordenações sacerdotais em Viseu
 
Segunda a sexta-feira, 3 a 7 de julho, 22h45 - Ordenações sacerdotais e Seminário.

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 13.º Domingo do Tempo Comum 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Seguir Cristo na partilha com os irmãos
 
 

Celebramos este 13.º Domingo do Tempo Comum após uma série de solenidades e festas ao longo do mês de junho: Ascensão, Pentecostes, Santíssima Trindade, Corpo e Sangue de Cristo, Sagrado Coração de Jesus, Nascimento de São João Baptista, São Pedro e São Paulo.

Neste domingo comum, depois de tantos dias marcados pela excelência da festa e da solenidade, sabe bem ouvir o essencial da nossa caminhada como discípulos de Jesus Cristo, no quotidiano da nossa existência.

É disso que trata o Evangelho de hoje: define o caminho do discípulo, capaz de fazer de Jesus a sua opção fundamental e seguir o seu mestre no caminho do amor e da entrega da vida; sugere que toda a comunidade é chamada a dar testemunho da Boa Nova de Jesus; promete uma recompensa àqueles que acolherem com generosidade e amor os missionários do Reino.

O projeto de Jesus implica uma adesão incondicional ao Reino, à sua dinâmica, à sua lógica. Trata-se de uma opção radical, abraçada com convicção, a tempo inteiro e a fundo perdido, de modo sério e consciente. Não é um projeto em que se vai estando, sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição.

Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Não quer dizer que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos. Significa que os laços afetivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do Reino.

Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida.

 

 

 

A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao Reino e à sua dinâmica faz-nos pensar na nossa pastoral, que pode cair na tentação de facilitar as coisas, de não ser exigentes. Às vezes, parece que interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus.

Cada um é livre de escolher e aceitar ou não o convite de Jesus. Escolher caminhar o mais perto possível de Cristo é tomar com Ele o caminho

 

 da Cruz, jogando a vida sob o registo da fé e do amor. Uma decisão em contradição direta com o espírito do mundo. A Pessoa de Jesus Cristo exige adesão fiel e testemunho verdadeiro nos espaços que vamos habitando na Igreja e no mundo.

Neste domingo em especial somos convidados a ser solidários, com a nossa oferta, com todas as vítimas dos dramáticos incêndios no nosso país. Na partilha com os irmãos, estamos a seguir Cristo ao serviço do próximo. Não adiemos os nossos gestos solidários!

 

 

 

Um novo pensamento teológico
sobre Fátima

 

O presidente da Comissão Organizadora Congresso Internacional “Pensar Fátima”, que terminou este sábado, afirmou que o povo “é o sujeito principal de Fátima” e disse que o debate de quatro dias desafia a um novo “pensamento teológico”.

“O povo, seja especificamente como povo de Deus, seja num sentido mais vasto, é o sujeito principal de 

 

 

Fátima e a primeira mediação do que possa ser considerado sobre um fenómeno revelador”, afirmou João Duque na sessão de encerramento do congresso.

“Deus é o sujeito através do povo e no povo”, salientou.

Para João Duque, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, a simplicidade 

 

 

 

 

com que Deus fala à humanidade, “culta ou inculta”, confunde “as pretensões dos arrogantes” e a todos coloca na comum situação de “pertença a uma condição de procura, de vulnerabilidade, de peregrinos”.

Para o presidente da Comissão Organizadora, o Congresso desafia a “pensar as várias categorias do pensamento teológico a partir do povo, nomeadamente a mariologia e a eclesiologia”.

Alfredo Teixeira, também professor da UCP, afirmou que a peregrinação constitui a “emergência autónoma de uma identidade religiosa nova que é a identidade do peregrino” “A peregrinação pedestre favorece uma correlação entre a experiência de si como corpo e como interioridade” e é “uma experiência de encontro pessoal, favorecida pela experiência do caminho”, realçou, no último dia Congresso Pensar Fátima.

Para o antropólogo, “os que peregrinam também são hoje diferentes”, porque se apresentam "mais equipados” e “associam a caminhada a uma certa competência desportiva”.

O historiador António Matos Ferreira abordou, por sua vez, a relação entre ‘Fátima e Roma’, entre o santuário 

 

mariano e os Papas. Se em Portugal, “a autoridade eclesiástica” desde cedo realizou um caminho de “convergência” com Fátima, à medida que esta se foi tornando “um polo importante para os crentes católicos”, em relação a Roma a questão está na “maneira como foi sendo valorizada e potenciada a mensagem de Fátima”, disse à Agência ECCLESIA.

“Sempre houve uma grande reticência à questão do segredo, o que colocava muito as aparições de Fátima num campo de natureza milenarista, messiânico”, mas isto foi sendo ultrapassado graças à noção de que este local de culto teria muito a dizer quanto à “reformulação da universalidade” da Igreja Católica, apontou o historiador.

A sessão de encerramento do Congresso Internacional “Pensar Fátima” contou com a participação dos dois responsáveis pelas entidades promotoras, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, e o diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, padre João Lourenço.

 

 

A Mensagem de Fátima e os novos pastorinhos

 

O presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), da Santa Sé, disse que a mensagem de Fátima é “de paz”, “pelos últimos” e para os “novos pastorinhos”, os que encontram "túmulos de água” no Mediterrâneo. “É uma mensagem de vida, uma mensagem pela paz, uma mensagem pelos últimos, para novos e tantos 

 

 

«pastorinhos» que estão no mundo e que são, por exemplo, as crianças que vêm da África para a Europa e tantas vezes encontram túmulos de água no mar Mediterrâneo”.

O presidente do CPC fez a conferência de encerramento do Congresso Internacional que durante quatro dias analisou o tema ‘Pensar Fátima’.

 

 

Para o cardeal italiano, é necessário ir além do conhecimento vago da mensagem de Fátima, transmitida numa aparição, afirmando que se trata sobretudo de uma “mensagem de vida, uma mensagem de paz”. D. Gianfranco Ravasi sustentou que “um grande contributo para o conhecimento da mensagem de Fátima foi dado pelo Papas.

“O último, Papa Francisco, fez de tal forma que os que sabiam vagamente sobre o que era Fátima, soubessem mais em concreto”, recordou.

“Temos de fazer com que a mensagem de Fátima seja proposta também aos indiferentes, aos que não creem para agitar a consciência, e aos crentes para estejam prontos a colocar-se 

 

ao serviço da justiça, da verdade, da paz e da oração, reencontrando a união da alma com o mistério, com o divino”, afirmou.

O presidente do CPC considera Fátima uma “espécie de semente que é colocada no terreno da história”, cheio de pedras “manchadas pelo sangue da história”, tanto o das guerras mundiais, como o da atualidade. “A palavra de Fátima é uma palavra contra o mal, contra o pecado, contra a violência e uma palavra sobretudo de luz, de esperança de paz, de compromisso por parte de todos os cristãos e de todos os homens e mulheres por um mundo diferente”, sustentou em declarações aos jornalistas.

 

Servitas de Fátima

O presidente da República Portuguesa agraciou a Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima como Membro Honorário da Ordem do Mérito, numa cerimónia no Palácio de Belém. O sítio online da Presidência da República informa que o presidente da direção Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima recebeu as insígnias atribuídas por Marcelo Rebelo de Sousa, esta segunda-feira, no Palácio de Belém.

“[Representa] uma responsabilidade e será um estímulo para nos mantermos sempre humildes e fiéis à nossa missão”, disse Pedro Santa Marta, em declarações divulgadas pelo Santuário de Fátima.

A Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima foi fundada há 93 anos e colabora ativamente com o santuário mariano no acolhimento aos peregrinos, especialmente aos doentes, e na divulgação e vivência da mensagem de Fátima.

 

 

Capturada pelos jihadistas, Cristina, 6 anos, voltou a casa 3 anos depois

Lágrimas de felicidade

No dia em que os últimos cristãos estavam a ser expulsos de Qaraqosh, uma menina de apenas 3 anos de idade foi retirada à força dos braços de sua mãe. Foi a 22 de agosto de 2014. Desde então, nada mais se soube dela. Agora, já com seis anos, Cristina foi devolvida à família. Muitos falam em milagre.

Houve festa em Erbil, no campo dos refugiados, quando no passado dia 9 de junho, Cristina, uma menina cristã de seis anos de idade, foi devolvida à sua família. Houve festa, mas também lágrimas e muitas orações. O regresso da criança foi saudado por todos como se de um verdadeiro milagre se tratasse. A mãe de Cristina, Aida Hanna, de 46 anos, conseguiu finalmente sorrir. Foram três anos em que o seu rosto se transformou numa máscara de dor, de sofrimento. Agora, porém, tudo mudou. Nesse dia 9 de junho, Aida não conseguiu mais esconder a felicidade do reencontro com a sua filha, que um jihadista arrancou dos seus braços no dia 22 de Agosto de 2014. “Todos os dias o pai de Cristina rezava o Rosário pelo seu

 

 

 regresso”, atesta o padre Ignatius Offy, que acompanha a comunidade cristã refugiada na região de Erbil. Também ele considera, em declarações à Fundação AIS, que a libertação da menina “é um milagre divino”. O regresso da menina, já com seis anos, provocou uma enorme comoção no campo de refugiados de Ashti, no norte do país, onde vivem muitos dos cristãos obrigados a fugir de suas casas perante a ofensiva jihadista nesse ano de 2014. “Ver a minha filha é um milagre”, disse Aida, poucos instantes depois de ter estado com ela de novo ao fim destes três anos de sofrimento. “Mas fiquei assustada, porque ela mudou muito e não a reconheci.”

 

O que aconteceu

Mas regressemos a esse dia trágico de 22 de Agosto de 2014. Mãe e filha estavam já a abandonar a cidade de Qaraqosh. Com elas estava também o marido de Aida, Jadder, e os outros filhos. A região ia ficar, a partir dali, sem cristãos. À saída da cidade, havia uma barreira militar imposta pelos jihadistas. Todos tinham de passar 

 

 

 

por lá. Foi então que aconteceu. Eram nove e meia da manhã. Aida levava ao colo a menina quando um jihadista olhou para ela e, simplesmente, arrancou-a dos seus braços. De nada valeram os gritos, os protestos, as lágrimas já enrouquecidas. A menina ficava. Eles tinham de partir. O reencontro permitiu agora refazer o resto da história. A criança foi encontrada, perdida, sozinha e em lágrimas junto a uma mesquita em Mossul em agosto desse ano de 2014. Uma família muçulmana acolheu-a e tratou dela até agora. Entretanto, com grande parte de Mossul libertada das mãos dos jihadistas, milhares de pessoas aproveitaram a oportunidade e fugiram também. Foi assim que a família que acolheu a menina saiu de Mossul e conseguiu entregá-la, sã e salva, aos seus pais e irmãos. Cristina regressou mas sabe-se que há ainda muitos cristãos – mulheres, crianças e homens – cativos nas mãos dos jihadistas. E agora, que vai acontecer? Tal como a família de Cristina, mais de 120 mil cristãos foram forçados a abandonar as suas casas quando os jihadistas conquistaram um vasto território no norte do Iraque no Verão de 2014. A casa de Cristina, na aldeia de Bajdida, em Qaraqosh, foi destruída. E agora? A sua família vive em Erbil, num contentor

 

 

 transformado em habitação. Sem trabalho, sem recursos, qual vai ser o futuro desta menina, o futuro desta família? Aida continua a chorar. Agora, são lágrimas de felicidade. Mas, se nada mudar, depressa se transformarão em lágrimas de desespero…

Paulo Aido | www-fundacao-ais.pt

 

Cabo Verde, terra de paz e gente boa

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Cabo Verde, para mim, é sempre terra de gentes queridas. Posso dizer que conheci Cabo Verde fora de portas. Para ser mais claro, conheci o Cabo Verde da diáspora, pois encontrei os primeiros caboverdianos da minha vida nas lides pastorais por terras da Cruz Quebrada, nas periferias de Lisboa. Guardo ainda amigos desses velhos tempos de há 30 e tal anos, naquelas encostas do Alto de Santa Catarina. Ali, o povo vivia mal, mas mantinha o seu coração enorme e feliz, entre a cachupa que se confeccionava e as mornas e coladeiras que se dançavam a ritmos que só os corpos caboverdianos conseguem dançar a sério!

Muitos anos mais tarde, tive o privilégio de conhecer Cabo Verde em Cabo Verde. Desloquei-me a este país lusófono para coordenar o melhor possível um projeto de Voluntariado Missionário, a ‘Ponte 2002’, dos Jovens Sem Fronteiras. E como tinha Missionários Espiritanos nas Ilhas de Santiago, Maio e Santo Antão, visitei-os todos e fiz uma reportagem sobre a Missão Espiritana em Cabo Verde. Ali encontrei um povo feliz e hospitaleiro, sempre de braços abertos para acolher, apesar das reais dificuldades por que passam para viver o seu dia a dia com dignidade.

Uns meses mais tarde, acompanhei uma dúzia de Jovens Sem Fronteiras à Calheta de S. Miguel para o tal projeto ‘Ponte’. Foi um mês de sonho, na interação com crianças, jovens e adultos desta comunidade paroquial tão dinâmica. Os jovens portugueses vieram de lá com uma marca que não se apagou até hoje, ano em que os JSF regressam

 

 

 

 

para outra experiência de Missão por terras da Calheta.

Fui, depois, a Cabo Verde várias vezes, sobretudo para orientar Retiros ou participar em Ordenações de Padres Espiritanos. A última visita foi em 2015 para moderar o I Capítulo do Grupo dos Espiritanos, entretanto tornado independente de Portugal. Voltei a encontrar uma Igreja forte 

 

e um povo lutador contra ventos e marés, a investir num desenvolvimento sustentado e na cimentação da democracia que se torna exemplo para muitos países da vizinhança continental.

Que este caminho já andado rumo à democracia plena e ao respeito integral pelos direitos humanos faça de Cabo Verde um modelo, uma referência.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair