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Octávio Carmo |
PCB@LX «Portugal Católico» |
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Foto de capa: DR
Foto da contracapa: DR
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Bom Pastor Estrada da Buraca, 8-12 1549-025 LISBOA Tel.: 218855472; Fax: 215849514. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Recomeço letivo com sentido
José Luis Gonçalves | Octávio Carmo| Lígia Silveira | Manuel Barbosa | Tony Neves | Paulo Aido |
Educar, comunicar, criar |
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Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
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O lugar do “eu” na era das redes sociais está, como é comummente aceite, em profunda mutação. A missão dos que fazem parte da última geração analógica e têm de educar filhos que não “nativos digitais” nem sempre é fácil e torna-se particularmente complexa pela ausência de uma memória comum, neste campo. A forma como se comunica - sistematicamente, por impulso, quase por compulsão - e se procura uma hiperestimulação constante afeta profundamente as relações na família, na escola, na Igreja, na sociedade enquanto um todo. Há pouco tempo para ponderar os efeitos do que se diz, do que se comenta, do que se mostra, muito menos há tempo para medir o impacto dessa ação sobre o outro e admitir vagamente, sequer, que a proporcionalidade entre o que tenho a dizer |
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e o impacto negativo dessa afirmação pessoal pode justificar, afinal, o silêncio. Já antes manifestei preocupação com a evidente “trincheirização” do espaço público, no qual se valoriza cada vez mais o volume em detrimento do conteúdo, o ruído em vez da substância e as circunstâncias em vez da verdade. As posições são extremadas, o discurso é feito por norma a partir do papel de vítima e o diálogo torna-se impossível com o “opressor”, o “inimigo”. |
Por outro lado, neste tempo, é cada vez mais difícil superar o tradicional preconceito do "não-produtivo". Dizia Fernando Alves, numa recente entrevista, que “andamos todos apressados a olhar para a floresta quando precisamos de tempo para contemplar as árvores”. Não é só no mundo jornalístico, mas é sintomático. Falta valorizar o tempo de parar, pensar, refletir, criar. O tempo que nos torna capazes de dar, de significar e não apenas de produzir. |
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A igreja de São Tiago Apóstolo, na região de Puebla, testemunha a dureza do terramoto que atingiu o México, e que causou mais de duzentos mortos |
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- “Os meus pensamentos estão com as vítimas, os seus familiares e todos aqueles que foram afetados por este sismo”, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, numa mensagem enviada ao povo mexicano
- “Estar na organização da Igreja sem conversão é dramático. Porque a certa altura temos pessoas que dão-se mal, criam mau ambiente, em todas as paróquias, nos movimentos. O que é que se passa? Não há conversão!”, D. José Traquina, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana
- “Continuamos, a nível de Igreja e a nível de pastoral, muito presos às normas aos constrangimentos, às regras. Os jovens, mais do que ninguém, procuram viver o amor sem esses constrangimentos e daí as opções que hoje se verificam, por coabitação, por casamentos fora da Igreja Católica”, Paulo Francisco, psicólogo (Rádio Renascença)
- “Permitam-me dizer com toda a clareza que o abuso sexual é um pecado horrível, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja nos ensinam”, Papa Francisco. |
Votar em políticas que defendem a família
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O Secretariado Nacional da Pastoral Social dedicou o seu encontro anual em Fátima ao tema “Família e transformação social” e à encíclica ‘A Alegria do Amor’ do Papa Francisco, para reforçar o debate sobre os problemas das famílias. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor do SNPS, padre José Manuel Pereira de Almeida, salienta que “ninguém se pode resignar às circunstâncias como se elas fossem uma fatalidade” |
e cabe aos cristãos recorrerem a todas as ferramentas que têm à disposição, sejam elas pastorais ou mesmo “políticas”. “Nós também temos que apoiar os políticos que defendem posições que nos parecem ser mais favoráveis à transformação do mundo tal como o concebemos”, apontou o sacerdote. Na encíclica “A Alegria do Amor”, o Papa Francisco aborda questões como a fragilidade das famílias, o trabalho, |
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a educação dos filhos, a importância de preservar o valor da família e a dignidade das pessoas, perante a atual conjuntura social, económica e cultural. “Não é que nós tenhamos agora uma verdade no bolso para a exportar, é perceber que os desafios são mesmo para levar adiante. Não vivemos já no mundo que sonhamos mas é nesse sentido que temos que ir, de um mundo mais junto e mais fraterno, com tempo para as pessoas, onde os números valham menos do que a dignidade de cada um”, frisa o padre José Manuel Pereira de Almeida. No âmbito dos seus encontros anuais, o SNPS tem apostado na publicação em parceria com a Editorial Cáritas, das reflexões e debates retirados dos documentos do Papa. Depois da publicação, em 2016, do primeiro volume do ‘Pensamento Social do Papa Francisco’, subordinado ao tema “A dimensão social do anúncio do Evangelho. Desafios do Papa Francisco”, foi lançado esta quarta-feira o segundo volume, dedicado à encíclica ‘Laudato si – Cuidado pela Casa Comum’. |
A apresentação esteve a cargo do professor Juan Ambrósio, especialista em Teologia da Universidade Católica Portuguesa, para quem a encíclica ‘Laudato si’ faz parte de “uma estratégia”, de um “itinerário” que tem sido definido ao longo do pontificado do Papa argentino. Sobre a encíclica ‘A Alegria do Amor’, que dominou os trabalhos deste ano, Juan Ambrósio considera-a uma síntese dos dois documentos anteriores, em ordem à “transformação do mundo”. “Qual é a realidade humana que simultaneamente habita a comunidade eclesial e a comunidade humana e que pode, portanto, pautar esta transformação da Casa Comum? É a família!”, conclui aquele responsável. O encontro anual do Secretariado Nacional da Pastoral Social, que decorre até esta quinta-feira no Steyler Fátima Hotel, conta com a participação de cerca de 300 pessoas inscritas, entre responsáveis e representantes de Cáritas diocesanas, Misericórdias, centros sociais, conferências vicentinas e outras instituições do setor. |
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Bispo de Viseu apresentou renúncia e espera decisão do Papa
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O bispo de Viseu apresentou ao Papa a sua renúncia ao cargo, por motivos de saúde. A informação foi confirmada à Agência ECCLESIA pelo próprio D. Ilídio Leandro, de 66 anos, que aguarda agora a decisão de Francisco. O responsável ainda não atingiu a idade prevista para a resignação (75 anos), mas o Direito Canónico pede aos bispos diocesanos que apresentem a sua renúncia em casos de “precária saúde” (cânone 401, §2). D. Ilídio Leandro foi ordenado bispo a 23 de Julho de 2006, depois de ter sido nomeado por Bento XVI como sucessor de D. António Marto na Diocese de Viseu. |
O bispo promoveu a partir de 2010 um Sínodo Diocesano, cujas conclusões foram apresentadas em 2016 como “a base para os planos pastorais dos próximos 10 anos”. D. Ilídio Leandro nasceu a 4 de dezembro de 1950, em Rio de Mel, Distrito e Diocese de Viseu; terminados os estudos em Filosofia e Teologia, no Seminário Maior de Viseu, recebeu a ordenação sacerdotal a 25 de dezembro de 1973, na Catedral de Viseu. Na Conferência Episcopal Portuguesa, D. Ilídio Leandro é atualmente vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família. |
Diocese de Coimbra projeta ação até 2020 |
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O programa pastoral da Diocese de Coimbra até 2020 quis envolver todas as comunidades na preparação do “futuro” da Igreja Católica na região, que terá como grandes desafios a evangelização, a espiritualidade e a reorganização das suas estruturas. Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, realça a importância de cada pessoa, de cada cristão, ser “parte ativa no processo de dinamização e ação pastoral, e não simplesmente recetor de um conjunto de ideias, princípios ou perspetivas elaboradas por outros, em qualquer gabinete”. “E no que diz respeito a este próximo triénio, definimos três objetivos fundamentais que decorreram dessa consulta ao povo de Deus”, apontou o prelado. O programa pastoral 2017-2020, da Diocese de Coimbra, foi tema central na jornada de formação pastoral do clero que decorreu terça e quarta-feira no Seminário Maior de Coimbra. No que diz respeito à organização, D. Virgílio Antunes salienta “este é o primeiro plano pastoral que assume”, de forma “pública e oficial”, a “realidade” das unidades pastorais (conjuntos de paróquias) que estão a ser implementadas na diocese. |
Problemas como “a diminuição do número de sacerdotes” e “de habitantes em muitas regiões”, e desafios como o do diaconado permanente, que é uma “realidade emergente”, recente, e que na opinião do bispo de Coimbra, “precisa de um enquadramento mais vasto do que o de uma paróquia”. Por outro lado, numa diocese onde a ideia é chamar cada vez mais os cristãos à participação, seja na evangelização dos “já batizados” ou “dos que nunca tiveram contacto com Cristo”, seja no “enraizamento com o Espírito”, na “vida de encontro com Deus”, a aposta em unidades pastorais vem dar às pessoas a noção de que “são parte de uma realidade maior do que a sua terra”. |
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Diocese de Aveiro evocou D. António Francisco dos Santos
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Jornadas Missionárias 2017
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Os conselhos do Papa para a sua vida
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Desta vez é verdade. Se encontrou nas redes sociais um longo texto em que o Papa se parece dirigir a si por ‘tu’, com vários conselhos sobre a vida, aconteceu mesmo. Foi esta quarta-feira, na audiência geral, em que Francisco apresentou um verdadeiro ‘hino’ à esperança, convidando ao |
respeito pela história de cada pessoa e à capacidade de acreditar mesmo perante as dificuldades.
“Não penses nunca que a luta que travas aqui e agora é totalmente inútil. No fim da existência não nos espera o naufrágio: Em nós palpita uma |
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semente de absoluto. Deus não desilude: se colocou uma esperança nos nossos corações, não foi para a dececionar com contínuas frustrações. Tudo nasce para florir numa eterna primavera. Deus também nos fez para florescermos. Lembro-me daquela conversa, quando o carvalho pediu à amendoeira: ‘Fala-me de Deus’. E a amendoeira floriu”.
“Ama as pessoas; ama-as, uma a uma. Respeita o caminho de todos, seja ele linear ou enviesado, porque cada um tem a sua história a contar, cada um de nós tem a sua própria história. Cada criança que nasce é a promessa de uma vida que mais uma vez se mostra mais forte do que a morte. Cada amor que surge é uma força de transformação que deseja a felicidade”.
“Sente-te responsável por este mundo e pela vida de cada ser humano. Pensa que cada injustiça contra um pobre é uma ferida aberta na humanidade e diminui a tua própria dignidade”.
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“Confia em Deus Criador, que levará a sua criação à sua realização definitiva. No Espírito Santo, que guia todo o bem. Em Cristo, que nos espera no final da nossa existência”.
“O nosso inimigo mais insidioso nada pode contra a fé. Se um dia o medo te tomar, pensa simplesmente que Jesus vive em ti. Tem sempre a coragem da verdade”.
“Deus é teu amigo. Aprende com a maravilha, cultiva o espanto. Vive, ama, sonha, acredita. E, com a graça de Deus, nunca desesperes”.
Num texto em forma de diálogo, o Papa desafiou todos os seus ouvintes a não ter medo de sonhar e a serem construtores de paz, “irmão de todos”. Francisco convidou a superar o “desânimo” e a ver o mundo como “um milagre de Deus”. |
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Papa lembra vítimas das máfias
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O Papa Francisco recordou no Vaticano as vítimas das máfias e da corrupção na política, ao receber em audiência os membros da Comissão Parlamentar italiana Antimafia. “A corrupção encontra sempre forma de se justificar, apresentando-se como a condição ‘normal’, a solução de quem é ‘esperto’, o caminho para atingir os seus objetivos. Tem uma natureza contagiosa e parasitária, porque não se nutre do que de bom produz, mas do que subtrai e rouba”, disse, numa intervenção divulgada pela Santa Sé esta quinta-feira. |
O Papa evocou três magistrados italianos mortos pela Mafia: Rosário Livatino, assassinado a 21 de setembro de 1990; Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, assassinados há 25 anos. Francisco pediu um compromisso político “na luta contra as máfias” e a rejeição da corrupção, construída sobre “a idolatria do dinheiro e da mercantilização da dignidade humana”. “A política verdadeira, a que reconhecemos como uma forma eminente de caridade, trabalha para assegurar um futuro de esperança e promover a dignidade de cada um". |
Papa reforça tolerância zero
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O Papa Francisco reforçou o empenho da Igreja Católica numa política de “tolerância zero” perante o que qualifica como “pecado horrível” dos abusos sexuais de menores. “Permitam-me dizer com toda a clareza que o abuso sexual é um pecado horrível, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja nos ensinam”, referiu esta quinta-feira, no Vaticano, num discurso entregue aos membros da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores. Na intervenção preparada para abertura da assembleia plenária anual deste organismo, o Papa sublinha que a Igreja vai aplicar “as medidas mais firmes” aos que tiverem “abusado dos filhos de Deus”, apelando a uma “proteção vigilante” das crianças, jovens e adultos vulneráveis. “A Igreja pretende aplicar, de forma irrevogável e a todos os níveis, o princípio da tolerância zero contra o abuso sexual de menores”, observa. Francisco alude a vários encontros com “vítimas e sobreviventes” de abusos sexuais, em Roma, manifestando “profunda dor” por estas situações. “O escândalo do abuso sexual é verdadeiramente |
uma ruína terrível para a humanidade, que afeta crianças, jovens e adultos vulneráveis em todos os países e em todas as sociedades”, assinala, no discurso publicado pela sala de imprensa da Santa Sé. Também para a Igreja, realça o Papa, esta foi “uma experiência muito dolorosa”. O pontífice entregou o seu discurso aos presentes e dirigiu aos membros da comissão algumas palavras improvisadas, reconhecendo que a Igreja agiu "tarde" nos casos de abuso. O presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, cardeal O’Malley, e a irlandesa Marie Collins, um dos membros fundadores que já abandonou a estrutura, falaram deste tema aos bispos ordenados nos últimos 12 meses. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Testemunhos da Igreja perseguida e em minoria no mundo
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Nove postulados sobre a Paz |
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José Luís Gonçalves |
Raimon Panikkar (1918-2010), teólogo e filósofo espanhol, tendo vivido e ensinado em contextos de uma grande pluralidade de tradições culturais e civilizacionais, designadamente a hindu e cristã, constituiu-se num incansável promotor do diálogo intercultural e inter-religioso. Nos seus escritos, aprofunda temas que vão desde a mística à espiritualidade, da política à interculturalidade. Numa dessas obras – Paz e Interculturalidade – desenvolve uma reflexão em torno de nove postulados sobre a Paz que adquirem a maior pertinência nos tempos em que vivemos. Sigamos de perto algumas ideias fecundas do autor:
1. A paz é participação na harmonia do ritmo de ser – paz não significa ausência de conflitos e tensões, apenas não violenta o ritmo da realidade pessoal ou coletiva; a paz manifesta, antes, um respeito profundo por cada ser. A paz não é progresso linear em direção a um ponto ômega ou regressão a um ponto alfa – é caminho. A meta é caminhar e o ritmo constitui o seu segredo.
2. É difícil viver sem paz exterior; é impossível viver sem paz interior – existe uma relação de inter-in-dependência e não de dicotomia entre interior e exterior. Superar esta dicotomia é, simultaneamente, ser-se pessoa de paz interior no meio dos sofrimentos externos e consagrar-se a aliviar as situações injustas sem se perder a alegria interior. |
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3. A paz não se pode conquistar por si mesmo nem a impor aos demais. É tanto recebida (descoberta), como criada. É um dom (do Espírito) – a paz não é um dado pré-definido ou uma conquista, é, antes, uma descoberta, um desvelamento; requer ser alimentada e constantemente recriada. É dom e doação.
4. A vitória obtida com a derrota violenta do inimigo jamais conduz à paz – a História está repleta de vencidos e vencedores – vencer não significa ter paz quando existe o medo da vingança. A paz não é um pacto de não agressão ou o simples reestabelecer de uma determinada ordem: é o contínuo devir de uma ordem nova.
5. O desarmamento militar requer um desarmamento cultural – é utópico exigir o desarmamento militar sem propor uma nova hierarquia de valores.
6. Nenhuma cultura, religião ou tradição pode resolver isoladamente os problemas do mundo - construir a paz apenas partir de “uma” visão de mundo ou, então. a partir de um pluralismo anárquico é reduzir |
as opções de realização humana numa vida em comum.
7. A paz pertence essencialmente à ordem do mythos e não do logos – não existe um único conceito culturalmente situado de paz. Como aspiração, deve formular-se primeiro o “horizonte” (o mythos) a partir de onde se fala de paz e só depois ser-se capaz de dar razões razoáveis (logos) dessa definição.
8. A religião é um caminho para a paz – só haverá paz quando as religiões deixarem de ter o enfoque no seu sistema de crenças e se concentrarem mais numa ortopraxis vital (testemunho).
9. Só o perdão, a reconciliação e o diálogo contínuo conduzem à paz e rompem a lei do destino – o perdão não é um ato jurídico ou um silogismo racional; é um gesto ontológico que faz desaparecer a culpa, interrompe a desumanização e recria amorosamente uma nova realidade. |
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Tempo de plantar, tempo de agradecer |
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Lígia Silveira |
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Abre-se hoje a porta ao outono. Alguns dirão ser um tempo de tristeza porque o verão terminou e os dias quentes e distendidos serão uma memória. Já tive ocasião de aqui dizer ser esta das minhas estações de eleição. Pelas cores e pela renovação que esta época providencia. Num diálogo entre amigos desfiávamos agradecimentos de vida: momentos, oportunidades, companhias, estabilidades, pontes, dificuldades, opções que se revelaram certas e erradas que fizeram a vida de cada, itinerários que não podem ser anónimos porque contam com o contributo de tantos e por isso há que agradecer, há que ser grato. Só se pode ser grato. Este tempo de colheitas a isso evoca também. Planta-se, rega-se, cuida-se, poda-se, investe-se e a terra dá. A natureza providencia o alimento que, para além de regenerar o físico, junta à mesa as almas na partilha de vidas e de histórias. Crescem juntas diferentes gerações: cuida-se da tradição, aprende-se com os novos. Este é um tempo novo: as cores maduras e vibrantes lembram ser a hora de colher e celebrar os dons que a natureza oferece: dar graças pela oportunidade do trabalho, pelo resultado da produção e o povo não esquece o agradecimento a Deus, em dias em que o sagrado e o profano casam tão bem. Os vermelhos maduros e quentes, os laranjas, os castanhos cruzam-se no meu imaginário com os tons chamativos que lembram o início de um tempo letivo. O meu filho não está ainda em |
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idade escolar mas este ano tive oportunidade de contactar com o entusiasmo de alguns que vibram com o início das aulas. São jovens e adolescentes que levam consigo a expetativa de novos encontros com colegas e professores, alguns a ambientar-se a uma nova escola. Entusiasmam-se com os livros, os cadernos ainda em branco, as canetas e demais material que com cuidado se prepara na antecipação de dias para aprender. Tudo é novo: para estes até o país que os acolhe.
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São crianças e jovens que chegam a Portugal sem acompanhamento de nenhum adulto. Perderam-se das suas famílias quando a saída era fugir. A casa de acolhimento para crianças refugiadas do Conselho Português para os Refugiados quer ser um lar como outro qualquer. Ali vivem 22 crianças e jovens desejosos de aprender. Nos seus países de origem o acesso à educação é um privilégio - em Portugal é um direito e um dever que eles muito agradecem e ao que respondem cheios de motivação. |
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Créditos: Eddie Keogh / Reuters
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As aulas arrancaram oficialmente na semana passada. As escolas estão em funcionamento e foram palco de regressos mais ou menos desejados trazendo consigo a surpresa de um novo ano letivo. É sobre ele que falamos neste dossier do Semanário ECCLESIA, começando pelo PCB@LX - um grupo de jovens da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, a estudar em Lisboa. A fé acompanha-os e une-os nesta mudança, ajudando a evitar a sensação de solidão e abandono. Partilham dores e sonhos, projetando o futuro sem esquecer os que sofrem, à sua volta. Falamos também com António Estanqueiro, docente durante quase 40 anos de filosofia e psicologia, dedica-se atualmente às questões da educação sendo autor de diversos livros para professores, pais e alunos. Em início de ano letivo, olhamos para a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), com uma proposta que todos anos se renova através dos seus professores, para um ambiente escolar mais humano. Apresentamos ainda as histórias para a casa de acolhimento para crianças do Conselho Português para os Refugiados: 22 crianças e jovens desejosos de aprender, num contexto radicalmente diferente.
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Vanessa Alves |
PCB@LXNo início de um novo ano letivo, a Agência ECCLESIA foi ao encontro de um grupo de jovens da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, a estudar em Lisboa. A fé acompanha-os e une-os nesta mudança, ajudando a evitar a sensação de solidão e abandono. Partilham dores e sonhos, projetando o futuro sem esquecer os que sofrem, à sua volta Entrevista conduzida por Luis Filipe Santos
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Agência ECCLESIA – Como nasceu a ideia de formar um grupo de jovens estudantes da Diocese de Portalegre – Castelo na cidade de Lisboa? Vanessa Alves – Tínhamos muitas pessoas, uns a trabalhar e outros a estudar em Lisboa. Um dia vamos a Santiago de Compostela (Espanha) fazer uma peregrinação a pé e durante quatro dias falámos bastante. Um dos temas das nossas conversas foi o sentimento de solidão em Lisboa. |
Cada um ia à sua paróquia e estávamos desligados. Decidimos nessa peregrinação que tínhamos de fazer algo porque nos sentíamos sozinhos.
AE – E nasceu algo… VA – Nasceu a ideia de nos juntarmos. Primeiro, termos um sítio onde nos encontrar. Fazíamos isso no CUPAV (Centro Universitário Padre António Vieira), às quartas-feiras, na missa dos universitários. Mas isso não era suficiente. Tínhamos de ter um sítio nosso onde nos pudéssemos juntar para falarmos e refletirmos sobre alguns assuntos. O estarmos e pudéssemos sentir todos dentro da mesma casa. A ideia foi amadurecendo e falámos e com o bispo diocesano. Ao apresentar-lhe a ideia, ele perguntou-me: “O que precisas de mim?”. Disse-lhe que talvez fosse uma boa ideia, termos um padre. Como vinha um padre da diocese estudar para Lisboa, encontrámo-nos passado uns dias e nasceram o PCB@LX (nome do grupo NDR), em 2013. |
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AE – Um grupo que se junta com frequência para refletirem sobre determinadas temáticas. VA – A ideia inicial era termos um encontro mensal… Depois passámos a convidar alguém para nos ajudar e que pudesse ser exemplo para nós. Alguém distante do grupo e que fosse cristão como os elementos do grupo. Já tivemos connosco o selecionador nacional de futebol, Fernando Santos; Cuca Roseta; Assunção Cristas; Laurinda Alves, D. Antonino Dias; D. Manuel Clemente e João Miguel Tavares.
AE – E tu fazes parte deste grupo inicial? Luis Duarte – Não. Entrei dois anos depois do grupo ter começado. Conheci a Vanessa numa peregrinação diocesana a Taizé (França), ela apresentou-me o grupo e eu disse que sim. Gosto de ter este contato com pessoas da minha idade e de estar próximo de pessoas que me puxem para uma vida cristã mais ativa.
AE – Tu és estudante do quinto ano de Matemática, como é o convívio com outros universitários de áreas diferentes da tua? LD – A linguagem comum é Deus e a nossa fé. Não noto entraves por |
causa de estarmos em cursos diferentes. Temos as conversas normais que os jovens têm e falamos sobre as atividades que fazemos. Costumamos também ir jantar juntos e assistir a palestras. Não estamos restringidos apenas aos encontros mensais.
AE – Não se juntam também para saborear a gastronomia local? Ana Belo – Tivemos uma fase em que cada um trazia a sua partilha gastronómica. Com o bispo diocesano fizemos isso e correu muito bem. Cada um trouxe os petiscos regionais feitos pelos nossos familiares.
AE – A fé é um pretexto para se juntarem? Beatriz Pinto – Não é só um pretexto. A fé é um dos nossos objetivos finais. Uma das razões para a criação deste grupo foi porque, em termos de fé, nos sentíamos um pouco órfãos. Estávamos habituados a ter uma vida muito ativa dentro da diocese, na pastoral juvenil e nos grupos de jovens. Estarmos cá e não termos nada – do ponto de vista religioso - era complicado. Tínhamos um sentimento de abandono e era difícil integrarmo-nos num local desconhecido. Não tínhamos contatos a nível religioso |
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Luis Duarte |
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na cidade de Lisboa. Esse orfanato espiritual foi uma das razões porque criámos este grupo. Foi o tentarmos restabelecer esta ponte que estávamos a perder à nossa diocese.
AE – Quando o grupo nasceu já eras estudante de Psicologia? BP – Sim já estudava em Lisboa.
AE – Todos os anos, chegam a Lisboa novos universitários da vossa diocese. Como se dão a conhecer aos novatos? BP – Fazemos publicidade nas paróquias através da Pastoral Juvenil e as redes de amigos também dão a conhecer o nosso grupo. Temos também um grupo no Facebook onde estão também as nossas atividades.
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Beatriz Pinto |
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AE – Podemos dizer que é um grupo muito flutuante. Todos os anos saiem e entram novos elementos. BP – Alguns emigraram e outros ficam em Lisboa porque não existe muito emprego na nossa diocese. Alguns ficam no grupo, mesmo depois de saírem da universidade. Mesmo aqueles que saiem, às vezes voltam porque somos uma família. «Uma família longe da família, uma casa longe de casa».
AE – A emigração é uma realidade que afeta a juventude de hoje. Sendo duma região onde s empregos não abundam também pensam nessa partida? AB – De preferência, todos ficaríamos. Falo dos meus colegas que saíram do grupo devido a isso. É triste ter de sair de Portugal, mas se há oportunidades melhores temos de aproveitar.
AE – Como integram os novos estudantes? AB – Não fazemos coisas extraordinárias para os integrar. Integramo-los na nossa rotina de grupo. A união do grupo é mantida tanto para os novos como para os mais velhos. |
AE – A palavra acolhimento é fundamental VA – Acho que somos jovens generosos e de coração aberto. Quando vem alguém novo, convidamos e abrimos o coração. É normal estarmos mais atentos a eles. Se mudássemos de cidade também gostávamos de ter mais atenção, tanto naquilo que precisamos como naquilo que sentimos. Por exemplo, a Beatriz é ótima nos transportes públicos… Ela ajuda os novos nessa área. Se alguém necessita de um quarto, publicamos no facebook. Somos uma família onde quer que estejamos.
Acho que somos jovens generosos e de coração aberto. |
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AE – Tu és estudante no Instituto Superior Técnico, no mundo da ciência. Como se faz esse diálogo entre o mundo da fé e da ciência? LD – Estou ligado à Matemática pura e não me interessa assim tanto a parte aplicada. A ciência é uma forma de descobrirmos como isto funciona. Descobrir o que Deus criou. Isto não interfere com a fé porque Deus é algo tão forte e inexplicável. Nunca vamos conseguir explicar isso. Tentamos é descobrir esta beleza criada por Deus.
AE – Como jovem católico, és um exemplo para os outros. Nada de «borgas» e os excessos que se cometem no mundo universitário? LD – Como jovem também gosto de beber e sair à noite com os amigos. Acho bem que os jovens socializem, mas também é importante manterem o controlo. A partir do momento que existem exageros e perdemos o controlo da situação é um desrespeito à nossa vida. Uma forma de não causar problemas a nós e aos outros.
AE – Sem esquecer os excessos que se praticam nas praxes académicas? LD – Depende das praxes. No meu curso, ela é muito suave e não |
fazemos mal a ninguém. Fazemos uns jogos, mas nada de violência. Todavia, acredito que existem praxes excessivas e que possam magoar alguém.
AE – Que propostas o grupo tem para este ano letivo? VA – Vamos tentar que seja um ano memorável e que tenhamos momentos fortes de fé. A nossa diocese, apesar de estar longe geograficamente, está nos nossos corações. Por isso temos uma frase que é a mote do nosso grupo: «É mais fácil levantar barreiras e mais feliz vencer distâncias».
AE – Esperam muitas entradas este ano? AB – Mais de uma dezena neste início, mas ao longo do ano aparece sempre mais gente. O nosso objetivo é que as pessoas não se sintam visitantes, mas um novo membro da família.
AE – O verbo acolher é o pilar do vosso grupo? BP – Claramente. Quando o grupo nasceu, fomos acolhidos pelas Irmãs Hospitaleiras (Telheiras – Lisboa NDR). O conceito de hospitalidade está |
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muito entranhado no nosso grupo. Fomos muito influenciados por este carisma. Ainda este ano, fizemos um fim-de-semana de voluntariado. Junto de pessoas portadoras de deficiência tentámos dar um pouco dos nossos dons. Uma experiência muito rica. |
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Ana Belo |
Os alunos, a escola e os pais relacionamentos num novo ano letivo |
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António Estanqueiro foi docente durante quase 40 anos de filosofia e psicologia e hoje dedica-se às questões da educação sendo autor de diversos livros para professores, pais e alunos que, até 15 de setembro, regressaram às aulas para um novo ano letivo.
Os alunos“Um novo ano é sempre oportunidade de fazer uma viagem, uma aventura, é uma etapa de vida. É, portanto, uma oportunidade para encontrar colegas e professores”, afirma. António Estanqueiro explica que um novo ano letivo é uma aventura “para a criatividade” e é um desafio para “adquirir novos conhecimentos, novas competências” para cultivar os valores que os alunos têm e novos valores. “Sejam bem-vindos e aproveitem porque não há uma segunda oportunidade para recomeçar este ano letivo”, disse aos alunos ao microfone do programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio publica [segunda a sexta-feira às 22h45]. O especialista em educação crê que “todos” os alunos que estão a |
recomeçar as aulas sabem que o ritmo da escola exige hábitos de trabalho, “de regularidade”, que são diferentes dos hábitos que tiveram durante as férias onde, às vezes, “vai-se andando ao sabor da corrente”. “Verdadeiramente se um aluno quer estudar bem tem de fazer esforço adicional que é uma chave de sucesso que alguns alunos têm dificuldade em |
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começar a fazer logo no primeiro período porque julgam que ainda têm muito tempo para estudar”, desenvolveu. O aluno, acrescenta, tem de fazer “esforço” para estar com atenção nas aulas, tem de “ser disciplinado, empenhado, de trabalhar com responsabilidade” nos trabalhos de equipa mas sobretudo “estudar regularmente em casa”. “O cérebro precisa de treino, treinar regularmente”, realça o docente, que alerta que “dormir é fundamental” não apenas para a saúde mas também para a aprendizagem “e para a memória” e segundo as estatísticas |
“50% dos adolescentes anda a dormir menos do que devia”. O docente refere que os pais devem ajudar os filhos a “ter hábitos de estudo” e a usarem as tecnologias com “moderação”, uma “dieta das tecnologias”. “Há jovens que têm os quartos transformados em centrais multimédia” e, para além da “poluição mental”, o problema fundamental é “a saúde física e a aprendizagem, a memória”. Neste âmbito, responsabiliza os pais que numa fase devem “proibir” o uso excessivo da tecnologia, e “coloca-los noutro sítio da casa”, e noutra altura “gerir” esse uso. |
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Para António Estanqueiro, com experiência de quase 40 anos no ensino, aprender “é uma coisa natural” que todos gostam, “são curiosos”, mas constata que ninguém “está sempre entusiasmado”. “Nem as pessoas que se apaixonam estão sempre entusiasmadas” e, neste contexto, assinala que há novas formas de aprendizagem que “motivam os alunos” embora possa |
“esfriar um bocadinho” quando se confrontam com a necessidade de fazer esforço. “Motivação, método e o esforço”, são para António Estanqueiro “três chaves de sucesso”, as suas chaves dos alunos que “só abrem por dentro” e nesse percurso onde podem “confiar” nos pais, no apoio dos explicadores, na competência dos professores. A motivação é para o especialista, |
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o “motor da aprendizagem e travão do esquecimento” porque quem estuda sem motivação faz “mais esforço e esquece mais de pressa”. “O que interessa é que o aluno tenha objetivos pessoais de curto, médio e longo prazo. Todos os objetivos dão um sentido ao nosso esforço, estudar compensa”, destaca. No estudo existem estratégias que “são comuns a todos os métodos” e um aluno antes de memorizar a matéria tem de a compreender, organizar a informação que recebe. Os estudantes têm de saber “fazer esquemas e resumos” e o professor revela que, às vezes, diz aos alunos que “façam cábulas para estudar” mas “não para utilizar nos testes”. “Aquilo que vemos, ouvimos e lemos, temos de saber para o que é que serve”, destaca António Estanqueiro.
A escola e os paisO professor de filosofia e psicologia, com experiência de quase 40 anos, continua a refletir sobre as questões da educação e afirma que é na escola que se “deve aprender a estudar”. “É interessante porque muitos países têm disciplinas especificas para ensinar a estudar”, adianta António Estanqueiro. |
Neste âmbito, considera que a “nova gestão flexível do currículo”, que começou em mais de 300 escolas portuguesas este ano, também aponta para que os alunos “adquiram autonomia na sua aprendizagem”. “Mais do que estudar muito é preciso estudar bem.” Segundo o professor, os pais e encarregados de educação escolhem a escola pelo seu projeto educativo, quando têm essa “liberdade”, mas, “geralmente, o estabelecimento de ensino é selecionado pela “área de residência”. “Infelizmente, a maior parte das escolas têm o mesmo projeto educativo mas os pais podem sempre dar sugestões aos professores e à direção”, embora não existam “muitas oportunidades de participação”, mas neste campo pertenceram a associação de pais “faz sentido”.
“O que interessa é que o aluno tenha objetivos pessoais de curto, médio e longo prazo. Todos os objetivos dão um sentido ao nosso esforço, estudar compensa” |
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Outro aspeto importante na relação dos pais com a escola é “dialogarem com o diretor de turma” para “dar e pedir informações pertinentes” sobre os filhos, que vai ajudar também no relacionamento com os progenitores. “Fundamental” também é “coordenar estratégias de prevenção ou remediação de problemas”. A partir deste interesse a comunicação e a confiança entre os pais e a escola “melhora” e a comunicação com os filhos também porque os alunos vão ter “consciência” desse interesse. “Tudo isto, em última instancia, tem um destinatário que é o jovem”, realça António Estanqueiro para quem o “trabalho fundamental” dos pais é em casa onde podem “ajudar na motivação, no método e no esforço”, as chaves do aluno. Aos pais cabe reforçar a “autoconfiança” dos filhos para acreditarem que “os seus objetivos podem ser alcançados”, que são capazes de cumprir aquilo que é essencial na escola, e devem acreditar que escolheram bem o estabelecimento de ensino. No início de mais um ano letivo, o docente afirma que este período |
“é um stress” para os pais e compara a uma viagem de avião onde vão existir “momentos de turbulência”, outros mais ou menos tranquilos e “uma aterragem normal”. “A ansiedade não é boa e transmitir” aos filhos também não. António Estanqueiro assinala que proximidade e comunicação “é o mais importante”, sendo a comunicação “a chave da relação educativa”. Estatisticamente, adianta, os pais falam com os filhos cerca de 15 minutos por dia que “é muito pouco”. “Diria que interessa também alguma quantidade. Os pais o melhor que fazem para acompanhar o estudo dos filhos é escutar com atenção sobre as coisas que acontecem na escola, fazer-lhes perguntas, porque verdadeiramente é importante que os pais percebam como é a relação com os colegas, com os professores, se gostam da disciplina a, b ou c, se gostam mais disto ou daquilo, as atividades extracurriculares que apreciam”, desenvolveu. Para o especialista, no acompanhamento escolar dos filhos, os pais “têm de saber dosear a pressão para o sucesso”, numa sociedade “toda marcada” pela ideia do |
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sucesso, e reconhecer que o excesso de pressão pode gerar problemas “emocionais, ansiedade e medo de falhar”. “Os pais devem valorizar o esforço e o brio exigindo a cada filho o que ele pode dar”, realça António Estanqueiro, considerando que os pais devem dar atenção “à formação integral”, ou seja, para os conhecimentos, o sucesso e “outras competências e valores” e a saberem reagir aos insucessos. Um relacionamento onde existem palavras que são “proibidas” e os
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pais também “não devem ser fofinhos" e aceitar todas as desculpas porque os alunos são “muito espertos a encontrar justificações”. “Um bom aluno assume as responsabilidades e aprende com os erros e os pais podem ajudar e amar sempre. Sobretudo, quando os filhos têm más notas e precisam de mais apoio e amor dos pais” conclui no começo de um novo ano letivo, indicando que os pais “podem exigir, ralhar, criticar” e “repreender com prudência”. |
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Estudar, esperança, futuro (e falta de material escolar) são comuns a 22 crianças e jovens refugiados
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Na casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, vivem 22 estudantes desejosos de aprender e ir à escola. Nos países de origem o acesso à educação é um privilégio mas em Portugal, mesmo com dificuldades, é um direito e um dever. A Agência ECCLESIA esteve na instituição na véspera de começarem as aulas e Dora Estoura, assistente |
social, revelou que as crianças e jovens estavam ansiosos pelo primeiro dia. A azafama passava também ver o guarda-fatos, para escolherem a roupa, cortar o cabelo e dúvidas sobre o que iam encontrar e como ia ser o ano letivo. “Acham que têm de estar no seu melhor para ir à escola. Significa um certo estatuto, um certo futuro que podem. Quando chegam e pergunto |
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se já estudaram, se querem estudar eles perguntam: «Mas eu posso?»”, comenta. A coordenadora da casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, fez também um apelo à solidariedade porque ainda não têm os apoios e materiais todos para o ano escolar começar com sucesso. “A menos que vão com marmita para almoçar na escola não estou a ver |
alternativa a curto prazo. Material escolar se alguém puder ajudar agradecemos muito. Os manuais escolares é uma loucura, se alguém tiver possibilidade de doar livros que os filhos não usem por favor contatem-nos”, apela. Para Dora Estoura livros “novos seria ouro sobre azul” e embora não sonhe tanto aceitam “de bom agrado”. “Estamos desesperados por termos apoios para comprar os manuais”, refere.
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A entrevistada recorda que o ano passado uma empresa ofereceu material escolar e os jovens andavam com os manuais, de um lado para o outro, “com um sorriso de orelha a orelha” porque “tinha sido uma grande conquista”. “Pareciam que alguém tinha dito saiu-te a lotaria”, compara. A coordenadora da casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas, do Conselho Português |
para os Refugiados, conta que os dias têm sido vividos com “muito stress e ansiedade” porque em média os livros para um aluno do 2.º ciclo custam cerca “de 200 a 300 euros”. Os jovens têm declarações a comprovar que pediram asilo mas, enquanto têm esse documento, não podem pedir a inscrição na Segurança Social e assim não podem ter aceso ao SASE, por exemplo, que atribui benefícios sociais e incentivos à formação. |
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“Pode passar bastante tempo em que não têm acesso a abono de família, nem passe 4/18, apoio para livros, refeições”, exemplifica Dora Estoura que este ano tem estudantes na outra ponta da cidade, noutras cidades e “vai ser problema porque não têm acesso a nada”. A maior parte das 22 crianças e jovens vai pela primeira vez à escola em Portugal e, na véspera do primeiro dia, estavam “bastante ansiosos, alguns inseguros”. A assistente social recorda que foram heróis em conseguir chegar a Portugal, “sobreviver a tudo” mas, agora, que se sentem mais seguros a “carapaça de herói” que vestiram foi um bocadinho retirada e “começam a sentir as inseguranças próprias da idade, destes momentos”. “Não sabem quem vão encontrar, como é a escola, se vão conseguir entender os professores se vão ter boas notas”, a coordenadora revela que no primeiro ano de adaptação ao ensino exige que “estejam presentes nas aulas, que façam os trabalhos”. “Se não tiverem boas notas é compreensível”, realça, destacando que já tiveram “muitos sucessos”, como o aluno que o ano passado, |
no seu primeiro ano numa escola portuguesa “estava no quadro de mérito”, foi “o melhor aluno” da escola. O estudante que agora foi para o secundário quer seguir investigação na área médica.
“Se não tiverem boas notas é compreensível”, realça, destacando que já tiveram “muitos sucessos”, como o aluno que o ano passado, no seu primeiro ano numa escola portuguesa “estava no quadro de mérito”, foi “o melhor aluno” da escola.
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“Pode passar bastante tempo em que não têm acesso a abono de família, nem passe 4/18, apoio para livros, refeições”, exemplifica Dora Estoura que este ano tem estudantes na outra ponta da cidade, noutras cidades e “vai ser problema porque não têm acesso a nada”.
A maior parte das 22 crianças e jovens vai pela primeira vez à escola em Portugal e, na véspera do primeiro dia, estavam “bastante ansiosos, alguns inseguros”. A assistente social recorda que foram heróis em conseguir chegar a Portugal, “sobreviver a tudo” mas, agora, que se sentem mais seguros a “carapaça de herói” que vestiram foi um bocadinho retirada e “começam a sentir as inseguranças próprias da idade, destes momentos”.
“Não sabem quem vão encontrar, como é a escola, se vão conseguir entender os professores se vão ter boas notas”, a coordenadora revela que no primeiro ano de adaptação ao ensino exige que “estejam presentes nas aulas, que façam os trabalhos”.
“Se não tiverem boas notas é compreensível”, realça, destacando que já tiveram “muitos sucessos”, como o aluno que o ano passado, no seu primeiro ano numa escola portuguesa “estava no quadro de mérito”, foi “o melhor aluno” da escola. O estudante que agora foi para o secundário quer seguir investigação na área médica.
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A casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas do Conselho Português para os Refugiados abriu a 13 outubro de 2012 e conta com várias histórias de sucesso porque os jovens que acolhem “têm grande vontade e competência”. “Basta quem dê oportunidade para que ponham os saberes ao alcance dos seus sonhos”, realça. Neste contexto, Dora Estoura destaca que estão a tentar que um jovem tenha uma bolsa para ir para a universidade e recorda a jovem que chegou grávida, “fruto de casamentos forçados ou violações”, e que o bebe nasceu na instituição onde aprendeu a ser mãe e “todos os jovens querem ser tios”. Atualmente, esta jovem “vive processo de autonomia” e já visitou a casa com a bebe para “partilhar o seu sucesso, a vida da filha”. “É momento de alegria rever os jovens quando saem tenham sucesso ou não. Muitos vão mantendo em contacto, dizer entrei no curso que queria”, comenta. Outro jovem “queria muito trabalhar na área das telecomunicações” e conseguiram um estágio numa loja e no final o proprietário “disse que ia
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abrir outra loja e apoiá-lo para tomar conta”. Ou aquele que queria cozinhar e após o estágio numa pizzaria foi contratado e ficou o responsável da loja. Existe quem tenha outros objetivos como “serem carpinteiros, mecânicos” e há um que foi campeão de boxe em Portugal e foi distinguido com a medalha de ouro de Direitos Humanos da Assembleia da República. No desporto já tiveram um jovem que vice-campeão nacional de atletismo. A responsável conta que em areas de expressão – desportos, artes - procuram integrar os jovens para que possam “atingir o seu potencial”, e têm o apoio do Comité Olímpico de Portugal. Na generalidade o projeto de vida dos jovens que acolhem passa por Portugal e os que querem outros destinos ficam pouco tempo “dias ou semanas”. Os jovens fogem de países onde há conflitos permanentes, onde “o desrespeito pelos direitos humanos são continuados”. Na maioria são do continente africano - Republica do Congo; República Democrática do Congo; Nigéria; Serra Leoa; Gambia; Mali; Guiné Conacri – e depois do |
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Médio Oriente, como Afeganistão, já acolheram do Irão, Paquistão, e o mais longe foi do Siri Lanka. “Diversidades que trazem culturas bastante distintas, práticas religiosas, hábitos alimentares” e na casa a prática são pratos portugueses mas |
“adaptados aos paladares” dos países de origem porque tentam “preservar a identidade cultural de cada um”. Por isso, os jovens também vão para a cozinha e “ensinam” a cozinheira a fazer os seus “pratos típicos” que originam momentos de partilha. |
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Dora Estoura destaca que quando os jovens chegam querem conhecer a cultura e a história portuguesa mas também é importante que conheçam a “identidade cultural” das outras pessoas com quem dividem a casa, por isso, cada um é convidado a falar do seu país e se “alguns recusam porque é demasiado penoso” é convidado a algo mais prático, como fazer “uma comida típica, ou dançar uma música” afinal “encontrar pontes é que importa”. |
Para além de serem matriculados na escola, em as crianças e jovens têm aulas de português, são inscritas em cursos de formação e apostam “muito no voluntariado e estágios” para que tenham “algumas experiências diferentes” e percebam que “têm valor” e que têm algum conhecimento que podem colocar ao serviço da sociedade português. “São momentos em que se sentem na necessidade de comunicar mais em português, começam a perceber |
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a dinâmica de trabalho e esses estágios e voluntariado permitiu que alguns quando chegaram aos 18 anos, e a escolaridade completa, saíram empregados”, desenvolve. Contudo, não é fácil porque “nem sempre há entidades” dispostas a aceitarem jovens que ainda não falam bem o português e, embora, tenham conseguido alguns parceiros “são necessários muitos mais”. Quanto à escola ainda têm o |
problema de jovens com 16, 17 anos que nunca tiveram oportunidade de andar na escola ou que com 8, 9 tiveram de abandonar e foram “forçados a trabalhar”. “Não têm documentos para provar a sua escolaridade e não se conseguem matricular no ensino regular”, sendo necessário procurar alternativas, como Programas Integrados de Educação e Formação mas as “vagas são poucas” e eles ainda estão em idade de |
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escolaridade obrigatória. Uma escola obrigatória é novidade e os jovens “acham tudo muito estranho” porque nos países de origem não é assim mas, “sem dúvida”, que irem para a escola “é um grande marco”. Quando uma criança ou jovem vai para uma escola a prática da instituição de acolhimento é “reunir sempre” e “informar a direção, reunir com os diretores de turma” para explicarem que população é aquela, quem é o aluno e que apoio dão porque a “escola vai estar sozinha neste processo”. Dora Estoura recorda que já foi a uma escola falar de multiculturalidade aos alunos a pedido do estabelecimento de ensino. “Foi uma experiência bastante positiva, entenderam os alunos e professores”, assinala. Quanto aos estudantes refugiados, “gradualmente, vão conquistando os professores” porque são muito motivados para “aprender, bem-comportados” e, mesmo com algumas dificuldades, vão “conseguindo acompanhar”. A coordenadora da casa de acolhimento para crianças e jovens |
refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, constata que cada jovem tem uma “história de vida diferente” mas estão “preparados para os escutar” e cada um tem também um plano individual, para além da abordagem “mais genérica para garantir as mesmas condições base a todos”. Na casa as “estórias” de vida são de situações de violência, perseguição pela sua raça, religião, “porque já tinham intervenção politica apesar de serem menores”, ou porque eram raparigas e a mutilação genital era uma prática, há quem tenha fugido de casamentos forçados e os perseguidos em função da sua orientação sexual. “Todos têm uma grande esperança de poderem começar a sua vida em segurança e é com essa esperança que também temos força para no dia-a-dia dar ainda mais esperança especialmente quando há aquelas dificuldades que vão bloqueando esta vontade de recomeçar”, desenvolve a assistente social Neste contexto, Dora Estoura recorda que a “melhor coisa que algum jovem poderia ter dito”, depois de ter chegado a meio da noite, foi de |
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manhã que “após muito tempo” conseguiu “finalmente dormir”. “Demonstrou que de alguma forma temos este ambiente que lhes transmite segurança ao ponto de baixarem a guarda e, finalmente, descansar”, acrescenta. A coordenadora da casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas conta que o número de pedidos de asilos “tem estado a aumentar”. A casa é uma passagem e a autonomia nem sempre é automática porque há jovens que saíram mas continuam a ser responsáveis.
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“Apostamos muito em capacitar os jovens enquanto pessoa para depois autonomizar-se”, frisa. Dora Estoura diz ainda que o reagrupamento familiar “não é viável muitas vezes” e desde 13 outubro de 2012 “só houve um caso, que talvez cheguem este mês”. Os jovens nem sempre têm familiares, às vezes não os querem encontrar e outras “já perderam o contacto”. Neste trabalho contam com a ajuda da Cruz Vermelha, através do serviço de restabelecimento de laços familiares, que tenta localizar pelo mundo. |
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EMRC ajuda a escola a ser mais escola |
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Em início de ano letivo, olhamos para a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), com uma proposta que todos anos se renova através dos seus professores, para um ambiente escolar mais humano. Os caminhos são vários e os docentes querem dar o seu contributo, desafiados pela flexibilidade curricular e pela autonomia que está a ser implementada, como projeto-piloto, nalgumas escolas. O professor Fernando Moita, coordenador do Departamento de EMRC do Secretariado Nacional de Educação Cristã, refere à ECCLESIA que o início do ano letivo representa “uma nova vida, uma nova experiência, também grande uma grande carga de expectativas”. “Temos milhares, centenas de milhares de alunos que chegam às escolas, onde está também o professor de EMRC, esta disciplina com um conteúdo, com uma metodologia próprias para ajudar a escola a ser mais escola”. A disciplina está presente desde o 1.º ano até ao 12.º, com uma “proposta criativa, inovadora”, para trazer a “dimensão da mensagem cristã”. “É dizer à escola, ao sistema educativo, aos alunos, que olhar
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a vida, a pessoa, a história à luz da mensagem cristã nos torna mais inteiros, mais ousados, com mais vontade de construir uma sociedade justa e bela”, realça Fernando Moita. A tónica é colocada nas várias dimensões do ser humano, no ambiente escolar, “já por si personalista”, já que visa formar pessoas. “A EMRC traz uma mais-valia, à luz da mensagem cristã. A proposta é dizer que, de facto, perdoar, ter a capacidade de amar e se altruísta, gratuito, inteiro, torna-me ainda mais adolescente, mais pessoa, uma pessoa muito mais inteira”, defende o coordenador do Departamento de EMRC do Secretariado Nacional de Educação Cristã. O projeto do Ministério da Educação que visa flexibilizar o currículo, nas várias escolas, dá aos Agrupamentos autonomia para gerir a aprendizagem dos alunos. “Ao professor de EMRC é pedida a capacidade de dialogar com outros saberes, para ver como é que ele pode colaborar em toda a aprendizagem”, precisa Fernando Moita.
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Revista apresenta recursos
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«Revista de Ideias» é o nome da publicação criada pelos professores Justiniano Mota e Paulo Barbosa da Arquidiocese de Braga que procura dar a conhecer “o que todos os dias vamos preparando para o contexto letivo da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). A sexta edição da «Revista de Ideias» apresenta " 10 ideias para explorar em contexto de início de ano nas aulas de EMRC no 3º ciclo e secundário". A nova edição conta, ainda, com a análise de 30 curtas-metragens para as aulas da disciplina no 1º ciclo. |
A nova edição ajuda à preparação da "festa de todos os Santos" e uma grelha de leitura e trabalho sobre o filme "O Rapaz do Pijama às Riscas", para uso no 3º ciclo. A «Revista de Ideias» resulta do trabalho de "10 anos de trabalho conjunto" e procura "colocar na rede tudo o que tem vindo a ser bem-sucedido no contexto da lecionação da EMRC". Fonte: Educris Ler mais: |
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Papa recebe radiografia
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A obra ‘Portugal Católico - A Beleza na Diversidade’ foi entregue ao Papa Francisco esta quarta-feira, apresentando ao longo de 800 páginas uma “radiografia” do catolicismo no nosso país. Um livro que prova o dinamismo da Igreja Católica e que se integra num projeto mais vasto sobre as tradições religiosas em Portugal. O Papa saudou os responsáveis pelo projeto editorial, antes de receber uma edição especial da obra, no Vaticano. “Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa,
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em particular os fiéis brasileiros e o grupo de benfeitores, historiadores e editores da obra literária «Portugal Católico», e animo-os a procurar sempre o olhar de Nossa Senhora que conforta todos aqueles que estão na provação e mantém aberto o horizonte da esperança”, disse, durante a audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro. A delegação que lhe entregou um exemplar único da obra ´Portugal Católico´, cinco meses após a sua visita ao país, contou com a presença |
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de D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, como representante da Conferencia Episcopal neste gesto. “[O Papa] Sentiu esse acolhimento, essa fé genuína, autêntica, que nos toca a nós como responsabilidade cuidar, acompanhar, e educar para a esperança, como ele nos convidou”, disse à Agência ECCLESIA. D. José Cordeiro apresentou a obra ao Papa Francisco, que recebeu um volume "exclusivo", explicando que o livro foi pensado como um
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presente, agradecendo a visita a Fátima, nos dias 12 e 13 de maio. "Obrigado", respondeu o pontífice. “Ao falar em Portugal vi nos olhos um brilho especial e naquilo que pudemos conversar senti esse acolhimento”, assinala. O livro foi apresentado esta terça-feira no Instituto Português de Santo António, numa sessão que contou com o apoio da Embaixada Portuguesa junto da Santa Sé. José Eduardo Franco, um dos |
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responsáveis pela publicação, disse à Agência ECCLESIA que esta é “uma obra elaborada de forma intensa e em tempo recorde, nove meses”. A obra ‘Portugal Católico. A beleza na diversidade’ reúne “204 textos-síntese, de 190 autores, intercalados com uma forte componente imagética, constituída por fotos (aéreas e terrestres), gravuras que acompanham os conteúdos escritos e um conjunto de poemas de diversos |
grandes autores portugueses que se distribuem em 14 capítulos”. A publicação conta com o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa, da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian, da União das Misericórdias Portuguesas e da Santa Casa da Misericórdia do Porto; teve ainda o mecenato pessoal de Alexandre Soares dos Santos. O prefácio é da autoria do |
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presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa; o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, escreveu um prelúdio; há também um limiar do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres. Para José Carlos Seabra Pereira, outro responsável pela direção do ‘Portugal Católico’, a obra é “uma prova realista, não eufórica nem apologética das várias movimentações, presenças e ausências que a comunidade católica tem na sociedade portuguesa”. José Eduardo Franco considera que a “diversidade de olhares” da obra |
“permitem dar uma visão complexa” e “multicolor” sobre o catolicismo em Portugal, “proporcionando uma visão de conjunto absolutamente inédita e extraordinária”. Para o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa, esta é uma “obra de referência”, que mostra a beleza “na diversidade” do catolicismo na atualidade, e conta com o apoio da CEP e da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP). Alexandre Soares dos Santos, empresário e mecenas deste projeto, lembrou que se interessa por “tudo |
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quanto diz respeito a evolução da Igreja”. “Apoiamos sempre projetos que tenham interesse nacional. E tenho muita pena que não haja mais projetos que possam envolver a sociedade e as suas instituições”, acrescentou. D. Carlos Azevedo considerou que este projeto é fundamental para ver “o estado da questão” e para refletir sobre a realidade. “Esta obra é um retrato variado das várias vertentes da Igreja na sociedade e pode ser uma boa base para se pensar o futuro”, sublinhou o delegado do Conselho |
Pontifício para a Cultura, em Roma. A coordenadora do Secretariado da Equipa Executiva do projeto ‘Portugal Católico. A beleza na diversidade’ sustentou que a obra “obriga” a olhar para o futuro e “não ficar presos ao passado”. “Faz vir ao de cima o quanto há ainda por fazer, por isso, esta obra, longe de ser uma obra apologética do quanto nós já fizemos não é uma obra do passado, é uma obra do futuro, é uma porta aberta”, afirmou Eugénia Magalhães, no Vaticano. Em declarações à Agência ECCLESIA, a coordenadora sublinhou que o livro |
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‘Portugal Católico’ é o que “ainda falta peregrinar no sentido da verdade”, daquilo em que acreditam e querem ser e, sobretudo, “deste serviço e de amor ao próximo”. A doutorada em História e Cultura das Religiões refere que se percebe o quanto não se fez e “o que está por fazer”, por isso, ‘Portugal Católico’ é uma “obra humildade” que desnuda completamente aquilo que, às vezes, “a velocidade impede de olhar” e é oportunidade para parar e refletir. O diretor da Agência ECCLESIA, Paulo Rocha, e o jornalista Joaquim Franco, da SIC, estiveram no Vaticano na entrega do livro ‘Portugal Católico’ que consideram um “instrumento de comunicação”. |
“A obra é uma ferramenta extraordinária para dar cidadania a um projeto que tem dois mil anos, o projeto crente católico. Quando poderíamos pensar que está reduzido a uma minoria, e ficar reservado a alguns espaços mais escondidos, há muitas instituições, projetos que fazem ações extraordinárias a partir dessa raiz comum que é o catolicismo”, afirmou Paulo Rocha. Já para Joaquim Franco, a obra é um “instrumento de comunicação interpretativo”, semelhante a uma radiografia interpretativa do “próprio catolicismo em Portugal que vai permitir “conhecer” uma Igreja que mediaticamente “não é a conhecida”.
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setembro 2017 |
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Dia 22 de Setembro*Évora - Comemoração dos 60 anos da Obra de São José Operário na Arquidiocese de Évora.
*Coimbra - Museu da Ciência - Inauguração da exposição «Visto de Coimbra - Os jesuítas entre Portugal e o mundo».
*Lisboa - Rádio Renascença - O pré-lançamento do livro «O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas» de José Tolentino de Mendonça. A apresentação da obra conta com uma conversa “com José Tolentino Mendonça e Guilherme d’Oliveira Martins, moderada pelo jornalista José Pedro Frazão”.
*Lisboa - Convento de São Domingos - Conferência sobre «A capilaridade da Igreja. Para uma Igreja mais próxima» por Helena Presas e promovida pelos Dominicanos.
*Lisboa - Palácio de Belém (Pátio dos Bichos) - Debate sobre «Manuel Vieira Pinto e Papa Francisco, impacto político e religioso nos nossos dias» com o padre José Luzia Gonçalves, |
João Almeida e Manuel Vilas-Boas com moderação de Paulo Rocha.
*Braga - Mosteiro de Tibães - O Mosteiro de São Martinho de Tibães (Braga) acolhe as Jornadas Europeias de Património com o tema «Património e Natureza - Pessoas, Lugares e Histórias». (22 a 24 de setembro).
Dia 23 de setembro 2017*Quarteira - O programa pastoral da Diocese do Algarve para 2017/2018 vai ser apresentado na assembleia diocesana, que terá lugar no Salão da Igreja de São Pedro do Mar, em Quarteira. Inserido no triénio pastoral 2017-2020, sob o tema «Anunciar o Evangelho da Família – “edificar a sua casa sobre a rocha”».
*Coimbra - Visita ao coro alto do Mosteiro de santa Clara-a-Nova promovida pela Confraria da Rainha Santa Isabel
*Porto - Casa de Vilar - Conselho diocesano da Pastoral Familiar.
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*Leiria - Auditório do Centro Associativo Municipal - A Associação de Defesa e Apoio da Vida (ADAV), em Leiria, vai promover uma apresentação/oferta da tradução portuguesa, atualizada e aumentada, do ‘Manual de Bioética para Jovens’.
*Leiria – Seminário - Sessão de apresentação do Grupo Missionário Ondjoyetu
*Lisboa – Carcavelos - Festival Diocesano da Canção Cristã.
*Lisboa - Hipódromo de Cascais - Iniciativa «Family Land» (23 e 24)
*Fátima - Peregrinação nacional do Rosário e da Família Dominicana ao Santuário de Fátima (23 e 24)
Dia 24 de setembro 2017*Porto - Casa Diocesana de Vilar - Encontro diocesano de casais novos
*Roma – As religiosas da Companhia de Santa Teresa de Jesus, as Irmãs Teresianas, estão reunidas em Capítulo Geral, na casa geral da congregação em Roma.
*Coimbra - Abertura do ano pastoral na Diocese de Coimbra |
*Viana do Castelo - Escola Secundária de Ponte da Barca - O bispo de Viana do Castelo vai apresentar a carta pastoral dos bispos portugueses sobre a catequese na assembleia diocesana do setor.
*Coimbra - Colégio de São Teotónio - Assembleia diocesana de catequistas
*Évora – Sé - Ordenação de Diáconos Permanentes na Diocese de Évora por D. José Alves
Dia 26 de setembro de 2017*Lisboa - Faculdade de Direito - Conferência «Liberdade Religiosa e Vivência em Sociedade Plural» promovida pela Comissão da Liberdade Religiosa e o Centro de Investigação de Direito Público do Instituto de Ciências Jurídico-Políticas.
*Leiria - Aula Magna do Seminário de Leiria - Conferência «Esta Igreja que atravessa o silêncio» pelo padre Adelino Ascenso promovida Centro de Cultura e Formação Cristã da Diocese de Leiria-Fátima. |
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II Concílio do Vaticano: A clarividência e a coragem na obra do cardeal Martini |
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Falecido há 5 anos, 31 de agosto de 2012, o cardeal Carlo Maria Martini considerava que o II Concílio do Vaticano “restituiu a Bíblia aos católicos” e somente quem percebe “no seu coração essa Palavra pode fazer parte daqueles que ajudarão a renovação da Igreja e saberão responder às perguntas pessoais com uma escolha justa”. O cardeal Martini (1927-2012) ingressou na Companhia de Jesus, a 25 de setembro de 1944. Fez o noviciado em Cuneo; estudou na Faculdade de Filosofia Aloisianum, Gallarate, Milão; na Faculdade Teológica, de Chieri, em Turim; na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, onde fez o seu doutorado em teologia fundamental com a tese: «Il problema storico della Risurrezione negli studi recenti»; e no Pontifício Instituto Bíblico, Roma. D. Carlo Maria Martini, jesuíta, foi arcebispo de Milão entre 1980 e 2002, tendo depois passado alguns anos em Jerusalém antes de regressar a Itália, em 2008. O falecido bispo de Aveiro, D. António Marcelino escreveu um testemunho, no jornal «Correio do Vouga», 05 de setembro de 2012, onde sublinha que o cardeal italiano impressionava “pela sua simplicidade, cultura, clarividência e coragem”. Para D. António Marcelino, o cardeal nascido em Turim (Itália) vivia o II Concílio do Vaticano (1962-65) a “sério e nele se inspirava nas suas intervenções públicas e nos seus escritos, sempre apreciados pelo indiscutível valor e clarividência”. Era um “bispo avançado” e um “biblista insigne” mas “não um demagogo”. Segundo D. António Marcelino, o cardeal Martini “nunca procurava o seu prestígio, mas apenas que a verdade do Evangelho conduzisse
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a Igreja”. A sua “coragem, serena e lúcida, bulia com a gente votada ao carreirismo eclesiástico ou que optava por uma Igreja que não fizesse ondas” (Cf. «Correio do Vouga», 05 de setembro de 2012). Colocou em prática o grande acontecimento convocado e iniciado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI: II Concílio do Vaticano. Autor de vários livros sobre temas bíblicos e de espiritualidade, o cardeal Carlo Maria Martini fundou a chamada «cátedra dos não crentes», encontros cíclicos com gente a que |
a Igreja não chegava nunca, e foram famosos os seus diálogos como escritor Umberto Eco. Foi eleito por João Paulo II para liderar a Arquidiocese de Milão, a 29 de dezembro de 1979, e ordenado bispo a 6 de janeiro do ano seguinte, no Vaticano; o mesmo Papa polaco criou-o cardeal em fevereiro de 1983. Entre 1987 e 1993 foi presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE). O cardeal italiano recebeu o prémio Príncipe das Astúrias em Ciências Sociais no dia 27 de outubro de 2000. |
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Hoje, 17H00, Lisboa - Pré-lançamento do livro «O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas», do padre José Tolentino de Mendonça, no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa; Com atuação ao vivo de Mazgani, cantor e guitarrista natural do Irão.
Entre 22 e 24 de setembro - O Mosteiro de São Martinho de Tibães, Arquidiocese de Braga, acolhe as Jornadas Europeias de Património com o tema «Património e Natureza - Pessoas, Lugares e Histórias».
23 setembro, Leiria - Associação de Defesa e Apoio da Vida - Leiria vai promover uma apresentação/oferta da tradução portuguesa, atualizada e aumentada, do ‘Manual de Bioética para Jovens’, a partir das 09h30, no Auditório do Centro Associativo Municipal.
26 de setembro, Lisboa - Conferência «Liberdade Religiosa e Vivência em Sociedade Plural» promovida pela Comissão da Liberdade Religiosa e o Centro de Investigação de Direito Público do Instituto de Ciências Jurídico-Políticas, às 09:30, na Faculdade de Direito, em Lisboa.
27 de setembro - Dia Mundial do Turismo com o tema ‘Turismo Sustentável: um instrumento ao serviço do progresso’, pelo Ano internacional do turismo sustentável para o desenvolvimento, da ONU;
28 e 29 de setembro, Lisboa - O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais promove as Jornadas Nacionais de Comunicação Social – Comunicação: Criatividade e partilha - no Auditório da Renascença Multimédia, junto à nova sede da Conferência Episcopal Portuguesa, na Quinta do Bom Pastor, Benfica. |
Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Entrevista de Aura Miguel
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
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RTP2, 13h00Domingo, 24 de setembro - Vidas em reconstrução em Pedrógão Grande.
Segunda-feira, dia 25 de setembro, 15h00 - Entrevista Pedro Vaz Patto : Eleições autárquicas.
Terça-feira, dia 26 de setembro, 15h00 - Informação e entrevista Joana Marques, voluntária dos Leigos para o Desenvolvimento.
Quarta-feira, dia 27 de setembro, 15h00 - Informção e entrevista a José Manuel Pimenta, sobre o Dia Mundial do Turismo.
Quinta-feira, dia 28 de setembro, 15h00 - Informação e análise à atualidade.
Sexta-feira, dia 29 de setembro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com o cónego António Rego e o padre João Lourenço.
Antena 1 Domingo, 24 de setembro, 06h00 - Portugal Católico: uma obra nas mãos do Papa Francisco.
Segunda a sexta, 25 a 29 de setembro, 22h45 - Aplicações Pastorais: «My Eyes», DOCAT, QuoVadis, MusiCristo e Amén. |
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Ano A – 25.º Domingo do Tempo Comum |
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Converter-se a Deus, viver em Cristo |
As leituras bíblicas deste 25.º Domingo do Tempo Comum convidam-nos a procurar e a descobrir Deus cujos caminhos e pensamentos estão acima dos nossos. Essa descoberta implica a renúncia aos esquemas do mundo e a conversão às propostas de Deus. Tudo isto está bem explícito na primeira leitura de Isaías. Os crentes são chamados a voltar para Deus, um movimento que exige transformação radical, de forma a que os seus pensamentos e ações reflitam a lógica, as perspetivas e os valores de Deus. Trata-se de um apelo à conversão, a reequacionar a vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da nossa existência. Deus deve ocupar sempre o primeiro lugar. Tudo o resto, por importante que seja, é secundário. Sabemos que a cultura pós-moderna prescinde de Deus, considerando o homem como único senhor do seu destino e cada pessoa com o direito de construir a sua felicidade à margem de Deus e dos seus valores, entendendo que os valores de Deus não permitem ao homem potencializar as suas capacidades e ser verdadeiramente livre e feliz. A questão deve inquietar-nos sempre: O que é que nos faz passar da terra da escravidão para a terra da liberdade? O amor, a partilha, o serviço, o dom da vida, ou o egoísmo, o orgulho, a arrogância, a autossuficiência? Só poderemos converter-nos a Deus se abraçarmos os seus esquemas e valores, se nos mantivermos em comunhão com Ele. É na escuta da Palavra de Deus, na oração frequente, na atitude de disponibilidade para acolher a vida de Deus, na entrega confiada nas mãos de Deus, que descobrimos e assumimos os seus valores. Assim, a ação de Deus vai transformando a nossa |
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mentalidade, de modo a vivermos e testemunharmos Deus nas várias situações que nos habitam. A conversão é um processo nunca acabado. Não é demais repetir que todos os dias temos de optar entre os valores de Deus e os valores do mundo, entre conduzir a nossa vida de acordo com a lógica de Deus ou de acordo com a lógica do mundo. Não podemos cruzar os braços, instalados em certezas definitivas ou em conquistas absolutas, mas devemos esforçar-nos por viver cada instante em fidelidade dinâmica a Deus e às suas propostas. Sem preconceitos, |
sem certezas absolutas, temos de mergulhar no infinito de Deus, e deixarmo-nos surpreender pela sua bondade, pelo seu amor. À luz da parábola dos vinhateiros no Evangelho, ninguém pode ser excluído da procura e da descoberta de Deus em Jesus Cristo. Ou, no dizer de São Paulo, há que levar toda a existência centrada em Cristo, pois «viver é Cristo, procurando somente viver de maneira digna do Evangelho de Cristo».
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Carmelitas debateram clarão que se abriu em Fátima
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A Ordem do Carmo e a Ordem dos Carmelitas Descalços promoveram um congresso internacional em Fátima, dedicado ao Centenário das Aparições, iniciativa que destacou a “atualidade” que o evento da Cova da Iria veio dar ao carisma carmelita. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o prior geral da Ordem do Carmo recordou que “desde o início os |
carmelitas tiveram” em Maria uma “figura inspiradora” para a sua existência e ação no mundo, para a “escuta da palavra”, para a “fraternidade” e para o “serviço” junto dos povos. “E este centenário é uma ocasião para fazer chegar esta dimensão do nosso carisma à Igreja e ao povo de Deus”, apontou o frei Fernando Millán. |
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Ao contrário de outras ordens religiosas, que têm como patrono a figura, o fundador da congregação, “os primeiros carmelitas, eremitas do Monte Carmelo (em Israel), escolheram como patrona Nossa Senhora”. “Eram os irmãos da bem-aventurada Virgem Maria”, lembrou o frei Pedro Ferreira, provincial dos Carmelitas Descalços em Portugal, que considerou fundamental “aprofundar tudo o que diz respeito à mãe da Igreja e dos Carmelitas”. O congresso decorreu entre 15 e 17 de setembro, com o apoio de vários especialistas, subordinado ao tema “Maria Mãe do Carmelo”, e que contou com a participação de carmelitas vindos de vários continentes. “Quisemos contagiar as nossas famílias, carismáticas, religiosas, com esta chama, este clarão que se abriu aqui em Fátima”, frisou o padre Joaquim Teixeira, da Ordem dos Carmelitas Descalços. |
Segundo este responsável, “os pontos de contacto” entre o Carmelo e Fátima “são mais do que evidentes”, entre os quais a própria irmã Lúcia, uma das videntes da Cova da Iria, que “escolheu o recolhimento, o silêncio do Carmelo” em Coimbra “para viver a mensagem” que tinha recebido de Nossa Senhora. “Ela reconheceu que o Carmelo e os mestres do Carmelo, esta tradição carmelita, a iria também ajudar a encontrar palavras, experiências, noutros santos, noutros mestres desta Ordem, para que ela melhor pudesse também transmitir a mensagem de Fátima ao mundo”, salientou. Ainda sobre esta questão, o padre Saverio Cannistrà, superior-geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, destacou a relevância da formação, que para o religioso tem de ser “uma atitude permanente da sua vocação”. “Creio que há uma atualização do carisma carmelita, na experiência de Fátima”, complementou. |
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Projeção multimédia encerra celebrações do Centenário
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A projeção multimédia Fátima-Tempo de Luz, que encerra as celebrações do centenário das aparições da Cova da Iria, vai ser estreada naquele santuário no dia 12 de outubro a seguir à procissão do silêncio, depois da meia-noite. O espetáculo encomendado pelo Santuário de
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Fátima repetir-se-á às 21H30 nos dias 13 e 14 de outubro, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA. A apresentação “audiovisual inovadora, pela técnica de projeção vídeo mapping 3D, desenvolve-se a partir da experiência orante que os milhares de peregrinos fazem neste |
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Santuário”, realça o comunicado. A projeção é composta por 7 cenas “O reflexo da luz de Deus”; “O Coração de Maria, imaculado e triunfante, conduz até Deus “; “A Igreja canta a Mensagem de Fátima”; “Os caminhos dos peregrinos”; “Em Fátima ouvimos uma mensagem de paz para o mundo”; “Em Fátima celebramos o Deus que está próximo do ser humano” e “Em Fátima iluminamos o nosso coração”. Esta produção audiovisual pretende projetar a luz de Fátima no coração de cada crente, conduzindo-o a uma maior aproximação ao coração de Deus.
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A fachada da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde será feita a projeção, vai “ganhar uma luz especial que se transformará em narrativa histórica deste lugar ao longo de cem anos, reconstruindo a memória dos marcos históricos e espirituais mais importantes relacionados com a mensagem que a Virgem Maria transmitiu na Cova da Iria”, acrescenta a nota O Santuário de Fátima promoveu, em junho do ano passado (entre os dias 24 e 26), em Aljustrel e Valinhos, uma experiência multimédia do género, que assinalou os 100 anos de história das aparições do Anjo aos três pastorinhos. |
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Arcebispo de Palo recorda destruição causada pelo Tufão HaiyanPalavras mágicas |
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O Arcebispo de Palo, uma das dioceses filipinas que mais sofreu com a passagem do tufão Haiyan, em Novembro de 2013, esteve em Fátima integrando a Peregrinação Internacional da Fundação AIS. Passaram quase quatro anos. Parece que foi ontem. D. John Forossuelo Du contou, de viva voz, como aquelas horas de terror ajudaram a mudar tantas vidas… O dia 8 de Novembro ficou na memória de todos os que sobreviveram à passagem do Tufão Haiyan pelas Filipinas. Foi em 2013. Ventos que sopraram a mais de 340 quilómetros por hora provocaram um rasto de destruição e morte. Mais de 6 mil pessoas perderam a vida. A diocese de Palo foi das que mais sofreu com a passagem desta tempestade. O Arcebispo, D. John Forrossuelo Du, esteve em Portugal tendo participado na Peregrinação Internacional da Fundação AIS a Fátima. “Eu estava lá”, lembrou D. John Du perante centenas de benfeitores e amigos da Ajuda à Igreja que Sofre. “Cerca de 95 % da minha diocese foi afectada”, disse o prelado. “Apenas alguns dias após o tufão, |
alguém veio à minha residência de manhã cedo trazendo consigo uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal. Senti que Maria me visitou através dessa imagem…” A passagem do tufão mostrou o lado mais íntimo do coração de tantos filipinos, de pessoas que ali, no meio da destruição, conseguiram compreender quais eram as prioridades das suas vidas. “Ainda |
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me recordo – contou o Arcebispo – de que alguém distribuiu lonas que serviriam como telhados provisórios, uma lona para cada casa… E algumas pessoas desistiram das lonas para as suas casas, colocando-as, em vez disso, na capela. Sacrificaram o que era para si e doaram-no para a capela.” O Arcebispo aproveitou esta ocasião para agradecer a ajuda da Fundação AIS. “A AIS prestou-nos um grande auxílio na recuperação da nossa fé ao auxiliar-nos na reconstrução das nossas igrejas.” E acrescentou: “estiveram lá para nos dar algo que parecia não ser uma prioridade para mais ninguém…” O poder da oração O Arcebispo explicou que durante as horas de horror por que todos passaram, quando o vento inclemente levava tudo à sua volta, “o máximo que podíamos fazer era rezar, rezar e rezar”. E acrescentou: “foi a coisa mais eficaz e sensata que fizemos”. E explicou porquê. “Durante o tufão, percebemos que a nossa vida não nos pertence. Tudo se pode perder num só estalar de dedos. Esta experiência ensinou-nos a não sermos tão apegados aos bens materiais.” E muitos, naqueles minutos que pareciam uma eternidade, |
compreenderam que há algo de mais precioso do que as coisas materiais. Isso chama-se vida. “Sim, nós percebemos que podemos perder tudo, mas a pior coisa que poderia ter acontecido era perdermos a nossa vida. Não apenas a nossa vida aqui na Terra, mas a oportunidade de ganhar a felicidade eterna no Céu.” Tal como as pessoas só compreendem verdadeiramente o valor da saúde quando estão doentes, também muitas vezes só se dá valor aos outros, aos familiares e amigos, aos vizinhos e colegas quando os perdemos. Diz o Arcebispo que não podemos deixar de compreender o essencial. “Todos os dias, disse D. John Du, é muito importante ajoelharmo-nos diante do nosso bom Deus e reconhecê-l’O, não importa quão ocupados estivermos. Temos de ser capazes de dizer uns aos outros as palavras mágicas: ‘desculpa, desculpa, obrigado e amo-te’ todos os dias…” Todos os dias.
Paulo Aido www.fundacao-ais.pt |
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Missão do coração ao coração |
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Tony Neves |
A Missão é essencial para a Igreja. Sem uma a outra não faz sentido. Ano após ano, as Jornadas Missionárias Nacionais reúnem em Fátima algumas centenas de pessoas que refletem e partilham sobre a Missão da Igreja nos quatro cantos do mundo…e em Portugal também! As deste ano aconteceram a 16 e 17 de Setembro com o tema inspirador «Missão do coração ao coração» no âmbito do jubileu centenário das Aparições. Transcrevo alguns pontos da Mensagem Final: D. António Couto, Bispo de Lamego, lembrou que ‘O missionário verdadeiro tem que ter o sabor de Deus, tem que estar ao dispor de Deus’ ao jeito de Maria. E recordou: ‘Meia hora de leitura diária da Bíblia dá uma indulgência plenária e é a grande porta santa que nos abre à vida’. O padre Adelino Ascenso, Superior Geral dos Missionários da Boa Nova, disse que ‘Só a partir da experiência de Deus é que estamos aptos a narrar Deus’. A Doutora Margarida Cordo, psicoterapeuta, defendeu que ‘Ninguém é missionário por narcisismo, pois já se desprendeu do que nos torna adictos ao individualismo, reforçados pelas exigências e desafios da realidade’. Os cerca de 250 participantes dividiram-se em quatro grupos para reflectirem sobre quatro questões concretas e sublinharam a necessidade de um amor missionário, mais colaboração entre os agentes de evangelização, proximidade para acolher, escutar, ir ao encontro dos mais |
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fragilizados, ter tempo para os outros e para Deus, simplificar a linguagem para chegar às periferias, cuidar da casa comum e das pessoas, porque o cuidado leva à justiça e à paz. O Doutor André Costa Jorge, responsável pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados, recordou que ‘Nós existimos todos porque fomos acolhidos. Se fomos acolhidos porque não acolher? Quem acolhe, ganha. Todos os povos que acolheram imigrantes, tornaram-se mais felizes e mais ricos. Acolher o estrangeiro, traz-nos felicidade, não nos traz pobreza’. |
O Frei João Lourenço, franciscano biblista, disse na conferência de encerramento: ‘Como Maria, ser missionário é colocar-se à disponibilidade de Deus, deixar-se acolher por Ele para que possamos ser instrumentos daquele acolhimento que abre os corações à ação do Espírito’. Sem coração não há Missão que resista. Como repete o Papa Francisco, a Igreja tem de estar sempre em saída na direção das periferias e das margens. Fora deste impulso não há Missão, não há Igreja. |
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